Quando se fala em 1968, parece que se trata de algo uno, um acontecimento coeso. No entanto, o mais correto seria aludir aos vários 1968, ocorridos em geografias e contextos tão distintos como a França, a Tchecoslováquia, os Estados Unidos, o México, o Brasil e outros países latino-americanos.
O ano de 1968 é múltiplo de sentidos, significados e alcances. Na base da efervescência, estão as rebeliões estudantis e de trabalhadores que inflamaram ruas e desafiaram diversas formas de poder. Chefes de Estado, ditadores, empresários, reitores, professores e as tradicionais estruturas familiares, sindicais e partidárias – todos foram questionados e tensionados.
Meio século depois, com a força que as efemérides transferem para a memória, é importante ampliar o entendimento que se faz de um ano tão mítico e incensado, a ponto de se cogitar que, para alguns, ele não terminou – ou, pelo menos, segue ecoando. Havia ideias revolucionárias que impactaram os anos 1970, principalmente no campo cultu