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Os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU. A diversidade dos temas, abrangendo as mais diferentes áreas do conhecimento, é um dado a ser destacado nesta publicação, além de seu caráter científico e de agradável leitura.


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Aplicações de caos e complexidade em ciências da vida

Ivan Amaral Guerrini ano 8 - nº 129 - 2010 - 1679-0316


UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS Reitor Marcelo Fernandes de Aquino, SJ Vice-reitor José Ivo Follmann, SJ Instituto Humanitas Unisinos Diretor Inácio Neutzling, SJ Gerente administrativo Jacinto Aloisio Schneider Cadernos IHU ideias Ano 8 – Nº 129 – 2010 ISSN: 1679-0316

Editor Prof. Dr. Inácio Neutzling – Unisinos Conselho editorial Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta – Unisinos Prof. MS Gilberto Antônio Faggion – Unisinos Profa. Dra. Marilene Maia – Unisinos Esp. Susana Rocca – Unisinos Profa. Dra. Vera Regina Schmitz – Unisinos Conselho científico Prof. Dr. Adriano Naves de Brito – Unisinos – Doutor em Filosofia Profa. MS Angélica Massuquetti – Unisinos – Mestre em Economia Rural Prof. Dr. Antônio Flávio Pierucci – USP – Livre-docente em Sociologia Profa. Dra. Berenice Corsetti – Unisinos – Doutora em Educação Prof. Dr. Gentil Corazza – UFRGS – Doutor em Economia Profa. Dra. Stela Nazareth Meneghel – UERGS – Doutora em Medicina Profa. Dra. Suzana Kilpp – Unisinos – Doutora em Comunicação Responsável técnico Antonio Cesar Machado da Silva Revisão Vanessa Alves Secretaria Camila Padilha da Silva Editoração eletrônica Rafael Tarcísio Forneck Impressão Impressos Portão

Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos Av. Unisinos, 950, 93022-000 São Leopoldo RS Brasil Tel.: 51.35908223 – Fax: 51.35908467 www.ihu.unisinos.br


APLICAÇÕES DE CAOS E COMPLEXIDADE EM CIÊNCIAS DA VIDA Ivan Amaral Guerrini

Introdução O tema dos sistemas dinâmicos e complexos tem atraído a atenção de muitos pesquisadores no mundo todo nos últimos anos, e inúmeros artigos têm sido publicados em periódicos conceituados no meio acadêmico, mesmo com muitas dúvidas sobre os limites de sua aplicabilidade. Binder (2008), por exemplo, ressalta que esse campo ainda se mostra como um mosaico interminado, salientando que muitos pesquisadores respeitados estão atualmente polindo o tema e tentando ligar as partes estudadas em diferentes áreas, o que pode fazer a complexidade vir a ser a “rainha da ciência”, ou seja, uma ciência da síntese e das surpresas, na medida em que se percebe que tudo está conectado e que isso pode ser uma grande pista para descobrir como realmente funciona o mundo. Também West (2006), ao realçar a necessidade de se enveredar pelos caminhos da complexidade para se estudar medicina nos tempos de hoje, ainda busca uma maneira mais adequada de caracterizar a complexidade numa época onde os fenômenos e as redes não-lineares não podem mais serem ignoradas. Os sistemas dinâmicos e complexos são, na verdade, os sistemas que ocorrem na natureza, sendo que essa terminologia ficou conhecida a partir da emergência da Teoria do Caos e da Complexidade ocorrida na década de 1960. Caos e complexidade são temas tão usados e unidos na atual fase “pós-moderna” da ciência, que Barabási (2005) diz que é inevitável a ênfase na sua utilização a curto prazo nas universidades, e Horgan (2008) chega a usar o termo “caosplexidade” para tratá-los de forma integrada. Há hoje aplicações desses conceitos em todas as áreas da ciência, sem exceção, indicando que as visões e metodologias exclusivamente reduzidas estão com dias contados. Laughlin (2005), um físico ganhador de Prêmio Nobel que conseguiu ir além de seu próprio reducionismo, como ele mesmo cita no prefácio de seu livro, salienta que a complexidade redefiniu a Física e que as leis da natureza emergem através de comportamentos


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coletivos e auto-organizados, não necessitando do conhecimento do funcionamento das partes para serem compreendidas e exploradas. Esse novo paradigma que prioriza as indeterminações e as incertezas, relacionado aos princípios da Física Quântica e aos sistemas dinâmicos e complexos, tem causado perturbações de diferentes matizes no meio científico ortodoxo. Além de impor uma necessidade premente de mudança na forma de pensar e de fazer ciência para os cientistas de todas as áreas, esse novo paradigma científico provoca alterações na postura dos comitês científicos de periódicos renomados no meio acadêmico. A revista Nature, em seu editorial de 05 de maio de 2005, salienta que a Biologia Sistêmica, a biologia dos sistemas dinâmicos e complexos, apresenta atualmente um desafio intelec tual aos cientistas e aos editores de periódicos científicos igualmente, uma vez que a maioria dos revisores são muito bons em dissecar os aspectos que recaem em seu campo de especialidades, mas não conseguem ir além disso, deixando aos editores a difícil tarefa de decidir sobre opiniões conflitantes. Ao mesmo tempo que é salutar o fato da revista Nature nesse mesmo editorial dar as boas-vindas aos novos artigos que tratam dos sistemas dinâmicos e complexos, verifica-se que outros periódicos e órgãos de fomento para pesquisas, principalmente no Brasil, precisariam incluir, em seus corpos de editores e revisores, pesquisadores que já tenham feito a transição da visão reducionista única para a complexidade, ou ao menos que estejam no processo, uma tendência mundial que vem se firmando cada vez mais. Em função de toda essa mudança de rumo da ciência nas últimas décadas na direção de reconhecer a presença e a importância dos sistemas dinâmicos e complexos que agregam características como emergências, auto-organizações e incertezas, o educador se vê, neste início de século XXI, diante de um grande desafio educacional que ele mesmo não foi instruído para enfrentar. O repentino desafio que surge é o de trazer o novo paradigma da ciência para os bancos das escolas em todos os níveis e adequar o processo de ensino/aprendizagem a uma nova geração, onde novos conceitos de ética e cidadania baseados na complexidade da natureza são, mais do que nunca, necessários. Ao mesmo tempo, o desafio inclui também poder falar da ciência que engloba os temas de caos, complexidade e Física Quântica, a chamada “Nova Ciência”, a todos os cidadãos que se interessam por ela, alunos ou não, dentro e fora da academia, mesmo quando a mesma é, por conveniência, considerada uma pseudociência e até fruto de uma insanidade mental por boa parcela da comunidade acadêmica que, revestida de poder, ainda insiste na visão reducionista (TARNAS, 2007). De fato, o tamanho desse desafio se torna muito grande quando se sabe que é a maioria conservadora da academia, es-


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pecialmente em nosso país, que, restrita ao paradigma antigo, ainda dita as regras e diz o que é e o que não é ciência. Simultaneamente, há em marcha, contudo, um clamor por mais transparência e abertura da ciência oficial para a sociedade, o que, de certa forma, tem sido atendido por algumas sociedades científicas, revistas e sites de divulgação de cunho mais independente e dirigidos por profissionais de formação e mentalidades mais abertas. Constata-se que os novos ares da sociedade de hoje, com muito mais graus de liberdade de pensamento e ação, estão a exigir mais transparência da ciência oficial e mais ruptura dos altos e espessos muros da academia na direção de atender aos anseios da sociedade, como também ocorre com a política e a religião de forma nítida. Capítulo 1 A educação em tempos quânticos e complexos Apontam-se como fatores dessa incômoda relação entre sociedade e academia a própria não observância das ideias e sugestões de vários filósofos, físicos e estudiosos do século XX, em particular os ensinamentos hipocritamente aclamados, mas geralmente não praticados, dos educadores Paulo Freire e Leonardo Boff. O acesso às novas informações através da internet, livros e filmes que ousam desafiar o paradigma estabelecido, por parte de alunos e cidadãos em geral, é outro motivo dessa crise se avolumar nos últimos anos, colocando em cheque os setores mais conservadores e retrógrados da academia. É fácil constatar que vinte ou trinta anos atrás, o que um professor ensinava em suas aulas, baseado em um ou dois autores considerados os “papas” da área, dificilmente poderia ser contestado, tanto pela dificuldade de acesso às informações e conteúdos diferentes por parte dos alunos como também pelo autoritarismo que ainda reinava intocável na maioria das escolas e salas de aula. Hoje os tempos são outros. Os alunos conseguem saber, muitas vezes, mais que os próprios professores sobre alguns pontos específicos da matéria lecionada, uma vez que os conteúdos sobram na internet. Mais ainda, diferentes versões do mesmo tema são lidas e absorvidas pelos alunos e cidadãos a qualquer instante, de tal maneira que a versão anunciada pelo professor não é mais, em muitos casos, vista como a única sobre o tema; os questionamentos dos alunos são mais contundentes, provocativos, diversificados e atuais do que nunca. E o que muito ocorre ainda é que o professor se esconde atrás do escudo acadêmico que protege sua atuação não condizente com a mencionada educação libertadora de Boff e Freire. Já não é tão difícil perceber um professor especialista sobre certo assunto, mas pouco receptivo às ideias que esse mesmo assunto provoca em áreas contíguas do co-


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nhecimento, como registra a revista Nature citada anteriormente. Graças à internet e a maior conscientização dos alunos e de alguns professores mais destemidos, de fato, ficam mais expostos à sociedade a ação de grupos acadêmicos que não queriam tanta exposição, tanta visibilidade. Nota-se, assim, que uma busca mais sutil e igualmente profunda das diferentes faces de um conceito ou fato, mexe com o pretenso poder da política, da ciência e das religiões, fazendo-os passar por crises semelhantes entre si em tempos atuais. Estamos numa era de rupturas de conceitos clássicos, grandes questionamentos e mudanças. Um dos grandes pontos de ignição deste momento evolucionário que atravessamos foi, sem dúvida, a década de 1930 com o advento da Física Quântica, com cientistas e filósofos que serão aqui mencionados. Não há como, pois, negligenciar esses fatos do ponto de vista filosófico e epistemológico com suas implicações para a ciência do século passado e para esta que desponta no novo milênio, a não ser pela atribuição de um significado rígido e conveniente. A pergunta que surge para quem percebe a dinâmica das evoluções em curso é: quais os professores que estão aptos a educar sob essa nova ética emergente, incorporando, em seu cabedal de conhecimentos, além de uma necessidade inegável de sua especialidade e experiência pessoal, a incerteza, a flexibilidade e a humildade em sua atuação? E mais: quais os professores que estão, hoje em dia, dispostos a abrir mão de seus “pré-conceitos” filosóficos, epistemológicos e ontológicos em relação à sociedade que lá fora os sustenta, para formar, muito mais que profissionais desta ou daquela área, cidadãos pensantes e renovadamente éticos, construtores de uma verdadeira nação, de uma nova humanidade, ou seja, da chamada póshumanidade? O caminho sugerido por muitos educadores, estudiosos da complexidade, indica uma necessidade premente para os professores, principalmente das universidades, de uma abertura para o novo, não para a nova tecnologia, mas para o pensar novo, diferente, transcendendo os conceitos clássicos em buscas de novas formas de se olhar para a natureza e para o ser humano, onde o pós-humano parece ser a nova meta. Torna-se necessário, segundo eles, abrir-se para o que é verdadeiramente novo e emergente nestes novos tempos, para os paradigmas filosóficos e epistemológicos ocorridos no século XX a fim de que se possa entender a “nova educação”, a nova forma do ensino/aprendizagem que clama por vicejar neste novo milênio. De fato, para entender e utilizar a lógica quântica, não é suficiente conhecer os princípios da Física Quântica e nem mesmo ensinar sobre esse assunto de forma clássica. É preciso ter um “outro olhar” para o mundo, incluir o sutil em suas observações, ir além dos sentidos comuns, fazer-se um


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com o universo (TARNAS, 2007). É preciso perceber que, bem diferente do que propõe o paradigma clássico, as pequenas atitudes e mesmo pensamentos podem levar a grandes causas, fato que ressoa na frequência do Efeito Borboleta, descoberto com a Teoria do Caos na década de 1960. Nessa época, o americano Edward Lorenz, estudando meteorologia, descobriu que uma causa aparentemente desprezível poderia ter um grande efeito em termos de previsão do tempo a médio e longo prazo, chamando isso de Efeito Borboleta. Em outras palavras, descobriu a extrema sensibilidade do sistema meteorológico às condições externas pelo fato do sistema ser muito aberto e complexo. Era como se uma borboleta batendo as asas na floresta amazônica pudesse, dias depois, produzir um tornado no Texas. Caiu por terra aí o sonho de se fazer previsões de médio e longo prazo sobre as condições meteorológicas. Alguns anos depois, os cientistas verificaram que qualquer sistema aberto sofre a ação dos Efeitos Borboleta, o que mexeu tremendamente com a questão fundamental e filosófica da ciência clássica: sua capacidade de fazer previsões! E assim são nossos sistemas educacionais, assim como nossa própria saúde: sistemas abertos sujeitos a pequenas interferências externas, a menos que, ao congelar variáveis com o objetivo de controle, nós mesmos fechemos os sistemas e os tornemos rígidos. Em sistemas rígidos e fechados, não ocorrem Efeitos Borboleta. Com o olhar voltado para os sistemas abertos, entretanto, redescobre-se, hoje, que ser professor e educador é uma arte em sentido amplo, onde pequenas atitudes e comportamentos podem trazer resultados extremamente interessantes em termos de aprendizagem e encantamento da educação. Nota-se que não basta um professor ter um diploma de licenciado (quando se tem) e títulos de mestre, doutor, livre-docente ou professor titular para ser um bom professor e um bom educador neste início de milênio. Ousamos, então, afirmar: se não houver entusiasmo pelo novo e uma abertura às novas formas de se obter conhecimento pela sociedade, principalmente através da internet; se não houver um interesse em conhecer melhor esta nova geração que não aceita mais as imposições, os controles e os desmandos de tempos passados; se não houver uma visão integrativa da natureza que permita, efetivamente, um caminhar que se sustente com uma nova ética plural e cósmica em defesa da cidadania responsável pelas próximas gerações, aceitando as dimensões lúdicas, espirituais e transcendentais na educação; se não houver uma abertura para o sutil e para a percepção do mesmo no dia-a-dia, entendendo o funcionamento de um Efeito Borboleta em sistemas abertos; se não houver uma flexibilidade nos conceitos para se permitir que o outro não seja mais olhado como objeto, mas participe com seu saber peculiar, atuando igualmente como sujeito na formação do novo saber; se não


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houver a disposição em criar espaços alternativos, físicos ou não, para que o conhecimento da natureza possa emergir de forma integrativa, NÃO HÁ, definitivamente, como ser um educador e um bom professor nestes novos e desafiadores tempos do século XXI. De uma forma ousada e provocativa, tratamos desse assunto em nosso recente livro intitulado Em Busca do Professor Quântico (Guerrini, 2008). Capítulo 2 Filósofos da pós-humanidade Remontando às bases filosóficas e epistemológicas, foram os pilares e os alicerces da ciência que sofreram as maiores transformações no século XX, daí se poder falar de grandes crises e mudanças de paradigma. Não se pode deletar, de fato, que os horizontes da ciência foram radicalmente ampliados, de tal forma que aqueles que hoje abraçam essa nova visão científica podem enxergar a visão antiga, válida em certas condições limites, como apenas um reduzido modelo do universo e da vida. Em outras palavras, os avanços mostraram que esse modelo antigo e reduzido da ciência mecanicista, construído no século XVII, continua tendo seu valor, porém apenas em condições limites e quase idealizadas, tornando-se um pedaço de um modelo muito mais ampliado e dinâmico desenvolvido a partir do século XX com as crises mencionadas. E, apesar de nem todos perceberem, este novo olhar surge sutilmente como uma opção libertadora dos horizontes da ciência de forma não impositiva como fora em outras épocas. O modelo antigo foi, como se sabe, imposto, e inúmeras vezes ainda o é, de forma dissimulada ou não, querendo ser o único correto e merecedor de atenção por cientistas que se auto proclamam “responsáveis”. No entanto, para se enxergar e entender o novo modelo, torna-se necessário trocar de óculos para observar melhor e mais profundamente a natureza, o que exige uma grande mudança de postura na educação e na vida. A partir, então, das mudanças filosóficas e epistemológicas introduzidas pela Física Quântica na década de 1930, a leitura do universo científico se ampliou e já não permite apenas uma visão unívoca da realidade. Se a realidade fosse uma só, seria mais fácil entender e aceitar a imposição ou pelo menos a busca de um modelo único dessa mesma realidade. De acordo com inúmeros textos da nova visão científica, a chamada “pura verdade dos fatos” fica sendo apenas uma falácia, um possível truque do objetivismo da modernidade, consequência da filosofia positivista e do pensamento reduzido. No entanto, filósofos, epistemólogos e educadores atuais entendem que o absolutismo na ciência e a “pura verdade dos fatos” ruíram no século passado, de modo semelhante ao que


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vem ocorrendo nas religiões. O ser humano está sendo chamado nesta era a construir seu próprio “castelo dinâmico de verdades”, o que não é uma tarefa fácil porque não há tanto mais a quem recorrer. É por essa razão que o forte apego ao modelo clássico e a não aceitação dessas grandes mudanças estão atreladas ao medo e insegurança que elas causam. Segundo a nova visão, sistêmica e subjetiva, observador e observado já não estão mais separados, e a realidade é formada a cada instante pela interação entre eles. O objeto ou sistema observado é dinâmico e complexo, e sua atuação é, em maior ou menor grau, imprevisível no espaço e no tempo, sendo fruto da interação com o observador que, em última análise, escolhe a realidade através dos níveis de consciência que consegue acessar. É óbvio que, a partir destas considerações, não é mais possível falar da natureza sem falar de consciência humana e dos modelos filosóficos e epistemológicos da ciência que auxiliam na compreensão dessa natureza. Em nossa opinião, é isso que nos traz ao “pós-humano”. O modelo clássico, por outro lado, que se diz único, quando não menciona seus filósofos de partida, já está pressupondo as ideias mecanicistas e reducionistas dos filósofos do século XVII. Seus defensores que o reinado exclusivo da disciplinaridade e do conteudismo, próprios do modelo único e hegemônico, ruiu estrondosamente no século XX. Como enfatiza o físico Roger Penrose em seu livro The Road to Reality (Penrose, 2005), os cientistas clássicos ainda preferem tomar uma postura “positivista” e se recusam a discutir a relativização do conceito de realidade a partir das descobertas da Física Quântica, atribuindo aos questionadores, filósofos e epistemólogos, a pecha de “não científicos”. É, pois, importante, neste ponto, mencionar as ideias de alguns revolucionários da ciência no século XX que contribuíram com essa grande mudança ao apresentar propostas de novos modelos filosóficos e epistemológicos, questionando o pensamento clássico. Escolhemos alguns nomes: Gaston Bachelard, Stéphane Lupasco, Thomas Kuhn e Paul Feyerabend. Bachelard é filósofo e poeta francês; Lupasco, físico romeno; Kuhn é físico americano e Feyerabend, filósofo austríaco. Fazendo um paralelo da evolução da ciência e da religião, conforme o modelo de divisão do conhecimento proposto por Descartes, esperar que as ideias desses revolucionários da ciência sejam discutidas regularmente na academia de hoje seria como esperar que Bento XVI incentivasse os atuais seminários de formação de sacerdotes da Igreja Católica a discutir abertamente os escritos questionadores de teólogos como Leonardo Boff, Hans Kung e Uta Ranke-Heinemann. Gaston Bachelard escreveu O Novo Espírito Científico em 1934 e desenvolveu uma reflexão muito diversificada sobre a ciência. Para ele, no futuro, o conhecimento se baseará na nega-


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ção do conhecimento clássico atual, fase que já estamos vivenciando. A sua ideia de “novo espírito científico” é que os cientistas deveriam ter como objetivo ultrapassar os obstáculos epistemológicos que impedem a ciência de progredir, ou seja, o senso comum e os pressupostos das filosofias tradicionais. Stéphane Lupasco, um físico romeno que viveu na França a partir dos dezesseis anos e que desde os oito já lia o filósofo Spinoza, foi um dos maiores baluartes da abordagem transdisciplinar que veio à tona no final do século XX. Foi também um poeta, e seus primeiros escritos sobre a necessidade de uma nova epistemologia da ciência datam de 1935. Usando essa nova epistemologia da ciência, Lupasco defendia a necessidade de se ensinar aquela que ele chamava de “Nova Física”, a Física Quântica. Naquela época, foi um ato de coragem dele, intelectual e moral, num mundo científico profundamente dominado pelo realismo clássico. Nem mesmo os pais fundadores da Física Quântica ousaram dar esse passo. A lógica de Lupasco, que engloba a afetividade, é chamada de “lógica quântica”, inspirada que foi na Física Quântica. Essa lógica quântica é muito mais abrangente que a clássica, podendo dar conta dos estranhos fenômenos da Física Quântica, o que torna compreensível a reação de incredulidade e de completa desconsideração desses fenômenos quânticos por parte dos que, sem conhecer Lupasco, fazem da lógica clássica o seu receituário de dogmas científicos, construindo com ela a sua estrada de vida. Para esses, fica cômodo e conveniente atribuir aqueles que ensaiam alguma interpretação mais profunda e integrativa segundo a nova lógica, o adjetivo pejorativo de pseudocientífico, charlatão ou esotérico. Thomas Kuhn escreveu A Estrutura das Revoluções Científicas em 1962, trazendo à tona o uso do termo “paradigma” em ciência, ou seja, a ideia de modelo ou de ciência utilizado. Diz Kuhn que a visão do que seja um paradigma tende a orientar quem se prepara para desenvolver a atividade científica, sendo necessária para formar o futuro educador ou pesquisador. Pergunta-se, então: por que nossos professores, via de regra, nem sabem o que significa um paradigma científico, se, geralmente, fazem uso de um dos mais clássicos paradigmas todos os dias? Kuhn diz que há uma tendência do cientista se amoldar aos fundamentos da chamada “ciência normal”, permitindo a ele dominar uma espécie de mapa do conhecimento limitada a sua zona de escolha. Ou seja, o cientista adquire um roteiro para “fazer bem” sua “ciência normal”, cujos mandatários elaboram critérios para a escolha dos problemas que merecem ou não sua atenção. Assim, o mapa do conhecimento na área é, segundo Kuhn, dominado por um dado grupo no poder que toma as decisões e elabora diretrizes que orientam seus “fiéis”, diretrizes essas que são reveladas em seus manuais acadêmicos e nas conferências


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e encontros científicos tradicionalmente apoiados por ortodoxos órgãos de fomento. Kuhn ainda observa que os candidatos a pesquisador ficam restritos a uma falsa ideia de linearidade da evolução de seu respectivo campo de atuação na ciência, infundindo-lhes a ilusória certeza de que estão envolvidos no perfil mais correto do conhecimento. Com isso, forma-se a crença de que esse saber é único e verdadeiro, levando o cientista em formação a uma tremenda resistência à mudança em suas crenças básicas normalmente já impregnadas de ideias clássicas. Diz Kuhn que quem só atua em uma mesma área da ciência durante toda a sua vida tem grandes chances de se encaixar neste modelo inflexível de ensino e pesquisa, enquanto que aqueles que mudam de área ou trabalham em mais de uma área têm mais facilidade de perceber, em algum momento da vida, que até então enxergaram o mundo de uma forma muito reduzida. Finalmente, citamos o filósofo austríaco Paul Feyerabend, conhecido como o pai da chamada “Epistemologia Anarquista”. Feyerabend nasceu em Viena, em 1924, e viveu em diversos países. Tornou-se famoso pela sua suposta visão anarquista da ciência e por sua rejeição da existência de regras metodológicas universais. É uma figura influente e marcante na filosofia da ciência e também na sociologia do conhecimento científico, infelizmente pouco conhecido dos cientistas clássicos que vivem, no mais das vezes, o seu monótono dia-a-dia de publicações sempre do mesmo timbre, relatórios insossos, aulas clássicas e desmotivadoras e infrutíferas reuniões. Os argumentos de Feyerabend foram contra o monismo metodológico e a primazia do conhecimento científico sobre as demais formas de conhecimento ou visões de mundo, ressaltando os prejuízos que a falta de tal atitude crítica traz tanto para o progresso da ciência quanto para a realização da liberdade individual e da potencialidade humana. Em 1956, Feyerabend conheceu o físico David Bohm, cujas ideias sobre a interpretação da Física Quântica o influenciaram bastante, particularmente o conceito de bootstrapp que fala da unidade de todas as coisas em sua essência não visível. Capítulo 3 A proposta de um novo modelo de mundo Para efeitos didáticos, podemos chamar os sistemas regidos pela lógica clássica, a lógica aristotélica do dual antagônico, de Sistemas Simples (SS), aqueles que, segundo Ilya Prigogine, ficam próximos do equilíbrio. Em exemplos da Física, um movimento ideal de uma partícula em queda livre ou descrevendo um pêndulo simples, são exemplos de SS, enquanto que um pêndulo composto que apresenta diferentes variáveis e forma padrões complexos é um exemplo de Sistemas Dinâmicos Complexos e


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Adaptativos (SDCA). Diz Prigogine que esses sistemas vivem longe do equilíbrio (estático e periódico), onde a verdadeira vida começa a se manifestar (Prigogine, 1996). Adotaremos aqui essa visão de Prigogine como ponto de partida para elaborarmos nosso modelo de mundo. É, pois, longe do equilíbrio que começamos a entrar na região complexa e quântica, onde outras dimensões (janelas) começam a se tornar importantes para a compreensão da vida. Segundo o olhar da complexidade, os sistemas da natureza são todos SDCA porque contêm inúmeras variáveis, mas, na medida em que vamos fixando as variáveis desses sistemas para facilitar os estudos e a modelagem matemática, vamos limitando-os e tornando-os SS. Se o universo fosse feito somente de SS, estaríamos permanentemente próximos ao equilíbrio, regidos somente pela entropia e por outras leis muito bem definidas, e a lógica clássica seria suficiente. Porém, na medida em que pretendemos estudar o universo de forma ampliada, precisamos de uma lógica ampliada, complexa e quântica, uma lógica com a qual não estamos muito acostumados pela estrutura imposta pela ciência clássica dominante. Um novo modelo de mundo é, pois, apresentado na Figura 1 onde a região dos SDCA se mostra como uma ampliação de uma visão mais restrita, esta a região dos SS. Quanto mais longe do equilíbrio, mais os sistemas sentem a vida, segundo a proposta de Prigogine, e seria nessa região longe do equilíbrio que os efeitos sistêmicos, complexos e quânticos se manifestariam, os quais estariam inseridos em subsistemas próximos e às vezes até emaranhados entre si. Como se percebe, na Figura 1 aparecem ainda os outros dois tipos de equilíbrio: o periódico e o caótico desordenado (caos total). O equilíbrio periódico estaria próximo ao equilíbrio estático na figura e corresponderia aos movimentos periódicos previsíveis, como um movimento circular uniforme, o movimento de um pêndulo simples etc. Há movimentos na natureza que se aproximam desse tipo de equilíbrio periódico, como os previsíveis movimentos do sol e da lua. Um relógio de pulso representa bem esse tipo de movimento, pois é totalmente previsível. Os relógios de Galileu com água ou areia, tipo ampulheta, nasceram assim.


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Figura 1: Modelo de mundo que inclui as regiões perto e longe do equilíbrio

Um terceiro tipo de equilíbrio seria dado pelo caos desordenado, algumas vezes chamado de caos termodinâmico ou caos total. Esse nome seria para diferenciar do caos ordenado, aquele que forma padrões de ordem, ou seja, o caso dos SDCA que formam os fractais dinâmicos. O caos desordenado seria, por exemplo, o caos de um conjunto de moléculas liberadas num recipiente, preenchendo-o de forma uniforme. Esse é o equilíbrio entrópico, regido pela segunda lei da termodinâmica, uma das mais famosas leis da Física Clássica, aquela que leva à conhecida “morte térmica”. Na Figura 1, a região desse equilíbrio caótico fica na extrema direita, para além da região dos SDCA, além da faixa quântica, onde o leitor pode imaginar uma ligação circular com o equilíbrio estático na extrema esquerda. Pode-se dizer, portanto, que os temas de Caos e Complexidade lidam com os sistemas na região dos SDCA, mas que o termo “caos” pode incluir também o caos desordenado. É interessante notar que qualquer dos três tipos de equilíbrio deveria ser evitado para se conseguir vida em plenitude, segundo Prigogine: os equilíbrios estático, periódico e o caos desordenado. Todos os sistemas que aí vivem se definham pela ausência de criatividade. A região dessa criatividade, portanto, é uma pequena faixa na Figura 1, dentro da região do complexo e se intensificando na região quântica, além da qual viria o caos desordenado. As regiões dos SDCA e, em especial a quântica, são faixas muito estreitas e não estão em escala na figura mostrada. É um desafio viver nessas faixas, mesmo porque são instáveis e di-


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nâmicas, à beira do caos, porém ricas de criatividade e vida. Mazzocchi (2008), por exemplo, salienta a necessidade atual de se considerar a região “na borda do caos” para se estudar e entender os fenômenos biológicos que hoje se percebem inevitavelmente complexos. Também os fenômenos críticos, como os insights abordados por Watkins & Freeman (2008), estariam ocorrendo nas regiões do complexo e da quântica, segundo este modelo. Um exemplo frugal de inserção nessa área seria você começar a se aventurar na cozinha, quando nunca fez um arroz na vida. Se ousar, com disposição e alegria, podem surgir os insights e você acabar por fazer grandes descobertas das suas habilidades culinárias. Começar a tocar um instrumento de som ou fazer teatro pela primeira vez, quando sua profissão é outra, seria outro exemplo. Aprender uma nova língua depois dos 40 anos, outro ainda. Experimentar o novo frescor de atuar nessa região do não-convencional pode lhe permitir a descoberta de sua verdadeira essência, através da criatividade que atua “na borda do caos”. Para interessantes aplicações acadêmicas em saúde, vejam-se os trabalhos de Kitano (2003) e Guerrini & Spagnuolo (2004). Note que nessa Figura 1 há ainda os “fatos que puxam o indivíduo para longe do equilíbrio”, que são aqueles denominados de “fatos estranhos” ou “milagres” na visão dos reducionistas, para os quais cada um dá a resposta que melhor lhe cabe. Se esses fatos continuarem sendo exceções depois de ocorridos, o indivíduo está tentando manter o modelo reduzido de viver nos SS, próximos ao equilíbrio. Outros podem aproveitar esses fenômenos para alargar sua visão de mundo, sempre tendo que vencer o medo dos padrões antigos e arquetípicos. É importante salientar, entretanto, que a Figura 1 mostra apenas uma tentativa de explicar as novidades apontadas na ciência, nas demais formas de conhecimento humano e na educação. Sabemos que um modelo é apenas uma forma de tentar entender um sistema, um mapa do território. Além disso, ele só é bom enquanto funciona. Se o modelo é visto como uma proposição, segundo o Teorema da Indecibilidade (PENROSE, 2005) não há como saber se ele é matematicamente demonstrável. Sobram, então, os critérios práticos que deverão decidir pela utilidade ou não do modelo e suas maiores ou menores limitações neste ou naquele ponto. Como já estamos trabalhando com a lógica quântica de Lupasco, não precisamos decidir, a priori, se o modelo é bom ou ruim, mas, ao analisá-lo, vamos antes procurar usar aqui os termos “talvez” e “pode ser”.


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Conclusão Uma das propostas deste trabalho é mostrar a possibilidade do pós-humano estar na região quântica da Figura 1, onde esse seria o estado atual da evolução do humano neste início de século XXI, uma região já estendida do pós-modernismo. Como se mostrou aqui, entretanto, essa é uma posição de escolha, uma possibilidade do ser humano dentro do modelo apresentado. Nesta proposta, o pós-humano contempla toda a evolução tecnológica que vivemos nesta era, torna-se proprietário dela nas regiões clássicas, mas se tiver abertura de visão, não precisa ficar restrito a ela. Vivenciar a revolução tecnológica com os óculos da região clássica pode, sim, trazer consequências irresponsáveis e irreversíveis para a humanidade como mostra Pulcini (2008) ao salientar que o atual “Homo creator” é capaz “de criar a natureza, de introduzir no ambiente produtos e processos totalmente novos (da bomba nuclear às manipulações genéticas), alterando profundamente as próprias leis da evolução e abrindo horizontes de todo imprevisíveis”. Para essa autora, o atual “Homo creator” é o pós-humano, onde o risco de consequências drásticas para ele mesmo e para a natureza é imenso. Porém, ainda que o futuro seja mesmo imprevisível e o risco de catástrofes esteja muito presente, uma vez que num sistema complexo sempre atuam Efeitos Borboleta de todos os tipos, o pós-humano mostrado no modelo aqui proposto tem, em potencial, abertura e consciência para procurar viver na região do complexo e do quântico, onde contribuir e colaborar para a harmonia entre os seres viventes passa a ser parte da educação para uma nova cidadania. É uma questão de escolha, mas para tanto é preciso trazer à tona a consciência na possibilidade de abertura para uma vivência não exclusivamente dependente de modelos cartesianos e reducionistas. A proposta, portanto, é de instigar e despertar o ser humano para que o seu pós-humano seja viver longe do equilíbrio, como mostra a Figura 1, onde ele ou ela podem se colocar na condição de “rebelde saudável”, fora dos padrões normais estabelecidos e aceitos pelas instituições conservadoras da sociedade, desde que com uma ética e cidadania pautada pela complexidade e pela quântica. Se não aceitar sair da região clássica dos SS, os alarmes de Pulcini (2008) fazem todo sentido. Portanto, se o cenário é grave do ponto de vista clássico, por que não dar uma chance aos modelos não convencionais de mundo baseados nos avanços filosóficos e epistemológicos erigidos durante o século XX? Em outras palavras, por que não questionar o que por mais de três séculos foi dogmatizado para poder se posicionar de forma mais otimista e coerente com a natureza exterior e interior nesta era do pós-humano?


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Literatura citada BARABÁSI, A.L. Taming complexity. Nat. Phys., v.1, p.68-70, 2005. BINDER, P.M. Frustration in Complexity. Nature, v.320, p.322-323, 2008. GUERRINI, I.A. Em Busca do Professor Quântico. São Paulo: Ed. All Print, 2008. GUERRINI, I.A.; SPAGNUOLO, R.S. Chaos and Complexity for an Emergent Concept of Family Health: a brazilian experience. Emergence: Complexity & Organization, v.6, n.4, p.84-9, 2004. HORGAN, J. Looking back at the end of science. More than a decade of lively debate. Science & Spirit, v.19, n.2, p.40-43, 2008. KITANO, H. Cancer Robustness: Tumour Tactics. Nature, v.426, p.125, 2003. LAUGHLIN, R.B. A Different Universe. Reinventing Physics from the bottom down. New York: Basic Books, 2005. MAZZOCCHI, F. Complexity in biology. EMBO Rep., v.9, n.1, p.10-14, 2008. PENROSE, R. The Road to Reality: a complete guide to the laws of the universe. New York: Alfred A. Knopf, 2005. PRIGOGINE, I. O Fim das Certezas. São Paulo: Editora Unesp, 1996. PULCINI, E. O Pós-Humano. Revista do Instituto Humanitas Unisinos., p.7-12, out. 2006. Disponível em:<http://www.ihuonline.unisinos.br/ uploads/edicoes/1161029100.37pdf.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2008. TARNAS, R. Cosmos and Psyche: Intimations of a New World View. New York: Plume Printing, 2007. WATKINS, N.W.; FREEMAN, M.P. Natural Complexity. Nature, v.320, p.323-324, 2008. WEST, B.J. Where medicine went wrong: Rediscovering the path to complexity. Singapore: World Scientific, 2006.


TEMAS DOS CADERNOS IHU IDEIAS N. 01 N. 02

N. 03 N. 04 N. 05 N. 06 N. 07 N. 08 N. 09 N. 10 N. 11 N. 12 N. 13 N. 14 N. 15 N. 16 N. 17 N. 18 N. 19 N. 20 N. 21 N. 22 N. 23 N. 24 N. 25 N. 26 N. 27 N. 28 N. 29 N. 30 N. 31 N. 32 N. 33 N. 34 N. 35 N. 36 N. 37 N. 38 N. 39 N. 40 N. 41 N. 42 N. 43 N. 44 N. 45 N. 46 N. 47 N. 48 N. 49

A teoria da justiça de John Rawls – Dr. José Nedel O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produções teóricas – Dra. Edla Eggert O Serviço Social junto ao Fórum de Mulheres em São Leopoldo – MS Clair Ribeiro Ziebell e Acadêmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Globo – Jornalista Sonia Montaño Ernani M. Fiori – Uma Filosofia da Educação Popular – Prof. Dr. Luiz Gilberto Kronbauer O ruído de guerra e o silêncio de Deus – Dr. Manfred Zeuch BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construção do Novo – Prof. Dr. Renato Janine Ribeiro. Mundos televisivos e sentidos identiários na TV – Profa. Dra. Suzana Kilpp Simões Lopes Neto e a Invenção do Gaúcho – Profa. Dra. Márcia Lopes Duarte Oligopólios midiáticos: a televisão contemporânea e as barreiras à entrada – Prof. Dr. Valério Cruz Brittos Futebol, mídia e sociedade no Brasil: reflexões a partir de um jogo – Prof. Dr. Édison Luis Gastaldo Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de Auschwitz – Profa. Dra. Márcia Tiburi A domesticação do exótico – Profa. Dra. Paula Caleffi Pomeranas parceiras no caminho da roça: um jeito de fazer Igreja, Teologia e Educação Popular – Profa. Dra. Edla Eggert Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prática política no RS – Prof. Dr. Gunter Axt Medicina social: um instrumento para denúncia – Profa. Dra. Stela Nazareth Meneghel Mudanças de significado da tatuagem contemporânea – Profa. Dra. Débora Krischke Leitão As sete mulheres e as negras sem rosto: ficção, história e trivialidade – Prof. Dr. Mário Maestri Um itinenário do pensamento de Edgar Morin – Profa. Dra. Maria da Conceição de Almeida Os donos do Poder, de Raymundo Faoro – Profa. Dra. Helga Iracema Ladgraf Piccolo Sobre técnica e humanismo – Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Junior Construindo novos caminhos para a intervenção societária – Profa. Dra. Lucilda Selli Física Quântica: da sua pré-história à discussão sobre o seu conteúdo essencial – Prof. Dr. Paulo Henrique Dionísio Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a perspectiva de sua crítica a um solipsismo prático – Prof. Dr. Valério Rohden Imagens da exclusão no cinema nacional – Profa. Dra. Miriam Rossini A estética discursiva da tevê e a (des)configuração da informação – Profa. Dra. Nísia Martins do Rosário O discurso sobre o voluntariado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – MS Rosa Maria Serra Bavaresco O modo de objetivação jornalística – Profa. Dra. Beatriz Alcaraz Marocco A cidade afetada pela cultura digital – Prof. Dr. Paulo Edison Belo Reyes Prevalência de violência de gênero perpetrada por companheiro: Estudo em um serviço de atenção primária à saúde – Porto Alegre, RS – Prof. MS José Fernando Dresch Kronbauer Getúlio, romance ou biografia? – Prof. Dr. Juremir Machado da Silva A crise e o êxodo da sociedade salarial – Prof. Dr. André Gorz À meia luz: a emergência de uma Teologia Gay - Seus dilemas e possibilidades – Prof. Dr. André Sidnei Musskopf O vampirismo no mundo contemporâneo: algumas considerações – Prof. MS Marcelo Pizarro Noronha O mundo do trabalho em mutação: As reconfigurações e seus impactos – Prof. Dr. Marco Aurélio Santana Adam Smith: filósofo e economista – Profa. Dra. Ana Maria Bianchi e Antonio Tiago Loureiro Araújo dos Santos Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emergente mercado religioso brasileiro: uma análise antropológica – Prof. Dr. Airton Luiz Jungblut As concepções teórico-analíticas e as proposições de política econômica de Keynes – Prof. Dr. Fernando Ferrari Filho. Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial – Prof. Dr. Luiz Mott. Malthus e Ricardo: duas visões de economia política e de capitalismo – Prof. Dr. Gentil Corazza Corpo e Agenda na Revista Feminina – MS Adriana Braga A (anti)filosofia de Karl Marx – Profa. Dra. Leda Maria Paulani Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliação após um século de “A Teoria da Classe Ociosa” – Prof. Dr. Leonardo Monteiro Monasterio Futebol, Mídia e Sociabilidade. Uma experiência etnográfica – Édison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leistner, Ronei Teodoro da Silva & Samuel McGinity Genealogia da religião. Ensaio de leitura sistêmica de Marcel Gauchet. Aplicação à situação atual do mundo – Prof. Dr. Gérard Donnadieu A realidade quântica como base da visão de Teilhard de Chardin e uma nova concepção da evolução biológica – Prof. Dr. Lothar Schäfer “Esta terra tem dono”. Disputas de representação sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a figura de Sepé Tiaraju – Profa. Dra. Ceres Karam Brum O desenvolvimento econômico na visão de Joseph Schumpeter – Prof. Dr. Achyles Barcelos da Costa Religião e elo social. O caso do cristianismo – Prof. Dr. Gérard Donnadieu. Copérnico e Kepler: como a terra saiu do centro do universo – Prof. Dr. Geraldo Monteiro Sigaud


N. 50 N. 51 N. 52 N. 53 N. 54 N. 55 N. 56 N. 57 N. 58 N. 59 N. 60 N. 61 N. 62 N. 63 N. 64 N. 65 N. 66 N. 67 N. 68 N. 69 N. 70 N. 71 N. 72 N. 73 N. 74 N. 75 N. 76 N. 77 N. 78 N. 79 N. 80 N. 81 N. 82 N. 83 N. 84 N. 85 N. 86 N. 87 N. 88 N. 89 N. 90 N. 91 N. 92 N. 93 N. 94 N. 95 N. 96 N. 97 N. 98 N. 99 N. 100 N. 101 N. 102 N. 103 N. 104 N. 105

Modernidade e pós-modernidade – luzes e sombras – Prof. Dr. Evilázio Teixeira Violências: O olhar da saúde coletiva – Élida Azevedo Hennington & Stela Nazareth Meneghel Ética e emoções morais – Prof. Dr. Thomas Kesselring Juízos ou emoções: de quem é a primazia na moral? – Prof. Dr. Adriano Naves de Brito Computação Quântica. Desafios para o Século XXI – Prof. Dr. Fernando Haas Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na Europa e no Brasil – Profa. Dra. An Vranckx Terra habitável: o grande desafio para a humanidade – Prof. Dr. Gilberto Dupas O decrescimento como condição de uma sociedade convivial – Prof. Dr. Serge Latouche A natureza da natureza: auto-organização e caos – Prof. Dr. Günter Küppers Sociedade sustentável e desenvolvimento sustentável: limites e possibilidades – Dra. Hazel Henderson Globalização – mas como? – Profa. Dra. Karen Gloy A emergência da nova subjetividade operária: a sociabilidade invertida – MS Cesar Sanson Incidente em Antares e a Trajetória de Ficção de Erico Veríssimo – Profa. Dra. Regina Zilberman Três episódios de descoberta científica: da caricatura empirista a uma outra história – Prof. Dr. Fernando Lang da Silveira e Prof. Dr. Luiz O. Q. Peduzzi Negações e Silenciamentos no discurso acerca da Juventude – Cátia Andressa da Silva Getúlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado Novo – Prof. Dr. Artur Cesar Isaia Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria humanista tropical – Profa. Dra. Léa Freitas Perez Adoecer: Morrer ou Viver? Reflexões sobre a cura e a não cura nas reduções jesuítico-guaranis (1609-1675) – Profa. Dra. Eliane Cristina Deckmann Fleck Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimarães Rosa – Prof. Dr. João Guilherme Barone Contingência nas ciências físicas – Prof. Dr. Fernando Haas A cosmologia de Newton – Prof. Dr. Ney Lemke Física Moderna e o paradoxo de Zenon – Prof. Dr. Fernando Haas O passado e o presente em Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade – Profa. Dra. Miriam de Souza Rossini Da religião e de juventude: modulações e articulações – Profa. Dra. Léa Freitas Perez Tradição e ruptura na obra de Guimarães Rosa – Prof. Dr. Eduardo F. Coutinho Raça, nação e classe na historiografia de Moysés Vellinho – Prof. Dr. Mário Maestri A Geologia Arqueológica na Unisinos – Prof. MS Carlos Henrique Nowatzki Campesinato negro no período pós-abolição: repensando Coronelismo, enxada e voto – Profa. Dra. Ana Maria Lugão Rios Progresso: como mito ou ideologia – Prof. Dr. Gilberto Dupas Michael Aglietta: da Teoria da Regulação à Violência da Moeda – Prof. Dr. Octavio A. C. Conceição Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul – Prof. Dr. Moacyr Flores Do pré-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial e seu território – Prof. Dr. Arno Alvarez Kern Entre Canções e versos: alguns caminhos para a leitura e a produção de poemas na sala de aula – Profa. Dra. Gláucia de Souza Trabalhadores e política nos anos 1950: a idéia de “sindicalismo populista” em questão – Prof. Dr. Marco Aurélio Santana Dimensões normativas da Bioética – Prof. Dr. Alfredo Culleton & Prof. Dr. Vicente de Paulo Barretto A Ciência como instrumento de leitura para explicar as transformações da natureza – Prof. Dr. Attico Chassot Demanda por empresas responsáveis e Ética Concorrencial: desafios e uma proposta para a gestão da ação organizada do varejo – Profa. Dra. Patrícia Almeida Ashley Autonomia na pós-modernidade: um delírio? – Prof. Dr. Mario Fleig Gauchismo, tradição e Tradicionalismo – Profa. Dra. Maria Eunice Maciel A ética e a crise da modernidade: uma leitura a partir da obra de Henrique C. de Lima Vaz – Prof. Dr. Marcelo Perine Limites, possibilidades e contradições da formação humana na Universidade – Prof. Dr. Laurício Neumann Os índios e a História Colonial: lendo Cristina Pompa e Regina Almeida – Profa. Dra. Maria Cristina Bohn Martins Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o cristianismo – Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva Saberes populares produzidos numa escola de comunidade de catadores: um estudo na perspectiva da Etnomatemática – Daiane Martins Bocasanta A religião na sociedade dos indivíduos: transformações no campo religioso brasileiro – Prof. Dr. Carlos Alberto Steil Movimento sindical: desafios e perspectivas para os próximos anos – MS Cesar Sanson De volta para o futuro: os precursores da nanotecnociência – Prof. Dr. Peter A. Schulz Vianna Moog como intérprete do Brasil – MS Enildo de Moura Carvalho A paixão de Jacobina: uma leitura cinematográfica – Profa. Dra. Marinês Andrea Kunz Resiliência: um novo paradigma que desafia as religiões – MS Susana María Rocca Larrosa Sociabilidades contemporâneas: os jovens na lan house – Dra. Vanessa Andrade Pereira Autonomia do sujeito moral em Kant – Prof. Dr. Valerio Rohden As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria Monetária: parte 1 – Prof. Dr. Roberto Camps Moraes Uma leitura das inovações bio(nano)tecnológicas a partir da sociologia da ciência – MS Adriano Premebida ECODI – A criação de espaços de convivência digital virtual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso – Profa. Dra. Eliane Schlemmer As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria Monetária: parte 2 – Prof. Dr. Roberto Camps Moraes Futebol e identidade feminina: um estudo etnográfico sobre o núcleo de mulheres gremistas – Prof. MS Marcelo Pizarro Noronha


Ivan Amaral Guerrini possui graduação em Física pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1973), mestrado em Ciências (Energia Nuclear na Agricultura) pela Universidade de São Paulo (1976) e doutorado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) pela Universidade de São Paulo (1982). Desenvolveu dois períodos de pós-doutorado nos EUA (1985-1986 e 1992-1994), trabalhando com difusão de água em meios porosos e Física Aplicada em sistemas dinâmicos. Obteve o título de Professor Adjunto em 1992 e, desde 1998, é Professor Titular da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, SP. Tem experiência nas áreas de Física Aplicada a sistemas agrícolas e biológicos, com ênfase atual na área de Saúde e Educação, em trabalhos de Extensão Universitária e em Divulgação da Ciência Transdisciplinar, onde tem focalizado suas últimas publicações. Hoje atua principalmente nos seguintes temas: complexidade, saúde, saúde coletiva e da família, medicina alternativa e complementar, ciência sistêmica, meio ambiente, educação transdisciplinar, caos, fractais, princípios filosóficos e epistemológicos da física quântica, cidadania, espiritualidade e ética. Algumas publicações do autor: GUERRINI, I. A. (Org.). Ensaios sobre Caos e Complexidade: Aplicações transdisciplinares em saúde e educação. Ed. FEPAF, UNESP, Botucatu, 215 p., 2009; CELANO, S.; GUERRINI, I. A. Mãos que tocam a alma: sugestões para uma educação transdisciplinar. Ed. Triom, São Paulo, 144 p., 2008; GUERRINI, I. A. (Org.). Nas asas do Efeito Borboleta: o despertar do novo espírito científico. Ed. FEPAF, UNESP, Botucatu, 128 p., 2007; SPAGNUOLO, R. S.; GUERRINI, I. A. A construção de um modelo de saúde complexo e transdisciplinar. Interface: Comunicação, Saúde e Educação, Botucatu, vol. 9, p. 191-194, 2005; GUERRINI, I. A.; SPAGNUOLO, R. S. Chaos and Complexity for an Emergent Concept of Family Health: a Brazilian Experience. Emergence: Complexity and Organization, vol. 6, p. 84-89, 2004; N. 106 N. 107 N. 108 N. 109 N. 110 N. 111 N. 112 N. 113 N. 114 N. 115 N. 116 N. 117 N. 118 N. 118 N. 119 N. 120 N. 121 N. 122 N. 123 N. 124 N. 125 N. 126 N. 127 N. 128

Justificação e prescrição produzidas pelas Ciências Humanas: Igualdade e Liberdade nos discursos educacionais contemporâneos – Profa. Dra. Paula Corrêa Henning Da civilização do segredo à civilização da exibição: a família na vitrine – Profa. Dra. Maria Isabel Barros Bellini Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethos solidário, terno e democrático? – Prof. Dr. Telmo Adams Transumanismo e nanotecnologia molecular – Prof. Dr. Celso Candido de Azambuja Formação e trabalho em narrativas – Prof. Dr. Leandro R. Pinheiro Autonomia e submissão: o sentido histórico da administração – Yeda Crusius no Rio Grande do Sul – Prof. Dr. Mário Maestri A comunicação paulina e as práticas publicitárias: São Paulo e o contexto da publicidade e propaganda – Denis Gerson Simões Isto não é uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogo contra – Yentl Delanhesi SBT: jogo, televisão e imaginário de azar brasileiro – Sonia Montaño Educação cooperativa solidária: perspectivas e limites – Prof. MS Carlos Daniel Baioto Humanizar o humano – Roberto Carlos Fávero Quando o mito se torna verdade e a ciência, religião – Róber Freitas Bachinski Colonizando e descolonizando mentes – Marcelo Dascal Colonizando e descolonizando mentes – Marcelo Dascal A espiritualidade como fator de proteção na adolescência – Luciana F. Marques & Débora D. Dell’Aglio A dimensão coletiva da liderança – Patrícia Martins Fagundes Cabral & Nedio Seminotti Nanotecnologia: alguns aspectos éticos e teológicos – Eduardo R. Cruz Direito das minorias e Direito à diferenciação – José Rogério Lopes Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de marcos regulatórios – Wilson Engelmann Desejo e violência – Rosane de Abreu e Silva As nanotecnologias no ensino – Solange Binotto Fagan Câmara Cascudo: um historiador católico – Bruna Rafaela de Lima O que o câncer faz com as pessoas? Reflexos na literatura universal: Leo Tolstoi – Thomas Mann – Alexander Soljenítsin – Philip Roth – Karl-Josef Kuschel Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental à identidade genética – Ingo Wolfgang Sarlet & Selma Rodrigues Petterle


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