Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Da Fundação à Extinção.

Page 1

Ana Sampaio e Castro

*

Ana Sampaio e Castro licenciou-se em História, variante Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Em 2009 foi Mestre em História e Arqueologia da Expansão Portuguesa pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Desde 2014 é bolseira de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia em Arqueologia Histórica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto com o tema Povoamento rural no vale do rio Varosa: da Reconquista à segunda dinastia. Tem desenvolvido diversos trabalhos de investigação na área da Arqueologia monástica cisterciense, cerâmica da época moderna e Arqueologia da paisagem.

O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE SALZEDAS: DA FUNDAÇÃO À EXTINÇÃO

Situado no concelho de Tarouca o mosteiro de Santa Maria de Salzedas foi um dos mais importantes mosteiros masculinos da Ordem de Cister em território nacional. A publicação de O mosteiro de Santa Maria de Salzedas: Da fundação à extinção pretende contribuir para um conhecimento das suas origens e desenvolvimento ao longo de quase 700 anos de existência.

O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE SALZEDAS DA FUNDAÇÃO À EXTINÇÃO

Ana Sampaio e Castro




ERRATA Na página 41, onde se lê: Finalmente deixamos aqui uma nota relativa a uma capela, mandada construir por Teresa Afonso, junto ao mosteiro. Fr. Baltasar dos Reis (2002b: 21-22) refere que se situava junto da porta da igreja, a uma distância de sete varas (7,70 m) de comprimento e 14 de largura (15,40 m). deve-se ler: Fr. Baltasar dos Reis (2002b: 21-22) refere a existância de uma capela que se situava junto da porta da igreja, a uma distância de sete varas (7,70 m) de comprimento e 14 de largura (15,40 m).


Ana Sampaio e Castro

O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE SALZEDAS: DA FUNDAÇÃO À EXTINÇÃO

Lamego, 2014


Título O mosteiro de Santa Maria de Salzedas: Da fundação à extinção

Autor Ana Sampaio e Castro

Editor Vale do Varosa - Direção Regional de Cultura do Norte

Fotografia da capa Claustro do Capítulo do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Fotografia de P. Martins. C DRCN.

Depósito legal 374315/14

ISBN 978-989-98708-2-6

Impressão e acabamento Tipografia Voz de Lamego, Lda.



Claustro da Colação do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Fotografia de P. Martins. C DRCN/2010


1. Geografia 1

O mosteiro de Santa Maria de Salzedas localiza-se na freguesia de Salzedas, concelho de Tarouca, distrito de Viseu, encontrando-se implantado em ambas as margens da Ribeira de Salzedas2que desagua no Rio Varosa, nas proximidades da Quinta da Abadia Velha, a cerca de 2 km de Ucanha (Figura 1). Esta ribeira nasce junto a Alvite, na zona dos Sete Castelos, concelho de Moimenta da Beira, a cerca de 940 m de altitude, passando por Sever, Passô e Granja Nova, formando um pequeno vale bastante fértil que domina esta área. Geograficamente enquadra-se na Beira Alta, mais precisamente na denominada região de Riba Douro, actualmente designada de Douro Sul. A área de implantação do mosteiro é dominada a Norte pelo Monte Raso que se situa a cerca de 3 km, estando a 850 m de altitude; a Este encontra-se a elevação da Sr.ª da Graça a 920 m de altitude, ainda incluída no conjunto da serra da Nave-Leomil que se prolonga para Norte (Ferreira & Sousa, 1994: 8); a Sul situa-se o pequeno monte de St.ª Catarina a cerca de 800 m de altitude, junto à localidade da Granja Nova; e a Oeste localiza-se o vale do rio Varosa, afluente da margem esquerda do rio Douro.

Douro Rio Cinfães

Fonte do Penedo

da

St.ª Luzia

Murganheira Moinhos da Boca do Inferno

S. João da Pesqueira

Moimenta da Beira

Vila Nova de Paiva

Sernancelhe

Cortegada S. Pedro do Sul Sátão Oliveira de Frades

Vouzela

Viseu

Tondela

Nelas

Penalva do Castelo

Mangualde

Quinta do Pinhô Raso

N

Carregal do Sal

Qt.ª da Abadia Velha

Mortágua

Sr.ª da Conceição

Santa Comba Dão

St.ª Bárbara 0

sa

Outeiro

Gouviães

50 Km

Covais de Cima S. Torcato

Barroncas

b Ri

Porto

Cubos

Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas

Aveiro

Guarda

Coimbra

Quinta da Tulha Souto do Gaio Ribeira

Castelo Branco

Leiria

Santarém

Penedo de St.º António

Filipe

Viseu

Sr.ª do Desterro

as z d Sale

Sr.ª dos Aflitos

Salzedas de

Rio

.ª Sr.ª da Piedade

Portela

Ponte de Ucanha S. José

Bragança Vila Real

Braga

Quinta do Tello

Qt.ª da Bela Vista

Sr.ª da Agonia

Viana do Castelo

Covais de Baixo

Ponte dos Moinhos

Var o

Sr.ª da Salvação

Penedono

Castro Daire

Rib .ª

St.º André

Armamar Tabuaço

Tarouca

do Va le

Barreiro

Ponte de Vila Pouca

Lamego

Jandamaia

Az ena h

Vila Pouca

Sr.ª dos Perseguidos

Resende

Prazo

Ucanha

Maçaroco

Criação

S. Pedro

Portalegre Lisboa

Ponte da Pedreira

Setúbal

Évora

Beja

Pedreira

Sr.ª da Ajuda

Faro

1 Km

0

0

Figura 1. Localização do mosteiro de Santa Maria de Salzedas 1

100 Km


Geologicamente o mosteiro de Santa Maria de Salzedas está integrado no designado Maciço de Penedono que se estende desta localidade até Salzedas, abrangendo a Serra da Nave-Leomil. No seu local de implantação verifica-se a existência de um subtipo do Maciço de Penedono denominado por “Granito de Salzedas, Alvite e Penedono”, sendo de grão fino de duas micas (Idem: 26). Na proximidade do mosteiro é ainda possível observar a Sul e Sudoeste granitos orogénicos, aqui designados de “Granito de Ucanha e Vilar” de grão grosseiro (Idem: 30) e a Norte e Este a “Formação de Ervedosa do Douro”, pertencente ao Super-Grupo Dúrico-Beirão: Grupo do Douro, caracterizada por filitos cloríticos, quartzo-cloríticos e metagrauvaques com magnetite (Idem: 13-14). Actualmente o solo é ocupado por plantações florestais, onde predomina o pinheiro bravo, e culturas agrícolas, dentro das quais as mais comuns são o olival, a vinha, o sabugueiro, os pomares e as culturas de regadio.

1 Coordenadas Internacionais: 41º 03’ 34’’ N; 7º 43’ 20’’ W, 520 m de altitude. 2 Apesar de na Carta Militar de Portugal (CMP), escala 1/25 000, Folha n.º 138, Armamar, 3ª edição, 1997, do Instituto Geográfico do Exército, constar esta designação, localmente a ribeira é conhecida por Rio Torno ou Galhosa (Vasconcellos, 1933: 136).

2



Claustro da Colação do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Fotografia de P. Martins. C DRCN/2010


2. Historiografia Não pretendendo apresentar a totalidade das referências publicadas em relação ao mosteiro em estudo, apenas indicamos, em seguida, aquelas que pelo conjunto nos afiguram como as mais relevantes para a história deste mosteiro. A primeira publicação que nos transmite pistas sobre o mosteiro de Santa Maria de Salzedas, nomeadamente dos seus rendimentos em diversos lugares das proximidades de Lamego, é o manuscrito de Rui Fernandes “Descrição do terreno ao redor de Lamego duas léguas”, datado de 1531-1532. Do 3 original a Academia Real das Ciências publicou em 1824 uma edição e datada de 1936 teve uma 2ª edição com a chancela da Imprensa Nacional na “Collecção de Inéditos de História Portugueza”, Tomo V. A partir de uma cópia manuscrita, de século XVIII, conservada na Biblioteca Pública Municipal do Porto, Augusto Dias publica em 1947 a mesma obra com o título “Lamego do século XVI” com a edição da “Beira Douro”. Em 2001 é novamente alvo de publicação pela “Beira Douro” com edição crítica de Amândio Morais Barros e recentemente em 2012 o mesmo autor actualiza a transcrição e a crítica numa edição da DRCN/Edições Caleidoscópio. A “Monarchia Lusitana”, com várias referências ao mosteiro em estudo, dividida em várias partes, contou, nas duas primeiras, do ano de 1597 e 1609 respectivamente, com Fr. Bernardo de Brito como autor, monge no mosteiro de Alcobaça e cronista da Ordem de Cister. As restantes partes desta obra foram publicadas ao longo do século XVII, tendo como signatários António Brandão, Francisco Brandão e Rafael de Jesus. Ainda da responsabilidade de Fr. Bernardo de Brito é a “Primeira Parte da Crónica de Cister” de 1602. Nos inícios do século XVII, Fr. Baltasar dos Reis4 redige dois manuscritos. Um intitulado “Livro da Fundação do Mosteiro de Salzedas”, publicado em 1934 pela Imprensa Nacional, como apenso à obra “Memórias de Mondim da Beira” de José Leite de Vasconcellos. Como é referido por este último autor apenas nos chegou uma cópia reproduzida pelo Padre Manoel Francisco, em Botão no ano de 1610 (Vasconcellos, 1934: IX). Este manuscrito terá passado por vários possuidores, até que nos inícios do segundo decénio do século XX José Leite de Vasconcellos o recuperou, estando actualmente em posse do Museu Nacional de Arqueologia. O segundo manuscrito, redigido em 1612 (Reis, 2002b: 86), com o título “Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria da Salzeda”, foi editado em 1936 pela Biblioteca Nacional, inserindo-se na Colecção de Alcobaça aqui existente. Em 2002, com a edição da Fábrica da Igreja Paroquial de Salzedas, publicaram-se os fac-similes das impressões de J. Leite de Vasconcellos e da Biblioteca Nacional. Ainda no Museu Nacional de Arqueologia encontra-se conservado, no espólio de José Leite de Vasconcellos, um manuscrito com o título “Códice sobre a fundação do Mosteiro de Salzedas”, constituído por 27 folhas. Nas primeiras 16 folhas é apresentado uma lista ordenada dos abades de Salzedas e de Alcobaça, com datas e balizados com os reis de Portugal. Nas folhas seguintes surgem pequenas notícias sobre obras de abades salzedenses entre 1732 e 1819. Em 1748-1749, Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo edita a obra “Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal antigamente se usaram e que hoje regularmente se ignoram”, dividida em dois volumes, onde apresenta alguns documentos transladados do arquivo monástico. Esta foi posteriormente reeditada em 1765, 1798-1799, 1865, 1900, 1964, 1965, 1983 e 1993. Do mesmo autor existe ainda um manuscrito, conservado na Biblioteca Municipal de Viseu, intitulado “Provas e

3


Apontamentos da História Portuguesa”, contendo igualmente várias transcrições de documentos. Também encontramos em Abiah Elisabeth Reuter, nas “Chancelarias Medievais Portuguesas” de 1938, documentação respeitante ao início da fundação monástica, como em Rui de Azevedo nos “Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios” obra publicada em 1958 pela Academia Portuguesa de História ou no “Portugaliae Monumenta Historica – Inquisitiones” de 1888-1961, editado pela Academia de Ciências de Lisboa. Apresentando algumas descrições de Salzedas o abade Vasco Moreira, então pároco no mosteiro de São João de Tarouca, edita em 1924 a “Monografia do Concelho de Tarouca”. Como já supramencionado, em 1933, José Leite de Vasconcellos, com a edição da Imprensa Nacional, publicou as “Memórias de Mondim da Beira” na qual se observa várias menções ao cenóbio salzedense, incluindo a extensa lista de abades. A mesma obra foi alvo de uma edição fac-similada, em 2002, por parte da Câmara Municipal de Tarouca. A maior parte dos estudos existentes sobre o mosteiro são da responsabilidade de A. de Almeida 5 Fernandes, designadamente os artigos publicados na revista “Beira Alta” entre os anos de 1979 e 1982 com o título “O livro das doações da Salzeda”, onde o autor analisa a documentação apresentada por Fr. Baltasar dos Reis e Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo. Entre 1984 e 1985 publica “Os primeiros documentos de Santa Maria da Salzeda” na “Revista Guimarães” da Sociedade Martins Sarmento, volume 93 e 94. Da extensa obra deste autor ainda destacamos, relativamente a Salzedas, o título “As dez freguesias do Concelho de Tarouca, história e toponímia”, publicado pela Câmara Municipal de Tarouca em 1995. Em 1982, Manuel L. Real, em artigo intitulado “A Abadia Velha de Salzedas. Notícia do aparecimento das suas ruínas” da “Revista de Guimarães”, volume 92, aborda pela primeira vez, de forma mais exaustiva, as ruínas da Abadia Velha. Este mesmo tema será ainda estudado por Ricardo Teixeira, Miguel Rodrigues, José Ignacio de la Torre Rodríguez e Maria do Rosário Melo em artigo publicado no II Congresso de Arqueologia Peninsular em 1996 com o título “A Abadia Velha – o monumento e a sua relação com o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas” e, no mesmo ano, “Intervenção Arqueológica na Abadia Velha, Ucanha – Tarouca” no 2º Congresso Internacional sobre o Rio Douro, como resultado da intervenção arqueológica aí efectuada. Ainda da responsabilidade de Ricardo Teixeira, encontramos o estudo “Arqueologia dos espaços cistercienses no Vale do Douro”, incluído na obra “Cister no Vale do Douro” de 1999, editado pelo GEHVID e Edições Afrontamento. Mário Jorge Barroca também aborda alguns aspectos monásticos, nomeadamente no que respeita a inscrições tumulares, na obra “Epigrafia medieval portuguesa (862-1422) ” de 2000, volume II, Tomo I e II, editada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Ainda dentro deste assunto, Amélia Albuquerque publica, em 2006, o artigo “Santa Maria de Salzedas – Novos contributos para a História da sua fundação”, na obra “Arte, História e Arqueologia” de homenagem a J. Pais da Silva, com coordenação de Pedro Gomes Barbosa. Da mesma autora pertence ainda o texto “O Mosteiro de Santa Maria de Salzedas”, apresentado em “O Compasso da Terra. A arte enquanto caminho para Deus”, volume II, com coordenação de Nuno Resende, editado pela Diocese de Lamego. No que concerne a análises no âmbito de bens pertencentes ao mosteiro referimos o artigo de Rosa Marreiros “Os bens da coroa na posse do Mosteiro de Salzedas em 1347” e de Luís Miguel Duarte “A

4


aldeia de Vila Chã do Couto de Salzedas, do aforamento colectivo de 1295 ao foral manuelino”, ambos editados em 1997 na revista “Douro – Estudos & Documentos”, n.º 2. O foral de D. Manuel tinha já sido alvo de publicação nas “Memórias de Mondim da Beira” pp. 70-74, em 1933, por J. Leite de Vasconcellos. Da autoria de Nuno Resende encontramos “Escrever História sem palavras. A influência dos mosteiros cistercienses de S. João de Tarouca e de Salzedas, na serra de Montemuro, através da análise de fontes indirectas (séculos XVI a XVIII) ”, do ano de 2010, sendo o resultado da apresentação no Congresso Internacional sobre el Cister en Portugal y en Galicia, realizado em Ourense. E ainda de Maria do Céu Simões Tereno “Granjas dos coutos dos mosteiros de Tarouca e Salzedas. Breves notas sobre a arquitectura de conjuntos rurais cistercienses”, publicado em 2006 nas actas do Congresso Tarouca e Cister. Homenagem a Leite de Vasconcelos. Relativamente a estudos mais abrangentes onde surgem algumas referências ao mosteiro temos a vasta bibliografia de Maria Alegria Marques, sobressaindo o estudo de 1998 “Estudos sobre a Ordem de Cister em Portugal”, editado pela Colibri, as publicações de D. Maur Cocheril “Recherches sur l'Ordre de Cîteaux au Portugal” (1960), “Notes sur l'architecture et le décor dans les abbayes cisterciennes du Portugal” (1972) e “Routier des Abbayes Cisterciennes du Portugal” (1986) e a obra, dividida por seis volumes, de M. Gonçalves da Costa, “História do Bispado e Cidade de Lamego”, editada entre 1977 e 1992. No que respeita às visitações a mosteiros cistercienses ocorridas no século XVI, publicaram-se as seguintes obras: “Peregrinatio Hispanica, 1531-1533” de Fr. Claude de Bronseval, editada em 1970 pela Presse Universitaires de France e “Visitações a mosteiros cistercienses em Portugal, séculos XV e XVI” de Saul António Gomes, publicada em 1998 pelo Instituto Português do Património Arquitectónico. Inserindo-se no tema Arquitectura e História da Arte, mais precisamente acerca do arquitecto Carlos Gimach, Paulo Varela Gomes publicou em 1992 o artigo “Contribuições maltesas para o barroco português”, no âmbito do Congresso “Portugal e a Ordem de Malta – Aspectos da Europa”. Ayres de Carvalho também se debruçou sobre o percurso deste arquitecto em terras portuguesas na obra de 1962 “D. João V e a arte do seu tempo”, II volume. Relativamente ao estudo das pinturas pertencentes ao mosteiro, encontramos as publicações “Grão Vasco”, do ano de 2007, da responsabilidade de Dalila Rodrigues; o catálogo da exposição “Bento Coelho e a Cultura do seu Tempo, 1620-1708” de 1998; as entradas “Episódios das vidas de São Bento de Núrsia e São Bernardo de Claraval” e “Conjunto pictórico da sacristia da igreja de Salzedas” de Luís Moura Sobral na obra “O compasso da terra. A arte enquanto caminho para Deus” de 2006, edição da Diocese de Lamego, volume II, com a coordenação de Nuno Resende; e no mesmo estudo a entrada “São Sebastião e Santo Antão” de João Soalheiro. Para o conjunto azulejar é de assinalar o estudo de J. M. dos Santos Simões “Azulejaria em Portugal no século XVII” e “Azulejaria em Portugal no século XVIII”, tomo I e II, editados pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1979 e reeditados em 1997.

3 Pertencente à biblioteca do Visconde de Balsemão tendo por título “Descripção do Terreno em roda da cidade de Lamego duas leguas; Suas producções, e outras cousas notaveis: dirigida ao Sr. D. Fernando, Bispo da dita Cidade, Primo de El Rei, e seu Capellão Mor; e feita por Rui Fernandes, Cidadão da mesma Cidade, e Tratador das lonas e bordatas de El Rei, no anno de 1531

5


1531 para 1532” (Barros, 2001: 12). 4 Fr. Baltazar dos Reis foi monge do mosteiro de Santa Maria de Salzedas e contemporâneo do abade Fr. Bartolomeu de Santarém, eleito em 1564 (Vasconcellos, 1934: XIII). 5 Volumes XXXVIII, XXXIX, XL e XLI.

6



Nave lateral esquerda da igreja do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Fotografia de P. Martins. C DRCN/2010


3. Metodologia Relativamente à documentação consultada para o presente estudo, utilizamos fontes directas já publicadas e indirectas, sendo de referir que a grande maioria do cartório monástico desapareceu num incêndio ocorrido em 1841 no edifício do seminário de Viseu, para onde também tinham transitado os cartórios dos extintos mosteiros de São João de Tarouca, São Cristóvão de Lafões e São Pedro das Águias. Da documentação publicada cingimo-nos às obras de Abiah Elisabeth Reuter, “Chancelarias Medievais Portuguesas”, documentos n.º 160 (228-229), n.º 175 (246-247) e n.º 192 (279-281); de Rui de Azevedo “Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios”, documentos n.º 238 (291-292), nº 254 (315-316) e n.º 277 (354-355); e “Portugaliae Monumenta Historica – Inquisitiones” que referenciamos ao longo do texto por PMH – IS, seguido do respectivo número. A nível das fontes indirectas examinamos a publicação de Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo, encontrando dispersas várias menções a documentos do cenóbio salzedense. Uma das fontes mais consultada respeita aos dois manuscritos de Fr. Baltazar dos Reis, utilizando, para o caso da análise das propriedades monásticas, todas as suas referências, muito embora A. de Almeida Fernandes, nos seus textos,6 somente tenha considerado as entradas com a menção ao número da folha do Livro das Doações. Uma outra fonte a que nos socorremos com alguma frequência, permitindo uma análise comparativa entre os bens na posse do mosteiro durante o período medieval e aquando da sua extinção, foi o inventário elaborado em 1834 actualmente depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Arquivo Histórico do Ministério das Finanças (ANTT/AHMF), caixa 2249, IV-D-25 (1). Este encontra-se dividido em oito documentos, o primeiro, sem título, composto por 9 folhas refere-se, de um modo geral, ao estado dos edifícios que constituem o mosteiro; o segundo, constituído por 14 folhas, tem por título “Autto de Inventario feito nos Paramentos Sagrados do extinto mosteiro de Salzedas. Bispado da Comarca de Lamego”; o terceiro, com 46 folhas, intitula-se “Auto do segundo inventario dos bens mais preciozos não sagrados, assim como dos mais bens moveis e de raiz deste extinto mosteiro de Salzedas”; o quarto, “Termo d’arrendamento da clauzura da cerca deste mosteiro pelo presente anno de 1834 e futuro de 1835 na forma abaixo declarada”, é formado por 3 folhas; o quinto, com 23 folhas, respeita ao “Auto de posse e inventariação da Quinta da Folgoza que foi do extinto mosteiro de Salzedas”; o sexto, constituído por 11 folhas, refere-se ao “Autto de posse da Quinta do Mossul e sua avaliação”; o sétimo, “Auto de inventario e posse das cazas e trastes nestes relacionados pertencentes ao extinto mosteiro de Salzedas”, é composto por 6 folhas; o último intitulado “Auto de posse e louvação da caza da cidade de Lamego pertencente ao extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas” tem 2 folhas. Para além destes apresenta, também, um inventário da livraria e cartório. Optamos ao longo do texto, de forma a torna-lo mais legível, por identificar cada um dos documentos com o seu respectivo número (1, 2, 3…) seguido, entre parêntesis, pelo número de página. Assim, por exemplo, quando nos referimos ao “Autto de posse da Quinta do Mossul e sua avaliação” colocamos: ANTT/AHMF, doc. n.º 6 (Folha 1). O mesmo sucede com o manuscrito “Códice sobre a fundação do Mosteiro de Salzedas”, que escolhemos designar por CFMS, seguido pelo número da folha.

7


4. Origens No local conhecido como Abadia Velha, localizado a cerca de 1,5 km a Noroeste do mosteiro de Santa Maria de Salzedas junto ao rio Varosa a 440 m de altitude7 (Figura 2), existem vestígios de um mosteiro que tudo indica ter sido transferido para o sítio actual. Já Fr. Baltazar dos Reis (2002a: 2), nos inícios de século XVII, se referia a este lugar como Abadia Velha, sendo a alusão mais antiga um documento de 1325 com a seguinte referência: “E dali começou a 8 Salzeda a Meana Domna Tareja na Abbadia Velha” (Reis, 2002b: 10-11). Fr. António Brandão (1632, 3ª Parte: 241) na obra “Monarquia Lusitana” de 1632 descreve que próximo do rio Varosa existiam ruínas da antiga abadia. Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo (1983, volume II: 96), em 1749, refere que neste local “logo se fez edificar um insignificante mosteiro, de que hoje se mostram as toscas e pouco estrondosas ruínas”. No século XX o Abade Vasco Moreira na Monografia do Concelho de Tarouca (1924: 85) menciona a existência de ruínas no sítio da Abadia Velha, embora as atribua a “restos de uma povoação protóistorica”, apesar de em cartas a J. Leite de Vasconcellos (1933: 437) ter referido que aqui se

Douro Rio Cinfães

Fonte do Penedo

da

St.ª Luzia

Murganheira Moinhos da Boca do Inferno

S. João da Pesqueira

Moimenta da Beira

Vila Nova de Paiva

Sernancelhe

Cortegada S. Pedro do Sul Sátão Oliveira de Frades

Vouzela

Viseu

Tondela

Nelas

Penalva do Castelo

Mangualde

Quinta do Pinhô Raso

N

Carregal do Sal

Qt.ª da Abadia Velha

Mortágua

Sr.ª da Conceição

0

Bragança Vila Real

Braga

Quinta do Tello

Porto

Cubos

Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas

Aveiro

Guarda

Coimbra

as z d Sale

Souto do Gaio Ribeira

Castelo Branco

Leiria

Santarém

Penedo de St.º António

Filipe

Viseu

Sr.ª do Desterro

Quinta da Tulha

Portela Sr.ª dos Aflitos

Salzedas de

Rio

.ª Sr.ª da Piedade

Qt.ª da Bela Vista

Ponte de Ucanha S. José

Viana do Castelo

Covais de Baixo

Ponte dos Moinhos

b Ri

Var osa

S. Torcato

Barroncas

Sr.ª da Agonia

50 Km

Covais de Cima

Outeiro

Gouviães

Santa Comba Dão

St.ª Bárbara

Abadia Velha Sr.ª da Salvação

Penedono

Castro Daire

Rib .ª

St.º André

Armamar Tabuaço

Tarouca

do Va le

Barreiro

Ponte de Vila Pouca

Lamego

Jandamaia

Az en ha

Vila Pouca

Sr.ª dos Perseguidos

Resende

Prazo

Ucanha

Maçaroco

Criação

S. Pedro

Portalegre Lisboa

Ponte da Pedreira

Setúbal

Évora

Beja

Pedreira

Sr.ª da Ajuda

Faro

1 Km

0

0

Figura 2. Localização do sítio da Abadia Velha 8

100 Km


deslocou e “já perto do Barosa, uma casa, com amplo salão, sem arquitectura notavel, sem divisões, que deve ser do tempo dos frades”. Também J. Leite de Vasconcellos (Idem: 436) indica “ter visto no local uma capelita meio soterrada, e duas ou três casinhotas de pedra, separadas umas das outras, como celas e uma cantareira aberta interiormente na parede.” A. de Almeida Fernandes na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (Volume XXXIII: 295) relatava que “se encontram pedras de pavimento e de alicerces (…) além de algumas pedras sigladas dispersas por muros de suporte”. Em 1971 o sítio da Abadia Velha é classificado como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto N.º 516/71 de 22 de Novembro. Mais recentemente num artigo intitulado “A Abadia Velha de Salzedas. Notícia do aparecimento das suas ruínas”, publicado em 1982, Manuel L. Real participa o aparecimento de ruínas neste local, após em 1969 o proprietário ter posto a descoberto alguns vestígios como resultado de trabalhos agrícolas, nomeadamente de “uma igreja de três naves com transepto saliente e os pilares assimétricos na base” (Real, 1982: 221). No ano de 1994, numa acção não autorizada, foram removidos com recurso a meios mecânicos sedimentos que se encontravam na zona da cabeceira e do transepto (Teixeira et alii, 1996: 277). Em consequência foram efectuadas três curtas campanhas de escavação da responsabilidade de Ricardo Teixeira, Miguel Rodrigues, José Ignacio de la Torre Rodríguez e Maria do Rosário Melo (Idem, 1996; Teixeira, 1999), resultando na descoberta da planta parcial de uma igreja, constituída por três naves, transepto saliente e cabeceira com três capelas escalonadas. Possivelmente os espaços monásticos desenvolveriam-se para Norte, tendo a Sul o cemitério, coincidindo com as informações orais dos antigos proprietários que aqui localizam o aparecimento de algumas sepulturas, reforçado pelo facto de existir o primeiro degrau de uma escada em caracol, provavelmente pertencente a um campanário que normalmente se situa próximo da “porta dos mortos” que dá acesso da igreja ao cemitério (Teixeira, 1999: 211). É também de salientar que esta porta conserva marcas de ferragens, indicando que a área até ao transepto terá sido concluída (Idem: 212). Fr. António da Purificação na “Crónica da antiquíssima província de Portugal, da ordem dos eremitas de S. Agostinho” (II, fl. 80 v.) de 1642-1656, apoiado no catálogo dos mosteiros augustinianos, 9 refere a existência, provavelmente no local da Abadia Velha, de uma comunidade monástica no século IX, embora como afirme A. de Almeida Fernandes (1984: 17-18) nada prove que se trate do mosteiro em questão. Conquanto, é de facto possível a presença aqui de uma comunidade, talvez de origem eremítica, visto que são variados os exemplos nesta região em torno do Varosa, nomeadamente em São João de 10 Tarouca (Castro, 2009: 9), em Recião ou no Poço de Mourão, onde em 1119 se localizava “illa ecclesia vocabulo Sancti Andre” (Fernandes, 1984: 20) (Figura 3). É possível que mais tarde se tenha tornado beneditino, já que nos finais de século XI, inícios da centúria seguinte, esta Ordem disseminou-se com grande sucesso no condado Portucalense, apesar da sua penetração na região de Trás-os-Montes e Beira não ter tido o êxito alcançado noutras zonas do condado (Mattoso, 1992: 262-264). Baltazar dos Reis (2002a: 12) menciona uma lembrança “em a Calenda, feita na era de Cesar mil e noventa e sinquo, que he de Christo mil sinquenta e sete, de hua senhora chamada Donna Sancha Velhasques de Gotmão, - que conforme a outras lembranças que na ditta Calenda se achão de pessoas nobres e principais do Reino que deixavão ao Mosteiro seus bens por suas almas e se mandavão sepultar em 9


se m

Lamego

Queimada

ão

l Ba

Ponte de Balsemão Rio

Ponte de Recião

Queimadela

Recião ecião

Douro Rio Cinfães

Resende

Lamego

Cantudo Rib.ª

de

Santo Aleixo

S. João da Pesqueira

Moimenta da Beira

Tarouca

R

Alvelos

Armamar Tabuaço

Penedono

Castro Daire Vila Nova de Paiva

Novais

Sernancelhe

S. Pedro do Sul Sátão Oliveira de Frades

Quintães

S. Martinho do Souto

Vouzela

Viseu

Tondela

Nelas

Penalva do Castelo

Eirô

Mangualde

Cepões Moimentinha

St. André

Vila Pouca Murganheira

Mortágua

Rib .ª

Santiago

Britiande

N

Carregal do Sal

os ub Ponte de Vila Pouca s C do

Santa Comba Dão

0

50 Km

Bairral Eira Queimada

Abadia Velha Maçãs

Gouviães Magustim Convento de Ferreirim

Galvã

Barroncal

Ferreirim Mós

Ponte de Ucanha

Vila Meã

Ucanha

Ribelas

Veiga Tarouca

Valdevez

Dálvares

Rossas

..

Rib.ª de

Viana do Castelo

Bragança Vila Real

Braga

Castanheiro do Ouro

Almodafa

Porto

Aveiro

Gondomar

Viseu Guarda

Coimbra

Santarém

Tarouca

Lisboa

Mondim de Cima

Setúbal

Évora

Beja

Rio

Valverde Cravaz

de

Portalegre

Mondim da Beira Ponte de Mondim Quinta do Granjão

Se rra

Castelo Branco

Leiria

Varosa

Arguedeira

Sa nta H

Faro

ele na 0

Ponte de S. João de Tarouca

S. João de Tarouca 0

go Cor

2 Km

Couto

Figura 3. Localização do sítio da Abadia Velha, Recião, S.to André e S. João de Tarouca. 10

da Cerca

Mosteiro de S. João de Tarouca

100 Km


elle”, indicando assim a existência de uma comunidade religiosa em 1057. Também os vestígios arqueológicos nos apontam para a presença de uma edificação anterior, tendo-se encontrado dois tipos de talhe distintos em silhares e elementos arquitectónicos, significando a reutilização de materiais de uma construção anterior (Teixeira, 1999: 214). Recentemente, num artigo publicado por Amélia Albuquerque (2006: 153-160), comprovou-se a existência de uma inscrição encontrada numa parede de uma casa adjacente à actual igreja do mosteiro de Santa Maria de Salzedas, que refere doações e obras de ampliação realizadas na Abadia Velha na época de Afonso VI ou VII de Castela e Leão, ou seja finais de século XI, inícios do seguinte. 11

Analisando agora a documentação existente relativamente ao sítio da Abadia Velha, onde como ficou provado já se encontraria um estabelecimento religioso anterior ao século XII, verificamos que o primeiro documento refere-se a uma “venda que o abade Ranol e seus frades, do mosteiro de Argeriz, 12 fizeram a D. Teresa Afonso na villa de Argeriz” em 1150 (Fernandes, 1984: 15). O topónimo 13 Argeriz englobava um território composto por cinco freguesias actuais, Ucanha, Granja Nova, Vila Chã da Beira e Salzedas do concelho de Tarouca e Cimbres do concelho de Armamar, detido por Egas Moniz e 14 15 tendo a sua segunda esposa, D. Teresa Afonso, herdado metade (Idem: 28). 16

A primeira referência documental ao território de Argeriz aparece-nos em 1135, sendo que em 1144 se menciona mesmo Villa Plana de Argeriz (Fernandes, 1995: 204), seguindo-se em 1150 a carta de venda já indicada. A. de Almeida Fernandes (Idem: 203) atribui, como cabeça deste vasto território, o local situado no sopé da elevação onde hoje se ergue a capela de Nossa Senhora da Piedade, de traça setecentista (Figura 4), que pode ter substituído uma igreja mais antiga, denominada de S. Salvador de 17 Argeriz. Actualmente Argeriz já não faz parte da toponímia desta região, embora Baltazar dos Reis (2002b: 23-24) ainda refira a existência de um vale, junto da igreja de S. Salvador de Argeriz, designado por vinhas de Argeriz e que “no dito sittio de Argeriz se achão oje alicesses e vestigios de edificios antigos, aonde parece que estava o dito lugar de Argeriz”. No Plano Director Municipal de Tarouca, efectuado em 1992, é indicado que próximo da capela de Nossa Senhora da Piedade encontram-se numerosos fragmentos de cerâmica medieval, especialmente na encosta Oeste, levando-nos a considerar que esta área era então habitada e que aqui provavelmente se situava algum aglomerado populacional. Assim, ainda antes de 1150, temos um vasto território designado por Argeriz cuja igreja de S. Salvador seria o centro. É exactamente entre 1150 e 1164 que se sucedem os documentos relativos ao território de Argeriz e ao mosteiro. Na sequência daquele primeiro documento aparece-nos outro de 1152, onde Teresa Afonso obtém do rei o couto de Argeriz (Fernandes, 1984: 28). Em 1153 troca a igreja de S. Salvador de Argeriz pela de S. Silvestre de Britiande (ver nota de rodapé 17) e em 1155 recebe permissão real para a transferência do couto de Argeriz para o monasterium de Salzeda. Existe um documento ainda deste ano onde D. Afonso Henriques privilegia o mosteiro de Sancte Marie de Salzeda, na pessoa do abade João Nunes, com bens que estavam em sua posse (Idem: 28-29), mas existem alguns problemas relativos 18 à sua veracidade. Assim, Rui de Azevedo (1958: 316, doc. n.º 255) considera-o uma falsificação forjada a partir dos documentos 254 e 277. Já A. de Almeida Fernandes (1985: 6-21) refuta esta opinião 11


explanando extensamente os seus argumentos, aceitando a autenticidade do documento. Por nossa parte decidimos, dadas as questões pertinentes levantadas pelos dois autores, excluí-lo do rol documental aqui apresentado. Ponderamos contudo a sua falsificação tal como Rui de Azevedo, pois curiosamente é aqui que aparece pela primeira vez a designação Sancte Marie, quando só no ano seguinte se inicia a reforma cisterciense, sendo conhecido que os mosteiros cistercienses são regra geral dedicados à Virgem, sendo as invocações de S. João, S. Pedro ou S. Cristóvão indicadores de fortes 19 tradições monásticas anteriores a esta reforma. É então no documento de 1155, relativo à transferência do couto de Argeriz, que aparece pela 20 primeira vez referenciado o mosteiro de Salzeda, topónimo que deriva segundo A. de Almeida Fernandes (1995: 213) do latim salicetum, ou seja salgueiral, não sendo de facto estranho a existência nesta época de grande quantidade destas árvores nas margens do rio Varosa, apesar de actualmente não serem muito comuns. Ainda no ano de 1155 encontramos dois documentos de venda de três dos filhos de Egas Moniz ao Mosteiro de Salzedas de parte da sua herança no couto de Argeriz, onde é revelada a incerteza da regra monástica aqui seguida “in illa de Sancto Augustino sive de Sancto Benedicto” (Fernandes, 1984: 30). Em 1156 Teresa Afonso entrega ao abade João Cirita o locus de Salzeda “in ordine Sancti Benedicti” e o couto de Argeriz (Idem), sendo que em igual data oferece-o ao mesmo para ser dirigido segundo a “ordinem cisterciensium”, e em documento sequente o abade João procede ao juramento cisterciense no mosteiro de Salzeda (Idem, 1985: 30-31). Ainda neste ano Ermígio Viegas, filho de Egas Moniz, vende a sua parte do couto de Argeriz ao mosteiro de Salzeda, referindo a observância beneditina. No ano de 1159 esta senhora faz ao mosteiro uma carta de liberdade, na regra beneditina, na pessoa do abade João Nunes (Idem, 32). Urraca Viegas, filha de Egas Moniz, também vende a sua parte do couto ao mosteiro em 1160, seguindo-se nos dois anos posteriores a venda das fracções pertencentes a Elvira e Dordia Viegas, 22 esta última representada pelas suas duas filhas Elvira e Teresa (Idem, 1981a: 101, 104, 108). Em 1163 Teresa Afonso e seus filhos e netos entregam ao abade João Nunes e aos frades de Salzeda, na regra de S. Bento, o mosteiro e seu couto renunciando ao seu padroado (Idem, 1985: 70). Finalmente, no ano de 1164 Teresa Afonso obtém a renúncia do bispo D. Mendo de Lamego quanto à jurisdição episcopal no couto do mosteiro, em troca de dois casais em Vila de Rei e da igreja e couto de Bagaúste (Idem: 72). 21

Relativamente à localização actual do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas sabemos por Baltazar 23 dos Reis (2002b: 20) que a sua construção se iniciou no ano de 1168, tendo a sagração da igreja ocorrido 24 em Outubro de 1225. Ao longo dos vários séculos de historiografia sobre este mosteiro, a questão da existência de um estabelecimento no sítio da Abadia Velha e posteriormente no local actual sempre agitou os diversos autores que se debruçaram sobre este tema, tendo A. de Almeida Fernandes, nos seus estudos “Livro das Doações da Salzeda” (1979-1982) e “Os primeiros documentos de Santa Maria da Salzeda” (1984-1985), lançado alguma luz sobre o assunto. Examinando a documentação já referida e os vestígios arqueológicos do sítio da Abadia Velha, podemos traçar um quadro mais completo sobre esta comunidade monástica e a sua transferência para o presente local. Ficou já provado a presença de um mosteiro na Abadia Velha antes do século XII, com

12


reaproveitamento de elementos arquitectónicos (Teixeira, 1999: 214) e com a lembrança que Fr. Baltazar dos Reis (2002a: 12) transcreveu. Sabemos que em 1150, pela carta de venda já referida, o mosteiro era designado por Argeriz, tendo adquirido esta denominação do território onde se encontrava incluído, e que em 1155 já era apontado como Mosteiro de Salzeda. Outra questão pertinente é a sua observância que em 1156, pelo juramento do abade João, é cisterciense e que no ano anterior ainda é incerta.25 Observa-se que quando Teresa Afonso consegue o couto de Argeriz para si, em 1152, tem como intenção o patrocínio de um mosteiro localizado na margem direita do rio Varosa, no sítio da Abadia Velha, sem a definição clara da sua observância. Parece-nos natural a hesitação da regra a seguir (augustiniana ou beneditina) nos já supramencionados documentos de venda das partes de herança dos filhos de Egas Moniz, de 1155, visto que o abade trazido por Teresa Afonso para o seu mosteiro foi João 26 Nunes, um augustiniano de Coimbra, tendo este regido entre 1155 e 1170 (Fernandes, 1984: 42). Neste contexto surgem em Maio de 1156 três documentos, em que dois deles testemunham a entrega do mosteiro e couto de Argeriz a João Cirita para a observância cisterciense, e o terceiro o seu juramento 27 nesta Ordem. João Cirita, segundo o epitáfio do seu túmulo em São Cristóvão de Lafões, faleceu em 1164 tendo regido os mosteiros de São João de Tarouca, São Cristóvão de Lafões, Salzedas e São Pedro de Távora, posteriormente designado por São Pedro das Águias (Fernandes, 1980b: 432). Cumpre-nos 28 fazer aqui um parêntesis no que respeita à figura de João Cirita, uma vez que são diversos os autores que consideram fantasioso o seu percurso nestes mosteiros, muito devido à narrativa Exórdio do Mosteiro de 29 S. João de Tarouca. De facto existem várias dúvidas acerca da origem deste personagem, sendo por vezes 30 interpretado como João Peculiar, João, abade de Lafões ou João, abade de São João de Tarouca (Marques, 1998, Oliveira, 1951; Torre Rodríguez, 1999). Relativamente à sua presença nos diversos mosteiros a que nos referimos sabemos que antes de 1140 surge em Lafões, entre 1140 e 1145 encontrava-se em São 31 João de Tarouca e em Salzedas entre 1156 e 1159, pois é deste último ano um documento onde reaparece novamente o abade João Nunes, tendo falecido em Lafões no ano de 1164. No que respeita a 32 São Pedro das Águias não é viável que tenha conduzido aqui qualquer reforma cisterciense, pois não há notícia da introdução desta Ordem antes de 1170, ano em que se encontrava já falecido. É portanto provável que durante o abaciado de João Nunes (1155-1170) tenha existido uma interrupção, entre 1156 e 1159, em que o mosteiro adopta a regra cisterciense e assimila as suas práticas através de João Cirita. Relativamente à questão da adopção da regra beneditina ou cisterciense, é de assinalar que a não explicitação da regra na documentação ou a sua referência a S. Bento não significa que a observância não o seja cisterciense, a título de exemplo veja-se o caso do mosteiro de São João de 33 34 Tarouca, que em alguns documentos posteriores a 1144 se mencione o uso da regra beneditina. 35 Resumindo o que até agora foi descrito definimos o seguinte quadro, apoiado nos sumários produzidos por A. de Almeida Fernandes (1984 e1985):

13


1135

Fróia Cides e sua mulher Gontina Frogendes vendem a Egas Moniz e sua mulher Teresa Afonso certos prédios em S. Pedro e em Cimbres “in termino de Argeriz”.

1144

“in Villa Plana de Argeriz”

1150

O abade Ranol e seus frades vendem a D. Teresa Afonso e ao mosteiro de Argeriz, por preço de cento e vinte moios, vá rios prédios em Lamatrema, Vila Chã e Prados de Rei, em Lamelas e à Fonte de Formilo e em Barreiros, no termo de Argeriz.

1152

D. Afonso couta Argeriz, por seus limites, a D. Teresa Afonso, com licença de ela poder vender ou doar a concessão a quem quisesse.

1153

D. Teresa Afonso, com seus filhos Lourenço, Rodrigo, Soeiro e Elvira, dá ao presbítero Elias a igreja de S. Silvestre de Britiande em troca da de S. Salvador de Argeriz.

1155

D. Afonso Henriques autoriza D. Teresa Afonso a transferir ao mosteiro de Salzeda o couto de Argeriz. Soeiro Viegas vende ao mosteiro de Salzeda e aos homens que nele habitam ou habitarem na regra de S. Bento ou na de Santo Agostinho, pelo preço de 100 maravedis, a sua oitava metade do couto de Argeriz a qual havia herdado de seu pai. Lourenço Viegas e seu irmão Rodrigo Viegas vendem as suas partes no couto de Argeriz ao mosteiro de Salzeda, na Ordem de Santo Agostinho ou S. Bento.

1156

Ermígio Viegas vende ao mosteiro de Salzeda e aos seus frades da Ordem de S. Bento o que tem de seu pai na metade do couto de Argeriz. D. Teresa Afonso entrega ao abade João Cirita o locus de Salzeda, na Ordem de S. Bento, sem permissão de trocas ou vendas, com seu couto, já demarcado por padrões, mandando-se sepultar no mosteiro. O abade João, atendendo às instâncias de D. Teresa Afonso e superiormente solicitado pelo rei e pela rainha nesse sentido, dado que a observância beneditina cisterciense se verifica já em Portugal, presta o juramento de introduzir essa mesma observância no mosteiro de Salzeda. D. Teresa Afonso, com seus filhos Lourenço, Rodrigo, Soeiro, Urraca e Elvira, entrega ao abade João Cirita e seus frades, na Ordem Cisterciense, o mosteiro de Salzeda.

1159

D. Teresa Afonso, com o consentimento dos seus filhos e netos e do rei, faz carta de liberdade e concessão do mosteiro na regra de S. Bento e na pessoa do abade D. João Nunes, com o seu couto, que ela diz ter impetrado do dito rei, e tudo o que ela dentro e fora do couto possuía ou adquirira.

1160

D. Urraca Viegas vende ao mosteiro de Salzeda o que tem de herança paterna no couto de Argeriz.

1161

D. Elvira Viegas vende ao mosteiro de Salzeda a sua parte de herança paterna no couto de Argeriz. D. Elvira Gonçalves vende ao mosteiro de Salzeda a sua parte de herança no couto de Argeriz.

14


1162

D. Teresa Gonçalves vende ao mosteiro de Salzeda a sua parte de herança no couto de Argeriz.

1163

D. Teresa Afonso, com seus filhos e netos, entrega ao abade D. João Nunes e aos frades de Salzeda, na regra de S. Bento, o mosteiro de Salzeda, com seu couto, renunciando ao seu padroado no dito mosteiro, por si e seus descendentes, de maneira que os abades pudessem ser nele constituídos como nos mosteiros de Bouro e Alcobaça, e devendo ser nele sepultada.

1164

O bispo D. Mendo renuncia a todos os direitos episcopais na igreja e couto de Salzeda, em troca de dois casais em Vila de Rei, os quais D. Teresa Afonso concedeu à Sé lamecence, e da igreja e couto de Bagaúste, que o rei lhe doa para o mesmo efeito.

A documentação revela assim o patrocínio de Teresa Afonso na fundação de um mosteiro com seu couto no sítio da Abadia Velha, que em 1156 passa a reger-se pela regra cisterciense e com isenção civil e eclesiástica, cumprindo os preceitos da Ordem. Pela lembrança encontrada por Fr. Baltazar dos Reis (ver nota de rodapé 23) sabemos que a construção do mosteiro actual se iniciou em 1168, embora não conheçamos as razões pelas quais se verificou a transferência de sítio. Segundo A. de Almeida Fernandes (1984: 27) a necessidade higiénica da comunidade ditou o abandono da primeira construção e a sua deslocação para um local bastante próximo de uma linha de água. De facto existem exemplos análogos de mosteiros cistercienses em Portugal, como é o caso de Santa Maria do Bouro inicialmente edificado no monte de S. Miguel e posteriormente transferido para a Senhora da Abadia sendo por último implantado no local actual; o mosteiro de São Pedro das Águias primitivamente construído numa zona de escarpa e deslocado para o vale; ou a comunidade do posterior mosteiro de Santa Maria de Alcobaça inicialmente instalado próximo de Chiqueda, tendo mesmo construído aí a primeira igreja (Gonçalves, 1989: 19). Também em França encontramos alguns exemplos, como é o caso de Cîteaux, localizado originalmente na proximidade de La Forgeotte em 1098 e transferido para um local situado a 2 km antes de 1106, devido à falta de água do primeiro sítio (Auberger, 1997: 12). Observando a topografia da zona de implantação do mosteiro na Abadia Velha verificamos que se encontra numa zona de encosta, onde não existem linhas de água junto ao espaço monástico (Figura 5). A principal linha de água na proximidade é o rio Varosa que corre a cerca de 150 m do local, já portanto a uma distância considerável dos edifícios e não reunindo as condições ideais para as necessidades diárias da vida em comunidade, como a adução de água à sacristia, cozinha e latrinas. A acrescentar a esta dificuldade a Abadia Velha localizava-se nas cercanias de uma via medieval muito concorrida, que passando pela ponte de Ucanha ligava Lamego ao interior do país. Apesar destes entraves foi de facto iniciada a construção de um mosteiro na Abadia Velha chegando mesmo a sagrar-se, pois como referimos anteriormente, segundo as informações orais dos antigos proprietários, apareceram algumas sepulturas no lado Sul da igreja, reforçado pela documentação nomeadamente de uma doação de 1159 onde é referido “pela alma de seu filho, nele 36 sepultado” (Fernandes, 1985: 50) e de uma inscrição funerária localizada no alçado Norte da igreja 37 actual onde é assinalado o novo local de sepultura de Egas Soares e Paio Cortês, depois de serem transladados da Abadia Velha (Barroca, 2000, volume II, tomo II: 1250). 15


644

450

0

60

500

Murganheira

607

Qt.ª da Abadia Velha

N

Aze nha

Vila Pouca

le d a

Raso

Poldras 40 0

636

Cortegada

Rib .ª do Va

Moinhos da Boca do Inferno450

512 .ª Rib

516

Abadia Velha

Sr.ª da Salvação

Gouviães

Outeiro

524

Barroncas

575

550

Ucanha

Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas

549 Sr.ª da Piedade

0

de

Rio

Salzedas

Quinta do Tello

605

Sr.ª do Desterro

500

574

450

Portela

Quinta da Tulha

Sr.ª dos Aflitos

Souto do Gaio 582

0 55

Ponte de Ucanha

Ribeira

as zed Sal

502

589 585

577

Penedo de St.º António6

Filipe 551

S. José

Salzedas

Ponte dos Moinhos

554

Qt.ª da Bela Vista 0 50

Sa lz ed as

572

4

Gouviães

b Ri

Va50r osa

528

550

de

529

529

o Varos a Ri

Sr.ª da Conceição

00

Ucanha

Prazo

608

Maçaroco

1 Km

0 Figura 5. Implantação do mosteiro da Abadia Velha.

Perante estas evidências podemos afirmar com segurança que pelo menos a igreja do mosteiro implantado na Abadia Velha foi sagrada, mantendo-se a funcionar até 1225, ano da sagração da actual igreja, embora não tenhamos provas concretas da construção dos restantes espaços monásticos ou pelo menos até ao nível a que foram edificados. Segundo Manuel Real (1982) a arquitectura dos vestígios que restam na Abadia Velha indicam que a sua construção teve lugar na segunda metade de século XII, chegando mesmo a avançar a data de 1168 como o início da sua edificação. Parece-nos contudo duvidoso a atribuição desta data à Abadia Velha, pois a lembrança de Fr. Baltazar dos Reis refere-se especificamente ao actual mosteiro (ver nota de rodapé 23). Achamos também exequível que no espaço 38 de 7 anos, desde 1152 (coutamento de Argeriz a Teresa Afonso) ou 1153 até pelo menos 1159 (doação supramencionada), a igreja fosse edificada até ao ponto da sua sagração. Relembramos que este acto pode ser efectuado após a erecção da capela-mor e que no caso das igrejas medievais era sempre pela cabeceira (capela-mor e absidíolos ou capelas laterais) que se iniciava a construção (Marques et alii, 2010: 156), não implicando a conclusão total do edifício. A análise arquitectónica dos vestígios remetenos, de facto, para a segunda metade de século XII, sendo no entanto perfeitamente viável a sua edificação a partir dos primeiros anos da década de 50 desta centúria até pelo menos 1168. 16

2 Km


Assim temos a construção de um mosteiro cisterciense na Abadia Velha que ficou inacabado, a sua transferência para o local actual, e o seu abandono após 1225, data da sagração da nova igreja do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Partindo do princípio que a comunidade monástica carecia de uma igreja sagrada, é natural que esta se tenha apenas deslocado após a sagração da igreja do novo mosteiro.

6 “O livro das doações da Salzeda” e “Os primeiros documentos de Santa Maria da Salzeda”. 7 Com as seguintes coordenadas internacionais: 41º 3’ 38’’N; 7º 44’ 30’’ W. 8 Fr. Baltazar dos Reis transcreve uma “lembrança que fez um religioso” do mosteiro em 1325, a qual se refere à lenda de fundação do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, onde aparece a figura de Paio Cortês. 9 “sed multo postea, aliud erigitur ad Salzettam” (Purificação, 1642-1656: 80 v.). É também de assinalar que são vários os autores (Vasconcellos, 1933: 65; Viterbo, volume II, 1983: 96) que fazem menção ao testamento de Flâmula, sobrinha de Mumadona, efectuado em 960, onde aparece o topónimo Salzeta, mas como A. de Almeida Fernandes (1984: 15) já provou, este refere-se a um estabelecimento próximo de Tui. 10 Dando origem ao mosteiro de Recião de observância beneditina (Fernandes, 1984: 20). 11 É natural que esta inscrição tenha como proveniência este local e não o presente mosteiro, visto que provavelmente muitos elementos arquitectónicos foram trazidos deste primeiro sítio para o segundo. 12 Apesar de A. de Almeida Fernandes no artigo publicado em 1984 (15) remeter este documento para o mosteiro situado em Argeriz, mais precisamente na Abadia Velha, em 1979 (a: 422-423), no estudo sobre o Livro de Doações da Salzeda, o mesmo autor refere que provavelmente este se referiria ao mosteiro de São João de Tarouca por ser o único que ficaria nas proximidades. Parece-nos que esta hipótese colocada não se afigura possível, visto que como dissemos existia um primeiro estabelecimento monástico na Abadia Velha antes do século XII, acrescido pelo facto de que no Livro de Doações de Tarouca (Fernandes, 1991), relativo ao cartulário do mosteiro de São João de Tarouca, não se encontrar nenhuma venda efectuada no território de Argeriz nesta data. 13 Segundo A. de Almeida Fernandes (1995: 203) Argeriz é um “genitivo antroponímico, isto é, Argerici sc. villa de Argericus (…) um nome pessoal de origem germânica”. 14 D. Teresa Afonso, filha do conde D. Afonso Nunes das Astúrias, desposou Egas Moniz por volta de 1125, tendo dele enviuvado em 1146 (Fernandes, 1984: 11-12). Segundo José Mattoso (2007: 35-37) o papel atribuído a Egas Moniz (da família de Ribadouro) na educação de D. Afonso Henriques resulta de um empolamento literário, tendo este sido criado por alguém pertencente a esta família, talvez o irmão de Egas Moniz, Ermígio. Contudo Egas Moniz terá desempenhado importantes cargos, sendo nomeado mordomo-mor em 1136, após a morte do irmão. É também de assinalar que Teresa Afonso foi ama das infantas Teresa e Urraca e possivelmente do futuro rei D. Sancho I (Mattoso, 2007: 36; Fernandes, 1984: 13), tendo então relações privilegiadas com o rei português. 15 A outra metade foi distribuída por sete dos filhos de Egas Moniz e pelos herdeiros de um dos filhos já falecido à data (Fernandes, 1979a: 415). Por razões que se desconhecem um dos filhos da primeira mulher, Moço (Afonso), não recebeu a sua parte da herança em Argeriz (Idem, 1981a: 101-102). 16 “in termino de Argeriz subtus Ledanarium discurrentibus rivulis Torno at Barosa” (Fernandes, 1995: 204).

17


17 Segundo um documento de 1153 Teresa Afonso troca-a com o seu presbítero, dando-lhe a de S. Silvestre de Britiande que lhe pertencia (Fernandes, 1984: 28). 18 Apoiado neste autor, Mário Jorge Barroca (1999, nota de fim 20: 159) partilha da mesma opinião num artigo dedicado a Pedro Mendes Amarelo, notário na Cúria régia. 19 Relembramos o documento de 1150 onde apenas se refere Mosteiro de Argeriz, sem indicação de qualquer invocação. 20 Geónimo que evoluiu para Salzedas. 21 São eles Soeiro, Lourenço e Rodrigo. 22 Desconhece-se a documentação relativa às vendas dos herdeiros do já falecido Mendo, filho de Egas Moniz (Fernandes, 1981a: 102). 23 Fr. Baltazar dos Reis (2002a: 9) encontrou uma lembrança num livro de lições domingal e sanctoral a inscrição relativa ao início de construção: “Decimo tertio kalend. Februarii fecimus fundamentum in eclesia de Sancta Maria da Salzeda omnes fratres, qui tunc temporis ibidem eramus de gentes, in nomine Domini nostri Jesu Christi et Beatae Dei Genitricis Mariae et omnium Sanctorum, in Era Milesima Ducentesima Sexta, in die Sanctorum Fabiani atque Sebastiani Martirum, luna die septima litera… in Sabatho, Inditione decima quinta concurrentes Sex, anno … bisextili et concurrente.”. 24 Como refere Fr. Baltazar dos Reis (2002b: 22) que descobriu os seguintes versos que se encontram num livro colectâneo: “Versibus exquire, quicunque cupis bene scire qualis erat vere: numerus tunc temporis aerae cum fuit Eclesiae Salzedae Sanctae Mariae consecrata Deo: pulsus et inde Leo. Era Millena biscentum: terque vicena in super addantur, tres anni qui numerantur amplius, Intendus ter nobis sexto kalendas Mensis ut in libris, numeratur terno Nouembris”. 25 “in illa de Sancto Augustino sive de Sancto Benedicto” (Fernandes, 1984: 30). 26 Segundo a Crónica dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho João Nunes foi o duodécimo discípulo de S. Teotónio, o primeiro prior de Santa Cruz de Coimbra e quem o recomendou para a Salzeda (Fernandes, 1980b: 443). 27 Este epitáfio foi primeiramente publicado por Fr. Bernardo de Brito em 1602 na “Primeira Parte da Crónica de Cister”. Alguns afirmam que esta inscrição funerária foi inventada por este autor, outros aceitam-na como verdadeira. Sobre esta polémica consultar: Barroca, 2000, volume II, tomo I: 307-310. 28 Nomeadamente Miguel de Oliveira (1951) e José Ignacio de la Torre Rodríguez (1999). 29 Publicado pela primeira vez por Fr. António Brandão em 1632 na obra “Monarquia Lusitana”, 3ª Parte, Apêndice XXI, embora Fr. Bernardo de Brito na “Primeira Parte da Crónica de Cister” de 1602 publique os quatro primeiros documentos desta narrativa. A sua tradução encontra-se na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, volume 27, pp. 498-500, entrada “São João de Tarouca” da responsabilidade de A. de Almeida Fernandes. Em 1999 Maria Alegria Marques insere a tradução na sua obra “Estudos sobre a Ordem de Cister em Portugal”, pp. 66-71. 30 Um dos fundadores do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, sendo depois bispo do Porto e Arcebispo de Braga. Segundo José Mattoso (2007: 122-123) é possível que tenha havido um encontro durante o Concílio de Pisa em 1135, entre João Peculiar, Telo e S. Bernardo, onde este tem conhecimento das experiências eremíticas no Vale do Douro levadas a cabo pelo primeiro e que na opinião de José Mattoso terá aberto caminho para “o envio dos primeiros cistercienses franceses a Portugal”. 31 Carta de liberdade que D. Teresa Afonso concede ao mosteiro na pessoa do abade João Nunes, datada de 25 de Julho de 1159 (Fernandes, 1980b: 442). 32 Embora A. de Almeida Fernandes (1980b: 432) indique a sua presença neste mosteiro. 33 O Mosteiro de S. João de Tarouca recebeu carta de couto em 1140, sendo referida a Ordem Cisterciense num documento de 1144. Acerca desta questão veja-se o estudo de Maria Alegria Marques (1998) e de Ana Sampaio e Castro (2009). 34 Maria Alegria Marques (1998: 40) lembra que Cister é apenas um movimento de reforma dentro da Ordem Beneditina.

18


35 No Anexo Documental encontram-se os vários documentos dispersos nas diversas obras e artigos já mencionados. 36 Gonçalo Mendes doa ao mosteiro de Salzeda, por alma de seu filho, nele sepultado, a oitava da igreja de S. Cosmado e a deste lugar, as oitavas dos de Arcos, Sendim e a de Santa Maria de Lubozaim e ainda uma seara em S. Cosmado (Fernandes, 1985: 50). 37 Paio Cortês foi Monteiro do rei no tempo de D. Afonso Henriques, casado com D. Ximena Pais, dama de companhia de D. Teresa Afonso, tendo falecido entre 1152 e 1163, e Egas Soares terá sido seu cunhado (Barroca, 2000, volume II, tomo II: 1251-1257). 38 Recordamos que D. Teresa Afonso estava empenhada na fundação deste mosteiro, podendo neste contexto ter apressado as obras de construção.

19




Pormenor de um capitel do interior da igreja do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Fotografia de P. Martins. C DRCN/2010


4. O mosteiro: espaços e tempos Do mosteiro medieval ainda sobrevivem importantes vestígios, embora a traça tenha sido profundamente alterada durante obras de ampliação e reconstrução ocorridas entre o século XVI e XVIII. É na igreja, com três naves, uma central e duas laterais com cinco tramos e transepto saliente, que verificamos o maior número de indícios da construção original, que foi posta a descoberto durante uma intervenção da responsabilidade da DGEMN, ocorrida na década de 90 do século XX. A picagem de rebocos permitiu a observação da estrutura medieval, nomeadamente as colunas das naves laterais, constituídas por capitéis com motivos de flores, pinhas e zoomórficos com bases simples (Figura 6).

Figura 6. Coluna e capitéis medievais da igreja do mosteiro. 20


N

0

10 m

Fotografia de P. Martins. C DRCN

Figura 7. Porta medieval de acesso ao campanário original.

Também no braço Norte do transepto é possível identificar a porta medieval que daria acesso à torre sineira (Figura 7), bem como a porta dos mortos que comunicava com o cemitério original e ainda o absidíolo situado mais a Norte, encontrando-se bastante bem conservado, e o arco quebrado do segundo absidíolo. Na parede da nave lateral direita é ainda possível notar a porta dos monges, encontrando-se actualmente emparedada, por onde se acedia ao claustro através de umas escadas aqui situadas, colocadas devido às diferenças de cotas de circulação, pois o piso da igreja encontra-se sobrelevado em quase 3 m. Podemos assim afirmar que a edificação de século XVIII praticamente não destruiu a original, 21


mas revestiu-a com elementos ao gosto da época, modificando totalmente o aspecto interior da igreja. No que respeita à cabeceira, para além do absidíolo preservado, existem ainda vestígios daquele situado mais a Sul (Figura 8), conseguindo-se reconstituir a totalidade dos absidíolos, em número de quatro, dois em cada lado da abside e escalonados, elevados em relação ao piso do transepto. Segundo Anselme Dimier (1966: 697-704) existem apenas nove casos na Europa de igrejas cistercienses com absides escalonadas, e somente um deles – Reigny, construída entre 1134 e 1162 - tem filiação em Claraval, tal

N

0

1m

Planta dos vestígios dos absidíolos situados a Sul.

0

Vestígios dos absidíolos situados a Norte.

Figura 8. Reconstituição dos quatro absidíolos da cabeceira da igreja. 22

10 m


39

como Salzedas, sendo que as restantes filiam-se em Morimond. Da capela-mor medieval não resta 40 qualquer vestígio, mas poderia apresentar uma planta semicircular, semelhante aquela utilizada na Igreja Matriz de Armamar, datada de século XII. Fr. Baltazar dos Reis (2002b: 20) menciona que o altar41 mor de Salzedas mede 18 palmos de comprimento, ou seja 3,96 m. Pela documentação sabemos que aquando da Visitação de D. Edme de Saulieu, em Janeiro de 1533, este consagra o altar-mor (Bronseval, 1531-1533: 519). É provável que esta sagração seja referente a alguma obra aqui realizada, 42 possivelmente a colocação de um retábulo que, ainda nos inícios de século XVII, Fr. Baltasar dos Reis (2002b: 20) descrevia como “he dos melhores que se podem achar em Espanha, tem vinte e hữ paineis com as figuras de vulto grandes”. Este retábulo foi substituído em cerca de 1620, em obra da responsabilidade de Simão Rodrigues (Soalheiro, 2006: 121). É no manuscrito “Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria da Salzeda” da autoria de Fr. Baltasar dos Reis que nos aparecem as melhores pistas para a reconstituição da planta da igreja do mosteiro. Segundo os seus registos o transepto mediria 142 palmos de comprimento e 64 de largura, isto é 31,24 m por 14,08 m (Reis, 2002b: 20). Esta última dimensão deve, com certeza, incluir toda a extensão desde o interior dos absidíolos maiores até à parede interior do transepto, pois a largura deste corpo transversal, sem contar com os absidíolos, é só de 7,9 m. Outro dos testemunhos de Fr. Baltazar dos Reis (2002b: 22) comprova a existência de um nártex: “Mandou mais esta Senhora (Teresa Afonso) fazer hum alpendre pegado a Igreja dos fregueses de pedraria lavrada tam comprido como a mesma igreja a que chamam galillé o qual mandou desfazer o padre fr. Prudencio no seu triennio para fazer outra obra cõ a pedraria delle”. Fr. Prudêncio foi abade entre 1579 e 1581 (Vasconcellos, 1933: 398), sendo então por esta data que o nártex foi destruído. Restam escassos exemplos deste tipo de estruturas em igrejas cistercienses, tornando assim difícil obter uma aproximação formal, contudo, em oposição ao 43 modelo de reconstituição do mosteiro de São João de Tarouca (Sebastian & Castro, 2007: 164), podemos supor tratar-se de solução mais elaborada com o recurso a arcadas e talvez com uma cobertura abobadada, visto que, como refere Fr. Baltasar dos Reis, foi feita outra obra com as pedras do nártex, indiciando uma grande quantidade de elementos pétreos daqui retirados. A última observação, em relação à igreja, presente no manuscrito do monge de Salzedas respeita à existência de uma rosácea na sua fachada, com 25 palmos (5, 50 m) de diâmetro. Da igreja original podem-se ainda observar as fachadas exteriores Norte e Sul, a primeira das quais apresenta uma inscrição funerária gravada num silhar, acima da sapata, correspondendo ao segundo tramo. Esta inscrição assinala o local de sepultura de Egas Soares e Paio Cortês, transladados da Abadia Velha para este lugar (Barroca, 2000, volume II, tomo II: 1249-1257). Ainda do lado Norte é possível presenciar, no braço do transepto, dois arcossólios, um junto à porta dos mortos e o outro na 44 parede lateral. É provável que um destes arcos tenha acomodado a sepultura de Teresa Afonso, como refere Fr. Bernardo de Brito (1602, Livro Quinto: 291-291 v.): “Não se quis por humildade mandar lançar dentro no Convento mas em hu arco, que estava da banda de fora da Igreja em hua sepultura de pedra tosca”, e relatado também por Rui Fernandes em 1531-1532 (2001: 75) nos seguintes moldes: “E na parede da Igreja esta a sepultura de Dona Teresa que era na dita capela em a qual sepultura está este letreiro em latim (…) e a ossada sua se mudou ao mosteiro”. Ainda Fr. António Brandão, em 1632, declara que “Estava o sepulchro de dona Tareja detras da Capella Mór da parte de fora (…). Poucos annos há que

23


trasladarão seu corpo para dentro da Capella Mór”. Fr. Baltasar dos Reis (2002a: 23) refere que “foram tresladados seus ossos pera a capella maior do Mosteiro, na era de mil quinhentos e outenta”, pensamos que a data inscrita por este autor (1580) deve estar errada, uma vez que já Rui Fernandes, em 15311532, menciona que as suas ossadas foram transladadas para o interior do mosteiro, sendo exequível presumir que esta mudança ocorreu durante a campanha de obras realizada antes de 1533, data da sagração do altar-mor por D. Edme de Saulieu. Segundo um relato escrito no século XIX, que consta do Tombo do Paço de Monsul, publicado por Amélia Albuquerque (2006: 53), o túmulo que actualmente se encontra do lado direito da entrada para a nave esquerda da igreja alberga os restos de Teresa Afonso. Este, com 197 cm de comprimento e 56 cm de altura, apresenta uma decoração que poderá inscrever-se cronologicamente no século XV. Podemos, então, colocar a hipótese da elaboração desta arca tumular ter ocorrido durante a referida campanha de obras, nos finais de século XV, estendendo-se pelas primeiras 45 três décadas da centúria seguinte, sendo posta na capela-mor com as ossadas de Teresa Afonso. Rui Fernandes em 1531-1532 (2001: 75) indica que “Dom Paião e os outros cavaleiros (…) jazem enterrados no dito mosteiro da parte de fora à mão esquerda, onde esteve uma capela com um alpendre, e no chão da dita capela jazem os ditos cavaleiros”, correspondendo este local ao cemitério medieval do mosteiro, comprovado pela porta dos mortos, localizada no transepto Norte. Numa acção de remoção de terras da responsabilidade da Câmara Municipal de Tarouca, ocorrida na década de 90, efectuada nesta área encontrou-se uma arca tumular granítica, actualmente conservada no interior do espaço monástico (Figura 9), tendo de comprimento máximo 1,94 m por 0,70 m de largura. Com base em todas as

0

Figura 9. Arca tumular encontrada na área a Norte da igreja. 24

1m


informações aqui descritas elaboramos uma primeira reconstituição da planta medieval da igreja que se apresenta na figura 10.

N

Nártex

0

Figura 10. Reconstituição da planta medieval da igreja. 25

10 m


Negativos do telhado medieval do dormitório Negativos do telhado medieval do dormitório

Nível do piso de século XVIII

Aduela pertencente à porta que da igreja acedia ao dormitório medieval

Azulejo

Azulejo

2m

0

- Século XVIII-XIX - Século XVI-XVII - Século XII

N 0

10 m

Igreja

Sacristia

Claustro

Figura 11. Alçado Norte do corredor de acesso à actual sacristia. 26

Alçado Norte


Os restantes edifícios monásticos são bem mais difíceis de reconstituir, uma vez que os vestígios são escassos, contudo apoiamo-nos nas descrições de Fr. Baltasar dos Reis e na planta modelo dos mosteiros cistercienses, de forma a tentar refazer os espaços medievais. Comecemos, então, pelas pistas deixadas por aquele monge salzedense no manuscrito “Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria da Salzeda”. O dormitório, situado no prolongamento do braço do transepto, para Sul, apresentava um comprimento de 57, 20 m por 8,80 m de largura (52 varas por 8) (Reis, 2002b: 19). Da igreja acedia-se-lhe através de uma porta, servida por escada e situada na parede Sul do transepto. Uma aduela desta porta, provavelmente em arco quebrado, foi encontrada durante o 46 acompanhamento arqueológico da obra de reabilitação da ala nascente do mosteiro, após a picagem de rebocos da parede Norte do corredor de acesso à sacristia (Figura 11). Neste mesmo alçado foi ainda descoberto os negativos do telhado de duas águas da ala dos monges e o seu limite Este (Figura 11). No

N

Sacristia

Sala do Capítulo

Porta

Janela

Janela

Igreja Claustro

Fotografia de P. Martins. C DRCN

0

10 m

Figura 12. Elementos medievais da sala do capítulo.

piso inferior do dormitório funcionavam a sacristia, o armarium, a sala do capítulo, as escadas de acesso ao piso superior, o auditório, a sala dos monges e a sala dos noviços, segundo a planta tipo cisterciense. De todos estes elementos medievais apenas nos resta a sala do capítulo, onde ainda é possível observar, no alçado Oeste, as duas janelas de arco pleno e, sob a porta de século XVII-XVIII, a entrada original, também ela em arco pleno (Figura 12). O claustro medieval foi totalmente substituído em cerca de 1700, preservando-se a sua forma trapezoidal, a parede Norte, Este e parte da Oeste e alguns elementos avulso,

27


Base

Fuste

Base geminada

0

25 cm

Figura 13. Elementos arquitectónicos pertencentes ao claustro medieval. Desenho de H. Pereira.

nomeadamente capitéis, bases e fustes, que foram reaproveitados na construção de pisos ou paredes (Figura 13). Sabemos, através da carta de foro de Vila Chã de 1295 (Ver Anexo Documental – Documento n.º 6), que parte do pagamento era destinado a “senhos carneiros comnos bois e comnos corpos a abbadia pera carreiar os arcos”. Este ano aponta, sobretudo, para a continuação da obra nas dependências monásticas, talvez mesmo no claustro, visto que a construção da igreja, sagrada em 1225, já teria sido concluída em data tão tardia. Fica, então, a questão de estes “arcos” provirem da Abadia Velha, ou, pelo contrário, procederem do local da pedreira do mosteiro. Dos compartimentos situados a Sul do claustro, calefactório, refeitório e cozinha, restam alguns elementos. Do refeitório sabemos que tinha três janelas, possivelmente viradas a Sul, e que media 24,20 m por 8,80 m (22 varas por 8) (Reis, 2002b: 20). Da cozinha original, visto que foi transformada num 28


outro espaço no século XVIII, temos ainda visíveis no terreno parte dos seus limites e que nos ajudam à 47 sua reconstituição. Durante um acompanhamento arqueológico, aqui efectuado em 2004, foi identificado um grande derrube do tecto desta divisória, e que uma análise atenta mostrou ser abobadado (Figura 14). Da ala dos conversos não resta qualquer tipo de vestígio, apenas a porta que do

Vista geral da cozinha

Vista de pormenor do derrube do tecto abobadado

Vista geral do derrube do tecto abobadado

N Igreja

Sala do Capítulo

Claustro Claustro

Cozinha

Dormitório (1º Piso)

Refeitório

0

Figura 14. Vestígios do tecto abobadado da cozinha original. 29

10 m


claustro se que acedia (Figura 15).

N

Igreja

Claustro

Claustro

0

10 m

Fotografia de P. Martins. C DRCN

Figura 15. Porta medieval que do claustro acedia à ala dos conversos.

Pegando nestes elementos apresentamos, na figura 16, duas possíveis reconstituições, em planta, dos edifícios monásticos. Na primeira, a ala dos conversos, tendo as mesmas dimensões da ala dos monges, surge perpendicular às restantes construções, enquanto na segunda encontra-se desviada para Oeste. Esta última opção prende-se com o facto de os edifícios a Sul do claustro apresentarem esta 48 mesma rotação. Efectivamente, numa sondagem arqueológica por nós efectuada junto à arcaria do 30


Hipótese 1

N Ala dos monges (Dormitório no piso superior)

4 5 3

7 6

8

9

11

10

12

14 1 13

15

16 17

18

2

19

21

20 Ala dos conversos

0

Hipótese 2

10 m

Ala dos monges (Dormitório no piso superior)

4 5 3

7 6

8

9

11

10

14 1 13

15

16 17

18

2 19

20 21 Ala dos conversos

1- Igreja 2- Nártex 3- Porta dos mortos 4- Cemitério 5- Sacristia 6- Armarium 7- Sala do capítulo

8- Escadas de acesso ao piso superior 9- Auditório dos monges 10- Corredor 11- Sala dos monges 12- Sala dos noviços 13- Claustro 14- Calefactório

15- Refeitório dos monges 16- Cozinha 17- Porta dos conversos 18- Auditório dos conversos 19- Tulha 20- Corredor 21- Refeitório dos conversos

Figura 16. Reconstituição da planta medieval do mosteiro. 31

12


actual claustro da colação (Figura 17), de século XVI, não mostrou qualquer estrutura que se possa identificar com a parede Este desta ala, presumindo-se, assim, que este alinhamento se situe mais a Oeste.

N

Igreja

Claustro do capítulo Claustro da colação

Alicerce da arcada do claustro 0

10 m

Figura 17. Sondagem arqueológica efectuada no claustro da colação.

É durante os séculos XVI, XVII e XVIII que assistimos a uma transformação de toda a área monástica original, alterando-se para sempre o seu aspecto medieval. Estas obras decorreram ao longo destas centúrias, consoante, com certeza, o financiamento disponível, dando origem a sucessivas modificações estruturais e estilísticas. 32


Nível do piso de século XVIII

Lavabo

Azulejo

Azulejo

0

- Século XVIII-XIX - Século XVI-XVII - Século XII

N 0

10 m

Igreja

Sacristia Lavabo

Alçado Norte

Claustro

Figura 18. Lavabo de século XVI-XVII, situado no alçado Norte do corredor de acesso à sacristia. 33

2m


A construção do claustro da colação, situado a Oeste do claustro original, deve ter tido lugar na segunda metade de século XVI, pois já Fr. Baltasar dos Reis (2002b: 19) o referenciava nos inícios de século XVII como tendo “23 varas de comprido”, ou seja 25,30 m. A análise estilista vem reforçar este facto, enquadrando-se no estilo maneirista, com colunatas toscanas e segundo piso. O exemplo mais próximo deste situa-se no mosteiro de S. João de Tarouca, onde o claustro medieval foi substituído, entre 1515 e 1618, por outro de gosto maneirista, em tudo idêntico ao de Salzedas (Sebastian & Castro, 2010: 15). A edificação deste claustro implicou uma profunda remodelação, sendo a ala dos conversos totalmente destruída, dando lugar ao claustro e a uma nova ala, situada a Oeste, onde acomodaria a botica, a hospedaria e tulhas. Em 1789 é para esta ala que se muda a cozinha, durante o abaciado trienal de Manuel Pinto (CFMS, folha 25). Também durante a segunda metade de século XVI assistimos à construção de novas alas, situadas a Este, originando a recomposição de espaços na ala dos monges. Como refere Fr. Baltasar dos Reis (2002b: 19) “E posto que este Dormitorio (o original) se reformou o foi nos aliceces do Antigo a qual reformação se fez no anno de 15…”, infelizmente o ano não se encontra completo, presumindo-se que o monge salzedense ainda tenha assistido a parte das obras de remodelação deste espaço. A configuração destas novas alas implicou o alargamento da área monástica para Este, determinando a construção de uma nova sacristia, já no lugar da actual, de um corredor a que se lhe acedia, através da igreja e do claustro, onde teria um lavabo, localizado na parede Norte, identificado após a picagem de rebocos nesta área, durante a obra de reabilitação da ala nascente (Figura 18).

N

Igreja

Sacristia

0

0

1m

0

Alçado Norte

1m

Alçado Sul

Figura 19. Portas pertencentes a um corredor a Este da sacristia e que acediam ao exterior. 34

10 m


A Este da sacristia, na actual sala do lavabo, existiria um corredor, que comunicava do exterior Norte para o pátio formado pelas novas alas, como comprovam as duas portas ainda observáveis e que presentemente se encontram encerradas, uma pelo lavabo e a outra reaproveitada como janela durante as reformulações de século XVII-XVIII (Figura 19). De formato quadrado, as novas alas geraram um pátio que tinha, no seu centro, uma fonte, sendo os seus alicerces descobertos durante o 49 acompanhamento arqueológico efectuado no ano de 2005 (Figura 20). No piso superior funcionavam os dormitórios dos monges e a noviciaria, restando vestígios de algumas celas que ainda apresentam portas de gosto maneirista, tal como aquelas que da igreja acedem à sacristia e actual sala do lavabo. Todas estas profundas alterações, como referimos, iniciaram-se na segunda metade de século XVI, prolongando-se pela centúria seguinte, podendo-se observar na figura 21 as principais transformações ocorridas no espaço monástico.

N

Igreja

Sacristia

Sala do capítulo

0

Figura 20. Alicerce da fonte que existiria no centro do pátio formado pelas alas construídas no século XVI-XVII.

35

10 m


3

N 2

1

8

7 5

4

13

19

6

9

17

11

10 16

14

18

12 15

11 19

0

- Estruturas existentes de século XVI-XVII - Estruturas existentes de século XII - Reconstituição dos edifícios de século XVI-XVII - Reconstituição dos edifícios de século XII

1- Igreja 2- Porta dos mortos 3- Cemitério 4- Armarium 5- Lavabo 6- Corredor de acesso à sacristia 7- Sacristia 8- Corredor de acesso ao exterior 9- Sala do Capítulo 10- Fonte 11- Noviciaria (1º Piso)

12-Dormitório dos monges (1º Piso) 13- Claustro do capítulo 14- Calefectório 15- Refeitório 16- Cozinha 17- Claustro da colação 18- Entrada 19- Ala Poente - Tulha no piso inferior e hospedaria no piso superior

Figura 21. Reconstituição da planta de século XVI-XVII. 36

10 m


50

Nos finais de século XVII surge, em Salzedas, o arquitecto maltês Carlos Gimach, responsável pelo projecto da sacristia, da sala do capítulo, da substituição claustro medieval e, possivelmente, da igreja. Segundo Paulo Varela Gomes (1992: 325), Gimach terá deixado o traçado da fachada do templo salzedende que só foi semiterminada nos meados de século XVIII, por um mestre do rococó nortenho, inspirando mesmo a fachada da igreja da Falperra (Braga) da responsabilidade de André Soares e iniciada em 1753. O claustro de Carlos Gimach, situado no local exacto do original, apresenta dois pisos, sendo coberto por um terraço. As abóbadas em ogiva, do primeiro plano, exibem fechos florais, sustentando-se em mísulas suportadas por largas volutas, idênticas às da sacristia (Figura 22). O piso

Fotografia de P. Martins. C DRCN

Figura 22. Abobadas do claustro do capítulo, atribuído a Carlos Gimach

superior apresenta janelões de frontão recto e teriam, originalmente, grades de ferro como nos mostra o documento da contratação do serralheiro António Luís, datado de 13 de Julho de 1713 (Costa, 1986: 356). Este claustro exibe, por cima da porta que acedia ao refeitório original, uma inscrição com a data de 1700 (Figura 23), coincidindo, assim, com o percurso de Gimach no mosteiro. Nesta grande campanha de obras foi também acrescentada uma entrada com frontão na ala a Este do claustro da colação, onde nos aparece a inscrição: TOTA PULCRA ES ANNO DE 1716. Os azulejos que podemos observar na sacristia datam de finais de século XVII, formando grandes tapetes a azul sobre branco, resultando na repetição de padrões (Simões, 1997, tomo I: 19). Igualmente o corredor de acesso à sacristia e o claustro foram revestidos por azulejo, de figura avulsa e de albarrada a

37


azul sobre branco, datados do primeiro quartel de século XVIII, sendo de produção coimbrã (Meco, 1989: 31). A sala do capítulo apresenta azulejos “de maçaroca” e “tapetes” (Simões, 1997, tomo I: 41) a azul e amarelo sobre branco, datados da segunda metade de século XVII. Também a escadaria de acesso ao piso superior desta ala exibe vestígios de revestimento azulejar, devendo, neste caso, ter sido guarnecido por albarradas a azul sobre branco.

Figura 23. Inscrição na porta que do claustro do capítulo acedia ao refeitório com a data de 1700.

A construção desta escadaria insere-se no prolongamento da campanha de obras iniciada nos finais de século XVII, tendo-se, então, alargado para a igreja. Efectivamente as remodelações no interior do templo iniciaram-se ainda na primeira metade de século XVIII, sendo a referida escadaria, que eliminou os absidíolos originais, situados a Sul, edificada por volta do ano de 1750, como é testemunhado pelo “Códice sobre a fundação do Mosteiro de Salzedas” (Folha 22). É também devido a esta escadaria que, actualmente, a igreja apresenta apenas uma capela lateral direita, de planta rectangular, em contraposição às duas existentes do lado esquerdo, a primeira ainda original e a segunda de planta quadrada. É neste século que a igreja foi revestida por duplos pilares toscanos e jónicos, abóbadas de aresta e janelas, provavelmente no local onde existiram as frestas originais, uma capela-mor de planta rectangular, bem como uma fachada monumental inacabada e que ainda no ano de 1796, última notícia de obras aqui realizadas, se encontrava em construção, durante o abaciado de Gregório Pereira (CFMS, folha 25 v.º) (Figura 24). 38


N

1

4 13

2

3 5

14

11

12

6

8 15

10

16

7 9

8 17

0

- Século XVIII-XIX - Século XVI-XVII - Século XII

1. Igreja 2. Sala do Lavabo 3. Sacristia 4. Escadaria; acesso ao piso superior da Noviciaria 5. Corredor; acesso à sacristia e piso superior da Noviciaria 6. Sala do Capítulo 7. Ala dos Monges 8. Noviciaria 9. Refeitório

10. Cozinha 11. Claustro do capítulo 12. Claustro da colação 13. Escadaria; acesso ao 2º piso do Claustro do capítulo 14. Botica (Hospedaria no 1º piso) 15. Cozinha 16. Entrada 17. Tulhas (Hospedaria no 1º piso)

Figura 24. Planta cronológica do mosteiro em 1834. 39

10 m


O “Códice sobre a fundação do Mosteiro de Salzedas” regista várias notícias avulsas sobre obras ocorridas no mosteiro durante o século XVIII, verificando-se, por exemplo que toda a ala da hospedaria, edificada na segunda metade de século XVI, foi alvo de remodelação durante o triénio do abade José Rebelo (1732-34), devido a um incêndio aqui ocorrido (Folha 18). Uma outra informação respeita ao início das obras na capela-mor que, segundo o códice, datam de 1747, estando concluídas três anos depois (Folha 20 vº.). Uma das últimas notícias relevantes respeita a António Falcão, abade entre 1792/3 e 1795 que continuou o frontispício da igreja, “trazendo muita gente tanto cá como na pedreira” (Folha 25 v.º). Este local de extracção localiza-se a cerca de 1 km para Sul do mosteiro (Figura 25), preservando ainda importantes vestígios, podendo mesmo ter sido o principal sítio de abastecimento de pedra para a construção dos edifícios monásticos.

Covais de Cima N

0 65

550

0 55

S. Torcato

Covais de Baixo

Ponte dos Moinhos

600

50

b Ri0 .ª

Salzedas

Cubos

549

550

de

605

603

Vila Pouca

Cortegada

Sr.ª do Desterro

Murganheira

596

Quinta da Tulha

Gouviães

577

585

Ribeira

Rio

S. Pedro

as zed Sal

550

Souto do Gaio

de

582

Salzedas

550

589

b Ri

as zed Sal

574

zen ha

Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas

Sr.ª da Piedade

Rib .ª doVa le d aA

Quinta do Tello

Var osa

554

Ucanha

Penedo de St.º António Prazo

608

Maçaroco

0

Ponte da Pedreira

Criação 0 60

625 616

Pedreira 622

0

600

587

500 m

Figura 25. Localização da pedreira que abasteceu o mosteiro. 40

2 Km


Finalmente deixamos aqui uma nota relativa a uma capela, mandada construir por Teresa Afonso, junto ao mosteiro. Fr. Baltasar dos Reis (2002b: 21-22) refere que se situava junto da porta da igreja, a uma distância de sete varas (7, 70 m) de comprimento e 14 de largura (15,40 m). De facto é comum a existência de um pequeno templo para uso dos habitantes nas proximidades de cenóbios, como por exemplo no caso do Mosteiro de S. João de Tarouca em que a capela, consagrada a S. Brás, encontrava-se a cerca de 70 m da igreja do mosteiro, tendo sido mandada edificar por Pedro de Fiães, monge do mosteiro, em 1224 (Barroca et alii, 2003).

39 Altzella, Bildhausen, Bronnbach, Georgenthal, Hardehausen e Waldsassem, todas situadas na Alemanha; Gimont, em França; e Stticna na Eslovénia. 40 Manuel L. Real (1982: 227-228) também coloca a hipótese de o seu traçado poder ter uma configuração recta, admitindo, contudo, ser altamente invulgar. 41 Cada palmo corresponde a 22 cm e cada vara a 110 cm. 42 É plausível que este retábulo incluísse as pinturas de Vasco Fernandes (São Sebastião, Santo Antão, Santa Luzia e Santa Catarina), realizadas entre 1511 e 1515 (Rodrigues, 2007: 22) e mais de vinte esculturas, das quais ainda resta uma figura de Santa Catarina, hoje conservada na igreja matriz de Cimbres (Soalheiro, 2006: 121). 43 O nártex deste mosteiro foi desmontado no triénio de Fr. Baptista de Menezes, entre 1642 e 1645 (Sebastian & Castro, 2007: 161). 44 O epitáfio de Teresa Afonso foi copiado por Rui Fernandes, Fr. Bernardo de Brito, Fr. Baltasar dos Reis e Fr. António Brandão (Barroca, 2000, volume II, tomo I: 369-373). É provável que tenha sido sepultada, primeiramente, na Abadia Velha, pois à data da sua morte – 1171 – o mosteiro “novo” ainda não se encontrava sagrado, o que só aconteceu em 1225. 45 A reforçar o facto de este túmulo pertencer à figura fundadora do mosteiro, temos a notícia, de 1747 no “Códice sobre a fundação do Mosteiro de Salzedas” (Folha 20 v.º), onde se lê: “Neste mesmo tempo em que se introu a demolir a capella mor velha da igreja chegando-se ao lageado della para se lançar fora se levantou em primeiro lugar hya pedra que adentro poucos passos da intrada da ditta capella e no meio della estava cuja inscrição dizia haverem-se para aquelle lugar trasladado os ossos da senhora D.Teresa cavou-se no ditto lugar como me asegurarão donde se levantou a pedra e não se achou mais que o motivo de sentimento pella evidencia de se não haverem pera aquelle lugar tresladado os dittos osos e ficarem estes só sepultados no esquecimento”. Ficando assim provado que os restos mortais de Teresa Afonso deveriam encontrar-se em arca tumular e não numa simples sepultura disposta no solo. 46 O acompanhamento arqueológico foi realizado por nós e decorreu entre Novembro de 2010 e Setembro de 2011. 47 Da responsabilidade de Luís Sebastian. 48 Realizada durante o acompanhamento da obra de reabilitação da ala nascente. 49 Realizado por Luís Sebastian. 50 Gimach nasceu em Malta em 1651, chegando a Portugal no início dos anos 90, onde permaneceu até 1712, ano em que parte para Roma, na embaixada do Marquês de Fontes, aqui falecendo em 1730 (Carvalho, 1962). Aquando da sua estadia em Salzedas foi chamado ao mosteiro de Arouca, em 1703, para a construção da nova igreja (Idem: 260).

41



Claustro do CapĂ­tulo e igreja do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Fotografia de P. Martins. C DRCN/2010


5. O território 5.1. O couto – limites Os três documentos que se referem ao limite do couto de Argeriz são, por ordem cronológica: a carta de doação passada por D. Afonso Henriques a Teresa Afonso a 13 de Abril de 1152; em Junho de 1155 o monarca autoriza-a a transferir o referido couto ao mosteiro; e em 29 de Janeiro de 1161 o soberano outorga a carta de «firmidão» ao mosteiro de Salzedas com a isenção dos direitos reais. Estes documentos acham-se transcritos na “Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria de Salzeda” de Fr. Baltazar dos Reis e no manuscrito “Provas e Apontamentos da História Portuguesa”, de Fr. Joaquim de Santa Rosa Viterbo, encontramos a cópia da carta de doação de 1152. Mais tarde estes foram alvo de publicação em “Chancelarias Medievais Portuguesas” (Reuter, 1938: 228-229; 246-247; 279-281) e nos “Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios” (Azevedo, 1958: 291292; 315-317; 354-355). Para o estudo do limite do couto monástico de Salzedas (Figura 26) consideramos estas três cartas, tendo presente as diferenças que existem entre elas e também entre as transcrições dos vários 51 autores. A primeira referência toponímica do término do couto, a Sul, encontrada nesta documentação é “per portum de Alvares”, com a variante “portam” em Reuter, na carta de 1161. Segundo A. de Almeida 52 Fernandes (1985: 57) trata-se da passagem do rio Varosa defronte à actual localidade de Dalvares, com certeza um passadouro de poldras entre as duas margens do rio. Na versão da carta de 1152 transcrita por Viterbo e Reuter há ainda a menção “per portum de Alvares a portu de Muates”, topónimo que actualmente não existe, mas que A. de Almeida Fernandes (idem: 97, nota de rodapé 173) menciona ter sido substituído por Canhardo na presente freguesia de Ucanha, referindo-se a uma passagem na zona 53 baixa entre o rio e à povoação de Valdevez. Em seguida encontramos “per illum montem qui dicitur Averiz”, ou na versão de Reis “Aveis” e no entender de A. de Almeida Fernandes (idem: 57) “Aveiz”, tendo evoluído para Valdevez e que topograficamente corresponde à elevação sobranceira a esta. Na carta de 1161 encontramos a 54 designação “et per montem de Almudafaz” que presumimos seja o mesmo que o anterior, visto que nesta zona é a única elevação observável, apesar de A. de Almeida Fernandes (idem: 57) concluir que se trata de dois montes distintos. Na continuação do limite do couto encontramos “per illum fontem de felmiro”, 55 ou “fermiro” em Reis, que corresponde à localidade de Formilo. A “fontem” mencionada pode reportar-se a uma nascente de água que aqui existe, dando origem a uma pequena linha de água que desagua no rio Varosa. No documento de 1161 aparece-nos a designação de “fonte de Salgueiro”, topónimo hoje desconhecido. O próximo ponto é apenas referido na carta de 1152 “et quomodo dividitur cum summitatem illius montis qui dicitur Mades” em Reuter, ou “Maoes” em Reis e Azevedo e que corresponde à elevação junto 56 do presente sítio de Mões. Em seguida encontramos “et per illam divisionem sancti Felicis” em 1152 ou 57 “deinde ad cautum de cruzilada de sancto Felice” em 1155, referindo-se a Sanfins que era uma “villa” com limites próprios nesta época (Idem: 99). A carta de 1152 aponta o sequente ponto “per summitatem de 58 Lamellas”, ou seja a elevação na proximidade do actual sítio de Lamelas.

42


Avelida

40

0

pelago de Mauriano

852

Fundal

ha

Marco n.º 3 et per arcam de Padrão Pellagio Randiz

Moinhos da Boca do Inferno Poldras

75

Cortegada

Marco n.º 2

0 60

Ameal

Lumiares

de

lz Sa a ed

Quinta do Tello

Cubos

Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas

Qt.ª da Bela Vista

55

Ponte de Ucanha

0

Curochinho

Quinta da Tulha

Ucanha

60

Pedreira

Dálvares Eirô

0 65

Devesa

Rebolal

Combros

Pingue

7

Valdevez

Barreiro Irô

Outeiro

50

Corça

Formilo

d

Fragas

70

949

0

Murganheira

Cabeçada

Melão

956

Corgos

Rib.º Regadas

873 910

Gavinheira

et cum Sartagine

Chamiçal

927

Courelas

796

Eiras

Castelo

et per Sanctum Martinum de Cas; et cum Sancto Martino per 904 vallem Novais de Cadellas et per illum saxum Ledenario

900

Paul

Carvalhas

Várzea

942

Toupeira

Chão de Moinhos

700

Pombais

e Val

Cabouco

925

a orc aP

Ribeira

Cabeço da Moura 833

934

85 0

Corujeira

Vale do Baralho

Esporão

Qt.ª do Cedro

Paço

Searas

821

0

500

Vila Nova

923

et per illum saxum de Ledenario

Ponte da Pedreira

0

Qt.ª Verdial

550

Ribeira 900

920

80

518

Alvarujo

827

Baiúca

Cimbres

Souto do Gaio Ribeira Penedo de St.º António Prazo 608 Maçaroco Criação

Filipe

864

903

Moita

de

450

Portela

tei ro

Coelheira

Regadinhas

Campos

0

50

Corga

Torgal Cumeada

Tamanqueira

Salzedas

s

605

850

Relva

Ponte dos Moinhos Covais de Baixo

557

800

Lameiras

Cimbres

Rio Varo sa

Rib.ª 55

Moita

et cum Sancta Cruce per aucturas

Covais de Cima

0

Barroncas

554

Cimo da Vila Va le Di an

Marco n.º 1

Outeiro

Gouviães

Qt.ª de S. Bento

2 Km

0

0

Qt.ª da Abadia Velha

Qt.ª do Barra Qt.ª do Amaral

Promouro

Quinta do Pinhô

Raso

Ribeira

750

atque cum Hermamar

500

Eira Queimada

Coito

0

Meixedo 65

Santiago

Reital

postea ad arcam de Mendo hermezendis

Rib .ª

Murganheira

40 0

700

Passos

852

Az en

Barreiro

do Va le da

550

Ponte de Vila Pouca

et per Ceimada Marco n.º 4

0

45 0 40 0 350

Vila Pouca

N Ribeira

Lagoa

Xire 0 65

750

usque in Montem Rasum

800

atque cum illa ficulnea de Area Petrina; 750 et per700illo saxo

et cum Lameco per Vallem Viridem et intrat in Qt.ª dos Castros Barosam; et per illo poio;

Monte Raso

et per illa strada mourisca; 843 et per illam viam antiquam

90

786

Marco n.º 5

846

postea per Laginam

800

550

50 0

3 50 400 450

Sete Fontes

Regato Corgo

Barroco Serra

856

865 Picotes per illum fontem de Felmiro; ro Ribeira Pocinhas lei Costa et per fonte de Salgueiro va Centeiros per illum 921 Ca Covolinhas e l montem qui Lajes 895 Monte de São Pedro Va 923 Granja Nova Lamelas dicitur Averiz; 765 Raposeira Vila Chã da Beira Leira Rasa Outeiro et per montem Lajes 803 de Almudafaz 800 Eira Velha 904 572 765 et per et quomodo 920 is et dividit per illum cautum Palaciole a et vadit per i et cum sancta maria de t Mões summitatem de dividit per 750 n Fonte Fria 796 Sa illum Lobazaim Lamelas summitatem Combro 852 881 751 Furatorium; ipsius montis qui per illam 891 deinde perMonte aquam Alvarinho Coelhode Torno 85 e 0 divisionem Sancti 0 dicitur Maoes 0 75 .ª d Carril 75 Rib Felicis 750 et per illas serras; 791 Passô et per illa sexae Souto Linho 0

65

803

ssô

Fonte dos Moucões 850

Seixas 800et parte per Serzedo;

et cum Serzedas

Granjinha 85

854

0

de

Rib .

ª

Ca na i

s

Sarzedo

80

0

.ª Rib

Arcas

- Limite do couto do mosteiro de Santa Maria de Salzedas - Limite do couto do mosteiro de São João de Tarouca

Figura 26. Couto monástico do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. 43

et dividit per illum cautum de Leomir

0

855

et quomodo dividitur cum Pallaciolo et revertitur in Torno et quomodo dividitur cum Sever atque Seixas

d 75 e 0 Pa

800

Sanfins

80

518

700

500

60

0

550

per portum de Alvares a portu de Muates


No seguimento aparecem-nos os subsequentes limites: a carta de 1152 aponta “et vadit per illum furatorium” e na versão de Reuter “et vadit per illum territorium”; em 1555 é mencionado “deinde ad capita de furadorio”; e em 1161 “et per caput de furadoiro”. O topónimo “furatorium” ou “furadorio” é o mesmo, embora actualmente não se o conheça nesta zona. A. de Almeida Fernandes (1985: 99) indica que “furatorium” e “territorium” são distintos, reportando este último ao presente sítio Terrandório, situado na freguesia de Passô. Por nossa parte colocamos duas hipóteses, ou a leitura de “territorium” está errada, visto que em todos os outros documentos aparece sempre “furatorium” ou “furadorio”, traduzindo “caput” por a parte superior de uma elevação denominada de “furatorium”; ou pelo contrário esta significa de facto “território”, apontando para, e no seguimento do ponto anterior a que a carta de 1152 (versão Reuter) se refere, a área nas proximidades de Lamelas: “et per summitatem de Lamellas et vadit per illum territorium”. Na continuação sucede-se em 1152 “et dividit per illum cautum palaciole et Sever et per illas sexae”, ou “serras” na leitura de Viterbo e Reuter; “deinde per aquam de torno cum palaciolo” em 1155; e “quomodo dividitur cum palaciolo et revertitur in torno et quomodo dividitur cum Sever atque cum seixas” em 1161. Refere-se à divisão pelo couto de Passô (“palaciole”, “palaciolo”) que em 1335 é do Mosteiro de Vila Boa do Bispo (Idem: 99, nota de rodapé 185), sendo claro que, como diz a carta de 1155 e 1161, esta separação se situava na união entre o rio Torno e a ribeira de Santiais, citada mesmo no documento de 59 1161 como “postea ad fontem de centanaes”. Fica também esclarecido que esta partição segue o curso do 61 60 rio Torno “per aquam de torno”, sendo ainda demarcada pelo couto de Sever e por Seixas (“seixas”, “sexae”), e que curiosamente coincide com os limites dos concelhos de Tarouca e Moimenta da Beira. Avançando para Este aparece-nos em 1152 “et dividit per illum cautum de Leomir et parte per Serzedo”; em 1155 “ postea dividit cum Leomir per laginam de seixa”; e em 1161 simplesmente “et cum 62 Serzedas”. Leomil (“Leomir”) era um couto que teria sido assente ainda pelo conde D. Henrique (Idem: 63 100). “Serzedo”ou “Serzedas” corresponde à presente freguesia de Sarzedo, pertencendo ao couto de Leomil. Ainda na carta de 1155 observamos “dividit cum Leomir per laginam de seixa”, ou seja a divisão por Seixas já supracitada. Ainda do lado Este encontramos “et per sanctum Martinum de Cas” ou “de Chaãs” em Reis, na carta de 1152; “deinde ad sartaginem” “postea ad fontem de salgueiro” “deinde per ledanarium” em 1155; “et cum sancta Maria de Lobazaim et cum sartagine et cum Sancto Martino per vallem de Cadellas et per illum 64 saxum de Ledenario” em 1161. O topónimo “sancta Maria de Lobazaim” não existe actualmente, embora 65 no entender de A. de Almeida Fernandes (Idem: 58) corresponderia à actual localidade de Castelo, abrangendo as presentes freguesias de Castelo e Nagosa. Outro exemplo de topónimo perdido é “sartaginem” ou “sartagine” que no documento reproduzido na nota de rodapé 65 assume a forma “Portela de Sertane”, isto é o limite Oeste do couto de Santa Maria de Lobozaim, entre os actuais sítios de 66 Lameira Longa e Carvalhos. S. Martinho das Chãs - “sanctum Martinum de Cas” ou “de Chaãs” - localizada a Norte do couto de Argeriz correspondia ao couto das Chãs no século XII, sendo mais tarde integrada no couto de Santa Cruz de Lumiares (Idem: 100). A “fontem de salgueiro” referido no documento de 1155, embora não encontremos actualmente qualquer conformidade toponímica, pode equivaler à nascente da ribeira de Temilobos, localizada junto ao sítio da Gavinheira. “per vallem de Cadellas”, apesar de também se referir ao limite do couto das Chãs, é topónimo desconhecido, mas que pode corresponder ao

44


vale da ribeira de Temilobos. Por fim, já no início do limite Norte, observamos “illum saxum de Ledenario” 67 significando o monte Ladário, actual Sr.ª da Graça, que Fr. Baltasar dos Reis (2002a: 12) descreve como “estaa este Seixo do Ladario assima do lugar de Cimbres, aonde oije estaa hua ermida de Nossa Senhora”, constando também de um documento de 1135 “Cimbriz (…) subtus mons Ledanarius” (Fernandes, 1984: 83).

N

Queimadela

Regato

Sete Fontes

postea per Laginam

S. Lourenço

Corgo

Monte Raso

et per illa strada mourisca; et per illam viam antiquam usque in Montem Rasum

Avelida

Ribeira

Lagoa

atque cum illa ficulnea de Area Petrina; et per illo saxo

et per Ceimada

Santiago

Passos

Senhora das Dores

Reital Qt.ª dos Castros

Vila Pouca

St. André

Sr.ª dos Perseguidos Fonte do Penedo

da

St.ª Luzia

et per arcam de Pellagio Randiz

Jandamaia

Padrão

Murganheira

Coito

Courelas

Cortegada

Ribeira

atque cum Hermamar

do Va le

Barreiro Ponte de Vila Pouca

Fundal

postea ad arcam de Mendo hermezendis

Xire

Az en ha

et cum Lameco per Vallem Viridem et intrat in Barosam; et per illo poio;

Tapadas

Meixedo

Promouro

Moinhos da Boca do Inferno

pelago de Mauriano

Rib .ª

St.º André

Ameal

Quinta do Pinhô Raso

Poldras

São Gregório

Qt.ª da Abadia Velha

Eira Queimada

Outeiro

et cum Sancta Cruce per aucturas

Moita

Lameiras S. Torcato

Sr.ª da Piedade

s

Salzedas

Cubos Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas

Sr.ª do Desterro

Qt.ª da Bela Vista

Tamanqueira

Souto Maior

de Ci m

Rio

as ed lz

Quinta do Tello

Relva

Covais de Baixo

ber

Ponte dos Moinhos

Baiúca

Curochinho

Quinta da Tulha

Corga

Cimbres

Portela

0

- Limite do couto do mosteiro de Santa Maria de Salzedas - Via preservada - Vestígios de via

Figura 27. Vias identificadas. 45

Rib.º

Barroncas

Sa

Gouviães

Banhos

St.ª Bárbara

Covais de Cima

de

Qt.ª de S. Bento

Sr.ª da Salvação

Varo sa

Qt.ª do Amaral

Sr.ª da Conceição

Rib.ª

Qt.ª do Barra

Sr.ª da Graça

et per illum saxum de Ledenario

2 Km


Continuando para Norte temos em 1152 “et per illa strada mourisca et per Ceimada”; em 1555 “postea per viam covam” “postea ad arcam de Pelagio Randis” “postea ad arcam de Mendo hermezendis” “deinde aqua vertente cum Queimada”; e em 1161 “et cum sancta Cruce per aucturas atque cum 68 Hermamar et per illam arcam de Pelagio Randiz et per illam viam antiquam usque in montem rasum”. Em primeiro lugar a descrição “strada mourisca”, “viam antiquam” ou “viam covam”, corresponde, sem 69 dúvida, a uma via antiga que provavelmente vinda de Queimadela ligava a St.ª Cruz de Lumiares, ramificando-se para Vila Pouca e Murganheira (concelho de Tarouca). Estes dois troços de via foram por nós identificados, preservando-se ainda vários metros de calçada, principalmente junto à povoação da Murganheira (Figura 27). A referência “arcam de Pelagio Randiz” e “arcam de Mendo hermezendis” relaciona-se com túmulos de senhores colocados junto a vias de passagem, garantindo orações de devotos e viajantes (Idem, 1985: 59). O nome de “Pelagio Randiz” surge-nos ainda recordado nas Inquirições de 1258 em Figueira (concelho de Armamar) “casale de veteri, dixit quod vocatur casale de Pelagio Randiz” (PMH – IS, 1068). Relativamente a “sancta Cruce per aucturas”, “Ceimada”, “Hermamar” e “montem rasum” correspondem, respectivamente, a St.ª Cruz de Lumiares, Queimada, Armamar e Monte Raso. Este limite encontra-se bem demarcado no terreno através de marcos que hoje podem ser observados (Figura 26), como é o caso da divisão com St.ª Cruz (Marco n.º 1) e com Armamar (Marco n.º 2). A “arcam de Pelagio Randiz” e a “arcam de Mendo hermezendis” devem ter sido substituídas posteriormente por marcos (n.ºs 3 e 4), talvez já no século XIII, visto que estes são tipologicamente semelhantes aos padrões descobertos no limite do couto de século XIII do Mosteiro de S. João de Tarouca (Castro & Sebastian, 2008-2009: 126). Curiosamente o marco n.º 3 deu mesmo origem ao actual topónimo do sítio - Padrão. Finalmente o último limite do couto aparece-nos em 1152 como “et per illo poio et venit ad Barosam” ou em Reis “et per illo saxo et per poro et venit ad Barosam”; “postea per Laginam”, “deinde per valem viridem”, “dividitur cum Lamego per pelago de Mauriano” em 1155; e “atque cum illa ficulnea de area petrina et cum Lameco per vallem viridem et intrat in Barosam” em 1161. O referido “poio” deverá corresponder à actual elevação onde foi erigida a capela de S. Lourenço, tendo aqui também um marco (n.º 5) que identificamos. Quanto a “saxo” pode ter resultado de uma má leitura de Raso (Monte). Presumimos que “per Laginam” seja a linha imediatamente anterior a este marco, entre o monte Raso e o cume de S. Lourenço. Mais difícil de interpretar é “ficulnea de area petrina” que nos remete na tradução para figueira (“ficulnea”), “area” no sentido de eira e “petrina” de pedra, podendo equivaler ao mesmo limite anterior (pelo monte de S. Lourenço). “vallem viridem”, topónimo hoje inexistente, interpretamos como o vale que da elevação de S. Lourenço parte para o rio Varosa, passando junto da actual povoação de Vila Pouca. Segundo A. de Almeida Fernandes (1995: 217) este topónimo, na forma actual Valverde, corresponde hoje à povoação de Vila Pouca, embora por uma doação de 1288 achemos a seguinte descrição: “Villa Arteira (…) alem do lugar de Villa Pouca a par de Val Verde” (Reis, 2002a: 74). O que significa a existência de Vila Pouca, Valverde e em seguida Vila Arteira, presentemente desaparecida, podendo contudo equivaler ao sítio actual designado de Quinta dos Castros, pois neste local foram encontrados vários vestígios materiais cronologicamente enquadráveis no século IV. Por último “pelago de Mauriano” refere-se a Poço de Mourão, junto ao Varosa, sendo, segundo as Inquirições de 1258, “in termino Sancti Petri de Várzea in loco qui dicitur Mourao” (PMH – IS, 1066). O limite Oeste seria então pelo

46


rio Varosa acompanhando-o sempre até ao primeiro ponto.

5.2. O couto – exploração

70

Após a análise dos limites do couto monástico cumpre-nos agora descrever sucintamente este território, através das vias de comunicação implantadas, das formas de exploração agrícola ou das povoações aí existentes. Aquando da extinção do mosteiro podemos verificar que são referidas no ANTT/AHMF, doc. n.º 3, a existência de três localidades de grande importância para o mosteiro com pagamento de foros, são elas: Granja Nova, situada a cerca de 2,5 km a Sul do mosteiro; Vila Chã, localizada a 3 km para Sudeste; e Cimbres, a cerca de 2 km a Este (Figura 26), já no concelho de Armamar. Segundo A. de Almeida Fernandes (1995: 136-137) o primeiro nome da Granja Nova seria 72 71 Alfouvara, que nos surge num documento de 1140 em que o abade João vende a Egas Moniz a “villa de 73 Alfouvara” por dez maravedis (Idem, 1984: 88), tendo sido substituído por Granja Nova posteriormente 74 à sua integração no couto monástico. Em 1295 o mosteiro faz prazo a 21 moradores da Granja Nova com a obrigação de pagarem “senhas spadoas de porco de 12 costas, pelos corazis; e senhos cabritos vivos, e dous capoens; e vinte ovos; e senhas pernas de carneiros, e senhas soldadas de pam; e o mais a uso do nosso Couto” (Viterbo, 1983, volume II: 133). No foral do couto outorgado por D. Manuel I em 1504 (Ver Anexo Documental – Documento n.º 7), os moradores eram sujeitos a pagar ao mosteiro vinho, linho, legumes, castanhas, porco, galinhas, ovos, trigo, palha e bragal. Já em 1834 no ANTT/AHMF, doc. n.º 7 (Folha 2) é mencionada “Huma caza cita neste lugar da Granja Nova ao pé da mesma igreja que servia para tulha dos mesmos ex monges com sua adega”. 75 Vila Chã em 1144 era designada por “Villa Plana de Argeriz” (Meireles, 1942: 165), situada portanto no território de Argeriz e já povoada. Este documento refere-se a uma doação da quarta parte deste lugar por Egas Moniz ao Mosteiro de Paço de Sousa, para que o seu filho Mendo Viegas fosse aqui sepultado. Em 1160 o abade de Salzedas, João Nunes, troca com o abade de Paço de Sousa (D. Egas) esta quarta parte, dando-lhe “outra fazenda” (Reis, 2002a: 54, 58 e 66). Tal como na Granja Nova, os povoadores de Vila Chã receberam carta de foro em 1295 e pelo foral de D. Manuel os 24 casais eram obrigados a pagar o mesmo que os da Granja Nova. A carta de aforamento Vila Chã (Duarte, 1997), de 1295, refere que os povoadores eram obrigados a pagarem anualmente os seguintes produtos: trigo, linho, porco, galinhas, ovos, cabritos, castanhas e bragais. No ANTT/AHMF, doc. n.º 7 (Folha 3) é citada “Huma morada de cazas com suas logias que servia para a tulha dos dittos ex monges”. A primeira notícia que se conhece de Cimbres data de 1135, quando Fróia Cides e sua mulher Gontina Frogendes vendem a Egas Moniz e sua mulher Teresa Afonso bens “in loco qui uocitant in Sancti Petri et in Cimbriz et in termino de Argeriz subtus mons Ledanarius” (Fernandes, 1984: 83). O foral de D. Manuel I refere que o lugar de Cimbres é aforado ao mosteiro pelo prazo de três vidas, tendo por condições aquelas descritas nos prazos e escrituras que não chegaram até nós. Consta do ANTT/AHMF, doc. n.º 7 (Folha 2 v.º) os seguintes bens do mosteiro nesta povoação “Huma murada de cazas neste lugar de Simbres no citio da tulha que parte com a rua publica a qual servia de caza de tulha e adega aos ditos ex

47


monges”. Do foral de D. Manuel I, para além destas localidades, também surgem Ucanha, designada como “cabeça do dito couto”, Meixedo, Murganheira, Vila Pouca, Formilo e Valdevez (Figura 26), igualmente aforadas pelo prazo de três vidas. Ucanha era denominada ainda no século XIII por Vila da Ponte, devido à importante travessia que aqui ainda existe sobre o rio Varosa e que ligaria Lamego a Trancoso (Castro, 2009: 15, nota de rodapé 26). No século XV, entre 1453 e 1474 durante o abaciado de D. Fernando, o mosteiro edificou uma torre, junto à ponte, a qual serviria como depósito do pagamento da portagem que os viandantes aqui entregavam para transporem esta ligação. É também este abade que aqui constrói um hospital, próximo da igreja, possivelmente no local onde ainda hoje se pode observar uma porta de cariz medieval (Figura 28) e que inicialmente se situava em frente ao mosteiro de Salzedas (Reis, 2002b: 84). No ANTT/AHMF, doc. n.º 7 (Folha 1 vº) é declarado que o mosteiro aqui possuía “Huma morada de cazas citas nesta villa de Uccanha na rua publica proxima a torre da igreja com seu lagar de pedra que servia a dita caza para tulhas dos ex monges de Salzedas e a ella pegado hum pequeno terreno quazi inculto que se chamava para hua horta”.

Fotografias de P. Martins. C DRCN

Figura 28. Torre e ponte de Ucanha e possível entrada do hospital aqui erigido. 48


N

Queimadela S. Lourenço

Corgo

Monte Raso

Avelida

Qt.ª dos Castros

Xire

Fonte do Penedo Barreiro

Murganheira

Ponte de Vila Pouca

Cortegada

do Va le

da

St.ª Luzia

Jandamaia

Az en ha

Vila Pouca

St. André

Sr.ª dos Perseguidos

Moinhos da Boca do Inferno

Ferreirim

Rib .ª

St.º André

Qt.ª da Abadia Velha

Eira Queimada

a Varo s

Sr.ª da Salvação

Covais de Cima

Outeiro

Barroncas

Rio

Ponte dos Moinhos

Quinta do Tello

as ed lz Sa

Gouviães

S. Torcato

de

Qt.ª de S. Bento

Rib.ª

Sr.ª da Conceição

Qt.ª do Barra Qt.ª do Amaral

Quinta do Pinhô Raso

Poldras

Sr.ª da Piedade

Covais de Baixo

Salzedas

Cubos

Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas Sr.ª do Desterro

Qt.ª da Bela Vista

Quinta da Tulha

Corga

Portela

2 Km

0

Fotografias de P. Martins. C DRCN

- Limite do couto do mosteiro de Santa Maria de Salzedas - Via preservada - Vestígios de via Figura 29. Via e ponte de Vila Pouca.

Meixedo, localizado a 1,5 km a Nordeste de Salzedas, Murganheira, situada a 1,5 km a Nordoeste e Vila Pouca a 2 km também a Nordoeste, pertencem actualmente à freguesia de Salzedas. Apenas encontramos estas três pequenas povoações no foral de D. Manuel I, embora haja referência a Meixedo num documento de 1209, onde consta a “villa” de “Amexenedo” como pertencente ao mosteiro de Salzedas (Fernandes, 1995: 211). Em Vila Pouca existe uma pequena ponte em cavalete que atravessa o Varosa, provavelmente enquadrável cronologicamente no século XV. Para Norte e Sul ainda é possível observar um grande troço de calçada que ligaria a margem esquerda a Ferreirim e Lamego e a direita à Murganheira e para Norte a Queimadela (Figura 29). 49


Formilo e Valdevez situam-se a cerca de 3 km a Sudoeste de Salzedas. O primeiro faz presentemente parte da freguesia da Granja Nova e o segundo da freguesia de Ucanha. Encontramos o topónimo Formilo na carta de couto de Argeriz em 1152 como “Felmiro”, sendo então uma “villa” dentro do couto. Valdevez também nos aparece nesta carta de couto, embora sem indicação directa sob a forma de “montem qui dicitur Aveiz” e em 1258 “Valiis de Aveyzi” (Idem: 412). Para além destes locais, e ainda dentro do couto, encontramos no ANTT/AHMF, doc. n.º 3, a menção a diversas unidades de exploração como a Tamanqueira, o Tello e a quinta de Pinhô (Figura 30).

N

Sete Fontes

Regato S. Lourenço

Corgo

Monte Raso

Avelida

Lagoa

Passos

Senhora das Dores

Reital Qt.ª dos Castros

Xire

St.ª Luzia

Barreiro Ponte de Vila Pouca

Murganheira

ha

Padrão

Courelas

Az en

Fonte do Penedo

Jandamaia

Cortegada

do Va le

St. André

da

Vila Pouca

Sr.ª dos Perseguidos

Tapadas

Meixedo

Rib .ª

St.º André

Moinhos da Boca do Inferno

Qt.ª da Abadia Velha

Varo sa

St.ª Bárbara

Covais de Cima

Outeiro

Barroncas

Lameiras S. Torcato Ponte dos Moinhos

s

Quinta do Tello

a ed

Rio

lz Sa

Gouviães

de Sr.ª da Piedade

Covais de Baixo

Tamanqueira

Salzedas Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas

Qt.ª da Bela Vista

Baiúca Curochinho

Souto Maior

Sr.ª do Desterro

Quinta da Tulha Portela

Sr.ª da Agonia

Cimbres

Sr.ª dos Aflitos

Souto do Gaio Ribeira

Ponte de Ucanha S. José

Penedo de St.º António

Filipe

Ucanha

Alvarujo

S. Pedro

Ponte da Pedreira

Prazo Criação

Cova da Raposa

Searas

de

Corga

Esporão

Maçaroco

Rib .º

Qt.ª de S. Bento

Sr.ª da Salvação

Rib.ª

Sr.ª da Conceição

Qt.ª do Barra

Cimbres

Eira Queimada Qt.ª do Amaral

Quinta do Pinhô Raso

Poldras

Sr.ª da Guia

Pedreira

Sr.ª da Ajuda

0

Figura 30. Unidades de exploração agrícola dentro do couto monástico. 50

ed Val

a orc aP

Ribeira

2 Km


A propriedade que se situa na continuação do mosteiro, na margem esquerda da ribeira de Salzedas (ou Torno), é naturalmente a propriedade mais próxima do mosteiro, localizando-se em terrenos muito férteis e que ainda hoje são explorados. Esta encontra-se delimitada pela cerca de clausura e no dito inventário (Folha 21 v.º) são referidas as seguintes culturas: milho, uvas, fruta e ainda “agricultura de plantas da botica” (Folha 24). Tem também uma adega, a celeraria, casas para forno, palheiros, casas para lenhas, alambique, cavalariças para bois e outros gados, dois moinhos e uma casa da tulha, onde eram armazenados os géneros alimentícios como comprova ANTT/AHMF, doc. n.º 3. Em 1834 aqui estavam depositados bens como trigo, centeio e milho. A Tamanqueira localiza-se a cerca de 1 km a Este do mosteiro, entre este e o lugar de Cimbres. Trata-se de uma exploração com cerca de 3.300 m2, apresentando uma cerca com uma média de 2 m de altura, ainda expondo, a Oeste, marcos do Mosteiro de Salzedas e uma pequena casa em pedra, de planta rectangular, no lado Sul. No ANTT/AHMF, doc. n.º 3 (Folha 24), é referido que esta propriedade era sobretudo constituída por mata, com presença de grandes pinheiros e carvalhos. 76 O sítio do Tello, com cerca de 2.300 m2, situa-se a 600 m a Oeste do mosteiro, tendo também uma cerca com uma média de 2 m de altura. No “Códice sobre a fundação do Mosteiro de Salzedas” (Folha 25) é 77 relatado que o abade Manuel Pinto (1789-1790) “Fez tapar a magestoza mata do Tello com pórtico”. Do ANTT/AHMF, doc. n.º 3 (Folha 24 v.º), consta que este local encontra-se “murada toda em volta” e tinha “castanheiros, pinheiros e carvalhos de todos grandes e pequenos e com grande abondancia”. A quinta do Pinhô, localizada a 800 m a Norte do mosteiro, é aquela que apresenta a maior dimensão com cerca de 2500 m2, exibindo igualmente uma cerca com as mesmas dimensões das anteriores. Segundo o “Códice sobre a fundação do Mosteiro de Salzedas” (Folha 20) o abade de Salzedas Manuel Coutinho comprou esta quinta em 1744. Ainda encontramos neste códice (Folha 22-22 v.º) a referência ao abade José de Meneses (1759-1761) que aqui construiu casas e “Fes lhe hûa grande calçada que faz termo no soberbo portico ou entrada do pateo das mesmas cazas no qual a mão direita se deixa lograr hûa bella fonte” (…) “Circuitou na mesma quinta hûa grande parte della com muro bastante alto e seguro capaz de defender as hortas e pomares que lhe mandou plantar distribuindo deste fim a terra em varios e bem fundados alquerques que quasi todos se podem regar com as agoas da outra fonte e tanque que tambem mandou fazer para o mesmo intento e para viveiro de peixes”. O ANTT/AHMF, doc. n.º 3 (Folha 22 v.º), menciona que esta quinta “hé toda murada em volta que se compoem de terras de pão, vinho, azeite e arvores de fruta; afora do ditto muro taobem lhe pertence terras de pão, azeite e alguma castanha”, tendo ainda “huma caza grande que se acha no centro da mesma quinta com os seos tanques de pedra”. Esta propriedade é uma das mais férteis do mosteiro, passando no centro uma linha de água, afluente da ribeira de Salzedas (ou Torno). Do lado Este ainda existe uma calçada que faria a ligação à povoação de Meixedo, sendo que o percurso para Salzedas, situado a Sul, é actualmente em terra batida e asfalto, apesar de na época poder ter aqui existido uma calçada. Durante o século XIII assistimos a várias doações de propriedades dentro do couto monástico, como é o caso de uma herdade em Lamelas, um casal e uma vinha com castanheiros em Mões e de vários outros bens no couto. O primeiro documento, de 1206, refere-se a uma confirmação por parte de Godina 78 Randulfes e seus filhos relativamente ao testamento de seu marido Pedro Rodrigues, que doava uma 79 herdade em Lamelas (Reis, 2002a: 81). Os bens de Mões foram atribuídos por D. Martim Pais e sua

51


mulher D. Sancha em 1229, juntamente com outros no couto e em Moimenta da Beira, Lamego, Resende e Baião. Temos ainda notícia de mais uma doação, em 1288, do cavaleiro-fidalgo Fernão Peres e sua mulher Maria Garcia, de bens no couto, em Valverde, Vila Arteira (ver limites do couto – figura 26) e Valbom. É de assinalar que Fr. Baltasar dos Reis (Idem: 74) anota que não registou muitas compras que o mosteiro fez no couto “por me parecer superfluo”, presumindo-se, assim, que várias propriedades foram aqui sendo adquiridas após a doação do couto. Tomando como exemplo o mosteiro de Santa Maria de Alcobaça observa-se que a maioria das propriedades monásticas encontravam-se, pelo menos durante o século XIV e XV, sobre exploração indirecta (Gonçalves, 1989:168), ou seja entregues a um indivíduo ou a um grupo que faria o aproveitamento das terras segundo um determinado tipo de contrato. Normalmente as terras dentro dos coutos monásticos eram cultivadas por indivíduos que as tinham recebido através de cartas de povoação do mosteiro ou por herança (Idem: 183). De modo a atrair povoadores eram concedidos materiais para a construção de casas e instrumentos agrícolas, guardando-se o direito do uso de moinhos, fornos ou lagares que os camponeses utilizavam mediante o pagamento de uma taxa. Fora do couto o mosteiro concedia cartas de povoamento, através de aforamentos (Idem: 185) individuais ou, em alguns casos, colectivos, como verificamos pelo prazo aos moradores para cultivarem as terras da granja de Maçainhas (Guarda), em 1210; o emprazamento a Pedro Pelagio e mais 7 pessoas do lugar do Minhocal (Celorico da Beira), em 1222; o prazo, em 1242, a Fernão Mendes, Pedro Gonçalves e D. Munio do lugar de St.ª Eufemia para que o povoassem com 30 pessoas; ou a atribuição da granja de Eira de Eixo (Aveiro) em 1234 a Domingos Gonçalves e a Martino Martins e a outras pessoas (Reis, 2002a: 128, 133, 119, 145). Estes contratos eram, na sua maioria, de carácter enfitêutico podendo assumir a forma de hereditário ou em vidas (Gonçalves, 1989: 189). O Mosteiro de Salzedas realizou vários contratos deste género, sendo os mais comuns em vida dos foreiros, observando-se apenas dois casos em que é atribuído 80 a um indivíduo e toda a sua geração. O pagamento da renda era efectuado em géneros ou em dinheiro e em algumas situações em géneros e dinheiro. Dos 47 contratos analisados, entre 1194 e 1364, 21 referem-se ao pagamento em dinheiro, 17 a géneros e 9 a géneros e dinheiro. Situação que contrasta com a do Mosteiro de Alcobaça, onde se verificava um maior número de pagamentos em géneros (Idem: 201), mas tal como aqui as rendas respeitantes à propriedade urbana eram exclusivamente recebidas em dinheiro. As rendas cobradas em géneros incluíam trigo, centeio, vinho, peixotas, galinhas, capões, ovos, marrãs, porcos, cabritos, legumes, castanhas, bragais, linho e cera. Na documentação respeitante a Salzedas verifica-se que aparece um grande número de doações, compras ou escambos de casais, quintas ou quintãs, granjas, leiras, cochousos, pardieiros, courelas e casas. O casal, que surgiu da desagregação da villa romana, era a unidade fiscal agrário-urbana mais 81 importante (Fernandes, 1993: 494), sendo constituída por uma casa de habitação e outros edifícios, incorporando-se terras de cultivo que podiam ser dispersas. Segundo Iria Gonçalves (1989: 170-171), no seu estudo sobre o património do Mosteiro de Alcobaça nos séculos XIV e XV, o casal podia encontrarse junto a várias habitações de uma aldeia e as suas terras disseminadas pelos limites da povoação ou mesmo excedendo-o, podendo conter um ou vários números de parcelas (Idem: 172). Os cultivos mais

52


comuns eram os campos cerealíferos, ocupando a maior parte das parcelas, e a vinha, sendo que os olivais, os pomares e as hortas deveriam ocupar uma pequena percentagem (Idem: 175). Pela análise dos prazos relativos ao mosteiro de Salzedas observa-se que, dentro dos bens de consumo, o mais corrente é o pagamento em trigo e centeio, podendo-se assim presumir o seu cultivo mais usual. A quinta ou quintã já mereceu vários estudos não se chegando ainda a um consenso sobre a sua definição, embora para a zona de influência do mosteiro de Alcobaça se perceba que é uma unidade de exploração, podendo comportar vários núcleos, não sendo muito diferente do casal, mas de maior 82 dimensão (Idem: 178-179). De facto para o mosteiro de Salzedas também nos dá a sensação de que estas quintas são de maior grandeza, como é o caso do documento de doação por Pedro Ponço e Sancha Rodrigues, sua mulher, em 1272, onde consta “uma quinta com dois casais, cinco casas e herdades” (Reis, 2002a: 141) localizada em Silvares, termo de Viseu. A granja, que por vezes na documentação era designada por quinta, era pelo contrário uma unidade de exploração concentrada e na maior parte das situações encontrava-se murada, sendo constituída por casa de habitação, lagares, adegas, cavalariças, celeiros, capoeiras e currais. Temos vários exemplos de granjas pertencentes ao mosteiro de Salzedas como são os casos da Tamanqueira, Tello e Pinhô, todas dentro dos limites do couto e ainda referidas em 1834, ou a granja de Eira de Eixo, em Esgueira (Aveiro), Covelinhas (Peso da Régua), Meimão (Penamacor), Cocheca (Baião), Penaforte (Pinhel), Maçainhas e Poio (Guarda), Lama Redonda (Armamar), Monçul (Lamego) ou Folgosa (Armamar). Estas duas últimas ainda são mencionadas no ANTT/AHMF, doc. n.º 5 e 6, como pertencentes ao mosteiro. As leiras, cochousos ou chousos e courelas surgem da desagregação do casal (Gonçalves, 1989: 181). A leira corresponde a um prédio avulso de cultura indiscriminada, sendo por vezes referida leira de vinha ou de castanha (Fernandes, 1993: 658). O cochouso ou chouso e courela são também terrenos agrícolas de pequenas dimensões (Idem: 170, 510). Os pardieiros são casas de exíguas, porventura não habitados, servindo apenas como arrumos (Idem: 686). Da documentação analisada podemos ainda observar a doação ou compra de várias casas, a maior parte delas situadas em terreno urbano, como em Celorico da Beira, Guarda, Lamego, Pinhel, Trancoso e Viseu. No ANTT/AHMF, doc. n.º 8, ainda nos aparece a menção a uma casa em Lamego que nesta altura se achava em ruína e outra em Tarouca que se encontra assim descrita “morada de cazas cita na praça desta villa com sua adega e repartimentos de madeira para tulha”.

53


N Viana do Castelo

Bragança Vila Real

Braga Porto

Aveiro

Viseu Guarda

Coimbra Castelo Branco

Leiria

Santarém

1

Doação

1

Compra

1

Escambo

1

Prazo

Portalegre Lisboa Setúbal

Évora

Beja

Murça

Alijó

100 Km

0

Maia

21

Valongo Marco de Canaveses

10 1 1

Gondomar

o Douro Cinfães RiCastelo

2

de Paiva

29

92

13 2 3

4

Mesão Frio

Baião

Resende

9 10 7

Lamego

84 29 16 3

7

Arouca

S. João da Pesqueira

6 3 1

Moimenta da Beira

16

13 Penedono 2 2

6 5 1

Castro Daire Ovar

Murtosa

Aveiro Ílhavo

13 2

Vila Nova de Paiva

Vale de Cambra

Oliveira de Azeméis

Meda

1 2 2

15 3 5 2

Aguiar da Beira

Trancoso

1

Sátão

Estarreja Sever do Vouga

Oliveira de Frades

Viseu

Albergaria -aVelha

Penalva do Castelo

29

16

Celorico da Beira

Fornos de Algodres

Mangualde

7 5 5

Guarda

Águeda Tondela

Vagos

Pinhel

18 11

9 2 1

Vouzela

Figueira de Castelo Rodrigo

Sernancelhe

71 1

S. Pedro do Sul

Vila Nova Foz Côa

Mosteiro de Salzedas

2314 10 3 St.ª Maria da Feira

Torre de Moncorvo

2

54 17 Tabuaço 6 Armamar 7 2

Tarouca

Espinho

Carrazeda de Ansiães

Peso da Régua

7

21 1 2 1

4 1

Vila Nova de Gaia

Sabrosa

St.ª Marta de Penaguião

Penafiel

Paredes Matosinhos Porto

Vila Flor

Vila Real

4

Faro

Nelas

50 Km

0

Gouveia

Seia

15

10 6 1 4

Manteigas

1

Sabugal

Belmonte Covilhã

Penamacor Fundão

Figura 31. Propriedades do mosteiro. 54

10 2 2 6


5.3. As propriedades fora do couto O mosteiro possuía, desde a sua fundação, várias propriedades fora do seu couto, a nível regional e nacional. Nota-se, pela figura 31, que os locais mais próximos são aqueles que apresentam mais doações e compras. Verifica-se que os actuais concelhos de Lamego e Resende apresentam um número mais elevado de pertenças em posse do mosteiro. No primeiro as localidades de Britiande e Cambres mostram a maior quantidade de propriedades. Relativamente a Britiande a primeira doação ocorre em 1209 por parte de Elvira Viegas, filha de Teresa Afonso e Egas Moniz, que doa quatro casais em Vila Nova para com o seu rendimento se dar aos religiosos e conversos, no dia do seu aniversário, um bom jantar (Reis, 2002a: 6, 56, 84). Ainda da estirpe dos Riba-Douro, Sancha Nunes e Sancha Pais doam, em 1217, o 83 que têm em Britiande e seu termo, cedendo-lhes o mosteiro a quinta de Lama Redonda em suas vidas (Idem: 78-79, 85). A partir desta data sucedem-se as doações de casais, herdades, vinhas, portagens e direitos em Britiande. O interesse do mosteiro neste lugar está bem patente por um escambo efectuado com Rodrigo Egídio, prior da Ordem do Hospital, em 1243, onde este dá o que possuía em Britiande, recebendo vários casais em S. Martinho de Mouros e Resende (Idem: 86, 151). A primeira aquisição efectuada em Cambres data de 1156. O mosteiro comprou um casal em 84 Carosa, a par de Monçul, a Ousenda Viegas e seus filhos por oitenta maravedis (Idem: 54, 58, 97). Após esta data seguem-se várias aquisições em Monçul, nomeadamente a doação de D. Afonso Henriques e seus filhos em 1163; a obtenção de “certos prédios” a Mónio Viegas em 1165; os escambos, em 1170 e 1197, efectuados com a Igreja de Cambres, em que esta deu os dízimos e primícias de Monçul e certas propriedades, recebendo um casal em Carosa e uma vinha no sítio do Muradouro (Idem: 37, 69, 93, 95 e 85 96). Em Monçul formou-se uma das granjas mais produtivas do mosteiro, sendo já referida em 1181 como “grangiam Muzul” num documento de venda ao Mosteiro de S. João de Tarouca de uma herdade no Freixieiro (Fernandes, 1991: 100, doc. n.º 103). As Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1012) referem que “quod modo habet monasterium de Salzeda, in Mozul, quartam partem de leguminibus, que ibi stabant, et Petrus Diaz et Johannes Alfonsi homines de monasterio de Salzeda, qui laboraverant et seminaverant ipsas leguminias (…) et istud olivetum jacet sub rigo veteri, qui vadit pro ad Grangiam prope de pomario, quod fuit de Monio Pequeno, in cabo de oliveto, et modo monasterium de Salzeda habet ipsum olivetum”. Em 1531-32 Rui Fernandes (2001: 83) anotou os seus rendimentos “de pão cto Lta, de vinho iic Lta, d’azeite mil, de castanha iiic, e isto tornado a dizimo”. Aquando da extinção do mosteiro a propriedade produz vinho, azeite e fruta, segundo o ANTT/AHMF, doc. n.º 6. Neste documento (Folha 5) é também referido que a quinta “Acha-se murada em volta pelas estradas e por onde não tem muro parte com vinha do doutor Bernardo de Gouveia e Manoel Pereira da Barca; dentro da mesma quinta tem huma morada de cazas bastantemente grande com alguns aranjos de repartimentos mas muito velha em toda a sua extenção, nos baixos da dita caza tem o armazem com seos toneis retro rellacionados e pegando a mesma caza dentro da sua quintan tem hua pequena capella ornada e decente. E tem mais nos baixos da mesma caza dois lagares de pedra aparilhados de fazer o mesmo vinho”. Ainda em Cambres assistimos a várias doações e compras até aos finais de século XIII, mais 86 88 89 90 87 precisamente nos lugares de Cambres, Felgueiras, Mesquinhata, Mondim, Quintião, Penelas, Portelo e 91 Valongo. Os bens repartem-se por casais, herdades, vinhas, quintãs e uma casa em S. Martinho de

55


Cambres, emprazada em 1221 a Lourenço Pais com foro anual de três soldos (Reis, 2002a: 96). Também num documento sem data uma vinha é emprazada a João Nunes por sete maravedis anuais, pagos pelo dia de Ramos (Idem: 95). 92 Na cidade de Lamego o mosteiro possuía casas, doadas em 1193 por Urraca Viegas e emprazadas no ano seguinte a Sancho Godins e Martim Anes por dois soldos anuais, sendo também obrigados a “agasalhar as pessoas do mosteiro e recolher as suas coisas” (Idem: 91). Estas casas situavam-se “junto do castelo, defronte da porta do Aguião” (Idem: 56, 90, 91), ou seja em frente à porta Norte. Já nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1028) são citadas, como pertença do mosteiro, “quinque casas in castello de Lameco”, sendo testemunhado que recebia de foro anual, por estas casas e por uma vinha situada em “in Ripa de Coyra”, “iij. Morabitinos” e o foro de quarto. Aquando da extinção do mosteiro, em 1834, ainda é referida como sua pertença estas casas, então já completamente arruinadas como nos lembra o ANTT/AHMF, doc. n.º 8 (Folha 2). Ainda dentro dos actuais limites da cidade de Lamego assistimos a uma doação, em 1220, de uma quintã com vinha e conchouso, no sítio da Corredoura, e metade das terras em Tinhela por parte de Pedro Filho e sua esposa Maria Peres (Reis, 2002a: 95). Testemunha-se, nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1028), a pertença por parte do mosteiro de uma vinha neste local, doada por “Johannes Fruiaz et Maria Gomez”. Em Paredes (freguesia de Almacave) surgem duas doações, a primeira em 1229 onde João Pais, dito Zambado doa meio casal que teria adquirido em 1208 a Pêro Janeiro por vinte e nove áureos (Reis, 2002a: 91) e a segunda, data de 1235, aparecendo Sancha Gonçalves como doadora de certos bens que aqui possuía (Idem: 86, 157). Também nas Inquirições (PMH – IS, 1029) nos aparece, em Eiró, Almacave, casas sobradadas doadas ao mosteiro por Pedro de Queimada. Em Calvilhe (freguesia da Sé) encontramos uma doação de certos bens, em 1229, por parte de Martim Pais e sua esposa D. Sancha (Reis, 2002a: 88-89) e em 1296 um escambo em que o mosteiro dá a quinta de Calvilhe a Lourenço 94 93 Vasques, em sua vida somente, e recebe meio casal em Melcões o certos bens em Arufe (Idem: 89). Outras propriedades foram doadas, compradas ou escambadas dentro dos limites do actual concelho de Lamego, sobressaindo o facto de que a maior parte das doações tem origem em descendentes directos ou indirectos da estirpe de Egas Moniz, nomeadamente aquelas efectuadas por 96 95 97 Sancha Nunes, Pedro Viegas, Gonçalo Martins e Gonçalo Gonçalves. Também encontramos em 1220 um prazo (Idem: 80) a Maria Anes, viúva de Egas Pais, de um terreno em Vila Meã (freguesia de Ferreirim) e um outro sem data, em que o mosteiro empraza a Martim Peres e Teresa Pais, sua esposa, herdamentos que possuía em Ribadelas (freguesia de Lalim), tendo por obrigação de pagar quatro maravedis velhos anualmente pelo Santo Estêvão do Natal (Idem: 77). No actual concelho de Resende vemos que o número de bens em posse do mosteiro é bastante elevado. A documentação apresentada por Fr. Baltazar dos Reis apresenta cerca de 118 compras, doações, escambos ou prazos. É nas presentes freguesias de Barrô, Paus e S. Martinho de Mouros que se verificam a maior concentração de bens, identificando-se, entre estes, casais, conchousos, quintas, casas, moinhos, vinhas e leiras. Em Vilar de Suso (Barrô) Rodrigo Gonçalves e Elvira Pires, sua esposa, doam ao mosteiro em 1195 um conchouso (Idem: 152), sendo provavelmente a propriedade referida nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1000 e1001) como “uno casali de Salzeda”. É, possivelmente, este casal que, em 1318, é escambado

56


98

com Pedro Anes, recebendo-o em troca de uma herdade em Alcorvo, junto a Vila Verde. Ainda nesta localidade encontramos a compra a Domingos Joanes, por dois maravedis, de uma vinha em 1279 (Reis, 2002a: 152). Em 1163, D. Afonso Henriques doava cinco casais no sítio da Várzea (Idem: 87), propriedades que presumidamente foram emprazadas em 1208 e 1213 a Pedro Rodrigues, Gonçalo Rodrigues e João Rodrigues. Na primeira comprometendo-se a plantar vinha, pagando de foro a quarta e na segunda o foro da quarta de pão e vinho (Idem: 154). Ainda no que concerne a emprazamentos aqui realizados pelo mosteiro, encontramos, em 1353, o prazo efectuado a Lourenço Martinho de Vila Verde de uma leira, tendo de pagar anualmente, pelo dia de S. João Baptista, meio maravedi (Idem: 154). Também no sítio de Porcas assistimos ao emprazamento de vários bens entre 1238 e 1347, nomeadamente de casais, casas e uma quinta. Todos eles pagando o quarto, sendo que no prazo de 1347 a Lourenço Esteves e Maria Martins, sua esposa, o foro consta, para além do quarto, duas casarias em Vila Verde, uma bouça em Vale de Porcas, o quarto do moinho e dois capões (Idem: 153). 99 A primeira compra que nos aparece em Paus data de 1168 no sítio de Casal do Mato, Moumis, onde o mosteiro adquire bens a Troitosendo Sandines por quatro maravedis (Idem: 159). Em 1221 o 100 cenóbio cede propriedades neste local a Gontina Gonçalves, em sua vida somente. São vários os documentos que referem doações de bens na localidade de Moumis, como por exemplo a de dois casais em 1198 por Urraca Viegas e entre 1229 e 1323 três casais e metade de uma quinta, aparecendo-nos como doadores Mendo Gonçalves e Maria Pires, sua esposa, Lourenço Viegas, de Rapolos e Maria Mansa, Maria Ermiges e Afonso Gil, escudeiro (Idem: 159-160). De facto os bens que o mosteiro aqui possuía deveriam ser volumosos, uma vez que nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 998) surgem vários indivíduos com a designação de “homo de Monasterio de Salzeda” ou “moratur in hereditate de Salzeda”, ou seja, caseiros do mosteiro. Por um documento de 1243 verificamos que Salzedas encontrava-se em conflito com S. João de Tarouca, acordando, na presença dos abades de S. Pedro das Águias e do Bouro, que este lhe doava quatro casais em Moumis e uma herdade em Monçul, tendo o de Salzedas de pagar quinze maravedis (Reis, 2002a: 159). Ainda no sítio de Paus o mosteiro comprou, em 1233, a Monio Ermiges uma quinta, dois moinhos e outros bens e recebeu em 1297 um casal de Lourenço Mendes, cavaleiro, de Fonseca e D. Maria Martins, sua mulher. Nas Inquirições (PMH – IS, 995) são também referidos a posse, por parte do mosteiro, de uma peça de herdade e uma quintã. Outros lugares em Paus são referidos como Barral, Ferreirós, Silva e Vale, todos eles com doações de casais. Em S. Martinho de Mouros são vários os testemunhos de propriedades pertencentes ao mosteiro, nomeadamente em Vila Verde que no ANTT/AHMF, doc. n.º 3 (Folha 27), apresentava os seguintes foros: trigo, centeio, milho, broa, marrão, miudezas diversas e dinheiro. Em 1163, D. Afonso Henriques doou a jurisdição e algum foro deste lugar, sendo a propriedade doada “com toda a sua demarcação” (Reis, 101 2002a: 151) por Sancha Vermudes em 1208. Pelas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 998) é testemunhado que todo o lugar de Vila Verde “est de monasterio de Salzeda et fuit de honore de Meono Donno Egea Monionis”. Quanto a S. Martinho de Mouros encontramos cinco doações, entre 1200 e 1309, de casais e outros bens. Entre os doadores achamos nomes como Goina Viegas, Gonçalo Viegas, Afonso Peres, Urraca Fernandes e Lourenço Mendes, cavaleiro (Reis, 2002a: 57, 151, 155, 156, 163). Ainda dentro dos limites de S. Martinho de Mouros assistimos, em 1226 e 1229, à doação de dois casais por parte de Elvira Fernandes, Teresa Fernandes e Martim Pais (Idem: 158). No lugar da Fonseca também o mosteiro

57


recebeu vários casais, nomeadamente de Urraca Viegas em 1198, de Pedro Viegas em 1274, de Lourenço Mendes, cavaleiro, e Maria Martins, sua esposa em 1297, de Sancha Joanes em 1320 e de Domingos Donis em 1327 (Idem: 151, 155-157). Outros dois lugares pertencentes às “terras” de S. Martinho de Mouros onde encontramos bens do mosteiro são Alcorvo e Paredes (Idem: 84, 86, 151, 152, 157). Por todas estas doações está bem patente a quantidade de propriedades que o cenóbio salzedense possuía nesta zona, comprovando-se também por uma sentença, datada de 1284, em favor do mosteiro contra o concelho de S. Martinho de Mouros, para que os seus caseiros pudessem pastar os gados em terras deste concelho (Idem: 159). Ainda em Resende são vários os locais onde o mosteiro possuía bens cedidos por doação, entre 1195 e 1317, como nos sítios de Mirão, Riboura ou Rendufe. De facto alguns dos casais aqui situados foram escambados em 1243 com o prior da Ordem do Hospital, ficando o mosteiro com os bens que este tinha em Britiande (Idem: 86, 151, 157). Numa outra doação, ocorrida em 1317, Sancha Gonçalves, monja do Mosteiro de Arouca e bisneta de Teresa Afonso, concede todos os seus bens no termo de Resende ao mosteiro (Idem: 161). No concelho limítrofe de Armamar encontramos um total de 54 doações, 17 compras e 6 prazos desde 1163 até 1579. Dentro de todas estas propriedades destacamos a granja monástica de Lama Redonda, situada na actual freguesia de Tões. A primeira notícia respeitante a este sítio data de 1152, 102 103 onde nos aparece Paio Cortês e sua esposa Ximena Pais vendendo a Elias Mendes, por sete morabitinos, metade da sua “haereditate” que havia sido de Aires Azedo e lhes tinha dado Egas Moniz com a autorização de D. Afonso Henriques. Este documento, transcrito por Fr. Baltasar dos Reis (2002b: 1213), faz ainda referência à localização deste sítio: “est in territorio Ermamar subtus Mons Ganson discurrente ribulo té milupos, intrante flumine Dorio”. Actualmente não existe qualquer topónimo na zona semelhante a “Ganson”, podemos contudo presumir que se trate da elevação denominada por Fraga da Pena, com cerca de 680 m de altitude, situada a Noroeste da actual Quinta de Lama Redonda. O “ribulo” será o ribeiro do Marmarinho que passa na propriedade, desaguando no Douro (Figura 32). É a partir de 1191 que o mosteiro adquire o sítio de Lama Redonda, pela doação de Pedro Oriz da sua quintã aqui situada, devendo o seu filho Pedro Peres possuir metade em sua vida somente, doando-a em documento datado de 1211. Em 1201 o cenóbio compra a André Mendes, por dois maravedis, uma herdade nesta quinta (Reis, 2002a: 100). Nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1091) é testemunhado que “et modo monasterium de Salzeda habet Lamam Rotundam”. Ainda nas proximidades deste sítio verifica-se a existência de uma doação, efectuada por Gonçalo Pires Garcia, da Quinta de Valpea, hoje Balpeia e anexa à Quinta de Lama Redonda (Reis, 2002a: 100). Em 1425 o cenóbio salzedense acorda com o Mosteiro de Paço de Sousa o seguinte – este último dá o que possuí na quinta de Tões e o Mosteiro de Salzedas cede certos casais em Canelas (Entre-os-Rios, Penafiel) (Idem: 100-101). No Inventário de 1834 (ANTT/AHMF) não há qualquer referência à Quinta da Lama Redonda, presumindo-se que já não estaria na posse do mosteiro. Em Folgosa, junto ao rio Douro, o mosteiro tinha uma das granjas mais produtivas, no local onde hoje se encontra a Quinta dos Frades. No ANTT/AHMF, doc. n.º 5 (Folha 212-213), são descritas casas “sobradadas” com salas, quartos, cozinha e lojas, sendo toda a quinta “fechada” com um grande portal. No exterior são ainda numeradas uma azenha de azeite, duas casas, cada uma com dois lagares de vinho,

58


N

Armamar

Lampaça Marmarinhos Sr.ª da Guia

Fraga da Pena

Qt.ª do José augusto

Fontalém Quelhas

Qt.ª da Lama Redonda Relva

Rib.º

ma Mar

do

o rinh

Praia Qt.ª do Roçafes

Qt.ª da Balpeia St.º António

Bica do Hospital

Qt.ª do Malheiro

Tões

Sr.ª das Neves

Qt.ª da Pontinha Qt.ª da Tapada

Alcouce

Travasso

Barco

Qt.ª da Devezinha

Sr.ª da Boa Morte Os Paços

Carvalisse Quinta da Lameira

lhu fso

S. Romão Gu i

Flores

Cerdeirinha

de

Maladão

Rib.º

Sete Fontes

Monte Raso

Ribeira

Lagoa

Santiago

Passos

Senhora das Dores

Reital Fundal

Jandamaia

Padrão

Coito

Courelas

Ribeira Tapadas

Meixedo

Promouro

Ameal

Quinta do Pinhô Raso

São Gregório

Moita

Banhos

St.ª Bárbara

Covais de Cima Lameiras

S. Torcato Ponte dos Moinhos

Tamanqueira

Salzedas

Cubos

Sr.ª da Piedade

Relva

Covais de Baixo

Mosteiro de S.ta Maria de Salzedas Sr.ª do Desterro

Souto Maior

Moita

Baiúca Sr.ª da Graça

Curochinho

0

Figura 32. Quinta da Lama Redonda, localizada no concelho de Armamar. 59

1 Km


sendo que uma delas serve também de armazém, mais uma casa pequena “que serve para nela dormirem os trabalhadores” e uma capela “decente”. Relativamente à produção de géneros são referenciadas videiras, oliveiras, árvores de fruto e uma grande mata. Nos bens móveis incluem-se, para além do espólio pertencente à casa, uma barca “de passar no rio Douro”. Segundo os documentos apresentados por Fr. Baltasar dos Reis (Reis, 2002a: 104, 117), em 1402, o mosteiro ficava com os dízimos da Quinta da Folgosa, pertencentes à igreja de S. Miguel de Armamar, pagando anualmente 16 alqueires de centeio. No mesmo ano o mosteiro escamba com Gonçalo Vasques bens que tinha em Caria de Susã e Caria de Jusã, recebendo as fintas da Quinta. Ainda em Folgosa são várias as compras e doações de canais, designados na documentação por Canais da Ariana, relacionando-se com pesqueiras localizadas no rio Douro. É prática comum, durante a Idade Média, a pesca nos rios com o recurso a pesqueiras, poços ou tanques (Gonçalves, 2010: 238). Contam-se três doações de parcelas destes canais entre 1189 e 1196 e cinco documentos de compras nos anos de 1211, 1218 e 1226 (Reis, 2002a: 102-103). Nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1093) testemunha-se que em Folgosa o mosteiro possui “multas hereditates et vineas et possessiones et unam bonam grangiam et multas vineas et unum canale in termino de Felgosa in loco qui dicitur Canal”. A presença de pesqueiras pertencentes ao mosteiro no rio Douro deve ter perdurado por bastante tempo, pois ainda em 1395 é sentenciado que o mosteiro pudesse ter nos canais da Folgosa redes e barco (Reis, 2002a: 103). Também em Fontelo o mosteiro deteve vários bens, designadamente na vila e em Balteiro, tendoos adquirido através, essencialmente, de doações entre 1163 e 1311. No lugar de S. Cosmado encontramos, em posse monástica, a renda da vila e o padroado da igreja, bem como vários casais (Idem: 62, 77, 79, 110, 150). Em Queimada e Queimadela são várias as propriedades doadas por Urraca Viegas entre 1185 e 1195. De assinalar que posteriormente a esta data verificam-se diversas doações e compras, mais aquelas que estas, por parte de membros da estirpe de Egas Moniz, nomeadamente de Mónio Moniz, filho de Mónio Ermiges que era sobrinho paterno de Urraca Viegas (Fernandes, 1981b: 362), a Dordia e Maior Gonçalves, irmãs e filhas ou netas da mesma senhora (Idem: 363) e a Elvira Viegas, filha de Egas Moniz e Teresa Afonso (Idem: 115). Dentro dos actuais concelhos situados na margem direita do Douro destacamos o de Cinfães, alvo de variadas doações, compras e escambos. Em Santiago de Piães registamos a doação ou compra de pesqueiras, casais, quintãs, leiras e herdades. No que respeita às pesqueiras, todas elas localizadas no rio 104 Douro, as primeiras doações datam de 1170 por Teresa Afonso, no local de Contensa, e Goina Viegas nos sítios de Capina e Guimara (Reis, 2002a: 14, 57, 168). Três anos mais tarde D. Afonso Henriques doa a quintã de Paços, com as suas pesqueiras (Idem: 69) e em 1174 o mosteiro compra, na Concela, por 100 maravedis, a Urraca Viegas certos bens e pesqueiras (Idem: 56, 167). No ano de 1189 assinala-se, ainda, a compra de seis pesqueiras, localizadas entre a Contensa (Santiago de Piães) e Vegião (Freigil, Resende) a 105 Egas Afonso e sua esposa Sancha Pais. De referir que ao contrário de outras localidades em que as doações são sempre em maior número que as compras, o caso de Santiago de Piães é o inverso, assistindo-se a compras de casais e herdades. Outra das localidades com propriedades na posse do mosteiro é Ferreiro de Tendais, destacando-se, pela quantidade, o sítio de Quintela, onde em 1316 o cenóbio empraza uma quinta a João Pires (Idem: 166) e três anos mais tarde recebe de João Pedro, filho de D. Pedro uma quinta e moinhos, comprando, nesse mesmo ano, pesqueiras no Douro a João Dinis

60


(Idem: 165-166). Ainda em Ferreiros de Tendais, Lourenço Mendes, cavaleiro e sua esposa Maria Martins doam, em 1297, um casal no sítio de Outeiro de Meridãos e mais fazenda “em outras partes” (Idem: 151, 155, 165), estando em posse monástica no século XVI-XVII (Resende, 2010: 345-390). Também em Tarouquela, mais precisamente em Urbão e em Casais, o mosteiro recebe de Miguel Pais, clérigo, em 1201, o que este possuía na quintã e as suas pesqueiras no Douro. Comprando, um ano mais 106 tarde, a Martim Fernandes certos bens e pesqueiras nestes dois locais (Reis, 2002a: 169). Na margem esquerda do Douro o mosteiro possuía propriedades nos concelhos de Penafiel, Marco de Canaveses, Baião, Mesão Frio, Peso da Régua, St.ª Marta de Penaguião e Vila Real. Dentro destes referimos o caso dos bens detidos em Canelas, (Entre-os-Rios, Penafiel) e em Baião, pela sua quantidade relativamente a outras pertenças nos concelhos supracitados. Em Canelas no ano de 1170 Dordia Fernandes, esposa de Pedro Gonçalves, vende por 30 maravedis, no sítio de Outeiro (Canelas), um casal, pesqueiras, portagens, fontes e águas (Idem: 170). Em 1205, 1206 e 1216 Elvira Viegas, filha de Egas Moniz e Teresa Afonso, doa casais, searas, pesqueiras e portagens (Idem: 57, 170) que em 1258, segundo as Inquirições (PMH – IS, 587), estariam em posse do cenóbio salzedense quatro casais doados por esta senhora. Entre 1272 e 1309 assistimos a mais três doações de casais por parte de Pedro Ponço e Sancha Rodrigues, sua esposa, e de Maior Martins (Reis, 2002a: 117, 141, 170, 171). Em 1425, após várias demandas com o Mosteiro do Paço de Sousa, Salzedas recebe a quinta de Tões (Armamar) e dá vários casais situados em Canelas (Meireles, 1942: 38). No concelho de Baião encontramos, em Loivos da Ribeira, a primeira doação, efectuada em 1229 107 por Martim Pais, de quatro casais, dois deles no sítio de Arufe e os outros em Loivos (Reis, 2002a: 74, 175). Ainda em Arufe de 1285 a 1306 contamos oito doações e dois escambos. Entre os doadores vemos nomes como Gonçalo Martins e sua esposa Maria Raimunda, Martim Lourenço, escudeiro, Maria Lourenço, Estêvão Pires e sua esposa Constança Lourenço, com certeza todos eles pertencentes à mesma família, Afonso Anes, escudeiro e Martim Espinho de Paranhos e Clara Vicente, sua esposa (Idem: 175176, 178). Relativamente aos escambos temos em 1306 um documento onde surge o nome de Pedre Anes de Penalva e Maria Lourenço sua esposa, que recebem do mosteiro bens em Pena e Meoma, dando, em troca, as suas propriedades em Arufe. Em 1312, Nuno Rodrigues, escudeiro recebe casas e bens na Guarda e seu termo e dá o que tinha em Arufe (Idem: 126, 176). Para além destes Fr. Baltasar dos Reis ainda testemunha prazos que o mosteiro efectuou a indivíduos nos casais de Arufe desde 1305 até 1367, anotando que “deixaram os prelados perder este lugar por falta de diligência” (Idem: 177). Outra das 108 propriedades que o mosteiro detinha em Baião era a quinta da Cocheca, ainda hoje existente, doada por Pedro Ponço e Sancha Rodrigues, sua esposa no ano de 1272 (Idem: 141, 174). O cenóbio salzedense recebeu também de Sancha Rodrigues, em 1286, pesqueiras em Paços de Baião, desde o rio Galinha até ao rio Ouvil. Estas pesqueiras tinham sido doadas a esta senhora, no mesmo ano, por Sancha Ponço (Idem: 175), que pelo patronímico se supõe familiar de seu marido Pedro Ponço. Ainda junto ao Douro é de referir a doação, por D. Afonso Henriques, que consta da carta de “firmidão” outorgada em 1161 (Azevedo, 1958: 354) da igreja de S. Martinho de Gaia com suas pesqueiras, localizadas no rio Douro (Ver Anexo Documental - Documento n.º 4). No que respeita ao concelho onde o próprio mosteiro se localiza, Tarouca, para além dos bens situados no próprio couto monástico e já referenciados anteriormente, verificamos que Gouviães

61


apresenta um número elevado de doações, compras e prazos, localizados em sítios como Cimbol, Outeiro, Ervedal, S. Bento, Abelheira, Santo Souto, Penalva, Relva, Valbom e no rio Varosa. Estes bens repartem-se por searas, soutos, casais, casas, quintãs e herdades. A primeira notícia surge-nos no ano de 1163 no sítio de Cimbol, onde Ximena Pais, viúva de Paio Cortês, doa uma herdade e no mesmo local Egas Soares e sua esposa Maria Pais vendem ao mosteiro a sua herdade, devendo possuí-la em suas vidas 109 (Reis, 2002a: 79; Reis, 2002b: 14). Em 1206 é confirmada uma doação, de Pedro Rodrigues, de uma herdade neste local por parte da sua viúva Godina Randulfes (Reis, 2002a: 81). Em Gouviães no ano de 1208, Egas Pais, filho de Paio Cortês e Ximena Pais, faz doação de uma quintã e metade de um casal, surgindo doze anos depois um emprazamento a Maria Anes, viúva deste senhor, de metade desta quintã, dois casais e várias casas (Idem: 80). As doações, compras e escambos continuam até ao ano de 1354, confirmando os vários bens que o mosteiro aqui detinha, comprovado por Rui Fernandes (2001: 35) indicando, em 1531-1532, que o mosteiro recebia “de pão 3.500, de vinho 2.000, de castanha 1.500”. É também de assinalar o escambo feito com o mosteiro de São João de Tarouca em 1287 (Reis, 2002a: 179), em que este dá ao de Salzedas a granja de Covelinhas (Peso da Régua), recebendo um casal em 111 110 Almodafa e dois casais em Paredes Secas. Esta granja pertencia a S. João de Tarouca já antes de 1228, comprovado por um documento de doação que refere “ante portam vestram” (Fernandes, 1991: 602, doc. n.º 697), aparecendo também nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1246) onde é testemunhado que “o Monasterio de San Johanne de Tarouca há j.ª granja en Couelinhas que guáánhou de Roy Mendiz seu frade em tempo d El Rej dom Sancho”. Em Gosende, concelho de Castro Daire, o mosteiro possuía vários bens, nomeadamente no lugar do Roção, honra de Egas Moniz (Fernandes, 1981a: 124). Em 1163, D. Afonso Henriques doa o que aqui possuía e no ano de 1172, Múnio Ermiges, neto de Egas Moniz, vende, por vinte maravedis, metade deste lugar (Reis, 2002a: 89). Dois anos depois o mosteiro escamba com Miguel Oriz a décima parte do lugar do Roção, dando-lhe “uma vestimenta” e uma vinha em Cantim (S. Martinho de Mouros, Resende) (Idem: 89). Prova de que o cenóbio salzedense aqui detinha diversas propriedades, provavelmente aforadas, está na provisão que D. Dinis outorga em 1295 “em favor do Mosteiro pêra que o seu gado e dos seus caseiros do Roção podessem pastar na Guândara e pôs penna a quem fosse contra essa provisão de quinhentos soldos de encoutos” (Idem: 90). No ANTT/AHMF, doc. n.º 3 (Folha n.º 26 v.º e 27), o lugar do Roção tem livro próprio, onde surge os pagamentos efectuados pelos rendeiros, nomeadamente de carneiros, galinhas, cabritos, manteiga e centeio. Outro dos núcleos, ainda dentro do actual concelho de Castro Daire, onde se concentravam bens monásticos era no local de S. Joaninho. Aqui contamos com cinco documentos de compras, quatro doações e um escambo, balizados entre 1165 e 1290 (Idem: 56, 110, 148-150). Dos doadores constam os nomes de Urraca Viegas, filha de Egas Moniz, e Pedro Lourenço. Da parte dos vendedores surgem-nos Paio Alvites, Francisco, Rodrigo Dias, Godinha Peres e Maria Alva, que A. de Almeida Fernandes (1982b: 416) pressupõe serem moradores em S. Joaninho e alguns mesmo vassalos directos de Urraca Viegas. O último documento data de 1290 e refere-se a um escambo com o Mosteiro de Cárquere, em que este recebe bens em S. Joaninho e dá a Salzedas o que possuía na vila de S. Cosmado, concelho de Armamar (Idem: 110, 150). Outro dos locais que apresenta diversas propriedades pertencentes ao mosteiro em estudo é o actual concelho de Moimenta da Beira, fronteiriço a Tarouca. Os sítios mais representativos dividem-se

62


pelas freguesias de Leomil e Castelo. Na primeira verifica-se um maior número de aquisições do que doações, com datas limitadas entre 1236 e 1329 (Reis, 2002a: 62, 112-113, 151). Os bens distribuem-se por leiras, cochousos, vinhas, courelas, herdades e casais, na maioria dos casos situados na vila de Leomil. Em Castelo surgem-nos apenas doações e escambos, desde 1167 até 1405, de casais ou da terça parte do lugar (Idem: 110, 112-114), com a excepção de um prazo, efectuado em 1265 a Pedro Mendes e Teresa Joanes, sua esposa, de dois casais (Idem: 112-113). Fr. Baltasar dos Reis (Idem: 62), nos inícios de século XVII, refere que “a Igreija da Villa de Castello e Nagosa tem oije o Mosteiro”, ou seja detém o seu padroado. Apresentando bens em número bastante inferior aos lugares já descritos, encontram-se o concelho de Tabuaço, onde as propriedades concentram-se quase na totalidade na vila de Arcos, Sátão, Aguiar da Beira, Sernancelhe e Viseu. Relativamente a Sernancelhe referenciamos apenas a vila de Fonte Arcada que foi pertença de Teresa Afonso e Egas Moniz. A primeira doação ao mosteiro data de 1231 por parte de Mecia Rodrigues de bens que possuía na vila mais “um vaso de prata, 62 maravedis e móveis de casa” (Idem: 84, 99, 115). A partir deste ano surgem várias doações, nomeadamente de direitos da Igreja de Fonte Arcada, herdades, quintã, casas e vinhas (Idem: 115-116). Em 1295, Sancha Rodrigues abdica deste lugar, de Freches (Trancoso) e Meimão (Penamacor), pagando-lhe o mosteiro, anualmente, 160 libras de moeda (Idem: 125-126). São vários os documentos monásticos onde sobrevém o nome de Sancha Rodrigues. O primeiro data de 1272, onde, juntamente com seu marido Pedro Ponço, recebe o já mencionado lugar de Meimão, em suas vidas somente, e dá ao mosteiro a quinta de Silvares, no termo de Viseu (Idem: 125, 141). No mesmo ano e em 1283, os dois doam dois casais em Canelas (Idem: 141, 170) e a quinta da Cocheca em Baião (Idem: 141, 174). Em 1266, emprazam a Domingos Esteves e Maior Martins, sua esposa, um casal em Mesão Frio, com a obrigação de pagarem o quinto do pão, vinho e linho e “que porião o pee das uvas três vezes e os foros como o casal de Pedro de Santa Marinha, e não pagarião das latadas nem das arvores nada” (Idem: 177). Já em 1286 numa doação de pesqueiras em Paços de Baião (Idem: 175) apenas nos surge o nome de Sancha Rodrigues, presumindo-se que seu marido tenha então falecido, como nos prova um documento de 1292, que Fr. Baltasar dos Reis (2002a: 177) refere o seguinte “Sancha Rodrigues, molher de Dom Pedro Ponço, como erdeira sua”. As propriedades em Viseu cingem-se, na maior parte, a doações de casas, um curral e cochouso na cidade, entre 1291 e 1321, sendo mesmo especificado, num dos documentos, a sua localização “em Viseu, ao Arco” (Idem: 139). Uma das excepções é a compra, em 1329, de foros e direitos da Vila de D. Sando e de Vale de Cavalos, termo de Cota, a Gil Mendes, cavaleiro (Idem: 144). Já no distrito da Guarda o mosteiro possuía vários bens em Trancoso, Celorico da Beira, Pinhel, Guarda, Seia e Meda, sendo os deste último em menor número, apenas duas compras, uma doação e dois prazos. Em Trancoso, como expressa a documentação para outras localidades, somente encontramos a doação ou escambo de casas, desde 1231 até 1390. Os doadores são Maria Garcia, “dita Pacheca”, Soeiro Pais, deão da Sé de Viseu, João Pires, “dito Foucinha”, prior da Igreja de S. Miguel do Germelo e Gonçalo Martins Borralho (Idem: 132, 133, 137-138). Depreende-se que o mosteiro deveria aqui possuir vasto domínio, uma vez que pelo escambo de 1325, onde Mem Pires recebe uma casa no adro de S. Pedro, a par da sua adega, dando as casas que se localizam “junto das tulhas do mosteiro nesta vila”.

63


Em Celorico da Beira concentram-se um grande número de propriedades monásticas. Na vila encontramos a doação ou compras de casas, vinhas, herdades e “fazenda” entre 1185 e 1192 (Idem: 129). A doadora de parte destes bens é Eugénia Alvarã, que no entender de A. de Almeida Fernandes (1982a: 119-120) é oriunda do Minho, tendo vindo para Celorico aquando do seu povoamento, pelos meados de século XII. Os vendedores são Gil Pais e Loba Dias, com certeza moradores na vila. Outros locais são mencionados como Lapa de Ladrões, Várzea do Mondego, Carregal, Monte Alto, Recamundo, Pedralva, Retorta, Amieira, Calva, Póvoa de Martim Soares e Vila Cortês, repartindo-se em bens como herdades, courelas, vinhas, adega e moinho. Apenas contamos dois prazos, um produzido em 1229 no sítio da Calva, emprazando uma herdade com casas e forno a Domingos Joanes e Marinha Pires, sua esposa, em suas vidas somente, tendo por obrigação de pagarem “um quarto de tudo e um quarteiro de trigo e outro de cevada, meias do vinho, 8 peixotas boas e 40 ovos, também tinham de deixar um jumento, pois o mosteiro deu um para serviço” (Reis, 2002a: 131). O outro prazo foi feito a Pedro Soural, em 1288, dos bens que o mosteiro possuía na Amieira (Idem: 135). Outro dos locais onde encontramos uma grande actividade monástica é o Minhocal, um dos sítios que apresenta um grande número de prazos. A primeira referência respeita a um emprazamento, datado de 1222, a Martim Pais, Pedro Pais e mais sete pessoas, tendo de pagar o dízimo de tudo e que “posessem o pee das uvas três vezes” (Idem: 133). Em 1268 o mosteiro afora, neste mesmo local, 18 casais a Martinho Soeiro e Maior Egidia, sua esposa, em suas vidas somente, pagando anualmente 20 libras de moeda no dia de S. João Baptista, comprometendo-se também a doar ao cenóbio tudo o que possuíssem e comprassem na sua aldeia nova que se chama Cortes, junto do Minhocal (Idem: 132). Datando de 1320 temos o terceiro prazo de nove casais, dado a Geraldonis, Martim Joanes e outras pessoas, “para sempre”, pagando de “dez dous e um de dízimo e outo de reção” e cada casal um almude de trigo pelo Natal, uma galinha, quatro ovos e seis dinheiros e o casal onde está a igreja pagará outro tanto (Idem: 133). Nas proximidades do Minhocal, surge-nos um prazo do lugar de Arconces, datado de 1333, aos seus moradores, com a obrigação de pagarem o oitavo do pão, vinho, linho e legumes, sendo sujeitos a colocarem “o pee das uvas tres vezes” e que cada casal pagasse, anualmente, uma teiga de trigo, um almude de cevada, uma galinha, dez ovos e um quarteiro de “d’esverdadas” pelo Entrudo (Idem: 133). Ainda junto de Arconces o mosteiro empraza a João Anes e Margarida, sua esposa, no ano de 1309, moinhos, pagando, anualmente no mês de Agosto, dois quarteiros de pão (Idem: 133). Este lugar de Arconces foi doado, em 1231, por Maria Garcia, tendo Pedro Bernardes e Maria Pais, sua esposa, legado ao mosteiro, três anos antes, todos os seus direitos e foros (Idem: 132). Contamos um total de dezoito doações, onze compras, um escambo e seis prazos em Pinhel. Um dos locais mais representativos é o sítio de Penaforte, hoje denominado por Penhaforte, pertencente à freguesia de Lamegal. Em 1248, Soeiro Pais, deão da Sé de Viseu fez foral aos seus moradores, com obrigação de pagar, anualmente, pelo S. Miguel, do oitavo da produção, exceptuando das hortas e frutas, uma galinha e vinte ovos, no mesmo ano, o próprio, doa o lugar ao mosteiro (Idem: 122). Uma outra doação, deste mesmo sítio, ocorre em 1262, desta feita por Sancho Pais (Idem: 122). Já em 1337 o cenóbio salzedense empraza a Martim Pires foros e direitos de Penaforte e Rocamador, bem como uma vinha em Pinhel, pagando dez libras anuais na Páscoa e no S. João (Idem: 122). Ainda no Lamegal sabemos por uma sentença régia, datada de 1480, que o mosteiro aqui possuía sete casais (Idem: 122).

64


No castelo de Pinhel detinha casas, umas obtidas por doação em 1251 pelo Padre Domingos Pais de Armamar, outras por compras em 1244 a Martim Afonso e Lourenço Afonso (Idem: 120-121). O lugar do 112 Vieiro foi doado por Aldara de Pinhel em 1293, e nos inícios de séculos XVII, Fr. Baltasar dos Reis refere que ainda o mosteiro recebia os seus dízimos (Idem: 120). De Santa Eufémia constam sete aquisições de herdades entre 1203 e 1311 e apenas uma doação. Este lugar foi emprazado pelo mosteiro em 1242 a Fernão Mendes, Pedro Gonçalves e Munio para que o habitassem com trinta povoadores e que “cada hum deles tivesse pello menos dois bois e fiquasse hum casal ao Mosteiro, além dos trinta casaes” (Idem: 119). Ainda em inícios de século XVII, o mosteiro recebia os dízimos de St.ª Eufémia, segundo consta do manuscrito de Fr. Baltazar dos Reis (Idem: 61, 120). Na Guarda o mosteiro possuía em Maçainhas uma granja, designada por Granja do Poio ou de Maçainhas. Em 1202 verificam-se três doações e igual número de compras neste lugar. Os doadores são Ouroana, Soeiro Viegas, alcaide da Guarda e sua esposa Teresa Nunes e Gomes Pais. Dos vendedores temos os nomes de Rodrigo Nicolau e Dum Bento (Idem: 127). Do ano seguinte acham-se uma compra e uma doação, a primeira por Lourenço e a segunda por Pedro Pitarães (Idem: 127), que segundo A. de Almeida Fernandes (1982a: 131-133), juntamente com Gomes Pais, seriam nobres oriundos de entre Douro e Minho, vindos para a Beira participar na inicial distribuição de terras. Em 1204 o mesmo Soeiro Viegas da doação de 1202, vende mais uma propriedade neste lugar e quatro anos depois Paio Carapito e Godo, sua esposa doam uma herdade (Reis, 2002a: 127). Em 1209, o Papa Inocêncio III confirma ao mosteiro o lugar de Maçainhas e no ano seguinte o abade João Fernandes, do cenóbio salzedense, concede carta de foro aos moradores da granja, com os encargos da quinta e décima “de quantum ibi laboraveritis, exceptis de almuina et de exertado”, ou seja da horta e do pomar, obrigando-se o mosteiro a prover-lhes um clérigo (Viterbo, 1983, volume II: 171). Encontramos ainda, em Fr. Baltasar dos Reis (2002a: 128), a menção a mais dois prazos nesta granja, o primeiro, de 1325, outorgado a Domingos Domingues e pagando, anualmente pela Páscoa, dez libras de moeda; o segundo, de 1356, a João Anes e Maria Joanes, sua esposa, com a obrigação de pagarem, por ano no Natal, vinte libras de moeda. Em Seia assistimos a quinze doações e apenas uma compra, entre 1177 e 1356, distribuídas por locais como Lajes, Póvoa, Tourães, Matados e Tavares. Os doadores deviam pertencer à mesma família, vejamos os seus nomes: Estêvão Mendes, João Mendes, Constança Soares, esposa de João Mendes, Vasco Esteves e Mendo Pires, todos eles apresentando a alcunha de “Pichel” (Idem: 140-141). Já no distrito de Castelo Branco o mosteiro possuía bens no concelho de Penamacor, mais precisamente na vila e em Meimão. Este último local chegou mesmo a ter uma granja como é referido no prazo efectuado em 1239 a Gonçalo Mendes de 51 casais, menos a granja e a seara, obrigando-se a pagar, anualmente, o oitavo e dízimo dos frutos e cada casal um almude de trigo e de centeio e quinze dinheiros (Idem: 124). Estes mesmos casais são emprazados, em 1277, a Gonçalvinho Mendes e toda a sua geração com o mesmo foro (Idem: 124). Desde o ano de 1168 que o mosteiro aqui recebeu diversas doações, escambando também alguns bens em outros locais por herdades ou casais em Meimão. Referimos ainda as propriedades que o mosteiro detinha em Aveiro, mais precisamente em Esgueira, onde chegou a possuir uma granja – a Granja de Eira de Eixo. Tendo sido doada por Garcia Mendes e Elvira, sua esposa, foi emprazada, em 1234, a Domingos Gonçalves, Martinho Martins e outras pessoas, com os seguintes termos: “para a poderem povoar (…) e que pagassem cada ano o oitavo de pão,

65


linho, vinho e legumes e cada pessoa um almude de trigo e um capão e serviço ao abade quando lá fosse” (Idem: 145). Em 1307, Salzedas faz prazo da mesma granja a Fernão Anes e outros, com o mesmo tipo de pagamento. Também Garcia Mendes e Elvira, sua esposa, doaram, em 1237, as marinhas que possuíam em Aveiro e Cabanais e três anos mais tarde, recebia o mosteiro de Martim Veloso e Teresa, sua esposa, uma casa na vila de Esgueira, junto a uma pertencente ao cenóbio salzedense, e quatro talhos de marinha (Idem: 145). Esta última marinha era designada por “Marinha de Ermensendi”, localizada junto a uma que o mosteiro tinha adquirido, rendendo 60 moios de sal. Depreende-se pelo privilégio concedido por D. João I, em 1392, a importância destas marinhas para a organização monástica. O rei liberta “a pessoa que trouxer a marinha do mosteiro para que não vá em alguma armada, salvo quando o rei for” (Idem: 145). São vários os intuitos das doações, sendo o mais comum a procura de sepultura no mosteiro por parte dos dadores, ou para a sua descendência directa. Temos igualmente várias doações que referem expressamente géneros, tais como “o prior dee hum bom gentar aos monges e convento em o refectorio no dia de aniversario”; “com a obrigação que se desse pella sua alma de seus pay e may e irmão em cada hum anno, no dia de Todos os Santos, hua pitança ao convento que tivesse tres moios de trigo e tres de vinho, sinquoenta peixotas, duzentos ovos, hum almude de manteiga, e quatro braços de alhos e hua libra de pimenta”; “do rendimento destas cousas desse cada anno aos Religiosos deste Mosteiro em dia de Sancta Maria Magdalena hua pitança de dous moyos de trigo, dous de vinho, cem peixotas, dozentos ovos, hum almude de manteiga, hua libra de pimenta e duas restes d’ alhos”. Mais comum era o pedido para rezarem uma missa todas as semanas ou para serem participantes nas orações e familiares do mosteiro. Destacamos ainda uma doação de Urraca Viegas, datada de 1217, onde solicita ao mosteiro “hum breviario de todo o anno” e “hum breviario de caminho de dia e de noute”, ou seja, o primeiro breviário a ser utilizado todo o ano, grande e volumoso, e o segundo pequeno e portátil que a possa acompanhar durante as viagens (Viterbo, 1983, volume II: 42).

51 De forma a simplificar a leitura do texto que se segue optamos por referir apenas o último dos autores: Azevedo, Reis, Reuter e Viterbo. 52 Dalvares, no entender de A. de Almeida Fernandes (1995: 26) é um topónimo fitonímico, referindo-se a uma espécie de carvalho, evoluindo para Adalvares e Dalvares. 53 Ou como localmente se designa Valdavez. 54 Actual povoação de Almodafa pertencente à freguesia de Mondim da Beira, indicando um antroponímico árabe Al-Mudáfer (Fernandes, 1995: 150). 55 Do antroponímico Filimirus, cuja evolução é Filimiro, Filmiro, Felmiro, Felmiro, Fermilo, Formilo (Fernandes, 1995: 123). Pertencente à freguesia da Granja Nova. 56 Que se encontra repartido entre as freguesias de Mondim da Beira, Granja Nova e Passô (ou Paçô), já no concelho de Moimenta da Beira. O topónimo indica ser um genitivo, talvez de “villa Manonis” e de origem germânica (Fernandes, 1995: 171). 57 Localidade da actual freguesia de Passô, concelho de Moimenta da Beira.

66


58 De “lamella”, designação de prédio rústico (Fernandes, 1995: 125), pertencente à actual freguesia da Granja Nova, concelho de Tarouca. 59 Este ponto encontra-se igualmente referido em 1657 no livro “Lansamento de Villa Cham” (Arquivo Distrital de Viseu), onde se pode ler na folha 29: “até à ponte das tábuas onde está um padrão”. 60 Genitivo do antropónimo Severus (Machado, 2003, volume III: 1341). Freguesia do concelho de Moimenta da Beira. 61 Segundo A. de Almeida Fernandes (1985: 100) Seixas era uma “villa” com limites próprios, situando-se entre os coutos de Arcas, Leomil e Salzeda e que entretanto foi despovoada, não restando actualmente qualquer memória. A leitura de “serras” em contraposição a “sexae” é provavelmente errada, visto os limites anteriores e posteriores. 62 Segundo José Pedro Machado (2003, volume II: 869) provém do genitivo Leomiro, indicativo de possuidor de terra. É actualmente uma freguesia do concelho de Moimenta da Beira. 63 Sarzedo, do latim salicetu – salgueiral (Machado, 2003, volume III: 1318). Concelho de Moimenta da Beira. 64 Já Fr. Baltasar dos Reis (2002b: 24), nos inícios de século XVII, afirmava que não existiam quaisquer vestígios deste lugar”. 65 Freguesia do concelho de Moimenta da Beira. Num foral, traduzido por Fr. Baltasar dos Reis (2002a: 111), do filho de Rodrigo Garcia aos moradores de Sancta Maria de Lubozaim apresenta-se os seus limites: “parte pella Cabeça Gorda com Cindim, aqua vertente, e com Cabeça de Maria Ordonis, aqua vertente, o Seiso de Arcos e pella agoa de Córregos, per aquam de Córrego, et vadit ad Fosteno e a Silvares digo a Ribeira de Silvares, com Sancto Cosmado, tende ao Ervedeiro e pella Portela de Sertane,et vadit a Oorzaa, et vadit a Cabeça de Gato, de Cabaços”. De facto estes termos coincidem, de uma maneira geral, com os limites das freguesias de Castelo e Nagosa. Embora o Fr. Baltasar dos Reis não tenha colocado a data do documento, presume-se que pertença ao século XII-XIII, pois os que o precedem têm esta cronologia. 66 Freguesia do concelho de Armamar. 67 Pertencente à freguesia de Cimbres, concelho de Armamar. 68 Na leitura efectuada por Viterbo e Reis está assinalada “aream”, contudo deve ser lida como “arcam”, visto que se refere exclusivamente a um túmulo. 69 Segundo A. de Almeida Fernandes (1985: 59 e 100) esta “viam” passava na cumeada do monte Ladário (Sr.ª da Graça), o que não corresponde ao reconhecimento que fizemos deste caminho antigo. Contudo identificamos uma possível bifurcação desta via que se dirige para Vila Nova, passando no sopé Norte deste monte, embora actualmente, e após a abertura de várias estradas de terra batida para a construção de aerogeradores no cume da Sr.ª da Graça, seja difícil a sua observação. 70 Este ponto foi alvo de publicação no artigo “A paisagem monástica no Vale do Varosa: o caso dos mosteiros cistercienses de St.ª Maria de Salzedas e S. João de Tarouca”. CEM. Revista do CITCEM, no prelo. 71 Topónimo de origem árabe que significa “a fonte” (Fernandes, 1995: 137). 72 Provavelmente abade do mosteiro de São João de Tarouca. 73 Já portanto povoada. 74 Em 1209 já aparece como Granja Nova (Fernandes, 1995: 137-138). 75 Da Beira como é hoje designada ou de Cangueiros até ao século XX. 76 Actual Quinta do Tello. 77 Neste manuscrito existe uma lista de abades do mosteiro de Salzedas, onde se lê que o abaciado de Manuel Pinto, filho de São João de Tarouca, teve lugar entre estas datas, apesar de na lista publicada por José Leite de Vasconcellos (1933: 400) constar 1791-1793. 78 Segundo A. de Almeida Fernandes (1982b: 431) Pedro Rodrigues era neto de Egas Moniz. Curiosamente o mesmo autor apenas se refere a este documento como “certos bens no couto do mosteiro”, apesar de Fr. Baltazar dos Reis (2002a: 81)

67


especificar o local de Lamelas, referindo mesmo o número da folha do Livro das Doações: 76. 79 D. Martim Pais é considerado por A. de Almeida Fernandes (1981b: 378) como pertencente à estirpe de senhores do couto de Leomil. Juntamente com a sua esposa também doaram uma herdade, em Várzea da Serra, ao Mosteiro de S. João de Tarouca no ano de 1200. 80 Como o prazo feito em 1277 a Gonçalvinho Mendes e toda a sua geração para fazerem 51 casais situados em Meimão (Penamacor) (Reis, 2002a: 124). Ou a Afonso Martins e toda a sua geração, em 1364, dos lugares de Meimão, Penamacor e Alcoelhosa (Penamacor) (Idem: 125). 81 Como adegas, lagares, celeiros, palheiros, cavalariças, currais, capoeiras (Gonçalves, 1989: 169). 82 Segundo Iria Gonçalves (1989: 179) esta teria “grandes casas de habitação, por vezes com várias divisões e sobradadas, celeiros, adegas, lagares, fornos, cavalariças, eventualmente mesmo uma torre”. 83 Freguesia de Tões, concelho de Armamar. 84 Segundo A. de Almeida Fernandes (1981c: 510) esta pode ser filha ilegítima de Egas Moniz. 85 A. de Almeida Fernandes nos artigos “Livro das doações da Salzeda” (1981c: 512) e nos “Primeiros documentos de Santa Maria da Salzeda” (1985: 68) aponta a data de 1171, sendo com certeza um erro tipográfico. 86 Segundo as Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1013) neste local existia um “sautum” pertencente ao mosteiro. 87 Nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1016) aparece-nos aqui, como pertencente ao mosteiro, “una quintana, que fuit ex parte de Meono Donno Egea”. Esta deve ser aquela doada por Gonçalo Mendes, neto de Egas Moniz (Fernandes, 1981b: 344), em 1209. 88 Neste local tinha o mosteiro em 1258 (PMH – IS, 1006) vinhas, um souto, três casais, um pomar e uma “hereditatem”, recebida “de testamento de Pelagio Gudufiz de Zamudaes”. 89 Em Quintião são doados dois casais em 1219 por Alda Vasques, bisneta de Egas Moniz. Nas Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1014 e 1015) estes são citados como “casalia fuerunt de Meono Donno Egea”, sendo também referido como pertença do mosteiro uma “hereditatem” deixada em testamento por “Martinus Garsee miles”. 90 Segundo as Inquirições de 1258 (PMH – IS, 1013) a “villa de Portelo” era pertença dos mosteiros de Salzedas, S. João de Tarouca e da igreja de Cambres. O mosteiro tinha, igualmente, dois casais “que fuerunt de Donno Egea Moniz”, provavelmente doados em 1202 por Elvira Peres (Reis, 2002a: 94). 91 Possuía o mosteiro no sítio de Valongo, nas proximidades de Monçul, uma vinha em 1258 (PMH – IS, 1014) que fora adquirida a Soeiro Viegas e Sancha Vermudes, sua esposa, no ano 1187 por “um cavalo apreciado em 300 maravedis” (Reis, 2002a: 56, 96). 92 Filha de Egas Moniz. 93 Concelho de Lamego. 94 Freguesia de Loivos da Ribeira, concelho de Baião. 95 Bisneta de Mem Moniz (Fernandes, 1981b: 351). 96 Sobrinho neto de Egas Moniz (Fernandes, 1981a: 107). 97 Descendentes de Egas Moniz (Fernandes, 1982a: 100-102). 98 Freguesia de S. Martinho de Mouros, concelho de Resende. 99 Apesar de A. de Almeida Fernandes na publicação de 1981 (c: 513) e 1985 (53) colocar a data de 1160, lê-se claramente em Fr. Baltasar dos Reis (2002a: 159) o ano de 1168. 100 Segundo Fr. Baltasar dos Reis (2002a: 82) o casal, denominado do Mato, estaria situado em Vila Meã (Ferreirim, Lamego). A. de Almeida Fernandes (1981b: 355) refere que o autor anterior identificou erradamente o local, reconhecendo o topónimo

68


Mato com o sítio de Casais do Mato, Moumis. 101 Sobrinha materna de D. Afonso Henriques e esposa de Soeiro Viegas, filho de Egas Moniz (Fernandes, 1981a: 111). 102 Ou Paio Moniz, sendo provavelmente “Cortês” a sua alcunha (Barroca, 2000, volume II, tomo II, 1253). 103 Segundo A. de Almeida Fernandes (1981b: 363) estes podem-se identificar como os primeiros senhores de Gouviães (Tarouca) e edificadores da quintã que lhes havia sido doada por Egas Moniz e Teresa Afonso (Idem, 1982a: 106-107). 104 É provável que Goina Viegas seja cunhada de Egas Moniz (Fernandes, 1981a: 122, nota de rodapé 2). 105 Neto de Egas Moniz (Fernandes, 1981a: 123). 106 Filho de Fernando Ramires, patrono do Mosteiro de Tarouquela (Fernandes, 1981a: 121). 107 Segundo A. de Almeida Fernandes (1981b: 378) Martim Pais pertencia à estirpe de senhores do couto de Leomil (concelho de Moimenta da Beira). 108 Freguesia de Mesquinhata. 109 Neto de Egas Moniz (Fernandes, 1982b: 431). 110 Freguesia de Mondim da Beira. 111 Situado entre as freguesias de S. João de Tarouca e Passô, do concelho de Moimenta da Beira. 112 Actual freguesia de Ervedosa.

69



Pormenor de um agrafe do Claustro do CapĂ­tulo do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Fotografia de P. Martins. C DRCN/2010


BIBLIOGRAFIA Cartografia - Carta Militar de Portugal (1998), escala 1/25 000, Folha n.º 148, Lamego. 3ª Edição. Instituto Geográfico do Exército. - Carta Militar de Portugal (1998), escala 1/25 000, Folha n.º 147, Tarouca. 3ª Edição. Instituto Geográfico do Exército. - Carta Militar de Portugal (1997), escala 1/25 000, Folha n.º 148, Moimenta da Beira. 3ª Edição. Instituto Geográfico do Exército.

Fontes manuscritas - Auto de Inventário do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas (1834). Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. Caixa n.º 2249, IV-D-25 (1). - Códice sobre a fundação do Mosteiro de Salzedas. Museu Nacional de Arqueologia. Espólio de J. Leite de Vasconcellos.

Fontes impressas - ALBUQUERQUE, Amélia (2006) – Mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Sic transit gloria monasterii. In RESENDE, Nuno (coord.) – O compasso da Terra. A arte enquanto caminho para Deus. Lamego: Diocese. Volume II: Tarouca. PP. 48-60. - AZEVEDO, Rui Pinto de (1958) - Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios. Lisboa: Academia Portuguesa de História. Volume I. Tomo I. - AUBERGER, Jean-Baptiste (1997) - Cîteaux, les origines. In Dossiers de l'Archeologie. Dijon. N. º 229. PP. 10-14. - BARROCA, Mário Jorge - (1999) – A inscrição funerária de Pedro Amarelo, notário de D. Afonso Henriques e prior da colegiada de Guimarães. In Carlos Alberto Ferreira de Almeida: in memoriam. Porto: FLUP. PP. 149-162. - (2000) – Epigrafia medieval portuguesa (862-1422). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Volume II. Tomo I e II. - BARROCA, Mário Jorge; SEBASTIAN, Luís; CASTRO, Ana Sampaio e Castro (2003) – Uma nova inscrição do século XIII no Mosteiro de São João de Tarouca. In Património/Estudos. Lisboa: IPPAR. N.º 5. PP. 96105. - BRITO, Fr. Bernardo de - (1597) – Monarchia Lusitana. Primeira Parte. Alcobaça (Mosteiro de): per Alexandre de Siqueira & Antonio Aluarez. - (1602) – A Chronica de Cister. Primeyra parte. Lisboa: Pedro Crasbeeck. - (1609) – Monarchia Lusitana. Segunda Parte. Lisboa: Pedro Crasbeeck. - BRANDÃO, António (1632) - Monarchia Lusitana. Terceira Parte. Lisboa: Pedro Crasbeeck.

70


- BRONSEVAL, Fr. Claude (1970) – Peregrinatio Hispanica, 1531-1533. Paris: Presse Universitaires de France. 2 Volumes. - CARVALHO, Ayres (1962) – D. João V e a arte do seu tempo. Edição de autor. Volume II. - CASTRO, Ana Sampaio e; SEBASTIAN, Luís (2008-2009) – A implantação monástica no Vale do Varosa: o caso do Mosteiro de S. João de Tarouca. In Oppidum. Lousada: Câmara Municipal. N.º 3. PP. 115-136. - CASTRO, Ana Sampaio e (2009) – Cerâmica europeia de importação no Mosteiro de S. João de Tarouca (séculos XV – XIX). Lisboa: F.C.S.H./Universidade Nova de Lisboa. Tese de Mestrado. COSTA, M. Gonçalves da (1986) – História do bispado e cidade de Lamego. Barroco I. Lamego: edição de autor. Volume V. - COCHERIL, D. Maur - (1960) – Recherches sur l'Ordre de Cîteaux au Portugal. Bulletin des Études Portugaises et de l'Institut Français au Portugal. Separata. Lisboa: Bertrand. - (1966) – Etudes sur le monachisme en Espagne et au Portugal. Paris: Les Belles Lettres. - (1986) – Routier des Abbayes Cisterciennes du Portugal. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian/Centro Cultural Português. - DIMIER, Anselme P.e (1966) – Églises cistercienses sur plan bernardin et sur plan bénédictin. In Mé langes offerts à Bené Crozet. Poitiers : Société d'Études Médiévales. Volume 2. PP. 697-704. - DUARTE, Luís Miguel (1997) – A aldeia de Vila Chã do Couto de Salzedas, do aforamento colectivo de 1295 ao foral manuelino. In DOURO – Estudos & Documentos. Porto: GEHVID. Volume I (3). PP. 29-44. - FERNANDES, A. de Almeida - (S/D) - S. João de Tarouca. In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Volume XXVII. PP. 498500. - (S/D) – Ucanha. In Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa e Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia Lda. Volume XXXIII. PP. 294-296. - (1979a) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XXXVIII. Fascículo 2. PP. 407-439. - (1979b) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XXXVIII. Fascículo 3. PP. 751-768. - (1980a) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XXXIX. Fascículo 1. PP. 81-102. - (1980b) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XXXIX. Fascículo 2. PP. 427-457. - (1981a) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XL. Fascículo 1. PP. 99-134. - (1981b) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XL. Fascículo 2. PP. 341-380. - (1981c) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XL. Fascículo 3. PP. 505-545. - (1982a) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XLI. Fascículo 1. PP. 93-134.

71


- (1982b) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XLI. Fascículo 2. PP. 339-432. - (1982c) – O livro das doações da Salzeda. In Revista Beira Alta. Viseu: Assembleia Distrital. Volume XLI. Fascículo 3. PP. 605-648. - (1984) - Os primeiros documentos de Santa Maria da Salzeda. (até à morte da fundadora): comentários e defesa. Separata da «Revista de Guimarães». Guimarães: Sociedade Martins Sarmento. - (1985) – Os primeiros documentos de Santa Maria da Salzeda. (até à morte da fundadora): comentários e defesa. Separata da «Revista de Guimarães». Guimarães: Sociedade Martins Sarmento. - (1991) – Taroucae Monumenta Historica. Documenta. Braga: Câmara Municipal de Tarouca. - (1993) – Taraucae Monumenta Historica. Indices & Studia. Braga: Câmara Municipal de Tarouca. - (1995) – As dez freguesias do Concelho de Tarouca, história e toponímia. Braga: Câmara Municipal de Tarouca. - (1997) – Paróquias Suevas e Dioceses Visigóticas. Arouca: Câmara Municipal. - FERNANDES, Rui (2001) – Descrição do terreno ao redor de Lamego duas léguas (1531-1532). Edição Crítica de Amândio Morais Barros. Porto: Beira Douro. Associação de Desenvolvimento do Vale do Douro. - FERREIRA, Narciso; SOUSA, M. Bernardo (1994) - Notícia explicativa da Folha 14-B, Moimenta da Beira da Carta Geológica de Portugal, escala 1/50 000. Lisboa: Instituto Geológico e Mineiro/Departamento de Geologia. - GINJA, António (2008) – O Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, uma perspectiva sobre a rede viária do couto monástico. Coimbra: Faculdade de Letras. Tese de licenciatura. - GOMES, Paulo Varela (1992) – Contribuições maltesas para o barroco português. In Portugal e a Ordem de Malta – Aspectos da Europa. Lisboa. PP. 319-345. - GOMES, Saul António (1998) – Visitações a mosteiros cistercienses em Portugal, séculos XV e XVI. Lisboa: IPPAR – Departamento de Estudos. - GONÇALVES, Iria - (1989) – O Património do Mosteiro de Alcobaça nos séculos XIV e XV. Lisboa: Universidade Nova – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. - (2010) – A alimentação. In História da Vida Privada em Portugal. A Idade Média. Direcção de José Mattoso. Coordenação de Bernardo Vasconcelos e Sousa. Lisboa: Círculo de Leitores e Temas e Debates. PP. 226-259. - MACHADO, José Pedro (2003) – Dicionário onomástico etimológico da língua portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte. 3ª Edição. 3 Volumes. - MARQUES, Catarina Alexandra; CATARINO, Lídia; SEBASTIAN, Luís (2010) – A pedra na construção do Mosteiro de S. João de Tarouca. In Oppidum. Lousada: Câmara Municipal. N.º 4. PP. 113-162. - MARQUES, Maria Alegria Fernandes (1998) – Estudos sobre a Ordem de Cister em Portugal. Estudos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Lisboa: Ed. Colibri. MARREIROS, Rosa (1997) – Os bens da coroa na posse do Mosteiro de Salzedas em 1347. In Douro – Estudos & Documentos. Porto: GEHVID e Edições Afrontamento. N.º 2. PP.119-146.

72


- MATTOSO, José - (1992) – Cluny, Cruzios e Cistercienses na formação de Portugal. In Portugal Medieval: Novas interpretações. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda. 2ª Edição. - (2007) – D. Afonso Henriques. Lisboa: Círculo de Leitores/Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa/Temas e Debates. - MECO, José (1989) – O azulejo em Portugal. Lisboa: Publicações Alfa. - MEIRELES, Fr. António da Assunção (1942) – Memórias do mosteiro de Paço de Sousa & Índex dos documentos do Arquivo. Lisboa: Academia Portuguesa de História. - MOREIRA, Ab. Vasco (1924) – Monografia do Concelho de Tarouca. Viseu: Tipografia de "Jornal da Beira". - OLIVEIRA, Miguel de (1951) – Origens da Ordem de Cister em Portugal. In Revista Portuguesa de História. Coimbra: FLUC. N.º 5. PMH (1936) – Portugalliae Monumenta Historica. Inquisitiones. Lisboa: Academia de Ciências. Volume I. Fascículo VII. - PURIFICAÇÃO, Fr. António da (1642-1656) - Crónica da antiquíssima província de Portugal, da ordem dos eremitas de S. Agostinho. Lisboa: Manoel da Sylva. 2 Volumes. - REAL, Manuel L. (1982) – A Abadia Velha de Salzedas. Notícia do aparecimento das suas ruínas. In Revista Guimarães. Guimarães: Sociedade Martins Sarmento. N.º 92. PP. 217-235. - REIS, Fr. Baltazar dos - (2002a) – Livro da fundação do Mosteiro de Salzedas. Fac-simile do livro de 1936. Lamego: Fábrica da Igreja Paroquial de Salzedas. - (2002b) – Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria de Salzeda. Facsimile do livro de 1934. Lamego: Fábrica da Igreja Paroquial de Salzedas. - RESENDE, Nuno (2010) – Escrever História sem palavras. A influência económica e espiritual dos mosteiros cistercienses de S. João de Tarouca e de Salzedas, na serra de Montemuro, através da análise de fontes indirectas (séculos XVI a XVIII). In Actas do IV Congreso Internacional sobre el Cister en Portugal y en Galicia. Zamora: Ediciones Monte Casino. Tomo II. PP. 345-390. - REUTER, Abiah Elisabeth (1938) – Chancelarias Medievais Portuguesas. Coimbra: Instituto Alemão da Universidade. Volume I. - RODRIGUES, Dalila (2007) – Grão Vasco. Lisboa: Alêtheia Editores. - SEBASTIAN, Luís; CASTRO, Ana Sampaio e - (2007) – Uma primeira proposta de reconstituição arquitectónica do Mosteiro Cisterciense de S. João de Tarouca. In Revista de História da Arte. Lisboa: F.C.S.H./U.N.L. PP. 142-171. - (2010) – A intervenção arqueológica no Mosteiro de S. João de Tarouca: 1998-2004. In Actas do IV Congresso de Arqueologia Peninsular. As Idades Medieval e Moderna na Península Ibérica. Faro: NAPFCSHUA. PP. 9-32. - SERRÃO, Vítor (2002) – História da arte em Portugal. O Renascimento e o Maneirismo (1500-1620). Lisboa: Editorial Presença. - SIMÕES, J. M. dos Santos (1997) – Azulejaria em Portugal no século XVII. Tomo I – Tipologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 2ª Edição.

73


- SOALHEIRO, João (2006) – São Sebastião e Santo Antão. In RESENDE, Nuno (coord.) – O compasso da Terra. A arte enquanto caminho para Deus. Lamego: Diocese. Volume II: Tarouca. PP. 118-121. - TEIXEIRA, Ricardo; RODRIGUES, Miguel; TORRE RODRÍGUEZ, Jose Ignacio; MELO, Maria Rosário (1996) – Intervenção Arqueológica na Abadia Velha, Ucanha – Tarouca. In 2º Congresso Internacional sobre o Rio Douro. Vila Nova de Gaia. - TEIXEIRA, Ricardo - (1992) – Património arqueológico do concelho de Tarouca. In Plano Director Municipal de Tarouca. - (1999) – Intervenção arqueológica na «Abadia Velha». In Cister no Vale do Douro. Porto: GEHVID e Edições Afrontamento. PP. 209-214. - TORRE RODRIGUEZ, Jose Ignacio de la (1999) – Evolução Histórica de Cister no Vale do Douro. In Cister no Vale do Douro. Santa Maria da Feira: GEHVID/Edições Afrontamento. PP. 69-116. - VASCONCELLOS, J. Leite de - (1933) – Memórias de Mondim da Beira. Lisboa: Imprensa Nacional de Lisboa. - (1934) – Livro da Fundação do Mosteiro de Salzedas. Apenso às Memórias de Mondim da Beira. Introdução. Lisboa: Imprensa Nacional. - VITERBO, Fr. Joaquim de Santa Rosa (1983) – Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal antigamente se usaram e que hoje regularmente se ignoram. Porto: Livraria Civilização. 2 Volumes.

74



Anexo Documental

75


Pormenor de uma marca de canteiro do mosteiro de Santa Maria de Salzedas. Fotografia de P. Martins. C DRCN/2010


Documento n.º 1 Carta de couto a D. Teresa Afonso. Data: 13 de Abril de 1152 In REUTER, Abiah Elisabeth (1938) – Chancelarias Medievais Portuguesas. Coimbra: Instituto Alemão da Universidade. Volume I. PP. 228-229. Sub christi nomine. Ego Alfonsus Portugalensium rex una cum coniuge mea regina Mahalda vobis Tarasia Alfonsi facimus cauti illius hereditatis quae dicitur Argeriz ex intimo cordis affectu pro bono servitio quod nobis fecistis. Et sunt termini eius, per portum de Alvares a portu de Muates et per illum montem qui dicitur Averiz et per illum fontem de felmiro et quomodo dividitur cum summitatem illius montis qui dicitur Mades et per illam divisionem sancti Felicis et per summitatem de Lamelas et vadit per illum territorium et dividitur per illum cautum palaciole et Sever et per illas serras et dividitur per illum cautum de Leomir et per Serzedo et per sanctum Martinum de Cas et per illa strada mourisca et per Ceimada et per illo poio et venit ad Barosam. Damus vobis atque concedimus hereditatem illam insimul cum suo cauto per términos illos supradictos. Habeatis vos licentiam vendendi atque donandi ubicumque volueritis evo perenni. Si quis tamen, quod fieri non credimus, contra hoc factum nostrum tam de extraneis quam de propinquis infringere temptaverit hic Tarasia Alfonsi vel voci sue quingentos solidos persolvat et insuper allis quingentos regie potestati reddat. Facta carta kauti Era M.ª C.ª LX.ª idus aprilis. Ego Alfonsus Portugalis rex una cum coniuge mea hoc scriptum propriis manibus nostris roboramus. Menendus ecclesie Lamecensis episcopus cf. Menendus Moniz cf. Suarius Nuniz cf. Fernandus captivus curie dapifer cf. Petrus Pelaiz signifer similiter cf. Cancellarius magister Albertus qui scripsit.

In AZEVEDO, Rui Pinto de (1958) - Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios. Lisboa: Academia Portuguesa de História. Volume I. Tomo I. PP. 291-292. Sub Christi Domine. Ego Alfonsus Portugalensium rex una cum conjuge mea Regina Maalta vobis Tarasiae Alfonsi facimus cautum illius hereditatis que dicitur Argeris ex intimo cordis affectu pro bono servitio quod nobis fecistis. Et sunt termini ejus per portum de Alvares et per illum montem qui dicitur Aveis et per illum fontem de Felmiro et quomodo dividit per sumitatem illius montis qui dicitur Maoes et per illam divisionem Sancti Felicis et per sumitatem de Lamelas et vadit per illum Furatorium et dividit per illum cautum Palacioli et Sever et per illas Seixas et dividit per illum cautum de Leomir et parte per Serzedo et dividit per Sancto Martino das Caas et per illa strada mourisca et diuidit per Ceimada et per illo Saxo et per illo Poijo et venit a Barosa. Damus vobis atque concedimus hereditatem illam insimul cum suo cauto per terminos illos supradictos. Habeatis vos licentiam vendendi atque donandi ubicumque volueritis evo perenni. Si quis tamen quod fieri non credimus contra hoc factum nostrum tam de extraneis quam de propinquis infringere tentaverit huic Tarasiae Alfonsi vel voci suae D solidos persolvat et iusuper alios D regiae potestati redat. Facto cauto sub Era M.ª C.ª nonagesima Idus Aprilis. Ego Alfonsus Portugalis rex una cum conjuge mea hoc scriptum propriis manibus nostris roboramus. Episcopus Menendus ecclesie Lamecensis episcopus conf., Menendus Moniz conf., Sancius Nuniz conf. Fernandus Cativus curiae dapifer conf., Petrus Pelaiz signifer conf. Cancellarius magister Albertus qui scripsit.

76


In REIS, Fr. Baltazar dos (2002b) – Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria de Salzeda. Fac-simile do livro de 1934. Lamego: Fábrica da Igreja Paroquial de Salzedas. PP. 17-18. Sub Xpi. Nomine, Ego Alfonsus Portugalensium Rex, una cum Conjuge mea Regina Maalda uobis Taraseae Alfonsi facimus cautum illius haereditatis quae dicitur Argeriz ex intimo cordis affectu pro bono seruitio quod nobis fecistis: et sunt termini ejus per portum de Aluares, et per illum montem, qui dicitur Aueis, et per illum fontem de felmiro et quomodo diuidit per sumitatem ipsius Montis qui dicitur Maões, et per illam diuisionem Sancti Felicis, et per summitatem de Lamellas, et Vadit per illum Furatorium et diuidit per illum Cautum pallacioli et seuer, et per illa sexae e diuidit per illum Cautum de Loemir, et parte per Serzedo et diuidit per Sanctũ Martinũ das chaãs et per illa strada mourisca et diuidit per semada e per illo saxo et per illo poro et uenit ad Barosa. Damus uobis atque concedimus hereditatem illam Insimul cum suo Cauto per terminos illos supra dictos, habeatis uos licentiam vendendi atque donandi ubicunque uolueretis euo perenni si quis tamen (quod fieri non credimus) contra hoc factum nostrum tam de Extraneis, quam de propinquis infringere tentauerit, huic Taraseae Alfonsi, uel voci suae quingentos solidos persoluat, et iusuper alios quingentos Regiae potestati reddat, facto cauto Sub Era Millesima centesima nonagesima jdus Aprilis. Ego Alfonsus Portugalis Rex una cum conjuge mea hoc scriptum proprijs manibus nris roboramus. Alfonsus Rex Portugalis, Epũs Menendus Ecclesiae Lamecensis episcopus confirmo, Menendus Nuniz confirmo Sanctus Nuniz confirmo, Cancellarius confirmo, magister Albertus qui scripsit Fernandus Captiuus dapifer confirmo, petrus pellagij similiter confirmo.

Documento n.º 2 Carta de confirmação do couto a D. Teresa Afonso para ser doado ao Mosteiro de Salzedas Data: Junho de 1155 In REUTER, Abiah Elisabeth (1938) – Chancelarias Medievais Portuguesas. Coimbra: Instituto Alemão da Universidade. Volume I. PP. 246-247. In nomine sanctae et individuae trinitatis patris et filii et spiritus sancti amen. Veteris ac novi testamenti autoritas nos monet ut quodcumque ratum ac stabile fore velimus memorie litteris commendemus. Ea propter Ego Alfonsus Portugalensium rex et uxor mea regina Mahalda una cum filiis nostris rege scilicet Sancio Regina que Orraca et regina Mahalda facimus vobis Taraseae Alfonsi cartam donationis ac scriptum in perpetuum firmissimum de toto illo cauto de Argeriz cum omnibus suis pertinentiis et cum omnibus suis terminis primis et novissimis. Termini siquidem ipsius cauti hi sunt: In primis in aquilone dividitur cum Lamego per pelago de Mauriano deinde per valem viridem postea per Laginam deinde aqua vertente cum queimada postea ad arcam de Mendo hermezendiz deinde per arcam de Pelagio Randis postea per viam covam deinde per ledanarium postea ad fontem de Salgueiro deinde ad sartaginem postea dividit cum Leomir per laginam de seixa deinde per aquam de Toreno cum palaciolo postea ad fontem de Centanaes deinde ad capita de furadoiro deinde ad cautum de Cruzilada de sancto Felice revertente ad portum de Alvares deinde iungit per venam de Barosa ad pelagum de Mauriano. Damus vobis atque concedimus ipsum cautum de Algeris firmiter et absque omnia contradictione pro peccatorum nostrorum remissione et pro servitio quod nobis fecistis quatenus vos illum pro animae nostrae remedio offeratis et tribuatis ad illud Monasterium de Salzeda. Habeatis vos ipsum cautum firmiter et omnes vestri successores ibi sub regula beati Benedicti habitantes quicumque igitur hoc factum ac solemne scriptum violare tentaverit pariat nomine poenae quingentos modios. Facta carta mense Junii per manus Petris Amarelli qui est scriba sub manu Alberti magistri cancellarii Regis Alfonsi in Era M.ª C.ª LX’III.ª. Ego Alfonsus rex roboro et confirmo. Ego regina Orraca roboro et confirmo. Ego regina Mahalda filia Alfonsi regis roboro et confirmo. Joannes Peculiaris arciepiscopus Bracharensis confirmo. Menendus Lamecensis episcopus confirmo. Petrus cognomento senior episcopus Portugalensium confirmo. Odorius Visensis episcopus confirmo. Fernandus captivus dapifer regis ts. [Signifer] Petrus pelagii ts.

77


Sancius monis qui tenet Taurocam ts.

In AZEVEDO, Rui Pinto de (1958) - Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios. Lisboa: Academia Portuguesa de História. Volume I. Tomo I. PP. 315-316. In nomine Sanctae et Individuae Trinitatis Patris et Filii et Spiritus Sancti amen. Veteris ac noui testamenti autoritas nos monet ut quocunque raptum uel stabile fore velimus memoriae literis commendemus. Ea propter Ego Alfonsus Portugalensium rex et uxor mea regina Mahalda una cum filiis nostris rege scilicet Sancio regina que Orraca et regina Mahalda facimus uobis Taraseae Alfonsi cartam donationis ac scriptum in perpetuum firmissimum de toto illo cauto de Algeris cum omnibus suis pertinentiis et appenditiis et cum omnibus suis terminis primis et nouissimis. Termini siquidem ipsius cauti hi sunt, in primis in aquilone diuiditur cum Lamego per pelago de Mauriano deinde per Valem Viridem postea per Laginam deinde aqua uertente cum Queimada postea ad arcam de Mendo Hermezendiz deinde per arcam de Pelagio Randis postea per viam couam deinde per Ledanarium postea ad fontem de Salgueiro deinde ad Sartaginem postea diuidit cum Leomir per Laginam …….. deinde per aquam de Torno cum Palaciolo postea ad fontem de Centanaes deinde ad capita de Furadorio deinde ad cautum de Cruzilada de Sancto Felice reuertente ad portum de Aluares deinde jungit per venam de Barosa ad pelagum de Mauriano. Damus uobis atque concedimus ipsum cautum de Algeriz firmiter et absque omni contradictione pro peccatorum nostrorum remissione et pro servitio quod nobis fecistis quatenus uos illum pro animae nostrae remedio offeratis et tribuatis ad illud monasterium de Salzeda. Habeatis vos ipsum cautum firmiter et omnes vestri suscessores ibi sub regula beati Benedicti habitantes quicunque igitur hoc factum ac solenne scriptum uiolare tentauerit pariat nomine poenae quingentos modios. Facta carta mense Junii per manus Petris Amarelli qui est scriba sub manu Alberti magistri cancellarii regis Alfonsi in Era millesima centésima sexagésima tercia. Ego Alfonsus rex roboro et confirmo, ego regina Mahalda roboro et confirmo, ego rex Sancius roboro atque confirmo, ego Regina Orraca roboro et confirmo, ego regina Mahalda filia Alfonsi regis roboro et confirmo. Joannes Peculiaris archiepiscopus Bracharensis confirmo, Menendus episcopus Lamecensis confirmo, Petrus cognomento Senior episcopus Portugalensis confirmo, Odorius Visensis episcopus confirmo, Fernandus Captivus dapifer regis testis, …… Petrus Pelagii testis Sancius Monis qui tenet Taraucam testis.

In REIS, Fr. Baltazar dos (2002b) – Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria de Salzeda. Fac-simile do livro de 1934. Lamego: Fábrica da Igreja Paroquial de Salzedas. PP. 26-27. In nomine sanctae et indiuiduae Trinitatis Patris, et filij, et Spiritus Sancti Amen. Veteris ac noui Testamenti autoritas nos monet, ut quocunque raptũ uel stabile fore velimus memoriae literis commendemus. Ea propter Ego Alfonsus Portugalensiũ Rex Et Vxor mea Regina Mahalda una cũ filijs nostris, Rege … Sancio, Regina que Orraca et Regina Mahalda facimus uobis Taraseae Alfonsi Cartam donationis ac scriptum in perpetuũ firmissimum de toto illo cauto de Algeris cum omnibus suis pertinentijs et appenditijs et cum omnibus suis terminis primis et nouissimis. Termini si quidem ipsius Cauti hi sunt in primis in aquilone diuiditur cum Lamego per pelago de Mauriano, deinde per valem uiridem, postea per Laginam, deinde … qua uertente cum queimada, postea ad aream de Mendo hermezendis, deinde per aream de Pelagio Randis, postea per viam couam deinde per Ledanarium, postea ad fontem de Salgueiro deinde ad Sartaginem, postea … cum Loemir per Laginam …, deinde per aquam de Torno cum pallaciolo postea ad fontem de Centanaes, deinde ad Capita de Furadorio, deinde ad Cautum de Cruzilada de S.to felice, reuertente ad portum de Aluares, deinde jungit per Venam de Barosa ad pelagum de Mauriano. Damus uobis atque concedimus ipsum Cautum de Algeriz firmiter, et absque omnia contradictione pro

78


peccatorum nostrorum remissione, et pro seruitio quod nobis fecistis quatenus uos illũ pro animae nrãe remedio offeratis et tribuatis ad illud Monasterium de Salzeda, habeatis uos ipsum prefatum Cautum firmiter, et omnes vestri suscessores ibi sub regula beati Benedicti habitantes quicunque igr hoc factum ac solenne scriptum uiolare tentauerit pariat nomine poenae quingentos modios. Facta carta Mense Junij per manus Petri Amarelli qui est scriba sub manu Alberti Magistre Cancellarij Regis Alfonsi in Era Milsma centes.ma sexages.ma tertia. Ego Alfonsus Rex roboro et confirmo, Ego Regina Mahalda roboro et confirmo, Ego Rex Sancius roboro atque confirmo, Ego Regina Orraca roboro et confirmo, Ego Regina Mahalda filia Alfonsi Regis roboro et confirmo, Joannes Peculiaris Archiepũs Bracharensis confirmo, Menendus Episcopus Lamecensis confirmo, Petrus cognomento Senior Epũs Portugalensis confirmo Odorius Visensis Episcopus confirmo, Fernandus Captiuus dapifer Regis testis ……. Petrus pelajis testis, Sancius Monis qui tenet Taraucam testis.

Documento n.º 3 Falsificação Carta de firmidão ao Mosteiro de Santa Maria de Salzedas Data: Junho de 1155 In REUTER, Abiah Elisabeth (1938) – Chancelarias Medievais Portuguesas. Coimbra: Instituto Alemão da Universidade. Volume I. PP. 247-249. In nomine sanctae et individuae trinitatis patris et filii et spiritus sancti amen. Principum et maxime regum est loca religiosa honorare, ditare, possessionibus ampliare ea propter ego Aldefonsus pius, victor, triumphator ac semper invictus gratia dei rex Portugalensium comitis Henrici et reginae Tharasie filius et magni regis Alfonsi nepos una cum filio meo rege Sancio et filiabus meis regina Orraca atque regina Maalta facio cartam firmitudinis et scriptum in perpetuum valiturum pro remedio anime mee et parentum meorum et pro servitio quod mihi exhibuit fidelissima ac devotissima Tharasia Alfonsi ecclesiae de sanctae Mariae de Salzeda, loco scilicet non personae tantum sed etiam ipsi personae scilicet Joanni Nunis abbati et omnibus successoribus eius ac monachis ibidem sub regula beati Benedicti abbatis degentibus de ecclesia sancti Martini de Gaya cum piscariis et pertinentiis suis et de hereditatibus quas habetis in Canellis de antrambos rios et de quintana de palaciis termino de sancto Felice cum totis suis hereditatibus et cum piscariis et pertinentiis suis et de villa viridi cum terminis et pertinentiis suis et de mossul et de portello cum terminis et pertinentiis suis et de queimada et de queimadella cum terminis et pertinentiis suis et de septem casalibus in sancto Petro de Varzena. Do et concedo supradictae ecclesiae illas hereditates quas superius determinavi, ita quod a modo nullam ibi habeam donationem vel potestatem nisi benefaciendi et defendendi. Quicunque igitur hoc factum ac sollemne scriptum violare temptaverit pariat nomine poenae quingentos modios. Facta Karta mense Iunii per manus Petri amareli qui est scriba sub manu Alberti magistri cancellarii regis Alfonsi. In Era M.ª C.ª L.ª XIII.ª Ego rex Alfonsus roboro et confirmo. Ego rex Sancius roboro et confirmo. Ego regina Maaalda filia regis Alfonsi roboro et confirmo. Fernandus captivus dapifer regis ts. Petrus pelaiz alferez ts. Sancius nunes qui Auracam tenet ts. Joannes peculiaris archiepiscopus bracharensis cf. Petrus cognomento senior episcopus portugalensis cf. Menendus episcopus lamecensis cf. Odorius visensis episcopus cf.

In AZEVEDO, Rui Pinto de (1958) - Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios. Lisboa: Academia Portuguesa de História. Volume I. Tomo I. PP. 316-317. In nomine S[anctae] et Ind[ividuae] Trin[itatis] P[atris] et F[ilii] et S[piritus] S[ancti] a[men]. Principum et maxime regum est loca religiosa honorare ditare possessionibus ampliare. Eapropter Ego Aldefonsus pius victor triumfator ac semper invictus Dei gratia rex Portugalensium, comitis Henrici et reginae Tarasiae filius et magni regis Alfonsi nepos, una cum filio meo

79


rege Santio et filiabus meis regina Orraca atque regina Maalta facio cartam firmitudinis et scriptum in perpetuum valiturum pro remedio animae meae et parentorum meorum et pro servitio quod mihi exhibuit fidelissima ac devotissima Tharasia Alfonsi ecclesiae de Sanctae Mariae de Salzeda, loco scilicet non personae tantum sed etiam ipsi personae scilicet Joanni Nunis abbati et omnibus successoribus ejus ac monachis ibidem sub regula beati Benedicti abbatis degentibus, de ecclesia Sancti Martini de Gaia cum piscariis et pertinentiis suis et de haereditatibus quas habetis in Canellis de Antrambos Rios et de quintana de Palatiis termino de Sancto Felice cum totis suis haereditatibus et cum piscariis et pertinentiis suis et de Villa Viride cum terminis et pertinentiis suis et de Mossul et de Portello cum terminis et pertinentiis suis et de Queimada et de Queimadella cum terminis et pertinentiis suis et de septem casalibus in Sancto Petro de Varsena. Do et concedo supra dictae ecclesiae illas haereditates quas superius determinavi, ita quod a modo nullam ibi habeam donationem vel potestatem nisi benefaciendi et defendendi. Quicunque igitur hoc factum atque sollempne scriptum violare temptaverit pariat nomine poenae quingentos modios. Facta Karta mense Junii per manus Petri Amareli qui est scriba sub manu Alberti magistri cancellarii regis Alfonsi, in Era M.ª C.ª L.ª XˇIII.ª +++. Fernandus Captiuus dapifer regis ts., Petrus Pelaiz alferiz ts., Sancius Nuniz qui Araucam ts. Ego Alfonsus rex roboro et confirmo, ego regina Maalda roboro et conf., ego rex Santius roboro et conf., ego regina Orraca roboro et conf., ego regina Maaalda filia Alfonsi regis roboro et conf. Johanes Peculiaris archiepiscopus Bracharensis conf., Petrus cognomento Senior episcopus Portugalensis conf., Menendus episcopus Lamecensis conf., Odorius Visensi episcopus conf. Petri Amareli notuit. REX ALFONSVS PORTVGALIS CONFIRMAT.

In REIS, Fr. Baltazar dos (2002b) – Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria de Salzeda. Fac-simile do livro de 1934. Lamego: Fábrica da Igreja Paroquial de Salzedas. PP. 27-28. In nomine sanctae et Indiuiduae Trinitatis Patris et Filij, et spũs Sancti Amen. Principum et maxime Regum est loca Religiosa honorare, ditare, possessionibus ampliare Ea propter Ego Aldefonsus pius victor triumphator, ac semper jnuictus, Dei gratia Rex Portugalensium, Comitis Henrici, et Reginae Taraseae filius, et Magni Regis Alfonsi Nepos, una cum filio meo Rege Sancio et filiabus meis Regina Orraca, atque Regina Maalta facio Cartam firmitudinis et scriptũ in perpetuũ ualeturum pro remedio animae meae et parentum meorum et pro seruitio quod mihi exhibuit fidelissima ac devotissima Tarasea Alfonsi Ecclesiae Sanctae Mariae de Salzeda, loco scilicet non personae tantũ, sed ipsi personae Joanni Nunez Abbati, et oibus suscessoribus suis, ac Monachis ibidem sub regula Sancti Benedicti Abbatis de gentibus de Ecclesia Sancti Martini de Gaya cum piscarijs et pertinentijs suis, et de haereditatibus quas habetis in Canellis de entrambos os Rios, et de quintana de pallacijs termino de Sancti Felicis cum totis suis hereditatibus et piscarijs et pertinentijs suis et de Villa uiridi cum terminis et pertinentijs suis, et de Moçul Et de Portello cum terminis et pertinentijs suis, et de Queimada et de Queimadella cum terminis et pertinentijs suis et de septem Casalibus in sancto Petro de Varzena. Do et concedo supradictae Ecclesiae illas haereditates quas superius determinaui ita quodamodo nullam ibi habeam dominationem uel potestatem nisi benefaciendi et defendendi. quicumque igitur hoc factum atque sollenne scriptum violare tentauerit pariat nomine paenae quingentos modios. facta Carta Mense Junij per manus Petri Amarelli qui est scriba sub manu Alberti Magistri Cancellarij Regis Alfonsi Sub Era Milles.ma, centes.ma sexages.ma, tertia Ego Rex Alfonsus roboro et confirmo, Ego Rex Sancius roboro et confirmo, Ego Regina Orraca roboro et confirmo Ego Regina Maalda filia Alfonsi Regis roboro et confirmo Fernandus Captiuus dapifer Regis testis, Petrus pellaij Alferis testis, Sancius Nunes qui Araucam tenet testis, Joannes peculiarijs Archiepũs Bracharensis confirmo Petrus cognomento Senior Epũs Portugalensis confirmo Menendus Epũs Lamecensis confirmo Odorius Visensis Epũs confirmo, petrus Amarelli notuit Rex

80


Alfonsus portugalensiũ Confirmo.

Documento n.º 4 Carta de firmidão ao Mosteiro de Santa Maria de Salzedas Data: 29 de Janeiro de 1161 In REUTER, Abiah Elisabeth (1938) – Chancelarias Medievais Portuguesas. Coimbra: Instituto Alemão da Universidade. Volume I. PP. 279-280. In nomine sanctae et individuae trinitatis patris et filii et spiritus sancti amen. Principum et maxime regum est loca religiosa honorare, ditare, possessionibus ampliare. Ea propter Ego Aldefonsus pius, victor, triumphator ac semper invictus Dei gratia rex portugalensium comitis Henrici et reginae Tarasiae filius et magni regis Alfonsi nepos una cum filio meo rege Sancio et filiabus meis regina Orraca atque regina Mahalta facio cartam firmitudinis et scriptum in perpetuum valiturum pro remedio animae meae et parentum meorum et pro servitio quod mihi exhibuit fidelissima ac devotissima Tarasea Alfonso ecclesiae de sancta Maria de Salzeda loco scilicet non personae tantum sed etiam ipsi personae scilicet Joanni Nunez abbati et omnibus successoribus eius ac monachis ibidem sub regula beati Benedicti abbatis degentibus de ecclesia sancti Martini de Gaya cum piscariis suis per hos terminos; quomodo incipit per Dorium super piscarium de Matre et inde per petram de deveza et fert in in carreriam quae venit de Gaya et inde per ripam antiquam et inde fert in fontano et inde venit in directum donec fert in monte et inde quomodo dividitur per villar et fert in Dorium. Do et concedo supradictae ecclesiae illam hereditatem quam superius determinavi, ita quomodo nullam ibi habeam dominationem vel potestatem, nisi benefaciendi et defendendi. Praeterea autoriso eidem ecclesiae de Salzeda totam ipsam hereditatem de Argeriz cum suo cauto et cum omnibus villis quae sunt ibi et quae ad regale ius pertinent. Cautum ita determinatur ex una parte per portam de Alvares et per montem de Almudafaz et per fonte de Salgueiro et per caput de furadoiro quomodo dividitur cum Palaciolo et revertitur in torno et quomodo dividitur cum Sever atque cum Seixas et cum Serzedas et cum sancta Maria de Cobazaim et cum Sartagine et cum sancto Martino per vallem de Cadellas et per illum saxum de Ledenario et cum sancta Cruce per aucturas atque Hermamar et per illam aream de Pelagio Randiz et per illam viam antiquam usque in montem rasum atque cum illa ficulnea de area petrina et cum Lameco per vallem viridem et intrat in Barosam. Do et concedo hoc totum cautum ecclesiae de Salzeda sicut superius nominavi. Facta carta hereditatis et testamenti quarto Kalendas februarii Era Millesima centesima sexagesima nona. Ego Aldefonsus rex portugaliae una cum filiis meis hanc cartam quam fieri iussi propria manu roboro atque confirmo et quicumque hoc factum meum frangerit pariat quingentos solidos ibidem commorantibus. Rex Alfonsus Portugalis. Guncalvus dapifer curiae ts. Petrus signifer ts. Menendus lamecensis episcopus ts. Magister Albertus cancellarius nt.

In AZEVEDO, Rui Pinto de (1958) - Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios. Lisboa: Academia Portuguesa de História. Volume I. Tomo I. PP. 354-355. In nomine Sanctae et Individuae Trinitatis Patris et Filii et Spiritus Sancti amen. Principum et maximum regum est loca religiosa honorare ditare possessionibus ampliare. Eapropter ego Aldefonsus pius victor triumphator ac semper inuictus Dei gratia rex Portugalensium comitis Henrici et reginae Tarasiae filius et magni regis Alfonsi nepos una cum filio meo rege Sancio et filiabus meis regina Orraca atque regina Mahalte facio cartam firmitudinis et scriptum in perpetuum ualiturum pro remedio animae meae et parentum meorum et pro seruitio quod mihi exhibuit fidelissima ac devotissima Tarasea Alfonsi ecclesiae de Sancta Maria de Salzeda loco scilicet non personae tantum sed etiam ipsi personae scilicet Joanni Nunez abbati et omnibus

81


suscessoribus ejus ac monachis ibidem sub regula beati Benedicti abbatis degentibus de ecclesia Sancti Martini de Gaya cum piscariis suis per hos terminos, quomodo incipit per Dorium super piscariam de Matre et inde per petram de deueza et fert in carreriam quae venit de Gaya et inde per ripam antiquam et inde fert in Fontano et inde uenit in directum donec fert in Fontano et inde uenit in directum donec fert in monte et inde quomodo diuiditur per Villar et fert in Dorium. Do et concedo supra dictae ecclesiae illam hereditatem quam superius determinaui ita quomodo nullam ibi habeam dominationem uel potestatem nisi benefaciendi et defendendi. Praeterea autoriso eidem ecclesiae de Salzeda totam ipsam haereditatem de Argeriz cum suo cauto et cum omnibus villis quae sunt ibi et quae ad regale jus pertinent. Cautum ita determinatur ex una parte per portam de Alvares et per montem de Almudafaz et per fonte de Salgueiro et per caput de Furadorio quomodo diuiditur cum Pallaciolo et reuertitur in torno et quomodo diuiditur cum Seuer atque cum Seixas et cum Serzedas et cum Sancta Maria de Lobazaim et cum Sartagine et cum Sancto Martino per vallem de Cadellas et per illum saxum de Ledenario et cum Sancta Cruce per Aucturas atque cum Hermamar et per illam aream de Pellagio Randiz et per illam viam antiquam usque in Montem Rasum atque cum illa ficulnea de Area Petrina et cum Lameco per Vallem Viridem et intrat in Barosam. Do et concedo hoc totum cautum ecclesiae de Salzeda sicut superius nominaui. Facta carta hereditatis et testamenti quarto Calendas Februarii Era millesima centesima sexagesima nona. Ego Aldefonsus rex Portugaliae una cum filiis meis hanc cartam quam fieri iussi propria manu roboro atque confirmo et quicunque hoc factum meum frangerit pariat quingentos solidos ibidem commorantibus. Rex Alfonsus Portugalis, Guncalvus dapifer curiae ts., Petrus signifer ts., Menendus Lamecensis episcopus ts., Magister Albertus cancellarius notuit.

In REIS, Fr. Baltazar dos (2002b) – Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria de Salzeda. Fac-simile do livro de 1934. Lamego: Fábrica da Igreja Paroquial de Salzedas. PP. 31-32. In nomine Sanctae et Indiuiduae Trinitatis Patris, et filij et Spũs Sancti Amen. Principũ et maximũ Regum est loca religiosa honorare ditare possessionibus ampliare. Ea propter Ego Aldefonsus pius, victor triumphator, ac semper Jnuictus Dei gratia Rex portugalensiũ Comitis Henrici et Reginae Taraseae filius et Magni Regis Alfonsi Nepos, una cum filio meo Rege Sancio, et filiabus meis Regina Orraca atque Regina Mahalte facio Cartam firmitudinis, et scriptum in perpetuum ualiturum pro remedio animae meae et parentũ meorũ et pro seruitio quod mihi exhibuit fidelissima ac deuotissima Tarasea Alfonsi Ecclesiae de Sancta Maria de Salzeda, loco scilicet non personae tantũ, sed etiam ipsi personae scilicet Joanni Nunez Abbati et omnibus suscessoribus ejus ac Monachis ibidem subregula beati Benedicti Abbatis de gentibus de Ecclesia Sancti Martini de Gaya cum piscarijs suis per hos terminos quomodo incipit per Doriũ super piscariam de Matre, et inde per petram de deueza, et fert in Carreriam quae venit Gaya, et inde per ripam antiquam, et inde fert in fontano, et inde uenit in directum donec fert in monte, et inde quomodo diuiditur per villar, et fert in Dorium do et concedo Supradictae Ecclesiae illam haereditatem quam superius determinaui, ita quomodo nullam ibi habeam dominatione uel potestatem, nisi benefaciendi et defendendi praterea autoriso Eidem Ecclesiae de Salzeda totam ipsam haereditatem ………. suo Cauto, et cũ omnibus Villis ………. et quae ………. jus pertinent, …….. ita determinatur ex una parte ……………………………….. Salgueiro et per caput de furadoiro, quomodo diuiditur cum Pallaciolo, et reuertitur in torno et quomodo dividitur cum Seuer, atque cum Seixas et cum Serzedas et cũ Sancta Maria de lobazaim, et cum Sartagine, et cũ Sancto Martino per vallem de Cadellas, et per illum saxũ de Ledenario, et cũ sancta Cruce per aucturas, atque cum Hermamar, et per illam aream de pellagio Randiz, et per illam viam antiquam usque in monte rasum, atque cũ illa ficulnea de area petrina, et cum Lameco, per vallem uiridem et intrat in Barosam: do et concedo hoc totũ Cartum Eclesiae de Salzeda sicut superius nominaui. facta Carta haereditatis et testamenti quarto Cals Februarij Era Milles.ma, centes.ma sexages.ma nona Ego Aldefonsus Rex portugaliae una cum filijs meis hanc Cartam …… fieri Jussi propria manu roboro atque confirmo et quicumque hoc factum meum …………. quingentos solidos: ibidem ………… Rex Alfonsus portugalis …………… dapifer Curiae testis ……………..……. Lamecensis

82


Episcopus testis, Magister Albertus Cancellarius notuit.

Documento n.º 5 Carta de doação a D. Mendo, Bispo de Lamego, da igreja de Bagaúste Data : Março de 1164 In REUTER, Abiah Elisabeth (1938) – Chancelarias Medievais Portuguesas. Coimbra: Instituto Alemão da Universidade. Volume I.PP. 292-294. In nomine sancte et indiuidue trinitatis patris et filii et spiritus sancti amen. Quoniam potentum principum et maxime regum est /loca religiosa honorare, ditare, possessionibus ampliare et quoniam eorundem regum munificentia regalis est seruientes / sibi amplissimis beneficiis remunerare, ea propter ego alfonsus pius, felix, triumphator ac semper inuictus portugalen/sium rex una cum filio meo rege sanccio et cum filiabus meis regina mahalda spontanea mea / uoluntale et amore domine tarasie facio kartam donationis in perpetuum ualituram menendo dei gratia lamecensi / episcopo et omnibus successoribus eius de ecclesia de bagaustj cum omni cauto suo cum nemoribus, fontibus, riuis, canalibus, piscariis et de illis duobus casalibus, que habent iacentiam in uilla regis in uno quoque moratur uermudus pelaiz et in uno quoque moratur uermudus pelaiz et in alio gundisaluus / conillo cum omnibus suis terminis. Et cauto illa casali atque ab omnj regio iure absoluo, uidelicet uoce, caritelj, ca/lumnia, capdali. Hoc autem totum do lamecensj ecclesie pro illa deliberatione, quam fecit lamecensis episcopus ecclesie de sal/zeda. Quicumque igitur hoc factum irrumpere temptauerit, in primis sit maledictus et excomunicatus et cum datan et / abiron, quos terra uiuos obsorbuit condempnatur. Persoluat etiam nomine pene quingentos modios. Facta kartam / mense marcio sub Era M.ª CC.ª II.ª Ego alfonsus portugalensium Rex roboro et cf. Ego Sanctius rex roboro et cf. Ego Regina orraca roboro et cf. Ego Regina mahalda roboro et cf. Martinus conpostellanus Archiepiscopus ts. Petrus portugalensis Episcopus ts. Gundisaluus de sausa Dapiter Petrus pelagii alferaz Petrus gundisaluj regis sancj cancellarius nt.

In AZEVEDO, Rui Pinto de (1958) - Documentos Medievais Portugueses. Documentos Régios. Lisboa: Academia Portuguesa de História. Volume I. Tomo I. P. 368. In nomine Sancte et Indiuidue Trinitatis Patris et Filii et Spiritus Sancti amen. Quoniam potentum principum et maxime regum est loca religiosa honorare ditare possessionibus ampliare et quoniam eorundem regum munificentia regalis est seruientes sibi amplissimis beneficiis remunerare, eapropter ego Alfonsus pius felix triumphator ac semper inuictus Portugalensium rex una cum filio meo rege Sanccio et cum filiabus meis regina Orraca et regina Mahalda, spontanea mea uoluntale et amore domine Tarasie, facio kartam donationis in perpetuum ualituram Menendo Dej gratia Lamecensi episcopo et omnibus successoribus eius de ecclesia de Bagaustj cum omni cauto suo cum nemoribus fontibus riuis canalibus piscariis et de illis duobus casalibus que habent iacentiam in Villa Regis in uno quorum moratur Vermudus Pelaiz et in alio Gundisaluus Conillo 83


cum omnibus suis terminis. Et cauto illa casalia atque ab omnj regio iure absoluo uidelicet uoce caritelj calumpnia capdalj. Hoc autem totum do lamecensj ecclesie pro illa deliberatione quam fecit Lamecensis episcopus, ecclesie de Salzeda. Quicumque igitur hoc factum irrumpere temptauerit in primis sit maledictus et excomunicatus et cum Datan et Abiron quos terra uiuos obsorbuit condempnatur, persoluat etiam nomine pene quingentos modios. Facta kartam mense Marcio sub Era M.ª CC.ª II.ª Ego Alfonsus Portugalensium rex roboro et conf., ego Sanctius rex roboro et conf., ego regina Orracca roboro et conf., ego regina Mahalda roboro et conf. Martinus Conpostellanus archiepiscopus ts., Petrus Portugalensis episcopus ts., Gundisaluus de Sausa dapiter, Petrus Pelagij alferaz. Petrus Gundisaluj regis Sanccij cancellarius notuit.

Documento n.º 6 Carta de foro de Vila Chã Data: Março de 1295 In DUARTE, Luís Miguel (1997) – A aldeia de Vila Chã do Couto de Salzedas, do aforamento colectivo de 1295 ao foral manuelino. In DOURO – Estudos & Documentos. Porto: GEHVID. Volume I (3). PP. 39-40. Saibam

quantos virem esta prezemte carta como nos Frei Pedro abbade e o convento do Mosteiro de Santa Maria de

Salzedas damos a vos Dom Estêvão e a vossa mulher Maria Pirez e a vos Domingos Domingues e a vossa mulher Maria Domingues e a vos Martim [e a] vossa mulher Lourença Domingues e a vos Domingos Joanne [e] a vossa mulher Maria Pirez e a vos Domingos Estevez e a vossa mulher Sancha Joannes e a vos Pedro Mendez e a vossa mulher Margarida Martinz e a vos Constança Pirez e a vos Christovão Domingues e a vossa mulher Dominga Mendez e a vos Domingos Dias e a vossa mulher Elvira Domingues e a vos Domingas Viegas [e] a vos Domingos Duraes [e] a vossa mulher Sancha Martinz e a vos Pedro Afonso (?) e a vossa mulher Giralda Joannes e a vos Martim Joannes e a vossa mulher Joanna Pirez e a vos Pedro Miguel e a vossa mulher Durança Martinz e a vos Domingos Martinz e a vossa mulher Maria Joannes e a vos Domingos Abril e a vossa mulher Lourença Pirez e a vos Dom Bartolomeu e a vossa mulher Maria Joannes e a vos Durão Joannes e a vossa mulher Junha [sic] Esteves e a vos Martim Estevez e a vossa mulher Maria Gonçalviz e a vos Pedro Domingues e a vos Domingos Domingues e Maria Martinz mulher de Pedro Domingues que depos morte de Maria Fernandez vossa [fól. 9v] madre avedes aquelles dois casaes que hora tem e a filhos de Domingos Pirez e de Maria Martinz que ajão aquele cazal em que hora mora o dicto Domingos Pirez depos sa morte e a filhos de Martim Durães e de Dona Domingas que ajão depos sa morte o dicto cazal de Martim Durães. Nos abbade e convento de suzos ditos fazemos carta de foro de perduravel firmidõe pera todo sempre a vos de suzo nomeados e a quada [hum de] vos for [sic] da nossa aldea de Villa Cham com todo seu termo e com todas as pertenças entradas e saidas assi como hora avedes e en como a cada hum de vos trage en este tempo pera tal preito que dedes ende a nos en cada hum anno o quinto e o dizimo de todo o pão que vos Deus der e tres teigas de eiradiga e um sesteiro de trigo de direitura pera o sempre destes [sic] e o quarto de todo o al que lavrares e estiva de linho como sempre destes e por Natal senhas espaldas de porco com doze costas e por Janeiro duas duas galinhas e vinte vinte ovos e por Paschoa senhos cabritos vivos ou tres [fól. 10] senhas pernas de carneiro ou tres tres soldos e senhas soldadas de pão e senhos bargaes de oito oito varas ou nove soldos e senhos quarteiros de castanhas secas por Janeiro pera como a sempre destes e nove nove soldos por serviço e oito oito geiras e se as nos não tuveremos [sic] dardes oito oito soldos por ellas e senhos carneiros comnos bois e comnos corpos a abbadia pera carreiar os arcos ou trazer pera serra madeira pera os canaes se nos mister ouvermos e pera a vindima vendimar de cada cazal duas duas mulheres ou moços que possão vendimar ou oito oito

84


dinheiros e nos não seremos teudos de vos estorvar quando colherdes vossas castanhas e dardes em cada hum anno quatro maravedins pellos dizimos de nossos gados e por portagem e coimas salvo de homem morto em rouzo e lixo em boca e as mosteias da palha como sempre uzastes a dardes no las ata sima de Janeiro e se ata ahi por ellas não enviaremos poerdelas en hum ligar hu seja e se se perder [fól. 10v] perder não serdes teudos nem nola demandarem mais por aquelle anno. E se por ventura cada hum de vos e os seus cazaes acressentarem gente se forem homens darem nos en cada hum anno dois dois dias de rogo ou dois dois soldos qual nos quiseremos e [se] forem molheres darem nos dois dois dias pera vendimar e nos ajudar menos (?) no tempo do pão (como sempre uzamos) e vos deveres a nos dar em cada hum anno estas cousas de suzo ditas bem e emtragadamente assi como de suzo he dito e não chus. Ajades vos de suzo ditos essa dita herdade pera todo sempre pera vos e pera quem de vos for pera todo sempre per este foro de suzo dito pera vender e dar a quem vos quizeredes con este foro de suzo dito a homem que seja do couto e se vender quizeredes venderdes por nosso mandado a homem do couto com seu foro e se vinhas fizerdes darde nos o quarto e a lagaradiga e não chus e nos daremos madeira pera o que ouverdes assi como o sempre uzamos. E por esta ser maes [fól. 11] maes firme mandamos ende fazer duas cartas partidas por ABC das quaes vos de suzo ditos terdes a hua e o mosteiro a outra. Quem quer que contra isto vier que a carta queira contradizer ou embarguar peite a parte duzemtos maravedis e a carta ser firme e estavel pera todo sempre. Feita a carta no Moasteiro de Salzedas no mes de Março. Era de mil e trezentos e trinta e tres annos. Prezemtes estavão Estevão Pirez Prior Pedro Estevez Suprior Dom Domingos sanchristão Girald'Eanes selereiro maior Domingos Pirez camareiro Dom Bartolomeu e Domingos Martinz de Villa Nova e Dom Giraldo. Testemunhas Marcos Pirez que o escrevi por mandado do Dom Abbade.

Documento n.º 7 Foral do couto de Salzedas Data: 5 de Janeiro de 1504 In DUARTE, Luís Miguel (1997) – A aldeia de Vila Chã do Couto de Salzedas, do aforamento colectivo de 1295 ao foral manuelino. In DOURO – Estudos & Documentos. Porto: GEHVID. Volume I (3). PP. 42-44. Dom Manoel por graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves d'Aquem e d'Alem Mar e em Africa senhor de Guine e da conquista navegação comercio [da] Ethiopia Arabia Percia e da India. A quantos esta nossa carta de foral dado ao Couto de Salzedas pera sempre virem fazemos saber que por bem das sentenças determinações geraes e especiaes foram dadas feitas por nos e que os de nosso Conselho e letrados asserca dos foraes de nossos reinos e dos dereitos reaes e tributos que se por elle avião de arecadar e pagar e assi pellas as inquirições que principalmente mandamos fazer en todos os lugares de nossos reinos e senhorios e justificadas primeiro com as pessoas que os ditos dereitos reaes tinhão achamos vistos os prazos do mosteiro e contratos que os tributos foros e direitos reaes no dito couto se devião de arrecadar e pagar daqui en diamte na maneira seguinte: Mostra se pellos contratos e aforamentos que o dito mosteiro tem feito con os moradores e cazeiros nos lugares do dito seu couto deveren se de pagar nelle os dereitos que particularmente a cada hum dos ditos lugares são contheudos e declarados por seus contratos e escrituras. Primeiramente o lugar da Granja Nova foi aforado enfatiota pello mosteiro con o convento con sua solemnidade a vinte moradores con este foro convem a saber que paguem quarto de todo pão vinho linho legumes que colherem e de castanha somente seis alqueires dellas picadas e limpas e cada hum destes vimte cazaes pagara hua espadoa de porco a saber todo o quarto dianteiro con do [fól. 6v] con doze costas que he maes que quarto e não sejão obrigados de o darem do milhor porco que matarem mas da lo ão de qualquer porco arezoado contanto que o dito quarto passe de vinte arrateis e não passe de vinte e sete e quem não tiver porco pera o paguar paguarão os vinte arrateis a dinheiro segundo valer na terra. E mais cada hum cazal hum quarto de

85


carneiro hum cabrito oito geiras de graça dando lhe o dito mosteiro de comer. E quem tiver juntas de bois dara mais duas geiras com o corpo aos canais do dito mosteiro. E assi os ditos vinte cazaes como quaesquer outros moradores no dito lugar dão mais ao dito mosteiro cada anno duas geiras a que chamam de rogo pera as quaes resebem moços ou moças ainda que sejão pequenas como forem pera vindimar ou apanhar azeite ou castanha e paguão mais cada hum dos vinte cazaes tres galinhas cada anno e vinte ovos e mais dois alqueires e meio de trigo desta medida pellas duas teigas da medida velha que paguavão e hum feixe de palha triga quanto hum homem pode levar as costas mais hum meo carro de palha senteia e seis reais e dois seitis e quatro varas de bargual. E por estes foros que assi pagão não pagarão mais nenhum foro da fruita nem de folha nem de erva posto que a seguem e vendão e por conseguinte não pagarão dizimo de nenhua das ditas couzas nem de nenhuas outras somente dos gados e couzas vivas. Da dita maneira e con os ditos foros e liberdades he aforada Villa Cham a vinte quatro cazaes sem nenhua diferença como estes da Granja Nova. O lugar da Cucanha que he cabeça do dito couto e assi os lugares de Cimbres Meixedo Murganheira Villa Pouca Firmilo e Valdeves todos dentro no dito couto sam aforados com o dito mosteiro por prazos de tres vidas con as condições e pagas declaradas nos prazos e escrituras que cada hum tem segundos as quaes pagarão daqui en diante sem outra contradição. Não ha hi maninhos porque tudo he aforado pellas ditos moradores pellos ditos aforamentos e os montados dos gados de fora con que os do couto não tiverem vizinhança ou guardarem irmandade seram do mosteiro por suas avenças ou posturas segundo se sempre fez e custumou. Gado do vento quando se perder sera do mosteiro com declaração que a pessoa a cuja mão ou poder for ter o dito gado o venha escrever a des dias primeiros seguintes sob pena de lhe ser [de]mandado de furto. Não se leva portagem nem se levava em nenhum campo. Da penna d'arma se levara duzentos reaes e as armas perdidas as quaes sejão do juis da terra se as tomar no arroido sendo demandadas peramte o juiz do anno passado ou serão do meirinho da comarca contanto que não sejão passados tres dias depois do arroido e não se levarão com estas limitações quando apunharem espada ou qualquer outra arma sem atirar nem as que tem proposito en reixa nova tomarem pao ou pedra posto que fizerem mal e posto que de proposito as tomem senão fizerem mal con ellas não [fól. 7v] pagarão nem a pagara moço de quinze annos e dahi pera baixo nem mulher de qualquer idade nem os que castigam sua mulher e filhos e escravos tirarem sangue com bofetada ou punhada nem quem em defendimennto de seu corpo o apertar e estremas outros en arroido tirarem armas posto que con ellas tirarem sangue nem escravo de qualquer idade que sem ferro tirar sangue. Tem o dito mosteiro no dito couto rellego o qual determinamos nesta maneira convem a saber declaramos não se por senão nos derradeiros quinze [dias] de Junho e primeiros quinze [dias] de Agosto somente avendo respeito que se o vinho dos dizimos fosse apartado do dos foros não se daria rellego senão ao do foro no qual mes se tera esta maneira convem a saber juizes vereadores e procuradores do conselho por dia de S. Martinho de cada hum anno irão en cada hum anno ver a dita adega do mosteiro e saberão por juramento dos Evangelhos dos arrecadadores do dito vinho quanto he e qual he o vinho do mosteiro que se ouve ou ouverão cada hum anno das sobreditas rendas do sobredito couto sem entrar ahi outro e escreverão assi porque se não possa vender outro de fora do dito mes do rellego no qual mes não metera ninguem nem vinho de dentro nem de fora pera vender a graça nem meudo. Porem poder se a vender graça per almudes [fól. 8] pera fora qualquer vinho que ahi ouver colhido e quem quizer trazer de fora pera vender no tempo do rellego vinho pode o fazer contanto que pague de cada carga hum almude ao rellegueiro e quem o vender sem licença ou meter no dito tempo perdera pella primeira vez o vinho e as vazilhas. E se ante do dito mes sahir se acabar de vender o dito vinho não durara mais o rellego delle nem se metera no dito tempo nenhum outro vinho en seu lugar e qualquer podera vender llogo o seu vinho ou atavernado como quizer sem penna. E se algum vinho ficar por vender

86


dentro no dito mes ao dito mosteiro não se podera vender mais ahi no outro tempo por meudo somente por graça e pera fora. No tempo do rellego farão tantas tavernas na terra quantas paresserem necessarias a serventia do povo. E qualquer pessoa que for contra este nosso foral levando mais dereitos dos aqui nomeados ou levando maiores quantias das aqui declaradas o avemos por degradado por hum anno fora de villa e termo e maes pague da cadeia trimta reaes por hum do todo o que assi maes levar pera a parte a que os levasse e se os não quizer levar seja a metade pera quem o acuzar e a outra metade pera os cativos. E damos poder a qualquer justiça onde acontesser assi juizes como vintaneiros ou quadrilheiros que sem mais processo de juizo nem ordem sumariamennte [fól. 8v] sabida a verdade condenem os culpados no dito cazo do degredo e assi do dinheiro athe quantia de dois mill reaes sem apellação nem agravo e sem disso poder conhesser almoxarife nem contador nem outro official nosso nem de nossa fazenda en cazo que assi aja. E se o senhorio dos ditos direitos do dito foral quebrantar por si ou por outrem seja logo suspenço delles e de toda a jurisdição do dito lugar se a tiver enquanto Nossa Merce for e mais as pessoas que en seu nome ou por elle o fizerem encorrerão nas ditas pennas e os almoxarifes e escrivães dos ditos dereitos que o assi não comprirem perderão logo os ditos officios e não averão maes outros. E portamto mandamos que todas as couzas contheudas neste dito foral que nos pomos por lei se cumpra pera sempre. Do theor do qual mandamos fazer tres hum delles pera a Camara do Couto de Salzedas e outro pera o senhorio dos ditos dereitos outro pera a nossa Torre do Tombo pera en todo o tempo se poder tirar qualquer duvida que sobre isso possa sobrevir. Dada em a nossa mui nobre e sempre leal cidade de Lixboa a 5 dias de Janeiro do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo mil e quinhentos e quatro annos. E eu Fernão de Pina o fiz fazer por mandado de Sua Alteza e o escrevi e consertei e vai en sinquo folhas con esta. Rei.

87


Auto de Inventário do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas (1834). Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. Caixa n.º 2249, IV-D-25 (1).

Documento n.º 1 Nº 344 Salzedas, Mosteiro de Santa Maria – São Bernardo NºAntigo – 9 – Beira Alta Mosteiro de Santa Maria da Ordem de São Bernardo em Salzedas concelho (sic) de Mondim, Beira Alta, comarca de Lamego, Maço.11 nºs 1758. Lançados os Bens de Raiz no Livro de ... a folhas 5 a 6, Nº45 a 70 Extratado no caderno 10

Fl.3 Mosteiro de Santa Maria da Congregação de São Bernardo em Salzedas concelho de Mondim O Inventario deste Mosteiro foi feito pelo Procurador Interino de Mondim Joze Marques Paul em cumprimento do Officio do sub Perfeito da Comarca de Lamego. Inventariantes o Prior do dito Mosteiro o execelentissimo Padre João de Pinho e o excelentissimo Porfesso Pedro de Santa Anna encarregados da guarda dos bens do dito mosteiro por officio do Corregedor da Comarca e do Vigario Capitular do Bispado. Do mesmo inventario consta que os paramentos entenulios do dito mosteiro forão repartidos pelas freguesias, pelo Governador do Bispado e pelo por elle encarregado o Cura Antonio Correa de Proença.

Huma cruz de ouro com doze diamantes cravados e tres aneis com pedras, dellas tomou conta o Vegario Capitular do Bispado. Os bens moveis forão arrematados por 288$690, e não se ...... o seu destino. A Cerca foi arrendada a Pedro de Santa Anna por 24$000 para serem pagos ao Depozito de Lamego. As cazas dos lagares e horta do Sabollal arrendadas ao Padre Bernardo do Espirito Santo por 9$600 para serem pagos no dito Depozito. A Livraria consta ter ficado na mesma caza aonde se achava.

Fl.4 Fogão e mezas da Botica forão arrematadas por Manuel Lopes administrador que foi da mesma botica por 185$000 o qual igualmente arrendou a caza onde a mesma se achava por 10$000 annuaes com obrigação de entregar tudo no deposito de Lamego. E do Auto de Contas tomado ao dito ademenestrador pelo Provedor do concelho de Mondim comta que elle ontorgou nesse Auto 2$680 saldo das ditas contas. Da Caza da Tulha a cobrança dos foros no lugar de Villa Verde e bens moveis nella existentes e Morta ficou por depositario Joze Cardoso Monteiro do dito lugar. Depositario dos bens moveis que não forão arrematdos da Quinta da Folgoza he Joaquim Antonio do Carmo rezidente na mesma e della ademenestrador. O vinho existente na Adega .... a uva da Quinta perdurasse foi arrematado por Antonio Joze da Varzea caixeiro de Antonio Bernardo Ferreira do lugar da Regoa o qual ficou de depozitar no sobredito depozito 2 000$000 para pagamento do que perdurasse do dito vinho.

88


Alguns bens moveis e semoventes forão arrematados por deversos que fuorão obrigados de entrarem com o seu perduto no dito depozito de Lamego. Os bens moveis da quinta do Mossul forão arrematados por Antonio Ribeiro.

Fl.5 Os frutos da dita quinta e foros de vinho e azeite pendentes forão arrematados por Joaquim Mendes de Magalhães do lugar de Palhaes com obrigaçao de entrar no depozito de Lamego com a sua emportancia athe o fim do ano de 1834, cujo arrematante ficou por depozitario dos moveis e Paramentos da capella da quinta. Comta acharemse arrendadas as Cazas da Tulha da Granja Nova, Simbres, Uqanha, Villa Chan, adversos.

Fl.6 Autto de revizão e louvassão feito no edeficio do extinto mosteiro de Salzedas segundo o lamentavel estado em que se acha. Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e sette annos aos des dias do mês de Julho do dito anno nesta Villa de Mondim e na residencia de Joze Marques Paul actual Admenistrador deste conceilho, ahi se achavão prezentes Manoel Afonço e Joaquim Afonço mestres pedreiros, Antonio Luis e Antonio Pereira mestres carpinteiros, os quaes por ordem do ditto admenistrador tinhão hido ver e examinar o edeficio do extinto mosteiro de Salzedas para desadirem os lotes ou devizoens que delle se podião fazer e avalisar, e por isso declaravão o seguinte: Em primeiro lugar declarão elles louvados que o estado em que se acha o ditto mosteiro he o mais deploravel a que podia chegar a sua ruina, porque já não tem solho algum, já não tem portas, já não tem janelas e já não tem o grande numaro de grades de ferro que tinha e as traves que tambem tinha de ferro que siguravão os forros e os tilhados e estes mesmos

Fl.7 Se achão demolidos em oito partes aonde chegou o incendio que lhe lançarão estando os mesmos tilhados sugeitos a ultima ruina e em breves tempos, finalmente athe se achão quebradas muntas pedras de cantaria, e tudo em tal estado que athe mete terror o entrar em tal edeficio. E passando a declarar as devizoens que ademete. 1ª - A caza chamada do Palheiro com sua eira e huma vinha pegada mas munto estragada tem devizão independente e tudo isto pode valer sem mil reis. 2ª - A caza da Tulha, muinhos istragados e lameiro pegado tambem tem intrada independente e tudo pode valer cem mil reis. 3ª A caza da Hospedaria com o competente eirado tem intradas já feitas pod valer cem mil reis.

Fl.8 Os dormitorios ademetem quatro devizoens, huma com a caza da Celeiraria e Adega pode valer cem mil reis. As tres partes do mesmo dormitorio ademetem tres lotes iguais mas percizão de se abrir nelle portas de intrada por onde milhor comvier e cada hum dis dittos lotes valem cecenta mil reis e todos tres cento e oitenta reis. Tem outra revizão e lote chamado a Noviciaria que tem bom acomodidade para se lhe abrir porta de intrada e vale bem cento e cincoenta mil reis. A Serca comtigua ao ditto edeficio se acha bem cultibada, bem tratada sem deneficação e ademete tres revizoens que se podem unir aos tres lotes asima referidos, ou juntos ou em separados. E por esta maneira disserão os dittos louvados que havião pror feitas as suas declaraçoens comforme intenderão de que elle

89


admenistrador mandou fazer este Autto que asignou com os

Fl.9 mesmos louvados e comigo Custodio Joze Gomes secretario que o escrevi Joze Marques Paul Manoel Afonço Joaquim Afonço Antonio Pereira Antonio Luiz Custodio Joze Gomes

Documento n.º 2 Fl.1 1834 Salzedas Autto de Inventario feito nos Paramentos Sagrados do extinto mosteiro de Salzedas. Bispado da Comarca de Lamego. Nº1 Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e oitocentos e trinta e quatro aos dezanove dias do mês de Julho do ditto anno neste lugar de Salzedas, bispado e comarca de Lamego aonde veio: Joze Marques Paul, Provedor Intrino do concelho de Mondim e emcarregado de tomar posse e fazer inventariar todos os bens civiz eclesiasticos que emcontrar no mesmo extinto mosteiro em cumprimento do Officio que recebeu da ......... Do corrente do Illustrissimo sub Perfeito desta dita comarca Francisco de Paula de Souza Villas-Boas comigo escrivão que por elle foi nomiado e com o Juiz ordenario do ditto concelho de Mondim Antonio Pereira; e logo o officiou e nomiou prova fiscal assistente a todos os outros que se seguiram ao Illustrissimo Francisco Diogo Vaz Pinto desta Fl.1vº Freguesia de Salzedas, Provedor Intrino neste mesmo destricto que logo se apresentou aquem o Juiz Comessario deste inventario emcarregou debaixo do juramento do seu cargo houvesse de promover e fiscalizar tudo quanto for provimento a bom …… da Fazenda Nacional ………. a ser incorporados os bens nos proprios da mesma Fazenda a que prometeu cumprir. E logo o mesmo Juiz Comissario, ditto Fiscal , dito Juiz Ordinario e comigo escrivão emtramos no referido mosteiro no qual se achava o ex Prior que no mesmo servio o Padre João de Pinho eo ex professo Pedro de Santa Anna emcarregados por officio do Doutor Juiz …… e Corregedor Intrino desta comarca Antonio T …….. da Motta e tambem emcarregados pello excelentissimo Vigario Capitullar deste Bispado para guardarem e darem conta de tudo quanto for pertencente a este ditto extinto mosteiro tendose hido do mesm os mais ex monges que nelle se achavão moradores por ordem do dito Doutor Corregedor Intrino: avista do que o mesmo Juiz Comissario tomou posse civel e natural do dito extinto mosteiro em nome da Rainha a Senhora Fl.2 D.Maria Segunda e de todos os bens civiz e eclaziasticos a elle pertencentes para serem incorporados nos proprios da Fazenda Nacional praticando neste acto de posse todos os que a Ley permite sem que emcontrace a menor contradição ....... face de muitas pessoas eclesiasticas e secullares que se ajuntarão ficando o mesmo Juis Comissario nesta ...... posse deliberando e praticando todos os mais autos posseçorios e com toda a liberdade e ............. dos mesmos emcarregados e de tudo mandou fazer este Autto que com todos asignou e eu Francisco de Almeida Cabral retribuidor contador inquiridor do Juizo da Correição e nomiado para esta delegencia que a escrevi em fé asignei Joze Marques Paul Francisco Diogo Vaz Pinto João de Pinho Pedro de Santa Anna Antonio Pereira Francisco d’Almeida Cabral Fl.2vº Descripção dos templos que tem o extinto Mosteiro de Salzedas O magistoso templo da principal igreja do referido mosteiro que alem do altar da capella mor tem mais doze altares colaterais todos ornados com imagens e costuais de pau e alguns dourados coliados com toda a descencia para nelles se selebrar e destacando se com mais alta descencia o da capella mor o do Senhor dos Passos e o de Nossa Senhora da Soledade todos na forma

90


como os extintos monges os conservarão. Na mesma igreja estão e ficão duas cardencias, seis cadeiras d’almofada e oito moixos de pau e a cadeira do pontifical forrada de branco e hum realejo. Junto a este mesmo templo há huma gramde e decente samchristia ornada e preparada com bons caixoens mezas e outros objectos a ella pertencentes que ao diante serão rolacionados pella forma ....... seguinte: Fl.3 Descripção dos ornamentos e mais pertenças do Culto Devino que se achão na samchristia deste extinto mosteiro Hum vazo grande de prata todo dourado e de grande valor e estimação coberto de rica seda com franja de ouro e bordado taobem a ouro a qual se acha no sacrario a respunçabilidade do parocho da freguezia que a que esta tinha hera inferior. Huma costodia que sendo o seu pé de pau dourado o resplendor della he todo de prata dourada com o redor do seu cercullo hemuldorado com serafins da mesma prata. Quatro calis ........ de prata dourados com as suas competentes patenas e colheres da mesma forma Hum ditto taobem de prata dourada com patena e colher mais inferior e do mesmo valor do que aquelles Huma ambola de prata dourada com os tres vazos competentes aos Santos Oleos, dentro de huma dessente caixa a porpução da sua grandeza Huma imagem de Nossa Senhora colocada em pé como de hua costodia tudo de prata dourada e de grande estimação que somente serve nas prociçoins Fl.3vº Huma relequia em figura de costodia com o titullo de São Braz de prata dourada e com vidros no cercullo Huma imagem de São Bernardo com resplendor de prata assim como he todo o corpo do mesmo e o vão della he cheio de pau. Huma imagem de São Bento semelhante em tudo a de cima com o acrescento de ter hum livro na mao chamado a Santa Regra taobem de prata Hum bago piqueno de prata que serva a ambas as dittas imagens quando são collocadas na igreja nas suas festividades tendo cada huma dellas seu relicario no peito taobem em prata Hum turibo e navetta de prata lavrada em muito bom uso Huma cruz grande de prata dourada com seos serafins e de grande valor estimação tendo seis canos no pé da mesma prata que tudo faz grande pezo Hum bago todo de prata sendo .......... delle dourada Huma candella de prata que servia para hua vella no Menisterio Fl.4 do Pontifical Hum retabolozinho de prata dourada com as letras das Indulgencias sendo as costas delle com forma de pau coberto de voludo dentro de huma caixa dessente Pessas de metal Hum turibo e navetta de metal amarello uzado Huma campainha grande de bronze com pé de pau Seis castiçais pequenos de metal amarello em bom uso Hum vazo de estanho para agua de pouco valor Huma bacia pequena de metal amarello que serve para fazer o polme para as hostias com Huma chuculateira de folha inferior Dois ferros de fazer as hostias uzados Tres pares de galhetas de vidro com pratos de estanho muito uzados Huma caixa de metal amarello para as hostias sem cobertoura Fl.4vº Paramentos Hum Pontifical branco riquissimo de damasco e seda a mais expecial e todas as pessas que ella contem são guarnecidas de galão e franja de ouro fino e bordadas do mesmo ouro em tao bom uso como que estivessem novas que se compoim o ditto Pontifical das pessas seguintes: Cazullas huma Dalmaticas quatro Capas quatro Estollas duas Manipullos tres Almofadas hua Frontal hum ....... quatro O veu que serve a Nossa Senhora da Conceição na porcição O veu de hombros Guorminal hum 91


Hum par de luvas Quatro mitras emcaxotadas sendo hua destas muito rica porque alem do ouro que tem he cravada de pedras por ambos os lados e as tres são mais inferiores O veu do caliz Hum sinto de setim lizo com suas borrellas de prata Huma mantinha com franja de ouro que Fl.5 Serve ao assistente que leva a mitra Dois veos de filó hum de seda com franja de ouro e outro de agudão sem ....... que servem para cubrir os paramentos Hum dito mais piqueno de filó de seda com franja de ouro Tres pares de sapatos de seda branca Paramentos separados dos do Pontifical Cinco vestimentas de damasco branco em bom uso bordadas a seda com galão nos antrameios de ouro fino e no redor della galão de ouro falço Dalmaticas duas da mesma qualidade e guarnição Quatro aliás tres estollas e tres manipulos comrespondentes as vestimentas supra no galão e na franja Mais duas estollas e tres manipulos da mesma qualidade com a deferença somente de ser o galão da guarnição falço Capas d’asperge oito de damasco branco da qualidade dos paramentos supra e com galão e franjão de ouro fino Sette bolças dos corpurães pertencentes ao paramento supra e da mesma qualidade Fl.5vº Sette veos pertencentes as dittas bolças guarnecidos com franja Duas almofadas para os missais pertencentes ao dito paramento da mesma qualidade e guarnição Hum docel da mesma qualidade e dita peretenção Hum frontal da mesma qualidade e guarnição e pertencente ao dito paramento Duas almofadas de damasco branco lizas que servem para a cadeira Pontifical Hum panno de seda branca de cobrir a mesma cadeira e mais outro dito mais uzado A mesma cadeira e forrada do mesmo damasco branco colocada na igreja e capella do altar mor Hum palio rico da mesma qualidade do paramento e todo guarnecido de galão e franja de ouro fino Paramentos brancos mais ordinarios Fl.6 Huma vestimenta de seda branca com galão d’ouro Quatro d’almaticas da mesma cor e seda bordadas a ouro e galão comrespondente Duas estollas e quatro manipulos da mesma qualidade e comrespondencia Dois veos de hombros da mesma comrespondencia Nove capas d’asperge taobem comrespondentes a mesma cor e paramento Hum palio de damasco branco forrado de sedinha vermelha com com franjas de ouro e suas competentes borrellas Hum frontal comrespondente ao mesmo paramento Paramento vermelho requissimo Huma capa de damasco de seda vermelha bordada a ouro com galão e Fl.6vº Franja do mesmo Duas dealmaticas da mesma qualidade Huma vestimenta comrespondente sem deferença Hum veo de hombros da mesma qualidade Huma almofada para o missal comrespondente Huma bolça de corporães com o seu competentes veo dentro da mesma taobem comrespondente Duas estollas e tres manipullos comrespondentes sem deferença Hum frontal da mesma comrespondencia sem deferença Paramento vermelho mais ordinario Huma vestimenta em bom uso de damasco vermelho forrada de sedinha taobem vermelha com galão no entremeio de ouro fino e a sua circunferencia Fl.7 com galão de ouro falço Huma capa de asperge comrespondente a vestimenta Duas dealmaticas da mesma comrespondencia Duas estollas e tres manipullos da mesma comrespondencia Hum veo de hombros semilhante 92


Hûa bolça de corporães com o seu competente veo dentro da mesma Huma rica vestimenta com a competente estolla e maniplo, bolça de corporães, com o seu competente veo dentro da mesma, tudo de damasco vermelho bordado a seda com galão d’ouro fino a excepção da espiguilha em volta da vestimenta que he d’ouro falço Paramento verde Huma vestimenta com estolla, maniplo, bolça de corporães e seu competente veo dentro della de damasco verde tudo guarnecido de galão fino e franja e em volta da vestimenta com galão falço Fl.7vº Seis vestimentas de damasco verde com galão de seda amarello já uzadas Duas dealmaticas da mesma cor e qualidade no mesmo uso Sette estollas e nove manipulos da mesma qualidade Huma capa d’asperges comrespondente ao referido Hum veo de hombros da mesma qualidade Seis bolças de corporães da dita qualidade que servem para verde e roxo Huma ditta que serve para todas as quatro cores Outra ditta com galão de ouro uzada de cor verde e roxo Seis veos de cobrir os calix de seda verde uzados e hu delles com espiguilha de ouro em volta Hum frontal de veludo verde com galão e franjão de ouro fino Fl.8 Paramentos de uso de diversas cores Cinco capas d’asperges de damasco branco já uzadas com galoens de seda Huma vestimenta de damasco branco bordada a seda e com galão amarello com a competente estolla, maniplo e bolça de corporães Outo vestimentas de damasco branco com galão de seda amarella uzadas Outo estollas e dez maniplos comrespondentes as vestimentas Seis bolças de corporães de damasco de cor branca e vermelha uzadas Duas dittas de cor branca Huma ditta das quatro cores Sette veos comrespondentes aquellas vestimentas muito uzados Hum pavilhão com as suas competentes cortinas de damasco branco e galão amarello do sacrario Hum docel de damasco branco Fl.8vº Com galão amarello já uzado Paramento roixo Hum palio de setim roixo em muito bom uso forrado de sedinha da mesma cor com borrollas de ouro fino e galoens de ouro falço Dois veos de hombros roixos, hum de seda amatizada com espiguilha e borrella de ouro falço outro bordado a fio de ouro e espiguilha taobem falço Hum pavilhão com suas cortinas que sendo roixo esta muito debotado, bordado e guarnecido de galão e franja de ouro falço Duas sanefas e seis pernas de cortinas de seda roixa guarnecidas de galão amarello proprias dos altares da igreja Hum veo roixo do esquife do Senhor com espiguilha de ouro falço Duas tunicas de seda roixa do Senhor dos Passos, huma em bom uso e outra imcapaz de servir Hum Santo Sedario Fl.9 Dois fanditorios de seda roixa uzados Duas cortinas de seda roixa com galão amarello de ouro falço em bom uso que servem para se cobrir o altar mor e mais huma taobem de seda sem galão do altar de Nossa Senhora Mais sette cortinas de paninho ordinario com galão amarello uzadas que servem para se cobrir os altares no tempo da Quaresma entrando neste numero hua de seda Huma almofada de voludo roixo bordada e guarnecida a ouro fino e hum veo de seda branca igualmente bordado e guarnecido do mesmo ouro que servem estas duas pessas riquicimas para adoração da Cruz Mais tres panos de cortinas dos altares para quando se cobrem roixos e panno ordinario Outo sanefas de seda roixa com franjão de ouro fino que servem de guarnecer em volta os andores do Senhor e Nossa Senhora Catorze bolças de voludo e seda roixas com galão de seda amarella que servem para cobrir os crucifixos na Quaresma Fl.9vº Hum pano de voludo roixo para a estante Sette vestimentas de damasco roixo com galão amarello já uzadas Cinco estollas e sette manipulos comrespondentes as ditas vestimentas Huma bolça comrespondente para os corporais de cor roixa e preta 93


Cinco veos roixos dentro da dita bolça Hum pano de damasco roixo guarnecido de galão e franja de ouro falço que mostra servir para couza d’armação Huma vestimenta rica de damasco roixo bordada de seda amarella com galão de ouro fino com estolla, maniplo, bolça de corporães e veo competente, sendo somente a espiguilha em volta de ouro falço Hu frontal comrespondente ao dito paramento Paramento vermelho de uso Cinco capas d’asperge de damasco vermelho guarnecidas de galão de seda amarella em muito bom uso Fl.10 Cinco vestimentas de damasco vermelho com guarnição de galão de seda amarello em bom uso Cinco estollas e cinco maniplos comrespondentes as ditas vestimentas Hum fandistorio do mesmo damasco bordado a seda amarella e guarnecido de galão comrespondente novo e muito rico Sette bolças de corporaes do mesmo damasco vermelho comrespondentes ao dito paramento e quatro veos de seda da mesma qualidade dentro de hua das ditas bolças Huma capa de seda vermelha de Nosso Senhor dos Passos Dois pares de cortinas de damasco vermelho com sua guarnição de espiguilha e galão falço que servem para os altares Hum pano grosso de pano vermelho ordinario com guarnição amarella já bem uzado que serve na porta da igreja com as armas do extinto mosteiro Fl.10vº Huma vestimenta avermelhada com desbaste amarello de droga ordinaria e com guarnição de galão e espiguilha falça com a competente estolla e maniplo, tudo já muito uzado Paramento preto rico Huma vestimenta de voludo preto rica com galão de ouro Duas dealmaticas da mesma qualidade e guarnição Tres estollas e tres maniplos da mesma qualidade com frabja de ouro Huma capa d’asperge do mesmo voludo e guarnição rica Hum veo de hombros de seda preta com espiguilha amarella de ouro falço Duas tunicellas de seda preta com espiguilha amarella de ouro falço Duas almofadas de veludo preto hua com gallão e borrelas de bom ouro e outra de galão de ouro falço tudo de hua bom de damasco roixo Fl.11 Hum pano de voludo preto rico com galão, franja e borrellas de bom ouro que servia para o esquife de Nosso Senhor Morto Hum frontal de voludo preto com galão e franja de ouro Huma vestimenta de damasco preto em bom uso com galão d’ouro sua competente estolla, maniplo, bolça de corporães, veo, com a ditta guarnição e franja e só a espiguilha he de ouro falço Paramento preto de uso Duas dealmaticas de damasco preto guarnecido de galão de seda amarella Quatro capas d’asperge do mesmo damasco e guarnição Sette vestimenta, oito estollas e dez maniplos de seda preta tudo com guarnição de galão amarello Sette bolças de corporais e seis veos de seda preta dentro de hua das dittas bolças com galão de seda amarella Fl.11vº Roupas brancas Outo alvas de panno de linho em bom uso Mais quatro dittas em milhor uso do mesmo linho Mais vinte e duas dittas do mesmo pano e mais uzadas Quarenta e quatro hamitos de pano de linho de todo o uso Quarenta e cinco sanguinhos de pano de linho de todo o uso Trinta cordoones brancos d’cingir as alvas Tres toalhas de maos de linho muito ordenarias Huma toalha de pano de linho cumprida da comunhão Tres dittas do altar mor do mesmo pano Oitto sobperlizes do dito pano e de todo o uso Quatro toalhas de lavatorio do dito pano e huma .......... de poder servir Vinte e tres toalhas de pano de linho dos altares ...... dos que se achão nos mesmos e de todo o uso Hum lençol do Senhor Morto Fl.12 Trinta e cinco toalhas redondas e trinta ....... quadrados Vinte e huma mezas de corporães 94


Outo manusterges livres dos que se achão nos altares Huma toalha rica de cambraia guarnecida com renda branca e bordada que servia para a comunhão dos padres na Semana Santa Quatro toalhas de cubrir as cardencias já uzadas Huma toalha sofrivel guarnecida que servia no lavatorio dos Pontificaes Sette missaes proprios do rito cistercience Nove livros de canthoxão Mais seis dittos do mesmo antigos Mais quatro livros intitullados salterios Hum lecionario grande Dois breviarios muito uzados Doze p......... do coro em bom uzo Quatro livros seremoniaes Fl.12vº Oito panos verdes escuros muito uzados que servião para alcatifar a capela mor Quatro tapetes lavrados dois maiores ordinarios e dois menores em bom uso Sette moxos com assentos de couro muito inferiores Tres mezas cardenciaes em bom uso Hum banco de encosto ao pe do lavatorio inferior Huma ......... de damasco branco uzada e aruinada Hum candeeiro das trevas de pau preto novo com todas as placas de metal amarello Hum tocheiro do Sirio Pascal Dois esquifes dourados, sendo hum delles mais dessente e assiado Ficão finalmente na caza jugada a da sanchristia varios trastes de pau com são caixas, almarios, caixotes ....... algumas e outras miudezas (entrelinhado), tudo de imsignificante valor por se acharem aruinados e com pouco prestimo Fl.13 Na mesma sanchristia ficão Huma imagem de Nosso Senhor Ressuscitado com gran descencia Outra ditta de Nosso Senhor Crucificado de grande altura com seu docel e veo com dois castiçais de pau Outro Crucifixo pequeno por sima da gaveta dos amitos Quinze quadros grandes em volta da mesma samchristia Dois espelhos grandes guarnecidos ...... E passando-se ao centro do corpo do referido extinto mosteiro nelle se achão as capellas seguintes: A capella com o titullo Abbacial em que selebravão os abbades esta ricamente pintada e dourada com os mais desentes aranjos com a veneração e imagem do decendemento da Cruz, e outras mais imagens nella colocados sem do mesmesma se ter extraviado algûa Nesta mesma capella e dentro della Fl.13vº Hum caxão com vidraça suposto já quebrada se acha a imagem do Senhor Morto em sima do altar que pertence a ademenistração da igreja Outra capella na noviciaria taobem desente da veneração do Senhor Prezo a Colluna E passandosoe a cerca deste ditto mosteiro nella se acha collocada huma rica capella construida a romana da veneração do Desterro de Nossa Senhora e mais outra imagem sem titullo tudo com a maior dessencia Capellas pertencentes ao ditto extinto mosteiro colocadas nos rodores delle e fora dos muros e dentro do seu inzento Huma capella de Nossa Senhora da Piedade junta aos simiterio em que se pode selebrar Outra de São Pedro aonde toabem se pode selebrar Outra ditta de Santa Barbara aonde taobem se pode selebrar Fl.14 Em nenhua das dittas capellas há paramentos e quando se ....... selebrar se levavão os paramentos do dito extinto mosteiro Há mais outra capella entitullada de Santa Cruz aonde por menor descencia se não diz missa Outra ditta com o titullo de Santo Antão que se acha na mesma forma da de cima E por esta forma houve elle Juiz Comissario esta descripção de bens sagrados e eclesiasticos por finda por se não encontrarem mais para se descreverem nem os dittos emcarregados do ditto mosteiro declararão que tivessem mais a descrever protestando que coro de se discubrir mais alguma couza o daram a Congregação pois sem dollo ou malicia tenhão declarado tudo o referido que tanto foi o de que se acharão emcarregados pella entrega que se lhes avião feito e asignarão com o mesmo Juiz Comissario dicto fiscal nomiado Juiz

95


Fl.14vº Ordinario e comigo Francisco de Almeida Cabral escrivão nomiado que o escrevi em fe asignei Joze Marques Paul Francisco Diogo Vaz Pinto João de Pinho Pedro de Santa Anna Antonio Pereira Francisco d’Almeida Cabral Fui entregue ------- ---------------- ------------- que foram inventariados neste inventario sendo aquelles que o excelentissimo senhor Governador do Bispado pessoalmente reportão para esta freguesia de Salzedas e ---------- --------- dos que recebi tambem reparti por ordem do mesmo excelentissimo senhor alguns forão pera as freguesias de Mondim, Dalvares e Gouviaens e todo o mais resto entregou pessoalmente o excelentissimo senhor. Salzedas 29 de Agosto de 1834. O incarregado pello dito excelentissimo senhor O Cura Antonio Correa de Proença Thomas

Documento n.º 3 Fl.1 Salzedas 1834 Nº2 Auto do segundo inventario dos bens mais preciozos não sagrados, assim como dos mais bens moveis e de raiz deste extinto mosteiro de Salzedas Anno do Nassimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro: aos cinte e hum dias do mês de Julho do ditto anno neste lugar de Salzedas bispado e comarca de Lamego aonde veio Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim emcarregado de tomar posse e fazer inventariar todos os bens civiz e eclesiasticos que emcontrar no mesmo extinto mosteiro em cumprimento do officio que recebeu de dezaceis do corrente do illustricimo sob prefeito desta ditta comarca Francisco de Paula de Souza Villas-Boas constante de copia ao deante junta comigo escrivão que por foi nomiado e com o juiz ordinario do ditto concelho de Mondim Antonio Pereira; e logo elle juiz comisario officiou e nomiou pera fiscal assistente a todos os actos que se seguirem ao illustricimo Francisco Diogo Vaz Pinto Guedes Fl.1vº Desta freguesia de Salzedas e provedor intrino neste mesmo destricto que logo se aprezentou e elle juiz comissario lhe emcarregou debaixo do juramento de seu cargo, houvesse de promover e fiscalizar tudo quanto for provimento a bom (sic) utilidade da Fazenda Nacional para passarem a ser estes bens emcorporados nos proprios da Nação o que elle prometeu cumprir. E logo o mesmo juiz comissario mandou noteficar aos louvados competentes a saber fazendeiros Manoel Pereira e Bernardo Rodrigues deste lugar, pedreiros Bernardo Alves e Manoel de Lucena deste ditto lugar e carpinteiros Antonio Luis e Manoel Pereira da freguezia de São João de Tarouca concelho de Mondim os quais sendo prezentes elle juiz comissario lhe deferio o juramento dos Santos Evangelhos emcarregando lhes houvessem de avaliar os bens que se vão a descrever no prezente inventario com forma em tudo com em suas consciencias e segundo a profição de cada hum delles o que assim prometerão cumprir e achando-se taobem prezente o ex prior que no mesmo Fl.2 extinto mosteiro servia, o Padre João de Pinho e o ex professo Pedro de Santa Anna emcarregados por officio do doutor juiz de ..... e corregedor intrino desta comarca Antonio Ferreira?da Motta e tambem emcarregados pelo excelentissimo vegario capitullar deste bispado para guardarem e darem conta de tudo quanto for pertencente a este extinto mosteiro do qual já tinhão sahido os ex monges que nelle se achavão moradores por ordem do ditto doutor corregedor e elle referido juiz comessario logo emcarregou ao ditto ex prior e ao ex professo que debaixo do juramento de seuas profiçoens e dignos cargos houvessem de dar a descripção deste inventario todos os bens preciosos na forma que egualmente já derão os que herão sagrados, assim como todos os mais moveis e de raiz que fossem pertencentes a este extinto mosteiro e de que elles estavão emcarregados a emtregar assim como os frutos pendentes o que assim prometerão cumprir a vista da rellação que se lhes emtregou na sahida dos Fl.2vº Ex monges como mostrão e declarão no fim do prezente inventario e de tudo elle juiz comessario mandou fazer este acto que com todos os referidos nelle asignarão com Francisco de Almeida Cabral escrivão digo Cabral distribuidor inquiridor e contador do juizo da correição desta comarca e escrivão nomiado para este inventario o escrevi e asignei em fé Joze Marques Paul Francisco Diogo Vaz Pinto Guedes João de Pinho Pedro de Santa Anna Manoel Pereira Bernardo Rodrigues? (ilegível, não sabia assinar) Bernardo Alves (de Cruz e provavelmente a rogo) Manoel Lucena ( “ “ “ " ) 96


Antonio Luiz Manoel Pereira Pinto Francisco de Almeida Cabral Certidão Notefiquei de que dou fé aos louvados supra na forma que no auto retro se declara. Salzedas 28 de Julho de 1834 Francisco de Almeida Cabral Fl.3 Sub perfeitura de Lamego Em consequencia das ordens de Sua Magestade Imperial o Duque de Bragança regente em nome da Rainha que me forão transmitidas pela perfeitura desta provincia incumbo a vossa senhoria de passar immediactamente ao mosteiro de Salzedas da extinta ordem dos monges de São Bernardo sitto no concelho da Ucanha pertencente a esta comarca e de tomar posse por conta do Estado do mesmo edeficio, suas pertenças e tudo o mais que nelle se emcontrar comforme se acha determinado a tal respeito pelas instruçoens e decretos que lhe remeto por copia Para que Vossa Senhoria proceda com legalidade em toda esta importante deligencia de que esta comissão em uso para se regular: primeiro o decreto de trinta de Maio proximo passado que extinguio todos os conventos e mosteiros encorporando os seos bens nos proprios da Fazenda Nacional; segundo as instruçoens de quatro de Junho proximo passado que se expedirão pella secretaria de estado Fl.3vº Dos Negocios da Fazenda para completa execução do decreto antecedente; terceiro o decreto de vinte de Junho pelo qual se arbitrou huma penção mençal a todos os regulares pertencentes aos extintos mosteiros e conventos declarando outro sim as circunstancias em que devem estar os mesmos religiosos para se aproveitarem do beneficio desta graça; quarto a ordem do Thezoreiro Publico na qual se manda que todos os intereçados apprezentem sem demora os seos requerimentos docomentados na respectiva perfeitura a fim de serem comtemplados na folha por onde devem ser pagos Vossa Senhoria procedera a formar huma rellação circunstanciada de todos os incluidos que se achão nas circunstancias de lhe aproveitar huma tão benefica determinação tendo o maior cuidado em que não seja incluido ou excluido individuo algum que não esteje nas circunstancias do mesmo decreto. Podendo exigir para este fim dos interessados todos os documentos e esclarecimentos que comprovem as suas circunstancias, remetendo Vossa Senhoria tudo o mais breve possivel Fl.4 A esta sub perfeitura, como esta deligencia he muito recomendada tanto na exactidão e decencia com que deva ser feita como na pronptidão com que se deve comcluir; remeto taobem a Vossa Senhoria as copias numero cinco, seis das instruçoens expedidas em vinte de Junho proximo passado aos respectivos perfeitos e ordinarios para que em execução do que a lei se determina fazerse ao mesmo tempo a emtrega competente as autoridades eclesiasticas por intervenção do seu delegado não só dos templos pertencentes aos mesmos mosteiros e conventos como taobem todos os vazos sagrados, alfaias e mais couzas que são proprias para o Culto Devino executando-se em tudo e por tudo mui escrupulosamente o que nas mesmas instruçoens esta ordenado. Competentemente ............... a Vossa Senhoria quem he he (sic)o eclesiastico a quem o senhor governador do bispado delega authuridade para este fim não devendo a falta da immediata presença do mesmo empedir o começo desta Fl.4vº Delegencia em cujo exacto comprimento Vossa Senhoria fara hum serviço muito emportante ao Estado e que eu muito taobem lhe recomendo porque assim me he ordenado. Deos guarde a Vossa Senhoria sub perfeitura de Lamego em dezaceis de Julho de mil oitocentos e trinta e quatro. O sub perfeito Francisco de Paula de Souza Villas Boas illustricimo; senhor Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim Cumprace e nomeio para escrivão desta deligencia ao destribuidor, inqueredor e contador da correição da comarca a Francisco de Almeida Cabral. Mondim dezoito de Julho de mil oitocentos e trinta e quatro. Paul Esta conforme. Salzedas 25 de Julho de 1834 Francisco d’Almeida Cabral Fl.5 Descripção dos bens mais preciozos e não sagrados assim como dos mais bens moveis e de raiz que ao diante se declarão Preciozo Huma cruz de ouro que servia aos abbades com doze pedras de diamantes cravados de hum e outro lado com suas reliquias dentro emfeada em hum cordão de seda verde bordado .......... com ouro com duas borrollas da mesma qualidade tudo em muito bom estado e asseio Tres aneis que servião aos mesmos ex abbades dois com pedras brancas e hum delles e o maior com circullo dourado e outro com pedra roxa com circullo de pedras brancas Fl.5vº Declaração Declararão o mesmo es prior e ex professo que o ex abbade ultimo o padre frei Hipolito da Cunha lhe recomendou que tinha 97


emprestado outra cruz de ouro ao Geral dos Conegos Regulares da extinta ordem de São João Evangelista quando estivera no convento de Santa Cruz da cidade de Lamego e que ainda lha não tinha emtregado NB A cruz e aneis tomou delles conta o excelentissimo vegario capitullar do bispado na vezita que fez aos paramentos da igreja Fl.6 Descripção da prata, roupa e mais trastes que se emcontrarão neste mosteiro Sette facas de pé de prata..... Tres ditas diferentes do pe taobem de prata Dez colheres de meza todas de prata Dez garfos de prata com algua deferença huns dos outros Huma colher de sopa de prata Huma faca e hum trinchador com pé de prata Hum bulle ordenario de prata com aza de pau Doze colheres do chá de prata Huma ditta de alpaca Huma salva ordenaria de prata Dois casteçais de meza de prata Hum jarro pequeno de prata Huma bacia da mesma Huma bandeija de prata labrada que servia para os paramentos nos pontificaes Fl.6vº Roupa branca Huma toalha nova de meza grande avaluada em nove mil e seicentos reis Quatro ditas taobem de meza uzadas avaluadas cada huma a quatrocentos reis, todas mil e seiscentos reis Sette dittas ...... do refeitorio avaludas cada huma a duzentos reis, todas mil e quatrocentos reis Tres dittas d’estopa de meza dos criados avaluadas cada huma a secenta reis, todas cento e oitenta reis Duas dittas de maons uzadas avaluadas cada hua a duzentos reis, ambas coatrocentos reis Seis guardanapos de Guimaraens em bom uso avaluados cada hum a oitenta reis e todos quatrocentos e oitenta reis Mais nove ditos uzados avaluados a cincoenta reis cada hum, todos quatrocentos e cincoenta reis Cinco pentiadores uzados avaluados cada hum a cem reis e todos quinhentos reis Fl.7 Seis enxergoens uzados avaliados cada hum a trezentos reis e todos mil e oitocentos reis Quatro colxoens uzados avaluados cada hum a mil reis e todos quatro mil reis Seis chumaços de cabeceiras avaluados cada hum a cento e vinte reis e todos setecentos e vinte reis Outo cobertores de papa uzados avaluados cada hum a quinhentos reis e todos quatro mil reis Huma colcha de chita branca avaluada em quatrocentos reis Outra ditta d’assento amarella com ramos azuis e brancos avaluada em quinhentos reis Outra ditta abranquiada liza uzada avaliada em quatrocentos reis Outra ditta verde com riscas brancas e amarellas forrada avaluada em mil e duzentos reis Outra ditta de chita azul e branca com folho do mesmo taobem uzada avaluada em quatrocentos reis Fl.7vº Outra colxa verde asetinada com ramos brancos e rodapé irmão avaluado tudo em mil e duzentos reis Sette traveceiros de linho e paninho muito uzados guarnecidos e lizos avaluados cada hum a cento e vinte reis, todos oitocentos e quarenta reis· Dizoito lençoens de linho e paninho uzados e alguns rotos avaluados huns por outros a trezentos e secenta reis, postos em venda e todos emportão seis mil quatrocentos e oitenta reis· Quatro traveceirinhos pequenos de linho e paninho uzados avaluados a oitenta reis cada hum, todos trezentos e vinte reis Louças de meza e outros Doze chavenas e pires deferentes muitos uzados e rachados com hua leiteira e sucoreiro na mesma forma tudo avaluado em trezentos reis Fl.8 Huma terrina grande de pó de pedra branca avaluada em mil reis Huma ditta pequena avaluada em duzentos e quarenta reis Tres travessas grandes azuis finas avaluadas cada hûa a quatrocentos reis todas tres mil e quinhentos reis

98


Huma dita mais ordinaria avaluada em trezentos reis Vinte travessas brancas grandes e pequenas avaluadas hûas por outras em quatro mil e oitocentos reis Vinte pratos sendo outo de sopa e doze de meza avaluados em rezao do seu estado em seiscentos reis Tres dittos maiores avaluados em cento e oitenta reis Duas salladeiras de pó de pedra avaluadas em duzentos reis Hum talher de molho da mesma qualidade avaluado em duzentos reis Fl.8vº Duas tominhas pequenas para molho avaluadas cada huma a cincoenta reis ambos cem reis Cinco jarras brancas uzadas avaluadas a cem reis cada huma emportão em quinhentos reis Cinco bacias de lavar comrespondentes aos mesmos avaluadas a cem reis cada huma emportão em quinhentos reis Tres penicos muito uzados avaluados cada hum a secenta reis e todos cento e oitenta reis Duas fruteiras uzadas avaluadas a secenta reis cada huma ambas cento e vinte reis Quatro mostardeiras da mesma louça avaluadas cada hûa a cento e vinte reis todas quatrocentos e oitenta reis Huma seladeira azul avaluada em cincoenta reis Fl.9 Carregação dos moveis de madeira Na cella Abbacial: Huma comoda com nº1 que foi avaluada em dois mil reis Hua ditta com nº2 que foi avaluada em dois mil e quatrocentos reis Huma escrivaninha com o numero hum avaluada em dois mil reis Huma meza torta com o numero hum avaluada em dois mil e quatrocentos reis Huma ditta d’abas com o numero hum avaluada em oitocentos reis Huma meza de cha com o numero hú avaluada em duzentos e quarenta reis Huma meza numero dois avaluada em seiscentos reis Hum quiparate avaluado em trezentos reis Vinte e tres cadeiras de palhinha avaluadas cada hua a trezentos e secenta reis e todas oito mil duzentos e oitenta reis Huma cadeira de braços com assento de palhinha avaluada em quinhentos reis Huma ganape (sic) (canape) com pez de garra e assento de palhinha avaluado mil e quatrocentos e quarenta reis Fl.9vº Na cella nº1 Huma comoda numero tres avaluada em mil e duzentos reis Huma meza numero tres avaluada em seiscentos reis Na cella nº3 Huma meza numero quatro avaluada em seiscentos reis Hum bancão numero hum avaluado em quatrocentos e oitenta reis Na cella nº4 Huma meza numero cinco avaluada em trezentos reis Hum bancão numero dois novecentos e secenta reis Na cella nº5 Huma meza numero seis avaluada em quatrocentos e oitenta reis Outra ditta numero sette avaluada em duzentos e quarenta reis Na cella nº6 Huma meza numero oito avaluada em quatrocentos reis Hum bancão numero tres avaluado em quatrocentos e oitenta reis Na cella nº7 Fl.10 Huma meza numero nove avaluada em quatrocentos e oitenta reis Na cella nº11 Huma meza numero dez avaluada em seiscentos reis Hum bancão numero quatro avaluado em quatrocentos reis Na cella nº12 Huma meza sem gaveta numero onze avaluada em duzentos reis Huma bancão numero cinco avaluado em seiscentos reis Na cella nº14 Hum almario piqueno avaluado debaixo do numero hum em duzentos e quarenta Na cella nº15 Huma meza numero doze avaluada em quatrocentos e oitenta reis Na cella nº16 99


Huma meza numero treze avaluada em duzentos e quarenta reis Outra dita numero quatorze avaluada em duzentos e quarenta reis Na cella nº18 Huma meza numero quinze avaluada em quatrocentos reis Hum bancão no numero sette quinhentos reis Fl.10vº Na cella nº19 Huma meza numero dezaceis avaluada em duzentos reis Hum bancão numero oito avaluado em quatrocentos e oitenta reis Na cella nº 20 Huma meza numero dezacete avaluada em duzentos reis Outra ditta numero dezoito trezentos reis Hum bancão numero nove mil reis Na cella nº22 Huma meza numero dezanove avaluada em duzentos e quarenta reis Huma comoda numero quatro avaluada em seiscentos reis Na cella nº23 Hum bancão numero onze avaluado em quatrocentos e oitenta reis Na cella nº26 Huma escrivaninha numero dois avaluada em novecentos e secenta reis O mais hé fixo na mesma Na cella nº29 Huma comoda numero seis avaluada em novecentos e secenta reis Fl.11 Huma escrivaninha numero tres avaluada em mil e duzentos reis Huma meza numero vinte avaluada em settecentos reis Huma meza de cha numero dois avaluada em cem reis Hum banco numero hum avaluado em duzentos e quarenta reis Na cella nº30 Huma meza numero vinte e hum avaluada em trezentos reis Na cella nº31 Huma meza numero vinte e oito avaluada em quatrocentos reis Hum bancão numero dezaceis avaluada em quatrocentos e oitenta reis Na cella nº32 Huma meza numero vinte e dois avaluada em duzentos e quarenta reis Hum bancão numero treze avaluado em quatrocentos reis NOVICIARIA Na cella nº1 Huma meza numero vinte e tres avaliada trezentos reis Na cella nº3 Hum bancão numero catorze avaluado em duzentos reis Na cella nº4 Huma meza numero vinte e quatro em trezentos reis Outra ditta avaluada com o numero vinte e cinco em duzentos reis Hum bancão numero quinze avaluado em trezentos reis Na cella nº6 Huma meza numero vinte e seis avaluada em quatrocentos e oitenta reis Na cella nº7 Huma meza numero vinte e sette avaluada em trezentos reis NA HOSPEDARIA Huma papeleira numero hum avaluada em tres mil e seiscentos reis Outra ditta numero dois avaluada em dois mil e quatrocentos reis Huma meza de jogo numero hum avaluada em settecentos reis Dois ganapes forrados de couro avaluados cada hum a mil oitocentos, ambos tres mil e siescentos reis Hum ditto forrado de riscado avaluado em novecentos e secenta reis Fl.12 Huma duzia de cadeiras de moscovia de espalda do mesmo avaluadas cada hûa a mil reis e todas doze mil reis Huma meza d’abas numero dois avaluada em quatrocentos reis Outra ditta numero tres avaluada em quatrocentos e oitenta reis 100


Huma meza numero vinte e oito avaluada em quatrocentos e oitenta reis Outra dita numero vinte e nove avaluada em quatrocentos e oitenta reis Outra ditta grande grande numero trinta avaluada em oitocentos reis Hum banco grande numero dois avaluado em trezentos reis Hum ditto numero tres avaluado em quatrocentos reis Quatro bancos irmaos com numero quatro avaluados cada hum a oitocentos reis e todos tres mil e duzentos reis Vinte e quatro cadeiras com pé de garra com assento de moscovia avaluadas humas por outras a trezentos reis e todas sete mil e duzentos reis Huma meza de cha numero tres avaluada em quatrocentos reis Fl.12vº Huma meza de jogo numero dois quatrocentos reis Huma meza de cha numero quatro avaluada em quatrocentos reis Huma meza numero trinta e hum avaluada em duzentos reis Huma ditta numero trinta e dois avaluada em duzentos e quarenta reis Huma escrivaninha numero quatro avaluada em mil seiscentos reis Huma meza redonda grande numero trinta e tres avaluada em oitocentos reis Huma ditta numero trinta e quatro avaliada em cento e secenta reis Huma ditta numero trinta e cinco avaluada em trezentos reis Huma numero trinta e seis avaluada em duzentos e quarenta reis Huma ditta numero trinta e sette avauada em cento e vinte reis Huma dita numero trinta e oito avaluada em cento e secenta reis Huma meza numero trinta e nove avaluada em duzentos reis Huma ditta numero quarenta avaluada em duzentos reis Fl.13 Huma meza de jogo numero tres avaluada em mil reis Dois baus uzados avaluados cada hum a mil e quinhentos reis, ambos tres mil reis Dois dittos mais ordinarios avaluados cada hum a settecentos reis, ambos mil e quatrocentos reis Duas barras de embutidos d’almofada avaluadas cada hua a tres mil e seicentos reis e ambas sette mil e duzentos reis Huma dita oval ....... avaluada em mil reis Huma barra de pau preto avaluada em dois mil e quatrocentos reis Outra dita mais aruinada avaluada em dois mil reis Duas dittas anguadas avaluadas cada hua a settecentos reis ambas mil e quatrocentos reis Hum bancão na baranda avaluado em quinhentos reis TULHA Huma meza na tulha avaluada em duzentos reis Fl.13vº Huma caixa grande na mesma tulha avaluada em mil e seiscentos reis Outra ditta avaluada em oitocentos reis Outra ditta avaluada em settecentos reis Outra dita avaluada em seiscentos reis Outra ditta avaluada em quinhentos reis Outra dita avaluada em seiscentos reis Outra ditta avaluada em quinhentos reis Hum jogo de medidas de medir pam chapiadas de ferro já muito uzadas da medida velha avaluados em quatrocentos reis Outro ditto da mesma forma da medida actual avaluado em quatrocentos reis SELEIRARIA Huma escrivaninha numero cinco avaluada em mil e seicentos reis Huma meza de comer numero quarenta e hum avaluada em quatrocentos e oitenta reis Outra ditta numero quarenta e dois avaluada em quatrocentos e oitenta reis Fl.14 Huma meza d’abas numero quatro avaluada em mil e seiscentos reis Huma meza velha numero quarenta e tres avaluada em duzentos e quarenta reis Huma ditta dos mossos numero quarenta e quatro avaluada em cento e vinte reis Hum banco grande numero quatro trezentos reis Outro ditto numero cinco avaluado em trezentos reis Outro ditto numero seis cento e vinte reis Hum almario grande avaliado em dois mil reis Huma duzia de cadeiras de pau avaluadas cada hua a duzentos e quarenta reis e todas dois mil e oitocentos e oitenta reis 101


ADEGA Hum tonel de nove pipas arcado de ferro avaluado em quatorze mil e quatrocentos reis Outro dito de cinco pipas arcado de pau avaluado em seis mil e quatrocentos reis Fl.14vº Hum tonel de seis pipas arcado de pau e ferro avaluado em oito mil reis Outro ditto de quatro pipas e meia arcado de pau avaliado em seis mil e quatrocentos reis Outro ditto de quatro pipas arcado de ferro avaliado em seis mil reis Outro dito arcado de pau de duas pipas e meia avaluado em quatro mil reis Huma pipa de conto arcada de pau e ferro avaliada em dois mil reis Outra ditta muito uzada avaluada em seiscentos reis Outra ditta sem tampa avaluada em trezentos e secenta reis Tres pipos d’almude avaliados cada hum a trezentos reis e todos novecentos reis Huma balça grande arcada de pau avaluada em oitocentos reis Outra ditta avaluada em quinhentos reis Duas dittas mais pequenas avaluadas cada hua a trezentos reis e ambas seiscentos reis Fl.15 Huma dorna arcada de pau avaluada em seiscentos reis MADEIRA Cinco aduellas de dezoito palmos avaluadas em oitocentos reis Nove pessas de nogueira pequenas e grandes avaliadas todas em mil reis Cincoenta pessas de castanho pequenas e grandes avaluadas em dois mil e quatrocentos reis A madeira que se acha na caza das obras que são sette lenhos compridos, tres paus aparelhados e outras mais miudezas avaluado tudo em preço de sette mil e duzentos reis Mais quatro paus que se achão de fora da caza da fruta debaixo do arco e avaluados em quatrocentos e oitenta reis Fl.15vº MOVEIS RECOLHIDOS NO REFEITORIO Huma estante numero hum avaluada em cento e secenta reis Outra dita numero dois avaluada em trezentos reis Outra ditta numero tres avaluada em duzentos e quarenta reis Outra dita numero quatro avaluada em preço de duzentos reis Outra ditta numero cin avaluada em duzentos reis Outra ditta numero seis avaluada em quinhentos reis Outra dita numero sette avaluada em cento e secenta reis Sette cadeiras eguais com o numero hum avaluadas a cento e vinte reis cada hua e todas oitocentos e quarenta reis Quatro ditas com numero dois avaluadas a cem reis cada hua todas quatrocentos reis Cinco cadeiras de couro numero tres avaluadas cada hua a duzentos reis e todas mil reis Fl.16 Quatro cadeiras com o numero quatro avaluadas a cento e vinte reis cada hua e todas quatrocentos e oitenta reis Outo cadeiras numero cinco avaluadas cada hua a cento e secenta reis e todas mil duzentos e oitenta reis Cinco cadeiras numero seis avaluadas a cada hua a oitenta reis e todas quatrocentos reis Tres poltronas numero sette a preço de duzentos e quarenta reis todas settecentos e vinte reis Duas cadeiras numero oito avaluadas a duzentos e quarenta reis cada hua, todas quatrocentos e oitenta reis Duas cadeiras de palhinha numero nove a preço de trezentos reis todas seiscentos reis Quatro cadeiras numero dez avaluadas a duzentos reis, todas oitocentos reis Dezoito cadeiras numero onze avaluadas cada hua a duzentos reis, todas tres mil e seiscentos reis Fl.16vº Huma cadeira de braços com assento de cordavão Avaluada em setecentos reis Hum mocho de palhinha avaluado em duzentos reis Huma cabeceira de cama de bancos avaluada em duzentos reis Outra dita numero dois avaluada em cento e oitenta reis Outra dita numero tres avaluada em cento e secenta reis Outra dita numero quatro avaluada em centoe secenta reis Outra dita numero seis avaluada em duzentos reis Outra ditta numero sette avaluada em trezentos reis Outra ditta numero oito avaluada em duzentos e oitenta reis Outra ditta numero nove avaluada em secenta reis 102


Outra dita numero dez avaluada em cento e vinte reis Fl.17 Outra dita numero onze avaluada em oitenta reis Outra dita numero doze avaluada em cem reis Outra dita numero treze avaluada em cento e quarenta reis Outra dita numero quatorze avaluada em duzentos reis Outra dita numero quinze avaluada em cem reis Duas arcas emcouradas numero hum avaluadas cada huma a mil reis ambas dois mil reis Hum bancão de pau de nogueira avaluado em mil seiscentos reis Outro dito de castanho avaluado em seiscentos reis Huma meza avaluada em duzentos e quarenta reis Outra dita avaluada em quatrocentos e oitenta reis Hum contador velho avaluado em quatrocentos reis Hum almario numero hum avaluado em seiscentos reis Outro ditto numero dois avaluado em duzentos e quarenta reis Fl.17vº Outro almario avaluado em quatrocentos reis, com o numero tres Duas cadeiras numero doze avaluadas em quatrocentos reis Duas dittas numero treze avaluadas a cento e vinte reis ambas duzentos e quarenta reis Huma ditta em duzentos reis Huma meza numero tres avaluada em cento e secenta reis Outra dita numero quatro avaluada em cem reis Duas cadeiras mero quatorze a duzentos reis cada hyna, ambas quatrocentos reis Mais dezaceis pares de bancos de camas de ferro que por serem deziguais os avaluarão a pezo por cada hum aratel a trinta reis Por todo o ferro velho cada hua aroba a oitocentos reis Pezos de ferro Huma aroba = meia = oito arobas = quatro = tres = a dito digo por mil oitocentos e noventa reis Fl. 18 Hum braço de ferro de pezar grande avaluado em mil e seiscentos reis MOVEIS DE MADEIRA QUE SE ACHÃO NA LIVRARIA Huma meza grande sem gavetas toda pintada d’azul de pau de castanho avaluada em mil e duzentos reis Outra ditta mais pequena taobem sem gavettas toda pintada da mesma cor que foi avaluada em settecentos reis Hum banco grande de pau de castanho pintado d’azul que foi avaluado em seiscentos reis Outro ditto do mesmo pau e taobem pintado d’azul que egualmente foi avaluado em seiscentos reis Hum mocho de pau de castanho taobem pintado de azul avaluado em 100 reis Fl. 18vº Outro dito do mesmo pau e da mesma forma pintado avaluado em cem reis Huma cadeira de braços taobem de pau de castanho pintado d’azul que taobem foi avaluado em cem reis Huma escada de mão de subir a estante de pau de castanho avaluada em trezentos reis Outra ditta mais pequena de dobrar taobem do mesmo pau e com ferragem avaluada em quatrocentos reis Na mesma salla da livraria existe huma grande estabte em volta da mesma bem guarnecida e moldiada e toda pintada de azul e branco que os louvados disserão não avaliavão por se achar fixa e que só se poderia tirar desmanchando-a e que neste cazo tinha menos valor Fl.19 METAL ESTANHO E COBRE Huma bacia grande de latão amarello avaluada em cinco mil e seiscentos reis Duas arobas de metal amarello em diversas pessas velhas e quebradas avaluada cada hum arates a cem mil reis emporta em seis mil e quatrocentos reis Sette candeeiros de metal que andão em uso na hospedaria e já muito uzados e rotos avaluados cada hum segundo o seu mau estado a trezentos reis e todos dois mil e cem reis Cincoenta e tres arates de estanho em varias pessas velhas e uzadas avaluada cada hum aratel a cem reis e todo cin mil e trezentos reis Hum pote de cobre de estilação avaluado segundo o seu estado em nove mil e seicentos reis Hum tacho de cobre de fazer sera e mais oito pessas de cuzinha do mesmo cobre avaluado cada hum aratel que pezar .......... ou todo junto ou separado com cada pessa a cem reis

103


Fl.19vº COZINHA Huma panella de ferro uzada avaluada em mil seiscentos reis Outra dita avaluada em mil e duzentos reis Tres espetos avaluados a pezo em novecentos e secenta reis Duas machadas avaluadas em seiscentos reis Dois picos e hua segurelha do moinho avaluado tudo em seiscentos reis NB a mais louça de cozinha vai encluida no cobre GENEROS NA TULHA Trigo vinte alqueires avaluado a trezentos e secenta reis cada alqueire todos sette mil e duzentos reis Quarenta alqueires de senteio avaluado cada hum a cento e secenta reis todos seis mil e quatrocentos reis Dez alqueires de milhão avaluados cada alqueire a cento e secenta reis todos mil e seicentos reis Fl.20 Dez alqueires de cavada avaluada a cem reis cada alqueire emporta em mil reis PESSAS DE VINHO Nove garrafs de vidro brancas de meza uzadas avaluadas a cento e vinte reis cada huma todas mil e oitenta reis Huma duzia de copos d’agoa avaluados cada hum a secenta reis e todos setecentos e vinte reis Nove copos de vidro pequenos avaluados cada hum a trinta reis e todos duzentos e setenta reis Outo talheres de vidro quebrados avaluados a secenta reis cada hum e todos quatrocentos e oitenta reis Doze pares deferentes que por inferiores os avaluarão em cento e secenta reis Descripção dos bens de raiz e frutos pendentes dos mesmos Hum grande idificio do convento extinto que se compoem de grandes arquiteturas de pedraria com dois claustros quadrados e grandes assim como os dormitorios, hospedaria, refeitorio, cozinha Fl.20vº Adega, celleiraria, grande caza da tulha pegada ao mosteiro e outras mais comodidades com hum grande terreiro no centro do comvento que serve de jardim e tem no meio hum grande lago e na principal entrada tem outro terreiro e ao lado de dentro do mesmo há cazas para forno, palheiros e cazas para lenha, lambique, cavallarissa e bois e para outros mais gados tudo com grandeza bem como dois muinhos dentro da cerca ainda que alguas destas cazas mostrão algua ruina. Tem mais e ficão dentro do mesmo mosteiro, quadros muito grandes e outros menores antigos, hum no refeitorio tres nos dormitorios, doze nos claustros, seis na caza do capitullo e sette na hospedaria que todos são vinte e Novembro Nos dormitorios e nas escadas existem quatro lampioens e tres candeeiros de folha muito velhos Na torre da igreja existem quatro sinos sendo hum grande e os tres seguidamente mais pequenos por sua ordem assim como existe na mesma hum relogio grande Há dentro no mesmo mosteiro huma senetta as portas da entrada do mesmo outra maior que servia para o ajuntamento do refeitorio e outra a porta da sanchristia para o ajuntamento Fl.21 Do coro e serimonias do mesmo E passando os louvados a examinar qual seria o calcullo e valor do referido ideficio e de tudo o mais a elle ........... e que já fica relacionado: declararão que as suas forças não herão sufecientes para puderem fazer hum arbitrio do seu justo e total valor, porque athe seria empucivel o puder se lhe dar com acerto, porem que para satesfazerem ao que determinão as regias ordens disserão o seguinte: Que tudo visto e examinado o mesmo mosteiro com todas as suas pertenças na forma assima declarada lhe não podião dar rendimento algum em atenção a sua localidade e que por isso somente lha davão o total valor pela sua estimação mesmo sem atenção as grandes somas que nelle se gastarão na sua construção na quantia de quarenta contos Disserão os mesmo louvados que tendo visto e examinado os frutos pendentes da cerca do referido mosteiro pella execução do presente anno e da fraca Fl.21vº Cultura que se lhe tem feito avaluão os mesmo tanto o que pertence a milhão, uvas e frutas dentro da clauzura em vinte e quatro mil reis E que avaluavam a estimação do terreno da ditta cerca dentro da referida clauzura em dois contos de reis Desserão que avaluavão o fruto pendente de hum lameiro chamado do Forno da Tulha livre da clauzura mas dentro dos muros da cerca por mal cultivado em dez mil reis E que avaluavão a estimação do referido lameiro em trezentos reis Desserão que avaluavão os frutos do lameiro pegado ao de sima taobem dentro dos muros da cerca que se compoêm de milho, vinho e arvores de fruto atendendo a escaces do anno e a má cultura que nelle emcontrão em treze mil reis E que avaluavão a estimação do referido lameiro em seiscentos mil reis

104


Fl.22 Desserão que avaluavão os frutos pendentes e ainda muito percarios de um souto chamado da Tonça Que parte com a estrada que vai para São Pedro e com Manuel Teixeira em cousa algua em razão de ser bravo e não dar castanha e arbitrando-lhe o seu total valor o luvavão em dois mil e quatrocentos reis Huma caza cita neste lugar chamado dos Lagares que parte com Joze dos Santos E terreiro publico com sette lagares de pedra dentro de fazer vinho com seu quintal pegado que avaluavão o rendimento de tudo por assim já andar arendado annualmente em tres mil reis Que emquanto ao rendimento dos dittos lagares como fica a liberdade de cada hum puder fazer o vinho aonde quizer só no auto d’arrematação sendo arendados se poderá liquidar o seu rendimento Tem mais os ditos lagares duas cazas pegadas que segundo o mau estado em que ellas se achão podem somente servir para palheiros e outros despejos valendo o seu rendemento annual dois mil reis Fl.22vº E que avaluavão a estimação das referidas cazas, lagares e horta pegada em duzentos mil reis Desserão mais que azanha de fazer o azeite no citio chamado d’Azanha suburbio deste lugar que por bem conhecida se não comfronta avaluão o seu rendimento annualmente em vinte mil reis E que emquanto a sua estimação emtrando nella os caldeiros de cobre que tem e todos os mais utencilios que lhe pertencem alem disto hum engenho de serrar madeira pegado a mesma azanha que se acha demolido emporta sem servir a annos, assim mesmo avaluão a estimação de tudo o referido em dois contos de reis Declararão mais que a quinta chamada de Pinhó sita no suburbio deste lugar que hé toda murada em volta que se compoem de terras de pão, vinho, azeite e arvores de fruta; afora do ditto muro taobem lhe pertence terras de pão, azeite e alguma castanha e que avaluavão os frutos pendentes da ditta quinta pelo que pertence somente ao azeite e vinho do prezente anno em setenta mil reis E que avaluavão a estimação da mesma quinta com as mais pertenças que tem fora Fl.23 Dos muros em oito contos de reis E que avaluavão mais a estimação de huma caza grande que se acha no centro da mesma quinta com os seos tanques de pedra e mais aranjos em hum conto de reis E que avaluavão mais outra caza para sima daquella que serve para o pastor e gado em cem mil reis Declararão os mesmos louvados que as terras de pão da ditta quinta de Pinhó dentro e fora dos muros tinhão sido mandadas semiar pelos ex monges deste extinto mosteiro e depois passarão a dallas .......... a deferentes jornaleiros de terças, sendo hua parte dos fructos para os mesmos jornaleiros e duas para o mosteiro e passando a louvar os dittos frutos pendentes das dittas terras louvarão a beneficio da Fazenda Nacional na forma seguinte A terra que cultiva Antonio Cardozo de Salzedas avaluarão p fruto dela para a Fazenda Nacional em mil e quatrocentos reis A terra que cultiva Manoel de Lucena avaluada na dita forma em quatro mil e oitocentos reis Fl.23vº A terra que cultiva Vicente do Rego avaluada na mesma forma em tre mil e quinhentos e vinte reis A terra que cultiva Francisco Taboza avaluada na mesma forma em mil novecentos e vinte reis A terra que cultiva Maria ...... avaluada em seiscentos e quarenta reis na mesma forma A terra que cultiva Joze Antonio avaluada na mesma forma em mil novecentos e vinte reis A terra que cultiva Silvestre Ribeiro avaluada na mesma forma em oitocentos reis A terra que cultiva Constancia do .......... avaluada na mesma forma em seiscentos e quarenta reis A terra que cultiva Joze Pastor avaluada na mesma forma em dois mil e duzentos reis A terra de Joze Teixeira avaluada na ditta forma em seiscentos e secenta reis Fl.24 Declararão os mesmos louvados que na cerca do dito mosteiro e dentro de muros se acha hum bucado sobre si que somente serve para agricultura de plantas da botica do mesmo extinto mosteiro que por isso nehnum rendimento lhe arbitrão mas que a estimação della avaliavão em trinta mil reis Declararão mais que pertencião a este mesmo mosteiro extinto huma grande matta chamada a da Tamanqueira na destancia deste lugar quazi meia legoa, murada toda em redondo e com porta fixada porem logo que se aclamou neste concelho o novo legitimo governo da Nossa Augusta Rainha a Senhora Donna Maria segunda os povos vizinhos com puder absoluto passarão a abrir emmenças ruturas no muro da dita matta e cortar nella os grandes pinheiros e carvalhos e mais lenhas e a conduzi llos para suas cazas sem se puder acudir a tão horroroso facto, calculando as pessoas prodentes que semilhante estrago valia o milhor de dois contos de reis, chegando ao excesso de arombarem a mesma porta levando as dobradissas, fexadura e trancas de ferro que ella tinha e a picarem as proprias armas que por cima da porta existião; rezão por que só passados Fl.24vº Largos annos hé que a ditta matta podera ter rendimento sendo tapada e guardada; emquanto ao seu valor a estimação actual atendendo ao grande muro que a rodeia avaluão na quantia de hum conto e duzentos mil reis 105


Há outra matta do mesmo extinto mosteiro no citio do Têllo suburbio deste lugar que por bem conhecida se não comfronta taobem murada toda em volta na qual ainda existe muita lenha em arvores como são castanheiros, pinheiros e carvalhos de todos grandes e pequenos e com grande abondancia mas ao parecer delles louvados nenhum lugar tem o arendar se a mesma em razão de qualquer a renda tem que haja ...... a cortar e alugar a mesma matta levando por este modo grande interesse e foi a mesma matta reduzida a muito pouca estimação e de forma nenhuma conhecem ...... ...... se arendar porque nenhum rendimento tem sem cortarem a lenha e ....... com a sua estimação no estado em que se acha hé de grande valor elles avaluão a mesma na quantia de tres contos de reis Fl.25 E logo ....... igualmente aprezentados os livros das cobranças de todos os foros pertencentes a este extinto mosteiro dos mesmos consta os foros seguintes No Livro da celleiraria nº1 Galinhas de foros em diverças partes duzentos e trinta e hua a preço de duzentos reis cada hua emportºao quarenta e seis mil e duzentos reis Marram quinhentos e oitenta arates a preço de cincoenta reis emporta em vinte e nove mil reis Castanhas secas trinta alqueires a preço de settecentos reis emporta em vinte e hum mil reis Nos Livros dos foros da Granja Nova nº2 e nº4 Galinhas secenta a preço de duzentos reis emportão em doze mil reis Em dinheiro por contrato que fizerão os moradores setenta e hum mil reis No Livro dos coutos nº3 E dinheiro como do mesmo comta setenta e tres mil seiscentos e trinta reis Fl.25vº Galinhas secenta e sete e meia a preço de duzentos reis emportão em treze mil e quinhentos reis Frangos secenta e hum a cincoenta reis emportão tres mil e cincoenta reis Carneiros quatro e meio a quinhentos reis cada hum emportão dois mil duzentos e cincoenta reis Sera treze arates e meio a trezentos reis cada hum emportão em quatro mil e cincoenta reis Bragal dez varas a cento e vinte reis cada huma emportão em mil e duzentos reis Serviços hum cento e vinte reis Rogos seis a cento e vinte todos setecentos e vinte reis Ovos vinte e tres secenta reis Cabritos hum duzentos e quarenta reis Palha seis fachas a vinte reis todas cento e vinte reis Carne de marram quatorze arates a cincoenta reis settecentos reis No Livro de Lamego nº5 Em dinheiro oitenta oito mil setecentos e cinco reis Fl.26 Galinhas noventa e quatro e meia a duzentos reis emportão em dezoito mil e novecentos reis Frangos trinta e sette e meio a cincoenta reis emportão em mil oitocentos e setenta e cinco reis Leitoens dois a duzentos e quarenta reis, quatrocentos e oitenta reis Ovos seis quinze reis Carneiros hum e meio a quinhemtos reis emportão settecentos e cincoenta reis Marram trinta e dois arates e meio a cincoenta reis mil seiscentos e vinte e cinco reis Centeio nove alqueires e meio a trezentos reis emporta em dois mil oitocentos e cincoenta reis Trigo seis alqueires e tres quartas a quatrocentos e oitenta emportão tres mil duzentos e quarenta reis Sera dois arates seiscentos reis Cebolinho quatro cestos a trezentos reis emportão mil e duzentos reis Rogos hum cento e vinte reis No Livro de Sima Côa nº6 Fl.26vº Em dinheiro trinta e sette mil novecentos e vinte reis Carneiros vinte e quatro a quinhentos reis todos doze mil reis Galinhas vinte e quatro e meia a duzentos reis quatro mil e novecentos reis Frangos hum a cincoenta reis Queijos oitenta e cinco a cem reis cada hum oito mil e quinhentos reis Pattos hum duzentos reis Cabritos hum duzentos e quarenta reis Cêra nove arates e quarta a trezentos reis, dois mil settecentos setenta e cinco reis No Livro do Rução nº7 Em dinheiro mil quinhentos secenta e cinco reis

106


Carneiros secenta e nove a quinhentos reis emportão em trinta e quatro mil e quinhentos reis Galinhas quarenta a duzentos reis emportão em oito mil reis Cabritos quatro a duzentos e quarenta Fl.27 Reis emportão em novecentos e secenta reis Manteiga dezacete canadas a trezentos reis cada cinco mil e cem reis Frangos dois cem reis Centeio vinte alqueires pela medida velha a trezentos e quarenta cada alqueire emportão seis mil oitocentos reis No Livro de Villa Verde nº8 Trigo cento e oitenta e cinco alqueires a preço de quatrocentos e oitenta reis emporta secenta e quatro mil e oitocentos reis Centeio noventa e quatro alqueires a trezentos reis emportão vinte oito mil e duzentos reis Milho trinta e oito alqueires a trezentos reis emportão em onze mil e quatrocentos reis Broa trinta e seis alqueires a duzentos reis sette mil e duzentos reis Marram dez arobas a mil seiscentos emportão dezaceis mil reis Miudezas de diverças expecios oito mil reis Em dinheiro cento e quatro mil reis Fl.27vº No Livro do Minho nº 9 Em dinheiro setenta mil e cincoenta e cinco reis Trigo hum alqueire quatrocentos e oitenta reis Galinhas hua duzentos reis Frangos tres cento e cincoenta reis No Livro da Tulha Dos prazos da mesma do trigo cento secenta e nove alqueires a quatrocentos e oitenta reis emportão em oitenta e hum mil cento e vinte reis Cortiça molho setecentos e setenta alqueires a trezentos reis emporta em duzentos e trinta e hum mil reis No livro de Villa Cham duzentos e vinte e cinco alqueires de pregos pelo dito preço emportão em oitenta e oito mil reis No livro de Simbres de trigo duzentos algueires a dito preço emportão em noventa e seis mil reis Soma os foros em cada anno hum conto trezentos vinte e oito mil novecentos e dezaceis reis Que por vinte annos hé o seu tuttal valor de vinte e seis contos quinhentos setenta e oito mil trezentos e vinte reis Tinha mais este mosteiro de foro no livro quinto hum porco chamado de Fisco que por constar hé dação regia senão relaciona assim como os dezimos a quantos que tambem recebião no seu izento e outras freguezias................... existentes pelo ....... numero quarenta e quatro nº40 Fl.28 E por esta maneira disserão os mesmos louvados que tinhão feito as suas louvações comforme emtenderão em suas conciencias e declararão os ex monges que derão a descripção os referidos bens que nada mais tinhão a descrever e quando aconteça aparecer mais alguma couza protestão declaralla pois sem dollo nem malicia tinhão feito a referida discripção na forma que havião jurado e de tudo elle juiz comissario mandou fazer o prezente inventario que asignou com os sobreditos e com todos os louvados ditto juiz ordinario e comigo Francisco de Almeida Cabral escrivão nomiado que o escrevi e asignei em fé. Joze Marques Paul Francisco Diogo Vaz Pinto João de Pinho – Pedro de Santa Anna Manoel Pereira – Bernardo........ Bernardo Alves – Manuel de Lucena Antonio Luiz – Manoel Pereira Pinto Antonio Pereira Francisco d’Almeida Cabral Fl. 29 Certidão dos Editais Francisco d’Almeida Cabral Destribuidor, Inquiridor e Contador do Juizo da Correição desta Comarca de Lamego e escrivão nomiado para os inventario do extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas, etc. Certifico e faço certo em como para venda e arematação dos moveis se passarão editais para a cidade de Lamego, Britiande, Tarouca, São João, Mondim, Ucanha, Granja Nova, Simbres, Armamar e Salzedas do theor seguinte Joze Marques Paul Provedor intrino do concelho de Mondim e Juiz comissario dos inventario e arematação do extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas desta comarca de Lamego etc. Faço saber que no dia vinte do corrente mez d’Agosto e seguintes no terreiro publico do dito extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas perante mim se hão-de rematar todos os bens moveis que forão inventariados e avaliados pertencentes ao referido mosteiro. Toda a pessoa que nelles quizer lançar o poderá fazer nos

107


referidos dias vinte e seguintes que se ão-de(sic) rematar a quem por elles mais der. E para que chegue a noticia de todos mandei passar a prezente que asigno. Salzedas doze de Agosto de mil oitocentos e Fl.29vº Trinta e quatro. Eu Francisco de Almeida Cabral escrivão nomiado que o escrevi Joze Marques Paul Não se continha mais em os ditos editais que aqui passo por certidão dos proprios que ........... com elle juiz ao comcerto assignado. Salzedas doze de Agosto de mil oitocentos e trinta e quatro. Eu Francisco de Almeida Cabral o escrevi e assignei Francisco d’Almeida Cabral Conferido por mim escrevão Francisco d’Almeida Cabral E comigo Juiz Joze Marques Paul Fl.30 Mandado para o pergoeiro Joze Marques Paul Provedor Intrino do concelho de Mondim e juiz comissario dos inventarios e aremataçoens do extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas desta comarca de Lamego, etc. Mando ao official de pergoeiro do concelho de Mondim que serve nestas aremataçoens, publique e afixe os editaes que com este lhe são entregues nos lugares e villas nos mesmos declarados, e da sua publicação e afixação passará certidão para constar, etc. Salzedas doze de Agosto de 1834. Eu Francisco de Almeida Cabral escrivão nomiado o escrevi. Paúl Fl.30vº Eu Luis Antonio dos Santos official de pergoeiro do concelho de Mondim dou fé em como foi nos lugares e villas e cidade de Lamego = Bertiande = Tarouca = São João = Ucanha = Mondim = Granja Nova, e nelles publiquei e afixei os editaes constantes do mandado retro de que possa constar pedi ao escrivão Francisco de Almeida Cabral que esta me fezesse e comigo asignace. Salzedas 14 de Agosto de 1834 Luis Antonio dos Santos Francisco de Almeida Cabral Fl.31 Arrematação dos moveis Anno do nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos vinte dias do mês de Agosto do dito anno neste lugar de Salzedas, e claustro do etinto mosteiro da congregação de São Bernardo aonde veio comigo escrivão Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim emcarregado com o juiz comissario dos inventarios e aremataçoens dos bens moveis e frutos pendentes pertencentes ao mesmo extinto mosteiro e bem assim o fiscal nomiado Francisco Diogo Vaz Pinto Guedes e o official de pergoeiro Luis Antonio dos Santos para em vertude das reais ordens e officio do sobprefeito desta comarca se proceder na arrematação dos bens moveis pertencentes a este extinto mosteiro para cujo fim mandou elle juiz ao official de pergoeiro fosse metendo em pregão .... e arematação cada hum de pressi os referidos moveis pelas suas avaliaçoens para se hirem rematando a quem maior lanço fezesse o que logo foi satesfeito pelo dito offecial apergoando em altas vozes que Fl.31vº Quem quizesse lançar nos referidos moveis vosse ter com elle que lhe tomaria seu lanço e sendo assim repetidos os referidos pergoens em cada hum dos moveis que se hião rematando por algum expaço de tempo diante de muito povo que ...... estava, deu fé que o maior lanço que tivera hua cantuneira fora o que oferecera Antonio dos Santos Telles pela quantia de trezentos e vinte reis e por não haver quem maior lanço fezesse elle juiz lhe mandou emtregar o ramo pela referida quantia e asignou Antonio dos Santos Telles E logo com as mesmas formalidades arematou Joaquim da Costa hua estante numero tres por trezentos e quarenta reis e asignou sua rematação Joaquim da Costa E logo ne mesma forma rematou Bernardo Antonio huma estante numero cinco por trezentos e quarenta reis e asignou Bernardo Antonio E logo na mesma forma arematou Bento Joze Ribeiro a estante numero hum por cento e secenta reis e asignou Bento Joze Ribeiro E logo na mesma forma rematou o mesmo outra estante numero sete por cento e secenta reis e asignou Bento Joze Ribeiro Fl.32 E logo com a mesma formalidade arematou Bernardo de Lucena quatro cadeiras numero dois pela quantia de seiscentos reis e asignou sua rematação Bernardo (de cruz) de Lucena E logo rematou com a mesma formalidade Manoel Ferreira da Granja Nova cinco cadeiras de couro numero tres por mil duzentos

108


e cincoenta reis e asignou sua arematação Manoel Ferreira E logo rematou Rafael da Fonseca com as mesmas formalidades sete cadeiras numero hum por novecentos reis e asignou sua rematação Rafael da Rocha E logo rematou com a mesma formalidade Bernardo Costa cinco cadeiras numero quatro por seiscentos reis e asignou sua rematação alias por quinhentos reis e asignou Bernardo da Costa E logo rematou com as mesmas formalidades o Padre Antonio Simoens Cardoso oito cadeiras numero cinco pela quantia de mil duzentos e oitenta reis e asignou Antonio Simoens Cardoso E logo com a mesma formalidade arematou João Teixeira quatro digo cinco cadeiras com o numero seis por quatrocentos e quarenta reis e asignou João Teixeira Fl.32vº E logo com a mesma formalidade arematou Manoel Pereira tres poltronas por mil e settecentos reis e asignou Manoel Pereira E logo com a mesma formalidade arematou Paulo da Cunha duas cadeiras numero oito por quinhentos reis e asignou Paulo da Cunha E logo com as mesmas formalidades arematou Bernardo Teixeira quatro cadeiras numero dois por oitocentos e vinte reis e asignou Bernardo Teixeira de Carvalho E logo arematou na forma supra Felisberto Antonio hua cadeira de braços numero doze por mil duzentos e cincoenta reis e asignou Felisberto Antonio E logo na mesma forma rematou o Padre João Cardoso hua cabeceira de cama numero dois por duzentos reis O Padre João Cardoso E logo na mesma forma rematou Antonio da Silva duas cabeceiras ditas por settecentos reis e asignou Antonio da Silva E logo na mesma forma rematou duas cabeceiras numero hum por quinhentos reis e asignou sua rematação Padre Joaquim Duarte Fl.33 E logo na mesma forma retro arematou Joaquim Amarante tres cabeceiras e de diferentes numeros por quatricentos e oitenta reis Joaquim Amarante E logo na mesma forma arematou Joaquim da Silva cinco cabeceiras por seicentos e vinte reis Joaquim da Silva E logo na mesma forma arematou o mesmo Joaquim da silva hum bancão de caixa numero hum por mil e settecentos reis e asignou Joaquim da Silva E logo na mesma forma arematou Ricardo ........ hum bancão numero dois por oitocentos e vinte reis e asignou Ricardo ...... E logo na mesma forma arematou Antonio Gomes do Souto hum bancão numero hum por mil e vinte reis e asignou Antonio Gomes do Souto E logo na mesma forma arematou Joaquim da silva hua escrivaninha numero tres por quatro mil reis e asignou Joaquim da Silva E logo na mesma forma arematou Alvaro Joze da Fonceca huma meza numero hum por quinhentos reis Alvaro Joze da Fonceca E logo na mesma forma arematou Antonio Fl.33vº Correia huma meza numero hum e outra dita numero dois digo huma meza numero dois e outra ditta numero vinte e dois por mil e oitenta reis e asignou E logo na mesma forma rematou huma estante digo rematou Ricardo Cruz Hum cabide por cento e secenta reis e asignou Ricardo Cruz E logo rematou na mesma forma Jeronimo dos Santos hua meza numero tres por quinhentos e vinte reis e asignou

109


Jeronimo dos Santos E logo na mesma forma arematou o Padre Joze Cardoso hum contador por quatrocentos e vinte reis e asignou Padre Joze Cardoso E logo na mesma forma arematou Felisberto Antonio hum almario numero hum por seiscentos reis e asignou Felisberto (de cruz) Antonio E na mesma forma arematou Bernardo Teixeira hum quiparate por mil e cincoenta reis e asignou Bernardo Teixeira de Carvalho E logo na mesma forma arematou Antonio Pinto de Souza Alvim hum lavatorio Fl.34 Por quatrocentos e oitenta reis Antonio Pinto de Souza Alvim E logo na mesma forma arematou Joaquim Amarante hûa estante com preço de cento e secenta reis e asignou Joaquim Amarante E logo na mesma forma arematou Antonio Gomes do Soutto hua comoda numero seis por quatro mil reis e asignou Antonio Gomes do Souto E logo na mesma forma arematou Bernardo Teixeira de Carvalho duas cantuneiras pequenas por quatro centos e oitenta reis e asignou Bernardo Teixeira de Carvalho E logo na mesma forma arematou o Padre Joze Cardoso huma cadeira de encosto alta por settecentos e dez reis e asignou O Padre Joze Cardoso E logo na mesma forma arematou Manoel de Lucena numero trese digo duas cadeiras numero treze em duzentos e secenta reis e asignou Manoel (de cruz) de Lucena E logo na mesma forma rematou Joaquim Amarante huma bacia grande de metal amarello com preço de cinco mil e novecentos reis e asignou Joaquim Amarante Fl.34vº E logo na mesma forma arematou Manoel da Silva duas cadeiras velhas de couro por quatrocentos e trinta reis Manoel da Silva E logo na mesma forma rematou Francisco Monteiro Machado dois bancos de ferro por mil e duzentos reis Francisco Monteiro Machado E logo na mesma forma arematou João Lopes duas cadeiras de couro velho por cento e oitenta reis e asignou João Lopes E logo na mesma forma arematou Joze Bernardo Cardozo dois bancos de ferro por mil e duzentos reis Joze Bernardo Cardozo E logo na mesma forma arematou Antonio Teixeira hum par de bancos de ferro por mil e duzentos reis e asignou Antonio de Sá Teixeira E logo na mesma forma arematou Joze Mendes de Gouveia hum par de bancos de ferro por mil e duzentos reis Joze Mendes de Gouveia E logo na mesma forma arematou Vericimo Duarte huam meza numero tres por dois mil cento e cincoenta reis e asignou Verisimo Duarte E logo na mesma forma arematou Fl.35 Bernardo de Lucena huma meza numero quatro por mil duzentos e dez reis e asignou Bernardo (de cruz) de Lucena E logo arematou na mesma forma Antonio Pinto hum bancão numero hum por mil oitocentos e quarenta reis e asignou Antonio Pinto E logo na mesma forma arematou Rafael da Rocha hua cantoneirinha pequena por duzentos e quarenta reis Rafael da Rocha E logo na mesma forma arematou João Lopes huma meza cinco por mil e duzentos reis e asignou João Lopes E logo na mesma forma arematou Luis Maximo Pinto hum bancão por dois mil e seicentos reis e asignou Luis Maximo Pinto Cardoso de Menezes E logo na mesma forma arematou Manoel Joze dos Santos hum almario pequeno velho por cento e vinte reis e asignou Manoel Joze dos Santos E logo na mesma forma arematou Joaquim Pereira da Silva huma meza numero seis por dois mil reis Joaquim (de cruz) Pereira da Silva E logo na mesma forma arematou Bento Joze Ribeiro hua estante numero seis por duzentos e quarenta reis e asignou Bento Joze Ribeiro

110


E logo na mesma forma arematou Antonio Fl.35vº Vericimo dois baus velhos por dois mil reis e asignou Antonio Verissimo E logo na mesma forma arematou Joze Mendes de Gouveia hum bancão numero tres por mil settecentos e cincoenta reis e asignou Joze Mendes de Gouveia E logo arematou na mesma forma Manoel Ferreira de Carvalho huma meza numero vinte por seiscentos reis e asignou Manoel Ferreira de Carvalho E logo na mesma forma arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda hum bancão numero treze por mil e quatrocentos reis e asignou Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou Joze dos Santos huma meza numero dez por mil e trezentos reis e asignou Joze (de cruz) dos Santos E logo na mesma forma arematou Antonio Teixeira de Sá huma comoda numero hum por dois mil e cem reis e asignou Antonio de Sá Teixeira No dia vinte e hum continuarão as mesmas aremataçoens com as sobredittas Fl.36 Formalidades pela forma seguinte Neste dia arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda hua duzia de cadeiras de moscovia cada hua em preço de dois mil reis e por todas vinte e quatro mil reis e asignou sua rematação Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma retro declarado arematou Joaquim gomes huma meza numero sette por seiscentos reis e asignou sua rematação Joaquim Gomes Sorrilha E logo na mesma arematou digo na mesma forma arematou Manoel Correia a meza numero nove por mil cento e vinte reis e asignou Manoel (de cruz) Correia E logo na mesma forma arematou Bernardo Teixeira hum bancão numero quatro por mil e quinhentos reis e asignou Bernardo Teixeira de Carvalho E logo na mesma forma arematou Joaquim Amarante huma meza numero onze por trezentos e dez reis e asignou Joaquim Amarante Fl.36vº E logo na mesma forma rematou Joze Pinto de São Tiago hua meza numero dois por quatrocentos e vinte reis e asignou Joaquim Pinto Souza Alvim E logo na mesma forma arematou Bento Joze hum almario numero hum por settecentos reis e asignou Bento Joze E logo na mesma forma rematou Joaquim Amarante huma meza numero catorze por oitocentos e quarenta reis e asignou Joaquim Amarante E logo na mesma forma rematou Joaquim da Silva hum bancão numero seis por mil e quatrocentos reis e asignou Joaquim da Silva E logo na mesma forma arematou Bento Joze Ribeiro huma meza meza numero treze por seiscentos e secenta reis e asignou Bento Joze Ribeiro E logo na mesma forma arematou Joze Pinto de São Tiago hua seringa de estanho por trezentos reis Joze Pinto E logo na mesma forma arematou Antonio de Sá Teixeira outra seringa por trezentos reis e asignou Antonio de Sá Teixeira E logo na mesma forma arematou Joaquim Luis dos Reis outra seringa por trezentos reis e asignou Joaquim Luis dos Reis Fl.37 E logo na mesma forma arematou Joze dos Santos hum bancão numero sette por dois mil e trezentos reis e asignou Joze (de cruz) dos Santos E logo na mesma forma arematou hua meza numero quinze o mesmo supra por oitocentos reis e asignou Joze (de cruz) dos Santos E logo na mesma forma arematou Luis Pinto Carvalho hum cabido pequeno por oitenta reis e asignou Luis Pinto Carvalho E logo na mesma forma arematou Bernardo Teixeira hum cabido por cento e vinte reis Bernardo Teixeira de Carvalho

111


E logo na mesma forma arematou Manoel Ferreira hum cabido por cento digo por cem reis e asignou Manoel Ferreira E logo na mesma forma arematou Antonio Teixeira de Sá huma meza numero dezaceis por duzentos e setenta reis Antonio de Sá Teixeira E logo na mesma forma arematou Paullo da Fonceca hum bancão numero dez digo onze por novecentos e secenta reis e asignou Paullo da Fonceca Fl.37vº E logo na mesma forma rematou o Padre Joaquim Duarte huma meza numero dezanove por trezentos reis e asignou Padre Joaquim Duarte E logo na mesma forma rematou Manoel Correia huma velha sem numero por cento e oitenta reis e asignou Manoel (de cruz) Correia E logo na mesma forma arematou Bernardo Teixeira de Carvalho hum almario numero quatro por settecentos reis e asignou Bernardo Teixeira de Carvalho E logo na mesma forma arematou Bernardo Antonio huma meza numero vinte seiscentos reis e asignou Bernardo Antonio E logo na mesma forma arematou Joaquim da Silva hum banco de encosto sem numero por seicentos reis. Mais hum papagaio e hua estante por mil e duzentos reis e asignou Joaquim da Silva E logo na mesma forma arematou Antonio Rodrigues Pinto hum tacho amarello e hua urna de cobre ou ferro tudo por tres mil e cem reis e asignou Antonio Roiz Pinto E logo na mesma forma arematou Antonio de Sá Teixeira hum tacho hum tacho (repete) por trezentos e trinta reis e asignou Antonio de Sá Teixeira E logo na mesma forma arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda huma meza por quinhentos reis e asignou Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou Joaquim da Silva hua bacia de barba de estanho por quatrocentos e quarenta reis e asignou Joaquim da Silva E logo na mesma forma arematou Joze dos Santos outra bacia de barba por trezentos e vinte reis e asignou Joze (de cruz) dos Santos E logo na mesma forma arematou Francisco Ribeiro hua bacia de barba por trezentos reis e asignou Francisco Ribeiro E logo na mesma forma arematou Joaquim Gomes huma comoda piquena numero quatro por dois mil reis e asignou Joaquim Gomes Sorrilha E logo na mesma forma arematou Francisco dos Reis duas mezas pequenas velhas por trezentos e secenta reis e asignou Francisco (de cruz) dos Reis E logo na mesma forma arematou Francisco Monteiro Machado hum bancão numero onze por novecentos e secenta reis e asignou Francisco Monteiro Machado Fl.38vº E logo na mesma forma arematou Luis Maximo Pinto Cardoso de Menezes huma bilha de estanho por novecentos reis e asignou Luis Maximo Pinto Cardoso de Menezes E logo na mesma forma arematou Antonio Bernardo uma duzia de cadeiras de pé de garra com assento de solla por dois mil e cincoenta reis e asignou Antonio Bernardo Cardoso E logo na mesma forma arematou Antonio de Sá Teixeira almofias de estanho por dois mil cento e vinte reis e asignou Antonio de Sá Teixeira E logo na mesma arematou Joaquim da Silva hum cabido por duzentos e cincoenta reis e asignou Joaquim da Silva E logo na mesma forma arematou Joze Joaquim Botelho meia duzia de cadeiras de pé de garra com assento de solla por mil e oitocentos reis e asignou Joze Joaquim Boetelho E logo na mesma forma arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda dois bancos de encosto numero dois e tres por setecentos e vinte reis

112


Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou Antonio de Sá Teixeira huma meza numero Fl.39 Vinte e cinco por duzentos e secenta reis e asignou Antonio de Sá Teixeira E logo na mesma forma arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda hum bancão numero catorze por mil e quinhentos reis e asignou Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou Bento Joze Rodrigues hua meza digo duas mezas velhas por quatrocentos e quarenta reis e asignou Bento Joze Rodrigues E logo na mesma forma arematou o Padre Joaquim Duarte huma meza numero vinte e quatro por seiscentos reis Padre Joaquim Duarte E logo na mesma forma arematou Manoel Correia hum cabido por cento e quarenta reis e asignou Manoel Correia E logo na mesma forma arematou o Padre Joze Cardoso hua meza d’abas numero tres por quinhentos reis e asignou Padre Joze Cardoso E logo na mesma forma arematou Manoel Ferreira de Carvalho hum dos bancos numero quatro por oitocentos e vinte reis e asignou Manoel Ferreira de Carvalho Fl.39vº E logo na mesma forma arematou Felesberto Antonio huma meza grande numero trinta por novecentos e secenta reis e asignou Felesberto (de cruz) Antonio E logo na mesma forma arematou o Padre Manoel de Santo Antonio hum bancão numero nove por mil reis, hua meza numero dezacete e outra numero dezoito por mil e quinhentos reis e tudo mil e quinhentos reis e asignou O Padre Manoel de Santo Antonio E logo na mesma forma arematou o Padre Francisco de São Bento hua escrivaninha numero dois dois almarios numeros dois e cinco e hum bancão numero doze por dois mil e quinhentos reis e asignou Padre Francisco de São Bento No dia vinte e dois continuarão as mesmas aremataçoens com as sobreditas formalidades na forma seguinte E logo na mesma forma arematou Felississimo da Costa hum cravo de tocar vinho por novecentos e secenta reis e asignou Felicissimo da Costa E logo na mesma forma arematou Antonio Teixeira de Sá huma estante pequena por trezentos e vinte reis e asignou Antonio de Sá Teixeira E logo na mesma forma arematou Manoel Ferreira huma meza numero vinte Fl.40 E dois por novecentos reis e asignou Manoel Ferreira E logo na mesma forma arematou Bernardo de Lucena hua meza velha por cento e secenta reis Bernardo (de cruz) de Lucena E logo na mesma forma arematou Antonio Teixeira duas caixas de s....... por cento e noventa reis e asignou Antonio de Sá Teixeira E logo na mesma forma arematou Bento Joze Rodrigues huam estante pequena por cem reis e asignou Bento Joze Rodrigues E logo na mesma forma arematou Bazilio Simoens hua escada de dobrar pequena por duzentos e vinte reis e asignou Bazilio Simois E logo na mesma forma arematou Manoel Pereira hum bancão por quatrocentos e dez reis e asignou Manoel Pereira E logo na mesma forma arematou o Padre Antonio Correia hum tonel de quatro pipas arcado de ferro por seis mil e duzentos reis e todas as medidas da tulha tudo por sette mil cento e quarenta reis e asignou Antonio Correia de Proença Ramos E logo na mesma forma arematou Bernardino Pinto huma meza da tulha por oitocentos e cincoenta reis e asignou Bernardino Pinto Fl.40vº E logo na mesma forma Alvaro Machado hum tonel de cinco pipas arcado de pau por seis mil e quinhentos reis e asignou Alvaro Machado

113


E logo arematou na mesma forma Francisco Gomes Sorrilha hum tacho de fazer sera com os candieiros velhos que tudo fez o preço de vinte e dois arates a oitenta reis emportão em mil settecentos e secenta reis e asignou Francisco Gomes Sorrilha E logo na mesma forma arematou Bento Joze Rodrigues oito cadeiras velhas quebradas por duzentos e quarenta reis e asignou Bento Joze Ribeiro E logo na mesma forma arematou Manoel Ferreira de Carvalho huma pipa velha por settecentos reis e asignou Manoel Ferreira de Carvalho E logo na mesma forma arematou João Pinheiro huma Balça arcada de ferro por quinhentos reis e asignou digo quinhentos e vinte reis e asignou João (de cruz) Pinho E logo na mesma forma arematou Joze Pinto huma pipa velha sem tampa por quatrocentos e noventa reis e asignou Joze Pinto Fl. sem numeração E logo na mesma forma arematou o mesmo Joze Pinto hum pipo por trezentos e vinte reis Joze Pinto E logo na mesma forma arematou Manoel Ferreira de Carvalho huma bacia por seiswcentos e cincoenta reis e asignou Manoel Ferreira de Carvalho E logo na mesma forma rematou Antonio dos Santos Telles huma escrivaninha numero hum por dois mil e quatrocentos reis e asignou Antonio dos Santos Telles E logo na mesma forma arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda hum comoda numero tres por mil e duzentos reis e asignou Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou Joze Manoel dois bancos de ferro por seiscentos reis e asignou Joze Manoel E logo na mesma forma arematou o Padre João Cardozo dois bancos de ferro por seiscentos reis e asignou Padre João Cardozo Fl. sem numeração E logo na mesma forma arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda quatro bancos de ferro por mil e duzentos reis e asignou Padre Bazilio Periera Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou Joze Mendes de Gouveia hum par de bancos por seiscentos reis e asignou Joze Mendes de Gouveia E logo na mesma forma arematou Joaquim Luis dos Reis hum pipo uzado por trezentos reis e asignou Joaquim Luis dos Reis E logo na mesma forma arematou Antonio Joze da Silva hum par de bancos por seiscentos reis e asignou Antonio Joze da Silva E logo na mesma forma arematou hum par de bancos de ferro refegados e hum quebrado por trezentos reis e asignou Antonio Simoens Cardoso E logo na mesma forma arematou Manoel Lopes duas bacias velhas amarellas por dois mil quinhentos e vinte reis e asignou Manoel Lopes E logo na mesma forma arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda huma papeleira numero dois por Fl.41 Dois mil e seiscentos reis e mais tres mezas numeros dois, tres e vinte e oito por mil quatrocentos e quarenta e huma barra de pau preto por dois mil e seiscentos reis e tudo emporta seis mil seiscentos e quarenta reis e asignou Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou Manoel Pereira huma papelleira numero hum por tres mil e oitocentos reis e seis cadeiras de pé de garra com assento de couro por dois mil e duzentos reis e tudo emporta em seis mil reis e asignou Manoel Pereira E logo arematou na mesma forma o Padre Francisco Ribeiro huma meza numero vinte e oito por uqatrocentos e quarenta reis, hum bancão numero dezaceis por seiscentos reis, outro dito numero oito por seiscentos reis, duas cadeiras de pau uzadas e huma banqueta pequena por cento e secenta reis e tudo emporta em mil oitocentos reis Padre Francisco Ribeiro e Castro E logo na mesma forma arematou o Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda huma meza numero doze por quatrocentos e oitenta reis e asignou Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou o Padre João Cardoso seis cadeiras de pé de garra com assentos de couro por mil e oitocentos reis e asignou Padre João Cardoso

114


E logo na mesma forma arematou Fl.41vº O Padre Francisco da Costa huma meza d’abas por oitocentos reis, outra meza numero oito por quatrocentos reis e hum bancão com dois almarios por mil e oitocentos reis e tudo emporta em tres mil reis e asignou Padre Francisco da Costa E logo na mesma forma arematou Antonio dos Santos Telles dois bancos de ferro por seiscentos reis, hum bancão numero cinco por seiscentos reis e outro dito com dois almarios por mil oitocentos reis e tudo emporta em tres mil reis e asignou Antonio dos Santos Telles Aos trinta dias do mês de Agosto de mil oitocentos e trinta e quatro neste lugar das Salzedas e claustro do extinto mosteiro do mesmo lugar aonde eu escrivão vim com o juiz comissario destas aremataçoens Joze Marques Paul provedor do concelho de Mondim e bem assim o fiscal nomiado por parte da Real Fazenda com o official de pergoeiro retro nomiado para se continuar nas aremataçoens dos moveis que ainda se achavão por arematar para cujo fim ordenou elle juis comissario ao dito official de pergoeiro fosse pondo em publico pergão de vend e arematação os referidos bens moveis pelas suas avaliaçoens a que logo assim foi satisfeito pelo dio official dezendo em altas vozes que quem quizesse lançar nos referidos Fl.42 Bens que viesse ter com elle que thomaria seu balanço e repetindo o mesmo pergão por hûa e muitas vozes diante de muitas pessoas que presentes estavao apareceu o reverendo Padre Manoel dos Prazeres e offereceu por hua meza numero trinta e hum quatrocentos reis e por dar fé o mesmo official que não havia quem mais lanço fizesse elle juis fiscal lhe mandou entregar o ramo e ordenou ao mesmo official continuace na mesma forma com as seguintes aremataçoens de que fiz este termo que assignou Padre Manoel dos Prazeres E logo arematou Antonio Pereira pella mesma forma huma meza numero trinta e tres pela quantia de novecentos reis e assignou sua rematação Antonio Pereira E logo arematou o Padre Francisco da Costa huma meza de jogo por setecentos e vinte reis na mesma forma e assignou Padre Francisco da Costa E logo na mesma forma arematou Manoel da Costa da Granja Nova huma meza de duas gavetas da hospedaria por mil e seiscentos reis e assignou Manoel da Costa E logo na mesma forma arematou Antonio Correia Huma meza numero trinta Fl.42vº E seis por trezentos e quarenta reis e assignou Antonio (de cruz) Correia E logo na mesma forma arematou Antonio Correia outra meza numero trinta e cinco por trezentos e vinte reis e assignou Antonio Correia E logo na mesma forma arematou Joze Antonio huma meza velha por duzentos e vinte reis e assignou Joze (de cruz) Antonio E logo na mesma forma arematou Joze Antonio deste lugar huma meza velha por cento e secenta reis e assignou Joze (de cruz) Antonio E logo na mesma forma arematou Antonio de Sá Mello Palhares sette cadeiras de palhinha uzadas a trezentos e cincoenta reis cada hua todas dois mil quatrocentos e cincoenta reis e assignou Antonio de Sá Mello Palhares E logo na mesma forma arematou Luis Pinto Correia huma de chá redonda por quinhentos e cincoenta reis e assignou Luis Pinto Correia E logo na mesma forma arematou Antonio de Sá Mello Palhares huma meza de chá por quinhentos e cincoenta reis e assignou Antonio de Sá Mello Palhares E logo na mesma forma arematou o Padre Joze Cardozo huma estante por duzentos e dez reis e assignou Padre Joze Cardoso da Fonseca Mendes E logo na mesma forma arematou Manoel de Lucena hua cadeira por cento e trinta reis e assignou Manoel (de cruz) de Lucena E logo na mesma forma arematou Paulo da Fonceca hum emxergão velho por quatrocentos e vinte reis e assignou Paulo da Fonceca E logo na mesma forma arematou Luis Pinto Correia hua meza de jogo numero tres por novecentos reis e assignou Luis Pinto Correia E logo na mesma forma arematou o reverendo Padre Manoel dos Prazeres tres cobertores uzados por mil novecentos e vinte reis e assignou Padre Manoel dos Prazeres E logo na mesma forma arematou Joze Antonio de....... hum cobertor uzado trezentos e secenta reis e assignou Joze (de cruz) Antonio E logo na mesma forma rematou Bento Joze Ribeiro outro cobertor por quinhentos e quarenta reis e assignou

115


Bento Joze Ribeiro E logo na mesma forma arematou Bernardo Fl.43vº Teixeira cinco travessas de louça branca por dois milquatrocentos e cincoenta reis e assignou Bernardo Teixeira de Carvalho E logo na mesma forma arematou o reverendo Padre Joze Cardoso tres travessas de louça branca por settecentos e trinta reis e assignou Padre Joze Cardoso da Fonseca Mendes E logo na mesma forma arematou Joaquim Correa hum cobertor uzado e colxa azul taobem uzada por novecentos e oitenta reis e assignou Joaquim Correia E logo na mesma forma arematou Luis Pinto Correia todo o resto da louça por mil reis e assignou Luis Pinto Correia E logo na mesma forma arematou Bernardo de Lucena huna colxa de chita uzada por quatrocentos e oitenta reis e assignou Bernardo (de cruz) de Lucena E logo na mesma forma arematou Bernardo Pereira hua colxa de chita branca por quinhentos reis e assignou Bernardo (de cruz) Pereira E logo na mesma forma arematou João Lopes duas cabeceiras de riscadilho por trezentos reis e assignou João Lopes Fl.44 E logo na mesma forma arematou João Lopes hum lençol de linho uzado por quatrocentos e noventa reis e assignou João Lopes E logo na mesma forma arematou o reverendo Padre Joze Cardozo dois colxões velhos por dois mil reis e assignou E logo arematou na mesma forma Agostinho Joze Moura hum lençol velho por duzentos e secenta reis e assignou Agostinho Joze Moura E logo na mesma forma arematou Luis dos Reis dois enxergoens velhos por mil reis e assignou Joaquim Luis dos Reis E logo na mesma forma arematou Bernardo Pereira dois lençoens de linho velhos por settecentos e vinte reis e assignou Bernardo (de cruz) Pereira E logo na mesma forma arematou o mesmo Bernardo Pereira hum lençol por cento e noventa reis e assignou Bernardo (de cruz) Pereira E logo na mesma forma arematou Joaquim Correia hum lençol de estopa rotto por cem reis e assignou Mais outro lençol por trezentos e noventa reis na mesma forma arematou e assignou Joaquim Correira Fl.44vº E logo na mesma forma armeatou Bento Joze Ribeiro hum lençol de linho e outro de pano fino ambos velhos por setecentos e secenta reis e assignou Bento Joze Ribeiro E logo na mesma forma arematou Luis Pinto Correia hum par de bancos de ferro velhos por seiscentos reis e assignou Luis Pinto Correia E logo na mesma forma arematou Bernardo Pereira tres lençoens de linho uzados por mil quatrocentos e oitenta reis e assignou Bernardo (de cruz) Pereira E logo na mesma forma arematou Joaquim Amarante hua toalha pequena velha de linho por setenta reis e assignou Joaquim Amarante E logo na mesma forma arematou Bernardo Pereira hum traveceiro de linho uzado por cento e trinta reis Bernardo (de cruz) Pereira E logo na mesma forma rematou Felisberto Antonio hua cab (não terminado) digo hua traveceirinha pequena por secenta reis e asignou E logo na mesma forma arematou Joaquim Correia dois traveceiros velhos por duzentos e vinte reis e assignou Joaquim Correia Fl.45 E logo na mesma forma arematou Bernardo de Lucena hum traveceiro de linho por duzentos reis Bernardo (de cruz) de Lucena E logo na mesma forma arematou Joaquim Luis dos Reis hua caçarolla de cobre velha trezentos e secenta reis e assignou Joaquim Luis dos Reis E logo na mesma forma arematou Joaquim Correia nove goardana (a palavra está incompleta mas só pode ser guardanapos) por mil reis e assignou

116


Joaquim Correia E logo na mesma forma arematou Joaquim Amarante duas toalhas com dois retalhos de pano de linho velhos por oitocentos e dez reis e assignou Joaquim Amarante E logo na mesma forma arematou Francisco Antonio Coutinho tres pentiadores velhos por duzentos e oitenta reis e assignou Francisco (de cruz) Antonio Coutinho E logo na mesma forma arematou Rafael da Rocha dois lençoens velhos por setecentos e quarenta reis e assignou Rafael da Rocha E logo na mesma forma arematou o reverendo Padre Bazilio Pereira Correa de Miranda huma barra de aguada por setecentos e cincoenta reis Fl.45vº E assignou Padre Bazilio Pereira Correia de Miranda E logo na mesma forma arematou o reverendo Padre Pedro de Santa Anna – hum pote de cobre e suas pertenças por dezacete mil reis e assignou Arrematou mais o mesmo huma barra de pau preto quebrada por dois mil reis; outra dita de nogueira da mesma forma por settecentos reis; dois bancos de numero quatro por mil e seiscentos reis; dois baús por tres mil reis; tres cadeiras de palhinha por seiscentos reis; por seis cadeiras de pau por mil quatrocentos e quarenta reis; hum enxergão trezentos reis; hum chumaço cento e vinte reis; hua colxa verde seiscentos reis; huma toalha de meza seiscentos reis, digo duzentos reis; huma dita de maos duzentos reis; huma machada trezentos reis; humcontador por mile seiscentos reis; huma meza numero trinta e dois duzentos e quarenta reis; doze chavenas e pires velhos por trezentos reis; huma meza de comer numero quarenta e hum por quatrocentos e oitenta reis; hum banco numero quatro por trezentos reis; quatro travessas e seis pratos de meza por quinhentos e oitenta reis; duas garrafas brancas duzentos e quarenta reis; seis copos pequenos cento e oitenta reis; hua caixa grande na tulha por mil e seiscentos reis; duas ditas pequenas por mil e sento e vinte; vinte alqueires de trigo na tulha sette mil e duzentos reis; quarenta Fl.46 Alqueires de senteio por seis mil e quatrocentos reis; dez alqueires de cevada mil reis; dez alqueires de milhão por mil seiscentos reis; hua pipa por dois mil reis; cinco pessas de cobre da cozinha por dois mil e settecentos reis, emportando tudo em quarenta mil e trezentos reis e assignou a sua arematação, digo tudo trinta e nove mil e seiscentos reis Pedro Antonio de Santa Anna E logo na mesma forma arematou Manoel Lopes dois baus por mil e quatrocentos reis; hum colxão mil reis; hum enxergão trezentos reis; hum cobertor seiscentos reis; huma barra redonda mil reis; dois lençoens velhos mil e duzentos reis; duas cabeceiras duzentos e quarenta reis; dois traveceiros quatrocentos reis; duas fronhas pequenas cento e secenta reis; tres toalhas estreitas por seiscentos reis; tres copos de agoa e dois pequenos de meza por duzentos e quarenta reis; tres garrafas brancas por trezentos e secenta reis; hum pentiador por duzentos reis; huma toalha de maos por duzentos reis; huma coberta de chita por quinhentos reis; que tudo faz a soma de oito mil e quatrocentos reis e assignou sua arematação Manoel Lopes E logo na mesma forma rematou mais o mesmo supra Manoel Lopes huma terrina pequena; duas selladeiras; hum talher; duas fruteiras; duas mostardeiras; duas terrinas de molho; duas garrafas de vinho brancas, tres copos de agoa; doze pires diferentes sem chavenas; tudo por mil settecentos Fl.46vº E vinte reis e assignou a sua arematação Manoel Lopes E logo na mesma forma rematou Davide de Araujo tres toalhas por settecentos e vinte reis e assignou sua arematação David Araujo Em esta forma elle juiz comissario e fiscal houverão estas aremataçoens por findas e os bens supra e retro .......... por arematados na sobredita forma por não haver quem maior lanço fizesse do que de tudo se fez o prezente autto que assegnarão com o official de pergoeiro, eu Francisco de Almeida Cabral escrivão nomiado deste inventario o escrevi em fé assigno Joze Marques Paul Francisco Diogo Vaz Pinto Guedes Luis Antonio ....... ..... (ilegível) Francisco d’Almeida Cabral

Documento n.º 4 Fl.131 Termo d’arrendamento da clauzura da cerca deste mosteiro pelo presente anno de 1834 e futuro de 1835 na forma abaixo declarada. Aos treze dias do mês de Setembro de mil oitocentos e trinta e quatro neste lugar e caza do extinto mosteiro de Santa Maria de

117


Salzedas aonde eu escrivão vim e ahy se achava prezente Joze Marques Paul provedor intrino no concelho de Mondim e juis comissario dos inventarios e aremataçoens deste dito extinto mosteiro e bem assim o fiscal francisco Diogo Vaz Pinto e sendo no mesmo acto prezente o ex professo Pedro de Santa Anna por elle foi ditto a elle juiz e fiscal que por se achar emcarregado por elle juis d’admenistração e guarda deste extinto mosteiro para não se .............. a que ficavasogeito, não tendo quem por elle olhace com zello em beneficio da Real Fazenda Nacional e ao mesmo perigo ficava sogeita a cerca e tudo o mais de muros adentro deste dito extinto mosteiro e por isso offerecia pellos frutos pendentes da mesma cerca que he a chamada clauzura fixado o preço da sua avaliação que herao de vinte e quatro mil reis em metal e como pela portaria de dezanove de Agosto do corrente anno se ordena sejão rematados ou arendados todos os ditos bens por mais hu anno que vem a ser o de mil oitocentos e trinta e cinco, offerecia egualmente a mesma quantia dos vinte e quatro mil reis Fl.132 Na ditta forma a que sendo tudo visto e ponderado por elle juis e fiscal em consequencia da ordem que a este respeito tinhão recebido do illustricimo sub-perfeito desta comarca houverão em atenção a todo o referido a mesma clauzura por a renda ao sobre ditto Pedro de Santa Anna pella ditta quantia offerecida dos vinte e quatro mil reis e a pagar em cada hum dos annos a saber os frutos deste anno em dis de S.Miguel proximo e os do anno futuro em outro tal dia de mil oitocentos e trinta e cinco tudo debaixo da penna da ley com a declaração que as mesmas quantias offerecidas deveião ser pagas na cidade de Lamego no deposito publico para isso destinado e livre para a Fazenda Nacional e de como a tudo se obrigou asignou com elle juis e fiscal e eu Francisco de Almeida Cabral que a escrevi e asignei em fé Joze Marques Paul Francisco Diogo Vaz Pinto Pedro Antonio de Santa Anna Pereira Francisco d’Almeida Cabral Fl.133 Termo de arrendamento das cazas, lagares e orta para o anno de 1835 E logo egualmente neste mesmo dia mês e anno retro apareceu o reverendo Padre Bernardo do Espirito Santo ex monge que avia sido neste mosteiro requerendo a elle juis comissario e fiscal que tendo .... dado em praça a caza chamada dos Lagares e as duas cazas pequenas pegadas com a orta chamada do Sebollal e não tendo avido lanço algum elle offerecia de renda por hum anno a quantia livre para a Fazenda Nacional de nove mil e seiscentos reis metal, vendo elle juis e fiscal que este lanço hera superior a avaliação e por não haver quem mair lanço fizesse houverão as dittas cazas, lagares e orta por arendada pella referida quantia com a declaração de que este arendamento teria principio no primeiro de Outubro do corrente anno e findaria em outro tal dia do anno futuro de mil oitocentos e trinta e cinco dia em que se obrigaria a pagar a dita renda no depozito competente com a pena da ley e de como na dita forma se obrigou asignou com elle juis e fiscal e eu Francisco de Almeida Cabral escrivão o escrevi e asignei Joze Marques Paul Francisco Diogo Vaz Pinto Padre Bernardo do Espirito Santo Francisco d’Almeida Cabral

Documento n.º 5 Folgoza Concelho d’Armamar 1834 Appendise ao inventario nº2 Auto de posse e inventariação da Quinta da Folgoza que foi do extinto mosteiro de Salzedas Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos vinte e nove dias do mez de Julho do ditto anno nesta Quinta da Folgoza concelho d’Armamar pertencente ao extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas desta comarca de Lamego aonde veio Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim emcarregado de tomar posse, fazer inventariar, louvar e arematar, todos os bens moveis e de raiz pertencentes ao sobredito extinto mosteiro em virtude da ordem que lhe foi transmitida pelo sub prefeito desta mesma comarca Francisco de Paulla de Souza Villas Boas de dezaceis do corrente mez e bem assim o juis ordinario da villa de Mondim Antonio Pereira servindo como Fl.1vº Fiscal por parte da Real Fazenda no empedimento do que se acha actualmente nomiado Francisco Diogo Vaz Pinto Guedes para se proceder na posse e avaliação desta mesma quinta e de tudo o mais que a ella pertence como ao deante se declara. E sendo para este fim prezente o ex professo o padre Pedro de Santa Anna como procurador do mesmo extinto mosteiro, emcarregado de dar a discripção todos os bens moveis semimoventes e de raiz pertencente a esta mesma quinta a quem elle juis comessario deferio o juramento dos Santos Evangelhos e debaixo delle lhe emcarregou que bem e na verdade assim o fizesse o que fielmente assim o prometeu comprir. E logo emtrando elle juis comissario e fiscal nomiado comigo escrivão nesta ditta quinta e caza e armazem della e de tudo o que dentro da mesma se achava, o mesmo procurador fez emtrega e elle juis tomou posse civil e natural de todos os referidos bens em nome da rainha a senhora Donna Maria segunda, na forma que lhe era ordenado, isto sem contradição de pessoa algua procedendo

118


Fl.2v A todos os actos necessarios que a lei em tais cazos recomenda de que mandou fazer este auto que assignou como fiscal, procurador e comigo Francisco d’Almeida Cabral escrivão que o escrevi e em fé assigno Joze Marques Paul Antonio Pereira Pedro Antonio de Santa Anna Pereira Francisco d’Almeida Cabral E logo pelos mesmos louvados nos mais autos declarados e ajuramentados Antonio Luis e Manoel Pereira da Silva carpinteiros na descripção e louvação seguintes Descripção e Louvação Huma meza grande uzada avaluada em mil reis Outra ditta mais pequena avaluada em setecentos reis Outra dita ordinaria uzada Fl.2vº Avaluada em duzentos reis Outra dita com gavetta uzada avaluada em duzentos e quarenta reis Outra ditta avaluada em duzentos reis Sette cadeiras de pau avaluadas cada hua a duzentos e quarenta reis importão em mil seiscentos e oitenta reis Outra dita de palhinha redonda de braços avaluada em trezentos reis Hum banco de encosto avaluado em quatrocentos e oitenta reis Outro ditto com caixa fixada avaluado em seiscentos reis Huma comoda de seis gavetas com ferrage e só com hum pe quebrado avaluada em quatro mil reis Outra ditta tãobem com seis gavetas com falta d’algua ferrage avaluada em dois mil reis Outra ditta de seis gavetta em bom uso avaluada em tres mil reis Huma escrivaninha avaluada em mil e seiscentos reis Fl.3 Seis bancos de cama de ferro avaluados em seiscentos reis cada hum todos tres mil e seiscentos reis Huma cabeceira de pau de castanho das mesmas camas pintada avaluada em duzentos reis Outra dita da mesma forma mais ordenaria avaluada em cento vinte reis Outra ditta da mesma forma avaluada em cem reis Huma estante grande de pau de pinho que haverá vinte alqueires avaluada em quatrocentos reis Outra ditta menor avaluada en trezentos reis Mais dois caixoens pequenos sem cobertoura avaluados ambos em quatrocentos reis Duas maceiras de pau de castanho avaluadas em quatrocentos reis Fl.3vº Peneiras e crivos doze pessas e cada pessa avaluados a quarenta reis soma quatrocentos e oitenta reis Tres panellos de latta de servir ao azeite avaluados em novecentos e secenta reis Hua raza e hua quarta de pau de castanho avaluados em trezentos reis Hum braço de ferro de pezar avaluado em cento e vinte reis Quatro alabancas de ferro avaluado cada hua em mil reis e todos quatro mil reis Hum pecavique avaluado em trezentos reis Hua chaça e marreta de apertar ao arcos dos toneis avaluado em trezentos reis Hum pico e hum camaterllo avaluados ambos em duzentos reis Duas segas avaluadas em quatrocentos e oitenta reis Huma broca e calcador pertencente a mesma avaluado em quatrocentos e oitenta reis Huma gancha de ferro avaluada em duzentos e quarenta reis Quatro arcos de ferro avaluados em Fl.4 Quatrocentos e oitenta reis Duas caixas de pau de castanho avaluadas cada hua a mil e duzentos e ambas dois mil e quatrocentos reis Huma salgadeira de pau de castanho em preço de oitocentos reis Hum thaler de estanho em preço avaluado de quatrocentos e oitenta reis Oito garrafas pretas avaluadas a quarenta reis emportão trezentos e vinte reis Tres copos d’agua avaluados cada hum a secenta reis emportão em cento e oitenta reis Tres ditos pequenos de meza avaluados a trinta reis todos noventa reis Seis facas de meza com seos garfos de pé de osso branco avaluadas o par a setenta reis emportão em quatrocentos e vinte reis Cinco chavenas de chá com pires ordenarias uzadas a secenta reis emportão trezentos reis Hum asucareiro avaluado em cento e vinte reis

119


Fl.4vº Hum bulle avaluado em preço de duzentos e quarenta reis Huma leiteira avaluada em cento e vinte reis Huma caldeira de cobre d’azanha avaluada em catorze mil e quatrocentos reis Vinte e nove tulhas de azeite d’azanha, hum cantaro e dos funis avaluado tudo junto em coze mil e quatrocentos reis Hum pote grande de ferro da cozinha avaluado em tres mil reis Outro ditto mais pequeno avaluado em mil e quinhentos reis Hum tacho de cobre avaluado em oitocentos reis Huma certam de cobre grande avaluada em seiscentos reis Huma chaleira de cobre avaluada em quatrocentos reis Tres canecos de pau avaluados a duzentos e quarenta reis somão settecentos e vinte reis Huma tenaz de ferro avaluada em cento e vinte reis Fl.5 Humas trempes de ferro avaluadas em quatrocentos e vinte reis Hum mexal de cozinha avaluado em oitenta reiis Huma machada avaluada em quatrocentos reis Huma porta de forno de ferro avaluada em quatrocebtos e oitenta reis Dois espetos da cozinha avaluados em quinhentos reis Huma pá e gancho do forno avaluados em duzentos e secenta reis Dois testos grandes de ferro avaluados cada hum a duzentos reis ambos quatrocentos reis Pratos de meza vinte avaluados em quatrocentos reis Tres travessas avaluados a cem reis e todos trezentos reis Quinze mantas a quatrocentos reis cada hûa emportão em seis mil reis Quatro cobertores brancos avaluados a quatrocentos reis cada hum digo a quatrocentos e oitenta reis cada hum todos mil novecentos e vinte reis Fl.5vº Mais cinco cobertores e mantas velhas avaluados cada hum a duzentos e quarenta reis todos mil e duzentos reis Mais tres cobertores em bom uso avaluados a mil e duzentos reis cada hum, todos tres mil e seiscentos reis Dois lençoens de estopa velhos avaluados em quatrocentos e oitenta reis Seis lençoens de linho uzados avaluados a quatrocentos reis cada hum todos dois mil e quatrocentos reis Quatro colxas de chita uzadas avaluadas a quatrocentos reis cada hua todas mil seiscentos reis Quatro traveceiros de linho uzados avaluados a cento e secenta reis cada hum e todos seiscentos e quarenta reis Seis chumaços dos mesmos avaluados cada hum a cento e vinte reis todos settecentos e vinte reis Outo enxergoens a quatrocentos reis cada hum emportão em tres mil e duzentos reis Hum culchão avaluado por estar em Fl.6 Mao uso em quatrocentos e oitenta reis Duas toalhas de meza uzadas avaluadas a quatrocentos reis cada hua, ambas oitocentos reis Seis panos de cozinha avaluados todos em duzentos e quarenta reis Dois candieiros de metal uzados avaluados em novecentos e secenta reis Hum jarro e bacia de estanho avaluados em trezentos reis Tres torneiras de bronze grandes avaluadas cada huma em oitocentos reis e todas dois mil e quatrocentos reis Outenta alqueires de trigo que ....... a má qualidade avaluavão cada alqueire a trezentos e vinte reis e todo vinte e cinco mil e seiscentos reis Trinta alqueires de senteio avaluado cada hum a duzentos reis todo emporta em seis mil reis Dois porcos de criação avaluados em nove mil e seiscentos reis Huma junta de bois grandes vermelhos avaluados em cincoenta e dois mil e oitocentos reis Huma grade com dentes de ferro avaluada em mil e seiscentos reis Fl.6vº Hum carro aparelhado em bom uso avaluado em catorze mil e quatrocentos reis Outro rodal em bom uso avaluado em quatro mil reis Dois chadeiros dezarmanados uzados avaluados cada hum a novecentos e secenta reis e ambos mil novecentos e vinte reis Vazilhas do vinho e mais pertenças e elle pertencentes Hum tonel numero hum na adega da caza da quinta com a pareia de dezoito pipas arcado de ferro avaluado em quarenta e dois mil e duzentos reis Hum tonel numero tres na mesma adega arcado de ferro com a parea de seis pipas avaluado em catorze mil e quatrocentos reis Outro tonel numero dois na mesma adega arcado de ferro com a parea de treze pipas avaluado em trinta e hum mil e duzentos

120


reis Outro dito numero quatro na mesma arcado de ferro com a pareia de quatro pipas avaluado em doze mil reis Fl.7 Hum tonel de duas pipas na mesma adega sem numero arcado de ferro avaluado em seis mil reis Mais huma meia pipa avaluada em mil reis Duas balças avaluadas em seis mil reis Hum cantaro de medição avaluado em duzentos e quarenta reis No Armazem Hum tonel numero hum arcado de ferro com a pareia de vinte e duas pipas avaluado em secenta e seis mil reis Outro dito numro dois com a paria de vinte e quatro pipas avaluado em setenta e dois mil reis Outro ditto numero tres com a pareia detrinta pipas, avaluado em noventa mil reis Outro ditto numero quatro com a pareia de vinte e duas pipas avaluado em secenta e seis mil reis Outro ditto numero cinco com a pareia de vinte pipas avaluado em secenta mil reis Fl.7vº Outro ditto com o mesmo numero cinco e com a pareia de dezanove pipas avaluado em cincoenta e sette mil reis Outro dito numero seis com a pareia de dezacete pipas avaluado em cincoenta e hum mil reis Outro ditto numero sette com a pareia ........ de quinze pipas, avaluado em trinta mil reis Huma balça grande avaluada em mil e seiscentos reis Outra ditta igual avaluada em mil e seiscentos reis Outra ditta avaluada em mil reis Outra ditta avaluada em mil reis Outra ditta avaluada em quinhentos reis Outra ditt avaluada em trezentos reis Hum lambique de cobre avaluado em vinte e quatro mil reis Fl.7 Hum moxacho avaluado em seis mil reis Dois canecos avaluados em oitocentos reis Dois funis de latta avaluados em tr digo avalaudos em trezentos reis Cento e setenta liaças de rabiças para alevantar as videiras avaluadas cada hua a vinte reis emportão em tres mil e quatrocentos reis Dez pipas de carregação avaluadas cada hua a dois mil reis todas vinte mil reis Tres meias pipas avaluadas cada hua em mil reis e todas tres mil reis Hum barquinho velho aruinado sem servir avaluado em dois mil reis Huma barca de passar no rio Douro que se acha em ademenestração Raiz Huma morada de cazas sobradadas e com deferentes repartimentos sallas e quartos, cozinha e deferentes logeas com sua quintan fexada com hum grande portal, e fora della outra caza que serve paea azenha da fatura do azeite com Fl.8vº Os seos competentes aranjos = mais adiante desta azanha há outra caza com dois lagares de fazer vinho perparados e adiante da mesma há outra caza grande com outros dois lagares de fazer vinho, servindo tãobem de armazem aonde se emcuva o vinho alem dos mais repartementos que tem existe mais dentro da mesma quinta huma caza piquena sem sobrado que serve para nella dormirem os trabalhadores = tem mais a ditta quinta hua capella decente.A quinta se compoem na maior parte plantada de vedeiras e tãobem tem grande numero de oliveiras e hua grande matta para corte de madeiras para a mesma vinha fazendo toda a cercunferencia do terreno da mesma quinta huma legoa pouco mais ou menos pellas voltas altos e baixos de que se compoem cujo valor de tudo hé muitoexcecivo e que para se avaluar com prudencia perciza de hum rigorozo exame e muito cercunspeto. Fl.9 E desta forma disserão tinhão feito suas descriçoens e louvaçoens como entendião em suas conciencias a vista do que elle juis mandou fazere este autto que assignou com os mesmos louvados e eu Francisco de Almeida Cabral o escrevi e assignei em fé Joze Marques Paul Antonio Pereira Antonio Luiz Manoel Pereira Francisco d’Almeida Cabral Fl.10vº Termo de emtrega e depozito dos bens moveis que não forão arematados retro declarados Aos sette dias do mez de Agosto de mil oitocentos e trinta e quatro nesta quinta da Folgoza sendo prezente Joaquim Antonio do

121


Carmo rezidente nesta mesma quinta emcarregado d’admenestração della lhe fiz emtrega como depozitario de todos os bens moveis constantes desta descripção e inventario que não forão rematados e o notefiquei para delles não largar mão sem ordem judicial e a dar conta dos mesmos quando lhe for pedida com a pena da lei e de como ficou emtregue na mesma forma se obrigou, assignou comigo Francisco de Almeida Cabral escrivão que o escrevi e assigno Joaquim Antonio do Carmo Francisco d’Almeida Cabral Fl.10 Auto de louvação da Quinta e Caza da Folgoza Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos cinco dias do mez d’ Agosto do ditto anno nesta quinta da Folgoza concelho d’Armamar pertencente ao extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas desta comarca de Lamego aonde estava prezente Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim e juiz comessario dos inventarios e aremtaçoens de todos os bens moveis, semoventes e frutos pendentes que pertencião ao ditto extinto mosteiro; em verdade das ordens que lhe forão transmetidas pela sub prefeitura desta mesma comarca e bem assim o juiz ordenario da villa de Mondim Antonio Pereira servindo de fiscal da Real Fazenda no empedimento do nimiado, comigo escrivão para se proceder na avaliação da quinta, caza e mais pertences da Folgoza, pertencente aquelle ditto extinto mosteiro: e logo sendo tãobem prezentes os louvados competentes a saber = fazendeiros Manoel Pereira e Bernardo Rodrigues; pedreiros Bernardo Alves e Manoel de Lucena e carpinteiros Antonio Luiz e Manoel Pereira; elle juis comissario lhe emcarregou que debaixo do juramento dos Santos Evangelhos que lhes Fl.10vº Deferia vissem e examinassem esta sobredita caza e quinta com todas as suas pertenças e declarassem o seu total valor, bem e na verdade o que elles havendo jurado assim prometerão cumprir. E disserão que as cazas da referida quinta, armazem, capella, caza de lagar e azenha e mais pertenças dentro da mesma como retro se achão relacionados as avaluavão em dois contos de reis E que examinando igualmente a grande extenção do terreno da referida quinta plantada de vedeiras, azeite, arvores de varios frutos e a matta a ella contigua que bem mostra ser o mesmo terreno muito frutifero pelo bom lugal em que se acha alem de ser de fatusia o bom vinho de faturia o bom vinho que produz avaluavão por hum calcullo segundo o estadop prezente em quarenta contos de reis E nesta forma desserão os mesmos louvados ........... que tinhão dado suas louvaçoens bem e na verdade como emtideão em suas conciencias salvando com tudo e qualquer prejuizo que possa prodejuditar(sic) a terceiro ou a Fl.11 Mesma Real Fazenda do que de tudo fiz este autto que assignarão com o juis e fiscal e eu Francisco de Almeida Cabral que o escrevi e assigno Joze Marques Paul Antonio Pereira Bernardo (de cruz) Alves Manoel (de cruz) de Lucena Manoel Pereira Bernardo Rodrigues Anotnio Luiz Manoel Pereira Pinto Francisco d’Almeida Cabral Fl.12 Auto de louvação do vinho emcovado no armazem e Quinta da Folgoza Anno do Nascimento de Nosso senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro, aos quatro dias do mez de Agosto do dito anno nesta quinta da Folgoza concelho d’Armamar pertencente ao extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas desta comarca de Lamego aonde veio Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim emcarregado de fazer inventarios avaliar e fazer arematar todos os bens moveis e frutos pendentes pertencentes ao extinto digo pertencentes ao dito extinto mosteiro em virtude da ordem que lhe foi transmetida pelo sub perfeito desta mesma comarca Francisco de Paula de Souza Villas Boas com o juiz ordinario da villa de Mondim Antonio Pereira servindo de fiscal a bem da Real fazenda comigo escrivão nomieado para se proceder na avaliação do vinho, das novidades de mil oitocentos e trinta e dois e mil oitocentos Fl.12vº E trinta e tres e sendo para isso prezentes os provadores eleitos pelo juis ordinario deste dito concelho d’Armamar Antonio da Cunha Reis, Luis Maximo da Fonceca Pinto Cardozo de Magalhaens digo cardozo de Menezes elle juis comissario lhe deferio o juramento dos Santos Evangelhos e a cada hum delles emcarregou que bem e na verdade vicem e examinacem todo o vinho que se achava emvazilhado nesta mesma quinta e armazem della, o que elles havendo jurado assim o prometerão cumprir e disserão 1832 Que vendo e examinando o vinho da novidade do anno de mil oitocentos e trinta e dois que se achava no armazem desta mesma quinta acharão que o tonel numero hum e numero quatro cada hum com a pareia de vinte e duas pipas, avaluavão cada hua a seis

122


mil reis Que egualmente examinando os toneis numero cinco com a pareia de vinte pipas e o numero seis com a pareia de dezacete pipas avaluavão cada hua a quatro mil e oitocentos reis Fl.13 Que egualmente examinaram o tonel numero cinco com a pareia de dezanove pipas que avaluarão cada hua a seis mil reis Desserão mais que o vinho que se achava em cinco cascos no mesmo o tomaram da maneira seguinte digo armazem avaluarão da maneira seguinte Que o vinho que se achava a medição na pipa ou casco numero hum avaluavão a razão de vinte mil reis a pipa Que o vinho que se achava no casco numero dois o avaluavão a razão de doze mil reis a pipa Que o vinho que se achava no casco numero tres o avaluavão a razão de catorze mil e quatrocentos reis a pipa Que o vinho que se achava no casco numero quatro o avaluavão a razão de dois mil e quatrocentos reis a pipa Que o vinho que se achava no casco numero cinco o avaluvão a razão de nove mil e seicentos reis Fl.13vº Novidade de 1833 Que virão egualmente e examinarão o tonel numero dois com a pareia de vinte e quatro pipas que avaluavão cada huma a doze mil reis Que virão e examinarão o tonel numero tres com a pareia de trinta pipas que avaluavão cada hua a doze mil reis Que avaluavão igualmente os toneis numero sette com a pareia de quinze pipas e o numero oito com a pareia de dez pipas avaluavão cada huma a tres mil e seiscentos reis para queimar por se achar estragado Que virão e examinarão o tonel numero hum que se achava na adega da caza da quinta com a pareia de dezoito pipas que avaluavão cada hua a seis mil reis Que virão e examinarão o tonel numero dois na mesma adega com a pareia de treze pipas avaluavão cada huma a seis mil e quinhentos reis Que virão e examinarão o tonel numero tres na mesma adega com a pareia de seis pipas e que avaluavão cada hua a tres mil e seiscentos para queimar por se achar estragado Declararão os mesmos provadores que como todos os toneis se achavão com faltas, estas suas louvaçõens só se devião entender por cada huma pipa que a carregação ou venda se medisse e mesmo porque não tinhão certeza se seria ou não as pareias herão exactas na sua numeração. E que por esta forma tinhão dado suas determiçoens como entendião em suas conciencias, de que fiz este autto que assignarão com elle juis e fiscal e eu Francisco de Almeida Cabral escrivão que o escrevi e em fé assigno Joze Marques Paul Antonio pereira Antonio da Cunha Reis Luiz Maximo da fonseca Pinto Cardoso de Menezes Francisco d’Almeida Cabral Fl.15 Auto de louvação dos frutos pendentes desta Quinta da Folgoza Anno do nascimento de Nosso senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro, aos quatro dias do mez de Agosto do ditto anno nesta quinta da Folgoza concelho d’Armamar pertencente ao extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas desta comarca aonde eu escrivão nomiado vim com o Joze Marques Paul provador intrino do concelho de Mondim e emcarregado de proceder na avaliação e arematação de todos os bens moveis e frutos pendentes desta mesma quinta e de todos os mais pertencentes ao ditto extinto mosteiro e bem assim o juis ordinario da dita vila de Mondim com o fiscal da Real Fazenda tudo na forma que lhe foi determinado pelo illustricimo sub perfeito desta ditta comarca Francisco de Pula de souza Villas Boas. E sendo prezentes os louvados Fl.15vº fazendeiros ajoramentados pela Camara do dito concelho de armamar Joze dos Santos Cazal e Joze da silva Lopo, elle juiz comessario lhes emcarregou que debaixo do juramento dos seos cargos que em Camara havião recebido lhes emcarregava que bem e na verdade de vissem e examinacem todos os frutos pendentes desta mesma quinta no prezente anno e dessem suas determinaçoens como emtendecem em suas conciencias o que elles prometerão cumprir pella maneira seguinte Desserão que tinhão visto e examinado todos os frutos pendentes que se achavão nesta mesma quinta e que avaluavão a novidade do vinho do prezente anno em secenta pipas que tanto poderão produzir as uvas segundo o calcullo que tinhão feito já pella escacez do anno e já pella falta de agricultura das mesmas vinhas que athe nem cavadas forão a dois annos e que segundo o preço que tem tido os annos antecedentes Fl.16 Vendião a bica do lagar o avaluavão cada huma pipa livre de toda a despeza que tem a fazer athe a sua colheita a seis mil reis e que por todas emportavão em trezentos e secenta mil reis Desserão que esta mesma quinta tem seos olivães, porem que em razão da seca do anno não tinhão fruto algum e que por isso lhe

123


não davam valor E que nesta forma tinhão dado suas determinaçõens como emtendião de que fiz este autto que assignarão com os seis segnais de que uzão com elle juis e fiscal e comigo Francisco de Almeida cabral que o escrevi e em fé asigno Joze Marques Paul Antonio Pereira Joze (de cruz) dos Santos Cazal Joze (de cruz) da Silva Lopo Francisco d’Almeida Cabral Fl.17 Certidão dos Editais Francisco d’Almeida Cabral destribuidor, inquiridor e contador do juizo da correição desta comarca de Lamego e escrivão nomiado para este inventario. Certefico e faço certo em como se passarão para o concelho d’Armamar, Regoa, cidade de Lamego e cidade do Porto os editais do Theor seguinte Joze Marques Paul provador intrino do concelho de Mondim comarca de Lamego e emcarregado dos inventarios e aremataçoens dos bens moveis e frutos do extinto mosteiro de Santa maria de Salzedas da dita comarca. Faço saber que nos dias quatro, cinco e seis do mez de Agosto do corrente anno se hão de rematar duzentas e tantas pipas de vinho emcuvado na quinta da Folgoza comcelho d’Armamar pertencentes ao ditto extinto mosteiro e da mesma forma se hão de rematar os frutos pendentes da mesma quinta deste anno como são: vinho, azeite e o mais que nella existe. Eguais frutos da quinta de Mossul se hão de rematar no dia nove do ditto mez e cada huma das aremataçoens se ha de fazer nas proprias quintas Fl.17vº Nos referidos dias assima declarados a quem maior lanço fezer com as seguranças da lei. E para que chegue a noticia de todos mandei passar a prezente. Folgoza vinte e nove de Julho de 183(?) digo Julho de mil oitocentos e trinta e quatro. Joze Marques Paul, Francisco de Almeida Cabral escrivão que o escrevi. E não se continha mais em os dittos editaes que aqui possei por certidão de hum dos proprios que comferi e concertei com elle juis e ao concerto assegnado. Folgoza 29 de Julho de 1834. Eu Francisco de Almeida Cabral escrivão que o escrevi e asigno em fé Francisco d’Almeida Cabral Comferido por mim escrivão Francisco d’Almeida Cabral E como juis Joze Marques Paul Fl.18 Mandado para o pergoeiro Joze Marques Paul provedor intrino no concelho de Mondim emcarregado dos inventarios e aremataçoens dos bens moveis e frutos do extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas desta comarca de Lamego, etc. Mando ao official de pergoeiro do concelho de Mondim nomiado para esta diligencia, publiquem e afixe na cidade de Lamego, Regoa e concelho d’Armamar os editaes que com esta lhe são entregues e da sua publicação e afixação passe certidão em forma para constar o que assim cumpra. Folgoza 29 de Julho de 1834. Eu Francisco de Almeida Cabral escrivão nomiado o escrevi Paul Fl.18vº Certidão Eu Luiz Antonio dos Santos official de pergoeiro dou fé publicar e afixar na cidade de Lamego, lugar da Regoa e villa d’Armamar nos citios do custume os editaes retro declarados para se proceder nas remataçoens nos mencionados dias. Para constar pedi ao escrivão Francisco de Almeida Cabral que esta me fezesse e comigo assignou. Folgoza 4 de Agosto de 1834 Luiz Antonio dos Santos Francisco de Almeida Cabral Fl.19 Auto d’arrematação do vinho encovado ainda pendente Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos seis dias do mez de agosto do ditto anno nesta quinta que foi dos ex monges da Congregação de São Bernardo do mosteiro de Santa Maria de Salzedas cita no limite do lugar da Folgoza do concelho de Armamar onde se achava Joze Marques Paul provedor do concelho de Mondim e juis comessario do inventario e arematçoens dos bens moveis e frutos pendentes do mesmo extinto mosteiro por nomiação e officio que lhe fez o sub perfeito desta comarca Francisco de Paula de Souza Villas Boas e depois de ter feito inventariar e avaluar os referidos bens mandou passar e afixar os editaes que constão das certidoens retro sendo hoje o dia destinado para as remataçoens do vinho emcovado e fructo pendente pertencente Fl.19vº A esta mesma quinta achando-se tãobem prezente Antonio Pereira juis ordenario do ditto concelho de Mondim nomiado para fiscal pelo dito juis comessario no impedimento do que foi nomiado no comvento de Salzedas e comcorrendo para este acto das

124


aremataçoens muitas pessoas e já prezentes o ditto juis mandou ao official de pergoeiro que com ...... Luis Antonio dos Santos do referido concelho de Mondim lhe emtregou huma rellação dos vinhos emcovados e avaliados assim como dos frutos pendentes da forma que se achão tãobem descritos e avaliados trazendo o pregão o referido e mostrace aos pertendentes a mesma relação, o que praticou e executou dizendo em altas vozes que quem quizesse lançar em tudo o referido constante da mesma relação viesse ter com elle e lhe tomasse seu lanço e continuando semelhantes pergoens em altas vozes a vista e face de muitas pessoas que prezentes estavão, ouve neste largo tempo lanços offerecidos, chegando a ser maiores os que fez e offereceu Antonio Fl.20 Joze de Faria como caixeiro de Antonio Bernardo Ferreira do logar da Regoa que foi de offerecer na forma da lei mil e quinhentos reis preço asima da avaluação de cada huma pipa do vinho emcovado comforme a identificação das suas avaliaçoens ....... das ditas pipas, fazendo-se a conta dellas ...... e que tambem a fezerão na forma da lei, pelo fructo das uvas pendentes do prezente anno. Trezentos secenta e cinco mil e cem reis, com a condição de ficar senhor do armazem e toneis em que se acha o ditto vinho emcovado para nelles emcovar o ditto novidade proxima que comtem a prezente arematação athe que a mesma novidade seja transportada para outro porte e em tempo competente que esteja o ditto armazem e toneis dezempedidos para a novidade do anno seguinte, e continuando o ditto pergoeiro os referidos lanços offerecidos com as condiçoens já expecificadas na prezença de todas as mais pessoas com e ouvintes passado longo tempo deu fé o mesmo pergoeiro não havia quem maior Fl.20vº Lanço fezesse, a vista do que elle juis comessario mandou afrontar a ditta arematação e emtregou o ramo ao ditto Antonio Joze de Faria com a obrigação de meter no depozito publico da cidade de Lamego dentro de tres dias com a penna da lei com a quantia de dois contos de reis na forma da sua arematação não sendo esta conta a liquida por sanção puder fazer sem se medir o ditto vinho emcovado e feita que seja a medição se fará a conta toda pró rota, faltando qualquer quantia para o pagamento do total e não correndo já ...... e do papel o pagará em metal com o desconto competente e se ..... dos dois contos de reis depozitados o levantará na mesma forma ao que se sugeitou o dito arematante de que elle juis mandou fazer este auto que assignou com o rematante official de pergoeiro e comigo Francisco de Almeida Cabral que o escrevi e assignei em fé Joze Marques Paul Antonio Joze de Frias Antonio Pereira Luiz Antonio dos Santos Francisco d’Almeida Cabral Fl.21 Auto de arrematação dos moveis e semoventes Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro, aos seis dias do mez d’Agosto do dito anno nesta quinta da Folgoza comcelho(sic) de Armamar pertencente ao extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas aonde eu escrivão vim com Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim emcarregado de fazer inventariar e arematar todos os bens moveis semoventes e fructos pendentes, pertencentes ao dito extinto mosteiro por ordem do sub perfeito desta mesma comarca de Lamego e bem assim o juis ordenario do concelho de Mondim Antonio Pereira servindo de fiscal no empedimento do nomiado e o official de pergoeiro deste concelho Luis Antonio dos Santos para effeito de se proceder nas referidas aremataçoens dos moveis semoventes e fructos desta mesma quinta na forma assima declarada. E logo elle menistro digo Fl.21vº E logo elle juiz comessario ordenou ao dito official de pergoeiro que pellas suas avaliaçoens metesse em pergão de venda e arematação huma junta de bois inventariada e avaluada em cincoenta e dois mil e oitocentos e continuando o dito pergoeiro apergoou o referido por largo tempo deu fé ser o maior lanço o que offereceu Joze Maria da Fonceca do lugar da Folgoza da quantia de cincoenta e cinco mil e duzentos na forma da lei – dando fé não aver quem mais lançace e por isso elle juiz mandou afrontar a ditta arematação ao dito rematante e pella dita quantia offerecida. E logo mandou o dito juis por lanços na mesma comformidade de hum rodal e hum chedeiro tudo avaluado em quatro mil novecentos e corenta reis e continuando os devidos pergoens deu fé ser o maior lanço que offereceu o ditto Joze Maria da Fonceca da quantia de cinco mil reis taobem na forma da lei que por não aver quem maior lanço fezesse mandou emtregar o ramo pela dita quantia. E pondo se egualmente a pergão oitenta aqueires de trigo avaluado cada hum a trezentos e vinte reis que emportão na quantia de Fl.22 Vinte e cinco mil e seiscentos reis e sendo continuados os devidos pergoens deu fé o mesmo pergoeiro ser o maior lanço e offerecimento o que o ditto Joze Maria da Fonceca de vinte e cinco mil e settecentos reis e taobem na forma da lei que por não haver quem maior lanço fezesse mandou o ditto juis afrontar a ditta arematação e emtregar o ramo pela ditta quantia. E continuando a porce a lanços trinta alqueires de senteio avaluado cada hum a duzentos reis emportão em seis mil reis e deu fé o pergoeiro ter lançado os devidos pergoens sendo o maior lanço o que offereceu o dito Joze Maria da Fonceca da quantia de seis mil e cincoenta reis na forma da lei e por não haver quem maior lanço fizesse mandou elle juis afrontar a mesma arematação e emtregar o ramo ao dito Joze Maria da Fonceca pela ditta quantia offerecida. E logo mandou o mesmo juis por a lanços dois porcos de criação avaluados em nove mil e seiscentos reis e continuando-se os

125


devidos pergoens deu fé o mesmo pergoeiro ser o maior lanço o que ofereceu Joaquim Antonio do Carmo, rezidente nesta mesma quinta da quantia Fl.22vº De nove mil settecentos reis na forma da lei e por não haver quem maior lanço offerecesse mandou o ditto juis afrontar e emtregar o ramo ao ditto Joaquim Antonio do Carmo pela referida quantia offerecida. De tudo se fez este auto que elle juis assignou com o fiscal e arematantes e eu escrivão logo neste mesmo acto notefiquei aos mesmos arematantes para no termo de tres dias emtrarem no depozito da cidade de Lamego com o produto de suas aremataçoens na forma da lei e eu Francisco d’Almeida Cabral escrivão nomiado o escrevi e em fé asigno Joze Marques Paul Antonio Pereira Joze Maria da Fonceca Joaquim Antonio do Carmo Luiz Antonio dos Santos Francisco d’Almeida Cabral Fl.23º Termo d’Arrematação Aos sette dias do mez d’Agosto de mil oitocentos e trnta e quatro nesta quinta e caza da Folgoza pertencente ao extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas do concelho de Armamar aonde estava prezente Joze Marques Paul provedor do concelho de Mondim e juis comessario dos inventarios e arematações dos moveis e frutos pendentes pertencentes ao dito extinto mosteiro na forma retro declarado com o fiscal nomiadopor parte da Real Fazenda Antonio Pereira comigo escrivão para se procder na arrematação dos moveis que havião sido inventariados para cujo fim estando taobem prezente o official de pergoeiro Luis Antonio dos Santos elle juis comessario lhe ordenou continuace a meter em publico pergão todos os moveis que se achavão nesta mesma quinta pelas suas avaliaçoens o que logo foi satesfeito pelo ditto offical dezendo em altas vozes que quem quizesse lançar em todos os referidos bens viesse ter com elle que tomaria seu lanço e repetindo este pergão por hua e muitas vezes e por muito tempo deu fé que apareceu Joaquim Antonio de Carmo e Fl.23vº oferecera pelos bens abaixo declarados os seguintes lanços a saber: por huma comoda uzada quatro mil reis e por outra dita mais ordinaria tres mil reis; por hua escrivaninha mil e seiscentos reis; por duas cadeiras quatrocentos e vinte reis; por tres panella de lata novecentos e secenta reis; por cinco chavenas e pires trezentos reis; por hum asuucareiro cento e vinte reis; por hum a leiteira cento e vinte reis; por humbulle duzentos e quarenta reis; por hum colxão velho quatrocentos e oitenta reis; por hum enxergão quatrocentos reis; por hum jarro e bacia de estanho trezentos reis; por cento e setenta liaças de rabiços ........ por tres mil e quatrocentos reis. E por não aparecer quem maior lanço fizesse elle juis lhe mandou emtregar o ramo e houve por arematados os referidos movens pela dita quantia de que fiz este termo que assignou com elle juis e fiscal e official e eu Francisco d’Almeida Cabral que o escrevi e assignei Joze Marques Paul Francisco Diogo Vaz Pinto Guedes Joaquim Antonio do Carmo Luis Antonio dos Santos Francisco de Almeida Cabral

Documento n.º 6 Fl.1 1834 Mossul Appenso B ao inventario nº2 Autto de posse da Quinta do Mossul e sua avaliação Anno do Nascimento de Nosso senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro, aos trinta dias do mez de Julho do ditto anno nesta quinta do Mossul que foi dos ex monges do extinto mosteiro de Salzedas limite de Rio Bom termo da cidade de Lamego aonde veio Joze Marques Paul provedor intrino da villa de Mondim e juis comessario do inventario remataçoens e varias dependencias do referido mosteiro extinto por nomiação do sub perfeito desta comarca Francisco de Paula de Souza Villas Boas, comigo escrivão e Antonio Pereira juis ordenario do concelho de Mondim como fiscal da Real Fazenda nomiado por elle juis o qual imtrou digo juiz afim de tomar posse da mesma quinta e seos pertence e depois de nos acharmos dentro das cazas da mesma quinta e de todo Fl.1vº O seu terreno o mesmo juis disse na prezença de todos e de varias pessoas que neste acto se achavão que em nome da Nossa Augusta Rainha a Senhora Donna Maria segunda tomava posse civil e corporal das referidas cazas da dita quinta e dito do terreno que a mesma se compoem assim como dos foros de vinho e azeite a elle pertencentes na forma que a possuião os dittos ex

126


monges e a mesma posse lhe foi comferida pelo ex professo Pedro Antonio de Santa Anna que ficou emcarregado para este e mais autos do mesmo extinto mosteiro, não emcontrando elle mesmo juis contradição alguma na mesma posse e nella ficou pacificamente empossado e de tudo mandou fazer este auto que com todos assignou e eu Francisco de Almeida Cabral que o escrevi e assignei em fé Joze Marques Paul Pedro Antonio de Santa Anna Antonio Pereira Francisco de Almeida Cabral Fl.2 Termo de Juramento aos Louvados Aos oito dias do mez d’Agosto de mil oitocentos e trinta e quatro nesta quinta e caza de Mossul que foi do extinto mosteiro de Salzedas aonde veio Joze Marques Paul provedor do concelho de Mondim e juis comissario do inventario e remataçoens de todos os mais dependencias do referido extinto mosteiro comigo escrivão para se proceder nas descripção de todos os bens moveis e frutos pendentes da dita mesma quinta e depois na sua avaliação para cujo fim estavão prezentes os louvados: carpinteiros – Antonio Luis, Manoel Pereira ambos de São João de Tarouca e João Correia cazeiro da quinta de To...... e Antonio de Figueiredo da quinta da Pacheca proximo desta do Mossul como louvados fazendeiros a cujos louvados elle juis deferio o juramento dos Santos Evangelhos debaixo do qual lhes carregou que bem e na verdade a vissem e examinacem; os primeiros todos os moveis que lhe fosem mostrando e aos segundos os frutos pendentes da mesma quinta e os foros que a mesma se pagão Fl.2vº De vinho e azeite o que elles havendo jurado assim o prometerão cumprir de que para constar se fez este termo que assignarão com elle juis e eu Francisco de Almeida Cabral que o escrevi e assigno em fé Joze Marques Paul Antonio Luiz Manoel Pereira Antonio de Figueiredo João Correia Francisco d’Almeida Cabral Descrição dos bens moveis Huma meza com duas gavettas avaluada em oitocentos reis Outra ditta sem gavetas avaluada em trezentos reis Outra ditta velha inutil avaluada em secenta reis Fl.3 Cinco tamboretes de pinho velhos avaluados todos em duzentos reis Tres cadeiras redondas de braços avaluadas cada hua a cento e vinte reis e todas trezentos e secenta reis Hum almario grande avaluado em mil e seicentos reis Hum bau velho avaluado em duzentos reis Quatro bancos de ferro avaluados cada par a mil reis e todos dois mil reis Hum candeeiro velho de metal avaluado em trezentos reis Tres talhas do azeite avalaudadas em mil e oitocentos reis Tres pratos velhos avaluados em secenta reis Hum copo de agoa avaluado em secenta reis Tres enxergoens velhos e rotos avaluados em seiscentos reis Huma enxada avaluada em Fl.3vº Cento e vinte reis Tres mantas velhas avaluadas em seiscentos reis Dois cobertores uzados avaluados em oitocentos reis Seis lençoens de estopa e linho velhos e rotos avaluados em mil reis Quatorze cestos vendimas uzados avaluados em quinhentos e secenta reis Vazilhas de vinho Hum tonel numero hum de onze pipas avaluado em vinte e seis mil e quatrocentos reis Outro dito numero dois de treze pipas avaluado em trinta e dois mil e duzentos reis Outro dito numero tres de doze pipas avaluado em vinte e oito mil e quatrocentos reis Outro dito numero cinco de oito pipas avaluado em doze mil reis Fl.4 Hum tonel d’agua pé avaluado em cinco mil e duzentos reis Huma pipa avaluada em dois mil reis

127


Huma balça avaluada em quinhentos reis Dois canecos avaluados em seiscentos reis Dois canecos de medição avaluados em quatrocentos reis Fructos pendentes Desserão os louvados fazendeiros que examinando esta quinta a mesma pode render devendo neste prezente anno atendendo ao seu extado, nove pipas e que avaluavão cada hua livre de toda a despeza que tem a fazer na colheita a sette mil reis que emportão em secenta e tres mil reis Desserão mais que avaluavão cada huma pipa de vinho dos foros sabidos que a mesma quinta recebe em atenção de ser vinho de varias misturas Fl.4vº E do carreto delle a varias partes aonde se deve hir receber aos mesmos sette mil reis cada hua Que vendo as oliveira que tem a mesma quinta achão que pouco ou nada de fruto tem e que apenas poderá render hum cantaro d’azeite livre que avaluavão em mil e duzentos reis Que avaluavão cada hum almude de azeite dos foros sabidos da mesma quinta e atenção a despeza do carreto delle de varias partes aonde se deve hir receber, a dois mil e quatrocentos reis Declararão os mesmos louvados que os foros do vinho e azeite são os que constão do Livro da Cobrança que são vinte e nove pipas de vinho e oito almudes e huma canada de azeite Descrição da raiz Desserão mais que o terreno da dita quinta esta plantado de oliveira digo de vedeiras, algumas liveira e algumas alvores de fruta Fl.5 Acha-se murada em volta pelas estradas e por onde não tem muro parte com vinha do doutor Bernardo de Gouveia e Manoel Pereira da Barca; dentro da mesma quinta tem huma morada de cazas bastantemente grande com alguns aranjos de repartimentos mas muito velha em toda a sua extenção, nos baixos da dita caza tem o armazem com seos toneis retro rellacionados e pegando a mesma caza dentro da sua quintan tem hua pequena capella ornada e decente. E tem mais nos baixos da mesma caza dois lagares de pedra aparilhados de fazer o mesmo vinho e que nada mais tinhão a declarar. E por esta maneira desserão os dittos louvados que tinhão feito a sua declaração de que forão emcarregados e o ex professo Pedro Antonio de Santa Anna declarou que nada mais tinha que dar a esta Fl.5vº Declaração e de tudo elle juis comessario mandou fazer este autto que com todos assignou e eu Francisco de Almeida Cabral escrivão que o escrevi e em fé assignei Joze Marques Paul Pedro Antonio de Santa Anna Antonio Pereira Antonio Luiz Manoel Pereira Antonio de Figueiredo João Correia Francisco d’Almeida Cabral Fl.6 Auto de louvação da Quinta do Mossul e suas pertenças Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos trinta e hum dias do mez de Julho do ditto anno neste lugar da quinta do Mossul termo da cidade de Lamego e pertencente ao extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas aonde estava prezente Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim e juiz comessario dos inventarios e aremataçoens dos bens moveis semoventes e frutos pendentes que pertencem ao dito extinto mosteiro em virtude das ordens que lhe forão transmitidas pela sub prefeitura desta comarca de Lamego e bem assim o juis ordenario do concelho de Mondim Antonio Pereira servindo de fiscal por parte da Real fazenda e comigo escrivão para se proceder na avaliação desta mesma quinta e todas as suas pertenças na forma que retro se declara. E logo sendo taobem prezentes os louvados competentes, fazendeiros: manoel Pereira, Bernardo Fl.6vº Rodrigues, pedreiros Bernardo Alves e Manoel de Lucena e carpinteiros: Antonio Luiz e Manoel Pereira aos quaes elle juis comessario lhes deferio o juramento dos Santos Evangelhos debaixo do qual lhes emcarregou que bem e na verdade vicem e examinacem toda a referida quinta e todos as suas pertenças e declaracem o seu total valor o que elles havendo jurado assim o prometerão cumprir e unanimemente declarão: Que vendo e examinando a caza da ditta quinta, capella pegada a mesma e as mais pertencenças na forma que retro se declara as avaluavão em trezentos mil reis Que da mesma forma examinarão o terreno da quinta plantada de videiras com oliveira e alguas arvores de fruta em atenção a ser a sua produção de vinho de facturia segundo a taxa estabelecida para tais louvaçoens e pela produção retro declarada

128


segundo o estado em que se acha em tres contos e seiscentos mil reis. Fl.7 Que da mesma forma tudo examinado ............. ........... ............ pipas do vinho dos foros sabidos ....... pello seu total valor pella mesma ..... da companhia ....... ........reis a pipa vindo assim a ser o seu total valor de onze contos e seiscentos mil reis Que da mesma forma avaluavão os oito almudes e hua canada de azeite em cada anno a preço cada hum almude de dois mil e quatrocentos, sendo o total valor de trezentos oitenta e quatro mil reis Soma o total valor desta ditta quinta e foros quinze contos oitocentos e oitenta e quatro mil reis E nesta forma desserão os mesmos louvados que tinhão dado as suas determinaçoens como bem entenderão em suas conciencias, salvando comtudo qualquer prejuizo de terceiro que possa haver e para constar de tudo fiz este auto que asignarão com elle juis e fiscal Fl.7vº E eu Francisco de Almeida Cabral escrivão nomiado que o escrevi em fé assigno Joze Marques Paul Antonio Pereira Manoel Pereira Bernardo Rodrigues Bernardo (de cruz)Alves Manoel (de cruz)de Lucena Antonio Luiz Manoel Pereira Pinto Francisco d’Almeida Cabral Fl.8 Auto d’arrematação dos frutos pendentes e foros de vinho e azeite pertencentes a esta dita Quinta Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos nove dias do mez de agosto do ditto anno nesta quinta que foi dos extintos monges da Congregação de São Bernardo do mosteiro de Salzedas no citio de Mossul limite de Riobom termo da cidade de Lamego aonde veio Joze marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim e juis comessario das remataçoens digo comissario dos inventarios e aremataçoens dos bens moveis e frutos pendentes do mesmo extinto mosteiro por nomiação e officio que lhe fez o sub perfeito desta mesma comarca Francisco de Paula villas Boas e depois de ter feito inventariar e avaliar os referidos bens mandou passar e afixar os referidos editaes digo e afixar os competentes editais e sendo o dia de hoje destinado para esta arematação dos mencionados frutos e foros asima Fl.8vº Declarados pertencentes a esta mesma quinta, achando se taobem prezente o fiscal nomiado por elle juis, por parte da Real Fazenda e comparecendo para este auto muitas pessoas que prezentes estavão mandou elle juis comessario ao official de pergoeiro que comsigo trazia Luiz Antonio dos Santos do concelho de Mondim emtregando lhe hua relação dos preços e avaliaçoens dos frutos e foros na forma que se achavão descriptos e avaliados e que metesse em pergão tudo o referido o que assim praticou e executou, dizendo que quem quizess lançar em tudo o referido na mesma rellação dos frutos e foros desta mesma quinta viesse ter com elle que lhe tomaria seu lanço e continuando semelhantes pergoens em altas vozes a vista e face de todas as pessoas que prezentes estavão, houve lanços neste entrevallo de tempo varios lanços offerecidos chegando a ser o maior o que offereceu Joaquim Mendes de Magalhaens do lugar de Palhaes de Cambres que foi pelas quantias em se achão avaliados Fl.9 Os ditos frutos e foros que vem a ser is frutos pendentes de vinho e azeite em secenta e quatro mil e duzentos reis e por cada hua pipa do vinho dos foros a sette mil reis que que contão terem vinte e nove pipas e por cada hum almude d’azeite dos mesmos foros dois mil e quatrocentos reis, sendo oito almudes e tres canadas, com a condição porem de não ser obrigado a pagar os mesmos foros de vinho e azeite senão receber por se acharem estes nas circunstancias de estarem ou não suprimidos pelo Real Decreto que tracta sobre este objecto e ficar a Fazenda Nacional obrigada a esta decisão mas elle rematante e mais com a obrigação de se servir dos toneis e armazem que esta quinta tem athe a proximidade da novidade do anno futuro de mil oitocentos e trinta e cinco e de pagar o produto d’arrematação que não houver duvida athe ao fim do prezente anno de mil oitocentos e trinta e quatro no depozito publico para isso destinado na cidade de Lamego. A vista do que elle juis vendo que não havia quem maior lanço offerecesse mandou afrontar Fl.9vº A dita arematação e emtregar o ramo ao dito Joaquim Mendes de Magalhaens com as condiçoens por ellas ponderadas e retro escriptas e assim o asseitou e nomiou para seus fiadores e abonadores ao reverendo Joze da Fonceca Ozorio do lugar de Riobom e ao reverendo Joze da Conceição Ozorio Mendes do lugar de Palhais de Cambres que por estarem prezentes disserão se sugeitavão ao pagamento e condiçõens do arematante com se elles fossem os proprios cada hum “in solidum” na forma da lei e de tudo mandou fazer este auto que elles juis assignou com o fiscal Antonio Pereira, arematante e feadores e o official e eu Francisco d’Almeida Cabral escrevei que a bem e em fé assigno

129


Joze Marques Paul Antonio Pereirá Joaquim Mendes de Magalhãens Padre Joze da Fonceca Ozorio Padre Joze da Conceição Ozorio Mendes Luiz Antonio dos Santos Francisco de Almeida Cabral Fl.10 Auto de arrematação de bens moveis da Quinta de Mossul Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos vinte e tres dias do mez d’Agosto do ditto anno neste lugar e caza do extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas aonde estava prezente comigo escrivão Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim e juiz comimissario dos inventarios e aremataçõens do mesmo extinto mosteiro como fiscal nomiado por parte da Real Fazenda Francisco Diogo Vaz Pinto Guedes e o official de pergoeiro Luiz Antonio dos Santos para se proceder na arematação dos mesmos pertencentes ao dito extinto mosteiro.E logo elle juis comissario ordenou ao mesmo official metesse em publico pergão de....... e arematão todos os moveis que se achão inventariados e louvados na quinta de Mossul entregando-lho para esse fim hua rellação dos mesmos e suas avaliaçõens e que foi por elle satisfeito dizendo am praça publica diante de muitas pessoas que prezentes estavão; que quem quizesse lançar nos moveis existentes na quinta de mossul constantes da rellação que aprezentava viesse ter com elle que lhe tomava seu lanço pois que se avia de arematar a quem por elles mais dece e repetindo este pergão por huma Fl.10vº E muitas vezes por grande expaço de tempo deu fé que o maior lanço que herão aos mais digo que tivera aos bens abaixo declarados fora o que offerecera Antonio Ribeiro do lugar da Murganheira a saber: cinco tamboretes de pinho velhos por duzentos reis; por tres cadeiras redondas trezentos reis digo trezentos e secenta reis; por dois bancos de ferro mil reis; por hum condicim velho trezentos reis; por tres pratos velhos secenta reis; por hum copo d’agoa de vidro secenta reis; por trez emxergõens velhos seiscentos reis; por duas mantas velhas seiscentos reis; por dis cobertores velhos seiscentos reis; por dois lençoens de estopa velhos por trezentos e vinte; por huma pipa dois mil reis; por hum tonel de agua pé cinco mil e duzentos reis. Que tudo faz a soma de onze mil e trezentos reis. E por não aver quem mqior lanço fizesse nem a tanto chegacem elle juis mandou ao dito official que afrontace e emtregace o ramo o que assim foi satisfeito com as mais solenidades da lei de que tudo fiz este auto que todos assignarão e eu Francisco de Almeida Cabral escrivão que o escrevi e em fé assigno Joze Marques Paul Francisco Fiogo Vaz Pinto Guedes Antonio Ribeiro Luiz Antonio dos Santos Francisco de Almeida Cabral Fl.11 Relação dos moveis e paramentos da capella da quinta de Mossul de que fica emtregue para delles dar conta e arematante dos frutos do prezente anno Joaquim Mendes de Magalhaens como depozitario, os quais são os seguintes: Huma meza com duas gavetas Mais duas dittas sem gavettas Hum almario Hum bau velho Tres talhas de azeite vazias Huma enxada Quatorze cestos vindimos uzados Vazilhas do vinho Hum tonel nº1 de onze pipas Outro ditto nº2 de treze pipas Outro ditto nº3 de doze pipas Outro ditto nº4 de outo pipas Huma balça Dois canecos Dois cantaros de medição Paramentos da capella Huma imagem de Santo Christo de marfim; as imagens de Nossa Senhora e de São Joze e o Menino enferma do Desterro e São Bernardo em vulto no altar. No mesmo altar, tem frontal e pedra d’asaa. Tem hum calix com patena e colherzinha de prata. Tres vestimentas, estollas e manipullos das Fl.11vº Tres cores: branca, vermelha e roxa. Tres mezas de corporaes e bolças com os competentes sanguinhos e manusterges

130


Huma alva, Hamitto e cordão Duas toalhas do altar Dois missais Huma estante Hum par de galhetas uzadas E de como de tudo o que declarado ficou emtregue na sobredita forma se obrigou a dar conta assignou. Mossul 24 de Agosto de 1834. Eu Francisco d’Almeida Cabral escrivão que o escrevi e assigno Joaquim Mendes de Magalhaens Francisco d’Almeida Cabral Fl. sem numeração Quinta do Mossul e suas pertenças O terreno da quinta supra plantado de videiras e algumas oliveiras e algumas arvores de fructo, murado em volta pelas estradas e por onde não tem muro parte com vinha do doutros Bernardo de Gouvea e Manoel Pereira da Barca - 3 600$000 reis – dentro da mesma quinta tem uma morada de cazas bastantemente grande mas muito velha em toda a sua extenção e pegado à mesma caza dentro da quinta tem huma pequena capella e tem mais nos baixos da mesma caza dois lagares de pedra para vinho – 300$000 reis. Fl. sem numeração Nº133 do Mosteiro de Cucujães .... 4(?) de Setembro 1842 A J Silva

Documento n.º 7 Fl.1 1834 Salzedas a maior freguezia do Izento Auto de inventario e posse das cazas e trastes nestes relacionados pertencentes ao extinto mosteiro de Salzedas Appenso C ao inventario nº2 Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos vinte dias do mez de Julho do ditto anno nesta vila da Uccanha aonde foi vindo Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim e juis comessario para a posse e inventario dos bens moveis de raiz e mais pertenças pertencentes ao extinto mosteiro de Salzedas desta comarca Francisco de Paula de souza Villas Boas, comigo escrivão e o juis ordenario da vila de Mondim Antonio Pereira. E logo o mesmo juis comissario em nome da Rainha a senhora Donna Maria segunda tomou posse civil e natural dos bens que nesta vila tinhão os dittos extintos monges para serem emcorporados nos proprios da Nação eu que não encontrou a menor contradição e desta villa passamos Fl.1vº As mais freguezias ao deante declaradas e nellas tomou iguais posses e logo fez avaluar pelos louvados dos predios rusticos e urbanos abaixo assignados os bens que nelles achamos debaixo do juramento que tinhão prestado no inventario a que junto e de tudo mandou fazer elle juis fazer este auto que com o fiscal e sobreditos assignarão comigo Francisco de Almeida Cabral escrivão nomiado o escrevi e em fé assignei Joze Marques Paul Bernardo (de cruz) Alves Manuel (de cruz) de Lucena Bernardo Rodrigues Antonio Luiz Manoel Pereira Antonio Pereira Francisco d’Almeida Cabral Villa de Uccanha Huma morada de cazas citas nesta villa de Uccanha na rua publica proxima a torre da igreja com seu lagar de pedra que servia a dita caza para tulhas dos ex monges de Salzedas e a ella pegado hum pequeno terreno quazi inculto que se chamava para hua horta que tudo pode render annualmente atendendo ao paiz e aruenação em que se acha a dita caza tres mil reis Fl.2 Que muntiplicados por vinte annos vem a ser seu total valor de secenta mil reis Granja Nova Huma caza cita neste lugar da Granja Nova ao pé da mesma igreja que servia para tulha dos mesmos ex monges com sua adega, que parte com o terreiro publico e com herdeiros de Bernardo Semoens avaluado o seu rendimento annual de quatro mil e oitocentos reis

131


E que por vinte annos hé o seu total valor de novente e seis mil reis Tarouca Huma morada de cazas cita na praça desta villa com sua adega e repartimentos de madeira para tulha, parte com a mesma praça eLourenço Saraiva avaluavão o seu rendimento annual em quatro mil e oitocentos reis E por vinte annos hé o seu total valor de noventa e seis mil reis Fl.2vº Simbres Huma murada de cazas neste lugar de Simbres no citio da tulha que parte com a rua publica a qual servia de caza de tulha e adega aos ditos ex monges que em atenção ao insignificante paiz apenas pode render annualmente dois mil e quatrocentos reis Mais atendendo a estimação e adega da mesma caza caza pela sua grandeza e bom estado a não avauão pelo rendimento por que valle muito bem ...... avaluaão em duzentos mil reis Há mais neste lugar que hera dos dittos ex monges a metade de huma leira cita à tulha que parte com os mais interçados na mesma leira, cuja trazia de renda hum Manoel Martinho por hum alqueire de pão annual e avaluão em duzentos reis E por vinte annos hé o seu total valor quatro mil reis Fl.3 Tinhão mais os dittos ex monges neste lugar hum cazarão demolido dentro da quintan de Manoel Thomaz que nenhum rendimento tem e avaluão a sua estimação em catorze mil e quatrocentos reis Villa Chan de Cangueiros Huma morada de cazas com suas logias que servia para a tulha dos dittos ex monges, esta no ....... deste mesmo lugar que parte com o caminho publico, porem que em razão deste lugar ser pouco abitado e enferior o seu paiz apenas poderá render annualmente quatro mil reis Mas a estimação e grandeza da mesma caza hé de bom valor que por isso sem atenção a renda avaluavão em duzentos e cincoenta mil reis Villa de Ca..... Huma morada de cazas com hua boa adega e hum pequeno quintal pegado que servia para tulha e adega dos ditos Fl.3vº Ex monges cuja se acha sobreci e parte com a rua publica por todos os lados mas o seu rendimento atendendo se ao insegnificante paiz avaluaão o seu rendimento annual em cinco mil reis Porem a estimação e grandez da dita caza e suas logias e o bom estado em que ella se acha avaluavão a mesma em quinhentos mil reis Há mais nesta mesma dita adega cinco toneis de emcovar vinho todos eguais que segundo o seu estado avaluão cada hum em quatro mil e oitocentos reis e todos vinte e quatro mil reis Existem na ditta caza dois bancos de cama de ferro os quais avalluão em mil reis E por esta maneira houverão os ditos louvados a sua declaração por feita comforme emtenderão em suas conciencias e elle juis commessario nada mais mandou descrever pelo não emcontrar, e assignou com o fiscal, louvados e mais comtemplados no autto comigo Fl.4 Francisco d’Almeida Cabral escrivão nomiado que o escrevi em fé asegnei Joze marques Paul Manoel Pereira Bernardo rodrigues Bernardo (de cruz) Alves Antonio Luiz Manoel (de cruz) de Lucena Manoel Pereira Antonio Pereira Francisco d’Almeida Cabral Fl.5 Termo d’Arrematamento das cazas da tulha e Granja Nova – Simbres, Uccanha, Villa Chãm Aos vinte e dois dias do mez de Agosto de mil oitocentos e trinta e quatro neste lugar de Salzedas e caza do extinto mosteiro aonde estava prezente Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim emcarregado do inventario bem como o fiscal nomiado Francisco Diogo Vaz Pinto Guedes e o official de pergoeiro Luiz Antonio dos Santos comigo escrivão llogo elle juis comissario mandou ao dito official de pergoeiro metesse em publico pergão de arrendamento as cazas das tulhas do izento deste mesmo extinto mosteiro o que logo foi satesfeito pelo ditto pergoeiro e o maior lanço que ouve nas cazas da tulha da Granja Nova foi o que offereceu o padre Joze cardozoassistente em Simbres por tempo de hum anno por quatro mil e novecentos reis E pella caza da tulha de simbres foi o que ofereceu Vericimo Duarte de dois mil e quinhentos reis

132


E pella caza da tulha da villa da Uccanha offereceu Agostinho Joze Maria deste lugar pella quantia de tres mil reis Fl.5vº E por dar o mesmo official fé que não houve quem maior lanço fizesse em cada huas das sobreditas cazas por cada hum anno elle juis lhe mandou tomar este termo e por elle se obrigarão a satisfazer cada hum de per ci a referida renda no fim do anno por suas pessoas e bens em geral na forma da lei e assignarão com elle juis, fiscal e o fficial comigo Francisco de Almeida Cabral escrivão que o escrevi em fé assigno Paul Vaz Pe.Joze Cardozo Verissimo Duarte Agostinho Joze Maria Luiz Antonio dos Santos Francisco d’Almeida Cabral E logo na mesma forma arematou de arendamento Joze Manoel Rodrigues de Morais as cazas da tulh e rezidencia de Villa Chãn de Cangueiros por quatro mil reis em cada anno e por não haver quem maior lanço fezesse elle juis houve a mesma caoza por arendada pelo dita quantia em cada hum anno com as mesmas formalidades e obrigaçoens assima declarados e de como se obrigase e asegnou Fl.6 Com o juis fiscal e official e eu Francisco de Almeida Cabral que o escrevi e assigno Paul Vaz Joze maria Roiz de Moraes Luiz Antonio dos Santos Francisco d’Almeida Cabral

Documento n.º 8 Fl. sem numeração 1834 Lamego Appenso D Ao inventario nº2 Auto de posse e louvação da caza da cidade de Lamego pertencente ao extinto mosteiro de Santa maria de Salzedas Fl.1 Auto de posse e louvação da Caza da cidade de Lamego pertencente ao extinto mosteiro de Santa maria de Salzedas Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil oitocentos e trinta e quatro aos nove dias do mez de Agosto do ditto anno nesta cidade de Lamego sitio da Porta do sol e cazas chamadas da Ordem do extinto mosteiro de Santa Maria de Salzedas aonde veio comigo escrivão Joze Marques Paul provedor intrino do concelho de Mondim, juis comessario dos inventarios e posse de todos os bens moveis e de raiz pertencentes ao ditto extinto mosteiro e bem assim Antonio Pereira juis ordinario do sobredito concelho de Mondim como fiscal da Real fazenda no empedimento do nomiado por elle juis no principal inventario para em virtude das reais ordens que lhe forão transmitidas pela sub perfeitura desta comarca tomar posse e fazer inventariar e avaliar a sobredita caza com tudo o mais que nella se achar pertencente ao mesmo extinto mosteiro para cujo fim sendo taobem prezente o ex professo Pedro de Santa Anna emcarregado de dar a descripção todos os referidos bens: E logo por elle forão abertas as Fl.1vº Portas da ditta caza e emtrando nella o ditto juis comessario com o fiscal nomiado da mesma caza tomou posse civil e natural em nome de Nossa Augusta Rainha a Senhora Donna maria segunda para ficarem estes referidos bens incorpurados nos da Nação, cuja posse tomou sem contradição de pessoa alguma praticando todos os mais actos pusseçorios que a lei permite e recomenda em tais cazos e de tudo fiz este auto que todos aqui assignamos e eu Francisco d’Almeida Cabral escrivão nomiado que o escrevi e em fé assigno Joze Marques Paul Pedro Antonio de Santa Anna Francisco d’Almeida Cabral E logo pelos louvados competentes ao diante nomiados e assegnados se procedeu na louvação desta ditta Fl.2 Caza para cujo fim elle juis lhes emcarregou debaixo do juramento dos Santos Evangelhos que já lhes avia deferido, dessem suas louvaçoens como bem entendecem em suas conciencias o que assim prometrão cumprir pella maneira seguinte:

133


Disserão os mesmos louvados huns e outros unanimemente que tendo visto e examinado a ditta caza que por bem conhecida a não confrontavão e que em razão da ruina em que se achava lhe não podião arbitrar rendimento algum sem que para isso fosse concertada, porem que assim mesmo no estado em que se achava a louvavão no total valor de trezentos mil reis E nesta forma disserão que tinhão dado as suas louvaçõens como entenderão e que nada mais tinhão a declarar e louvar pelo não emcontrarem e de tudo fiz este autto que assegnarão com o juis e fiscal eu Francisco d’ Almeida Cabral escrevi e asegno Antonio Pereira Manoel Pereira Bernardo Rodrigues Fl.2vº Bernardo (de cruz) Alves Manoel (de cruz) de Lucena Antonio Luiz Manoel Pereira Francisco d’Almeida Cabral

134



ร NDICE

Geografia

1

Historiografia

3

Metodologia

7

Origens

8

O mosteiro: espaรงos e tempos

20

O territรณrio

42

Bibliografia

70

Anexo Documental

75


Ana Sampaio e Castro

*

Ana Sampaio e Castro licenciou-se em História, variante Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Em 2009 foi Mestre em História e Arqueologia da Expansão Portuguesa pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Desde 2014 é bolseira de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia em Arqueologia Histórica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto com o tema Povoamento rural no vale do rio Varosa: da Reconquista à segunda dinastia. Tem desenvolvido diversos trabalhos de investigação na área da Arqueologia monástica cisterciense, cerâmica da época moderna e Arqueologia da paisagem.

O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE SALZEDAS: DA FUNDAÇÃO À EXTINÇÃO

Situado no concelho de Tarouca o mosteiro de Santa Maria de Salzedas foi um dos mais importantes mosteiros masculinos da Ordem de Cister em território nacional. A publicação de O mosteiro de Santa Maria de Salzedas: Da fundação à extinção pretende contribuir para um conhecimento das suas origens e desenvolvimento ao longo de quase 700 anos de existência.

O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE SALZEDAS DA FUNDAÇÃO À EXTINÇÃO

Ana Sampaio e Castro


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.