Caixa cultural Recife Av. Alfredo Lisboa, 505 - Recife, PE Terça a sábado, das 10h às 20h Domingo das 10h às 17h Informações: 3425-1906 Produção
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De 8 de junho a 5 de agosto de 2018 Caixa cultural Recife Av. Alfredo Lisboa, 505 - Recife, PE Terça a sábado, das 10h às 20h Domingo das 10h às 17h Informações: 3425-1906
A CAIXA é uma empresa pública brasileira que prima pelo respeito à diversidade, e mantém comitês internos atuantes para promover entre os seus empregados campanhas, programas e ações voltados para disseminar ideias, conhecimentos e atitudes de respeito e tolerância à diversidade de gênero, raça, orientação sexual e todas as demais diferenças que caracterizam a sociedade. A CAIXA também é uma das principais patrocinadoras da cultura brasileira, e destina, anualmente, mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em espaços próprios e espaços de terceiros, com mais ênfase para exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, festivais de teatro e dança em todo o território nacional, e artesanato brasileiro. Os projetos patrocinados são selecionados via edital público, uma opção da CAIXA para tornar mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todas as unidades da federação, e mais transparente para a sociedade o investimento dos recursos da empresa em patrocínio. A exposição Armorial: da Pedra do reino ao Ponteio Acutilado é um reencontro com um dos mais significativos movimentos artísticos brasileiros e de grande influência em nossa cultura. Dentro do espírito da instituição, trazer essa exposição ao público representa valorizar a cultura brasileira e prestar homenagem aos seus artistas. Desta maneira, a CAIXA contribui para promover e difundir a cultura nacional e retribui à sociedade brasileira a confiança e o apoio recebidos ao longo de seus 155 anos de atuação no país, e de efetiva parceira no desenvolvimento das nossas cidades. Para a CAIXA, a vida pede mais que um banco. Pede investimento e participação efetiva no presente, compromisso com o futuro do país, e criatividade para conquistar os melhores resultados para o povo brasileiro. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
CAIXA is a Brazilian state-owned company that stands out in its respect to diversity, keeping active, among its employees, internal committees that promotes campaigns, programs and actions aimed at the dissemination of ideas, information and a respectful and tolerant attitude towards diversity of gender, color, sexual orientation and all the other differences embedded in a plural society. CAIXA is one of the main sponsors of the Brazilian culture, and annually invests over R$ 60 million of its budget towards cultural projects, presented either in its own venues or elsewhere, with a special emphasis to exhibitions of visual arts, theater plays, musical concerts, Brazilian handicrafts, as well as theater and dance festivals and movies exhibitions. Projects are selected on a competitive and public process, in a way through which CAIXA not only democratizes the access to producers and artists from the whole country, but also to give transparency to the use of the company’s sponsorship funds. The exhibition Armorial – Da Pedra do Reino ao Ponteio Acutilado revisits one of the most significant artistic movements in Brazil, with great influence on our culture. CAIXA brings this exhibition to the public of Recife in line with the institution’s spirit of valuing the Brazilian culture and, in tribute to its artists. With this project, CAIXA contributes to promote and diffuse the Brazilian culture, while also returns the trust and support from Brazilian society over its 155-year history of operation in the country, and of partnership in developing our cities. For CAIXA, life asks for more than just a bank. Life asks for investment and effective participation in the present, as well as commitment to the future of the country and creativity to reach the best results for the Brazilian citizens. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Sertão, Sertões Os homens e mulheres que desembarcaram nas Américas na virada do século XV para o XVI eram criaturas de dois tempos. Beneficiados pelo ambiente de descobertas, pelo renascimento comercial e urbano a plenos pulmões no ambiente mediterrâneo, pelas revoluções científicas e pela contestação religiosa, a modernidade se desenhava na mente desses homens. Por outro lado, entre os homens comuns os traços sociais e mentais da medievalidade (com toda a diversidade que esse termo comporta) formatava seus valores, anseios, expectativas e visões de mundo. Muitas dessas relações, desses traços culturais oriundos da medievalidade se perenizaram e desdobraram no Novo Mundo, sobretudo no espaço que se passou a denominar “sertão”. Palavra de origem um tanto incerta, “sertão” seria, talvez, a mutação de “desertão”, lugar distante da civilização e da presença marcante dos homens e suas cidades. Nos tempos de colônia esse sertão sempre foi móvel, se deslocando cada vez mais para os interiores na medida em que a ocupação europeia avançava. Ocorre, contudo, que esse sertão jamais foi exatamente um deserto — nem de povos nativos, nem dos europeus. Em verdade, o sertão servia muito mais como uma contraposição mental, idealizada, ao ambiente urbano que ia se estabelecendo na costa. Mas o relativo distanciamento dos sertões (pois eram muitos, como percebeu Euclydes da Cunha) de fato proporcionou uma permanência de certas estruturas mentais e sociais herdadas da Idade Média. Essa permanência de certos traços medievais nas culturas da América Portuguesa levou inclusive a uma certa confusão, com alguns historiadores vendo até mesmo uma espécie de “Idade Média americana”. Também se fundamenta nesse cenário o debate a respeito de uma suposta arte erudita nacional (pois distante da arte popular? Ou, talvez, por estar assentada numa certa expressão estética europeia que aqui desembarcou com os colonizadores e que, assim como outras estruturas mentais, teria sido preservada nos sertões?).
O Movimento Armorial nasceu justamente desse ambiente de debates e reflexões a respeito da formação do Brasil, de suas culturas, de suas expressões artísticas. Longe de ser um consenso ou de ser inequívoco, o Armorial produziu em seu núcleo original (capitaneado por Ariano Suassuna, Gilvan Samico, Francisco Brennand, Quinteto Armorial, Balé Armorial) obras lapidares da cultura brasileira, seja no teatro, na música ou nas artes plásticas. Entretanto, justamente por conta de seus traços nacionais (ou nacionalistas), o Movimento Armorial foi algumas vezes compreendido como elitista e avesso às expressões populares (embora delas tenha bebido vastamente). O resultado é que algumas obras gestadas no coração do movimento ganharam notoriedade e vasta divulgação — como o Auto da Compadecida, O Romance da Pedra do Reino, as obras de Samico e de Brennand —, ao mesmo tempo em que o próprio movimento era sutilmente esquecido. A exposição “Armorial: da Pedra do reino ao Ponteio Acutilado” procura não apenas recuperar as matrizes do movimento e sua trajetória mas, principalmente, compreender seus desdobramentos e influências sobre artistas contemporâneos, alguns deles declaradamente inspirados pela estética do movimento, outros tributários de sua disseminação na cultura brasileira. No mais, cabe dizer, em poucos momentos de nossa história recente foi tão significativo – e vital - debater nossas identidades, não apenas como matriz ou raiz, mas como projeto de futuro e de nação.
Rodrigo Silva - Coordenador
Sertão, Sertões The men and women who landed in the Americas at the turn of the fifteenth to the sixteenth centuries were creatures from two eras. On one hand, their minds outlined a vision of modernity – as they benefited from the environment of discoveries, commercial and urban revival in full steam in the Mediterranean, scientific revolutions and religious contestation. On another, among ordinary men the medieval social and mental traits (with all the diversity that this term entails) shaped their values, longings, expectations and worldviews. Several of these cultural traits and relationships rooted in Medieval times became perennial and unfolded in the New World, especially in the space that has been denominated sertão (hinterland). A word somewhat of uncertain origin, sertão could be, perhaps, the mutation of desertão (large desert), a place far from the civilization and from the marked presence of men and their cities. In times of colony, this hinterland was always shifting, moving more and more towards the inner land as the European occupation advanced. It occurs, however, that this hinterland was never exactly a desert – devoid of neither native peoples nor Europeans. In fact, the sertão served much more as an idealized mental counterpoint to the urban environment that was establishing itself in the coast. Still, the relative detachment of the sertões (plural, since there were many, as Euclydes da Cunha realized) did in fact provide a permanence of certain mental and social structures inherited from the Middle Ages. This permanence of certain medieval traits in the cultures of such Portuguese America even led to some confusion where some historians even referred to it as a kind of “American Middle Ages.” This is the background that substantiates a debate on a supposed Brazilian erudite art (Why erudite? Would it be due to its distance from popular art? Or would it be, perhaps, because it resembles a certain European aesthetic expression that came to Brazil with the colonizers and, like other mental structures which would have been preserved in the hinterlands?).
The Armorial Movement was born precisely in this environment of debates and reflections about the formation of Brazil, its cultures, its artistic expressions. Far from being a consensus or from being unequivocal, the Armorial Movement produced in its original core (led by Ariano Suassuna, Gilvan Samico, Francisco Brennand, Armorial Quintet, Armorial Ballet) masterpieces of Brazilian culture within theater, music and visual arts. However, precisely because of their national (or nationalist) traits, the Armorial Movement was sometimes understood as elitist and averse to popular expressions (even though the movement was largely inspired by these very popular expressions). The result is that some of the work that was born in the heart of the movement gained notoriety and widespread publicity - such as Auto da Compadecida, O Romance da Pedro do Reino, the works of Samico and Brennand - while the movement itself was subtly forgotten. The exhibition “Armorial: Da Pedra do Reino ao Ponteio Acutilado” seeks not only to recover the matrix of the movement and its trajectory but mainly to understand its deployments and influences on contemporary artists, some of them which whom openly were inspired by the aesthetics of this Movement and others, tributaries of its dissemination in Brazilian culture. Moreover, few were the moments of our recent history that have been so significant - and vital – as it is today to debate our identities, not only as a matrix or root, but as a project of the future and of the nation.
Rodrigo Silva - Coordenador
ARMORIAIS “A cultura do povo é dotada de equilíbrio e coerência, não sendo um somatório de déficits” * *in Micelli, “A Festa do Povo – Pedagogia de Resistência” Jorge Claudio N. R. Junior Ed.Vozes 1982 A exposição “Da Pedra do Reino ao Ponteio Acutilado” procura articular através dos trabalhos do mestre xilogravador Gilvan Samico, do múltiplo artista Romero de Andrade e Lima, do pintor Sérgio Lucena, do fotógrafo Gustavo Moura e do grupo teatral Circo Branco, um diálogo aberto que, sobretudo, afirma a permanência dos valores éticos e estéticos buscados e entronizados pelo Movimento Armorial articulado pelo múltiplo artista e pensador da cultura Ariano Suassuna (1927-2014) espelhados nas proposições poéticas aqui apresentadas. Colocadas em relação às obras trazem à tona uma sensibilidade partilhada, cosmogônica e demiúrgica, que desvela um imaginário que tem lastro na profundeza popular de um Brasil ainda não devidamente conhecido de todos os brasileiros. À exceção do genial e infelizmente já falecido Gilvan Samico, são relativamente jovens os artistas que participam da mostra promovida pela Caixa Cultural do Recife. A vitalidade da produção por eles apresentada falanos da permanência de ideais nunca destituídos dos seus valores originais. Valores que, como no caso do artista plástico, figurinista, cenógrafo, autor e diretor teatral Romero de Andrade Lima foram capturados no convívio e no contato direto com seu mentor Ariano Suassuna. Dessa sensibilidade também participa o pintor paraibano Sérgio Lucena que na fase do seu trabalho que apresentamos tem com o artista pernambucano Andrade Lima, essa espécie de “irmandade” sensível plasmada nas invenções de um imaginário lastreado em raízes medievais, povoado por seres fantásticos e eivado de referências à um universo “arcaico-mítico” que não dispensa fabulações de caráter sacro, cristão-primitivo e também profano. O grupo teatral Circo Branco sediado na capital do Estado de São Paulo e dirigido do Andrade Lima tem sido responsável pela realização de uma pesquisa que os levaram para festivais internacionais onde foram exibidos peças e autos de caráter Armorial, que em suas delicadas tessituras revelam também o caráter contemporâneo e popular próprios da pesquisa que seus integrantes
desenvolvem. O fotógrafo Gustavo Moura assim como os demais artistas que privou, em maior ou menor grau, do convívio com o mestre Suassuna, e são de Moura as fotografias antológicas que constam dessa mostra, nas quais o artista foi especialmente feliz na captação do caráter grave e meditativo que compunha também a personalidade múltipla do mestre paraibano. Num cenário onde emergem das ideias em torno dos conceitos de descolonização, apropriação, policentrismo e multiculturalismo, revestemse de renovada relevância as propostas em torno das quais se erigiu o Movimento Armorial que capitaneado pelo mestre Ariano Suassuna propugnou a partir de 1970 a criação de uma estética (e uma ética) que privilegiasse a raiz popular da cultura brasileira (notadamente a nordestina) em favor de um projeto que se entendia também erudito. A permanência dessa via e sua atualidade, faz vislumbrar a potência contida nessa proposta. A resiliência do debate em torno da questão do “nacional-popular nas artes” continua vigorando a despeito daqueles que o julgaram superado. O foro que viu surgir essa discussão tem, contudo, um caráter mutante. Na busca de um ideal nacional, o Romantismo no Brasil do século XIX fez surgir, entre outras, toda uma iconografia e literatura que oferecia a figura do indígena, virtuoso e forte na sua simplicidade rústica, como símbolo prototípico do Império e da nação. No século seguinte o Modernismo, principalmente na sua vertente paulista, vai entronizar principalmente através do trabalho de Portinari e Di Cavalcanti, certa imagem de negro, espécie de elemento “arcaico mítico” também ele simbólico dessa simbólica nacionalidade. O “Manifesto da poesia Pau Brasil” de Oswald de Andrade de 1924 e o “Manifesto Antropófago” de 1928 do mesmo autor, são alguns entre tantos que na primeira metade do século XX pugnavam pela renovação das artes e debatiam em chave crítica a academia e as vigentes noções de belas artes de caráter europeu. Marco na história da cultura brasileira a “Missão Folclórica de 1928”, coordenada por Mário de Andrade, detendose no Nordeste cataloga uma inestimável coleção de documentos “cantos de trabalho, cocos, danças dramáticas, romances etc.” e conhece também Chico Antonio, cantador que Andrade reputa sendo genial. Também o “Estado Novo” (1930/45) de Getúlio Vargas vai fomentar e oferecer uma simbologia do país através da expressão (ai então vigiada e sempre que possível domesticada) de seus artistas populares.
O Tropicalismo, a partir da década de 60 do século passado,
também não esteve alheio à essa discussão e aliás, a efervescente cena cultural desses anos 60 viu surgir o interesse pela cultura popular e também a apropriação de elementos dessa cultura pelas vanguardas artísticas locais, fato muito presente naquilo que se convenciona chamar de arte POP ou na Nova Figuração, notadamente do Rio de Janeiro e de São Paulo. No bojo dessa ebulição surge em 1960 em Recife o importante MCP — Movimento de Cultura Popular, coordenado por figuras da estatura de Paulo Freire e Abelardo da Hora. Em maior ou menor grau essas e outras iniciativas do gênero foram sufocadas pela Ditadura Cívico-Militar instaurada no país a partir de 1964. O Movimento Armorial traz como é sabido, perscruta, uma identidade nacional repercutida na arte íncola e sofisticada que não dispensa na sua composição a matriz ibérica, negra e indígena, popular e erudita. O Armorial, participa, num certo sentido, de um movimento de valorização ou construção de uma “história de arte brasileira inclusiva”, e dessa narrativa todos participam, sem desprezo por aqueles que, por conta do seu lugar social, não têm seu depoimento tradicional e historicamente acolhido.
Claudinei Roberto da Silva - Curador
ARMORIAL Da Pedra do Reino ao Ponteio Acutilado
ARMORIAIS Popular cultural is not a sum of deficits, rather it is endowed with balance and coherence* *in Micelli, “A Festa do Povo – Pedagogia de Resistência” Jorge Claudio N. R. Junior Ed.Vozes 1982 The exhibition “1Da Pedra do Reino ao Ponteio Acutilado” seeks to articulate an open dialogue which, above all, affirms the permanence of the ethical and aesthetic values sought and enthroned by the Armorial Movement, idealized by the multiple artist and thinker Ariano Suassuna (1927-2014), and mirrored in the poetic propositions presented here. It does so through the works of woodcutter master Gilvan Samico, multi-artist Romero de Andrade e Lima, painter Sérgio Lucena, photographer Gustavo Moura and the theater group Circo Branco. Such propositions bring to light a shared, cosmogonic and demiurgic sensibility, which reveals an imaginary substantiated in the cultural depth of a Brazil not yet properly known by all Brazilians. With the exception of the brilliant (and, sadly, already deceased) Gilvan Samico, the artists participating in this exhibition at Caixa Cultural do Recife are relatively young. The vitality of their production speaks to us of the permanence of ideals, never devoid of their original values. Values that - as in the case of the artist, costume and set designer, author and theater director Romero de Andrade Lima - were captured in the acquaintanceship with his mentor Ariano Suassuna. The same sensitivity is displayed by painter Sérgio Lucena who has, in the phase of his work presented here, with the Pernambuco artist Andrade Lima, this kind of sensitive “brotherhood”, embodied in the inventions of an imaginary backed by medieval roots, populated by fantastic beings and permeated by references to an “archaicmythical” universe which does not exempt with fables of a sacred, Christian-primitive and also profane character. The São Paulo-based theater group Circo Branco, directed by Andrade Lima, has been responsible for conducting a research that has taken them to international festivals, where they showed plays and outdoor dramas with an Armorial flavor that, in
their delicate build, also reveals the contemporary and popular character of the research that its members developed. The photographer Gustavo Moura, among other artist, deprived to some degree the acquaintanceship with master Suassuna, and his are the anthological photographs shown in this exhibition, in which the artist was especially successful in capturing the serious and meditative character that also composed the multiple personality of the master from Paraíba. With the re-emergence of concepts such as decolonization, appropriation, polycentrism and multiculturalist, the Armorial spirit gains a renewed relevance. The movement was commanded by the master Ariano Suassuna in the 1970s and proposed the creation of an aesthetic (and of ethics) that favored the popular roots of Brazilian culture (notably the Northeastern) in favor of a project that was, at the same time, understood as scholarly. The permanence of this path and its relevance make us see the power contained in this proposal. The resilience of the debate on the “national-popular in the arts” continues to prevail, despite of those who have judged its overcome. The forum that saw this discussion arise, however, has a mutant character. In the search for a national ideal, Romanticism in nineteenth century Brazil gave rise, among others, to an iconography and literature that offered the figure of the Native Indigenous, virtuous and strong in its rustic simplicity, as a prototypical symbol of the Empire and the nation. In the following century, Modernism, especially at its São Paulo branch, enthroned, mainly through the works of Portinari and Di Cavalcanti, a certain image of the Negro, a kind of “mythical archaic” element, also emblematic of this symbolic nationality. The Manifesto da Poesia Pau Brasil by Oswald de Andrade (1924) and the 1928 Manifesto Antropófago by the same author are among many that, in the first half of the twentieth century, claimed for a renewal of arts and challenged the existing notions of fine arts, based on a European aesthetic. A landmark in the history of Brazilian culture, the Missão Folclórica de 1928, coordinated by Mário de Andrade, builds an invaluable documental collection of Northeastern “work songs, cocos, dramatic dances, novels etc”, and also meets Chico Antonio, reputed by master Andrade as a genius singer. In the following decades, Getúlio Vargas’ dictatorship (1930/45) fosters a symbology of the country through the expression of its popular artists (then guarded and, whenever possible, domesticated).
The 1960s Tropicalismo was not unaware of this discussion either and indeed, the effervescent cultural scene of the time saw a rising interest in popular culture as well as the appropriation of elements of this culture by the local artistic avant-gardes, a very present fact in what is conventionally called POP art or in the Nova Figuração, notably in Rio de Janeiro and São Paulo. In the midst of this boiling culture, the important MCP - Popular Culture Movement, coordinated by high-profile thinkers such as Paulo Freire and Abelardo da Hora, emerges in Recife also in the 1960s. To a greater or lesser extent, these and other similar initiatives were suffocated by the CivicMilitary Dictatorship established in the country in 1964. The Armorial Movement examines, as it is well known, a national identity reflected in an autochthon and sophisticated art, which does not dispense in its matrix composition the Iberian, Negro and Indigenous,
1 The name of the exhibition builds on two important elements of the Armorial movement. Pedra do Reino is believed to be a magical rock sitting at the Northeastern hinterland, and also names an important romance from the founder of the Armorial movement Ariano Suassuna. Meanwhile, Ponteio Acutilado is the name of a song composed by two other key names from Armorial, Antonio Nobrega and Antonio Jose Madureira, and refers to the sound of guitar played with fingertips, also typical of the hinterlands.
ARMORIAL Da Pedra do Reino ao Ponteio Acutilado
ARMORIAL Da Pedra do Reino ao Ponteio Acutilado
Gilvan Samico Gilvan José Meira Lins Samico (Recife, Pernambuco, 1928 - idem 2013). Gravador, pintor, desenhista, professor. Em 1952, Gilvan Samico funda, juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), idealizado pelo gravador Abelardo da Hora. Em 1971, é convidado por Ariano Suassuna a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular nordestina e à literatura de cordel. Sua produção é marcada pela recuperação do romanceiro popular nordestino, por meio da literatura de cordel e pela utilização criativa da xilogravura.
Gilvan Samico A Bela e a fera | 1996 Xilogravura sobre papel
Gilvan Samico O Sonho de Mateus| 1987 Xilogravura sobre papel
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Gilvan Samico Primeira homenagem ao cometa | 1985 Xilogravura sobre papel
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Gilvan Samico A Conquista do Fogo e do GrĂŁo| 2010 Xilogravura sobre papel
Gilvan Samico A Ă rvore da Vida e o Infinito Azul | 2006 Xilogravura sobre papel
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Gilvan Samico A Criação – Homem e Mulher | 1993 Xilogravura sobre papel
Gilvan Samico A pesca | 2007 Xilogravura sobre papel
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Gilvan Samico Criação das Estrelas | 2009 Xilogravura sobre papel
Gilvan Samico Criação – O Sol, a Lua e as Estrelas | 2011 Xilogravura sobre papel
ARMORIAL Da Pedra do Reino ao Ponteio Acutilado
Gilvan Samico O fazedor do amanhĂŁ | 1982 Xilogravura sobre papel
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Sergio Lucena Sérgio Lucena (Paraíba, 1963) estudou Física e Psicologia na Universidade Federal da Paraíba. Artista autodidata, ao longo da sua carreira obteve prêmios nos principais salões do país, participou de workshops, intercâmbios e residências em Berlim, Washington DC. e Dinamarca com exposições em galerias e instituições de arte do Brasil e exterior. Em 2012 recebeu o Prêmio Mário Pedrosa, como Artista Contemporâneo de 2011, da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).
Sérgio Lucena Carneiro Caramujo| 2006 Acrílica sobre cartão Fabrianno
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Sérgio Lucena Rei Alado| 2004 Óleo sobre tela
Sérgio Lucena Cervo| 2004 Óleo sobre tela
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Sérgio Lucena Peixe Ave| 2003 Acrílica sobre papel
Sérgio Lucena Pan Criança| 2010 Carvão sobre papel
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Sérgio Lucena Fenrir | 2003 Acrílica sobre papel
Sérgio Lucena Prometeia| 2010 Carvão sobre papel fabrianno
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Sérgio Lucena Cavalo Louco| 2005 Acrílica sobre cartão Schoeller
Sérgio Lucena Pangolin Arcaico| 2005 Acrílica sobre cartão Schoeller
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Sérgio Lucena Tapir| 2005 Acrílica sobre cartão Schoeller
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Sérgio Lucena Pintura nº21| 2011 Óleo sobre tela
Sérgio Lucena Paisagem sagrada entre as paisagens | 2016 Óleo sobre tela
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Romero de andrade lima Romero de Andrade Lima (Recife, Pernambuco, 1957). Diretor, autor, cenógrafo e figurinista. Encenador e diretor de arte que transmite em suas criações o clima e os ingredientes da cultura popular nordestina. Estimulado por Ariano Suassuna, começou a desenhar, pintar e esculpir desde criança. Seu requintado desenho e seu mergulho em temas históricos da Arte, que reelabora, fazem dele um dos mais produtivos artistas brasileiros figurativos da atualidade.
Romero Andrade Lima Meu tataravô armorial troglodita em sua caverna-atelier | S.D. Acrílica sobre tela - 80 x 140cm
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Romero Andrade Lima SĂŁo Francisco recebendo estigmas | 1985 AcrĂlica sobre Duratex - 150 x 122 cm
Romero Andrade Lima O Presépio e nós | 2013/2014 Iluminogravuras bico de pena sobre papel em ampliações de fotocópias - 208 x 137cm
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Romero Andrade Lima A Mulher e o Reino | 2013/2014 Iluminogravuras - Bico de pena sobre papel em ampliações de fotocópias - 216 x 190cm
Romero Andrade Lima O Romance é da Bela Infânta (princesa em portugal e espanha) | 2013/2014 Iluminogravuras - Bico de pena sobre papel em ampliações de fotocópias - 148 x 264cm
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Romero Andrade Lima Infância | 2013/2014 Iluminogravuras - Bico de pena sobre papel em ampliações de fotocópias 168 x 150cm
Romero Andrade Lima A Morte - A moça caetana | 2013/2014 Iluminogravuras - Bico de pena sobre papel em ampliações de fotocópias 196 x 125 cm
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Romero Andrade Lima Esculturas feitas de argila , papel marche, tecido, tinta acrílica, cabelos humanos (cristo), seda (nossa senhora), metal de lata, miçangas tendo como suporte uma garrafa cheia de água fechada com rolha de cortiça. Da esquerda para direita: Cristo, João Grilo, Ariano Suassuna, Chicó e Nossa Senhora
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Circo Branco O grupo Circo Branco pesquisa há 25 anos espetáculos em espaços alternativos que envolvem várias formas de arte baseados sempre na literatura usando a cultura popular e folclórica.
Circo Branco Foto da escultura Jesus Morto e Sabat Mater com os tocheiros na lateral |Auto da Paixão 2009 Fotografia: Adalberto Lima
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Circo Branco Escultura Menino Jesus da Lapa com a atriz Tina SimiĂŁo |Auto da PaixĂŁo 2009 Fotografia: Adalberto Lima
Circo Branco Escultura Verônica com a atriz Mônica Nassif |Auto da Paixão 2009 Fotografia: Adalberto Lima
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Circo Branco Escultura Tentações no Deserto |Auto da Paixão 2009 Fotografia: Adalberto Lima
Circo Branco escultura Jesus Morto com a Atriz Laura de Lima |Auto da PaixĂŁo 2009 Fotografia: Adalberto Lima
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GUSTAVO Moura Gustavo Moura (João Pessoa, Paraíba, 1960) é fotógrafo profissional desde o início dos anos 80, numa linha de trabalho que transita entre o documental e o autoral. Em sua trajetória ganhou evidência a atenção ao universo ambiental e cultural do nordeste brasileiro. Sua ligação com esse universo temático foi ampliado quando da realização do projeto “Do Reino Encantado”, resultando em exposição e livro nos quais aborda o universo da vida e obra do escritor Ariano Suassuna.
Gustavo Moura Retrato de Ariano Suassuna em sua casa, no bairro de Casa Forte, primeiro contato com o fotógrafo Gustavo Moura |1992 Recife/PE
Gustavo Moura Ariano Suassuna com um cabrito, sob um pé de Umbu Cajá. Fazenda Carnaúba no cariri parahybano 09/2000 - Taperoá/PB,
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Gustavo Moura Retrato de Ariano Suassuna, registrado durante o encontro O Riso da Terra | 1996 JoĂŁo Pessoa/PB
Gustavo Moura Vaqueiro em frente ao conjunto arquitetĂ´nico da fazenda Acauhan, no sertĂŁo parahybano | Final dos anos 90 | Aparecida/PB
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Ficha Tecnica
Produção | Conceito Humanidades Co-Produção | Ação & Contexto Coordenação Geral | Rodrigo Silva Curadoria | Claudinei Roberto da Silva Produção Executiva | Gustavo R. Sanchez Obras | Circo Branco, Gilvan Samico, Gustavo Moura, Romero de Andrade e Sérgio Lucena Expografia | Ewerton Silva Borges Direção de Arte | Murilo Abarca Produção Local | Fábia Tarraf Macarron Tradução | Gama! Traduções e Interpretações Fotografias | Fábio Branco Guerra Fotografias (Circo Branco) | Adalberto Lima Montagem | ArtMonta