Revista Historicidade

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BRASÍLIA, 09 DE JUNHO DE 2014.

DIÁRIO DE VIAGEM VIAGEM NO TEMPO CONHEÇA ALGUMAS CIDADES HISTÓRICAS COM O OLHAR DA ARQUITETA CLÁUDIA GARCIA.

CIDADE ROMANA

URBANISMO CINEMATOGRÁFICO VEJA A CRÍTICA DE LUAN TORRES SOBRE FILME “GLADIADOR”.

FUNCIONALIDADE E ORGANIZAÇÃO UNIDAS

A PRÉ-HISTÓRIA O COMEÇO E DESENVOLVIMENTO DE TUDO. O SURGIMENTO DO SER HUMANO, DOS POVOAMENTOS, DAS CIVILIZAÇÕES E DAS CIDADES.

DINAMISMO E PODER DE RENOVAÇÃO UM PANORAMA DA CIDADE EUROPÉIA NA IDADE MÉDIA.

EGITO

contextualização histórica e desenvolvimento das GRÉCIA cidades da civilização O DESENVOLVIMENTO URBANO egípcia DE UMA DAS MAIS INFLUENTES CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE.

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APRESENTAÇÃO A revista HISTORICIDADE desse mês trata do urbanismo nos períodos da Pré-história, Antigo Egito, Grécia, Roma e Idade Média, tratados pela nossa equipe: Isadora Gobbo, Bruna Akemi, Letícia Drummond, Bárbara Souza, Isabella Azarias e Clara Alvares. Conta ainda com a crítica de Luan Torres sobre o filme “Gladiador”, a respeito de sua veracidade urbanística e arquitetônica. Júlia Costa entrevista, no nosso “Diário de Viagem”, a arquiteta e professora pela Universidade de Brasília Cláudia Garcia.

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Letícia Drummond

Bárbara Souza

Clara Alvares

Luan Torres

Isabella Azarias

Júlia Costa

Isadora Gobbo

Bruna Akemi


SUMÁRIO 4|PRÉ-HISTÓRIA

8| EGITO ANTIGO

14| GRÉCIA

21| A CIDADE ROMANA 10| URBANISMO CINEMATOGRÁFICO 28| IDADE MÉDIA 33| DIÁRIO DE VIAGEM, COM CLÁUDIA GARCIA 3


FOTO: http:// annoyzview.wordpress.com, Stonehenge., acesso em: 04.05.2014

PRÉ-HISTÓRIA Por Isadora Gobbo A Era da Pré-História compreende a época desde o surgimento do ser humano e se prolonga até meados dos 3.500 A.C, período no qual a invenção da escrita nasce. Essa Era pode ser dividida em três períodos, são estes: Paleolítico (Idade da Pedra Lascada), Neolítico (Idade da Pedra Polida) e, por fim, Idade dos Metais. A arquitetura nessa Era ainda não era consolidada, mas ao final desse longo período já estava marcado o início do que seria uma futura organização e capacidade técnica de construir espaços, edificações suficientemente capazes de abrigar e confortar o ser humano de forma virtuosa. No período que abrange os anos em que, supostamente, o ser humano surgiu até aproximadamente 10.000 A.C, o homem dependia para sua sobrevivência viver da caça e da coleta. Eles não haviam desenvolvido métodos que os faziam capazes de construir espaços satisfatoriamente elaborados para sua permanência em longo prazo, logo, eram denominados nômades, que são aqueles que não têm abrigo duradouro, não têm moradia fixa e que se deslocam constantemente de lugar.

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Para se protegerem das variáveis condições climáticas, de qualquer eventual ataque de animais e para terem um local para se fixar, ao menos, por um curto prazo de tempo, eles procuravam por abrigo tendo em vista o que ambiente natural poderia lhes oferecer. As cavernas eram o tipo de abrigo mais comum dos quais eles se apropriavam e utilizam para esses fins. É importante ressaltar que os humanos ficavam nesses locais fornecidos pela natureza sem modificá-lo ou, pelo menos, sem fazer grandes mudanças no lugar, faziam então apenas algumas alterações superficiais. Com a descoberta do fogo, o povo primitivo foi capaz de inovar a estrutura de sua habitação, tornando-a iluminada, aquecida e protegida. As habitações primitivas eram determinadas por um espaço que contasse com os pertences e objetos, ambos também primitivos, desses humanos e com a fogueira. Eram esses elementos que determinavam o ambiente de permanência e curta estadia dessas pessoas do tempo Paleolítico.


Anos mais tarde o homem, de uma maneira geral, desenvolve a habilidade de preparar e produzir seu próprio alimento. Eles ainda continuam com a caça e com a coleta, no entanto o tempo e a vivência aprimoram seus conhecimentos e o ser humano passa a domesticar e criar animais e cultivar plantações, dos quais ele irá tirar fonte de alimento, o que facilita todo o trabalho que tinha antes. Esse acontecimento, de certa maneira, torna as pessoas mais sedentárias fazendo com que elas começassem a se instalar, a se fixar na região em que elas aplicavam essas novas técnicas. Isto posto, a raça humana começa a perder suas características de nômades. Essa foi a época Paleolítica. A oferta de alimento, que começou a estar disponível em grande quantidade, fez com que a permanência das pessoas em um mesmo lugar fosse maior do que o tempo usual. Em consequência disso, aldeias começaram a se formar, e uma prévia do que seria, no futuro, uma cidade propriamente dita estava se formando. Suas formas de abrigo também evoluíram. Estes não eram mais um lugar qualquer da natureza que os confortavam apenas por um curto prazo de tempo, mas sim uma parte dessa natureza transformada segundo um projeto humano e que era capaz de assegurar um local de resguardo mais confortável e duradouro para esses indivíduos. À vista de todas essas mudanças, o crescimento patente da população subiu de forma acelerada.

FOTO: habitação primitiva, caverna, http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9hist%C3%B3ria , acesso em: 04.05.2014

Essa nova forma de abrigo e espaço possuíam diferentes recintos, cada um direcionado para diferentes atividades. Havia aqueles locais para a produção de alimentos, espaços para a criação dos animais, lugares para o acolhimento de seres humanos e até locais para depósito de alimentos e afins. Passaram a se tornar ambientes ligeiramente arquitetados, que possuíam certa forma regular e certa organização espacial com esses espaços que desempenhavam diferentes funções. Essas habitações eram normalmente construídas perto de rios para facilitar todas suas atividades que necessitavam da utilização farta de água.

Esses povos já do período Neolítico, com toda a sua evolução e crescimento, começaram a desenvolver novas habilidades. Passaram a construir formas já arquitetônicas e formas que possuíam somente significados simbólicos. Podem-se citar como exemplo de construçõers, os Nuraghe. Nuraghe são torres de pedras que foram construídas sem nenhum tipo de material que auxiliasse a fixação de uma pedra à outra, tal como argamassa, e foram construídas de forma que todas elas tivessem uma linha de visibilidade para a outra torre favorecendo e disponibilizando todo um campo visual limpo e amplo de toda a área.

FOTO: Nuraghe, http://it.wikipedia.org, acesso em: 04.05.2014

FOTO: planta de cidade neolítica, http://hid0141.blogspot.com.br/2011/04/ as-cidades-neoliticas.html , acesso em: 04.05.2014

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Um exemplo de edificação que representava os monumentos simbólicos do povo daquela época, os neolíticos, eram os Menires. São estes pedras longas extremamente pesadas dispostas verticalmente no solo, pedras essas que podem chegar a 20m de altura. Esses monumentos são associados aos cultos à fertilidade, à natureza, aos astros e etc. A referência mais conhecida desse tipo de construção monumental é o Stonehenge

FOTO: esquema em planta do Stonehenge, http://simple.wikipedia.org/wiki/Stonehenge ,_Avebury_and_Associated_Sites, acesso em: 04.05.2014

O Stonehenge, localizado hoje na atual planície de Salisbury ao sul da Inglaterra, é um alinhamento de pedras (menires) o qual apesar de haver incertezas sobre sua finalidade –historiadores acreditam que servia para estudos astronômicos- é um elemento que possuí um arranjo espacial bastante inovador por ser tão organizado e alinhado seguindo padrões de construção. São esses Menires que proporcionaram a „invenção‟ das colunas. Em uma data que consta um tempo aproximado de 5.000 a.C, na região geográfica do Oriente Próximo, começaram a forma-se as ditas cidades.

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FOTO: Stonehenge, http://simple.wikipedia.org/wiki/Stoneheng e,_Avebury_and_Associated_Sites, acesso em: 04.05.2014

A partir desse momento, a Idade dos Metais entra em vigor. As antigas aldeias passam por uma modificação e se transformam em núcleos urbanos. Essas cidades se materializaram, surgiram a partir do momento em que começou a surgir divisão de trabalho, quando diferentes pessoas passaram a desempenhar diferentes serviços. Por conseguinte, passou a existir aqueles que tinham maior poder sobre outros indivíduos. Essas pessoas foram inicialmente divididas em duas classes; são essas a classe dos subalternos (subordinados, aqueles que estão sob as ordens de outrem) e os dominantes (aqueles que impõem as regras e dão comandos aos subalternos).

Mas é essa diferença social que permite o crescimento e a evolução da sociedade. Essa diferença social também auxiliou o surgimento das propriedades privadas. As civilizações passaram a exercer atividades como comércio, proteção local, domínio (hierarquia). As cidades se desenvolveram e se transformaram em um período de tempo muito superior ao das aldeias. Com as novas técnicas que foram surgindo, o desenvolvimento urbano foi mudando dramaticamente. Novas técnicas de construção, novos sistemas eficientes de distribuição de água, muros com o objetivo de afastar e/ou impedir a invasão de grupos inimigos também são erguidos, organizações espaciais das habitações também foram se modificando.

FOTO: Cidade na Idade do Metais, http://vivercomartebomdemais.blogspot.com.br/2009/04/origemdas-artes-mitos-e-realidade.html, acesso em: 04.05.2014


FOTO: teresaperez.com.br

EGITO ANTIGO Por Bruna Akemi Uma das maiores civilizações antigas foi a civilização egípcia, que, por mais de quarenta séculos se desenvolveu no continente africano. Algumas dificuldades foram encontradas pelos arqueólogos para achar a origem da civilização urbana no Egito, pelo fato de os edifícios e estabelecimentos mais antigos foram eliminados pelas enchentes recorrentes do rio Nilo. Os documentos arqueológicos encontrados revelam que a civilização egípcia já estava unificada e plenamente formada em meados de 4000 a.C.

FOTO: http://historiastemaia.blogspot.com, esquema de representação da cheia do Nilo, acesso em: 04.05.2014

Como no Egito a agricultura foi uma das práticas determinantes, as cidades foram se desenvolvendo às suas margens, sustentadas não só pelo rio, mas pela sua cheia anual que trazia da água à terra, um rico depósito de limo que servia de adubo para um maior desenvolvimento de sua agricultura. Nesses vales, foram crescendo comunidades camponesas que prosperaram autonomamente e independentemente, sendo unificadas em um único governo posteriormente. Após essa unificação, as cidades foram governadas pelo Faraó, o qual tinham o domínio preeminente sobre todo o país.

Ocupando o topo da hierarquia social, o faraó pode escolher para seus palácios ou tumba, os objetos de maior riqueza fabricados, como joias, móveis e roupas de alta qualidade. Eles recebiam um excedente de produtos bem maior que o dos sacerdotes que faziam uso desses recursos construindo obras públicas, cidades, templos de deuses, mas principalmente sua tumba que garantia sua vida após a morte, como uma forma de sobrevivência além da morte, garantindo também a conservação do corpo.

FOTO: http://egitofaraonico.blogspot.com, ruínas do Egito, acesso em: 04.05.2014 FOTO: http://blogdasol.com.br Representação dos faraós, 04.05.2014

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As tumbas, local de conservação dos corpos, ao passar dos anos foram se tornando cada vez mais importante, tanto pela sua função quanto pelo fato de o índice demográfico do Egito estar aumentando. As três tumbas mais famosas: Quéops, Quéfren e Miquerinos, têm o formato de uma pirâmide de base quadrada, são. A maior delas, Quéops, considerada um dos maiores símbolos feitos pelo homem deixado na terra, tem 225 metros de aresta de base e quase 150 metros de altura, exigiu o trabalho de aproximadamente 100.000 operários durante cerca de vinte anos.

FOTO: http://artegipcianubis.blogspot.com, Tumba Egípcia.

FOTO: http://matematicadegraca.com.br, Pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos.

As outras duas pirâmides, apesar de serem alguns metros mais baixas, sendo a de Quéfren visualmente parecer maior por estar num terreno mais elevado, ela é atualmente, cerca de um metro mais baixa que a grande pirâmide; e a de Miquerinos, que reinou por pouco tempo, não

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teve tempo de terminar seu monumento com bom acabamento como a pirâmide de seu pai e por isso foi usado material de qualidade inferior, apresentando algumas partes inacabadas e sendo bem inferior às outras duas pirâmides, tendo atualmente 62 metros de altura.


Das cidades do Egito que ainda existem, as maiores são Mênfis e Tebas que não são caracterizadas pelas casas e pelos palácios da antiga cidade, mas sim pelas tumbas e templos e edificações feitas de pedra que ainda permanecem. Mênfis, fundada pelo primeiro faraó Menés, localiza-se perto do vértice do delta do Rio Nilo e seus templos estiveram entre os mais importantes do país e na antiguidade se manteve sempre como uma das cidades mais populosas. A cidade era habitada por uma população cosmopolita em que seu porto e oficinas locais tiveram um papel fundamental no comercio exterior do Egito. Comparando em importância política, econômica e religiosa, apenas Tebas, uma cidade mais ao sul, era digna de comparação, demonstrando que Mênfis permaneceu sempre uma das cidades mais importantes do Egito. A localização da cidade e de seu centro não permaneceu estável ao longo dos anos, assim, não se pode imaginar a cidade e seus túmulos existindo concomitantemente em um único momento, pois zonas novas e prósperas ganhavam e perdiam importância no decorrer dos anos. Exemplo disso é a necrópole menfita que ocupava a extensão de mais de 30 quilômetros na orla do deserto, na margem ocidental do rio e pela busca por novos locais apropriados para novos projetos de pirâmides, a necrópole foi se estendendo. Apesar de sua importância, a cidade não sobreviveu ao declínio da civilização egípcia que com o crescimento da cidade de Alexandria, sua importância econômica e religiosa foi perdida.

FOTO: http://www.getyourguide.es, Cidade de Mênfis.

FOTO: http://www.panoramio.com - Templo de Hatshepsut, Tebas.

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Já Tebas, a capital do reino durante o Império Novo, é uma cidade do Antigo Egito, que no período do Império Novo, a Capital vive seu auge atraindo boa parte da riqueza do Egito e das terras então conquistadas. À medida em que experimenta sua decadência, a cidade e o centro de seu poder se desloca para o delta do rio Nilo. A situação geográfica da cidade contribuiu bastante para sua importância histórica, já que ficava perto da Núbia e do deserto oriental, com seus

valiosos recursos minerais e rotas comercias, bem como distante dos centros de poder restritivos do Norte. O poeta grego Homero, que viver no século IX a.C., no Livro 9 da sua Ilíada, exaltou a riqueza de Tebas, que chamou-a de cidade das cem portas e na qual montões de lingotes preciosos reluziam. Os restos arqueológicos de Tebas oferecem um notável testemunho dessa civilização no seu auge, em que os túmulos e templos que sobreviveram então

entre os mais grandiosos do mundo e o local é um importante sítio arqueológico. Provavelmente a parte mais importante e antiga da cidade e os templos mais importantes, ficavam a margem oriental do rio Nilo, onde se encontram os templos de Luxor e Karnak. Do outro lado do rio, na margem ocidental, ficava a parte ocidental da cidade, assim como a necrópole, com túmulos e templos funerários.

FOTO: http://44arquitetura.com.br, : Necrópole de Tebas.

Nos primeiros tempos do Egito, não há uma ligação, mas sim um contraste entre a forma concebida ao conjunto dos monumentos colossais e o local de habitação dos vivos. O centro da cidade não é formado pelos monumentos, mas é

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como se os monumentos fossem dispostos formando uma cidade divina que domina e torna a cidade habitada algo insignificante. A cidade divina é construída já com o intuito de ser durável e permanecer imutável ao longo do tempo, já

a cidade dos vivos é construída de tijolos, inclusive os palácios dos faraós que logo seria demolida ou abandonada. A relação entre a cidade divina e a paisagem é percebida pela grandiosidade dos elementos que compõe a cidade que foi


feita para ser vista de longe em contraste com a cidade habitada ao redor, como se os mortos repousassem cercados de tudo que fosse necessário para a vida eterna. Prismas,

FOTO: egyptonlinetours.com, Pirâmide e Cairo nos dias atuais.

pirâmides e obeliscos compõe a simples geometria da maioria dos monumentos, assim como estátuas gigantes como a esfinge que não mantém as proporções humanas.

FOTO: http://flaviogomes.warmup.com.br

No Egito, desde o III milênio a.C., o planejamento das cidades estava condicionado por suas funções religiosa e político-administrativa. A residência real ou da autoridade local dominava o centro urbano, ao qual se tinha acesso através de suntuosas avenidas processionais, profundamente decoradas com elementos escultóricos. As áreas contíguas a esse centro eram ocupadas por edifícios públicos e habitações de sacerdotes e guerreiros, enquanto a massa popular era relegada à periferia urbana. Um dos exemplos da urbanística egípcia mais conhecidos é a cidade de Kahun. Construída no século XIX a.C., foi plane-

FOTO: http://profissaoviajante.com, Templo de Karnak.

jada para alojar os operários que trabalharam na construção da pirâmide de Sesóstris II. Nessas civilizações da antiguidade, a exemplo da que deu origem à Babilônia, a grande avenida representou contribuição essencial para o progresso do urbanismo. Babilônia, dividida ao meio pelo rio Eufrates, tinha avenidas processionais majestosas, da mesma forma que Tebas, cuja avenida processional se estendia por cinco quilômetros e ligava os templos de Lúxor e Karnak. FOTO: br.memphistours.com, Templo de amon, Luxor.

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O Egito e sua concepção urbanística como pode-se perceber, dependia não só da cidade em si, mas principalmente dos túmulos e templos que compõem a malha urbana. Esses, culturalmente e religiosamente representavam a crença dos egípcios na vida após a morte em que a conservação do corpo e o cuidado com os recursos que o morto teria eram essenciais. Principalmente por esse motivo, as cidades dos mortos eram construídas com o intuito de ser perene e perdurar por muito mais anos que a cidade dos vivos.

FOTO: http://ultradownloads.com.br, acesso em: 04.05.2014

FOTO: http://amora2013historiacomparada.pbworks.com, representação da cidade do Egito, acesso em: 04.05.2014

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O URBANISMO GREGO Por Bรกrbara Souza

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Foto: Atenas, felipesouzasoares.blogspot.com, acesso em: 04.05.2014

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A Grécia é o berço de uma das civilizações mais completas da antiguidade. A história da Grécia antiga se divide em 5 períodos – Pré-homérico, Homérico, Arcaico, Clássico e Helenístico. No período denominado Pré-Homérico, ocorre a ocupação do território da Grécia. Por volta de 2000 a.c, surge entre os mares Egeu, Jônico e Mediterrâneo, na Península Balcânica, a civilização grega. Para se compreender a história grega, é indispensável conhecer o quadro geográfico onde tudo se desenvolveu. A região possui montanhas rochosas e no meio delas, planícies férteis que foram importantes para o surgimento de Estados locais e para o desenvolvimento urbano grego. Devido a conflitos internos, crescimento populacional, condições físicas desfavoráveis e longos períodos de seca, houve uma expansão grega para novos territórios em busca de melhores condições. Houve também a invasão de povos indo-europeus na Grécia, como os aqueus, eólios e jônios. Além disso, no período pré-homérico surgem as civilizações Minoica (também conhecida como cretense, por se desenvolver na ilha de Creta) e Micênica (ativos comerciantes que conquistaram a ilha de Creta por volta de 1450 a.c), primeiros objetos de referência para se iniciar um estudo sobre o urbanismo grego. Segundo Mumford (1982), o desenvolvimento da cidade grega sofreu muitos afastamentos institucionais promissores em relação ao modelo original de cidade, tal como se desenvolvera na Mesopotâmia e no Egito.

AS CIVILIZAÇÕES INFLUENTES

Civilização Minoica: Plano urbano ortogonal Coluna com base, fuste, equino e ábaco Uso de grandes blocos.

Civilização Micênica: Fortificação das cidades Paredes ciclópicas Frisos adornados com relevos Casa micénica: megaron.

Os palácios e as cidades minoicas e micênicas foram uma grande influência para a cidade grega posterior. Além da importância dada a coluna para a estética e composição arquitetônica.

FOTO: Mapa Grécia antiga, www.radiomaffei.blogspot.com.br, acesso em: 04.05.2014

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AS CIVILIZAÇÕES PRECEDENTES A civilização Minoica desenvolveu um plano urbano ortogonal e bem estruturado, onde transparecia a importância das relações comerciais e sociais, visto que era um povo de mercadores. Um bom exemplo para se entender a arquitetura e o urbanismo minoico é o Palácio de Cnossos. O Palácio funcionava como o centro político da civilização minoica. As cidades mais importantes foram Faisto, Mália e Cnossos. Elas tinnham ruas estreitas, pavimentadas, em curvas de nível e com rede de água e esgoto. Em 1450 a.C., a Civilização Minoica experimentou uma reviravolta, devido a um terremoto. Os sítios dos palácios minoicos foram ocupados pelos micênicos em torno de 1420a.C A civilização micênica era militarista e comercial. Suas cidades eram caracterizadas por uma forma hierárquica, em que todos os edifícios se subordinavam ao edifício central: o megaron¹. Outra característica marcante do urbanismo micênico era a fortificação das cidades. Micenas era extremamente fortificada e com muralhas protetoras, de alvenaria ciclópica². Foi um grande centro que floresceu na época e estava localizada em uma colina. Era a cidade de um importante rei, Entrada ao túnel subterrâneo e cisterna

FOTO: Planta Palácio de Cnossos, javieraisa.com, acesso em: 04.05.2014

chamado Agamenon. As cidades micênicas deram origem às cidades gregas, que eram um labirinto de becos, sem drenagem e sem esgoto canalizado. 1- sala principal dos palácios onde ficava o trono do rei. 2- edificações que se fazem com grandes pedras sem que haja, entretanto, argamassa para fixá-las

Casas

Megaron

Pátio

Porta Norte Casas

Propileus Olaria

“Lion Gate” – Portal dos leões

Grande rampa

Necrópole Micênica – Círculo A

FOTO: Cidade Micênica, Slides aula Grécia – Professora Ana Paula Gurgel., acesso em: 04.05.2014

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FOTO: Planta Baixa Ágora, Slides aula Grécia – Professora Ana Paula Gurgel, acesso em: 04.05.2014

Foi no período Arcaico, entre 700 e 500 a.c que surgiram as pólis, cidades-estado. As pólis eram a reunião dos genos (grandes famílias do período homérico) em unidades políticas maiores. Eram cidades independentes, cada qual com o seu governo, com a sua sociedade própria e independente. O urbanismo dessas cidades se definiam basicamente pela presença da Acrópolis – região mais alta da cidade, centro políticoadministrativo e onde os habitantes das cidades podiam refugiar-se para uma última defesa – e a Astu – cidade baixa onde se desenvolviam os comércios e as relações civis. Foi com as cidades-estado que a civilização grega aprendeu a viver em cidades, de fato. Seu modo de pensar irá fundamentar-se na lógica; estudar e entender os números por influência de Pitágoras, alijar de suas obras de arte os monstros, frutos da imaginação; introduzir o estudo da perspectiva e o realismo, tratando a arte com moderação, laboriosidade e delicadeza. (NONELL, 1977). A cidade grega nesta época é um todo único, não existem zonas fechadas e independentes.

Foram inicialmente o lugar de concentração de proprietários que organizaram a estrutura urbana a partir das necessidades do espaço. A estrutura arquitetônica não difere as moradias, o que as difere são o tamanho. Elas são distribuídas livremente na cidade, sem formar bairros reservados a classes. O espaço é dividido em três zonas: as áreas privadas (casas de moradia), sagradas (recinto com os templos dos deuses) e públicas (reuniões políticas, comércio, teatro, jogos desportivos). A relação da cidade com a natureza é delicada e respeitosa. O organismo artificial respeita as linhas gerais da paisagem natural, que em muitos pontos significativos é deixada intacta.

FOTO: Modelo cidade da Grécia, Slides Aula Grécia – Professora Ana Paula Gurgel (UnB), acesso em: 04.05.2014

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Uma das características mais importantes da cidade grega é o fato de ela se organizar à imagem de sua estrutura política. Com isso, a comunidade, com a necessidade de garantir sua independência e autonomia num quadro geográfico limitado, era fortemente centralizada. O urbanismo estava estritamente ligado à funcionalidade da cidade, o que o distingue profundamente dos urbanismos vizinhos. Se certas formas puderam ser imitadas e emprestadas das arquiteturas vizinhas ou anteriores, elas foram assimiladas e modificadas pelas necessidades de suas próprias funções (autor e livro). Esse princípio grego funcional resultou, a partir de planos ortogonais, na especialização das zonas de agrupamento; funções econômicas e comerciais, funções religiosas, funções administrativas e funções de representação A arquitetura da rua é de grande simplicidade e com um traçado regulador uniforme, contrastando com a arquitetura dos edifícios singulares e monumentais.


ATENAS

FOTO: Atenas, http://eventosmitologiagrega.blogspot.com.br, acesso em: 04.05.2014

A Grécia possuiu mais de 100 cidades-estado autônomas e independentes. Algumas se mantiveram oligárquicas (forma de governo em que o poder está nas mãos de uma família, no caso, os genos) e outras se tornaram democráticas (onde todos os cidadãos participam igualmente da política). Dentre elas, algumas se destacaram e se tornaram históricas pelo seu desenvolvimento, organização ou até mesmo acontecimentos, como Atenas (democrática), Esparta (oligárquica) e Mileto. Atenas surge numa planície central, circundada por uma série de montes a oeste, ao norte e a leste. Dois pequenos rios, Cefiso e Ilissos, recortam a planície e entre eles existiam uma série de colinas. A Acrópole de Atenas, situada a 156 metros acima do mar, foi a sede dos primeiros habitantes da cidade e continuou como grande centro organizador da metrópole posterior. A cidade passou a existir para unificar muitos serviços

diferenciados, como o centro político, comercial, religioso e o local de refúgio de uma população dispersa pelo território. Com o passar do tempo, para cada uma das funções da cidade os monumentos vão se erguendo. Em 479 a.C, a cidade, que já estava rica e equipada, é de truída pela invasão persa. Posteriormente, constrói-se uma nova cinta de muros mais ampla e elevam-se os edifícios da Ágora. Ao decorrer dos anos, a cidade de Atenas, devido às inúmeras construções, se expande para fora dos muros, tendendo a transformar-se num organismo territorial mais complexo. Apesar da sistematização, não há um projeto regular e definitivo. Porém, as obras de Atenas, na sua singularidade e relação com a paisagem, oferecem uma extraordinária unidade, com coerência e responsabilidade dos que contribuíram para a existência de cada uma delas. Os edifícios antigos e arruinados eram incorporados aos novos,

mantendo a natureza e a história presentes, de modo a formarem a base do novo cenário ateniense. Gradativamente, Atenas vai se tornando uma cidade artística, onde tudo converge para a arte ser um elemento primordial no bem-estar do cidadão. Baseando-se na lei áurea, os gregos construíram templos com uma geometria extremamente rica e rigorosa, que serviria de exemplo para tantas civilizações posteriores. Os gregos relacionavam-se com a natureza não só na forma física, mas também na perfeição que ela sugeria. As ruas, em Atenas, eram traçadas de forma irregular. As casas eram simples, pois não deveriam ofuscar a beleza dos monumentos religiosos e políticos que marcavam a cidade.

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MILETO

FOTO: Mileto, http://hipodamodemileto.blogspot.com.br

Mileto era uma antiga pólis grega, localizada na costa ocidental da península Anatólia, atual Turquia. Foi uma das primeiras cidades do mundo antigo a cunhar moedas. Configurada por Hipódamo de Mileto, o primeiro arquiteto e urbanista a conceber um planejamento urbano visando a funcionalidade, a cidade de Mileto foi um exemplo de um novo conceito de cidade, sendo a primeira cidade a por em prática os princípios do urbanismo. Hipódamo desenvolveu a malha hipodâmica, onde ruas largas se cruzavam em ângulos retos . Mileto tornou-se referência estética, seus planos urbanos influenciaram os planos urbanos romanos posteriores. Além disso, ofereceu maior praticidade e rapidez na construção urbana, permitindo que a simetria fosse um padrão seguido pelos arquitetos, de modo que existisse blocos habitacionais entre ela. O desenho criado por Mileto era reticulado e ortogonal e dividia o território em setores. Cada setor

possuía uma rua com características retilíneas próprias . Os edifícios públicos, mercados e áreas comuns surgiam da subdivisão desses mesmos setores. De modo geral, o que caracterizava a cidade de Mileto era o plano simplificado mas muito bem articulado, de forma a dividir as zonas de acordo com as necessidades do modo de vida grego e de suas classes sociais. FOTO: Hipódamo de Mileto, dec.ufcg.edu.br, acesso em: 04.05.2014

FOTO: Plano Urbanístico de Hipódamo de Mileto, www.hipodamodemileto.blogspot.com.br/, acesso em: 04.05.2014

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A CIDADE ROMANA

Por Isabella Azarias O império romano é lembrado na atualidade por sua extensão territorial e por suas famosas conquistas, aliadas às contribuições que influenciam o ocidente até hoje, como o direito, a forma do arco, a religião cristã, a centralização política e as noções de cidadania. Suas cidades ainda são objeto de investigação e apresentam aspectos bastante particulares. O coliseu retrata bem esse legado nos dias atuais. O que sobrou dele dá uma ideia do conhecimento dos romanos, da monumentalidade de seus edifícios, do uso da pedra e da forma do arco. Ele remete também às grandes lutas e à política do pão e circo que,depois de uma releitura, passou a ser reaplicada na contemporaneidade por alguns governantes.

Sabe-se que os romanos assimilaram a cultura grega mas fizeram modificações. Unindo elementos etruscos eles prezavam pela funcionalidade, portanto suas edificações se integravam no espaço urbano; elas nunca eram construções isoladas. Foto: Templo Romano. Apuntedeclasedearte.blogspot.com, acesso em: 04.05.2014

Seus templos também priorizavam o espaço interno em detrimento do externo e tinham plantas retangulares, teto de duas águas, vestíbulo profundo com colunas livres e uma escada na fachada dando acesso à base. Eles também foram de encontro à ortogonalidade dos gregos. Os arcos e as abóbadas eram elementos bem presentes e permitiam vencer maiores vãos. Foram feitos em pedra e madeira, os materiais mais utilizados nas construções de toda a cidade. As cidades romanas se configuram em um padrão que devia ser seguido por todo o império. Havia certos rituais de demarcação e organização que iam se repetindo a medida que novas terras iam sendo conquistadas. Isso permitia que as cidades crescessem de forma ordenada aumentando sua autossuficiência pois dessa forma elas atingiam um equilíbrio natural/urbano e podem, hoje, ser facilmente identificadas.

FOTO: coliseu, turismo.culturamix.com.br, acesso em: 04.05.2014

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Uma cidade romana originava-se com a demarcação de dois eixos principais perpendiculares, chamados cardus e decumanus. No encontro deles seria o centro da cidade onde estaria o fórum

cívico, praça pública de grande importância. Ele ocupava uma grande área descoberta, normalmente retangular. Partindo dele os principais edifícios estariam juntos, formando o

centro administrativo. Esses eram os edifícios de justiça, de controle da vida pública e os próprios administrativos, mas também havia os templos, basílicas e cúria.

FOTO: Fórum cívico romano, Carolina Tavares Fotografias, acesso em: 04.05.2014

Existiam também lugares coletivos de permanência como os teatros e anfiteatros, onde eram apresentados grandes espetáculos e peças corais, e as termas, espécies de clubes romanos onde os moradores tomavam os banhos, sempre precedidos por alguns rituais. As termas começaram como salas de banho simples e gradualmente foram se ampliando. Eram decoradas com pinturas e mosaicos nas paredes.

FOTO: Teatro Romano, historiadasartesvisuais.blogspot.com, acesso em: 04.05.2014

FOTO: Terma Romana, deedellaterr a.blogspot.c om, acesso em: 04.05.2014

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A malha da cidade, ponto chave na sua caracterização, era formada por módulos quadrados que se repetiam respeitando as ruas largas e ortogonais entre eles. Nesses módulos estavam as residências: domus para os ricos e insulae para os pobres. A arquitetura das casas mais nobres era bastante voltada para seu interior, portanto elas não tinham janelas para o exterior e contavam com um átrio central. Esse átrio era cercado por colunas e decorado com jardins. Havia ainda uma cisterna pluvial. Já as mais humildes eram lojas na parte de baixo e as pessoas viviam mais aglomeradas. Uma curiosidade sobre os domus é que eram feitas pinturas nas paredes simulando paisagens internamente. Algumas dessas pinturas chegavam a sugerir entradas falsas para aposentos inexistentes, apenas para que os donos das casas pudessem ostentar seu patrimônio.


A mão de obra utilizada era a escrava, composta por povos conquistados e por aqueles que não honravam suas dívidas. Uma atividade importante para a população era o comércio e ele impulsionava o desenvolvimento das cidades.

Elas seguiam a organização inicial mas tornavam-se cada vez mais diversificadas pelo contato com outros grupos. O império procurava manter uma certa unidade para mecanismos de fiscalização e para tanto as estradas que ligavam uma cidade à outra

eram estruturadas formando uma rede. Elas deveriam ser o máximo planas e retilíneas dentro do possível. Eram utilizadas para o deslocamento do exército e para atividades comerciais além do mencionado controle administrativo do império.

Já dentro das cidades existia sistema de calçadas, pontes e aquedutos, melhorias que ajudavam na distribuição e drenagem da água. Elas eram instaladas e mantidas pelo Estado, para o bem estar coletivo.

As cidades romanas contavam também com obras de urbanização e estética que exaltavam o imperador. Como todo o poder era centralizado nele, arcos do triunfo exibiam sua imagem e seus grandes feitos. Eram monumentos celebrando conquistas militares nos baixos relevos de arcos, dedicados aos vitoriosos. Hoje muitos deles tornaram-se pontos turísticos e os mais conhecidos são os de Tito e Constantino, dois imperadores romanos.

FOTO: Arco do Triunfo, umtalodecebola.blogspot.com, acesso em: 04.05.2014

FOTO: Aqueduto romano, umanonaespanha.blogspot.com, acesso em: 04.05.2014

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FOTO: esquema de cidade romana http://pt.wikipedia.org/wiki/Roma acesso em 04.06.2014

As ruas principais eram as maiores em comprimento e permitiam que as estradas urbanas se ligassem com as rurais.

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FOTO: croquis de brasília, http://doc.brazilia.jor.br, acesso em 04.06.2014

Assim como a disposição das obras de urbanização e estética, a divisão interna dos espaços da cidade também era previamente pensada. Era feita levando-se em conta a utilidade de todos eles, como era característico dos romanos. Se para a cidade eles escolhiam um local de clima ameno, para as praças e ruas eles procuraram deslocar o vento sobre elas, trabalho que era facilitado pelo traçado regulador adotado.. Depois disso a divisão era feita em função dos lugares sagrados, do fórum e dos lugares de encontro comuns, todos esses privilegiados na hierarquia, já que eram importantes para todos os habitantes. Quando na época de festas, a cidade FOTO: ilustração de cidade romana, http://institutoandreluiz.org.br, acesso inteira participava ativamente e as em 04.06.2014 ruas eram tomadas com as Elas permitiam a centuriação que determinava comemorações. quais e onde seriam os campos cultiváveis e Os maiores fluxos eram nas ruas principais (sobre os integrava as ruas secundárias umas com as eixos iniciais), onde muitas pessoas passavam e outras. Elas levavam diretamente às portas da praticavam o comércio. cidade, facilitando a defesa, e são herança dos modelos de acampamentos militares, comuns entre os romanos. Foram também inspiração para urbanistas contemporâneos como Lúcio Costa, que fez os croquis da cidade de Brasília partindo do encontro desses mesmo eixos ortogonais que marcavam as direções norte-sul (cardo) e lesteoeste (decumano).


URBANISMO CINEMATOGRÁFICO Por Luan Torres O filme „O Gladiador‟, dirigido por Ridley Scott, conta a história de Maximus, interpretado por Russel Crowe. Maximus é um general romano que além de ser respeitado pelo povo, é também muito aclamado pelo Imperador, Marcus Aurelius (Richard Harris). Sabendo que seu império estava chegando ao fim, Marcus Aurelius pretendia deixar seu trono para Maximus, no lugar de dar para seu filho, Commodus (Joaquin Phoenix). E em uma luta pelo poder, Commodus acaba matando seu próprio pai e condena a morte de Maximus e toda sua família. Maximus consegue fugir, mas não consegue salvar sua família. É quando ele é capturado e levado para os jogos de gladiadores e treinado por Proximo (Oliver Reed).

FOTO: arqueologiaemvideo.blogspot.com – Filme Gladiador., 04.05.2014

Tendo como motivação a vontade de chegar no topo para poder encarar novamente Commodus e poder não só se vingar, como também botar em prática o governo que Marcus

Aurelius tanto queria para o futuro de Roma. O filme se passa no ano de 180 d.C., Baixo Império, e foi escolhido para ser comentado na revista devido a grande fidelidade do diretor e da direção de arte ao retratar as cidades e figurinos romanos da mesma maneira que eram na época. Porém, para atrair o grande público e formar uma grande história hollywoodiana, foram necessários diversas mudanças na história realmente vivida em Roma.

Começando pelo personagem principal, Maximus, que foi totalmente criado para ser o herói e não se tem nenhum registro que mostre que ele realmente existiu. Além disso, Commodus nunca matou seu pai, Marcus Aurelius. Na realidade, Commodus sempre teve seu trono garantido desde seus sete anos de idade e o Imperador Marcus Aurelius morreu com problemas de saúde por causa de uma peste. No filme é retratado o governo de Commodus por apenas 2 anos e na verdade foram longos 12 anos seu governo com loucuras e egocentrismo muito parecidos com o que é visto no filme.

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Além dos personagens verídicos, vemos claras inspirações vindas de dois filmes; Spartacus (1960) de Stanley Kubrick e Calígula (1979) dirigido por Tinto Brass. Os personagens Juba, Proximo e Graco são totalmente idéias tiradas do filme de Kubrick nomeados por Druba, Batiato e Graco. Já no filme de Calígula, se vê a origem de história de Commodus matando seu pai na luta de seu poder. Porém, o que mais se pode admirar ao assistir „O Gladiador‟

as casas no campo e os campos de batalhas contra os bárbaros, a localização geográfica das duas cidades no filme foram mostradas de formas erradas, pois vemos Maximus ir de Germania até Emérita rapidamente com seu cavalo, sendo que a real distância seria entre Alemanha e Espanha. Além dessas cidades, também é mostrada Zucchabar, que é uma província de Roma que apesar de nao ter existido de verdade, foi utilizada

FOTO: “Gladiador”, arqueologiaemvideo.blogspot.com, acesso em: 04.05.2014

é a incrível utilização da tecnologia para reconstruir as cidades romanas retratadas durante o filme. O filme se inicia mostrando os acampamentos de batalha localizados na Germania. Depois é mostrado e cidade de origem de Maximus, Emérita Augusta. Apesar de terem sido muito bem retratada com um cenário e fotografia bem fiéis mostrando as tendas dos acampamentos, as casas no campo e os campos de batalhas

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construções na cenografia bem reais das províncias que existiam na época. O filme todo é muito bem ilustrado com figurinos impecáveis. Ao fundo se nota em todo seu redor estátuas, esculturas, bustos de mármore e monumentos romanos criados para formar todo o ambiente romano. Na arquitetura se nota as colunas gregas e frontões, mas o principal foi a reconstituição do Coliseu.


Para finalizar, é preciso comentar sobre o Coliseu, que no filme é quase o segundo personagem principal. A maneira que reconstruíram ele no filme é incrivelmente assustadora e muito real. É visto um Coliseu construído e suportando uma média de 50.000 espectadores. O Coliseu iniciou sua obra em 79 d.C. e teve seu término em 100 d.C., porém, o único erro visto no filme em relação ao Coliseu foi que na época do filme ele ainda não era chamado de Coliseu e sim de Anfiteatro Flaviano, recebendo o atual nome apenas 1000 anos depois.

FOTO: “Gladiador”, http://clenio-umfilmepordia.blogspot.com, acesso em: 04.05.2014

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A CIDADE MEDIEVAL Por Clara Álvares

Contexto histórico

FOTO: http://mundogeorgeinf.blogspot.com.br/201 2/10/grupo-de-estudos-as-cidades-daidade.html, acesso em: 04.05.2014

A passagem da Antiguidade para a Idade Média é marcada pelo estabelecimento de novas práticas culturais, sociais, políticas e econômicas. Pode-se dividir esse período em duas fases. A primeira fase se estende dos séculos V ao X. Na Europa Ocidental, as invasões dos chamados “bárbaros”, em áreas do antigo Império Romano, aprofundou a fragmentação política e territorial. A atividade agrária tomou força, ocasionando a decadência das atividades comerciais e urbanas.A segunda fase, entre os séculos XI e XV, é caracterizada pela crise no sistema feudal e pelo crescimento urbano e comercial na Europa Ocidental. Inicia-se a centralização monárquica, com a formação dos Estados Nacionais.

A cidade medieval e suas origens Como já visto, a primeira fase da Idade Média se caracteriza por crises econômicas e políticas, o que induziu uma mudança nos modelos da sociedade Europeia. As cidades

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foram dispersas e os habitantes migraram para as áreas rurais, onde poderiam desenvolver a agricultura e garantir seu sustento.

Nesse contexto rural começa a se estruturar o feudalismo. Nesse novo modelo o espaço vai ser dividido em feudos, grandes porções de terra pertencentes a um senhor


feudal. Os feudos vão se estruturar basicamente em três partes: as terras reservadas ao senhor feudal, as terras divididas entre famílias de camponeses e as zonas não cultivadas.As cidades têm, então, um papel secundário, não atuam mais como centros administrativos estruturadores dessa sociedade. O período que se dá entre os séculos XI e XV, é caracterizado pela crise do feudalismo e, consequentemente, a tendência de ruralização vigente é rompida causando a retomada da urbanização.

O desenvolvimento das cidades se dará sobre os traçados das cidades pré-existentes. Apesar da perda de importância das cidades no período feudal, as estruturas das antigas cidades romanas foram mantidas. E é a partir destas que o processo de crescimento urbano acontece. Esse desenvolvimento urbano se dará de forma espontânea. Não há um planejamento prévio, um plano diretor. O contexto será o principal condicionante, tanto a estrutura da cidade préexistente quanto a topografia serão elementos aos quais as novas edificações irão se adaptar.

Crescimento urbano FOTO: Slides Aula Arquitetura Românica Ana Paula Gurge, acesso em: 04.05.2014

A preocupação com a defesa era um dos principais elementos estruturadores da cidade, o que se reflete na presença de uma muralha em torno do núcleo urbano. Porém esse muro não foi empecilho para o crescimento da cidade. Primeiramente o crescimento se dava de forma interna, para dentro dos limites do muro.

Quando se atingia um limite o crescimento extrapolava a barreira da cidade e se distribuía nos arredores dessa muralha, então uma nova barreira era construída em torno da nova margem da cidade. Esse processo se repetia por indefinidas vezes, dando origem a novas camadas dessa cidade.

FOTO: http://archeographe.net/origine-haguenau-oppidum-celte, acesso em: 04.05.2014

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Morfologia urbana Por não seguir um crescimento de forma ordenada e prédefinida, a cidade medieval não pode ser caracterizada de forma exata e geral, porém alguns aspectos podem ser ressaltados quanto a sua morfologia.

Ruas A cidade medieval se estrutura por uma rede de ruas. Essa rede possui certa linearidade, o que permite uma orientação geral da configuração dos setores dessa cidade. Tais ruas são delimitadas pelas edificações e pelo espaçamento que se dá entre elas. Portanto, não há uma separação brusca entre o espaço externo das ruas e o espaço das edificações, ambos estão integrados à malha da cidade. As próprias casas e demais edificações se abrem para a rua, reafirmando a interligação entre os dois elementos. Essas ruas não vão se comunicar apenas com as edificações, mas também com os vazios da cidade, as praças medievais. BENEVOLO. LEONARDO. História da Cidade. 5ª edição. Editora Perspectiva, 2012, acesso em: 04.05.2014

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http://www.alemanhaporquenao.com/2011/10/liguria-e-riviera-italiana-parte-2.html, acesso em: 04.05.2014

Essas ruas não vão se comunicar apenas com as edificações, mas também com os vazios da cidade, as praças medievais. É através dessa rede de ruas que os espaços se interligam e desembocam nas grandes praças.

Verticalização Devido a sua forma de crescimento, em que a cidade se expande para dentro de si mesma, a configuração da cidade se dá de forma aglomerada, tendo como resultado uma alta densidade urbana. Essa densidade se reflete na morfologia da cidade através da verticalização das edificações. As casas e demais construções serão, em sua maioria, estruturadas em 4, 5, algumas vezes até mais, pavimentos.

Representação dos poderes A presença das representações soberanas da sociedade medieval não vai se dar de forma claramente hierárquica. Não haverá um centro único, mas diversos centros destinados aos poderes tanto religioso quanto governamental. Grandes átrios se abrem na malha da cidade, muitas vezes se apropriando dos pontos culminantes da topografia, onde se localizam as catedrais e os palácios. Essas edificações se configuram tanto pela sua extensão em área, quanto pela verticalização acentuada, criando um marco no corte da cidade e reafirmando sua soberania. Além desses grandes centros, as zonas comerciais também ganham força, assumindo seu espaço dentro da organização da cidade medieval.

A Igreja Apesar de não haver uma ordenação bem definida de um centro, a cidade medieval tem como ponto principal a igreja. www.pt.wikipedia.org/wiki/Plasencia, acesso em: 04.05.2014

Esta se localiza numa grande praça, a malha da cidade se abre para reverenciá-la. As demais edificações se distribuem ao redor da igreja, que se destaca das demais edificações por sua forte verticalização, reafirmando, assim, sua força e soberania.

http://coisasdojota.wordpress.com/2012/07/01/idademedia-que-liberta/, acesso em: 04.05.2014

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Hierarquia social na organização da cidade Na sociedade medieval, a hierarquização social se da pelo acumulo de bens. Quanto mais abastado maior o status social. E essa hierarquização vai se refletir na organização da cidade. As classes mais elitizadas se distribuirão no centro da cidade, enquanto as mais pobres habitam as periferias.

Panorama geral da cidade medieval Concentração e equilíbrio se contrapõem crescimento, se renovando constantemente. na composição A cidade da cidade medieval vai medieval. Ao se caracterizar mesmo por seu tempo em dinamismo e que cresce e por suas se aglomera, formas o meio variadas, que urbano se consideram o equilibra terreno, a entre meios dinâmica local públicos e e os espaços simbolismos privados, de cada espaços comunidade. religiosos e Não seguindo civis e é um padrão ocupado unificado e http://fazendohistoriaaulas.blogspot.com, acesso em: 04.05.2014 pelas diversas dando origem camadas da a uma variedade de formas e organizações sociedade. Ao mesmo tempo em que se estrutura, urbanas. a urbanização medieval possui poder de Foto: Bruges, Bélgica, http://i.telegraph.co.u, acesso em: 04.05.2014

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http://www.ideiasedicas.com

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DIÁRIO DE VIAGEM Entrevista com a arquiteta e professora da Universidade de Brasília Cláudia Garcia. Em conversas anteriores com a entrevistada, a mesma citou que visitou cidades concebidas nos períodos da Grécia Antiga, da Roma Antiga e da Idade Média. 1) Quais cidades chamaram mais a sua atenção? “Cada uma dessas cidades possui características que a tornam especiais e provocam emoções distintas. Eu confesso, todas chamaram minha atenção. A experiência em cada um desses espaços nos remete para um tempo distante e que muito tem a nos ensinar. Visitar a Acrópole Grega foi uma emoção indescritível. Nesse espaço somos capazes de compreender a imensa sensibilidade do artista grego pela busca do equilíbrio e perfeição, e além disso entender como cada obra se relaciona com a própria condição humana. A experiência em Roma nos remete para um outro tipo de experiência. Lá encontramos vários tempos históricos, mas creio que o que interessa nesse momento são as obras relacionadas ao período do império romano. As obras desse período revelam exatamente esse espírito, como por exemplo o Arco do Triunfo de Constantino que foi erigido para celebrar a vitória de Constantino na Batalha da Ponte Mílvio, 312. Na obra está esculpida a batalha, no lado direito do arco, na frente oposta ao Coliseu e representa o sentido da história como significante para a sociedade romana. Na Europa há inúmeras cidades que revelam a influência do período medieval, marcado por um traçado urbano irregular, com pequenas vielas. O aspecto fundamental desse período é perceber que essa sociedade esteve voltada para os aspectos religiosos, revelado pela maestria que tratam as catedrais. ”

Foto: Acrópole Grega, www.imagemdomundo.net, 04.05.2014

Foto: Arco de Constantino, www.disfrutaroma.com, 04.05.2014

Fotto:Siena, Itália, robertodesapaisagismo.blogspot.com, 04.05.2014

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Foto: Planta Cidade Grega, pt.wikipedia.org, 04.05.2014 .

Foto: Planta Cidade Romana,pt.wikipedia.org, 04.05.2014

Foto: Planta Cidade Medieval, pt.wikipedia.org, 04.05.2014

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2) No que se refere ao urbanismo dessas cidades e aos respectivos traçados reguladores, quais foram as principais diferenças que você notou entre elas? “No caso das cidades gregas devemos destacar que as áreas são divididas em as áreas privadas, onde estão as residências, as áreas de caráter sagrado, onde estão localizados os templos dedicados aos deuses e as áreas públicas que são destinadas às reuniões políticas, ao teatro, aos jogos desportivos e ao comércio. Uma característica fundamental, por exemplo em Atenas, é a implantação da Acrópole Grega que está posicionada na parte mais alta da cidade, se sobressaindo de maneira diferenciada, inclusive pela arquitetura dos templos. As cidades caracterizadas por um traçado romano são marcadas pela regularidade da malha, e uma rede urbana hierarquizada. As cidades nasciam do cruzamento de dois grandes eixos o decumanusmaximus, ligado ao portão da cidade e o cardo maximus, onde normalmente se localizava a rua principal e onde o Fórum normalmente se encontrava-se, além das atividades relacionadas a vida econômica da cidade. Algo próximo a esse modelo pode ser percebido em Pompéia. Entretanto, em Roma não é possível ver claramente esse modelo urbanístico, pois a cidade foi reconstruída algumas vezes ao longo do tempo. O que podemos perceber é que os monumentos encontrados pela cidade se constituem como elementos articuladores do espaço urbano. As cidades ditas medievais são marcadas por um traçado urbano extremamente irregular, onde os edifícios são conectados uns aos outros formando uma espécie de labirinto de ruas estreitas, construídos aleatoriamente, sem planejamento determinado. Essas cidades eram delimitadas por muros, contornados por ruas e vielas ao redor de castelos e igrejas. Em meio a esses espaços desordenados é comum surgirem algumas aberturas que abrigavam praças para locais de encontros públicos. Em alguns casos nesses locais encontramos belíssimas igrejas góticas. ”


3) Mesmo com as mudanças que ocorreram no decorrer do tempo, quais as características permitem identificar que aquela cidade pertenceu a certo período? “Podemos identificar pelas construções e o próprio traçado urbano. Em cidades como Paris é possível encontrar remanescentes de distintos períodos históricos, assim como em Barcelona, Roma etc. ”

4) Quais aspectos dessas cidades você pode perceber que foram incorporados nos projetos urbanísticos de cidades que foram concebidas em períodos posteriores? “A arquitetura grega deixou um imenso legado para a arquitetura Romana, que incorporou na sua linguagem plástica de uma maneira distinta. Os elementos clássicos, nas obras romanas eram utilizados mais como adereços sem necessariamente se valerem de suas potencialidades estruturais, por exemplo. O principal legado das construções medievais, como as catedrais góticas, é o uso da luz incorporado ao espaço, além da leveza estrutural. ”

6) E com relação à monumentalidade, qual que mais se destaca? “Cada um se destaca a seu modo. Nas cidades gregas, os templos dedicados aos deuses valorizam a monumentalidade condizente com a própria imagem do homem. Nas cidades romanas a monumentalidade vincula-se ao poder da conquista e dominação. Basta comparar as esculturas gregas e romanas. No período medieval a monumentalidade se volta para o aspecto religioso e sagrado, buscando a transcendência divina, pelas catedrais góticas. ”

7) O que você pode perceber na relação da topografia com a concepção da cidade? “Como descrevi anteriormente, nas cidades gregas era comum a implantação dos templos em locais onde a topografia era mais elevada. A implantação das cidades romanas tendia a se localizar em terrenos planos e a malha era traçada de maneira a não valorizar a topografia. As cidades medievais se adaptavam as condições naturais do terreno. ”

5) Dentre os locais visitados, qual se destacou mais por sua funcionalidade? “Creio que as cidades gregas e romanas possuem um caráter pratico e funcional mais facilmente identificados, ao contrário das cidades medievais. ”

Cláudia Garcia Arquiteta e Professora pela Universidade de Brasília.

Entrevistada por: Júlia Costa.

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Referências Bibliográficas da revista: PRÉ-HISTÓRIA: <http://www.mundoeducacao.com/historiageral/ as-aldeias-neoliticas.htm> <http://www.brasilescola.com/historiag/prehistoria.htm> BENÉVOLO, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 1993.

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MUMFORD, Lewis. A cidade na história. <http://www.bifurcaciones.cl/001/reserva.htm>

<http://www.pucrs.br/edipucrs/aprehistoria.pdf >.

EGITO ANTIGO:

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DOBERTEIN, Arnoldo Walter. O Egito Antigo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/oegitoantigo.pdf >.

FREITAS NETO, JOSÉ ALVES DE, TASINAFO, CÉLIO RICARDO. História Geral e do Brasil. 2ª edição. Editora Harbra, 2011.

NETTO, Ismael Sá. O Fascínio do Egito Antigo. Disponível em: <http://www.fascinioegito.sh06.com>

GRÉCIA: BENÉVOLO, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 1993. RESSANO, José. Morfologia Urbana e Desenho da Cidade. GURGEL, Ana Paula. Slides aula Grécia – (UnB).

ROMA: BENÉVOLO, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 1993.

GURGEL, Ana Paula. Slides aula Grécia – (UnB). 38




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