Fenomenologia do espírito, de Georg Wilhelm Friedrich Hegel 1807- 2007 Editorial Em 1807, Georg Wilhelm Friedrich Hegel publicava a
Walter Jaeschke, diretor do Hegel-Archiv, na Ruhr-
Fenomenologia do espírito. Como lembra,
Universität Bochum, Alemanha, pois ela tem um “caráter
pertinentemente, o Prof. Dr. José Henrique Santos, ex-
completamente diferente das antigas obras filosóficas”.
reitor da UFMG, “a palavra ‘fenomenologia’ quer dizer
Segundo ele, “a filosofia de Hegel é um dos últimos
‘ciência do fenômeno’, ou ciência de tudo o que se
modelos de pensamento abrangente da grande tradição
manifesta na consciência e serve para indicar o saber que
filosófica”. A Fenomenologia do espírito é mais atual e
o espírito adquire de si mesmo ao longo de uma série de
mais promissora do que nunca em termos de futuro,
experiências nas quais a consciência estuda sua própria
avalia Pierre-Jean Labarrière, do Centro Sèvres de
formação”. E ele continua: “Ela se educa continuamente,
Paris, pois permite “obter um esclarecimento das
e um dos méritos da Fenomenologia do espírito consiste
relações verdadeiras que unem o sujeito e o objeto (só
em fazer com que essas experiências exemplares
para evocar esta problemática mais geral e
apareçam para nós, leitores, de maneira lógica e
profundamente essencial)”.
ordenada, para que possamos ver se nós também nos
Eduardo Luft, professor de filosofia da PUC-RS,
reconhecemos nelas”. Segundo o autor de O trabalho do
refletindo sobre a atualidade da obra de Hegel, evoca a
negativo: ensaios sobre a Fenomenologia do espírito,
“crise ecológica, o conflito extremo entre homem e
recém-lançado pelas Edições Loyola, “a Fenomenologia
natureza, que vivenciamos”.
de Hegel não podia ser mais oportuna do ponto de vista
Segundo ele, “é uma situação análoga, mas muito mais
histórico: nela a história do Ocidente foi pensada até o
dura, ao conflito entre subjetividades que está na gênese
ponto máximo da ruptura com o mundo antigo e o
da dialética do senhor e do escravo, tão bem tratada na
nascimento da modernidade na qual nos encontramos”. A
Fenomenologia hegeliana”. E o professor continua:
obra é única, constata, por sua vez, o filósofo alemão
“Mas não se trata agora apenas ou propriamente de
SÃO LEOPOLDO, 30 DE ABRIL DE 2007 | EDIÇÃO 217
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