Antônio Vieira Imperador da língua portuguesa
Editorial Em 1697, morria Antônio Vieira, o “Imperador da língua
da UERJ, narra o encontro com quem esteve durante
portuguesa”, na descrição de Fernando Pessoa. Jesuíta,
anos, nos seus estudos de doutoramento. “Roupeta negra
considerado o maior orador sacro da língua portuguesa,
desgastada e de face e olhos afeiçoados pela
ele é o tema de capa desta semana da IHU On-Line.
eternidade”, Antônio Vieira é aquele que vê a
Deonísio da Silva, escritor, assume o papel de repórter
necessidade de “empreender a busca por um novo
e entrevista o Paiaçu, o Grande Padre, como
hemisfério do tempo”. Segundo Vieira, “este haverá de
denominavam os índios a Antônio Vieira, sobre o Sermão
equivaler à obra de Deus, em gratuidade e amor, fazendo
do Bom Ladrão. E Vieira brada:
pasmar aos homens a descoberta deste mundo, ainda
“Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e
incógnito e ignorado”. Forte crítico da tradição ibérica e da Igreja Católica
ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e
nos anos 1920, em especial daqueles que no seu interior
começou a bradar: - Lá vão os ladrões grandes a enforcar
vestiam as “roupetas de Loyola”, Oswald de Andrade, nos
os pequenos.
anos 40, e em especial nos anos 50, reavaliou,
- Ditosa Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas
positivamente, o papel da tradição contra-reformista
as outras nações, se nelas não padecera a justiça as
ibérica na formação cultural brasileira. Tendo-lhe sido
mesmas afrontas!”.
oferecida uma oportunidade de uma breve conversa com
Marcus Alexandre Motta, professor no Departamento de Língua Portuguesa, Literatura Portuguesa e Filologia SÃO LEOPOLDO, 19 DE NOVEMBRO DE 2007 | EDIÇÃO 244
um dos maiores expoentes desta tradição contrareformista no século XVII, o padre Antônio Vieira, ele
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