20 desenhos no formato 20 x 20 cm
Foi o desenho que desenhou o Homem, que o desenhou desde os primórdios, sob a dupla condição de representar o que existia (ganhando consciência de si) e de representar o que desejava (ganhando domínio sobre o futuro). São assim as gravuras rupestres na foz do Côa. Daqui veio o signo, o símbolo e a palavra e tudo o que somos hoje. Uma construção de pensamentos traduzidos em imagens e fonemas. Ao confrontar-se com o nada, o Homem discursa a possibilidade. O pensamento é um falar. Mas não é o homem quem fala, mas a “fala” (linguagem) que fala nele (Heidegger), sob duas consequências:
O Homem é um “fala-barato”, reproduzindo um balbuciar estereotipado, que serve o propósito de manter agregados os membros de um grupo;
O Homem cala-se para ouvir no seu interior, a poesia que dá realidade ao ser, que lhe dá existência, que é a “casa do ser” (Heidegger).
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Porto, 4 de setembro de 2020
Francisco Providência