12 chegadas Os 10 anos da ExperimentaDesign 28 ambientes Vida saudรกvel no trabalho
MAgAzINE
Nยบ07 OUTUBRO 2009
Contra o aquecimento global: calculรกmos a nossa pegada de carbono
editorial POR UM BOM AMBIENTE
A
ANA leva muito a sério as suas responsabilidades ambientais. Por isso está empenhada em conhecer e minimizar o impacto da sua actividade e tem feito fortes investimentos na eficiência energética. O EcoANA – programa de gestão voluntária de carbono que vai bastante além dos requisitos legais – é o esforço mais visível da empresa nesse sentido. O seu primeiro objectivo já foi concretizado: a quantificação das emissões de gases com efeito de estufa em CO2 equivalente. Ou seja, calculámos, segundo critérios internacionalmente aceites, a nossa pegada de carbono. Os passos seguintes são reduzir ao máximo as emissões da empresa e, por fim, compensar as que não for possível reduzir com medidas que captem o CO2 da atmosfera. O trabalho de gestão e redução das emissões nos nossos aeroportos será medido e reconhecido pelo ACI – Airports Council International – no âmbito da Airport Carbon Certification, um programa que certificará os esforços dos aeroportos europeus na redução das suas emissões e no combate ao aquecimento global. O programa está organizado em quatro níveis de avaliação: diagnóstico, redução, optimização e neutralidade. Vamos, para já, avançar com a primeira etapa. Paralelamente, estão em curso outras medidas para aumentar a eficiência e reduzir a nossa factura energética. Vão desde pequenos gestos – como a instalação de lâmpadas de baixo consumo e sensores de luminosidade, ou o aproveitamento de fontes renováveis de energia – até à progressiva substituição da frota automóvel por veículos mais eficientes, como carros eléctricos.
A ANA leva muito a sério as suas responsabilidades ambientais. Por isso está empenhada em conhecer e minimiz ar o impac to d a s u a a c ti v i d a d e e tem f eito f o r te s in v e s timento s na eficiência energétic a . Rui Veres
Conselho de Administração da ANA
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Até ao fim de 2010 estará também concluída a certificação energética dos edifícios da ANA. O concurso público para adjudicação do serviço já foi lançado e vai envolver 22 instalações nos 7 aeroportos geridos pela empresa. Nesta edição poderá descobrir novas tendências no caminho da eficiência energética e saber mais sobre o que a ANA está a fazer para garantir um melhor ambiente a esta e às próximas gerações. Inspire-se e – no que estiver ao seu alcance – contribua.
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_sumário editorial 03
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em foco
Luz, desporto e design em Eindhoven
Tal como vários aeroportos na Europa, a ANA está a fazer a sua parte para combater as alterações climáticas. Nesta edição conheça a pegada de carbono dos aeroportos portugueses.
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o signo da água
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chegadas
“It’s about time”. Esta é a ideia central da 10ª Bienal ExperimentaDesign que até 8 de Novembro decorre em Lisboa. entrevidas 18
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inovação
50 Em trânsito FI CHA TÉCNIC A
Guta Moura Guedes
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PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - Portugal Tel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 amagazine@ana.pt DIRECÇÃO: Octávia Carrilho PROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas LX Factory - Rua Rodrigues Faria; 103 1300-501 Lisboa Tel 217 249 292 hamlet@hamlet.com.pt www.hamlet.com.pt REDACÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme Kopke DESIGN: André Remédios e Joana Pessanha FOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas LX Factory - Rua Rodrigues Faria; 103 1300-501 Lisboa Tel 217 249 292 IMPRESSÃO: Madeira & Madeira Rua Cidade de Santarém, Quinta do Mocho Zona Industrial - 2000-831 Santarém PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 5 000 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 273250/08 ISSN: 1646-9097
Códigos de barras ou identificação por rádio frequência? Cada vez mais aeroportos em todo o mundo apostam numa solução mista para resolver o problema da bagagem que não é entregue a tempo e horas aos passageiros. insights 24
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ambientes
Gripe a bordo. Que fazer? Saiba os procedimentos correctos em caso de contágio de Gripe A nos aeroportos. follow me 32 lifestyle 40 aldeia global 48 passageiro frequente 50
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_em foco AEROPORTOS EUROPEUS REDUZEM CO2 O lançamento do programa “Airport Carbon Accreditation” pelo ACI Europa numa altura de grande dificuldade Económica é revelador do empenho do sector em combater as alterações climáticas. Mais de 30 aeroportos já aderiram e muitos outros são esperados nos próximos meses.
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e acordo com um relatório do Painel Para avaliar e reconhecer os esforços dos aeroportos para gerir e reduzir Intergovernamental para as Alterações as emissões de carbono, o Airport Council Institute (ACI) Europa lançou em Climáticas (2001), a aviação contribui com Junho, durante o seu 19º congresso anual, que decorreu em Manchester, cerca de 2% do total de emissões de gases com o programa “Airport Carbon Accreditation”. Trata-se de mais uma etapa efeito de estufa. Desse número, apenas 5% são de um compromisso, assumido no ano passado entre os membros do ACI provocadas pelas operações aeroportuárias. na Europa, de fazer frente às alterações Nos aeroportos, climáticas e ao aquecimento global. o grosso das “Ao lançar este programa agora, estamos Além de reconhecer o trabalho feito emissões deriva a transformar o nosso compromisso de para gerir e reduzir as emissões de do uso de energia redução das emissões de carbono em acção CO2 que estão sob o controlo directo nos edifícios e concreta. O facto de o estarmos a fazer no dos aeroportos, o programa vai avaliar infra-estruturas também os esforços de colaboração com dos aeroportos, meio da pior situação económica de sempre os parceiros – como companhias aéreas, do transporte de mostra bem como estamos empenhados em controladores de tráfego e handlers – passageiros de e combater as alterações climáticas” para conseguir um melhor desempenho para o aeroporto, ambiental. Yiannis Parachis_ director do Aeroporto de Atenas da circulação O programa é feito em 4 níveis de de veículos no avaliação: diagnóstico (o cálculo da pegada lado ar (a zona de movimento do aeroporto) e de carbono); redução (gestão das emissões com vista à redução da pegada); das movimentações dos aviões no solo. Tal como optimização (envolvimento de outras entidades ligadas aos aeroportos); e outros intervenientes da indústria da aviação, neutralização (mecanismos de compensação para as emissões que não foi alguns aeroportos europeus estão há algum tempo possível reduzir). a implementar estratégias de gestão voluntária de A consultora internacional WSP Environmental é responsável pela gestão do carbono, como é o caso de Schiphol, em Amesterdão, programa, que é fiscalizado por um comité independente de representantes da e Frankfurt, os exemplos mais conhecidos. Comissão Europeia, do EUROCONTROL e da European Civil Aviation Conference.
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São 33 os aeroportos europeus, em 11 países, que estão já a participar neste programa de acreditação do ACI Europa.
Sendo voluntário, o programa teve um arranque auspicioso: logo no lançamento, 33 aeroportos em 11 países mostraram-se interessados em participar e obter a acreditação. Estes aeroportos são responsáveis por 26% do tráfego de passageiros na Europa. Por outro lado, é significativo que esta iniciativa seja lançada exactamente numa altura de crise económica generalizada. “Ao lançar este programa agora, estamos a transformar o nosso compromisso de redução das emissões de carbono em acção concreta. O facto de o estarmos a fazer no meio da pior situação económica de sempre mostra bem como estamos empenhados em combater as alterações climáticas”, disse Yiannis Parachis, director do Aeroporto de Atenas e actual presidente do ACI Europa. Como nota Olivier Jankovec, “até agora não existia uma metodologia comum para contabilizar e reduzir as emissões de carbono nos aeroportos, que são por si locais complicados”. O director-geral do ACI Europa referiu que
este programa é o culminar de dois anos de muito trabalho. “Trata-se de envolver toda a comunidade aeroportuária europeia para que faça a sua parte quanto ao impacto da aviação nas alterações climáticas, em simultâneo com os esforços das companhias aéreas e dos outros parceiros da indústria”. O ACI Europa representa 440 aeroportos em 45 paises europeus, que lidam com 90% do tráfego aéreo comercial na Europa, num total de mais de mil milhões de passageiros em cada ano.
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_em foco E A NOSSA PEGADA É... A ANA calculou o valor da sua pegada de carbono, uma prova do seu empenho para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e minimizar o impacto da actividade nas alterações climáticas. Este trabalho é também um primeiro passo no caminho do carbono zero.
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01 153 toneladas de CO2. Este é o valor total dos gases com efeito de estufa emitidos devido à existência da ANA, ou seja, emitidos pela ANA (aeroportos e sede) e pelas principais actividades aeroportuárias durante o ano de 2008. É alto? É baixo? É difícil dizer. Do benchmarking efectuado com os aeroportos de Schiphol, em Amesterdão, e de Frankfurt, que apresentam estimativas de emissões mais comparáveis com a pegada da ANA, resulta que a ANA apresenta níveis de desempenho mais eficientes. Por outro lado, comparando a performance do Aeroporto de Lisboa com a do Centro Comercial Colombo, que tem uma área bruta de 120 168 m2 e recebe cerca de 27 mil visitantes por ano, verifica-se que a performance do aeroporto é ligeiramente pior, com 1,44 kg de CO2 por utilizador contra 1,14 kg do shopping. Com a medição da pegada de carbono pretendeu-se ilustrar a realidade carbónica dos aeroportos da ANA. Este estudo identifica as principais fontes de emissão e as actividades em que a sua redução poderá trazer benefícios – não só ambientais, como também a redução de custos para a empresa.
1%
Emissões directamente resultantes da actividade da empresa
6 538 toneladas de CO2
A classificação das emissões proposta pelo Protocolo de Gases com Efeito de Estufa (Greenhouse Gas Protocol) – actualmente o padrão internacional utilizado para as emissões de empresas e outras organizações – divide as emissões em 3 âmbitos. As de âmbito 1 são aquelas cujas fontes são detidas ou controladas directamente pela empresa; as de âmbito 2 resultam da produção da electricidade A técnica de ambiente da ANA explica adquirida à rede que para conseguir resultados aí é nacional; e as de âmbito 3 derivam necessário “trabalhar em parcerias com de fontes não as companhias aéreas, handlers, empresas
de transportes de passageiros, etc”.
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A maior parte das emissões produzidas pela ANA resultam de fontes não directamente ligadas à actividade da empresa: as deslocações dos passageiros de e para os aeroportos e as aterragens e descolagens dos aviões.
6%
Emissões resultantes da produção de electricidade adquirida
36 507 toneladas de CO2
directamente ligadas à actividade da empresa. A empresa Ecoprogresso fez o cálculo da pegada de carbono da ANA respeitante ao ano de 2008 e concluiu que 93% das emissões são de âmbito 3, 6% de âmbito 2 e apenas 1% de âmbito 1. Estes valores querem dizer que, tal como é típico das empresas de serviços, a maior parte das emissões de gases com efeito de estufa derivam de actividades não controladas pela ANA ou ocorrem fora dos limites físicos dos aeroportos. É o caso das aterragens e descolagens (54% das emissões de âmbito 3) e das deslocações dos passageiros de e para os aeroportos (45% das emissões de âmbito 3), dois
focos de emissões que são na sua essência a razão da actividade aeroportuária: os passageiros e os aviões. “Não somos nós que as produzimos mas elas existem porque o aeroporto existe”, conclui Paula Lucas. A técnica de ambiente da ANA explica que para conseguir resultados aí é necessário “trabalhar em parcerias com as companhias aéreas, handlers, empresas de transportes de passageiros, etc”. Para já a ANA vai agir nas fontes de emissão que controla directamente. Isto é, as emissões de âmbito 1 onde se incluem as caldeiras a gás natural, usadas quase exclusivamente para o sistema de aquecimento e que são o principal emissor (76% das emissões de âmbito 1). Outra fonte de emissões relevante é a frota automóvel (15% das emissões de âmbito 1). No total, a queima de gás natural nas caldeiras e a queima de gasóleo e gasolina na frota automóvel representam 91% das emissões de âmbito 1. Os restantes 9% resultam dos geradores de emergência, dos consumos dos refeitórios e da fuga de gases refrigerantes. Quanto às emissões de âmbito 2, determinou-se que a ANA é responsável pelo consumo de 76% do total da electricidade adquirida e respectivas emissões, sendo os restantes 24% da responsabilidade de terceiros. O cálculo da pegada é o cumprimento do primeiro objectivo do projecto EcoANA. Depois deste levantamento, irá reduzir-se ao máximo as emissões e, por fim, compensar as excedentes com medidas que captem CO2 da atmosfera. A ANA está agora a trabalhar nos
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_em foco
EDIFÍCIOS CERTIFICADOS ATÉ FINAL DE 2010 São 22 as instalações da ANA que foram identificadas como sendo certificáveis em termos energéticos e de qualidade do ar. Destas, 13 estão em Lisboa, 2 no Porto, 3 em Faro e 4 nos Açores e são sobretudo edifícios de serviços com sistemas de climatização. De fora ficam estruturas como armazéns, abrigos ou oficinas. Foi já lançado o concurso público para a adjudicação do serviço e a ANA espera avançar ainda este ano com a certificação energética de 20% dos seus edifícios, provavelmente os 3 edifícios-sede, em Lisboa. Todo o processo deverá estar concluído até ao final de 2010, diz António Nunes, do Centro de Serviços Partilhados da ANA. O processo é gerido por entidades certificadas pela ADENE – Agência para a Energia. Há uma primeira auditoria de onde resulta um diagnóstico sobre o estado de saúde dos edifícios. “Faz-se depois uma simulação, que indicará os valores de consumo e com base na qual é definida uma classificação de certificação energética”, explica António Nunes. Depois definem-se as medidas a adoptar para a reabilitação energética do edifício, que geralmente se prendem com alterações na iluminação e climatização, habitualmente responsáveis por até 80% do consumo. São estas medidas que permitem caminhar para uma classificação A, a ideal. Parte da solução pode passar pela instalação de energias renováveis, uma estratégia em que a ANA está muito interessada. Em 2008 a empresa instalou um sistema solar térmico no refeitório da empresa onde são servidas 500 refeições por dia, e brevemente vai instalar 2 sistemas de microgeração no silo do Rent-a-Car e no Parque 4. António Nunes explica que, dado o elevado custo destas soluções e o lento retorno do investimento (estimado em 15 anos), são processos que exigem uma atenta análise custo/benefício. Uma hipótese que a ANA já colocou em cima da mesa é a interligação à rede das unidades de produção local de energia, tornando-se assim também abastecedora. Uma hipótese que para já está afastada uma vez que os Pedidos de Informação Prévia – um procedimento necessário ao processo - estão actualmente suspensos pela Direcção Geral de Energia e Geologia. “Existe um mix tecnológico nestas soluções que pode ser explorado”, diz António Nunes. Importante é também estudar o tipo de soluções mais adequadas para cada aeroporto já que, por exemplo, dos 3 aeroportos do continente, só o de Lisboa é responsável por 50% do consumo da energia total.
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A iluminação e a climatização são responsáveis por cerca de 80% do consumo de energia dos edifícios.
contornos do compromisso que irá assumir em relação à redução das suas emissões, como metas a atingir e o caminho para lá chegar. Para já, a empresa vai avançar com a candidatura à acreditação da 1ª fase do programa do ACI “Airport Carbon Acreditation”, o diagnóstico (ver texto principal). O cálculo da pegada de carbono da ANA é compatível com os requisitos exigidos pelo ACI, sendo apenas necessária a elaboração de um dossier que será entregue a uma entidade independente que verificará se o cálculo está de acordo com os requisitos da norma de acreditação ISO14064.
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_chegadas
ESTÁ NA HORA Como é que pensamos e encaramos o tempo hoje em dia? Como uma ideia subjectiva ou como um conceito real e bem definido? É um bem de luxo ou uma simples moeda de troca? Este é o tema da Bienal ExperimentaDesign 09 e estas são as questões a que o programa procura responder, reflectindo sobre o papel do tempo no design.
“Progress”, é a participação do português Albio Nascimento e da alemã Kathi Stertzig na exposição “Timeless”.
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“I
t’s about time”. Está na hora. Esta é a ideia que dá o mote à 10ª Bienal ExperimentaDesign (EXD) que até 8 de Novembro decorre em vários pontos da capital. O evento lança um olhar sobre os múltiplos impactos do tempo nas disciplinas criativas e o modo como estas podem, por sua vez, proporcionar novas noções de tempo e urgência, porque, diz a organização, vivemos num mundo à beira do colapso, ambiental e financeiro. Perante esta necessidade premente de agir, o desafio lançado aos artistas, de mais de 20 países, foi o de olhar para o tempo enquanto matéria e recurso para trabalhar. O resultado é um vasto programa com 77 eventos – 17 nucleares e 60 paralelos – abrangendo áreas como design de produto, de comunicação, arquitectura, urbanismo, artes plásticas, moda, joalharia, etc. Estes eventos decorrem em zonas carismáticas da cidade de Lisboa, como o Bairro Alto, Belém ou o Príncipe Real, e permitem circuitos alternativos que conjugam ex-líbris com espaços menos conhecidos. Assim, de Setembro a Novembro, os portugueses e os visitantes da capital têm à disposição inúmeras possibilidades de experienciar a Bienal EXD’09 de uma forma estimulante. Os Itinerários EXD’09Lisboa permitem explorar a cidade através de percursos alternativos, percorrendo espaços marcantes e surpreendentes: Centro Cultural de Belém/Museu Colecção Berardo, Museu do Oriente, LXFactory, Palácio Braamcamp, Museus da Politécnica, Sociedade Nacional de Belas Artes, Mercado de Santa Clara, Teatro Camões, entre muitos outros. Existem também visitas orientadas, adaptadas ao perfil e interesse do grupo, e visitas-debate, orientadas por especialistas em arquitectura ou design e que são uma oportunidade para estimular dinâmicas de grupo em torno da partilha e debate de ideias.
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_chegadas
O TEMPO EM EXPOSIÇÃO
O Estúdio Campana e o Konstantin Grcic Industrial Design participam na exposição “Pace of Design”.
© Eva Engelbert
Um dos pontos fortes desta EXD’09 são as suas 4 exposições nucleares: PACE OF DESIGN O ritmo e o tempo do design Antigo Picadeiro do Colégio dos Nobres - Museus da Politécnica Rua da Escola Politécnica, 60 Até 08 Nov Todos os dias 11:00 – 20:00
© Eva Engelbert
LAPSE IN TIME Design, elasticidade e responsabilidade
O projecto “Woodblock at Adams of Rye”, de Antony Burrill, faz parte da exposição “Timeless”.
Do programa, que pode ser consultado em www.experimentadesign.pt, há conferências, debates, ciclos, projectos especiais, exposições, intervenções urbanas, sempre em locais emblemáticos da cidade. A EXD realiza-se em Lisboa desde 1999 e no ano passado decorreu pela primeira vez fora do país, em Amesterdão. Nesta edição, que assinala o 10º aniversário, a EXD introduziu pela primeira vez o Warm Up, que lançou o tema com um ano de antecipação, com uma grande exposição e conferência do arquitecto Peter Zumthor. Ao colocar Lisboa no mapa dos grandes eventos culturais, a EXD’09 é mais um argumento que faz da capital portuguesa um destino apetecível, uma experiência que conjuga a vivência contemporânea com história e tradição.
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Sociedade Nacional de Belas Artes, Salão Nobre R. Barata Salgueiro, 36 Até 08 Nov Seg-Sex 11:00 – 20:00 Sáb 14:00-20:00 (Encerra aos Domingos, excepto 13 Set) QUICK, QUICK, SLOW Texto, Imagem e Tempo Museu Colecção Berardo Praça do Império Até 29 Nov Todos os dias 10-19h Sex. 10h-22h Entrada Gratuita Co-produção EXD’09/Museu Colecção Berardo TIMELESS Menos é melhor Museu do Oriente Av. Brasília, Doca de Alcântara (Norte) Até 08 Nov 10:00 – 18:00; Sex 10:00 – 22:00 (Encerra às Terças) Co-produção EXD’09/British Council/Seven Art Limited/Interactive Africa
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_chegadas NOVA FASE DE EXPANSÃO A expansão do Aeroporto de Lisboa decorre com várias obras simultâneas em grande actividade. Em Dezembro será inaugurada uma nova fase, fundamental para a operação do aeroporto.
A expansão em curso vai permitir suportar o tráfego expectável até 2017. Com a ampliação do Pier Norte haverá 7 novas portas servidas por pontes telescópicas.
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raticamente concluído está o projecto de ampliação do Pier Norte. A construção de 7 novas portas, servidas por pontes telescópicas, é uma obra imprescindível para a melhoria da qualidade de serviço prestado às companhias aéreas e passageiros permitindo um maior conforto no embarque e desembarque dos passageiros e maior rapidez de rotação das aeronaves. O novo Pier terá dois “decks” desnivelados: no nível 5 funcionarão todos os embarques para países não membros da União Europeia e também os desembarques de países da UE não signatários do Acordo de Schengen, e o 6º será exclusivo para os desembarques de voos oriundos de países terceiros. A expansão das Áreas Terminais de Passageiros para norte da actual aerogare, nomeadamente o futuro busgate, vai obrigar a uma mudança de localização dos depósitos de combustível. Os estudos efectuados indicaram a área a norte do Novo Complexo de Carga
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como a melhor localização para receber o Grupo de Operação Conjunta, tal como as respectivas áreas administrativas, que estão em fase de construção. Depois de concluídas as intervenções em vários caminhos de circulação, que visaram a melhoria da circulação no solo e na pista, segue-se a plataforma polivante, destinada a operações especiais como manutenção e segurança, também na zona sul do aeroporto. A 10 de Dezembro vai entrar em operação mais esta obra do Plano de Expansão do Aeroporto de Lisboa, fundamental para a melhoria da qualidade e capacidade do aeroporto.
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_entre vidas
SOB O SIGNO DA ÁGUA Numa altura em que se prepara a entrada da aviação no Comércio Europeu de Licenças de Emissão, o director-geral da Agência Portuguesa do Ambiente fala dos progressos alcançados pelo Plano Nacional para as Alterações Climáticas e do desenvolvimento sustentável que se quer para Portugal.
O Comércio Europeu de Licenças de Emissão permite que as indústrias menos poluentes possam vender quotas de emissão às mais poluentes.
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Para António Gonçalves Henriques, férias de Verão são sinónimo de praia e mar.
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soterismos e mapas astrais à parte, até porque a ciência não se compadece com estas coisas, basta conhecer um pouco o percurso de António Gonçalves Henriques para perceber que a água é o seu elemento por excelência. Com mais de 30 anos de actividade profissional, foi à água que o director-geral da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) dedicou boa parte da vida, sendo hoje um dos maiores especialistas em hidráulica e recursos hídricos do país. Talvez por isso (ou talvez não), não vê como conseguiria viver longe do litoral e é para perto da água que vai quando tem tempo livre ou precisa de arejar as ideias. Em Lisboa gosta de caminhar junto ao Tejo e, inevitavelmente, férias de Verão têm que ter praia. Formado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico, foi no Laboratório Nacional de Engenharia Civil que se veio a especializar em recursos hídricos. Ao longo da sua já vasta carreira combinou a investigação, a docência universitária, a administração pública e a consultoria privada em vários domínios do ambiente. Desde Maio de 2007 que gere a Agência, o organismo que sucedeu ao Instituto do Ambiente, de que já era Presidente desde Setembro de 2006. António Gonçalves Henriques é também o coordenador nacional do grupo de acompanhamento da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável 2015 e fez parte do grupo de trabalho que elaborou a proposta desta Estratégia, aprovada pelo Governo em Dezembro de 2006. No seu gabinete, no edifício da Agência, em Lisboa, falou à A Magazine da entrada da aviação no Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), um sistema que já está a funcionar para a maior parte das instalações industriais desde 2005. Quando em 1997 foi negociado o Protocolo de Quioto, tendo em vista a adopção de compromissos mais rígidos para a redução da emissão de gases que agravam o efeito de estufa, de fora ficaram áreas importantes, como os transportes. Para
introduzir algumas regras de boas práticas no sector da aviação, a União Europeia decidiu incluí-lo no regime do CELE. Os Estados-Membros devem transpor a Directiva europeia até 2 de Fevereiro de 2010 (em Portugal está em vigor desde 2 de Fevereiro deste ano) e os anos de 2010 e 2011 serão um período de monitorização que servirá para apurar como estão as companhias a funcionar. A partir de 1 de Janeiro de 2012 começam efectivamente a ser contabilizadas as emissões de todos os voos com partida ou chegada a qualquer ponto situado no espaço comunitário. “As companhias ficam limitadas a um determinado montante de emissões. Se as quiserem aumentar têm de ir ao mercado comprar licenças adicionais. Se forem muito eficientes e conseguirem reduzir, podem vender no mercado as licenças que têm em excesso, o que poderá ser um bom negócio”, explica António Gonçalves Henriques. As licenças são atribuídas à Agência, com base num histórico das emissões de voo das companhias, e caberá a esta entidade gerir as transacções. A indústria aeroportuária está para já excluída, pelo menos directamente, desta regulação. No entanto, os aeroportos poderão ter um papel activo ao auxiliar as companhias a tornarem-se mais eficientes, nomeadamente nas operações em terra. Sobre o Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC), elaborado com vista ao cumprimento dos objectivos nacionais do Protocolo de Quioto, cuja meta era não superar um crescimento das emissões de 27% até 2010, António Gonçalves Henriques mostra-se satisfeito com os resultados alcançados. Tornou-se obrigatória a obtenção de uma licença ambiental para as grandes instalações A indústria industriais. A Prevenção aeroportuária está e Controlo Integrado da para já excluída, Poluição estabelece medidas pelo menos para reduzir ou evitar as directamente, emissões para o ar, água desta regulação. ou solo, prevenir o ruído e a produção de resíduos, tendo No entanto, os em vista um nível elevado aeroportos de protecção do ambiente poderão ter um no seu todo. papel activo Se em Setembro de ao auxiliar as 2006 eram apenas 100 as companhias a indústrias licenciadas, no início deste ano o número tornarem-se era já de 650 ou, como mais eficientes, nota António Gonçalves nomeadamente nas Henriques, praticamente operações em terra.
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_entre vidas Das energias renováveis, a eólica foi a que avançou mais rapidamente em Portugal.
todas. “Conseguimos, graças a um esforço muito significativo de trabalho com as empresas, de acções de divulgação e de muito trabalho de parceria. Hoje somos um dos estados-membros mais avançados neste processo”. Resultados animadores mas ainda assim aquém dos objectivos nacionais traçados. No entanto, o director-geral da APA nota que o próprio PNAC “já previa que ficaríamos além do limite imposto por Quioto e que o excedente teria de ser adquirido no mercado, através de licenças de emissão. Isto é conseguido através do Fundo Português de Carbono, que permite investir em direitos de emissão além do limite que foi definido. Mas não é o descalabro. Apesar de tudo, conseguimos manter-nos relativamente próximos do valor atribuído”. Aliás, diz, dos 15 estados-membros, Portugal é o segundo país com as emissões mais baixas, logo atrás da Suécia. De 1990 – o ano que foi tomado como referência no cálculo das metas de Quioto – até agora, o número de automóveis em circulação em Portugal aumentou 150%, aproximando a taxa de motorização portuguesa da média europeia. “As emissões não subiram proporcionalmente porque temos das frotas automóveis mais eficientes da Europa. No sector dos transportes temos uma das melhores taxas de emissão de gases com efeito de estufa”. O outro principal sector responsável por grandes emissões é o da produção de energia. E também aqui, apesar do grande aumento dos consumos, conseguiu-se que as emissões não aumentassem, através da substituição progressiva da produção em centrais térmicas por fontes renováveis, nomeadamente a eólica. Por outro lado, as centrais com maiores emissões, as que funcionam a fuel, estão a ser descomissionadas, ou seja, ficam de reserva e podem voltar a funcionar em caso de falha, como é o caso da Central do Ribatejo, no Carregado. As únicas centrais que ficarão a operar são a do Pêgo e a de Sines mas mesmo aí boa parte da produção já recorre a combustíveis mais limpos e eficientes.
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As energias renováveis permitem ao país tornar-se mais auto-suficiente em termos energéticos.
bacia hidrográfica, com vista a uma melhoria da qualidade e ao controle das descargas de efluentes. Outros aspectos importantes são o modelo de desenvolvimento do território, que prevê boas ligações entre os principais centros urbanos e a sua ligação ao interior. “Isto tem também a ver com o TGV, que vai permitir reduzir significativamente as emissões”, refere António Gonçalves Henriques. Nas ligações internacionais, outro factor importante é o novo aeroporto. “Na Estratégia não foi feita nenhuma opção quanto à localização, apenas se refere a necessidade de um grande aeroporto intercontinental”. Com um percurso variado na área do ambiente, que começou no final da década de 70 quando na Europa ainda não se falava de ambiente e nos EUA estavam a despontar os estudos de impacte ambiental, a única coisa que se manteve constante
“O nosso problema em termos de défice da balança de pagamentos tem a ver essencialmente com a compra de energia, porque praticamente não produzíamos. As renováveis permitem-nos ser cada vez mais auto-suficientes na produção de energia”
A mudança de paradigma em termos energéticos é uma das principais apostas da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável 2015. “O nosso problema em termos de défice da balança de pagamentos tem a ver essencialmente com a compra de energia, porque praticamente não produzíamos. As renováveis permitem-nos ser cada vez mais auto-suficientes na produção de energia”. Outros pilares da Estratégia são os transportes, a melhoria da qualidade do ar, a redução da poluição do mar e, ainda na água, a nova geração dos planos de
De 1990 até hoje, o número de automóveis em circulação em Portugal aumentou 150%. Ao longo da carreira António Gonçalves Henriques alternou a investigação, a docência, a consultoria privada e a administração pública em vários domínios do ambiente.
na sua vida ao longo dos anos foi a docência, no Técnico. “É a oportunidade que tenho de me forçar a estudar e de me manter actualizado. É interessante ligar a minha própria experiência profissional ao ensino e, além de tudo, gosto muito de manter o contacto com os alunos”. Mesmo que isso implique algum sacrifício pessoal, como estar na aula às 8h da manhã, antes de seguir para um dia de trabalho. Mas no final do dia não leva o trabalho para casa. “Quando acabo o trabalho, acabo”. É nos livros que se refugia quando precisa descomprimir, quase como numa terapia. Gosta de romance, dos clássicos portugueses, de Eça de Queiroz, de Camilo Castelo Branco, que relê periodicamente, de Saramago, de Lídia Jorge e de José Eduardo Agualusa. De outras latitudes prefere os sul-americanos, García Márquez, Vargas Llosa, Allende... Aos fins-de-semana gosta de andar a pé, sem obrigações, ou passear de bicicleta, sem se preocupar com o tempo. E, sempre que pode, procura a água. “Todas as semanas tenho que ir para perto do Tejo”.
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_inovação EU CHEGUEI. MAS A MINHA MALA NÃO Quando parecia que a identificação por rádio frequência tinha todas as condições para substituir os velhinhos códigos de barras na identificação das bagagens no transporte aéreo, os aeroportos por todo o mundo estão a adoptar uma solução mista. O mesmo está a fazer a ANA, através do Projecto DUMBO, em testes nos aeroportos dos Açores.
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m 2008 a bagagem “mishandled” – as bagagens que não são entregues em condições ao passageiro na sua chegada ao destino – atingiram o impressionante número de 32 milhões em todo o mundo. No ano anterior o valor foi de 42 milhões, por isso, ainda assim, houve uma melhoria. Outros dados indicam que em cada 3 mil passageiros há um cuja bagagem nunca será recuperada. Além dos inconvenientes óbvios para o passageiro, este problema também se traduz em prejuízos para as companhias aéreas, já que o custo suportado por cada bagagem “mishandled” é de 100 dólares. Em 2008 o encargo financeiro para as transportadoras decorrente desta situação cifrou-se em 2,9 mil milhões de dólares. Alguns estudos mostram que 60% dos passageiros relacionam uma boa experiência de viagem ao facto de a sua mala ser entregue atempadamente e em boas condições no destino. Associado à pontualidade dos voos, o tratamento da bagagem é o factor que os passageiros mais valorizam, muito à frente da simpatia do pessoal, de filas de espera reduzidas ou de terminais modernos e bem equipados. Há uns anos, a tecnologia Radio-Frequency Identification (RFID) – uma tecnologia que não é nova – surgiu como parte da solução para este problema. As etiquetas com identificação por rádio frequência permitem uma taxa de sucesso de leitura acima dos 95%, muito superior às etiquetas de códigos de barras, que andam à volta dos 60, 70%. Outra vantagem é o facto de a etiqueta RFID suportar uma maior quantidade de dados: pode inserir-se a codificação do nome do passageiro, o número de voo, os níveis de segurança por que a mala já passou, etc. Funcionalidades decisivas na detecção atempada de anomalias e na sua correcção. Apesar das vantagens da tecnologia, a substituição das etiquetas de códigos de barras por etiquetas RFID não tem motivado os agentes envolvidos para os investimentos necessários. A Associação Internacional de Transporte Aéreo
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(IATA) defende uma solução mista, na qual a tecnologia RFID desempenha um papel fundamental, mas não único. De facto, a aposta em terminais híbridos, onde as tecnologias de código de barras e RFID coexistem, parece ser já o cenário do futuro. Depois dos testes feitos em Heathrow (Londres), Narita (Tóquio), Hong Kong ou Kuala Lumpur (Malásia), outros estão em curso em Schipol (Amesterdão), Las Vegas (EUA) e Charles de Gaulle (Paris), a solução tende a ser bem aceite sobretudo em terminais de transferências novos, de que Lisboa é outro exemplo. A ANA tem dedicado muita atenção ao problema do extravio das bagagens, seguindo as recomendações da IATA para o resolver. Além de o novo Terminal de Bagagens em Transferência do Aeroporto de Lisboa já se basear em tecnologia RFID, a empresa tem apostado noutras ferramentas tecnológicas que permitem controlar melhor o percurso das bagagens. A criação de grupos de trabalho com a participação dos diferentes parceiros aeroportuários para melhorar a eficácia global também tem sido uma aposta com resultados positivos, merecendo elogios da própria IATA. Como resultado do trabalho feito nesta área, a ANA integra o restrito grupo de entidades que está a trabalhar na reformulação das recomendações da IATA quanto ao formato das mensagens associadas ao handling da bagagem. As outras entidades do sector da aviação
RADIO FREQUÊNCIA ÚTIL NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
são o Aeroporto de Schipol, Air-France/KLM, Lufthansa, Continental, Delta Air Lines, US Airways e Travelport. A criação de know how na área de tratamento de bagagem através da identificação por rádio frequência é uma aposta estratégica da ANA, como provam a participação no consórcio Mala Segura, ao abrigo do programa Eureka, que visa o desenvolvimento de uma mala inteligente e onde a RFID também tem um papel fundamental, ou o mais recente Projecto Dumbo (ver caixa).
Em Portugal, o Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) é a entidade responsável pela apreciação das reclamações dos utentes quando o assunto é bagagem extraviada. É também sua a responsabilidade de manter o público informado acerca dos direitos dos passageiros em caso de atraso, dano ou extravio da bagagem. A segurança é também um aspecto importante. São óbvias as vantagens de um sistema que permita o seguimento em tempo real da bagagem de porão. O INAC destaca a rapidez e eficiência na resposta face a uma bagagem suspeita, o que é útil no apoio à investigação criminal. “A tecnologia RFID, a implementar nos moldes propostos pela ANA, representará um importante passo no aumento da celeridade e eficácia no manuseamento da bagagem de porão. Vai permitir optimizar as operações e aumentar a confiança e satisfação dos passageiros, podendo inclusive contribuir, a médio prazo, para a diminuição do volume de bagagem de mão, sempre sem diminuir os índices de segurança pelos quais se pauta a aviação civil em Portugal”, refere um comunicado do Gabinete de Facilitação e Segurança da Aviação Civil do INAC.
UM SISTEMA MISTO EM TESTE NOS AÇORES Desenvolvido pela ANA com um parceiro tecnológico, o projecto Demonstrador Universal de Monitoria de Bagagens e Operações (DUMBO) alia a tecnologia RFID com a leitura dos códigos das etiquetas de bagagem. O objectivo é a implementação de uma ferramenta que “permite o rastreio das bagagens a partir da saída do avião, percorrendo todo o trajecto no espaço aeroportuário, desde a placa, passando pelos tapetes de bagagem até terminar na sala de recolha de bagagem”, explica Artur Arnedo, da ANA Consulting. O demonstrador do projecto DUMBO está a ser desenvolvido nos aeroportos dos Açores (S. Miguel, Santa Maria e Horta), com o acompanhamento do Aeroporto de Lisboa. Pretende-se com este projecto melhorar o conhecimento dos quadros ANA sobre a tecnologia RFID e os processos que envolve. “De destacar o interesse demonstrado desde o início pela SATA, que alocou recursos e adaptou os seus sistemas de check-in e embarque de passageiros para corresponder aos requisitos do projecto”, refere Artur Arnedo.
Em 2008 foram 32 milhões as bagagens, em todo o mundo, que não foram entregues aos passageiros à chegada ao destino.
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_insights
À NOSSA MANEIRA
AEROPORTO DE PONTA DELGADA FAZ 40 ANOS O Aeroporto de Ponta Delgada assinalA o seu 40º aniversário numa altura em que decorrem importantes obras de expansão. Ainda este ano será lançado um livro, um filme e uma exposição fotográfica sobre a história do aeroporto.
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o dia 24 de Agosto de 1969 foi inaugurado, com pompa e circunstância, o Aeroporto de Ponta Delgada, cuja aerogare se situava na Nordela, a cerca de 3 quilómetros do centro da cidade. No dia 24 de Agosto de 2009, com uma pequena cerimónia, foram celebrados os 40 anos desta estrutura que é a principal porta de entrada do arquipélago dos Açores e que nos últimos 3 anos tem registado um tráfego superior a 900 mil passageiros. Atendendo ao ritmo de crescimento de tráfego da última década, há já algum tempo que o aeroporto está preparado para passar a marca de um milhão. “Todos os anos esperamos ultrapassar o milhão de passageiros: a placa comemorativa já está feita, só falta a data e o nome do passageiro...”, brinca José Luís Alves, director dos aeroportos dos Açores. Uma situação que tem sido adiada quer pela retracção da procura pós 11 de Setembro, como pela recente crise económica. Enquanto isso não acontece, o aeroporto continua a investir na melhoria das infra-estruturas e do seu serviço. Ao longo de 4 décadas, o Aeroporto de Ponta Delgada passou de uma pista com 1800 metros com uma plataforma
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para estacionamento de 3 aviões de pequeno porte e uma pequena (e provisória) aerogare sem sala de embarque para a moderna estrutura que existe hoje. No final da década de 80 a pista cresceu para os actuais 2520 metros e em Maio de 1995 foi inaugurada a muito esperada aerogare, uma nova plataforma e novos acessos viários. Na mesma altura o aeroporto recebeu a designação de João Paulo II, em homenagem à visita do Papa à ilha, exactamente 4 anos antes. Ainda antes da viragem do milénio, com a transformação da ANA E.P. em ANA S.A., evoluíu-se para uma nova focalização no negócio aeroportuário e na melhoria da qualidade do serviço. “O primeiro indicador desta postura foi o desafio da certificação do Sistema de Gestão da Qualidade, que o Aeroporto João Paulo II se orgulha de ter sido o primeiro da empresa a obter”, nota José Luís Alves. Na presente década continuaram a ser feitos fortes investimentos, sobretudo na Segurança (Security), em conformidade com as directrizes nacionais e internacionais. Actualmente estão em curso grandes obras de beneficiação das infra-estruturas, preparando-as para suportar um aumento da procura de tráfego. As mais significativas são a remodelação e expansão da sala de embarque, a ampliação da plataforma de estacionamento de aeronaves e a construção de dois novos caminhos de circulação, um dos quais parelalo à pista e com características de Rapid Exit Taxiway. No âmbito da comemoração dos 40 anos vai ser publicado um livro, da autoria de Fátima Sequeira Dias, catedrática da Universidade dos Açores, lançado um pequeno filme com imagens inéditas desde a construção do aeroporto até à actualidade, e exibida uma exposição fotográfica.
Influenciar positivamente a experiência dos passageiros nos aeroportos através de novos serviços personalizados é o propósito do ANA Way, um ambicioso projecto de marketing dirigido a quem viaja.
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ue os consumidores estão mais exigentes e com expectativas mais elevadas sobre a qualidade dos produtos e serviços que adquirem não é novidade para ninguém. Pensar de que forma essa realidade afecta a actividade de um aeroporto é um exercício que a ANA decidiu fazer. Alguns estudos têm revelado que o reconhecimento da marca ANA por parte dos passageiros é baixo. “Quem visita os nossos aeroportos tem uma maior percepção das marcas e serviços dos nossos parceiros que do próprio aeroporto”, refere Francisco Pita, do Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Faro. Por isso, acredita que uma influência mais directa na experiência do passageiro contribui para melhorar o desempenho da ANA enquanto gestora aeroportuária. “Hoje em dia não é apenas necessário investir em infra-estruturas mas também no serviço. Tal como planeamos os aeroportos do futuro, também devemos estar preparados para desenvolver os serviços do futuro nos nossos aeroportos”, refere. Com isso em mente foi lançado o projecto ANA Way, uma iniciativa de marketing dirigida aos passageiros. Para desenvolver novos serviços, a empresa precisa alargar o seu conhecimento sobre as necessidades dos passageiros, ter em conta a experiência aeroportuária no seu todo e aquilo que os passageiros mais valorizam. Só assim é possível dar resposta a essas expectativas através de novos serviços, explica Francisco Pita, que está a coordenar o projecto. O projecto ANA Way está organizado em três fases. Da primeira, recentemente concluída, resultou a definição de uma
Ingrid Lourenço, Manuel Norte e Ana Luís constituem a equipa executiva do projecto ANA Way.
estratégia e o modelo de implementação. A estratégia tem como elementos essenciais a identificação da proposta de serviço a passageiros, no fundo, o “ADN” do serviço ANA, e dos papéis de serviço que a empresa deve e pode assumir. A proposta de serviço “preparing you for travel” e os papéis de “advisor”, “companion” e “hero” são o resultado da análise realizada e constituirão a base de todo o desenvolvimento da estratégia de serviços ANA a passageiros. A estratégia definida permitirá à empresa transformar passageiros em clientes, estabelecer uma relação, rentabilizar directa e indirectamente esta relação, ganhar a confiança dos passageiros, melhorar a sua imagem, estabelecer e gerir níveis de qualidade de serviço, prestando serviços que aumentam o controlo do passageiro sobre a experiência aeroportuária, o seu conforto e a utilidade do tempo. A tecnologia é outro dos aspectos chave. “Usar a tecnologia não significa apenas fornecer informação actualizada nos PDA’s dos passageiros executivos mas também, por exemplo, permitir que as famílias com crianças possam planear com antecedência a sua visita ao aeroporto e reduzir o stress”, diz Francisco Pita. O projecto ANA Way resultou do trabalho conjunto de uma equipa interna com a consultora inglesa Engine Service Design. Na ANA a equipa é constituída por Nuno Costa, do Aeroporto de Lisboa, Nuno Moreira, da Direcção de Retalho, Nuno Brilha, da Direcção de Projectos Especiais, Luciana Marinho, do Aeroporto do Porto, Nuno Ferreira, da Direcção de Recursos Humanos e Artur Arnedo, da ANA Consulting. Francisco Pita, do Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Faro, é o coordenador do projecto.
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_insights CLIENTES TAP ADEREM AO VALETXPRESS Para reforçar a aposta na diferenciação de produto para o seu segmento Premium, a TAP fez uma parceria com a ANA para utilização do serviço ValetXpress, um sistema de estacionamento personalizado disponível no Aeroporto de Lisboa.
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endo um inovador Premium Parking Service, com atendimento personalizado e exclusivo e o máximo conforto, o ValetXpress vai ao encontro da estratégia definida pela TAP de oferecer aos seus clientes premium produtos e serviços de valor acrescentado. Os passageiros que viajem em tap|executive ou que sejam portadores dos cartões Victoria Gold, tap|corporate e Tap Amex Platinum têm acesso gratuito a este serviço de grande conveniência que a ANA lançou há 2 anos. Ao chegar às partidas, o cliente é recebido por um colaborador na área exclusiva ValetXpress que tratará de parquear a viatura. No dia da chegada o cliente deve dirigir-se à caixa manual do P2 apresentando o cartão de embarque da tap|executive ou apresentando um dos cartões de cliente premium da TAP e recolhe a sua viatura. São gestos práticos e eficientes que permitem ganhar tempo e conforto e que têm tido boa adesão entre os clientes premium da companhia aérea portuguesa. Sónia Ferreira Santos, do Marketing Estratégico da TAP, revela que entre Janeiro e Julho deste ano a taxa de utilização do serviço teve um crescimento de 80% relativamente ao mesmo período do ano passado. “Estes números reforçam o esforço desenvolvido pela TAP e pelos seus parceiros na aposta em produtos cada vez mais exclusivos para os seus clientes”, nota. Outra oferta à disposição destes clientes é o estacionamento gratuito, até dois dias, nos parques P2 de Lisboa, P4 do Porto, P1 de Faro e P1 do Funchal. No dia da partida o cliente estaciona o automóvel e segue a sua viagem descansado. À chegada dirige-se à caixa manual do parque e apresenta o cartão de embarque tap|executive ou um dos cartões de cliente. No Funchal, o cliente deverá no início da sua viagem solicitar um voucher de estacionamento no balcão de vendas da TAP. Esta parceria surge na sequência da estratégia da TAP de criar ofertas diferentes para os diversos segmentos de clientes, não só no preço mas também nos serviços oferecidos em terra e a bordo.
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_ambientes Os participantes são incentivados a utilizar a banda elástica no local de trabalho.
TODOS OS PASSOS CONTAM Mudar hábitos alimentares e incentivar a prática desportiva são os objectivos do programa DamoS+Saúde, que colocou 174 colaboradores em 5 aeroportos de pedómetro à cintura. No final, os passos dados são convertidos em dinheiro que será entregue pela equipa vencedora a uma instituição de solidariedade social da sua região.
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ita Xavier tem agora uma motivação acrescida para se levantar mais cedo e levar a Mel para um passeio matinal: o pedómetro colocado na cintura e que conta todos os passos que dá. A enérgica labrador de cinco meses agradece, até agora as caminhadas estavam limitadas ao final da tarde, quando a dona regressava do trabalho. Gestora de contratos e aquisições no Centro de Serviços Partilhados da ANA, há dois meses que Rita aceitou o desafio lançado aos colaboradores pela Divisão de Saúde Ocupacional de participar no Programa Damos + Saúde, mais uma iniciativa da empresa para a promoção da saúde dos seus colaboradores. Feito em parceria com a Most Valuable Player, de José Soares, professor catedrático de Fisiologia do Desporto da Universidade do Porto, o programa pretende contribuir para a redução dos factores de risco através de alterações nos hábitos de vida. Inscreveram-se 174 colaboradores, que durante 4 meses contam todos os passos e guardam na gaveta da secretária a banda elástica para se exercitarem quando têm uma brecha no trabalho. Depois de um diagnóstico, em que foi analisada a composição corporal, o estado nutricional e o nível de actividade física de cada um, seguiu-se a fase de intervenção. Além de formação nutricional, dicas para preparar as refeições, guia de exercícios com a banda elástica, o pedómetro é o aparelho que testemunha a dedicação de cada um. A informação é
frequentado escrupulosamente duas vezes por semana. depois descarregada no computador, o que permite Também a enfermeira Teresa Salvador, da Divisão de uma rápida análise dos resultados. Saúde Ocupacional, está convicta de que o pedómetro A grande novidade deste programa é a introdução do é um elemento motivador para quem participa, porque conceito de e-health, uma vez que toda a orientação, regista tudo e as pessoas têm acesso quase imediato aos acompanhamento e reavaliações são feitas à distância, resultados. O facto de haver mais gente no mesmo local através do e-mail. Isto representa uma vantagem em a enfrentar o mesmo desafio também serve de incentivo, relação a iniciativas anteriores que exigiam a presença criando alguma competição. das pessoas, o que nem sempre era possível devido a Há já alguns anos que a Divisão de Saúde Ocupacional limitações de horários. assumiu o compromisso de fomentar uma mudança de Para Judite Calado, secretária da direcção do Centro hábitos nos colaboradores da empresa e já foram lançados de Serviços Partilhados, o controlo do peso não é uma vários programas de saúde: contra o tabagismo, a obesidade coisa nova, de modo que na realidade até sabe o que e um arrojado programa de saúde oral. deve ou não comer e que hábitos se devem manter. Como nota Teresa Salvador, “não bastava conversar com “O programa serve para reavivar essas noções e com as pessoas e aconselhá-las sobre hábitos de vida quando o pedómetro à cintura estou mais atenta à forma cá vinham fazer os exames como posso rentabilizar obrigatórios da Medicina no os movimentos, usando as “O programa serve para reavivar Trabalho, não havia resultados escadas em vez do elevador, essas noções e com o pedómetro à cintura estou mais atenta À palpáveis”. Por outro lado, por exemplo”. Também no seu caso a forma como posso rentabilizar os explica João Santa Marta, Chefe da Divisão, a vocação do mascote da família está movimentos, usando as escadas serviço é também a prevenção satisfeita com o empenho em vez do elevador, por exemplo” da saúde, alertar as pessoas da dona e, à noite, depois para a alteração de determinados comportamentos para de tratados os afazeres domésticos, quando a vê que mais tarde não desenvolvam problemas graves como calçar os ténis, o Cookie já sabe que tem pela frente cancros, problemas cardíacos, cardiovasculares, etc.”. uma vigorosa caminhada de uma hora. Os resultados Os participantes estão divididos em equipas consoante já estão à vista e além de uns centímetros na cintura, o aeroporto onde trabalham (Lisboa, Porto, Faro, Ponta Judite já perdeu também alguns quilos. Delgada e Horta) e no final os quilos perdidos serão Para Rita, mais do que a componente de nutrição, “traduzidos” em dinheiro que será entregue a uma instituição o programa tem servido sobretudo para despertar de solidariedade social da região da equipa vencedora. para a importância do exercício físico e já levou a que se inscrevesse nas aulas de hidroginástica, que tem Foram 174 os colaboradores que se inscreveram para participar no programa Damos + Saúde.
No início foi analisada a composição corporal de cada um dos participantes.
O pedómetro conta o número de passos e mede a distância percorrida.
Rita Xavier e Judite Calado: o programa já mudou alguns dos seus hábitos diários.
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_ambientes
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A POSTOS CONTRA A GRIPE
Estão os aeroportos portugueses preparados para enfrentar uma eventual pandemia de Gripe A? A resposta a esta questão está no Plano de Contingência elaborado pela ANA e que se encontra em vigor em toda a empresa.
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data de elaboração deste artigo tinham sido apenas dois os casos de Gripe A detectados em aeroportos nacionais, um no Porto e outro em Lisboa. Em ambas as situações constatou-se que o Plano de Contingência da Gripe A elaborado pela ANA é eficaz. O Coordenador do Grupo Operacional do Plano de Continuidade de Negócio da ANA, elaborado para fazer frente a situações de pandemia na empresa, explica que uma das dificuldades tem sido manter actualizado o Plano de Contingência da Gripe A, uma vez que muitas das orientações técnicas da Direcção Geral de Saúde (DGS) foram entretanto alteradas como resposta ao elevado número de casos de infecção confirmados diariamente. O Plano de Contingência da Gripe A, explica Pedro Bettencourt, é comum a toda a empresa e adaptado às especificidades locais de cada direcção. Preparado há uns meses, envolveu um grupo de trabalho composto por 6 pessoas e seguiu as recomendações das organizações internacionais – Organização Mundial de Saúde, ICAO e IATA – bem como as orientações técnicas da DGS. Aliás, nota o coordenador, toda a informação necessária às empresas para a elaboração de um plano desta natureza está disponível no site da DGS. As empresas têm basicamente que criar condições para a execução das medidas recomendadas. Existem orientações gerais para as empresas de transportes e procedimentos específicos para a aviação e para os aeroportos.
O Plano garante também a protecção dos Aliado ao Plano de Continência da Gripe A, está colaboradores da ANA. Entre as medidas mais em curso um plano de comunicação veiculado importantes para minimizar a propagação do vírus através de newsletters, internet e intranet, tendo está a higiene pessoal e o reforço da desinfecção sido enviado um folheto informativo a todos os e limpeza, não só nos aeroportos mas em toda a colaboradores e parceiros da ANA. Acompanhado empresa, onde as superfícies de trabalho, por uma carta do Presidente do “Estão previstos como secretárias, teclados, telefones, Conselho de Administração, o serviços mínimos, maçanetas das portas entre outros, têm folheto transmite uma mensagem trabalho à merecido atenção especial. clara, relativamente ao contributo Neste momento, afirma Pedro distância e, e papel de cada um nesta fase. Bettencourt, estão já implementadas entre outros, o “Passada esta experiência, a maioria das medidas que se previa processamento esperemos que as organizações implementar na fase mais exigente da se consciencializem de que têm automático dos pandemia, a fase 6. de estar melhor preparadas para salários”. O Plano de Contingência faz parte este e outro tipo de situações de um outro, mais abrangente, que é o Plano de disruptivas”, diz Pedro Bettencourt, acrescentando Continuidade de Negócio, uma ferramenta que que a situação, sem precedentes, tem pelo menos garante uma resposta eficaz em caso de desastre, a vantagem de “potenciar hábitos de planeamento independentemente da ameaça. No caso da ANA, nas empresas através da elaboração de planos de o Plano de Continuidade de Negócio garante a contingência”. continuidade das operações aeroportuárias, ou seja, está orientado para as funções essenciais que possibilitem a movimentação de aeronaves, passageiros, carga e respectiva bagagem.
A higiene pessoal e o reforço da limpeza são as medidas mais importantes para minimizar a propagação do vírus.
A ANA enviou um folheto informativo sobre a gripe A a todos os colaboradores e parceiros.
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_follow me NO PAÍS DOS INCAS No âmbito da actividade de cooperação internacional da ANA, Vítor Rocha é actualmente assessor aeroportuário da Aeropuertos del Perú. Ultrapassadas as dificuldades iniciais, continua a deslumbrar-se com o país andino e com a amabilidade dos peruanos.
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uando há dois anos e meio Vítor Rocha voou para Lima, no Peru, para uma nova etapa profissional como assessor aeroportuário da Aeropuertos del Perú (AdP), não sabia bem o que tinha pela frente. Por um lado descobriu um país surpreendente. Pela sua história, pelas maravilhosas paisagens, pela cultura e pela gastronomia, que também não o desapontou. A própria integração pessoal foi facilitada, diz, “pela personalidade franca e amável do peruano”. Mais complicado foi o entendimento profissional. A AdP ganhara a concessão da gestão de 12 aeroportos no Norte do Peru e do processo fazia parte a obrigatoriedade de ter a assessoria de um operador aeroportuário. De um leque inicial que incluía também uma empresa canadiana e outra argentina, a ANA acabou por ser a seleccionada.
Vítor Rocha enfrentou problemas em todas as áreas de concepção, operação e gestão aeroportuária. Dificuldades acrescidas por se tratar de um sector de grande dinâmica, que exige a todo o momento respostas imediatas.
A AdP é responsável pela gestão de 12 aeroportos no Norte do Peru e pretende concorrer à concessão de outros na região.
Entre as funções de Vítor Rocha conta-se a execução dos Planos Directores dos aeroportos.
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“O âmbito da assessoria é bastante abrangente, com destaque para aspectos relacionados com organização, elaboração de manuais, operação, planos directores e formação”, explica Vítor Rocha. Nestes primeiros anos, a empresa encontrou alguma dificuldade nas relações com as entidades estatais que anteriormente geriam os aeroportos e resistência para impor uma nova dinâmica empresarial por parte do pessoal que “herdou” dessas entidades, obrigatoriamente por um período de dois anos. Assim, sem qualquer estrutura local e num cenário de início de operação, Vítor Rocha enfrentou problemas em todas as áreas de concepção, operação e gestão aeroportuária. Dificuldades acrescidas por se tratar de um sector de grande dinâmica, que exige a todo o momento respostas imediatas. A estas, acresceram ainda as dificuldades naturais de alguém que está num país cuja cultura e organização empresarial desconhece. Antes desta experiência
internacional, a única estadia mais prolongada fora de Portugal tinham sido os dois anos que passou em Angola, durante a Guerra Colonial, o que para o caso não o ajudou muito. Felizmente as águas já acalmaram e com a estabilização da organização da empresa foi possível concentrar-se na execução dos Planos Directores dos Aeroportos da rede AdP. Para isso foi também fundamental a criação de um grupo de projecto na ANA e uma equipa de apoio técnico local. Neste momento a maioria dos gestores e quadros dos aeroportos é já oriunda do mercado de trabalho local e a empresa tem investido fortemente na sua formação e integração na actividade, que lhes é inteiramente nova. Os resultados já estão à vista. A prová-lo está a extensão do contrato por mais dois anos e o acordo entre a ANA e a AdP para concorrer à concessão de outros aeroportos na região. “Pode-se dizer que a AdP está num processo de afirmação como operador aeroportuário a nível nacional mas perspectivando também outras oportunidades regionais”, explica. Actualmente a AdP gere 12 aeroportos no Norte do país, em cidades com nomes tão exóticos como Chachapoyas, Chiclayo, Pucallpa, Talara ou Tarapoto. Apesar de estar baseado na capital, Lima, os afazeres profissionais já levaram Vítor Rocha por um périplo para conhecer todos os aeroportos, o que lhe deu um bom conhecimento do Norte do Peru. “Não deixo de me maravilhar com este mundo realmente novo”. Vítor Rocha entrou no sector pela porta da aviação civil, como estagiário no laboratório de mecânica de solos da antiga Direcção Geral da Aeronáutica Civil, em 1973. Já na ANA, desenvolveu actividades de projecto e fiscalização de obras e de chefia do Planeamento Sectorial da Direcção de Infra-Estruturas Aeronáuticas. Saiu da empresa em 1987 para se dedicar a outras funções e dois anos depois regressou e integrou a Direcção de Planeamento e Desenvolvimento Estratégico, onde coordenou a execução dos Planos Directores dos Aeroportos de Porto e Faro e fez uma primeira proposta para o Plano Director do Aeroporto João Paulo II. Antes de viajar para o Peru era assessor da Direcção de Estratégia e Marketing Aeroportuário. Para já, à sua frente tem mais dois anos no país dos Incas.
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_follow me
As malas de carteiro foram feitas propositadamente para o serviço.
O CARTEIRO ANTROPÓLOGO Na sala do Expediente Nuno Carvalho lida com correspondência, encomendas, facturas e coordena o trabalho dos estafetas. Uma função polivalente que combina com o carácter versátil deste licenciado em Antropologia que já foi cabeleireiro e não vive sem os desportos radicais.
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alança para pesar as cartas e encomendas, carimbos, malas de couro em tudo iguais às dos carteiros, pequenos compartimentos na parede para a separação do correio... Assim à primeira vista, a pequena sala do Expediente da ANA poderia passar pela estação dos correios de uma pequena cidade. Só faltam os balcões mas nem por isso falta público. “Aqui vem toda a gente, até administradores”, refere Nuno Carvalho, técnico administrativo, que até à data de elaboração deste artigo ocupava esta função. Sentado a uma secretária, vai explicando quais são as suas funções: tratar o correio que entra e sai, lidar com
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a facturação da empresa, coordenar os estafetas, assegurar a manutenção das viaturas, entre outras coisas que podem aparecer. Para o rol do que é preciso fazer cada dia, conta com 4 estafetas contratados e mais quatro colegas com quem divide a sala, no edifício sede da ANA. Neste momento dois estão de férias e por isso os afazeres são mais. O dia no Expediente começa cedo, no balcão dos CTT de Cabo Ruivo, em Lisboa, com uma visita ao Apartado 8131. Quando os estafetas regressam com o correio é preciso separá-lo e distribuí-lo porque aqui chega a correspondência do Aeroporto de Lisboa e de todas as direcções e secções da empresa. Num dia de maior movimento o correio que entra pode chegar às centenas, enquanto o que sai nunca é inferior
a 100. Claro que há alturas em que estes números quase duplicam, como quando há convites, publicidade ou em épocas especiais. “No Natal chegamos a meter na rua mais de 400 cartas”, conta. A correspondência registada merece um tratamento especial e todos os dias Nuno gasta cerca de 40 minutos a anotar num livrinho de capa azul, “o livro de protocolo”, todas as cartas registadas que chegam ou partem. Uma tarefa que cumpre religiosamente porque no caso de extravio é ao Expediente que vêm pedir satisfações. Quanto à facturação, é digitalizada e guardada num armário, mediante uma organização numérica sequencial que tem por base o GDF (o programa de facturação da empresa). Durante o tempo que ali trabalha já teve que embalar e despachar encomendas das mais variadas formas e feitios mas aquela de que melhor se lembra, seja pela dimensão ou pelo destino, foi o mobiliário e material de escritório que acondicionaram e enviaram para Angola num C-130 da Força Aérea Portuguesa. Nuno veio para a ANA há 12 anos, como estafeta, e desde então tem ocupado outras funções. Já há uns anos que deixou as motas – agora só conduz mesmo a sua Vespa 150 Sprint Veloce de 1975, que usa para ir para a ANA nos dias em que tem aulas depois do trabalho – mas tem a sua dose de histórias e peripécias sobre duas rodas. Por saber como pode ser difícil a vida nas estradas congestionadas de Lisboa nunca pede impossíveis aos colegas estafetas, até porque os aceleras agora enfrentam um maior controlo: “Agora há mais radares, mais polícia...” A polivalência é uma característica da função mas também um atributo que Nuno tem explorado ao longo dos seus 33 anos. Com a inconstância própria dos jovens, aos 16 anos deixou a escola e foi trabalhar na distribuição do extinto jornal “A Capital”. Depois descobriu uma vocação, fez um curso profissional de cabeleireiro e durante uns tempos dedicou-se a esculpir cabelos em vários salões de Lisboa e arredores. Foi já na ANA que decidiu voltar a estudar. Completou o secundário e licenciou-se em Antropologia no ISCTE. Apesar de não exercer, gostava de o fazer e interessa-se pelas técnicas de pesquisa e de recolha de informação, como já teve oportunidade de confirmar quando adoptou a história de vida de um amigo africano como tema para um trabalho. Agora está a fazer o mestrado em Sociologia e Planeamento e no futuro ainda não sabe bem o que irá fazer. Parar é que não. Fora do trabalho continua a movimentar o corpo, de preferência ao ritmo dos desportos radicais de que é adepto, como o BTT ou o kitesurf.
A facturação da empresa é também tratada no Expediente.
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_partidas
A iluminação que a Philips produz hoje em dia pouco tem a ver com a primeira lâmpada que a fábrica criou, em 1891, em Eindhoven.
LUZ, DESPORTO E DESIGN
EINDHOVEN Tal como a tecnologia, a luz e o desporto, o design faz parte do DNA de Eindhoven. Este é o tema preferido da cidade, como bem provam a variedade de museus, instituições, galerias e eventos que decorrem ao longo de todo o ano.
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ntre os dias 17 e 25 de Outubro cerca de 1500 designers de várias partes do mundo rumam a Eindhoven, na Holanda, para exibirem o seu trabalho. Durante a Semana do Design Holandês há palestras, workshops, espectáculos, cursos e exposições em mais de 50 locais espalhados pela cidade onde o assunto é um só: o design. O evento, que já vai na 8ª edição, é a maior plataforma de design contemporâneo do país e um dos mais importantes na Europa. Entre os participantes contamse tanto nomes consagrados como novos talentos e os trabalhos apresentados dividem-se pelas áreas de design de produto, têxtil e moda, gráfico, espacial e concepção e gestão de tendências. Durante toda a semana haverá também muito que fazer à noite. Alguns artistas foram convidados para transformar temporariamente diversos locais como restaurantes, bares e discotecas. Assim, durante estes 9 dias, Eindhoven terá ainda mais “restaurantes design”, “bares-conceito” e até uma “discoteca swinging”.
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_partidas Há muito que o design faz parte do carácter de Eindhoven. A sua internacionalmente reconhecida Academia de Design foi fundada em 1947 e oferece cursos bastante prestigiados entre especialistas de Milão, Paris e Turim. Há poucos anos, dentro da Academia, nasceu o Designhuis, um local que pretende ser uma plataforma internacional de design e criar condições para a emergência e reconhecimento de novos talentos. Vidro contemporâneo e a bicicleta holandesa foram os temas de duas das mais recentes exposições. Ao longo de todo o ano, nas numerosas galerias há sempre novidades para ver. No centro de exposições De Overslag podem apreciar-se projectos de arte; no De Fabriek os jovens criadores têm espaço e oportunidade para criar; o TAC (Temporary Art Centre) é simultaneamente o local de trabalho de uma grande variedade de artistas e um centro cultural com concertos e teatro; o MU, no De Witte Dame, foca a arte relacionada com a arquitectura, a música, o design, a moda, a cultura urbana e os novos media. Em Eindhoven encontra-se ainda o Van Abbemuseum, um museu de arte moderna e contemporânea cuja colecção inclui obras de Picasso, Chagall, Kandinsky, El Lissitzky, Theo van Doesburg, Mondriaan e Appel. Para um pouco de história basta, mesmo no centro, na Emmasingel, visitar o local onde, em 1891, Gerard Philips produziu a primeira lâmpada incandescente. Um tour pela antiga fábrica da Philips permite experimentar a atmosfera do século XIX e ver como eram feitas as lâmpadas naquela altura. No mesmo local fica o Centrum Kunstlicht in de Kunst (Centro da Luz Artificial na Arte) que exibe mais de 600 trabalhos, entre pinturas e esculturas, onde o tema central é a luz artificial. Até ao final deste ano decorrem ainda outros eventos dignos de nota como o Flux-S ou o GLOW LichtFestival, que entre 6 e 15 de Novembro transforma o centro da cidade combinando luz com arte e design. Será também em Novembro que a cidade saberá se vai ser a Capital Mundial do Design 2012. Das 47 cidades candidatas já só restam na corrida Eindhoven e Helsínquia. Eindhoven é sem dúvida a cidade mais interessante no sul da Holanda. Com um centro animado, muitas lojas, bares, esplanadas convidativas e uma vida nocturna que não é a de Amesterdão mas também tem o seu interesse, oferece o essencial para uns dias diferentes. Às sextas e sábados os bares estão abertos até às 4 horas da manhã e nos restantes dias até às 2. A 11 de Outubro acontece a Maratona da Cidade, uma das mais rápidas do mundo, que com 17 mil participantes e 160 mil visitantes se transforma num dos maiores eventos da cidade. Em simultâneo decorre o Festival dos Corredores, com mais de 50 atracções musicais ao longo do percurso da corrida e que transforma a maratona numa mega-festa. Outro dos orgulhos da cidade é o PSV Eindhoven, melhor
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A bicicleta holandesa foi o tema de uma exposição no Designhuis. Aqui, um exemplar do design holandês sobre rodas. O centro de tecnologia fundado pela Philips e onde hoje operam dezenas de empresas de novas tecnologias.
O Glow LichtFestival transforma o centro da cidade com luz, arte e design.
Eindhoven cresceu de um pequeno vilarejo para a quinta maior cidade da Holanda, com cerca de 200 mil habitantes. Grande parte do seu crescimento deveu-se à Philips e à DAF, e actualmente é um importante centro tecnológico.
A Semana do Design Holandês atrai a Eindhoven milhares de designers de todo o mundo.
dizendo, o Philips Sport Verening Eindhoven, fundado em 1913 por um grupo de operários da fábrica para comemorar o centésimo aniversário da independência da Holanda. À primeira vista uma cidade jovem e moderna, Eindhoven é na realidade uma das mais antigas da Holanda. A sua história remonta a 1232, quando o Duque de Brabante, Hendrik I, outorgou direitos de cidade a Eindhoven, então um pequeno povoado na confluência dos rios Dommel e Gender. Eindhoven cresceu de um pequeno vilarejo para a quinta maior cidade da Holanda, com cerca de 200 mil habitantes em 2001. Grande parte do seu crescimento deveu-se à Philips e à fábrica de automóveis DAF e actualmente é também um importante centro tecnológico.
O Evoluon com o seu design futurista, foi construído em 1966. Já foi um museu da ciência e agora é um centro de congressos.
A colecção do Van Abbemuseum inclui obras de Picasso, Chagall e Kandinsky.
COMO IR A Ryanair começou a voar entre o Porto e Eindhoven a 4 de Setembro. O Aeroporto de Eindhoven está situado a cerca de 7 quilómetros da cidade e existem ligações de autocarro (nº401) a cada 10 minutos e de comboio (Linha 145) a cada meia hora, nos dias de semana, e de hora a hora, à noite e aos Domingos.
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© Fernando Guerra.
_lifestyle
O PRIMEIRO CAFÉ
DA CIDADE
O nome não podia vir mais a propósito. O First Cafe é, de facto, o primeiro café que os passageiros encontram à chegada a Lisboa.
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a sala de recolha de bagagem o First Cafe lança o convite “Don’t wait, have a break” a todos os que chegam cansados de viagem. Tendo em conta que este é o primeiro espaço comercial que os passageiros encontram à chegada ao Aeroporto de Lisboa, Luís Lee, o proprietário, quis criar um espaço que retratasse “o Portugal moderno”. Para isso, utilizaram-se as cores nacionais, o verde, vermelho e amarelo da bandeira, que receberam tons mais contemporâneos. Estão também retratados alguns símbolos nacionais, como o galo de Barcelos, os bordados de Viana e a filigrana, estilizados e transformados em elementos decorativos. Para não criar barreiras entre o produto e o consumidor, foi privilegiado o self-service, com prateleiras e ilhas recheadas de deliciosos produtos, existindo também serviço de
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balcão. O espaço é aberto para que os clientes se movimentem livremente com o carrinho de bagagem e com as malas. A inovação é uma característica do First Cafe. Tendo em mente que nem ponderamos afastar-nos do tapete de bagagem enquanto esperamos a nossa mala, dois carrinhos com produtos vão passando entre os passageiros. “O café e a fruta fresca têm tido muito sucesso”, conta Luís Lee. Há também refeições prontas a levar, assim como pão fresco e outros produtos de conveniência. Neste espaço podemos ainda carregar o telemóvel ou o portátil, há uma área de lazer para crianças e podemos actualizar-nos com os jornais nacionais e internacionais. O projecto de arquitectura esteve a cargo do gabinete Pereira Miguel Arquitectos, enquanto o design gráfico é da autoria da Prata Design. O First Cafe está aberto 24 horas.
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_lifestyle
_lifestyle NOVAS MARCAS EM FARO
LOJAS MAIS BONITAS Depois da recente ampliação dos espaços comerciais do Aeroporto do Porto, que veio diversificar a oferta e dar melhores condições aos lojistas, as novas lojas trouxeram ainda mais sofisticação e glamour ao espaço.
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otalmente remodelada e com nova localização, a Lune Bleu é a solução para quem procura complementos especiais. É o colar que cai mesmo bem no vestido azul, o relógio desportivo que fazia falta, a mala castanha que combina com as novas sandálias, o
com a remodelação. Camisolas e calções, cachecóis, bolas e muitos outros artigos dos clubes de futebol, nacionais e estrangeiros, continuam a fazer as delícias dos adeptos do desporto-rei e são sempre uma boa solução para um presente de última hora.
A marca de lingerie La Senza abriu no Aeroporto de Faro a sua primeira loja em Portugal. Tamb é m no v i d a d e s ão o s a c e s s ó r io s co lo r i d o s d a Acessorize e as roupas cheias de estilo da Billabong.
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cessórios para todos Desde que há 25 anos abriu a primeira loja na Covent Garden Piazza, em Londres, a Acessorize tem crescido como um verdadeiro fenómeno de vendas, contando já com 500 lojas em 50 países. Agora chegou também ao Aeroporto de Faro e de Lisboa, com o seu mundo encantado de brincos, colares, pulseiras, malas, missangas, plumas e tudo o que faz desta loja o paraíso dos acessórios. Deliciosamente feminino, colorido e a preços simpáticos. Delicado ou ousado A famosa marca de lingerie La Senza escolheu o Aeroporto de Faro para abrir o seu primeiro espaço em Portugal. Um local privilegiado para encontrar uma prenda especial entre a variedade de peças que caracterizam a oferta. Na loja La Senza pode também encontrar roupa para dormir e para a praia. Do L ao XXL, na La Senza há tamanhos para todas as mulheres.
anel de “brilhantes” que dá o toque final ao visual. As colecções de homem, senhora e criança não desapontam os mais vaidosos, oferecendo todo um leque de mimos que ajudam a tornar a sua aparência mais bonita e alegre. Também com uma nova localização, a I Santi vai a partir de Setembro direccionar a sua oferta para o segmento Travel & Business. Além dos produtos com a qualidade a que a marca de Milão já nos habituou, haverá outras marcas de prestígio à venda como Samsonite, Tumi, Delsey, Rimowa, Buggaty e Traveller. A Football Corner é outra das lojas que ganhou
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Na Lune Bleu encontram-se acessórios para senhora, homem e criança.
A I Santi voltou a sua oferta para o segmento Travel & Business.
Além de uma localização mais central, as novas lojas estão também mais próximas dos passageiros, mais atractivas e mais transparentes devido às fachadas de vidro. Mas as novidades não ficam por aqui. Já abriu também um novo restaurante que, na realidade oferece três conceitos distintos – o Be Ligth, o Douro e o Quiosque de Sabores – e muitas outras são esperadas nos próximos meses.
Para espíritos livres Mais conotada com os desportos de prancha, como o surf, o skate e o snowboard, a Billabong é na realidade uma marca voltada para jovens dinâmicos, que têm nos desportos de acção o seu “lifestyle”. Diz a marca que o seu público alvo são os jovens “bem sucedidos, que dominam as novas tecnologias, informados, curiosos, atentos às novidades, com expectativas e exigências apuradas, de pensamento livre e apaixonados pelo seu estilo de vida”. Se cabe nesta descrição, não deixe de espreitar o novo espaço no Aeroporto de Faro.
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_lifestyle FASHION WORLD EM LISBOA
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Fashion Gate, no Aeroporto de Lisboa, oferece um mundo de marcas de prestígio, como Fly London, Diesel, Nike, Melissa e Pepe Jeans, entre outros nomes sonantes da moda internacional. O vestuário é a principal aposta, mas também há calçado e acessórios, como malas, bonés e relógios. Para um look sofisticado, procure na loja uma peça especial ou leve consigo um presente exclusivo de última hora.
SMOKING LOUNGE EM FARO
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Aeroporto de Faro tem agora um espaço para fumadores, localizado na área restrita das Partidas, no piso 1. No mesmo local os passageiros que vão embarcar podem desfrutar de um serviço de cafetaria, com zona de sofás, mesas altas e o conforto necessário para um momento de pausa antes da viagem.
TMN EM SANTA MARIA
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naugurada em Agosto, a loja TMN no Aeroporto de Santa Maria veio preencher uma lacuna que existia na oferta comercial do aeroporto. Telemóveis, acessórios e internet são o essencial dos produtos disponibilizados em mais esta loja da operadora móvel preferida dos portugueses. Fundada em Março de 1991, a TMN faz parte do grupo Portugal Telecom e conta hoje com mais de 5,7 milhões de clientes.
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MUNDO COLORIDO
É sabido que as cores têm uma ligação directa no desenvolvimento e bem-estar das crianças. As cores ajudam a aprender e a sonhar. Por isso, seleccionámos nos nossos aeroportos, alguns objectos que vão tornar o mundo dos seus filhos ainda mais colorido.
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Sapatos Burberry €125,00 Lanterna sapo €6,90 Nicoletta Piscis Saquette €21,95 Porta-moedas Angel €7,90 I’m Here fragrância €15,95 Relógios €13,90 My DVD-Compact €159,90 Calculadora macaco €5,90
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Boneca Sipecusa €20,60 Loiça Kid Set €29,90 Marcadores €4,50 Robots Hexbug Caranguejo €28,70 Barata €20,00 Aranha €38,00
Camisola Hello Kitty €20,30 Pólo Burberry €57,00 Ténis Burberry €100,50 Produtos à venda na Imaginarium (Aeroporto de Lisboa), Lune Bleu (Aeroporto de Lisboa e Porto), Divers (Aeroporto de Lisboa), Acessorize (Aeroporto de Lisboa e Faro) e Loja Multimarca (Aeroporto de Lisboa).
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A A Magazine agradece a colaboração das seguintes pessoas e entidades na elaboração desta edição:
_aldeia global
António Gonçalves Henriques Agência Portuguesa de Ambiente Cristina Matos Silva ExperimentaDesign Guta Moura Guedes ExperimentaDesign Hanneke van Duijnhoven Semana do Design Holandês Luís Lee First Cafe Rita Morgado ExperimentaDesign
Expansão do Aeroporto de Frankfurt aprovada
Aeroporto da Cidade do México dá o Exemplo
Bagagem subterrânea em Heathrow
Aeroporto de Helsínquia está maior
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esde a abertura do Terminal 2, em Dezembro de 2007, que o Aeroporto Internacional da Cidade do México tem entre os seus colaboradores 62 pessoas com mobilidade reduzida. A trabalhar nas áreas de segurança, serviços aeroportuários e na orientação aos passageiros, cumprem um horário diário de 5 horas e recebem um salário de 7 mil pesos (cerca de 380 euros). A iniciativa faz parte das orientações do governo mexicano, que lançou uma série de medidas em prol da integração das pessoas com deficiência. A instalação de rampas em 26 mil escolas, a disponibilização de empréstimos para adaptação das casas, a colocação de intérpretes de linguagem gestual nos hospitais e a acessibilidade de 90% dos edifícios governamentais até 2012, são algumas das medidas. Infelizmente o exemplo do aeroporto não é ainda a regra no resto do país onde, no sector público, apenas 0,4% dos trabalhadores são pessoas com deficiência.
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Tribunal Administrativo de Hessen, na Alemanha, aprovou o plano de expansão do Aeroporto de Frankfurt, que conta com um orçamento de 4 mil milhões de euros. O plano prevê a construção de uma quarta pista que deverá estar pronta no Inverno de 2011 e irá permitir 120 movimentos de aviões por hora, de um novo terminal com 75 estacionamentos, e de um centro de carga e manutenção. Obras que vão permitir ao aeroporto gerir 25 milhões de passageiros. O tribunal, que recebeu mais de 200 queixas contra a expansão do aeroporto, relacionadas sobretudo com o ruído e com a anunciada desflorestação da área, resolveu manter as restrições quanto aos voos nocturnos.
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Aeroporto de Heathrow terminou recentemente a escavação de um túnel que liga os vários terminais e se destina a acolher um inovador sistema de processamento de bagagem. Com uma extensão de 2 quilómetros, o túnel começou por ligar os terminais 5 e 3 ao mais recente Terminal 2, ligando-se depois a um túnel de bagagem que já existia, entre os terminais 1 e 4. Está desta forma criada uma ligação nova e imprescindível para o sistema integrado de bagagem, o maior do mundo, que a BAA pretende instalar ainda antes dos Jogos Olímpicos de 2012. A equipa responsável pelo projecto, da qual fizeram parte vários especialistas em escavações, terminou a empreitada dentro do prazo e sem necessidade de interromper o funcionamento do aeroporto.
Aeroporto Internacional de HelsínquiaVantaa, na Finlândia, já abriu a nova extensão do Terminal que vai servir as ligações de longo curso e de destinos não Schengen. A primeira fase do projecto, que conta com um investimento de 150 milhões de euros, consiste em novas áreas de espera, maiores e mais confortáveis, em novos portões de embarque, e num novo centro de handling de bagagem. Para 15 de Setembro está prevista a inauguração de novas lojas e de um espaço de restauração, e a 11 de Dezembro é inaugurada a última fase do projecto, que inclui o Via Lounge e o Via Spa. Até ao final deste ano, o terminal do aeroporto, cujo maior utilizador é a companhia aérea finlandesa Finnair, poderá processar entre 15 a 16 milhões de passageiros por ano e 13,5 milhões de bagagens.
ANA Ana Rita Xavier Centro de Serviços Partilhados António Nunes Centro de Serviços Partilhados ARTUR Arnedo ANA Consulting Esmeralda Ferreira Direcção de Retalho Francisco Pita Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Faro Ingrid Lourenço Direcção de Estratégia e Marketing Aeroportuário Iolanda Campelo Direcção de Retalho João Santa Marta Divisão de Saúde Ocupacional José Luís Alves Director dos Aeroportos dos Açores Judite Calado Centro de Serviços Partilhados Luís Castanho ANA Consulting Nuno Carvalho Expediente Lisboa Nuno Costa Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Lisboa Nuno Brilha Direcção de Projectos Especiais Paula Lucas Direcção de Serviços Técnicos Pedro Bettencourt Aeroporto de Faro Rui Veres Administrador Teresa Salvador Divisão de Saúde Ocupacional Vítor Rocha Assessor Aeroportuário da Aeropuertos del Perú Vítor Rodrigues Direcção de Retalho
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_passageiro frequente
EM TRÂNSITO
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iajo muito, normalmente estadias curtas, mas com passagens por muitos aeroportos. Por trabalhar no design e dirigir a bienal ExperimentaDesign, não consigo deixar de estar constantemente a analisar como um aeroporto funciona. Se a sua sinalética é boa, o espaço e o equipamento, as cores, como trabalharam a luz, se os cheiros dos restaurantes passam para as zonas de descanso, todos os detalhes me chamam a atenção. É extraordinário como é tão difícil fazer um aeroporto funcionar bem e ser um espaço agradável, que não nos perturba enquanto estamos em trânsito, antes acrescenta algo à nossa viagem, e como é tão fácil fazer maus aeroportos. Uma coisa de que sempre gostei e que até há pouco tempo era algo recorrente era uma certa irregularidade entre o design dos vários aeroportos. Não me esqueço nunca do aeroporto do Nepal, onde aterrei em 1988, todo em madeira e com um sistema de segurança absolutamente indescritível, depois de ter vindo do grande “hub” que é o aeroporto de Frankfurt, para citar dois casos extremos. O facto é que agora os aeroportos cada vez se assemelham mais e é fácil não sabermos bem onde estamos, principalmente se não sairmos lá de dentro. Histórias em aeroportos tenho muitas, umas mais divertidas, outras menos, como quando vim no último voo que saiu de Paris no dia 11 de Setembro de 2001. Mas há uma que me faz sempre sorrir, que revela bem um lado meu mais distraído e a importância da identidade e da personalidade dos espaços. É frequente marcar reuniões de trabalho em aeroportos, quando estou em trânsito ou para aproveitar melhor o tempo de espera. Numa dessas reuniões – que nunca aconteceu – marquei por email uma sessão de trabalho com um designer francês no aeroporto. Aterrámos à mesma hora, vindos de destinos distintos e, para não gastarmos muito
em roaming, trocámos sms, ambos dando indicações de onde nos encontrávamos dentro do aeroporto. Durante algum tempo fomos enviando por texto pontos de referência visuais idênticos, dirigindo-nos até a esses locais para nos encontrarmos. Mas nunca mais nos víamos. “Há um Mac atrás?”. “Sim. E a parede ao pé do MB é verde”. “Exacto. É aí que eu estou”. “Eu também”. “Onde?”. “Mesmo ao pé de um placard com infos sobre as partidas”. “Tem uma coluna às riscas”. “Sim. E ao lado uns sofás verdes.” “Exactamente. E um bar de caviar no meio”. “Isso mesmo. Onde estás??”. “Aí”. Mas o facto é que não nos conseguíamos encontrar... A dada altura ligou-me, claro. Ele estava em Schiphol, na Holanda, e eu no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha. É verdade que no dia e na hora combinados, estávamos ambos num aeroporto. Nunca nenhum de nós imaginaria era que nos levaria tanto tempo a descobrir que eram aeroportos distintos.
Guta Moura Guedes
Directora da ExperimentaDesign
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