Nº18 JULHO 2012
10 chegadas
Good Vibes
Os festivais de verão
26 insights O controlo de segurança do futuro 28 ambientes O jardim da boa viagem
Como as novas tecnologias estão a mudar a experiência de voar
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WWW.AIRPORT-SHOPPING.EU
BUY ONLINE @ LISBON AIRPORT STORES COMPRE ONLINE NAS LOJAS DO AEROPORTO DE LISBOA
Stop carrying bags! Home delivery and Pick Up Point at airport. Viaje sem sacos! Envios a casa e Balc達o de entregas no aeroporto. 2
editorial
VOAR DIGITAL
A
revolução digital, que não dá sinal de abrandar, traz aos aeroportos desafios e boas notícias. Um dos desafios é lidarmos com consumidores mais exigentes, habituados pelas novas tecnologias a quererem tudo já. Porquê? Porque podem. Têm acesso constante a termos de comparação. E podem partilhar com o mundo inteiro, num clique, qualquer insatisfação. Outro desafio é a rapidez da mudança, que nos obriga a ser ágeis sem perder o foco. Distinguindo entre o que traz benefícios reais para o passageiro e o que apenas vai consumir tempo e recursos. Mas as boas notícias também são muitas, principalmente para aeroportos que não se vejam como meros locais de passagem, mas ambicionem dar ao cliente-passageiro a melhor experiência de viagem. Neste campo as ferramentas digitais são preciosas, contribuindo para voos com menos stress e mais prazer. Haver cada vez mais pessoas com telemóveis sempre online, por exemplo, permite que recebam informação útil em cada momento. Para saberem com precisão, por exemplo, quando abre a porta de embarque. Para se orientarem no percurso até lá. Ou para ficarem a par de alguma ótima promoção na área comercial do aeroporto. A conexão permanente permite tirar mais partido, em especial, da função básica de um dispositivo móvel: comunicar nos dois sentidos. O passageiro pode pedir informações, comentar, ligar-se a pessoas que viajem com o mesmo fim… E muitas outras possibilidades que a ANA está a explorar com entusiasmo. Reconhecer estas possibilidades implica prepararmo-nos
MAS INFORMAÇÃO NÃO É TUDO: UM TELEMÓVEL TAMBÉM PODE SERVIR COMO IDENTIFICADOR PESSOAL, FACILITANDO O CHECK-IN OU O ACESSO AO EMBARQUE. OU, EM BREVE, COMO MEIO DE PAGAMENTO. José Heitor da Fonseca Conselho de Administração da ANA
para elas. Dotando-nos das tecnologias que as tornam possíveis. Mas, principalmente, com uma atitude que inclui agilidade, capacidade de ouvir, responder rápido, corrigir onde necessário e estar sempre atento às oportunidades de melhorar. Uma atitude que, pensando bem, apenas aprofunda o compromisso, que já temos, de servir cada vez melhor o nosso passageiro.
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_sumário editorial 03
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em foco
Querem conhecer melhor o passageiro e dialogar com ele diretamente, sem intermediários. Para isso, os aeroportos recorrem como nunca ao meio online, às redes sociais, às apps, ao e-commerce. Siga-os.
10 Good vibes
28 O jardim da boa viagem
chegadas 10 entrevidas 14
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inovação
O CRISIS é um simulador virtual para situações de crise e acidentes em aeroportos. Assemelha-se a um jogo de vídeo e vai permitir poupar em simulacros reais.
FICHA TÉCN IC A
34 Dubai - Com os pés bem assentes na terra PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - Portugal Tel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 amagazine@ana.pt DIRECÇÃO: Octávia Carrilho PRODUÇÃO: Teresa Magalhães PROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas Rua Pinheiro Chagas nº17 - 4º 1050-174 Lisboa Tel 213 636 152 hamlet@hamlet.com.pt www.hamlet.com.pt REDACÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme Kopke DESIGN: Cell FOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas Rua Pinheiro Chagas nº17 - 4º 1050-174 Lisboa Tel 213 636 152 IMPRESSÃO: Projecção, Arte Gráfica S.A. Parque Industrial da Abrunheira - Qta. Levi, 1 2710-089 Sintra PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 7.500 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 273250/08 ISSN: 1646-9097
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insights
É um dos processos que mais dores-de-cabeça dá aos aeroportos e aos passageiros. Saiba como as novas tecnologias vão tornar o rastreio de segurança mais célere e menos intrusivo. ambientes 28
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follow me
A vida de um oficial de operações aeroportuárias no pequeno Aeroporto das Flores tem mais imprevistos do que se pode pensar. Daniel Mateus conta quais são. partidas 34 lifestyle 38 aldeia global 46 passageiro frequente 50
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Bruxelas voos diários *Tarifa a partir de, sujeita a disponibilidade de lugares e alterações
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_em foco
Os aeroportos aterram NO
online Estão nas redes sociaIs, têm aplicações móveis, sites que agregam serviços e funcionalidades. Os aeroportos estão definitivamente online. As novas tecnologias permitem dialogar diretamente com os passageiros e conhecê-los, o que é novo nesta indústria, para assim prestar um melhor serviço.
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nquanto as companhias aéreas já tinham levantado voo nas redes sociais, promovendo o seu negócio e chegando mais perto dos clientes, até há bem pouco tempo não havia muitos dados sobre a presença dos aeroportos nestes fóruns. A falta de informação foi colmatada recentemente com um estudo do Airports Council International (ACI) Europe. Os resultados mostram que os aeroportos também já aterraram nas redes sociais, e para ficar. Este relatório digital mostra que 77% dos passageiros europeus passaram por aeroportos com presença nas redes sociais. Comparando os números com os do ano passado, o crescimento da presença dos aeroportos nas redes foi de 43%. E esse crescimento é mais acentuado na Europa Central e de Leste, com um aumento de 800% num ano. A página do Twitter do Aeroporto Frédéric Chopin, em Varsóvia, na Polónia, é seguida por mais de 11 mil pessoas. Os tweets são bilingues (em polaco e inglês) e atualizam os passageiros sobre cancelamento de voos, promoções nas lojas e informação sobre a capital. Apesar deste avanço dos aeroportos europeus, o melhor exemplo do uso das redes sociais ainda vem da Ásia. No Aeroporto de Changi, em Singapura, todo o entretenimento e experiências proporcionadas aos passageiros vão parar ao Facebook e ao Twitter. A última agitação,
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desencadeada por uma ação de promoção das lojas do aeroporto chamada “Be a Changi Millionaire”, gira em torno de uma gigantesca instalação de arte urbana em 3D, do artista americano Kurt Wenner. Os passageiros são convidados a fazer uma foto no local e, com um gasto mínimo de 30 dólares em compras, habilitam-se todas as semanas a prémios em dinheiro. O universo das aplicações móveis (as apps) também tem crescido. O mesmo estudo do ACI indica que mais de 30% dos aeroportos europeus já lançou aplicações para smartphones ou está a trabalhar nisso. Para Olivier Jankovec, diretor-geral do ACI Europe, estes números ilustram uma relação entre o aeroporto e os passageiros cada vez mais direta. “Os aeroportos da Europa estão a disponibilizar, de forma imediata, uma grande variedade de informação, permitindo uma experiência do aeroporto esclarecida e livre de problemas”. No campo das apps europeias, o destaque vai para os nórdicos. O Aeroporto de Oslo mostra, entre muitas outras coisas, uma imagem da sua zona de check-in em tempo real, permitindo ao passageiro decidir se é melhor apressar-se ou se pode levar o seu tempo. Copenhaga aposta na fidelização, oferecendo regalias a quem se regista – como o download de livros eletrónicos, por exemplo. O Aeroporto de Schiphol, de Amesterdão, e a Aéroports de Paris juntaram esforços e desenvolveram uma aplicação para Android e Iphone só para os passageiros chineses. A app permite ler toda a sinalética em mandarim e representa a diferença entre ter passageiros deslocados e stressados ou ter passageiros informados, relaxados e disponíveis. Com cada passageiro chinês a gastar em média 85 euros nestes aeroportos, os gestores acharam que valia a pena o investimento.
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tornaram-se já uma ferramenta fundamental no relacionamento com os passageiros. Numa altura em que se ultima uma estratégia Ferramentas tecnológicas como as aplicações comum da empresa para as redes sociais, há linhas de orientação móveis, o site ou as redes sociais são rostos que já estão em prática, com bons resultados. da empresa perante os seus clientes. Estas Nuno Costa, responsável de marketing do Aeroporto de Lisboa, novas “caras” vieram juntar-se aos balcões de conta que o Facebook tem vindo gradualmente a substituir o call atendimento, ao call center ou à sinalização no center e mesmo o email como ferramenta de apoio ao cliente, tanto próprio aeroporto como forma de para responder a dúvidas como em situações de orientar e auxiliar os passageiros. Os novos formatos greves, atrasos ou más condições atmosféricas. Quando bem utilizada, a tecnológicos A promoção e venda de serviços e produtos tecnologia centraliza a informação é outra utilização a que o Facebook se presta e permitem uma e ajuda a harmonizar a “cara” que os aeroportos estão a aproveitar. Tem sido comunicação direta da empresa perante o cliente. usado para ajudar as companhias a divulgar novas Serve também, como nota Nuno antes impossível e rotas, através por exemplo de passatempos e Moreira, gestor do projeto de abrem caminho para prémios. Mas também são divulgados serviços desenvolvimento da app, para dar um diálogo com o dos próprios aeroportos: lojas, estacionamento mais credibilidade a toda a indústria. passageiro. ou a oferta imobiliária, como o business center. “Muitas vezes o aeroporto dá uma Nuno Costa destaca outra função que é o informação enquanto a companhia aérea dá outra relacionamento com os stakeholders e com a comunicação social. e o passageiro fica no meio sem saber o que fazer. “Recorrendo a aplicações específicas, os tradicionais press releases Há greve. O meu voo mantém-se ou não? Devo ir chegam aos jornalistas por este meio, na hora”. para o aeroporto ou não?”. A ANA mantém também uma presença do Flickr, onde divulga Os novos formatos tecnológicos permitem imagens dos aeroportos, e no You Tube, onde podemos encontrar uma comunicação direta antes impossível desde vídeos tutoriais sobre como passar a fronteira eletrónica ou e abrem caminho para um diálogo com o a dança com que o Aeroporto do Porto desejou boas férias aos passageiro. “O aeroporto tem interesse em passageiros numa tarde de domingo, em Maio. conhecer o passageiro, com base nisso consegue Porque não é possível estar a par de tudo o que é dito sobre dar-lhe um melhor serviço, quase personalizado, todos os aeroportos na web, a ANA vai contratar uma empresa nas vertentes operacionais e comerciais. Para o para fazer essa monitorização. Para Rafael Veiga, do departamento passageiro, dialogar com o aeroporto significa ter de Comunicação e Imagem, “mais do que saber o que de positivo as suas necessidades atendidas”. é dito sobre os serviços prestados importa utilizar esta ferramenta para melhorar. Se um aspeto de um determinado serviço é referido de forma recorrente – os utilizadores têm uma má experiência e Feedback na hora partilham-na em fóruns, blogs, no Facebook, etc. –, a monitorização Dois anos depois do início da aventura, os ajuda-nos a perceber isso e a corrigi-lo”. perfis dos quatro aeroportos (Lisboa, Porto A exposição funciona para o bem e para mal, e isso é positivo: Faro e Açores) somam 45 mil fãs, sendo que o “Começamos a descobrir o que é verdadeiramente importante. Este de Lisboa concentra o maior número, 25 mil. E, feedback imediato é uma ótima ferramenta de melhoria contínua”. neste curto espaço de tempo, as redes sociais
A dança com que o Aeroporto do Porto desejou boas férias aos 7 passageiros. Este eventos criam uma interação com os passageiros e dão ao aeroporto uma grande projeção nas redes sociais.
_em foco Acompanhar o passageiro
– informação e subscrição do voo, horários das lojas, dos transportes, etc. – , a app da ANA será progressivamente melhorada com outras funções: a integração do Airport Shopping Online e do parking online, a indicação dos tempos de fila, o status de bagagem perdida, feedback a reclamações e integração com as redes sociais.
Depois de uma primeira experiência em Symbian, acabou de ser lançada a app da ANA nos formatos Android e IOS. Todos os aeroportos do grupo estão disponíveis numa só aplicação. Mais do que ir com a maré, trata-se de perceber o que querem os clientes. E os números mostram-no: um milhão de portugueses navega na internet através do telemóvel e, em dois anos, foram vendidos 2,5 milhões de smartphones em Portugal. Para quem ainda só usa o telefone para falar vale a pena explicar Comprar no aeroporto, online o que têm os smartphones de tão especial. Entre outras coisas, À distância de um clique ficaram agora milhares permitem saber a localização do utilizador a cada momento, o de artigos de perfumaria e cosmética, moda, que abre muitas possibilidades. produtos nacionais e gourmet. Lançado em maio “Com a nossa aplicação, o passageiro tem um portal de passado, o Airport Shopping Online integra 20 informação relevante e de comunicação com todos os agentes lojas e serviços do Aeroporto de Lisboa intervenientes do processo aeroportuário”, explica Nuno Moreira, Através do www.airport-shopping.eu também que no processo de desenvolvimento da app analisou mais de é possível reservar moeda, marcar uma sala de 15 aplicações de aeroportos, entre reuniões do Business Center, ou Para quem ainda só usa o europeus e asiáticos. reservar artigos como cadeiras de Estas aplicações funcionam como telefone para falar vale bebé, tacos de golfe, pranchas de uma assistência à viagem como nunca a pena explicar o que têm surf, bicicletas, etc., no operador antes foi possível. O passageiro é dono de aluguer Rent-a-Stuff. Os os smartphones de tão da sua experiência no aeroporto. Uma conselhos de uma estilista e do especial. Entre outras experiência que pode começar até pediatra Mário Cordeiro estão dias antes da viagem: se, por exemplo, coisas, permitem saber a também disponíveis para os subscrever o seu voo, vai receber localização do utilizador utilizadores do site. notificações sempre que haja uma a cada momento, o que abre Marisa Silva, da Direção de alteração ou informação relevante. Retalho da ANA, explica que muitas possibilidades. “É bom para todos que a interação a plataforma facilita a vida a comece o mais cedo possível, não só por razões comercias, quem quer comprar nas lojas do Aeroporto de que obviamente são importantes, mas também por questões Lisboa. “Os passageiros não têm de viajar com os operacionais“, nota Nuno Moreira. Imagine-se que o voo é numa sacos das compras porque os envios são feitos hora de pico e o check-in está muito cheio. Se o passageiro for para todo o país e quase toda a Europa. Por notificado e vier com tempo para o aeroporto, o processamento outro lado, quem não vai viajar pode ter acesso é feito mais cedo e a possibilidade de haver atrasos – neste voo e a produtos que antes só nos seguintes – é menor. estavam disponíveis com Para já com as funcionalidades básicas de uma app de aeroporto um cartão de embarque”.
No processo de desenvolvimento da aplicação móvel foram analisadas mais de 15 apps de outros aeroportos. Até 2013 a app vai integrar outros serviços como o airport shopping online, informação dos tempos de fila ou feedback a reclamações. 8
A abertura do Airport Shopping Online colocou à distância de um clique milhares de artigos de cerca de 20 lojas do Aeroporto de Lisboa. Quem não vai viajar também pode agora comprar nas lojas do aeroporto.
As formas de pagamento são as habituais online, MB net, cartão de crédito ou Paypal, e a expedição é feita no dia seguinte à compra via Chronopost e CTT. “Quem quiser levantar os artigos no aeroporto também o poderá fazer. Existem dois balcões: um na área pública de Chegadas (operado pela Rent-a-Stuff) e outro na área restrita, após o controlo de raio X (operado pela Cores Doces)”. Primeira plataforma de e-commerce desenvolvida por um aeroporto para os seus passageiros, o Airport Shopping Online permite ainda “viajar” virtualmente pelas lojas do aeroporto e conhecer os espaços, ofertas e promoções. Ao longo dos próximos meses novos produtos e serviços vão integrar o site www.airport-shopping.eu.
Estacionar online Conveniência, comodidade e garantia de um serviço sem complicações é também o que oferece o parking online da ANA, que milhares de pessoas já usam diariamente e que se diferencia da concorrência com a oferta de cinco níveis de serviço: Premium, Executive, Classic, Low Cost e Low Cost Plus. A plataforma para reservas de estacionamento online – que começou a ser desenvolvida em 2006 – permite fazer simulações, reservar e pagar o parque através do cartão de crédito. No ano passado as reservas online rondaram os 8% da faturação total. No primeiro trimestre deste ano já vão nos 13%, um número que Carlos Gutierres, diretor de Projetos Especiais, não tem dúvidas de que continuará a subir. E tem razões para isso. Em abril de 2011 foi lançado um novo site e, no primeiro ano, o número de utilizadores aumentou 296%. “Para este aumento, contribuiu o plano de comunicação que recorreu bastante ao meio online”. 2011 terminou com uma campanha de Natal, chamada Super Poupança, que oferecia aos clientes registados no site o preço mais baixo do mercado: 1€ por dia.
finais de julho, vai permitir que o passageiro organize toda a sua viagem: comprar o voo (através do TravelMarket), reservar um hotel (no booking.com), saber como chega ao aeroporto, subscrever informação de voo, reservar um lugar de estacionamento, saber como utilizar o passaporte eletrónico e, até, no novíssimo Airport Shopping Online, ver se o perfume que anda à procura já está disponível. O site também vai integrar as presenças sociais da ANA (Facebook, Flickr e YouTube) e permitir aceder às aplicações móveis. Redimensionado para ser acedido por tablets, terá também uma versão para telemóveis, uma vez que, como nota Rafael Veiga, “a maior parte do parque mobile nacional ainda não é composta por smartphones. Temos que proporcionar uma boa usabilidade a quem vá ao site da ANA num dispositivo mais antigo”. Antes de ser reestruturado, o site da ANA recebeu no ano passado 4,5 milhões de visitantes.
O hub ana.pt O hub que agrega todas estas presenças é o site. O ana.pt tem estado a ser reestruturado e a nova versão, que estará no ar em Com o lançamento, em abril de 2011 do novo site, o número de utilizadores do parking online aumentou 296%. 9
_Chegadas
good
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Com o verão chegam também os festivais de música. Há meses em que a oferta é tanta que é preciso escolher porque vão estar a acontecer várias coisas ao mesmo tempo. Mostramos algumas opções, não só na cidade mas em toda a região de Lisboa. De Sesimbra a Cascais e passando por Oeiras. © fotografias de Luís Martins
Alta Mistura EDP Cool Jazz, Oeiras, de 29 de junho a 21 de julho
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A Orquestra Buena Vista Social Club com Omara Portuondo, Sting e Lizz Wright fazem parte do cartaz do EDP Cool Jazz deste ano.
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os últimos oito anos, o EDP Cool Jazz conseguiu imporse como um evento de música diferenciado que o público reconhece por isso mesmo: por ser distinto dos outros festivais da época. Com um conceito mais requintado, este evento distingue-se por se realizar ao longo de todo o mês de Julho, pelos belos cenários onde acontecem os concertos, pelo ambiente intimista, muito perto dos palcos e sem grandes multidões. É, sem dúvida, uma ótima oportunidade para assistir a concertos de artistas de renome internacional em espetáculos individuais e raros. Este ano, Sting, Pablo Alborán, Al Jarreau, Pat Metheny Unity Band, Lizz Wright e Raul Midón são alguns dos nomes no cartaz mas o grande destaque vai para o regresso a Portugal dos embaixadores da música cubana, que Ry Cooder revelou ao mundo: a Orquestra Buena Vista Social Club. Fazem-no na sua mais recente encarnação centrada no guitarrista Barbarito Torres, no trompetista Guajiro Mirabal e no trombonista Aguaje Ramos. E, claro, com a presença da divina cantora que é Omara Portuondo. Todos os concertos acontecem no belo cenário dos Jardins Marquês de Pombal – à exceção de Sting, que se apresenta no Parque dos Poetas – num ambiente quase familiar. Marco do paisagismo do século XVIII, adaptado à tradição portuguesa das quintas de recreio, estes jardins são dos mais bonitos espaços do concelho de Oeiras. História, natureza, verão e música cool numa simbiose perfeita. Toda a programação em www.cooljazzfest.com
© fotografias de Luís Martins Lana del Rey e Aloe Blacc são dois dos principais nomes do cartaz.
Sol e Rock’n Roll Super Bock Super Rock, Aldeia do Meco, 5 a 7 de julho
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Esta será a terceira edição do Super Bock Super Rock realizada nas areias no Meco. Nem o pó nem as dificuldades nos acessos têm afastado os festivaleiros.
rganizado desde 1995, o Super Bock Super Rock é um dos mais importantes festivais portugueses. Nasceu na Gare Marítima de Alcântara, depois passou para o Passeio Marítimo da mesma zona e, um ano mais tarde, para a marginal de Algés. Foi só em 1998, com a Expo em Lisboa, que ganhou um poiso certo por uns anos. Do Parque Tejo, no Parque das Nações, saltou em 2010 para a Herdade do Cabeço da Flauta, na Aldeia do Meco, em Sesimbra, e, apesar do trânsito e do pó, parece que aí está para ficar. Até ver. O mais eclético dos festivais nacionais – tanto em termos de formato como de estilos que se apresentam – ganhou com a mudança e com os ares do mar uma imagem mais descontraída. O cartaz deste ano conta com bandas e artistas como Incubus, Pete Doherty, Apparat, Azealia Banks, The Horrors, Little Dragon, Lana del Rey, Aloe Blacc, entre outros. Com três palcos e mais de três dezenas de artistas confirmados, a dificuldade é mesmo escolher o que se quer ver e ouvir. O bilhete diário custa €45 e o passe para três dias €80. Mais informações em www.superbocksuperrock.pt
Música e turismo Cascais Music Festival, de 16 a 24 de Julho
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Realizado este ano pela primeira vez, o Cascais Music Festival traz ao Hipódromo Manuel Possolo nomes como o francês Manu Chao, a norte-americana Erykah Badu e a portuguesa Mariza.
om o objetivo de aliar grandes nomes da música, nacional e estrangeira, à oferta turística de Cascais, surge este ano pela primeira vez o Cascais Music Festival. Entre 16 e 24 de Julho o Hipódromo Manuel Possolo, em Cascais, vai receber dez concertos de luxo. Keane, Melody Gardot, Erykah Badu, Carlos do Carmo, Manu Chao, Donavon Frankenreiter e Xavier Rudd, Morrissey, Antony com a Sinfonietta de Lisboa, Pink Martini e Mariza, por esta mesma ordem, são os nomes sonantes que fazem parte do cartaz, promovido pela Everyting is New e com o patrocínio da autarquia. “A festa da música”, como lhe chamou o presidente da câmara de Cascais, Carlos Carreiras, pretende dinamizar a vila e potenciar o turismo. A grande novidade neste tipo de eventos é que, além dos bilhetes individuais para os concertos, é também promovida a venda de pacotes turísticos que incluem o ingresso e hotel ou restaurante. Entre os parceiros da iniciativa contamse nomes célebres da hotelaria e restauração do concelho, como a Quinta da Marinha, o Farol Design, o The Oitavos, ou o Porto de Santa Maria, o Mar do Guincho e o Five Pines. Os bilhetes individuais para os concertos oscilam entre os 22 e os 50 euros. Já os preços dos pacotes variam consoante o espetáculo e hotel ou restaurante escolhidos e estão à venda nos locais habituais.
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O mais internacional dos festivais portugueses costuma ser também o que atrai mais público. Este ano os Buraka Som Sistema garantem a festa no dia 13 no palco Heineken.
“Alive and Kicking” Optimus Alive, Algés, 13 a 15 de julho
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s incondicionais deste festival de música – que este ano avança para a 5ª edição, sem interrupções – referem-no apenas como Alive! Conseguiu logo na sua 2ª edição alcançar impacto internacional, com as revistas inglesas Uncut e New Musical Express a destacarem-no pelo ambicioso cartaz que reuniu nomes como Bob Dylan e Neil Young. Nesse ano passou pelo Passeio Marítimo de Algés, ao longo dos três dias, o simpático número de 100 mil pessoas. A imprensa inglesa continua a demonstrar especial carinho pelo Alive. Já este ano, o prestigiado The Times incluiu-o na lista dos 10 Melhores Festivais de Música que se realizam fora do Reino Unido – ao lado de grandes festivais europeus, como Roskilde, na Dinamarca, Benicàssim, em Espanha, ou Sziget, na Hungria – num artigo intitulado “Os Melhores Festivais de Música do Loch Ness a Lisboa”. Além dos artistas confirmados, o jornal dá importância “à maravilhosa costa portuguesa” e ao facto de Lisboa ser “uma das mais adoráveis capitais europeias”. Já o The Guardian destacou o Optimus Alive e Lisboa como um dos destinos perfeitos para “Mais Música, Menos Lama”. Este ano o cartaz volta a não dececionar com nomes como Snow Patrol, The Cure, Radiohead e Florence + The Machine. O que já não é tão agradável é o preço que este ano sobe para 53 euros, o bilhete diário, e para 105, o passe para os três dias. Toda a informação em www.optimusalive.com
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Snow Patrol, The Cure e Radiohead são os nomes mais fortes de cada dia do cartaz do Optimus Alive deste ano.
Mudar para melhor Os passageiros que utilizam o Aeroporto de Lisboa para transferência já não têm de se deslocar entre terminais. Ao passar a operar apenas no T1, a TAP melhorou os seus níveis de desempenho enquanto a easyJet, que agora ocupa o T2, alcançou maior agilidade na operação.
O arranjo de canteiros e caminhos bem como a colocação de placas identificativas das espécies fazem parte do processo de requalificação do jardim, em curso desde 2006.
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rês meses depois de ter passado a operar todos os seus voos a partir do Terminal 1 do Aeroporto de Lisboa, o desempenho da TAP melhorou consideravelmente a todos os níveis. Ao duplicar a utilização do uso das mangas conseguiu reduzir significativamente o tempo de entrega das malas, o que resulta num melhor serviço prestado aos passageiros tanto pela companhia aérea como pelo aeroporto. Este era um dos principais objetivos, explica Nuno Costa, chefe de divisão de marketing aviação do Aeroporto de Lisboa, quando em março a companhia de bandeira portuguesa abandonou os voos domésticos no T2, que passou a ser utilizado pela low cost easyJet. Na mesma altura também a SATA e a AeroVip transferiram os seus voos para o T1. O T2 continua a ser um terminal apenas de partidas e, por oferecer um serviço mais simplificado, passa a servir apenas as companhias que não tenham necessidade de infraestrutura específica para processar passageiros em transferência, como é o caso das low cost. Depois da easyJet, também a Transvia e a Blue Air passaram a operar a partir do T2. Para estas companhias, que efetuam apenas tráfego ponto a ponto (sem necessidade de efetuar transferências), o serviço oferecido pelo T2 é atrativo porque as operações ali estão sim-
© fotografias de Maria Alexandre Pinto
plificadas, explica o responsável de marketing. “As pessoas vão a pé para o avião, a companhia dispõe de uma sala para a tripulação e de escritórios no lado operacional e, por isso, há uma maior conveniência”. Desde que ali se escontra a operar, a easyJet já conseguiu fazer a rotação do avião – entre aterrar e voltar a descolar – em 25 minutos. “Se não é um recorde, anda lá perto”. Um mês depois de se instalar no T2 a easyjet inaugurou a sua base no Aeroporto de Lisboa com três aviões que, nota Nuno Costa, “passam a pernoitar em Lisboa todas as noites”. A partir da mesma data a companhia de baixo custo iniciou cinco novas rotas – Oviedo, Bordéus, Copenhaga, Amesterdão e Veneza – a juntar às que já fazia antes. A easyjet, que em alguns dias fará 22 descolagens a partir de Lisboa, prevê este ano transportar mais 250 mil passageiros do que no ano passado, elevando o volume total de passageiros em 2012 para os dois milhões.
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No lugar do
passageiro
Foi escolhido para ocupar o lugar do passageiro e dar à empresa uma visão transversal de todos os processos e negócios que se encontram na passagem pelo aeroporto. Nuno Moreira acredita que os aeroportos devem ser mais comerciais e que a experiência aeroportuária deve ser vista como um todo. Porque a viagem é muito mais que um voo: começa ainda antes do check-in e só termina no aeroporto de destino.
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e estiver na mesma sala que ele e o alarme de incêndios tocar, não pense em ignorar e continuar o que estava a fazer como se nada fosse, à boa maneira portuguesa. Vai ter de descer ordeiramente e sair do edifício, como ditam as regras. Mesmo que fumo nem sempre signifique fogo, não faz tenção de mudar estes hábitos, adquiridos nos dez anos que viveu em Inglaterra. Estava em Londres em julho de 2005 quando, em plena hora de ponta, várias bombas explodiram no metro fazendo mais de 50 mortos. “Como é que no dia seguinte as pessoas voltam a entrar no metro para ir trabalhar?”. Não tem dúvidas que a resposta a esta questão é: com respeito e confiança nas normas e regras instituídas. Foi por terras de Sua Majestade que Nuno Moreira, colaborador da ANA há mais de quatro anos, entrou no universo dos aeroportos. Aliás, o primeiro contato com a indústria aeroportuária foi nada menos que no ultramoderno Terminal 5 de Heathrow. Dentro de um programa da BAA, gestora do aeroporto, destinado a jovens com potencial para exercerem cargos de destaque na empresa, desenvolveu vários projetos entre os quais o ‘desenho’ das rotas dos autocarros que faziam as transferências entre os cinco terminais do aeroporto. Mais difícil, por causa da componente humana e emocional envolvida, foi a dissolução do call center, onde trabalhavam 52 pessoas, quando a BAA foi comprada pela Ferrovial. “Na realidade não houve muitos despedimentos efetivos mas foi complicado ter de comunicar às pessoas que o seu posto de trabalho deixava de existir e tinham de ir fazer outra coisa qualquer”. A experiência de gestão e operação de alguns processos, que trouxe na bagagem quando voltou para Portugal, valeu-lhe uma colocação na ANA. Começou pela Direção de Retalho, uma área da empresa que tem crescido muito. Uma gestão mais ativa do concessionário, o Airport Shopping Online, novos conceitos como o rent-a-stuff (o aluguer de objetos difíceis de transportar em viagem) ou a nova loja de chocolate que reúne algumas das melhores marcas do mundo, além da estreia da marca Costa Coffee em Portugal, são algumas das inovações que esta Direção pôs a funcionar nos últimos anos. Há cerca de um mês deixou a equipa do retalho para se ocupar de Parcerias Estratégicas na Direção de Projetos Especiais, a unidade que gere os parques de estacionamento, os rent-a-car e a
publicidade nos aeroportos. Sob sua alçada tem também uma nova área, que para já é um projeto mas poderá ganhar outro estatuto na empresa: a Gestão da Experiência do Passageiro. Os aeroportos são universos complexos e quem os gere tem uma multiplicidade de interlocutores, que vão da companhia aérea ao handler, à segurança, aos concessionários das lojas e rent-a-car, às entidades oficiais, etc. Se é verdade que quem paga diretamente à ANA são as companhias aéreas e os concessionários, quem gera o negócio são os passageiros. Com isso em mente, os aeroportos por todo o mundo começam a perceber que não basta relacionarem-se com estes intermediários: é necessária também uma relação direta com o passageiro, que é o cliente final. Essa é uma noção que também já existe na ANA há alguns anos. É No último par de anos, nesse sentido que têm vindo a ser mais esforços têm implementados nos aeroportos de sido canalizados em todo o país, sob a marca Living Airport, direção ao passageiro serviços e produtos sob medida para os vários tipos de passageiros. É o caso através das redes dos carrinhos de bebés, dos fraldários, sociais, das aplicações dos espaços para famílias ou grupos móveis e de um uso mais ou dos lounges hi-tech. comercial da internet No último par de anos, mais esforços têm sido canalizados em direção ao passageiro através das redes sociais, das aplicações móveis e de um uso mais comercial da internet (com o parking online e o Airport Shopping Online), mas para Nuno Moreira são apenas o princípio e não podem ficar por aqui. Para se ter uma visão mais ampla e transversal de todos os processos e negócios e ao mesmo tempo conhecer o ponto de vista do cliente final é que foi criada a figura do “Gestor da Experiência do Passageiro”. “A ideia é haver alguém que tome o lugar do passageiro de uma forma o mais independente e isenta possível”, explica. Quando entra num aeroporto, o passageiro não tem noção de que em cada etapa do seu percurso está a ‘dialogar’ com entidades ou empresas diferentes: ao estacionar, interage com a Emparque; no terminal, com a empresa de limpeza ou com a PSP, que patrulha as zonas públicas; com um concessionário quando vai comer qualquer coisa ou comprar o jornal; com a segurança quando passa no raio X. “O passageiro não sabe e nem tem que saber onde começa e acaba a atuação de uns e de outros. O produto ‘aeroporto’ é a experiência completa, do princípio ao fim, que vai culminar com um voo”. Esta é uma das ideias que Nuno Moreira diz ser necessário mudar: olhar para a viagem não como um somatório de diversas partes mas como uma experiência total. “Não é por acaso que, quando chegamos ao destino, se ligamos para casa e nos perguntam se a viagem foi boa, nós voltamos atrás, ao check-in, à passagem pela
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_entrevidas segurança, pelas lojas, às duas horas do voo… É todo este percurso que nos dá um veredito de uma boa ou má viagem”. E, como pessoas são pessoas, pode ter sido tudo fantástico mas se no meio houve alguma coisa menos boa, como uma casa de banho suja, isso é capaz de vir à cabeça à frente de tudo o resto. “Uma mancha no processo pode estragar todo o resto bem feito. E também aqui se aplica o princípio da hierarquia de necessidades defendido por Maslow: as necessidades de nível mais baixo devem ser atendidas antes das de nível mais alto, ou seja, primeiro as necessidades mais básicas e só depois as outras”. Mesmo as companhias aéreas – que costumavam ver o passageiro como seu e apenas seu – já encaram esta relação de outra forma. Numa altura de grande competição no transporte aéreo, as companhias têm menos dinheiro (quando não deixaram de o ter) para “mimar e entreter” o passageiro. “O melhor tratamento que o aeroporto puder dar aos seus passageiros reflete-se também na companhia aérea”. E esta é uma mudança que se vai vendo por todo o lado. Alguns dos aeroportos mais avançados, na Ásia mas também na Europa, como Schiphol, Gatwick ou Frankfurt, já encaram este processo de forma diferente – ou seja, com olho comercial. “Existe algum pejo em dizer as coisas assim desta forma porque ainda persiste a ideia de que um aeroporto é um ativo estratégico, associado a um serviço público, mas a verdade é que a maior parte dos aeroportos de grande dimensão na Europa são já privados”. Nuno Moreira acredita que “o passageiro está interessado numa experiência simpática mesmo que algumas coisas lhe custem dinheiro”. Por isso, defende, é que alguns compram o Greenway (um serviço de acesso prioritário ao controlo de segurança) em vez de ir pelo canal de segurança normal, ou é por isso que fazem compras no aeroporto, quando 99% das coisas que ali se vendem também se podem comprar cá fora. A conclusão é que “os aeroportos têm de ser mais comerciais. Porque, desde que o serviço seja bom, as
Foi trabalhar para o moderno T5 do Aeroporto de Heathrow, onde a BAA gere toda a experiência do passageiro, quando este estava ainda em construção. 16
pessoas não se importam de pagar por ele”. Um caso particular mas exemplificativo é o de Dublin, onde é a equipa do departamento comercial que gere o rastreio de segurança. “Uma das coisas que tem mais impacto comercial é o nível de stress do passageiro: se a pessoa está stressada porque teve que tirar tudo e mais alguma coisa para passar no raio X, se demorou muito, os seus níveis de stress vão lá para cima e não vai querer comprar, nem desfrutar da experiência”. Para sustentar o que diz O melhor tratamento cita um estudo da BBA, que o aeroporto puder que concluiu que se um dar aos seus passageiros passageiro demorar, entre reflete-se também na o check-in e a segurança, companhia aérea 36 minutos, há quatro vezes menos probabilidades de fazer alguma compra do que um passageiro que só tenha demorado 24 minutos. “É só um estudo, vale o que vale, mas são coisas que estão associadas”. Seja qual for a demora que faz alguém deixar de ter cabeça para compras, a questão é que se está a lidar com expetativas. “Inconscientemente ou não, todos temos expetativas sobre o que vamos encontrar, sobre o que consideramos razoável ou não. E as expectativas são diferentes porque todos somos diferentes, ainda mais num aeroporto que é um local por onde passam pessoas de todo o mundo”. Por enquanto, as expetativas são algo que ainda não se consegue medir. Mesmo assim, há coisas de que toda a gente gosta, venha de onde vier e para onde quer que vá. Ser bem recebido, por exemplo. No aeroporto de Frankfurt há uma equipa de 500 pessoas que recebem os passageiros à porta do aeroporto e os encaminham. Para Nuno Moreira, este tipo de serviço faz sentido num hub como Lisboa, onde a necessidade de melhorar a qualidade do serviço é constante. Outra forma de receber melhor os passageiros é segmentá-los, proporcionando uma experiência à medida das necessidades de cada um. Algo que, nota, poderá ser pensado para os passageiros de Angola e do Brasil. Depois de uma primeira fase com uma de análise sobre a experiência dos passageiros nos aeroportos, o projeto de Gestão da Experiência do Passageiro vai prosseguir com “um caráter mais prático e mais focado em ações concretas. Os passageiros estão habituados aos procedimentos que existem nos aeroportos, sabem que são
necessários. A diferença é que há formas mais e menos simpáticas de os conduzir”. Licenciado em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão, depois do curso Nuno Moreira foi trabalhar para a KPMG, uma das maiores empresas de auditoria do mundo. Aí surgiu a possibilidade de trabalhar nas lojas de merchandising da Expo98, concessionadas a uma empresa norte-americana. O contato com outras nacionalidades despertou-lhe a vontade de ir para fora. E foi. Primeiro para Manchester, onde como auditor interno da Kellogg’s viajou por boa parte da Europa. “Quando não estávamos a trabalhar, estávamos nos pubs porque a chuva era constante e não dava para fazer mais nada”. Foi também aí que conheceu a mulher, norueguesa, que trabalhava na mesma empresa. Seguiu-se a BMG, já em Londres, e um MBA na Business School da City University London. Depois arranjou emprego na nova fábrica londrina da panificadora Warburtons, uma empresa familiar, gerida por três primos, onde o diretor sabe o nome de todos os empregados e família direta. Um sítio onde gostou muito de trabalhar e que só deixou para ir para a BAA. Apesar dos desafios profissionais em Inglaterra serem muito aliciantes, foi por questões familiares, sobretudo pela educação que queria dar ao filho Alec, agora com seis anos, que decidiu voltar para Portugal. A par com as tarefas paternas - entretanto nasceu, já este ano, a Sofia – Nuno Moreira mantém a rotina do squash, um hábito que também lhe ficou dos tempos ingleses. Na verdade, a primeira opção foi o ténis mas, mais uma vez, a chuva levou-o a optar por um desporto com teto. Os tempos livres passa-os à volta das árvores de fruto e do jardim lá de casa, o que lhe permite dar descanso ao cérebro. Experimentador, está agora a tentar cultivar kiwis, algo que, dada a sua experiência anterior, não será certamente difícil. “Vivia num empreendimento residencial na zona oeste de Londres e tinha um pequeno jardim onde plantei uns pés de videira que tinha levado. No primeiro ano não nasceu nada, no segundo também não, mas ao terceiro nasceram 72 uvas. Posso dizer que criei uvas em Inglaterra”. O que não é para todos.
Depois do ténis, optou pelo squash, outro hábito que trouxe de Inglaterra. 17
_inovação
Jogar a sério A ANA participa com uma dezena de parceiros num projeto europeu de desenvolvimento de um simulador virtual para situações de crise e acidentes em aeroportos. O CRISIS assemelha-se a um jogo de vídeo e vai permitir poupar em simulacros reais. Porque há coisas com que não se brinca.
U
m acidente com um avião. A explosão de uma bomba no terminal. Um acidente de comboio nas imediações de um aeroporto. Estes são os cenários em desenvolvimento na plataforma de simulação que, adaptando tecnologia avançada de jogos de vídeo, visa treinar as entidades que respondem numa situação de crise ou de acidente num aeroporto. O CRISIS – Critical Incident Management System using an Interactive Simulated Environment é um projeto europeu que, através de cenários virtuais interativos criados com a ferramenta de desenvolvimento de jogos Unity3D, pretende desenvolver um simulador para treinar situações de emergência sem ter que recriar a situação real. Numa época de contenção obrigatória de custos, este projeto permite poupar nos simulacros reais que são dispendiosos, obrigam a um grande planeamento e coordenação e a uma interrupção nos serviços. De acordo com as normas da Organização da Aviação Civil Internacional, os aeroportos devem obrigatoriamente realizar simulacros reais de dois em dois anos. A ideia, explica Ricardo Patela, responsável pelo Serviço de Socorros e Emergência do Aeroporto de Lisboa, é tentar passar a utilizar o simulador mais frequentemente e espaçar as simulações reais. “Para de cinco em cinco anos”, por exemplo. O software que está a ser desenvolvido pode ser comparado a um jogo de computador – mais precisamente a um “serious game”, na designação anglo-saxónica. Estes jogos têm fins educativos, geralmente abordando situações ligadas a áreas como defesa, planeamento urbano, engenharia ou gestão de emergências.
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sério Ricardo Patela, que levou o projeto à conferência PassengerTerminal Expo em Viena, na Áustria, em abril passado, explica que a plataforma tem características muito avançadas como a realidade aumentada, a interatividade através de gestos e a possibilidade de as comunicações serem feitas dentro do próprio sistema. O CRISIS vai permitir treinar funções e comportamentos fulcrais em incidentes: agir debaixo de stress ou num cenário de incertezas, tomar decisões em tempo real, gerir a informação, coordenar equipas, etc. Tem também a vantagem de poder ser reconfigurado e aplicado a outros ambientes, como estações de comboios ou mesmo estádios de futebol. Projeto europeu, financiado com fundos do 7º Programa-Quadro, o CRISIS é liderado pela londrina Middlesex University e envolve um total de 12 parceiros, entre os quais a polícia de transporte britânica e a Isavia, a gestora aeroportuária islandesa. Além de utilizador final, a ANA faz parte da equipa que desenvolveu os requisitos funcionais do sistema e, consequentemente o System Master Plan (a base do software). É também responsável pela divulgação do projeto junto da comunidade científica, de outros aeroportos e em eventos da indústria e ainda pela elaboração do site no fim do projeto, em março do próximo ano.
Um acidente com um avião, a explosão de uma bomba no terminal ou um acidente de comboio são os cenários de emergência que estão a ser desenvolvidos neste projeto.
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_insights
A TECNOLOGIA AO SERVIÇO DO NEGÓCIO Ao mesmo tempo que uniformiza os sistemas e tecnologias de apoio ao funcionamento dos aeroportos, a ANA criou um portfólio de serviços e colocou-o no mercado. Além da diversificação de receitas o objetivo é a prestação de um bom serviço aos seus clientes.
A
lém de gerir infraestruturas aeroportuárias, a ANA ao longo dos anos tornou-se um prestador de serviços na área das tecnologias de informação e comunicação. Essa vocação advinha sobretudo da necessidade de garantir uma estrutura comum às diversas entidades que operam nos aeroportos. Ou, dito de outra forma, de não se permitir que o aeroporto se transformasse num emaranhado de cabos de diversas naturezas e proveniências. Mas, como nota António Pinho, chefe de divisão da Direção de Serviços de Tecnologia de Informação e Comunicação (DSTIC), a prestação destes serviços era sobretudo reativa. “Quando um dos nossos concessionários, ou uma companhia aérea, ou uma empresa de um escritório sediado no aeroporto precisava de alguma coisa, vinham ter connosco e perguntavam se
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disponibilizávamos determinado tipo de serviços”. Essa postura começou a mudar há cerca de dois anos quando, através de um estudo efetuado com apoio de consultores especializados, e com base num benchmarking internacional envolvendo aeroportos e empresas de comunicações, se percebeu que a prestação destes serviços podia ser um negócio rentável. Tendo em vista o desenvolvimento do negócio de forma pró-ativa, foi criada recentemente a CTIC – Comercial Tecnologias Informação e Comunicação. Esta nova unidade de negócio vai permitir diversificar as fontes de receita e simultaneamente assegurar a disponibilização de serviços de elevado valor às companhias aéreas, handlers e passageiros, de forma uniforme em todos os aeroportos da rede.
Toda a infraestrutura tecnológica que permite que as companhias aéreas partilhem balcões de check-in e portas de embarque, designada de “common use”, vai agora ser gerida pela ANA de forma transversal em todos os aeroportos.
O check-in automático é para todos
UM SISTEMA PARA TODAS AS COMPANHIAS Um conjunto de serviços que a ANA vai passar a explorar de forma transversal em todos os aeroportos é o designado CUPPS/ CUTE (Common Use Passenger Processing/Common Use Terminal Equipment), que permite que as companhias aéreas partilhem as infraestruturas de check-in e embarque. Desta forma, qualquer companhia aérea ao efetuar “login” numa das workstations de balcão de check-in ou porta de embarque tem acesso imediato a todas as funcionalidades do seu DCS (Departure Control System). As soluções e modelos de exploração deste serviço não eram iguais em todos os aeroportos. Em Lisboa e no Porto o sistema era explorado pela Sita - Société Internationale de Telecomunications Aéronautiques e gerido pelo Club das companhias aéreas, sem intervenção da ANA. Já em Faro, Ponta Delgada, Horta e Funchal, o sistema era da ARIC - Aeronautical Radio, Incorporated e explorado pela ANA, que definia o modelo de preços. Agora a ANA optou por uma uniformização, criando sistemas multi-site que permitem uma significativa economia de escala, quer no investimento como nos custos de operação. O sistema e os equipamentos Este modelo, foram adquiridos à Sita (a empresa que diferente do usado venceu o concurso para fornecimento na maior parte dos do serviço) mas é a ANA que passa a aeroportos, permite ser responsável pela gestão, suporte e um maior controlo desenvolvimento dos sistemas. sobre a operação Este modelo, diferente do usado na maior parte dos aeroportos, permite um maior do aeroporto. controlo sobre a operação do aeroporto. “Antes, sempre que era necessário fazer uma alteração, como reduzir ou aumentar o número de balcões de check-in, abrir ou fechar portas de embarque, não era fácil porque estávamos sempre dependentes dos clubs”, explica António Pinho. “Além de trazer um benefício comercial (a disponibilização da infraestrutura é cobrada às companhias) as vantagens operacionais também tiveram um peso importante nesta decisão”. O novo sistema arranca em outubro em Lisboa e depois, de forma faseada (à medida que os contratos em vigor forem cessando), nos outros aeroportos.
Outro sistema que vai ser implementando com base no conceito de “common use” é o self-check-in, disponível através de quiosques de atendimento que permitem ao passageiro a emissão de cartão de embarque e/ou etiqueta de bagagem e upgrades, independentemente da companhia em que viaja. Atualmente é comum nos aeroportos da ANA que cada companhia aérea possua os seus próprios quiosques, como são os casos da Lufthansa, Air France ou TAP. A partir de agora, passará a existir quiosques em “common use” e sob a marca ANA. Esta funcionalidade vai permitir ao passageiro uma maior autonomia e controlo sobre a sua experiência no aeroporto, e às companhias aéreas uma redução nos custos de operação. Embora atualmente ainda não seja possível, em breve o passageiro poderá efetuar nos quiosques pagamentos de excesso de bagagem ou upgrades, uma vez que as máquinas poderão vir a ser equipadas com meio de pagamento. O impedimento atual é o fato do meio de pagamento não estar ainda certificado para utilização neste tipo de equipamentos, algo em que a IATA está a trabalhar e já se disponibilizou para efetuar testes piloto em Lisboa com a TAP.
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_insights Cada mala a seu dono O BRS, acrónimo de Baggage Reconciliation System, é um sistema que permite fazer a associação da bagagem com o passageiro. Geralmente junto ao avião ou na área de carregamento da bagagem, um operador passa uma pistola na etiqueta da bagagem e automaticamente a informação é transmitida ao controlo de saída da companhia aérea, que confirma se o passageiro passou ou não na porta de embarque. Se embarcou, tudo OK, a mala segue, caso contrário é necessário retirar a bagagem. Funcionando como uma medida preventiva, o BRS é importante em termos de segurança: se o passageiro não entrou a bagagem também não entra. O sistema também tem um impacto operacional (e no serviço ao cliente) porque a reconciliação manual requer mais mão-de-obra, mais tempo e leva a atrasos nos voos. Atualmente o sistema existe apenas em Lisboa e é utilizado por algumas companhias, entre elas a TAP e a Lufthansa, mas o objetivo é ser usado em todos os aeroportos e por todas as companhias.
Maior segurança nas mensagens operacionais O trunking é um sistema de comunicação por rádio utilizado em áreas operacionais para difundir mensagens relacionadas com questões de segurança. É, por exemplo, através dele que a Torre de Controlo comunica com os veículos nas áreas de operação. Além de existirem diferentes sistemas de comunicação trunking em cada um dos aeroportos, alguns já não respondiam aos requisitos da infraestrutura, como era o caso do usado em Lisboa, cujas frequências estavam supersaturadas. Por isso, a ANA decidiu implementar sistemas similares em todos os aeroportos, optando por um digital, designado Tetra – Trans-European Trunked Radio, que já estava a ser usado no Aeroporto do Porto. “Enquanto, no sistema analógico, ao acionar o rádio estou a ocupar uma frequência, o digital permite ter na mesma frequência quatro comunicações em simultâneo”, explica António Pinho. O Tetra traz um conjunto de novas funcionalidades para a ANA, o maior utilizador, mas também para as companhias, handlers e outras empresas que operam no ambiente aeroportuário. Oferece uma interligação em rede, o que permite que se fale com todas as entidades. Outra vantagem deste sistema, nota António Pinho, é o canal de emergência que, ao ser acionado, silencia automaticamente todas
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as comunicações em curso, funcionalidade extremamente útil para situações de emergência no aeroporto.
Wi-fi para todos Há quase três meses que a ANA oferece meia hora de navegação gratuita na internet em todos os seus aeroportos. O vencedor do concurso para o fornecimento deste serviço foi a norte-americana Boingo Wireless, o maior operador do mundo em aeroportos, presente em exclusividade em mais de 60. Depois de analisadas as opções de modelo de fornecimento de wireless – grátis, pago ou um modelo híbrido – a empresa optou pela terceira, com 30 minutos gratuitos por cada período de 12 horas. Tomás Crespo, engenheiro de telecomunicações da DSTIC, explica que a ideia de wi-fi gratuito, prática comum nos EUA, na Ásia e em alguns aeroportos regionais, foi equacionada mas não escolhida porque, como em muitos casos, “o barato sai caro”. “Nos últimos 5 anos o número de aparelhos que permitem aceder à internet quintuplicou: quando antes apenas os computadores permitem aceder, agora até alguns leitores de MP3 o fazem. Isto significa uma procura muito grande, que pode levar a sobrecarga e a interrupções frequentes no serviço. E isto seria uma má experiência para o passageiro, sobretudo para aqueles que precisam mesmo aceder para trabalhar”. O tempo de trânsito nos aeroportos portugueses é em média de 1h a 1h30 por isso considerou-se que 30 minutos era um tempo razoável. O utilizador tem que se registar na primeira vez que utiliza o serviço e posteriormente apenas efetuar login.
A ANA oferece meia hora de navegação gratuita na internet em todos os seus aeroportos.
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O aeroporto dO FUTURO, agora O papel do aeroporto enquanto mero fornecedor de infraestruturas eficientes e seguras para os aviões há muito que ficou para trás. Os aeroportos de hoje sabem quanto vale ter passageiros satisfeitos e fazem por isso. Melhor serviço e melhor experiência para o passageiro é o objetivo do projeto Aeroporto do Futuro, já em versão “piloto” no Aeroporto do Porto.
O
aumento do tráfego aéreo tem confrontado cada vez mais os passageiros com espaços sobrelotados nos aeroportos, perdas de bagagem e atraso nos voos. Se a isto acrescermos os contratempos do percurso entre casa e a porta de embarque, é fácil entender que nem sempre o passageiro consiga usufruir dos serviços que o aeroporto tem para lhe oferecer. No entanto, se há atrasos que não se podem controlar, há outros que podem ser minimizados. Como? Através da informação prestada. Uma equipa da ANA reuniu-se em torno de um projeto – batizado de Aeroporto do Futuro – que preconiza o acesso à informação, em tempo real, por todos os intervenientes no percurso do passageiro no aeroporto, desde o check-in até ao embarque, e pelo próprio passageiro, para reduzir os contratempos ao mínimo. “A ideia é construir uma plataforma de comunicação integrando novas soluções tecnológicas, informação nova e informação que atualmente já é dispensada mas de forma dispersa”, explica Magda Matos, gestora do projeto. Um dos principais problemas, não há dúvida, são as filas. Por isso, o projeto prevê a implementação de um
Conhecer os passageiros Conhecer os perfis dos passageiros é também fundamental para que se possa adequar a oferta de bens e serviços dos aeroportos. Em parceria com a empresa Around Knowledge está a decorrer, também no Aeroporto do Porto, outro piloto para a identificação de perfis de passageiros com recurso à deteção de equipamentos com WI-FI, Bluetooth e GSM. Através das antenas colocadas na praça central da sala de embarque é possível obter informação muito relevante, nomeadamente o número de passageiros no local, o seu país de origem, identificação dos que entram nas lojas contíguas, entre outras informações.
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A partilha de informação com as entidades envolvidas no embarque de passageiros é outra caraterística desta plataforma. Vai ser possível saber, em tempo real, a localização dos passageiros e os tempos de percurso até à porta de embarque.
Medir as filas Embora já existam no mercado diversas alternativas que permitem a medição de filas, a ANA optou por celebrar um protocolo com uma empresa portuguesa. A Ambisig – Ambiente e Sistemas de Informação Geográfica desenvolveu uma tecnologia com recurso a processamento de imagem que permite a deteção de movimento. Incorporada num demonstrador, a tecnologia permite o cálculo dos tempos médios de espera e da velocidade de processamento de passageiros. Além de emitir alertas, possibilita também a análise da informação instantânea, de um período anterior e fazer estimativas. Para já vai ser feito um piloto, sem encargos financeiros para a ANA, no controlo de segurança do Aeroporto do Porto. A equipa acredita que este piloto poderá ser expandido a outras áreas do aeroporto e aos outros aeroportos da ANA.
sistema de medição de filas que vai permitir saber em tempo real quais os tempos de espera nas diversas etapas do percurso de embarque. Este sistema, chamado Waiting Times, irá desencadear alertas para os responsáveis das áreas onde se geram filas sempre que estas se aproximem do nível mínimo de serviço acordado com a ANA. Outra componente é um software, o Easy4All, que permite a partilha de informação com as entidades envolvidas no embarque de passageiros. Associado ao Waiting Times, vai permitir saber, em tempo real, a localização exata dos passageiros e os respetivos tempos de percurso até à porta de embarque. Além de facilitar a gestão do tempo por parte do passageiro – fica a saber quanto tempo ainda tem para fazer compras, por exemplo – facilita também as tomadas de decisão e o planeamento de recursos. Esta informação permitirá também alimentar as aplicações (apps) para smartphones e tablets. Assim, o passageiro pode circular descontraidamente antes do embarque, com a certeza que a informação de que precisa lhe será enviada para o telemóvel. Outros locais onde os passageiros podem encontrar mais informação para planear o percurso no aeroporto são o site e a aplicação mobile da ANA. Entre outras funcionalidades haverá informação sobre acontecimentos que possam condicionar o acesso ao aeroporto e vídeos sobre as diversas modalidades de check-in. “As vantagens de um maior conhecimento do que está a acontecer no aeroporto e da partilha da informação são evidentes. Além da redução dos atrasos nas partidas dos aviões por ser possível saber a exata localização dos passageiros no momento do embarque, e também por causa das informações que estes têm ao longo do percurso, a plataforma permite alcançar melhores níveis de serviço” explica Magda Matos. Por outro lado, ao permitir ter passageiros mais disponíveis e descontraídos antes do embarque, vai contribuir para um aumento das receitas do retalho. O Aeroporto do Futuro nasceu de uma ideia apresentada e desenvolvida por colaboradores da ANA dentro de uma iniciativa designada ANA Forward, que pretende criar ferramentas e um ambiente propício ao empreendedorismo na empresa. Da equipa de trabalho deste projeto fazem também parte representantes de dois importantes parceiros da ANA: o SEF e a Groundforce. A demonstração-piloto desta plataforma está a ser implementada no Aeroporto do Porto mas o objetivo é estendê-la aos restantes. A possibilidade de comercializar a solução está também em cima da mesa.
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_insights
MAIS SEGURANÇA EM MENOS TEMPO O rastreio de segurança é um dos processos que mais dores-de-cabeça dá tanto aos aeroportos como aos passageiros. Recorrendo às tecnologias de informação para conhecer o passageiro, essa etapa será no futuro muito mais célere e menos intrusiva.
N
os últimos anos o processo de check-in nos aeroportos sofreu uma evolução significativa com o aumento de operações self-service. O passageiro faz o check-in em casa, através da internet (web ou mobile), ou, no aeroporto, nos quiosques para o efeito. Em alguns aeroportos já pode mesmo deixar a sua bagagem em pontos Bag Drop-off, sem qualquer assistência humana. Mas, como nota Paulo Andrade, ICT manager da ANA, esta agilização na primeira etapa do processo criou uma pressão maior na área do controlo de segurança, uma vez que, tendo o check-in feito, o passageiro se dirige logo ao rastreio de segurança. Mesmo que tenha bagagem de porão, os tempos de processamento dos Bag Drop-off
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(quer sejam assistidos ou não) são mais curtos do que no check-in tradicional. Isto leva a picos de procura na segurança que conduzem, muitas vezes, a tempos de espera elevados. Uma situação que tem um impacto significativo tanto na operação dos aeroportos como na qualidade do serviço prestado ao passageiro. Para agilizar o processamento no rastreio de segurança e minimizar a intrusão aos passageiros, os aeroportos e a indústria estão a trabalhar em duas frentes.
O novo controlo de segurança em que a IATA e outras entidades estão a trabalhar assenta na segmentação dos passageiros em 3 níveis consoante a informação que é possível obter sobre cada viajante: “passageiro frequente”, “normal” e segurança “avançada”.
Rastreio de acordo com o perfil do passageiro
O passageiro é identificado através de um sistema biométrico que poderá ser o passaporte eletrónico ou o scanner ocular, por exemplo.
Scan do cartão de embarque no controlo de segurança A evolução dos cartões de embarque de banda magnética para a tecnologia de código de barras – com aplicação em papel normal e em imagens eletrónicas nos telemóveis ou PDAs – veio simplificar o controlo ao longo dos vários pontos da passagem pelo aeroporto: controlo de segurança, lounge, fast track, portas de embarque, etc. No controlo de segurança, por exemplo, o scan do cartão de embarque permite não apenas saber se o passageiro está ou não apto a aceder à sala de embarque como também perceber quantas pessoas passam em cada momento nos locais de controlo e ajustar a infraestrutura à procura. O registo da hora da passagem pelo controlo de segurança assume ainda particular importância para as companhias aéreas: uma vez que o check-in foi deslocado para fora do aeroporto, a passagem pela segurança é a primeira informação que têm de que o passageiro já está na aerogare. Em alguns aeroportos já existe inclusive um interface entre o scan do cartão de embarque no controlo de segurança e o sistema de controlo de saída da companhia aérea (o chamado DCS). Além de registar a hora a que o passageiro passou, o sistema verifica se todos os requisitos necessários à viagem estão OK, no sentido de antecipar problemas na porta de embarque, que são sempre mais difíceis de gerir de forma atempada. Para estabelecer um standard para este interface existe um grupo de trabalho que envolve o ACI, elementos dos aeroportos, da industria aeronáutica e, naturalmente, da IATA, que representa as companhias aéreas.
Os atuais sistemas de rastreio foram inicialmente desenhados para a deteção de armas metálicas, já lá vão cerca de quatro décadas. Ao longo do tempo e perante novas ameaças têm vindo a ser complementados com outros sistemas de deteção. No entanto, o conceito não evoluiu ao longo dos anos, mantendo-se os mesmos requisitos de rastreio a todos os passageiros, assim como ao staff que opera nas áreas restritas. A IATA, a ICAO, a ACI e um conjunto de entidades governamentais estão neste momento a redesenhar o controlo de segurança com base num conceito de segmentação dos passageiros em três canais de rastreio, consoante a informação que é possível obter sobre cada viajante. A ideia é que o passageiro passe a identificar-se através de um sistema biométrico (por exemplo, o passaporte eletrónico) e, como resultado dessa identificação, seja decidido o canal de rastreio a que deverá ser submetido. Essa decisão será baseada numa avaliação de risco efetuada pelo governo antes do passageiro chegar ao aeroporto. Cada um dos três canais de segurança terá a tecnologia adequada para verificar os passageiros de acordo com o risco que foi determinado, tendo em vista não só a rapidez mas também um processo menos intrusivo do que o que existe hoje. Pôr este novo conceito a funcionar apresenta um desafio tecnológico, não só para assegurar a privacidade da informação sobre os passageiros, mas também para evitar que tenham que retirar casacos, sapatos, cintos e despejar o conteúdo dos bolsos numa máquina. O que deverá acontecer, nota Paulo Andrade, é a adaptação gradual dos controlos de segurança ao novo modelo. “Isto vai permitir melhorias a curto prazo em termos de celeridade no processo e, certamente, uma melhoria do serviço aos passageiros, que disporão de sistemas de rastreio mais rápidos e menos intrusivos”.
Com base no resultado da identificação feita pelo sistema biométrico o passageiro é encaminhado para um dos túneis de rastreio, que têm diferentes níveis de exigência.
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_ambientes
O jardim
da boa viagem Da quinta PRESERVA-SE uma parcela de terreno com mais de uma centena de espécies de regiões tropicais e também nativas das zonas temperadas, transformado agora num elegante jardim. A Quinta da Boa Viagem já não existe mas no mesmo lugar o Aeroporto da Madeira segue fazendo jus ao nome.
Algumas das árvores do jardim têm mais de 80 anos e atingiram dimensões majestosas.
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lgumas das árvores têm mais de 80 anos e atingiram um porte monumental. É o caso dos cinco pinheiros-de-damara, das duas araucárias-debidwill, dos pinheiros-de-alepo e do majestoso dragoerio. Não falamos de nenhum jardim botânico e nem de uma reserva natural, mas do jardim que existe no Aeroporto da Madeira e que a ANAM se tem esforçado por preservar. Esta área de 5686 m2 e que é hoje um elegante jardim é a parte sobrevivente de uma antiga quinta, como ainda existem muitas na ilha da Madeira. Nos anos trinta do século XX o médico Nuno Porto, um apaixonado pela natureza, transformou um terreno descampado no sítio de Santa Catarina, na freguesia de Santa Cruz, num espaço verde com grande interesse paisagístico: a Quinta da Boa Viagem. Mais tarde, já depois da sua morte, a quinta foi abrangida pelas obras de ampliação do aeroporto e expropriada no início da década de noventa. Apesar de a área agrícola, uma fração do jardim e a casa terem dado lugar a estacionamentos, uma parte significativa do jardim foi preservada. Desde setembro de 2006 está em curso um processo de requalificação que tem passado tanto pela plantação de novas espécies – arbóreas, arbustivas e herbáceas, que existiam naquela área quando chegaram os primeiros povoadores – como pelos arranjos de canteiros, muros e passeios, pela colocação de placas de identificação das espécies e pela recuperação do mobiliário de jardim. Da área do jardim, 3693 m2 são canteiros e passeios planos e 1993 m2 são de talude com declives superiores a 30%. O geógrafo Raimundo Quintal, que fez a caracterização fitogeográfica, identificou a presença de cerca de centena e meia de espécies, sendo que 40 foram introduzidas nesta fase de recuperação e enriquecimento florístico da antiga quinta. “É possível afirmar que este é um jardim subtropical, onde existe uma relação equilibrada entre as plantas originárias das regiões tropicais e as autóctones das zonas temperadas. Porque 91% das plantas são de folha persistente, as poucas caducifólias não chegam a ter uma marca significativa na paisagem. A imagem do jardim ao longo do ano resulta especialmente dos diferentes ciclos de floração”.
Para além de proporcionar recreio e lazer, a partir de agora o jardim oferece informação botânica, que Raimundo Quintal considera que pode ser usada com uma “Seria interessante função educativa. a realização de “Seria interessante a realização visitas guiadas e a sua de visitas guiadas e a sua exploração como exploração como ‘ jardim dos ‘jardim dos sentidos’. sentidos’. Não lhe faltam formas Não lhe faltam formas e e cores para impressionar positivamente a vista”, diz. cores para impressionar Enquanto o loureiro, a canfopositivamente a vista”. reira, o eucalipto-com-cheiro-a-limão, o alecrim, a planta-das-pipocas, a alfazema e o funcho são excelentes para testar o olfato, as reações da sensitiva (também conhecida como dormideira) são ideais para o tato. Já a nespereira, a figueira, a goiabeira, a pitangueira, a anoneira e a abacateira dentro de poucos anos poderão aprimorar o gosto. “É um privilégio a existência dum pequeno paraíso vegetal entre um aeroporto e uma via de intenso tráfego, onde o ouvido pode escutar o silêncio”.
O arranjo de canteiros e caminhos bem como a colocação de placas identificativas das espécies fazem parte do processo de requalificação do jardim, em curso desde 2006.
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Crateras extintas com lagoas de águas serenas e encostas íngremes cobertas de verde escondem-se no interior da ilha.
“UM OPA NAS FLORES NÃO É APENAS UM OPA” Num aeroporto pequeno a polivalência é indispensável. Que o diga Daniel Mateus, que, sendo Oficial de Operações Aeroportuárias (OPA), também se ocupa da segurança ou dos computadores. E, além dos voos agendados, já sabe que tem de esperar, de vez em quando, pelos aventureiros transatlânticos que procuram nas Flores um poiso seguro.
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ulho e agosto são os meses mais movimentados. Durante esta época de férias deverão passar pela ilha das Flores, nos Açores, à volta de oito mil pessoas, quase o dobro da sua população, de cerca de 3800 habitantes. Como é de esperar, o acréscimo no movimento começa logo no aeroporto, em Santa Cruz das Flores. Enquanto durante o inverno os voos diários não passam dos três, nesta altura chegam aos sete. Todos entre ilhas, operados
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pela companhia residente, a Sata Air Açores. Para o oficial de operações aeroportuárias (OPA) Daniel Mateus, este aumento de atividade é bem-vindo. Isto, apesar de, num aeroporto com estas dimensões, o trabalho de um OPA ser mais diversificado do que o habitual. “Um OPA nas Flores não é apenas um OPA”, diz. Além das funções associadas à operação do aeroporto, como planear e gerir o uso da infraestrutura, Daniel é também
gestor de segurança, responsável pelo cumprimento de todos os requisitos desta área, informático de serviço, Além de ser uma diversão, o aeromodelismo entre outras coisas que possam ser necessárias. é uma forma de captar e divulgar a beleza da ilha. Além de Daniel, a equipa da ANA nas Flores conta com mais quatro pessoas: outro OPA, um administrativo, um eletricista e um elemento de socorros. No total, trabalham atravessar o oceano num avião que ele próprio tinha no aeroporto, entre segurança, handler, companhia aérea e construído em casa. Recorda outro episódio em que o que autoridades, cerca de 50 pessoas. valeu ao aventureiro do ar foi o fato de Daniel ser florentino Nos últimos anos o turismo tem atraído cada vez mais de gema e a ilha não ter para ele grandes segredos. visitantes à maior ilha do grupo ocidental do arquipélago. Uma noite estava em casa quando foi chamado ao Não só estrangeiros à procura de calma, sossego e aeroporto. Os dois controladores de tráfego aéreo das canadas (os antigos trilhos da ilha) para andar, mas (geralmente só trabalha um por turno mas naquela noite também portugueses, em família, nota Daniel. Para estavam lá os dois) tentavam, sem sucesso, ajudar um isso também terá contribuído o investimento feito em piloto com combustível para apenas mais 15 minutos a alojamento. Além de três hotéis, a ilha tem agora vários aterrar nas Flores, às escuras, uma vez que o aeroporto turismos de habitação, como a Aldeia da Cuada, que conta não tem sinalização luminosa porque não opera à noite. com dez casas originais recuperadas e adaptadas às atuais Daniel foi dando “dicas” de localização para indicar que necessidades de conforto dos turistas de visita à ilha. sentido devia seguir, como os faróis da Ponta do Albernaz, A caça, o mergulho – o casco e as hélices do transatlântico em Ponta Delgada, depois “um aglomerado à esquerda”, Slavonia, afundado em 1909, são uma das atrações que seria a ilha do Corvo, e o farol das Lajes, já nas Flores. naufragadas ao largo das Flores –, a pesca desportiva e a Foi graças aos seus conhecimentos da região que o avião observação de baleias (mais no inverno porque no verão conseguiu estacionar são e salvo. Ao desembarcarem – os barcos andam muito atarefados na travessia até à ilha e depois de terem beijado o chão –, quando Daniel já se do Corvo) são as atividades mais procuradas por quem se lhes dirigia em inglês, um deles proferiu um sonoro “boa encontra de férias. noite”. “Tratava-se desta vez de um Nos últimos anos o No resto do ano, a pouca português, emigrante em França, turismo tem atraído operação planeada do aeroporto que comprara o avião na Terra Nova é compensada pelos imprevistos. e contratara os instrutores da escola cada vez mais visitantes Além das evacuações de gestantes onde tirara o brevet para lhe irem à maior ilha do grupo feitas pela Força Aérea (mais ocidental do arquipélago. buscar o aparelho. Estavam a trazê-lo frequentes em noites de lua para casa”. Não só estrangeiros cheia), a maior parte são aventuras Daniel Mateus estudou no Faial até à procura de calma, mal planeadas ou aterragens de ao 12º, de onde seguiu para Ponta sossego e das canadas (os Delgada, em S. Miguel, para estudar emergência causadas pelas más condições atmosféricas. Volta e Matemática na Universidade dos antigos trilhos da ilha) meia há alguém que, aos comandos Açores. Queria ser professor mas para andar, mas também de um “teco-teco”, vindo muitas quando soube que a ANA necessitava portugueses, em família. vezes da Terra Nova – um ponto de OPAs para os aeroportos das ilhas de partida habitual por ser o ponto mais a leste na costa mudou de ideias. Concorreu, fez formação e foi colocado atlântica da América do Norte – chega àquelas bandas na sua ilha natal, já lá vão 12 anos. do oceano e se dá conta de que fez mal os cálculos de Admite que o regresso às origens depois de mais de combustível e precisa mesmo encostar para reabastecer. sete anos fora não foi fácil. Há pouco para fazer depois Enquanto aterrar geralmente não levanta problemas, o do trabalho. Por isso, é preciso inventar diversão, que abastecimento já é outra história, uma vez que o aeroporto pode ser moto-4, paint ball ou, mais recentemente, não dispõe de reabastecimento. “Apenas a Força Aérea o aeromodelismo. Para já, ainda treina no simulador reabastece no aeroporto. Nestes casos são contatadas – não quer partir o avião logo no primeiro voo já que as autoridades, que depois decidem o que se deve fazer”, o investimento ainda é considerável – mas mal pode explica Daniel Mateus. esperar para começar a voar alto. E os aeromodelos Estes episódios de aterragem de emergência são voam alto, tão alto que até permitem registar imagens relativamente frequentes, ocorrendo 4 a 5 vezes por aéreas. Como as que podemos ver aqui: http://www. ano. Daniel lembra o americano que levou 18 horas para youtube.com/user/Fredmicro.
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O poder da palavra Refere os poetas mas é na prosa que se sente mais à vontade. Escreve. Sempre escreveu e sabe que continuará a fazê-lo. É das poucas certezas que tem até porque mudança e desafios são ideias que a estimulam. Há 22 anos na ANA, Vanda Paulo ocupa-se agora da Formação. Amanhã, logo se vê.
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ideia de que as empresas não são lugares de criatividade é falaciosa. Vanda Paulo fala da sua própria experiência. Há 22 anos na ANA, já passou por várias áreas da empresa e sempre encontrou espaço e liberdade para dar largas à sua paixão pela escrita. Mesmo quando a função não implicava especiais capacidades nessa área. Na Direção de Serviços Jurídicos, as leis, decretos e diplomas não impediram que deixasse deslizar a pena.
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E no Serviço de Informação, Documentação e Cultura, que concentra todo o arquivo da ANA e dá assessoria a outras áreas da empresa, pode escrever sobre muitos assuntos relacionados com a história e atividade dos aeroportos portugueses. Agora, no Centro de Formação, tem à disposição a newsletter bimensal que além de dar a conhecer as atividades em matéria de formação também tem espaço para conteúdos mais lúdicos como poesia,
gastronomia ou viagens. Na última Vanda Paulo apresentou Roma aos colegas. “A ANA atende às valências e habilitações dos colaboradores mas também aos seus gostos e apetências”. Insiste neste ponto para reforçar que o trabalho não implica que se abdique de outros sonhos ou vontades. “Basta recordar o êxito de poetas como Alexandre O’Neill e Ary dos Santos, que desenvolveram talentos literários graças ao trabalho na publicidade ou até Fernando Pessoa, cujo trabalho como empregado de escritório foi mais um elemento relevante na construção de uma personalidade multifacetada”. Rapidamente repara que, “sem querer pretensiosamente comparar, o trabalho na ANA tem-me permitido desenvolver valências que expressam a realização da minha personalidade sobretudo na escrita mas também noutras áreas que exigem um esforço de sistematização e organização, que são complementos obrigatórios de toda a atividade criativa”. No Centro de Formação, em Lisboa, integra uma equipa de quatro pessoas que tem levado a cabo as iniciativas de uma área que considera “pivô” na empresa. “Formamos pessoas, acrescentamos know-how e isso é uma mais-valia para todos os que aqui trabalham”. Além deste núcleo central, existem os chamados correspondentes de formação nos diversos aeroportos, que têm um papel importante na divulgação da formação. No todo formam uma equipa bem entrosada cujo trabalho dinâmico e interativo permite conhecer o tecido da ANA. Além das horas de formação anuais obrigatórias por lei, é desenvolvido um plano tendo por base as necessidades de formação diagnosticadas pelas chefias. Existem entidades formadoras contratadas que realizam ações nos aeroportos. Vanda Paulo é responsável pela formação comportamental e não tem dúvidas de que esta vertente é o cerne de qualquer formação. “A relação interpessoal é muito importante, saber como comunicar, como ser assertivo… Tudo passa pelo indivíduo e se a pessoa for
bem estruturada enquanto indivíduo o seu relacionamento com os outros é mais fácil e produtivo”. Por outro lado, acredita que o trabalho na empresa desenvolve sempre qualidades de sociabilidade essenciais ao desenvolvimento da personalidade. “Fazemos o que somos. O grande desafio na vida é fazer o que não somos, superar os obstáculos. Se nos dedicarmos muito ao que para nós não é tão natural e conseguirmos fazê-lo bem isso é muito gratificante”. A mudança, seja no trabalho ou na vida, também não a assusta. Pelo contrário, defende que a capacidade de aceitação da mudança é uma dádiva porque permite um caminho de descoberta pessoal. “A estagnação leva ao desaparecimento, aquilo que não muda está extinto. Eu sou muito nómada e recetiva à mudança, cada desafio é sempre bem-vindo”. É por isso que agora, na quarta década de vida, esta licenciada em Direito com uma pós-graduação em Ciências Jurídico-Forenses estuda a possibilidade de se candidatar à formação inicial de magistrados no Centro de Estudos Judiciários. Este ano não abriram vagas mas é uma hipótese que não descarta. Certo é que irá continuar a escrever. “Sempre escrevi”. Em 2010 publicou o seu primeiro livro: “Nácar”, “uma biografia ficcionada inspirada nos contos clássicos infantis”, é uma análise do comportamento humano onde as características de algumas das mais célebres personagens das histórias infantis – como o coelho da Alice que corre contra o tempo – foram transmutadas para as personagens da trama. A palavra que dá título ao livro é, na verdade, uma metáfora, explica Vanda Paulo. O nácar (ou madrepérola) é a substância calcária produzida por alguns Se todos nós, em bivalves (sobretudo as ostras) para situações adversas, se protegerem de algum corpo nos conseguíssemos estranho que entre na concha e que, com o passar do tempo, dá origem à ‘nacarar’ seríamos mais formação das pérolas. “Adoro pérolas, perfeitos em vez de nos mas são criadas à custa de um grande tornarmos ázimos”. sofrimento. Isso consegue-se, diz, através da inteligência emocional. “Gerir as emoções é fundamental para uma relação harmoniosa com os outros”. Ou, dito de outra forma, escolher o que dizemos porque o poder da palavra é imenso. Mas a escolha é nossa.
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DUBAI
Com os pés (mais) assentes
na terra
Depois da crise, o Dubai revê a sua forma de ver e fazer as coisas. Continuam a ser “à grande” mas, para já, mais pragmáticas. Antes que o petróleo acabe, o emirado árabe à beira do deserto prepara o futuro que, não há dúvidas, passa pelo turismo.
A
construção da anunciada réplica da Strip – a famosa avenida onde se concentra a maioria dos hotéis e casinos de Las Vegas – e de uma cópia das pirâmides de Gizé (maiores que as originais) está atrasada e não há previsões de quando poderão ficar prontas. Mas a poucos quilómetros de distância os operários trabalham afincadamente na construção de uma série de infraestruturas de natureza, digamos, mais prática. Uma “aeropolis” com duas vezes o tamanho do aeroporto londrino de Heathrow está a nascer nas areias do Dubai. Concebidas para aproximar as cidades periféricas que deverão crescer na próxima década, as autoestradas expandem-se ligando o aeroporto ao porto Jebel Ali,
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o maior do Médio Oriente e o maior porto artificial do mundo. Entretanto, o metro cresce debaixo da cidade. Tudo para que, à medida que a economia global recupera, pessoas de todo o mundo afluam uma vez mais a esta cidade do deserto. Depois da crise de 2009, que colocou o Dubai nas manchetes internacionais por causa do “afundamento” das ilhas artificiais do projeto The World, no Golfo Pérsico, tanto os governantes como os investidores do emirado começaram a pensar que talvez fosse boa hora para rever a forma como têm gasto o dinheiro. Até porque o petróleo não vai jorrar para sempre. Na cidade de superlativos, onde o empreendedorismo
_partidas
Do nada nasceu uma cidade no meio do deserto. Cidade que tem produzido exemplares da melhor arquitetura moderna - no Dubai estão alguns dos mais altos edifícios do mundo.
e o dinheiro do petróleo exigem que tudo o que se constrói seja “o maior” ou “o melhor”, as excentricidades, como uma ilha gigante artificial em forma de palmeira, uma pista de ski dentro de portas ou um mega aquário onde se pode nadar sobre milhares de espécies marítimas, estão a dar lugar a construções mais pragmáticas. A prioridade agora é devolver ao Dubai, um dos sete Emirados Árabes Unidos (EAU) e a cidade mais populosa da região, o estatuto de principal hub de comércio entre o Oeste industrializado e o Médio Oriente rico. Apesar das notícias sobre a crise, dos carrões de marca abandonados na rua, de muitos imóveis vazios, dos preços de aluguer em queda e de muitas obras paradas, toda e qualquer semelhança entre o que ali se passa e a crise ocidental é mera coincidência. Enquanto o mundo sofre com a recessão, no Dubai não desacelerou nem por momentos a construção do Aeroporto Internacional Al Maktoum ou a gigantesca rede logística. A ideia é que, quando a economia global retome, eles estejam preparados. Continua a ser a economia mais integrada globalmente em todo o Médio Oriente, alavancada por negócios como a banca ou o turismo. Nesta “jóia do deserto”, na costa sul do Golfo Pérsico,
A hora do lusco-fusco, quando o calor abranda e a brisa começa a soprar, é o melhor momento do dia para um passeio a pé nas margens do estuário que separa a cidade em duas partes: Deira e Bar Dubai.
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_partidas os hotéis de sete estrelas e arranha-céus reluzentes – entre eles o Burj Khalifa, o prédio mais alto da terra com os seus 163 andares e 828 metros – oferecem vistas para praias de areia dourada e atraem turistas ávidos por conhecer esta metrópole que há apenas duas décadas não constava em lado nenhum, nem nos livros e nem no terreno. O seu desenvolvimento, apesar de abrupto, foi tão bem planeado que nem a imensa massa de estrangeiros que entra todos os dias fez com que houvesse problemas de violência ou conflitos culturais. Diariamente a cidade lida com o equilíbrio entre tradição e tolerância. Se andar de calções na rua ou apanhar um táxi com uma pessoa do sexo oposto já não é visto como uma indecência, as crianças na escola continuam a brincar em pátios separados. É, no entanto, cada vez mais comum ver pessoas vestidas à ocidental na rua e encontrar com facilidade carne de porco nos supermercados. A estratégia está a servir de modelo para outras cidades na região, como Doha, no Qatar, ou Abu Dhabi, capital e o maior dos Emirados. Entre os arranha-céus, cortando a cidade em duas
(Deira de um lado, Bur Dubai de outro), no estuário do Dubai navegam os tradicionais dhows, usados tanto para levar os turistas num cruzeiro como para transportar mercadorias. A forma mais usual de transporte entre Bur Dubai e Deira é através dos abras, pequenos barcos que cruzam o estuário, entre as estações de Bastakiya e Baniyas Road. Outra forma de se deslocar na cidade é de metro. Mais um investimento milionário que sofreu também os revezes da crise: no dia da inauguração, a 9 de setembro de 2009, apenas 10 das 29 estações da linha vermelha estavam efetivamente abertas. Atualmente está a funcionar também a linha verde e juntas cobrem um total de 70 quilómetros, com 47 estações, 9 das quais subterrâneas. Outras 3 linhas estão no papel mas o seu destino parece depender da recuperação da economia e do investimento privado. Com estações que parecem aeroportos, as semelhanças com o transporte aéreo não ficam por aqui. As carruagens
Photographs provided courtesy of the Government of Dubai, Department of Tourism and Commerce Marketing.
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A travessia do estuário faz-se em tradicionais barcos de madeira chamados “abras”, que transportam até 20 pessoas. Estes táxis aquáticos asseguram o transporte entre a parte nova e a parte antiga da cidade. A viagem dura apenas 10 minutos mas é um ótimo descanso do movimento incessante que existe em terra.
estão divididas em três categorias: uma para mulheres e crianças, outra para homens e, a extravagância, a classe Gold. Com todos os bancos em couro, assentos mais espaçosos e janelas maiores, as carruagens oferecem vista panorâmica dos lados e à frente. E nem falta hospedeira. Talvez isso justifique as proibições: comer, beber, dormir, transportar animais ou bicicletas é absolutamente vedado tanto nas estações como nas carruagens. E os pais que não controlem o comportamento dos seus filhos podem receber uma gorda multa. Nesta cidade em mudança constante o turismo é uma atividade de relevo e, tal como em qualquer cidade turística que se preze, existem os roteiros “imperdíveis”. Como o tour da cidade em que se salienta a Mesquita Jumeirah, o World Trade Center, o antigo bairro de Bastakiya, o Museu do Dubai, situado no Forte Al Fahidi, a visita às ruelas estreitas e plenas de atividade dos souks, onde se encontra uma grande variedade de artesanato local e artigos de joalharia tradicional e moderna. Alguns dias nestas paragens vão deixar perceber que uma cidade no deserto tem as suas particularidades. o fim da tarde e a noite Por exemplo, se deixar as janelas são os momentos do dia abertas por mais de uma hora, o em que tudo fica mais quarto começa a encher-se de bonito e é mais agradável areia a ponto de as pegadas ficarem passear. Sobretudo se tiver marcadas no chão. Entre junho e setembro a tema audácia de viajar para o peratura máxima passa facilmente Dubai em pleno Verão. dos 40°C e a humidade do ar chega a 90%, tornando a cidade absolutamente sufocante. Nessa época, vários hotéis baixam os preços para tentar estimular o turismo mas o calor torna quase impossível ficar na rua e toda a gente procura
A visita aos souks – de especiarias, ouro, artesanato – e o passeio de camelo são programas “obrigatórios” no Dubai.
o conforto do ar condicionado. O melhor é optar por uma época com temperaturas mais amenas e não perder alguns dos programas mais célebres como almoçar ao ar livre no Dubai Mall, fazer um cruzeiro a bordo de um dhow ou o famoso “desert safari”.
COMO IR A Emirates inicia no dia 9 de julho voos diários para Lisboa a partir do Dubai. O voo sai de Lisboa às 16h55 e chega ao Dubai às 2h55 e, no sentido inverso, a partida é às 10h45 com chegada a Portugal às 13h45. O Aeroporto Internacional do Dubai, um dos mais movimentados do mundo, em termos de tráfego internacional de passageiros e de carga, está situado no sul da cidade. O táxi é o modo mais utilizado para chegar à cidade mas existem também autocarros regulares e, desde setembro de 2009, uma estação do metro no Terminal 3 que segue para o centro ao longo da praia de Jumeirah. Construído em forma de vela sobre uma ilha artificial ligada à praia privada de Majalis Al Bahar por um passadiço, o Burj Al Arab é o hotel mais caro e luxuoso do mundo: as suites são duplexes, existe uma receção em cada piso e uma frota de Rolls Royces à disposição dos hóspedes.
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_lifestyle
Que história
conta a sua mala? P
Se falassem, todas as malas de viagem teriam aventuras para contar. Mas muitas já trazem história quando nos vêm parar às mãos. Passe na Travel & Business Gate, ESPREITE A NOVA LOJA TUMI, e escolha a sua.
aul Morszeck fundou a Kofferfabrik Paul Morszeck em 1898, em Colónia, na Alemanha, para fabricar malas e baús em madeira para serem usados nas viagens de navio. Quando, depois de um grande incêndio que devorou a sua fábrica durante a II Guerra Mundial, percebeu que apenas as placas de alumínio que ali se encontravam sobreviveram, decidiu começar a produzir malas com este material. Assim surgiram as malas Riwona cuja qualidade e design único conquistaram os viajantes mais exigentes e muitas celebridades. Paul McCartney, Eric Clapton, Brad Pitt e Dustin Hoffman não passam sem ela quando viajam. Há outra história que começou em 1956, em Campodarsego, na província de Pádua, numa altura em que a Itália dava os primeiros passos na recuperação económica. Numa altura em que as pessoas se movimentavam cada vez mais, Antonio Roncato mostrou grande intuição ao perceber que iria sempre haver necessidade de material logístico para quem viajava. A Roncato Antonio Baulificio começou também pelos baús mas os troncos de madeira rapidamente foram substituídos por outros materiais, como o alumínio. Hoje em dia, a gama de produtos CIAK Roncato é vasta e vai das malas e trolleys às mochilas e a todo o tipo de acessórios de viagem. Para ficar a par das últimas tendências em malas e acessórios de viagem passe pela Travel & Business Gate e pela nova loja Tumi, no Aeroporto de Lisboa, e acrescente a sua história às das marcas preferidas pelos viajantes. Bugatti, Brics, Lloyd, Tavecchi, Samsonite, Delsey, Camel estão à sua espera.
TUMI: A preferida de Obama Já foi visto em várias ocasiões com uma na mão e, mesmo inadvertidamente, fez mais pelo marketing da marca do que todos os dólares gastos em campanhas publicitárias. O presidente norte-americano, Barack Obama, é adepto da Tumi, que agora está também disponível no Aeroporto de Lisboa. Criada em 1975, a marca americana Tumi desenvolveu-se como um bom fabricante de malas de viagens e de pastas para executivos. Nos últimos dez anos, a marca ganhou um visual mais despojado e um público mais jovem. Mas esta não foi a única mudança. Ao perceber que as mulheres eram já uma percentagem significativa do público executivo, a Tumi criou também uma linha de malas femininas.
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Juntos
na saúde e na viagem Útil para quem viaja, para quem trabalha e também para quem passa. À semelhança dos outros aeroportos, Lisboa agora também tem uma farmácia.
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az falta em qualquer lugar e o aeroporto não é exceção. Seja para combater aquela maldita dor de cabeça, comprar um protetor solar se o destino é de férias ou uma escova de dentes para substituir a que ficou em casa. A abertura de uma farmácia no Aeroporto de Lisboa era uma notícia já há muito aguardada. Agora, os passageiros já podem dispor de medicamentos, produtos de cosmética e testes rápidos, tudo a pensar na saúde e na viagem. A farmácia é mais um dos vários novos serviços que o aeroporto tem ganho nos últimos tempos. Por
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estar localizada na área pública, beneficia não só os passageiros mas toda a comunidade que diariamente tem no aeroporto o seu local de trabalho. A farmácia funciona diariamente das 7h às 22h.
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My Bistro,
your bistro Quem disse que no aeroporto é tudo a correr? No My Bistro há ambiente e ementa suficientes para o manter sentado e descontraído por um bom momento. Para comer ou apenas para tomar um copo, um bom sítio para ver passar a vida do aeroporto.
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My Bistro é um espaço sofisticado, de linhas simples, em sintonia com o ambiente de um aeroporto, mas ao mesmo tempo consegue ser um lugar acolhedor onde apetece estar, sem pressas. A comida simples, saborosa e a preços acessíveis completam a identidade “bistro” que se procurou para este sítio. Com um conceito que aposta na diversidade e qualidade, a ementa combina pratos com a assinatura Servejaria e Passaparola – dois restaurantes do Grupo MoiaGest, que gere o My Bistro. Para os passageiros que pretendam uma refeição rápida, há uma vasta proposta de saborosas sanduíches frias ou quentes, quiches e salgados, combinada com um serviço de cafetaria e pastelaria diversa.
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A pensar em quem tem mais tempo, o menu é complementado com diversos pratos do dia e especialidades no pão: hambúrguer à portuguesa, preguinho alcatra em pão de lenha, prego argentino… As deliciosas pizzas de crocante massa fina e os bifes suculentos são também uma aposta segura, sem nunca descurar a apresentação dos pratos e o prazer dos olhos. O My Bistro, que renovou recentemente a sua imagem e menu, é também um excelente local para tomar uma bebida, seja um aromático cappuccino ou um copo de vinho. Localizado na área pública do Aeroporto de Lisboa – o que quer dizer que mesmo que não vá viajar pode ir até lá –, funciona diariamente das 6h30 às 22h.
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Paixão pelo
chocolate Gostamos dele quando estamos carentes, felizes, stressados ou relaxados. O chocolate é uma paixão de todas as horas. Em bombom, tablete, barra ou de cobertura, no Chocolate Lounge encontra as melhores marcas do mundo ao alcance da mão. E da boca.
É
um conceito novo, que reúne as mais prestigiadas marcas de chocolate do mundo debaixo do mesmo teto. Chama-se Chocolate Lounge e acabou de abrir as portas no Aeroporto de Lisboa. Da Bélgica, terra de “chocolatiers” por excelência, chegam os requintados Godiva e os luxuosos Neuhaus. De França vem o chocolate preferido dos chefes pasteleiros, o Valrhona. E a representar a tradição do chocolate português está a Arcádia, marca portuense na posse da mesma família desde 1933. Da sua confeitaria artesanal continuam a sair deliciosos bombons e línguas-degato de chocolate confecionados apenas com produtos naturais e selecionados. O Chocolate Lounge é um espaço inteiramente dedicado à paixão pelo Chocolate onde se podem saborear também especialidades feitas no momento como bebidas de chocolate (quentes e frias) ou frutos banhados em calda de, claro, chocolate. Disponíveis estão também inúmeras opções para oferecer. Não perca a oportunidade de levar os melhores chocolates do mundo em embalagens de chorar por mais.
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_aldeia global PSP responsável por segurança em aeroportos internacionais
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PSP vai passar a ser responsável pela segurança em todos os aeroportos portugueses com voos internacionais, disse o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, aos deputados da comissão parlamentar dos Assuntos Constitucionais, Liberdades e Garantias. O ministro adiantou que a clarificação de competências se colocou por causa do aeroporto de Beja, que estava situado numa zona da área da responsabilidade da GNR. Miguel Macedo referiu que esta decisão é tomada no âmbito das alterações orgânicas que estão a ser feitas na PSP e GNR.
Londres enfrenta desafios para manter hub
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Grã-Bretanha deve considerar todas as opções para aumentar a capacidade do Aeroporto de Heathrow, em Londres, incluindo a construção de uma terceira pista e a possibilidade de os aviões aterrarem e descolarem em simultâneo nas duas pistas. Esta é a opinião do influente London First, um grupo empresarial que assume a missão de fazer de Londres a melhor cidade para negócios do mundo. Já a comissão criada para estudar o desenvolvimento das infraestruturas de transportes de Londres, da qual a London First faz parte, defende que todas as opções viáveis para aumentar a capacidade aeroportuária do Reino Unido a longo prazo, incluindo um novo aeroporto, devem ser consideradas. Para Jo Valentine, chefe-executivo da London First, “a tomada de decisões tão importantes para o crescimento do Reino Unido com base apenas em fundamentos políticos pode ser encarada como negligência do governo. A terceira pista em Heathrow deve voltar a ser considerada”.
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Mas a comissão, liderada por Peter Robinson, presidente do escritório de advocacia Berwin Leighton Paisner, diz que um novo hub aeroportuário é o tipo de infraestrutura de que Londres precisa para se manter competitiva a longo prazo. Alerta, no entanto, que um novo aeroporto pode demorar até 30 anos a ficar pronto, o que não responde às urgentes necessidades de capacidade que o hub de Londres atualmente enfrenta.
Abertura do novo aeroporto de Berlim adiada
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revista para o início de junho, a abertura do novo Aeroporto de Berlim-Brandenburgo foi adiada devido a questões relacionadas com a segurança contra incêndios. O governo local não indicou uma nova data mas tudo indica que não deverá ser antes do fim do verão. A entrada em funcionamento do novo aeroporto vai implicar o fecho, pouco depois, dos aeroportos de Schoenenfeld e de Tegel que, juntos, processam 24 milhões de passageiros anualmente, um número que não chega a metade do que é alcançado pelo principal aeroporto da Alemanha, o de Frankfurt. Quanto a Brandenburgo, as estimativas apontam para 27 milhões de passageiros por ano, para começar. Este atraso já levou, no entanto, as companhias aéreas a queixarem-se de prejuízos e custos imprevistos. Carsten Spohr, membro do conselho executivo da Lufthansa, disse numa entrevista ao jornal alemão Die Welt que a companhia pretende avançar com um pedido de indemnização ao operador aeroportuário. “No fim de contas, os gestores do aeroporto vão ter nas mãos uma enorme conta para pagar”, disse. A Air Berlin é outra companhia que viu os seus planos de expansão de serviços e rotas no novo aeroporto adiados.
Gestora sul coreana quer comprar aeroportos ingleses
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maior empresa sul-coreana de gestão de aeroportos está interessada na compra do aeroporto londrino de Stansted à Autoridade Britânica de Aeroportos (BAA), revelou recentemente um responsável da companhia asiática. De acordo com a agência France Presse, que cita, sob anonimato, um responsável da estatal Incheon International Airport Corp, a empresa da Coreia do Sul “vê com interesse” a compra dos aeroportos de Stansted e de Glasgow, numa aquisição que visa aumentar o negócio internacional.
A autoridade britânica da concorrência ordenou em 2009 à BAA a venda dos aeroportos de Stansted e Gatwick, em Londres, e de Edimburgo e Glasgow, na Escócia, tal como exigem as normas da concorrência.
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_aldeia global Aplicação móvel para denunciar discriminação nos aeroportos
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uma iniciativa inédita, o grupo Sikh Coalition lançou nos Estados Unidos uma aplicação para telemóvel que dá aos passageiros uma linha direta de reclamação caso se sintam vítimas de discriminação nos aeroportos norte-americanos. Pensada para ser usada em casos de tratamento injusto, discriminação racial ou religiosa e noutras situações relacionadas com a segurança do aeroporto, a app FlyRights é de download gratuito e recebeu, após o lançamento em Abril último, um grande destaque por parte da imprensa americana. Amardeep Singh, da Coalition, disse ao Los Angeles Times que recebem todos os anos centenas de reclamações de Sikhs que se sentem discriminados durante os processos
Qatar Airlines quer mais ligações para Timor
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de rastreio de segurança nos aeroportos, a cargo da Transport Security Administration (TSA). Geralmente, disse, são isolados e submetidos a níveis de rastreio acima da triagem padrão. As queixas ou reclamações submetidas através da app são analisadas tanto pelo Departamento de Segurança Interna como pela própria TSA. A Sikh Coalition é uma organização sem fins lucrativos que defende os direitos civis da comunidade Sikh nos EUA. O grupo nasceu na sequência de uma série de episódios de violência e discriminação contra a população Sikh de Nova Iorque logo depois dos atentados do 11 de setembro de 2001.
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companhia aérea Qatar Airlines pediu ao governo timorense que melhorasse as infraestruturas dos aeroportos Nicolau Lobato, em Díli, e de Baucau, para que no futuro possam receber voos provenientes de outros países da Asia e também da Europa, noticiou o jornal “Independente”. “Se estes dois aeroportos tiverem a infraestrutura necessária, então a Qatar virá com certeza”, disse o diretor da Qatar Airlines para a Indonésia e TimorLeste, Chang Choong Ou, acrescentando ainda que a disponibilidade seria imediata. “Continuamos com o nosso compromisso de investir em Timor-Leste e contribuir para o seu desenvolvimento”, explicou Chang. Chang destacou ainda que nos últimos quatro anos a companhia aérea empregou timorenses nas mais diversas áreas, desde a gestão até à própria administração da empresa e que no futuro também haverá formação para pilotos comerciais e assistentes de bordo.
A A Magazine agradece a colaboração das seguintes pessoas e entidades na elaboração desta edição: Ivone Lourenço Música no Coração Miguel Júdice Presidente do Grupo Lágrimas Hotels & Emotions Mónica Afonso Cores Doces Nuno Vieira Everything is New Raimundo Quintal Geógrafo e investigador Susana Pinto MoiaGest
Hong Kong quer ter o aeroporto mais verde do mundo
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Autoridade Aeroportuária de Hong Kong, que gere o Aeroporto Internacional de Hong Kong, assumiu o compromisso de fazer deste aeroporto o “mais verde do mundo” no prazo de 3 anos. Para isso pretende reduzir as emissões de carbono em 25% e conta com uma série de inovações tecnológicas ecológicas que já começaram a ser instaladas nos últimos meses. Entre estas contam-se uma frota de veículos energeticamente eficientes, sistemas de iluminação LED e programas de formação em temas ecológicos. Combinadas, estas iniciativas já reduziram as emissões de carbono do aeroporto em 10%, mas agora o plano é impor cortes muito mais profundos. Mais de 100 mil lâmpadas LED vão ser instaladas até dezembro de 2014. A partir desta data os veículos elétricos passarão a ser usados de forma intensiva nas áreas restritas, até que em 2017 a sua utilização se vai tornar obrigatória. O ano de 2014 vai ser também o último em que as unidades auxiliares de energia serão usadas nas plataformas de estacionamento dos aviões. Depois disso, as aeronaves vão estar sujeitas às medidas padrão quando estão em terra: usarão sistemas de ar pré-condicionados e sistemas de energia não-transportáveis.
NA ANA: Álvaro Leite Marketing do Aeroporto do Porto ANA Rita Silva Direção de Projetos Especiais António Pinho Direção de Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação Carlos Gutierres Diretor de Projetos Especiais Cláudia Gonçalves Aeroportos da Madeira Daniel Mateus Operações Aeroportuárias do Aeroporto das Flores Iolanda Campelo Direção de Retalho Isabel Queirós Direção de Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação Magda Matos Direção Financeira Marisa Silva Direção de Retalho Nuno Costa Chefe de divisão de marketing aviação do Aeroporto de Lisboa Nuno Moreira Direção de Projetos Especiais Paulo Andrade Direção de Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação Rafael Veiga Secretaria-Geral – Comunicação e Imagem Ricardo Patela Gabinete de Segurança do Aeroporto de Lisboa Rui Alves Chefe de Divisão Operacional do Aeroporto do Porto Tomaz Crespo Direção de Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação Vanda Paulo Centro de Serviços Partilhados – Formação
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_passageiro frequente
REZANDO A SÃO TOMÉ C
heguei ao Aeroporto de Lisboa às 22h30, com bastante tempo para o voo da TAP que saía para São Tomé às 00h40. Ao chegar vi que havia um atraso de duas horas, uma chatice, se soubesse poderia ter vindo mais tarde. Mas, enfim, não valia a pena voltar para casa portanto fui fazer o check-in. No balcão perguntaram-me pelo visto, ao que eu respondi convictamente, “não é preciso visto para São Tomé”. “É sim”, disse a menina. Essas quatro letrinhas apenas deram-me os primeiros calafrios da noite… percebi rapidamente que era eu que estava enganado. Comecei a ver a minha vida a andar para trás… mas também se criou um desafio para ser resolvido e para mim viajar é isso, lidar com o inesperado, conseguir adaptar-me à surpresa, à ausência de guião. Por isso, o viajante que há em mim sorriu. Felizmente o avião estava atrasado, há males que vêm por bem. Se assim não fosse não teria qualquer hipótese. O atraso, ou o destino, dava-me uma janela de duas horas para tentar por tudo resolver o problema. A responsável de turno, Maria João Teixeira, prontamente ligou para São Tomé para falar com a chefe de escala local e tentar apurar se haveria possibilidade de obter o visto à chegada. A resposta foi que sim… mas desde que se tivesse avisado com antecedência, o que já não era possível àquela hora. A pessoa em causa avisou que, se eu embarcasse, a TAP seria potencialmente multada e que portanto não poderia fazêlo. A única forma de me autorizarem seria alguém ligado ao Governo de São Tomé enviar um mail para a TAP a garantir que me seria dado visto à chegada. Não seria fácil porque era noite avançada em São Tomé… estava quase no ponto
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de rezar ao santo padroeiro desse país para me ajudar, até porque o check-in estava quase a fechar. Comecei a telefonar para todas pessoas que conhecia com alguma ligação a São Tomé. Consegui ajuda do diretor do hotel onde ia ficar e de um amigo santomense que vivia em Lisboa. Arranjaram-me o telefone de uma pessoa do protocolo de Estado (estava desligado), do diretor dos serviços de estrangeiros e fronteiras (desligou-me o telefone), e de vários altos funcionários públicos locais, aos quais comecei a ligar sem vergonha nenhuma na cara. Um ou outro foram muito prestáveis e até se disponibilizaram a contactar ministros para tentar desbloquear a situação, mas não queria criar um incidente diplomático e pedi apenas para tentarem escrever o tal mail a ver se “colava” com a intransigente chefe de escala. Finalmente, consegui saber que alguém tinha convencido a senhora a autorizar o embarque e que ela havia dado o OK deixando uma mensagem no voice mail da chefe de turno em Lisboa. Mas a Maria João já se tinha ido embora e o telefone estava desligado! Mais um stress… Mas São Tomé estava mesmo do meu lado e enviou de novo o seu anjo: a Maria João Teixeira, que passou no check-in a caminho do estacionamento. Simpaticamente voltou ao escritório onde tinha deixado o telefone, ouviu a mensagem e deu o OK ao meu embarque. Eu pensava que a minha viagem de aventura começaria em São Tomé mas afinal arrancou logo em Lisboa.
Miguel Júdice
Presidente do Grupo Lágrimas Hotels & Emotions
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