A semana dos povos indígenas, realizada entre os dias 15 e 19 de abril, foi um grande evento na UNISINOS. A nossa universidade, assim, mostrou a sua marca. A discussão acadêmica, feita em debates, conferências e palestras, com a presença dos Centros de Ciências Humanas, Ciências da Comunicação, Ciências Jurídicas e Ciências Econômicas, ressaltou a abrangência e a importância da temática dos povos indígenas. A belíssima e pungente apresentação do grupo Unamérica, com a participação especial de Martin Coplas, cantando um trecho da Missa da Terra Sem Males, foi um dos pontos altos, dentro da programação Sempre às Terças. O lançamento do documentário Uma Grande Experiência, realizado pela TV UNISINOS foi outro momento importante. Queremos agradecer vivamente a dedicação e, acima de tudo, a competência com que os funcionários e funcionárias do Instituto Humanitas Unisinos, especialmente a tenacidade e a criatividade da professora Rosa Maria Serra Bavaresco, coordenadora do Setor 3, Religiões, Teologia e Pastoral, organizaram esta semana, colaborando e contribuindo para o alto nível da programação realizada. Agradecemos também aos professores e professoras que participaram dos debates, das mesas-redondas; à coordenadora cultural Lúcia Passos, da PROCEX, pela acolhida no Sempre às Terças; ao jornalista Alexandre Kieling, diretor da TV UNISINOS, seus funcionários e os Centros de Ciências Humanas e Tecnológicas, envolvidos diretamente na produção do documentário. Igualmente agradecemos ao representante do Conselho dos Povos Indígenas do Estado, antropólogo Walmir da Silva Pereira, pela sua participação no evento. Podemos dizer, de forma convicta e grata, que a UNISINOS, com a realização desta semana, marcou presença significativa, não somente na Campanha da Fraternidade de 2002, que tem como tema Fraternidade e os Povos Indígenas, como também no comprimento de sua missão, no que se refere à formação integral, ao trazer para o debate acadêmico uma questão de relevante significado social. Inácio Neutzling Coordenador do IHU Vera Regina Schmitz Coordenadora Adjunta do IHU
No dia 25 de abril, acontece o Seminário Economia Solidária: solução ou ilusão, organizado pelo UNITRABALHO, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Departamento de Sociologia da UFRGS. O evento acontece no Hotel Embaixador, Rua Jerônimo Coelho, 354 Centro - Porto Alegre. No dia 26, os participantes se reunirão na UNISINOS em sessão de trabalho para encaminhar um livro sobre Economia Solidária, intitulado A outra economia.Na ocasião, a professora Vera Regina Schmitz, coordenadora adjunta do IHU e o professor José Odelso Schneider, coordenador do Setor 2, Economia Solidária, Trabalho e Cooperativismo estarão presentes apresentando o Instituto. IHU On-Line conversou sobre o evento com um dos seus organizadores, o professor Luiz Inácio Gaiger. IHU On-Line - Qual é o objetivo do evento e de que forma está sendo organizado? L. I. Gaiger - O objetivo é colocar em debate as principais questões que dizem respeito à economia solidária, através de mesas-redondas com um time de alto gabarito de autores e intelectuais engajados nesse campo como Paul Singer, Marcos Arruda, Euclides Mance, Heloísa Primavera, Armando Lisboa e outros. O seminário dirige-se aos quadros das organizações governamentais e não-governamentais que atuam no RS. IHU On-Line - Qual a relação do Seminário com o evento que reunirá o mesmo grupo, na UNISINOS no dia 26? L.I. Gaiger - No dia 26 os palestrantes estarão reunidos na UNISINOS para planejar coletivamente um livro sobre a Economia Solidária, concebido como uma obra de referência sobre o tema. A Obra será composta de verbetes (conceitos-chave, ao estilo de um dicionário ampliado), informações sobre as agências e políticas atuais, etc. Trata-se de uma promoção da UNITRABALHO, associada à UNISINOS (Instituto Humanitas, Núcleo Local da UNITRABALHO e Cátedra UNESCO Trabalho e Sociedade Solidária). Confira a programação completa do Seminário Economia solidária: solução ou ilusão: 9h - ABERTURA 9h15 - 10h45 1. O QUE REPRESENTA A ECONOMIA SOLIDÁRIA NO CAPITALISMO (Inserção subordinada, inserção autônoma, mas marginal - projeto contra-hegemônico?) Paul Singer (USP) Luiz Inácio Gaiger (UNISINOS) Coordenador: Eduardo Maldonado (Agência de Fomento - RS)
11h - 12h30 2. A ECONOMIA SOLIDÁRIA E A HEGEMONIA CAPITALISTA NO 3º SETOR (A economia solidária consegue contrapor-se às iniciativas neoconservadoras da "empresa social" e às do voluntariado assistencialista?) Marcos Arruda (PACS) Armando Lisboa (UFSC) Coordenadora: Lia Tiriba (UFF) 14h - 15h30 3. ECONOMIA SOLIDÁRIA: ALTERNATIVA GLOBAL OU MICROPROCESSOS LOCALIZADOS? (A economia solidária só é viável em atividades simples, direcionadas à população pobre?) Paulo de Jesus (UFPE) Heloísa Primavera (Universidade Buenos Aires) Coordenador: Cézar Alvarez (SMIC) 16h - 18h 4. O FUTURO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA (Quais as perspectivas para a produção de conhecimento, a elaboração teórica, as políticas públicas e a agenda política?) Noëlle Lechat (UNIJUI) Euclides Mance (IFIL) Paulo Albuquerque (UNISINOS) Coordenador: Sérgio Kapron (SEDAI)
De 26 a 28 de abril, acontece o segundo módulo do Ciclo de Estudos Religião e Pós-modernidade. O tema desse módulo é “A Morte de Deus e a esperança humana”, e o ministrante é o professor Dr. Castor Mari Martin Bartolomé Ruiz, do PPG de Filosofia e articulador do grupo temático Antropologia e ética do IHU. Inicia às 20h do dia 26 e encerra às 16h do dia 28.
No dia 25, às 15h, acontece no IHU, um encontro que reunirá diversas lideranças de diferentes denominações religiosas. O evento, organizado pelo Programa Grupo de Diálogo Inter-religioso e Ecumenismo (GDIREC) sob a coordenação do Pe. José Ivo Follmann e Adevanir Pinheiro, está resgatando o trabalho iniciado no ano passado. A reunião possibilitará aos participantes listar uma série de temas para posteriores debates. Está confirmada a presença da Igreja Católica, IECL, IELB, Anglicana, Assembléia de Deus, Religiões Afro, Igreja Adventista, Umbanda, Santo Daime, Mormons e Espírita Kardecista.
O IHU está recebendo sua mais nova funcionária Graziela Maria Wolfart. Ela já está trabalhando na recepção do Instituto. Ela tem 20 anos, é natural de Montenegro e cursa o terceiro semestre de Jornalismo na UNISINOS. Segundo ela, a responsabilidade é grande, mas vale a pena assumi-la com entusiasmo. "Estou muito contente de trabalhar aqui. Senti-me muito bem acolhida pelas pessoas que fazem parte deste Instituto e espero responder às necessidades do setor", disse.
No dia 17 de abril, Inácio Neutzling, coordenador do IHU, ministrou a palestra “Os impactos da globalização na América Latina”, para os/as jornalistas participantes do Seminário Internacional da Unión Católica Internacional de Prensa- UCIP. O tema central do Seminário foi “O impacto da globalização na comunicação da América Latina - Mercosul, crises e perspectivas”, acontecido na UNISINOS de 15 a 21 de abril. Após a exposição de Inácio Neutzling, o jornalista argentino Washington Uranga, docente e pesquisador na Faculdade de Jornalismo e Comunicação Social, em la Plata, e repórter do jornal Página 12, de Buenos Aires, abordou o tema “Globalização e Comunicação: impactos na Argentina”. De forma instigante e pertinente, o jornalista analisou os impactos da globalização na Argentina e no seu sistema dos meios de comunicação e o comportamento dos comunicadores sociais diante da crise Argentina. A íntegra do texto está disponível na Secretaria do Instituto.
! " No dia 15 de abril, a coordenação do IHU recebeu a visita do jornalista suíço Jacques Berset, redator-chefe da Agence de Presse Internationale Catholique – APIC. J. Berset concedeu uma entrevista ao IHU On-Line, deixando suas impressões sobre o encontro. IHU On-Line - Como o senhor avalia estes dias de reflexão sobre o impacto da globalização na comunicação da América Latina - Mercosul, crises e perspectivas? Jacques Berset - Eu estou muito contente com este encontro. Ele está me dando uma grande alegria e um novo impulso. Foi um momento de discussão e atualização de jornalistas católicos de quatro continentes. Ouvimos, nestes dias, do professor Inácio Neutzling, do Brasil e do jornalista
Washington Uranga, da Argentina, uma realidade muito dura que está acontecendo nestes países, como fruto do globalizado modelo neoliberal. A qualidade dos palestrantes foi muito boa, e o conteúdo de suas exposições muito forte e contundente, até eu diria, brutal. IHU On-Line - Neste evento, há jornalistas provenientes de países como Espanha, Itália, França, Alemanha, Suíça, Bélgica, Holanda, Polônia, África Central, Nigéria, EUA e Canadá. Como se dá este encontro de mundos tão diferentes? Jacques Berset - Eu e todos aqueles que viemos do norte, do chamado primeiro mundo, vivemos uma realidade completamente diferente da do Sul. Quando ouvimos fatos como os relatados nestes dias, nos sentimos sacudidos. Eu já me impressionara bastante em outras duas ocasiões nas quais estive na América Latina: no ano passado, estive no Brasil, no primeiro Fórum Social Mundial, e durante a década de 80, nos Países de Centro América. Estou convencido de que as vozes do Sul devem ser mais ouvidas. Porém, também devo dizer que, para alguns dos nossos colegas europeus, o impacto é muito forte. Alguns, inclusive, se incomodam com as realidades apresentadas e se perguntam se um "outro lado" não deveria ser ouvido. Eu acho que não podemos nos permitir mais desculpas para não nos posicionarmos pelos que sofrem. Devemos quebrar essa lógica da "objetividade" do "não posicionamento" e correr riscos de popularidade. Conseguir uma ética conseqüente com nossos princípios cristãos e não uma ética de oportunidade. Isso é uma questão de fé. A fé nos deve levar a agir dessa maneira. Não é uma questão política, no sentido de partidarismo, e sim política de construção da polis, da cidade. Este encontro se constituiu numa chamada à solidariedade. IHU On-Line - O senhor teve a oportunidade de conhecer diversos setores da UNISINOS, inclusive o IHU, qual a impressão que leva? Jacques Berset - Conheci uma UNISINOS que tem um discurso coerente com sua missão de Universidade jesuítica em meio a uma sociedade dual. Sua forma de estar na sociedade brasileira não é só acadêmica, é também de serviço. IHU On-Line - Quais as suas expectativas para os dias que ainda restam do encontro? Jacques Berset -Amanhã, iremos visitar as Missões e veremos mais de perto um outro mundo que foi possível. Um outro modelo. Não há um único modelo; há alternativas. Espero que seja uma ocasião para descobrirmos juntos que devemos buscar novos caminhos, alternativos para o brutal modelo atual.
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% # Por uma ética na economia e na política do Brasil
Nas edições 9 e 10 do IHU On-Line, foram apresentados os temas das Conferências, os conferencistas, as oficinas e os ministrantes do dia 25 de junho.
Nesta edição, nosso leitor ficará conhecendo as oficinas e os ministrantes do dia 26 de junho. Lembramos que as oficinas ocorrerão das 14h às 16h30min. Dia 26 de junho - Quarta-feira A água. Bem público comum. Ministrantes: professor Dr. Heraldo Campos e professor Dr. José Ivo Follmann A economia sócio-solidária e o cooperativismo: alternativas socioeconômicas para o Brasil. Ministrante: professor Dr. José Odelso Schneider e professor Dr. Luiz Inácio Germany Gaiger Os projetos socioeconômicos para o Brasil em discussão no ano eleitoral de 2002. Uma análise crítica a partir do princípio do bem comum. Ministrante: professor Dr. Inácio Neutzling. Luiz Inacio Germany Gaiger cursou licenciatura em História (UFGRS) e especialização em Sociologia do Desenvolvimento, pela Universite Catholique de Louvain - Bélgica. Fez mestrado em Sociologia da Religião e doutorado em Sociologia da Religião e dos Movimentos Sociais, ambos na Universite Catholique de Louvain - Bélgica e sob a orientação de François Houtart. Fez pós-doutorado na Universite Catholique de Louvain - Bélgica. É professor do Programa de Pósgraduação em Educação. Atualmente, trabalha na Reitoria, na Câmara de PósGraduação Pesquisa e Extensão do Conselho Universitário. É autor de livros e artigos. José Ivo Follmann é graduado em Sociologia (UFRGS), Filosofia (FASP) e Teologia (UNISINOS). Tem especialização em Teologia Pastoral, Cooperativismo e História Contemporânea (todos na UNISINOS); mestrado na PUC-SP, em Ciências Sociais; doutorado na Universite Catholique de Louvain - Bélgica, em Sociologia; É professor do PPGCSA, no qual ministra as disciplinas Dimensão Ideológica da Sociedade, Produções Sociológicas: A. Touraine e P. Bourdieu e Sociologia das Religiões Populares no Brasil. Desenvolve pesquisa na linha de Políticas e Práticas Sociais. Desde 1998, está na Direção do Centro de Ciências Humanas da UNISINOS. Ignácio Neutzling cursou bacharelado em Filosofia e Teologia. É mestre pela PUC-RJ, em Teologia e doutor pela Pontificia Universita Gregoriana (PUG-Itália), em Teologia. Foi assessor nacional da CNBB e da Pastoral Operária. Organizou e coordenou o Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, com sede em Curitiba. Atualmente, é professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas, nas linhas de pesquisa: Trabalho: transformação e alternativas e Políticas e Práticas Sociais. Atualmente, coordena o Instituto Humanitas Unisinos. Publicou inúmeros livros e artigos sobre a temática do trabalho e a questão da exclusão social. Heraldo Cavalheiro Navajas Sampaio Campos é graduado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP, em Geologia. Tem mestrado pela USP, em Geociências; doutorado pela USP, em Geociências; pós-doutorado pela Universidade Politécnica da Catalunha - UPC (Espanha). Atuou no Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo - DAEE/SP, na PETROBRAS, na Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista SUDELPA. Lecionou na UNESP e na Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá.
Desde 1994, trabalha na UNISINOS, na graduação e pós-graduação em Geologia. Tem vasta produção científica, tecnológica e artístico-cultural, merecendo destaque Mapa Hidrogeológico do Aqüífero Guarani, publicado na Acta Geologica Leopoldensia. José Odelso Schneider é graduado em Filosofia (CECREI), Sociologia Política (PUC-RJ) e Teologia (CECREI). É especialista em Metodologia do Ensino Superior (UNISINOS); Cursou mestrado no ILADES-Chile, em Doutrina Social da Igreja. Doutorou-se na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (PUGR-Itália), em Ciências Sociais. É professor na Graduação desde 1973. Atualmente, coordena o Curso de Especialização em Cooperativismo. É autor de livros e artigos.
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LA MÉTHODE. L'HUMANITÉ DE L'HUMANITÉ VOLUME 5 DO MÉTODO MORIN, Edgar. La Méthode. 5. L'humanité de l'humanité. L'Identité Humaine. Paris: Seuil, 2001. Em novembro de 2001, foi publicado o quinto volume da obra O Método, de Edgar Morin. Traduzimos e publicamos o prefácio do autor, páginas 10-12. A IDENTIDADE HUMANA "Que quimera é então o ser humano? Que novidade, que monstro, que caos, que sujeito de contradição, que prodígio! Juiz de todas as coisas; imbecil verme da terra; depositário do verdadeiro, cloaca da incerteza e do erro; glória e escória do universo. Quem desenreda essa embrulhada?" Pascal Permanecemos um mistério a nós mesmos, de acordo com a citação anterior de Pascal. Existe, contudo, um progresso prodigioso de conhecimento sobre nossa situação no universo, entre os dois infinitos (cosmologia, microfísica), sobre nossa matriz terrestre (ciências da terra), sobre nosso enraizamento na vida e na animalidade (biologia), sobre a origem e a formação da espécie humana (pré-história), sobre nosso enraizamento na biosfera (ecologia) e sobre nosso destino social e histórico. Podemos encontrar, na literatura, na poesia, na música (linguagem da alma humana), na pintura, na escultura, outras tantas mensagens semelhantes sobre nossos seres profundos.
Dessa maneira, todas as ciências e artes esclarecem o fato humano, cada uma segundo seu ponto de vista. Mas essas diferentes iluminações estão separadas por zonas de profundas sombras, e a unidade complexa da nossa identidade nos escapa. A necessária convergência entre as ciências e as humanidades, no intuito de recuperar a condição humana, não se realiza. O ser humano, ausente das ciências do mundo físico (já que ele próprio é uma máquina térmica), separado do mundo vivente (pois é também um animal), encontra-se dividido em fragmentos nas ciências humanas. De fato, o princípio de redução e separação que reinou nas ciências, inclusive nas humanas (tornando-as inumanas) impedem de pensar o humano. A era estruturalista fez desse obstáculo uma virtude e Levy-Strauss pode até enunciar que o objetivo das ciências humanas não é revelar o ser humano, mas dissolvê-lo. Assim, o paradigma do conhecimento inibe nossa possibilidade de entender a complexidade do humano. A contribuição inestimável das ciências não dá seus frutos: "Nenhuma época acumulou tal quantidade e diversidade de conhecimentos sobre o ser humano do que a nossa [...] nenhuma época chegou a tornar esse conhecimento tão pronta e facilmente acessível. Mas, ao mesmo tempo, nenhuma época soube tão pouco sobre o ser humano" (Heidegger). O ser humano permanece "esse desconhecido", hoje mais por causa de uma ciência mal enfocada (‘mal-science’ - em francês - a tradução é difícil. Por exemplo, em francês se denomina de ‘malbouffe’ uma comida ruim, pasteurizada, sem gosto) do que por ignorância. Aqui está o paradoxo: quanto mais conhecemos o ser humano, menos o compreendemos. Desintegrando o ser humano, eliminamos a admiração e a interrogação sobre a identidade humana. Precisamos reaprender a questioná-la; de saída, como disse Heidegger, questionar faz explodir a compartimentação das ciências em disciplinas separadas. Para chegar ao questionamento, é necessário, segundo Descartes, "não escolher uma ciência particular; todas estão unidas entre si e interdependentes. Trata-se somente de acrescentar a luz natural da razão". É preciso evitar "pensar redutivamente a humanidade do ser humano" (Heidegger), nem (este nexo me parece mal colocado, não seria e?) reduzir o humano à humanidade, pois, como dizia Romain Gary, "a palavra humanidade comporta inumanidade: a inumanidade é uma caraterística profundamente humana". Necessitamos de um pensamento capaz de juntar e organizar os componentes (biológicos, culturais, sociais, individuais) da complexidade humana e articulandoas com as contribuições científicas com a antropologia, no sentido do pensamento alemão do século XIX (reflexão filosófica centrada no ser humano). Além disso, é necessário retomar a concepção do "ser humano genérico" do jovem Marx que subjaz a toda sua obra, mas complexificando e aprofundado essa noção, já que nessa faltou a corporeidade, a psique, o nascimento, a morte, a juventude, a velhice, o feminino, o sexo, a agressão, o amor. Necessitamos, nesse sentido, de um enfoque existencial que abra espaço para a angústia, a fruição, a dor, o êxtase. Como veremos, o termo "humano" é rico, contraditório, ambivalente: de fato, é excessivamente complexo para as mentes formadas no culto às idéias claras e distintas. Meu projeto está concebido como integração reflexiva dos diversos saberes referentes ao ser humano. Não se trata de acrescentar mais conhecimentos, mas de os relacionar, integrar e interpretar. Não pretende limitar o conhecimento do humano às puras ciências. Leva também em consideração literatura, poesia e artes não somente como meios de expressão estética, mas como meios de conhecimento.
Quer integrar a reflexão filosófica sobre o humano, enriquecendo-a com as aquisições científicas, o que foi negligenciado por Heidegger. A própria integração mútua entre filosofia e ciência precisa ser repensada. O conhecimento do humano deve incluir uma parte introspectiva. Se é verdade o que disse Montaigne de que "cada indivíduo singular carrega em si a forma integral do condição humana", então cada um deve ser encorajado a buscar em si verdades de valor universal humano. Contudo, todas as verdades adquiridas a partir de fontes objetivas e subjetivas deve passar por um exame epistemológico que é o único que pode passar em revista os pressupostos dos diversos modos de conhecimento, inclusive o próprio, e considerar possibilidades e limites do conhecimento humano. O conhecimento do humano deve, ao mesmo tempo, ser mais científico, filosófico e poético do que é atualmente. Seu campo de observação e reflexão é um laboratório vastíssimo, o planeta terra, em sua totalidade, em seu passado, em seu devir e também em sua finitude, com seus documentos humanos que iniciam a seis milhões de anos (é passado? Então deveria ser: que iniciaram há seis milhões de anos). A terra constitui um laboratório único onde, no espaço e no tempo, manifestaram-se as constantes e as variações humanas, sejam elas individuais, culturais, sociais. Todas as variações são significativas e todas as constantes, fundamentais. Os casos extremos, como Budha, Jesus, Maomé, Hitler, Stalin permitem compreender melhor o ser humano. A escravidão, o campo de concentração, o genocídio e toda desumanidade são reveladoras da humanidade. O conhecimento que propomos é complexo: porque reconhece que o sujeito humano que investiga está incluído em seu objeto de estudo; porque capta inseparavelmente a unidade e a diversidade humanas; porque concebe conjuntamente todas as dimensões ou aspectos da realidade humana (físicos, biológicos, psicológicos, sociais, mitológicos, econômicos, sociológicos, históricos), atualmente vistos como separados e compartimentados; porque compreende o homo não apenas como sapiens, faber e economicus, mas também como demens, ludens e consumans; porque tenta captar conjuntamente verdades separadas, excluindo-se mutuamente; porque alia a dimensão científica (isto é, a verificação dos dados, o espírito de hipótese e a aceitação da refutabilidade) com as dimensões filosóficas da epistemologia e da reflexão; porque encontra sentido para palavras desfocadas e dispersas nas ciências, inclusive cognitivas, como alma, espírito, pensamento. "É possível conduzir a humanidade ao conhecimento de suas próprias realidades complexas. Só se pode enfrentar o desconhecido a partir dessa constatação." Essa frase de Rodrigo de Zayas resume nossa intenção. Hoje o problema humano não é apenas de conhecimento, mas de destino. Com efeito, com a era da disseminação nuclear e da degradação da biosfera, tornamo-nos um problema de vida ou morte para nós mesmos. Por isso, esse trabalho nos relaciona com o destino da humanidade.
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O ACIDENTE PELO ACIDENTE VIRILIO, Paul. “O Acidente pelo Acidente” publicado na revista Primeira Leitura Política - Economia - Pensamento, abr. 2002, p. 124-29. A revista mensal Primeira Leitura publica um artigo de Paul Virilio, que acaba de lançar o seu novo livro intitulado Ce qui arrive, no qual introduz sua tese sobre o ' acidente integral' , nova arma fatal e global, e alerta para o surgimento de um progresso suicida. No artigo, P. Virilio, escreve que "num período da história em que o PRESENTE (o live) supera o PASSADO e o FUTURO, o acontecimento não é mais inocente; é culpado. Culpado de ' desviacionismo' , de revisionismo, em face do pensamento monocéfalo da era da modelização global". A revista Primeira Leitura pode ser adquirida nas bancas de revistas do Campus da UNISINOS.
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JOSÉ W. BAUTISTA VIDAL SOL: A ENERGIA DO FUTURO A entrevista da semana: José W. Bautista Vidal, físico, engenheiro, professor e escritor, com pós-graduação em Física Nuclear na Universidade de Standford, exdiretor do Instituto de Física da Universidade de Brasília - UnB -, autor de inúmeros livros, entre os quais, destacamos o livro Poder Tropical, concede uma longa entrevista à Revista de Cultura Vozes, nº 1, janeiro-fevereiro 2002, p. 23-31, sob o título Crise energética e busca de alternativas. A entrevista faz parte do dossiê publicado pela revista sobre a energia solar e é precedida de dois artigos: Sol: a energia do futuro, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, pesquisador-titular do Museu de Astronomia e Ciências Afins e Notas sobre uso da energia solar, de Leandro Orofino Enck, que cursa o 3º semestre de Informática na Universidade de Fortaleza e administra o sítio da União dos Estudantes de Energia Solar - UEES http://www.uees.cjb.net
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!# IHU na Suíça
No dia 15 de abril, Inácio Neutzling, coordenador do IHU concedeu uma entrevista ao jornalista Jacques Berset, redator-chefe da Katholische Internationale Pressagentur – KIPA, com sede em Freiburg, Suíça.
Grupos Temáticos
No dia 15 de abril, a coordenação do IHU se reuniu com o professor José Ivo Follmann, diretor do Centro de Ciências Humanas, para, entre outros assuntos, esclarecer o papel dos grupos temáticos do IHU. Foi reafirmado e explicitado o que consta no ' livrinho verde' : Instituto Humanitas Unisinos. Gênese e Missão, p. 8.
Religiões
Com a presença de Adevanir Pinheiro, a coordenação do IHU, juntamente com o professor José Ivo Follmann, articulador do grupo temático Religiões, do Setor 3, Religiões, Teologia e Pastoral, conversou sobre as possibilidades e potencialidades desse setor na dinamização do projeto do IHU.
Água
No mesmo dia, foi debatida, com o professor José Ivo Follmann, a oportunidade e a pertinência da realização de um Simpósio Internacional sobre a Água, em 2003.
Ética e Antropologia
No dia 17 de abril, Castor Mari Martin Bartolomé Ruiz, professor do PPG de Filosofia, foi convidado pela coordenação do IHU para ser o articulador do grupo temático Ética e Antropologia do Setor 1, Ética, Cultura e Cidadania.
Bioética e Teologia
No dia 18 de abril, a coordenação do IHU esteve reunida com o professor Dr. José Roque Junges. Ele foi convidado para ser o articulador do grupo temático Bioética e co-articulador do grupo temático Teologia.
Assessoria
De 19 a 21 de abril, Inácio Neutzling, coordenador do IHU, assessorou o encontro de 202 jovens religiosos/as, que teve como tema a “Análise sócio-político-econômica do Brasil em tempos de eleição presidencial. Os projetos sócioeconômicos brasileiros em discussão”. O encontro realizou-se no Centro de Espiritualidade Cristo Rei - CECREI e foi promovido pela CRB-RS.
Formação de professores
No dia 19 de abril, a coordenação do IHU esteve reunida com o professor José Ivo Follmann, e a professora Berenice.Corsetti, respectivamente diretor e vice-diretora do Centro de Ciências Humanas, com a professora Lia Bergamo Becker e com o professor Marcelo Fernandes de Aquino
para avaliar a caminhada do Setor 1, Ética, Cultura e Cidadania, especialmente no que se refere à possível contribuição do IHU na formação dos professores/as do Humanismo Social Cristão.
ADUNISINOS
No dia 19 de abril, a coordenação do IHU reuniu-se com os professores Sérgio Trombetta e Dárnis Corbellini, respectivamente presidente e primeiro tesoureiro da Associação de Docentes da UNISINOS - ADUNISINOS com a finalidade de convidar a nova direção para participar do Seminário Nacional Bem Comum e Solidariedade e refletir sobre a possibilidade de se promover uma discussão mais aprofundada sobre a ALCA. Essa discussão se faria em consonância com o movimento nacional liderado, entre outras organizações, pela CNBB, por meio do seu Setor Pastoral Social, que está promovendo o plebiscito para os dias 1 a 7 de setembro de 2002.
América Latina
No dia 19 de abril, a coordenação do IHU convidou o professor Udo Ingo Kunert para ser o articulador do subgrupo temático América Latina, do Setor 1, Ética, Cultura e Cidadania. Discutiu-se, também, a possibilidade da constituição de um grupo de trabalho para pensar a nossa participação na discussão nacional e continental da ALCA.
ALCA
Estão disponíveis na secretaria do IHU dois textos. 1.- Para entender a ALCA. São Paulo: Loyola, 2002. 2.- Vendiendo el Futuro. Documento preparado pela Comissão de Assuntos Sociais da Conferência Episcopal Canadense. O documento analisa especialmente o capítulo 11 do NAFTA e as suas conseqüências, se adotado, como previsto, no tratado de livre comércio da América.
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O professor Dárnis Corbellini é coordenador adjunto do curso de Ciências Sociais e coordenador do grupo temático Trabalho do Setor 2 Economia Solidária, Trabalho e Cooperativismo, no IHU. Ele coordena também o núcleo local da UNITRABALHO. Casado com Nilza, há 29 anos, o casal tem três filhas: Tatiana (28), psicóloga; Gabriela (23), estudante de arquitetura e Fernanda (19), estudante de Educação Física.
Origem: Filho de pais gaúchos, de Garibaldi, nasci em Caçador, SC, mas morei em Lages, durante minha infância e adolescência. Meus pais trabalhavam com madeira tirada dos pinheiros. Desde criança, guardei um forte sentido ecológico, cultivado de tanto escutar meu pai repetir: "Para cada árvore derrubada, duas plantadas". São Leopoldo: Para compreender minha chegada a São Leopoldo, tenho de partir da minha entrada na Congregação dos Redentoristas. Primeiro fui a São Paulo para estudar Filosofia e depois vim para cá cursar Teologia, no Colégio Cristo Rei. Ao mesmo tempo, comecei a fazer Ciências Sociais na UNISINOS. Ciências Sociais: Em 74, concluí a graduação em Ciências Sociais e, em 83, o mestrado nessa mesma área. Em 76, comecei a lecionar na UNISINOS. Em 87, no Centro de Ciências Humanas, se fez a primeira experiência de os coordenadores de cursos serem eleitos por alunos e professores, e eu, com mais dois colegas, fui eleito coordenador do Curso de Ciências Sociais. Desde lá, até hoje, continuo vinculado à coordenação do Curso. Trabalho: Em 98, a professora Maria Clara Bueno Fisher e eu criamos o núcleo de Unitrabalho na UNISINOS. Mas, o meu interesse pelo mundo do trabalho remonta-se à época em que participei da Coordenação do Centro Ecumênico de Evangelização, Capacitação e Assessoria (CECA). Ali eu fazia assessoria sobre análises de conjuntura para os trabalhadores. Esse foi o primeiro contato que me levou para o grande mundo do trabalho. Além disso, com meus alunos nas disciplinas de pesquisa, fui me aproximando de sindicatos e cooperativas de trabalhadores. Autor: Paulo Freire, na área da educação; Ricardo Antunes e Ulrich Beck, em relação à sociedade do trabalho. Livro: Pedagogia do Oprimido, de Paulo Freire. Momentos livres: Caminho três vezes por semana, faço yoga, duas vezes por semana e tomo chimarrão com a família, sempre que posso. IHU: Organização de grupos e projetos, onde os professores, os alunos e a comunidade em geral, se encontram. UNISINOS: Toda uma vida de trabalho. Brasil: Esperança de que possamos ter maior qualidade de trabalho e de vida. Dias felizes: A convivência com a família, principalmente nas férias. Um presente: Livros. Um sonho: Conviver com algum movimento social, morar num assentamento do MST.
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Aniversários 26 - Derli Schmidt 30 - Rosemari Gartner Tschiedel 30 - Sinara Santos Robin
derli@bage.unisinos.br rose@bage.unisinos.br sinara@bage.unisinos.br
Ramal 1179 Ramal 1150 Ramal 1103
Cartas do Leitor
Primeiro quero dizer que li atentamente a proposta do INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS. Realmente, vejo nela uma grande proposta. Os setores e seus grupos temáticos são de uma abrangência e importância incrível. Vocês estão de parabéns. E nós (eu), que levamos o sobrenome UNISINOS, além de usufruir dos benefícios, temos o compromisso de fazer acontecer, dia após dia, o IHU. Pretendo dar minha contribuição e aprender muito com os estudos, debates e outras atividades propostas. Teremos oportunidade de trocar idéias ao longo dos dias. Registro meu agradecimento pela oportunidade de apresentar minha tese por ocasião da abertura oficial deste novo momento do INSTITUTO HUMANITAS UNISINOS. Um grande abraço e renovados votos de parabéns e bem merecido sucesso. Lucilda Selli Profª. do Centro de Ciências da Saúde
Envie sua opinião, pergunta ou sugestão. Ocupe seu espaço no IHU On-Line, escrevendo a ihuinfo@poa.unisinos.br