11 ARTE MARGINAL, JOSÉ MARIA LAGINHAS

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17.09 15.10 2021


A arte bruta, do fr. Art Brut (Jean Dubuffet, 1945) — ou a forma mais pura de arte — surge como imperativo espontâneo de artistas considerados ingénuos, autodidactas, por vezes integrados em meios culturais da arte tradicional e popular, recorrendo usualmente a materiais e técnicas localmente disponíveis, outras vezes explorando materiais inéditos e improváveis, numa compulsiva expressão de liberdade e autodeterminação.

No contexto da arte contemporânea, herdeira de uma forte tradição moderna de autodidatismo, a legitimidade estética da arte fica refém da soberania do seu autor. O impulso criativo de Laginhas para a produção de objectos funcionalmente desinteressados, cuja finalidade se esgota em si mesmos, e por isso inúteis, é o mesmo de outros músicos, poetas ou pintores alienados pelo empenho na construção de uma consciência do mundo. Talvez por isso Roger Cardinal, tenha em 1972 sugerido que a designação “Art Brut” fosse substituída por “Outsider Art”, assim também evidenciando mais a sua marginalidade relativamente à institucionalização da arte pelos agentes do seu domínio. Francisco Providência


ARTE MARGINAL JOSÉ MARIA LAGINHAS

FICHA TÉCNICA Curadoria Fernando Gaspar Francisco Providência Paulo Neves Mário Marnoto Design Providência Design © 2021, Aveiro

CATÁLOGO









JOSÉ MARIA LAGINHAS

A dureza do granito esculpiu-lhe o espírito, a arte a sensibilidade e o génio. José Maria Augusto Laginhas, natural de Ponte do Abade, pequena aldeia do distrito de Viseu, é acima de tudo um homem ligado à terra e às suas raízes, tão presentes nas esculturas que caracterizam gentes e usos beirões. Escultor autodidacta, rebelde e inconformado, começou com a ajuda de um canivete a esculpir pequenos pedaços de madeira que encontrava e reinventava-lhe as formas. O despertar artístico encontrou-o mais tarde em contacto com outros artistas que lhe abriam as portas para a técnica e para a necessidade do conhecimento.

Testou a sua arte, na pintura, na poesia, na escultura em madeira, até que encontrou o desafio do granito, material em que a sua obra é mais consistente. Já vimos as suas obras em diversas exposições individuais e colectivas, a nível nacional, bem como participando em diversos projectos de escultura com outros artistas de referência tanto em Portugal continental, como nas ilhas e Brasil, com merecido reconhecimento. A presente exposição dá-nos outra dimensão do artista. Um olhar mais arrojado e contemporâneo, onde a interpretação dos materiais pela forma, reflecte uma notória maturidade da sua prática, sensibilidade estética e evolução artística. Deolinda Laginhas


microarte

Alicerçada na experiência da Arte e da partilha agregadora de artistas e amigos e na pura vontade de fazer da farmácia um local de encontro, expressão e fruição, a Farmácia Giro criou, no reduzido espaço do seu interior, uma micro galeria sabendo, por experiência própria, do potencial que têm as matérias comprimidas e a grandeza das coisas pequenas. A microarte Giro liga as pequenas e as grandes coisas que cada um de nós tem para dar, transformando a matéria dos dias iguais, em experiências gratificantes e únicas.

Estritamente dedicada ao pequeno formato, este espaço exíguo ganha a escala de um enorme compromisso que, cada obra de Arte, pela sua misteriosa natureza, constituirá a enorme manifestação da nossa dimensão criadora. Com o limite máximo estabelecido de vinte por vinte centímetros, cada peça constitui-se como um desafio para quem faz e para quem vê, tangenciando o desejo de começar ou dar continuidade a uma coleção de Arte, valorizável, representativa e acessível em todas as suas dimensões.

Fernando Gaspar


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