MUSEU DE LAMEGO | apontamentos janeiro 2016

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1917-2017

APONTAMENTOS

janeiro 2016

UM ANO. UM TEMA 2016 tumulรกria



destaque

UM ANO. UM TEMA 2016 Tumulária do Museu de Lamego e Vale do Varosa em destaque Dando continuidade aos antecessores Tesouros [reserva]dos e Peça do Mês, em 2015 nascia o projecto de investigação e comunicação em linha Um Ano. Um Tema. Mantendo o propósito inicial de dar visibilidade, proporcionando novas leituras, a peças menos conhecidas ou “esquecidas” da coleção do Museu de Lamego, como forma de as valorizar, Um Ano. Um Tema privilegiava a homogeneidade temática. Procurava-se assim promover uma compreensão global e contextualizada das obras mensalmente em destaque, que simultaneamente concorresse para a sua interpretação num tempo longo. A edição de 2016, sob o tema Tumulária no Museu de Lamego e nos monumentos do Vale do Varosa, pretende alargar o âmbito do projeto ao território abrangido pela rede de monumentos do Vale do Varosa, de modo a integrar um pouco divulgado, mas muito significativo conjunto de arte tumular, com exemplares distribuídos por Lamego - Museu de Lamego, capela de São Pedro de Balsemão e convento de Santo António de Ferreirim - e Tarouca, nos mosteiros cistercienses de São João de Tarouca e de Santa Maria de Salzedas. Constituído por exemplares que se situam num horizonte cronológico com cerca de 2000 anos, este valioso património permite uma reflexão sobre a evolução das atitudes e rituais perante a morte, através dos seus vestígios materiais produzidos ao longo de várias épocas, desde o século I DC (romanização) até à contemporaneidade.

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Recolhidas no aro da cidade e arredores, o Museu de Lamego possui um conjunto de epígrafes funerárias, que nos permitem reflectir sobre os rituais e atitudes perante a morte no Império Romano. A estes vestígios arqueológicos poderíamos ainda juntar as duas urnas cinerárias cerâmicas, encontradas no interior de túmulos, em 1852, no Campo de Tablado (junto da atual Câmara Municipal de Lamego), entretanto oferecidos ao Museu da Sociedade de Antropologia de Ciências do Porto (mais tarde integrado no Museu de História Natural da Universidade) (VAZ, 2007, pp.46-47). Após a sua conquista definitiva pelos romanos, a Lusitânia foi reorganizada em unidades administrativas, as civitates, onde se agruparam povos proto-históricos e indígenas. Em Lamego ficaria a civitates dos Coilarni (TEIXEIRA, 1998, p.15). Apesar de ainda desconhecidas, a organização do espaço e a tipologia do aglomerado existente nessa ESTELA FUNERÁRIA

época, a avaliar pelos vestígios encontrados, Lamego

Séc. I, Romana

deveria ser um importante centro de romanização.

Proveniência: Sítio arqueológico de

Com o núcleo do povoado situado muito

Cimal/Quintela de Penude, Lamego. Museu de Lamego, inv. 585

provavelmente nas vertentes do atual Castelo, deveria possuir duas necrópoles (TEIXEIRA, 1998, p.17) que, à imagem de Roma, e por questões de

Inscrição: " DIBVS.M/ F.PAR.P/ F.TON/ A.XVI ".

salubridade - a morte era vista como algo que poluía,

Interpretação: "DIBVS M(anibus)/

suja e incomodativa - se estruturavam na periferia da

F(lavius)Par(atus)P(arati filius/ F(ilio) vel

urbs (BRAGA, 2015, p. 125) ao longo dos principais

F(iliae) TON(gio) vel TON(giae) vel TON(getae)

itinerários viários: uma junto à saída norte, no Campo

A(nnorum) XVI(sedecim)". Tradução: "Aos deuses Manes. Flavio Parato,

do Tablado e a outra, na zona de Almacave (TEIXEIRA, 1998, p. 17). Quem acedia à cidade, conhecia

filho de Parato, ao filho (a) Tôngio(a) ou Tongeta, de 16 anos de idade".

primeiro os seus mortos e só depois os vivos. (BRAGA, 2015, p. 128).

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A estela (= “pedra erguida” ou “alçada”), recolhida em Quintela de Penude, no concelho de Lamego, descontextualizada dos dois locais de sepultamento referidos, está possivelmente relacionada com outros vestígios de cerâmica comum, tegulæ, e com um elemento de coluna encontrados nas redondezas, em Vila Nova de Souto d'El-Rei (TEIXEIRA, 1998, pp. 21-22). No conjunto dos vestígios do museu correspondentes a esta tipologia, é uma peça singular, quer pelo epitáfio DIBVS M, quer pela sua iconografia (a única que recorre à figura humana). Daí o ser a primeira peça em destaque em 2016. Dividida em dois registos horizontais, a superfície inferior da estela foi destinada ao campo epigráfico, onde surge a identificação de Tongio ou Tongeta, de 16 anos, e a dedicatória aos Manes, as almas dos entes queridos falecidos. A superior, possui um frontão triangular no qual se inscreve um crescente lunar, símbolo funerário relacionado com a morte e a ressurreição, a encimar três figuras humanas de execução fruste, uma delas infantil, com o pé direito levantado, interpretada como a representação do morto no ato de iniciar a caminhada para o Além. As outras figuras representam os seus pais (VASCONCELOS, 1913, pp. 455-457), convertidos pela morte do ente em família funesta, ou seja, que trás consigo a morte, devendo envergar roupa de cor preta e evitar qualquer tipo de cuidados de higiene pessoal. (BRAGA, 2015, 126 apud HOPE, 2009, p. 122).

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Referências bibliográficas:

Este “retrato” de família prende-se, muito provavelmente, com o facto da

BRAGA, Cristina Vilas Boas (2015) –

primeira parte do ritual funerário se efetuar no seio familiar, no espaço

Entre a Vida e Morte: Rituais Funerários e Espaços Sepulcrais em

doméstico. Era aí que se desencadeavam todos os preparativos para a

Bracara Augusta. In SILVA, Gilvan

concretização do funeral, cujos procedimentos iniciais passavam pela

Ventura et al. (org.) – Cotidiano e

preparação do corpo do defunto (BRAGA, 2015, p. 126), que, de acordo com o

Sociabilidades no Império Romano, Vitória, Espanha: GM Editora, pp.

ritual, antecedia a exposição do morto no átrio da casa, velado pelos

124-139.

familiares e amigos. Seguia-se o cortejo fúnebre, desfile em que participavam

HOPE, V. (2009) - Roman death.

para além da família, as carpideiras, acompanhadas por músicos, a quem

London: Continuum.

competia a teatralização da dor. Já na necrópole tinha lugar o funeral

TEIXEIRA, Ricardo (1998) – In «Douro:

propriamente dito, durante o qual se realizavam a cremação e a deposição dos

Estudos & Documentos». Vol. III (5), pp.11-28. Porto: GEHVID Faculdade de Letras da Universidade do Porto, G E H V I D

[ e m

l i n h a :

http://ler.letras.up.pt/uploads/fiche

restos numa urna e respetivo enterramento (BRAGA, 2015, pp. 126-132). Relacionadas com o objetivo de localizar a existência de uma ou mais sepulturas, as estelas eram também uma forma de representação do indivíduo

iros/9384.pdf, 19-01-2016].

que deixou de existir, promovendo-se a preservação da sua memória, por meio

VASCONCELOS, José Leite de (1913) –

da reiterada leitura do monumento funerário, evitando-se assim que o defunto

Religiões da Lusitânia, vol. III.

fosse relegado para o mundo dos dii inferi ou deuses do submundo. Não é por

Lisboa: Imprensa Nacional.

acaso o cuidado que havia na orientação das estelas, encontrando-se os VAZ, João L. Inês (2007) – Lamego na época romana, capital dos Coilarnos,

campos epigráficos sempre voltados para a via pública de forma a lembrar aos

Lamego: AVDPVD.

viajantes a piedade que deveriam ter para com os sepultados (BRAGA, 2015, p. 135).

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edições

ATAS DAS 3as CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO ONLINE Entre movimentos políticos, sociais e revoluções, as Conferências do Museu de Lamego/CITCEM evocaram em 2015 o Motim de Lamego, nos 100 anos da revolta que levou à morte de doze pessoas. Assumindo-se como uma plataforma de divulgação e promoção da partilha de conhecimento, o Museu de Lamego disponibiliza agora online as conclusões do debate do dia 20 de julho, que uniu cerca de uma dezena de investigadores.

As Atas refletem a reflexão em torno do Motim de

académicos que na atualidade desenvolvem o seu

Lamego, recuando ao dia em que mais de 5 mil

trabalho sobre a região duriense.

pessoas se uniram junto da Câmara Municipal de

Em 2013 dedicadas ao tema “História e Património

Lamego em sinal de revolta e de defesa da

no/do Douro” e em 2014 concentradas nas “Quintas

denominação de origem do vinho do Porto, contra as

do Douro”, continua em 2015 a ser objetivo do Museu

imitações que o Tratado luso-britânico de 1914

de Lamego partilhar a atividade de investigação

facilitava, ao considerar como vinho do Porto

científica, que permita ao Douro suportar, material

qualquer vinho oriundo de Portugal e não apenas do

ou imaterialmente, o conhecimento profundo do

Douro. O tema dominou o dia de trabalho, sem nunca

território, dos seus imóveis e sítios históricos, das

esquecer, no entanto, que o Douro foi palco de muitos

suas tradições, utilizando-a a seu favor da

outros movimentos políticos e sociais.

dinamização do Turismo Cultural.

Na terceira edição, as Conferências do Museu de Lamego/CITCEM voltaram a assumir-se como um espaço anual de debate e partilha da atividade científica desenvolvida em torno do território duriense, com especial enfoque na área das ciências sociais e humanas. Mais uma vez também, o encontro contou com a colaboração do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM), da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, centro que reúne o maior número de investigadores

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As Atas estão acessíveis, para download gratuito, em www.museudelamego.pt, cumprindo o Museu de Lamego o seu grande objetivo final de alargar a todo o público o conhecimento produzido no âmbito das suas atividades.


as

Atas das 3 CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO / CITCEM 2015 20 de julho

MOVIMENTOS POLÍTICOS E SOCIAIS NO DOURO ENTRE O LIBERALISMO E A DEMOCRACIA FOTO: Arquivo da Imagem/Lamego

(nos 100 anos do Motim de Lamego)

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ATAS 2014

ATAS 2013


ORGANIZAÇÃO ML-DRCN / CITCEM-FLUP COMISSÃO ORGANIZADORA Alexandra Isabel Falcão (ML-DRCN) Gaspar Martins Pereira (FLUP-CITCEM) Luís Sebastian (ML-DRCN) Paula Montes Leal (FLUP-CITCEM) COORDENAÇÃO EDITORIAL Alexandra Isabel Falcão (ML-DRCN) Luís Sebastian (ML-DRCN) CONFERENCISTAS António Monteiro Cardoso (IHC/FCSH/UNL) Augusto Macedo (RDP e RAD) Carla Sequeira (CITCEM-FLUP) Célia Taborda da Silva (ULP/CEAUP) Gaspar Martins Pereira (CITCEM) João Luís Sequeira (EMT) José Viriato Capela (UM) Otília Lage (CITCEM-FLUP/GI) REVISÃO Alexandra Isabel Falcão (ML-DRCN) DESIGN E COMUNICAÇÃO Luís Sebastian (ML-DRCN) Patrícia Brás (ML-DRCN) COMUNICAÇÃO Patrícia Brás (ML-DRCN) GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E FINANCEIROS Paula Duarte (ML-DRCN) SECRETARIADO Patrícia Brás (ML-DRCN) Teresa Sequeira (ML-DRCN) LOGÍSTICA Paula Pinto (ML-DRCN) CONCEÇÃO E COMPOSIÇÃO GRÁFICA Pe. Hermínio Lopes (DL) IMAGEM DE CAPA © Arquivo de Imagem/Lamego EDIÇÃO © Museu de Lamego – Direção Regional de Cultura do Norte DATA DE EDIÇÃO Dezembro 2015 e-ISBN 978-989-99516-0-0

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vale do varosa


VALE DO VAROSA

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vale do varosa

HORÁRIO ALARGADO EM 2016

Em 2016 o projeto Vale do Varosa alarga o horário de funcionamento dos seus monumentos, dando assim resposta a um crescente número de solicitações da parte dos seus visitantes. Em 2016, os monumentos que integram o projeto passam a encerrar apenas às segundas-feiras e nos feriados de 1 de janeiro, 1 de maio, Domingo de Páscoa, 25 de dezembro e no feriado municipal da localidade em que estão integrados. Os Mosteiros de Santa Maria de Salzedas e de São João de Tarouca, o Convento de Santo António de Ferreirim (abertura prevista no decorrer de 2016) e a Capela de São Pedro de Balsemão passam a estar ao dispor do público das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, deixando de estar encerrados à terça de manhã, no primeiro fim-de-semana de cada mês e em todos os feriados nacionais.

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loja do museu

FEIRA DE NATAL ATÉ 31 DE JANEIRO

Até ao final de janeiro, o Museu de Lamego e o projeto Vale do Varosa voltam a oferecer um conjunto de obras de referência com descontos que, em alguns casos, podem atingir os 85%. Nesta Feira de Natal, e pela primeira vez, as reduções chegam a um conjunto de peças inspiradas nos acervos dos museus, palácios e monumentos portugueses. Visite-nos de terça a domingo, nas lojas do Museu de Lamego e dos Mosteiros de Santa Maria de Salzedas e de São João de Tarouca.

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SUGESTÕES De terça a domingo, das 10h00 às 18h00.

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comunicação

ENCONTRE-NOS MUSEU DE LAMEGO Largo de Camões 5100-147 Lamego (+351)254600230 mlamego@culturanorte.pt www.museudelamego.pt /museu.de.lamego /museudelamego /c/museudelamego

N 41º05’51’’

W 7º48’21’

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comunicação

PARTILHE

Visite-nos e partilhe a sua experiência de visita. Diga-nos do que mais gostou e no que podemos melhorar.

ATÉ BREVE!

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[1917-2017]

100 ANOS

APONTAMENTOS

janeiro 2016

Museu de Lamego Largo de Camões 5100-147 Lamego

Tel: (+351) 254600230 E-mail: mlamego@culturanorte.pt Site: www.museudelamego.pt Facebook: www.facebok.com/museu.de.lamego

Horário De terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00. Encerra às segundas-feiras. Gratuito no primeiro domingo do mês.

Serviço Educativo Visitas orientadas/comentadas à exposição permanente e exposições temporárias, mediante marcação prévia.

Biblioteca De terça a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, mediante contacto prévio.

Auditório 100 lugares

Loja

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revista

UM ANO. UM TEMA

2015 Gravura

ONLINE BREVEMENTE


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