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CO Fire Aviation Estabelecendo a Excelência

por Ryan Mason

Uma parceria de negócios que começou apenas com uminvestimento às cegas e sem um contrato para apoiá-lo: é a melhor maneira de descrever a CO Fire Aviation e o que se tornaria uma das poucas empresas de propriedade privadas no ramo do combate aéreo a incêndios com SEATs a buscar tecnologia para construir seu negócio de tal forma que poderá mudar o modo com que o combateaéreo a fogos com SEATs será feito.

Chris Doyle, um nativo da Nova Zelândia que passou grande parte de sua vida na Austrália, estava buscando uma mudança após mais de 10 anos voando agrícola e combatendo fogos, tanto em aeronaves de asas fixas como helicópteros, na Austrália e na Papua- Nova Guiné.

Através de seu contato e amigo Pete Jones, Chris assumiu um trabalho que o levaria a passar uma safra pulverizando para um empresa do Colorado, em 2009. Sem que ele soubesse na época, este foi um passo que colocaria sua carreira em um rumo drasticamente diferente no futuro imediato.

Chris tinha inicialmente assinado para trabalhar em outra empresa, mas devido a mudanças de circunstâncias, quando ele chegou, não tinha avião para trabalhar. O empresário, não querendo ter feito Chris vir do outro lado do mundo por nada, ligou para Kyle Scott e perguntou se sua empresa, a Scott Aviation, tinha uma vaga para ele.

Na época, Scott tinha recém comprado na Holanda um Thrush zero, o qual tinha sido levado da fábrica para lá mas nunca tinha voado, e que tinha acabado de chegar na empresa desmontado em um container. Scott inicialmente tinha planejado passar a safra toda remontando-o para colocá-lo em voo. Enquanto Chris fazia um treinamento para validar suas licenças australianas com a FAA, Kyle e seu pessoal trabalhavam freneticamente para aprontar o Thrush, de modo que Chris tivesse um avião para voar.

De acordo com Kyle, desde o primeiro dia, ainda no chão, Chris falava em combate aéreo a incêndios e como os dois deveriam se associar para começar a trabalhar com aviõesbombeiros. Kyle inicialmente estava resistente à ideia, dado que ele não a via como opção viável na época.

Pelos sete anos seguintes, Chris passava os meses do inverno americano na Austrália, trabalhando com combate aéreo a incêndios e aviação agrícola, e voltava aos EUA no verão para voar agrícola para a Scott Aviation. Em 2012, Chris conseguiu um emprego no Oriente Médio, voando a versão militarizada do Air Tractor, como piloto de testes de manutenção, por três anos, mas continuou voando para a Scott Aviation nas suas férias. Foi lá que Chris descobriu o grupo de pilotos que ele e Kyle precisavam para formar a CO Fire Aviation. Chris continuava falando do valor de operações noturnas de SEATs para combate aéreo a incêndios nos EUA, e que os dois precisavam criar uma empresa focada nisso.

Em 2014, sem nenhum contrato garantido, os anos de Chris falando a respeito do negócio de combate aéreo a incêndios finalmente convenceram Kyle e os dois se associaram para comprar seu primeiro AT-802. Depois de muita consideração, compraram um novo, da Frost Flying Service.

“Nós pensamos em um avião usado primeiro, mas decidimos por um novo para sabermos o que estávamos recebendo, ao invés de herdar um avião no qual não pudéssemos confiar”, disse Kyle.

A compra do AT-802 foi um investimento significativo para a dupla, considerando-se que, na época, a nova empresa CO Fire Aviation ainda não tinha conseguido nenhum contrato, o que ainda levaria mais de ano para acontecer.

Neste espaço de tempo, a dupla também investiu em um segundo AT-802, em um ato de fé extrema, acreditando que logo entrariam no mercado de combate aéreo a incêndios com os dois SEATs. Ambos riem quando perguntados sobre como era ter dois aviões sem contratos para pagá-los, dizendo que seus amigos na aviação achavam que ambos tinham perdido o juízo ao mesmo tempo.

Um dos problemas comumente encontrados ao se estabelecer uma empresa unicamente dedicada ao combate aéreo a incêndios é encontrar pilotos com suficiente perícia e experiência para lidar com o voo diferente e desafiador que o combate aéreo a incêndios demanda. Além disso, estes pilotos precisam ter capacidade multitarefa, para além de voar com segurança e lançar água ou retardante no lugar certo, poder operar simultaneamente os três sistemas de rádio diferentes usados em aviões-bombeiros.

Todo ato de fé em um negócio traz desafios. Os desafios da CO Fire não foram exceção. Enquanto Kyle se focava em sua aeroagrícola, a qual continua funcionando até hoje, Chris decidiu que para manter os dois aviões que a empresa tinha mas que não tinham atacado nenhum fogo ainda, ele precisaria achar algum trabalho adicional para manter os pagamentos em dia.

Depois de voltar aos EUA e dizer a Kyle que ele tinha encontrado os pilotos que eles precisariam assim que a empresa tivesse serviço, Chris foi então para o Oregon, para trabalhar em um contrato de combate ao fogo no AT-802 de uma outra empresa. Foi no Oregon que as coisas mudaram drasticamente para melhor para a nova empresa da dupla.

Como conta Kyle, ele recebeu uma ligação no final de uma tarde em 2015, do Departamento Florestal do Oregon, perguntando se havia um jeito dele ter um de seus aviões no Oregon no dia seguinte, para ajudar em um contrato de combate ao fogo na modalidade de capacidade conforme a necessidade. Em poucas horas, Chris estava em um voo noturno de volta ao Colorado, onde rapidamente embarcou no AT-802 e o transladou para o Oregon para a primeira missão de combate ao fogo da CO Fire.

Logo após retornar do trabalho no Oregon, a CO Fire teve sua segunda chance de mostrar suas capacidades no seu estado natal. Inicialmente com um só avião, uma semana depois Chris e Kyle estavam trabalhando lado a lado, e assim seguiram por várias semanas para apagar um incêndio para o Departamento de Prevenção e Controle do Fogo do Colorado.

Desde aqueles primeiros frenéticos meses de operação inicial, a equipe da CO Fire continuou a crescer, tanto em contratos como em aviões. A CO Fire agora tem um total de nove AT-802 em sua frota, consistindo em cinco aviões próprios e quatro arrendados.

Kyle observa que todos os aviões arrendados são idênticos aos de propriedade da empresa, até nos equipamentos e pintura, todos com a marca CO Fire de “Super S.E.A.T”, o que inclui algumas características de aumento de desempenho e segurança não encontradas em SEATs normais, tais como maior potência e capacidade de carga, painéis para visão sintética e alerta de proximidade de terreno e corta-fios, só para citar algumas.

Os contratos da CO Fire são um misto de uso exclusivo e chamada por necessidade, divididos entre contratos federais com o Escritório de Gestão de Terras (Bureau of Land Management - BLM) e contratos estaduais com o Departamento Florestal do Oregon e o Departamento de Prevenção e Controle do Fogo do Colorado, atualmente; mas quando perguntado sobre o futuro, Kyle sorri e diz, “tudo é possível”.

A equipe de pilotos da CO Fire é formada por pilotos altamente experientes, a maioria dos quais de origem militar ou com substancial experiência de voo internacional.

Treinamento

Embora muitos dos pilotos da CO Fire venham de uma carreira militar, o voo de combate só prepara um piloto para parte do que o combate ao fogo exige. Assim, junto com o treinamento anual dos pilotos da casa, a CO Fire investe tempo aclimatando seus novos pilotos ao mundo do combate ao fogo usando um Air Tractor AT-504 de treinamento, com dois assentos lado-a-lado, o que permite ao instrutor ensinar e observar o aluno sentado ao lado, o que não ocorre em uma configuração de assentos frente-atrás. Este avião também é usado para aplicações aeroagrícolas na Scott Aviation no verão, dando aos novos pilotos experiência enquanto eles trabalham, para depois finalmente voar um SEAT. Ele também serve como plataforma primária para treinamento com NVG (óculos de visão noturna).

O treinamento usual em SEATs para combate ao fogo tem sido deficiente, conforme Chris e Kyle. Dependia deles esticarem o envelope, não apenas para fazer sua empresa crescer mas também para beneficiar o mercado como um todo. “No futuro, eu nos vejo aumentando o treinamento na área de SEATs, e compartilhando o que aprendemos com outros na atividade, como algo que irá beneficiar todo o mercado a longo termo”, declarou Chris.

Continuar a estimular o mercado a fazer melhor é algo pelo que tanto Chris como Kyle são apaixonados, o que os levou a ser a primeira empresa de SEATs no país a receber autorização para combater incêndios à noite, depois que a equipe decidiu que iria aperfeiçoar o seu próprio treinamento inicial em combate a incêndios com NVGs, e depois o apresentaram ao Departamento Florestal do Oregon e à FAA para demonstrar sua capacidade.

“Minha maior satisfação são os avanços que fizemos em estabelecer a excelência em pilotagem no nosso mercado. A contratação de excelentes pilotos é uma das principais razões pela qual nossa empresa continua a ter sucesso no longo prazo”, disse Chris.

A dupla fez exatamente isto em 2018, conduzindo uma bem sucedida demonstração de suas habilidades, e embora eles ainda não tenham combatido um incêndio à noite em condições reais, todos os envolvidos naquele teste elogiaram não apenas a operação e os pilotos, mas também a segurança e a elaboração do planejamento e execução da tarefa no interesse de fazer avançar a atividade e a criatividade na busca de como combater fogos com mais eficiência, o que no seu caso, abrirá a possibilidade de combater fogos diuturnamente, na esperança de extingui-los mais rápido.

Enquanto tanto Kyle como Chris continuam a trabalhar sem descanso para fazer sua empresa crescer continuamente através de inovação constante, uma coisa é clara. Seus esforços continuam estimulando o mercado a inovar e melhorar a segurança do combate aéreo aos incêndios.

Alguns 802 da CO Fire no pátio de uma base gerenciada pelo Departamento de Prevenção e Controle do Fogo do Colorado

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