MUSEU DE LAMEGO | apontamentos junho 2016

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1917-2017

APONTAMENTOS junho 2016

15 de julho

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4 CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO / CITCEM 2016 VINDOS DE LONGE ESTRANGEIROS NO DOURO



destaque

EMIGRAÇÃO NO DOURO EM DEBATE

Em julho regressam as Conferências do Museu de Lamego/CITCEM. Na quarta edição, estará em discussão a importância da presença estrangeira na construção da história duriense. «Vindos de Longe: Estrangeiros no Douro» promete promover o debate num evento que se assume como um espaço de partilha e divulgação da atividade científica desenvolvida em torno do Douro. O encontro está marcado para o dia 15 de julho. As inscrições são gratuitas, mas obrigatórias. “De Forrester a Biel, de Mark Klett a Dussaud: a construção de modelos do olhar fotográfico no Douro” marca o arranque dos trabalhos, com a conferência de abertura a cargo da investigadora Maria do Carmo Serén. Paul Symington e Cristiano van Zeller vão ainda dar o testemunho de duas famílias no Douro: a primeira britância e a segunda de origem flamenga. O debate sobre os Estrangeiros no Vale do Douro ao longo dos séculos passará ainda pelos romanos, muçulmanos e cristãos, assim como pela presença da força da mão-obra galega. A região nos guias de viagem estrangeiros dos séculos XIX e XX (18451975) e um inglês no Douro dos anos trinta (John Gibbons) serão outros dos temas a abordar. Mais uma vez e já na quarta edição, o Museu de Lamego volta a assumir-se como uma plataforma de divulgação, promovendo a partilha de conhecimento e alargando-a, logo de seguida, a todo o Douro, através da publicação online, de acesso livre, das Atas das Conferências.

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4 CONFERÊNCIAS DO MUSEU DE LAMEGO / CITCEM 15 de julho VINDOS DE LONGE ESTRANGEIROS NO DOURO 2016

Em 2013 dedicadas ao tema “História e Património no/do Douro”, em 2014 concentradas nas “Quintas do Douro” e em 2015 nos 100 anos do Motim de Lamego, as 4ªs Conferências do Museu de Lamego/CITCEM voltam a promover o debate em questões fundamentais que contribuíram para a emergência da região do Douro e que podem na atualidade suportar, material ou imaterialmente, o conhecimento profundo do território, dos seus imóveis e sítios históricos, das suas tradições, utilizando-a a seu favor da dinamização do turismo cultural.

As inscrições estão abertas até ao próximo dia 11 de julho e podem ser feitas no site do Museu de

Apoios

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Liga dos Amigos do Museu de Lamego

Lamego

Lamego em www.museudelamego.pt.


prémio

APOM VOLTA A DISTINGUIR MUSEU

Pelo segundo ano consecutivo, a APOM – Associação Portuguesa de Museologia – distingue o trabalho do Museu de Lamego na área da Comunicação Online. Depois de em 2015 ter visto reconhecida, na generalidade, todas as suas plataformas de divulgação digital, em 2016 é a edição do catálogo de exposição "A Glorificação do Divino", sob a forma de e-book, a receber o galardão. A sessão decorreu no dia 3 de junho, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

Editado em 2015, “A Glorificação do Divino” proporcionou um novo olhar sobre a escultura barroca do museu, fechando um ciclo iniciado ainda em novembro de 2013, com o restauro do retábulo de São João Evangelista, proveniente do extinto Convento das Chagas de Lamego, processo concluído no ano seguinte e também premiado pela APOM em 2015 na categoria de Melhor Intervenção em Conservação e Restauro. Neste âmbito, o restauro das 19 esculturas que integram a capela levaria à conceção de uma exposição temporária, a que se juntaram outras esculturas barrocas do museu, num total de 26. Durante cerca de um mês e pela primeira vez as esculturas puderam ser observadas na sua verdadeira tridimensionalidade, ganhando outra dimensão, aproximando-se do público, sublinhando a expressão plástica e iconográfica da escultura portuguesa dos séculos XVII e XVIII. O catálogo agora distinguido pela APOM procura ser uma síntese de todo este percurso, procurando ser um documento testemunho quer do restauro, quer da exposição daí resultante. 5 | APONTAMENTOS


Atribuídos anualmente, os Prémios APOM pretendem incentivar e premiar a imaginação e a criatividade dos museólogos portugueses e o seu contributo efetivo na melhoria da qualidade dos museus em Portugal. A distinção da APOM na área na Comunicação Online em dois anos consecutivos vem reconhecer o esforço do Museu de Lamego em chegar ao maior número de pessoas possível, através de uma política de divulgação online que coloca em definitivo o museu «em linha» com os seus públicos.

“A Glorificação do Divino” está disponível para download em www.museudelamego.pt.

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em exposição

FACES de doadores e legatários em exposição São fisionomias, rostos, perfis, homens e mulheres, anónimos ou célebres, que marcam gestos e se ligam à cidade e ao Museu de Lamego. São doadores e legatários, são faces singulares que se unem na salvaguarda da memória individual e coletiva e que contribuem desde 1917 para o enriquecimento do acervo do Museu de Lamego. FACES é também o título da segunda exposição do centenário da Fundação do Museu (1917-2017). Patente até março de 2017. Entrada livre. Visite!

Exposição Retrato e identidade Portraits and identities in donations and legacies of the Lamego Museum Exhibition st

st

21 maioMay2016 | 31 marçoMarch2017 organização | organization

apoio | support

mecenato | sponsor

Beira Douro

Museu de Lamego Largo de Camões 5100-147 Lamego PORTUGAL . Tel +351 254 600 230 . mlamego@culturanorte.pt . www.museudelamego.pt . /museu.de.lamego




fotografia

JUNHO É O MÊS DA FOTOGRAFIA

O Ciclo de Fotografia ocupa o pátio do Museu de Lamego em junho, no âmbito da programação de verão. Na quarta edição, é a “A Fotografia na Arquitetura” a estar em destaque, num projeto que, em 2016, conta com comissariado do arquiteto Alexandre Alves Costa. Depois do sucesso de ano passado, há ainda lugar para o regresso do projeto “10 Vidas. 10 Olhares”, onde dez participantes dão forma a dez olhares sobre o mundo. O tema? Só poderia ser a arquitetura. A fotografia da arquitetura tem vindo a ganhar força, a partir do momento em que a imagem abandona o mero registo do trabalho do arquiteto, para passar ela própria a ser uma obra de arte. O trabalho final será sempre uma releitura do fotógrafo que interpreta de acordo com a sua técnica, conhecimento, sensibilidade. No pátio do Museu, Fernando Guerra, Inês d'Orey e Nelson Garrido são os fotógrafos convidados que dão forma a este tema, expressando a sua própria perceção da arquitetura. Pelo segundo ano consecutivo, depois do sucesso de 2015, às exposições em formato de projeção multimédia volta a juntar-se o projeto “10 Vidas. 10 Olhares” que desafia fotógrafos amadores a partilharem a sua visão do mundo, que integra a última exposição do Ciclo de Fotografia, a 24 e 25 de junho.

ENTRADA LIVRE

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PHOTOGRAPHY FESTIVAL Com a participação dos fotógrafos Fernando Guerra Inês d’Orey Nelson Garrido

comissariadocurator arquiteto ALVES COSTA

Contactos Contacts Museu de Lamego Largo de Camões 5100-147 Lamego PORTUGAL Tel + 351 254 600 230 | mlamego@culturanorte.pt | www.museudelamego.pt | /museu.de.lamego




serviço educativo

GUIAS DE PALMO E MEIO

No dia 4 de junho os colaboradores do Museu de Lamego foram crianças e a eles coube a responsabilidade de apresentar o museu a todos os visitantes. A iniciativa, inserida nas comemorações do Dia da Criança, resultou de uma parceria entre o Museu de Lamego, Liga dos Amigos do Museu de Lamego e Agrupamento de Escola da Sé-Lamego. Este é um projeto que procura sensibilizar a comunidade para a importância da preservação e valorização do património, ao mesmo tempo que pretende despertar as crianças para o importante e indispensável compromisso que é cuidar de um espaço de arte, cultura e memória.

VEJA O VÍDEO E SURPREENDA-SE... http://bit.ly/guiaspalmomeio

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um ano. um tema

UM ANO. UM TEMA Tumulária do Museu de Lamego e Vale do Varosa

A rubrica UM ANO. UM TEMA destaca em junho duas arcas tumulares: o túmulo de D. Pedro Afonso, conde de Barcelos (Mosteiro de São João de Tarouca), e o túmulo dito de D. Branca de Sousa (Museu de Lamego).

Túmulo de D. Pedro Afonso A exemplo do progenitor, que inicia a ocupação do interior do templo por parte dos monumentos fúnebres ao fazer-se tumular na igreja do mosteiro das monjas cistercienses de Odivelas, por ele fundado, num sarcófago que é considerado um dos primeiros verdadeiramente monumentais da tumulária gótica portuguesa, o bastardo régio de D. Dinis, o conde D. Pedro Afonso, escolheu para sua última morada o mosteiro de São João de Tarouca, pertencente à mesma comunidade religiosa. Figura de relevo no panorama cultural e político português da primeira metade do século XIV, Pedro Afonso nasceu no último quartel do século XIII. Foi casado com Dona Branca Pires Portel e Dona Maria Ximenes, tendo sido a sua última mulher, Dona Teresa Anes de Toledo, o seu grande amor e musa inspiradora de algumas das cantigas de Amigo que lhe são atribuídas.

SARCÓFAGO DE D. PEDRO AFONSO, CONDE DE BARCELOS c. 1340 Granito Igreja do mosteiro de São João de Tarouca

Túmulo de D. Pedro Afonso, conde de Barcelos (cliché de Marques Abreu), em 1918, na nave direita da igreja do Mosteiro de São João de Tarouca, antes da sua deslocação para o transepto do lado oposto. In. Vasconcellos, Joaquim de (1918) – Arte Românica em Portugal. Porto: Marques Abreu, p.64.

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Com a morte da primeira mulher, o conde herdou uma das maiores fortunas do seu tempo, a que se somariam várias doações régias com que o seu pai o foi distinguindo, pese embora as incompatibilidades existentes entre ambos que o obrigaram a um exílio político. Esse exílio permitiu-lhe um contacto estreito com a realidade cultural castelhana e europeia. De regresso ao reino, opta por viver nos seus domínios das Beiras, sobretudo na Honra de Lalim, dedicando-se à redação de três obras: Livro de Cantigas, Livro de Linhagens e a Crónica Geral de Espanha (BARROCA, 1992: 135). Viria a falecer em 1354. O seu túmulo resulta de uma encomenda prévia do próprio conde e devia estar concluído em 1350, pois nesse ano redigiu o seu testamento, onde declara o local onde queria ser sepultado. Essa referência é muito importante já que permite saber que as impressionantes dimensões da sua arca feral foram resultado de uma encomenda do próprio. Revela-nos que pretendia um monumento decididamente Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor). © DRCN . Museu de Lamego. José Pessoa

imponente. Em Portugal, poucos monumentos (ou moimentos, como eram designados na Idade Média) conseguiram igualar, em dimensão e imponência, o túmulo de D. Pedro (BARROCA, 1992: 136). Túmulo de D. Pedro Afonso, na nave direita da igreja do mosteiro de São João de Tarouca, antes de ter sido deslocado para o transepto do lado oposto (1950) © SIPA. Foto 0083546

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Originalmente situado no lado direito do cruzeiro, o túmulo foi transferido pelos monges de São João de Tarouca para a nave do mesmo lado, em 1634. Só mais tarde, na década de 50 do século XX, obras decorridas no interior da igreja, o fizeram trasladar para o local onde hoje se encontra, no transepto do lado oposto. Sobre a deslocação da arca ocorrida no século XVII, seis anos antes da Restauração da Independência e, por conseguinte, com uma intenção clara de enaltecimento da figura do bastardo régio, a crónica sobre o reinado de D. Dinis, do monge alcobacense, Fr. Francisco Brandão informa-nos sobre a abertura da sepultura nessa data: acharaõ a armaçaõ dos ossos toda inteira: mediraõ o corpo com h~ua cana, & constou ter de comprido quasi onze palmos & meio [cerca de 2,53 m]; a sepultura não promettia menos corpo, porque he grande em demasia… na meia cabeça da parte direita, tinha meio barrete de cetim amarelo tostado, forrado de tafeta da mesma còr, tudo mui saõ ainda; & o cabelo desta mesma parte crecido com grande melena, & sobre maneira Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor). © DRCN. Museu de Lamego. José Pessoa

ruivo; calçava esporas douradas, & dentro dellas estavaõ as solas do calçado inteiras de ponta aguda, como então se custumava (BRANDÃO, 1650: fl. 180).

Legenda foto: Túmulo de D. Pedro Afonso. © Museu de Lamego | Pedro Martins

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Estudado e analisado por inúmeros historiadores, é comum, para além de sublinhar-se as desmesuradas proporções do sarcófago, destacar-se o interesse da narrativa incluída em três das faces do sarcófago, inserindo-a num reduzido número de arcas que recorrem à representação de cenas cinegéticas ou venatórias, como modo de assinalar a origem social do tumulado, constituindo a caça uma das atividades principais da nobreza. (BARROCA, 1992: 136). Entre outros exemplares com o mesmo assunto, refira-se o sarcófago de outro bastardo de D. Dinis, D. Fernão Sanches, que se conserva no Museu Arqueológico do Carmo, sem dúvida o de melhor qualidade entre aqueles que recorrem a esta iconografia, Túmulo de D. Pedro Afonso (pormenor). © DRCN. Museu de Lamego. José Pessoa

e o erroneamente atribuído a D. Branca Pires Portel, no Museu de Lamego. (GOULÃO, 2009: 58). Composto por uma arca retangular em granito, o túmulo de São João de Tarouca revela-nos nas faces longas duas cenas de montaria, que constituem um documento de inegável interesse sobre as técnicas mais comuns na Idade Média de caça ao porco montês. No facial da direita, entre arbustos estilizados, três caçadores, empunhando lanças e tocando olifantes, enquanto vários cães encurralam e atacam o javardo, entretanto vítima da lança de um dos monteiros. Na outra face, um cavaleiro, identificado como o próprio D. Pedro, ataca o javali com uma longa lança em riste. (GOULÃO, 2009: 58). Na secção da arca correspondente aos pés, divisa-se um escudo com as armas nacionais. Contudo, será no jacente, com uma evidente intenção retratística, que melhor se releva a personalidade do portentoso conde de Barcelos, numa representação que é considerada das mais conseguidas que a nobreza nos apresenta de si própria no século XIV (SILVA, 2005: 62).

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Impõem-se desde logo as dimensões gigantes da figura (mais de três metros), correspondendo não propriamente ao tamanho físico […], mas antes à enorme importância social e política deste filho bastardo de D. Dinis: a túnica larga recobrindo os pés (um pormenor raro na imagética masculina coeva), o manto (visível apenas sobre os ombros), com a mão direita a segurar, em gesto cortês, o comprido cordão que, pendendo do manto, desce a direito, ornando com nós espaçados e uma desenvolvida borla no final; a espada, por fim (apesar de muito destruída), discretamente empunhada pela mão esquerda e colocada lateralmente. O rosto é de um ancião, de barba, bigode e cabelos forte, testa alta, uma expressão de grande serenidade e maior dignidade que (esta, sim) agiganta notavelmente a figura do conde de Barcelos (SILVA, 2005:62-63). Aos pés, repousa um mastim, ou lebréu, que a par da figuração da espada, constitui um dos mais importantes símbolos de nobilitação utilizados na tumulária medieval portuguesa.

Referência bibliográfica: BARROCA, Mário Jorge (1992) – «Sarcófago do Conde D. Pedro». In Nos Confins da Idade Média. Arte Portuguesa Séculos XII-XV. Porto: SEC/ Museu Nacional Soares dos Reis.

BRANDÃO, Francisco Fr. (1650) –Monarchia Lusytana: que contem a historia dos primeiros 23.annos del Rey D. Dinis, vol. V. Lisboa: na officina de Paulo Craesbuck. [http://purl.pt/14191/3/#/0, 15-06-2016]

FREIRE, Anselmo Braancamp (1996) – Brasões da Sala de Sintra, vol. I. Lisboa: INCM

GOULÃO, Maria José (2009) – «Expressões Artísticas do Universo Medieval». In RODRIGUES, Dalila (coord.) – Arte Portuguesa da Pré-História ao Século XX, vol. 4. Lisboa: FUBU Editores.

SILVA, José Custódio Vieira da (2005) - «Memória e Imagem. Reflexões sobre Escultura Tumular Portuguesa (séculos XIII e XIV)», Revista de História da Arte, nº1, Lisboa: Instituto de História da Arte - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, pp. 47-81. [https://run.unl.pt/bitstream/10362/12429/1/ART_2_Cust%C3%B3dio_RHA1.pdf, 14-06-2016]

VASCONCELLOS, Joaquim (1918) – Arte Românica em Portugal. Porto: Marques Abreu.

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um ano. um tema

Túmulo dito de D. Branca

Não obstante o título de Tesouro Nacional que lhe foi atribuído em 2006 (a par de outros objetos do Museu de Lamego tão emblemáticos como as pinturas de Grão Vasco ou o conjunto de tapeçarias flamengas), continua por esclarecer a longa controvérsia que tem envolvido o sarcófago em destaque, em relação à identificação da figura tumulada. É o abade de São João de Tarouca, Vasco Moreira, que refere, em 1924, que esta arca, que originalmente se encontrava ao lado do túmulo do conde D. Pedro Afonso, teria pertencido a Dona Branca Pires Portel, primeira mulher do bastardo de D. Dinis (MOREIRA, 1924:74). Mais tarde, apeada das mãos de uns lavradores, que a utilizavam como lagar de vinho, foi transportada para Lamego, onde passou a integrar a secção de arqueologia do museu.

TÚMULO DITO DE D. BRANCA Século XIV (1.ª metade) Granito Proveniente da igreja do Mosteiro de São João de Tarouca Museu de Lamego, inv. 559

Túmulo dito de D. Branca de Sousa © DRCN . Museu de Lamego. José Pessoa

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Aspeto da exposição da secção de arqueologia no pátio interior do Museu de Lamego na década de 1930. Postal editado pela Câmara Municipal de Lamego e Grupo de Amigos Pró Museu e Turismo

A ligação de Dona Branca à arca tumular seria depois veementemente contestada pelo medievalista A. Almeida Fernandes, que aponta tratar-se de um erro que, partindo do Ab. Moreira e, adoptado, expressamente, dele por gente de responsabilidade […] se tornou teimoso, cancerígeno (ou incurável) (FERNANDES, 1990:307). E prossegue, demonstrando o equívoco: o próprio Conde diz a esposa sepultada em Santarém, com a sua mãe, no mosteiro de São Domingos (FERNANDES, 1990:307). O mesmo historiador diz-nos que foi a Dona Teresa Anes de Toledo, a terceira mulher e grande amor de D. Pedro Afonso, a quem coube o privilégio da sepultura em Tarouca, junto do marido: Claro que o conde, pois ele mesmo se mandou sepultar aí, ordenou se fizesse o mesmo a ela em S. João de Tarouca (o que explica que o testamento dela e o do Conde tivessem ficado no respectivo arquivo, facto que, para o dela, não se explicaria bem se assim não tivesse sido. (FERNANDES, 1990: 297). 29 | APONTAMENTOS




Túmulo dito de D. Branca (pormenor) © DRCN . Museu de Lamego. Pedro Martins

De inegável valor (e posta de parte a atribuição a D. Branca Pires Portel), esta informação poderia levar-nos a supor que o sarcófago poderia ter pertencido a Dona Teresa Anes de Toledo, a musa inspiradora das trovas de Referência bibliográfica:

Amor escritas pelo conde. No entanto, pensamos que também esta hipótese deva ser descartada,

FERNANDES, A. Almeida (1990) Homenagem de Lalim ao Conde

considerando o tema escolhido para decoração das duas faces longas do túmulo: uma cena de caça ao javali, com um cavaleiro atingindo um

Dom Pedro - A História de Lalim. Lamego: C.M.L e Junta de Freguesia de Lalim.

javardo com uma lança, enquanto um peão o auxilia com um poderoso mastim, que abocanha a presa, numa das faces, prosseguindo, na outra, a montaria.

MOREIRA, Ab. Vasco (1924) Monografia do Concelho de

Na verdade, se são conhecidos outros exemplares que optaram pela iconografia de cenas cinegéticas ou venatórias, como forma de sublinhar a

Tarouca ( História e Arte). Viseu

condição social do homem nobre, trata-se, no entanto, de um assunto pouco adequado a uma mulher (LEAL, 2002: 43). LEAL, A Freitas (2002) Máthesis, Viseu: Universidade

Perdidos os elementos que na arca poderiam indicar a identidade do

Católica Portuguesa. Faculdade

tumulado – a tampa (onde figuraria o jacente) e a heráldica entretanto

de Letras.

esboroada, que estaria incluída nos dois escudos dos topos - a sua atribuição é uma discussão que se mantém em aberto.

32 | APONTAMENTOS



em imagens

MUSEU EM IMAGENS REGRESSA EM JULHO

Pelo terceiro ano consecutivo, o Museu de Lamego volta a integrar na sua programação de verão a rubrica “Museu em Imagens”. Em julho, sempre aos fins de semana, sob a forma de projeção multimédia, o Pátio do Museu volta a revelar os bastidores, os eventos, a riqueza das coleções. “Museu em Imagens” nasceu em 2014, a partir do momento em que o museu sentiu a necessidade de trazer as suas coleções para o exterior, apelando à curiosidade, deixando um convite à visita. No entanto, além da natural divulgação da exposição permanente, este projeto assumiu-se sempre como uma oportunidade de dar a conhecer coleções que se encontram em reserva e naturalmente menos conhecidas do grande público. Em 2016, o Museu de Lamego aposta na divulgação do trabalho de bastidores, que na maioria das vezes não é conhecido, além da divulgação dos seus espaços e eventos. Semanalmente, durante todo o mês de julho, sempre às sextas e sábados, a partir das 21h30, em grande formato, uma projeção ganha forma no pátio do Museu de Lamego. Entrada livre.

3 | APONTAMENTOS


SUGESTÕES De terça a domingo, das 10h00 às 18h00.

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comunicação

ENCONTRE-NOS MUSEU DE LAMEGO Largo de Camões 5100-147 Lamego (+351)254600230 mlamego@culturanorte.pt www.museudelamego.pt /museu.de.lamego /museudelamego /c/museudelamego

N 41º05’50’’

36 | APONTAMENTOS

W 7º48’22’


comunicação

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ATÉ BREVE!

37 | APONTAMENTOS


[1917-2017]

100 ANOS

APONTAMENTOS junho 2016

Museu de Lamego Largo de Camões 5100-147 Lamego

Tel: (+351) 254600230 E-mail: mlamego@culturanorte.pt Site: www.museudelamego.pt Facebook: www.facebook.com/museu.de.lamego

Horário De terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00. Encerra às segundas-feiras. Gratuito no primeiro domingo do mês.

Serviço Educativo Visitas orientadas/comentadas à exposição permanente e exposições temporárias, mediante marcação prévia.

Biblioteca De terça a sexta-feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, mediante contacto prévio.

Auditório 100 lugares

Loja

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Exposição Retrato e identidade Portraits and identities in donations and legacies of the Lamego Museum Exhibition st

st

21 maioMay2016 | 31 marçoMarch2017


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