A Magazine #5

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12 chegadas A Fórmula 1 de regresso? 18 entre vidas Bernardo Trindade propõe um Portugal Maior

mAGAZine

Nº05 ABRIL 2009

Qualidade de serviço: como fazer um passageiro feliz


editorial APROVADA PELO LEITOR

N

o início de 2008, no âmbito da renovação da sua marca e da sua comunicação, a ANA ganhou uma nova revista institucional. Concebida para dialogar tanto com o público interno como com clientes, parceiros e formadores de opinião, a A Magazine foi pensada para ser a voz de uma empresa aberta ao mundo, inovadora e participante. Um diálogo, no entanto, não se faz num só sentido. Por isso decidimos ouvir todos os nossos leitores, convidando-os a opinar sobre a revista. Ao fim de três edições, será que a A Magazine correspondia aos objectivos? O inquérito incluía desde perguntas gerais, sobre o interesse e a frequência de leitura, até questões sobre a periodicidade, o grafismo ou as diferentes secções da revista. Também foi pedida uma comparação com a Aeroportos, a anterior publicação institucional da ANA. Os resultados indicam que estamos no bom caminho. As respostas foram muito positivas, com médias de aprovação sempre acima de 90%. Por exemplo, 96,8% dos participantes afirmaram que a revista lhes interessa. A linha gráfica é apelativa para 95,5%. E 95,1% declararam ler sempre a A Magazine. Igualmente positiva foi a apreciação das várias secções, com destaque para Inovação, Em Foco e Follow me, respectivamente com 94,7%, 96,3% e 95% de respostas positivas. Por motivos contrários, destacou-se a questão “Prefiro a periodicidade trimestral à anterior periodicidade bimestral”, com a maior parcela de respostas negativas

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Os resultados indicam que estamos no bom caminho. Oc távia Carrilho S ec retá r ia - Gera l da AN A D irec to ra da A M a g a z ine

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(23,6%). O que não deixa de ser um bom sinal. Alguns leitores não só gostam da A Magazine como não se importariam de a receber com mais frequência. Muitos deixaram ainda comentários, ideias e críticas, que estamos a analisar com todo o cuidado, de modo a melhorar ainda mais a sua revista. Nem é outro, aliás, o objectivo deste tipo de consulta, senão dar-nos informação para lhe podermos oferecer uma leitura cada vez melhor. Para isso, a equipa da A Magazine conta sempre com a sua ajuda – mesmo quando não há nenhum inquérito em curso. As suas ideias, sugestões, dúvidas e comentários são bem-vindos. Diga-nos o que pensa, em qualquer altura, em amagazine@ana.pt

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_sumário

editorial 03 em foco 06

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chegadas

A abertura do Autódromo Internacional do Algarve reacendeu nos fãs do automobilismo a esperança de ver a Fórmula 1 de regresso a Portugal. Enquanto isso não acontece, cresce em Portimão uma “cidade-automóvel”.

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“Uma viagem no tempo”

entre vidas

22 Portugal com 14 projectos Eureka

Em fim de mandato o Secretário de Estado do Turismo mostra-se satisfeito com as metas atingidas e conta como espera chegar ao final deste ano sem perdas para o sector. Aos portugueses Bernardo Trindade propõe que descubram “um Portugal maior”. inovação 22

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insights

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FICHA TÉCNIC A

De olho em tudo

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PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - Portugal Tel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 amagazine@ana.pt DIRECÇÃO: Octávia Carrilho PROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet R. Rodrigues Faria, 103 1350-501 Lisboa Tel. 21 724 9292 hamlet@hamlet.com.pt REDACÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme Kopke DESIGN: André Remédios FOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE: Hamlet R. Rodrigues Faria, 103 1350-501 Lisboa Tel. 21 724 9292 - hamlet@hamlet.com.pt IMPRESSÃO: GIO - Gabinete de Impressão Offset, Lda. Estrada da Outurela, 118-Edificio Holanda-Bloco 1 2794 - 084 Carnaxide PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 5 000 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 273250/08 ISSN: 1646-9097

A nova exposição do ANA Museu, “Uma Viagem no tempo”, é uma jornada pela história dos aeroportos portugueses, do continente às ilhas. Num espaço de lazer e cultura para descobrir no Aeroporto de Lisboa. ambientes 32 follow me 34

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partidas

A história de Cork confunde-se com a secular luta da Irlanda pela independência. Um passado onde as artes tiveram um papel de relevo, visível ainda hoje nas ruas da cidade. lifestyle 42 aldeia global 48 passageiro frequente 50 5


_em foco

COMO FAZER UM

PASSAGEIRO FELIZ A

resposta à pergunta do título não é apenas uma. Nem sequer meia dúzia. A quanto mais pessoas perguntarmos o que consideram ser um bom serviço prestado por um aeroporto, mais respostas obteremos. Embarcar à hora marcada. Não ter de esperar tempos infinitos pela bagagem. Uma tomada para ligar o portátil. Um espaço para fumar. Cadeiras confortáveis e sem braços que permitam tirar uma soneca quando há horas de espera. Casas de banho limpas. Um local para fazer uma refeição light. Encontrar um carrinho de bagagem disponível quando precisamos de um. Estas seriam algumas das respostas e mesmo assim o assunto não estaria arrumado. Embora a qualidade da experiência no aeroporto não dependa em exclusivo da entidade que o gere, é nesta que recaem, em última análise, os louros ou as críticas. Talvez por isso, a qualidade do serviço tem vindo a tornar-se uma prioridade para os aeroportos, que procuram fazer mais do que apenas assegurar que o transporte decorre sem percalços. Atacar as filas e os tempos de espera é uma das maneiras de ter passageiros mais satisfeitos. Durante o ano que passou qualquer coisa como três mil milhões de dólares foram investidos em

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tecnologias de informação em 163 dos principais aeroportos do mundo, incluindo os 100 maiores em rendimento e tráfego. O foco destas aplicações foi a aposta no self-service, nomeadamente no check-in, no processamento de bagagem e nos pontos de entrega de bagagem. Estas são as principais conclusões de uma pesquisa conduzida pela Sita, uma empresa especializada em tecnologias de informação e comunicação para os aeroportos, em parceria com a Airline Business e o Airports Council International (ACI). O aperfeiçoamento na prestação dos serviços e na conquista da satisfação dos clientes surge como prioridade nos investimentos feitos em 80% dos aeroportos que participaram no estudo. “O ambiente cada vez mais competitivo está a fazer com que os aeroportos invistam cada vez mais na qualidade do serviço. Por outro lado, a forma de atrair e reter as empresas nos aeroportos é garantindo altos volumes de passageiros.

Nos aeroportos tudo gira em função do tempo. Se por um lado é desejável que se cumpram os horários, por outro o passageiro quer ter como ocupar os tempos de espera.

A aposta no self-service é uma tendência verificada nos aeroportos para combater as filas e melhorar o atendimento aos passageiros. Espaços agradáveis, áreas comerciais variadas e um esforço concertado entre as entidades que trabalham no aeroporto fazem o resto.

Espaços amplos e design moderno tornam os aeroportos mais agradáveis. O self check-in é uma forma de evitar filas e minimizar tempos de espera.

Há actualmente uma enorme vontade em tornar os momentos dos passageiros nos aeroportos o mais agradáveis possível, minimizando filas e proporcionando um ambiente high-tec que apoie o self-service como funcionalidade adicional”, explica Bruno Frentzel, vice-presidente da Sita. Cerca de 49% dos aeroportos que responderam à pesquisa acreditam que o self-service, através de máquinas electrónicas ou da internet, será a principal modalidade de check-in num prazo de dois a cinco anos. Apesar destes avanços, há ainda um limite até onde os passageiros estão dispostos a ir em matéria de novas tecnologias. Outro estudo da Sita, em que foram inquiridos passageiros do Aeroporto Charles de Gaulle sobre a utilização dos equipamentos de self-service, mostrou que 95% dos entrevistados continua a preferir os cartões de embarque em papel em vez de um substituto electrónico que é enviado para os telemóveis. A tecnologia de localização, também descarregada para os telefones, para ajudar

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_em foco os passageiros a orientar-se no aeroporto, tampouco teve aceitação entre 95% dos inquiridos. O estudo conclui que o self-service veio para ficar mas que existem outras áreas onde o investimento em novas tecnologias deve ser repensado pelos aeroportos. Na avaliação da Sita sobre as tendências das tecnologias de informação nos aeroportos a redução dos efeitos ambientais apareceu também como prioritária para 67% dos aeroportos. Monitorizar o ruído, a qualidade do ar e racionar os consumos de energia são as áreas em que os aeroportos estão a investir.

“É preciso pensar no conforto dos passageiros. São precisas salas amplas e confortáveis uma vez que o passageiro vai passar algum tempo no aeroporto”.

Os inquéritos aos passageiros são um instrumento útil para os aeroportos corrigirem e melhorarem aspectos do seu serviço.

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De tempos a tempos lemos nos jornais que este ou aquele aeroporto foi considerado o melhor da Europa ou do mundo. O que significa afinal esta distinção? Que no aeroporto em causa existem menos filas? Que é mais limpo? Que tem mais e melhores lojas? Que o pessoal é mais simpático e solícito? Na realidade é tudo isto e muitas outras coisas que são apreciadas por aqueles a quem, no final das contas, os aeroportos servem: os passageiros. O ACI faz trimestralmente o maior estudo internacional de “benchmarking” sobre a satisfação dos passageiros nos aeroportos que aderiram ao programa, e no último ano já foram 127, dos cinco continentes. A avaliação compara os resultados dos inquéritos aos passageiros sobre 34 aspectos do serviço aeroportuário. O estudo divide os aeroportos segundo duas categorias: por regiões (América do Norte, América Latina e Caraíbas, Ásia, Europa, África e Médio Oriente) e por capacidade (dos 0 aos 5 milhões de passageiros, dos 5 aos 15, dos 15 aos 25, dos 25 aos 40 e mais de 40 milhões). Se, por um lado, é por si só prestigiante obter uma boa classificação neste ranking, por outro, nota Rui Veres, administrador da ANA, os resultados são “um indicador de como as pessoas que utilizam o aeroporto percebem aquilo que o aeroporto lhes está a dar”. E, como tal, são “um instrumento útil para o aeroporto adaptar quer o seu lay out quer o seu serviço de maneira a ir ao encontro daquilo que os passageiros querem“. Ou julgam que querem. Porque, como outras coisas, isto também é subjectivo. “Os inquéritos aos passageiros, feitos pelo ACI ou por qualquer outra entidade, o que nos dão basicamente são opiniões. E estas dependem muito das expectativas. Nos EUA, por exemplo, os passageiros vão para o aeroporto quatro horas antes e se conseguirem ir só três horas antes já ficam felizes, porque estavam à espera de demorar quatro horas para embarcar. Por outro lado, se alguém está à espera de embarcar em 25 minutos e se demorar 35 já acha que a coisa não correu bem”. Rui Veres nota, no entanto, que o controlo da qualidade do serviço não se esgota com inquéritos a passageiros ou com os “benchmarkings”, porque os aeroportos fazem as suas próprias avaliações e medições. “São medições mais precisas e mais técnicas. Ficamos a saber que o passageiro, em determinada hora, demora X tempo para passar a segurança ou para fazer o check-in”. Todos já vimos, numa ou noutra altura, imagens de passageiros tentando dormir no chão, em cima das malas, enquanto esperam 5, 6, 7 ou 8 horas pelos seus voos. Vimo-las no Brasil, quando o caos aéreo se instalou no final de 2006 e 2007, e vemo-las noutras partes do mundo quando algum factor natural ou humano afecta o funcionamento do transporte aéreo.

“Têm mais dinheiro”, parece ser a explicação Este cenário levanta uma questão: estão ou não as imediata. Sim, há mais população, há mais tráfego infra-estruturas aeroportuárias preparadas para atender e, logo, mais receitas. Mas pode não ser tão linear os passageiros em espera? E não apenas em situações de assim. Quem já viajou pelo Oriente não pôde deixar crise. Para Hildebrando Hoffman, professor de Ciências de se impressionar com o espaço dos aeroportos. Aeroportuárias da Pontifícia Universidade Católica do O fluxo de passageiros e o tipo de aviões usados, Rio de Janeiro, o planeamento dos aeroportos tem vindo geralmente “wide bodies”, são proporcionais à a dar prioridade a áreas que não são prioritárias. dimensão do próprio mercado. Quando chega “É preciso pensar no conforto dos passageiros. São um avião, chegam entre 300 a 400 pessoas precisas salas amplas e confortáveis uma vez que o e os aeroportos têm de estar preparados para passageiro vai passar algum tempo no aeroporto”. O desembarcar este número de passageiros. que se vê, diz, é uma valorização das áreas comerciais Por outro lado, são geralmente infra-estruturas em detrimento das áreas de espera e de embarque e novas, construídas de raiz, enquanto a maior parte desembarque. Hoffman fala com conhecimento dos dos aeroportos na Europa e na América são antigos aeroportos brasileiros que diz estarem cada vez “mais e vão sendo acrescentados e adaptados. sofisticados para atenderem o consumo”. Há quatro anos consecutivos que os aeroportos da região Ásia-Pacífico arrancam Há quatro anos os aeroportos da Ásia são os os primeiros lugares do ranking elaborado primeiros no ranking do ACI. Incheon, na Coreia pelo ACI. Incheon, na Correia do Sul, Changi, do Sul, Changi, em Singapura e o Aeroporto em Singapura e o Aeroporto Internacional de Internacional de Hong Kong têm-se destacado Hong Kong têm-se destacado pela qualidade pela qualidade do serviço. do serviço. No mundo ideal, ou melhor dizendo, no aeroporto ideal, o passageiro não encontra filas, não enfrenta corredores intermináveis até à porta de embarque, tem à disposição espaços variados para ocupar o tempo de espera, toma tranquilamente um café latte descafeinado enquanto aguarda a hora da partida, e o seu avião sai à hora marcada. Isto é no aeroporto ideal. E, felizmente, em muitos aeroportos por todo o mundo a realidade já se aproxima muito da perfeição.

Uma sinalização eficaz é essencial para a boa orientação dos passageiros dentro de um aeroporto. A qualidade de serviço mede-se também pela oferta de espaços comerciais e de lazer.

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_em foco

A

cção Integrada de Melhoria de Serviço: AIMS. Estas são as palavrinhas mágicas que têm alterado o quotidiano no Aeroporto de Lisboa e que fazem sorrir quem as menciona, seja o presidente da TAP, um responsável dos terminais de bagagem da ANA, um elemento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) ou um operacional da Groundforce. E muitos, muitos outros, onde se contam também os milhões de passageiros em tráfego por Lisboa. O trabalho de equipa e cooperação diária, no terreno, entre estas entidades, tem vindo a dar frutos e após um ano os resultados fazem-se sentir. A pontualidade da TAP sofreu melhorias assinaláveis, à partida e à chegada, e, nos voos de ligação, a pontualidade passou de 52% em 2007 para 73% em 2008. Os tempos de processamento de bagagem melhoraram e o rácio de bagagem deixada para trás diminuiu significativamente. As condições de rastreio de passageiros e bagagem de mão conheceram também melhorias efectivas. Durante o ano que passou várias medidas concretas, além de uma maior e melhor comunicação entre estes parceiros, contribuíram para os resultados. Criaram-se duas portas de desembarque adicionais, o canal Greenway para passageiros premium e um canal prioritário para crianças e pessoas com necessidades especiais de mobilidade. O SEF ganhou três novas posições e a sala de recolha de bagagem (que foi beneficiada com três novos tapetes de bagagem) tem agora locais para fumar. Isto para referir apenas algumas medidas. Uma área que vai exigir mais atenção é a utilização pelos passageiros das ferramentas electrónicas colocadas ao seu dispor. O uso do self check-in, do web

MELHOR SERVIÇO PARA 2009 A o lo n go d e 2 0 0 8 o s a e ropor t o s portugueses registaram, de acordo com o ACI, uma subida nos níveis de qualidade de serviço, destacando-se o Aeroporto do Porto que obteve um terceiro lugar no ranking dos aeroportos europeus. Em 2009 a melhoria do atendimento aos clientes vai continuar uma prioridade. check-in e da fronteira electrónica (RAPID) está ainda muito aquém dos objectivos e a sua difusão poderá contribuir para melhorar os tempos de espera, tanto no check-in como no controlo de fronteira. Para este ano estão já previstas novas acções: uma melhor definição das zonas de embarque, colocação de painéis LED com informação operacional na zona de plataformas e pistas, reposicionamento dos balcões de “perdidos & achados” no lado público e a cobertura do Terminal 2. Em estudo está também o alargamento do projecto AIMS a outras entidades. Estas melhorias já se reflectiram nas avaliações que os passageiros fizeram do Aeroporto de Lisboa no último trimestre de 2008, segundo os dados do Airport Quality Service do ACI. O aeroporto subiu dois lugares no ranking, o que é tanto mais relevante se tivermos em conta que nos últimos meses do ano aderiram ao estudo mais sete aeroportos. De um modo geral, os aeroportos portugueses em avaliação pelo ACI (Lisboa, Porto, Faro e Ponta Delgada) registaram uma tendência de subida ao longo dos quatro trimestres de 2008 no que respeita à satisfação global dos passageiros. As avaliações feitas no último trimestre do ano registaram subidas na maior parte dos parâmetros em análise, com destaque especial para o Aeroporto do Porto que foi distinguido como o terceiro melhor aeroporto europeu de 2008, atrás de Zurique e Southampton. Os prémios Airport Service Quality 2008 serão entregues no Porto, durante a 18ª edição do ACI Europe Airport Trading Conference & Exhibition que decorre entre 20 e 22 de Abril.

A pontualidade e a bagagem deixada para trás são dois dos aspectos que o programa AIMS, no Aeroporto de Lisboa, melhorou. Resultados que só foram possíveis graças ao trabalho de equipa entre a ANA, a TAP, o SEF e a Groundforce.

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OS MOTORES JÁ RONCAM

_chegadas

Portugal não entra no calendário da Fórmula 1 desde 1997, quando Jacques Villeneuve ganhou a corrida final no Estoril. Enquanto o Autódromo Internacional do Algarve veio dar novas esperanças aos fãs, continua a crescer em Portimão o Algarve Motor Park, um mega-empreendimento voltado para o desporto motorizado.

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circuito tem 64 variações possíveis, a maior das quais é de 4692 metros e está pensada para as competições de Fórmula 1. O Autódromo Internacional do Algarve (AIA) está assim preparado para receber todas as provas dos campeonatos mundiais de automobilismo e motociclismo, ao mais alto nível da competição. Apesar de não ter sido descartada, a possibilidade de ali acontecer um Grande Prémio não é uma prioridade. O negócio que para já interessa aos promotores do Autódromo é o dos treinos, fazendo concorrência ao circuito de Jerez de la Frontera, na Andaluzia, e esse já arrancou. O AIA está inserido num complexo maior, o Algarve Motor Park, que foi pensado para oferecer todas as facilidades aos mais variados sectores da indústria motorizada que ali poderão apresentar, testar e mesmo desenvolver os seus produtos. No Sítio do Escampadinho, no concelho de

O parque tecnológico (ao fundo) vai reunir condições para que os utilizadores nas áreas de pesquisa e desenvolvimento possam funcionar em estreita colaboração com o circuito.

Portimão, numa área com cerca de 300 hectares, tem vindo a nascer uma autêntica “cidade-automóvel”. O Autódromo é a âncora de todo o empreendimento, mas à sua volta vão funcionar também um kartódromo, um parque tecnológico, um complexo desportivo e um resort turístico. Para o Autódromo estão previstas outras actividades além dos eventos desportivos. Desde que abriu, em Novembro passado, a ocupação tem sido muito satisfatória, segundo a direcção. A inauguração fez-se com a final do Mundial de Superbikes e daí para cá já tiveram lugar outros acontecimentos com destaque para os testes realizados por algumas escuderias da Fórmula 1. Já aconteceram também alguns eventos comerciais como a apresentação da Ducati e dos novos modelos de F1 que a Renault e a Williams vão usar na nova temporada, o R29 e o FW31, respectivamente. Em Fevereiro teve lugar a apresentação mundial do novo modelo da marca de motas KTM.

A Torre Vip é um dos marcos da arquitectura do autódromo. Situada bem no meio do circuito, tem uma localização privilegiada para assistir às corridas.

Desenhado para favorecer ao máximo o contacto do público com o espectáculo, o Autódromo dispõe de uma vasta oferta de lugares. Na bancada principal vai existir também uma área comercial.

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_chegadas

O calendário do Autódromo está, aliás, já bastante preenchido para todo o ano, com várias competições oficiais, como o Campeonato Nacional de Motociclismo, o Campeonato Mundial de Automobilismo, os 1000 km do Algarve Le Mans Series, o Campeonato do Mundo FIA GT, o Superbike World Championship. A componente lúdica também faz parte dos planos. No Autódromo já estão a decorrer actividades pensadas para o público, como os cursos de condução desportiva e a organização de “track days”, que contam com a participação de Miguel Praia, o único piloto português a disputar o Campeonato do Mundo de Motociclismo. O parque tecnológico terá, de acordo com o projecto, as mais modernas infra-estruturas técnicas de apoio. A ideia é reunir as condições necessárias para que os utilizadores nas áreas de pesquisa e desenvolvimento possam funcionar em estreita colaboração com o circuito. A proximidade entre o parque e o circuito será particularmente útil aos construtores de automóveis, pneus, combustíveis e lubrificantes, uma vez que o trabalho de I&D poderá ser testado no circuito, quase imediatamente e a baixos custos. O parque estará também aberto a outras áreas de negócio. Paulo Pinheiro, director da Parkalgar, a empresa promotora, pondera a instalação de empresas ligadas às energias renováveis e à inovação, por exemplo. “Queremos atrair empresas que tragam mais-valia ao circuito”, resume. Para já não existem ainda acordos fechados mas as negociações estão a decorrer e brevemente deverão ser conhecidos os primeiros ocupantes. A ideia é que escritórios, oficinas e linhas de montagem possam ser ocupados no Verão.

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Quanto ao kartódromo, O kartódromo vai ter 112 versões será um circuito de karting diferentes, em função polivalente, planeado da utilização. para permitir diversas utilizações, desde as provas de campeonatos nacionais e internacionais às corridas amadoras e também a realização de testes de desenvolvimento de pneus, ou apenas para pura diversão. Terá uma área de apoio com restaurantes, lojas, bancadas e boxes. Será a primeira “race academy” em Portugal e, espera-se, o berço da próxima geração de competidores nacionais. Um empreendimento desta magnitude não ficaria completo sem acomodação a condizer. Por isso fazem parte do projecto um hotel de cinco estrelas e 160 apartamentos turísticos com tipologias variadas, ambos sob a gestão da Radisson Hotels & Resorts. Paulo Pinheiro espera que “se tudo correr conforme previsto, os apartamentos estejam concluídos em Junho e o hotel em Novembro”. O hotel servirá de apoio a todas as actividades, incluindo apresentações comerciais de automóveis e motos e, claro, eventos desportivos. Terá uma área de lazer composta por piscina interior e exterior, spa, campos de ténis e percursos hípicos. Os apartamentos serão também servidos pelo mesmo tipo de estruturas. Este ano o Superbike World Championship vai voltar a passar pelo Algarve.

A fechar o leque de oferta deste mega-projecto, haverá ainda um moderno complexo desportivo com 10 000 m2. Concebido para suportar áreas de apoio às diversas actividades desportivas, tanto de lazer como de alta competição, vai estar equipado com ginásio, spa, piscinas, campos de squash e de futebol. Terá também uma clínica vocacionada para a recuperação física, medicina desportiva e preparação física de atletas de alta competição. Outra faceta importante é a componente ecológica de todo o projecto. A Parkalgar quer plantar cerca de 25 mil árvores, requalificar linhas de água, ter um coeficiente de construção baixo e gerir de forma sustentada os recursos. Está previsto que 70% da energia consumida seja gerada por fontes renováveis. Haverá também um inovador sistema de tratamento de águas residuais, para as indústrias, e um sistema de decantação e separação de hidrocarbonetos para o Autódromo, que vai reaproveitar as águas tratadas para a rega dos amplos espaços verdes previstos. A apenas 4,5 quilómetros da A22, que atravessa todo o Algarve, e com Lagos e Portimão a cerca de dez quilómetros, a localização é um trunfo, garantindo uma rápida ligação ao resto do país e mesmo à Europa. “O aeroporto é crucial para nós, nomeadamente ao permitir que novas rotas aéreas sejam implementadas. Não houve até à data nenhuma parceria, no entanto teremos toda a abertura para isso, caso surja essa oportunidade”, diz Paulo Pinheiro.

O projecto da Parkalgar é um projecto de capitais privados, nascido da associação de diversos empresários portimonenses, onde se incluem sócios da construtora Bemposta. Prevê-se que o investimento total ronde os 200 milhões de euros e que quando estiver pronto empregue 1750 pessoas. Nessa altura o Algarve Motor Park será uma das mais completas e avançadas infra-estruturas da Europa para receber actividades desportivas, comerciais e de lazer.

CIRCUITO A - Edifício Principal C - Boxes E - Centro Médico

B - Bancadas D - Media Center F - Torre VIP

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B A

A FÓRMULA 1 DE REGRESSO? Acelerar já aceleraram, se bem que em sessões de treino. Algumas das principais equipas de Fórmula 1, como a MacLaren, a Williams, a Toyota, a Renault ou a Toro Rosso, já usaram o circuito do novíssimo Autódromo Internacional do Algarve para testar os seus bólides. Mas a dúvida que paira na cabeça dos fãs do desporto automóvel é se voltarão em evento oficial. Ou seja, estará ou não a Fórmula 1 prestes a voltar a Portugal? Com a aprovação do circuito algarvio por parte da Federação Internacional do Automóvel a esperança reacendeu-se no coração de muita gente. O Automóvel Clube de Portugal e a Federação Portuguesa de Automobilismo estão entre os principais apologistas da ideia, afirmando que as condições estão reunidas, haja, para isso, vontade política. Ou, melhor dizendo, dinheiro. Quinze milhões, avança Carlos Barbosa, presidente do ACP.

Que é o que parece não haver, por enquanto. Durante uma visita recente ao Autódromo, aquando dos primeiros testes oficiais de Fórmula 1 de 2009, o Secretário de Estado do Desporto fez saber que esse tema “não está em cima da mesa” para o Governo. Laurentino Dias disse, no entanto, que o Governo analisaria uma eventual candidatura apresentada por um promotor, sem que isso significasse um compromisso de apoio. Para já a Parkalgar está bastante satisfeita com os testes decorridos. “A escolha por parte destas equipas leva-nos a crer que o AIA está a entrar na rota dos melhores circuitos mundiais”, refere Paulo Pinheiro. Em relação à possibilidade de o Autódromo vir no futuro a receber um Grande Prémio, limita-se a dizer: “Estamos a trabalhar nesse sentido e obviamente se tivermos essa oportunidade não a iremos desperdiçar”.

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_chegadas QUEM QUER UMA CASA NO ALGARVE? Quem são os estrangeiros proprietários de uma casa no Algarve? De onde vêm? Como vêm? O que procuram? Conhecer melhor os contornos do turismo residencial no Algarve é uma vantagem para todos os intervenientes do sector. Do transporte aéreo à hotelaria.

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láudia Almeida é professora na Universidade do Algarve mas durante dois anos trocou a sala de aulas pelo Aeroporto de Faro. Ao abrigo de uma bolsa de doutoramento procurou durante este tempo saber mais sobre o turismo residencial no Algarve, um segmento de mercado sobre o qual há ainda um grande desconhecimento. Apesar da pouca informação disponível (o que também acontece noutros países, como confirmou a investigadora), um dado é tido como certo: trata-se de um segmento com grande potencial de crescimento no Algarve. E as vantagens deste tipo de turismo são várias. Do ponto de vista da procura estabiliza as oscilações que derivam da conjuntura da indústria turística (atenua, por exemplo, a quebra que se sente em alturas como a que vivemos agora). Estabiliza também as flutuações inerentes à sazonalidade e tem um efeito positivo na economia local, como resultado dos gastos feitos por estes turistas. Enquanto espera para discutir a sua tese na Universidade, Cláudia Almeida participou, com outros oradores nacionais e estrangeiros, na segunda conferência sobre o tema organizada pela ANA, onde apresentou algumas conclusões preliminares que permitem saber um pouco mais sobre os proprietários estrangeiros de uma segunda habitação no Algarve. Dos inquéritos que realizou, entre 21 de Junho e 19 de Outubro de 2007 no Aeroporto de Faro, num universo de 4147 pessoas que estavam de partida para os seus países de origem (Reino Unido, Alemanha, Irlanda e Holanda), concluiu que 12,7% eram proprietários de uma segunda habitação no Algarve, 7,4% tinham intenção de comprar e 79,9% realizaram alguns contactos nesse sentido. Com base nessa amostra foi traçado um perfil dos proprietários. Com uma média de idade de 54 anos, 52,8% têm o ensino secundário e 40,3% universitário;

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52,4% são trabalhadores activos e 40,6% estão reformados; 87,5% viajaram numa companhia low cost; o tempo médio de estadia foi de 36 noites e em 74,4% dos casos o propósito da viagem foi o lazer. Se não é nenhuma surpresa que o clima influencia a compra (79,4%), por outro lado as acessibilidades também pesam na decisão (52,9%). Outros destinos considerados para a aquisição de uma segunda casa por parte dos inquiridos foram Espanha (52,8%) e França (21,7%). Em média os proprietários fizeram oito viagens ao Algarve antes da aquisição e 66,8% tomaram a decisão de comprar em menos de seis meses. Para financiar a compra 62% recorreram às poupanças, 13,6% fizeram um empréstimo bancário sendo que 3,7% recorreu a um banco português. Apesar de ser considerada uma segunda habitação, geralmente de férias para a família (ou para arrendar), em muitos casos o imóvel é usado por longos períodos ao longo do ano, tornando-se na primeira casa. A principal surpresa dos resultados foi que 17,4% dos proprietários inquiridos eram da Irlanda, 12,9% do Reino Unido e 11,9% da Alemanha. Os irlandeses foram também os que mostraram mais intenções de comprar. Cláudia Almeida nota que estas conclusões são “apenas uma simples ‘fotografia’ deste segmento de mercado” e que ainda há muito a fazer no sentido de saber mais. Este conhecimento é importante para permitir aos intervenientes do sector turístico algarvio delinear estratégias de actuação e promoção. A ANA, através do Aeroporto de Faro, está empenhada em cooperar com outros parceiros no sentido de um desenvolvimento continuado do turismo no Algarve. Que passa também pelo turismo residencial.

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_entre vidas

ESTÁ-SE BEM CÁ DENTRO Bernardo Trindade completa quatro anos à frente da Secretaria de Estado do Turismo no meio de uma conjuntura difícil. faz um bom balanço do mandato e está empenhado em chegar ao fim deste ano com resultados positivos. Para isso intensificou a promoção nos principais mercados emissores e voltou-se para o mercado interno. Também ele faz férias cá dentro.

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osta de Lisboa, pela sua luminosidade, do Douro, pelas paisagens, do Algarve, pelos magníficos campos de golfe e pela gastronomia, enriquecida pela qualidade dos peixes e mariscos da nossa costa. Mas, no que toca a praia, nenhuma bate os vastos areais dourados do Porto Santo. Ao mesmo tempo que pôs na rua uma vasta campanha de promoção em que convida os portugueses a descobrir Portugal e a fazer férias cá dentro, o madeirense que há quatro anos comanda a Secretaria de Estado do Turismo dá o exemplo e diz que também prefere fazer férias em Portugal. “Acho que o país tem uma combinação perfeita entre sol e mar, natureza, cultura e gastronomia. O seu valor está precisamente na sua diversidade concentrada”. “Descubra um Portugal Maior” foi o slogan encontrado para, em época de crise económica, dizer aos portugueses que vale a pena conhecer melhor o que o seu país tem para dar em matéria de oferta turística. A par com a campanha, que teve um orçamento de quatro milhões de euros, foi lançado o portal www.descubraportugal.com.pt que lista monumentos, hotéis, restaurantes, estabelecimentos de animação e informa sobre as promoções em vigor. “Temos hoje boas infra-estruturas rodoviárias e aeroportuárias, uma oferta hoteleira diversificada e de qualidade, temos destinos únicos afirmados pelo património natural e cultural. Temos praias óptimas, cada vez mais requalificadas ao nível das acessibilidades e dos apoios. Pretendemos despertar os portugueses para um país moderno e inovador”, diz Bernardo Trindade. Sendo uma forma de compensar as quebras que se adivinham nas receitas do sector, devido à actual conjuntura, o turismo interno por si só não chega. Sobretudo se tivermos em conta que os mercados tradicionais – Reino Unido, Alemanha, Espanha, Holanda, Irlanda e Escandinávia – são responsáveis por mais de 90% das receitas turísticas. Mas quando a libra tem uma quebra de 50% em relação ao euro é certo que a procura turística de Portugal vai ressentir-se e provavelmente este ano não ouviremos tanto inglês nas praias algarvias como é habitual. Ciente deste cenário, Bernardo Trindade atribuiu 30 milhões de euros para uma agressiva campanha de promoção de Portugal nestes mercados tradicionais e em alguns mercados emergentes.

As paisagens do Douro são um património natural único no país.

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_entre vidas

Descrita e cantada por escritores e artistas, a luminosidade única de Lisboa faz com que a capital seja também um dos locais preferidos de Bernardo Trindade.

Para chegar a novos mercados, o programa Iniciativa.pt (antes designado por Fundo de Promoção de Novas Rotas) tem sido um instrumento importante. Resultado de uma parceria entre a ANA, o Turismo de Portugal e as Agências Regionais de Promoção Turística, o Iniciativa.pt é uma forma de captar e promover novas rotas aéreas de interesse turístico através de condições competitivas. “Com este mecanismo procuramos antecipar as tendências do mercado e as estratégias comerciais dos operadores turísticos e empresas aéreas, não só as de baixo custo mas igualmente companhias de bandeira”, explica. O golfe é um dos muitos atractivos do Algarve e um segmento que atrai muitos turistas à região.

Da janela do seu gabinete, na zona do Chiado, Bernardo Trindade tem uma vista privilegiada para o casario de Lisboa e para o Tejo.

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As novas ligações aéreas da TAP para Moscovo, Varsóvia e Helsínquia são exemplos de novas rotas criadas ao abrigo deste programa. Estes são também os mercados emergentes a que a Secretaria de Estado do Turismo tem dedicado maior atenção. “No caso da Rússia, iniciámos uma aposta clara na promoção há dois anos e os resultados têm sido muito bons, com crescimento acima dos 20%”. Na Madeira, foi também com o apoio da Iniciativa.pt que se relançou o mercado inglês, que estava em quebra nos últimos anos, através de uma nova rota da Easy Jet. A captação das companhias low cost para Portugal foi uma das principais bandeiras de Bernardo Trindade. De acordo com dados da sua Secretaria, no período entre Março de 2005 e Dezembro de 2008 o número de passageiros desembarcados em voos low cost aumentou 256%. “Em termos estratégicos, para Portugal é fundamental garantir um bom nível de acessibilidade aos nossos destinos regionais, destacando-se nesse sentido o papel essencial que os aeroportos desempenham na cadeia de valor para o sector do turismo”. Sobre uma eventual privatização dos aeroportos, o Secretário de Estado nota que o essencial é que quem quer que os venha a gerir tenha em consideração “o ambiente competitivo que hoje obriga a que os aeroportos se norteiem por critérios de rentabilidade no sentido de garantir a sustentabilidade do negócio”. Sendo os aeroportos porta de entrada e de saída de turistas e tendo em conta a localização periférica do país, a qualidade do serviço prestado ao cliente final deve ser uma preocupação constante, que “tem de estar subjacentes a qualquer uma das nossas infra-estruturas aeroportuárias, quer o accionista seja público ou privado”. Grande defensor da realização de eventos que levem o nome de Portugal além fronteiras, Bernardo Trindade continua convencido da importância destes acontecimentos, culturais e desportivos, para a promoção turística do país. E, desde as exposições de arte contemporânea integradas no programa Allgarve 09 (que este ano tem a duração de seis meses), passando pelo Portugal Masters, no golfe, pelo Estoril Open, no ténis, pelo Formula A1 Grand Prix, no automobilismo, pelo Troia Portugal Match Cup, na vela, e pelo Red Bull Air Race World Championship, há um calendário bem preenchido ao longo do ano.

Dada a conjuntura, o Secretário de Estado do Turismo afirma que estão a ser feitos todos os esforços para que 2009 seja positivo. Para Bernardo Trindade as melhores praias do país estão na ilha de Porto Santo.

Em 2007 bateram-se recordes em todos os indicadores turísticos e mesmo no ano passado, apesar de ténue, houve uma subida ao nível dos proveitos, com mais 1%, e dos hóspedes, mais 0,7%. “Quando comparados com os nossos concorrentes internacionais, mantivemos uma evolução positiva, enquanto Espanha, Itália e França já apresentavam significativas quebras”. No ano passado ultrapassaram-se pela primeira vez 7.500 milhões de euros em receitas turísticas. No ranking da competitividade do sector de viagens e turismo, elaborado pelo Fórum Económico Mundial, Portugal ocupa actualmente o 15º lugar num universo de 130, tendo subido sete posições em relação a 2007. A Suíça, a Áustria e a Alemanha ocupam os primeiros lugares. “Temos hoje, inquestionavelmente, um produto turístico melhor, resultado de um conjunto de intervenções públicas e privadas que valorizaram a oferta turística nacional e estamos preparados, do ponto de vista legislativo, para enfrentar uma realidade mais difícil, fruto da conjuntura”. Madeirense nascido no Funchal, aos 38 anos Bernardo Trindade é um dos mais jovens rostos do executivo de José Sócrates. Formou-se em Gestão e ingressou na banca, tornando-se quadro directivo do Banco Espírito Santo em 1998. Foi deputado do Partido Socialista na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, líder parlamentar da bancada socialista e é Secretário de Estado do Turismo desde Março de 2005.

É verdade que o futuro a Deus pertence, mas, se o regresso à banca seria o mais esperado, Bernardo Trindade não descarta a possibilidade de, quando deixar o governo, continuar ligado ao turismo. “Seria interessante poder continuar a desenvolver uma actividade profissional numa área que me diz muito e onde o país tem imenso potencial a desenvolver”. Algumas vezes já o vimos acompanhar o primeiro-ministro nas suas corridas. Também ele não dispensa o jogging embora, com os filhos, prefira o ténis ou o futebol. Pai de três, procura acompanhar de perto as suas actividades, escolares e de tempos livres. Por enquanto falta ainda decidir o destino das férias deste ano. Continente ou ilhas?

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_inovação PORTUGAL COM 14 PROJECTOS EUREKA Durante a presidência portuguesa da EUREKA, a iniciativa europeia de apoio à inovação, Portugal viu aprovados três novos projectos. A AdI - Agência de Inovação faz um balanço positivo da participação das empresas nacionais.

no sector agro-alimentar. Trata-se de um projecto de controlo de pragas no arroz, sem recurso a químicos, desenvolvido entre 2002 e 2008 pelo Instituto de Investigação Científica Tropical. A Iniciativa Eureka oferece aos participantes dos vários projectos de I&D o rápido acesso a conhecimento e competências relevantes disponíveis na Europa e facilita o acesso aos vários esquemas de financiamento públicos e privados. Funciona, assim, como um complemento do Programa Comunitário de Apoio em vigor na promoção

À procura de “malas inteligentes”

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ão desde as tecnologias de informação aos transportes, passando pelo ambiente e pela robótica. Os projectos de investigação de empresas nacionais desenvolvidos no âmbito da Iniciativa EUREKA já somam 14. Os últimos três aprovados, durante a segunda reunião de trabalho da presidência portuguesa da Iniciativa, que decorreu em Sines entre 27 e 30 de Janeiro, estão relacionados com a água e com o sector agro-alimentar. Iniciada em 1985, a EUREKA é uma iniciativa inter-governamental de apoio à inovação que tem como principal objectivo estimular a produtividade e a competitividade da indústria europeia. A Iniciativa tem actualmente como membros 38 países europeus, a Comissão Europeia e Marrocos, como país associado, que tentam promover a cooperação entre empresas e institutos para que desenvolvam em conjunto produtos tecnologicamente inovadores com vista à sua comercialização internacional. De acordo com a AdI - Agência de Inovação, a entidade responsável pela organização da presidência portuguesa, o objectivo principal da reunião de Sines foi estabelecer parcerias internacionais de inovação, envolvendo empresas, fornecedores, organizações de investigação e clientes.

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Iniciada em 1985, a EUREKA é uma iniciativa inter-governamental de apoio à inovação que tem como principal objectivo estimular a produtividade e a competitividade da indústria europeia. Para a AdI, o balanço da participação das empresas portuguesas na Iniciativa é muito positivo. Estes 14 projectos de investigação em curso incidem sobre várias áreas: tecnologias de informação e comunicação, transportes, tecnologia médica e biotecnologia, novos materiais, robótica e produção de automatismos e ambiente. Estas iniciativas permitem ter, segundo a AdI, “uma clara visão do crescente investimento que as empresas nacionais estão a realizar na área de I&D com perspectivas de mercado a nível europeu e mundial”.

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Dos três projectos aprovados na reunião de Sines, um está relacionado com a alimentação de suínos e será desenvolvido em conjunto com Espanha. Os outros dois propõem a inclusão de Portugal em duas redes: uma é um “cluster” da água, com outros países parceiros; e a outra, que envolve 14 países, visa fortalecer a competitividade do sector agro-alimentar, com o desenvolvimento de produtos e processos inovadores através de novas tecnologias. Durante a reunião, foi ainda apresentado um caso de sucesso na aplicação da inovação e tecnologia

Na reunião de Sines estiveram presentes representantes dos 38 países membros da Iniciativa EUREKA.

da inovação empresarial de forma a alcançar o objectivo traçado pela Europa de aumentar o seu investimento em I&D para 3% do PIB comunitário em 2010. Todos os anos centenas de projectos são iniciados no âmbito da EUREKA, com um número crescente de PME. As empresas interessadas em iniciar ou integrar um projecto EUREKA devem, em Portugal, contactar a AdI, ou consultar o site www.eureka.be. Portugal é um dos países fundadores da EUREKA e já tinha presidido à Iniciativa em 1997-1998. Em Junho a presidência transitará para a Alemanha mas até lá fazem ainda parte do calendário dois outros encontros: em Ponta Delgada, de 30 de Março a 03 de Abril, e em Lisboa, de 15 a 18 de Junho.

uem viaja com alguma frequência uma ou outra vez já chegou ao destino sem a sua bagagem. É a lei das probabilidades e se nunca lhe aconteceu pode considerar-se uma pessoa de sorte. Para os aeroportos e companhias aéreas, o tratamento de bagagem continua a ser um dos maiores desafios. No Aeroporto de Lisboa, por exemplo, muito tempo e trabalho tem sido investido para diminuir os tempos de processamento de bagagem tendo em vista um melhor atendimento ao passageiro. Uma solução pode passar pela criação de “malas inteligentes” que permitam, a cada momento, saber onde se encontram e em que situação. Esse é o objectivo do projecto “Mala Segura”, em que a ANA participa no âmbito da Iniciativa EUREKA. O projecto pretende criar uma solução – com recurso a tecnologia RFID-Radio-Frequency IDentification ou VSN-Virtual Sensor Networks – que, aplicada à bagagem dos passageiros, permita monitorizar as malas enquanto estão em processo de transporte. A incorporação de um dispositivo de identificação e localização nas malas torna todo o processo mais eficiente e seguro e reduz os riscos de extravio. O sistema será inviolável, compatível com os standards internacionais em vigor e comportará as mais avançadas tecnologias disponíveis. Este projecto conta com a participação de mais seis empresas portuguesas da área da tecnologia e fica concluído em Março de 2011.

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_insights MELHOR MANUTENÇÃO, MAIS QUALIDADE

Com o novo sistema de gestão da manutenção os processos serão harmonizados em todos os aeroportos da ANA.

A ANA vai instalar nos seus aeroportos um sistema para gerir os processos de manutenção que, além de uma melhoria do serviço prestado, vai permitir aos clientes, passageiros e companhias aéreas reportar ocorrências e acompanhar online a resolução dos problemas.

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a embarcar às seis da manhã para Berlim, num daqueles dias frios e chuvosos de Inverno que nos faz amaldiçoar o céu e a terra. Restava-lhe o consolo do embarque ser feito numa manga e em poucos minutos estaria confortavelmente sentado a ler o jornal que levava debaixo do braço. Alteração de última hora. Houve um problema qualquer com a manga e os passageiros serão levados de autocarro até ao Airbus da Lufthansa. Não é inédito. Possivelmente até já lhe aconteceu. Mas não deixa de ser um pouco frustrante. A ANA prepara-se para implementar nos sete aeroportos que gere um sistema computorizado para gerir os trabalhos de manutenção nos aeroportos. Este sistema vai permitir que as companhias aéreas e clientes em geral reportem ocorrências de mau funcionamento ou avarias. Numa segunda fase, e através da internet, também o passageiro vai poder, por exemplo, registar a avaria da manga e acompanhar, online e em tempo real, o estado da ocorrência até à sua resolução. Através deste sistema de gestão da manutenção e de call center a ANA vai passar a ter os processos de manutenção harmonizados em todos os aeroportos. O que se traduz numa melhoria do serviço prestado e na redução de custos, explica Nuno Duarte, coordenador de tecnologias de informação do Aeroporto de Faro. Foi criado dentro da empresa um grupo de trabalho com representantes das áreas de manutenção de todos os aeroportos. Confirmou-se que cada aeroporto usava diferentes estruturas de organização e metodologias de trabalho e também que existia falta de informação acerca da manutenção dos diversos equipamentos e poucos registos das manutenções preventivas e correctivas. Chefes de manutenção, engenheiros e técnicos tinham também eles dificuldade no acesso à informação de que necessitavam. A falta desta informação estruturada dificulta a análise dos custos e da performance dos equipamentos, dos recursos humanos e mesmo da localização dos materiais. O mesmo acontecia em relação aos call centers: alguns aeroportos tinham um, outros mais do que um e outros não tinham nenhum. E os que existem usam ferramentas consideradas arcaicas neste contexto, como o email, para solicitar assistência técnica.

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Uma comunicação rápida e eficaz é essencial para que os trabalhos de manutenção decorram céleres.

Com base na informação recolhida e em entrevistas a todos os chefes de manutenção dos aeroportos, o grupo de trabalho chegou ao que devem ser os requisitos de um novo sistema. Encontradas as necessidades funcionais, o grupo voltou-se então para as características técnicas e a arquitectura do sistema. Dada a dispersão geográfica dos sete aeroportos, quatro deles nas ilhas, e dado que a empresa já possui uma central de informação onde os servidores estão hospedados, optou-se por criar interfaces que farão a ligação com os sistemas centrais a funcionar na empresa. Os Aeroportos de Faro, Lisboa e Porto terão servidores dedicados, enquanto que nos Açores haverá um em todos os aeroportos. Estes servidores serão interligados com o servidor central no Data Center da Direcção de Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação, que funciona como interface com os sistemas que já funcionam na empresa, nomeadamente SAP, SIG, Service Desk, BI e iBPMs. O novo sistema de gestão vai abranger diversas áreas como a manutenção civil, energia, electrotécnica, comunicações,

segurança. Está especialmente pensado para atender as necessidades da cadeia de transporte de passageiros, bagagem, carga e aeronaves. A implantação do sistema deverá estar concluída em Dezembro. Em Março Nuno Duarte vai apresentar o projecto no Passenger Terminal Expo 2009, a maior exposição internacional para a indústria aeroportuária na Europa, que decorre em Londres. Na brochura das conferências pode ler-se que esta apresentação “é útil para outros aeroportos – e empresas que gerem mais do que um aeroporto – perceberem os desafios da implementação de uma ferramenta deste género e a forma como os fluxos de trabalho dos serviços de manutenção e os call centers se devem adaptar a uma nova realidade computorizada”.

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_insights

UMA VIAGEM NO TEMPO Nos próximos meses o ANA Museu vai mostrar ao público como eram os aeroportos quando a ANA assumiu a sua gestão e como evoluíram até hoje. Uma exposição que é uma viagem pelo universo aeroportuário português.

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ogo na entrada, como que a dar as boas-vindas, há na parede um “quadro tele-indicador de voos Partidas/Chegadas”, cuja semelhança com os modernos dispositivos electrónicos de informação de voos não é mera coincidência, mas quase. Os destinos Beira, Bissau, Luanda, Konakry remetem-nos para outros tempos, quando muita da vida portuguesa se passava além-mar, nas antigas colónias africanas. A nova exposição do ANA Museu, no Aeroporto de Lisboa, intitulada “Uma viagem no tempo”, parte da criação da ANA até aos dias de hoje para mostrar como foram evoluindo as actividades aeroportuárias nos aeroportos portugueses. Como eram os aeroportos em 1978 quando a ANA tomou conta deles?, é a pergunta a que a exibição responde, através de imagens e de muita “memorabilia” que conta a história da empresa. Ao contrário das duas exposições anteriores, que se concentraram na história do Aeroporto de Lisboa (“Os primeiros anos do aeroporto de Lisboa - 1942/1958” e “A Era do jacto 1958/1978”) esta exibição fala da história da ANA como um todo e das funções que assegura em cada um dos aeroportos, explica Madalena Oliveira, responsável pelo museu. “Com o objectivo de recriar a parte operacional de um aeroporto, estão em exibição peças relacionadas com as actividades que são o coração da empresa”, conta. Assim, há por

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exemplo uma maquete de um aeroporto-tipo com que o visitante pode interagir, pressionando os botões que automaticamente iluminam determinadas partes como pistas, plataformas ou caminhos de circulação. Da antiga torre de controlo do Aeroporto de Faro está em exibição a mesa de controlo, que permite ter uma ideia de como funcionavam as comunicações de gestão do tráfego aéreo em décadas passadas. Em colaboração com a TAP são também mostrados alguns dos aviões que ao longo dos anos operaram nos aeroportos portugueses. As sucessivas mudanças de imagem da empresa ao longo de 31 anos de actividade servem também para ilustrar a passagem do tempo. Logótipos, bandeiras, fardas e muitos outros objectos estão em exibição.

A Rotunda do Relógio nos primeiros anos do Aeroporto de Lisboa.

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_insights Além das peças, a história é mostrada através de suportes multimédia que exibem vídeos e fotografias dos vários aeroportos em diferentes épocas. Para tal o museu contou com o arquivo da empresa, para além da colaboração do arquivo fotográfico do Diário de Notícias, da TAP e do Museu do Ar, da Força Aérea Portuguesa. Já a pensar no futuro, a nova exposição dá também, segundo Madalena Oliveira, “um cheirinho do novo aeroporto” através de uma projecção intitulada “Do passado ao futuro, 1942-2017”. O ANA Museu e a organização das exposições estão a cargo do serviço de Informação, Documentação e Cultura da ANA, responsável pela gestão do acervo museológico e do arquivo da empresa. O espólio, que vem sendo mostrado desde a abertura do museu, em 2006, foi reunido, estudado e recuperado ao longo de vinte anos. Composto por mais de duas mil peças, o património técnico-científico da ANA é único no país e de reconhecido interesse histórico por testemunhar tanto a evolução da actividade aeroportuária como a história das telecomunicações em Portugal. A ANA conta também com um vasto arquivo documental de apoio com mais de 15 mil fotografias.

Madalena Oliveira não se cansa de elogiar o empenho que antigos funcionários da ANA, já reformados, continuam a demonstrar, dedicando o seu tempo à pesquisa e à recuperação de peças como as tele-impressoras, emissores e receptores, telefones e auscultadores, que fazem parte do vasto espólio da empresa. O entusiasmo

Um quadro de informação de voos da década de 60 encontra-se exposto na entrada do museu.

Fotos do Aeroporto de Lisboa nas décadas de 40 e 50.

Um relógio com detalhes em ferro forjado, da autoria de Keil do Amaral, que durante alguns anos esteve colocado no terminal de passageiros do Aeroporto de Lisboa.

e dedicação deste grupo de pessoas, que são hoje a memória viva dos primeiros anos da actividade aeroportuária nacional, foram determinantes para a criação do museu, que era uma aspiração antiga. Além de espaço cultural, o Museu é uma privilegiada área de lazer à disposição no Aeroporto de Lisboa. Alojado num edifício perto da área das Partidas, tem uma área de 300 m2 e dispõe de uma pequena cafetaria, uma boa opção para passar algum tempo enquanto se espera a hora de embarque. O museu funciona de 3ª a 6ª das 10h às 17h30 e aos sábados das 13h às 17h30. A entrada é gratuita.

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_insights PRÓXIMA ESCALA:

EXCELÊNCIA

Após a certificação do Sistema de Gestão Integrado a ANA continua a perseguir a melhoria da sua performance e a satisfação dos seus clientes. A meta que se segue é o modelo de excelência da Fundação Europeia para a Gestão da Qualidade e o reconhecimento por parte do Airports Council International.

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elhoria contínua. Auto-avaliação. Caminho da excelência. São conceitos que se revestem de uma importância fundamental nas organizações modernas, sejam empresas ou outras entidades. A ANA não é excepção. Depois da vitória que representou a certificação do seu Sistema de Gestão Integrado (nas vertentes da Qualidade, Ambiente, Segurança e Saúde no Trabalho e Responsabilidade Social), a empresa lança agora o projecto “Rumo à Excelência”. Os pontos de partida são o modelo de excelência da Fundação Europeia para a Gestão da Qualidade (EFQN, na sigla em inglês) e a certificação do Airports Council Internacional (ACI), designada Airport Service Quality Assured. O objectivo é o mesmo de sempre: melhorar o desempenho da empresa e o serviço prestado aos seus clientes, tanto passageiros como companhias aéreas. O modelo de excelência segue a regra da auto-avaliação por parte da organização para ir melhorando sempre a qualidade do seu serviço e é fundamentado em princípios, entre os quais a orientação para os resultados, a focalização no cliente e o desenvolvimento de parcerias. A aplicação do modelo decorre em cinco fases, a primeira das quais, já em curso e a concluir até ao final do ano, é designada por “Committed to Excellence”. Neste primeiro nível será feita uma auto-avaliação por parte de toda a empresa e identificados planos de acção com forte impacto na melhoria do desempenho dos aeroportos e, logo, do serviço prestado ao cliente. Ao concluir com sucesso este

nível, a empresa poderá utilizar a insígnia respectiva nos seus contactos comerciais e promocionais. Quando alcançam o segundo nível, “Recognised for Excellence”, as organizações tornam-se finalistas do Prémio Europeu da Qualidade (EQA) que engloba os restantes três níveis: EQA Finalist, EQA Prize Winner e EQA Winner. Trata-se de um concurso muito exigente, concebido para organizações consideradas modelos nacionais ou europeus e que apresentem um historial de cinco anos de melhoria continuada. Para aceder ao prémio a empresa tem que elaborar, numa data precisa, um documento de candidatura que é avaliado e pontuado por assessores da EFQN. É com base nessa avaliação que um júri de peritos irá decidir qual o nível de reconhecimento a atribuir a cada organização, Finalist, Prize Winner ou Winner. A Fundação Europeia para a Gestão da Qualidade foi fundada em 1988 por 14 empresas (entre elas a Bosch, Fiat, Nestlé, KLM, Olivetti, Philips, Renault) com o apoio da Comissão Europeia. Hoje com mais de 700 organismos associados, está sedeada em Bruxelas e é uma referência na Europa para as organizações, públicas ou privadas, que queiram alcançar a excelência. Sem fins lucrativos, o seu objectivo é promover um quadro metodológico para a avaliação da melhoria da qualidade. Ao mesmo tempo, a ANA pretende concorrer à certificação dos seus aeroportos pelo ACI, um processo baseado em critérios de auto-avaliação, semelhante ao modelo da Fundação e alinhado com este. São desenvolvidos planos de acção utilizando os resultados dos inquéritos aos passageiros e das medições de desempenho realizadas. O objectivo deste programa é o reconhecimento por uma entidade independente, neste caso o ACI, de que a gestão dos aeroportos portugueses está focada na melhoria da sua performance e na qualidade de serviço prestada ao cliente.

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_ambientes POUCO BARULHO Se falarmos em impactes ambientais relacionados com o funcionamento dos aeroportos, o ruído é aquele que imediatamente nos vem à cabeça. Ou melhor, aos ouvidos. Mas o que fazem os aeroportos para monitorizar e minimizar este efeito que é, afinal, inevitável?

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uem mora nas proximidades de um aeroporto está familiarizado com o barulho dos aviões. Apesar da tecnologia que tem vindo a tornar as aeronaves menos ruidosas (os aviões de hoje são cerca de 75% mais silenciosos do que jactos dos anos 60, por exemplo), elas são, sem dúvida, a principal fonte de ruído associada aos aeroportos. Além das aterragens e descolagens, existem outros movimentos operacionais, em terra, que geram ruído significativo. Para minimizar estes efeitos, na ANA algumas medidas têm vindo a tornar-se regra. É o caso da interdição de testes de motores de aeronaves no período da noite; da instalação de sistemas fixos nas posições de estacionamento para fornecimento de energia eléctrica e de ar condicionado aos aviões, para que não sejam usados os geradores de bordo; ou a redução da utilização do “reverse” dos motores durante a aterragem (um dispositivo que permite travar os aviões na aterragem). Depois há medidas que são tomadas localmente, consoante as necessidades particulares de cada aeroporto. No caso do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, por exemplo, está prevista a construção de uma barreira acústica junto do novo taxiway e plataforma de estacionamento de aeronaves, em zona próxima

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a Pedras Rubras. Este tipo de infra-estrutura é uma boa solução porque diminui significativamente o impacte do ruído ao nível do solo na envolvente e protege as habitações mais próximas. O ruído é matéria sensível e sucessivas introduções e alterações têm vindo a ser feitas em matéria legislativa. As últimas alterações ao Regulamento Geral do Ruído, em 2007, trouxeram novidades em matéria de indicadores de ruído e, também, de restrições à operação nos aeroportos. Actualmente, diz a lei, o Aeroporto de Lisboa não pode ultrapassar os 91 movimentos semanais entre as 0h e as 6h, num máximo diário de 26 movimentos no mesmo período. Já o Aeroporto Francisco Sá Carneiro está limitado a 11 movimentos diários no mesmo período, num total de 70 semanais. O Aeroporto de Faro encontra-se encerrado nesse horário e, relativamente aos Açores, o Aeroporto João Paulo II, o Aeroporto de Santa Maria e o Aeroporto da Horta estão condicionados a um máximo de 30 movimentos semanais e seis diários naquele horário. Na sequência do Regulamento Geral do Ruído, a ANA, em conjunto com a NAV Portugal, desenvolveu planos de monitorização e redução do ruído que foram submetidos à aprovação do Instituto do Ambiente. Para medir o real impacte do ruído da actividade aeroportuária na O “reverse” comunidade envolvente dos motores durante a aterragem deve ser evitado.

foram instalados Sistemas de Monitorização de Ruído, os SMR, nos aeroportos do continente. Estes sistemas são compostos por um conjunto de estações de monitorização fixas. Existem sete em Lisboa e três no Porto e em Faro, que estão colocadas estrategicamente em torno de cada aeroporto para permitir a aquisição de dados tanto na aproximação como nas descolagens. Cada sistema integra ainda uma Unidade Central de Recolha e Processamento de Dados e uma Estação de Operação. Funcionando em conjunto, estes dispositivos permitem medir o ruído, identificar o trajecto de cada avião e associá-lo a cada nível sonoro. A informação captada permite ir ao detalhe de saber a que companhia pertence determinada aeronave, a sua origem e destino. Cada um dos aeroportos dispõe ainda de uma estação móvel que serve para complementar a informação em áreas que as estações fixas não cobrem. É também utilizada quando surgem situações pontuais de reclamações para medir o ruído nesse local específico. Em Faro, por exemplo, dada a proximidade de algumas áreas sensíveis, tem havido um particular cuidado no sentido de esclarecer a população potencialmente afectada. Nestes casos a ANA está preparada para realizar acções de sensibilização – como fez junto da Associação de Proprietários da Quinta do Lago – onde de uma forma didáctica apresenta o sistema de monitorização e explica o que faz para garantir que os níveis de ruído estão dentro dos limites permitidos pela lei.

A ANA tem-se preocupado em minimizar o ruído que decorre da actividade aeroportuária. O fornecimento de electricidade através de sistemas fixos evita a utilização dos geradores de bordo, que são mais ruidosos.

No caso dos aeroportos dos Açores, têm sido realizadas campanhas pontuais de monitorização de ruído. Conhecendo a frota de aviões que neles operam, e o ruído associado a cada tipo de aeronave, é possível conhecer o impacte em termos de ruído gerado por cada um dos aeroportos. Ao associar os vários tipos de dados que recebem, os sistemas de monitorização permitem realizar relatórios e mapas com as curvas de ruído na área de influência

dos aeroportos. A supervisão destes sistemas e a elaboração de um relatório anual que é enviado para a Inspecção-Geral do Ambiente e Ordenamento do Território e para o INAC está a cargo dos técnicos de ambiente dos aeroportos.

MAPAS DE RUÍDO DO AEROPORTO DE LISBOA O ruído, ou poluição sonora, se preferirmos, é um problema que afecta quem vive nos centros urbanos e a sua qualidade de vida. Durante a segunda metade da década de 90 intensificaram-se na Europa as políticas e desenvolvimentos tecnológicos relativos à cartografia do ruído. Na sequência de legislação comunitária e nacional, a ANA elaborou, para o Aeroporto de Lisboa, mapas estratégicos de ruído que permitem a visualização do ambiente acústico na envolvente do aeroporto. Estes mapas de ruído são uma importante ferramenta no âmbito do planeamento do ordenamento do território no perímetro aeroportuário. Útil tanto para técnicos municipais e decisores como para o cidadão comum, é uma ferramenta que permite conhecer as zonas de maior exposição sonora e tomar as melhores decisões de modo a que não existam incompatibilidades de uso. Por outro lado, permitem identificar as áreas onde deverão incidir planos de acção para a redução do ruído. No site da ANA, na página do Aeroporto de Lisboa, é possível consultar um resumo não técnico destes mapas de ruído.

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_follow me

A responsabilidade do serviço justifica a comunicação directa com a torre de controlo.

PISTAS LIMPAS Limpar e desimpedir uma pista significa tanto aspirar a gravilha deixada no asfalto como remover um Boeing avariado. Em ambos os casos são tarefas para o Núcleo de Aeródromo e Desobstrução de Pistas. António Rocha é o coordenador deste serviço no Aeroporto de Lisboa.

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“Preciosa” chegou no ano passado e já ninguém sabe como conseguiram viver sem ela antes. Limpa, varre, aspira, lava... enfim, é o sonho de qualquer dona de casa tornado realidade. Com a particularidade que a “Preciosa” é um super-camião que não cabe em qualquer cantinho. Mas o espaço não é um problema no Núcleo de Aeródromo e Desobstrução de Pistas do Aeroporto de Lisboa. E os predicados desta máquina têm pouco que ver com as necessidades domésticas. Gravilha, derrames de óleo e combustível, pasto, borracha, pedras, tinta, peças metálicas, são os desafios que se colocam diariamente à “Preciosa”. Uma ajuda valiosa (daí o baptismo) para a equipa do Núcleo que António Rocha coordena. As atribuições desta equipa vão muito além das limpezas. Dito como dever ser, o Núcleo é responsável pela “remoção de aeronaves acidentadas ou de qualquer obstáculo que impeça a livre circulação dos aviões, viaturas ou pessoas nas áreas de movimento do lado ar do aeroporto, tais como pistas, taxiways e plataformas”, explica António Rocha.

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A “Preciosa”, como foi carinhosamente baptizada esta máquina, é uma das mais recentes aquisições do Núcleo.

A limpeza é uma parte importante, claro. Além das acções de prevenção, que estão planeadas e calendarizadas (são feitas todos os dias nas plataformas e uma vez por semana nos taxiways), há que estar atento a qualquer FOD (Foreign Object Damage) que surja inesperadamente e precise ser removido. Uma embalagem que voou não se sabe de onde, uma garrafa de plástico displicentemente deixada onde não deveria, uma roda de um carrinho que se desprendeu e rolou...

O Núcleo dispõe de uma unidade móvel de socorro para situações de crise.

Qualquer destas situações pode representar um risco de segurança para as aeronaves e por isso a responsabilidade é grande. Tanto que o Núcleo tem autonomia para entrar na pista quando se justifique e tem comunicação directa com a torre de controlo. Quando o objecto a remover é, digamos, um Boeing, a coisa muda de figura e aí a “Preciosa” não serve de muito. Nesse caso entram em cena os elevadores pneumáticos que, diz António Rocha, “são a forma mais eficaz de remover aeronaves sem lhes causar danos secundários”. Estes elevadores funcionam como um “kit”, dividindo-se em vários elementos que são usados consoante o peso do objecto a deslocar. Um aeroporto tem necessariamente de ter capacidade para mover o maior avião que estiver a operar nas suas pistas. No caso de Lisboa, actualmente, é o Boeing 747.

António Rocha recorda que, desde que se encontra neste serviço, os elevadores pneumáticos já foram usados pelo menos três vezes: com um DC-8 da Suriname Airways, com uma aeronave da Air Luxor e com outro da extinta Portugália que partiu um trem quando estava a ser rebocado para o taxiway. Para serviços mais leves, existem os tradicionais macacos hidráulicos que são aptos para levantar até 80 toneladas. Faz também parte do equipamento à disposição do Núcleo uma unidade de socorro móvel equipada com tudo o que pode fazer falta numa situação de crise: tendas insufláveis, um posto de socorro, um posto de triagem, macas, etc. Este equipamento está pensado para casos de emergência como, lembra António Rocha, um surto de “gripe das aves”, para referir um cenário que há pouco tempo assombrou o país e a Europa. A seu cargo o Núcleo tem ainda uma série de outras tarefas como a coordenação do “outsourcing” da limpeza do aeroporto, a distribuição de equipamentos para recolha de óleos, a sinalização de obstáculos, o encerramento de caminhos quando é necessário ou a inspecção de viaturas. Na ANA desde 1984, António começou por trabalhar na recolha de carrinhos de bagagem. Passou depois para o depósito de bagagem e daí para a caixa do parque de estacionamento, numa altura em que ainda nem havia máquinas automáticas para o pagamento. Desse tempo recorda uma noite, memorável, em que por causa de um jogo do Benfica a caixa facturou perto de 300 contos, um recorde na época. Seguiu-se o “hangar 7”, nome por que era conhecido o serviço de desobstrução de pistas pela simples razão de que estava sediado no tal hangar 7. Daí para cá, muita coisa mudou e não apenas a designação do posto de trabalho. Nota “o investimento que tem sido feito na formação e qualificação dos funcionários e na melhoria contínua das condições de trabalho por parte da actual administração”. São oito as pessoas que estão na equipa que coordena. A maior parte já trabalha junta há muito tempo, o que António considera que lhe facilita o trabalho, assim como o profissionalismo e a competência que lhes reconhece. “É uma equipa muito fácil de gerir, doutra forma seria complicado porque é uma equipa pequena para a dimensão e responsabilidade do trabalho em causa”.

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_follow me DE OLHO EM TUDO Apesar da rotina, o dia-a-dia de um Supervisor Operacional é feito de situações inesperadas. Ao fim de 22 anos de serviço no Aeroporto de Faro, Paula Perrolas continua a encarar cada dia de trabalho como um novo desafio.

U

m passageiro a bordo de um avião que vai aterrar e que precisa de assistência médica. Um derrame de combustível na placa. O tapete de check-in que avariou. Representar a Direcção do aeroporto que está ausente. A aerogare que alagou num dia de chuva torrencial. A lista continua. É longa e variada. “Pelo Supervisor Operacional passa tudo o que se possa imaginar que se relacione com a vida do aeroporto”. A afirmação é de Paula Perrolas, Supervisora Operacional do Aeroporto de Faro há 12 anos. Pela variedade de exemplos dados é fácil perceber que ao Supervisor cabe, em última análise, garantir que o funcionamento do aeroporto corra sobre rodas. Por isso mesmo tem de ser alguém com um bom conhecimento das interligações e funções das várias autoridades e entidades instaladas no aeroporto. Digamos que não se chega a Supervisor de um dia para o outro. O dia, ou melhor dizendo, o turno começa com a leitura dos relatórios do turno anterior, dos emails e outras directivas das chefias, para se inteirar do que se passou na sua ausência. No Aeroporto de Faro existem seis Supervisores Operacionais, quatro dos quais são mulheres. Depois há as tarefas de todos os dias, como verificar o tráfego esperado ou fazer a distribuição dos colegas OPA (Oficial de Operações Aeroportuárias) pelas posições de trabalho que têm de assegurar: coordenação da plataforma de estacionamento, controle do terminal, operação dos Follow Me, despacho de aviões e tripulações... É da responsabilidade do Supervisor Operacional garantir também que as normas e procedimentos são cumpridos em todas as ocasiões. “Apesar da rotina, o que torna o serviço deveras interessante é a variedade de situações, algumas inesperadas, que podem ocorrer”. E Paula teve ao longo de quase 22 anos de serviço na ANA a sua

quota de situações imprevistas. Não se esquece como uma abelha quase a fez chumbar no “exame de Placa” quando entrou para Assistente de Oficial de Operações Aeroportuárias. “Precisamente no momento do parqueamento de um B767, entrou uma abelha na Renault 4, o Follow Me nesses tempos. Saí a correr do carro para fazer os sinais ao avião, desejando que a abelha não viesse atrás de mim”. Acabou em bem, a aeronave foi devidamente parqueada, Paula Perrolas passou no exame e nem chegou a ser picada. Paula começou como Assistente de Operações Aeroportuárias. Fazia o guiamento dos aviões e viaturas, o estacionamento dos aviões nos ‘stands’ e fiscalizava a plataforma e as áreas de manobra. “Lembro-me que fazíamos obrigatoriamente a rendição de turno junto do carro Follow Me e que não saíamos da plataforma durante todo o turno”. Foi progredindo na carreira, subiu a Oficial e as funções mudaram. Entre as novas atribuições tinha a coordenação de aeródromo, o planeamento das portas de embarque, de tapetes, de balcões de check-in e a supervisão de todo o terminal. “Nessa altura comecei a manter um relacionamento muito cooperante com as autoridades, a Polícia, a Alfândega e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Por outro lado havia uma relação muito próxima com as companhias aéreas, os agentes de handling, a torre de controlo e demais serviços”.

“Pelo Supervisor Operacional passa tudo o que se possa imaginar que se rel acione com a vida do aeroporto” Em 1997 foi nomeada Supervisora Operacional e entre 1999 e 2007 esteve numa comissão de serviço no Aeroporto de Macau, gerido pela ADA, empresa que faz parte do grupo ANA. Durante

esses anos trabalhou no planeamento de slots, as faixas horárias atribuídas às companhias aéreas para descolagem e aterragem. Foi uma aprendizagem que se mostrou útil quando, agora, fora do horário normal da Coordenação de Slots, passou a ser também responsável pela autorização de algumas solicitações, como as de estacionamento além das seis horas. Quando voltou ao Aeroporto de Faro encontrou “um serviço totalmente modificado e melhorado tecnologicamente e a anos-luz daquilo que tinha deixado para trás em 1999”. A título de exemplo conta: “Quando parti, a coordenação era feita com visão directa

da plataforma tendo à nossa frente uma maqueta para nos auxiliar. Hoje, a interface de sistemas com que trabalhamos dispara para todos os serviços e entidades a informação necessária sobre uma aeronave, tanto na aterragem como na descolagem”. A tecnologia veio facilitar muito o trabalho. Pelo menos as tarefas mais técnicas. Para as outras – o vizinho que mora perto do aeroporto e reclama que lhe iam partindo os vidros porque o avião passou muito baixo; o passageiro que bateu com o carrinho de bagagem na porta e partiu o vidro – para essas, lá está a experiência. As raquetes reflectoras usadas na sinalização às aeronaves.

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_partidas Uma das muitas pontes que atravessam o rio Lee.

As típicas casas coloridas à beira dos canais.

O Monumento Nacional, na Grand Parade, em honra dos patriotas que morreram entre 1798 e 1867. Um mural pintado na St. Patrick’s Street.

CIDADE REBELDE Marco incontornável na luta da Irlanda pela independência, Cork é uma cidade de profundas raízes culturais que marcam ainda hoje a vivência urbana. Rodeada por vales e rios, a natureza foi generosa com a região que é o destino de férias de eleição para muitos irlandeses.

O

centro de Cork foi erguido numa ilha do Rio Lee, o que proporcionou a construção de muitas pontes que atravessam os dois canais do rio e faz com que a água tenha na cidade uma presença muito forte. Sendo hoje um próspero centro de comércio e negócios, nomeadamente na área das tecnologias de informação e da indústria farmacêutica, Cork consegue manter a sua atmosfera simpática. O charme das colinas, as ruelas estreitas que sobem e descem e os mercados

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do século XIX garantem-lhe ainda um ambiente um tanto medieval. Situada no sudoeste da Irlanda, Cork é uma cidade atractiva, movimentada, artística, que combina as conveniências de um centro urbano com as vantagens da vida rural. Com uma população de 125 mil habitantes, é a segunda maior cidade da República da Irlanda a seguir à capital, Dublin, e a terceira, depois de Belfast, se contarmos toda a ilha.

Aos viajantes Cork oferece muito para fazer e ver. A começar pelas belas paisagens que incluem os vales do rio Blackwater, Bandon e o Lee Valley e apresentam contrastes que seduzem tanto os turistas como os próprios irlandeses, que escolhem a região para as sua férias. A cena cultural da cidade é marcada e vibrante. Foi logo no século XIX que teve lugar uma explosão cultural com a fundação de instituições como The Royal Cork Institution, a Cork Society of Arts, a School of Art and Design e a Cork School of Music. Vários nomes destacaram-se na pintura, nomeadamente o retratista Daniel Maclise (os seus trabalhos podem ser apreciados na Royal Society de Londres e na National Gallery da Irlanda), na literatura e na poesia. A intensa actividade cultural é bem recebida tanto pelos habitantes locais como pelos milhares de europeus

que nos últimos anos têm escolhido Cork para viver e trabalhar. Em 2005 Cork foi Cidade Europeia da Cultura e depois disso uma prolífera vida cultural continuou a prosperar. Companhias teatrais como a Corca Dorca, a Boomerang, a Meridien e a Graffiti continuam hoje uma tradição que teve início em 1713 pela Smock Alley Company. Existe uma vasta programação que se estende ao longo do ano e locais como The Cork Opera House, The Everyman Palace, The Cork Arts Theatre e Granary são espaços de divulgação das novas tendências. Nos últimos tempos a emergência de novos e variados restaurantes têm acrescentado a toda esta cena cultural um carácter de cosmopolitismo que lhe tem granjeado a reputação de “Dublin do Sul”. A célebre St Patrick’s Street, carinhosamente designada por “Pana” pelos habitantes, é a principal

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_partidas

artéria comercial e desde 2004 já foi por duas vezes considerada a melhor rua para fazer compras em toda a Irlanda. A rua parte do St Patrick ‘s Quay até à Grand Parade numa curva perfeita por ter sido construída sobre um braço do rio Lee, como aliás acontece com outras ruas da cidade. St Patrick’s é também o local que muitos músicos, pintores ou performers escolhem para mostrar a sua arte. Situada de frente para o mar, os recursos marítimos sempre tiveram um papel importante tanto na economia como na história da região. O porto foi fundamental para o desenvolvimento do comércio e foi da cidade vizinha de Cobh que partiram em direcção aos Estados Unidos os emigrantes irlandeses que procuraram uma nova vida no Novo Mundo. Foi também em Cobh que o Titanic "Cork tem uma fez a sua última escala antes de embater num longa história iceberg e afundar ao largo da Terra Nova com de insurreição, mais de 2000 passageiros a bordo. Indo mais atrás, Cork tem uma longa história intrinsecamente de insurreição ligada à secular luta da Irlanda pela ligada à secular independência. A cidade foi fundada no século VI luta da Irlanda por São Finbarr, que construiu um mosteiro num pela independência" terreno pantanoso no estuário do rio Lee, talvez no sítio onde mais tarde foi erguida a Catedral com o seu nome. O monge chamou ao local Corgaigh, que significa “pântano” em gaélico. Nos 600 anos seguintes, o local iria tornar-se na sede do reino de Munster do Sul, mas no final do século XII os ingleses reivindicaram a posse da região, a que consideravam ter direito. Nos séculos que se seguiram, Cork mudou de mãos várias vezes, ao sabor das lutas entre ingleses e irlandeses. Resistiu às forças de Cromwell, para sucumbir a William de Orange.

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Uma vez sob o firme controlo da coroa inglesa, Cork prosperou até que no século XVIII foi atingida pela “Grande Fome”- a tragédia que, provocada por uma praga que atingiu o cultivo da batata, ao longo de 200 anos dizimou a população e secou a riqueza da região. A cidade ganhou o nome de “Rebel Cork” por ter sido, no século XIX, o centro do movimento separatista conhecido como “feniano”, e também pelo seu papel activo na luta que ao longo de todo o século XX a Irlanda travou pela independência. As batalhas aqui foram duradouras e feias. O “mayor” da cidade, Thomas MacCurtain, foi morto pelas tropas inglesas em 1920. O seu sucessor, Terence

MacSwiney, morreu numa prisão de Londres após uma greve de fome que durou 75 dias. As forças britânicas em Cork eram das mais repressivas da Irlanda e muitas atrocidades foram cometidas. Grande parte do centro da cidade, incluindo a biblioteca, a Câmara Municipal e grande parte dos edifícios da Rua de St. Patrick foram incendiados durante a ocupação britânica e a brutal guerra civil que se seguiu, na década de 20. Foi só nas últimas décadas do século XX que Cork começou a reerguer-se e a encontrar o seu lugar enquanto cidade universitária com fortes ligações à Europa. Nos últimos anos tem ganho um carácter de discreta sofisticação.

Vista nocturna de Cork e do rio Lee.

O marco mais famoso de Cork é a torre da Igreja de Shandon, no lado norte da cidade.

As origens do Mercado Inglês remontam a 1610. O sítio onde está a Catedral de São Finbarr é local de devoção desde o século VII. As três torres góticas marcam o skyline de Cork.

COMO IR A Aer Lingus voa três vezes por semana (às terças, quintas e sábados) de Lisboa para Cork. O Aeroporto de Cork está situado a 8 quilómetros do centro da cidade e é servido por autocarros que seguem para a central Parnell Place. O percurso dura cerca de 20 minutos e o preço do bilhete é de €3,80. Um táxi sairá à volta de €18.

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_lifestyle

COMPRAR À CHEGADA VIAJAR RELAXADO

I

magine que tem uma reunião importante em Londres logo pela manhã com um potencial cliente. É um encontro daqueles em que se quer apresentar da melhor maneira e causar boa impressão. Mas a véspera foi um corre-corre, entre trabalho, filhos, compras de última hora e foi completamente impossível passar no cabeleireiro para dar um jeito no visual. Basta chegar ao aeroporto uma meia hora mais cedo e o problema fica resolvido. O Absolut Beauty - Hairdresser Travel Spa está preparado para clientes com pouco tempo. Além de serviço de cabeleireiro tem também tratamentos de estética, de corpo e rosto, e ainda manicure e pedicure. Apesar dos serviços mais rápidos serem a principal aposta, estão também preparados para dar ao passageiro com horas de escala todos os mimos de que precisa. Além de uma ampla sala de cabeleireiro, o espaço tem quatro gabinetes para os tratamentos, um dos quais o Jet Spa, onde se fazem tratamentos à base de água, como hidromassagem ou o revigorante duche Vichy. A lista de tratamentos de corpo é extensa e inclui cromoterapia, reflexologia, drenagem linfática, entre outros. Para o rosto, Áurea Jurze, responsável do Absolut Beauty, destaca a dermoabrasão (processo de renovação celular à superfície da pele), a aromoplastia de cereais ou o surpreendente tratamento tensor efeito-imediato flash onde os resultados são visíveis assim que sai pela porta.

Não é que tenha medo de voar, mas não consegue livrar-se daquele friozinho no estômago à medida que a hora do voo de aproxima. Se é este o seu caso, talvez seja de considerar uma massagem de relaxamento antes de entrar no avião. Onde? No Aeroporto de Lisboa, claro. A maior parte dos clientes que procura as massagens são passageiros, já o cabeleireiro é mais procurado por quem trabalha no aeroporto. Existem campanhas mensais, internas, para os colaboradores do Aeroporto de Lisboa, que têm sido divulgadas na intranet da ANA, mas o Absolut Beauty está pensado para toda a gente. Por isso os preços são idênticos aos praticados cá fora: o corte de cabelo para homens custa 15 euros, para as senhoras é 14 e uma massagem de meia hora ronda os 50. Decorado com sobriedade, com toques de Oriente, não faltam elementos típicos destes ambientes como bambus, pedras e água. O Absolut Beauty é uma boa alternativa para os tempos mortos antes do voo, geralmente passados de loja em loja enquanto o aviso de embarque não surge nos écrans. E aqui não são solicitados nem bilhetes de avião nem passaportes porque o espaço está situado na área pública das Partidas. Aberto há cerca de dois anos, o Hairdresser Travel Spa veio aumentar a oferta de serviços do Aeroporto de Lisboa. É uma mais-valia em termos de qualidade e conveniência para o passageiro, que já não tem de se preocupar com a marcação do cabeleireiro antes de viajar. Funciona das 8h às 20h, de segunda a sábado, e das 10h às 19h aos domingos e feriados.

Já abriu no Aeroporto de Lisboa a primeira loja na área restrita das Chegadas. Os resultados dos primeiros meses de funcionamento mostram que à chegada também há tempo para compras.

Q

uantas vezes já voltou de viagem e só depois de aterrar em Lisboa se lembra, não sem alguma apreensão, que se esqueceu do perfume que a amiga lhe encomendou ou que não trouxe nada para a mãe? Já aconteceu a todos nós mas agora não há motivo para que um pequeno esquecimento cause problemas de maior. No Aeroporto de Lisboa já pode calmamente fazer as compras de última hora enquanto espera pela bagagem. A loja “last minute” das Just for Travellers oferece uma amostra representativa dos produtos vendidos na loja principal, nas Partidas, como perfumes, cosmética, bebidas ou tabaco. Trata-se de um novo conceito introduzido pela Lojas Francas de Portugal e, de acordo, com a Direcção de Retalho da ANA, “os resultados obtidos até ao momento estão acima das melhores expectativas”. O ano que passou foi de grandes investimentos para a Lojas Francas de Portugal (LFP), uma joint venture do The Nuance Group, líder mundial no retalho aeroportuário, com a TAP. A empresa realizou o rebranding de todas as suas lojas, que passaram a designar-se Just for Travellers, e foram abertos novos espaços em áreas onde antes não existia qualquer oferta comercial. Além da loja “last minute”, abriu outra na área não-Schengen do Aeroporto de Lisboa, designada The Best of Just for Travellers.

Outra das novidades é a criação de um serviço de encomendas online, também em Lisboa, que permite aos passageiros começar as suas compras mesmo antes de chegarem ao aeroporto. O passageiro pode, uns dias antes da viagem, entrar no site www.justfortravellers.pt e reservar os produtos de perfumaria, cosmética, chocolates, bebidas, tabaco e, na categoria “Taste of Portugal”, uma selecção de produtos gourmet nacionais. O acesso pode ser feito também em www.ana.pt, através do banner existente na homepage. Além de conveniente, este serviço não implica um compromisso: a compra só fica concluída na altura do seu levantamento e pagamento. Para poderem ser devidamente atendidas, as reservas online devem ser feitas com um mínimo de 36 horas antes da partida. Entretanto foi celebrada entre a Lojas Francas de Portugal e a ANA a renovação da concessão até Dezembro de 2014. Para Nuno Amaral, director da empresa concessionária, “a renovação reflecte o reconhecimento por parte da ANA de que a LFP é um parceiro credível e lucrativo, que entende as necessidades dos aeroportos nacionais e está disposto a investir em conjunto com a ANA para continuar a melhorar o retalho aeroportuário em Portugal”. A LFP é um dos principais parceiros da área de retalho da ANA, operando nos aeroportos portugueses desde 1995. Actualmente está presente em seis aeroportos geridos pela ANA, com 17 lojas Just for Travellers e cerca de 360 colaboradores.

A loja “last minute” está situada na sala de recolha de bagagem.

O Absolut Beauty está situado na área pública das Partidas e, por isso, é acessível a toda a gente.

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_lifestyle “II CAVALLINO RAMPANTE” EM LISBOA E FARO Os aeroportos de Lisboa e Faro foram escolhidos pela Ferrari para a abertura das suas primeiras lojas em Portugal. Além de comprar uma recordação, os passageiros podem ficar a saber mais sobre a história deste mito italiano que há 80 anos faz sonhar os adeptos da alta velocidade e do luxo.

A

Ferrari vai abrir as primeiras lojas em Portugal nos aeroportos de Lisboa e Faro nesta Primavera. A partir de Março, os fãs do “cavalo rampante” vão poder adquirir produtos de merchandising de uma das mais famosas marcas italianas quando viajarem a partir destas cidades. A marca já tem lojas em diversos aeroportos do mundo como Milão, Roma, Barcelona, Miami, Xangai ou Changi. E, além das lojas portuguesas, para este ano está prevista, entre outras, a abertura em Madrid e Atenas. As lojas da Ferrari são um verdadeiro paraíso para os fãs do automobilismo de competição, mas não só. Nestes espaços podem adquirir-se desde camisolas, bonés, diversas miniaturas de carros de Fórmula 1 (que podem chegar a custar €5000) e até reproduções exactas de componentes dos carros, como tubos de escape, motores ou ailerons. Nas lojas Ferrari os produtos mais vendidos são os artigos homem e criança, sendo que a linha FUN é habitualmente a mais procurada. O conceito das lojas Ferrari vai além de um simples local onde se podem comprar objectos e produtos da marca. A ideia é que contem um pouco da sua história e permitam respirar o espírito deste mito italiano. Hoje símbolo de luxo, status e velocidade, a imagem do cavalo negro empinado era originalmente o emblema do Conde Franscesco Baracca, um lendário aviador da Força Aérea italiana que combateu na Primeira Guerra Mundial e foi abatido depois de muitas vitórias nos céus. Baracca usava o cavalo preto pintado na lateral dos seus aviões. Quando Enzo Ferrari venceu o primeiro circuito de Savio em 1923, em Ravenna, enquanto piloto da Alfa Romeo, conheceu a mãe do piloto herói de guerra, a Condessa Paolina,

que lhe disse: “Ferrari, porque não colocas o cavalo rampante do meu filho no teu carro? Pode dar-te sorte”. E deu. Enzo acrescentou-lhe um fundo amarelo, a cor da sua Modena natal, e dedicou a vida à aventura dos carros e à construção de um mito. No início a Scuderia Ferrari patrocinou pilotos e carros de corrida e a partir de 1946 começou a produzir os seus próprios carros, de competição e desportivos. Em 1969 foi vendida passando a fazer parte do grupo Fiat. As lojas nos dois aeroportos portugueses estão localizadas na área restrita das Partidas, ou seja, são acessíveis apenas a quem viaja.

Os espaços nas lojas Ferrari estão organizados em três áreas distintas: luxo, fãs e crianças. 44

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DOCE PRIMAVERA

_shopping

À medida que os dias se tornam maiores e mais quentes, que as cores à nossa volta se renovam e que a luz do Sol invade as casas pelas janelas, chega a hora de sair e dar as boas-vindas à Primavera. A pensar na nova estação escolhemos alguns produtos que vão tornar a sua Primavera ainda mais doce.

Confeitaria Nacional Doce de tomate €5,50 Castanhas de ovos €9,95 Petit Four de Cereja €7,60 Mel de confeitaria €6,95 Nas lojas Just for Travellers

Chá Harrods €6 cada Maçã e Maracujá No Harrods, no Aeroporto de Lisboa Confeitaria Nacional Café Moído €8,50 Bombons com avelã €9,75 Trufas licores de Portugal Nas lojas Just for Travellers

€17.95

Mel de Alcáçova com frutos secos Nas lojas Just for Travellers

Vinho do Porto Taylor’s Bottled Vintage 2002 €7,90 Kopke Colheita 1984 €13,50 Royal Porto Aged 10 anos €13,40 Nas lojas Just for Travellers

Infusão de frutas Harrods €6,95 cada Paradise Fruit, Blood Orange, Tropical Mango e Strawberry & Kiwi No Harrods, no Aeroporto de Lisboa

€14,95

Doce €4,80 cada Maçã e Passas Laranja e Cenoura Na Dream’s Gourmet, no Aeroporto de Lisboa

Pack de compotas Quinta do Vale da Rosa Pêra rocha e Abóbora €10,50 Nas lojas Just for Travellers

Bolo de mel Especial 450gr Nas lojas Just for Travellers

Licor de Ginja Óbidos €15,90 Óbidos Oppidum €21,90 Nas lojas Just for Travellers

Biscoitos variados Harrods €13,95 cada No Harrods, no Aeroporto de Lisboa

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11.90€

Marmelada e Compota Harrods €6,45 cada Marmelada de três frutas Compota de morango Marmelada de laranjas de Sevilha No Harrods, no Aeroporto de Lisboa

Chocolate €7,95 cada México com chá de jasmim Caraíbas com chá de manga e maracujá América com chá Earl Grey Avelãs cobertas de chocolate negro €7,55 Na Dream’s Gourmet, no Aeroporto de Lisboa

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_aldeia global

A A Magazine agradece a colaboração das seguintes pessoas e entidades na elaboração desta edição:

Aeroporti di Roma dispensa 340 trabalhadores

US Airways cobra 7 dólares por almofadas e cobertores

Tráfego da Fraport continua a descer

Menos encomendas para o Boeing Dreamliner

Ana Saavedra AIFA Áurea Jurze Absolut Beauty Hairdresser Travel Spa Bernardo Trindade Secretário de Estado do Turismo Cláudia Almeida Docente da Universidade do Algarve Ema Piçarra Gestora de Comunicação das lojas Just for Travellers José Avillez Chefe de cozinha Margarida Damião Esfera dos Livros Natacha Villas Boas Correa Terenas Paulo Pinheiro Director do Algarve Motor Park Rute Vieira AVM Media Síle Ní Mhurchú Editora de conteúdos do site www.discoverireland.ie/southwest

A

US Airways anunciou que vai passar a cobrar sete dólares pelos seus “Power-Nap Sack”, um saco com uma almofada, um cobertor, vendas para os olhos, tampões para os ouvidos e ainda um cupão com dez dólares de desconto em compras no catálogo SkyMall. A JetBlue anunciou uma medida semelhante no Verão passado e muitas companhias aéreas estão a acrescentar taxas de bagagem numa tentativa de fazer frente à baixa das viagens provocada pela recessão. A medida aplica-se apenas aos voos domésticos. Os passageiros da primeira classe e todos os passageiros dos voos transatlânticos continuarão a receber o kit de graça. A US Airways anunciou que o seu tráfego de Janeiro caiu 6,2%.

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Fraport, operadora do Aeroporto de Frankfurt, espera que o número de passageiros e de carga continue a diminuir nos próximos meses, enquanto a crise económica global continua a restringir as viagens de negócios e o consumo, afirmou o presidente da empresa, Wilhem Bender. Em Janeiro o número de passageiros processados pela empresa do maior aeroporto de Frankfurt caiu mais de 10% em relação a igual período do ano anterior, enquanto que o volume total de carga desceu mais de 23%. Ainda assim Bender está confiante de que o estado do negócio melhore quando os programas para estimular a economia se começarem a fazer sentir. “A minha previsão é que voltaremos a ter crescimento no segundo trimestre de 2010”.

A

O

Aeroporti di Roma, responsável pela gestão dos dois aeroportos de Roma, Ciampino e Fiumicino, vai dispensar temporariamente 340 dos seus 2800 funcionários, anunciou o presidente da empresa, Fabrizio Palenzona. A Aeroporti di Roma afirmou num comunicado que se prevê que o tráfego de passageiros caia 10% em 2009, mais do que se pensava inicialmente. “Com esta diminuição do número de voos não podemos fazer outra coisa. Por isso estamos a discutir o ‘Cassa Integrazione’”, disse Palenzona aos jornalistas à margem de uma audiência parlamentar. “Cassa Integrazione” é um fundo criado pelo governo italiano em parceria com o sector industrial para subsidiar temporariamente os desempregados.

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gigante americano da aeronáutica Boeing anunciou que a empresa LCAL, do Dubai, reduziu a sua encomenda de 21 aviões 787 Dreamliner para apenas cinco. Este foi o mais recente revés nos planos do novo avião da Boeing. Recentemente a companhia russa S7 Airlines, ex-Siber Airlines, cancelou uma encomenda de 15 aviões, no valor de 2,5 mil milhões de dólares. Estes cancelamentos surgem no contexto da crise económica global que está a pressionar a indústria das viagens à medida que tanto as empresas como o cidadão cortam nos gastos. Em Dezembro a Boeing adiou para o segundo trimestre de 2009 o primeiro voo do 787. A primeira entrega de um 787 foi também adiada para o primeiro trimestre de 2010, quase dois anos depois do que tinha sido inicialmente anunciado. O Dreamliner é o único novo modelo da Boeing em mais de uma década e é o primeiro avião comercial a ser fabricado maioritariamente com material composto e fibra de carbono em vez de alumínio. De acordo com a empresa, o 787 vai gastar menos 20% combustível do que os aviões actuais de idêntico tamanho. Depois do último cancelamento, a Boeing disse que tem agora 879 encomendas de 58 clientes de todo o mundo para o novo Dreamliner.

ANA Ana Lúcia Paulo Divisão de Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Lisboa Paula Perrolas Supervisora Operacional do Aeroporto de Faro António Rocha Núcleo de Aeródromo e Desobstrução de Pistas do Aeroporto de Lisboa Bárbara Brandão Gabinete para a Gestão da Qualidade Esmeralda Ferreira Direcção de Retalho Francisco Pita Divisão de Marketing e Apoio a Clientes do Aeroporto de Faro João Farinha Gabinete para a Gestão da Qualidade Luís Castanho ANA Consulting/Gabinete de Inovação e Projectos Tecnológicos Especiais Madalena Oliveira Centro de Serviços Partilhados/Informação Documentação e Cultura Nuno Duarte Coordenador de Tecnologias de Informação do Aeroporto de Faro Paulo Romão Divisão de Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Faro Rui Veres Administrador Susana Santos Direcção dos Serviços Técnicos Tiago Pereira Direcção de Retalho

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_passageiro frequente

A AVENTURA DOS PASTÉIS

H

á cerca de três ou quatro anos fui fazer um jantar para a Academia Internacional de Gastronomia a Paris, no Hotel Bristol. Entre muitos outros pratos, uma das coisas que servimos foram pastéis de nata. Ou melhor, Pastéis de Belém, os originais, cedidos por essa grande instituição. Foram transportados congelados, dentro das formas, e lá assámo-los no forno. Viajámos com as malas cheias de iguarias porque no local pouco tempo teríamos para cozinhar. Perdizes, alheiras, papos de anjo. Confesso que o nervosismo por podermos ficar retidos no aeroporto na altura do embarque era grande. Como iríamos responder a tantas perguntas difíceis que iriam surgir se nos abrissem as malas? Lembro-me que estávamos em plena crise da gripe das aves e com toda a certeza que as perdizes não eram bem-vindas a bordo. A verdade é que tudo correu pelo melhor e

Os cães não paravam de farejar e ladrar na direcção da geleira. Até que resolveram “rebentá-la”. Fui acompanhado por uma hospedeira e dois polícias para fora do gabinete. No terminal, não havia um único civil, tinha sido completamente evacuado. Apenas um gigantesco cordão policial circundava a área onde estávamos. Dez minutos depois voltaram a chamar-me e lá fui. Deparei-me com a geleira parcialmente destruída e formas, açúcar e canela espalhados pelo gabinete. Falso alarme. Estava livre para, com 45 minutos de atraso, correr para o meu voo.

todos os ingredientes chegaram sãos e salvos a Paris. O jantar foi um sucesso e no dia seguinte preparámo-nos para regressar. Estava a viajar com o grande jornalista e amigo David Lopes Ramos e com um cozinheiro que na altura trabalhava

comigo. A sensação era de dever cumprido, depois de mais uma aventura culinária. Minutos depois de despacharmos a bagagem chamaram o meu nome no altifalante. A princípio nem me apercebi mas depois, com mais atenção, tirei as dúvidas: era mesmo a mim que chamavam. Pedi informações e dirigi-me então ao balcão central onde me acompanharam até uma pequena sala. Num ambiente quase claustrofóbico esperavam-me vários funcionários do aeroporto incluindo polícia e militares. Tinham em mãos uma geleira (que era minha) onde trazia as formas vazias dos pastéis e uns recipientes com açúcar e canela. Pouco mais trazia lá dentro. No raio X não conseguiam decifrar o que lá estava dentro e estavam desconfiados que poderia ser uma bomba. A forma era talvez de um míssil. Fui interrogado durante mais de 1h30 e por mais de 25 pessoas diferentes.

José Avillez

CHEFE DE COZINHA

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