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no ano de 2002! É com alegria que apresentamos o primeiro número do IHU On Line de 2002. Já estamos no sétimo número. Semanalmente, sempre ao meio-dia de segunda-feira, os colegas e as colegas, os amigos e as amigas, os parceiros e as parceiras do Instituto Humanitas Unisinos estarão recebendo o nosso boletim. Assim, poderão participar e acompanhar mais de perto a caminhada do nosso IHU.

Fórum Social Mundial

Inicialmente, gostaríamos de agradecer a todos e todas que estiveram colaborando, de uma ou outra forma, com a realização do estande do IHU no Fórum Social Mundial. Foi um momento importante em que pudemos tornar mais conhecida a nossa Universidade e a proposta do IHU. Igualmente, agradecemos a todos e todas que participaram, de uma ou outra forma, do Fórum Social Mundial com a realização de oficinas, debates, articulações, etc. Certamente, a experiência da participação neste evento faz com que todos e todas iniciemos o primeiro ano do IHU com muita energia, com muitos sonhos, com muita audácia e esperança.

Pierre Bourdieu

Iniciamos também este primeiro ano de atividades do IHU celebrando a morte de duas pessoas importantes e inspiradoras para o nosso trabalho de pesquisadores e pesquisadoras. No mês de janeiro, faleceu Pierre Bourdieu. Colocamos à disposição de todo o IHU um texto inédito deste importante sociólogo, intitulado Pour un savoir engagé, publicado pelo jornal Le Monde Diplomatique, fevereiro de 2002, p. 3. O texto poderá ser pedido no IHU na tradução portuguesa. Trata-se de uma conferência proferida em Atenas, no mês de maio de 2001, num encontro de pesquisadores e sindicalistas reunidos para discutir temas como a


Europa, a cultura e o jornalismo. Pierre Bourdieu, nesta sua última intervenção pública, expressa o desafio que nos é proposto pelo projeto do IHU: ‘scholarship with commitment’. Ou seja, P. Bourdieu afirma: “Na cabeça da maioria das pessoas cultas, sobretudo em ciências sociais, existe uma dicotomia que me parece absolutamente funesta: a dicotomia entre scholarship e commitment – entre os que se dedicam ao trabalho científico, feito segundo métodos científicos, e destinado a outros cientistas, e os que se engajam e levam seu saber para fora. A oposição é artificial e é preciso ser, de fato, um cientista autônomo que trabalhe segundo as regras do scholarship para poder produzir um saber engajado, isto é, um scholarship with commitment. É necessário, para ser um verdadeiro cientista engajado, legitimamente engajado, engajar um saber. E só se adquire tal saber no trabalho científico, submetido às regras da comunidade científica”.

Léopold Senghor

Também faleceu recentemente Léopold Sédar Senghor, intelectual, poeta e político africano, ex-presidente do Senegal. A UNESCO, quando Senghor celebrou o seu 90o aniversário, em 1996, o descreveu como “criador pelo verbo, criador pela ação”. É dele o conceito de ‘negritude’, assim descrita: “A negritude – objetivamente – é o conjunto dos valores econômicos, políticos, intelectuais e morais não somente dos povos negros da África, mas também das minorias negras da América, da Ásia e da Oceania. Subjetivamente, a negritude é a aceitação da cultura, do patrimônio real que é comum aos negros de todos os continentes. É aceitar a sua projeção na história que continua”. Senghor, um dos grandes líderes do Movimento dos Países Não Alinhados, juntamente com Nehru, Nasser, Tito, entre outros, fez da sua vida uma luta por um novo humanismo planetário a partir da ‘Negro Renaissance’. Celebrando a memória de Léopold Senghor, o IHU quer apoiar com todo vigor o trabalho feito pelos nossos/as colegas do ECAU.

Na alegria de nos encontrarmos todas as semanas por meio do IHU On Line e animados / animadas pelos desafios que nos advêm do Fórum Social Mundial, da vida e da obra de pessoas como P. Bourdieu e L. Senghor, desejamos a todos e todas um ano de trabalhos com muita criatividade, audácia e esperança.

Inácio Neutzling – coordenador do IHU e Vera Regina Schmitz – coordenadora adjunta do IHU

São Leopoldo, 4 de março de 2002.


Nos dias 16 e 17 de fevereiro, o Prof. Pe. José Ivo Follmann, diretor do Centro de Ciências Humanas da UNISINOS, participou, pela segunda vez, no Seminário de Gestação da Universidade do Bem Comum – UBC, na Bélgica. O primeiro Seminário foi em Bruxelas nos dias 2 e 3 de novembro do ano passado (confira a entrevista publicada no número 1 do IHU On Line). Dezesseis especialistas e representantes de Instituições de Nível Superior de diversos países reuniram-se para traçar as primeiras idéias, tendo em vista uma Universidade nova, diferente, de caráter internacional, centrada na questão do "Bem Comum". O Seminário foi organizado e coordenado por Riccardo Petrella (Professor da Universidade de Louvain e Coordenador do Grupo de Lisboa. R. Petrella esteve conosco no Simpósio Internacional Ensino Social da Igreja e Globalização, quando do lançamento do IHU. As quatro conferências centrais do Simpósio, inclusive a de R. Petrella estão sendo publicados pela Editora Unisinos). Já o segundo Seminário teve alguns avanços em relação ao anterior. Em relação à discussão das propostas da temática da ÁGUA, diversos aspectos ficaram estabelecidos, como por exemplo, a idéia de um Alfabeto ou Enciclopédia da Água, com o objetivo de proporcionar uma nova "narrativa" da água oposta à "narrativa" centrada na água como bem de comércio, que impera hoje. Está previsto um terceiro Seminário para setembro próximo. O objetivo do encontro será articular a maneira como a idéia da Universidade do Bem Comum será apresentada e divulgada no III Fórum Social Mundial (Porto Alegre 2003) e também a efetivação de algumas outras atividades concretas para o próximo ano que ainda terá um caráter de preparação e de gestação de tudo o que envolve esta grandiosa idéia da Universidade do Bem Comum. Além da temática da água, as outras três temáticas chaves são criatividade, alteridade e mundialidade.

Além de uma representação numerosa de alunos e professores, a UNISINOS esteve presente com um estande permanente do IHU no Fórum Social


Mundial, onde foram expostos diversos livros da Editora Unisinos cujo tema estava ligado ao Fórum, Cadernos e publicações do próprio IHU e material impresso audiovisual produzido pela TV UNISINOS. Segundo os organizadores, a iniciativa foi importante porque criou um espaço onde pessoas do mundo inteiro conheceram mais de perto o IHU e a Universidade. Participou conosco no estande o Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT – com sede em Curitiba-PR.

Entre os dias 25 de fevereiro e primeiro de março, aconteceu a Semana de Acolhida à Comunidade Universitária, organizada pela Pastoral dos Estudantes (PdU), do Setor III, Religiões, Teologia e Pastoral do IHU. O espaço cultural foi transformado em um atraente lugar de encontro. Murais com a apresentação do IHU, espaço para lazer e conversas informais, espetáculos artísticos como a apresentação da Banda Paradigma e uma oficina de Hip-Hop foram algumas das atrações da semana. Os visitantes do estande ganharam um marca página com o desenho da Campanha de Acolhida que, no verso, contém uma frase para suas vidas: “Deveríamos exigir de todos os nossos alunos que usem a opção pelos mais pobres como um critério, de forma que nunca tomem uma decisão importante sem pensar antes quanto ela afeta os que ocupam o último lugar na sociedade”. (Pe. Kolvenbach)

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O prof. Alcido Arnhold foi nomeado coordenador do Programa de Ação Social na Região Sul de São Leopoldo. O prof. José Luiz Bica de Mélo foi nomeado coordenador do Programa de Desenvolvimento Regional do Vale dos Sinos.

Integrará a equipe de comunicação do IHU, além das estudantes de comunicação social Sônia Montaño e Caren Sbabo e da prof.ª Mardilê F. Fabre, o jornalista Carlos Jahn, que é professor do Centro 3 da UNISINOS e mestrando em comunicação na PUC-RS.


! !" HISTOIRE RAISONNÉE DE LA PHILOSOPHIE MORALE ET POLITIQUE Histoire Raisonnée de la Philosophie Morale et Politique, par Alain Caillé, Christian Lazzeri et Michel Senellart (dir.), éd. La Découverte, Paris, 2001, 755 pp. Publicamos, a seguir, a recensão do livro feita por Jean Sloover, na revista Alternatives Économiques, nº 199, janeiro de 2002, p. 89. Na edição nº 6 do IHU on line, já nos referimos a este livro quando comentávamos a publicação pela Editora Unisinos do livro A invenção da autonomia. “Todos aspiramos à felicidade. Mas como poderíamos ser felizes se não dispuséssemos dos bens sem os quais é impossível viver? Felicidade e utilidade, portanto, estão bem ligados. Mas o que é a felicidade?(1) Podemos encará-la solitariamente, sem perguntar, uma ou outra vez, aos outros sobre a mesma questão? Ou seja, a nossa busca pessoal da felicidade terrestre e a satisfação material não coloca questões no espaço público? Enfim, desde sempre, a felicidade e o útil naturalmente interpelaram os filósofos. No fim da Idade Média, começa a se impor a idéia de que a felicidade se confunde com o útil. Cada ato humano sempre é interessado. Firma-se a idéia de que o indivíduo, que emerge com o fim das comunidades tradicionais sob o impacto da indústria, permanentemente busca a maximização do seu bem-estar. E que a felicidade coletiva pode, sem outra arbitragem coletiva, brotar deste empilhamento de aritméticas egoístas. Hoje, um certo ‘pensamento único’ se esforça, mais do que nunca, de nos convencer disto. Em todos os domínios – inclusive no amor -, nós nos comportamos, diz este ‘pensamento único’, como um agente econômico racional num mercado. E isso basta para pacificar a cidade dos homens. Longe das antigas retóricas sobre as virtudes da fé ou da razão pura como vias de acesso à felicidade e à república ideal, pensamentos poderosamente 1

.- Nota do IHU On Line: O tema de capa da revista semanal EU &, do jornal Valor Econômico, caderno de fim de semana 23 e 24 de fevereiro de 2002, é: “O valor da felicidade. Cresce o número de estudos sobre a relação entre bem-estar e quantidade de dinheiro”. Vale a pena conferir!


críticos, como Marx, Weber ou Durkheim, opuseram a esta visão utilitarista muito presente ainda agora no conjunto das teorias sociais – uma salutar resistência. Este pensamento é o que consegue, hoje, irrigar o essencial das reflexões que resistem à axiomática simplista do homo oeconomicus.

Repensar o útil

Reunidos no seio do Movimento anti-utilitarista nas ciências sociais (Mauss), um grupo de insubmissos (que publicam La Revue du Mauss) se apoia nos trabalhos decisivos – mas pouco conhecidos – do antropólogo francês, sobrinho e discípulo de Emile Durkheim, Marcel Mauss, que morreu em 1950. À sua luz, eles sugerem que nos gestos em relação às outras pessoas, longe de se reduzirem a um frio cálculo, procedem de uma dupla obrigação de oferecer e de receber. Trata-se de um ritual tecido de elãs misturados, imaginado pelos nossos ancestrais ‘selvagens’, para permitir aos homens das origens fazer sociedade, substituindo a rivalidade das armas exterminadoras pela rivalidade da generosidade. No momento em que, em Manhattan e outros lugares, o Ocidente materialista redescobre ansiosamente a remanência das paixões políticas e da irracionalidade religiosa, pode-se continuar a olhar a economia de mercado como o horizonte intransponível da humanidade? A globalização não nos mostra cotidianamente a complexidade da ação humana onde unicamente o interesse tem lugar? Buscando ultrapassar tanto o sacrifício de si, pregado pelas grandes religiões universalistas como o egoísmo radical que funda a atual hegemonia liberal, que traz consigo o deletério ‘choque de civilizações’, para repensar o mundo, segundo Mauss, há uma só saída: retomar, de maneira inédita, toda a herança infinitamente rica de tudo o que foi pensado sobre a felicidade e o útil há vinte e cinco séculos. É este o convite que nos é feito nesta Histoire raisonnée de la philosophie morale et politique”. Atenção: A Editora Unisinos está preparando a tradução e a publicação deste livro. Parabéns, Editora Unisinos!

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Edgar Morin concedeu uma entrevista intitulada Produção de si, transformação social e uma nova arte de viver, publicada na revista Transversales Science – Culture, nº 71, novembro/dezembro de 2001, p. 28-33. A tradução portuguesa está disponível no boletim CEPAT Informa, nº 80, janeiro de 2002, p. 62-69. Para quem tiver interesse na leitura da entrevista ligue para a secretaria do IHU – 590 8474 ou pelo e-mail IHUinfo@poa.unisinos.br


Obs.: Acaba de sair o 5o volume de La Méthode. L’humanité de l’humanité: l’identité humaine, de Edgar Morin. Espera-se a tradução portuguesa.

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LÁGRIMA PATAXÓ Menina chora durante manifestação de índios em Brasília, em frente ao STF, que decidiu por unanimidade retomar o julgamento sobre a delimitação de terras indígenas em área no sul da Bahia.

Publicada na capa da Folha de São Paulo do dia 28/2/02

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"Oh, Gods! An explosion of new religions will shake the 21st century" – é o título da matéria central da revista americana The Atlantic Monthly, february 2002, p. 37-45. Trata-se de uma ampla reportagem que interessa especialmente para o setor Religiões, Teologia e Pastoral do IHU. Pode ser um subsídio para o curso de extensão Religiões e Pós-Modernidade e para o grande evento a ser realizado sobre o tema no segundo semestre de 2002. A coordenadora do Setor 3 está providenciando a tradução do artigo. Mas quem o quiser fotocopiado pode entrar em contato com a secretaria do IHU pelo e-mail IHUinfo@poa.unisinos.br


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A entrevistada relâmpago desta edição é...

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Mari Lúci de Oliveira, 29 anos, é secretária do IHU e está completando os estudos de Secretariado Executivo Bilíngüe Português-Espanhol. Sete anos atrás, ela iniciava seu vínculo com a Universidade como secretária do CEDOPE. Poucos dias atrás, Mari e Paulinho, seu marido, receberam a notícia mais esperada de suas vidas: a vinda do seu primeiro filho ou filha. Maternidade: algo muito esperado, o fato de ter uma vida se gestando dentro de mim não tem explicação, é algo divino. É o começo de tudo A notícia: quando descobri que estava grávida, chorei, chorei, chorei de felicidade...Liguei para meu marido, minha mãe...Até hoje compartilho com todo o mundo que vou encontrando por aí. Valores para compartilhar com a próxima geração: a verdade, a garra para ir atrás das metas, a formação e a sabedoria. Livro marcante: A Última Grande Lição - O Sentido da Vida, de Mitch Albom. Filme: Busca Frenética. Romântico: a parceria do casal no dia-a-dia. Nas horas livres: ficar com o marido, passear, namorar. Um desejo: conhecer a Espanha. Sua cultura me atrai muito. UNISNOS: um lugar bom de trabalhar. Oportunidades para ir atrás dos próprios objetivos. Convivência com pessoas que motivam e impulsionam a sonhar. IHU- uma esperança. Uma nova etapa para todos nós.


Brasil: País bom de se viver, mas está em mãos erradas. Muita corrupção, impunidade e desigualdade social. Meta pessoal: Dar tudo de mim e mais um pouco para criar meu filho e me formar no próximo ano. Secretária: eu sou fascinada por minha profissão. Ser secretária é ser útil full-time. É ser indispensável.

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Aniversários Homenageamos também nesta edição os aniversariantes do mês de janeiro que não foram contemplados no último IHU On Line, veiculado dia 07 de janeiro. Parabéns a todos os colegas aniversariantes do IHU!!!

Janeiro

18 - Ir. Ivan Carlos Pereira (Setor 3, ivan@poa.unisinos.br - ramal 4122) 18 - Olga Fresia Collinet Heredia (Setor 1, olga@bage.unisinos.br - ramal 1175) 25 - Pe. José Ivo Follmann (Setor 3, follmann@poa.unisinos.br - ramal 1100)

Fevereiro

04 - Caren Joana Sbabo (Comunicação, caren@poa.unisinos.br - ramal 4128) 13 - Mari Lúci de Oliveira (Secretaria, mari@poa.unisinos.br - ramal 1171) 16 - Domingos Donida (Setor 2, donida@helios.unisinos.br - ramal 3303) 19 - Águeda Bichels (Setor 3, agueda@juris.unisinos.br - ramal 4127) 28 - Dulce Maria de Oliveira (Setor 2, dulce@poa.unisinos.br - ramal 1112)


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