A Magazine #8

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22 Inovação A certificação que faltava 34 Partidas À descoberta da Escócia

mAgAzIne

Nº08 JANEIRO 2010

Aeroportos: muito mais do que chegar e partir

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editorial OLHAR PARA FORA

A

globalização, a crescente competitividade, as novas redes logísticas, entre outros, têm levado os aeroportos a transformar-se em autênticos pólos de atracção. Esta nova realidade gerou novos desafios, principalmente na gestão de negócios que não faziam parte da nossa actividade central: retalho, parques de estacionamento, publicidade, rent-a-car, imobiliário. Estes negócios obrigaram-nos a olhar para fora: enfocar em novos segmentos de clientes, em novas parcerias e a alterar as regras de actuação. Como resultado, em 2008, estas actividades já representaram 35% do nosso volume de negócios e 47% do lucro operacional. No retalho, passou-se a considerar novos segmentos, como os meeters & greeters ou a população envolvente. Era fundamental um novo olhar sobre as áreas comerciais e que incorporasse a dinâmica dos vários negócios. Para tal, estamos a desenvolver o projecto “Voo 555” – 5 conceitos, em 5 aeroportos, em 5 anos – que visa preparar os nossos aeroportos para os novos desafios, criando espaços cada vez mais atraentes, com base em ideias como o “Sense of Place” ou o “Retailtainment”. Nos parques de estacionamento, o maior incremento também proveio de um alargar de horizontes, pois passámos a responder a públicos-alvo e necessidades cada vez mais diferenciados. O futuro poderá passar pela internacionalização, permitindo economias de escala e a criação de novos serviços. O negócio imobiliário limitava-se, até recentemente, a escritórios, armazéns e estações de serviço. Um novo quadro legal abriu a porta a conceitos que permitem não só rentabilizar activos, como enriquecer a proposta de valor dos aeroportos. Neste momento estamos a desenvolver hotéis nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, e estão em estudo plataformas logísticas e retail parks.

A gestão destes negócios tem-nos obrigado a olhar para fora: servir novos clientes, criar parcerias e novas regras de actuação. Estes desafios deram origem a um know-how que hoje extravasa o sector aeroportuário, permitindo à ANA desenvolver parcerias com outros operadores de infra-estruturas de forma a potenciar conjuntamente estes negócios, como é o caso do projecto a decorrer com a Metro do Porto. Olhar para fora, pensar “fora da caixa”, exige uma nova cultura mas também um grande enfoque no que cria valor. Na ANA, é o que temos vindo a pôr em prática.

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José Heitor da Fonseca Conselho de Administração da ANA

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_sumário editorial 03

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em foco

A crescente especialização em negócios não-aviação coloca os aeroportos perante novos desafios e um mundo de possibilidades. chegadas 14

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28 Ana Gutierrez,

sem medo do alvo

entrevidas

Começou pelo mar, formou-se em Transportes e veio parar aos aeroportos. Responsável pelo marketing aeroportuário do Aeroporto de Faro há 6 anos, Francisco Pita diz que seria difícil estar a fazer uma coisa na qual se sentisse mais realizado.

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inovação

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Dias frios, dias de festa

14 Salvar

as aves do mar

Antes do final do ano a ANA vai ter o seu sistema de gestão da inovação certificado. Um passo importante para métodos e produtos mais inovadores no âmbito da gestão aeroportuária.

FICHA TÉCN IC A

insights 24

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PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - Portugal Tel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 amagazine@ana.pt DIRECÇÃO: Octávia Carrilho PROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas LX Factory - Rua Rodrigues Faria; 103 1300-501 Lisboa Tel 217 249 292 hamlet@hamlet.com.pt www.hamlet.com.pt REDACÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme Kopke DESIGN: André Remédios FOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas LX Factory - Rua Rodrigues Faria; 103 1300-501 Lisboa Tel 217 249 292 IMPRESSÃO: Madeira & Madeira Rua Cidade de Santarém, Quinta do Mocho Zona Industrial - 2000-831 Santarém PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 5 000 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 273250/08 ISSN: 1646-9097

ambientes 28 follow me 30

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partidas

As três principais cidades da Escócia guardam segredos à espera de serem desvendados. Um roteiro por Edimburgo, Glasgow e Aberdeen. lifestyle 38 aldeia global 48 passageiro frequente 50

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REDEFINIR OS AEROPORTOS Um pouco por todo o mundo, os aeroportos deixaram de ser apenas locais de passagem e na busca de fontes alternativas de receitas passaram a focar-se em novos negócios. A ANA acompanhou a tendência e tem vindo a transformar os seus aeroportos em pólos dinâmicos e atractivos para novos operadores. Ultimamente tem também conseguido externalizar o know-how adquirido para outras infra-estruturas, como por exemplo o Metro.

_em foco TRÊS AEROPORTOS, TRÊS HOTÉIS

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assados dois anos sobre a alteração da lei que agora permite aos privados estabelecerem-se nos terrenos dos aeroportos por períodos de 50 anos – antes o prazo era de apenas 20, o que dificultava a captação de investidores – o director da Direcção de Imobiliário começa a ver recompensado o seu esforço. Pedro Beja Neves passou os últimos 2 anos desdobrando-se em contactos, exposições e feiras para promover os aeroportos como oportunidade de investimento e atrair parceiros e investidores.

Não interessava qualquer investimento, mas sim actividades que favorecessem o negócio aeroportuário que é afinal o “core business” da empresa. Hoje estão assinadas licenças para a construção não de um, nem dois, mas de três hotéis. O do Porto, concessionado ao Grupo Coperfil, está agora em fase de apreciação pela Câmara Municipal da Maia; em Lisboa a concessão foi ganha pelo Grupo Hotti Hotéis; e em Faro o projecto de arquitectura, a cargo do Grupo FTP, está em fase de acabamento para ser entregue na Câmara Municipal. Uma prova, diz Beja Neves, de que os aeroportos começam a ser vistos como pólos de desenvolvimento e espaços geradores de riqueza e de oportunidades. O que é tanto mais significativo por ocorrer num cenário de quase estagnação da economia. Consolidado o projecto de hotelaria, a próxima batalha de Beja Neves são as plataformas logísticas: a do Aeroporto do Porto e a dos Açores. Beja Neves estima que em dois anos as parcerias para a construção e exploração das plataformas estejam concluídas. “Essa é a grande meta para os próximos anos, sem considerar ainda o Novo Aeroporto de Lisboa porque esse constituirá por si um desafio de outra dimensão”. Outro projecto que esta direcção já persegue desde 2001 é a constituição de um fundo imobiliário, ou vários, com vocação predominante para a gestão de activos situados dentro do perímetro dos aeroportos nacionais. “Com os hotéis que já estão licenciados e com a futura plataforma logística temos já uma base de trabalho que poderá servir de embrião para a criação deste fundo, que seria pioneiro em Portugal”, refere Beja Neves. Hotel no Aeroporto de Lisboa: visibilidade garantida.

Nova zona comercial após a remodelação da sala de embarque do Aeroporto de Lisboa.

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s negócios localizados em infra-estruturas de transportes, como os aeroportos, têm motores de crescimento diferentes dos geridos noutro contexto, como num centro comercial, por exemplo. Os segmentos de clientes, os fluxos de movimentação, o tipo de operadores, o modelo económico e as estratégias de comunicação são outros e exigem competências específicas. Além disto, os aeroportos são estruturas em constante crescimento, onde o perfil de clientes ou passageiros se altera com muita rapidez. É por isso fundamental que os negócios comerciais dos aeroportos estejam sempre na linha da frente das tendências dos diferentes sectores. A mudança de paradigma em que os aeroportos deixaram de ser meras estruturas para o tráfego aéreo para se tornarem centros aglutinadores de negócios deveu-se à procura de

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novas fontes de rendimento, em função da queda das margens das receitas aviação. Uma queda provocada pela crescente competição entre aeroportos e pela pressão sobre as taxas aeroportuárias exercida pelas companhias low cost, e ainda agravada pela crise financeira e pela descida do número de passageiros. Estes factores obrigaram os aeroportos a reforçar a aposta em áreas onde tradicionalmente não operavam. A ANA tem seguido a mesma estratégia de muitas das suas congéneres e nos últimos 10 anos desenvolveu um forte know-how na gestão de negócios não-aviação nos seus aeroportos: retalho, imobiliário, parques de estacionamento, publicidade e rent-acar. No ano passado estas actividades já representaram 35% do volume de negócios e 47% do lucro operacional da empresa.

O HOTEL DO AEROPORTO DE LISBOA “Apesar dos prazos previstos para o encerramento do Aeroporto de Lisboa, a localização do hotel junto ao Terminal 1 significa uma oportunidade única em termos de visibilidade quer para o hotel quer para a marca que ostentará. A integração desta área na malha urbana da cidade e a localização junto à A1 e à Ponte Vasco da Gama traduzem-se numa forte mais-valia no mercado hoteleiro de Lisboa, mesmo para os segmentos de mercado que não têm relação com o aeroporto. O actual momento de retracção do mercado hoteleiro tende a inverter-se num prazo não muito distante. Considerando que a qualidade da localização é inquestionável, principalmente para um conjunto de segmentos de mercado com os quais estamos muito habituados a trabalhar (mercado ibérico, tripulações, segmento médio-alto de negócios, mercado passante

na A1 / 2ª Circular), as nossas expectativas são bastante elevadas, motivo pelo qual, ao posicionar-nos para esta operação, tomámos a decisão de apresentar uma proposta imbatível. A proximidade com o aeroporto implica clientes com necessidades muito diferenciadas, em termos de qualidade, rapidez de serviço, horários de funcionamento e de serviços complementares ao alojamento. A unidade vai ser vocacionada para clientes de 4*, 4* superior e VIP, com áreas do lobby/lounge/ cafetaria de dimensão ajustável, com serviços de restauração/ cafetaria 24 horas por dia, health club, office center e centro de conferências com capacidade para até 300 pessoas”. Miguel Caldeira Proença, Administrador da Hotti Hotéis

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_em foco

UM MEIO PUBLICITÁRIO POR EXCELÊNCIA

PARQUES DE ESTACIONAMENTO: PRONTOS PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO

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á 6 anos que a Direcção de Projectos Especiais criou em parceria com a Emparque um modelo de gestão para os parques de estacionamento dos aeroportos nacionais. Foi feita uma adaptação da capacidade à procura e aos vários segmentos de clientela, e desenvolvidos serviços de valor acrescentado, como a Via Verde, o ValetXpress, o EcoParking, as reservas on-line e mesmo os eventos especiais. Em resultado desta parceria, as receitas do estacionamento automóvel nos aeroportos cresceram entre 2003 e 2008 a uma taxa média anual de 11,3%. O modelo de gestão adoptado exigiu uma forte participação directa da ANA no planeamento e na gestão diária da actividade. A Direcção de Projectos Especiais desenvolveu também conhecimentos na gestão do segmento dos trabalhadores do aeroporto, na definição da política de preços e de Planos Directores de estacionamento automóvel, no desenvolvimento de novas infra-estruturas e na beneficiação e reformulação de parques já existentes. Esse envolvimento constante possibilitou, segundo Carlos Gutierres, director da Direcção de Projectos Especiais, “um elevado know-how com potencial para aplicação e rentabilização em espaços aeroportuários internacionais”. Nesse sentido tem-se analisado a oportunidade de estabelecer parcerias em projectos internacionais de gestão do estacionamento automóvel, por vezes incluindo também o rent-a-car. As regiões ponderadas são a Europa, o Médio Oriente, África e América do Sul. Para Carlos Gutierres, “a crescente tendência internacional de privatização de aeroportos representa uma oportunidade de negócio para as empresas com algum grau de especialização no sector”. No quadro global dos negócios aeroportuários, as actividades estacionamento automóvel e rent-a-car representam perto de 10% dos proveitos da entidade gestora, parcela por si só relevante para constituir uma linha autónoma no projecto de internacionalização, defende Carlos Gutierres.

equipamentos rotativos no interior e exterior dos aeroportos – e mais tarde com novas tecnologias como objectos volumétricos, decorações especiais de grande formato em locais premium, soluções bluetooth, internet e digitais, a ANA reforça a confiança na JCDecaux Airport. Respeitando sempre as regras de segurança e o passageiro, a JCDecaux continua sistematicamente a inovar com o que de melhor se faz nos 165 aeroportos do mundo onde opera. Este meio é sem dúvida um dos mais activos e dinâmicos no mercado publicitário, pela própria actividade aeroportuária que é um motor de desenvolvimento económico, e pelo meio em si, propício a soluções inovadoras e criativas. Antonieta Marques, Directora Geral da JCDecaux Airport

No estacionamento, o futuro pode estar na internacionalização.

UM ESTACIONAMENTO DIFERENTE “O estacionamento em aeroportos tem-se tornado uma disciplina própria na área do estacionamento, tanto pela diversidade das operações como pela capacidade de responder às exigências de um consumidor cada vez mais informado. Alguns dos nossos concorrentes europeus têm hoje departamentos especializados nesta actividade. Importa ter uma oferta diversificada, para o cliente de curta duração (partidas e chegadas), para o passageiro de negócios (1 a 3 dias), para a estadia mais longa (1 ou 2 semanas) e também para um significativo número de trabalhadores das companhias aéreas e do aeroporto. A gestão do espaço existente, que é obviamente limitado, obriga a uma atenção permanente de forma a evitar rupturas de capacidade. Desde o inicio que a Emparque e a ANA têm olhado a operação estacionamento mais como uma parceria do que um negócio. Isto tem-se manifestado num processo contínuo de optimização do serviço prestado aos utentes dos aeroportos, quer pela introdução constante de melhorias nos parques, quer pela criação de novos produtos mais adequados à procura. A renovação dos parques, do equipamento de controlo, a instalação da Via Verde, o sistema de leitor de matrículas, o serviço ValetXpress, as reservas através do site, são exemplos de um trabalho contínuo no sentido de dotar os aeroportos de um serviço de qualidade a nível europeu”. António Cidade Moura, Administrador da Emparque

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A JCDecaux Airport tem acompanhado a evolução dos aeroportos nacionais, que têm tido um dinamismo constante ao longo deste últimos anos. Desde 1993 que reequipar os aeroportos portugueses tem sido um desafio gratificante onde pudemos sempre contar com a colaboração da ANA, desde a fase inicial do projecto, quando são avaliados os locais e as soluções a implementar, até ao envolvimento directo da empresa no desenvolvimento da actividade publicitária. Desde 2001 que reforçámos significativamente os investimentos com equipamentos modernos, alguns de arquitectos de renome internacional, como é o caso de Norman Foster. Soluções à medida, completamente inovadoras, foram implementadas e continuam ainda hoje actuais: patrocínio do Terminal 2, mão Samsung, parede Martini, tapete Digital Nissan e Barclays, parede Sogrape, Canon com simulador de campo de futebol, e tantas outras soluções que trouxeram reconhecimento às marcas e valorizaram o aeroporto. Ao proporcionar a abertura a novos espaços e novas soluções tecnológicas – logo em 2001 com os

Aeroporto ou shopping center? Vista 3D do projecto do futuro Aeroporto de Faro.

VOO 555, O NOVO PARADIGMA DO RETALHO

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cinco é o número à volta do qual tudo está a girar nos espaços comerciais dos aeroportos da ANA. A Direcção de Retalho resumiu a sua estratégia de curto prazo à volta do conceito “Voo 555”: cinco conceitos-chave, cinco aeroportos e cinco anos. Os aeroportos são Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada e Funchal. E os conceitos-chave a aplicar durante os próximos cinco anos são os que Luís Rodolfo, director da Direcção de Retalho, descreve como o ADN do

retalho: plano estratégico, segmentação, comunicação, flexibilidade e confiança. O Plano Estratégico do retalho da ANA ficou pronto em 2006. Daí resultou a identificação de áreas críticas onde era necessário agir, uma das quais foi a redefinição do layout dos espaços. A existência de uma área central, à volta da qual estão dispostas as lojas, restaurantes e outros serviços complementares, foi considerada uma prioridade.

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A Flexibilidade é outra caracteristica que os espaços de retalho devem ter, de modo a proporcionarem uma oferta para todos os seus públicos-alvo. Enquanto os passageiros frequentes são “nómadas globais” cuja atenção é muito difícil de captar, as novas gerações estão ávidas de novidades e dispostas a experimentar coisas novas. O desafio é: como assegurar variedade, novidade e diferenciação com recursos limitados? A resposta pode passar pelo “retailtainment”, uma utilização do espaço do retalho como palco para actividades de entretenimento que despoletem sensações emocionais. Por exemplo, no Aeroporto do Porto, até ao final do ano, estão agendados concertos de piano, guitarra, saxofone e contrabaixo. Clássicos como Beethhoven, Chopin ou Bach vão ecoar na praça de embarque, contribuindo para um ambiente descontraído. O desafio é: Outras respostas são a aposta na inovação, como assegurar experimentação e o “easy variedade, novidade shopping”, como os serviços e diferenciação com de pré-encomendas online recursos limitados? A e o “levante no regresso”, resposta pode passar já disponíveis nas lojas Just pelo “retailtainment”. for Travellers em Lisboa. A Confiança é o quinto componente do ADN do retalho da ANA. Neste aspecto a gestão do cliente é a forma apontada para construir uma relação saudável e proveitosa com os parceiros, sobretudo os concessionários. Para fomentar essa colaboração a DRET utiliza ferramentas como uma plataforma de CRM, um portal dedicado aos clientes e workshops que ocorrem duas vezes por ano.

Metro do Porto: uma parceria inovadora Há cerca de dois anos a ANA decidiu avaliar se o know-how desenvolvido na gestão dos negócios não-aviação poderia ser externalizado para outros operadores de infra-estruturas, nacionais ou internacionais. Concluiu-se que o conhecimento interno sobre os vários negócios permitia criar uma proposta de valor atractiva para outras empresas, sendo que o primeiro resultado foi um protocolo com a Metro do Porto para o desenvolvimento dos seus negócios não-transporte. Foi constituída uma equipa de trabalho mista para acompanhar o projecto, tendo a ANA contribuído com o conhecimento a nível de segmentação, de optimização de fluxos e layouts, de modelos de negócio, de rentabilização de activos e do acesso facilitado a concessionários de referência. A equipa da Metro do Porto aportou o seu conhecimento da infra-estrutura e promoveu a adaptação dos conceitos à sua realidade, quer operacional, quer de tipologia de clientes. No futuro esta parceria poderá mesmo evoluir para uma empresa, com as vantagens que isso representa para as duas partes: uma maior rentabilização dos recursos e know-how, redução de custos com a gestão dos negócios e aumento do poder negocial junto de potenciais concessionários. Além desta parceria, a ANA tem também vindo a analisar novas oportunidades, dentro do mesmo âmbito, no projecto de Alta Velocidade e no sector portuário.

_em foco

© Fotografias Metro do Porto – FG+SG

No que respeita à Segmentação dos passageiros, o plano passa por ir mais além dos métodos tradicionais psicográficos (idade, classe social, poder de compra, país), introduzindo novas dimensões tais como estilos de vida, a “condição” do passageiro no aeroporto (sozinho, em grupo, em família, em negócios, em lazer, etc.) a sua atitude (comportamento mais racional ou emocional), bem como o tempo que tem disponível e que continua a ser o principal constrangimento para utilizar a oferta de serviços dos aeroportos. Para responder às diversas motivações que levam o passageiro a comprar no aeroporto é necessário ter uma oferta diferenciadora, desde marcas exclusivas, perfumaria e cosmética a preços competitivos, para aqueles que planeiam fazer as suas compras no aeroporto, até aos conceitos “grab & go” e de fast food, para os passageiros apressados. Para os compradores por impulso, há que promover a sensação de singularidade, o elemento surpresa, ter ofertas únicas, fazer uma interacção directa com o passageiro e despertar os seus sentidos. Em relação à Comunicação, outro aspecto apontado como fundamental no ADN do retalho, existe uma equipa de marketing dedicada, que trabalha directamente com os concessionários tendo em vista a maximização dos lucros: promoções, abertura de lojas, produção de uma revista comercial, elaboração de estudos de perfil dos passageiros e dos consumidores. A equipa também desenvolve projectos directamente com outros stakeholders como agências de turismo, hotéis e agentes de viagens.

Metro do Porto: expectativa de receitas com know-how da ANA.

“As razões que motivaram a adesão da Metro do Porto a este projecto vão para além da expectativa de valorização dos seus activos e da obtenção de receitas adicionais, representando a aposta no recentrar das suas preocupações no Cliente e na sua satisfação global. Ao proporcionar a oferta adicional de produtos e serviços aos passageiros, esperamos contribuir para a melhoria das condições de conforto e percepção de segurança nas estações, acrescentando valor às deslocações dos 5 milhões de pessoas que mensalmente usam o metro.” Gorete Rato, Administradora Executiva, Metro do Porto SA

Nuance: há 15 anos nos aeroportos portugueses “A Nuance acredita na famosa ‘trindade’ do retalho aeroportuário, onde os retalhistas, as marcas e o aeroporto trabalham em conjunto para o consumidor e para assegurar o crescimento do negócio para todas as partes. O operador do aeroporto tem um papel fundamental porque planeia e gere não apenas toda a infra-estrutura mas também a oferta comercial. O layout dos espaços comerciais, a gestão dos fluxos de passagem, a qualidade dos serviços oferecidos e o tempo de permanência podem fazer toda a diferença na propensão do passageiro para comprar. Não esqueçamos que viajar é geralmente uma experiência stressante e um aeroporto bem organizado pode trazer muitas vantagens também em termos das vendas do retalho. A Nuance está em Portugal desde 1995 através das Lojas Francas de Portugal, uma joint-venture com a TAP. Nos últimos 10 anos assistimos a um notável desenvolvimento nas áreas comerciais dos aeroportos onde operamos. A ANA percebeu sempre a importância de ter o ‘state of the art’ no que respeita

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às infra-estruras aeroportuárias, que são um dos factores de suporte do crescimento turístico. Os projectos actualmente em curso em Lisboa e no Porto ilustram bem o dinamismo e a consistência do desenvolvimento empreendido pela ANA nos últimos tempos. O retalho aeroportuário em Portugal é hoje um dos mais inovadores e bem sucedidos na Europa. Ao trabalhar em proximidade com a ANA pudemos desenvolver e propor novos conceitos de retalho, feitos à medida para o mercado português e que implantámos nos maiores aeroportos com a marca Just for Travellers. Estes conceitos têm ido ao encontro tanto das expectativas dos clientes como da autoridade aeroportuária e correspondem aos standards internacionais do retalho. Hoje as nossas operações em Portugal, através das 17 lojas em seis aeroportos, representam mais de 15% das nossas operações na Europa em termos de vendas”. Roberto Graziani, Presidente e CEO do Grupo Nuance

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_em foco OS MODELOS DE NEGÓCIOS DOS AEROPORTOS

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principal transformação dos modelos de negócio dos aeroportos corresponde à passagem da gestão operacional de uma simples infra-estrutura de mobilidade para a gestão estratégica de uma plataforma competitiva, mais ou menos complexa, de actividades e serviços. As tendências de evolução do transporte aéreo e do modelo de negócio dos aeroportos configuram mudanças qualitativas muito relevantes onde se destacam elementos como a cooperação reforçada entre operadores de transporte e gestores de infra-estruturas e serviços, a segmentação complexa no seio das companhias de aviação e dos aeroportos, o “redesenho” da cadeia de valor da mobilidade aérea e um crescimento desigual num quadro de concorrência fortemente acrescida. As principais linhas de evolução dos aeroportos internacionais reflectem, numa era de aprofundamento da globalização das sociedades, das economias e dos mercados, de que eles próprios são também protagonistas, o desenvolvimento de mecanismos integrados e complexos de acessibilidade rápida e competitiva – mobilidade, conexão, contacto e interactividade (“networking”) – envolvendo pessoas, bens e serviços, e modelos de vida, consumo e negócio. Os aeroportos evoluíram, neste quadro, para alavancas relevantes das actividades empresariais e do desenvolvimento económico à escala local, regional, nacional e internacional, como uma espécie de externalidade positiva transversal ou serviço intermédio com fortes efeitos de arrastamento sobre o crescimento da produtividade, a redução dos custos, o acesso a competências técnicas e o alargamento das oportunidades de mercado de todas as outras actividades económicas, efeitos tanto mais positivos quanto maior é a eficiência do aeroporto e mais vasta a respectiva área de influência. Os grandes aeroportos internacionais, sem deixarem de garantir serviços de interesse geral sujeitos a regulação pública, têm vindo a transformar-se em complexas estruturas empresariais, perseguindo objectivos económicos e financeiros a curto, médio e longo prazo, que exigem modelos de gestão muito eficientes no plano operacional e, em especial, instrumentos de planeamento e desenvolvimento de ciclos de vida longos de investimento sustentado, suportados por adequados modelos financeiros e orientações estratégicas. O modelo emergente, dotado de uma maior e mais sustentável base competitiva para o desenvolvimento dos aeroportos internacionais, em pólos regionais e urbanos dotados de suficiente massa crítica dimensional e desenvolvimento

económico e empresarial, é configurado pela referência básica das “cidades aeroportuárias”, isto é, de cidades empresariais densas em serviços muito diversificados às empresas e aos consumidores e de pólos singulares de aglomeração e combinação de múltiplas actividades, desde as muito fortemente articuladas com o transporte aéreo até às pouco ou nada relacionadas. Os aeroportos, no quadro desta evolução dos modelos de negócio, convertem-se também em complexos de actividades baseados crescentemente em “negócios não-aviação” (com pesos cada vez maiores nas receitas das infra-estruturas aeroportuárias), incluindo actividades relacionadas com a gestão de parques empresariais, zonas de actividades logísticas e centros de distribuição, nós relevantes de redes de transportes terrestres mais vastas com diversos tipos de intermodalidade (em especial com os novos serviços ferroviários urbanos e interurbanos), centros de negócios e pólos hoteleiros, zonas de escritórios, parques de ciência e tecnologia e parques imobiliários. Em suma, em novos pólos urbanos de desenvolvimento com capacidade para influenciar, quer a configuração espacial das grandes aglomerações urbanas, quer a especialização económica das economias regionais em que se inserem.

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_chegadas

SALVAR AS AVES DO MAR

© Fotografia _Pedro Geraldes

© Fotografia _Rui M. Pimentel

São várias as aves marinhas ameçadas de extinção no arquipélago dos Açores. Um projecto de conservação levado a cabo na ilha do Corvo e no Ilhéu de Vila Franca do Campo quer salvaguardar estas espécies e impulsionar o turismo ecológico num dos principais santuários naturais do Oceâno Atlântico.

O cagarro é a ave marinha mais abundante nos Açores. A espécie nidifica também nos arquipélagos da Madeira, Canárias e Berlengas.

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rulho, estapagado, angelito, painho de do Ambiente e do Mar e a Royal Society for monteiro e a alma-negra. Estes são os the Protection of Birds, do Reino Unido, lançou sugestivos nomes de espécies de aves a iniciativa “Life - Ilhas Santuário para as Aves cada vez mais raras nas ilhas dos Açores. Da Marinhas”. O objectivo é sobretudo um: família do mais célebre e abundante cagarro, estudar a eliminação completa de espécies estas são aves de menor porte que vivem exóticas que ameaçam um dos principais confinadas a pequenos ilhéus e só existem paraísos de aves do Atlântico Norte. numa ou duas das nove ilhas do Esta é uma das maiores intervenções arquipélago. Antes da colonização humana, realiz adas na Europa numa il ha as ilhas e ilhéus dos Açores eram habitada em favor de esp é cies em ocupadas por milhões de aves risco. marinhas que as escolhiam para fazer os ninhos todos os anos. Nos últimos O coordenador do projecto, Pedro Geraldes, 500 anos, as colónias diminuíram radicalmente explica que o principal problema é a predação em resultado da introdução de espécies de aves jovens por espécies introduzidas, predadoras e de plantas invasoras. como ratos, gatos e murganhos. Outro Para tentar inverter esta tendência, a problema é a invasão de vegetação exótica Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves que forma manchas densas e dificulta a (SPEA), em parceria com a Secretaria Regional nidificação.

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O projecto Life - Ilhas Santuário para as Aves Marinhas decorre até 2013 na ilha do Corvo e no ilhéu de Vila Franca do Campo (foto), em S. Miguel.

Na prática, o projecto vai decorrer na ilha do Corvo, escolhida pela sua dimensão e pelas características naturais, e no Ilhéu de Vila Franca do Campo, em frente à ilha de São Miguel. “Nos Açores, o estapagado apenas nidifica no Corvo e nas Flores e o Corvo é ainda o local onde existe a maior população de cagarros do arquipélago. Sendo ainda por cima Reserva da Biosfera e fazendo parte da Rede Natura 2000, reunia as condições para que o projecto se localizasse aqui”, explica o especialista em aves marinhas. Quanto ao Ilhéu de Vila Franca do Campo, a escolha deveu-se à acessibilidade e aos graves problemas com invasão de vegetação exótica. “A sua proximidade a São Miguel e a elevada visibilidade pública permitem que funcione como uma ‘montra’ das acções do projecto e que sejam testados aqui métodos para aplicação no Corvo e futuramente noutros locais”.

O projecto começou no início deste ano e vai decorrer até 2013. Os primeiros resultados indicam que durante a fase de incubação (que dura 60 dias) quase 90% dos ovos consegue eclodir, mas logo a seguir assiste-se a uma elevada mortalidade, causada pelos predadores que já provocaram o desaparecimento de mais de 40% das aves jovens nos ninhos monitorizados.

“O Corvo tem vindo a afirmar-se como um destino de ‘birdwatching’, sobretudo nas épocas de migração, e atrai observadores de aves de toda a Europa principalmente nos meses de Setembro a Novembro”. 13 15


_chegadas

© Fotografia _Pedro Geraldes

SERVIR MELHOR O PASSAGEIRO

01_Angelito Oceanodroma Castro 02_Alma Negra Bulweria bulwerii 03_Cagarro Calonectris Diomedea Borealis 04_Estapagado Puffinus Puffinus 05_Frulho Puffinus Assimilis Baroli

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Uma cria de angelito. Mais de 40% das aves jovens morrem ainda no ninho em consequência da acção dos predadores.

A próxima acção do projecto será a instalação de uma área piloto de erradicação de espécies exóticas, vedada, onde se espera que as colónias de aves marinhas se instalem sem serem perturbadas. Esta é uma das maiores intervenções realizadas na Europa numa ilha habitada, no caso do Corvo, em favor de espécies em risco. “Se nada se fizer a tendência é para o desaparecimento gradual e até uma eventual extinção. Como são aves que vivem várias dezenas de anos e apenas têm uma cria por ano, a mortalidade de crias faz com que a população diminua ao longo de vários anos sem haver um

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decréscimo brusco. Pela mesma razão, esta estratégia reprodutora faz com que as recuperações de populações sejam muito demoradas e se façam ao longo de vários anos”, refere Pedro Geraldes. Além da preservação das espécies, o projecto quer também impulsionar o turismo ambiental e ornitológico, um nicho de valor turístico que pode ser explorado por grupos específicos. “O Corvo tem vindo a afirmar-se como um destino de ‘birdwatching’, sobretudo nas épocas de migração, e atrai observadores de aves de toda a Europa principalmente nos meses de Setembro a Novembro”, sustenta o investigador.

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© G. Cabaça - ImagDOP

Vista sobre a Vila do Corvo. É a primeira vez que um projecto com esta abrangência decorre numa ilha habitada.

Há mais de um ano no terreno, a iniciativa que juntou a ANA, a TAP, o SEF e a Groundforce para servir melhor o passageiro no Aeroporto de Lisboa já chegou também a Ponta Delgada. Tal como em Lisboa, o objectivo é agilizar processos e facilitar a vida dos passageiros no aeroporto.

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o fim de apenas três meses, a iniciativa Acção Integrada de Melhoria de Serviço (AIMS), que uniu os esforços da ANA, da TAP, da Groundforce e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no Aeroporto de Lisboa para melhorar a prestação do serviço aos passageiros, já apresentava resultados animadores. A transportadora aérea – que então se debatia com problemas graves de operação – reduziu os tempos de espera no check-in, melhorou a pontualidade nas partidas e reduziu significativamente os tempos de entrega das bagagens assim como o número de malas “left behind”. Em Lisboa, o AIMS vai já no segundo ano. Os bons resultados alcançados com a dedicação das entidades envolvidas fez com que se chamasse para o grupo também a Alfândega e a Comissão de Operadores de Linhas Aéreas que, como explica João Nunes, sub-director do Aeroporto de Lisboa, representa todas as companhias que operam no aeroporto. O sucesso obtido com o AIMS ditou a sua “exportação” para o Aeroporto de Ponta Delgada que, apesar de ter problemas bem menos complexos do que os verificados na capital, “tem características semelhantes ao Aeroporto de Lisboa, sobretudo na relação de interdependência com o seu maior operador, a SATA”, nota o Chefe de Divisão de Planeamento, Gestão e Controlo da Direcção dos Aeroportos dos Açores. Alberto Mota Borges explica que ao levar o AIMS para os Açores pretende-se, primeiro, “identificar alguns problemas de funcionamento nas operações do aeroporto, nas suas infra-estruturas e no apoio aos passageiros” e depois pôr em prática medidas que minimizem esses problemas, tal como se fez em Lisboa.

Os resultados não aparecem de um dia para o outro. É preciso formar grupos de trabalho, fazer reuniões, “brainstormings” e, sobretudo, comunicar muito e transversalmente. A comunicação, aliás, foi apontada como uma das principais chaves do êxito alcançado em Lisboa. Mais uma vez o projecto vai envolver as entidades com uma influência mais directa no atendimento aos passageiros: nesta caso a ANA, a SATA, o SEF e a Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo. Por ter uma dimensão menor relativamente a Lisboa, a interacção é mais fácil. Para já, no terreno avançaram acções que visam a melhoria dos fluxos no check-in e os reencaminhamentos na plataforma. Outro aspecto considerado para avançar desde já com o projecto neste aeroporto é, diz Alberto Mota Borges, “a possibilidade de o colocar como um aeroporto ‘Best in Class’ num contexto europeu. Alguns dos resultados já são visiveis. No segundo trimestre deste ano fomos considerados pelo ACI o melhor aeroporto da classe em cinco itens”. José Luís Alves, director do Aeroporto de Ponta Delgada, reforça que a busca por melhores desempenhos é uma constante. “Este projecto tem por base a experiência dos profissionais das diferentes áreas. Do cruzamento dos seus saberes e do seu conhecimento específico surgem novas ideias para a melhoria da prestação de serviço”. Entretanto, mais de 50 colaboradores das entidades que integram a iniciativa em Lisboa participaram, em Outubro, no 2º Encontro do Projecto AIMS, uma oportunidade para confraternizar e, nota João Nunes, “fortalecer o espírito de equipa. Deste encontro trouxemos também alguns desafios e objectivos para serem desenvolvidos e implementados pelos diversos grupos de trabalho”.

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_entrevidas

FASCINADO POR AEROPORTOS É incapaz de dizer não a um projecto. Dinamizou em Faro a área de marketing aeroportuário, desenvolveu o apoio a passageiros e paralelamente faz um monte de outras coisas. A meio do caminho Francisco Pita descobriu que é fascinado por aeroportos e apaixonado pelo seu trabalho.

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inha tantas afinidades com o Sul do país como a maior parte dos lisboetas: era o local onde habitualmente passava as férias de Verão e pouco mais. Isso não impediu Francisco Pita de aceitar o desafio que lhe lançaram na ANA de ir para o Algarve dinamizar no Aeroporto de Faro a área de marketing e de apoio a passageiros. Um desafio profissional e pessoal de que, seis anos depois, não se arrepende. Antes pelo contrário. Em Faro encontrou uma qualidade de vida que dificilmente teria em Lisboa, especialmente para quem tem filhos pequenos, como é o seu caso. Quanto ao trabalho, não se vê a fazer outra coisa. A missão era o desenvolvimento de uma área de marketing aeroportuário. Partia com um ano de atraso em relação aos outros aeroportos, numa altura em que na empresa se ganhava consciência de que a concorrência no mercado aeroportuário aumentava a cada dia. Depois de ter trabalhado como analista de transportes – onde se ocupava de estudos e previsões de tráfego – e de, já na ANA, ter estado três dedicado à análise de projectos de internacionalização, Francisco Pita considerou que, apesar de não trazer o marketing no currículo, estava apto para a missão. Até porque o marketing aeroportuário é tão específico que pouco tem a ver com o marketing do grande consumo, por exemplo. “A componente principal é o desenvolvimento de rotas aéreas e isso é trabalho de planeamento de transportes puro e duro”, sustenta. Quando se fala de marketing no âmbito dos aeroportos, fala-se da análise da oferta e da procura, da avaliação do potencial da abertura de novas rotas ou do reforço das que já existem, do acompanhamento das tendências de mercado e de propostas às companhias aéreas. Francisco Pita nem é, aliás, grande adepto do termo “marketing aeroportuário” e prefere a designação “desenvolvimento do negócio aeroportuário” ou o anglosaxónico “route development”. Como tudo o que arranca do zero, foi preciso criar ferramentas para o trabalho. Eram necessárias metodologias de análise de rotas e formas de apresentar às companhias as oportunidades de negócio. Assim nasceu o Dynamic Route Development, um portal na internet, exclusivo para as companhias, onde encontram toda a informação necessária para a criação de novas rotas, para o Algarve ou qualquer outra região do país. Outro projecto importante foi o Customer Relationship Management (CRM), um programa que agrega toda a informação sobre as transportadoras. “Em termos de companhias aéreas, temos menos clientes do que uma mercearia de bairro. Não precisamos de um CRM porque temos muitos clientes. O nosso problema é diferente: temos poucos clientes mas muita informação e muito dispersa sobre eles”, explica.

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_entrevidas Por outro lado foi-se sentindo a necessidade de sistemas Também aqui se verificou uma reviravolta, com de incentivos para apoiar as companhias aéreas no os colaboradores que antes estavam sentados atrás arranque de novas ligações ou no aumento de frequências. de balcão agora a circular na aerogare, presentes “Era preciso trazer os parceiros do turismo para dentro nos sítios onde seriam mais necessários e dando do barco, porque uma rota serve os objectivos de informações no local, com um papel activo no serviço crescimento de um aeroporto mas serve essencialmente ao passageiro. “Temos agora um apoio mais dinâmico a região e as entidades turísticas aos passageiros. Houve um da região”. Criou-se primeiro um “A componente principal compromisso grande por sistema regional de apoio a novas parte dos colaboradores com é o desenvolvimento rotas, em colaboração com a Região as mudanças propostas e com de rotas aéreas e isso é de Turismo do Algarve e com tudo o que isso envolveu”. parceiros privados, mas o seu valor trabalho de planeamento de Neste processo, descobriu acabou por ser reconhecido a nível transportes puro e duro”. uma veia que não sabia que nacional e deu origem ao Initiative. tinha, que é o gosto para gerir pt. “Este projecto foca-se muito no envolvimento de pessoas, neste momento um total de 30, divididas todos os parceiros e é um projecto importantíssimo na por diversas áreas. perspectiva do desenvolvimento de rotas”. É neste âmbito, do apoio ao passageiro, que se inclui Todos estes são projectos e iniciativas que, de uma o projecto ANA Way, mais um pelo qual Francisco Pita forma ou de outra, nasceram no Aeroporto de Faro e tem dado a cara. O objectivo é enveredar por uma depois acabaram por se expandir aos outros aeroportos. estratégia de serviços ao passageiro onde a ANA esteja “Desde logo as pessoas perceberam que, sendo nós mais presente e seja reconhecida por isso, ao contrário uma rede de aeroportos, tínhamos de trabalhar de uma do que tem acontecido até aqui: até agora a empresa forma coordenada”. Francisco Pita considera que essa tem-se limitado ao papel de gestora aeroportuária, coordenação auto-imposta pelas pessoas que trabalham nas áreas de marketing dos aeroportos tem sido a chave Uma das vantagens de viver no Algarve é poder praticar do sucesso da actividade na ANA que, diz, “está na windsurf num cenário muito especial, a Ria Formosa. primeira linha do que se faz na Europa”. Quando chegou a Faro, Francisco Pita descobriu que o seu Envolvido em vários projectos em simultâneo, foi com elemento natural são os aeroportos. determinação que encarou outro: trazer a região de Huelva para dentro da área de influência do Aeroporto de Faro. Situada entre os aeroportos de Sevilha e de Faro, com a vantagem de a área de desenvolvimento turístico estar ligeiramente mais próxima de Faro, a região de Huelva tornou-se um destino apetecível para o aeroporto português. “Foi necessário um trabalho de quase diplomacia com os nossos vizinhos de Huelva. Foi interessante estabelecer contactos com alguém que era visto como concorrente do Algarve e começar a trabalhar com eles de forma sistemática como já trabalhávamos com a Associação de Turismo do Algarve”, conta, reconhecendo que nem sempre foi fácil porque, apesar de tudo, as fronteiras estão ainda muito presentes na cabeça das pessoas. Outra área que o tem ocupado é o apoio ao passageiro. O Aeroporto de Faro segue um modelo de organização diferente do adoptado no marketing dos outros aeroportos. Decidiu-se incluir numa mesma área o relacionamento com as companhias e o apoio aos passageiros, que antes era um serviço muito institucional e voltado para as relações públicas.

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Para o todo-o-terreno prefere a região do Baixo Guadiana, onde há locais bons para se aventurar fora da estrada.

deixando que outras entidades se ocupem do relacionamento com os passageiros. Dos estudos realizados por uma consultora inglesa especializada em “service design”, surgiu uma proposta para o que deverá ser o serviço da ANA. “Tudo o que fizermos deve ser em torno da ideia da ‘preparação para a viagem’. Não vale a pena pensar noutras coisas porque elas não serão reconhecidas pelo passageiro”, explica Francisco Pita. Os chamados serviços básicos (informação, segurança e limpeza), a introdução de “pods” (termo inglês para compartimento de protecção ou contentor) – módulos de diferentes formatos colocados no terminal onde se disponibiliza informação e que funcionam como um espaço ANA –, estruturas de apoio a quem viaja com bebés e crianças, como fraldários, áreas de alimentação, parques infantis, são algumas das oportunidades de serviço identificadas e que deverão avançar primeiro. Outras ideias são os serviços Travel Together, vocacionados para quem viaja em grupo; o My Airport, uma aplicação tecnológica, e ainda serviços Premium, associados ao GreenWay. “Em termos globais trata-se de pegar numa série de serviços, alguns dos quais até já existem, e dar-lhe coerência de forma a que sejam imediatamente identificados com a ANA”, explica Francisco Pita. Faz questão de destacar a importância das pessoas com quem tem trabalhado ao longo destes anos. “Acredito, acima de tudo, no trabalho de equipa e tenho tido o privilégio de trabalhar com boas equipas, o que está na base dos bons resultados”. Fora da empresa e dos mil projectos em que está envolvido, ainda encontra tempo e vontade para dar formação sempre que é solicitado, algo que lhe dá imenso gosto. Deu aulas no Instituto Superior de Transportes, fá-lo ainda no curso de pós-graduação em transporte aéreo, leccionado pelo Instituto Superior de Educação e Ciências em conjunto com a ANA, e sempre que lhe pedem faz seminários para os alunos do curso de turismo da Universidade do Algarve. Depois de tudo isto, o tempo que resta para usufruir da qualidade de vida que o Algarve lhe oferece não é muito. Ainda assim não abre mão dos passeios de barco em família e do windsurf na Ria Formosa. Quando há mais tempo aventura-se fora de estrada, “um todo-oterreno ligeirinho”, para os lados do Baixo Guadiana onde, diz, há sítios fantásticos para andar de jeep. Formado Oficial da Marinha Mercante pela Escola Náutica Infante D. Henrique, uma opção de família, Francisco Pita descobriu depois que o gosto pelo mar não era maior do que o gosto pela área da logística e dos transportes. Licenciou-se em Transportes e depois obteve o mestrado pelo Instituto Superior Técnico. Entrou para a ANA e depois de três anos a trabalhar na sede, chegou finalmente ao terreno. “Já tinha o bichinho do transporte aéreo, mas quando aterrei em Faro dei comigo completamente apaixonado pelo trabalho que faço. Sou fascinado por aeroportos, seria difícil estar a fazer uma coisa com a qual me sentisse mais realizado”.

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_inovação CERTIFICAR A NOSSA INOVAÇÃO A ANA vai estar entre as empresas portuguesas que antes do fim do ano vão ter o seu Sistema de Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação certificado.

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ano de 2010 vai marcar uma nova fase da inovação na ANA, com o Sistema de Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação (SGIDI) certificado no âmbito da iniciativa Desenvolvimento Sustentado da Inovação Empresarial (DSIE) promovida pela COTEC e que abrangeu cerca de 100 empresas portuguesas. Na auditoria de concessão realizada pela APCER foi detectada apenas uma “oportunidade de melhoria”, o que, segundo Luís Castanho, da ANA Consulting, “coloca a empresa em muito boas condições de ver reconhecido e certificado o seu esforço de implementar um sistema de gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI)”, o que deverá acontecer ainda antes do final do ano. Esta certificação será o culminar de um processo iniciado em 2007 pela COTEC com o lançamento do DSIE para, através de uma série de projectos, criar uma referência nacional para uma gestão organizada da inovação empresarial. Chamou-se à atenção das empresas que para haver essa gestão precisavam de criar condições organizacionais particulares, relacionadas com a estratégia, a cultura, os processos, os recursos e o relacionamento com o exterior. E que estas condições deveriam ser promovidas de forma sistemática e contínua. Isabel Oliveira, da ANA Consulting e responsável pelo Gabinete de Inovação e Projectos Tecnológicos Especiais, explicou que o “objectivo desta certificação é comprovar que, através do cumprimento dos requisitos da NP 4457, a ANA assegura também o cumprimento

INOVAR SEGUNDO A NORMA Dentro do quadro normativo aplicável à gestão da IDI que surgiu como resultado da iniciativa DSIE está a NP 4457. Esta norma especifica os requisitos de um sistema de gestão de IDI para permitir que uma empresa desenvolva e implemente uma política que aumente a sua eficácia neste campo. A norma estimula a avaliação dos resultados (económicos ou outros), a melhoria continua e assegura a sua aplicação a qualquer tipo de inovação, seja de produtos (bens e serviços), de processos, organizacional ou de marketing. A NP 4457 garante também a coerência com sistemas de gestão eventualmente já implementados de acordo com a ISO 9001.

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da sua política de IDI, optimiza os seus processos de gestão da IDI e possui e aplica uma metodologia de inovação orientada para a criação de novos negócios ou processos que potenciem a criação de valor para a empresa”. Dessa iniciativa resultaram ferramentas importantes: o modelo referencial do processo de inovação empresarial, a identificação e sistematização das actividades de IDI e respectiva cadeia de valor, as normas portuguesas de certificação da gestão da IDI e o questionário de Innovation Scoring, uma ferramenta gratuita online de auto-diagnóstico da capacidade de inovação das empresas. Neste momento decorre a chamada Fase II – que teve início em 2008 e vai até ao final de 2010 – cujo objectivo é o reforço das capacidades de gestão de IDI de um número cada vez maior de empresas que operam em Portugal. Pretende-se, até Dezembro de 2010, aplicar as ferramentas referidas nas mais de 160 empresas, associadas da COTEC ou da Rede PME Inovação, e a outras 500 empresas nacionais.

A POLÍTICA DE INOVAÇÃO DA ANA Na sequência da implementação e da certificação de um SGIDI, a ANA decidiu reformular a sua política de inovação, na qual se compromete a “desenvolver métodos e produtos inovadores no âmbito da gestão aeroportuária valorizando o conhecimento decorrente da eficaz gestão das interfaces da empresa com a sua envolvente e da criatividade dos seus colaboradores com o objectivo de reforçar a sus competitividade e sustentabilidade”. O SGIDI da ANA é composto por três processos base, integrados entre si e com o sistema de gestão da empresa: Gerir Interfaces IDI, Ideias IDI e Programas e Projectos IDI. Brevemente será integrado também o processo Avaliar Capacidades de Inovação, que assenta no modelo de autoavaliação Innovation Scoring. Desta forma cria-se um método para a ANA conhecer a opinião dos seus colaboradores e dos gestores relativamente às condições e capacidades existentes para realizar actividades de IDI. É também uma boa forma de avaliar os resultados alcançados por essas actividades e melhorar a eficácia do sistema de gestão da IDI.

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_insights

_insights

ANA COM MÉRITO TURÍSTICO

CONTRA A CORRUPÇÃO

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ANA foi distinguida pela Secretaria de Estado do Turismo com a Medalha de Mérito Turístico de 1º grau (ouro) “pelo importante contributo para a ligação de Portugal ao mundo e para o desenvolvimento económico, social e cultural das regiões onde opera”. As Medalhas de Mérito Turístico do Turismo de Portugal são entregues todos os anos pelo governo português no Dia Mundial do Turismo, assinalado a 27 de Setembro. Este ano, as comemorações oficiais decorreram na região do Porto e Norte de Portugal. Os outros distinguidos na mesma categoria foram o Museu de Arte Sacra do Funchal, a Liga Portuguesa de Futebol, o Jardim Zoológico de Lisboa, João Borges (o ex-director regional do Turismo da Madeira foi distinguido a título póstumo), o Centro de Formação Profissional do Sector Alimentar, a Casa da Música, a Associação Turismo Espaço Rural - Casas Açorianas, Mary Ann Popoff ( presidente da Association of Travel Organizers to Portugal, do Reino Unido) e a Ambitur, revista especializada em turismo. Outras 10 pessoas e entidades foram distinguidas com a medalha de prata.

ANA foi uma das 27 empresas e associações portuguesas que aderiram à Iniciativa de Parceria Contra a Corrupção (PACI) e subscreveram uma carta dirigida ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, para “encorajar os investimentos e a competição empresarial numa base ética”. Além da ANA, o Banif, a Somague, a REN, a APIFARMA e os Laboratórios Bial, entre outros, foram signatários desta carta. A Carta contra a Corrupção surgiu da iniciativa de um conjunto de 24 multinacionais, como a IKEA, a General Electric e a Novartis, que em Maio passado enviaram um documento a Ban Ki Moon pedindo medidas conta a corrupção. Em Portugal a dinamizadora do movimento foi a Associação Portuguesa de Ética Empresarial. De notar que no último estudo da Transparency International, Portugal desceu de 28º para 32º lugar, entre 180, no ranking dos países menos corruptos.

APOIO COMUNITÁRIO PARA OS AEROPORTOS DE FARO E PONTA DELGADA

Aeroporto de Ponta Delgada

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A ANA recebeu a aprovação de um subsídio comunitário de 6,016 milhões de euros para o Plano de Desenvolvimento do Aeroporto de Faro, um valor que será utilizado na primeira fase do Plano, orçamentada em cerca de 30 milhões de euros. O subsídio foi conseguido através de uma candidatura apresentada à linha de apoio à recuperação económica europeia, recentemente criada pela União Europeia. Das 39 candidaturas apresentadas 12 eram do sector aeroportuário, sendo a do Plano de Desenvolvimento do Aeroporto de Faro uma das quatro vencedoras.

Aeroporto de Faro

No início de 2009 a ANA já tinha conseguido um outro apoio comunitário, no valor de 2,160 milhões de euros, para as obras de ampliação, remodelação e requalificação do Aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada. Juntamente com o empréstimo de 72 milhões de euros obtido do Banco Europeu de Investimentos, a ANA assegura assim o financiamento de dois projectos importantes. Em ambos os casos são projectos com impactos significativos no aumento de capacidade, na qualidade de serviço prestado, no aumento da segurança e na diminuição de impactes ambientais decorrente da diminuição dos tempos de manobra das aeronaves.

A SUSTENTABILIDADE COMPENSA

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A criação de emprego, a melhoria do nível de vida das famílias, a redução de custos e a abertura de novas oportunidades de negócio são as principais vantagens de uma política de sustentabilidade aplicada nas empresas. A conferência “Desenvolvimento Sustentável e Criação de Valor”, organizada pela ANA e pelo CEEP Portugal, que decorreu em Novembro no Aeroporto de Lisboa, funcionou como uma troca de experiências e uma oportunidade de reflexão sobre o estado da arte da sustentabilidade em Portugal, nas vertentes económica, social e ambiental.

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Durante o encontro foram apresentados três casos de boas práticas na área da sustentabilidade no nosso país. O presidente do conselho de administração da Carris, José Manuel Silva Rodrigues, falou da experiência da empresa de transportes; a estratégia de sustentabilidade dos CTT foi abordada pelo seu vice-presidente, Pedro Coelho; e Pedro Pais da EDP, explicou porque é que a eléctrica portuguesa é um exemplo a seguir nesta matéria. A partir das boas práticas de empresas de diversos sectores de actividade mostrou-se que a sustentabilidade, para lá da sua importância para a própria sobrevivência do Homem, também pode contribuir para criar valor, tanto para as empresas como para toda a sociedade.

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_insights ANA TEM ESTACIONAMENTO CARBONOZERO O programa voluntário de compensação das emissões de CO 2 geradas nos parques de estacionamento da ANA já valeu à empresa o estatuto de Estacionamento CarbonoZero. UmA prova de que o EcoParking veio para ficar .

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As 216 toneladas de CO2 foram compensadas através do programa de compensação de emissões na área florestal CarbonoZero da Tapada Militar de Mafra.

s parques de estacionamento da ANA receberam o estatuto de Estacionamento CarbonoZero pela compensação das emissões de gases com efeito de estufa geradas nos parques dos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro no ano de 2007. As 216 toneladas de CO2 foram compensadas através do programa de compensação de emissões na área florestal CarbonoZero da Tapada Militar de Mafra. No âmbito do projecto EcoParking, a consultora E.Value calculou o valor das emissões com base em dados disponibilizados pela ANA. A compensação das emissões geradas é feita através da aquisição de créditos de sequestro de carbono provenientes da área florestal CarbonoZero, integrada na Tapada Militar de Mafra. A CarbonoZero é uma marca registada da E.Value e é um mecanismo através do qual os cidadãos e as empresas podem, voluntariamente, quantificar as suas emissões de gases com efeito de estufa e proceder à respectiva compensação. O projecto florestal da Tapada Militar de Mafra consiste na reflorestação de uma área ardida em 2003. Pelas suas características de biodiversidade, a Tapada tem uma importante função de conservação e têm vindo a ser desenvolvidas actividades de sensibilização ambiental junto da comunidade, através da visita de escolas, colectividades e da sociedade em geral. Na Tapada de Mafra está prevista a plantação de pinheiro bravo, pinheiro manso e de exemplares de carvalho português. As florestas CarbonoZero (existem outras na Peneda-Gerês, na Companhia das Lezírias e em duas herdades na região de Palmela) são seleccionadas de acordo com critérios rigorosos e obedecem a uma gestão florestal adequada, recorrendo à utilização de espécies indígenas. A E. Value esclarece que “todos os procedimentos inerentes à quantificação e compensação de emissões, bem como à selecção, financiamento e supervisão das áreas florestais, são objecto de um processo de verificação externa independente”. Lançada em 2005, a CarbonoZero é já a marca de referência do mercado voluntário de carbono em Portugal. Este programa de compensação está de acordo com os diversos critérios exigidos pelo Airport Carbon Certification, um programa de redução das emissões dos aeroportos, promovido pelo Airports Council International, em que a ANA está a participar. Além deste programa voluntário de compensação das emissões, a ANA tem também em cada um dos parques de estacionamento dos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro, três lugares reservados a veículos híbridos, que usufruem de uma tarifa reduzida. O EcoParking é um projecto inovador e inédito em parques de estacionamento nacionais.

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_ambientes SEM MEDO DO ALVO Apesar de já ter sido qualificada para representar Portugal na equipa nacional de tiro com arco outras vezes, Ana Gutierrez nunca o tinha feito. Este ano, com o apoio da ANA e do Clube ANA, a colaboradora da empresa esteve presente no Mundial, na Coreia do Sul. “Uma experiência fabulosa”.

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o regresso das férias Ana Gutierrez tinha uma surpresa à sua espera. A tão desejada deslocação à Coreia do Sul para participar no Mundial de tiro com arco ia mesmo concretizar-se. Não só fora autorizada a licença de serviço sem perda da remuneração, como a empresa também aceitara suportar o valor necessário para assegurar a deslocação. É com reconhecimento que a técnica administrativa da área de formação do Centro de Serviços Partilhados refere o nome das duas colegas de quem partiu a iniciativa de levar o assunto à administração da empresa. “Se não fossem a Inês e a Isabel eu não teria ido. Elas sabiam que eu queria muito ir à Coreia, mas nunca iria pedir isto à empresa”. Elas trataram disso por si, assim como o Clube ANA de Lisboa. A presidente do Clube, Paula Simões, não tem dúvidas de que o Clube deveria apoiar a atleta e garantir a sua participação no Mundial. “Além de ser muito importante para a prática desportiva em Portugal e para a representação do país, o Clube deve apoiar os seus sócios que se distingam de forma tão positiva nas modalidades que praticam e nas actividades em que participam”, refere Paula Simões. Ana Gutierrez começou por levar a filha aos treinos e ao fim de um ano e de muitas horas a assistir, cansou-se de esperar e decidiu experimentar. O treinador achou que tinha jeito. Dois meses depois de começar a treinar ganhou uma prova e nesse mesmo ano foi campeã nacional, na divisão compound (o arco compound tem roldanas, por oposição ao recurvo que não as tem). Pratica a modalidade há seis anos e apesar de já ter sido qualificada para integrar a equipa nacional noutras ocasiões, nunca tinha participado numa prova internacional fora de Portugal. Os motivos foram, claro, financeiros. Apesar de as empresas estarem, pelos estatutos da alta competição, obrigadas a dispensar os seus colaboradores, nada as obriga a manter o vencimento. Por outro lado, e esta é a principal razão, as federações mais pequenas, das modalidades ditas amadoras, como é o caso do tiro com arco, não têm forma de suportar as deslocações dos atletas. Em Ulsan, na Coreia do Sul, estiveram em competição mais de 400 atletas, de todas as partes do mundo. Ali Ana deparou com uma realidade a anos-luz da portuguesa. “Praticamente todos os atletas são profissionais, treinam todos os dias, várias horas por dia”. Os atletas têm também acompanhamento psicológico que, no caso do tiro com arco, é essencial sobretudo por causa do chamado ‘target panic’, uma condição psicológica que leva o arqueiro a lançar prematura e involuntariamente a flecha ao visualizar a cor amarela do centro do alvo, antes de o focar.

Felizmente sem indícios de qualquer medo do alvo – que na realidade afecta uma pequena percentagem de atletas – Ana continua determinadamente a treinar no Real Sport Clube de Queluz, muitas vezes com grande sacrifício pessoal, como acontece com todos os arqueiros portugueses. Por se tratar de uma modalidade que exige muita técnica, muita concentração, muita memória muscular, os treinos têm necessariamente que ser longos. Por isso, os atletas tiram tempo aos seus tempos livres para treinar – Ana treina às terças-feiras, das 19h às 00h30, e aos sábados todo o dia – e compram o material, que é caro, do próprio bolso. Por tudo isto, não é possível comparar o incomparável e os resultados não são de todo o mais importante na participação numa prova deste calibre. Ainda assim, Ana Gutierrez alcançou a 69ª posição da geral. “Foi uma experiência fabulosa”, resume, confessando que gostaria de repetir, quem sabe já no próximo ano, no Europeu, em Itália.

O material para a prática do tiro com arco é caro e a despesa é suportada pelos próprios praticantes.

Apesar de as empresas estarem, pelos estatutos da alta competição, obrigadas a dispensar os seus colaboradores, nada as obriga a manter o vencimento. Por outro lado, as federações das modalidades ditas amadoras, como é o caso do tiro com arco, não têm forma de suportar as deslocações dos atletas.

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_follow me HÁ 30 ANOS A GUARDAR A HISTÓRIA Fez parte da equipa que criou o primeiro centro de documentação da ANA e agora leva já 30 anos a preservar a memória e o espólio dos aeroportos portugueses. Uma tarefa árdua que Madalena Oliveira não conseguiria completar “nem que não fizesse mais nada até ao fim da vida”.

A organização das exposições do ANA Museu é uma das tarefas de Madalena Oliveira. Porventura a que lhe dá mais prazer. O arquivo da ANA guarda obras técnicas e outras publicações relacionadas com a actividade aeroportuária.

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Para a edição do livro sobre os 65 anos do Aeroporto de Lisboa foi fundamental a consulta do arquivo da ANA.

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o dia 1 de Junho de 1943 um avião da KLM que ligava Portugal ao Reino Unido foi abatido por uma esquadrilha alemã, quando sobrevoava o Golfo da Biscaia. A bordo iam 13 passageiros, entre os quais o actor inglês Leslie Howard, que regressava de uma série de palestras de propaganda realizadas em Lisboa e Madrid. Este insólito acontecimento é o ponto de partida do livro de banda desenhada “O 13º Passageiro”, da autoria de José António Barreiros. Informações tão precisas como a a matrícula do avião, os nomes da tripulação ou o horário de voo não teriam sido possíveis sem a pesquisa feita pelo autor no arquivo da ANA. Os livros de registo de movimentos da década de 40 do Aeroporto de Lisboa estão entre os objectos do vasto arquivo da empresa que Madalena Oliveira destaca em termos de importância histórica. “São valiosos porque dão indicações precisas para esclarecer o que se passou durante a Segunda Guerra no território português”, diz a Chefe do Serviço de Informação, Documentação e Cultura da ANA. O Serviço é responsável pela gestão do arquivo central (da sede e do Aeroporto de Lisboa) e pelo centro de documentação, que inclui um importante arquivo fotográfico. A dispersão geográfica da empresa impediu durante muito tempo que a documentação estivesse centralizada, mas essa situação tem vindo a mudar desde que se adoptou a utilização de um sistema electrónico. “Tem havido uma tomada de consciência de que os aeroportos não podem funcionar separadamente nesta matéria”, conta Madalena Oliveira, alertando, no entanto, que é preciso ter tanto ou mais cuidado a arrumar documentos em formato digital do que em papel. E pergunta: “Quantas vezes já lhe aconteceu não conseguir encontrar um documento que guardou no computador?”. É no Edifício 69, numa área de 135 m2 e em cinco mil metros de prateleiras, que tem vindo a ser arrumada a história dos aeroportos portugueses. Uma tarefa árdua que Madalena diz que não conseguiria completar “nem que não fizesse mais nada até ao fim da vida”. Gere uma equipa de 6 pessoas, manifestamente pequena para a dimensão da tarefa. De tudo o que tem para fazer, aquilo que lhe dá mais prazer é a organização das exposições no ANA Museu, porque é onde junta todas as facetas do trabalho. “Se não houvesse um arquivo histórico, um arquivo fotográfico, se não estivessem guardados papéis e peças essenciais, e se não existisse acesso a essa recolha de informação, não conseguiríamos fazer as exposições”.

Aberto em 2006, o museu vai já na 3ª exposição, que se deverá manter também durante o ano que vem. Por muito que gostasse de dar maior rotatividade ao acervo museológico (composto por mais de 2 mil peças), reconhece que o Serviço não tem capacidade para o fazer com maior frequência. Recentemente foi encontrada outra forma de trazer para a luz do dia algumas dessas peças, através de uma parceria com o novo Museu do Ar, na Base Aérea de Sintra. Este protocolo com a Força Aérea Portuguesa vai permitir à ANA, que dispõe de um espaço próprio no Museu, expor objectos que de outra forma dificilmente seria possível, devido à falta de espaço nos aeroportos. Outra faceta do trabalho no Serviço é a manutenção e conservação da colecção de obras de arte da ANA, entre pinturas, esculturas e tapeçarias. João Cutileiro, Mário Cesariny, Nadir Afonso, Pedro Calapez ou Cabrita Reis são alguns dos artistas cujo trabalho enfeita as paredes e espaços da sede e dos aeroportos da empresa. Um património valioso pelo qual, diz Madalena Oliveira, é preciso zelar. Formada em Filologia Germânica, entrou para a Comissão de Instalação da ANA E.P. (Aeroportos e Navegação Aérea) no dia 1 de Junho de 1977, como tradutora. Curiosamente, recorda que um dos primeiros trabalhos “foi a tradução de um relatório sobre a localização do futuro Aeroporto de Lisboa”. Pouco depois foi convidada para a criação do primeiro centro de documentação da empresa, que iniciou com mais dois colegas. Passaram, desde então, mais de 30 anos.

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_follow me

DE VOLTA A CASA Criar uma comunidade de empresas gestoras de aeroportos nos países de língua oficial portuguesa é o mais recente desafio de Carlos Seruca Salgado. Mas este é apenas um dos projectos que o ex-director do Aeroporto de Macau tem em mãos enquanto assessor do Conselho de Administração da ANA.

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epois de oito anos em Macau, Carlos Seruca Salgado voltou para casa. Para a ANA, casa-mãe, e para o Algarve, de onde é natural e onde escolheu viver. Podia ser noutro sítio qualquer, mas é num gabinete no Aeroporto de Faro que se tem dedicado aos projectos que lhe foram atribuídos no âmbito das suas funções de assessor do Conselho de Administração. Entre 1999 e 2007 foi director do Aeroporto de Macau e Administrador Delegado da ADA – Administração de Aeroportos, a empresa gestora do aeroporto, na qual a ANA tem uma participação de 49%. De volta a Portugal e aos aeroportos portugueses, tem em mãos três projectos abrangentes: o Plano Director do Aeródromo Municipal de Loulé; o estudo da carga de todos os aeroportos da ANA; e o desenvolvimento de contactos com as empresas gestoras de aeroportos nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). A construção de um aeródromo é uma ambição antiga e uma prioridade estratégica para o município de Loulé. É dos concelhos do Algarve onde o turismo é mais representativo em termos económicos,

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sobretudo o segmento de luxo. Ali estão os maiores empreendimentos, como Vale de Lobo, Quinta do Lago, a Marina de Vilamoura e mais de metade dos campos de golfe do Algarve. É para ali também que se dirige grande parte da aviação executiva que aterra em Faro. O Aeroporto de Faro, explica Seruca Salgado, tem restrições ao seu crescimento devido à área onde está situado, o Parque Natural da Ria Formosa. Por isso, um aeródromo vocacionado para a aviação executiva e de recreio na região algarvia iria aliviar o aeroporto deste tipo de tráfego permitindo receber mais aviões comerciais. “O tempo de rotação de um avião pequeno é muito semelhante ao de um grande. Em termos empresariais é

mais rentável que sejam os aviões comerciais a utilizar o aeroporto”. Depois de aprovado o plano de viabilidade do aeródromo pelo Instituto Nacional de Aviação Civil, a ANA foi contratada pela Câmara Municipal de Loulé para executar o Plano Director que deverá estar terminado até ao final deste ano. “Seguir-se-á um Estudo Prévio e um Projecto de Execução e depois passa-se para a obra propriamente dita. Se tudo correr pelo melhor, em 2011 ou 2012 o aeródromo estará operacional”, diz Seruca Salgado, que acredita que, no futuro, dada a sua experiência na gestão aeroportuária, a ANA poderá ser um parceiro de excelência para a autarquia de Loulé. Outra matéria que tem ocupado o assessor é a preparação de um estudo sobre a carga de todos os aeroportos da ANA, algo que nunca foi feito. “O que fazemos com a carga, como podemos auxiliar as empresas que actuam no sector da carga, nomeadamente as companhias aéreas, os despachantes, as alfândegas, ou seja, os vários intervenientes que manuseiam a carga em nome de exportadores ou de importadores para Portugal”, explica. Este estudo foi adjudicado a uma consultora que trabalhará em conjunto com a ANA e com os intervenientes na área da carga, e deverá estar terminado em meados do ano que vem.

Mais ambicioso é o projecto que envolve as entidades gestoras de aeroportos nos PALOP. Além de propor vias de colaboração com esses países na formação aeroportuária e na venda de outros serviços da ANA, o objectivo é criar uma comunidade de empresas que gerem aeroportos em países de língua oficial portuguesa. “Uma CPLP mas só para aeroportos”, refere Seruca Salgado. “São países que culturalmente estão ainda muito ligados a Portugal e a língua é obviamente um ponto de aproximação. Têmse mostrado interessados nas trocas de experiências e na ajuda à formação, mas claro que as relações não são iguais com todos os países, dependendo muitas vezes das pessoas que estão à frente das instituições”.

Uma maquete do futuro Aeródromo Municipal de Loulé, cujo Plano Director foi realizado pela ANA.

Em 2011 ou 2012 o aeródromo estará operacional. No futuro, dada a sua experiência na gestão aeroportuária, a ANA poderá ser um parceiro de excelência para a autarquia de Loulé. Tem havido muito trabalho com Angola, sobretudo em termos de formação a colaboradores da ENENA, a empresa gestora dos aeroportos angolanos, e está prevista a assinatura de um acordo de entendimento para aprofundar o relacionamento, no próximo mês de Fevereiro. Seruca Salgado conta que com Moçambique também existe uma boa relação, assim como com o Brasil. Também com Timor já houve uma aproximação, no passado. “Quando estava em Macau, logo a seguir à independência de Timor, foi enviado pessoal da ANA, da NAV e da ADA para dar formação e pôr o Aeroporto de Díli a funcionar”, recorda. Daí para cá tem havido um bom relacionamento, embora a distância não permita uma relação muito próxima. “É um trabalho de longo prazo, de persistência e de diplomacia, para que surjam resultados”. Gestor de formação, Seruca Salgado tem um percurso profissional que passou pela banca, pela construção civil e pelo turismo. Em 1992 entrou para a ANA como Director do Aeroporto de Faro, função que ocupou até 1997.

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_partidas

ESCÓCIA AS JÓIAS DA COROA

À espera de serem descobertas, as três maiores cidades da Escócia são uma caixa de surpresas para quem nunca se aventurou no Norte da Grã-Bretanha. Passear pela Royal Mile em Edimburgo, respirar a cultura de Glasgow ou deslumbrar-se com os edifícios de granito de Aberdeen são experiências para recordar.

EDIMBURGO

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ituada na margem do estuário do rio Forth, capital da Escócia desde 1492 e sede do parlamento escocês, Edimburgo é a segunda maior cidade do país e tem uma população aproximada de 450 mil habitantes. A cidade está dividida em duas áreas: a “Old Town”, onde dominam as ruelas e becos medievais e as grandes praças, e a “New Town”, caracterizada pelo desenho urbano ordenado e pelas belas fachadas neoclássicas. Na “Old Town” encontramos a Catedral de Saint Giles, o Museu Real da Escócia, o Museu Surgeons Hall e a Universidade de Edimburgo. É aqui que fica também a famosa Royal Mile que liga os dois principais pontos históricos da cidade: o Castelo de Edimburgo e a Abadia de Holyrood. Formada por ruas como a Castle Esplanade, a Canongate ou a Abbey Strand, a Royal Mile é uma área de lazer por excelência, onde abundam lojas pitorescas, cafés, bares e restaurantes. Sobranceiro na paisagem urbana está o Castelo de Edimburgo, o principal símbolo da cidade e cuja visita é obrigatória, não só

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pela bela vista panorâmica. É ali que estão as jóias da Coroa escocesa, a Pedra do Destino e a capela de Santa Margarida. Já na “New Town”, construída entre 1765 e 1850, é a elegância dos edifícios georgianos e as principais artérias comerciais - Princes Street, George Street e Broughton Street que atraem os turistas. Atractivos culturais também não faltam em Edimburgo: a Galeria Nacional da Escócia tem uma impressionante colecção de arte europeia; o Museu Nacional da Escócia conta a história do país, da sua terra e cultura; o Museu da Infância, aberto em 1955, foi o primeiro museu do mundo a especializar-se na história da infância; enquanto o Museu Real da Escócia é dedicado à arqueologia e história natural. Mas a cidade é certamente mais conhecida pelo famosíssimo Festival de Edimburgo que decorre nas últimas três semanas de Agosto e engloba espectáculos de ópera, dança, teatro e música clássica, recebendo em cada ano mais de um milhão de visitantes.

O Castelo de Edimburgo, visto a partir do jardim de Princes Street. As figuras femininas da Fonte Ross representam a Ciência, as Artes, a Poesia e a Indústria. A Catedral de Saint Giles é um dos principais marcos arquitectónicos da Royal Mile de Edimburgo. É considerada a igreja-mãe do Presbiterianismo.

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ABERDEEN

_partidas

O Marischal College. É, depois do Escorial, em Madrid, o segundo maior edifício do mundo contruído em granito.

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Vista sobre o rio Clyde. Ao fundo vê-se o Clyde Auditorium, cuja forma o tornou conhecido como “armadillo”. Do outro lado do rio fica a sede da BBC Escócia.

GLASGOW

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cerca de 50 km de Edimburgo fica a maior cidade da Escócia e a mais bela cidade vitoriana do Reino Unido, Glasgow. Desde sempre ligada ao comércio transatlântico, tem hoje cerca de 600 mil habitantes e é o principal centro económico do país. Para trás ficaram os tempos conturbados do desemprego industrial, da recessão económica e da violência urbana. Nas duas últimas décadas, Glasgow tem-se evidenciado no panorama cultural, artístico e científico tanto do Reino Unido como internacional. Depois de ter sido Cidade Europeia da Cultura em 1990, de ter vencido o prémio Cidade da Arquitectura e Design do Reino Unido em 1999, e de ter sido Capital Europeia do Desporto em 2003, Glasgow passou, em 2008, a integrar o restrito lote da Rede de Cidades Criativas da Unesco como Cidade da Música, a par de Sevilha e Bolonha. Em 2014 será a sede dos Jogos da Commonwealth. Todos estes títulos e distinções testemunham que Glasgow é, sem dúvida, um dos principais pólos culturais das ilhas britânicas. Do programa anual de espectáculos e festivais destacam-se o Festival Internacional de Jazz e o Celtic Connections que é o maior festival do mundo associado à música e cultura celtas. O centro da cidade, conhecido entre os locais como “The Toon”, é formado pelas artérias principais Sauchiehall Street, com os edifícios arte nova de Charles Rennie Macintosh, a Argyle Street e a Buchanan Street, que formam a principal área comercial da cidade. A Merchant City corresponde ao centro histórico, com os edifícios típicos do século XVIII e o Tron Theatre. O coração medieval é dominado pela catedral de Glasgow, uma obra-prima do gótico, e pelo museu de San Mungo.

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eguindo para Norte, a cerca de 230 km de Glasgow, na foz dos rios Dee e Don, encontra-se Aberdeen, com uma população de cerca de de 200 mil habitantes. Importante porto de pesca no passado, com a descoberta de gás natural e de petróleo no Mar do Norte a cidade transformou-se num entreposto de apoio à indústria petrolífera. Referida como “a cidade prateada” ou “a cidade granítica”, por os seus edifícios serem construídos com esta rocha, Aberdeen tem tirado proveito da entrada de capitais e da população estrangeira que vem trabalhar nas plataformas, para se tornar numa cidade próspera e cosmopolita. Os principais pontos de interesse são a Galeria de Arte, o Museu The Gordon Highlanders, o Museu Marítimo, o edifício medieval Provost Skene e a Union Street, a principal artéria comercial, com os seus belos edifícios e lojas das mais variadas marcas. A partir de Aberdeen pode seguir em direcção às Highlands e viajar por paisagens únicas dominadas por castelos como, Dunvegan, Eilean Donan ou Urquhart. Os montes de Glen Nevis, o mítico Loch Ness e a ilha de Skye são outros pontos imperdíveis para quem viaja pelos verdejantes vales das terras altas. A Union Street é uma das maiores ruas de Aberdeen e principal centro comercial. Foi construída no início do século XIX para dar uma entrada sumptuosa à cidade. O farol da Baía de Nigg.

A Royal Exchange Square fica na junção da Queen Street com a Ingram Street. Na época do Natal a praça ilumina-se com um “tecto” de luz entre a Galeria de Arte Moderna e os edifícios adjacentes. A Landmark Observation Tower e ao lado o Glasgow Science Center, com a sua cobertura de titânio.

COMO IR Com partida de Faro existem ligações para as três cidades escocesas. A easyJet, a Flyglobespan e a Ryanair voam para Glasgow, a Flyglobespan e a Jet2.com para Edimburgo e a Flyglobespan para Aberdeen. Para mais informações consulte www.ana.pt.

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_lifestyle TODO O PAÍS NO DOURO Chama-se Douro mas a sua ementa faz-se com os sabores das melhores receitas tradicionais portuguesas e algumas recriações originais.

OS MISTÉRIOS DE BARCELOS Moldar a vida em barro, soltando o imaginário em figuras burlescas, animais, santos, quase sempre reinterpretadas numa mistura de respeito e crítica. A estonteante diversidade de formas, temas e cores do figurado de Barcelos está no Aeroporto do Porto.

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Além de uma selecção de sete pratos do dia, há nspirado nos sabores tradicionais e na riqueza diariamente a opção de carnes grelhadas e outras da gastronomia portuguesa, o Douro, o novo sugestões confeccionadas no momento. A ementa é restaurante do Aeroporto do Porto, oferece uma ainda complementada com petiscos, tapas variadas, ementa cuidada e muito variada, enriquecida pela sopas, sobremesas típicas portuguesas mistura dos sabores do azeite, do Aliando a e doces conventuais. A carta de vinhos alho, das ervas aromáticas e de outros qualidade da tem também a opção de venda a condimentos. copo. O Douro é um restaurante tradicional confecção à Aliando a qualidade da confecção à baseado na tendência do “fast slow eficiência, rapidez eficiência, rapidez e simpatia do serviço, food”. Tem uma cozinha familiar que e simpatia do o Douro é uma oportunidade de levar preserva a autenticidade dos pratos serviço, o Douro é na memória uma última experiência mais característicos, como o arroz de uma oportunidade gastronómica nacional. pato ou o bacalhau com natas, mas O espaço, decorado em cores suaves tem simultaneamente espaço para de levar na e com fotografias da região do Douro, dar às receitas tradicionais alguma memória uma engloba ainda dois outros conceitos: o imaginação, como o provam a canja última experiência Belight, com uma variedade de receitas de pato, a lasanha de vitela ou o gastronómica saudáveis, nutritivas e ao mesmo hambúrguer gourmet. nacional. tempo criativas, e o Quiosque dos Com um conceito de self-service, o Sabores, uma cafetaria que reproduz com sofisticação espaço é amplo e permite que ao longo da linha do balcão a ideia da tradicional pastelaria portuguesa. o cliente tenha sempre no seu ângulo de visão toda a oferta disponível: entradas, pratos do dia, sobremesas, doçaria tradicional e bebidas.

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figurado dos oleiros de Barcelos é uma das mais autênticas expressões do imaginário popular português. Neste tipo de arte, o artesão transpõe para o barro o quotidiano e a forma de ver o mundo em peças moldadas à mão, pintadas, vidradas e a que cada um dá o seu cunho pessoal. Na loja de artesanato do Aeroporto do Porto podemos começar a conhecer um pouco sobre este figurado. Santos, animais, gentes tradicionais, dragões, anjos e diabos, figuras fantásticas, todas de uma enorme criatividade. Comuns a todas elas são também o generoso colorido e expressividade dos rostos. Os temas religiosos são uma constante, através de imagens mais ou menos alegóricas que à primeira vista mais parecem “cabeçudos” de uma qualquer romaria popular. Na loja podem encontrar-se peças de Júlia Côta, neta de Rosa Ramalho, a mais célebre artesã de Barcelos, de Mistério (agora são a mulher e os filhos de Domingos Mistério que dão seguimento ao trabalho do artesão) e ainda de Victor “Baraça”. Todos eles são provas vivas da passagem de saberes e identidades na arte de trabalhar o barro. Há também artesanato de várias partes do país, como as célebres nazarenas, a filigrana de Viana do Castelo, loiça de Alcobaça e bordados do Minho. E, claro, o galo de Barcelos.

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_lifestyle PEDRA A PEDRA

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OS ETERNOS AVIATOR

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om Cruise usou-os em Top Gun. George Michael usou e abusou deles. Angelina Jolie não sai à rua sem os pôr. Os óculos Aviator da Ray-Ban estão nos rostos dos famosos e celebridades de todo o mundo, percorreram gerações e tornaram-se num clássico da moda. Conta a história que, na década de 20, quando a indústria da aviação começou a ganhar fôlego, a Força Aérea americana encomendou protecção ocular para os seus pilotos de caça que sofriam com a claridade acima das nuvens. Depois de intensas pesquisas surgiram os óculos Anti-Glare Aviator, com lentes verdes de cristal especial, que bloqueavam a luz. Mas foi só em 1937 que começou a ser comercializada uma versão civil dos óculos, com lentes verde-escuras e armação dourada que, por repelirem os raios UV (daí a expressão Ray-Banner, em inglês), foi baptizada de Ray-Ban Aviator. Em metal com aros grandes e ovais, começaram por se destinar ao público masculino. Aos poucos o modelo foi adaptado e foi parar também ao rosto das mulheres.

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Os Aviator ganharam várias versões, inclusive com lentes coloridas e espelhadas. Marcas como a Gucci, a Emporio Armani, a Marc Jacobs e a Prada também lançaram suas versões do clássico. Na Sun Planet, localizada no piso 2 do pier sul, no Aeroporto do Porto, pode escolher a que melhor se adapta ao seu rosto.

ão pulseiras, anéis, colares, brincos e pendentes que combinam a prata com pedras naturais, preciosas e semi-preciosas, em criações de joalharia irresistíveis e, muito importante, a preços acessíveis. A Stone By Stone é uma marca portuguesa que recorre a pedras naturais numa selecção com origens tão diversas como a Tanzânia, Mar Báltico, Brasil, Índia, Madagáscar, Austrália ou Afeganistão. Quartz ametista, turquesa, pedra da lua, ónix, lápis-lazúli, cristal de rocha, olho-de-tigre, laca chinesa são alguns dos minerais semi-preciosos. Se pensarmos que a cada um destes nomes corresponde uma cor ou tonalidade diferente, já imaginamos como poderá ser difícil a escolha. No capítulo das preciosas, a escolha pode recair entre o rubi, a esmeralda, a safira ou a turmalina. Esta última apresenta um enorme leque de cores sendo as mais comuns o verde, o amarelo, o azul e o negro. Além das pedras, existem também peças elaboradas com âmbar e coral. A concepção dos produtos segue sempre a mesma abordagem: criar produtos de qualidade com um carácter intemporal e um design que realce a beleza das pedras naturais. A Stone By Stone está presente na maior parte dos centros comerciais e agora também nos Aeroportos do Porto e Lisboa. Faça uma visita e escolha a pedra que melhor combina consigo.

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_lifestyle

EMBARCAR COM OS PÉS A BRILHAR

Há hábitos que não se devem perder e manter os sapatos engraxados é um deles. Se já é difícil localizar engraxadores nas ruas das nossas cidades não o é no Aeroporto de Lisboa.

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ão há muitos anos os engraxadores eram presença assídua nas ruas de qualquer cidade portuguesa. Manter os sapatos bem engraxados fazia parte das regras de boa conduta masculina e poucas eram os homens que tratavam dos seus próprios sapatos em casa. Hoje são cada vez mais raros e, tirando alguns sobreviventes, começa a ser difícil encontrar alguém disponível para este trabalho. A pensar nisto mesmo, no Aeroporto de Lisboa há agora um engraxador à disposição de quem viaja ou passa pelo aeroporto. A confortável cadeira da Bota Minuto está situada na área pública das Partidas, o que quer dizer que mesmo que vá só levar alguém ao aeroporto ou estiver de passagem, pode aproveitar para sair com os pés a brilhar. Eduardo Serra é o engraxador de serviço. Apesar de a tradição já não ser bem o que era, a grande maioria dos clientes continuam a ser os homens. No entanto, este engraxador está preparado para atender também as mulheres e na sua caixa de material não falta nem a graxa azul, não vá alguma assistente de bordo precisar dos seus serviços.

INFORMAÇÃO O horário de funcionamento é de segunda a sextafeira, das 7h30 às 13h e das 14h às 16h30. O preço do serviço é de 3,50 euros por cada par de sapatos.

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_lifestyle

DIAS FRIOS, DIAS DE FESTA Para os frios dias de festa que ainda aí vêm sugerimos-lhe alguns patés franceses e conservas portuguesas. Tudo devidamente acompanhado pelos vinhos do Douro e de preferência servido à lareira.

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Quinta dos Aciprestes, vinho tinto €13,60 Alcachofras Le Primizie €17,15 Filetes de cavala em azeite com pickles €3,15 Polvo de caldeirada €3,35 Filetes de truta em escabeche €4,50 Azeite aromático com piri-piri €8,90

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Piri-piri tradicional €4,95 Kopke, vinho tinto 2007 €8,90 Bloc de foie gras de ganso Bizac €37,10 Terrina de pato com figos €7,60 Terrina de nozes e mel de Larzac €8,15 Terrina de peito de pato com mel €8,15

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Paté de veado, Terras do Bosque €7,20 Bloc de foie gras de pato Rougié €29,90 Bloc de foie gras de pato Bizac €26,00 Malvásia, Real Companhia Velha €9,85 À venda na Sibarium, no Aeroporto do Porto

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A A Magazine agradece a colaboração das seguintes pessoas e entidades na elaboração desta edição:

_aldeia global

Antonieta Marques

JC Decaux Airport António Cidade Moura

Emparque Augusto Mateus

Economista Gorete Rato

Metro do Porto José António Tenente

Estilista Manuel Proença

Hotti Hotéis Miguel Caldeira Proença

Hotti Hotéis Pedro Geraldes

Sociedade Portuguesa de Estudo das Aves Roberto Graziani O Self Check-in da TAP contribuiu para reduzir os tempos de espera nos balcões.

O Aeroporto Internacional de Macau.

O Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

O Aeroporto Internacional de Bagdad.

The Nuance Group Ruth Christie

Visit Scotland

Self-service aumenta nos aeroportos em todo o mundo

Aeroporto de Macau é dos mais seguros do mundo

Infraero investe 2,6 mil milhões de euros em 16 aeroportos

Aéroports de Paris ganha contrato para um novo aeroporto no Iraque

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Aeroporto Internacional de Macau, cuja gestão é assegurada pela ADA, uma empresa participada pela ANA, regista uma taxa de implementação dos requisitos de segurança da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) de 83%, valor que supera a média global de 58%, concluiu uma auditoria da agência das Nações Unidas. Apesar de o aeroporto não ter sido incluído na auditoria realizada aos aeroportos chineses, por se tratar de uma região administrativa especial, a Autoridade de Aviação Civil de Macau solicitou à agência uma avaliação. Para a Autoridade de Aviação Civil do território, estes resultados demonstram que o aeroporto apresenta “um sistema de segurança muito eficaz, podendo ser considerado um dos mais seguros do mundo”. A Autoridade de Aviação Civil de Macau sublinha ainda que, “após a transferência de soberania, tem sido dedicada especial atenção à melhoria da segurança operacional da aviação, através do aperfeiçoamento da legislação e da regulamentação do sector da aviação civil, de forma a torná-las consistentes com as normas e práticas recomendadas pela ICAO”.

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operador aeroportuário francês Aéroports de Paris (ADP) ganhou um contrato para trabalhar no planeamento de um novo aeroporto internacional no Iraque. O ministro dos transportes iraquiano, Amer Abdul-Jabbar, disse que o aeroporto será construído entre as províncias de Kerbala, Najaf e Hilla, onde se situam algumas das cidades santas do Islão xiita. Desde a queda de Saddam Hussein estas cidades já foram visitadas por centenas de milhares de peregrinos xiitas. Abdul-Jabbar disse ainda que o objectivo é ter o aeroporto a funcionar dentro de 3 a 5 anos, com uma capacidade inicial para 5 milhões de passageiros por mês e de cerca de 35 milhões ao ano. Actualmente o Aeroporto de Bagdad processa cerca de 7 milhões de passageiros por ano. O valor do contrato celebrado com a ADP ronda os 42.5 milhões de dólares.

erca de 80% dos principais aeroportos do mundo pretendem tornar o self-service a principal forma de os passageiros fazerem o check-in, de acordo com uma pesquisa realizada em 172 aeroportos pela SITA, uma empresa especializada em tecnologias de informação para os aeroportos. Para 52% dos entrevistados a introdução de documentos electrónicos é a modalidade que terá um impacto mais significativo nos aeroportos num futuro próximo. Uma mudança que já se iniciou com os cartões de embarque encaminhados para os telemóveis dos passageiros e que dispensam o uso do papel. Divulgada na Conferência Mundial do Airports Council International, em Kuala Lumpur, a pesquisa também revelou que as verbas dos aeroportos para serviços de tecnologia de informação em 2008 praticamente não foram afectadas pela crise global, mesmo com a redução das receitas.

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Infraero vai investir 2,6 mil milhões de euros em 16 aeroportos brasileiros, o que deverá aumentar a sua capacidade em 66% até ao Mundial de Futebol em 2014. Uma nota da empresa diz que o investimento será feito em obras de ampliação nos terminais de carga e de passageiros, no melhoramento das pistas e no aumento da capacidade de estacionamento dos aviões. Os aeroportos que irão sofrer intervenções e que verão as suas capacidades aumentadas estão localizados nas 12 cidades-sede do Mundial: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

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ANA Alberto Mota Borges Divisão de Planeamento Gestão e Controlo da Direcção dos Aeroportos dos Açores Ana Gutierrez Formação do Centro de Serviços Partilhados António Luís Rodolfo Direcção de Retalho Carlos GutierreS Direcção de Projectos Especiais Carlos Seruca Salgado Assessor do Conselho de Administração Daniel Moita Direcção Financeira Francisco Pita Marketing Aeroportuário do Aeroporto de Faro Iolanda Campelo Direcção de Retalho José Heitor da Fonseca Conselho de Administração João Nunes Aeroporto de Lisboa Luís Castanho ANA Consulting Madalena Oliveira Serviço de Informação, Documentação e Cultura do Centro de Serviços Partilhados Paula Simões Direcção de Recursos Humanos Pedro Beja Neves Direcção de Imobiliário Pedro Monteiro Fernandes Conselho Executivo de Responsabilidade Social e Sustentabilidade

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_passageiro frequente AS ESPERAS, OS ATRASOS E OS NERVOS POR CAUSA DELES Arlanda airport, stockholm 15.07.08 14h06

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epois de me ter separado dos companheiros de viagem e instalado na sala, quer dizer, um conjunto de sofás mal arrumado, dei conta que o voo está atrasado no mínimo meia hora. Espero que dê para apanhar o voo de ligação para Lisboa. Já não basta ter que fazer escala em Schiphol. Esta minha tosse deve ser mesmo nervosa. Foi só pensar nisto e estou com um ataque… Passou mas não totalmente. Agora é sono. O tempo que se perde em aeroportos, as esperas… o que fica por fazer nas cidades por causa dos horários e depois é isto: atrasos que nos fazem perder as ligações. É claro que nos enervamos. Vou ver com a hospedeira que chegou agora à “gate” se já se prevê a situação. Despachou-me com o típico, “em Amesterdão tratarão de tudo se por acaso perder a sua ligação”. O que eu queria que ela me garantisse é que apesar do atraso isso não aconteceria! Pela movimentação parece que o avião está a chegar à manga. Pode ser que o handling e os outros “lings” sejam rápidos e isto até corra bem. Esta malta é lenta como o raio a arrumar-se... Ouviu-se “boarding completed”. Vá lá, menos mal. Vou perguntar à “aeromoça” se o terminal do voo de ligação é o mesmo. Se for daqueles a milhares de km, estou perdido. Uma das hospedeiras é uma boneca loura “miss holland” com boas possibilidades para “miss universe”. É daquelas caras que devem ter servido de inspiração para a Barbie, ou mais recentemente, para as bonecas como a namorada do “Lars and the real girl”. Recebi a informação que aterraremos longe do terminal, por isso está visto que perdi a ligação. Tenho que me concentrar nas coisas boas e não estar sempre a pensar o pior, mas a realidade não colabora. Acabam de confirmar que não conseguirei apanhar a ligação. Shit, shit, shit, sempre quero ver a que horas será o próximo voo. Que neura. É agora que tenho que respirar fundo e concentrar-me nos bons momentos em Drottningholm, o parque, a chuva, o teatro, o ensaio de “Il ritorno d’Ulisse in patria”, na colina relvada, no Templo de Echo no Haga Park, no museu de arquitectura, na exposição da Pina Bausch… Aterrámos!!! O céu está cinzento coberto por nuvens.

Cascais, 27.07.08 “home alone” Ao contrário das previsões consegui apanhar o voo de ligação em Amesterdão para Lisboa, há já quase 15 dias. (Não ficou escrito, mas posso acrescentar que nem sei como. Para ajudar ainda me enganei no terminal e corri como um louco. Era essa a minha aparência quando cheguei esbaforido ao embarque e a hospedeira me diz com ar feliz que ao menos já tinha feito o meu exercício diário. Claro que ainda “esperei” no avião enquanto tentava recuperar o fôlego).

José António Tenente Estilista

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