A LC A : PLEBISCITO E ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS De 12 a 22 está acontecendo, na UNISINOS, o Ciclo de Estudos sobre a Área de Livre Comércio das Américas. Este espaço organizado pelo IHU em parceria com o DCE e o SINPRO – São Leopoldo, pretende sensibilizar a Comunidade Universitária a respeito do assunto, com a finalidade de dar elementos para votar no próximo plebiscito, que acontecerá em todo o País, de 1 a 7 de setembro. Esta série de estudos encerrará com um grande evento no dia 22 (Quinta-feira) das 19h45min às 22h, no Anfiteatro Pe. Werner. O assunto, neste dia, será O plebiscito, eleições presidenciais e a ALCA. Serão palestrantes, Milton Viário, coordenador regional do Movimento contra a ALCA, membro da Coordenação Nacional do Plebiscito e presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Estado do Rio Grande do Sul e o Prof. Dr. Inácio Neutzling, coordenador do Instituto Humanitas Unisinos e Prof. No PPG de Ciências Sociais Aplicadas da UNISINOS.
Para ampliar a discussão sobre o assunto ALCA sob diversos ângulos, IHU On-Line entrevistou a coordenadora do Curso de Ciências Sociais Ana Mercedes Sarría Icaza, o Diretor do Centro de Ciências Econômicas, Prof. Tiago Alves e o coordenador Adjunto do Curso de Ciências Econômicas Prof. Dr. André Moreira Cunha.
“EM BENEFÍCIO DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS” Entrevista com Ana Mercedes Icaza, coordenador do Curso de Ciências Sociais. A Profª Ana Mercedes é Mestre pela Universidade de Lovaina, Bélgica. Ela é nicaragüense. Para conhecer mais da sua vida cf. IHU On-Line, no. 30. IHU On-Line- Qual é a tua visão geral sobre a ALCA? Ana Mercedes Icaza- Acho uma proposta mais para os países desenvolvidos e que não tem muito a oferecer para a América Latina. Pode ser que este assunto, de alguma maneira, levante o tema da integração. Uma integração seria muito necessária para a América Latina, especialmente para o Brasil que, de certa forma, está isolado do resto da América. Mas a ALCA desconsidera o tema da integração entre os países. É mais a relação de cada País com os EUA. A proposta é simplesmente livre comércio, e não uma real integração americana social, cultural e econômica, que seria o que estamos precisando. IHU On-Line- Em que sentido vês esse isolamento brasileiro no contexto de América? Ana Mercedes Icaza- O Brasil ficou isolado, não só por ser o único país latino-americano que fala outra língua, mas também por uma questão de modelo de desenvolvimento. Eu lecionei a disciplina Realidade latinoamericana e me impressionei com o desconhecimento dos alunos em relação aos outros países da América. IHU On-Line- Se pudesses dar uma previsão, quais seriam as primeiras conseqüências após a criação da ALCA? Ana Mercedes Icaza- Eu diria que vai converter a América em um grande mercado e alimentar nos latinos a fantasia de ter acesso aos produtos de América do Norte. Acho que vai aprofundar os problemas de exclusão. Os próprios prazos, o pouco tempo que se tem até 2005, mostram que os processos são mais comerciais, e não de um modelo que deve ser discutido e gradativamente adaptado às características e necessidades de cada lugar. IHU On-Line- Algo a fazer para minorar esses efeitos antes de que aconteçam? Ana Mercedes- A discussão-ALCA deve descer das elites e cúpulas até os atores sociais. O grande desafio é trazer informações à população. As vezes, os movimentos sociais se centram em seu próprio umbigo e generalizam o posicionamento contra sem reparar que, no dia-a-dia, se está longe de compreender de que estamos falando. É importante integrar os atores econômicos envolvidos: agricultores, pequenos empresários, etc. As informações de forma concreta e compreensíveis devem chegar a toda a população.
IHU On-Line- Como coordenadora do Curso de Ciências Sociais na Unisinos, como achas que as Instituições de Ensino devem se posicionar? Ana Mercedes Icaza- O papel da Universidade é discutir o tema ALCA e fazer passar essa discussão pelas diversas áreas de conhecimento, tecnologia, meio ambiente, economia, etc., como aconteceu na semana passada. Se a América Latina é prioridade para a UNISINOS, a Universidade deve levar esta discussão muito a sério. Acho que as universidades das Américas devem estar mais integradas nesta discussão. Não pode haver uma formação à margem disso. IHU On-Line- Acreditas que a própria universidade pode ser modificada, se a ALCA acontecer? Ana Mercedes Icaza- Hoje a Organização Mundial do Comércio (OMC) insiste na sua visão da Universidade como mercadoria. E eu me pergunto: "Quando a ALCA acontecer, que modelo de universidade vai prevalecer? A comercialização do ensino?" A universidade tem um papel importante na formação de profissionais que criem um espaço social. Uma universidadecomércio seria uma empresa e perderia a sensibilidade para pensar o bem comum.
“FALTAM POLÍTICAS DE DESCONCENTRAÇÃO DE RENDA”
Entrevista com Tiago Wickstrom Alves, Diretor do Centro de Ciências Econômicas Tiago Wickstrom Alves é graduado em Ciências Econômicas pela UFSM, mestre em Economia Rural, pela UFRGS e doutor em Economia pela UFRGS, com tese intitulada Fatores regionais do crescimento agrícola no Rio Grande do Sul (1970-1996). Atualmente, Tiago é diretor do Centro de Ciências Econômicas na UNISINOS. IHU On-Line- Qual a sua opinião geral sobre a ALCA? Tiago Alves- Apesar de não ser especialista no assunto, eu vejo a ALCA sob dois aspectos. Em tese, me parece interessante. Ou seja, se ela fosse implementada sem barreiras protecionistas, para o Brasil seria bom como foi para o México o Nafta. Mas, de fato, acho que vai dar problemas. O presidente Bush e seu protecionismo com a política agrícola americana, que coloca subsídios pesados à agricultura, que é nossa base de exportação, vai ser um problema. Acredito que, na prática, vai acontecer isso: abrir o comércio para produtos industriais, com os quais não temos força de competição e fechar as portas para os produtos agrícolas, que são nosso forte. IHU On-Line- O Sr. fez uma referência ao Nafta como positivo para o México. Alguns indicadores mostram um panorama não tão próspero. Os números mostram que, após o acordo, o PIB subiu de 420,8 milhões de dólares para 574,5 bilhões de dólares, e a população que vive abaixo da linha de pobreza, subiu de 49% para 75%. Como o Sr. analisa essas cifras?
Tiago Alves- Mas não foi o Nafta que fez isso. O Nafta fez crescer o PIB. O problema está na aplicação do processo tecnológico. Vou te dar um exemplo: minha esposa é bioquímica. Antes um bioquímico fazia 100 exames por hora. Hoje, a máquina faz mil. A concentração de renda é muito forte e não existem políticas de desconcentração de renda, nem de desenvolvimento urbano ou regional da economia. Aí entram sérios processos de endividamentos. As políticas monetárias são o grande problema, elas são favoráveis à concentração de renda. No México, o Nafta elevou a renda em certos setores, subiu a renda, mas não foi um ganho para a Comunidade. IHU On-Line- Acha que a ALCA está sendo devidamente discutida na sociedade brasileira? Tiago Alves- Em se tratando do assunto, há algumas posições tomadas sob a ótica política da esquerda tradicional, e isso não deixa transparecer bem o problema. A globalização financeira é o problema mais sério de tudo isso, e não a ALCA. Se fosse a globalização comercial, tudo bem, mas não é o que está acontecendo. É a globalização financeira. E a esta altura, acho muito difícil abrir o comércio e fechar a globalização financeira. IHU On-Line- O Sr. acha que a Área de Livre Comércio das Américas traz conseqüências políticas na hegemonia do Norte sobre o Sul? Tiago Alves- Eu não acredito muito que a ALCA mude a situação que nós estamos vivendo atualmente, ou que ALCA dê maior hegemonia aos EUA daquela que atualmente têm. Hoje, se os EUA quiserem invadir o Iraque, contra todo o mundo, eles invadem. Se os EUA dizem que o FMI não deve emprestar dinheiro para a Argentina, ele não o faz. Bastou Bush dizer que acredita no Brasil e veio dinheiro para cá. É uma pena que não possamos entrar na ALCA como Mercosul; com um bloco integrado seria mais interessante. O governo Bush é muito fechado e, além disso, está passando por uma crise de moralidade.
“EXISTE UMA DISPUTA PARA ACESSAR OS MERCADOS DA AMÉRICA LATINA” Entrevista com André M. Cunha, Coordenador do Curso de Ciências Econômicas.
O Prof. Dr. André Moreira Cunha foi palestrante do Ciclo de Estudos sobre ALCA onde falou sobre o tema ALCA e os processos de integração e comércio. Tem graduação (UFRGS), mestrado (Unicamp) e doutorado (Unicamp) em Economia. Na dissertação de mestrado estudou as estratégias das multinacionais na economia brasileira e na tese de doutorado deteve-se no estudo da crise asiática, perguntando por que economias que mais cresceram nos últimos 30 anos entraram em crise? Atualmente, André é professor e Coordenador Adjunto do Curso de Ciências Econômicas da Unisinos.
IHU On-Line — A ALCA vem sendo apresentada como um plano estratégico dos EUA para expandir seus interesses e projeto econômico. Como vês essa afirmação? André M. Cunha — Começo apresentando duas idéias. A primeira: muitos autores sugerem que existe no capitalismo uma tendência à internacionalização. Haveria uma perspectiva civilizatória com a incorporação dos países periféricos. A segunda: olhando do ponto de vista comercial, os EUA têm crescentes déficits comerciais, especialmente com Europa, Japão, Ásia. Em relação à América Latina, as exportações americanas têm crescido fortemente. Nosso mercado pode ser uma fonte para o ajuste das contas externas dos EUA.. Hoje, a AL representa 1/5 das exportações dos EUA. Mesmo com um baixo crescimento da renda, já somos o segundo mercado regional dos EUA.. O destaque individual é o México. Para o Brasil, nas últimas duas década, as exportações americanas cresceram 7,1% ao ano. Por outro lado, nossas exportações para os EUA cresceram menos: 5,6% ao ano. Com isso, podemos dizer que os EUA têm interesse em aumentar sua presença comercial. O governo americano é sensível aos interesses de suas empresas. Há uma disputa para acessar os mercados da AL. Neste sentido, a ALCA não introduz algo fundamentalmente novo. IHU On-Line — Não crês que existe uma assimetria entre as partes negociadoras e que há, por parte da AL, uma fragilidade econômica e política de muitos Estados? André M. Cunha — As teorias econômicas sugerem a existência de ganhos no comércio, em termos de eficiência na produção, e bem-estar dos consumidores. Mas precisamos analisar um conjunto mais complexo de questões, porque só a integração comercial não resolve todos os problemas. Os países mais bem equipados em termos produtivos e institucionais tendem a se beneficiar mais da integração. Os custos e benefícios da ALCA para o Brasil devem ser cuidadosamente pesados. Há alguns estudos neste sentido.. Precisamos discutir qual nossa estratégia de internacionalização, para não cairmos em duas armadilhas: a ilusão liberal, de que os mercados tudo resolvem ou o "isolacionismo retrógrado". O ponto centro é como fazer da integração uma fonte efetiva de desenvolvimento. IHU On-Line — Como vês a participação da sociedade civil nas discussões sobre a ALCA? André M. Cunha — Ainda incipiente. É importante ampliar o debate, para além dos muros oficiais. Os diversos segmentos da sociedade devem se apropriar melhor dos conhecimentos necessários para perceber os custos e benefícios potenciais da ALCA Temos empresários brasileiros e americanos a favor e contra. Existem interesses mais diversos em jogo e as forças vivas da sociedade deveriam estar mais implicadas. IHU On-Line — Qual pode ser a contribuição do Centro 5, para essa discussão na Universidade e na sociedade?
André M. Cunha — Os egressos do Centro 5 vivem o mundo da gestão. Predomina a visão do chão da fábrica, da pressão da concorrência, das oportunidades e ameaças que os mercados trazem. É preciso valorizar esta experiência humana. Porém, ela é insuficiente para abarcar a complexidade das questões econômicas, sociais, culturais e políticas que envolvem a internacionalização.
A ALCA VEM AÍ... JÁ ESTAVA ESCRITO?
Recebemos e agradecemos o artigo do Prof. Dr. Heraldo Campos/ PPG de Geologia da UNISINOS que publicamos a seguir. “Para os mais de 300 milhões de pobres e miseráveis latinoamericanos, a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) significa o reforço da mesma política de empobrecimento, que já dura há séculos, pois, como afirmou o embaixador brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães1, “... mais do que uma relação comercial favorável, a ALCA significa a consolidação da estratégia norte-americana de enquadrar, definitivamente, a região latino-americana em sua área de influência, incorporando-a de forma subordinada.” Dez anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (mais conhecida como Eco 92) realizada no Rio de Janeiro, representantes dos cinco continentes vão se reunir na chamada Cúpula Rio+10, na África do Sul, entre 26 de agosto e 4 de Setembro de 2002. Nesse momento de desafios às instituições governamentais, no que se refere ao saneamento básico, um dos programas de ação da Agenda 21 para melhorar a saúde do planeta, não temos nada a comemorar. A situação piorou e até mesmo o que foi anteriormente acordado vem sendo questionado pelos Estados Unidos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 5 milhões de seres humanos morrem todo ano pela falta de água potável para beber ou por causa de alguma doença provocada pela veiculação hídrica. Hoje mais de 3 bilhões de pessoas em países subdesenvolvidos não têm saneamento básico, num processo intimamente ligado à questão da pobreza e da miséria, frutos de uma injusta distribuição de renda que a ALCA só viria a agravar. Hoje, a água é chamada de ouro azul, por sua vital importância. É um direito da população o acesso a ela, por se tratar de um bem público. Mas, pela receita neoliberal da privatização dos serviços essenciais, que nos impuseram, não imaginamos quais serão os efeitos da entrega das companhias de água brasileiras para o gerenciamento das multinacionais.
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Trecho das opiniões em debate promovido pelo Comitê Rio do Fórum Social Mundial, na ABI, denominado “ALCA: livre comércio ou dominação”, publicadas na Revista CREA-RJ, nº34, Maio/Junho de 2001
Conforme recente artigo do sociólogo alemão Robert Kurz2, “A política de privatização não dá trégua nem sequer às necessidades humanas mais elementares. Na Alemanha, as toaletes de estações de trem passaram a ser recentemente controladas por uma empresa transnacional de nome “McClean”, que cobra a utilização de um mictório como uma hora de estacionamento no centro da cidade. Portanto agora já se diz: 'Porque és pobre, tens de mijar nas calças ou te aliviar ilegalmente!'. O que ainda nos espera mostra a privatização do abastecimento de água na cidade boliviana de Cochabamba, que, por determinação do Banco Mundial, foi vendida a uma “empresa de água” norte-americana. Em poucas semanas, os preços foram elevados a tal ponto que muitas famílias tiveram de pagar até um terço de sua renda pela água diária. Juntar água da chuva para beber foi declarado ilegal, e ao protesto respondeu-se com o envio de tropas. Logo também o sol não brilhará de graça”.
RUBENS RICUPERO ANALISA O BRASIL NA
AL CA
Por Claudio Cerri, da campanha Lula Presidente O embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente e exembaixador em Washington, vê o mundo de um posto privilegiado e com um olhar ecumênico. Secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). R. Ricupero acaba de publicar o livro Esperança e Ação, São Paulo: Paz e Terra, 2002, com prefácio de Celso Furtado. Rubens Ricupero está sendo alcunhado como o ‘Stiglitz brasileiro” em referência a Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia 2001 e um crítico mordaz do FMI. Para isto confira o seu último livro e entrevistas publicadas nas edições do IHU On-Line nº 13, 19 e 30. Transcrevemos a entrevista que concedeu ao sítio do Partido dos Trabalhadores (http://www.pt.org.br), e que teve importante repercussão nos principais jornais do centro do País. Todos dizem que o desafio do Brasil é investir, crescer e exportar. Como fazer isso com o estrangulamento externo, monitorado agora pelo FMI (Fundo Monetário Internacional)? Olha, no momento, nós estamos numa situação de desastre. Assim como Lula fez a comparação figurativa com o dentista, que é adequada, eu faria também com um 2
Cf. Robert KURZ, “Modernidade Autodevoradora” Folha de São Paulo em 14 de Junho de 2002, p.11-12.
incêndio. Se um incêndio ameaça destruir sua casa, você é obrigado a chamar o bombeiro, ainda que isso vá lhe custar estragos adicionais, com água por todos os lados... Mas isso se vê depois. Agora os homens têm que subir e apagar o fogo. Quer dizer, a economia está cariada e incendiada? É isso. E eu acho que um governo com prioridades sérias terá que negociar com perseverança para convencer o Fundo de que a economia precisa crescer, porque se ela não crescer... Não há como pagar... Não há. E não sou eu que digo. Uma publicação acima de qualquer suspeita em matéria de defesa do capitalismo, que é o boletim do banco americano JP Morgan, fez um relatório especial sobre o assunto, datado de 5 de junho. O estudo comenta a volatilidade da economia brasileira, que alguns atribuem às eleições. Não é bem assim, diz o JP Morgan. O problema da economia brasileira é que ela não cresce. O endividamento cresceu; entrou muito recurso, mas sem resultado. Isso eles dizendo, um banco. Quer dizer, o país se endividou sem aumentar a capacidade de pagamento. No fim, o relatório do Morgan resume o impasse da seguinte maneira: ou a economia cresce e aumenta as exportações ou não tem como pagar a dívida. Note bem, não é ninguém de esquerda, é um banco que está falando isso, do ponto de vista do acionista. O raciocínio é transparente: você só paga uma dívida se crescer em ritmo mais acelerado que o do serviço que ela exige. Não há mágica. Mas há uma arapuca: precisamos crescer para saldar o débito, mas o débito nos impede de crescer... É uma lógica autodestrutiva. Os critérios de Wall Street são autodestrutivos. Impõem tais exigências a curto prazo que, no fim, inviabilizam o próprio resultado que perseguem. Vejam que eles fizeram isso com o próprio governo brasileiro. Queriam a vitória do candidato governista, mas inviabilizaram esse governo. São autodestrutivos. Diante desse círculo de ferro, Lula defende um novo pacto social que subordine o econômico ao político - o inverso do que ocorre hoje. O senhor concorda? De fato, o mundo esqueceu que a economia é economia política. Ou será economia política ou não será nada. A economia só terá condições de sustentabilidade se tiver condições políticas e sociais. Então essa idéia do pacto, da mobilização e de um grande acordo, que daria as condições sociais e políticas para o país voltar a crescer, me parece correta. E eu sou de opinião que um governo que seja capaz de fazer essa negociação e que provar que vai fazer uma política de melhor distribuição da renda - crítica que nos fazem muito lá fora -; um governo que provar que vai incentivar uma indústria de produção de bens de massa, esse governo terá autoridade moral. Aqui e lá fora. Se houver algo assim, o Brasil vai ganhar maior peso no cenário internacional. Mesmo com o ultraconservadorismo da Casa Branca? Hoje, mesmo nos EUA, bem como nos demais países industrializados, há também um certo clima de defensiva. Houve muita crítica à globalização. Há grandes figuras como o professor Stiglitz, prêmio Nobel de economia 2001 [Joseph Stiglitz,
ex-assessor de Bill Clinton foi economista-chefe do Banco Mundial], que contestam isso que está aí. O quadro não é tão monolítico nem tão favorável a eles. É preciso ter confiança nisso, não aquele derrotismo de aceitar os critérios que nos impõem. O Brasil precisa de um governo que traduza tudo isso num novo projeto de desenvolvimento? Precisa ser um governo que passe uma imagem de seriedade e competência. Um governo de compromisso moral com as maiorias que se imponha pela capacidade de mobilização em torno de uma política de distribuição da renda, com incentivo à indústria de bens de consumo de massa. Com base nisso, eu tenho muita confiança de que será possível negociar condições melhores lá fora. Os credores aceitariam? Esse governo deveria também reduzir gradualmente a excessiva dependência de recursos financeiros em que nos encontramos. Não acredito que seja possível ter um projeto como esse, se continuarmos com a mesma dependência em relação a capitais de curto prazo. Os países que realmente conseguiram crescer sem serem atingidos pela crise asiática recente foram a China e a Índia. Ambos nunca aceitaram depender de recursos financeiros voláteis. Vira um ciclo vicioso? Exatamente. Sair da dependência financeira é como pedir demissão da máfia. Esse pessoal é muito perigoso. Globalização e projeto de desenvolvimento nacional não são imiscuíveis? Não necessariamente. Você não precisa ter uma atitude fechada para produzir bens de consumo de massa. Você pode usar inclusive as multinacionais. Nós temos um mercado de 175 milhões de habitantes. Isso é o que importa. Multinacionais teriam interesse num modelo com ênfase num mercado interno de massas? Para elas o que interessa é mercado. Se houver um projeto consistente de expansão de bens de massa, essas companhias só terão a ganhar... Qual a diferença desse projeto com o nacional-desenvolvimentismo dos anos 50? O projeto dos anos 50 foi baseado num equívoco: ênfase em bens de consumo supérfluos voltados para uma classe de renda alta e uma política industrial cartorial. Hoje você tem que trabalhar como a China. Ela faz joint-ventures com grandes investidores. Quem quiser aproveitar o imenso mercado chinês pode perfeitamente, dizem os dirigentes locais, mas tem que se associar na base de 49% a 50% com capitais chineses. Eles são extremamente pragmáticos. Isso está se fazendo com muita freqüência na Ásia. Então é viável ter uma âncora de crescimento com justiça social, contando com capitais externos? O exemplo mais patente é esse da China, do qual estamos falando. O país está diminuindo a pobreza absoluta com uma rapidez espantosa. E está expandindo o
mercado de bens de consumo de massa, ao mesmo tempo em que ganha escala para exportar. Isso tudo com muito investimento estrangeiro e no mundo globalizado. Não vejo impedimento nenhum. Por que não fazemos a mesma coisa? Por quê? Dá para fazer. E um dos requisitos, além do pacto de que falamos, é não aceitar as regras da ALCA que nos impedem de disciplinar essas associações - justamente o que os americanos pretendem. As regras que eles propõem nessa parte da agenda, tornam inviável planejar e disciplinar essas associações. Aí é que reside o perigo. Lula diz que é impossível participar da ALCA nos termos em que ela está sendo proposta. Qual é sua opinião? O Brasil tem que ter muita prudência. A negociação se dá em termos extremamente desiguais e assimétricos. O conflito de tarifas é claro, não é? Nem tanto. A média das tarifas americanas é realmente muito baixa, em torno de 2%, enquanto a média brasileira é em torno de 9% e 12%. Estamos falando em médias. Claro que os picos tarifários deles são muito mais altos. Casos do suco de laranja, por exemplo, ou o tabaco extracota, para citar um caso extremo em que a proteção chega a 300%. Mas a média é muito baixa, de fato. A situação para os americanos, portanto, é muito confortável. Eles têm pouca coisa a fazer, já que, na média, estão quase no zero. E o Brasil? O Brasil teria que fazer muito sacrifício. Eles quase não vão se mover, porque querem excluir do acordo os produtos que mais interessam a nós - suco, aço, metanol, etc. E isso não é difícil, porque esse conjunto representa 1% do total das importações americanas. Qualquer acordo comercial sempre prevê uma lista de exceções. Basta uma lista com 1% de exceções que fecha todos os itens que mais interessam ao Brasil: suco de laranja, etanol, açúcar, óleo de soja, aço, carnes frescas ou em conservas, tabaco extracota. Uma dúzia de itens? É, excluindo isso, eles não têm problemas. No resto da pauta, a tarifa lá já é muito baixa. Até que ponto o acordo com o FMI agrava esse quadro? O acordo induz a políticas que freiam o crescimento. Portanto, o Brasil não só entra para discutir a ALCA sem competitividade, mas sem condições de adquirir a competitividade, que exigiria um crescimento mais rápido. Lula afirma que o país não pode participar da ALCA nesses termos, porque eqüivaleria a uma anexação aos EUA. É isso? Exato. O Brasil deveria adotar duas posturas básicas. A primeira é só fazer concessões, se houver uma reciprocidade simétrica perfeita. Os americanos têm que rebaixar significativamente a proteção nas áreas em que nós já somos competitivos - sem precisar fazer investimentos novos. Aços em geral, suco de laranja, etc.
E se eles se recusarem? Se os americanos se recusarem, como já disseram que o farão, pois querem empurrar esse debate mais geral para o âmbito da OMC [Organização Mundial do Comércio], aí, sinceramente, o Brasil não pode aceitar. O país não vai ganhar nada participando de uma ALCA desse tipo. E não adianta os EUA dizerem, olha, eu vou zerar a tarifa para celulares e computadores. Ora, o Brasil só tem déficit nessa área, não exporta nada. Ou se libera nos itens em que o Brasil é competitivo ou a ALCA não interessa? Com um critério adicional: o Brasil tem que exigir prazos para a aplicação de reduções que não sejam arbitrários. Não basta fixar prazos de calendário, cinco anos, dez anos, se você não tem capacidade de investimento. Ganhar tempo só tem sentido se você fizer algo com o tempo que ganhou. Agora, por exemplo, estamos sem linhas de financiamento até para exportações... Pois é, se você ganha dez anos de prazo, mas nesses dez anos existe um acordo com o Fundo que o impede de crescer, qual a vantagem? Tem que negociar prazos e condições de investimento? Prazos vinculados à captação de investimentos. E também à transferência de tecnologia, para uma evolução gradual da competitividade. O Brasil deve tomar muito cuidado também para não aceitar a inclusão de áreas sistêmicas na agenda da ALCA - ou seja, itens não comerciais. Por exemplo? Propriedade intelectual, livre circulação de investimentos... Eles podem introduzir isso na pauta? Podem não, já está na Trade Promotion Authority [autoridade para o Executivo negociar, recém-aprovada pelo legislativo dos EUA]. Um dos objetivos da TAP é exatamente esse: obter, em todas as negociações internacionais, os mesmos padrões de proteção que vigoram nos EUA. São os padrões mais liberais do mundo. Afinal eles são líderes em poderio tecnológico e financeiro. Não têm o que temer. No caso de investimento é até mais grave... Eles querem ter a garantia prévia, antes mesmo de o investimento ser feito, de poder escolher qualquer área e ter a possibilidade de contestar em tribunais internacionais, se entenderem que houve violação do direito do investidor. Querem entrar e sair sem qualquer regra. Mas não pára aí. Há exigências também relativas a compras governamentais, ou seja, compras das estatais. Há um acordo na OMC relativo ao assunto. Mas apenas 20 países o assinaram, porque não favorece a indústria dos países em desenvolvimento. O acordo prevê que as aquisições das empresas estatais não podem favorecer a indústria local. Os EUA querem colocar esse tipo de coisa na ALCA. Querem uma ALCA que vá além dos critérios vigentes na OMC?
Que vá além da OMC naquilo que interessa a eles. Mas quando nós queremos ir além da OMC em agricultura, ou em antidumping, para derrubar a proteção deles, aí alegam que não cabe discutir isso no âmbito da ALCA. Esses temas são globais, são sistêmicos, dizem os americanos. Têm que ir para a OMC. Portanto, não há nenhuma lógica, exceto a defesa unilateral de seus interesses. É um jogo de empurra? No fundo, a lógica deles é aquela: o que é meu é meu; o que é seu é negociável. Já há negociações em curso na ALCA? Sim, por exemplo, no caso de propriedade intelectual, já há um grupo discutindo. Temos que dizer na mesa negociadora: "Olha, não vamos além da OMC. Não vamos, porque isso vai nos impedir de competir com os asiáticos, por exemplo, que não estarão submetidos às exigências leoninas da ALCA. E o senhor acha que eles vão aceitar? Não sei, é preciso testar, mas o Brasil tem que jogar duro. O governo tem sido mole? O governo parte do princípio de que, se é para estabelecer uma zona de livre comércio, o melhor é negociar depressa e a partir da tarifa efetivamente aplicada, inferior à consolidada - definida por regras internacionais. O chanceler Celso Lafer diz que essa é a lógica de um acordo de livre comércio: se é para liberar, que seja o mais rápido. Eu pergunto: lógica de quem? O Brasil não pediu para entrar na ALCA, entrou porque não tinha outro recurso... É uma posição muito subordinada? Apesar de magoar meus colegas do Itamaraty, creio que temos cedido a argumentos e interesses americanos, que não são os nossos. O governo só mereceu aplauso uma vez, quando recusou a antecipar os prazos para a ALCA. Temos que ter uma posição mais firme e intransigente: só aceitar concessões, se ficar claro que vamos receber algo em troca. E em concreto. Quem diz que abrindo para a ALCA atrairemos investimentos está se iludindo. Isso é balela. Mesmo abrindo totalmente o mercado? Hoje o nosso trunfo - único, veja bem, único - é o tamanho do nosso mercado. No dia em que nós aceitarmos, de mão beijada, que esse mercado não pode mais ser protegido, eles vão investir em Honduras, em El Salvador, e vender para nós. Sem investir nada aqui, alegando custos, etc. Os defensores da ALCA dizem que o México recebeu investimentos ao abrir a economia. O México é um caso singular. Tem fronteira contígua com os EUA, tanto que 80% dos produtos comercializados no Nafta [a área de livre comércio da América do Norte] são transportados por caminhão. É uma vantagem. Mas o Brasil não vai exportar para os EUA de caminhão. Portanto, se alguém quer defender essa hipótese de investimento, tem que dizer onde eles serão feitos, quando serão feitos,
em que volume. Não basta argumentar em abstrato e entregar nosso único trunfo internacional. No dia 7 de fevereiro, pouco depois de um mês da posse do novo governo, já há uma rodada da ALCA. O Brasil deveria adiar essa reunião? Pode até ir para dizer: "Só rebaixo tarifas, se vocês fizerem o mesmo nas áreas em que nos interessa. Caso contrário, não tem negócio". O senhor vê chances de eles toparem? Tenho certeza que vai ser muito difícil. Na votação da TAP [nos EUA], tanto a Câmara como o Senado estabeleceram mecanismos de salvaguarda para o que chamam de produtos sensíveis, sobretudo os agrícolas. Se o governo quiser fazer alguma concessão, tem que voltar ao Legislativo para ser sabatinado em quatro ou cinco comissões. Produtos agrícolas passam por consultas minuciosas. Não é perfumaria: são páginas e páginas de questionamentos. É tão complicado que eqüivale a uma proibição. Quando o Brasil disser: "Eu quero negociar aço, suco de laranja, óleo de soja, carnes, etc.", emperra tudo. Pára tudo. Vai ser muito difícil. Praticamente inviabiliza a reciprocidade necessária ao Brasil? É isso. Mesmo porque é nessas comissões que estão representados os Estados agrícolas... Então a ALCA pode ser apenas uma anexação do mercado brasileiro à economia americana? É isso mesmo. Esse perigo existe. É grande e é real. E quem discorda tem que provar que não é assim. Tem que ter o ônus da prova. Agora, veja, não há aqui nenhuma sombra de anti-americanismo. Eu fui embaixador lá, sei que eles são, dos países ricos, os mais abertos. Importam US$ 1,5 trilhão por ano. Um comércio gigantesco. Desse total, os produtos sobre os quais impõem restrições eqüivalem a US$ 8 bilhões ou US$ 9 bilhões. O problema é que são justamente esses que mais nos interessam, onde temos competitividade. É impossível vender aos EUA estando fora da ALCA? A China é a prova de que essa afirmação não procede. Ela tem um saldo colossal com os EUA, da ordem de US$ 50 bilhões. Pode chegar a US$ 80 bilhões, que é mais do que o total de nossas exportações. Por quê? Porque vende calçados baratos, brinquedos, produtos eletrônicos, etc. E isso sem acordo nenhum. Sem ALCA, sem nada. Vende, porque é competitiva. O problema do Brasil então é diversificar sua pauta? O problema das barreiras existe, mas de fato nós enfrentamos um imenso desafio de oferta. O Brasil tem uma oferta estreita, tanto em termos quantitativos como qualitativos. O país concentra-se em produtos intermediários: nem alta tecnologia, nem produtos baratos. A demanda por produtos intermediários cresce muito pouco no mundo, na verdade está quase estagnada. A UNCTAD fez um levantamento recente dos 20 produtos mais dinâmicos do comércio mundial. Desses 20, a América do Sul só tem dois: bebidas não alcoólicas e malharia de baixo, dois itens residuais. Os que realmente puxam o comércio internacional são semicondutores,
computadores, telefones móveis, etc. Nessa área, nós nem aparecemos. Quem domina são os asiáticos. Estamos, portanto, concentrados nas piores faixas do comércio. E, em alguns casos, nos produtos mais atingidos por obstáculos de natureza ambiental ou de saúde. Por exemplo, o Brasil é o maior produtor e o maior exportador do mundo de tabaco. Não é preciso dizer mais nada. Por que o Brasil restringiu tanto a sua pauta? Porque o país não investe há muito tempo. Todos os nossos produtos de exportação são fruto da última onda de investimento que o país conheceu, no final dos anos 70, meados dos anos 80. Caso do aço, por exemplo. Ou o alumínio. O mesmo se pode dizer da soja e das esmagadoras de suco de laranja. Você terá muito pouco coisa depois disso. O país estagnou. Parou de crescer. Parou de crescer, parou de exportar? Há estudos que cobrem 50 anos desde o fim da Segunda Guerra que mostram essa sincronia. As exportações só vão bem, quando a economia cresce aceleradamente. Por isso sou otimista: não há conflito entre voltar a crescer e gerar saldos comerciais substantivos. Ao contrário, o Brasil só dá certo, se for assim.
No dia 23 de agosto, sexta-feira, no Auditório Central, das 8h30min às 12h, acontecerá o Seminário de Estudos sobre o Instituto Humanitas Unisinos, que pretende abordar os primeiros passos da caminhada realizada em quase um ano de existência e os que precisam ser dados ainda neste ano de 2002. Um almoço encerrará o evento. Confira a programação do dia: 8h30min: Abertura O Instituto Humanitas Unisinos no cenário da Companhia de Jesus no Brasil – Pe. Guido A. J. Kuhn – superior provincial da Província Brasil Meridional e presidente da mantenedora da UNISINOS. O Instituto Humanitas Unisinos analisado a partir do Planejamento Estratégico da Unisinos – Prof. Dr. Pe. Aloysio Bohnen, reitor da UNISINOS 9h: Apresentação do projeto do Instituto Humanitas Unisinos e da caminhada realizada desde a sua constituição em setembro de 2001 – Prof. Dr. Inácio Neutzling, coordenador do Instituto Humanitas Unisinos.
10h: Intervalo 10h15min: Cada setor ou área de concentração reunir-se-á para avaliar a caminhada realizada e planejar os passos a serem dados a curto e médio prazo – Prof. Laurício Neumann, Prof. Dárnis Corbellini, Prof. Dr. José Odelso Schneider e Rosa Maria Serra Bavaresco, respectivamente coordenadores e coordenadora das áreas de concentração do IHU. 12h: Almoço de integração e confraternização no bosque da Universidade. O cardápio do almoço será galinhada, polenta frita, diversas saladas e um refrigerante. O preço será R$ 5,00 (cinco reais). Os participantes devem confirmar a sua presença, tanto no seminário quanto no almoço, na secretaria do IHU até o final do expediente do dia 20 de agosto, terçafeira.
No dia 15 de agosto, aconteceu mais um encontro do grupo permanente de estudos e reflexões do GDIREC com lideranças e representantes religiosos locais. Dessa vez, os temas abordados foram Os fundamentos da Assembléia de Deus, por Norberto Cossio, representante da Igreja Evangélica Assembléia de Deus e A história do pentecostalismo, pelo Prof. Dr. Oneide Bobsin, pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil – IECLB e professor do IEPG Instituto Ecumênico de Pós-Graduação.
No dia 14 de agosto, aconteceu mais um encontro da equipe responsável por elaborar o texto sobre o voluntariado. Nesta oportunidade foi analisada e discutida a contribuição dos colegas da Pró-Reitoria Comunitária e de Extensão Vera Bemvenuti e Fernando Pocahy. A próxima reunião acontecerá no dia 5 de setembro, momento em que será discutido o texto final, já tendo a inclusão das contribuições dos demais integrantes da equipe.
Com o objetivo de aprofundar, mediante leitura, estudo e discussão de documentação pertinente, os temas e tópicos essenciais da espiritualidade inaciana, iniciará, no dia 21 de agosto, um ciclo de Estudos de Espiritualidade Inaciana para professores. O evento acontecerá na sala 1G - (Reuniões do IHU), às quartas-feiras, durante 15 encontros semanais, sob a coordenação dos professores José Jacinto da Fonseca Lara e Águeda Bichels. O horário será das 17h30min às 18h30min.
Temática proposta: - leitura e estudo dos documentos contidos no assim chamado Livro Branco (Jesuítas e leigos: servidores da missão de Cristo); - cartas do R. Pe. Pedro Arrupe e do R. Pe. Peter-Hans Kolvenbach, com preferência para as mais recentes; - outros documentos S. J que parecerem oportunos. Metodologia Ficará a critério dos participantes tanto a escolha dos documentos quanto a modalidade de estudo (exposição, resumo ou sinopse pré-elaborada, leitura comentada ou meditada...) a serem adotadas. Avaliação A avaliação será realizada mediante depoimento prestado pelos participantes, não apenas, mas, sobretudo, no final das atividades. Recursos: - exemplares já existentes, em número suficiente, do Livro Branco, se adotado; - cópias eletrônicas ou xerocadas dos documentos e cartas dos Ps. Gerais. Observação Se necessária a assessoria de conhecedor específico de algum tópico ou tema, será convidado um jesuíta que atuará gratuitamente.
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# Nos dias 20 e 21 de agosto, acontecerá o evento Jornada de Sociologia- qual cidadania? sob a coordenação do Prof. Dr. José Luiz Bica de Mélo - PPGCSA UNISINOS. Dia 20/08/2002 - Terça-feira: 19h - Credenciamento. 19h30min - Abertura: 20h às 22h - Painel 1: Cidadania e Direitos Sociais: Contribuições da Sociologia. Painelistas: Antonio Prado - Sociólogo, Presidente da Federação Nacional dos Sociólogos-Brasil. Prof. César Barreira - Doutor em Sociologia - USP. Professor na Universidade Federal do Ceará. Presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia. Prof. José Vicente Tavares dos Santos - Doutor em Sociologia - Universidade de Paris - Nanterre. Professor no PPGS/UFRGS. Diretor da ALAS - Associação Latino-Americana de Sociologia. Prof. Renato Paulo Saul - Doutor em Estudos Latino-Americanos - UNAM México. Professor no PPGCSA/UNISINOS. Coordenação: Prof. José Luiz Bica de Mélo - PPGCSA/UNISINOS. Dia 21/08/2002 - Quarta-feira:
8h30min às 11h - Painel 2: Sociedade do Conhecimento e Educação Cidadã. Painelistas: Profª. Ana Mercedes Sarria Icaza - Mestre em Sociologia Universidade Católica de Louvain - Bélgica. Professora no Curso de Ciências Sociais - UNISINOS. Coordenadora do Curso de Ciências Sociais - UNISINOS. Profª. Clarissa Eckert Baeta Neves - Doutora em Sociologia - Universidade de Münster - Alemanha. Professora no PPGS/UFRGS. Prof. Emil Albert Sobottka - Doutor em Sociologia - Universidade de Münster Alemanha. Professor na PUCRS. Profª. Maíra Baumgarten Corrêa - Mestre em Sociologia - PPGS/UFRGS. Doutoranda em Sociologia no PPGS/UFRGS. Professora na Fundação Universidade de Rio Grande - FURG. Coordenação: Prof. Enno Dagoberto Liedke Filho - Doutor em Sociologia - Brown University - USA. Professor no PPGS/UFRGS. 14h às 16h30min - Painel 3: Globalização e Desigualdade Social Painelistas: Profª. Maria Stela Grossi Porto - Doutora em Sociologia - Universidade de Montreal - Canadá. Professora no Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília - UnB Profª. Maria Susana Arrosa Soares - Doutora em Estudos Latino-Americanos UNAM - México. Professora no PPGS/UFRGS. Salvatore Santagada - Mestre em Sociologia - PPGS/UFRGS. Vice-Presidente da Região Sul da Federação Nacional dos Sociólogos-Brasil. Prof. Sérgio Schneider - Doutor em Sociologia - UFRGS. Professor no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural/UFRGS - PGDR. Coordenação: Prof. Domingos Armando Donida - Doutor em Ciência Política Universidade de Paris I - Sorbonne. Professor do PPGCSA e Coordenador da Cátedra da UNESCO-UNISINOS. 19h30min - Lançamento de livros SBS - Sessão de autógrafos com as Professoras Maíra Baumgarten Corrêa e Maria Stela Grossi Porto. 20h às 22h – Painel 4: A Sociologia e os Novos Desafios do Mundo do Trabalho. Painelistas: Profª. Cláudia Tirelli - Mestre em Sociologia - PPGS/UFRGS. Professora no Departamento de Ciências Humanas na Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Prof. Fernando Coutinho Cotanda - Doutor em Sociologia - PPGS/UFRGS. Professor do Departamento de Sociologia da UFRGS. Prof. Luiz Inácio Germany Gaiger - Doutor em Sociologia - Universidade Católica de Louvain - Bélgica. Professor do PPGCSA/UNISINOS. Diretor de Pesquisa na UNISINOS. Prof. Thomas Patrick Dwyer (Tom Dwyer) - Doutor em Sociologia pela EHESS Paris - França. Professor no Programa de Doutorado em Ciências Sociais na UNICAMP. Coordenação: Profª. Elida Rubini Liedke - Doutora em Sociologia pela Brown University - USA. Professora do PPGS/UFRGS. Diretora da SBS.
$ % O livro desta semana é o livro KEHL, Maria Rita, Sobre Ética e Psicanálise, São Paulo: Companhia das Letras, 2002. Maria Rita Kehl estará na UNISINOS no dia 19 de setembro, participando do evento Corpo Torturado, com a conferência Da anatomia ao desejo.
Apresentamos a seguir a autora, a nota introdutória do livro e a resenha do livro feita pela psicanalista Giovanna Bartucci e publicada na Folha de São Paulo, 28-07-02.
SOBRE ÉTICA E PSICANÁLISE DE MARIA RITA KEHL 1.- QUEM É MARIA RITA KEHL
Psicanalista, clinicando desde 1981 com adultos, em consultório particular. Doutora em psicanálise pelo Departamento de Psicologia Clínica da PUC de São Paulo. Conferencista, ensaísta e poeta. Participação na imprensa, desde 1974, com artigos sobre cultura, comportamento, literatura, cinema, televisão e psicanálise. Autora de ensaios em diversas coletâneas. A autora organizou a publicação do livro A Função Fraterna.Relume Dumará, Rio, 2000. Maria Rita Kehl é também autora de A mínima diferença - o masculino e o feminino na cultura, Deslocamentos do feminino (ambos pela Imago) e do volume de poesia Processos primários (Estação Liberdade).
2.- NOTA INTRODUTÓRIA Maria Rita Kehl, psicanalista, doutora em psicanálise e escritora, dirige-se não apenas aos leitores interessados em psicanálise, mas também aos que se preocupam com a crise ética que a sociedade ocidental vem atravessando. A psicanálise não é uma proposta ética, mas um saber de dimensões humanistas que pode contribuir para a construção de uma ética mais adequada às condições das sociedades contemporâneas, ao abordar o sujeito moderno em suas dimensões inseparáveis de conflito e liberdade, de solidão e sociabilidade. Essas dimensões fundamentais do humano estão na base da clínica psicanalítica e orientam o percurso que analista e analisando fazem juntos, em direção à cura do sofrimento psíquico. O percurso analítico não depende apenas de uma técnica. Tem uma ética própria, que, no início, deve ser sustentada pelo analista e que, ao final de uma análise, deve alcançar também o analisando. A responsabilidade pelo desejo inconsciente que age
em cada um de nós, o respeito pelas diferenças do outro e a capacidade de enfrentar as dificuldades da vida com um certo senso de humor são alguns exemplos de atitudes éticas que a psicanálise pode nos ajudar a conquistar.
3.- UMA RESENHA DO LIVRO
Sob o título ‘A dupla face do código’ Giovanna Bartucci, psicanalista, autora de Borges - A Realidade da Construção e organizadora de, entre outros, Psicanálise, Literatura e Estéticas de Subjetivação (Imago) a seguinte recensão do livro. “Recentemente lançado pela Companhia das Letras, Sobre Ética e Psicanálise, de Maria Rita Kehl, é destinado a todos aqueles que se preocupam com a crise ética vivida pela sociedade ocidental. Dando seqüência à série inspirada em Sobre Ética e Economia, de Amartya Sen, ao qual se seguiu Sobre Ética e Imprensa, de Eugênio Bucci, este terceiro volume também trata de questões importantes no que se refere à contemporaneidade. Assim é que a autora se dedica, fundamentalmente, à explicitação do papel da psicanálise na desconstrução dos parâmetros que sustentavam uma ética implícita na tradição pré-moderna. Soma-se a isso, então, a sua reflexão acerca da contribuição da psicanálise para a criação de novos vetores que orientem uma ética para a modernidade, uma vez que, "na modernidade, o sentido da vida não é dado por nenhuma verdade transcendental que preceda a existência individual".
FILOSOFIA IMANENTE Seguindo-se a Elisabeth Roudinesco, historiadora e psicanalista francesa, Maria Rita Kehl considera que, no contexto da contemporaneidade, em que as razões filosóficas, religiosas e/ou tradicionais já não respondem às possibilidades de construção de destino abertas no último século da modernidade, "a psicanálise ocupa, além de uma função terapêutica, o lugar de certa filosofia imanente da existência, preenchendo os vazios de discurso, tão intoleráveis e angustiantes" ainda que isso não signifique que a psicanálise seja uma "Weltanschauung", uma visão de mundo equivalente a outras que a modernidade produziu. Maria Rita Kehl situa, então, a crise ética em curso em duas vertentes: uma que se refere ao "reconhecimento da lei", e outra, à "desmoralização do código". Entende que a crise que diz respeito à lei universal que funda nossa condição de seres da cultura, "a que impõe uma renúncia ao excesso de gozo, presente em todas as sociedades humanas na forma da interdição do incesto", se deve à dificuldade do reconhecimento da dívida simbólica -dívida com os antepassados e a coletividade à qual pertencemos, representada por uma classe social, cultura, país ou religião-, fundamentalmente, pela falta de "uma base discursiva que confira apoio e significado à impossibilidade de gozo". O código, no entanto, ao contrário da Lei, "tem certa autoria, ainda que difusa, e depende de técnicas de divulgação e propaganda para se tornar consensual, dispensando razões e explicações. (...) Quando perguntamos "por quê?", é porque a sustentação simbólica (inconsciente) do código se esfacelou, questionada por discursos que representam outros pactos, outras demandas sociais". Assim é que a ética começa a importar, na medida em que o lugar "de fora", que dava significado à interdição, se inscreve agora no inconsciente.
Se a globalização tem produzido o enfraquecimento de fronteiras, tem também produzido um contingente de excluídos cuja demanda por reconhecimento é cada vez mais violenta. Os desenvolvimentos da autora reafirmam as relações intrínsecas entre psicanálise e ética. Ao tomar como fundamento a proposição lacaniana do "inconsciente como discurso do Outro", estabelece-se "uma relação necessária entre psicanálise e ética pelo fato de a psicanálise entender o homem diante do drama da liberdade e da alienação ao inconsciente". De fato, diante da evidência de que esse "Outro" é um lugar vazio de significação e intenção, uma abstração, um fato de linguagem, institui-se uma incompatibilidade entre a culpa neurótica e a ética: "Quem mais, além de mim, pode se responsabilizar por algo que, embora eu não controle, não posso deixar de admitir como parte de mim mesmo?". A responsabilidade, como solução de compromisso entre o sujeito e seu desejo, é o oposto da culpa neurótica. É possível compreender, então, por que a autora não despreza a demanda -ainda que atribua à mesma certo "mal-entendido"- de fazer da teoria psicanalítica uma visão de mundo: "A contribuição mais importante que a psicanálise pode oferecer para constituir um novo saber erótico é a insistência na castração como condição do desejo e do prazer", reafirma a autora. Não é à toa que a questão que se coloca a um analisando em final de análise é "a de como articular alienação e responsabilidade". Mas vale dizer que, se a criação de sentido para a existência é uma tarefa simbólica que se dá por meio da produção de discursos e narrativas sobre "o que a vida é" ou "o que a vida deve ser", uma tarefa coletiva "da qual cada sujeito participa com o seu grão de invenção", há que atentar para esta falta de "uma base discursiva que confira apoio e significado à impossibilidade de gozo". Assim é que, se a "pósmodernidade" é mesmo o lugar da ausência de garantias, se a globalização tem produzido o enfraquecimento de fronteiras, de distinções entre culturas, aliado a uma "mobilidade" econômica, geográfica e cultural, tem também produzido um contingente de excluídos cuja demanda por reconhecimento, talvez mais do que por inclusão, tem se tornado cada vez mais violenta. Entretanto, se, como observa o historiador Aldo Agosti, a globalização é inevitável, o caminho de expansão dos direitos constitui-se como o projeto que tem como função governá-la, regulamentála, "mitigando" seus piores aspectos. As organizações não-governamentais nacionais e internacionais tornam-se, por exemplo, o lócus no qual os direitos humanos encontram possibilidade de articulação. A VOZ DO OUTRO No entanto, no que se refere aos psicanalistas, entende-se que é no momento mesmo em que seu saber é interrogado por uma experiência-outra -e não ao contrário- que a psicanálise se constitui como "lugar" no qual a alteridade poderá inscrever-se como tal. Não é à toa que, já em 1895, Freud pôs em evidência o papel desempenhado pelos seus pacientes na constituição da teoria e prática psicanalíticas -à insistência do fundador da psicanálise na busca da origem de um sintoma, Emmy von N. teria alertado Freud de que, afinal, a deixasse "contar o que tinha a contar". De fato, compartilho da idéia de Kehl de que "uma leitura canalha da descoberta psicanalítica diria que, se o inconsciente existe, tudo é permitido". Gosto de pensar, no entanto, que uma leitura ética da descoberta psicanalítica institui-se no momento em que a própria psicanálise não se permite tudo, toma a si como objeto de reflexão
e, do bojo de sua insuficiência e incompletude, torna-se então apta a produzir "uma base discursiva que confira apoio e significado à impossibilidade do gozo".
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RIO+10 Nesta semana publicamos dois artigos relacionados com a realização de 26 de agosto a 4 de setembro da Rio+10. O primeiro artigo é de W. Novaes, “Os Tambores de Johannesburgo”, publicado n’O Estado de São Paulo, 1508-02 e o segundo é uma tradução que fizemos do artigo de Edgar Morin, “Romper com o desenvolvimento”, publicado na revista Transversales Science Culture, nouvelle série, nº. 2, segundo trimestre de 2002, p. 9-10.
OS TAMBORES DE JOHANNESBURGO WASHINGTON NOVAES
“Talvez as discussões na África do Sul, a partir do dia 26, sobre o terceiro grande tema da Rio + 10 - Agenda 21 global e pobreza - sejam as mais difíceis, embora mudanças climáticas e biodiversidade, os outros dois temas, também enfrentem impasses. A multiplicidade de questões e visões, nesse terceiro tema, é enorme e complexa. Começa pelo não-cumprimento dos compromissos assumidos em 1992, pelos países industrializados, de passar de 0,36% para 0,70% de seu produto interno bruto anual a contribuição para os países mais pobres enfrentarem os problemas mais dramáticos relacionados com pobreza e meio ambiente. Significaria passar dos US$ 58 bilhões anuais de então para cerca de U$ 120 bilhões, aos quais se juntariam outros US$ 480 bilhões dos próprios receptores. E, com US$ 600 bilhões anuais, seria possível encaminhar mudanças radicais no panorama. Mas hoje a ajuda está em 0,22% do PIB, pouco mais de US$ 53 bilhões. Só cinco países europeus cumpriram o compromisso. Os Estados Unidos reduziram sua ajuda de 0,2% para 0,1% de seu PIB. Ao longo da década, agravou-se a concentração da produção, da renda e do consumo no mundo. Segundo o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a população dos países industrializados, menos de 20% do total mundial, responde hoje por 56% do consumo (os relatórios do desenvolvimento humano da própria ONU chegaram a mencionar, há poucos anos, mais de 80%), enquanto os 40% mais pobres do mundo respondem por 11%. Embora a proporção das pessoas que ganham menos de um dólar por dia tenha caído em dez anos de 29% para 23% do total, elas ainda são mais de 1,2 bilhão, das quais 75% nas zonas rurais. Quase metade dos habitantes do planeta ganha menos de
dois dólares diários. E na África - onde a renda per capita caiu 20% desde 1975 - mais de 50% da população está abaixo da linha de pobreza; 800 milhões de pessoas no mundo passam fome, entre elas 300 milhões de crianças; 1,1 bilhão não dispõe de água em boas condições; 2,8 bilhões não são servidas por redes de esgotos. Na América Latina, são 125 milhões de pessoas sem água adequada, 200 milhões sem redes de esgotos, 70 milhões sem energia elétrica. Os técnicos dizem que seria preciso investir US$ 70 bilhões anuais durante muitos anos para suprir essas carências. Mas onde buscar esses recursos em tempos de ajuste fiscal e crise econômica? A Europa, no seu conjunto, anuncia agora que pretende chegar a 2006 com a ajuda externa em 0,33% do PIB coletivo, ainda menos que há dez anos. O presidente norte-americano fala em aumentar a americana para US$ 15 bilhões, também em 2006, uns 0,15% de seu PIB. O confronto de posições é preocupante, com boa parte dos países mais ricos entendendo que o processo de globalização e crescimento do comércio mundial, por si só, será capaz de encaminhar soluções - e a maior parte do mundo entendendo exatamente o contrário, que esse processo tende a agravar, não a resolver os problemas. Parte dos atores já não aceita sequer atribuir à pobreza uma parcela da devastação ambiental. Para esses, o problema está, ao contrário, na concentração da riqueza e do consumo - e nos padrões de produção que ela implica, esbanjadores de recursos, um volume já insustentável para o planeta, que ainda acrescerá mais uns 2,5 bilhões de pessoas à sua população até meados do século. Combater a pobreza apenas aumentando o consumo das populações hoje desfavorecidas - se isso fosse possível - agravaria ainda mais o problema do consumo acima da capacidade de reposição da biosfera. Também não se podem cruzar os braços diante da miséria. Seria preciso, então, reformular os padrões de produção e de consumo em âmbito planetário. Mas como fazer isso? Com que regras, a cargo de quais instituições, com que capacidade de coerção sobre países? Como tratar de questões que não respeitam limites geográficos, administrativos, políticos? Enquanto a diplomacia mundial insiste em que não será reaberta a discussão em torno dos documentos aprovados em 1992 - só sobre os meios de implementálos -, ambientalistas, sindicalistas, mulheres, jovens e outros militantes se preparam (são uns 70 mil já credenciados) para bater tambores e ampliar a pressão em Johannesburgo. Querem rediscutir tudo, nas negociações oficiais e no Fórum Global da Sociedade Civil. O Brasil chegará à África do Sul, no tema da pobreza, em situação ainda incômoda. Embora, segundo o IPEA, o número de pobres no País tenha caído de 63 milhões para 54 milhões em uma década (de 44% da população para 32%), lembra o IBGE que, pelo nível de renda, deveríamos ter, no máximo, 8% de pobres, e não mais de 30 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza.
Vários outros indicadores melhoraram - mortalidade infantil, escolarização, analfabetismo. Mas os 10% da população com maior renda ainda ficam com 50% do bolo total. E o 1% de renda mais alta detém 14% da renda total, tanto quanto os 50% de menor renda na população. Uma insustentabilidade ética, social, política, até econômica, na medida em que impede maior expansão do mercado interno. Ainda não se vislumbram os caminhos pelos quais possam passar soluções para tantas questões globais. O único esboço de proposta - já comentada aqui - seria o de uma nova "Comissão Brundtland", referência ao grupo que, liderado pela ex-primeira-ministra da Noruega Gro Brundtland, concluiu em 1987 o famoso relatório Nosso Futuro Comum, com as bases do decantado conceito do "desenvolvimento sustentável", tão difícil de levar à prática. Se for por aí, será preciso, entretanto, conceber uma nova ordem mundial, no momento em que mesmo os países mais ricos tentam resolver isoladamente seus dramas internos, ainda que à custa do agravamento do panorama coletivo. Como convencê-los a consumir menos, a valorizar mais o que importam dos países menos desenvolvidos, a compensá-los pelos custos ambientais e sociais dos produtos que deles compram? Serão necessários muitos tambores soando alto. Em Johannesburgo e depois.
ROMPER COM O DESENVOLVIMENTO EDGAR MORIN
“Que política é necessária, para que uma sociedade mundo possa se constituir, não como um acabamento planetário de um império hegemônico, mas sobre a base de uma confederação civilizadora? Propomos aqui não um programa nem um projeto, mas os princípios que permitiriam a abertura de um caminho. São os princípios do que tenho chamado antropolítica (política da humanidade em escala planetária) e política de civilização. Isso nos leva, em primeiro lugar, a nos desfazer do termo desenvolvimento, mesmo quando ele é emendado e transformado em desenvolvimento durável, sustentável ou humano. A idéia de desenvolvimento sempre comportou uma base técnicoeconômica, mensurável pelos indicadores de crescimento e pelos de renda. O DESENVOLVIMENTO IGNORA O SOFRIMENTO, A ALEGRIA, O AMOR O desenvolvimento supõe, de maneira implícita, que o desenvolvimento tecnoeconômico é a locomotiva que traz consigo naturalmente um ‘desenvolvimento humano’, cujo modelo completo e acabado é aquele dos países considerados desenvolvidos, ou seja, ocidentais. Esta visão supõe que o estado atual das sociedades ocidentais constitui o objetivo e a finalidade da história humana. O desenvolvimento ‘durável’ não faz mais que temperar o desenvolvimento, levando em consideração o contexto ecológico, mas sem questionar os seus princípios.
No desenvolvimento ‘humano’, a palavra humano é vazia de substância, a não ser que por ela queiramos nos referir ao modelo humano ocidental que, certamente, tem traços essencialmente positivos, mas também traços essencialmente negativos. O desenvolvimento, noção aparentemente universalista, constitui um mito típico do sociocentrismo ocidental, um motor da ocidentalização forçada, um instrumento de colonização dos ‘sub-desenvolvidos’ (o Sul) pelo Norte. Como afirma Serge Latouche, “estes valores ocidentais (do desenvolvimento) são justamente aqueles que precisam ser colocados em questão para encontrar a solução para os problemas do mundo contemporâneo” (Le Monde Diplomatique, maio de 2001). O desenvolvimento ignora tudo aquilo que não é calculável nem mensurável. Ele ignora, portanto, a vida, o sofrimento, a alegria, o amor. A única medida de satisfação está no crescimento (da produção, da produtividade, da renda monetária...). Concebido unicamente em termos quantitativos, ele ignora as qualidades da existência, as qualidades da solidariedade, as qualidades do meio, a qualidade da vida, das riquezas humanas não calculáveis e não monetarizadas; ele ignora o dom, a magnanimidade, a honra, a consciência... A busca do desenvolvimento afeta e mexe com os tesouros culturais e os conhecimentos das civilizações arcaicas e tradicionais; o conceito cego e grosseiro de subdesenvolvimento desintegra as artes da vida e os saberes de culturas milenares. Sua racionalidade quantificadora é irracional, quando o PIB (produto interno bruto) contabiliza como positivas todas as atividades geradoras de fluxos monetários, inclusive as catástrofes como o naufrágio do Erika ou a tempestade de 1999, desconhecendo as atividades benéficas gratuitas. UM RETORNO ÀS POTENCIALIDADES HUMANAS GENÉRICAS O desenvolvimento ignora que o crescimento tecno-econômico produz também o sub-desenvolvimento moral e psíquico: a hiperespecialização generalizada, os compartimentos em todos os domínios, o hiperindividualismo e o espírito de lucro que trazem consigo a perda da solidariedade. A educação disciplinar do mundo desenvolvido tem a vantagem de trazer conhecimentos, mas ela engendra um conhecimento especializado que é incapaz de apreender os problemas multidimensionais, e ela determina uma incapacidade intelectual de reconhecer os problemas fundamentais e globais. O desenvolvimento traz consigo os progressos científicos, técnicos, médicos, sociais, mas também a destruição na biosfera, a destruição cultural, novas desigualdades, novas servidões que substituem as antigas. O desenvolvimento desencadeado pela ciência e pela técnica traz consigo uma ameaça de aniquilamento (nuclear, ecológico) e de impressionantes poderes de manipulação.
O termo desenvolvimento durável ou sustentável pode atenuar ou tornar mais lento o processo, mas não modificar o seu curso destruidor. Trata-se, portanto, não tanto de tornar mais lento ou de atenuar o processo, mas de conceber um novo ponto de partida. O desenvolvimento ignora que um verdadeiro progresso humano não pode partir de hoje, mas que necessita retornar às potencialidades humanas genéricas, isto é, uma regeneração. Assim como o indivíduo traz consigo células-tronco capazes de regenerá-lo, do mesmo modo a humanidade traz consigo os princípios da sua própria regeneração, muitas vezes adormecidos, trancados nas especializações e nas escleroses sociais. São estes princípios que permitiriam substituir a noção de desenvolvimento por aquela de uma política da humanidade (anthropolitique) que eu tenho sugerido desde algum tempo (3) e por aquela de uma política de civilização (4).
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$ % MARCEL GAUCHET
Marcel Gauchet, importante intelectual francês, que se notabilizou pela publicação do livro Le Désenchantement du monde. Une histoire politique de la religion. Paris: Gallimard, 1985, obra fundamental para entender o fenômeno religioso, hoje, concedeu uma longa entrevista ao jornal espanhol El País, 28-7-02. M. Gauchet publicou, em 1998, o livro La Religion dans la démocratie. Parcours de la laïcité. Paris: Gallimard, 1998. Ele acaba de publicar a obra La Démocratie contre ellemême. Paris: Gallimard, 2002, que é o leitmotiv para a entrevista, que foi traduzida pelos companheiros do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT – de Curitiba, PR. Publicamos alguns extratos. Os subtítulos são nossos. A DEMOCRACIA DOS INDIVÍDUOS “El País – A democracia vem se transformando? Marcel Gauchet – A democracia hoje não é contestada a partir de ‘fora’. Não estamos ameaçados por golpes de estado leninistas, por retornos ao fascismo ou por outros perigos autoritários. O problema é que a democracia funciona mal e está se esvaziando do seu próprio sentido com um distanciamento cada vez maior entre o povo e o poder. El País – O fato de não se contestar a democracia não quer dizer que não haja malestar político. Marcel Gauchet – O que há de novo nessa democracia é que a democracia dos direitos do homem é de fato a democracia dos indivíduos. A fórmula dos direitos do homem traduz a promoção extraordinária das individualidades na sociedade, o que eu considero, sem medo algum de afirmar, que se trata de um grande progresso. 3
.- Introduction à une politique de l’homme, première édition, 1965, rééditée et complétée, Le Point Seuil, 1999. 4 .- cf. Politique de civilisation, par Edgar Morin et Sami Naïr, Arlea, 1997.
Mas é um progresso problemático que precisa ser ‘enquadrado’. A democracia do futuro é a democracia que será capaz de reconhecer os direitos do homem e, ao mesmo tempo, encontrar os meios de fazê-los realmente existir, porque a sua tradução na vida pública não se dá de um modo natural e nem automático. O MERCADO TRIUNFOU El País – Você fala da necessidade de apoiar o pensamento político na antropologia e incorpora a psicologia em suas análises. As mudanças aceleradas dos últimos anos têm conseqüências antropológicas? Marcel Gauchet – Muito profundas. De fato não se trata de nada novo. Temos muitos autores, Rousseau, Tocqueville, Nietzsche, que, às vezes, dá a impressão de que escreveram ontem, que pensavam que o universo da democracia, da igualdade, da retirada da religião, criava um tipo de homem diferente do passado. O fator mais essencial, na minha compreensão, das transformações recentes é a integração psicológica do mercado. O mercado era uma questão econômica, havia bens e serviços que se trocavam, era uma questão externa à vida. E, agora, passamos para a sociedades de mercado. As pessoas atuam em função dele, não refletem, integraram o ponto de vista do mercado: a necessidade de se vender, de obter a otimização dos recursos, etc. Michel Houellebecq, nosso novelista nacional do momento, viu perfeitamente como a integração profunda, por parte dos indivíduos, da lógica do mercado mudou totalmente a vida sexual e sentimental das pessoas. Em sua novela Ampliação do campo de batalha explica muito bem a transferência da luta concorrencial, da luta de classes ao âmbito da vida privada. Há um mercado sexual, com ganhadores e perdedores. E é muito duro. Há uma fortíssima interiorização do mercado que muda a conduta dos estudantes na escola e que tem efeitos em todos os campos. O FUNDAMENTALISMO DO MERCADO El País – Aqui a política pode fazer algo? Essa interiorização do mercado é, de certo modo, uma liquidação da política? Marcel Gauchet – Melhor, um avassalamento da política. Nos anos setenta e oitenta, tomaram-se decisões muito negativas. A Europa tinha a possibilidade de escolher entre duas vias: reformar os Estados, que não funcionavam, pela esclerose normal das organizações... El País – Acredita que é legítimo falar, como faz Joseph Stiglitz, de fundamentalismo do mercado? Marcel Gauchet – Se há algum lugar em que esta expressão tem sentido é nas organizações internacionais. Não na vida política nacional. Em qualquer parte do mundo, inclusive nos EUA, quando há um problema na siderurgia americana, por exemplo, se fecham as fronteiras; quando há um problema na agricultura, se dão subvenções; quando há um problema na aviação, como na América depois do 11-S, se injeta dinheiro. Não há, portanto fundamentalismo de mercado na política de Bush, por exemplo. Há um verdadeiro fundamentalismo de mercado nas organizações internacionais desconectadas da vida das populações, feitas de oligarquias intelectuais, que atuam com uma arrogância incrível. Há uma razão para esta arrogância intelectual: suas soluções são simples e em sintonia com a doutrina em vigor. Esta é a força do liberalismo: só se podem opor a ele como alternativa
soluções complicadas. O desenvolvimento dos países do Sul é complicado, porque o ‘descolar-se’ de um país não é automático. El País – Stiglitz chama a atenção para os ritmos e os tempos. Esta é precisamente a função da política. Marcel Gauchet – E é neste sentido que se pode falar de fundamentalismo. Os fundamentalistas são pessoas que acreditam em coisas muito simples; basta fazer com que o mercado funcione e tudo será melhor. Este é um argumento fundamentalista que esconde que a realidade é complexa, ou seja, política”.
' Quanto terá custado a visita de O’Neill ao Brasil? “Não tenho dúvida de que a negociação do avião fez parte da agenda do secretário do Tesouro, Paul O’Neill, em sua visita ao Brasil.” - Eden Asvolinsque, brigadeiro da Aeronáutica, que já serviu na Junta Interamericana de Defesa (JID), em Washington, reagindo, indignado, sobre o resultado da última grande licitação da gestão FHC: a compra de 12 caças supersônicos, por US$ 700 milhões, da empresa anglo-sueca Gripen, última colocada na avaliação técnica, ISTOÉ, nº. 1716, 16-8-02 “O País não está em condições de criar empregos na Suécia” - Mário Bernardini, diretor de competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ISTOÉ, 16-08-02. Esquerda e direita, segundo Rubens Ricupero “Em vez de comunismo versus capitalismo, esquerda contra direita, o que divide hoje as pessoas é a oposição entre mudança e status quo, entre movimento, transformação, renovação e a manutenção da "desordem estabelecida". Para a direita, a desigualdade e o desemprego são peças inerentes ao sistema, tão inevitáveis na economia capitalista como as leis de gravitação dos corpos celestes. Quem recusa essa construção ideológica está na obrigação de demonstrar que toda modalidade de economia é uma entre várias imagináveis, sempre uma escolha da sociedade, que pode preferir maximizar a igualdade ou a eficiência, o bem-estar coletivo ou a cobiça de uns poucos” - Rubens Ricupero, secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), no artigo “Esperança e Ação”, Folha de São Paulo, 17-08-02. A FIESP e a ALCA "Não podemos abrir mão da nossa soberania. É preciso dar um basta nisso. Temos que defender nossos agricultores, trabalhadores, industriais e a classe média" Nicolau Jeha, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Agência Carta Maior, 15-6-02. As Novas Relações Capital e Trabalho segundo Mário Amato “As grandes empresas estão sendo cada vez mais tocadas por jovens com visão desenfreada para o posicionamento pessoal e para a ganância financeira. São frios nas relações de trabalho. Só conseguem olhar para o lado técnico e para os lucros. É
um perfil diferente do antigo. Nos tempos em que eu tinha milhares de empregados, a coisa era meio escrava. O funcionário não tinha horário e, se trabalhava noite adentro, não ganhava hora extra. Mas eu pensava no bem-estar deles. Dava um sopão, pagava o jantar. Estamos agora é na era do robô. Os novos líderes dos tempos modernos só pensam em custo/benefício. Por isso não estão muito preocupados em gastar tempo com a Fiesp. Não há mais lá a união que tínhamos antes, aquele prestígio, o que eu acho uma pena” – Mário Amato, empresário, expresidente da FIESP, em entrevista à revista Veja, nº. 1765, 21-8-02.
!" GERMINAL E O CENTENÁRIO DA MORTE DE ÉMILE ZOLA Na quinta-feira, dia 15 de agosto, em homenagem aos 100 anos da morte de Émile Zola (1840-1902), o Prof. Lauro Dick apresentou O mundo do trabalho a partir do "Germinal". Além de exibir parte do filme Germinal, Lauro apresentou a pesquisa feita com diversos grupos de alunos da Universidade a respeito da obra do criador do Naturalismo.
“Achei fantástico. Fiquei encantada, mais uma vez, em poder ver a centralidade do trabalho na obra Germinal. Eu participo do núcleo Unitrabalho da Unisinos e do Curso O trabalho na virada do milênio. Esse curso envolve trabalhadores ligados a sindicatos de diversas fábricas da região. E a partir desta leitura do Lauro da obra Germinal, surgiu a sugestão de fazer com esses trabalhadores uma análise do filme para poder falar do trabalho. Eles não são trabalhadores de minas, mas as fábricas nas quais trabalham não deixam de ser verdadeiras minas. A obra é muito atual”. Dulce Maria de Oliveira/ professora do curso de Pedagogia. “Impressiona-me a pertinência do livro. Ele retrata muito bem uma determinada época histórica. Acho muito importante a união de história e literatura, que foi feita nesta tarde”. Daniela de Campo/ mestranda em história.
IHU IDÉIAS CELEBRA O CENTENÁRIO DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA
No dia 22 de agosto, celebrando o centenário do nascimento do historiador Sérgio Buarque de Holanda, o evento IHU Idéias abordará o tema “O homem cordial: Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda”, com Profª. Drª. Eliane Cristina Deckmann Fleck. A profª Eliane é Doutora em História pela PUCRS com tese intitulada: Sentir, adoecer e morrer- sensibilidade e devoção no discurso Missionário Jesuítico do século XVII. Ela é também Mestre em História pela UNISINOS. Publicamos, a seguir, a biografia de Sérgio Buarque de Holanda, publicada pela Folha de São Paulo, no dia 23/6/02. Sérgio Buarque de Holanda nasceu no dia 11 de julho de 1902, em São Paulo, filho do pernambucano Cristóvam Buarque de Holanda (que trabalhava no Serviço Sanitário do Estado de São Paulo e foi um dos fundadores da Escola de Farmácia e Odontologia, onde lecionou Botânica) e da fluminense Heloísa Gonçalves Moreira Buarque de Holanda 1920 Publica seu primeiro artigo, no Correio Paulistano, por interferência de Afonso de Taunay, ex-professor e amigo de seu pai, que leu o estudo. Sua primeira produção, entretanto, foi musical: a valsa Vitória Régia, aos 9 anos, publicada no Tico-Tico 1921 A família Buarque de Holanda muda-se para o Rio de Janeiro. Sérgio matriculase na Faculdade de Direito da rua do Catete 1922 É nomeado representante, no Rio, da revista modernista Klaxon. Nesses primeiros anos na cidade, conhece Manuel Bandeira, de quem se torna amigo 1924 Funda, com Prudente de Morais Neto e Graça Aranha, a revista modernista Estética, que teria só três números. Entrevista Pirandello e Cendrars para O Jornal, de Assis Chateaubriand. Torna-se amigo de Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade 1925 Forma-se na Faculdade de Direito do Rio 1927 Aceita a proposta de dirigir o jornal O Progresso, em Cachoeiro do Itapemirim (ES) 1929 Viaja à Europa em missão jornalística, a convite de Chateaubriand, e percorre diversos países durante dois anos, principalmente a Alemanha 1931 Retoma o trabalho em agências telegráficas: Havas, Agência Brasileira, United Press. Dirige a sucursal do Jornal de Minas no Rio 1935 Publica, na revista Espelho, um longo estudo intitulado Corpo e Alma do Brasil 1936 Publica seu primeiro livro, Raízes do Brasil, inaugurando a coleção Documentos Brasileiros, dirigida por Gilberto Freyre, pela ed. José Olympio. Ingressa na
Universidade do Distrito Federal como professor na Faculdade de Filosofia, onde leciona, até 1939, Cultura Luso-Brasileira e História da América. Casa-se com Maria Amélia Alvim Buarque de Holanda 1939 Assume o cargo de chefe de seção de publicações do Instituto Nacional do Livro, onde trabalhavam Mário de Andrade e Chico Barbosa, entre outros 1940 Inicia a seção de crítica literária no Diário de Notícias, que assinará até 1950 1944 Dirige a divisão de consultas da Biblioteca Nacional. Publica Cobra de Vidro, com críticas literárias 1945 Publica Monções. Participa do Congresso de Escritores em São Paulo, sendo signatário da "Declaração de Princípios" contra a ditadura. Funda, com outros, a Esquerda Democrática 1946 Transfere-se para São Paulo para dirigir o Museu Paulista. É apresentado como candidato a vereador do Partido Socialista (ex-Esquerda Democrática) para completar o número mínimo de candidatos exigido para a apresentação da chapa 1947 Exerce a presidência da Associação Brasileira de Escritores, seção São Paulo 1949 Profere série de conferências na Sorbonne e participa de três comitês da Unesco em Paris 1950 Assume a seção de crítica literária no Diário Carioca e na Folha da Manhã. É reeleito presidente da seção de SP da Associação Brasileira de Escritores 1953 Assume a cadeira de estudos brasileiros na Universidade de Roma 1955 Retorna ao Brasil e reassume a direção do Museu Paulista. É eleito vicepresidente do Museu de Arte Moderna, mandato que seria renovado nos seis anos seguintes 1957 Assume a cátedra de História da Civilização Brasileira na Faculdade de Filosofia da USP 1958 Recebe o grau de mestre em Ciências Sociais na Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo. Presta concurso para a cátedra, com a tese Visão do Paraíso, que é editada pela José Olympio, em tiragem limitada. No ano seguinte, sairá em edição comercial 1960 Planeja e dirige, até 1972, a História Geral da Civilização Brasileira, para a Difusão Européia do Livro. Publica os dois volumes dedicados ao Brasil Colonial 1962 Dirige o Instituto de Estudos Brasileiros da USP até 1964 1965 Vai aos EUA, a convite do governo norte-americano, para realizar conferências
nas universidades Columbia e Harvard e em Los Angeles 1968 Aposenta-se na USP, em solidariedade aos professores aposentados compulsoriamente pelo AI-5 1972 Publica o 5º volume do tomo O Brasil Monárquico de sua História Geral: Do Império à República, o único volume inteiramente escrito por ele 1980 Inscreve-se como membro fundador do PT. Recebe o troféu Juca Pato (Prêmio Intelectual do Ano de 1979) e o Jabuti na categoria "ensaios" 1982 Morre, em São Paulo, no dia 24 de abril
EDITORA UNISINOS NO JORNAL DO BRASIL O caderno literário IDÉIAS, publicado semanalmente pelo JORNAL DO BRASIL, importante jornal diário brasileiro, apresentou, na edição de 16-08-02, o livro A Arte de Amar a Ciência de Pascal Nouvel, uma publicação da Editora Unisinos. Este livro foi amplamente apresentado no IHU On-line nº 20 e debatido no IHU Idéias do dia 5 de junho, onde foi apresentado pelo prof. Fernando Jacques Althoff, tradutor do livro. A resenha do livro publicada pelo JB, intitulada “A emoção do laboratório. Filósofo
questiona grandes achados”, é assinada por Tatiane Roque, professora do Instituto de Matemática da UFRJ e pesquisadora do Collège International de Philosophie-Paris.
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$& Pedagogia Inaciana No dia 12 de agosto, o coordenador do IHU, juntamente com o prof. Dr. José Roque Junges, esteve reunido com a profª Dra. Ione Ghislene Bentz, diretora do Centro de Ciências da Comunicação, refletindo sobre aspectos da Pedagogia Inaciana. Tese doutoral No dia 13 de agosto, o prof. Inácio Neutzling, coordenador do IHU, participou da banca examinadora de tese doutoral na Escola Superior de Teologia – Instituto Ecumênico de Pós-Graduação em Teologia. Universidade e cooperativismo
Nos dias 14 a 16 de agosto, a profª Vera Regina Schmitz, coordenadora-adjunta do IHU, participou, no Recife, PE, do Primeiro Encontro das Universidades Brasileiras da Rede das Américas para Estudos Cooperativos. Logomarca IHU No dia 14 de agosto, a coordenação do IHU, juntamente com Sonia Montaño e Caren Joana Sbabo, do setor de Comunicação/IHU, se reuniram com Lorena Machado, do setor de publicidade da Pró-Reitoria de Desenvolvimento. Nesta reunião, aprovou-se a logomarca do IHU, que será apresentada na próxima edição do IHU On-Line e lançada oficialmente no Seminário de Estudos do IHU no dia 23 de agosto (sexta-feira). Simpósio sobre a Água: Bem Público Universal No dia 15 de agosto, reuniu-se a comissão organizadora do Simpósio Internacional Água: Bem Público Universal, a ser realizado de 20 a 22 de maio de 2003. Participaram da reunião, sob a coordenação de Inácio Neutzling, Hayde Maria Hupffer, diretora de Extensão, Rosa Maria Serra Bavaresco coordenadora do Setor 3 do IHU, Laurício Neumann, coordenador do Setor 1 do IHU, José Ivo Follmann, diretor do Centro de Ciências Humanas, Heraldo Campos, professor do PPG de Geologia, José Luiz Bica de Mélo, professor do PPGSCA. Gênero e Cooperativismo No dia 16 de agosto, o prof. Dr. José Odelso Schneider, coordenador do Setor 2 do IHU, participou do 4º Congresso Brasileiro das Cooperativas de Crédito em Santos, SP. Lá ele apresentou o trabalho “Gênero e Cooperativismo”. Agradecimento A coordenação do IHU agradece o trabalho realizado pelo jornalista Carlos Alberto Jahn, na equipe de comunicação do IHU. Por motivos de compromissos acadêmicos ele não mais poderá trabalhar tão intensamente conosco. Ele, no entanto, finalizará a criação do sítio do IHU.
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O entrevistado relâmpago desta edição é...
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Marlom Konrath, trabalha como administrador de rede no Sistemas de Comunicação (SISCOM) do Centro 1. Natural de Santo Augusto-RS, Marlom mora atualmente em Campo Bom. Em janeiro deste ano, formou-se em Análise de Sistemas pela Unisinos. Inícios- Meu pai trabalhava no Banco do Brasil e foi transferido para Santo Augusto, RS. Ali morei durante minha infância. Quando terminei o primeiro grau, fui cursar o segundo grau no colégio Agrícola, em Frederico Westphalen. Meus colegas iam todos para lá, porque eram filhos de agricultores. Embora gostasse do colégio, lá descobri que não era isso o que eu queria, mas foi um ano ótimo. Tive que me virar sozinho aos 15 anos, cresci muito. Faculdade- Aos 16 anos, voltei para Ijuí para terminar o segundo grau e quando o concluí, logo pensei em vir estudar na UNISINOS. Meu pai tinha começado aqui o curso de Administração de Empresas. Eu vim morar em Campo Bom, e logo a família toda veio. Autor- Mário Quintana. Livros- Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato; Da preguiça como método de trabalho e Nova Antologia Poética, de Mário Quintana. Filme- A sociedade dos poetas mortos, de Peter Weir e Patch Adams, de Tom Shadyac. Nas horas livres- Jogos de raciocínio e estratégias; conversar com os amigos, namorar, estar com a família e praticar esportes.
Momentos mais felizes- A minha formatura; e quando fui padrinho dos casamentos de meu amigo e colega de trabalho Jones Quadros da Silva e da minha avó que, com seus 72 anos, casou na Igreja, no dia 27 de julho deste ano. Um grande sonho- Visitar a Grécia é meu sonho pessoal. Sonho coletivo seria que o Brasil desse certo. Um presente- Algo incomum, que tenha a minha cara. Referenciais- Meus pais. Meu pai, pelo exemplo: nunca o vi olhar para outra mulher. Minha mãe, porque tem um senso de justiça que eu gostaria de ter. Amo eles. UNISINOS- Se não for a primeira, é minha segunda casa.
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IHU- Um belo exemplo para tornar o Brasil aquele país com o qual eu sonho. É um espaço de trocas muito importante; sempre fui muito bem acolhido aqui.
Queridos amigos do IHU
Cartas do Leitor
Belíssima entrevista com Ana Mercedes Icaza! Uma pessoa que convive entre a gente e tem muito a oferecer. Mesmo em licença da UNISINOS, adoro receber as notícias do IHU. Que bom mostrar o que há por trás dos bancos acadêmicos, isto faz a diferença. Não parem nunca. Um abraço a toda equipe. Paz e saúde a todos. Com carinho, Sônia Maria Haas
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