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Semana passada tive o grande prazer de conhecer o professor Walter Block, na Aula Magna de pós-graduação do Instituto Mises Brasil. O professor Block é uma das principais referências do libertarianismo na atualidade e pude não só assistir à sua aula, mas também adquirir seu livro, lançamento no Brasil – Rumo a Uma Sociedade Libertária. Esse é só mais um exemplo de como o cenário da liberdade está se expandindo em nosso país. E vamos continuar trabalhando para que cada dia mais possamos ter acesso a esse tipo de material de qualidade, novidades, pensamentos e estudos, que possam se transformar em conteúdo sólido para alimentar a Agorista e, consequentemente, trazer novas perspectivas aos nossos leitores. Sucesso! Mariana Diniz Lion Editora Chefe Com felicidade acolhi o convite para integrar o time D’Agorista e me sinto honrada por poder ocupar o cargo de Vice-Editora Chefe, justamente nesta edição que ressalva especialmente o destaque da liderança feminina no ambiente liberal. Quando disse sim, aceitei o compromisso de, através desta revista, transmitir que todo individuo tem o direito inalienável à liberdade, assim como Samuel Edward Konkin III, com seu ideal agorista que se mantém vivo na atualidade, seja através do vendedor ambulante, ou do grande empresário que se recusa a entregar os frutos do seu trabalho ao governo e a alimentar parasitas. Sejamos mulheres e homens corajosos, e através da prática diária do agorismo vamos nos livrar pouco a pouco da teia estatal que nos impede de atingirmos a liberdade pela qual tanto lutamos. Nathalia Motta Vice Editora Chefe Interina
“Pois não importa que os primeiros passos pareçam pequenos: O que se faz bem feito faz-se para sempre.” Henry David Thoreau 2
Josefa Tiago dos Santos, de 65 anos, era mais uma aposentada no Distrito Federal. Muito embora residisse na capital da corrupção, Dona Josefa buscava, através da venda de dindin (gelinho, Chup-chup, dependendo da região do Brasil), ajudar em casa no sustento de seus sete filhos, quinze netos e dois bisnetos. No dia 24 de fevereiro de 2016, durante uma operação de fiscalização de ambulantes, testemunhas informam que Dona Josefa foi tratada com agressividade e truculência pelos fiscais, pelo simples fato de não estar regularizada. Com o desgaste emocional, Dona Josefa teve uma parada cardiorrespiratória, que culminou em um AVC (acidente vascular cerebral) seguido de um estado de coma. Dona Josefa faleceu dois dias depois, no dia 26 de fevereiro. Em um país onde todos os nossos recursos são roubados de nós pelo governo para serem embolsados por engravatados, políticos e corporativistas, não basta ter força de vontade e energia para tentar sobreviver e melhorar o estilo de vida que levamos. Se não nos submetemos às caras e demoradas burocracias que vão garantir ao governo tirar de nós 40% de qualquer iniciativa que tenhamos, então somos coagidos, castigados, presos, brutalizados e – por que não dizer? – assassinados. É por isso que nós lutamos. Para que senhoras e indivíduos trabalhadores possam sobreviver, se desenvolver e crescer sem a coação de um estado inflado e regulador lhes limitando. Para que outras Josefas, Marias e Josés do nosso país possam ter seu sustento e sua dignidade garantidos e protegidos da mordida gananciosa do Estado. Deixamos aqui a mensagem de apoio e de carinho aos familiares e amigos de Dona Josefa – uma mulher que, poderia sequer saber o significado disso, mas que era (mais do que qualquer um de nós), uma Agorista. Descanse em paz!
Equipe A Agorista Foto de Dona Josefa da Internet
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Reforço no Time Michel Barbosa
Vinicius Dias
Henrique José Pires Barcelos
Rafael Bolsoni Michel, Vinicius, Henrique e Rafael são o reforço ocasional em nosso time. Participarão das edições de A Agorista comentando casos práticos em que a iniciativa privada pode substituir o governo. Serão os especialistas do CALL – Centro de Atendimento ao Leitor Libertário. Confira nesta edição, página 34. 4
Reforço no Time Cauê Bocchi Advogado pela FGV-SP, articulista do Instituto Liberal, coordenador do Estudantes pela Liberdade e autor do prefácio do livro A Lei (Frederic Bastiat) pela Editora Libertar. Viciado em esportes e interessado em temas relacionados à filosofia política, religião e história. .
Cauê é o autor de “As Aventuras Revolucionárias de Marquinhos, o Comunista Camarada”, uma série de contos que serão publicados divididos em capítulos na seção “Fanfic Libertária”, página 43.
Convidados Especiais Roni Stefanuto Rodrigues Colunista convidado, discorre sobre sua opinião acerca das festas de rua que acontecem em São Paulo com a conivência e financiamento da Prefeitura. Confira o artigo na página 26 desta edição.
Acompanhe A Agorista: @RevistaAgorista /RevistaAgorista Quer ser voluntário e escrever conosco? A Agorista - Fevereiro 2016 uma entrevista! Envie sua apresentação para aagorista@outlook.com e agende
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Sumรกrio
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Afinal...
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é
por Henrique José Pires
A recente escalada de popularidade do liberalismo no Brasil é algo inacreditável. Quem conheceu o país até poucos anos atrás tinha a certeza de que o estatismo estava tão enraizado no brasileiro que sequer cogitar uma menor intervenção estatal seria motivo de chacota. Agradeçamos ao lulopetismo, em especial à nossa querida atual presidente (é com ‘e’, viu?) Dilma Rousseff, pelo melhor exemplo de como não se governar um país. Entretanto, como nem tudo nessa vida são flores, não dá para considerarmos que o pensamento liberal passou a integrar o mainstream tupiniquim. Muito longe disso. O status quo intelectual ainda é formado pela mesma velha guarda estatista, rancorosa e atrasada. Nesse contexto, eu acredito que algumas máximas dos movimentos libertários, em especial o famigerado “Imposto é roubo!”, prestam um enorme desserviço à causa. Num país que foi concebido, criado e maturado no estatismo, tal ideia pode parecer absurda para alguém não iniciado no pensamento libertário e acaba tendo o mesmo efeito das máximas socialistas. Por essa razão, eu me reservo ao direito de tentar ao máximo não proferir tais palavras de ordem para o público “leigo”, muitas vezes até para os “não-tão-leigos” pois o assunto é mais complexo do que pode parecer à primeira vista. Mas afinal, é roubo ou não é? Tecnicamente, imposto não é necessariamente um roubo; na prática, é difícil encontrar algum tipo de imposto que não toma recursos de um indivíduo à força.
O estado pode ter um legítimo direito de propriedade? Antes de tentar definir se imposto é roubo ou não, preciso definir se o estado pode ser o legítimo dono de alguma propriedade. Esse tema causa grande controvérsia no meio libertário. O estado pode ter alguma posse? Ou tudo que é posse do estado foi tomado à força de um indivíduo em algum momento?
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Vamos supor que eu encontre um pedaço de terra que não pertença a ninguém, sendo passível da apropriação original. Ignorante sobre as ideias libertárias que sou, decido fundar ali o Reino do Henriquestão e me declaro o rei local. Além disso, declaro e documento que aquele pedaço de terra recém-descoberto passa a pertencer ao Reino e não a mim. Então eu passo a contratar trabalhadores dispostos a desenvolver atividades agrícolas na terra, os quais em troca me deverão uma pequena fatia da sua produção (digamos, 10%). Reparem que todo esse arranjo foi construído sem violar nenhum direito fundamental por enquanto, mesmo existindo um estado (afinal, eu - o rei tenho o monopólio da força) e a propriedade estatal.
Sobre o fornecimento de serviços estatais Voltando ao exemplo da segurança estatal fornecida pelo meu pequeno reino, existe algum problema na elevação dos tributos em troca do serviço de proteção? Antes de gritar “SIIIIM” como se não houvesse amanhã, vamos refletir um pouco: O fornecimento desse serviço é realizado apenas com recursos que legitimamente pertencem ao estado? A demanda por esse serviço parte de TODOS os “contribuintes”? Então, tecnicamente, imposto não é necessariamente um roubo. Mas no mundo real, a banda toca um pouco diferente.
Quando o estado passa a violar direitos de propriedade Entretanto, quando o estado passa a confiscar arbitrariamente a propriedade alheia e usa essa riqueza para fornecer serviços estatais ou “promover o bem-estar social” pelos quais cobra impostos, teríamos então um comportamento imoral? Sim, esse comportamento é imoral, talvez não para com as pessoas sendo atendidas pelo “bemestar”, mas com certeza sim para com aqueles que estão tendo suas propriedades usurpadas.
¹http://www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id =208#_ftnref2
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E se alguém não quiser pagar pelo serviço estatal? Note que até aqui estamos considerando que TODOS os pagadores de impostos sob o jugo daquele estado querem aquele serviço e estão dispostos a pagar por ele. Mas o que acontece caso uma única pessoa não deseja que a benevolência estatal lhe forneça aquele serviço? Os defensores do estatismo adoram a ideia de que o burocrata iluminado a cargo do estado sabe o que é melhor para um indivíduo melhor do que ele mesmo. Um clássico exemplo é o da existência ou não de um corpo de bombeiros em uma determinada cidade. Para haver tal serviço ali, existe um custo mensal com o qual os habitantes precisariam arcar. Acontece que alguns deles se recusam, por qualquer razão, e a cidade não consegue arrecadar o suficiente para bancar os bombeiros. Para os estatistas de plantão, isso é uma falha de mercado e é dever do estado impor que todos sejam obrigados a pagar por esse serviço, mesmo que alguém julgue que não é necessário. Para aqueles que conhecem ao menos o básico sobre o libertarianismo, não preciso nem começar a explicar porque o argumento acima é inválido. Se, por exemplo, uma pessoa tem uma casa construída de pedra, sem nenhum material inflamável por dentro, por que raios ela precisa de um corpo de bombeiros próximo? Nesse caso, não só o estado não tem o direito de decidir algo por um indivíduo, como passa a promover a institucionalização do roubo da propriedade alheia para “garantir o bem estar geral”. O imposto que financia esse corpo de bombeiros é um roubo sim!
Conclusão Mesmo que assumamos que o estado tenha direitos legítimos de propriedade (via apropriação original ou aquisição), se houver ao menos uma pessoa que não concorda em pagar por aquele serviço compulsório, significa que o estado estará ferindo os direitos de propriedade daquele indivíduo. Sobretudo em sociedades complexas, é praticamente impossível determinar com a confiança necessária que todos os cidadãos gostariam que o estado lhes fornecesse determinado serviço, sendo compulsoriamente taxados por isso. Dessa forma, embora, em tese, nem todo imposto possa ser considerado um roubo, no mundo real, sim, imposto é roubo!
²http://ytcropper.com/cropped/v-56cd05449aecf
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por Victor Pegoraro
“Liberta é uma sociedade voluntária. Uma sociedade feita pelos indivíduos, para os indivíduos. Prezamos pela paz e praticamos a livre cooperação social e o livre comércio. Temos o Voluntarismo como nossa filosofia e o respeito à propriedade privada como nossa regra. Não requisitamos ajuda de governantes e estados e por estes não queremos ser atrapalhados, nós seremos responsáveis por ofertarmos entre nós aquilo que necessitamos. Nossos habitantes trocarão entre si suas virtudes, aquilo que melhor souberem fazer e for demandado, por meio do comércio em trocas voluntárias. A diversidade do nosso comércio e habitantes será a maravilha da nossa sociedade.” É assim que a descreve um dos idealizadores da primeira Startup City Libertária do Brasil, Acácio Dorta. Acácio tem 19 anos, é nascido em Campinas e radicado em Monte Sião - mas atualmente reside em São Paulo. Se define como libertário anarcocapitalista, gosta de estudar a Escola Austríaca de economia. Estudante de engenharia civil na UFRJ, coordenador no Movimento Brasil Livre, filiado ao partido NOVO, Fundador da Liberta, membro do Rotaract Club. Apesar da agenda cheia, conversou com Victor Pegoraro, correspondente de A Agorista, e falou sobre seu grande projeto.
Victor Pegoraro: Como surgiu a ideia do projeto? Acacio Dorta: A ideia do projeto remonta à época em que li o “A Revolta de Atlas”, primeiro livro de cunho libertário que li. No romance, o Galt Valley era um núcleo de liberdade em meio a um mundo com mentalidade estatista. A partir do momento em que se formou a imagem desse vale em minha mente, decidi que antes de morrer viveria em uma 10 sociedade como essa. A Agorista – Março 2016
A partir de então comecei a idealizar como tirar do papel essa sociedade. Alguns meses atrás fui introduzido ao conceito de Startup City, conceito que surgiu como uma ferramenta para governos testarem novas legislações e cargas tributárias antes de aplicar em escala nacional, mas tal conceito pode ser interpretado também para utilização de novas tecnologias de governo, descentralizadas e individuais. Unindo essa ideia ao conceito de Startup City e ao ideário libertário, surgiu a LIBERTA. VP: Outros projetos, como o Seasteading, o Liberland e o FreeState Project de New Hampshire, influenciaram na construção do Liberta? AD: Com certeza. A ideia de construir uma sociedade libertária surgiu com a minha leitura do “A Revolta de Atlas”, porém existia um imenso espaço de tempo, trabalho e conhecimento para que pudesse idealizar um projeto real, em especial por não ter concepção se o projeto seria anarquista ou minarquista. Ao conhecer tais projetos comecei a agregar estratégias que poderiam funcionar tanto para dispersar a ideia como romper barreiras burocráticas e ideológicas. Com o Seasteading, por exemplo, agreguei a noção das monstruosas barreiras que existem para realização de pesquisas que permitiriam um padrão de vida muito superior e a possibilidade de uma sociedade em que não haveria a institucionalização do roubo, o imposto. Mas minha maior inspiração veio do Free State Project, com a intenção de expandir o projeto demonstrando às pessoas as vantagens de se viver em uma sociedade mais livre, demonstrando como a liberdade não é somente um conceito e que interage totalmente com a nossa realidade física e social. Outros projetos como Liberland também serviram de inspiração para que fossemos adiante, pois mesmo diante das barreiras legais e da atuação opressiva dos Estados vizinhos eles seguem atuando e fundamentando essa nação libertária. VP: A Constituição Federal em seu artigo 1º determina a união indissolúvel dos entes Federativos, podendo a tentativa de desmembramento, inclusive, ser considerada crime de acordo com a Lei de Segurança Nacional. Como você fundamentou a construção da LIBERTA para enquadrá-lo dentro da legalidade? AD: Essa é a parte mais complexa e polêmica do projeto. O primeiro ponto é que não declararemos secessão do Brasil, pois é uma iniciativa que nos sairia muito cara nesse momento. Sendo assim, caímos na grande incógnita de cumprir a legislação nacional ou ficar à margem da lei. E nesse ponto é que entra a grande polêmica, pois há dois meios para execução do projeto, o primeiro deles é utilizar as contradições que existem na nossa constituição, que são muitas e um bom exemplo é dos “direitos básicos”, como acesso a saúde e educação, que são conflitantes com a garantia de livre concorrência que também está assegurado na constituição. A Agorista – Março 2016
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Outro ponto é a garantia da propriedade privada enquanto a mesma possui “função social”, aqui reside uma outra contradição, mas não muito relevante, uma vez que temos a nossa própria noção de função social da propriedade e essa função não estar delimitada na constituição. O segundo dos meios para execução do projeto passa pela insubordinação a leis que confrontam de todas as formas com a nossa base moral e a ética libertária e que também não possuam recurso nenhum que possibilite contorno por meio da constituição. Esse segundo meio cremos que será pouco utilizado pois são raros os casos de leis que atentem contra a ética libertária e que não podemos encontrar amparo na constituição, de acordo com a interpretação que temos da mesma. Cumprir a constituição federal em todos seus aspectos é uma impossibilidade, dadas as contradições que ela possui, então cabe a nós cumprirmos aquilo que é lógico e, portanto, está baseado na nossa interpretação da constituição. Dessa forma ao mesmo tempo que cumpriremos a constituição nacional, conflitamos com ela própria. Será um exercício da liberdade, com ou sem a permissão estatal, mas baseado em parte da Carta Magna estatal e, totalmente, na ideologia libertária. VP:Já existe um lugar definido para o projeto? AD: Sim. O primeiro local para a execução do projeto já está definido, é uma fazenda de 33 hectares no sul de Minas Gerais, distando menos de 100 km de Campinas, menos de 200 km de São Paulo e menos de 500 km de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Localizada emuma região montanhosa, sendo a propriedade no topo de uma montanha que forma junto com outras montanhas um vale bem atraente e aqui expresso mais uma similaridade com o Galt Valley. Mas é necessário deixar claro que a Liberta não se trata de um projeto centralizado, buscamos a dispersão global das nossas ideias e práticas e muitas pessoas interessadas em replicar o projeto já nos procuraram. Os locais variam de norte a sul do país e de regiões costeiras a regiões montanhosas como essa primeira. Por isso cito essa fazenda como o primeiro local de execução do projeto, pois pretendemos que as iniciativas sejam descentralizadas e pulverizadas por todo o país e, quem sabe, o mundo. VP: Quais são os primeiros passos para a execução do projeto? AD: O projeto possui algumas etapas, a primeira é a utilização de parte da região para desenvolver a produção de alimentos de maneira intensiva, utilizando técnicas de jardinagem para produção de vegetais, agroflorestal para produção de frutas e frutos e granjeiros para produção de ovos e carnes, todos esses ambientes em sinergia, uma vez que pretendemos depender o mínimo possível de produtos que são taxados pelo Estado brasileiro. A Agorista – Março 2016
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A segunda etapa consiste na construção de uma área de hospedagem, tanto na forma de camping como chalés, em confluência com uma área para realização de eventos e o comércio que será construído pelos moradores. Essa segunda etapa é uma interessante parte do projeto, pois possibilita o turismo de curiosos tanto com a ideologia libertária quanto com a vivência em ambientes mais livre. Aliado a essas duas etapas, teremos a continua expansão do projeto por meio da venda de lotes ou cabanas para aqueles que desejam empreender ou morar nessa sociedade, afinal, quanto mais diversidade e competitividade, melhor, mesmo nas atividades descritas nas duas etapas. Assim esperamos um grande dinamismo econômico e social desde o primeiro momento do projeto, expressando a liberdade que nos é tão cara. VP: Já existe previsão para a concretização do projeto? AD: O projeto por se tratar de uma sociedade não possui metas, mas rotas. Então não há como conceber esse projeto como algo de escopo fechado com um fim uma vez que iria contra a proposta de ampliar a sociedade e multiplica-la. Quando me refiro a rota, é a sustentação moral do projeto, sempre pelo exercício da liberdade, defesa da vida e do direito de propriedade. Poderia dizer que a manutenção desses princípios por todo o sempre seria a concretização do projeto. VP: Caso o leitor queira colaborar, o que ele deve fazer? AD: Para colaborar com o projeto a primeira maneira é seguir a página da LIBERTA e compartilhar nossas publicações, afinal, não temos grana de Lei Rouanet para bancar a propaganda, então tem que ser voluntária! Já aqueles que desejam se juntar ao movimento Liberta, de maneira ainda mais interativa, pedimos que mandem mensagem para a página do movimento no Facebook com uma breve mensagem introdutória e demonstrando o interesse.
/libertasociedade
Acacio Dorta A Agorista – Março 2016
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Por uma
livre
Por Nathalia Motta
Que serviços quando entregues as vias estatais não dão certo é um fato consumado, seja aqui no Brasil através do SUS, onde os governantes se orgulham pela criação do mesmo (mas ironicamente se tratam no Sírio Libanês, hospital privado de primeiro mundo) ou até mesmo, quem diria, nos Estados Unidos através do Obamacare, programas esses que se mostraram um verdadeiro fracasso. O fator chave para a má qualidade dos serviços dá-se principalmente por eles serem direitos ditos fundamentais por nossa Constituição Federal em seu 6° artigo, o que gera uma obrigatoriedade por parte do Estado em fornecê-las. Essa necessidade progressista de transformar conquistas puramente econômicas em direitos assegurados pelo governo é o responsável direto pelo caos instaurado nesses seguimentos, cuja responsabilidade de distribuição e organização é de políticos e burocratas, tanto na esfera pública quanto na privada. As escolas públicas apesar de seus problemas estruturais e organizacionais visíveis como salas superlotadas, equipamentos e instalações ultrapassados, professores mal remunerados, violência e falta de interesse de todas as partes (salvas as exceções), ainda são vistas por uma grande parte da população como provas de que o governo trabalha para servir aos eleitores. A questão da ineficiência é tão óbvia que o próprio Estado afirma isso através das diversas cotas e isenções exclusivas para alunos de escolas públicas. A grade curricular, controlada pelo Estado que se utiliza dessa para se auto promover, e tendo como exemplos educadores “paulofreirianos” e sua famosa “Pedagogia do Oprimido”, onde o “conhecimento oficial” de nada vale, mas sim a fomentação de luta entre classes e a “humanização dos oprimidos, que criaram sua própria pedagogia”, transformando instituições de ensino em verdadeiros templos de veneração e pregação Marxista. Concluir o ensino médio sem aprender nada talvez não seja tão ruim assim. Quanto às escolas privadas, essas que são capazes de fornecer aos alunos instalações melhores e equipamentos melhores, remunerarem bem seus professores e garantir a segurança do estabelecimento, ainda assim é totalmente moldada pelo Estado. Além é claro de todos os entraves para a inserção neste mercado onde a burocracia é a rainha absoluta, dificultando o aumento na concorrência e encarecendo o serviço, as escolas devem seguir a lei de diretrizes e bases de educação e as diretrizes curriculares nacionais gerais, definidas pelo conselho nacional 14
de educação, ou seja, o governo decide o que seu filho vai aprender, o que a escola vai ensinar e como vai ensinar. Encarar a educação como mercadoria no Brasil, soa como um pecado mortal aos ouvidos de qualquer estatista, e possibilitar seu acesso através do mercado livre, esse que funciona e sempre funcionará a favor dos mais pobres, significa que a oferta da mesma seria ampliada em dezenas, ou até mesmo centenas de vezes, permitir que pessoas compartilhem seu conhecimento em determinada área de forma não coercitiva, com alunos sendo clientes, como já acontece hoje, mesmo que em menor escala, através da internet, e permitir que o mercado corrija as falhas na oferta da mesma, com preços acessíveis como as escolas de Nairobi, na África que custam doze reais por mês, ou por redes de compartilhamento gratuitas, como os sites Livemocha e Duolingo. A melhor descrição do que aconteceria se o estado retirasse as garras da educação é a dada por Lew Rockwell em seu artigo “E se as escolas públicas fossem abolidas?” publicado no site do Instituto Mises Brasil, traduzido por Leandro Roque: “De início, as novas escolas seguirão o modelo das escolas públicas. As crianças ficarão lá de 8h às 16 ou 17h, e todas as matérias serão oferecidas. Mas após um certo período de tempo, novas alternativas surgirão. Haverá escolas fornecendo aulas durante a metade do dia. Haverá escolas grandes, médias e pequenas. Algumas terão 40 crianças por sala de aula, e outras terão quatro ou uma. Haverá uma expansão maciça de tutores particulares. Escolas sectárias de todos os tipos irão surgir. Pequenas escolas serão abertas para atender interesses localizados: ciências, literatura clássica, música, teatro, computadores, agricultura, etc. Surgirão escolas que permitirão apenas alunos do mesmo sexo. Se haverá ou não esportes na grade curricular de uma dada escola será algo deixado unicamente para o mercado decidir. Ademais, o já surrado modelo de "ensino básico, fundamental e médio" não mais será o único. As turmas não serão necessariamente agrupadas somente por idade. Algumas terão por base a capacidade e o nível de avanço dos alunos. As mensalidades variarão de gratuitas até extremamente caras. O ponto principal é que o cliente estaria no comando.” Defender a “mercadorização” da educação é defender, antes de tudo, a liberdade, de escolha, de pensamento, de organização e de aprendizado. É dar a chance aqueles que não se encaixam nos padrões de ensino estatais de também aprenderem da maneira que lhe for mais adequada. A democratização da educação que os socialistas defendem, que na verdade é só mais uma desculpa para pregação ideológica, seria verdadeira nas mãos do mercado, esse que é o único ente capaz de atender as mais diversas demandas e corrigir suas próprias falhas.
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por Anna Luisa Salgado
Numa coluna sobre a universidade pública (melhor dizendo, universidade estatal) no mês da mulher não há tema mais batido do que falar sobre coletivos feministas ou simplesmente o “feminismo de senso comum” espalhado pelas universidades brasileiras. Então me perdoem a recorrência do assunto, mas eu quero falar um pouquinho sobre isso com vocês. Darei uma noção do que vejo hoje e como acho que deveria mudar para algo que, na minha mais modesta opinião, um movimento em prol da igualdade de gênero deve representar. Já foi a época de um feminismo que desse conta das necessidades de uma parcela majoritária das mulheres e que realmente as encorajasse a atingir quaisquer cargos profissionais que porventura viessem a almejar. Hoje em dia, o movimento está muito mais focado em “descobrir” e denunciar sinais de machismo e opressão em vários aspectos da sociedade do que gerar canais de comunicação e discussão, grupos de estudo e incentivo ao conhecimento e debate de temas exclusivamente femininos (tais como saúde e sexo). Acredito que o movimento atual também preza mais por uma agenda que se prende à “luta pelo reconhecimento/empoderamento de minorias” do que pelo avanço social/político/econômico das mesmas. E isso é claramente feito pela defesa de direitos plenamente reconhecidos pelo Estado. “Meu corpo, minhas regras” é o mais lindo lema para a defesa da propriedade privada que eu já ouvi, mas as feministas não veem desta forma. Para elas, esta frase de efeito é válida em situações e temas nas quais todas elas concordam, principalmente quanto a aborto e sexualidade. No entanto, se uma moça resolve se utilizar do corpo como instrumento de trabalho, desde modelo fotográfica até atriz pornográfica, pode ser comumente taxada de machista, alguém que “quer agradar macho” ou que simplesmente “não tem noção dos seus direitos”. Cadê a posse sobre o próprio corpo nessas situações? Uma mulher, assim como qualquer indivíduo, é dona de si mesma e sabe melhor do que ninguém o que fazer com o próprio corpo e espírito, o que só mostra que este discurso é muito mal utilizado pelas militantes quando não toma cuidado com suas implicações argumentativas. 16
Numa coluna sobre a universidade pública (melhor dizendo, universidade estatal) no mês da mulher não há tema mais batido do que falar sobre coletivos feministas ou simplesmente o “feminismo de senso comum” espalhado pelas universidades brasileiras. Então me perdoem a recorrência do assunto, mas eu quero falar um pouquinho sobre isso com vocês. Darei uma noção do que vejo hoje e como acho que deveria mudar para algo que, na minha mais modesta opinião, um movimento em prol da igualdade de gênero deve representar. Soube que, numa das reuniões que ocorreu ano passado em um coletivo, houve distribuição de spray de pimenta e, em outra ocasião, uma aula básica de autodefesa. Logo pensei “legal, tá no caminho certo”, mas ainda acho que poderia melhorar e muito. Apesar das várias críticas que coloquei aqui, consigo encontrar umas pontas de individualismo como a apontada acima e, talvez, umas poucas luzes no fim do túnel. Não, moça, eu não preciso do feminismo. Nem você. Sua força de vontade e seu cérebro sedento por informação e conhecimento bastam para que você corra atrás dos seus desejos e ambições, podendo ganhar até mais do que um homem igualmente capacitado. Você tem tanta liberdade quanto os demais e é igualmente senhora de seus direitos e deveres enquanto ser humano. Faça valer a sua inteligência para multiplicar valor em sua sociedade e não tenha pena de si mesma, porque cada erro é um aprendizado para o seu futuro. Por esse mundo haverá muita gente que vai tentar destruir o que você é, mas uma coisa ninguém pode te tirar: a sua consciência individual. Você levará muitas amizades para a vida, mas nunca se esqueça de si, pois é você que importa além de tudo.
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por Mariana Diniz Lion
MULHERES NO COMANDO
De alguns anos pra cá os movimentos a favor da liberdade têm, sutilmente, encontrado apoio em nosso país. E, com o desenvolvimento dessa atmosfera, diversos indivíduos tem obtido destaque por sua dedicação e resultados. Resolvemos reunir nesta edição uma coleção de indivíduos que, contrariando a mentalidade estatista nacional, são a favor da liberdade. E que, contrariando a maioria masculina engajada no meio político... São mulheres.
MEL ATUATI Com a onda de manifestações contra o tamanho do governo, um grande movimento nasceu e ganhou destaque nas redes sociais e na mídia: Movimento Brasil Livre. Um dos propósitos do movimento é levar essa consciência de ativismo político ao país inteiro. Pra isso, eles contam com a estruturação de diversos grupos pelo Brasil. As unidades, como são chamadas, atendem a uma estrutura nacional, encabeçada pela Coordenadora Nacional de Unidades: Mel Atuati.
A Agorista - Março 2016
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Muito embora o MBL (como é abreviado) seja uma estrutura relativamente recente, o trabalho de Mel no ativismo vem dos tempos de criança. Foi herdado. Com pais ambientalistas, aos 8 anos Maria Lívia Atuati Cabral fundou a MINGAU – Movimento Infantil Guardiãs das Águas do Universo, que distrubui para crianças material sobre preservação das águas e do meio ambiente e chegou a ganhar medalhas da OPAS (Organização Panamericana de Saúde) após indicação da UNESCO. Sendo chamada, já criança, para participar de movimentos políticos ambientalistas, ao longo da adolescência Mel se viu envolvida com diversos projetos de partidos e instituições voltadas para a preservação da natureza. A grande reviravolta aconteceu quando saiu de Campos do Jordão e veio morar em São Paulo, para desenvolver um destes projetos, Após decidir se desligar dos movimentos que participava por não concordar com algumas pautas, ganhar destaque em sua faculdade ao eleger, com apenas uma semana de planejamento, uma chapa estudantil que não era de esquerda, chamou a atenção de membros do MBL que a convidaram para conhecer os propósitos do grupo e participar da ala voltada pra estudantes. Neste meio tempo, a vaga de Coordenador Nacional de Unidades ficou disponível e Mel passou a exercer esta função. “Somos uma estrutura supra partidária, o começo de uma reforma política no monopólio de poder. Damos muito poder ao estado e a partidos e isso leva nosso país à decadência. Fomos a primeira organização a pedir o impeachment, nominando o problema: O PT. Muitas pessoas acham que, por isso, somos a favor de outros partidos, mas não é verdade. Apoiamos apenas pautas liberais. Só recebemos doações de pessoas físicas, quebrando o vínculo com o jogo da política” - diz Mel sobre a estrutura do MBL – “Temos muito trabalho interno, onde muita gente não aparece. As pessoas acham que não tem mulheres, mas internamente os coordenadores me conhecem. Estou ajudando a estruturar grupos em todos os estados – só não temos unidade no Piauí”. O objetivo, agora, é implementar 1000 unidades em todo o Brasil, aumentando o alcance das 230 unidades ativas. Além disso, Mel pretende, após as manifestações de março, visitar as unidades existentes. “Pra mim, liberdade vem antes da vida, sendo fundamental. Vida sem liberdade não é vida. Hoje nossa liberdade é ‘fatiada’ e não podemos ser protagonistas de nossas histórias. Ela permite que você seja quem você é” – diz ela sobre liberdade. Quando questionada sobre o que gostava de ler, Mel disse que gostava de ler mais de um livro de uma vez. “Estou terminando As Seis Lições. Estou lendo também um compilado de obras de Platão e Xógum.” Sobre sonhos, finaliza: “Me sinto realizada. Mas o sonho é terminar meu curso de psicologia e dar continuidade aos projetos de hoje. Por causa da crise, não temos visto muitas conquistas”. A Agorista - Março 2016 19
ANTONIA MARTINS Outra organização que tem sido destaque no meio liberal é o Instituto de Formação de Líderes (IFL). O objetivo da instituição paulista é, através de um ciclo de estudos em etapas, formar líderes para que divulguem valores liberais. Em 2014, Antonia Martins estava saindo de seu emprego para empreender, quando uma amiga levou-a para conhecer uma das reuniões do Instituto. Seu primeiro contato com Ayn Rand a transformou. Após surpreender-se com a defesa do porte de armas e o conteúdo de um fórum que contava com a presença de Ron Paul, Antonia foi se envolvendo rapidamente até considerar-se liberal. Hoje, a jovem de 28 anos formada em administração de empresas ocupa a função de Presidente do IFL e busca destacar os associados de qualidade, além de melhorar a maneira como o grupo se expõe para o meio externo. “Sabemos que a menor das minorias é o indivíduo. No Brasil temos muita gente e não sabemos de suas complexidades. Liberdade é permitir que os indivíduos tirem o melhor de si: a experiência individual e seu resultado são assustadores e encantadores.” diz ela sobre liberdade. “Agora estou lendo Capitalismo Para o Povo, de Luigi Zingales”. Quando perguntamos sobre seus sonhos, Antonia foi direta: “Sou realizada no sentido de me divertir com aquilo que me proponho a fazer. Meu sonho é continuar sendo bem sucedida naquilo que faço, numa curva crescente, impactando cada vez mais pessoas de modo positivo!” A Agorista - Março 2016
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DÉBORA TORRES No âmbito estudantil contamos com a mobilização do EPL – Estudantes Pela Liberdade, uma organização que apoia grupos estudantis e estudantes liberais, buscando uma academia e sociedade mais livres. Débora Torres entrou para o EPL em 2013 como coordenadora local e fundou o Clube Farroupilha, em Santa Maria. Depois, passou para Coordenadora Regional do Sul do país, membro do Conselho Executivo e acumulou outras funções até ocupar o seu cargo atualmente, como Diretora de Fundraising. Como conselheira executiva, criou projetos conhecidos entre os alunos liberais do país, como o Conectados Pela Liberdade, o Liderança nas Escolas e o Mulheres Pela Liberdade. A organização tem crescido visivelmente, e quando questionada sobre os próximos objetivos do EPL, Débora foi determinada: “Para os próximos anos, queremos cinco mil coordenadores, mil grupos de estudos e estar na diretoria da UNE (União Nacional dos Estudantes) até 2020, promovendo conferências estaduais por todo o país”. Para ela, liberdade é o direito de escolha, respeitando a vida e a propriedade. “É a não interferência nas escolhas alheias mesmo não concordando com elas. Acredito que as pessoas devem ter direito e responsabilidade sobre suas escolhas. Liberdade não caminha sem responsabilidade e respeito”. A Agorista – Março 2016
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Sobre sua leitura de cabeceira, Débora mostra orgulhosa o livro de Hans Adam II, o Príncipe reinante de Liechtenstein, “O Estado no Terceiro Milênio”, ganhado de presente. Sobre seus sonhos, ela finaliza: “Quero uma carreira de sucesso, com captação de recursos dos EUA.”
JULIANA SCHETTINI Pouca gente sabe, mas uma das pautas liberais mais famosas ao longo da História tem a ver com feminismo – existem grupos fundamentados no feminismo individualista, uma vertente que busca tirar das mãos da esquerda o monopólio que vemos atualmente. O “Clube de Feministas” é uma página voltada para propagar a vertente do feminismo individualista e do feminismo liberal com intuito de suprir a carência que existe no meio e explorar a ideia das vertentes que originaram o feminismo. Os criadores de conteúdo tem por finalidade explorar todas as questões femininas usando um olhar individualista e também criticar extremismos do movimento e corporativismo de gênero. Juliana Schettini lidera o grupo e a página no Facebook. “Eu debato sobre o assunto há uns 5 anos, nas redes sociais e algumas pessoas próximas me motivaram a fazer algo a mais além dos debates em grupos políticos. Depois de um tempo digerindo a ideia resolvi abrir uma página, dando o nome de Clube das Feministas, em homenagem ao Stuart Mill que fundou o Clube dos Machos Feministas. A Agorista – Março 2016
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Para me ajudar, chamei minha amiga Adriana e com isso descobri que não estava tão sozinha e muitas mulheres e homens estavam carentes de informação e de um lugar onde pudessem debater sobre os assuntos sem serem silenciados e com debates mais racionais e reais. Depois veio a Renata. Recentemente abrimos um grupo para os indivíduos debaterem sobre temas relacionados ao feminismo”, diz ela sobre a história do Clube. Mesmo assim, os mais brutalistas costumam considerar o feminismo individualista como apenas mais uma forma de coletivismo. Juliana defende: “Wendy McElroy é uma brutalista e é feminista individualista, eu sempre me pergunto o que eles tem a dizer sobre isso. Joan K.Taylor foi libertária e feminista individualista, dentre outras citadas no libertarianism.org, mas ignoradas no cenário nacional libertário. O motivo não posso precisar, mas acredito que estar em negação torna mais fácil manter seus preconceitos. Em geral esses brutalistas críticos do feminismo desconhecem o que criticam, confundem um grupo de livre associação fundamentado em individualismo com ações de grupos coletivistas, seja por ignorância ou preconceito, falam sobre nós sem conhecimento. Livre associação de indivíduos com mesmos interesses não é coletivismo. Existem vários grupos libertários que se unem por um objetivo em comum, como advogados, médicos... Então, por que quando o grupo é sobre mulheres existe essa distorção, essa birra quase infantil? É um equivoco muito grande, pois esse feminismo tem fundamento individualista e com bases ideológicas liberais e anarquistas. Como então poderíamos ser coletivistas se o coletivismo entra em total atrito com a nossa linha de pensamento? Não faz sentido e isso já foi respondido milhares de vezes. Em suma, um grupo de interesse comum não é coletivismo, é apenas a concretização de um espaço onde podemos discutir nossas questões sob a ótica libertária/liberal”. Para Juliana, liberdade é algo que todos almejam, poucos entendem e muitos têm a falsa ideia de que já têm. Sobre leitura, ela indica: “Estou lendo A Revolta de Atlas, da Ayn Rand. Me apaixonei no primeiro capítulo.” Ao contrário do que aqueles que acreditam no estereótipo feminista podem pensar, Juliana tem um sonho, definido por ela mesma como clichê: “Quero ter uma casa e ser mãe!”.
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ANDREA FAGGION E não é apenas na cultura mainstream que a liberdade ganha destaque na mão de mulheres competentes. Nos bastidores da academia, onde todo o pensamento é construído e explorado, professoras como Mariana Piaia Abreu e Andrea Faggion incluem, nas aulas que ministram, aspectos e lógica liberais. Andrea escolheu a Filosofia para ser o seu trabalho – e a carreira acadêmica foi a maneira que encontrou para dedicar a ela a maior parte de seu tempo. Sobre a relutância das pessoas em aceitar ideais de liberdade, ela acredita que, na verdade, ninguém se opõe à liberdade: “A liberdade não tem adversários declarados. O problema é que não há acordo quanto ao que seria, afinal, liberdade. Muito do que se passa por liberdade, na verdade, acaba implicando o uso ativo, e não meramente reativo, de força contra outros indivíduos. Por exemplo, em abstrato, todos consideram desejável um mundo em que bens como saúde, educação, transporte e moradia existam em abundância para todos. Por algum motivo, muitos dirão que pessoas providas com esses bens serão mesmo "mais livres", ou apenas elas serão "autenticamente livres". Então, todos se apressam em pleitear o acesso a esses bens como direitos dignos de pessoas livres. Mas nem todos têm em vista que, no mundo real, a provisão desses bens como direitos dependerá do exercício da coação sobre indivíduos pacíficos. Como costumo dizer, seguindo Nozick, a maioria se sentiria ultrajada se fosse o caso do governo coagir professores a lecionarem contra sua vontade, em nome do direito à educação. Mas, se temos em vista a fonte primordial A Agorista – Março 2016
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de receitas do Estado, isso só pode significar que o produto de outras pessoas foi confiscado, ou seja, essas pessoas foram submetidas a trabalho forçado por uma parte de seu tempo. Agora, eu não sei se todos aqueles direitos citados acima continuam sendo tão facilmente associáveis à liberdade, sem que se faça malabarismos semânticos com o conceito”. Para ela, liberdade é ação sem interferência injustificada de outro agente. “Se outro ser humano atua diretamente para tornar menos elegíveis, ou subtrai por completo, alternativas que, de outro modo, estariam disponíveis para sua escolha, a princípio, ele violou sua liberdade. Pense, por exemplo, no caso de alguém que lhe aponta uma arma, enquanto você segura um sanduíche, e lhe diz: "se comer, eu atiro". Você ainda pode comer. Mas o agressor colocou um preço ou estabeleceu um ônus (bastante alto, por sinal) para a escolha daquela alternativa. Agora, ele deixa de ser um agressor, e a liberdade deixa de ser violada, se puder ser demonstrado que ele tem o direito de impor esse ônus (ou cobrar esse preço). Ele poderia, por exemplo, ser o verdadeiro dono do sanduíche.” Quando perguntamos o que estava lendo, Andrea cita seu interesse por Metaética. “Falamos muito sobre deveres, direitos, valores... Assumimos uma série de pressupostos sobre a natureza desses conceitos, mas nem sempre esses pressupostos resistem a uma análise mais cuidadosa.” A questão é clara: muito embora historicamente as mulheres brasileiras desprezem política ou prefiram aliar-se a pautas de esquerda especificamente voltada para a obtenção de políticas públicas e vantagens que as favoreçam por serem mulheres, à guisa de “justiça social”, a liberdade demonstra mais uma vez que, em seu âmbito, todos somos igualmente indivíduos dignos de respeito, e que podemos contribuir com uma sociedade mais livre e dinâmica sem nos rotular ou nos acobertar com a armadura do gênero, da vivência ou do “espaço de fala”. Para ir além, construir, trazer resultados, bastam apenas dois requisitos: ter força de vontade e convicção de sua inata liberdade.
A Agorista – Março 2016
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por Roni Stefanuto
Um assunto tem se tornado cada vez mais presente na mídia paulistana: “ocupação democrática dos espaços”, seja lá o que isso realmente signifique. Na concepção do prefeito da cidade e dos ditos movimentos sociais que o apoiam, ocupação democrática é trocar a ocupação de um espaço, feita por um ente privado ou veículos, por uma ocupação gratuita, popular e temporária. Essa nova onda teve um novo pico com a discussão sobre o fechamento para veículos da Avenida Paulista, em São Paulo (o qual, ironicamente, é chamado de “paulista aberta” no projeto da prefeitura), que mexeu com emoções do lado que mais ama o Haddad (prefeito da cidade), do lado que mais odeia e das milhares de pessoas que todo dia “ocupam” a Avenida Paulista, nas quais eu me incluo. Desde que o movimento começou, o Ministério Público autuou diversas vezes o projeto, multou a prefeitura e diversos movimentos de rua foram lá, seja para aproveitar a Paulista para protestar contra o prefeito, seja
para “ocupar, para provar que está sendo usada” (sim, eles fizeram isso), distorcendo qualquer medição real do resultado do projeto. Passado o maior alvoroço sobre o assunto, parece que a população da região teve que engolir a tal “Paulista Aberta”, na mais clara demonstração do caminho da servidão da população para o poder público, eis que outro tema, de maior impacto aparece: carnaval de rua.
Bloco Sargento Pimenta, no Rio
Desde 1947 São Paulo tem blocos de rua, passando por épocas de altas e baixas, até a chegada dos anos 90, quando praticamente desapareceram.
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Até 2012 seria uma loucura para um jovem solteiro dizer que passaria o carnaval em São Paulo, pois a cidade tinha um vácuo de atrações no período. Desde então, começaram a crescer os incentivos aos blocos de rua, seja por parte da população que não viaja e que passou a enfrentar engarrafamentos cada vez maiores para se deslocar 80 km até a praia, seja por parte da prefeitura, que voltou a incentivar essa atividade e a consequente atração de patrocinadores. Com a realização da copa em 2014, o ano de 2015 acabou quebrando todas as expectativas, com mais de 200 blocos pela cidade e milhares de foliões durante os dias de festa. Principalmente na região da Vila Madalena, foram registrados diversos incidentes, pessoas urinando nas ruas, brigas, festas que excediam o horário combinado, gerando grande insatisfação por parte dos moradores, e é aí que temos o ponto central da discussão: É um direito das pessoas ocuparem essas ruas? É um direito da prefeitura ceder essas ruas para tais atividades? É um direito do morador ter a “ordem” mantida em seu bairro? Claramente a prefeitura onera os detentores de propriedades privadas em prol do “bem-estar comum”, e investe
dinheiro oriundo de impostos para financiar as festas abertas ao público. Mas então, qual a obrigação do gestor público nesse caso? Primeiramente, não colocar privilégios de alguns (os que se divertem nessas festas) sobre o direito de outros (aqueles que não podem sair de suas próprias casas em tais dias). Depois, buscar espaços adequados para tais práticas, ou na falta dos mesmos, chegar a um acordo com as partes envolvidas, talvez os moradores não se sentissem tão incomodados se tivessem algum retorno pela ocupação da área, o que não pode é forçar o proprietário a abrir mão de seus direitos, e por último, o gestor público não utilizar verba oriunda de impostos para financiar eventos de lazer para algumas pessoas, se o achar realmente necessário fazer o evento, que busquem patrocínios para viabilizar a festa, afinal, se não vale a pena para quem vai lucrar, financiar, por que valeria a pena para o gestor público? Enfim, não cabe ao gestor público gerar um privilégio para alguns (os frequentadores das festas, no caso) em detrimento ao direito de alguns (os donos de casas e estabelecimentos da região). Lazer é um privilégio, e não um direito, enquanto a utilização da sua casa, que você comprou, é um direito.
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Cinelogia por Lucas Oleiro
A DAMA DE FERRO
O personagem desta cinebiografia teve origem nas classes baixas da sociedade em que vivia. Cresceu em condições desfavoráveis e como trabalhava desde muito cedo, não pode aproveitar os prazeres da juventude. Com dedicação e persistência, ainda bastante jovem, se tornou um líder político regional que após impressionar os membros de um partido, foi convidado a se candidatar para a liderança partidária e posteriormente, para o parlamento. O filme A Dama de Ferro (The Iron Lady, 2011, Reino Unido e França) narra a história da filha de quitandeiro que cresceu ao lado da via férrea dedicando-se aos estudos e ao trabalho no pequeno estabelecimento da família. De currículo escolar notável, se formou e se especializou em Química em uma das mais prestigiadas universidades do mundo, Oxford. Foi na universidade que conheceu trabalhos como O Caminho da Servidão de Friedrich Hayek, que demonstra como a intervenção econômica do governo é o primeiro ato precursor de um estado autoritário. Ainda como parlamentar (de 1959-1970), na Conferência do Partido Conservador em 1966, criticou as políticas de alta tributação do Governo Trabalhista que eram medidas "não rumo ao socialismo, mas ao comunismo". Para Margaret, impostos mais baixos servem como incentivo ao trabalho duro.
Imagens da Internet
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Margaret, que tinha uma voz histriônica, reagiu ao comentário de um crítico de televisão que comparou sua voz a "um gato deslizando em um quadro negro", empregando aulas de dicção do preparador vocal do Royal National Theatre e com a vontade e dedicação que lhe eram naturais, conseguiu suprimir completamente seu dialeto de Lincolnshire. A vontade e dedicação também são características marcantes da atriz que interpretou Margaret Thatcher neste filme. A escolha de Meryl para interpretar Margaret foi questionada por críticos britânicos, por ser uma atriz americana. Neste filme ela recebeu sua 17a. indicação ao Oscar de Melhor Atriz e faturou o prêmio, 29 anos depois de ganhar o seu segundo Oscar. Ela também ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático (seu oitavo prêmio Globo de Ouro em geral) e seu segundo Prêmio BAFTA de Melhor Atriz em um papel principal. Meryl já recebeu 19 indicações ao Oscar (um recorde para as categorias ligadas a atuação). Também recebeu 29 indicações ao Globo de Ouro, vencendo oito, também um recorde para o prêmio. A atriz recebeu dois Emmys, dois Screen Actors Guild Awards, o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes e no Festival de Berlim, cinco New York Film Critics Circle Awards, dois BAFTA, dois Australian Film Institute Award, quatro indicações ao Grammy Award e uma indicação Tony Award, entre outros prêmios.
Este longa metragem não narra apenas a história de dedicação ao serviço público da primeira primeira-ministra do Ocidente. Suas ideais de privatização das improdutivas empresas estatais, da desregulamentação do mercado, a sua dura oposição ao corporativismo sindical, a forte crítica a União Soviética e o preço que o poder cobra da sua integridade moral quando se decide reagir a ameaças por intermédio do horror da guerra, culminaram não só no seu apelido, "A Dama de Ferro", mas também na tentativa de assassinato que ela sofreu em 1984. Imagens da Internet
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O filme mostra também intimidades da vida da ex-premiê que poucos conheciam. Seus filhos ficaram "chocados" com o roteiro do filme, mas é nas cenas de cotidiano que a personalidade da Baronesa Thatcher de Kesteven ficam evidentes, como nesta conversa, dela já bastante idosa, com o médico:
Margaret: O que eu sou obrigada a sentir? As pessoas não pensam mais. Eles sentem."Como você está se sentindo?“, "Não me sinto confortável com aquilo”, "Me desculpe, mas nós, o grupo, estava sentindo...” Sabe, um dos grandes problemas da nossa época é que somos governados por pessoas que se importam mais com os sentimentos do que com pensamentos e ideias. Pensamentos e ideias. Isso me interessa. Pergunte-me o que eu estou pensando. Médico: O que você está pensando, Margaret? Margaret: Cuidado com seus pensamentos, pois eles se tornam palavras. Cuidado com suas palavras, pois elas se tornam ações. Cuidado com suas ações, pois elas se tornam hábitos. Cuidado com seus hábitos, pois eles se tornam o seu caráter. E cuidado com seu caráter, pois ele se torna o seu destino. O que nós pensamos, nós nos tornamos. Meu pai sempre dizia isso. E eu acho que estou bem.
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Ritmo de Liberdade
Por Julia Moioli
Não seja mais um escravo do Estado! É o que vociferam os jovens paulistas da recém-formada Banda Cadáver. Falo de um grupo que surgiu em meados de 2015 a partir de um evento criado pelos próprios integrantes na escola em que estudavam, em Salto, SP. O grupo, que é predominantemente de punk rock, mas engloba elementos de thrash e heavy metal, tem evoluído a cada dia, e de forma incrível, diga-se de passagem. Recentemente os músicos lançaram o single “Escravos do Estado”, cuja letra é parcialmente inspirada no livro “Por uma nova liberdade”, de Murray Rothbard. O single “Escravos do Estado” faz parte da demo gravada pela banda, que inclui também diversos covers de punk rock. Nathan Grabert, vocalista da Cadáver, é Coordenador Local do Estudantes Pela Liberdade em São Paulo e se identifica como libertário. A letra de “Escravos do Estado” foi composta quase que na íntegra pelo guitarrista Gabriel Moraes, inspirado em brincadeiras e críticas reais que o vocalista Nathan fazia. Inclui também frases do livro de Rothbard, que impactou muito Nathan enquanto ele caminhava para se tornar libertário. A música critica vorazmente o papel do Estado na sociedade e a falsa dicotomia entre direita e esquerda, de forma objetiva, intensa e sem se aprofundar muito, como um bom hino punk costuma ser. “É incrível ver como a esquerda defende a liberdade social enquanto a direita defende a liberdade econômica, mas os dois se acusam de tirarem a liberdade das pessoas. A liberdade é algo intuitivo e ao mesmo tempo puramente lógico. É simplesmente a defesa de que você é dono de si mesmo e deve fazer suas próprias escolhas”, comenta Nathan. A pegada libertária da banda surge principalmente por influência ideias de Nathan Grabert, que há anos se incomodava com o abuso do Estado, mas por muito tempo foi conservador em muitos aspectos e não possuía fundamentação teórica.
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Por Julia Moioli Quando foi apresentado ao site do Instituto Mises Brasil, o vocalista de apenas 17 anos caminhou para se tornar libertário convicto. Quando aos outros integrantes da banda, todos se identificam como liberais – alguns mais conservadores e outros mais libertários, mas ainda em processo de amadurecimento. Gabriel Moraes, por exemplo, tem estudado o libertarianismo.
Banda Cadáver em seu primeiro show, no Campus Salto do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), em julho de 2015.
Em alguns meses um cover da Cadáver será lançado em um álbum em tributo a banda The Misfits, uma coletânea que inclui covers feitos por várias bandas brasileiras. A Cadáver também pretende lançar mais músicas durante o ano e entrar em competições musicais na região de Indaiatuba, no interior de São Paulo. Difícil não se empolgar com uma banda tão boa, composta por músicos tão jovens e dispostos a transmitir os ideais da liberdade porque acreditam de fato neles. São mensagens que precisam ser escutadas e nada melhor do que passar essas ideias através de uma arte espetacular que é a música. O movimento liberal/libertário brasileiro tem crescido para muito além do ambiente acadêmico, e a Banda Cadáver é um exemplo muito promissor dessa realidade. 32
Por Julia Moioli
Escravos do Estado Eu paro e vejo este cenário, De ignorantes e otários Dizendo que o Estado É um mal necessário Você não precisa quebrar vidros Você não precisa quebrar estatuas. Você só precisa ser esperto Você só precisa ser seu teto. Refrão: Governo lavado de corrupção Impérios lotados de opressão Já temos a faca e o queijo na mão Basta explodir a revolução NUNCA SEREMOS ESCRAVOS DO ESTADO!
NÃO SEJA MAIS UM ESCRAVO DO ESTADO! NÃO ACEITAREMOS SERMOS ROUBADOS! DIREITA OU ESQUERDA? NENHUM DOS LADOS! Eles te roubam e chamam de imposto Te sequestram e chamam de exército Enquanto você olha pra esquerda e para a direita O Estado te esmaga de cima para baixo Refrão NÃO SEJA MAIS UM ESCRAVO DO ESTADO (todos)
Ficha Técnica Nathan Garbert, vocalista, 17 anos Gabriel Moraes, guitarrista, 17 anos Vitor Wolf, baixista, 16 anos Fabio Ribeiro, baterista. 17 anos Vinicius Zoppi, guitarrista, 17 anos
“Banda Cadáver”
“Banda Cadáver” 33
Nesta coluna vamos responder a todos os tipos de perguntas complexas que são feitas sobre situações práticas em que a iniciativa privada pode substituir o estado. Tem alguma dúvida sobre “Como seria no Ancapistão”? Entre em contato conosco através do e-mail aagorista@outlook.com e nos mande sua pergunta – nossos especialistas podem respondê-la aqui!
(Lucas Lima, via Facebook) Henrique José Pires Barcelos: Elementar, meu caro Lucas. De fato, é quase sempre a primeira questão daqueles que tentam entender como se daria a organização social sem um estado para te guiar e te proteger. A necessidade por segurança só não é maior do que as necessidades fisiológicas, segundo a Pirâmide de Maslow, logo, tratase de uma demanda bastante forte de qualquer indivíduo. Então como seria possível satisfazer tais necessidades sem o estado provedor? O ponto mais importante a se entender sobre o livre mercado é que nele os empreendedores sempre irão procurar satisfazer as demandas mais urgentes do meio em que os cercam. Sendo a demanda por segurança algo tão primordial para os seres humanos, logo, sempre haveria aqueles dispostos a garanti-la para seus semelhantes. Obviamente, isso não seria de graça. Como funciona a segurança hoje? Policiais estatais são mal-pagos, mal-treinados, muitas vezes abusam da própria autoridade e não conseguem manter a população a salvo de criminosos. Aos cidadãos, resta rezar para nunca precisar da polícia, se caso precisar, para ela chegar rápido e ter um bom policial (eles existem) de plantão. É uma relação nociva, ineficiente e cara! É uma das facetas mais bizarras e deformadas da relação estado-indivíduo. A Agorista - Março2016
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“E como isso ia funcionar?” A grande beleza do livre mercado é justamente essa: eu não preciso ter todas as respostas, eu apenas preciso confiar que diversas pessoas, perseguindo apenas os próprios interesses, irão dar um jeito de fazer isso funcionar. Entretanto, eis aqui algumas ideias sobre como funcionaria um sistema privado de segurança: Sendo o mercado de serviços de segurança genuinamente livre, diversas empresas especializadas competiriam para conseguir clientes. Para aqueles que possuem mais dinheiro, seria possível a contratação de profissionais 24/7, mais ou menos nos moldes como funciona a segurança particular nos dias de hoje. Para os não tão afortunados, poderia funcionar de forma um pouco distinta. Provavelmente seria inviável ter um guarda-costas para cada cidadão. Provavelmente, uma associação de moradores de uma determinada região iriam querer negociar um acordo coletivo com uma dessas empresas, para que ela então garantisse a segurança daquela vizinhança, mais ou menos como funciona a polícia de hoje. A crucial diferença é a seguinte: a qualquer momento, caso uma das partes esteja insatisfeita com os termos do acordo, ele pode ser finalizado. Caso a polícia privada falhe em promover a segurança local, os moradores signatários podem rescindir o contrato e procurar uma empresa que lhes atenda melhor. Além disso, se a polícia privada for agressiva demais, a ponto de os próprios moradores se sentirem ameaçados pelos agentes, o acordo pode ser cancelado também (pensa se isso fosse possível hoje!). Por outro lado, caso aquela vizinhança seja perigosa demais, a empresa de segurança pode então exigir um pagamento maior ou mesmo se recusar a ser a polícia local. O importante aqui é que o acordo só ficaria de pé enquanto fosse viável para ambas as partes. Por fim, nada impede que um empreendedor visionário crie a Batman Serviços de Segurança LTDA. e passe a fornecer um serviço no qual seus agentes andem por aí fantasiados de morcegão e atendam o telefone dizendo: “Você ligou para o Batman, em que posso ajudá-lo?”
A Agorista - Março2016
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(Leitor Anônimo, via e-mail)
Vinicius Dias: Olá. Sua pergunta diz respeito a uma questão econômica da patente. Porém, antes de discutir esse ponto, é oportuno explicar o porquê da propriedade intelectual (PI) ser antiética, pois mesmo que houver uma ação que aumente o bem-estar geral, se ela for antiética, então deve ser proibida de qualquer maneira (apesar de ser muito raro algum caso assim, geralmente seguir a ética leva a uma prosperidade maior). As empresas devem aceitar as regras de direito, não inventar suas próprias regras. Uma das várias definições pertinentes ao direito é a de ciência que visa evitar ou julgar conflitos violentos. O que seria exatamente esses conflitos? Invasão de propriedade alheia. E como se dá a propriedade? Para um bem ser apropriável, ele precisa ser escasso. Se ele for abundante, então as pessoas não precisam de uma forma organizada de uso daquele bem. Já no bem escasso, o libertarianismo defende o critério de homesteading (apropriação original). Outro ponto sobre a propriedade intelectual é que é possível praticar ações que diminuam o valor de bens alheios sem necessariamente agredir a propriedade deles. Quando os consumidores se reúnem para criticar produtos, eles estão desvalorizando o bem oferecido pelo mercado, reduzindo a procura por eles. Se uma pessoa constrói um cemitério em frente de sua casa, certamente vai desvalorizar a sua casa e as casas ao redor. E assim por diante. Pois bem, as ideias não são bens escassos, então não é necessária nenhuma forma de organização para usufruí-la. Também, a cópia de um serviço (no caso a criação de certo padrão supostamente protegido pela PI) pode diminuir o valor daquele serviço, mas sem invadir a propriedade. Sendo assim a desvalorização é legalmente permissível em tal caso. Logo não existe o direito de propriedade intelectual.
A Agorista - Março2016
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Agora vou analisar o aspecto econômico. Os economistas libertários também defendem que a propriedade intelectual leva à diminuição de riquezas. A propriedade intelectual deve ser entendida como um monopólio. Se eu tenho uma ideia e se apenas eu posso oferecer serviços que se utilizem dessa ideia excluindo todas as outras possíveis fornecedoras daquele bem, então isso não é nada mais que monopólio. A tendência do monopólio é aumentar os preços dos produtos e diminuir a qualidade dos produtos, pois a concorrência estimularia a encontrar métodos cada vez mais baratos e também estimularia a produzir com cada vez mais qualidade. Além disso, o monopólio cria um deslocamento de recursos. Sendo um determinado tipo de remédio menos lucrativo, ele poderia investir em outra área mais urgente (e mais lucrativa). Mas o monopólio aumenta artificialmente a margem de lucro desse remédio, então perdese a oportunidade de investir em outros bens. Ou seja, as demandas dos consumidores seriam menos atendidas. Em suma, aqueles remédios seriam produzidos de qualquer forma por um preço menor e ainda por cima haveria mais investimento em outras áreas (ou outros remédios) que não seriam possíveis com a propriedade intelectual. Não há qualquer razão para se defender propriedade intelectual. Obrigado pela pergunta, espero que tenha sido esclarecida.
A Agorista - Março2016
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Dimensões do Estado Brasileiro Por Caio Vioto
É ponto pacífico entre os liberais a ideia de que o Estado brasileiro é “grande”. Ao mesmo tempo, para indivíduos mais à esquerda, nosso aparato estatal seria “pequeno” comparado com países desenvolvidos, como os escandinavos. Diante dessa controvérsia infindável, que não pode ser resolvida no espaço de um artigo, nos resta apenas fazer algumas considerações sobre como “medir” as dimensões do Estado brasileiro. Margareth Thatcher, ao se referir ao Brasil, disse que tínhamos um Estado “grande e fraco”, ao passo que preconizava um Estado “pequeno e forte”. Esta breve consideração, mais política do que científica, nos dá algumas indicações de como tratar o problema. Temos um Estado oneroso, caro, mas ineficiente, sendo que em outros países o aparato é mais “enxuto”, mas entrega o que promete. Outro exemplo disso é uma pesquisa realizada pelo Banco Mundial, que calculou o tempo gasto por uma empresa ao lidar com tributos. Aqui, são gastas 2600 horas por ano para controlar apurar impostos, enquanto em outros países da própria América Latina, a média é de 500 horas. Outro argumento é de que a carga tributária em países desenvolvidos é muito maior do que a do Brasil. Nominalmente, os impostos são mais altos, no entanto, pesam menos sobre a sociedade pelo fato da renda per capita destes países ser mais alta. Dessa forma, com uma economia mais dinâmica, com menos burocracia, menos complexidade tributária, conseguem arcar com as taxas sem grandes prejuízos para a economia e para a sociedade. Ainda que sejam elucidativas, estas considerações econômicas não são o bastante para explicar os diversos tamanhos e tipos de Estado. Para uma análise mais apurada devemos levar em conta elementos sociais, institucionais, culturais e históricos dos diversos países. A Agorista - Março 2016
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Autores brasileiros como Raymundo Faoro, Antônio Paim, Meira Penna e outros procuraram interpretar o Estado e a sociedade brasileira a partir das ideias do sociólogo alemão Max Weber, principalmente através do conceito de patrimonialismo. Um dos aspectos centrais da obra de Weber é a caracterização dos tipos de dominação, que dizem respeito às formas políticas, instituições e administração pública e suas relações com a economia e a sociedade. O patrimonialismo, resumidamente, é uma das duas formas de organização da dominação tradicional, em que o poder é centralizado no soberano, que governa e administra de maneira arbitrária e pessoal. A outra forma é o feudalismo, em que as relações são mais descentralizadas, construídas “de baixo para cima” e com aspectos contratuais. Esta última “evoluiu” para a dominação legal, própria do Estado moderno, contratualista, baseada em normas administrativas e jurídicas previamente estabelecidas, válidas para todos, impessoais e previsíveis. Esse arcabouço de “calculabilidade” foi crucial para o desenvolvimento do capitalismo, ao passo em que as sociedades que se mantiveram patrimonialistas acabaram num tipo de “capitalismo politicamente orientado”, muito dependente das arbitrariedades do Estado. É importante lembrar, porém, que o patrimonialismo, assim como as outras formas de dominação são, no pensamento weberiano, tipos ideais, ou seja, recursos explicativos que permitem interpretar fenômenos históricos e sociais diversos, mas com características semelhantes. Não se trata, portanto, de algo que pode ser concretamente verificado. Diante disso, podemos compreender mais facilmente o tipo de Estado que temos no Brasil e as dificuldades que o capitalismo encontra para se desenvolver num contexto de pouca confiança, marcado por instituições fracas e vulneráveis, suscetível a mudanças bruscas, de acordo com a definição arbitrária de algum governante. O economista Douglass North, ao tratar da questão do desenvolvimento, observa que este não se dá apenas pelo crescimento econômico, mas por uma transformação das instituições, formais e informais, que conduza de uma “ordem de acesso limitado”, em que a participação efetiva na política e na economia é restrita a uma elite, a uma “ordem de acesso aberto”, onde há mais participação da sociedade na política e na economia. Esse conjunto de apontamentos, ainda que muito introdutórios, permitem pensar na natureza do Estado brasileiro, em suas formas de organização, a partir de quais instituições e dinâmicas sociais emana, como é sua relação com a sociedade e com a economia e seu próprio funcionamento interno. A Agorista - Março 2016
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Quando se avalia o “tamanho”, “força” ou “peso” de um Estado não se deve olhar apenas dados estatísticos, empíricos, mas observar as características das sociedades em que se insere, seus aspectos históricos, a estabilidade de suas instituições e regimes políticos, a fluidez das atividades econômicas e suas tradições jurídicas e administrativas. Enfim, a ideia de que o Estado brasileiro é “grande e fraco” diz muito sobre ele, mas talvez a grande marca de sua dimensão seja o fato de se configurar como um Estado “pesado”, onipresente e com pretensões de onipotência e onisciência, que permeia todas as esferas da vida dos indivíduos e em que é fácil notar sua mão bem visível.
A Agorista - Março 2016
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Por Michelle Fransan
É extremamente comum o individualismo ser descrito de forma pejorativa. A maneira mais comum de retratar o mesmo é a tendência para nos libertar de qualquer ação de solidariedade e só pensarmos em nós mesmos. A visão romântica do altruísmo e a ideia de que temos que nos renegar em prol do outro, assola a mentalidade da maioria. Confundem egoísmo com individualismo descreditando toda a ideia referente a ações individuais. A grande maioria dos escritores quando fala do individualismo dentro da sociedade contemporânea, o culpam pelo afastamento do homem frente a coletividade, melhor dizendo, o afastamento do homem das práticas sociais, do engajamento político e filosófico que leva indivíduos a tomar decisões a partir de valores morais e éticos que tem como alicerces princípios e significados. Para falar sobre o individualismo, mencionarei três autores quais o conceito tem diferentes significados. Plagiando Nietzsche, não trarei nenhuma verdade, mas pontuarei algumas observações. O primeiro deles que irei mencionar é o sociólogo alemão, Georg Simmel. Em seu livro “O indivíduo e a liberdade” ele diz que individualismo surge no renascentismo, onde a busca para a singularidade, a liberdade, a individualidade e a auto-responsabilidade eram os fins últimos do homem renascentista. O desenvolvimento individual buscava a todo instante marcar presença, e esta busca incessante pela distinção tinha como objetivo a autoimposição. Para isso, havia a necessidade da libertação do jugo das instituições religiosas, econômicas e políticas, era necessário se auto-firmar frente a sociedade. A proximidade com a natureza faria os indivíduos mais individualistas e iguais. Para Simmel, o discurso de liberdade e individualismo leva a igualdade natural do homem. Igualdade natural? Fazendo papel da inquisitora, igualdade natural não existe, somos naturalmente desiguais. Belos ou feios, inteligentes ou indoutos, cultos ou incultos, e muitas coisas mais nos diferem naturalmente. Vejam que eu nem estou falando da filosofia grega, apenas evidenciando o óbvio. Agora fazendo o papel da advogada do diabo, esta igualdade pode significar que quanto mais buscamos a singularidade, a liberdade, e a consciência de responsabilidade sobre nossos atos, mais iguais ficamos aos outros frente as questões sociais. Mesmo assim, não consigo defender esta ideia. Não há busca de igualdade no individualismo, pois se há busca de singularidade, não buscamos ser iguais, buscamos compreender o outro através da compreensão de nós mesmos, respeitando as singularidades do outro que nos diferenciam e não nos igualam. Simmel trabalha com a ideia do homem renascentista dentro da sociedade “ Homem- no- mundo” e mesmo na transição entre as trocas individuais e o capitalismo que coloca o dinheiro como base do individualismo o homem, pra ele, está incluído no mundo. A Agorista - Março 2016
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Por Michelle Fransan
Louis Dumont, antropólogo francês, busca no capítulo “individualismo” do livro “ Do indivíduo-fora-do-mundo ao indivídiono-mundo” nos levar ao cerne do cristianismo para explicar o individualismo moderno, ou seja, na sociedade holista, onde os valores se encontravam na sociedade e não no indivíduo, renegar a sociedade em nome do melhoramento espiritual, buscando autonomia e liberdade era individualismo e este era considerado um renunciante, um “indivíduo-fora-do-mundo” Culturalmente, Simmel associa o individualismo ao dinheiro e as relações capitalistas como meio para condução da felicidade. Assim, o homem moderno vive em busca do dinheiro para ser feliz. Onde o individualismo não mora apenas na capacitação do dinheiro, mas no não interesse na vida do outro. Já Dumont, culpa o individualismo pela inconsciência social que envolve igualdade, a cegueira em relação ao social. Observamos que quando falam do individualismo na cultura moderna o associam ao dinheiro, a simbologia, as tradições, a religião, menos ao indivíduo. Mesmo Sartre, coloca a liberdade individual de escolha como uma fardo e não como algo libertador em si. E aqui que entra ela, Ayn Rand, para desbancar todas as teorias anti-homem e anti-individuo, Desbancar a falta de coragem de colocar sobre o homem toda responsabilidade pelos pros e contras de sua vida. Desbancar todos que acreditam no altruísmo, do homem que se renega como ser. Desbancar os que criticam o individualismo em nome do auto-sacrificio em nome do estado, em nome do coletivo, do social, em nome do povo. “ Se uma vida pudesse ter uma canção-tema e eu acredito que toda a vida que valha a pena tem, a minha é uma religião, uma obsessão, uma mania, ou tudo isso expressado em uma palavra- Individualismo.” (Ayn Rand) E individualismo, para esta grande mulher, nada mais é que a razão a serviço da mente humana que condiciona uma moral racional, sem o uso do medo, da fé, ou da perda da liberdade, muito pelo contrário, usando a liberdade para imputarmos valores em nossas escolhas. É a capacidade de decidirmos, usando apenas a razão, os caminhos a seguir em busca da felicidade.
Cheers! 42 A Agorista - Março2016
por Cauê Bocchi
“As Aventuras Revolucionárias de Marquinhos, o Comunista Camarada” Capítulo I Eram onze horas da manhã de uma terça-feira, e Marquinhos havia acabado de entrar no prédio da universidade em que estudava. Era uma universidade católica, composta por alunos que odiavam a Igreja. Marquinhos esperava o seu professor, Leandro Sakamula, no local combinado: o centro acadêmico da Filosofia, curso que ele fazia e tanto adorava. Enquanto esperava, não pôde deixar de se inebriar com o nevoeiro inspirador exalado pelos seus colegas de turma também presentes no local. Aquela fumaça dava uma preguiça gostosa, e o fazia lembrar o tipo de sociedade pela qual lutava, sem pressões e que dava a cada um tudo conforme a sua necessidade. Leandro Sakamula atrasou vinte minutos, e encontrou Marquinhos na porta do centro acadêmico: -
Marquinhos, espero que você tenha algo urgente mesmo. Estava tirando fotos para a Revista Carta do Oprimido, e perdi o brunch que seria servido em minha homenagem logo depois.
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Mas você não tinha aula no primeiro horário, Sakamula?
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Não seja idiota, acabei de falar que eu tinha essa sessão de fotos. Dei aula vaga para os alunos. A educação dominadora burguesa pode esperar, mas a justiça social não. O que você tem para falar?
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É urgente. Alguns dos meninos da favela que visitamos mês passado estão pensando em abrir um negócio próprio. Eles economizaram o dinheiro da passagem de ônibus por dois anos, e agora querem abrir uma banquinha de jornal na comunidade. Eles disseram que o sonho deles é sair da favela.
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Como assim? A gente não explicou toda a lógica perversa da empresa capitalista? Que o sucesso no mundo dos negócios só vem à custa da exploração da mais-valia, da miséria do trabalhador? Que a inclusão social deve vir por meio de ONGs como as nossas, e com a ajuda do governo? 43
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Eu sei Sakamula, mas parece que eles não entenderam muito bem. Eles são pobres e oprimidos, não vão conseguir diferenciar o certo do errado sem a nossa ajuda. Acho que temos que ir falar com eles agora.
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Vamos com o seu carro. Mandei o meu para a blindagem ontem.
O trânsito para chegar à comunidade estava lento, e Marquinhos aproveitou para mostrar ao Sakamula a coletânea de músicas que ele havia baixado na internet do grande artista Chico Rouanet, maior crítico do regime militar de algumas décadas atrás e que estava atualmente em turnê pela Bolívia e Venezuela para defender a livre expressão do pensamento. Quando enfim chegaram, pediram ao chefe da comunidade que convocasse os garotos na sede da ONG Utopia Vermelha, criada por Sakamula e que tinha Marquinhos como o militante mais ativo. O chefe da comunidade era procurado pela polícia, e chamado por alguns de traficante. Essa classificação pejorativa e insensível não atingia Marquinhos e Sakamula: ambos sabiam que Wesley Caveirinha era um homem bom, e que era a sociedade que o corrompia. Os seis garotos chegaram, depois de um dos colaboradores de Wesley Caveirinha tirá-los da escola para aquela conversa importante. Quase todos os garotos já haviam chegado ao ensino médio, e eles se esforçavam para ser bons alunos. Estavam bastante tímidos, porque perceberam que haviam feito algo de errado. Leandro Sakamula estava distraído no momento, porque estava usando seu smartphone para postar uma foto dele na comunidade (“a favela é o nosso palácio. #sakamulanacomunidade”). Marquinhos então assumiu a situação:
“Que negócio é esse de vocês abrirem uma banca? Vocês esqueceram tudo o que o Sakamula e eu dissemos?
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1) Fotos do Palavra de Editor: Acervo Pessoal. 2) Fotos de Dona Josefa: internet. 3) Fotos dos Reforços no Time e Convidados Especiais: acervos pessoais. 4) Afinal, imposto é roubo?: Charge encontrada na internet. 5) Imagem liberta e Acacio Dorta: Acervo Pessoal. 6) Por uma Educação livre: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/01/ 1732877-lula-faz-avaliacao-clinica-de-rotina-nohospital-sirio-libanes.shtml http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1744 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641309 /artigo-6-da-constituicao-federal-de-1988 http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L939 4.htm http://portal.mec.gov.br/component/content/ar ticle?id=12992 http://www.economist.com/news/leaders/2166 0113-private-schools-are-booming-poorcountries-governments-should-either-helpthem-or-get-out) http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=117 7) A Mulher na Universidade: Imagens da Internet. 8) Mulheres no comando: Fotos de acervos pessoais. 9) Festas de Rua: Imagem do Bloco do Sargento Pimenta, no RJ, retirada da Internet. 10) Imagens do filme A DAMA DE FERRO retiradas da internet. 11) Ritmo de Liberdade: Imagens gentilmente cedidas pela Banda Cadaver, de seu acervo
pessoal. 12) CALL: Imagens e texturas encontradas na internet. 13) A Dimensão do Estado Brasileiro: Imagem encontrada na internet. http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2015 /09/14/sistema-tributario-complexo-afastainvestimentos-de-empresas-no-pais.htm NORTH, Douglass. Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge University Press, 1990. WEBER, Max. Economia e sociedade. v. I e II. Brasília: Ed. da UnB, 1972. 14) FANFIC LIBERTARIA por Cauê Bocchi é uma adaptação do conto original, que foi dividido para integrar a revista. Edição de imagens e diagramação: Mariana Diniz Lion Aceitamos a colaboração voluntária de pessoas dispostas a diagramar, produzir identidade visual. Aceitamos a colaboração de cartunistas ou chargistas que possam ceder obras de cunho político relacionado à liberdade. Demonstrações de interesse, críticas, sugestões ou informações devem ser encaminhadas para o e-mail aagorista@outlook.com.
A Agorista - Fevereiro 2016
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