12 chegadas O Allgarve sai para a rua 38 partidas Marraquexe, a aventura dos sentidos
mAGAzINe
Nº10 JULHO 2010
Inovação: quando o conhecimento se transforma em riqueza.
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ENTRE CHEGADAS E PARTIDAS, DESCUBRA AS LOJAS, OS RESTAURANTES E AS CAFETARIAS DO AIRPORT SHOPPING DISCOVER OUR SHOPS, RESTAURANTS AND COFFEE SHOPS BETWEEN ARRIVALS AND DEPARTURES
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editorial INOVAÇÃO E RESULTADOS
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e 2009 ficou marcado pela instabilidade na economia, com forte impacto no transporte aéreo, posso dizer que a ANA atravessou bem esse ano difícil. O Grupo ANA teve um resultado líquido de 43 milhões de euros – uma melhoria face a 2008. Já a ANA S.A. teve um resultado líquido de 54,5 milhões de euros, face aos 44 milhões de 2008, e um lucro operacional 12% maior. Isso, num ano em que os aeroportos do Grupo tiveram uma quebra de tráfego de 3,3%. Este desempenho resulta da mobilização de todos os colaboradores para encontrar novas soluções na gestão de custos e, ao mesmo tempo, intensificar a captação de novos mercados, em conjunto com os nossos parceiros. Foi assim que, apesar das dificuldades, pudemos continuar a preparar o futuro. Nos negócios não-aviação, acelerámos a transformação das áreas comerciais dos aeroportos, tornando-as ainda mais atractivas. Mantivemos a aposta na qualidade do serviço e continuámos a melhorar as infra-estruturas em Lisboa, Ponta Delgada e Faro. Reforçámos ainda outro alicerce da nossa sustentabilidade: a inovação. Afirmando-nos cada vez mais como produtores de know-how, redefinimos a nossa política para esta área e implementámos um Sistema de Gestão da Inovação – cuja certificação, no fim de 2009, coloca a ANA numa elite de empresas portuguesas. Sabemos que a inovação é um processo que visa criar valor, respondendo às exigências dos clientes. Conhecer as necessidades do mercado e procurar a melhor forma de as satisfazer requer empenho, trabalho, criatividade. Assim, definimos processos e reorganizámos as estruturas internas ligadas à inovação de forma a estimular novas ideias, propiciando o aparecimento de equipas multidisciplinares e um alinhamento
Afirmando-nos cada vez mais como produtores de know-how, redefinimos a nossa política para esta área e implementámos um Sistema de Gestão da Inovação – cuja certificação, no fim de 2009, coloca a ANA numa elite de empresas portuguesas. A. Guilhermino Rodrigues
Presidente do Conselho de Administração da ANA
com as necessidades do mercado – especialmente do mercado internacional. Sabemos também que o trabalho em rede é vital para a inovação, pelo que temos parcerias com empresas, universidades, agências europeias de cooperação, e reforçámos ainda mais a aposta nas pessoas e na sua qualificação. Se até aqui tivemos um bom desempenho mesmo em momentos complicados, sabemos que os desafios à nossa frente não tendem a ser mais fáceis – pelo contrário. A aposta na inovação permite-nos olhar para esse futuro com a confiança de sempre.
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_sumário editorial 03
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em foco
Quais são as empresas mais inovadoras? Porque reconhecem os parceiros que a ANA tem condições únicas para se tornar numa referência nacional em termos de inovação? chegadas 12
30 Apoio às crianças do Haiti
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entrevidas
Isabel Caetano conta porque é que a inovação e os descobrimentos têm tanto em comum. Para a coordenadora da COTEC , em ambos os casos trata-se de arriscar, avançar para o desconhecido e aceitar desafios. inovação 24 insights 28
38 Marraquexe FICHA TÉC NIC A
A aventura dos sentidos
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12 O Allgarve sai para a rua
PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - Portugal Tel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 amagazine@ana.pt DIRECÇÃO: Octávia Carrilho PROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas LX Factory - Rua Rodrigues Faria; 103 1300-501 Lisboa Tel 217 249 292 hamlet@hamlet.com.pt www.hamlet.com.pt REDACÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme Kopke DESIGN: André Remédios FOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas LX Factory - Rua Rodrigues Faria; 103 1300-501 Lisboa Tel 217 249 292 IMPRESSÃO: Madeira & Madeira Rua Cidade de Santarém, Quinta do Mocho Zona Industrial - 2000-831 Santarém PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 5 000 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 273250/08 ISSN: 1646-9097
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ambientes
A Associação GRACE comemora este ano uma década dedicada à promoção da responsabilidade social empresarial e da cidadania corporativa. follow me 34 partidas 38
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lifestyle
Com mais e melhores marcas, o Aeroporto do Porto está cada vez mais cosmopolita. aldeia global 48 passageiro frequente 50
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_em foco
SOU HI-TECH, LOGO INOVO? Embora a inovação seja transversal a todos os sectores de actividade, é inegável que as empresas de tecnologia têm quase uma apetência natural para inovar. São elas que aparecem nos rankings de inovação com os seus produtos que, quase sempre, têm um impacto directo na vida das pessoas.
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o ranking que a revista norte-americana Business Week publica todos os anos das empresas que mais se destacam pela inovação, voltaram a aparecer em 2010 nos lugares de topo os gigantes da tecnologia: a Apple, a Google e a Microsoft, logo seguidas pela IBM. Entre as principais e mais recentes novidades, a Apple trouxe-nos o iPhone 3GS, além do tão esperado iPad. A Google criou a plataforma multifuncional Google Wave, o sistema operacional Android para smartphones e planeia agora lançar a internet Fiber, uma ligação até cem vezes mais rápida do que a média utilizada nos EUA. A Microsoft por seu turno aperfeiçoou o Windows Vista e lançou o Windows 7. O próximo passo será o Microsoft Outlook 2010, que sincroniza email, contactos e aplicativos de redes sociais. Embora a inovação não seja um reduto das empresas hi-tech, é inegável que estas são as que mais produtos e serviços novos (e inovadores) põem no mercado a cada ano que passa. Para elaborar este ranking, a Business Week envia um questionário com 21 perguntas a executivos seniores de todo o mundo para saber quais as empresas mais inovadoras do ano que passou. Este ano a lista foi formada com base nas 1590 respostas obtidas. O Windows 7 é a mais recente versão do Microsoft Windows e foi lançado menos de 3 anos depois do Windows Vista.
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O iPad, da Apple, foi apresentado como um dispositivo situado a meio caminho entre um notebook e um smartphone.
As set top boxes, produzidas pela Novabase, revolucionaram a forma como as pessoas vêem televisão em Portugal.
Em Portugal uma das empresas que mais se destaca no campo da inovação, também ligada às tecnologias, é a Novabase. Nos últimos dados públicos, de 2007, a tecnológica ocupava o 4º lugar no ranking das empresas que mais investem em investigação e desenvolvimento (I&D) atrás da Bial, da CGD e da EDP. Muitas das inovações que desenvolveu tiveram um impacto real na vida dos portugueses, para não ir além fronteiras (onde a empresa também opera). Foi o caso das boxes da televisão digital que todos temos em casa hoje, dos sistemas de bilhetes electrónicos em vários transportes públicos, dos portais da administração pública que simplificaram em muito a vida dos cidadãos. Ou, para citar apenas outro projecto inovador que terá resultados visíveis no futuro próximo e mudará a face das nossas cidades: o carro eléctrico. David Faustino, Senior Manager da Novabase, refere que na empresa a investigação e desenvolvimento (I&D) é focada em problemas reais, orientados pelas necessidades dos clientes e dos clientes dos seus clientes: os consumidores finais. “Pomos a tecnologia ao serviço da melhoria da experiência do cliente final. A inovação resulta na maior parte das vezes do trabalho de equipas multidisciplinares e envolve conhecimento de service design, do negócio do cliente e das tecnologias de informação e comunicação”. Portugal tem feito um percurso notável nos últimos anos, que se reflecte na convergência de vários indicadores relativos à I&D com as melhores práticas europeias: o investimento português em I&D passou de 0.8% do PIB em 2005 para 1.2% em 2007; os novos doutorados, cerca de 700 em 1998, ultrapassaram os 1400 em 2007; há mais pessoas e recursos envolvidos em I&D e inovação.
A Google desenvolveu o sistema operacional Android para smartphones.
No entanto, “por que não se sabe isso?”, interroga-se David Faustino. “As empresas têm comunicado menos e menos bem do que deveriam. Para além de ‘fazer’ inovação, há que saber comunicá-la”, defende. E isso passa por focar não na tecnologia mas no benefício e nas soluções que ela traz para as pessoas. Ou seja, traduzir a inovação em boas histórias.
O Google Wave, uma plataforma única para os serviços de e-mail, instant messaging, wiki e social networking, funciona com qualquer browser e em qualquer sistema operativo.
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_em foco
CADA VEZ MAIS INOVADORES Co m o s i s t e m a d e g e s tão d a inovação certific ado e vá r io s p r oj e c to s e m d e s e nvo lvi m e n to , 2 0 1 0 é o in í c io d e u m a nova fa s e na inovação d a A N A . Pa r c e i r o s r e con h e c e m que a empresa tem con d iç õ e s ú ni c a s pa r a s e to r na r n u m a r e f e r ê n c ia na c iona l em termos de inovação.
Alguns projectos desenvolvidos pela ANA são soluções tecnológicas baseadas em sistemas de localização como o GPS/EGNOS.
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pesar do nome intimidante, o projecto G-AOC tem uma função relativamente simples: possibilita a produção e actualização frequente de Georeferenced Airport Obstruction Charts (G-AOC), para as áreas envolventes dos aeroportos, de acordo com as exigências da ICAO, a Organização da Aviação Civil Internacional, a um custo inferior ao praticado com as tecnologias actualmente disponíveis. É o primeiro projecto desenvolvido pela ANA para o qual foi feito um pedido provisório de patente. A utilidade do projecto foi reconhecida pela Agência Espacial Europeia, que se propôs não só co-financiá-lo como a participar no seu desenvolvimento. Por outro lado, o Instituto Nacional de Aviação Civil apoia tecnicamente o projecto e promove a sua divulgação junto de organismos internacionais. Este é um dos vários projectos de investigação, desenvolvimento e inovação (IDI) que a ANA tem em curso, em parceria com outras organizações, instituições e indústria. Como refere Augusto Casaca, coordenador de I&D do INOV, uma entidade sem fins lucrativos pertencente ao Sistema Científico Tecnológico Nacional com a qual a empresa mantém uma parceria estratégica na área da inovação, “a ANA tem condições únicas no seu sector para potenciar novos produtos e novos negócios e para ser uma empresa de referência no campo da inovação”. Foi esse objectivo que ficou expresso na Política de Inovação da ANA, na sequência dos processos que levaram à certificação do Sistema de Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação (SGIDI), obtida no final do ano passado. É inegável que depois da certificação do SGIDI a inovação na ANA entrou numa nova fase. A implementação deste sistema é sinónimo do compromisso por parte da empresa de encarar a inovação de uma forma sistemática e também da sua decisão de beneficiar das vantagens competitivas que a inovação oferece, numa economia cada vez mais globalizada. Embora nem a criatividade nem a inovação surjam por decreto, Júlio Faceira, consultor que acompanhou a ANA durante o processo da certificação, não tem dúvidas de que, se eficazmente gerido, “o SGIDI pode incentivar a aprendizagem contínua, promover o surgimento de empreendedores e entusiasmar os profissionais para o pensamento imaginativo”. Em suma, pode acelerar e sistematizar a inovação. Na ANA as actividades de inovação são coordenadas pelo Gabinete de Inovação e Projectos Tecnológicos Especiais (GIPTE), composto por 4 pessoas, e com a participação a tempo parcial de outros colaboradores da empresa (em 2009 foram 90).
“A ANA TEM CONSEGUIDO CRIAR UMA REDE DE INOVAÇÃO” A parceria estratégica entre a ANA e o INOV tem possibilitado o intercâmbio de conhecimento entre universidade e utilizador final, uma mais-valia indispensável para desenvolver soluções adequadas ao mercado, competitivas e de acordo com o estado da arte. A parceria tem também dinamizado a participação conjunta em projectos de investigação europeus no âmbito de consórcios com institutos e empresas de referência no sector. O INOV dispõe já de um laboratório com recursos afectos para o desenvolvimento de soluções aeroportuárias no âmbito acima referido. Até ao momento já foram publicados internacionalmente cerca de dez artigos científicos em conjunto com a ANA . A ANA tem partilhado o seu know-how com o INOV e demais entidades, tendo conseguido criar uma rede de inovação à sua volta. É também de salientar o elevado profissionalismo que coloca no desenvolvimento das suas actividades de I&D assegurando aos seus parceiros a concretização dos objectivos de acordo com os compromissos assumidos.
Augusto Casaca Coordenador INOV da parceria estratégica IDI com a ANA
A Agência Espacial Europeia é uma das instituições europeias com que a ANA mantém iniciativas estratégicas. O Sistema de Monitorização de Pistas, desenvolvido pela ANA e o INOV, detecta o contorno exacto dos objectos na pista facilitanto a sua identificação.
Quando se fala de inovação e de gestão aeroportuária é imprescindível, como nota Isabel Oliveira, responsável pelo GIPTE, falar do papel que está reservado aos aeroportos na definição da legislação do transporte e do espaço aéreo que vai vigorar com o Céu Único Europeu, a partir de 2020. Para isso existe o Programa SESAR (Single European Sky ATM Research) que é o braço tecnológico para a nova gestão do tráfego aéreo na Europa. Dentro dos projectos de inovação que a ANA tem actualmente em curso, destacam-se alguns que têm especial impacto no desempenho da actividade e poderão ser úteis no quadro das alterações impostas pelo Céu Único Europeu. É o caso do Sistema de Monitorização e Alerta (SMA), que mostra como a inovação pode ser transversal à empresa e aglutinadora de vários projectos, usando tecnologias já desenvolvidas e tirando proveito delas. “Mala Segura” é outro projecto que se encontra em fase adiantada de desenvolvimento e em que a ANA participa. Trata-se de uma solução que poderá contribuir para solucionar o problema das irregularidades no tratamento da bagagem, através da tecnologia RFID. A incorporação de um dispositivo nas malas dos passageiros permite monitorizar a bagagem em cada etapa do processo de transporte, tornando o processo mais eficiente e reduzindo os riscos de extravio. Para Augusto Casaca, a parceria entre a ANA e o INOV tem permitido a consolidação do know-how sobre transporte aéreo e sobre o sector aeroportuário, em particular nos domínios da segurança e da eficiência operacional. “O
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_em foco ABORDAGEM SIMPL IF IC ADA AO SGIDI DA ANA É inegável que a ANA, e particularmente a ANA Consulting, evidencia uma maturidade na promoção de um conjunto de acções que promovem o capital intelectual, o reforço na apropriação da propriedade intelectual, a optimização do conhecimento. É, contudo, evidente a necessidade de reforçar a qualidade da gestão do ciclo “daideia-ao-negócio”, assim como a eficácia das actividades de captação de novo conhecimento na envolvente da organização, a implementação de um excelente sistema de gestão das ideias potencialmente inovadoras, factor catalisador e estruturante para uma inovação contínua. O SGIDI é mais um instrumento de gestão das actividades de inovação, que exigiu a sistematização de um conjunto de linhas orientadoras, materializadas na Politica de Inovação, que reforçam o foco da administração no seu comprometimento com a inovação, na promoção de uma cultura na qual o capital humano, a criatividade, a experimentação, a abertura ao exterior sejam uma constante. Estas intenções foram desdobradas em objectivos e para promover a sua concretização foi definido um conjunto de metodologias, que são evidentemente objecto de uma permanente reflexão e readequação, não só face aos resultados que se obtêm, mas também à evolução do negócio e da envolvente. A qualidade do SGIDI exige um contínuo investimento de recursos financeiros e intelectuais, mas se eficazmente alinhada com a estratégia da organização pode potenciar os investimentos na inovação e constituir uma opção privilegiada para o ganho de vantagens competitivas e o consequente crescimento sustentado da ANA.
J ú l i o F a c e i ra Consultor COTEC e consultor da ANA na certificação do SGIDI
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Da esquerda para a direita, Luís Castanho, Tomás Baganha, director da ANA Consulting, Isabel Oliveira, Cristina Fava e Artur Arnedo são a equipa do Gabinete de Inovação da ANA.
know-how do INOV tem possibilitado privilegiar em parceria soluções de base tecnológica baseadas em sistemas de localização (GPS/EGNOS), redes de comunicação sem fios, sistemas GIS e soluções RFID, tendo sempre como referência os standards e requisitos aplicáveis e as orientações do Programa SESAR”, refere o professor. Algumas dessas soluções estão em condições de serem operacionalizadas nos aeroportos do Porto e de Lisboa e, diz Augusto Casaca, de serem colocadas no mercado, através de parcerias estratégicas com a indústria ou através de spin-offs (novas empresas que nascem a partir de um grupo de pesquisa formado normalmente com o objetivo de explorar um novo produto ou serviço de “Alta tecnologia” alta tecnologia). Este foi de resto um objectivo expresso pela administração da empresa quando em meados de 2008 decidiu reunir a inovação e a área de internacionalização sob a alçada da ANA Consulting. Destas actividades destacamse os projectos em colaboração, co-financiados ao nível nacional ou comunitário, e dentro de iniciativas
Dentro dos projectos de inovação que a ANA tem actualmente em curso, destacam-se alguns que têm especial impacto no desempenho da actividade e poderão ser úteis no quadro das alterações impostas pelo Céu Único Europeu. estratégicas com instituições europeias relevantes (SESAR, ESA, EUROCONTROL), nas vertentes de segurança (safety e security), operações, ambiente e inter-modalidade. Os projectos de I&D em que a ANA tem vindo a participar, para além de aquisição de conhecimento, aportaram à empresa apoios e incentivos financeiros da ordem de 1 milhão e meio de euros. Ao participar nestas iniciativas, a ANA é vista e reconhecida como um parceiro credível e valioso para projectos de investigação, desenvolvimento e inovação e, consequentemente, vai recebendo cada vez mais solicitações semelhantes.
_em foco
EGNOS BOAS NOTÍCIAS PARA OS AEROPORTOS A
lém do desejado aumento do tráfego aéreo, o Verão trará uma outra boa notícia para os aeroportos: a certificação do EGNOS para a navegação aérea, de acordo com as normas da ICAO – International Civil Aviation Organisation. O EGNOS, European Geo-stationary Navigation Overlay Service, iniciou a fase operacional em Abril de 2009. Agora, com a certificação, tornar-se-á a primeira infraestrutura comunitária de navegação por satélite no quadro do Céu Único Europeu. Trata-se de um sistema regional que vem suprir as limitações do GPS – Global Positioning System – em aplicações que possam pôr vidas em risco. Uma das suas características principais é informar sobre a fiabilidade dos sinais GPS, alertando para a eventual necessidade de meios de navegação alternativos. Outro benefício é permitir uma localização bastante mais precisa. Especialmente importante para a navegação aérea é o aumento da precisão vertical, que é de 2-3 metros contra os 20-30 metros do GPS. Portugal tem participado no desenvolvimento do EGNOS através da NAV, uma das oito entidades accionistas da empresa que opera e mantém a infraestrutura. Três das estações de referência do sistema estão localizadas em território nacional (Lisboa, Açores e Madeira). Voltando às boas notícias, a principal é que a precisão vertical do EGNOS permite aterragens em condições equivalentes às dos dispendiosos sistemas ILS CATI, ou Instrument Landing System – Category 1. Assim, aeroportos até agora limitados por condições de visibilidade ganham novas oportunidades de utilização, permitindo uma gestão mais eficiente das infraestruturas. Mesmo nos aeroportos já equipados com ILS, o EGNOS permite aproximações não lineares que, tendo em conta, por exemplo, a topografia e a densidade populacional, diminuem o risco e o impacto ambiental. Graças ao EGNOS, o prestador de serviços de navegação aérea francês já anunciou planos para desactivar sistemas ILS CATI em aeroportos franceses até 2020 e para publicar, até 2016, procedimentos de aterragem baseados no EGNOS para todas as pistas equipadas com meios de suporte à navegação. Um estudo recente da GSA, autoridade de supervisão do Global Navigation Satellite System europeu, estima que o benefício económico do EGNOS para a aviação civil na Europa será de 2,4 mil milhões de Euros nos próximos vinte
Pedro Pedreira
Director Executivo da Autoridade de Supervisão do GNSS (*) Europeu (*) Global Navigation Satellite System
anos. Serão 1.2 mil milhões da redução de atrasos, desvios e cancelamentos de voos, 900 milhões da redução de colisões e 300 milhões de euros da desactivação de equipamentos de navegação aérea. Um estudo do Eurocontrol para aeroportos de média e pequena dimensão estima que, por exemplo, os custos no aeroporto de Bellegarde (Limoges), que actualmente usa ILS CATI, poderiam ser reduzidos em mais de 270 mil euros por ano com o EGNOS. Os aeroportos podem ainda beneficiar do EGNOS para localização e navegação de veículos terrestres no perímetro aeroportuário. A ANA tem sido pioneira no desenvolvimento e teste de aplicações nesta área, inclusive através da participação em projectos europeus. A experiência da empresa poderá mesmo ser aplicada fora do perímetro aeroportuário, em articulação com outros serviços de transporte, para benefício dos prestadores de serviços e dos utilizadores do aeroporto.
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_chegadas
O ALLGARVE SAI PARA A RUA
A grande novidade da edição do Allgarve deste ano é a animação de rua em várias cidades com a actuação de companhias internacionais de novo circo. Continuam os espectáculos musicais e desportivos e os eventos gastronómicos que fazem do Algarve um apetecível destino de férias. “Rêve d’Herbert” é o espectáculo que a Compagnie des Quidams vai trazer ao Algarve em Julho.
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Les Farfadais e o seu universo fantástico e mitológico vão estar em Vila Real de Santo António.
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esde 2007 que um programa recheado de música, arte, animação, desporto e gastronomia é proposto a quem visita o Algarve. O Allgarve começou por se restringir aos meses de Verão mas actualmente já vai de Fevereiro a Novembro. A 4ª edição contabiliza cerca de 90 eventos divididos em 7 áreas temáticas, com uma estreia: animação, artes de rua e novo circo. Além de ser novidade, no campo das artes de rua e novo circo há um cartaz repleto de agradáveis surpresas – em quantidade e qualidade – com a vantagem de serem espectáculos gratuitos. O novo circo é um movimento recente que adiciona às técnicas de circo tradicionais a influência de outras linguagens artísticas como a dança e o teatro ou a música. O novo circo também se distingue do circo clássico por existir um fio condutor que une todo o espectáculo, em vez de apresentarem números separados.
O Grupo Puja nasceu na Argentina em 1998 e descreve-se como “um grupo de teatro de acrobacia em altura”, criando espectáculos que põem o público de olhos no céu. No dia 1 de Julho vai montar “Do Do Land” no Largo do Carmo, em Tavira, um espectáculo aéreo e visual que tem como ponto de partida a Alice de Lewis Carroll e as suas imersões no País das Maravilhas. A partir daí o grupo cria um mundo de sonhos, valendo-se de elementos tecnológicos e arquitectónicos que o lugar ofereça para surpreender pequenos e grandes. Também em Tavira, duas semanas depois, é a vez do grupo La Salamandre dar corpo ao seu espectáculo de rua, com música, teatro, dança e muita pirotecnia à mistura. Nascido em 1990 em Besançon, na França, este grupo construiu a sua história em torno da ideia de “brincar com o fogo”, um elemento que está sempre presente nas suas apresentações. “Enormes figuras brancas avançam na escuridão, aparecem detrás de uma árvore, na curva de uma esquina...com uma linguagem de gestos lentos e silêncios iniciam estranhos
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_chegadas encontros secretos e convidam-nos para os seguir. Passo a passo transformam-se em criaturas com 4 metros de altura, deformadas e majestosas, desajeitadas e etéreas e, como se viessem de outro planeta, as suas cabeças iluminam-se. Depois as enormes silhuetas levam-nos para junto de uma estrela luminosa e, ao som de uma música que enfeitiça, a estrela eleva-se no céu, tal como a Lua, tal como num sonho...”. É desta forma que a Compagnie des Quidams, também de França, procura despertar o interesse dos espectadores, para o seu mais recente espectáculo, “Rêve d’Herbert”, que será apresentado no simpático Largo do Carvoeiro, em Lagoa, no dia 17 de Julho. A 13 de Agosto os espanhóis Sarruga saem à rua no calçadão de Quarteira com os seus insectos gigantes que interagem com o público. O projecto Sarruga nasce a partir de uma ideia muito elementar: construir figuras de papel em tamanho gigante. Para a animação e deslocação das esculturas foram
O espectáculo de rua do grupo La Salamandre envolve música, teatro, dança e fogo.
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inventadas engenhosas construções em ferro que se movem utilizando técnicas rudimentares como por exemplo os pedais de uma bicicleta. Também de Espanha vem a dança vertical da Compañia B612. Este tipo de dança traz diferentes maneiras de deslocamento aéreo, com a base de apoio no sentido vertical o que possibilita a descoberta de imensas figuras e formas corporais. Muitas vezes as coreografias usam a fachada de um edifício ou a parede de um palco, estando os artistas pendurados com cordas. A ilusão que se cria durante a representação é a de que a parede é o chão e os artistas são atraídos para ela. Nestes espectáculos mistura-se a dança contemporânea e a escalada, sendo frequente o uso da tecnologia multimédia com a projecção de vídeos ou imagens sobre a superfície vertical. Já perto do final de Agosto são os La Fura dels Baus que vão trazer cor e movimento ao centro de Lagos, com a representação de “Gnosis”. Bem conhecidos do público português, desta vez os catalães vão fazer do Infante D. Henrique a figura central do espectáculo e vão contar com a participação de 60 elementos de estruturas associativas da cidade. La Fura dels Baus vão trazer cor e movimento ao centro de Lagos, com a representação de “Gnosis”.
“Do Do Land” é e interpretação do grupo argentino Puja da história de Lewis Carroll.
Les Farfadais, uma das mais prestigiadas companhias de novo circo do mundo – que actuou no Mónaco por convite expresso do Príncipe Alberto e em Milão como convidada de honra da Louis Vuitton – traz o seu universo fantástico e mitológico a Vila Real de Santo António. Este grupo francês tem um espectáculo aéreo cheio de fantasia e sonho, com acrobacias que não vão deixar ninguém indiferente. Algumas feiras e festivais vão também animar as noites de quem escolher o Algarve para as suas férias. É o caso do Festival Med, em Loulé, já em Junho, do Festival Al-Bhuera, em Albufeira, o Sete Sóis Sete Luas, a Feira Medieval de Silves e ainda os dias medievais de Castro Marim. Dentro da música há programação para todos os gostos, desde a clássica, com ópera, bailado e orquestra; ao jazz, com nomes sonantes como Diana Krall ou Jane Monheit; à pop, com destaque para a bossa nova dos franceses Nouvelle Vague ou as novas sonoridades de Jamie Cullum. O programa de arte abrange muitas exposições em sítios tão diversos como as ruínas romanas de Milreu, em Estoi, ou a Fortaleza de Sagres. Além da gastronomia, que é outro trunfo forte da organização, o Allgarve10 traz ainda uma variada programação desportiva, englobando desde provas de saltos hípicos até ao Le Mans Series no Autódromo Internacional do Algarve. São motivos mais do que suficientes para uma deslocação ao Algarve nos próximos meses.
Os insectos gigantes dos Sarruga interagem com o público e agradam aos crescidos e às crianças.
TODA A PROGRAMAÇÃO EM www.allgarve.pt.
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_chegadas
FARO UM AEROPORTO EM EXPANSÃO O maior aeroporto turístico português está em expansão. Quando terminarem as obras, o Aeroporto de Faro terá capacidade para 30 movimentos por hora e para 8 milhões de passageiros por ano.
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ão é novidade para ninguém que o Algarve de hoje já não é o mesmo de há 10 anos, para não ir mais longe. O turismo mudou e essa mudança sente-se, antes de mais no Aeroporto de Faro. Das cerca de 30 companhias aéreas a operar para mais de 60 destinos regulares, a maioria são low cost. Oitenta por cento dos 45.803 movimentos de aeronaves registados em 2008 ocorreram entre Abril e Outubro. Face à nova tipologia de tráfego e perfil do passageiro, foi necessário elaborar um projecto de desenvolvimento e expansão que preparasse o aeroporto para os novos desafios do turismo à escala internacional. O Plano de Desenvolvimento do Aeroporto de Faro teve início em Março de 2009 e prevê-se que esteja concluído até 2013. Vai decorrer em 2 fases: entre 2009 e 2013 a ampliação e remodelação das áreas operacionais; de 2011 a 2013 a remodelação do terminal de passageiros e acessos terrestres. Aumentará para 33 as posições de estacionamento de aviões; a capacidade da pista passará de 22 para 30 movimentos por hora; o fluxo de passageiros por sentido vai passar de 2400 para 3000 passageiros por hora; e a capacidade máxima do aeroporto (partidas e chegadas) aumentará de 6 para 8 milhões de passageiros por ano. No Terminal de Passageiros a remodelação irá no sentido de o tornar mais funcional e agradável a passageiros e visitantes, potenciando também o negócio dos concessionários. Toda a obra envolve um total de 130 milhões de euros.
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O Aeroporto de Faro teve, desde a sua abertura em 1965, um papel fundamental no desenvolvimento económico do sul do país. Hoje, com cerca de 5,5 milhões de passageiros – dos quais cerca de 93% são turistas de visita à região – o aeroporto serve os principais pólos de turismo do sul de Portugal e Espanha, respondendo com eficiência a um fluxo de tráfego com picos sazonais acentuados. A ANA preocupou-se sempre em adequar a infra-estrutura e serviços do aeroporto ao desenvolvimento do tráfego aéreo e às necessidades das companhias aéreas e dos passageiros, mantendo elevados padrões de segurança e níveis adequados de qualidade do serviço prestado.
Das cerca de 30 companhias aéreas a operar para mais de 60 destinos regulares, a maioria são low cost. Ao longo dos anos diversos melhoramentos foram feitos. A construção da nova aerogare em 1989 e a sua ampliação e modernização em 2001, por exemplo, foram decisivas para que a capacidade de resposta do Aeroporto de Faro estivesse sempre à altura dos desafios impostos pelo crescimento do turismo na região. Dada a proximidade com o Parque Natural da Ria Formosa e de acordo com a Política de Ambiente da ANA, seguida em todos os aeroportos, houve também um acentuado empenho em prevenir e minimizar os impactes resultantes da actividade do aeroporto no ambiente e nas comunidades que o envolvem. Agora, como antes, são seguidas rigorosas medidas de gestão ambiental ao nível do ruído, da qualidade do ar, energia, avifauna, efluentes líquidos, solos e recursos hídricos. Para que o Aeroporto de Faro possa crescer mas em harmonia com a natureza.
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_entrevidas
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VOLTAR AO MAR
Isabel Caetano trabalha todos os dias para desmistificar a ideia de que a inovação é só para alguns: para alguns sectores, para algumas empresas, para alguns iluminados. Para a coordenadora da COTEC o caminho do progresso faz-se através da inovação e da internacionalização. Mesmo que isso signifique voltar ao mar. O que para um português não é extraordinário.
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ostava de ter mais tempo para fazer desporto. Além de umas caminhadas muito de vez em quando não consegue planear mais nada. Um horário num ginásio é impraticável porque tão depressa está na Delta em Campo Maior, como na Cerealis, na Maia, na Controlvet, em Tondela, ou noutro sítio qualquer. Há vários anos que Isabel Caetano vive em cruzamentos, como ela própria diz, entre pessoas, empresas, instituições, em reuniões, eventos. Quando em 2003 surgiu a COTEC Portugal, impulsionada pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, foi chamada para a equipa executiva. Vinha da Agência de Inovação onde já se dedicava à inovação empresarial e à ligação entre os institutos e universidades e as empresas.
Na COTEC Isabel Caetano tornou-se responsável pela promoção do desenvolvimento sistemático da inovação no interior das empresas. Ou, dito de outra forma, por quebrar a ideia de que a inovação surge por acaso. “A inovação tem que ser pensada e trabalhada de um modo sistemático para se atingirem resultados no médio e longo prazo. Isto significa que é preciso ter processos estruturados e práticas instaladas para que as coisas se alimentem e comecem a gerar esses resultados”. Foi para lançar no terreno estas ideias que surgiu a Iniciativa Desenvolvimento Sustentado da Inovação (DSIE), que Isabel Caetano coordena. Numa primeira fase desenvolveram-se alguns instrumentos para ajudar na tarefa. Assim surgiu o Innovation Scoring, um questionário com 43 perguntas a que as empresas respondem para se avaliar a sua situação em termos de inovação. “Como quando vamos ao médico: primeiro temos de saber como é que estamos e depois
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encontrar terapêuticas para ultrapassar fragilidades e melhorar a situação. E este diagnóstico serve para isso”. De um piloto realizado com 15 empresas resultou uma versão final que está a ser usada nas empresas. Entretanto, desenvolveu-se uma cooperação com o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) para a divulgação deste instrumento em todo o país, independentemente de se tratar de empresas associadas da COTEC ou não. Qualquer empresa portuguesa pode também aceder a este sistema de avaliação (www.innovationscoring.pt ou .com) e fazer uma auto-avaliação. Neste momento cerca de 250 empresas já validaram o Innovation Scoring. “A inovação é um tema que é transversal dentro das organizações. Sugerimos que o exercício seja feito de uma forma global e resulte de um esforço de reflexão interna que envolva um número alargado de pessoas”. Outra ferramenta criada foi a primeira norma portuguesa para os sistemas de gestão da inovação, a NP 4457/2007, que depois deu origem aos processos de certificação. Houve uma primeira fase com um grupo de 15 empresas que implementaram um sistema de gestão da inovação e depois o certificaram, no final de 2007. A ANA entrou numa segunda vaga de empresas que obtiveram a certificação no final do ano passado e agora a COTEC já está a trabalhar com um terceiro grupo que deverá obter a certificação no final deste ano. Entre as vantagens de uma empresa ter um sistema de gestão da inovação está a introdução de práticas e de processos de trabalho que Neste momento cerca de garantem um melhor 250 empresas já validaram a co m p a n h a m e n to o Innovation Scoring. daquilo que vai sendo feito em termos de gestão da inovação. “Estamos a falar de coisas tão diversas como a gestão de ideias, o estímulo à criatividade, a gestão de projectos, a monotorização e avaliação de resultados, a gestão do conhecimento, que é muito importante para que a organização possa valorizar o conhecimento que tem intramuros ou aquele a que pode aceder extramuros”. Isabel Caetano não tem dúvidas de que para um desempenho inovador são
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necessários processos bem estruturados. “Não quer dizer que casuisticamente não haja um sucesso ou outro em termos de inovação, mas para sustentar o desempenho inovador é preciso que as organizações tenham as peças certas a funcionar numa engrenagem mais oleada”. A par disto foi também desenvolvida uma metodo-logia de classificação das actividades de investigação, desenvolvimento e inovação que contribui, diz, “para que as empresas arrumem a “A inovação é um tema casa”. Por vezes as empresas dentro das desenvolvem actividades transversal de inovação, como utilizar organizações. Sugerimos que pela primeira vez um o exercício seja feito de uma sistema de e-commerce, forma global e resulte de um ou fazer pela primeira vez esforço de reflexão interna uma campanha publicitária que envolva um número considerada inovadora, mas estão dispersas, umas na alargado de pessoas”. área do marketing, outras nos sistemas de informação, outras na comunicação, etc. “As iniciativas devem ser enquadradas num mesmo olhar e esta metodologia serve para perceber o todo em matéria de inovação”, explica. A outra área da sua responsabilidade na COTEC é a Rede de Pequenas e Médias Empresas Inovação (Rede PME Inovação) que já abrange cerca de 120 empresas. Mas não é qualquer
O questionario pode ser encontrado em: www.innovationscoring.pt
Isabel Caetano recusa a ideia de que existam áreas mais propícias à inovação e, para o provar, aponta as bolsas de criatividade e de excelência que existem tanto em sectores mais tradicionais, como os têxteis ou o calçado, como nos de grande intensidade tecnológica, como a aeronáutica, a farmacêutica ou os transportes. empresa que tem entrada nesta rede. “São empresas de pequena e média dimensão que se distinguem de outras pelo seu perfil e desempenho inovador. São também empresas que procuram a COTEC para potenciar sinergias entre elas e com as grandes empresas e que nós apoiamos para que cresçam mais e mais depressa, se tornem robustas e atinjam mercados globais”. Isabel Caetano recusa a ideia de que existam áreas mais propícias à inovação e, para o provar, aponta as bolsas de criatividade e de excelência que existem tanto em sectores mais tradicionais, como os têxteis ou o calçado, como nos de maior intensidade tecnológica, como as TIC, a aeronáutica, a farmacêutica ou os transportes. “Partir da ideia de que a inovação é algo restrito a um grupo de privilegiados é partir de um preconceito. É necessário desmistificar a ideia de que a inovação só ocorre nalguns sectores ou em algum tipo de empresa ou com algumas pessoas iluminadas. É nisso que trabalhamos todos os dias na COTEC”. A nível nacional, o país tem feito progressos importantes e melhorado em quase todos os parâmetros de avaliação em rankings internacionais. No European Innovation Scoreboard – um instrumento da Comissão Europeia para comparar a performance de inovação dos estadosmembros – Portugal passou de ser considerado um país “Catching-up” (que é como quem diz, a tentar apanhar o comboio) para a classificação “moderate innovator” (moderadamente inovador). “Isto faz parte de um caminho que depois vai ter reflexo noutras áreas, porque quando melhora o desempenho em termos
de inovação, sabemos que esse desempenho é suportado por uma população mais qualificada, mais culta, com mais capacidade de manter a competitividade face ao exterior. E isso vai influenciar o nosso posicionamento em termos globais”, defende Isabel Caetano. Aliás, a relação entre inovação e internacionalização é para Isabel Caetano indissociável: a inovação é influenciada pela internacionalização e vice-versa. “Só empresas mais inovadoras e mais predispostas ao risco, mais abertas às interacções com outros modos de funcionar é que conseguem vencer nos grandes desafios da globalização e da internacionalização”. Em relação à crise que o mundo atravessa, considera que também para a inovação “é uma oportunidade”. Dá como exemplo o resultado comum obtido por diversas consultoras que realizaram inquéritos a CEOs em diferentes países no mundo e que, apesar da crise, mantêm a prioridade dada à inovação. “A inovação é vista como uma condição indispensável para que as empresas consigam ultrapassar as dificuldades. Uma cultura de inovação forte faz com que consigam resistir melhor à mudança.” Foi logo durante o estágio que fez na Comissão Europeia, depois do curso de Relações Internacionais, que Isabel Caetano começou a perceber a relevância da ciência, da tecnologia e da inovação como alavancas para o desenvolvimento económico e como garante da sustentabilidade. De volta a Portugal trabalhou com
A nível nacional , o país tem feito progressos importantes e melhor ado em quase todos os par âmetros de avaliação em r ankings internacionais.
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investigadores portugueses das mais diversas áreas no INESC antes de ingressar na Agência de Inovação e, depois, na COTEC. Após todos estes anos acredita que é na inovação e na internacionalização, e no equilíbrio entre o progresso e a sustentabilidade, que está o caminho certo. E sem ter medo de soar idealista remata: “É aqui que está a possibilidade de ultrapassar os problemas e de encontrar soluções para construirmos um mundo melhor”. Mais difícil é o equilíbrio entre a vida profissional e a familiar. Com dois filhos, de 9 e 12 anos, reconhece que a invasão da vida privada pela profissional é muito grande e, quanto a isso, não há muito a fazer. “Com as redes sociais, o telemóvel, com a acessibilidade com que normalmente temos de estar, temos que ser muito realistas, é assim e temos que nos adaptar a estas mudanças que vão ocorrendo. É normal eu estar a trabalhar no portátil, em casa, e vir o meu filho dizer-me que quer ver qualquer coisa no site da escola”. Como o tempo não é muito, os tempos livres giram em torno das crianças e dos hobbies deles, sobretudo a música - ele toca violino e ela piano. Entre concertos, ensaios, saídas de grupo e as brincadeiras no quintal, não há tempo para muito mais do que pôr a leitura em dia e uns passeios ocasionais. E como explica aos filhos o que é o seu trabalho? “Não é fácil explicar a uma criança o ABC da inovação”, admite. “Procuro dizerlhes que ajudo as pessoas a criar mais valor a partir daquilo que sabem. Ajudo a transformar os saberes em valor para a sociedade, a atingir mais progresso, com coisas novas, novos medicamentos, novos telemóveis, coisas
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“Não é fácil explicar a uma criança o ABC da inovação. Procuro dizer-lhes que ajudo as pessoas a criar mais valor a partir daquilo que sabem. Ajudo a transformar os saberes em valor para a sociedade, a atingir mais progresso, com coisas novas”. que vão aparecendo e que resolvem os problemas das pessoas”. Foi já no fim desta entrevista, quando se discutia o melhor sítio para fazer as fotografias que ilustram estás páginas, que Isabel Caetano revelou uma veia mais lírica: “Um sítio que tenha que ver com a nossa alma lusitana, com os descobrimentos, que dê a ideia de regressar ao mar”. Regressar ao mar? Porquê? “O que é o mar para um português? É o arriscar, avançar para o desconhecido, quebrar o medo e aceitar desafios, enveredar por outros caminhos mesmo que não sejam os caminhos confortáveis que conhecemos. E isso tem muito que ver com a inovação”.
Para além dos filhos e das actividades com eles, a leitura é dos poucos momentos de lazer que tem.
TARIFAS MAIS BAIXAS s a d i t n a r a G DUBLIN LIVERPOOL BIRMINGHAM BRISTOL
LONDRES BRUXELAS PARIS
PORTO
BORDÉUS
TOURS
LILLE KARLSRUHE
EINDHOVEN DÜSSELDORF (WEEZE)
FRANKFURT
ST ETIENNE MILÃO
CARCASSONNE MARSELHA
PISA
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_inovação PISTAS SEGURAS Um objecto deixado na pista ou qualquer presença estranha na área de movimento dos aviões pode ter consequências desastrosas. O Sistema de Monitorização de Pistas, desenvolvido com o INOV, é mais um passo para as prevenir.
Os movimentos em zonas não autorizadas são monitorizados e representados a várias cores consoante o risco que representem.
As 4 câmaras foram colocadas de modo a fazer a cobertura total das áreas de interesse.
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25 de Julho de 2000 um Concorde da Air France despenhou-se em Gonesse, nos arredores do Aeroporto Charles de Gaulle, pouco depois da descolagem quando um dos pneus se incendiou após ter pisado uma tira de metal deixada por um avião que passara na pista uns minutos antes. Do acidente resultou a morte dos 100 passageiros e dos 9 membros da tripulação e também a extinção de uma das linhas de aviação mais emblemáticas de sempre. Rogério Rilhas, director da Unidade de Processamento de Sinais e Imagem do INOV recorda o trágico episódio do Concorde para mostrar a pertinência do projecto Sistema de Monitorização de Pistas (SMP), desenvolvido em parceria com a ANA, e cujo objectivo é exactamente a detecção de objectos que possam ficar caídos na pista.
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Diversas alturas, distâncias e ângulos foram analisados para escolher os melhores locais para a instalação das câmaras.
O engenheiro lembra o exemplo do Concorde, considerado o avião mais seguro de sempre, mas na história da aviação existem muitos episódios semelhantes, com maior ou menor gravidade, de “Foreign Object Damage”, como se diz na terminologia do sector. A motivação para o SMP, cujo piloto está agora em fase final de testes no Aeroporto de Ponta Delgada, surge exactamente da necessidade de fazer tudo aquilo que seja possível para diminuir esse risco. Além de objectos, o sistema detecta e faz o seguimento automático de todas as presenças não autorizadas no espaço de circulação de aviões, disparando alertas quando são detectadas. “Uma componente importantíssima na segurança da aviação consiste em determinar se não há pessoas em espaços onde não estão autorizadas
O sistema dispõe de 10 processadores que analisam continuamente as imagens recolhidas.
a estar, pássaros a sobrevoar a pista aumentando o risco de colisão com aviões, ou mesmo o oposto: determinar se um veículo que devia passar numa certa zona a uma certa hora passou ou não”, explica Rogério Rilhas. O SMP é composto por 4 câmaras de grande resolução e qualidade que fazem a vigilância de diferentes áreas da pista, ligadas por fibra óptica a processadores que analisam continuamente as imagens e identificam os objectos, pessoas e animais. “Os resultados dessas análises (os objectos, pessoas, e animais detectados) são então passados para um computador que cruza essas ocorrências com as regras definidas para esse local e para essa hora ou dia, determinando se deve ser disparado um alerta ou não. As áreas vigiadas incluem os pontos da pista de velocidade de circulação elevada, aceleração e desaceleração, manobras e parqueamento de aeronaves. O projecto começou em meados de 2008 e no princípio deste ano foram iniciados os ensaios na pista do Aeroporto de Ponta Delgada, com objectos de várias dimensões e cores para determinar exactamente as suas potencialidades. Neste momento está já em fase de conclusão e analisa-se a possibilidade de interligação aos sistemas operacionais do aeroporto “para que os alertas sejam integrados da melhor forma possível nas restantes actividades de monitorização”, explica Rogério Rilhas.
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_inovação UMA IDEIA INOVADORA A escolha do Aeroporto de Ponta Delgada deveu-se à existência de menos tráfego (do que em Lisboa), o que permite coordenar ensaios com maior facilidade, e também às características climáticas que permitem testar uma maior variedade de condições de operação em relativamente pouco tempo. “Há que assinalar o espírito empreendedor e a disponibilidade das pessoas desse aeroporto e, de uma forma geral, dos Açores, que em muito facilitaram o desenvolvimento de todo o conceito”, refere o engenheiro. Enquanto o INOV desenvolveu todos os algoritmos e tecnologias necessárias para o funcionamento do sistema, o envolvimento da ANA prendeu-se com as comunicações, realização de testes e ensaios e manutenção dos equipamentos.
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aseando-se na mesma solução que o projecto em teste nos Açores, o Sistema de Monitorização e Alerta (SMA) deverá detectar e alertar qualquer ocorrência relacionada com os perigos gerais identificados na operação, produzindo um relatório que será integrado no software de gestão de ocorrências em uso no aeroporto. Em termos gerais foi esta a ideia de Telmo Abana, do Gabinete de Segurança do Aeroporto de Lisboa, para tirar maior proveito da solução tecnológica desenvolvida pela ANA e o INOV, que se baseia Outra mais-valia do exclusivamente no processamento SMA é a possibilidade de imagens e na detecção automática de ser alimentado de objectos. O SMA apresenta a mais-valia de emitir uma série de a energia solar, o alertas diferentes para os diferentes que reduz o custo de tipos de inibições: aeronaves, implementação. veículos, animais, obstáculos, fumo, etc. Com a vantagem ainda de permitir clarificar as situações de excepção, aquelas que não justificam o alarme. Outra mais-valia do SMA é a possibilidade de ser alimentado a energia solar, o que reduz o custo de implementação. Quanto ao software necessário, será igual seja qual for a dimensão do aeroporto. Já o hardware (as câmaras de vigilância) irá variar consoante a área que se quer cobrir. A utilização pode também estender-se ao controlo do equipamento dos handlers, permitindo uma alocação mais eficiente do espaço, nomeadamente dos tapetes de recolha de bagagem. Em última análise, nota Telmo Abana, o que este sistema permite é “maximizar os recursos aeroportuários, uma vez que possibilita a partilha de informação com o aeroporto de destino”. A ANA Consulting viu nesta ideia inovadora de Telmo Abana uma oportunidade de desenvolver um projecto com potencial para ser comercializado no futuro. A viabilidade comercial é tanto maior porque pode interessar a diversos aeroportos, independentemente da sua dimensão. O projecto despertou também o interesse do SEAC (SESAR European Airports Consortium), o grupo de trabalho formado pelos aeroportos europeus no âmbito do projecto SESAR (Single European Sky ATM Research). O projecto já foi aprovado embora ainda não se tenha iniciado o seu desenvolvimento.
Telmo Abana Gabinete de Segurança do Aeroporto de Lisboa
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_insights UMA CASA PARA OS MARCOS Na Europa, é considerada uma doença rara aquela que afecta uma em cada 2 mil pessoas. É para essas pessoas que a Associação Raríssimas está a construir a Casa dos Marcos.
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Marco é um portador de doença rara entre muitos de nós. Pode ser o filho do vizinho, de um amigo, de um familiar, ou um filho. A Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras iniciou em Junho a construção da Casa dos Marcos, uma casa para “os Marcos do nosso país”. A construção de uma casa onde os utentes possam ocupar o tempo, desenvolver aptidões e ter acesso a todas as terapêuticas necessárias à sua reabilitação, era um dos grandes projectos desta associação, nascida em 2002. O projecto da Casa dos Marcos prevê um espaço com cerca de 5.000 m2 e que servirá também de lar a alguns dos doentes cujas famílias não reúnam em casa condições para os acompanhar. A casa, localizada na Moita, começou a ser construída em Junho (espera-se a conclusão dentro de um ano) e terá, entre outros, serviços como lar residencial, centro de actividades ocupacionais, unidade clínica, unidade de reabilitação e unidade de cuidados continuados. Terá também um jardim e uma horta. A ANA, que no âmbito da sua responsabilidade social definiu como uma
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das áreas prioritárias da politica de patrocínios o desenvolvimento de actividades de tratamento clínico, decidiu apoiar a construção e aquisição de equipamento de uma unidade clínica da Casa dos Marcos, com uma verba de 120 mil euros. Portugal deve à Raríssimas o facto de hoje se falar em doenças raras no país. A associação nasceu da união de um grupo de pais e mães com filhos portadores de uma doença rara, assim considerada a patologia que afecta uma em cada 2000 pessoas. Entre os objectivos – além do principal que é “ajudar as famílias a lidar melhor com o problema, a descodificar as mensagens e informações, e dar a mão quando tudo parece estar confuso” – está a organização de congressos e seminários, a formação de voluntariado, a pesquisa de doenças raras, estudos epidemiológicos, apoio domiciliário ao portador e família e a realização de parcerias internacionais. Persiste ainda a ideia de que “as doenças raras são tão raras que só acontecem aos outros”, refere o site da associação. No entanto, segundo a Organização Mundial de Saúde, os doentes raros são entre 6 a 8% do total da nossa população, ou seja, entre 600 a 800 mil. Mais informação em www.rarissimas.pt.
A maquete da Casa dos Marcos, em construção na Moita.
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_insights APOIO ÀS CRIANÇAS DO HAITI
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espondendo ao apelo feito pela UNICEF junto do sector empresarial português, o Conselho de Responsabilidade Social e Sustentabilidade (CRSS) da ANA lançou uma campanha interna através da qual foi possível angariar 5.806,21 euros, valor que foi duplicado pela administração da empresa e entregue no final de Maio ao Comité Português da UNICEF. O coordenador executivo do CRSS explica que a iniciativa foi divulgada por todo o universo dos trabalhadores da ANA através de email, com a possibilidade de contribuir através de desconto na remuneração (um dia, meio-dia ou um quarto de dia).
© UNICEF Haiti Tidey
Cinco meses após o sismo que abalou o Haiti e afectou mais de 1 milhão de crianças, e apesar da resposta de emergência sem precedentes ter evitado uma crise pior, ainda há muito por fazer. A 12 de Janeiro um terramoto com magnitude de 7 graus na escala de Richter abalou o Haiti provocando milhares de mortos, uma destruição enorme na capital, Porto Príncipe, e um número imenso de desalojados. A UNICEF, que trabalha no Haiti desde 1949, já enviou para o país, por avião e por terra, vários carregamentos com bens de primeira necessidade: sais de hidratação oral, pastilhas para purificar água, kits de higiene e cozinha, oleados e tendas para abrigo temporário, entre outros. Apesar de não se ter verificado nenhum surto de doenças significativo nem um aumento das taxas de má nutrição, a UNICEF nota que ainda há muito por fazer, sobretudo ao nível das condições de alojamento das famílias deslocadas, dos serviços de higiene e saneamento e da protecção de mulheres e crianças contra a violência.
AEROPORTOS MAIS FAMILIARES Dentro de pouco tempo quem viajar com bebés vai ter a vida facilitada nos aeroportos nacionais. Carrinhos de bebé, zona de amamentação e área de preparação de comida são alguns dos serviços que estarão disponíveis, além dos conteúdos para famílias no site da ANA.
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stes serão os primeiros serviços e produtos – uma nova geração com a marca ANA voltados directamente para os passageiros – a chegar aos aeroportos. “Os produtos e serviços são sempre pilotos numa primeira fase, de modo a que se possa testar a reacção dos passageiros e melhorar algum aspecto antes de se implementar noutros aeroportos”, explica Ingrid Lourenço, da equipa executiva do projecto. O objectivo é posicionar a ANA como uma marca orientada para as famílias. “Com estes novos serviços, a ANA pretende apoiar as famílias em viagem ou as pessoas que viajam com crianças e minimizar o stress que isso pode representar”, explica Ingrid
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Lourenço, adiantando que as ideias para estes produtos e serviços resultaram de entrevistas a passageiros e também a elementos do staff da ANA e de outras entidades a operar no espaço aeroportuário. Por trás destes equipamentos e serviços estão três ideias-chave: minimizar o stress através de aconselhamento na preparação da viagem e de apoio e conforto durante a passagem pelo aeroporto; permitir que os pais estejam mais libertos para usufruírem do aeroporto em família; e oferecer entretenimento relacionado com a experiência da viagem, com produtos que mantenham as crianças ocupadas e divertidas. A informação relativa aos produtos e serviços dirigidos às famílias pode ser consultada no site da ANA.
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_ambientes AJUDAR COM GRAÇA Termos como “responsabilidade social empresarial” ou “cidadania corporativa” entraram no léxico das empresas portuguesas através da acção do Grupo GRACE. Volvidos 10 anos sobre o surgimento desta associação, o tecido empresarial está mais desperto para o seu papel no desenvolvimento social.
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oi a primeira associação portuguesa, sem fins lucrativos, dedicada ao tema da responsabilidade social das empresas. O objectivo principal do GRACE - Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial é exactamente fomentar a participação das empresas nos contextos sociais em que estão inseridas. Acabada de fazer 10 anos, a associação conta com cerca de 70 associados, entre empresas e personalidades, e um historial de iniciativas bem-sucedidas. Conceição Zagalo é directora de Marketing, Comunicação e Cidadania da IBM e, desde Dezembro de 2008, presidente do Grace. Espectadora atenta desta realidade, diz que nos últimos 10 anos, em Portugal, caminhou-se da existência de acções isoladas, maioritariamente realizadas por empresas multinacionais, para um cenário mais sólido de preocupação com o impacto ambiental e social das actividades e negócios. O GRACE promove regularmente iniciativas e actividades que espelham estas preocupações. A mais visível é o projecto GIRO - GRACE Intervir Recuperar e Organizar. Conceição Zagalo reconhece que é um projecto “bandeira” da associação, não apenas porque é a maior acção de voluntariado empresarial a nível nacional mas também porque alcança um mediatismo dificilmente conseguido de outra forma. O projecto GIRO é a maior acção de voluntariado empresarial a nível nacional.
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SOBREDOTADOS DA GUARDA GANHAM MAIS 2 MEDALHAS
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Colocar dezenas de quadros de empresas a trabalhar na recuperação de espaços exteriores e interiores de instituições de solidariedade social tem um impacto considerável. Tanto nas instituições que recebem a ajuda como nos voluntários. Das 4 edições já realizadas, as 3 primeiras tiveram a duração de um dia e a do ano passado de uma semana, e foram realizadas maioritariamente na região da Grande Lisboa e do Grande Porto. Este ano a associação quer ser mais ambiciosa, alargando a acção a todo o território nacional, ao longo de um mês inteiro. Além das acções de voluntariado, em maior ou menor escala, o GRACE dedica-se também a organizar conferências e a editar documentos e manuais sobre o tema. Conceição Zagalo refere que a actuação das empresas em termos de responsabilidade social tende a reflectir a sua própria natureza e perfil. “Algumas apostam claramente numa intervenção em linha com a sua actividade essencial. Outras há que, independentemente da sua génese, apostam em instituições privadas de utilidade pública, designadamente através de parcerias que sustentam a concretização de projectos que de outra forma não seriam viáveis”. Apesar de uma conjuntura económica sensível, o GRACE tem registado uma procura crescente, o que para a presidente “é um factor que indicia o estado de maturidade da responsabilidade social nas organizações. Assumir a responsabilidade social
empresarial como factor crítico de sucesso de uma estratégia integrada de negócio fará sentido porque o pilar social, o económico e o ambiental não vivem dissociados e são parte integrante daquilo que significa agir enquanto empresa sustentável”. A ANA é associada do GRACE e alguns quadros da empresa já participaram em iniciativas de voluntariado organizadas pela associação. Espera-se este ano uma adesão ainda maior a essas actividades.
Associação Desenvolver o Ta l e n t o (ADoT), voltou a a r re c a d a r m e d a l h a s n o “ F i re Fighting Home Robot Contest ”, um impor tante concurso internacional d e ro b ó t i c a e d u c a t i v a q u e d e c o r re t o d o s o s a n o s n o Tr i n i t y C o l l e g e , e m H a r t fo rd , a c a p i t a l d o e s t a d o n o r t e americano do Connecticut . E s t e a n o , e m A b r i l , o s s o b re d o t a d o s d a A s s o c i a ç ã o d a G u a rd a g a n h a ra m d u a s m e d a l h a s d e b ro n ze . O c o n c u r s o fo i d i s p u t a d o p o r 1 2 0 e q u i p a s d e 7 países (EUA , Canadá, China, Indonésia, I s ra e l , C o re i a e Po r t u g a l ) . A p re s i d e n t e d a A s s o c i a ç ã o , M a r i a G o re t t i C a l d e i ra , d e s t a c a o a p o i o d a A N A , p a t ro c i n a d o ra d a A d o T, q u e “ tem permitido dar continuidade aos v á r i o s p ro j e c t o s q u e t e m o s e m c u r s o , d e s i g n a d a m e n t e e s t e d a ro b ó t i c a ” .
Este ano os sobredotados da Associação Desenvolver o Talento ganharam 2 medalhas de bronze em Hartford.
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“AS VIAGENS SÃO A MINHA TENTAÇÃO” Nos últimos 5 anos os voos directos a partir do Porto mais que duplicaram. Por trás está o trabalho da equipa de marketing aeroportuário de que Álvaro Leite faz parte. Engenheiro de formação, descobriu que a felicidade está nos números mas sobretudo no contacto com outras culturas.
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os 20 voos directos que existiam a partir do Aeroporto do Porto em 2005, passou-se em cinco anos para 52. Acabado de chegar de Toulouse, onde decorreu mais uma edição do Routes Europe, o evento que reune aeroportos e companhias aéreas para o desenvolvimento de rotas, Álvaro Leite minimiza o seu papel no boom de novas rotas para o norte. A trabalhar no marketing aeroportuário do Aeroporto do Porto desde o final de 2006, diz que é o resultado do esforço conjunto da empresa, do aeroporto e da região e, além do mais, nota, “abrir uma rota é fácil”, manter o avião cheio é que é mais difícil. Dá o exemplo das 10 ligações que neste momento existem para França, para cidades tão improváveis como Carcassonne ou Tours: “São rotas que só se explicam pela enorme comunidade de emigrantes do norte que existe em França”. Há, no entanto, uma componente de pesquisa e de recolha de dados que é bastante exaustiva, refere, ressaltando o esforço da equipa que com ele divide as responsabilidades no núcleo de marketing do Aeroporto do Porto. “Quando apresentamos um ‘business case’ a uma companhia, temos que estar 100% certos do que dizemos, da completa fiabilidade dos dados. Se dizemos que há potencial para 30 mil passageiros, não podem ser só 20 mil porque uma companhia investe muito dinheiro na criação de uma rota nova”, explica. Álvaro
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Em trabalho ou em lazer, viajar faz parte da vida de Álvaro Leite. Aliás, nem concebe a vida sem viajar.
recorda que, antes que a Transvia decidisse abrir a rota Porto / Madeira, foram precisos três anos de trabalho junto da companhia. “Hoje a abertura de outra rota não levaria esse tempo”. resolver esses problemas que E para que se estabeleça uma relação de aparecem, há um aumento de confiança com os clientes, o contacto pessoal confiança e isso é bom para é fundamental e não pode, na opinião de a relação”. Álvaro, ser completamente substituído por Formado em Engenharia telefonemas ou pelas novas tecnologias. Electrotécnica na Facul“Um encontro com um cliente vale mais, é dade de Engenharia da mais útil, do que 10 telefonemas. Mesmo Universidade do Porto e com que para isso seja necessário passar 5 horas um MBA da Universidade entre aviões e aeroportos”. Católica, Álvaro Leite começou Aviões e aeroportos nunca foram um a trabalhar para a ANA durante as problema. Pelo contrário. Fez o Programa obras do Aeroporto Sá Carneiro. No final integrou Erasmus em Pádua, na Itália – “o melhor a equipa de manutenção electrónica e quando ano da minha vida” – e aí descobriu como surgiu a oportunidade de entrar para o marketing era fantástico viver fora de Portugal. Fez a tese final do curso entre a Alemanha e a Áustria, “Embora seja engenheiro, sempre me interessei por gestão. E passou por Dublin, na o marketing aeroportuário é o desenvolvimento do negócio Irlanda, trabalhou numa dos aeroportos por excelência e isso é muito interessante. empresa de logística em Sinto-me realizado com o trabalho que faço”. Lyon e Lille, na França, e só depois disso voltou a Portugal. não hesitou, apesar da opinião contrária de muita “Gostei de viver fora, antes de mais, pelo gente no seu círculo familiar e de amizade. “Embora contacto com outras culturas, pelo convívio seja engenheiro, sempre me interessei por gestão. com a diferença – em França vivi no bairro E o marketing aeroportuário é o desenvolvimento árabe, não há como não aceitar a diferença do negócio dos aeroportos por excelência e isso – e porque nos obriga a uma abertura de é muito interessante. Sinto-me realizado com o espírito, a aceitar opiniões contrárias às trabalho que faço”. nossas, a saber ouvir”. Sabe hoje que essa Embora não seja a mesma coisa que viver fora do foi uma aprendizagem para a vida e para o país, continua a viajar muito. E isto sem contar com trabalho. “Para conseguir bons resultados as deslocações semanais a Lisboa, para se reunir no trabalho é preciso saber ouvir, ouvir os com as equipas do marketing dos outros aeroportos clientes, os colegas, o chefe...”. ou por causa dos projectos da empresa em que Com apenas 30 anos, graças às andanças está envolvido, como o Great Place to Work ou a pela Europa pode dizer que fala 5 línguas remodelação do Dynamic Route Development, o – além do português, o espanhol, inglês, portal dedicado às companhias para a criação de francês e italiano – o que cai bem junto novas rotas, ou a remodelação do site da ANA. dos clientes, que gostam de ser abordados Quanto a viver fora novamente, não é uma ideia na sua língua. Os anos fora valeram-lhe fixa mas se surgir uma oportunidade interessante ainda um sentido prático que também é dentro da empresa, quem sabe? muito útil quando surgem os pedidos “para ontem” de algum cliente. “Se conseguimos
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ENTRE A RIA E O RIO
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Para a Área Funcional de Ambiente do Aeroporto de Faro, os temas mais sensíveis são a gestão da avifauna e o acompanhamento ambiental das obras do aeroporto. Consequências de trabalhar dentro de um parque natural, diz a bióloga Lúcia Machado. uem aterra em Faro pela primeira vez é surpreendido por uma paisagem de lagunas, sapais, ilhotas e salinas. Poucos aeroportos terão uma envolvente assim, como é o caso do Aeroporto de Faro, rodeado pela Ria Formosa, um ecossistema tão único que é o sonho de qualquer biólogo.
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ruído, entre outros assuntos, são temas comuns a qualquer dos aeroportos da rede. De todas as funções que cabem à sua equipa (além dela própria, há um coordenador e uma engenheira de ambiente) Lúcia destaca como mais sensíveis a gestão da avifauna – a região da Ria é tida como um paraíso para os observadores de aves – e o acompanhamento ambiental das empreitadas, sobretudo nesta altura em que decorrem obras importantes do Plano de Desenvolvimento do aeroporto. A Ria Formosa é uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas. Além de gaivotas, garças, flamingos, corvos-marinhos e do camão, um pássaro azul de pernas altas e bico encarnado que foi adoptado como símbolo do Parque, muitas outras espécies do Norte e Centro da Europa escolhem a região para se abrigar durante o Inverno.
Depois de fazer investigação científica na Universidade do Algarve, Lúcia Machado trocou os laboratórios pelo aeroporto, onde trabalha desde 2001, na Área Funcional de Ambiente. Bióloga de formação, especializada em poluição aquática, era a pessoa certa no local certo. O cenário privilegiado acarreta, no entanto, responsabilidades e cuidados que outros aeroportos não têm, embora todos estejam obrigados ao cumprimento da Política Ambiental da ANA. A gestão dos efluentes líquidos, da energia, dos resíduos, da qualidade do ar, das emissões gasosas, do
É sabido que aves e tráfego aéreo são duas coisas que não combinam e por isso os aeroportos utilizam recursos como a falcoaria ou sons gravados para gerir o risco representado pela avifauna local para a actividade. Em Faro, como em qualquer lugar, ocorrem “birdstrikes” (colisões entre uma ave e um avião), sendo a percentagem dos birdstrikes não identificados de 60%, enquanto o valor de referência é de 40%. Não é muito significativo, nota Lúcia Machado, embora observe que, “quando se desconhece a espécie da ave que originou o ‘ataque’, se torna mais difícil agir no seu habitat de modo a afastá-la”.
O acompanhamento de empreitadas consiste na realização de visitas periódicas, geralmente todos os meses, de modo a garantir que as recomendações da Declaração de Avaliação de Impacte Ambiental estão a ser cumpridas, e na elaboração dos respectivos relatórios. “O objectivo é minimizar o impacto das obras e garantir o cumprimento dos requisitos ambientais”, diz a técnica. Do Plano de Desenvolvimento do Aeroporto de Faro faz parte a construção de infraestruturas para o Instrument Landing System e a linha de aproximação da Pista 10, a ampliação de plataformas e caminhos de circulação e também a ampliação e remodelação da aerogare. Por estar situado dentro de uma área protegida, o aeroporto está também debaixo de um escrutínio maior por parte da comunidade e da opinião pública. “Há alguns anos o que não estivesse bem no Parque, na área envolvente à pista 28, era apontado ao aeroporto”, recorda Lúcia lembrando que durante as obras de 2000 houve uma recomendação para que se estudasse o impacte do aeroporto sobre a Ria em termos da qualidade da água.
O estudo foi feito, ao longo de 3 anos, e utilizou um eficaz método de monitorizar a poluição marinha chamado “Mussel Watch Programme”, que consiste na utilização do mexilhão para avaliar a contaminação química em áreas estuarinas e litorais. Daí se concluiu que o impacte do aeroporto era mínimo em comparação com o da envolvente. Além disso, o estudo dos sedimentos permitiu recuar no tempo e verificar o esforço evidente que a ANA fez ao longo dos anos para minimizar o impacte da sua actividade no ecossistema em redor. “Este estudo mudou definitivamente a imagem do aeroporto na região”. Nascida no Rio da Janeiro, Lúcia Machado viveu aí até aos 11 anos e mantém ainda um sotaque que apesar de muito discreto, não engana. Como não podia deixar de ser acalenta a ideia de voltar. No entanto, ainda não levou os filhos, de 5 e 10 anos, para conhecer a “cidade maravilhosa”. “Porque um dia que o faça, quero mostrar-lhes ‘o meu Rio’ e não o Rio dos turistas”.
Antes de trabalhar no Aeroporto de Faro, Lúcia Machado fez investigação na Universidade do Algarve.
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_partidas
MARR A A AVENTURA DOS SENTIDOS
Uma das mais emblemátic as c apitais do antigo império marroquino, Marr aquexe é a cidade das mil e uma noites. Um lugar mítico e místico entre a costa afric ana , as montanhas nevadas do Atl as e o Deserto do Saar a .
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s diferenças religiosas e culturais sempre exerceram um enorme fascínio sobre os viajantes ocidentais que desejavam aventurar-se no exótico mundo muçulmano. Ainda hoje é assim e Marraquexe continua a ser um excelente ponto de partida para quem quer conhecer a cultura islâmica com segurança e conforto. No centro-sul de Marrocos, no cruzamento entre o Saara e a costa atlântica de África, Marraquexe é a cidade que melhor se preservou
O chá de menta bebe-se com muito, muito açúcar.
As coloridas “babouches” têm direito a uma secção exclusiva dentro do souk.
A Praça Jamaa al Fna ao anoitececer: um cenário das mil e uma noites.
QUEXE da influência europeia se comparada com outras, como Casablanca ou Rabat. A par com a atmosfera genuína, a cidade tem uma excelente estrutura hoteleira – em Marraquexe há uma variedade única de hotéis de luxo, hotéis de charme, hotéis de design, riads, turismos rurais – que faz dela um destino apetecível. Se a isto juntarmos um clima ameno, a simpatia pelos estrangeiros e a proximidade de muitos outros pontos de interesse, como as praias da costa, os picos gelados do Atlas ou uma incursão no deserto, Marraquexe tem certamente algo para todos os gostos.
A sua história começou em finais do século X e teve épocas de apogeu alternadas por guerras e invasões. Nos tempos da Dinastia dos Almohades foi a cidade mais importante do ocidente muçulmano e capital do Império do Magreb e Al-Andalus. A sua localização estratégica no interior do país permitiu-lhe prosperar graças ao lucrativo comércio trans-saariano. Até à década de 50 do século passado sofreu a influência marcante dos colonizadores espanhóis e franceses mas nunca perdeu a forte ligação com as tribos berberes – os povos nómadas do interior – que
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_partidas é ainda hoje uma característica da cidade. É possível testemunhar os tempos da glória muçulmana nos jardins, nos belos palácios e nas mesquitas, como a Koutoubia cujo minarete pode ser avistado a quilómetros de distância e de onde o “muezzin” desperta a cidade há mais de 800 anos. Os não-muçulmanos não têm acesso ao interior mas vale a pena passar algum tempo perto do templo e deambular pelo jardim de palmeiras e laranjeiras. A pouca distância estende-se a Praça Djemaa El-Fna, a mais famosa, exótica, frenética e fantástica praça de Marraquexe e de todo o Marrocos. Não há como não se impressionar: são centenas de homens de “djellaba” (a tradicional veste longa, larga, de mangas compridas), mulheres de véu, vendedores, músicos, com e sem macacos, encantadores de serpentes, raparigas que puxam as turistas para as tatuagens de henna, bancas de sumo de laranja, vendedores de tâmaras, tudo isto atravessado por um intenso tráfego de charretes. Se depois de ali estar por um bocado, sentado numa das esplanadas em volta da praça, achar que já viu tudo, espere até o sol se pôr. A praça ganha uma nova atmosfera, de luzes, cheiros e sons. É a partir da praça que em ruas e ruelas emaranhadas se expande o grande mercado, o “souk”. O ar é dominado pelo cheiro das especiarias, do chá de menta servido nas lojas aos clientes, da pele usada no fabrico dos “babouches”, por uma mistura de odores às vezes indecifrável, outras vezes inconfundível. É verdade que os marroquinos são exímios em assediar os turistas, não há como negá-lo, todos têm algum produto ou serviço que querem vender. Embora essa atitude possa melindrar algumas pessoas, é preciso saber que o povo é cordial, os assaltos são raros e a violência também. Convém, no entanto, não descurar a mala debaixo do braço ou a máquina fotográfica, como em qualquer lugar com muita gente. Com um milhão de habitantes, Marraquexe é das cidades mais carismáticas de todo o Magreb – região que compreende também o Saara Ocidental, a Argélia e a Tunísia, a parte ocidental do mundo árabe. O trânsito incessante de motas, carros velhos, burros, carroças, é mais intenso dentro da Medina (a parte mais antiga, rodeada por muralhas), já que nos quarteirões novos, em Guéliz, o cenário é muito semelhante ao de qualquer cidade europeia. É aqui que estão os hotéis de luxo, os novos edifícios comerciais, os bares e restaurantes da moda, onde se destaca a gastronomia contemporânea de influência francesa. Embora o bulício seja uma característica da cidade, existem muitos refúgios tranquilos em praças, parques, palácios ou no palmeiral que rodeia a cidade. A melhor estação do ano para visitar Marraquexe é a Primavera ou o Outono, embora este possa ser mais imprevisível no que toca à chuva. Desaconselha-se a época de Verão por causa das elevadas temperaturas. A localização geográfica de Marraquexe permite chegar em pouco tempo a diversas atracções nos arredores. Alugar um carro torna-se imprescindível para se movimentar à vontade. Um passeio aconselhável é a cidade costeira de Essaouira, a 150 quilómetros, onde existe um forte português do século XVI.
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O minarete da Koutoubia destaca-se na linha do horizonte de Marraquexe e pode ser avistado a quilómetros de distância.
Andar de camelo é uma experiência que a maior parte dos turistas não quer perder.
Uma vista geral de Marraquexe. O Palácio Badii, agora em ruínas, foi a residência oficial durante o reinado da Dinastia Saadia.
Vista sobre o “ksar” de Ait-Ben-Haddou, com os cumes nevados do Atlas em fundo.
A menos de uma hora poderá estar nas montanhas do Atlas. No vale do Dadés, que separa os picos nevados do Alto Atlas, vai encontrar a cidade de Ouarzazate. Conhecida como “a porta do deserto” por ser geralmente a base de partida para as excursões pelo Saara, tem também a sua dose de atracções, como os famosos estúdios cinematográficos Atlas (onde foram rodados filmes “Lawrence da Arábia”, “Gladiador” ou “Babel”) ou o “ksar” de Ait-Ben-Haddou, uma povoação fortificada, construída em tijolo de terra, como outras que existem na antiga rota de caravanas entre o Saara e Marraquexe.
COMO IR A TAP voa de Lisboa para Marraquexe às terças, quintas e domingos, com saída às 17h15 e chegada às 18h55. No sentido inverso o voo sai às 19h35 e chega a Lisboa às 21h15. O Aeroporto Internacional de Marraquexe-Menara fica a cerca de 6 quilómetros a sudoeste da cidade e aí pode apanhar um táxi ou um autocarro, um percurso de 15 minutos.
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_lifestyle Adolfo Dominguez
P O RTO COM NOVAS MARC AS A recente remodelação das áreas comerciais do Aeroporto do Porto está a chegar ao fim à medida que abrem as últimas lojas. Mais e melhores marcas prometem agradar a um público moderno e exigente. Hino ao charme feminino Foi com o charme discreto dos drapeados e dos decotes assimétricos que o estilista Adolfo Dominguez marcou, no final do ano passado, o seu regresso às passarelas da alta-costura, no Cibeles Madrid Fashion Week. Depois de algum tempo de afastamento, o celebrado estilista de Ourense, na Galiza, voltou a deslumbrar com os seus vestidos de costas nuas e cinturas bem destacadas, acentuando a feminilidade. É esta elegante colecção Primavera-Verão que está agora acessível no Aeroporto do Porto, na loja do estilista que acabou de abrir. Além de roupas, na loja vai encontrar também acessórios como sapatos, lenços, jóias, malas, carteiras, porta-moedas e perfumes, tudo sob a marca AD. Para já toda a oferta é dirigida a mulheres.
Personagens que fazem sonhar Algumas das caras mais famosas da Disney estão agora disponíveis no aeroporto sob a forma de roupas, acessórios e brinquedos. A pensar nos mais pequenos abriu recentemente a Story Store. Para eles, estão lá o Homem-Aranha, as personagens de ToyStory e também o intrépido Ben10, cujas aventuras digitais entretêm rapazes por todo o mundo.
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Story Store
Já elas vão ficar certamente indecisas entre as princesas da Disney, a famosíssima Hello Kitty e a não menos célebre Hannah Montana. Para quem vai viajar e quer fazer um pequenote feliz, a Story Store é a loja que não poderá deixar de visitar.
A “cura gulosa” Nascida em 1989, em Balaruc-les-Bains, no sul da França, e acabada de chegar ao Aeroporto do Porto, a La Cure Gourmande apresenta uma variedade de biscoitos e bolachas de fabrico artesanal, bombons, chocolates, caramelos, rebuçados e chupa-chupas, entre outros deliciosos doces. Com o intuito de aliar os sabores às memórias afectivas dos produtos de antigamente, os doces podem ser arrumados em lindas caixas metálicas, decoradas e pintadas de modo tradicional e semelhantes às que se utilizavam em boa parte do século XX e que nos fazem recordar a nossa infância. A zona de Balaruc-Les-Bains é uma zona de termas (cure, em francês), o que influenciou o nome “La Cure Gourmande”, que se pode traduzir, de uma forma mais ou menos livre, como “A Cura Gulosa”.
Sempre Olá Presentes na vida dos portugueses há várias gerações, os gelados Olá têm também uma presença certa nos aeroportos nacionais. No Aeroporto do Porto acabou de abrir mais um quiosque, na área das Chegadas. Se nunca pensou sobre isso, fique a saber que a Olá é uma marca da multinacional Unilever, que comercializa os gelados para o mundo inteiro com diferentes nomes: em Espanha é Frigo, em França é Miko, no Brasil é Kibon, e nos EUA chamam-se Good Humor. No Reino Unido mantêm o nome original, criado pelo inglês Thomas Wall no início de 1900: Wall’s. Tenham que nomes tiverem, a verdade é que gelados como o Calipo, o Corneto, o Magnum, o Epá ou o Perna de Pau fazem parte do imaginário de quase todos nós e continuam a seduzir crianças e adultos. Porque, como dizia um jingle antigo, “quando o calor aperta, a sede desperta...”.
La Cure Gourmande 43
_lifestyle
GOMAS E GEL ADOS G
elados e gomas são uma combinação completamente irresistível e não apenas para os mais pequenos. Com um conceito inovador, a Olá e a Cores Doces juntaram-se no Aeroporto de Faro, num stand misto, para oferecer num mesmo lugar os sabores mais doces. Além de bebidas frescas, como ice tea e sumos naturais, a pensar na época de calor que atravessamos, há uma grande variedade de outras coisas que vão refrescar: gelados em taça, com toppings à escolha (líquidos e sólidos), granizados, batidos e smoothies
que, para quem não sabe, são uma deliciosa mistura de sumo, fruta e gelado. Para combinar com gelados, ou não, há também crepes, waffles e alguns exemplares da mais deliciosa pastelaria internacional, como profiteroles, cheesecake ou apple pie. Como se não bastasse, os deliciosos gelados Ben&Jerry’s estão também presentes com sabores tão irresistíveis como o Chunky Monkey, o Fairly Nuts ou Cookie Dough. A Cores Doces mantém o conceito de self-service convidando-nos a escolher entre gomas, chupa-chupas, rebuçados, alcaçuz, marshmallows, pastilhas elásticas e drageias. Com diferentes sabores, formas, cores e texturas, certo, certo é que será doce.
O ESTILO MR. BLUE “L
iving in style with Mr. Blue” é a assinatura da cadeia de lojas que agora também está disponível no Aeroporto de Faro. Dedicada ao universo masculino, propõe uma variedade de roupa com muito estilo e qualidade e a um preço irresistível. Desde pullovers, camisas e gravatas, pólos e T-shirts, a calças, bermudas, blazers e blusões, a Mr. Blue tem tudo o que o homem precisa para a rotina do dia-a-dia e também para as ocasiões mais formais. Vai encontrar ainda as peças mais confortáveis e descontraídas para os fins-de-semana ou para as férias.
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O conceito da marca vive de um ambiente cosmopolita e sofisticado, inspirado nas diferentes cidades que Mr. Blue visita: Paris, Bora-Bora, Nova Iorque, Lisboa, Monte Carlo, Ibiza, Rio de Janeiro. Por outro lado, a Mr. Blue aposta no aconselhamento das Blue Girls para proporcionar aos seus clientes uma experiência de compra personalizada e incomparável.
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EU GOSTO É DO VERÃO 46 46
A estação mais aguaRdada do ano chegou e com ela os prazeres das férias, do calor, da praia e do “dolce far niente”. Às compras nos aeroportos, escolhemos alguns artigos que não podem faltar neste Verão.
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Sandálias Lacoste €122,50* Chapéu rosa Lacoste €78,00* Óculos Prada €180,00* - Sunglass Hut Óculos Chilli Beans €70,00* Relógios rosa e verde Swatch €38,00* cada Relógio azul Techomarine €1.165,50* - Just Luxury Relógio azul (por baixo) Swatch €83,00* Óculos azuis Ray-Ban €139,00* - Sunglass Hut Boné azul Lacoste €56,50* Relógio laranja Omega €4.050,00* - Just Luxury
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Óculos verdes Chilli Beans €70,00* Relógio vermelho Swatch €83,00* Livro (capa azul) Fernando Pessoa, Forever someone else, selected poems €18,00* - Relay Livro Andy Warhol €15,00*, - Divers The best guide, Estoril, Sintra, Oeiras, Madeira e Porto santo €5,00* cada - Relay Guia american express Lisboa top 10, €13,99* (bolso) - Divers Guia american express Lisboa, €23,00* - Divers Rough guides Portugal €25,35* - Divers
* Os preços mencionados na legenda poderão estar sujeitos a alterações devido à entrada em vigor das novas taxas de IVA.
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_aldeia global
A Lufthansa encomendou 15 Airbus 380.
O Aeroporto de Bagdad processa 7 milhões de passageiros por ano.
Aeroportos de Londres não vão ter pistas novas.
Lufthansa recebe primeiro Airbus A380
Iraque quer duplicar capacidade do Aeroporto de Bagdad
Novo governo britânico diz não a novas pistas
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Iraque planeia aumentar a capacidade do Aeroporto de Bagdad para 15 milhões de passageiros por ano, disse o director-geral da autoridade da aviação civil iraquiana. Adnin Blebil referiu que depois de anos de guerra e sanções, o governo planeia investir milhões de dólares na reconstrução e expansão do aeroporto e assim contribuir para o crescimento económico do país. O plano é acrescentar três novos terminais, cada um com uma capacidade de 2,5 milhões de passageiros por ano. Recusando-se a referir os números do investimento, Adnin Blebil espera atrair o interesse de investidores estrangeiros na expansão do aeroporto, que actualmente processa cerca de 7 milhões de passageiros por ano.
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Aeroporto de Heathrow não vai ter uma terceira pista, na sequência da decisão anunciada pelo novo governo de coligação. De acordo com a BBC, o acordo de política comum conservador-liberaldemocrata não vai apoiar os planos de expansão aeroportuários que incluam novas pistas. A notícia surge como um grande golpe para a British Airports Authority (BAA) que defendeu fortemente a expansão da capacidade de Heathrow, alegando ser fundamental para a competitividade de Londres em relação a outras cidades europeias. Municípios, moradores e grupos ambientalistas têm-se manifestado contra os planos de expansão desde que estes foram anunciados há alguns anos.
Lufthansa recebeu em Maio o seu primeiro Airbus A380, o maior avião comercial do mundo. A efeméride foi assinalada com um voo comemorativo que levou 500 convidados e 22 tripulantes, logo após a cerimónia de entrega do aparelho, em Hamburgo. O voo percorreu alguns países do espaço aéreo europeu, aterrando depois no aeroporto internacional de Frankfurt. Este é o primeiro dos 15 aviões encomendados pelo grupo alemão, sendo que outros três deverão ser entregues ainda este ano. Estão configurados 526 assentos, oito na primeira classe, 98 na executiva e 420 na económica. Os A380 da Lufthansa vão operar nas rotas para Tóquio, Pequim e Joanesburgo. O primeiro voo ocorreu a 6 de Junho, com destino à África do Sul, transportando a selecção alemã que participou no Campeonato do Mundo de Futebol.
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A A Magazine agradece a colaboração das seguintes pessoas e entidades na elaboração desta edição: Augusto Casaca INOV-INESC Augusto Gemelli Chefe de cozinha Conceição Zagalo GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial Isabel Caetano COTEC Portugal Júlio Faceira XZ Consultores Maria Goretti Caldeira Associação Desenvolver o Talento Portugal Naíde Müller Caldeira IMAGO - Imagem e Comunicação Paula Brito e Costa Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras Paula Simões Raríssimas - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras Pedro Pedreira Director Executivo da Agência Europeia de Supervisão do GNSS
Um erro na A Magazine 9
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a última edição da A Magazine publicámos por lapso uma informação errada. No artigo da página 9, “Os Colaboradores sentem que são a empresa”, e no Editorial, é referido que a ANA ficou acima da média das “mais de 200 organizações” analisadas pelo Observatório Nacional de Recursos Humanos. O número correcto de organizações era 20 e não 200. Foram analisadas pelo Observatório 16 empresas privadas, 4 empresas públicas e 4 organismos públicos, organizações que abrangem, como está correctamente indicado no texto, um universo de 42 mil trabalhadores. O engano acabou por se reproduzir também na revisão do Editorial, a cujo autor, Carlos Madeira, pedimos desculpa – assim como a todos os leitores da A Magazine. Equipa A Magazine
ANA Ana Catarino Divisão de Marketing e Apoio ao Cliente do Aeroporto de Faro Ana Cristina Sousa Direcção de Retalho, Aeroporto do Porto Álvaro Leite Marketing Aeroportuário do Aeroporto do Porto Artur Arnedo ANA Consulting Carlos Madeira Vice-presidente Elvira Novo Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Lisboa Francisco Pita Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Faro Iolanda Campelo Direcção de Retalho Isabel Rebelo ANA Consulting Lúcia Machado Área de Ambiente do Aeroporto de Faro Luís Castanho ANA Consulting Nuno Costa Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Lisboa Telmo Abana Gabinete de Segurança do Aeroporto de Lisboa
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_passageiro frequente BUON VIAGGIO!
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uando era criança sonhava com o primeiro voo de avião mas quando entrei pela primeira vez no Aeroporto de Milano Linate a emoção foi ainda maior. Ver todas aquelas pessoas atarefadas à procura do próprio destino parecia um ballet frenético que mostrava como é variado este mundo. A paixão pelas viagens levou-me a repetir muitas vezes este rito da chegada ao aeroporto, até ao ponto de ficar indiferente à movimentação nestes ambientes. Mas uma das coisas em que ainda reparo sempre num aeroporto é o design dos espaços, que mais parecem uma projecção do futuro. E a pergunta que me passa pela cabeça é: porque é que em vez de desenharem os aeroportos com um perfil ultra moderno e às vezes frio, não se procura criar ambientes mais acolhedores e relaxantes. Isto porque o stress deve manifestarse no ar e não quando ainda estamos em terra. Considerando as viagens como turista e as deslocações profissionais, já passei por muitos aeroportos, mas os que lembro mais são os que provocaram a minha curiosidade para algum detalhe fora do normal. Por exemplo, quando viajei pela primeira vez à Índia, em New Delhi, à saída do aeroporto, na habitual paragem dos táxis vi muitas vacas estacionadas e completamente integradas no movimento dos passageiros. Quando aterrei em Jaipur havia macacos a saltar dum lado ao outro dos edifícios. Nas Caraíbas, na Ilha de St. Thomas, achei bonita a pista à beira-mar, mas ainda mais interessante é que os edifícios do aeroporto, em lugar das paredes, tinham redes que permitiam apreciar a natureza tropical e “aquecer” a chegada dos turistas. Infelizmente nas minhas viagens já fiquei retido por vários motivos à espera dum voo atrasado ou por causa de um cancelamento. Uma sugestão que quero deixar, como simples utente, a quem gere os aeroportos, é que tenham mais em consideração estas situações, disponibilizando zonas mais confortáveis, e não só para os passageiros VIPs. Em conclusão gostaria de aproveitar esta oportunidade para falar do que mais me incomoda nas minhas viagens, entre aeroportos e aviões. Refiro-me ao estilo e em alguns casos à qualidade das refeições à disposição do viajante, seja em terra ou nos serviços de bordo das companhias que costumo utilizar. Sinto, como profissional mas sobretudo como consumidor, que poderiam ser melhoradas muitas coisas. Mas este é só um desabafo de quem gostaria de contribuir com novas ideias para que os passageiros tenham vontade de voar pensando também no prazer gourmet. Buon viaggio!
Augusto Gemelli Chefe de cozinha 50
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