12 chegadas A Oriente tudo de novo 28 ambientes Informação para todos
mAgAzinE
Nº09 ABRIL 2010
Cuidar do colaborador: receita para garantir o futuro.
Para APROVAR
editorial APOSTAR NAS PESSOAS
A
importância que a ANA dá aos seus colaboradores, “assegurando-lhes elevados níveis de qualificação profissional e motivação”, está inscrita não só na sua missão corporativa, mas principalmente no quotidiano de quem aqui trabalha. Quem o atesta não somos nós: são os próprios colaboradores, que, ao responderem ao inquérito de satisfação conduzido pelo Observatório Nacional de Recursos Humanos, de ano para ano têm revelado índices de satisfação cada vez maiores por trabalhar na empresa. Em 2009, em todos os atributos que medem a satisfação, lealdade e envolvimento dos colaboradores, a ANA ficou acima da média das mais de 200 organizações analisadas pelo Observatório. São resultados que não nos surpreendem, porque reflectem o contínuo investimento na criação de um ambiente marcado pelo respeito e valorização da pessoa, pelo reconhecimento do seu mérito e pelo estímulo ao seu crescimento profissional. Um investimento que se tem traduzido, sobretudo nos anos mais recentes, em inúmeras iniciativas. Da melhoria constante da comunicação interna (via instrumentos como a A Magazine e muitos outros) à transparência na avaliação do desempenho. Da aposta na formação (com cerca de 60 mil horas anuais) aos seguros de saúde e serviços médicos permanentes. Dos horários de trabalho flexíveis ao apoio aos trabalhadores na reforma. Das recompensas pecuniárias à promoção das actividades sociais e de lazer. Para tornar ainda mais explícito o compromisso com a satisfação dos nossos colaboradores, em 2009 lançámos a toda a empresa um desafio: a candidatura da ANA à avaliação do Instituto Great Place to Work, que anualmente elabora um ranking das melhores empresas do país para trabalhar. A posição alcançada, entre os 30 primeiros
Em 2009, em todos os atributos que medem a satisfação, lealdade e envolvimento dos colaboradores, a ANA ficou acima da média das mais de 200 organizações analisadas pelo Observatório. Carlos Madeira
Vice-Presidente do Conselho de Administração da ANA
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lugares, ficou dentro do objectivo que havíamos definido, sendo um estímulo e um ponto de partida para, daqui a um ano, conseguirmos um score ainda melhor. A ANA sabe que o seu futuro está assegurado porque conta com o talento, o empenho e o entusiasmo dos seus colaboradores. Para nosso orgulho, o inverso também é verdade: os nossos colaboradores sabem que podem sempre contar com a ANA.
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_sumário editorial 03
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em foco
O que fazem as empresas para motivar e aumentar a satisfação dos seus colaboradores? Nenhuma empresa é igual a outra mas a tendência crescente é a da valorização do indíviduo dentro e fora do trabalho. chegadas 12
18 Isabel Viegas,
“É o trabalho que nos motiva”
entrevidas 18 inovação 22
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insights
O Museu do Ar tem novas e espaçosas instalações, na Base Aérea de Sintra. Um bom motivo para ir conhecer um espólio que retrata um século de aviação em Portugal.
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FICH A TÉCNIC A
A oriente tudo de novo
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PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - Portugal Tel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 amagazine@ana.pt DIRECÇÃO: Octávia Carrilho PROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas LX Factory - Rua Rodrigues Faria; 103 1300-501 Lisboa hamlet@hamlet.com.pt www.hamlet.com.pt REDACÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme Kopke DESIGN: André Remédios FOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas LX Factory - Rua Rodrigues Faria; 103 1300-501 Lisboa hamlet@hamlet.com.pt IMPRESSÃO: Madeira & Madeira Rua Cidade de Santarém, Quinta do Mocho Zona Industrial - 2000-831 Santarém PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 5 000 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 273250/08 ISSN: 1646-9097
ambientes 28 follow me 32
24 Entrar no ano a dançar
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partidas
Toronto é uma das mais interessantes e espectaculares cidades da América. Não são precisas tantas, mas aqui damos-lhe 10 razões para se apaixonar pela cidade. lifestyle 40 aldeia global 48
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passageiro frequente
A aventura de Fernando Alvim numa viagem de regresso dos Estados Unidos logo após o 11 de Setembro. Contada na primeira pessoa. 5
_em foco
AS PESSOAS PRIMEIRO É uma tendência de gestão que cada vez mais empresas optam por seguir. O tempo e a experiência têm vindo a mostrar que quando uma empresa valoriza o indivíduo, a sua produtividade é maior e a qualidade dos produtos e serviços é melhor.
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uando eclodiu a Guerra do Golfo, em 1990, os trabalhadores da companhia aérea norteamericana Southwest Airlines organizaram uma campanha, simbolicamente intitulada “Fuel from the heart”, contribuindo através de deduções salariais para a compra de combustível, numa altura em que o preço do petróleo disparou. Isto ajudou a empresa a manter-se rentável durante um período difícil para o sector da aviação. Poderá não ser um caso único, mas é sem dúvida raro. A Southwest é frequentemente apontada como um “case study” do sector, não só por ter sido a primeira companhia low cost (surgiu nos anos 70), como por estar sempre entre as que apresentam maiores lucros. Os seus voos são pontuais, o tratamento da bagagem é perfeito e as reclamações praticamente inexistentes. Herb Kelleher, o co-fundador e ex-presidente da Southwest, disse diversas vezes que o sucesso da empresa não é segredo e está à vista de toda a gente, inclusive dos concorrentes: “a obsessão em manter os preços baixos, tratar bem os funcionários e o empenho em gerir a empresa sempre da mesma forma, quer seja época de crise ou de vacas gordas”. Kelleher dizia ainda que aquilo que é muitas vezes um dilema nos negócios – “O que vem em primeiro lugar, funcionários, clientes ou accionistas?” – nunca foi considerado como tal na sua empresa. “Se os funcionários são bem tratados, tratarão bem os clientes. Se os clientes forem bem tratados, eles voltarão e os accionistas ficarão contentes.” Esta cultura de empresa em que os colaboradores são considerados como uma prioridade já não é tão rara nos dias que correm e nem sequer é novidade. Já nos anos 50 estava nos textos de Peter Drucker, considerado por muitos como o maior guru da gestão de todos os tempos. Uma das ideias de Drucker é a de que, para obter dos empregados uma maior motivação e produtividade, é indispensável haver o compromisso com objectivos estabelecidos pelo empregador mas com a sua contribuição. A definição da estratégia e dos objectivos da empresa torna-se assim num
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A promoção de hábitos de vida saudáveis e seguro de saúde estão entre as iniciativas mais comuns nas empresas.
processo participado que envolve toda a organização e não apenas a gestão de topo. Hoje em dia é consensual que um dos factores críticos para envolver, aumentar o espírito de equipa e o sentimento de pertença dos colaboradores é a comunicação interna. E as empresas têm vindo a desenvolver canais internos, através dos quais são disponibilizados regularmente dados sobre a actividade e que possibilitam feedback por parte da equipa, permitindo aos gestores saber o que pensam os seus recursos humanos e vice-versa. Outro modo de motivar e aumentar a satisfação dos trabalhadores é através de direitos e regalias e, neste capítulo, o limite é a imaginação de cada um. Na Dinamarca mais de 1800 empresas adoptaram voluntariamente a sesta para os colaboradores que trabalham por turnos. Numa das províncias do país a medida foi mesmo transformada em lei, para motivar os funcionários e aumentar a sua produtividade. Frequentemente surgem notícias sobre medidas adoptadas por empresas que procuram oferecer melhores condições e benefícios aos colaboradores: oferecem seguro de saúde, pagam o ginásio, oferecem fruta e promovem hábitos saudáveis, como deixar de fumar ou usar bicicleta, promovem formação e apoiam na conclusão dos estudos. Outras políticas de incentivo baseiam-se num sistema de pontos que vão sendo atribuídos à medida que são alcançados determinados objectivos e que depois podem ser trocados e até comprados, num princípio igual ao dos catálogos de pontos das operadoras móveis ou das marcas de combustível. Mas associar a motivação apenas a prémios, acções isoladas ou campanhas passageiras é não só errado como perigoso. Envolver e motivar as pessoas é um processo contínuo, de todos os dias, cujos resultados se manifestam no longo prazo. A valorização das pessoas dentro de uma empresa é antes uma filosofia que se reflecte na qualificação pessoal e no crescimento profissional através da formação, na transparência no relacionamento, na promoção da saúde, no apoio à família e aos colaboradores na reforma, na promoção de actividades de lazer, no incentivo ao bem-estar global do colaborador.
Na Dinamarca mais de 1800 empresas adoptaram a sesta para os colaboradores que trabalham por turnos.
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_em foco Organizada pelo Clube ANA Lisboa, decorreu em Outubro passado a 1ª Corrida do Aeroporto.
“OS COLABORADORES SENTEM QUE SÃO A EMPRESA”
© www.lestudio.pt
Os participantes do encontro de radiomodelismo organizado pelo Clube ANA de Faro e os seus aeromodelos.
Vegetação luxuriante e quedas de água brindaram os participantes da caminhada no Salto do Cabrito, na ilha de S. Miguel, promovida pelo Clube ANA de Ponta Delgada.
Conhecidos os resultados do inquérito do Observatório Nacional de Recursos Humanos relativo a 2009, o director de Recursos Humanos faz uma análise das conclusões e explica de que forma essa informação é utilizada para melhorar a satisfação global dos colaboradores da ANA.
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á cinco anos que a ANA ausculta, em cada ano, a percepção e os sentimentos que os seus colaboradores têm sobre a empresa. Entre os cerca de 50 tópicos sobre os quais são questionados, a “satisfação com actividades desportivas, culturais e de convívio promovidas pela empresa” era dos que, no início, apresentavam valores mais baixos. Em 2008 a empresa propôs a dinamização dos Clubes ANA: criou-se um em Lisboa e outro em Ponta Delgada, dinamizou-se a actividade do Clube do Porto e reactivou-se o que já existia em Faro. Passado mais de um ano, estes clubes têm
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um número significativo de associados e são os motores da actividade cultural, desportiva, recreativa e social da empresa. Por isso, não foi surpresa para ninguém que nos resultados do último inquérito realizado pelo Observatório Nacional de Recursos Humanos (ONRH) a satisfação com estas actividades tivesse subido 16% em relação a 2008. Desta forma, o director de Recursos Humanos da ANA procura exemplificar que utilização prática a empresa dá à informação que em cada ano retira destes inquéritos. Joaquim Damas mostra-se, de resto, muito agradado com os últimos resultados. “Foi com enorme prazer que pudemos
O estudo mede a satisfação, lealdade e envolvimento dos colaboradores e abrange mais de 200 empresas, do sector privado e público, e de organizações da administração pública, num total de 42 mil trabalhadores.
constatar que os resultados vinham confirmar todo um trabalho que tem sido desenvolvido desde que se procedeu à primeira avaliação da satisfação dos colaboradores, em 2005”. As boas notícias começam logo na taxa de adesão ao inquérito, que foi de 92% (de 100% em várias direcções) e é muito superior à média registada pelo ONRH, de 76,4%. O estudo do ONRH mede a satisfação, lealdade e envolvimento dos colaboradores e abrange mais de 200 empresas, do sector privado e público, e organizações da administração pública, num total de 42 mil trabalhadores. Sendo uma empresa de capitais públicos, a ANA segue no entanto um modelo de gestão semelhante ao de qualquer empresa privada. Comparando os resultados do estudo do ONRH, verifica-se que o valor médio de avaliação do sector privado está acima do registado no sector público e que o valor médio da ANA está acima do valor médio do sector privado. Para Joaquim Damas este resultado é a prova de que os colaboradores fazem uma avaliação muito positiva do modelo de gestão seguido pela empresa. Os resultados obtidos em 2009 registaram um acréscimo de cerca de 4% na satisfação, isto é, foram de 64,6% na ANA, frente ao valor médio de 57,2% do ONRH. “Na análise destes resultados não podemos deixar de notar que a satisfação e a motivação dos colaboradores são consideradas um factor crítico de sucesso na competitividade das organizações”, nota Joaquim Damas, acrescentando que, no caso da ANA, estes dados corroboram a aposta que a empresa tem feito no desenvolvimento e valorização dos colaboradores, reconhecendo que são o seu maior activo. Na avaliação da satisfação mede-se o grau de satisfação global com a empresa, considerando toda a experiência de trabalho com a organização e a forma como esta correspondeu às expectativas do trabalhador. Na lealdade é considerada, por exemplo, a vontade de recomendar a um amigo à procura do primeiro emprego que viesse trabalhar para a empresa, assim como a vontade de permanecer ligado a ela. Quanto ao envolvimento, mede-se o orgulho que o colaborador tem de pertencer à empresa e a dedicação e empenho que tem por ela. Os resultados obtidos no conjunto de indicadores que medem estas três dimensões mostram, na opinião de Joaquim Damas, que os colaboradores se encontram motivados para alcançar os objectivos estratégicos da empresa: o crescimento sustentado, a eficiência operacional e o desenvolvimento dos colaboradores.
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_em foco
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“Alfacinhas” e “tripeiros” encontraram-se em Constância para uma caça ao tesouro cheia de desafios e animação. Na foto, o Castelo de Almourol.
ENTRE AS 30 MELHORES PARA TRABALHAR
“Destes resultados pode depreender-se, e creio que a conclusão não será abusiva, que os colaboradores sentem que são a empresa e não, como tantas vezes sucede, que existe uma dicotomia entre a ANA e os colaboradores, como se estivessem em campos opostos”
ANA CHALLENGE 2010 Nos dias 19, 20 e 21 de Março 130 colaboradores da ANA encontraram-se na região do Douro para o Challenge 2010, um evento que colocou à prova as capacidades físicas, intelectuais e de dedicação à equipa. Organizado pelo Clube ANA do Porto, com a colaboração dos Clubes de Lisboa, Faro e Açores, o evento decorreu entre o Pinhão e a Régua e englobou actividades em terra, na água, sobre rodas e no ar. Foi uma prova non-stop composta por equipas de 5 elementos que, para fazer frente aos desafios, dispunham de caiaques, bicicletas, mapas, bússolas, apitos e de um reforço alimentar. No final da prova os participantes subiram a bordo do Ms Douro Cruiser para se refrescarem e seguiram para jantar num restaurante da região, durante o qual foram anunciados os vencedores. De volta a bordo, houve uma festa temática para celebrar a Primavera e foi já com o sol a levantar-se que o barco rumou de regresso ao cais de Gaia.
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Ao posicionar-se na 26ª posição das melhores empresas para trabalhar em Portugal, a ANA cumpriu o objectivo a que se propôs quando decidiu avançar pela primeira vez, em 2009, com a candidatura ao ranking elaborado pelo Instituto Great Place to Work.
“Destes resultados pode depreender-se, e creio que a conclusão não será abusiva, que os colaboradores sentem que são a empresa e não, como tantas vezes sucede, que existe uma dicotomia entre a ANA e os colaboradores, como se estivessem em campos opostos”, diz. Depois de conhecidos, os resultados do inquérito são divulgados por toda a empresa, é feito um relatório global e relatórios parcelares por direcção. “Em cada relatório é identificado, para a empresa no global ou para cada direcção, os indicadores que podem e devem ser objec to de melhoria e que levem a uma subida da satisfação, lealdade e envolvimento dos colaboradores ”. Depois são identificadas e propostas medidas a adoptar em toda a organização que, a par com as medidas específicas de cada direcção, devem ser implementadas no decurso do ano seguinte. Foi o que se verificou no âmbito da actividade desportiva e cultural. Com apoio logístico e financeiro da empresa mas com autogestão, e com o particular empenho dos colaboradores que fazem parte das direcções dos vários Clubes ANA, foi atingido um objectivo que envolve toda a empresa e beneficia todos os colaboradores.
star entre as 30 melhores empresas para trabalhar em Portugal foi o objectivo traçado pela administração da ANA quando no ano passado decidiu integrar pela primeira vez o estudo do Instituto Great Place to Work, que todos os anos elabora esta lista. Esta candidatura manifestou o compromisso da empresa com o bem-estar, a realização e o crescimento das pessoas que trabalham na ANA. Com a divulgação dos resultados, em Março, verificou-se que o objectivo foi cumprido. Na sua primeira participação no Great Place to Work a ANA conquistou a 26ª posição e ainda foi considerada a 3ª melhor empresa para trabalhar na categoria de empresas com mais de 1000 colaboradores.
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Pelo terceiro ano consecutivo, o primeiro lugar do ranking foi conquistado pela Microsoft, sendo que nas diferentes categorias por dimensão destacaram-se a Remax (acima de 1000 colaboradores), a Cisco (entre 100 a 250 colaboradores), a BMW Portugal (menos de 100 colaboradores) e a Microsoft (entre 251 a 1000 colaboradores). A grande novidade da edição deste ano foi a presença forte de empresas portuguesas (7), entre as quais a vencedora foi a GMS Consulting, considerada a melhor empresa portuguesa para trabalhar em Portugal. O Great Place to Work Institute reconheceu ainda as empresas mais bem sucedidas na satisfação de um grupo em particular. Assim, foi eleita a Melhor Empresa para Trabalhar para Mulheres (Cisco Systems), para Jovens (GMS Consulting) e para Executivos (Everis Portuga). No âmbito da Responsabilidade Social e da Liderança e Formação para a Sustentabilidade, os prémios foram para as práticas inovadoras da Cisco Systems.
Há 10 anos que o Instituto Great Place to Work elabora o ranking das melhores empresas para trabalhar em Portugal. Sandrine Lage refere que apesar de este ano se ter verificado uma ligeira descida nos resultados gerais, o cenário empresarial evoluiu bastante na última década. Uma maior credibilidade nas administrações portuguesas, um maior reconhecimento dos benefícios de manter um ambiente de trabalho de confiança e um maior rigor na implementação de ferramentas de melhoria contínua são alguns dos progressos apontados. Ao comparar os resultados portugueses com os obtidos na generalidade dos paises europeus, Sandrine Lage destaca dois aspectos em que a realidade nacional está ainda atrás: a sustentabilidade e responsabilidade social e a autonomia do colaborador. No primeiro caso,
refere que “estamos muito longe do que outras empresas na Europa estão a fazer. Aqui, salvo raríssimas excepções, a publicidade funciona em termos de imagem. Não há coerência com a gestão do dia-a-dia. Ou seja, não faz parte do ADN das organizações, nem é assegurada formação aos colaboradores como noutros países”. Quanto à autonomia do colaborador, diz que é muito mais valorizada pelos restantes países europeus do que em Portugal. “A maioria dos colaboradores portugueses prefere ser operacional ou ter alguém a coordená-lo constantemente, em vez de apostar na iniciativa”.
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Para APROVAR
_chegadas
A ORIENTE TUDO DE NOVO Prestes a completar dois anos e mantendo a filosofia de aproximar o Oriente e o Ocidente, o Museu do Oriente dedica o mês de Maio ao país do sol nascente. Uma excelente oportunidade para conhecer o Japão sem sair de Lisboa.
São mais de 500 as máscaras asiáticas da colecção Kwok On, pertencente à Fundação Oriente.
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Desde Janeiro que é possível praticar TenChi Tessen no Museu do Oriente. Trata-se de uma arte de inspiração oriental que reúne características do teatro e da dança com recurso a um leque (tessen, em japonês)
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uando inaugurou o museu, há dois anos atrás, o presidente da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, apresentou-o como um espaço de confraternização que possibilita aos portugueses que não podem ir ao Oriente conhecer as culturas asiáticas. E até agora este novo espaço cultural da capital não se desviou um centímetro da sua missão. A Coreia, a Indonésia, a China, a Índia, todos estes países do outro lado do mundo já foram tema de ciclos ou iniciativas no Museu do Oriente. Agora chegou a vez do Japão. Nos próximos meses podemos ficar a saber muito mais sobre essa terra onde nasce o sol e que tanto fascínio exerce sobre o Ocidente. Começa já em Abril e estende-se até Maio o curso intitulado “O Japão num piscar de olhos”. Durante algumas horas, Eduardo Kol de Carvalho (exconselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Tóquio e professor de cultura portuguesa na Universidade de Quioto) aborda o país e as relações luso-nipónicas sob o prisma da arte. Também já em Abril a exposição “Brinquedos japoneses” mostra a quem tinha dúvidas que no Japão nem todos os objectos de brincar levam pilhas ou são ligados à electricidade. Fiel ao objectivo de dar a conhecer os testemunhos quer da presença portuguesa na Ásia quer das distintas culturas asiáticas, o Museu do Oriente é, na realidade, bem mais que um museu, podendo ser considerado um centro cultural. Instalado num grande edifício na Doca de Alcântara desenhado pelo arquitecto João Simões nos anos 30 para conservar bacalhau seco e armazenar frutas frescas, foi readaptado para o museu pelo atelier de João Luís Carrilho. É um edifício modernista, todo branco, com quase 100 metros de comprimento, sete pisos e uma área de 15.500 metros quadrados onde convivem três espaços distintos de exposição.
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_chegadas Tem um auditório com 360 lugares e uma programação regular, um centro de reuniões para encontros, seminários e reuniões científicas, um centro de documentação com 12 lugares de leitura e um serviço educativo. Além dos espectáculos de música, teatro e dança, são organizados ciclos de cinema, workshops, conferências e debates. No capítulo da música, a programação tem recaído na world music mas não só. Étnica, experimental, contemporânea, jazz e música clássica, a programação tem a particularidade de ser centrada na Ásia e de mais de metade dos artistas serem asiáticos. A qualidade técnica do auditório foi algo em que o museu investiu muito e, pelas suas características, é propício a espectáculos intimistas. Com a sua dezena de monitores do serviço educativo, uma das apostas do museu tem sido o trabalho junto das escolas. São também organizadas oficinas para crianças aos fins-de-semana ou mais prolongadas para os períodos de férias. Para a Páscoa que se aproxima, por exemplo, os mais novos são convidados a “partir a loiça toda”. Pretende-se sensibilizar as crianças através das colecções do museu — neste caso a porcelana — para as diferentes culturas orientais. No final os jovens ficam a saber que houve tempos em que partir a louça no final da refeição era sinal de estatuto e de homenagem aos convidados. Outra oficina para as férias tem o nome de “Orações ao Vento” e desafia os jovens a “viajar até paisagens pontuadas por bandeiras coloridas dispostas ao vento, conhecer os mantras que nelas se imprimem e toda uma cultura por desvendar”. Cumprindo o seu desígnio de ser um espaço de testemunho das relações históricas entre Portugal e a Ásia, uma das exposições permanentes mostra cronologicamente a presença portuguesa no Oriente. Aí podem ver-se antiguidades que Carlos Monjardino foi adquirindo ao longo dos anos em antiquários, leilões e a coleccionadores privados, e peças emprestadas por outras instituições museológicas, como o Museu Machado de Castro, em Coimbra, ou o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Até 25 de Abril na exposição “Selos portugueses do Oriente” podemos apreciar as emissões filatélicas nacionais relacionadas com a temática oriental, que geralmente reproduzem desenhos originais de pintores de renome como Almada Negreiros. São produções em grande parte inéditas que registam paisagens, monumentos, personalidades e acontecimentos relevantes, acompanhadas dos respectivos selos que circularam no antigo “Estado da Índia”, em Timor e em Macau, durante a segunda metade do século passado.
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Para a consulta detalhada da programação consulte a página do museu: www.museuoriente.pt
O auditório do Museu do Oriente, com uma programação regular, tem capacidade para 360 pessoas.
No 6º e último piso do edifício há um restaurante onde as gastronomias da Ásia podem ser degustadas juntamente com uma bela vista do Tejo que chega através de uma parede de vidro. Com um ambiente simpático e com estilo, é um local a reter para uma ocasião especial. Quando cumprir os dois anos de idade, a 8 de Maio, a direcção do Museu do Oriente espera já ter atingido o número redondo de 200 000 visitantes. O museu, de que a ANA é mecenas desde a abertura e até ao final deste ano, é uma das quatro instituições portuguesas nomeadas para o Prémio do Museu Europeu do Ano 2010, organizado pelo European Museum Forum. Os outros são os municipais de Penafiel e de Portimão, e o Museu de São Roque, em Lisboa.
No restaurante do museu são servidos pratos de diversas origens. Sempre do Oriente.
As cerâmicas fazem parte dos testemunhos da presença portuguesa na Ásia.
O museu tem três espaços distintos de exposição. Uma das exposições permanentes mostra cronologicamente a presença portuguesa no Oriente.
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Para APROVAR
Enjoy Spring in Copenhagen with Cimber Sterling
_chegadas EMBARQUE DIRECTO
Com a entrada em operação da última porta de embarque com ponte telescópica, prevista para o próximo mês de Setembro, vai ficar concluída mais uma fase da expansão do terminal de passageiros do Aeroporto de Lisboa. Uma obra fulcral por estar directamente associada aos processos de embarque e desembarque.
O Aeroporto de Lisboa vai dispor de 17 portas de embarque com manga telescópica.
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Aeroporto de Lisboa vai dispor ainda este Verão de 17 portas de embarque com ponte telescópica. Antes das obras do Plano de Expansão existiam apenas 7. Esta nova área, com 25.644 m2 e construída em 24 meses, faz parte de uma grande empreitada — Novas Portas de Embarque 24, 25 e 26, e Novo Pier Norte — que ficou agora concluída e custou 41,3 milhões de euros. A obra proporciona um maior conforto no embarque e desembarque dos passageiros e uma rotação de aviões mais rápida. Todas as mangas estão aptas a receber aeronaves de longo curso. Também em Dezembro foi concluída a Nova Plataforma Polivalente para testes de motores. A entrada em funcionamento destas novas infra-estruturas confirma que o Plano de Expansão do Aeroporto de Lisboa está a ser implementado dentro dos prazos. Quanto a custos, dos 380 milhões de euros previstos, já foram investidos 214 milhões. No âmbito do Plano de Expansão resta ainda concluir algumas obras, nomeadamente a última fase da expansão do terminal de passageiros (o Novo Busgate Norte e a Ampliação dos Terminais de Bagagem), o que ocorrerá após a entrada em funcionamento do novo GOC (abastecimento de combustíveis de aeronaves) e a remodelação da área comercial das partidas. Para o fim ficarão os acessos rodoviários ao aeroporto. Todas estas obras vão estar concluídas em 2011. A conclusão destes investimentos vai restituir ao Aeroporto de Lisboa a qualidade de serviço que se foi perdendo e que a ANA tem recuperado gradualmente. O principal aeroporto do país abriu em 1942 e o último Plano de Desenvolvimento, concebido para processar 10 milhões de passageiros por ano, data de 1997. Em 2009 foram processados 13,2 milhões de passageiros. As novas obras vão permitir aumentar a capacidade de processamento de passageiros e bagagem até ao início das operações no Novo Aeroporto de Lisboa.
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_entrevidas
“É O TRABALHO QUE NOS MOTIVA” A função, a relação com o chefe e o reconhecimento são os três factores que Isabel Viegas aponta como fundamentais para a satisfação dos colaboradores. A directora de recursos humanos do Santander passou pelas telecomunicações antes de chegar à banca e, apesar de haver culturas diferentes, nota que as motivações das pessoas são as mesmas em qualquer lugar.
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o dia em que nos recebeu no seu escritório, na sede do Banco Santander Totta, em Lisboa, Isabel Viegas preparava-se para, no dia seguinte, viajar para a Madeira. Ia fazer um périplo pelos balcões do banco, estar um pouco com as pessoas e ver como estavam a reagir depois da catástrofe que assolou a ilha. Directora coordenadora de recursos humanos do Grupo Santander há sete anos, Isabel Viegas conta já com uma longa experiência na gestão de quadros e é uma acérrima defensora de que é preciso cuidar bem das pessoas para ter colaboradores motivados nas empresas. Formada em Psicologia – só mais tarde se formou em Gestão – começou por trabalhar numa escola de educação especial com crianças com paralisia cerebral. Este primeiro trabalho revelou-se uma experiência marcante na sua vida e que acabou por determinar todo o percurso profissional que viria a traçar. “Passei a dar valor a coisas na vida que antes não valorizava. Despertou uma veia de responsabilidade social, de dar atenção ao que se passa nas famílias e que sempre me acompanhou daí para cá”. O trabalho inovador e dinâmico a que se dedicou na escola acabou por chegar aos ouvidos de alguém na Marconi e foi convidada para integrar a equipa de recursos humanos da antiga operadora de telecomunicações. “Já tinha o bichinho da gestão, fazer as coisas acontecer é uma coisa que me encanta. Gosto da vida das empresas por causa disto”. Na Marconi encontrou uma cultura de excelência, marcada pelo elevado nível de desempenho individual e das equipas e onde tudo convergia para o topo. Desde o aspecto físico das pessoas – “Lembro-me que fiquei impressionada porque eram todos muito bonitos e bem vestidos” – até à música que tocava no início das reuniões de quadros da empresa, o “We are the Champions”, dos Queen. “Achávamos que quando viesse a liberalização do mercado das telecomunicações seríamos nós que íamos engolir as outras empresas”. Foi aí que aprendeu as bases da gestão de pessoas – fazer um sistema de avaliação de desempenho, uma entrevista, uma tabela salarial – e também a negociar com os sindicatos. Foram nove anos muito preenchidos “Passei a dar valor a coisas na vida que e havia uma relação verdadeiramente antes não valorizava. Despertou uma veia afectiva com a empresa, de tal modo que quando disse em casa que ia sair de responsabilidade social, de dar atenção da Marconi a reacção da sua filha ao que se passa nas famílias e que sempre me mais velha foi: “Ó mãe, então e a acompanhou daí para cá”. colónia de férias?”. Estava já a decorrer o processo de integração da Marconi na PT quando Isabel Viegas agarrou um desafio que veio de Espanha: a abertura da Jazztel em Portugal. Visitou as instalações da empresa em Madrid e
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Isabel Viegas no seu escritório na sede do Santander Totta.
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ali encontrou uma cultura diametralmente oposta à da Marconi: informal, aconchegante e muito jovem. Foi a primeira pessoa a ser contratada, levou a sua agenda e começou a formar uma equipa quando ainda nem instalações havia – nos primeiros dias trabalhou sentada à mesa no “food court” de um centro comercial no Saldanha. Foi na Jazztel que soube o que é o valor do negócio. “Ali aprendi a trazer clientes, o que é não ter dinheiro para pagar, o que é uma conta de resultados, um balanço... Tive que aprender muito sobre telecomunicações e como se rentabiliza o negócio”. E aprendeu outra coisa que também lhe tem servido para a vida e que descreve como “o valor do não tangível”. “Na Marconi, quando queríamos reconhecer as pessoas, dávamos-lhes dinheiro, os prémios, os bónus... Na Jazztel ainda não havia facturação, como é que se motivavam pessoas dedicadas que trabalhavam quase 24 horas por dia?”. Descobriu que havia outras formas: ter champanhe no frigorífico e reunir a equipa sempre que se conseguia qualquer coisa; fazer uma “happy hour” todas as sextas-feiras no final do dia; ajustar os horários ao ritmo das pessoas; não usar gravata e optar por um ambiente descontraído; fazer teatro para os filhos no Natal; oferecer pequenos presentes. “Tudo isto animava e motivava as pessoas. Uma coisa é o que aprendemos na escola sobre como se motiva e outra coisa é vermos as reacções das pessoas quando se toma determinada atitude”. Foi um período muito preenchido e cheio de desafios durante o qual as filhas chegaram a oferecer-lhe uma almofada e um saco-cama... Ao fim de três anos, os accionistas cansaram-se de investir sem retorno e consideraram que a liberalização do mercado das telecomunicações em Portugal, ao contrário do que acontecera em Espanha, era muito difícil. Aí teve uma nova experiência que foi dizer à equipa que a empresa ia ser vendida e que muitos teriam de sair da Jazztel. Uma tarefa que foi facilitada pela cultura de transparência que se vivia na empresa. “Fui
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Uma coisa que repete sempre aos alunos é “se puderem fa zer parte de uma ‘start up’ não hesitem, mesmo que corr a mal depois. A experiência de construir uma coisa de r aiz é únic a”.
a Madrid e negociei as condições que eu gostava de dar à equipa que estava connosco e com quem íamos rescindir. Eu pedi muito dinheiro naquela altura. Era muito importante tratar bem as pessoas à saída, tal como as tratámos quando chegaram”. Outra coisa que ajudou a ter sucesso naquele processo foi a decisão de, em conjunto, fazerem contactos para conseguir empregos para toda a gente. Em dois meses estavam praticamente todos colocados. Isabel Viegas dá aulas na Universidade Católica, é docente de algumas pós-graduações em gestão de recursos humanos e é repetidamente convidada para conferências e seminários sobre o tema. Uma coisa que repete sempre aos alunos é “se puderem fazer parte de uma ‘start up’ não hesitem, mesmo que corra mal depois. A experiência de construir uma coisa de raiz é única”. Quando estava a terminar esse processo de downsizing apareceram três ou quatro hipóteses de emprego, uma das quais era o Santander. “A minha primeira reacção foi ‘banca não’. Temos a ideia de que são empresas mais cinzentas, mais ‘business oriented’ do que ‘people oriented’. Mas depois de conversar com o presidente da altura, o Dr. Horta Osório, e com o Dr. Nuno Amado, que é o nosso presidente hoje, percebi que havia aqui um projecto para fazer”. O Santander tinha comprado outros bancos e, nota Isabel Viegas, não há fusões que não se façam com dor. Uma coisa que a aliciou era tentar perceber se seria possível um processo de mudança num banco. Outro atractivo era trabalhar numa empresa com uma dimensão destas. “Como será trabalhar numa empresa com seis mil colaboradores?”, era a questão que colocava a si própria. Sete anos depois, diz que tem sido muito gratificante ver uma casa a dar mais importância às pessoas e às suas motivações. E sobre o que motiva alguém no trabalho, é peremptória: “O colaborador motiva-se, antes de mais, pelo que faz. É o trabalho que nos motiva. Hoje, aos 50 anos, não tenho a mínima dúvida sobre isto”. Mas mesmo isso tem vindo a mudar. “Se disser a uma pessoa menos qualificada ‘carregue-me esta base de dados’, a pessoa carrega. Mas se disser o mesmo a um licenciado que acabou a Católica ou a Nova, que são as pessoas que estão a entrar no mercado de trabalho, vão de certeza acontecer duas coisas: primeiro vai perguntar ‘para quê?’, e depois vai dizer ‘mas então porque é que faz em Excel? Se calhar em Access era melhor’. As pessoas hoje são diferentes de há dez anos”. E aqui, Isabel Viegas considera que as organizações têm um desafio enorme: tornar os trabalhos interessantes para toda a gente. “As empresas que trabalham mais a satisfação são as empresas que conseguem trabalhar isto: dar projectos interessantes, trabalhar muito por projectos – posso ser caixa num balcão mas depois estou envolvida em dois projectos
de melhoria de qualquer coisa. Se eu conseguir rechear e preencher a função com coisas intelectualmente interessantes as pessoas vão sentir-se satisfeitas na organização”. Outro factor importante é a liderança. Há livros que dizem que quando deixamos uma empresa não estamos a deixar a empresa, estamos a deixar o chefe. A directora do Santander também não tem dúvidas de que a satisfação vem muito pelas relações que se têm dentro da empresa, sobretudo a relação que se tem com o chefe. “Quando deixam um emprego, muitas pessoas não o fazem porque ganhem mal, é porque não suportam o chefe”. Defende que as empresas têm que investir muito nas lideranças, em líderes que entendam o que as pessoas hoje em dia querem e precisam para estar bem. E dá alguns conselhos: “A visibilidade é muito importante. Um líder quando vai a uma reunião com a administração, que leve alguém da sua equipa de vez em quando; em vez de fazer ele a apresentação, que peça a um dos miúdos que acabou de chegar e que é bom em Power Point para fazer isso e ele que a vá apresentar; se vai a Espanha a uma reunião, porque é que não leva uma pessoa?”. Para Isabel Viegas, só mais para baixo nesta escala de importância surge a compensação. “Se eu não tiver uma noção de que é justo aquilo que eu dou e aquilo que eu recebo, também me desgasto. Se tiver um emprego em que a relação com o chefe é óptima, gosto imenso do que faço mas consistentemente percebo que dou muito mais do que aquilo que é o retorno, isso também desgasta a relação. É como nos casamentos”. E o reconhecimento pode vir de muitas maneiras, pode vir em dinheiro, pode ser um prémio, regalias, etc. Mas explica que o dinheiro começou a ganhar alguma relativização como reconhecimento e actualmente são cada vez mais as empresas que preferem oferecer outras coisas, como uma viagem ou uma participação na educação dos filhos dos colaboradores.
Brindar com toda a equipa quando se atingia qualquer coisa, ajustar os horários ou não usar gravata eram técnicas de motivação na Jazztel.
Considera que nesta área, como noutras, em Portugal existe do melhor que se faz no mundo e do pior. Teme, no entanto, que a crise possa abrandar ou adiar os percursos muito interessantes que algumas empresas nacionais estão a fazer em recursos humanos. “É um processo que se sofisticou muito nos últimos anos – fazem-se muitas mais coisas do que simplesmente dar o salário – e havendo menos recursos temo que ocorra um ‘back to basics’”. Com a ANA colaborou há cerca de seis meses na troca de ideias, experiências e know-how sobre projectos de recursos humanos a decorrer em ambas as empresas. A colaboração focou-se sobretudo num projecto de gestão previsional de recursos humanos (uma forma de as empresas se precaverem em relação ao futuro, fazendo uma boa gestão de competências e criando oportunidades de carreira para os seus colaboradores) mas também foram abordados temas como o recrutamento interno e a satisfação e motivação dos colaboradores. Como vive muito intensamente o trabalho, tenta nos finsde-semana fazer algo diferente. Os 30 minutos de passadeira (quase diários) encara-os mais como uma obrigação do que uma descontracção. Precisava de qualquer coisa que não fosse fisicamente muito exigente e descobriu o Tai Chi, um misto de exercício e meditação e tem sido uma descoberta gratificante. “Aprendi que posso controlar o bater do coração”. O que não pode controlar é a paixão pelo trabalho ao qual continua a dedicar muitas horas por dia. Apesar disso, considera que foi sempre uma mãe muito presente, embora para isso tivesse que praticar uma ginástica grande. Mantém uma relação muito próxima com as duas filhas, hoje já adultas, mas que ainda a desafiam frequentemente para uma “tarde de miúdas”.
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_inovação O protótipo que foi apresentado no Aeroporto de Faro.
ROBÔ MULTIUSOS EM FARO Parece um simples buggy mas é muito mais do que isso. O IRPS é um robô que se desloca autonomamente evitando os obstáculos em locais com grande densidade de pessoas. Foi desenvolvido por um consórcio internacional de que a ANA faz parte, tem tecnologia portuguesa e um enorme potencial de utilização.
É
sabido que os aeroportos podem ser ambientes stressantes. Localizar o balcão de check-in, passar a segurança, encontrar a porta de embarque indicada, podem ser tarefas complicadas para algumas pessoas. Se se tratar de uma pessoa com mobilidade reduzida essa dificuldade cresce significativamente. O projecto Intelligent Robotic Porter System (IRPS) foi pensado exactamente para estas situações. O protótipo, que foi apresentado pela primeira vez no Aeroporto de Faro em dezembro, tem o aspecto de um simples buggy mas incorpora tecnologia de vanguarda que permite ao carrinho mover-se autonomamente, contornando os obstáculos que surjam no seu percurso. O IRPS é o resultado de um trabalho de equipa, de que a ANA faz parte, e contou com um orçamento de 3,54 milhões de euros. A principal inovação deste robô é a sua capacidade de, através de detecção a laser e modelação em 3D do espaço envolvente, mapear a área e autoguiar-se. Os sistemas robóticos que já existem não possuem um sistema de detecção e orientação 3D de alta precisão para utilizações no interior de edifícios. Por isso, o sistema de detecção do IRPS permite aos robôs mais autonomia e precisão, com todas as vantagens que isso representa. O projeto assenta numa inovadora tecnologia de medição 3D chamada LIMS (LIDAR Imaging and Measurement System) que efectua medições laser em tempo real e é capaz de detectar o ambiente circundante e, assim, posicionar-se e orientar-se num contexto dinâmico com grande densidade de pessoas, como as aerogares dos aeroportos.
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O objectivo é que no futuro o robô seja capaz de, por exemplo, transportar autonomamente uma pessoa portadora de deficiência, com mobilidade reduzida (ou apenas com dificuldades de orientação) ao longo de todo o seu trajecto no aeroporto. Esta é a utilização mais óbvia, mas as possibilidades de aplicação são bem mais vastas. Além de transportar pessoas, o robô poderá também transportar objectos e mercadorias dentro da aerogare, ser usado na vigilância, em veículos de limpeza ou no transporte de peças para manutenção. Outras das potenciais utilizações apontadas são o transporte de matérias perigosas.
WEBSITE: www.irps-project.net O pedido de transporte pode ser feito de forma remota, através de um dispositivo com ligação à internet, como o telemóvel, por exemplo, durante o caminho ou à chegada ao aeroporto. O passageiro com mobilidade reduzida entra no carro enquanto os seus acompanhantes seguem os habituais procedimentos de embarque. Durante todo o caminho para o seu destino no terminal do aeroporto, os acompanhantes podem seguir a posição do veículo através do seu telemóvel (ou outro aparelho) com ligação à internet. A emergência de novas tecnologias provocou uma verdadeira revolução na procura e oferta de novos produtos e serviços, o que tem levado as empresas a olhar para a inovação como uma forma de melhorar a sua produtividade e competitividade. É o que tem feito
Os passageiros com mobilidade reduzida poderão beneficiar muito com a utilização deste robô.
a ANA, que nos últimos anos tem apostado fortemente em projetos de investigação, desenvolvimento e inovação, directamente relacionados com a sua área de actividade. Ao mesmo tempo, a empresa tem procurado colaborar com as melhores redes de conhecimento em cada área tecnológica. O projecto IRPS está a ser desenvolvido desde 2006 no âmbito do 6º Programa Quadro da Comissão Europeia por um consórcio que, além da ANA e do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra (que desenvolveu o sistema de algoritmos para a programação do robô), envolve empresas fornecedoras de tecnologia, indústria e utilizadores de países como a França, Israel, Polónia, Canadá e Reino Unido. Em aberto está ainda a discussão de outras áreas de aplicação e possíveis desenvolvimentos. Mais informações podem ser obtidas na página do projecto.
Através de detecção a laser e de modelação do espaço em 3D, o robô mapeia a área e consegue evitar os obstáculos.
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_insights
ENTRAR NO ANO © FOTOGRAFIAS: Vitor Valentim - Aeroporto de Lisboa
A DANÇAR O
s primeiros acordes do tema “All I Want for Christmas” na voz de Mariah Carey surpreenderam os passageiros que às 6h45 do dia 23 de Dezembro de 2009 faziam o seu check-in no Aeroporto de Lisboa. O que se seguiu, e se repetiu por mais três vezes ao longo do dia, foi um animado “flash mob” que divertiu quem viu “in loco” ou através do computador. A acção teve uma repercussão surpreendente tanto nos meios de comunicação como na internet. Em pouco tempo havia referências ao acontecimento em inúmeros blogs e nas redes sociais e o primeiro vídeo que foi colocado no You Tube teve mais de 100 mil visualizações em apenas três dias. Organizado pelo Aeroporto de Lisboa, pela Direcção de Retalho da ANA e pela TAP, o “flash mob” repetiu-se no dia 30 de Dezembro de 2009, agora para desejar um bom ano aos passageiros em trânsito por Lisboa. Esta foi uma acção inédita em Portugal e foi também a primeira vez que decorreu num aeroporto no mundo.
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FILME EM: http://www.youtube.com/watch?v=rWjZX57QQDY
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A réplica do biplano 14 BIS de Santos Dumont.
_insights PAIXÃO PELA AVIAÇÃO
TODAS AS ESTRADAS VÃO DAR A LISBOA Representantes de mais de 50 países vão reunir-se em Lisboa para discutir os desafios que condicionam as redes rodoviárias e os transportes no século XXI.
S
ob o lema “Partilhar a Estrada”, vai decorrer em Lisboa entre 25 e 28 de Maio o 16º Congresso Mundial de Estradas da International Road Federation, organizado em parceria com o Centro Rodoviário Português. Aqui vão reunir-se os maiores especialistas internacionais, incluindo representantes das autoridades, dos operadores, da indústria e de associações de cidadãos, vindos de mais de 50 países. Durante os três dias do evento, que a ANA patrocina, serão discutidos temas como a mobilidade, transporte e infra-estruturas, segurança rodoviária e segurança pública, estradas sustentáveis, financiamento do sistema rodoviário e sua gestão e tecnologias e inovação. O principal objectivo será discutir estatégias que façam frente aos novos desafios que se colocam às redes rodoviárias e à mobilidade. Em Portugal, nos últimos 20 anos, a par de uma aposta dos diversos governos em dotar o país de uma
Rede Rodoviária Nacional (RRN) adequada às actuais necessidades da mobilidade, tem-se assistido à reforma da administração rodoviária e à entrada de novos parceiros com responsabilidades no financiamento, construção, operação e manutenção dessa rede. Com 16400 km, a RRN inclui cerca de 3600 km de autoestrada, dos quais 2/3 pertencem à Rede Transeuropeia. Em 1985 Portugal tinha em operação 180 km de autoestrada, no final de 2009 estarão em operação cerca de 2800 km. Para a rápida concretização da rede, o Estado tem recorrido a parcerias público-privadas. No mesmo período o país assistiu a uma importante alteração dos padrões de mobilidade: embora se tenha verificado um aumento exponencial da procura – o tráfego aumentou quatro vezes – a circulação passou a fazer-se com mais segurança, registando-se uma redução de cerca de 1/3 no número de vítimas mortais. Entre 2001 e 2007, Portugal foi um dos três países da União Europeia onde se registou uma maior redução no número de vítimas mortais.
Os entusiastas da aviação têm motivos para sorrir . Desde dezembro que o Museu do Ar conta com instal ações novas e mais espaçosas, na Base Aérea de Sintra . Uma c asa perfeita para o valioso espólio que retrata um século de aviação em Portugal .
M
elhores condições e mais espaço. São essas as principais mais-valias do novo Museu do Ar que em Dezembro abriu as portas na Base Aérea Nº1 em Sintra, com um espólio que, para muitos, está entre os melhores do mundo. Depois de quase 40 anos em Alverca – onde ainda ficou um pólo museológico – a Força Aérea Portuguesa (FAP) enriqueceu a colecção que já tinha nos hangares históricos da Base Aérea de Sintra, onde dispõe de uma área que pode ir até aos 10 mil m2. Ter mais espaço para expor era uma ambição antiga da FAP, já que as instalações de Alverca há muito que deixaram de ter capacidade para albergar todo o espólio. O novo Museu do Ar oferece uma notável viagem pela história da aviação em Portugal (e não só), desde os seus primórdios até aos dias de hoje. O património compõe-se de 40 aeronaves, quatro simuladores de voo e centenas de objectos relacionados com a aviação civil e militar. Uma das principais atrações é a réplica do biplano 14 BIS, batizado “Oiseau de Proie”, o primeiro aeroplano com motor, que o brasileiro Alberto Santos Dumont construiu e pilotou em 1906 no Campo de Bagatelle, em Paris. Doada pelo museu da companhia aérea TAM, trata-se de uma réplica da aeronave – existem outras, em Caldas Novas,
Os aviões da patrulha acrobática Asas de Portugal.
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no estado de Goiás, no Brasil, e no Musée de l’Air et de l’Espace no Aeroporto Le Bourget, em Paris – que ficou na história por ser a primeira a conseguir descolar pelos próprios meios (com motor de explosão), sem ser catapultada, como acontecera com o invento dos irmãos Wright uns anos antes. Algumas peças são mais acarinhados pelos visitantes, como os aviões dos Asas de Portugal, o Chipmunk que 60 anos passados sobre a sua chegada à FAP ainda voa na Academia ou o primeiro helicóptero da Força Aérea, o Sikorsky. O museu permite aos visitantes um acesso simplificado às suas peças, estando prevista para breve a visita a alguns cockpits e simuladores de aeronaves, impecavelmente restaurados. A colecção acolhe também peças da TAP e da ANA, que dispõem de um espaço de exposição próprio. A ANA contribuiu com uma representação da primeira torre de controle utilizada no Aeroporto de Lisboa, além de variados objectos como fardas e loiças, que testemunham a passagem do tempo. O Museu do Ar contou com o apoio da Câmara Municipal de Sintra e da ANA, que permitiu a reconversão de 4 hangares e de um bloco de gabinetes localizados junto à porta de armas da Base, onde existe também uma loja e uma cafetaria. Funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. Às 10h30 e às 14h30 há visitas guiadas. Mais informações podem ser obtidas em www.emfa.pt/www/po/musar
O Sikorsky UH-19, usado para busca e salvamento, foi o primero helicóptero português.
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_ambientes INFORMAÇÃO PARA TODOS As edições em Braille da Impresa chegam todos os meses a centenas de pessoas levando a informação impressa a quem lê de uma forma diferente. Um projecto tornado possível graças aos patrocinadores, entre os quais se conta a ANA.
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direito à informação assiste a todos os cidadãos. Embora a uns mais do que a outros, há que dizê-lo. Isto porque existe uma parte da população que não pode simplesmente ir ao quiosque da esquina e comprar o matutino do dia. Há cinco anos que a Impresa, um dos maiores grupos de comunicação social do país, arrancou com as edições em Braille de algumas das sua publicações, primeiro a Visão, depois a Visão Júnior e mais tarde a
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Activa. A ANA é um dos patrocinadores deste projecto que torna possível levar informação impressa a um alargado grupo de pessoas. Já na década de 90 a ANA patrocinara também uma versão em Braille do semanário “O Independente”. A primeira grande diferença entre as edições para o grande público e as edições para os invisuais é a periodicidade. Enquanto a Visão é semanal, a Visão Braille é mensal, as outras duas são mensais e na versão
Braille saem de dois em dois meses. As edições em Braille têm um condicionalismo que é inerente à própria linguagem criada por Louis Braille no século XIX: cada página comporta cerca de 870 caracteres, o que limita muito o número de artigos que podem ser publicados.
As capas da Visão e da Activa em Braille, editadas pela Impresa.
Fernando Ribeiro da Cruz é o responsável pelas edições para os invisuais publicadas pela Impresa. Explica que, sempre que possível, tentam manter o alinhamento da revista. Na Visão Braille, por exemplo, o primeiro artigo é de António Lobo Antunes e o último artigo é de Ricardo Araújo Pereira. Há sempre também um artigo de Pedro Camacho, o director, e os restantes, no máximo 14, são seleccionados entre a informação nacional, internacional e de sociedade. O responsável explica que “a principal preocupação é serem o mais intemporais possível, isto é, minimamente datados e que possam ser lidos com algum desfasamento em relação à data da sua publicação. Isto porque, por exemplo, a revista de Março em Braille sairá na segunda quinzena de Abril, porque temos que deixar acabar o mês de Março para poder depois escolher os artigos”. Além disso, a produção e o envio “As revistas mensais demoram entre 15 e 20 dias. donde são escolhidos Na Visão Júnior e na Activa há os artigos são muito ainda outro factor importante a ter em conta e que também gráficas no sentido condiciona muito a escolha dos em que têm muita artigos. “As revistas mensais fotografia e muitos donde são escolhidos os artigos desenhos, o caso são muito gráficas no sentido da Visão Júnior, e em que têm muita fotografia e isso limita a escolha muitos desenhos, o caso da Visão Júnior, e isso limita a escolha pela impossibilidade pela impossibilidade técnica de técnica de transposição para Braille”. transposição O processo de produção das para Braille” revistas é caro. São utilizadas placas de zinco que são depois impressas num papel de gramagem elevada, com consistência necessária para receber os pontos em relevo da linguagem de Braille. Mesmo assim, a Impresa envia gratuitamente 1200 exemplares por número da Visão e 900 da Visão Júnior e da Activa, inteiramente pagos pelos patrocinadores. O Jornal de Notícias também tem uma versão em Braille publicada de dois em dois meses. Existem ainda alguns títulos publicados exclusivamente para os invisuais, como a Poliedro, a Rosa dos Ventos e a Ponto e Som. Esta última é publicada trimestralmente pela Biblioteca Nacional de Portugal em Braille e em suporte sonoro desde 1974, uma longevidade digna de nota. Os interessados em ter acesso às publicações da Impresa só têm de enviar um email para edicoesbraille@ impresa.pt e fazer o pedido.
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_ambientes PESO LEVE Conta com vários títulos nacionais e europeus no currículo e não quer ficar por aqui. Um sonho que Paula Almeida poderá ver concretizado já este ano no Campeonato do Mundo de Jiu-Jitsu que decorre em Junho na Califórnia.
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em Londres para competir na Roger Gracie Invitation. Se oi campeã nacional tudo correr bem, a última deslocação do ano será em de Jiu-Jitsu em Junho, à Califórnia, para o Campeonato do Mundo, onde 2006 e 2007, Paula espera conseguir um lugar no pódio. campeã europeia em 2007 Outra ambição é ir ao Brasil lutar porque foi ali que e terceira da Europa em 2008 nasceu a versão da modalidade que hoje se pratica em e 2009. Um palmarés invejável competição e onde o nível técnico é mais elevado. A para quem pratica a modalidade há perda de adeptos do Jiu-Jitsu tradicional japonês levou apenas oito anos. É o caso de Paula ao surgimento de algumas variantes desta arte marcial, Almeida, colaboradora da ANA há 19 nomeadamente a chamada Gracie ou Jiu-Jitsu brasileiro, anos, actualmente nas Operações nascida no Brasil pelas mãos de elementos da família Aeroportuárias. Gracie que foram ensinados pelo japonês Mitsuyo Seguindo a sua política de apoiar Maeda, naturalizado brasileiro. os colaboradores que se distinguem Também Paula Almeida começou por praticar o Jiu-Jitsu de forma positiva nas actividades e japonês mas em meados de 2004 a academia onde modalidades que praticam, a ANA, praticava tornou-se associada da Gracie Barcelona, uma através do Clube ANA Lisboa, filial da casa-mãe, a Gracie Humaitá do Rio de Janeiro. tornou-se patrocinadora da Paula Almeida atleta apoiando-a nas A perda de adeptos do reconhece que o despesas de participação, apoio concedido jiu-jitsU tradicional nomeadamente nas deslocações pelo Clube ANA é e alojamento. japonês levou ao fundamental para Já este ano Paula Almeida surgimento de algumas a sua participação classificou-se em 3º lugar na variantes desta arte nestas provas. “Irei categoria peso leve (até 64 kg) no marcial, nomeadamente sem preocupações Campeonato Europeu que decorreu a chamada Gracie ou monetárias, só a em Lisboa, em Janeiro, e que pensar em prepararjiu-jitsu brasileiro. trouxe a Portugal cerca de 2500 -me para as provas. atletas de toda a Europa para Acho bastante importante que o Clube ANA apoie os competir durante quatro dias. seus associados, as pessoas que fazem a empresa”. Em Abril vai participar na 10ª Copa de Espanha, em Barcelona, e em Maio estará
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_follow me Regina Gonçalves zela pela saúde e bem-estar de quase uma centena de pessoas no Aeroporto da Horta.
ENTRE O MAR E O VULCÃO Com o Pico no horizonte a enfermeira Regina Gonçalves vai contando as memórias guardadas em quase 40 anos a trabalhar no Aeroporto da Horta. Recuando ainda mais lembra a erupção dos Capelinhos e conta como se vive numa terra que mexe quase todos os dias.
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egina Gonçalves é detentora de dois recordes no Aeroporto da Horta. É não só a pessoa com mais idade como a colaboradora mais antiga. Começou a trabalhar em 1972 num aeroporto novinho em folha, para a então Direcção Geral de Aeronáutica Civil, assistiu ao nascimento da ANA e acompanhou a evolução da empresa e do aeroporto que serve a ilha do Faial, nos Açores. É enfermeira. As suas funções dividem-se entre o posto de socorros e o gabinete do serviço de saúde ocupacional. Zela pela saúde e bem-estar
de quase uma centena de pessoas – 36 colaboradores da ANA, 15 da NAV, cerca de 30 da SATA e ainda os colaboradores da empresa de segurança. Uma tarefa que executa com prazer e com a sabedoria ganha em 38 anos de trabalho. Vai longe esse tempo mas lembra-se bem da altura em que aterrava apenas um avião por dia e tanto a aerogare como a pista eram bem mais pequenas e modestas do que as modernas instalações que existem hoje, à beiramar, na localidade de Castelo Branco, a cerca de 10 km da cidade da Horta.
Apesar de prestar sobretudo um serviço de prevenção, ao longo dos anos Regina Gonçalves interveio em diversas situações de socorro. Foram na maior parte dos casos situações menores, como quedas, uma indisposição a bordo, o nervosismo de voar pela primeira vez ou uma simples dor de dentes encaminhada pelas assistentes da SATA e que qualquer paracetamol resolve. Recorda-se do caso mais grave, fatal, de um passageiro doente cardíaco que não resistiu e faleceu a caminho do Hospital da Horta. Teve também a sua quota de situações caricatas como a de uma passageira estreante que veio das Flores e afogou o receio de voar numa considerável dose de álcool. Nesse caso o remédio esteve mesmo numa chávena de café bem forte. Ou outra, trazida num Aviocar da Força Aérea, cujo baptismo de voo não lhe correu nada bem. Aí foi necessário um Valium que funcionou tão bem que a senhora já nem se apercebeu da viagem de regresso.
Vai longe esse tempo mas lembra-se bem da altura em que aterrava apenas um avião por dia e tanto a aerogare como a pista eram bem mais pequenas e modestas do que as modernas instalações que existem hoje, à beira-mar, na localidade de Castelo Branco, a cerca de 10 km da cidade da Horta.
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Fazer pensos, a medição da tensão arterial, o despiste de glicémia, do colesterol e dos triglicéridos, a aplicação de injecções ou a vacinação contra a gripe são alguns dos afazeres que lhe ocupam os dias. Encarrega-se também de examinar e encaminhar os colaboradores para os exames exigidos pela medicina do trabalho. Gosta de levar em mão as requisições para os exames e análises e percorre todo o aeroporto para o fazer, desde a torre de controle até ao hangar dos bombeiros. Pelo caminho vai dando recados aos colaboradores, sendo o tabaco um dos seus alvos. Diz com satisfação que muitos já pararam de fumar. De dois em dois meses, durante um par de dias, tem a companhia de uma médica de medicina do trabalho. Com a mesma clínica passa todos os anos uma semana na ilha das Flores para examinar os colaboradores que trabalham no Aeródromo de Santa Cruz das Flores: 5 da ANA, 6 da NAV e cerca de 18 da SATA. “Vamos geralmente em Julho, para não ficarmos lá fechadas”, diz a brincar referindo-se às frequentes situações de isolamento da ilha devido ao mau tempo. Com toda a sua aparelhagem – audiómetro (para os ouvidos), visioteste (para os olhos), espirómetro (para os pulmões), electrocardiógrafo (para o coração) – e com as fichas do pessoal na bagagem, segue para as Flores uns dias antes da médica para preparar os exames. Nascida na freguesia do Capelo, Regina Gonçalves lembrase bem da erupção do vulcão dos Capelinhos que em 1957 e durante 13 longos meses manteve as atenções voltadas para a ilha e colocou o Faial nos manuais de vulcanologia. “A terra tremeu durante muitos meses e as pessoas naquela altura nem sabiam muito bem o que estava a acontecer”, recorda. Tal como outras famílias da freguesia, a sua também foi evacuada para a Horta mas lembra-se de brincar com as primas nas areias pretas que resultaram das erupções. Depois disso a terra já tremeu outras vezes no Faial, nomeadamente em 1998 quando se registaram estragos avultados na ilha. Apesar do risco, o dia-a-dia vive-se sem pensar muito nisso. “Somos embalados quase todos os dias”... Ao longo de quase quatro décadas no aeroporto já conheceu três directores: primeiro Israel Silva Pereira, depois Fernando Faria e actualmente, e já há mais de 20 anos, João Corvelo. Quase todos os colegas do “seu tempo” já se reformaram e hoje a maior parte dos colaboradores anda na faixa dos 30, 40 anos. Mas a reforma não é uma ideia que entusiasme Regina Gonçalves. “Enquanto puder ser útil às pessoas e à empresa vou continuar por aqui”.
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Para APROVAR
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UMA RP NO REFEITÓRIO Duas décadas de relações públicas levam a um invejável leque de conhecimentos e aptidões. Ao ser chamada para gerir o refeitório e as cafetarias da ANA, Fátima Ribeiro pode dar um novo uso aos seus conhecimentos. Quem lucra são os colaboradores da ANA, que têm cada vez mais e melhores espaços de alimentação e lazer.
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uando há dois anos foi contactada para gerir o refeitório e as cafetarias da ANA, Fátima Ribeiro recebeu o convite com algum espanto. “Eu nem sei cozinhar, lá em casa é o meu marido que cozinha”, foi o primeiro pensamento que lhe ocorreu. Ao assumir as novas funções encontrou um refeitório que funcionava perfeitamente, com comida bem confeccionada e uma equipa eficiente. O que faltava era sobretudo dinamizar o espaço e criar alternativas. Com 26 anos de empresa, quase todos dedicados às relações públicas, percebeu então porque a tinham chamado. Com o entusiasmo que a caracteriza, Fátima Ribeiro pôs mãos à obra e recorreu aos conhecimentos feitos em duas décadas a trabalhar no aeroporto. Primeiro tratou de atrair novos clientes para o refeitório. E não foi buscá-los apenas à ANA. Hoje em dia, muitas das pessoas que procuram o refeitório da ANA para
almoçar são da TAP, da Alfândega, do SEF e até mesmo da PSP. ”São muitos anos de empresa e é a vantagem de conhecer muita gente”. Das 420 refeições diárias que eram servidas antes passouse agora para uma média de 560, um número surpreendente, sobretudo se tivermos em conta que por detrás está uma equipa de apenas 12 pessoas. Uma equipa bem oleada que Fátima Ribeiro não se cansa de elogiar e que se esforça por manter unida e coesa: “Todos os dias às 9h tomamos o café juntos, antes de começarmos a trabalhar, e depois, quando as coisas acalmam, voltamos a sentar-nos para almoçar juntos”. Para dinamizar os espaços e oferecer alternativas à saborosa mas calórica comida tradicional portuguesa que é servida no refeitório, avançou para a abertura do Gourmet Light. Aproveitou-se um espaço, contíguo ao refeitório, para instalar um pequeno restaurante de comida mais saudável, atendendo à procura cada vez maior deste tipo de alimentação. Para Fátima Ribeiro é importante manter a equipa unida e motivada.
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Apesar de ser mais tradicional, a comida do refeitório também atende a preocupações nutricionais, e para isso contam com a colaboração da nutricionista do Serviço de Saúde Ocupacional. Informação sobre as calorias presentes nos alimentos ou dicas do tipo “prefira água a refrigerantes” estão espalhadas junto à zona de self-service do refeitório, o lugar ideal para recordar coisas que todos sabemos mas que muitas vezes esquecemos. Além disso, existem também os grelhados, uma boa alternativa para os mais conscientes. No refeitório são servidos diariamente três pratos e, como em qualquer estabelecimento similar, existem especialidades, a saber: o arroz de pato e, nas sobremesas, o arroz doce. Nesses dias é certo para onde vai a preferência. Outra novidade que Fátima Ribeiro conseguiu concretizar foi a criação de um espaço privado (como as salas privadas de alguns restaurantes) pensado para atender sobretudo os membros do Conselho de Administração ou directores, mas que acabou por ser usado quase diariamente, para pequenos-almoços de trabalho, almoços, reuniões, etc. “Já aqui se fizeram jantares de Natal,
do Clube ANA, dos oficiais de operações aeroportuárias (OPAs) do aeroporto... é uma sala que está disponível para quem precise dela”. A primeira empreitada que encarou assim que chegou ao serviço foi a abertura do refeitório do novo terminal de carga do Aeroporto de Lisboa, alcançada no tempo recorde de três meses e meio. E dentro do leque de coisas que ainda quer fazer conta-se uma intervenção na cafetaria do edifício 71, onde funciona a manutenção. “A ideia é mudar as instalações sempre que isso signifique criar zonas mais aprazíveis para as pessoas que trabalham na ANA”. Numa visita guiada pelos bastidores do refeitório, Fátima vai mostrando as áreas onde são descarregados, aprovisionados e preparados os alimentos. Análises, verificações, exigências sanitárias, ASAE, eram termos alheios ao seu léxico habitual e com os quais tem vindo a familiarizar-se. Licenciada em Relações Públicas e com uma pós-graduação em Protocolo e Organização de Eventos, foi essa a área a que se dedicou na ANA, primeiro no Aeroporto de Lisboa e depois como chefe das relações públicas junto do Conselho de Administração. Como parar é morrer prepara-se para continuar a estudar, agora uma pós-graduação em Consultoria de Imagem que lhe vai permitir completar a formação nesta área. O espaço privado é usado quase diariamente para pequenos-almoços de trabalho, reuniões ou jantares festivos.
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Para APROVAR
_partidas
Unidas em 2004 concluiu que a cidade tem a segunda maior população do mundo que nasceu fora do país, a seguir a Miami. Para se testemunhar ao vivo esta realidade, basta passear por Chinatown, o bairro chinês, Little Italy, o italiano, por Danforth, o grego, pela Portugal Village ou pela Rua Açores que, na realidade, não é uma rua mas uma área, onde a partir dos anos 1950 se foram estabelecendo os imigrantes vindos dos Açores e também da Madeira.
Do alto dos seus 553 metros, a CN Tower domina o skyline de Toronto e é o principal cartão postal da cidade.
O novo prédio da Art Gallery de Ontario foi o primeiro edifício que Frank Gehry, nascido em Toronto, projectou no Canadá. O Eaton Center é um centro comercial e um dos pontos mais frequentados pelos turistas em Toronto.
TORONTO DEZ RAZÕES PARA VISITAR (E AMAR)
É uma das mais interessantes e espectaculares cidades da América e tem vindo a tornar-se um destino apetecível não só para visitar como também para viver. Aqui damos-lhe 10 razões para se apaixonar por Toronto. Com a certeza de que muitas outras existem.
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Beleza O cenário começa a desenhar-se à medida que o avião se aproxima para a aterragem. Os arranha-céus iluminados, reflectidos na água, deixam adivinhar uma grande metrópole com semelhanças a Nova Iorque. A CN Tower domina o skyline oferecendo um espectáculo de cor e luz que anima todas as noites o centro da cidade. À medida que se caminha pelas ruas e nos afastamos do centro, os arranha-céus vão dando lugar a bairros de prédios com dois ou três andares e de casas do início do século passado com varandas e janelas abertas para os jardins floridos. Das margens do lago Ontario ao topo dos seus impetuosos arranha-céus, Toronto é linda, o que
seria só por si um excelente motivo para a visita. Mas existem outros, muitos outros, como se verá de seguida. 2 Cosmopolitismo Por trás de uma malha urbana com ruas limpas, belos parques e jardins, uma imensa variedade de espaços culturais e um sistema de transporte eficiente, está um projecto urbano de sucesso. Por outro lado, a cidade abriu as portas à imigração e aproveitou o melhor que o contacto com outras pessoas do planeta poderia render a uma cidade. O resultado é que Toronto é hoje uma das metrópoles mais cosmopolitas do mundo. O Programa de Desenvolvimento das Nações
3 Cultura Pode dizer-se sem medo de errar que a cena cultural de Toronto ombreia com a das principais cidades europeias ou norte-americanas. O que há de melhor em matéria de teatro, cinema, música, moda, arte, arquitectura e culinária está em cartaz, já esteve ou vai estar. Centro cultural da nação, Toronto é também a cidade dos festivais. Em Junho (este ano de 11 a 20) decorre o Luminato, uma verdadeira explosão cultural que anima a cidade com peças, óperas, concertos, espectáculos, exposições e lançamentos literários. O pico do Verão está reservado para os festivais de música e em Setembro é o aclamado Toronto International Film Festival que faz os títulos, com a presença de importantes nomes da indústria cinematográfica mundial. 4 Museus Podiam estar incluídos no tópico anterior mas a sua variedade e qualidade justificam um destaque à parte. O Royal Ontario Museum é o maior museu do Canadá, com mais de seis mil peças no seu acervo. Há pouco tempo foi aumentado com seis novas galerias ultramodernas com prismas de cristal projectados pelo arquitecto Daniel Libeskind. Além da história das primeiras civilizações canadianas, tem uma série de outras mostras de arte. Outro arquitecto de renome, Frank Gehry, projectou o novo prédio da centenária Art Gallery of Ontario, que oferece um panorama da arte mundial, com cerca de quatro mil obras distribuídas em 110 galerias. No Gardiner Museum os visitantes podem desdobrar-se para ver as mais de três mil peças de cerâmica, incluindo um acervo pré-colombiano, porcelanas europeias dos séculos XVII e XVIII, trabalhos de artistas contemporâneos e de mestres como Picasso, Rodin ou Chagall. 5 Qualidade de vida A cidade está entre as primeiras do mundo no que respeita a qualidade de vida. O visitante que passeia por Toronto sente essa qualidade traduzida em hospitalidade, tolerância e segurança. Durante o Verão experimente caminhar pelo Harbourfront Centre, localizado em frente ao lago Ontario, chamado de “praia” pelos habitantes. A população ocupa os relvados, faz piqueniques, anda de bicicleta ou de barco à vela. No Inverno a área transforma-se num grande ringue de patinagem.
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Toronto é uma das mais seguras metrópoles norte-americanas. Pode-se caminhar tranquilamente pelas suas avenidas a qualquer hora do dia ou da noite, sem maiores preocupações. Existe uma qualidade de vida invejável, que possibilita às pessoas viver em casas (em vez de apartamentos) e ir a pé ou de bicicleta para o trabalho. 6 Diversão garantida Movimentada e animada durante o dia, Toronto torna-se feérica quando a noite cai. Os teatros e cinemas ganham vida, os restaurantes enchem-se de gente e não faltam ofertas nocturnas para todos os gostos, desde clubes, bares luxuosos ou locais aconchegantes para tomar uma cerveja. O Distillery Historic District, fundado em 1832 por um imigrante escocês, foi a maior destilaria no Canadá. Em 2003 transformou-se num bairro histórico, um complexo formado por prédios de arquitectura do período industrial do século XIX. Ao longo de todo o ano existe uma ambiciosa programação de eventos, incluindo festivais de música e outras actividades ao ar livre. O Entertainment District tem, como o nome indica, entretenimento para todos. Teatros como o Princess of Wales e espaços como o Four Seasons Centre for the Performing Arts têm sempre excelentes produções. Para os fãs do basquetebol e do hóquei, duas paixões canadianas, existe o Air Canada Centre e o Hockey Hall of Fame. Omnipresente, do alto dos seus 553 metros, a CN Tower é só por si uma atracção. Vista seja de que ângulo for, Toronto convida a viver intensamente. 7 Estudar A amplitude cultural de Toronto transformou-a num reduto para estudantes estrangeiros de todas as idades. Os idiomas oficiais do Canadá são o francês e o inglês mas em Toronto 52% da população fala inglês. É uma óptima cidade para estudantes que pretendem fazer intercâmbio cultural e para quem deseja aprender línguas pois aqui acabarão por aprender tanto o inglês como o francês. Referência como instituição de ensino de inglês, a Global Village é conhecida pelo nível dos professores, pela técnica de aprendizagem e por oferecer apoio integral aos estudantes. 8 Gastronomia A riqueza étnica de Toronto rendeu deliciosos pratos que podem ser degustados na incrível variedade de restaurantes espalhados pelas ruas. Uma opção interessante são os mercados. O Saint Lawrence Market, no centro histórico, tem mais de 60 lojas e além de produtos também vende comida confeccionada. É bom ir com fome e experimentar o máximo de delícias possíveis. Uma das preferidas dos canadianos é o salmão grelhado com salada. Bom e saudável. O Kensington Market é um espaço colorido, cheio de vida e onde se ouvem línguas de toda a parte do mundo. Convém não passar ao lado. Um destaque do mercado é a Global Cheese Shoppe, com queijos de todo o mundo. Difícil é controlar a irresistível tentação de os provar a todos antes de decidir qual comprar.
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O Pure Spirits Oyster House & Grill é um dos mais conhecidos restaurantes de Toronto, uma reputação ganha pelos peixes e frutos do mar fresquíssimos, ostras de todas as procedências e excelentes opções para vegetarianos. O ambiente faz o resto. Fica no Distillery Historic District. A enorme diversidade cultural representa, claro, uma enorme oferta gastronómica e a dificuldade está mesmo na escolha.
A zona do porto e das marinas, nas margens do Lago Ontario, é a preferida dos habitantes para as horas de lazer.
9 Cidade subterrânea Com invernos castigantes onde a temperatura pode descer até aos 30 graus negativos, uma boa opção pode ser refugiar-se debaixo da terra. Há décadas que se começaram a construir em Toronto galerias comerciais subterrâneas interligadas entre si. A rede cresceu e hoje o PATH, como se chama esta “cidade subterrânea”, é, segundo o Guiness, o maior complexo subterrâneo de lojas do mundo, contando com 27 quilómetros de extensão e cerca de 1200 lojas e serviços que ocupam 400 m2 e empregam cinco mil pessoas. Isto significa que se pode sair para jantar, fazer compras, ir ao cinema e uma infinidade de outras coisas, sem pôr o pé na rua. E a temperatura ambiente ronda sempre uns simpáticos 22 graus. Mas a vida no PATH pode não ser fácil para quem ali chega pela primeira vez: existem mais de 125 entradas e 60 pontos onde há que decidir que direcção tomar. Um mapa é fundamental. 10 Sem preconceitos No cruzamento da Wellesley Street e da Church Street decorre todos os anos uma das maiores paradas gays do mundo. Entre as cerca de 800 mil pessoas que participaram no ano passado, contou-se uma comitiva das Forças Armadas do Canadá, com representantes do exército, marinha e força aérea. Apesar de a festa não ser muito diferente de qualquer outra do mesmo género, em Toronto sente-se que há motivos reais para celebrar: o casamento gay e a adopção de crianças pelos casais homossexuais são permitidos e a homofobia é criminalizada. Para conhecer a cena gay de Toronto basta caminhar pela Church Street, o maior bairro gay do país (Gay Village, em Montreal, fica pouco atrás). Aqui, restaurantes, cafés, bares e lojas são mais coloridos do que nos outros bairros e mostram ao visitante que a diversidade é a marca registrada da cidade. Muito justamente, Toronto foi escolhida para organizar a edição de 2014 do World Pride.
COMO IR
Toronto tem 50 ringues de patinagem, sendo 49 geridos pela autarquia e um pelo Harbourfront.
A SATA voa para Toronto às quartas, quintas e sábados com partida de Ponta Delgada às 16h10 e chegada ao destino às 18h45. O percurso no sentido inverso faz-se às quintas, sextas, sábados e domingos, com saída às 21h45 e chegada a Ponta Delgada às 7h20.
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SI A TÍ TE GUSTA...
First Class Café Just for Travellers
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NOVAS LOJAS PARA QUEM VIAJA PARA LONGE
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abertura do novo Pier Norte do Aeroporto de Lisboa, com mais portas de embarque, não ficaria completa sem uma oferta comercial condigna. Assim, para melhor acolher os passageiros que viajam para destinos Non-Schegen, existe um novo espaço Just for Travellers e o First Class Café. A primeira é uma loja de linhas modernas, como é habitual na marca, e está organizada em áreas distintas e igualmente atraentes. Na área Just Taste Portugal o passageiro é convidado a viajar pela oferta de delicatessen e vinhos portugueses, num ambiente gourmet recheado de histórias sobre os produtos oferecidos. Os artigos à venda foram pensados para o perfil do passageiro que mais utiliza este espaço, nomeadamente pessoas que estão de partida para o Brasil, Angola e Reino Unido. Além das categorias tradicionais – perfumaria, chocolates, bebidas, tabaco, tecnologia e acessórios de
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moda – existe ainda uma activa oferta promocional, que pretende garantir um dinamismo contínuo com novas ofertas e oportunidades únicas. O First Class Café é um amplo espaço decorado com sobriedade, em tons de preto e dourado, onde uns enormes abatjours e cadeiras confortáveis contribuem para uma atmosfera muito aconchegante. É também o único local no novo Pier Norte que tem uma zona para fumadores. O espaço está separado em três áreas – Pâtisserie e Coffee Shop, Pasta e Hamburguer House e Fine Food – e a oferta é variada. Quem tem fome e tempo para matar pode optar por uma refeição completa entre sopas, pastas, hambúrgueres gourmet e outras especialidades. Para algo mais rápido, há uma selecção de quiches e saladas, baguetes e paninis, pastelaria, tostas e salgados. Em breve irá abrir uma loja da conhecida marca Adolfo Dominguez e uma tabacaria, papelaria e livraria.
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sanduíches, fruta, sumos naturais, sobremesas e uma variedade de pastelaria, cafés, chocolates e chás. Diariamente a Airtasty surpreende com sugestões diferentes baseadas numa criteriosa selecção de produtos frescos, confeccionados ao longo do dia para oferecer o melhor e mais saudável. Escolha se quer a sua sanduíche
esde o seu lançamento em 2006 que a marca bimba & lola se tem tornado numa marca de culto entre consumidoras na Península Ibérica. A sua visão original das novas tendências da moda e as suas colecções versáteis, irreverentes e confortáveis chegaram agora ao Aeroporto do Porto, no que é a primeira experiência da marca neste mercado. Na nova loja, com 50 m2, há uma ampla selecção das colecções desenhadas por María e Uxia Domínguez (sobrinhas de Adolfo Domínguez) na cidade galega de Vigo e que já conquistaram o mundo (a marca abriu recentemente a sua centésima loja, em Singapura). Internacionalmente reconhecida pelo seu design contemporâneo, Purificación García chegou também ao Porto com as suas colecções de moda feminina, masculina e acessórios. Com um portfólio de lojas em Espanha e Portugal, a loja do aeroporto é também uma estreia para a estilista galega criada no Uruguai. A colecção Primavera-Verão 2010 da criadora combina as suas características mais comuns – cortes direitos, destaque para os volumes, sobriedade e cores suaves – com um toque mais juvenil, numa piscadela de olho a um público mais jovem do que o habitual. Sem necessidade de apresentações, a celebrada linha de lifestyle de Carolina Herrera também se junta à oferta do Aeroporto do Porto. Desde a sua criação, em 2001, a CH Carolina Herrera transformou-se numa marca obrigatória de roupa, acessórios de luxo e eyewear, transformando a abertura da loja no aeroporto num verdadeiro evento. 1. Bimba & Lola 2. Carolina Herrera 3. Purificación García
DE ÚLTIMA HORA eja para um último café antes de entrar a bordo ou para levar qualquer coisa para a viagem, é difícil resistir à montra colorida da Airtasty, situada no food court do Aeroporto de Lisboa. A pensar nos últimos minutos antes da partida, a oferta contempla saladas à escolha,
O Aeroporto do Porto está mais cosmopolita com a abertura quase simultânea de três lojas de renome internacional que vão complementar a oferta comercial já existente: Purificación García, Carolina Herrera e a irreverente bimba & lola.
numa baguete de cereais, de pão branco ou de pão nórdico, componha a sua salada ou opte por uma deliciosa pasta. Viaje pelas montras de produtos e escolha a sua refeição para consumir no espaço ou para levar a bordo, devidamente embalada.
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Para APROVAR
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_lifestyle O MUNDO ENCANTADO DO CRISTAL Desde 1895, o savoir-faire único da Swarovski faz a empresa brilhar como líder mundial na produção de cristais l apidados. Um brilho que acabou de chegar ao Aeroporto do Porto com a abertura de mais uma boutique Swarovski em Portugal.
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isionário na sua busca pela perfeição, Daniel Swarovski criou o primeiro método mecânico de lapidação e polimento de pedras de cristal. Com mais de 100 anos de experiência e inovação em cristais, a Swarovski tornou-se famosa nas últimas décadas também nos sectores da joalharia e dos acessórios de moda, encontrando maneiras de inovar e dar projecção às suas criações. Em 2007 aliou-se ao estilista britânico Hussein Chalayan num desfile em Tóquio onde foram mostradas roupas que emitiam luz, na realidade roupas crivadas de cristais e de micro-lâmpadas que faziam as modelos na passerelle reluzir magnificamente. As incursões no mundo da moda têm sido frequentes. Na colecção de 2008/2009 das famosas sandálias Melissa também se podem encontrar os cristais da marca aplicados no plástico do calçado. Outra área em que o nome dos cristais mais famosos do mundo surge de forma recorrente é o cinema. Em 2004 a marca foi patrocinadora oficial do filme “O Fantasma da Ópera”, onde além de haver uma montra de uma loja Swarovski numa das cenas, havia também um manequim inteiramente composto por cristais. As associações com a Disney já não são novidade. A Swarovski reproduziu em cristal figuras como o Mickey, os anões da Branca de
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Neve ou o Bambi. A propósito do último filme de Tim Burton, “Alice no País das Maravilha”, foi criada uma colecção inteira de joalharia que conta toda a história passando por todas as personagens da história de Lewis Carroll. Em 2009 a marca mostrou novamente o seu desejo de explorar as possibilidades infinitas do cristal e aventurouse na relojoaria. Também no ano passado, a Swarovski juntou-se à NEC para lançar um notebook da Hello Kitty decorado com nada menos que 299 cristais. É desta forma global que a empresa austríaca encarou o século XXI: mostrando que a beleza e versatilidade dos seus cristais podem enfeitar tanto os armários das donasde-casa como os acessórios high-tech das adolescentes e, claro, o corpo das mulheres. O Aeroporto do Porto, que viu crescer as suas vendas em 20% no mês de Fevereiro, tem agora um novo brilho com a abertura da boutique Swarovski.
UM RISTRETTO OU UM MACHIATTO? A mais popular cadeia de cafetarias do Reino Unido abriu a primeira loja em Portugal, no Aeroporto de Faro. Uma oportunidade para descobrir porque é que os ingleses não passam sem o “Mocha Italia” DO COSTA COFFEE.
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ocha Italia” foi o nome que Sérgio e Bruno Costa deram à sua mistura de grãos de café, há 37 anos atrás. É uma mistura que combina o doce, o amargo e tem a espessura necessária para fazer o café perfeito. Quanto à mistura em si, é um segredo que guardam religiosamente, já que é aí que reside o seu sucesso. O Costa Coffee acabou de chegar a Portugal, mais precisamente ao Aeroporto de Faro. Espresso, ristretto, machiatto, mocha ou capuccino são apenas algumas das opções disponíveis no menu. E além dos cafés, há ainda uma variedade de alternativas desde chocolate quente, chás e infusões, cafés gelados e outras bebidas de café. Disponíveis estão também alguns complementos, como descafeinado, leite desnatado ou leite de soja. Além da qualidade dos seus cafés, o prestígio e o sucesso da marca britânica resultam de um serviço rápido e eficiente,
aliado a um ambiente acolhedor e tranquilo, que são imagem de marca da empresa. O espaço que agora abriu em Faro segue os mesmos padrões e é o local perfeito para relaxar e saborear um café na zona internacional do aeroporto. O Costa Coffee está actualmente entre as maiores cadeias internacionais de cafetarias. Em Portugal é operado pela empresa Marhotel na sequência de um acordo de franchising que também contou com a parceria da Direcção de Retalho da ANA. Hoje a cadeia tem mais de 1300 pontos de venda em todo o mundo.
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Um look glamoroso para os dias quentes
_lifestyle As principais marcas de cosmética já apresentaram as suas propostas de cores para a nova estação. A grande tendência é a neutralidade dos tons suaves.
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Dior Addict Lipcolor Rose Starlet €23,00 Chanel Ombre Essentielle Trace €20,00 Chanel Soleil Tan Fluide Enlumineur €30,00 Estée Lauder Kissable Lipshine Barcelona Kiss €19,20 Guerlain Blush Éclat Cherry Blossom €34,40 Dior Édition Dentelles Pearl Glow, 5 cores €44,00 Chanel Empreinte Poudre Éclat Illuminatrice €42,40
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Givenchy Phenomen’eyes Effet Extension €22,00 Clarins Joli Rouge Sorbet €16,50 Dior Addict Ultra Gloss Reflect Rose Corset €19,90 Chanel Lèvres Scintillantes Maline €19,20 Guerlain Ombre Éclat Jeu D’Ombrelles, 4 cores €40,80 Clarins Teint Haute Tenue Ambar SFP 15 €26,00 Estée Lauder Signature Eyeshadow Black Smoke, 4 cores €28,50 Todos os artigos estão à venda na lojas Just for Travellers, à excepção dos artigos Guerlain que só se encontram em Lisboa.
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A A Magazine agradece a colaboração das seguintes pessoas e entidades na elaboração desta edição:
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André Serpa Soares TAP Ema Piçarra Lojas Francas de Portugal Fernando Alvim Fernando Ribeiro da Cruz Impresa Gabriela Iriarte Museu do Oriente Isabel Viegas Banco Santander Totta Marta Dias Great Place to Work Paula Torres Lojas Francas de Portugal Paulo Lopes Lojas Francas de Portugal
AENA passa a gerir controladores aéreos
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governo espanhol aprovou um decreto-lei através do qual reassume a organização de trabalho dos 2300 controladores aéreos que, ao auferirem salários médios anuais acima dos 300 mil euros, têm sido apontados como uma das causas de os aeroportos espanhóis terem as taxas mais elevadas da Europa. A competência da organização do trabalho dos controladores passa agora para a AENA, a empresa que gere os aeroportos espanhóis. O executivo aprovou também a liberalização do controle de tráfego aéreo, permitindo que empresas privadas possam fazer a gestão das torres de controlo. A imprensa espanhola destacou que o governo “impôs a sua autoridade” para estancar o impacto económico dos custos com controladores mas também para evitar a hipótese de uma espécie de greve de zelo destes profissionais durante a Semana Santa. Em declarações à imprensa, o ministro espanhol do Fomento, José Blanco, afirmou que até hoje uma em cada três horas de trabalho eram extraordinárias, pagas a triplicar, e que “não é tolerável uma empresa pública pagar salários milionários”. O jornal El Mundo noticiou que o convénio dos controladores previa 1200 horas de trabalho anuais e um salário médio de 375 mil euros ao ano. Refere ainda que a União Sindical dos Controladores Aéreos já reagiu à decisão do governo com a sua “total rejeição” e anunciou que empreenderá “as acções legais necessárias” para defender o quadro em vigor.
Fundo de pensões coreano compra 12% de Gatwick
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National Pension Service, fundo de pensões da Coreia do Sul, vai comprar uma participação de 12% no Aeroporto de Gatwick, com o objectivo de expandir a sua carteira de investimentos no exterior. O fundo vai pagar 156 milhões de dólares pela participação no segundo maior aeroporto de Londres depois de Heathrow, que é detido pela Global Infrastructure Partners, o fundo privado que em Outubro passado comprou Gatwick à BAA por 2.4 mil milhões de dólares. “Esperamos que no médio, longo termo o número de viajantes no Aeroporto de Gatwick cresça, impulsionado pelos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres”, disse o fundo num depoimento divulgado por email, acrescentando que também esperam alcançar a longo prazo um “cash flow” estável através de uma gestão eficaz do aeroporto. O National Pension Service teve a atenção da comunidade financeira da Grã-Bretanha quando no ano passado comprou, por 400 milhões de euros, os edifícios onde o banco HSBC tem a sua sede em Londres, em Canary Wharf.
Tráfego cresceu em Dezembro de 2009
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s relatórios de tráfego de passageiros e de carga do ACI relativos a Dezembro de 2009 mostram um aumento de movimentos em todo o mundo. O tráfego global de passageiros nos aeroportos aumentou 5,3% relativamente a Dezembro de 2008. Tanto o tráfego internacional (+5,6%) como o doméstico (+5,2%) foram impulsionados por um forte aumento registado na região da Ásia-Pacífico (o tráfego internacional cresceu 15,7% e o doméstico 14%). Com a excepção da América do Norte, todas as regiões verificaram um aumento de tráfego. O ACI considera que estes números mostram claramente uma renovação da procura em muitos aeroportos por todo o mundo. Na China, o tráfego internacional cresceu mais rapidamente do que o doméstico, e na Índia ambos cresceram nos principais aeroportos do país (Deli, Bangalore e Mumbai). Também da Rússia se registaram aumentos, sobretudo devido ao crescimento do tráfego doméstico que subiu entre 21 e 40% nos aeroportos de Moscovo.
NOVOS SCANNERS NÃO APRESENTAM RISCO
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s novos scanners de corpo inteiro dos aeroportos que usam raios-X geram doses muito mais baixas do que a radiação de fundo, afirma um relatório preparado por agências internacionais. Espera-se que estes aparelhos, que custam cerca de 10 vezes mais do que os scanners convencionais, passem a ser muito mais usados nos aeroportos, depois de um nigeriano com explosivos na roupa ter conseguido embarcar num avião norte-americano com destino a Detroit no dia 25 de Dezembro do ano passado. Enquanto a radiação de fundo normal anual por pessoa chega a cerca de 3 mil microsieverts – a unidade utilizada para medir a exposição à radiação – o scan corporal emite entre 0,1 a 5 microsevierts, diz o relatório, preparado por um grupo de organismos internacionais que inclui a Comissão Europeia e a agência nuclear da ONU.
Yann Araújo Museu do Ar / Força Aérea Portuguesa ANA Ana Sousa Direcção de Retalho do Aeroporto Sá Carneiro Alberto Mota Borges Divisão de Planeamento, Gestão e Controlo da Direcção de Aeroportos dos Açores Elvira Novo Marketing do Aeroporto de Lisboa Fátima Ribeiro Serviço de Refeitório e Cafetarias / Centro de Serviços Partilhados Iolanda Campelo Direcção de Retalho João Nunes Fernandes Departamento de Manutenção do Aeroporto de Faro Joaquim Damas Director de Recursos Humanos Luís Castanho ANA Consulting Madalena Oliveira Serviço de Informação, Documentação e Cultura Centro de Serviços Partilhados Nuno Costa Marketing do Aeroporto de Lisboa Paula Almeida Operações Aeroportuárias do Aeroporto de Lisboa Paula Simões Direcção de Recursos Humanos Regina Gonçalves Aeroporto da Horta Sérgio Martins Grupo interno do Great Place to Work Vitor Valentim Aeroporto de Lisboa área de Recursos Humanos
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_passageiro frequente O FALSO TERRORISTA
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m mês depois do 11 de Setembro tive, por obrigação profissional, de visitar os Estados Unidos para fazer a cobertura de uma banda, os Incubus, que actuavam em Chicago. Digo que foi uma obrigação profissional porque de outro modo não me apanhariam no país, porque o medo era muito e a desconfiança entre todos era grande. Não é que eu seja medricas – não sou – mas a verdade é que dormi com luz de presença no meu quarto até aos 6 anos. E não gostava de falar disso. Adiante. Nessa altura, qualquer um de nós olhava para os outros como um potencial criminoso por descobrir. Bastava uma mala abandonada no aeroporto e obviamente que o pânico estava lançado; uma senhora com uma permanente mais elevada e era justo que se suspeitasse que escondida no seu cabelo pudesse estar uma arma ou explosivos. E se assim era com todos, com aqueles que correspondiam ao protótipo de um terrorista, as coisas complicavam-se. E foi justamente uma pessoa destas, igual, repito, igual a um desses terroristas, que estava junto à zona de embarque para o meu regresso a Portugal. E para quê? Adivinhem lá? Exactamente: para viajar connosco, no mesmo avião. Ora, obviamente que já todos os passageiros tinham reparado na presença dele e o meu medo aumentou – pronto, está bem, pânico! – quando percebi que era justamente ele que estava sentado ao meu lado. O homem não tinha bom aspecto, o homem suava muito na testa, o homem rezava numa língua que eu não compreendia. E a minha interpretação de todos estes gestos e características era só uma: “Este homem vai mandar o avião pelos ares e deve estar a fazer umas orações para se despedir!” E a partir daqui comecei a fazer humor com tudo o que o homem fazia e dizia, alegrando uma plateia imensa – pronto, uma fila ou duas – que mesmo sentindo o mesmo medo que eu revelei, ao menos se divertiam com o episódio. O avião chegou inteiro, nós também como comprova este artigo e o meu companheiro de viagem, da última vez que o vi, estava a rezar já na área de recolha das malas. É muito feio termos este tipo de preconceitos e se ele me estiver a ler e perceber uma palavra do que aqui está – que acho difícil – gostava de lhe pedir desculpa. E de lhe dar um abraço. Ou quem sabe, rezarmos em conjunto.
Fernando Alvim
Locutor, apresentador, humorista, DJ, escritor...
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