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E MAIS+

A ARTE RUPESTRE NO BRASIL

O TEMPLO EGÍPCIO DE MEDINET HABU

A ORIGEM DAS COLUNAS GREGAS

junho 2014

NOTRE DAME REPORTAGEM ESPECIAL SOBRE A CATEDRAL MAIS FAMOSA DE PARIS

Feshow

AS CIDADES ROMANAS


C A R TA A O L E I TO R

É

de conhecimento geral que o mundo moderno não nasceu de um dia para o outro. Foi necessário uma série de mudanças - algumas boas, outras ruins – para que o Homem viesse a se tornar o ser que é atualmente. O objetivo da Revista HAA é informar, conscientizar e fazer o leitor refletir a respeito da importância do que aconteceu no passado, pois, para que o Homem cresça, é necessário olhar para trás e absorver o máximo possível do que foi ensinado por nossos ancestrais. Desse modo, reconhecer os erros do passado para não cometê-los no futuro farão com que a sociedade avance de maneira mais rápida e ordenada. Quando autores de livros analisam o período da Pré-História, costuma-se ouvir a palavra “evolução”, como se as diferentes espé-

Dos editores, Ana Luisa Oliveira - 13/0101150 Gabriel Amaral - 13/0111139

cies de animais existentes, dentre as quais se inclui o Homem, passassem para um nível superior ao anterior, ou seja, como se a espécie precedente não tivesse mais importância a partir do desenvolvimento da espécie seguinte. Esse pensamento é preconceituoso e ultrapassado, já que foi comprovado cientificamente que toda espécie que “evolui” carrega consigo traços genéticos da linhagem precedente. A exemplo, o DNA do Homo Sapiens, espécie à qual pertencemos, é 99.9 % igual à espécie do homem de Neandertal, extinto há cerca de 150 mil anos e considerado inferior por alguns estudiosos dos dias de hoje. Por sorte, essa visão deturpada está mudando por conta das inúmeras pesquisas que estão sendo feitas para conhecer mais do nosso passado não tão distante.

João Boavista - 13/0116475 Mateus Marques - 13/0126136

Raphael Nobre - 13/0131288 Thais Victoria - 13/0135071


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PRÉ-HISTÓRIA A ar te rupestre no Brasil

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E G I TO C o n h e ç a o Te m p l o d e M e d i n e t H a b u

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GRÉCIA A origem das colunas gregas

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ROMA As cidades do império romano

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N O T R E D A M E D E PA R I S A catedral

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PA P O C O M O A R Q U I T E T O L U I Z OTAV I O

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D I V I RTA - S E

A GUERRA DO FOGO


PRÉH I S T Ó R I A

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A ARTE RUPESTRE BRASILEIRA P O R M AT E U S M A R Q U E S

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Pré-História brasileira corresponde ao período que engloba os primeiros povoamentos no território, que hoje é identificado como território brasileiro, até a chegada de Pedro Álvares Cabral, por volta do ano de 1500, data dos primeiros registros históricos sobre esse momento.

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Dentre as diversas localidades na América, o Brasil é o país onde foram encontrados a maior parte dos artefatos dessa época. Dentre tantos sítios arqueológicos, podem-se citar os estados do Piauí – onde foram localizadas facas, machados e vestígios de fogueiras com cerca de 48 mil anos de existência -, Minas Gerais – onde foram descobertos fósseis e ferramentas datadas de 11.500 anos -, e as regiões Sul e Norte do país em que até hoje algumas culturas indígenas permanecem perpetuando seus costumes milenares. Indícios da presença humana no continente sul-americano apontam para uma data anterior a 30 mil a.C., em Pedra Furada, no município de São Raimundo Nonato, no sudeste do Piauí, onde está localizado o reconhecido Parque Nacional da Serra da Capivara. Nesse lugar foram encontrados pequenas amostras de carvão escondidas em grutas, que possivelmente pertenciam a uma espécie de fogão dos povos pré-históricos. Amostras desse carvão permitiram concluir que houve uma ocupação do solo brasileiro muito antes do que os pesquisadores pensa06 | HAA

vam, contrariando resultados que eram tidos como definitivos. Inicialmente, a necessidade de se deslocar em busca de comida era grande, já que a caça mudava constantemente de lugar para fugir dos predadores e, consequentemente, do Homem, que precisava acompanhar todo esse movimento. Durante esse percurso, estima-se que abrigos temporários eram construídos em cima de árvores, ou então eram utilizadas cavernas somente para passar a noite. Os primeiros registros de abrigos indicam o uso de grutas já escavadas pela natureza ao longo dos anos, que eram utilizadas pelas pessoas para passarem um determinado período de tempo. A experiência acumulada por tentativa, erro e associação permitia ao Ser Humano desenvolver métodos de caça e construção cada vez melhores, que por sua vez melhoravam o seu modo de

viver, podendo alimentar-se mais e melhor e ocupar lugares por mais tempo, sem a necessidade constante de se mudar. Com a descoberta do fogo, que alguns historiadores dizem ter acontecido ocasionalmente através da queda de um raio, o Homo Rudolfensis conseguiu um modo de passar mais tempo caçando, já que possuía luz e, logo mais tarde, descobrir também que era possível cozinhar a carne que, além de ficar com um sabor mais agradável, também podia ser conservada por mais tempo.


Todas essas descobertas possibilitaram que o Homem pudesse permanecer em um só lugar através da construção de abrigos como palhoças, que imitavam a estrutura básica de uma caverna, o que era suficiente para que ele permaneça estável. À medida que as técnicas construtivas avançavam os abrigos se tornavam cada vez mais resistentes, duráveis e maiores, mas sempre com a utilização de materiais disponíveis nas localidades mais próximas e com o mínimo de interferência no meio ambiente. As ferramentas utilizadas tornavam-se cada vez mais elaboradas. Elas iam de um simples pedaço de pedra até uma faca polida e bem afiada por outra pedra.

MISSÃO ARQUEOLÓGICA Na década de 1970, foi organizada uma missão franco-brasileira que incluía os arqueólogos André Prous, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Castor Cartelli, da PUC desse mesmo estado, e Charles H. Kooler. Seguiram os apontamentos deixados na região por Peter Lund, que é considerado o pai da arqueologia brasileira. No sítio Lapa Vermelha, a equipe dirigida por A. Laming-Emperaire descobre por volta de 1975 o crânio de uma mulher, que é considerado até hoje o mais antigo fóssil humano representante da espécie humana dos povos que habitavam o atual território brasileiro na Idade das Cavernas, com cerca de 11 mil a 12 mil anos, chamado de Luzia, nome atribuído pelo bioarqueólogo Walter Alves Neves. O crânio foi achado em escavações na Lapa Vermelha, uma gruta na região de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Estudos demonstram que ele apresenta características negroides, provavelmente advindas dos povos da África ou da Austrália que teria atravessado o estreito de Bhering por volta de 14 mil a.C. A arte rupestre brasileira foi confeccionada principalmente através de rochas e ferramentas, assim como em outros lugares do planeta. Porém, com gravuras que ilustram cenas do cotidiano e da cultura de cada região. Na arte rupestre, destacam-se três relações: a do indivíduo com o meio, a dele com sua própria história ou apenas uma composição geométrica abstrata, porém dotada de um significado pessoal ao indivíduo ou ao grupo, ou seja, relatam acontecimentos diários como uma pesca, uma caça memorável, fertilidade ou podem representar sinais, ilustrados por representações geométricas, não importando o significado. Existem sinais elementares, como os pontos, traços, barras, e os sinais elaborados, feitos a partir da reunião de um conjunto de sinais simples. Os sinais elaborados se repetem, e podem ajudar a definir culturas e territórios, além da cronologia.

‘LUZIA’, O FÓSSIL MAIS ANTIGO DA AMÉRICA Encontrado nos anos 1970, em Pedro Leopoldo - MG

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pintura rupestre Figurativamente, predominam no registro rupestre as figuras de animais, principalmente cervídeos, em perfil, e påssaros, tanto em perfil como de frente. Ocorrendo com menor frequência, lagartos, cobras, rãs, sapos e peixes, podendo tambÊm ser representadas patas de animais e mãos e pÊs humanos. Existem vårias representaçþes de animais enfileirados, sobrepostos ou próximos a grades, alÊm de cena de pesca. Acredita-se que muitas cenas tinham caråcter mågico- religioso, como uma preparação para o que ainda seria vivido. As figuras humanas aparecem em menor quantidade, associadas muitas vezes a animais e sinais geomÊ-

Sítio Furna do Caboclo, Seridó – RN

tricos. Em vårios sítios verifica-se a superposição de pinturas geomÊtricas abstratas, mais recentes, geralmente em vermelho e caracterizadas por sucessþes de pontos e grades, algumas vezes associadas, mais uma vez, a figuras geomÊtricas emblemåticas. A ilustração era realizada com os dedos ou com ferramentas que auxiliem na execução. Quanto à tinta, acredita-se que os materiais mais utilizados como aglutinantes foram o sangue, argila, excrementos humanos, låtex de plantas, gordura e clara de ovos de animais. A cor era REWLGD PLVWXUDQGR VH RSy GH URFKDV FRP GHVWDTXH SDUD Ry[LGR GH IHUUR que tem a coloração vermelho alaranjada. Utilizava-se tambÊm carvão e

ågua. No Brasil existem três estilos predominantes na arte rupestre. Os traços geomÊtricos pertencem à tradição agreste. As figuras humanas são a marca da tradição Nordeste. Jå as gravuras na pedra formam a tradição Itacoatiara. A pintura Agreste Ê mais comumente encontrada nos estados de Cearå, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Piauí, sendo que a maior concentração de sítios arqueológicos situa-se no agreste pernambucano. As características dessa tradição são grafismos de grande porte, sejam eles de composição ou puros. Os registros de ação são relativamente raros. Quando existem, representam cenas com poucas pessoas e animais. Estes últimos ilustrados atravÊs de

Sítio Toca do Salitre, Serra da Capivara – PI

SerranĂłpolis - GO

NORDESTE E AGRESTE AGRESTRE 08 | HAA


primatas como chimpanzés ou gorilas; ou até mesmo seres que se assemelham à forma humana, mas também à forma animal. Eram ilustrados de forma propositadamente grotesca e de grande tamanho, lembrando um espantalho. Outra representação típica desse estilo eram pássaros de asas abertas e longas pernas, algumas vezes reinterpretados com uma forma humana, sugerindo a representação de um homem-pássaro, outras vezes procurando representar o dinossauro recém-descoberto que habitava a região. Ainda nesse mesmo estilo, encontra-se uma subcategoria geométrica elaborada cuidadosamente que lembra um tecido bordado ou pintado sobre cerâmica. Usualmente estampa-

Tradição Agreste. Representação de um pássaro

A tradição Itacoatiara é amplamente difundida no Brasil como um todo. Os sítios são gravados perto de rios e particularmente perto de cachoeiras. Muitos dos blocos gravados costumam ser submersos, fato que talvez interessassem os autores pré-históricos. Para efeitos didáticos, os pesquisador Niède Guidon dividiu as gravuras em três tradições: As Itacoatiaras do Leste que aparecem em porções rochosas da região e em alguns riachos do Rio São Francisco. Há predominâncias de composições puras, ou seja, grafismos puros, em que é raro grafismos de composição. A segunda tradição é caracterizada por

do em grandes painéis de granito com um único desenho, às vezes associados com o estilo “Cariris Velhos”, muito comum em Pernambuco e Paraíba. Esse estilo recebeu a denominação de “Geométrico Elaborado”. A maioria desses painéis não são de fácil acesso, já que se encontram escondidos pela diferença do nível topográfico na região. Segundo pesquisadores, o estilo Nordeste foi desenvolvido entre 12 mil e 6 mil anos atrás nos estados do Piauí, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Como já foi citado acima, é formado por representações de cenas com figuras humanas, eventualmente acompanhadas por animais. Apresenta figuras monocrômicas cuja cor contrasta com a da pedra em que foi pintada. As representações humanas

Tradição Nordeste. Serra da Capivara - PI

grafismos puros e foi batizada de Itacoatiaras do Oeste. A terceira classe é chamada de Gongo, na qual verifica-se a mesma quantidade de grafismos puros e de composição. Os desenhos são monocromáticos, seguindo principalmente o tipo de material do suporte no qual ele foi inserido. Por se tratar de gravuras inseridas em um grande painel natural, é de se esperar que lá estejam misturados desenhos de várias épocas diferentes, dificultando a interpretação e catalogação de cada um deles. Além disso, os desenhos do estilo Itacoatiara já são de difícil interpretação, por si sós, já que possuem uma série de símbolos que, atualmente,

aparentam ser assexuadas e suas cabeças ora ornadas com cocar, isoladas. As cenas são dinâmicas, mostram cenas familiares, como um casal e um filho ou até mesmo relações sexuais. Uma representação conhecida desse período é a que apresenta um grupo de pessoas abraçando uma árvore. Por volta de 9 mil anos atrás, as cenas de violência começam a ser retratadas com mais vigor. Elas apresentam combates, estupro, por exemplo. Já com o estilo Serra Branca, o movimento deixa de ser o objeto principal e dá lugar à angulação no desenho das figuras, com um corpo retangular preenchido por desenhos geométricos.

Tradição Itacoatiara. Ingá - PB

a maioria deles ainda permanece indecifrável, não permitindo conhecer melhor as características do povo que ali vivia.

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Considerando-se a história evolutiva da sociedade, percebe-se que o ser humano possui uma capacidade de mutação e adequação maior do que a de qualquer ser vivo conhecido, uma vez que Ele partiu da condição de submissão à natureza até a sua dominação. Através do uso do raciocínio, característica ainda não comprovada em outros animais, foi possível desenvolver métodos e ferramentas que auxiliassem no seu êxito perante as dificuldades encontradas no meio ambiente. Como prova, os abrigos que antes eram estabelecidos em cavernas já esculpidas pela natureza continuaram evoluindo para pequenas habita-

ções temporárias e primitivas até as grandes construções que se verifica atualmente. No âmbito social, aos poucos o ser humano passou de individualista para um animal pensante dependente dos que o cercam. As comunidades cresceram de tal forma que atualmente, pode-se dizer que todos os sete bilhões de pessoas são um único grupo em ambientes diferentes, já que estão todos ligados de certa maneira pelo que se chama globalização. A Pré-História foi uma época definitiva para as características existentes no ser humano atual. Desde as características genéticas, anatômicas

e fisiológicas até os traços psicológicos. Dela, somente os mais fortes, inteligentes e mais bem adaptados deram origem ao Homem moderno, cujo atributo mais presente é a inquietação por uma constante mudança, assim como os seus ancestrais.

REFERÊNCIAS MARTIN, Gabriela. Pré-história do nordeste do Brasil. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 1996. DA CUNHA, José. A história das construções - Da pedra lascada às Pirâmides de Dahchur. Brasil: Autêntica Editora, 2009. Arte rupestre do Brasil: Tradição Nordeste. Disponível em: <http://oridesmjr.blogspot.com.br/2013/09/arte-rupestre-do-brasil-tradicao.html>. Acesso em: 01 junho 2014. Arte

rupestre

no

Brasil.

Disponível

em:

<http://artebrasileirautfpr.wordpress.-

com/2012/06/01/arte-rupestre-no-brasil/>. Acesso em: 03 junho 2014. Rota Migratória de Grupos Pré-Históricos da Tradição Nordeste: Uma Hipótese que se Fortalece. Disponível em: <http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=arqueologia&id=60>. Acesso em: 01 junho 2014. 10 | HAA


e s ta ir di v

FOTO: DIVULGAÇÃO

A GUERR A DO FOGO Produção vencedora de dez prêmios, sendo um deles o Oscar.

filme retrata várias O de homens pré-históricos

tribos em uma constante busca e luta por fogo. Todas elas pertencem a espécies diferentes e estão em um estágio de desenvolvimento igualmente diferente por estarem em diversos locais e aprenderem técnicas adaptadas ao meio em que vivem. A história é focada em um grupo de indivíduos com traços anatômicos ainda bem primitivos e que conhecem o fogo, mas não o dominam. Portanto, para obtê-lo é necessário buscar na natureza, o que muitas vezes implica lutar contra outros grupos em troca de uma noite de conforto em volta do fogo. Em um dia em que o fogo apaga, o ancião do grupo nomeia

três integrantes para uma jornada em busca de mais fogo. Ao longo do caminho, encontram outros seres humanos em um estágio de desenvolvimento mais avançado, seus abrigos não mais são localizados em cavernas, são construídos por eles próprios, além de que possuírem técnicas avançadas para acender fogo, tornando possível que cada membro do grupo produzisse sua própria mexa, aumentando a quantidade de comida e, logicamente, conforto. Ao voltar para a espécie de acampamento que a sua tribo estava, os três guerreiros absorvem grande quantidade de conhecimento e desenvolvem suas habilidades sociais como grupo e como indivíduos, descobrindo e vivenciando o humor, até então não compreendido entre

essa civilização. "A Guerra do Fogo" mostra ser um filme absolutamente preocupado com a retratação fiel da época em questão, procurando desenvolver até mesmo um sistema de linguagem primitiva que, segundo estudiosos, assemelha-se com as diversas linguagens que eram efetivamente praticadas. É possível reconhecer as diferentes espécies de ser humano, bem como suas características peculiares. O filme mostra como essas espécies conviviam juntas e o que faziam para melhorar sua qualidade de vida a cada dia.

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A busca pelo fogo, assunto principal do filme, leva à descoberta de várias técnicas para realizá-lo através da observação. Quando um dos três viajantes fricciona uma madeira contra a outra e faz fogo, todos os outros integrantes sentem-se surpresos, pois a partir desse momento, não era necessário viajar dias para encontrar fogo, que geralmente era causado por um raio ou por outras tribos. A permanência nos lugares tornou-se cada vez maior, uma vez que não era preciso ir muito longe para conseguir comida e, quando era necessário, havia a possibilidade de transportar o fogo, mudando radicalmente a vida das pessoas. A partir daí,

foram surgindo abrigos cada vez maiores e mais duradouros, já que a necessidade de se deslocar ficava cada vez menos. Essa descoberta também desencadeia uma série de outros elementos cruciais para a formação do Homem que hoje existe. Além do desenvolvimento de um sistema de comunicação, já explicitado, as interações sociais também se modificam ao longo da jornada, visto que o contato com outras tribos motiva a realização de novas experiências. O desenvolvimento de um grupo prova que o ser humano obtém maior êxito não estando sozinho, mesmo sendo dotado de uma inteligência capaz de superar grandes obstáculos. Apesar de ser um filme sem diálogos em línguas conhecidas, a gesticulação dos atores permite o entendimento e o contexto das conversas. O filme "A Guerra do Fogo" é fiel aos registros históricos encontrados atualmente, melhorando a compreensão sobre a época abordada e facilitando o entendimento da pré-história como um todo. DIREÇÃO Jean-Jaques Annaud | ANO 1981

FOTO: DIVULGAÇÃO pôster do filme

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condomínio

BEDROCK UM VELHO JEITO DE MORAR

G . BV CONSTRUTORA


E G I T O

m aproximadamente 1194 a.C., e vinte e sete anos após a morte de Ramsés II, ou como era conhecido, Ramsés, o Grande, o maior de todos os construtores egípcios que estendeu seu reinado por quase 70 anos, ascendia ao trono o faraó Ramsés III. Esse novo líder ascendeu em um período conflituoso e de crise do Império, reinando sobre Alto e Baixo Egito por um período de aproximadamente 31 anos.

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TEMPLO DE MEDINET HABU POR ANA LUISA OLIVEIRA

Ele conseguiu controlar a situação e fez com que suas conquistas, sua grandeza e sua divindade permanecessem concretamente registradas para a história, em paredes, colunas, vigas e lajes de um dos mais bem conser vados templos do Novo-Império, conhec i d o c o m o “ Te m p l o d e Habu”, no extremo u l d e Te b a s . HAA

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Desde o início desse período, foram feitas pequenas obras nessa região, dentro do contorno da muralha onde permaneceria esse templo. Da mesma forma que a maioria dos templos construídos por seus antecessores, este contém elementos arquitetônicos necessários a um templo dedicado aos deuses, como pilonos, grandes praças com colunatas e estátuas associadas, capelas, entre outros. Nesse sentido, não houve grandes mudanças. O portal de entrada do templo, construído como uma torre de guarda ou um forte, é uma exceção

à regra, já que na maioria dos templos a entrada era diretamente dedicada a um local de culto e promoção do faraó. Utiliza elementos da arquitetura militar e influências orientais, diferenciando-se dessa maneira das demais obras feitas para tal finalidade. A entrada ficou afastada do Primeiro Pilono no caso de Medinet Habu e contém dois andares, salas e outros cômodos, todos ornamentados com motivos a lembrar do faraó e as esposas que ele possuiu, tanto na parte interna como na externa. Com base nessa entrada e no que diz respeito às técnicas, observa-

-se que os construtores utilizaram as já conhecidas pelos seus antecessores de forma bastante aprimorada, mesmo que com algumas poucas modificações. Contudo, o Templo de Medinet Habu foi espaço para algumas manifestações da inovação na engenharia em outras partes desse espaço, mesmo naquelas obras que não foram realizadas no período do faraó da XX Dinastia, Ramsés III, mas que contribuíram de forma importante para que a construção e suas técnicas desse novos passos nos anos e períodos seguintes da história.

A arquitetura de Ramsés III Todo líder procura de alguma forma se tornar perpétuo na história, ser sempre lembrado por seus feitos, e com Ramsés III isso não foi diferente. Ele ordenou que seus escribas grafassem com grande profundidade os hieróglifos nos muros e paredes do templo, de modo que nem o tempo fosse capaz de apagá-los com facilidade e nem que futuros reis ousassem a retirá-lo das paredes. Por isso, observa-se que as inscrições

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s o f re ram pouco desgaste do tempo e podem ser facilmente distinguidas e percebidas do chão ao ponto mais alto do templo. Dessa forma, o visitante, sente-se convidado a observar mais atentamente as imagens e registros dessa arte única. Outro aspecto artístico importante é a conservação das pinturas internas de algumas salas, que ainda possuem cores vivas, as mesmas utilizadas na época da


construção e sem retoques. Essas pinturas foram aplicadas diretamente nas superfícies lisas, como nas lajes do teto e colunas, que receberam a cor azul principalmente, e nos entalhes mais profundos de relevos baixos com desenhos, apresentando harmonia de cores bem colocadas. Assim, os desenhos ganharam maior noção de profundidade e destaque das cenas propostas. Como observado pelo professor e pesquisador Celso Cunha, o projeto do templo tem uma unidade

arquitetônica. Possui todos os ambientes externos e internos que formam os monumentos dessa época, e, apesar de ter sido danificado pelos próprios egípcios antigos, é um dos mais bem conservados da região. Os pisos internos completamente pavimentados, as galerias marcadas pelas colunatas e a rampa que vai da praça ao portal do Segundo Pilono conseguem manter unidade e continuidade, assim convidando o visitante a penetrar no templo. A estrutura é forte e pesada,

possuindo mesmos aspectos técnicos dos demais prédios do período, e grande parte das lajes e colunas ainda estão com os blocos originais da época de Ramsés, com boa qualidade da ligação entre eles, que é quase imperceptível a determinada distância. O sistema estrutural é bem repetitivo, com uso do trio estrutural de laje plana, viga maciça e pilares, e o material utilizado é o calcário, retirado das jazidas próximas à região.

Novidades Habu

O templo da XVIII Dinastia, construído pelo faraó Amenófis I, que governou de 1525 a.C. a 1504 a.C., fica localizado na parte norte da entrada de Medinet Habu, mas sofreu modificações por seus sucessores, tanto os da mesma época, como os de épocas futuras. Essas mudanças fizeram com que os elementos se perdessem na questão de unidade arquitetônica, visto que foi notada que a obra tanto interna como externamente ficou desfigurada pelo tempo. Contudo, as peculiaridades construtivas desvendadas por estudiosos do assunto no local, naquilo que diz respeito a essa Dinastia, não foram

perdidas, pois é possível ainda que sejam distinguidas das demais pelo estilo, assim como visto no livro “A História das Construções”. O desafio nesse templo, segundo relatos de estudiosos, foi a necessidade de utilizar lajes cuja espessura não interferisse com a marcação de fachada, prevista no projeto original. A solução encontrada pelos engenheiros da época foi a de acrescentar um pilar, que não havia sido pensado, nos quatro cantos de cada corredor. Dessa forma, as lajes poderiam se apoiar diretamente no capitel desses pilares. Mesmo que não intencionalmente, a estética também

de

Medinet

Até agora, salvo algumas diferenças, pode-se observar que a arquitetura de Ramsés não apresentou grandes inovações, visto que utilizou técnicas de seus antecessores que já eram vastamente dominadas. Porém, tanto faraós que vieram antes a essa região, como os que estariam por vir, trouxeram novas técnicas que posteriormente iriam mudar o rumo da arquitetura. Assim é notável, por exemplo, nas descobertas arqueológicas feitas no local das "lajes cogumelo" da XVIII Dinastia, e das abóbadas primitivas da XXV.

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ganhou com essa mudança, pois isso evitou diferenças em espessuras de lajes (a da fachada com as de cobertura). Apesar de não possibilitar a existência de corredores totalmente livres, essa solução foi de grande importância para a distribuição das cargas do edifício, pois até três lajes de mesma espessura se apoiavam em um mesmo pilar multifacetado, podendo-se dizer assim que contribuíam para a estabilidade do conjunto, já que dessa maneira as lajes se colocavam de forma que é possível notar ali um ponto de equilíbrio. Esse sistema evitava deslizamentos ou qualquer outro movimento na estrutura, tanto de uma laje para a outra, como para o pilar. Também era possível vencer vãos maiores sem a necessidade de variar a espessura de lajes, o que afetava exatamente nessa estabilidade e na estética da obra. Mais tarde, já no atual tempo moderno, esse tipo de estrutura ficou conhecido como laje cogumelo, em referência a composição da laje plana em conjunto com a estrutura do capitel, e ganhou espaço como procedimento corriqueiro em construções.

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Outra novidade encontrada e admirada por cientistas e arqueólogos no Templo de Medinet Habu, como já citado previamente, foi como um início da abóbada conhecida hoje. Em uma pequena capela do Templo conhecida como Capela de Amenardis, provavelmente irmã dos faraós Shabaka e Piye, e sacerdotisa da XXV Dinastia, se encontra essa curiosa manifestação construtiva: uma cobertura de formas semicirculares dispostas em sequência, formando um semicilindro. Nessa construção não foram

utilizados os arcos plenos romanos que seriam desenvolvidos mais tarde, com a disposição de aduelas previamente pensadas e preparadas para dar forma curva a cúpulas, etc. Nesse caso, os egípcios colocaram os blocos assentados de forma intertravada como eram feitas normalmente as paredes, ou seja, esses blocos não são feitos necessariamente para que coincidam as juntas um com os outros. Pode-se observar que em quase todas as situações, os elementos se apresentam desalinhados ou intercalados. Outra observação a ser feita sobre a forma como foi feita é de que os blocos têm sua parte inferior moldada de forma curva, proporcionando a forma circular da estrutura. Mesmo assim, os construtores provavelmente observaram que ali estava uma estrutura capaz de se estabilizar por si só, utilizando como vantagem o seu formato e próprio peso para assentar os blocos.


Pesquisadores e historiadores deduziram que pela grande troca cultural do Egito com outras sociedades, pode ser possível que isso tenha inspirado os romanos, por exemplo, em sua forma de conceber e estruturar suas construções. Mas mesmo que não possuam ligação direta e imediata no pensamento, essa iniciativa tornou-se uma grande inspiração para futuros construtores desde esse tempo até os dias de hoje. Apesar de o Templo de Medinet Habu ter sofrido modificações através dos tempos, ele ainda é um

dos mais bem preservados. Cada uma das peculiaridades que ao longo dos anos são descobertas nessa e em outras grandes obras, foram importantes e influentes nas futuras civilizações, desencadeando na evolução e no aprimoramento nos campos da engenharia e da arquitetura. Segundo José Celso da Cunha, professor da UFMG, “Não há império sem uma engenharia forte em toda a história da humanidade. As conquistas necessárias para a expansão dos seus domínios sempre estiveram atreladas aos engenheiros e arquitetos que souberam fazer valer

suas ciências, suas técnicas e sua arte.”. Portanto, tomando como ideia essa afirmação e analisando os relatos contidos nesse texto, pode-se concluir que a forma com que grandes Impérios, como por exemplo, o Egito, que estabeleceu alguns dos primeiros parâmetros à maneira de pensar e conceber ideias espacialmente, podem ser também influência direta na formação de outras grandes civilizações que se estruturaram e fortaleceram estabelecendo uma precisão e coesão na engenharia e arquitetura, das estruturas à composição estética de seus edifícios.

REFERÊNCIAS CUNHA, José Celso da. A História das Construções, vol.2 – Das Grandes Pirâmides de Gizé ao Templo de Medinet Habu. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2009. BROWN, D. M. Civilizações Perdidas – Egito, terra dos faraós. Rio de Janeiro, Abril Coleções, 1998. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio, 8ª edição. Ed. Positivo, 2010. Lista de faraós do Egito Antigo e suas respectivas Dinastias. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Fara%C3%B3s>. Acesso em: 03 junho 2014. HAA

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Grécia

história da arquitetura é marcada pela repetição de fórmulas que foram sistematizadas na antiguidade e que passam a servir de modelo para uma estrutura bem resolvida tanto plástica quanto funcionalmente.

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ARQUITETURA CLÁSSICA E SEU LEGADO P O R T H A I S V I C TO R I A

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A arte clássica é aquela que os elementos decorativos, partidos estruturais e concepção de composição derivam das ordens do mundo greco-romano e buscam alcançar uma harmonia entre suas partes, utilizando-se de modulação, proporção e idealização, se tornando assim, como um exemplo de boa arquitetura. Pode-se perceber pilares sustentando todas as construções atuais, acontece

que nos períodos antigos, precisamente na Grécia, tinham as suas famosas colunas que além de sustentarem suas edificações serviam para decoração de seus templos e outras construções, pois cada uma tinha suas características próprias, o que influenciou outros períodos da história da arquitetura determinando assim, ordens arquitetônicas.

“[...] as ordens arquitetônicas não são regras materiais, isto é, modelos completamente estabelecidos, mas sim regras ideais que podem traduzir-se concretamente dos modos mais diversos” (BENÉVOLO, 1987, p. 18).

COLUNA DÓRICA

COLUNA JÔNICA

COLUNA CORÍNTIA

Mas por que ordem?

O conceito de ordem está ligado a um sistema que harmonizava as partes do edifício em relação ao todo. Era aplicado ao traçado da coluna, determinando as proporções das suas partes constituintes: base, fuste e capitel, e à relação entre a sua espessura e a sua altura, totais. A coluna é o elemento que

Ordem Dórica A primeira delas foi a Ordem Dórica, assim designada porque nasceu na Grécia peninsular por volta de 600 a.C. É a coluna que tem formas geométricas mais acentuadas e a sua decoração não é muito ressaltada, e por possuir esse aspecto pesado e maciço, historiadores dizem que ela traduz a forma do homem. O seu fuste (o corpo da coluna) é robusto com caneluras em arestas vivas e o seu capitel, que é o que mais caracte-

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melhor define as características de cada ordem, de tal forma que o diâmetro médio do seu fuste determina o módulo métrico, segundo o qual se construía todo o sistema proporcional do edifício. Ela também teve um valor icônico extremamente forte, que esteve para além da sua função estrutural.

riza a ordem, é simples e geométrico. Essa coluna é tão mais simplificada que ela não possui base alguma e se apoia no estilóbato (último degrau, superior, onde o edifício se firma).

GRÉCIA

Atenas


Ordem Jônica A Ordem Jônica, a segunda, nasceu em Jónia no séc. VI a.C, e se difere da Dórica nos elementos e com mais decoração da coluna e do entablamento e por ela se assentar numa base. Nessa ordem arquitetônica o capitel chama mais atenção, ele se torna mais decorativo, sendo usadas as quatro volutas enroladas em espiral nas suas pontas, que por possuir essa forma mais esbelta e por suas dimensões, dizem que significa a mulher. Esta

coluna, por sua vez, possui um fuste mais longo e delgado com caneluras semicilíndricas, sem arestas vivas e em maior número do que a da Dórica. GRÉCIA Atenas

Jônia

Do mesmo jeito que o tempo passa e vai havendo atualizações e modelos novos de aparelhos e móveis que nos circundam, pode-se dizer que com o passar do tempo as colunas foram "atualizadas", mas não deixando suas marcas próprias e nem deixando de serem usadas por serem mais antigas, muito pelo contrário, cada uma tem seu próprio valor no edifício em que foi construído. Como também na ordem jônica teve um variante nas formas das colunas com as esculturas de mármore em homenagem às jovens da região de Cária, na Grécia asiática, que foram escravizadas como parte de um acordo feito com os Persas, denominadas cariátides. No fime “Hércules” da Disney, nota-se cariátides no cenário.

Ordem Coríntia Já a última ordem grega foi a Ordem Coríntia, que só apareceu no final do séc.V a.C, e que é considerada mais uma derivação da Ordem Jônica, resultado do seu enriquecimento decorativo. Mas essa possui um fuste ainda mais delgado e o capitel com forma de um sino invertido, que era

repleto de decoração esculpida por filas de folhas de acanto (estilizaram o acanto de forma a ressaltar suas linhas principais e dispensaram maior cuidado com a continuação e origem dos caules na composição) e com volutas em suas pontas superiores. Já a sua base era bem mais trabalhada do que

as outras ordens. Esta coluna, rica de detalhes, simbolizava a riqueza e o poder e se tornou a preferida dos romanos, que trabalharam a sua forma posteriormente.

Modelo estilizado das folhas de acanto utilizadas no capitel coríntio. HAA

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ORIGEM DAS ORDENS Um arquiteto romano, Marcos Vitrúvio Polião, conhecido como Vitrúvio, que viveu no século I a.C. e deixou como legado a obra "De Architectura" (10 volumes, aproximadamente 27 a 16 a.C.), o único tratado europeu do período greco-romano que chegou aos nossos dias e serviu de fonte de inspiração a diversos textos sobre arquitetura, e seus seus padrões de proporções e os seus princípios conceituais - "utilitas" (utilidade), "venustas" (beleza) e "firmitas" (solidez) -, inauguraram a base da arquitetura clássica. Vitrúvio, no sue terceiro e quarto livro, descreve os templos e os elementos de sua composição. Dentre eles, as colunas. Ela é o principal elemento para a composição do templo. Sua beleza influenciou as edificações do mundo Ocidental durante séculos e até hoje encanta pela singeleza e elegância. Referente a origem da ordem dórica, acredita-se que ela tenha surgido de um tipo primitivo de construção em madeira, segundo Vitrúvio, que foi reproduzida em pedra. O estilo dórico se firmou, quando os jônios decidiram levantar um santuário a Apolo Paníonio e nas colunas buscaram manifestar elegância aliada à necessidade de sustentação do santuário. Desta maneira, mediram o pé masculino e constataram ser a sexta parte da estatura do homem, transferindo a proporção para a coluna. A coluna dórica, narra Vitrúvio, possui a solidez e elegância viril. Permanecerá, por muito tempo, sem base, como nas construções originais em madeira. Essas cópias se tornaram cada vez mais comuns, devido ao surgimento de outros templos de pedra. Já os templos jônicos, apesar de colher suas proporções do corpo humano, busca um novo estilo. Referindo-se à mulher, dotou a

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Estruturação das três ordens

coluna com oito partes em altura, ao invés de seis, fazendo-a com aspecto mais esbelto. A coluna passou a ter volutas, que lembravam cachos de cabelos femininos, e ornatos de graciosa proporção, manifestando, segundo o autor romano, a delicadeza da mulher. Com o passar do tempo, progrediram em formulações de sutileza e graciosidade. E foi assim que a coluna dórica alcançou sete diâmetros enquanto a jônica, nove. E o terceiro gênero, que dizem que foi a junção do dórico e jônico, ou seja, o coríntio, inspirado na delicadeza virginal que, segundo Vitrúvio, permitia os mais belos adornos. O arquiteto romano conta a lendária história de que o surgimento da ordem se deu após a morte de uma virgem. Um cesto que foi colocado em cima de seu túmulo e que com a chegada da primavera, uma muda de acanto cresce ao redor dele, tornando assim a inspiração de Calímaco para um novo capitel. Posteriormente, Vitrúvio os associou ao toscano, de origem itálica. Mas foi só após mil e quatrocentos anos depois de Vitrúvio com o surgimento da Renascença que novos teóricos como Leon Battista Alberti, definiram as ordens como um conjunto de

formas cônicas que resumiriam em si toda a virtude arquitetônica. Alberti acrescentou as quatro ordens mais uma, a compósita, que é uma combinação dos elementos das ordens coríntia e jônica, sendo esta utilizada na arquitetura romana. Essa estética da arquitetura clássica propunha medidas ideais, proporções fixas e padrões pré-determinados, o que gerava uma arte de grande qualidade técnica e com a idealização formal própria do pensamento grego, em que essa estrutura teve origem. Este estilo grego cheio de regras poderia muito bem ser esquecido com o passar do anos, mas essas padronizações impostas por eles foram também retomadas no período do Renascimento, e continuou a influenciar a arquitetura ocidental até os dias atuais.


Suprema Corte, E.U.A

A arquitetura pós-moderna iniciada nos anos 1970 pode ser identificada como uma interpretação do ecletismo pelo agrupamento que faz de aspectos estilísticos, que têm como base os elementos formais originários no mundo grego. Na América, a influência da arquitetura grega é aparente nas casas de estilo "grego renascentista" no sul dos E.U.A. antes da guerra. Algumas destas casas apresentam grandes colunas e colunatas, enquanto outras são casas mais contidas na

cidade, com colunas pequenas na entrada. E como esta arquitetura também projeta autoridade, permanência e poder. Estas qualidades fazem com que seja ideal para os edifícios do governo. A Suprema Corte, também dos Estados Unidos, é um belo exemplo da arquitetura coríntia. A entrada oeste possui 16 colunas coríntias sob uma arquitrave entalhada. As graciosas colunas são cobertas com uma coroa de folhas de acanto detalhadamente gravadas, típicas dessa ordem. Como

Lincoln Memorial, E.U.A

também o memorial de Lincoln que utiliza das colunas dóricas. Nota-se assim que muitos edifícios atuais construídos com tecnologia de ponta têm em seu acabamento revestimentos que trabalham com elementos de outras épocas, sendo egípcias, gregas, romanas ou barrocas, a arquitetura dos tempos antigos tem o seu legado, por isso há uma história da arquitetura,

REFERÊNCIAS JANSON, H.W. Historia da Arte. 6 ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1992. SUMMERSON, John. A linguagem clássica da arquitetura. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1994. VITRÚVIO. De architectura.Volumes 3 e 4.

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r o m a

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C I D A D E S

D O

I M P É R I O

R O M A N O POR RAPHAEL NOBRE

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riginalmente uma colônia fenícia no nor te da áfrica, Car tago era uma potência na antiguidade e chegou a disputar com Roma o controle do mar mediterrâneo. Refundada por Roma no século I a.C . chegou a ser a quar ta maior cidade do império romano e se tornou a capital da África romana. O império romano dominou vastas áreas e nas cidades colonizadas implantava uma organização de cer ta forma semelhante à metrópole . Os romanos tiveram contato direto com os gregos e receberam muita influência deles, tanto na cultura quanto na arquitetura. Foram os primeiros a trabalharem com o arco, utilizavam bastante concreto e tinham um bom saneamento, contando com esgotos nas cidades. Algumas cidades surgiram a par tir de acampamentos militares, a princípio provisórios. Algumas das cidades conquistadas eram alteradas desde o chão, com novos traçados e alicerces. Tornavam, então, cidades coloniais, cidades “livres”, cidades tributárias, cada uma com uma condição diferente . A unificação desses novos territórios ia além dos saques e coletas de impostos: eram efetuadas diversas obras para melhorara infraestrutura urbana, como aquedutos, estradas, pontes, for tificações, áreas por tuárias. Assim, a dominação da região se estabelecia de forma mais contundente .

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Disponível em: http://www.portugalromano.com/

Os principais edifícios presentes em Roma foram repetidos nas novas cidades – o forum, uma espécie de praça pública onde se encontravam os prédios ligados à política e templos aos deuses e aos imperadores; o mercado central; as termas e banhos públicos, para higiene e socialização; o anfiteatro e o tetro, para espetáculos; A ordem cósmica era levada em conta na elaboração da malha urbana das cidades romanas. O traçado regulador contava com duas ruas principais, o cardo, de eixo norte-sul, e o decumanos, que corria de leste a oeste. O principal decumanos era o decumanos máximos, que geralmente termina em duas portas, uma em cada extremidade da cidade, a Pretória e a Decumana. O decumanos se encontrava ortogonalmente no seu centro com o Cardo Maximus, que era a rua principal. La se localizavam o comércio e os ambulantes, assim como o Fórum, nas suas proximidades, sendo, assim, o centro da vida econômica das cidades romanas. Na escolha do sítio era levado em conta a declividade do local, 28 | HAA

de preferência ligeira para uma boa drenagem e para evitar inundações. Um sacerdote romano realizava testes com fígados de animais locais para examinar se a região era salubre. Se os animais fossem sadios, ponto favorável ao local. Toda a cidade era cortada por ruas ortogonais, gerando um desenho urbano semelhante à um tabuleiro de xadrez. Os quarteirões, também chamados de insulae, eram sempre quadrados ou retangulares. Cada insula era preenchida com edifícios de diversos tamanhos, cortadas por ruas secundária e becos estreitos. As edificações ficavam livre para o proprietário construir ao seu modo, com a condição da altura do edifício não ultrapassar em duas vezes a largura da rua, medida tomada a fim de garantir vias sempre ensolaradas. Os geômetras utilizavam de instrumentos topográficos para se certificarem que as ruas fossem ortogonais entre si. Nas construções, em sua maioria, eram empregados materiais como pedra, madeira, argila e argamassa composta de uma mistura de areia, cal e água. A pedra e o calcário eram extraí-

das de pedreiras do próprio estado. Havia oficinas com operários especializados no corte e polimento e na gravura de inscrições das pedras. Os tijolos e telhas de argila eram moldados em matrizes de madeiras e secados ao sol e endurecidos no forno. Os operários eram em sua maioria escravos, pertencentes ao Estado e a alguns ricos, prisioneiros de guerra e camponeses pobres que migravam para a cidade com a esperança de estabelecerem. Apesar da baixa posição social, os operários eram bem tratados, a fim de gerar um bom rendimento. Para a segurança e também para a delimitação do tamanho da cidade - os urbanistas não queriam cidades grandes demais que não atendessem às necessidades de todas as pessoas - era erguida uma muralha ao redor da cidade. Ela era formada por dois muros de proteção com um aterro entre eles. O externo possuía ameias para arqueiros e tinha sua base prolongada bem abaixo do nível do solo, para evitar


que fosse escavado. O muro interno era mais alto para evitar que flechas e pedras atiradas atingissem a cidade. Em toda extensão da muralha eram erguidas torres de vigia para suplementar a segurança. As passagens, formadas por abóbadas de berço, eram controladas por pesadas portas levadiças de madeira recobertas por placas de bronze. Dentro das muralhas, numa faixa de nove metros ao redor de toda cidade, era demarcado o pomerium, uma região sagrada protegida pelos deuses que representava a fronteira sagrada da cidade. Quando os poços locais não eram suficientes para o abastecimento de água, eram edificados aquedutos que transportavam água de montes próximos às cidades. Eram feitos cálculos topográficos para que houvesse uma constante inclinação do aqueduto para garantir a movimentação da água. Seus pilares eram robustos e atingiam alturas de quinze

metros para impedir que água fosse roubada ou envenenada. A água era reservada em cisternas, de onde era distribuída às fontes públicas, às termas e às casas dos ricos. A rede de esgoto também funcionava bem. As tubulações eram instaladas sob as calçadas e ligadas aos prédios públicos e particulares por canalizações. Todo o esgoto era eliminado por uma galeria que passava sob a muralha e despejado em algum rio. O forum consistia o centro religioso e político da cidade, com templos e prédios dedicados a reuniões de conselheiros e elaboração de leis. Os edifícios que o circundavam eram altos, geralmente com pórticos, para separar o forum da agitação da cidade. Em homenagem ao imperador, na entrada principal do forum, era edificado o arco do triunfo, folheado de mármore. O mercado central se localizava próximo ao forum, com um traçado regulador semelhante àquele, onde

prédios de dois pavimentos delimitavam sua área e ao centro havia uma praça onde eram armadas as barracas. Haviam também outros mercados espalhados pelas cidades, mas estes eram mais especializadas em algum alimento. Nas ruas se espalhavam as lojas, oficinas, armazéns, padarias, bares, restaurantes, cabarés e mercearias. Era comum numa rua se encontrarem vários estabelecimentos especializados num mesmo serviço.

Disponível em: http://www.romanoimpero.com/2010/04/il-foro-romano.html

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Disponível em: http://timerime.com/es/periodos/2174988/Imperio+Romano/

Residências As residências se dividiam, basicamente, entre as ricas e as pobres. Aquelas eram maiores, de concreto revestido de pedra de cantaria ou argamassa pintada. Haviam dois cômodos maiores: o primeiro, chamado de atrium, era ligado à rua por uma passagem estreita e tinha acesso à cozinha, à biblioteca, à sala de estar. Era o ambiente em que ocorria maior atividade na casa, devido à iluminação e ao conforto térmico que possuía gerados por uma abertura quadrada no teto. O segundo era um jardim localizado na parte de trás da residência, o peristilo. Este era menor e também possuía uma abertura no teto, eventualmente tinham um chafariz e um pequeno altar aos deuses. As residências mais humildes se localizavam em edifícios com dois ou três

apartamentos. As paredes eram de madeira reforçada, revestida de pedra e argamassa. Os cômodos eram poucos e menores, com um pequeno pátio interno no lugar do atrium, que servia às várias residências. No térreo desses prédios eram alugadas lojas. Nas termas ou banhos públicos não ocorria apenas a higienização, mas também uma forte interação social. Contavam com piscinas quentes, mornas e frias, a palestra – um gramado utilizado para exercícios físicos e luta – e até biblioteca. Suas edificações possuíam grandes abóbadas de berço e de aresta. Nos bairros próprios, se localizavam o anfiteatro, que tinha uma arena capaz de reproduzir até cenas de batalhas marinhas, e o teatro, com seus cenários arquitetônicos. Nos dias de forte insolação,

era estendida uma lona sobre a plateia sobre cabos estendidos. Em muitos locais, houve também uma organização das regiões circunvizinhas, com a criação de estradas e a divisão do campo em longos lotes retangulares, que ajudava na divisão racional da área cultivável. Essas cidades não se destacavam pelo seu tamanho, mas pela qualidade, já que eram bem organizadas, com serviços que atendiam bem à população, e autossuficientes graças às áreas rurais que as rodeavam. Outro fator que colaborava para sua qualidade era o controle do número de habitantes, já que o muro delimitava bastante o crescimento da cidade fora dele, contemplando todos com serviços de qualidade.

5()(5Ç1&,$6 MACAULAY, David. Construção De Uma Cidade Romana. Brasil: Martins Fontes, 1989. 30 | HAA


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Notre Dame

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C A T E D R A L

L U Z

POR GABRIEL AMARAL

enário de célebres romances e filmes, a catedral Notre Dame de Paris, com seus mais de 850 anos, contemplou importantes a c o n t e c i m e n t o s h i s t ó r i c o s . Ve j a a s e g u i r a s principais características e curiosidades sobre a catedral.

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Situada na Ilê de La Cité, o marco zero da capital francesa, a catedral foi fundada em 1345, 182 anos após o inicio de sua construção. A obra de vestilo gótico é a representação da vontade, do então bispo de Paris, em consolidar a imagem da cidade como um centro religioso da época. Em 1163, na presença do Papa Alexandre III, foi colocada a primeira pedra da Catedral de Notre Dame. A partir de então se iniciavam as obras que perdurariam por quase dois séculos. As primeiras campanhas, compreendidas entre o final do século XII e inicio do século XII, foram comandadas por construtores desconhecidos - a profissão de arquiteto como é conhecida nos dias de hoje surgirá apenas no Renascimento.

Ilê de la Cité Mapa de Paris da época medieval, com destaque à Notre Dame em vermelho.

Etapas da construção

1163 Coro e duplo deambulatório

Os trabalhos tiveram início na fachada leste, com a construção do coro e de seu duplo deambulatório (passagem que circunda o coro), seguido pelas naves laterais e a nave central até chegar à fachada oeste, no ano de 1200. As imponentes torres da fachada demoraram cerca de 50 anos para serem finalizadas. Nos anos seguintes, novas campanhas foram realizadas com a expansão dos braços do transepto, construção das capelas do coro e da abside. E, após

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1182 Naves laterais e nave central

longos anos, em 1345, estava completamente finalizada a Catedral Notre Dame de Paris com seus 130 metros de profundidade, 48 metros de largura, 35 metros de altura e capacidade para até 6000 fiéis.

1200 - 1345 Torres norte e sul Transepto e abisde


A Catedral, desde então se tornou símbolo maior do catolicismo francês – com o hiato na revolução francesa, período em que sofreu saques, como o roubo dos sinos da torre norte para serem derretidos e usados como bolas de canhão, e quase foi demolida – e testemunhou importantes acontecimentos da história francesa e mundial. Em 1804, ao som do grande órgão da catedral, Napoleão Bonaparte foi coroado imperador da França. Além da beatificação de Joana D’Arc, heroína francesa e chefe militar da Guerra dos Cem Anos, em 1909. Napoleão Bonaparte

Joana D’Arc

Fama mundial

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Personagem principal do aclamado romance francês Notre Dame de Paris, de Victor Hugo, a catedral ganhou ainda mais projeção após o lançamento da animação hollywoodiana inspirada no romance de Hugo, mas com enfoque no drama de Quasímodo, o corcunda responsável por badalar os sinos da catedral.

O Corcunda de Notre Dame Filme norte-americano de animação, de 1996. É considerado uma das animações mais sombrias da Disney.

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AS INOVAÇÕES TÉCNICAS GÓTICAS Um dos maiores expoentes do gótico, a edificação não nega seu estilo. Lá está presente o arco ogival, inovação técnica que permitiu às catedrais góticas maior verticalidade em um mesmo vão – em oposição ao período antecessor, o românico, que utilizava-se do arco pleno.

PERÍODO ROMÂNICO

ARCO PLENO

Fachada oeste da catedral Detalhe à Galeria de Reis e à rosácea

O fiel, ou quem quer que seja a pessoa que adentrar a Catedral, de imediato se vislumbrará com sua grandiosidade e singeleza, expressos por sua altura e pelo refinamento de sua ornamentação. O detalhamento das esculturas é uma das provas deste refinamento ornamental. E para apreciá-las nem é preciso entrar no templo, os anfitriões celestes recebem o fiel já na fachada. No centro da fachada oeste uma grande rosácea forma um halo acima da estátua de Nossa Senhora com o Menino entre dois anjos. Logo abaixo há um grande friso horizontal, a Galeria dos Reis, uma linha com 28 estátuas que representam as vinte e oito gerações dos reis de Judá. Além disso, nos três portais uma infinidade de personagens estão

A Virgem e o menino Escultura no interior da catedral.

Fachada oeste da catedral Destaque aos três portais de entrada.

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A R C O O G I VA L

esculpidos. A Virgem com o Menino, escultura mais famosa da catedral encontra-se em seu interior, no santuário encostada no pilar sudeste do transepto, esboça um sutil e enigmático sorriso, característica comum às esculturas góticas da época. Além do arco ogival, surgiram também os arcobotantes e os contrafortes, inovações construtivas que separavam a estrutura da vedação, isto é, a partir daquele momento as paredes não precisavam ser extremamente largas, pois as forças seriam distribuídas a estes novos elementos estruturais. Tal novidade proporcio-

A R C O B O TA N T E E CONTRAFORTE

nou a existência de outra forte característica gótica, o vitral, pois ao contrário das catedrais românicas – que não podiam fazer uso dos vitrais devido à função estrutural de suas paredes – as catedrais góticas não sofriam deste empecilho e, assim, fez-se luz no interior das edificações; e a Igreja (clero) acabara por conquistar mais um elemento para a educação dos fiéis. E são os vitrais os principais responsáveis pelo deslumbre que a Notre Dame de Paris provoca. O jogo de luzes criado a partir da combinação das mais variadas cores de vidros não tem significa-

do apenas estético, é também a expressão máxima da transcendência, os fiéis podiam sentir-se mais próximos de entender e alcançar o reino que está além do mundo terreno. O forte simbolismo cristão revela-se também nas formas inseridas nos vitrais, que em sua maioria são trechos de passagens bíblicas. A Notre Dame de Paris não é a catedral luz por acaso, desde o início de sua construção no final do século XII, sua arquitetura foi pensada para que a luz adentrasse em seu interior e provocasse esse êxtase em quem fosse visitá-la.

Referências GOMBRICH, Enerst H. A História da Arte. Livros Técnicos e Científicos Editora, 1999. França celebra os 850 anos da catedral de Notre Dame. Disponível em: < h t t p : / / w w w. b b c . c o . u k / p o r t u g u e s e / n o t i c i a s / 2 0 1 2 / 1 2 / 1 2 1 2 2 5 _ n o tre_dame_aniversario_mv.shtml>. Acesso em: 01 junho 2014. Building history. Disponível em: <http://www.notredamedeparis.fr/spip.php?article380>. Acesso em: 03 junho 2014. HAA

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PAPO COM O ARQUITETO

LUIZ OTAVIO P O R J O Ã O B O A V I S TA

Luiz Otavio Alves Rodrigues nasceu em Brasíli (DF), em 10/03/1962. Arquiteto graduado (1983) e especialista em reabilitação ambiental em arquitetura e urbanismo pela Universidade de Brasília (2008). Atua como profissional liberal em Brasília, desde 1984. Desde 1997, trabalha na área de arquitetura hospitalar como arquiteto da Secretaria de Saúde do DF.

Professor da cadeira de Projeto do Centro Universitário Euro Americano (UNIEURO). E, desde 2006, trabalha no escritório Reis Arquitetura. A Revista HAA conversou com Luiz sobre suas viagens pelo Velho Continente e da importância do estudo de história na formação dos estudantes de arquitetura. Confira:

SOBRE A GRÉCIA

Você já esteve na Grécia, certo? Sim. Você visitou a Acrópole de Atenas quando passou por lá? Qual a sensação que você teve ao entrar na Acrópole e ter aquela vista perspectivada do Partenon? A emoção foi muito grande, por vários motivos. Além do aspecto histórico de se contemplarem mais de dois milênios desde sua construção, o sítio é belíssimo, onde repousam, imponentes e resilientes, as ruínas do partenon, no alto da colina. Há uma sensação marcante de se estar pisando em solo sagrado, de reverência e de introspecção.

Em sua opinião como arquiteto, as colunas influenciaram essa sensação de alguma forma? Totalmente. Tanto individualmente, por sua escala e seu desenho dórico, que, em minha opinião, é o mais “moderno” das ordens gregas (sem excessos). Assim como seu conjunto (peristilo), perfilando-se de forma harmoniosa e criando um vestíbulo convidativo, antes do acesso ao templo.

SOBRE A NOTRE DAME DE PARIS

Mudando um pouco o foco agora, você já foi a Paris? Visitou a Catedral de Notre-Dame?

E ao entrar na catedral, essa impressão/sensação muda?

Sim.

Ao entrar na nave principal, veio a mesma sensação que tive na Acrópole: de reverência e introspecção. Há uma sensação de pequenez perante a escala monumental do ambiente.

Qual a primeira impressão que você teve ao se aproximar da catedral? A primeira impressão que me veio foi de admiração pela técnica construtiva extraordinária das igrejas góticas. Uma verdadeira aula de engenharia. Contudo, a impressão mais impactante não se dá pela chegada a pé, defronte à entrada. Toda a magnitude da Catedral só é perceptível ao se navegar no Sena e contemplar sua forma monumental vista da fachada posterior.

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Você acha que existe uma explicação arquitetônica para essas sensações à respeito da catedral? Sem dúvida, a escala do ambiente, os materiais monocromáticos, a penumbra, a luz difusa que chega através belíssimos vitrais, tudo isso contribui para essas sensações.


“A história da arquitetura é essencial na formação do arquiteto”

SOBRE A HISTÓRIA E ARQUITETURA

Para finalizar, em sua opinião, qual a importância da história da arquitetura na formação dos estudantes de arquitetura? A história da arquitetura é essencial na formação do arquiteto, pois traz referências importantes sobre tecnologias e formas de se construir ao longo tempo. Seu estudo nos permite entender os aspectos culturais, simbólicos e expressivos contidos na arquitetura, contextualizados a certo povo, numa certa época. Enfim, o estudo da história da arquitetura, permite-nos construir a narrativa da nossa profissão, compreendendo-se melhor a importância do papel social do arquiteto ao longo da história.

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