ALMANAQUE BARIANI

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CULTURAL

Ano 1 • nº 2 • Agosto 2021 | Goiânia • Goiás • Brasil

INSTITUTO CULTURAL BARIANI ORTENCIO

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


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ALMANAQUE INSTITUTO CULTURAL BARIANI ORTENCIO

EDITORIAL

| Renato Castelo*

Fonte: https://turismo.culturamix.com/nacionais/centro-oeste/fotos-de-goiania

A cidade somos nós Em um ar go escrito recentemente o cien sta polí co e professor do Insper, Fernando Schuler comenta que a democracia é uma boa maneira de viver, mas exige alguma renúncia de cada um, além de dar um trabalho danado. Dentro de pouco tempo vai aflorar na mesa de decisões da cidade uma questão que parece circunstancial e localizada, mas não é. Diz respeito à capacidade da comunidade ter um trabalho danado para tomar uma decisão que vai influenciar todo o futuro de nossas relações com a cultura. Corremos o risco de assis r uma rodada de discussões sobre os des nos do prédio da Assembleia Legisla va que deve se mudar em breve. Muitos interessados estão dentro do governo e apostarão num futuro dourado com razões econômicas e financeiras irrepreensíveis para se instalarem ali, esquecendo que a cidade somos nós. O Prefeito Rogério Cruz não pode perder a grande oportunidade de sua carreira de abrir uma consulta pública * Renato Castelo é escritor, poeta, compositor e cantor.

para um debate de alto nível sobre a matéria. Lembrem-se que no entorno da Assem-bleia Legisla va está o Bosque dos Buri s. Seria ideal que fossem integrados. Em todo o mundo, Parques, Museus e C e n t ro s C u l t u ra i s s e t o r n a m amigos inseparáveis na me-mória da população e da cidade e de seus visitantes. Cultura, turismo e lazer são as grandes molas dos inves mentos das cidades modernas. P re c i s a m o s d e u m a v i s ã o d o mundo onde os interesses da população superem interesses localizados. Nesta mesa quem está com o único Royal Straight Flush do jogo é a população que precisa cada vez mais de áreas de lazer e cultura. Rogério Cruz pode eternizar seu nome na história de Goiânia, pois se o Disque Árvore que ele criou, transformar Goiânia na cidade mais arborizada do mundo (que é o que esperamos), é hora de criar – juntamente com seu secretário de Cultural, Zander Fábio –, um grande centro cultural municipal no Palácio Alfredo Nasser, que incluiria o Museu de Arte de Goiânia, Museu AA – dedicados aos urbanistas que projetaram a cidade: A lio Corrêa Lima e Armando Augusto Godoy, Centro Livre de Artes – CLA, teatros, representações d e e n d a d e s c u l t u ra i s e d o m e i o ambiente, para con nuar transformando a nossa Goiânia num exemplo de cidade moderna, mesmo que dê um trabalho danado construir esse futuro.


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2021

almanaque

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Domingo é dia de fumar cachimbo e ler jornal Ilustrações: Google

“Hoje é domingo pé de cachimbo,/cachimbo é de barro que bate no jarro,/o jarro é valente, que bate na gente,/a gente é peteca que toca rebeca...” e mais: “Hoje é domingo, pé de cachimbo,/cachimbo é de ouro, deu no touro,/touro é valente, deu na gente./Gente é fraco, cai no buraco,/o buraco é fundo... acabou-se o mundo!” Uai, cachimbo tem pé? Não é só o fornilho e o canudo? O certo é, então, o verbo PEDIR: “...Domingo pede cachimbo”. Domingo é dia do descanso, do sossego, bom demais para se fumar no cachimbo, soltar aquela baforada de fumaça que vai subindo e se diluindo no ar. Então o domingo PEDE cachimbo. E outra coisa boa nos domingos, além da Missa e do futebol, é ler jornal. E os dois jornais daqui não saem mais aos domingos. Deveriam não sair na segunda-feira, que é DIA DA PREGUIÇA, porque há um enunciado popular, assim: “Não há sábado sem sol, domingo sem missa e nem segunda sem preguiça”. O mesmo se dá com o doce Pé de Moleque ou Pede moleque. Bariani Ortencio Presidente do Ins tuto Cultural


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SOMOS TODOS PEDESTRES

VAMOS AS FAIXAS INSTITUTO CULTURAL E EDUCACIONAL BARIANI ORTENCIO 62 3223-0330 Este almanaque é uma publicação bimestral

VALE DO CEDRO, A CACHAÇA QUE NÃO DÁ RESSACA!!! Aceitamos pedidos pelo telefone:

62. 3225.1582

Entregamos em todo o território nacional e no exterior.

Direção Geral: Beto Selva Redação e edição: Renato Castelo e Cida Borges Pintura da capa: Helena Vasconcelos Colaboradores: Nilza M. Brito; Lucca Ortencio; Wladimir Araújo; Tadeu Veiga; Lenora Barbo Helena Vasconcelos; Nilson Jaime; Nelson Santos; Luana Selva; Jadir Pessoa; Débora Ramos; Sérgio Wiederhecker; Rafael Lino Rosa; Nilton Ferreira. Ângela Baiocchi; Elza de Jesus Teixeira; Fábio Vieira Martinelli; Rodrigo Jr; Adélia Freitas; Ademir Luiz; Fabiano Olinto; Valterli Guedes; Miguel Jorge; João Joaquim; Leonardo Carmo; Ivanor Florêncio; Jales Guedes; Ubirajara Galli; Hélio Moreira; Cida Borges; Humberto Marra; Ademir Hamú; Nasr Chaul; Diagramação: Adriana Almeida

O Almanaque Bariani Ortencio tem parceria com a empresa

(62) 3211-3458 Os artigos aqui publicados são de responsabilidade de cada autor.

«Vale do Cedro, recomendo com prazer!» BARIANI ORTENCIO Estudioso da Cultura Popular do Centro-Oeste

CARTA AO LEITOR Sugestões de pautas, opiniões, reclamações, cartas do leitor. Envie sua colaboração para: almanaquedobarianiortencio@gmail.com


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COMPORTAMENTO

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| Débora Ramos*

Coragem de

Algumas palavras são tão repe das que percebo que muitas vezes o real significado se perde no caminho, tornando termos bonitos em palavras ocas, vazias de significado, um mero amontado de consoantes e vogais. Às vezes me pego buscando entender velhos conceitos, não pelo olhar viciado do lugar comum, mas na tenta va de construir um conceito par cular de um sen mento que deveria ser comum, mas que ainda não é. A palavra que tenho buscado entender no momento é o bom e velho amor. Perco as contas de quantas vezes ouço essa palavra por dia, mas mesmo assim ouso escrever a respeito do amor porque percebo o quanto ainda precisamos como humanidade aprender e pra car esse sen mento. O amor é uma lição a ser aprendida ao longo dos dias, ao longo da vida. O amor é antes de tudo uma escolha e escolher o amor muitas vezes representa abrir mão de tudo que não é amor.

Apesar do amor ser um termo repe do a exaustação, percebo uma grande confusão a respeito do seu real significado. Muito do que se chama de amor não é amor, pelo menos não dá forma como eu compreendo essa força. Em muitos casos, o amor virou apenas um excelente argumento, uma forma de fazer, um tempero. Muitos banalizam a palavra, mas o sen mento não deve ser banalizado. O amor aquece e ilumina, mas não consome. O que consome é a paixão e não o amor. Defini vamente, o amor é um ato de coragem e muitas vezes amar verdadeiramente exige que o risco de sair de nossa zona de conforto, de enfrentar medos e receios, de ir além. Os maiores gestos de amor não são as declarações melosas, os presentes faraônicos, mas as pequenas ações muitas vezes silenciosas longe dos olhares e das redes sociais. O amor que transforma é o amor manifestado nas ações do co diano, na ousadia de amar e ser amado.

* Débora Ramos é formada em Letras, Literatura. Especialista em Educação profissional.


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s e d a d i  i r Cu MEIO AMBIENTE 1918 É urgente, mais que necessária, a promulgação de um código florestal que impeça a destruição de grande parte do território nacional e acautele interesses múl plos (...) Não é lícito alguém ignorar que as ma as exercem grande influência sobre a composição do ar absorvendo o ácido carbôneo e exhalando o oxygenio purificador. (IG 15/03/1918)

a rmação Goyan A revista A Info a um a 1935. Era circulou de 1917 ilustrada e revista mensal, s s possibilidade informa va da l ra nt Ce il Bras econômicas do rique Silva e en H r po dirigida amos, Brasil. Selecion Americano do no cias aqui, tópicos de iculadas sobre interessantes ve . nossas riquezas

PÉROLAS NO RIO ARAGUAIA?! No mês de agosto, as águas dos lagos baixam e então os índios Carajás apanham em Salinas, margem do Araguaya, conchas perlíferas a que dão o nome de Itans e Dellas extraem pérolas lindíssimas ... (IG anno I 15/12/1917)

s Pedreira e (...) Dr. Bulhõe das de verificar as jazi J. Muller foram arem nç ca antes de al petróleo (...) e se lhe .) (.. Araguaia as cabeceiras do Caldas de s município depararam nos os nh lto e Morri Novas, Pouso A ia de tes da existênc indícios veemen um o nd olífera. Cava uma bacia petr o lhe aflorou poço (...) preste do. procurado líqui 29, p. 80) (IG maio de 19

MOTOR A ÁLCOOL EM 1930?! O Alcool-motor já está sendo fabricado em Catalão (I.G. 30/09/1930, p. 22)

JAZIDAS DE TITÂNIO?! No município de Pirenópolis, an ga Meia Ponte, estão situadas as mais opulentas jazidas de tânio que se conhecem no Brasil. (I.G. julho de 1931 p. 86)


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O am Nilton Ferreira*

O Amor é a suprema qualidade de Deus, uma linda energia que sen mos em nossos corações. É uma força. Uma experiência profunda que se manifesta através de nossa intenção. Sem nossa intenção, nossa vontade posi va, é impossível amar. É a força que une as duas qualidades básicas da vida: energia e consciência. O amor é a mais elevada forma de inteligência que podemos experienciar. Esta inteligência nos dá o poder de transcender nossos limites aparentes. Para amar alguém, você tem que botar a vontade pra funcionar. O amor não vem de graça. É um estado, uma experiência, e damos duro para a ngi-lo gradualmente. Amor e paixão são con nuamente confundidos. Eles não são, como a maioria das pessoas acreditam, a mesma coisa. Quando dizemos "eu amo", estamos na realidade dizendo: estou tendo uma experiência eró ca. O Eros é bem simbolizado pelo anjinho pelado que a ra uma flecha - certeira - em nosso coração e pimba! Estamos apaixonados! Eros vem de fora. O amor, de dentro. É impossível amar alguém, se você não se ama. Se você não se ama, você se odeia. O ódio é uma contração de energia que cria isolamento. Quando odiamos estamos na dualidade, confusos, inábeis para dis nguir o certo do errado. A sa sfação provocada pelos sen mentos

de ódio é paga com culpa e ansiedade. Se não confrontamos o nosso eu inferior e nossa máscara, corremos o risco de projetá-los em outras pessoas. Criamos conflitos ín mos, na medida em que traímos nosso verdadeiro ser. Não existe amor sem verdade, não existe verdade sem liberdade. Estamos juntos nesta vida, cada um de nós em um galho da grande árvore da humanidade. A força que nos conecta a todos é o amor... Texto: Inspirado e traduzido da obra - Eros. Love e Sexualidade, de John Pierrakos.

* Nilton Ferreira é Psicólogo. É um dos fundadores da Psicologia Trans-pessoal no Brasil.


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Colaboração: Cida Borges

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Para acabar com o mau cheiro e os ácaros do colchão, basta misturar água, álcool, vinagre branco e desinfetante e borrifar o local.

Para limpar as grades do forno, re re as grades, faça uma pasta com bicarbonato e vinagre e aplique nelas. Deixe por 3 minutos e, em seguida, re re o produto.

Se o arroz queimou, re o cheiro e o gosto de queimado colocando no meio do arroz uma cebola cortada ao meio.

Use vinagre, sabão em pó, álcool, bicarbonato de sódio e água para limpar o box do banheiro. A pia entupiu? coloque 1/2 xícara de bicarbonato de sódio no ralo e despeje uma xícara de vinagre branco no local. Em seguida, despeje água fervente no local. Limpe as telas do computador e o tablet, sujos com poeira ou gordura das mãos, com um filtro de papel para café.

Para limpar o forno micro-ondas, aqueça 150 ml de água e acrescente três rodelas de limão. Espalhe pelo aparelho e deixe durante 4 minutos. Após, passe uma esponja pelo local com algumas gotas de detergente. Limpe e desinfete a máquina de lavar roupas enchendo a máquina e adicionando 1 litro de vinagre branco. Em seguida, execute o ciclo completo. Ao preparar aves, deixe-as pelo menos uma hora em água com rodelas de 1 limão, vinagre e sal, para rar o cheiro.

Espante o mosquito da dengue e acabe com o ácaro plantando uma muda de citronela em um vaso, na sala.


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AMOR SEM FIM

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| Ângela Baiocchi*

Segredos na adoção de filhos

A história de vida de uma criança começa antes de seu nascimento, vem das células gené cas de seus ancestrais biológicos. Essa herança neuropsicológica carrega informações não só relacionadas à aparência sica, mas também determinam partes de nossa personalidade e sistema mental/espiritual, enfim o nosso jeito de ser. São marcas indeléveis. Filhos ado vos precisam saber de suas origens, desde pequenos. O que prevalece nas relações entre pais, mães e filhos não é o vínculo biológico, mas o elo afe vo, que consolida as bases de uma família: os aspectos psicossociais, culturais, morais, é cos, esté cos que envolvem o curso da vida. Este terreno é construído no relacionamento, não é gené co. Assim pais e mães constroem outra biografia para seus filhos e para si próprios a par r da adoção, que muito se assemelha ao nascimento de um filho. Alguns pais e mães temem a verdade sobre adoção, às vezes alegando que querem proteger os filhos de sen mentos nega vos: inferioridade, cri cas, maledicências, ou também por distorção defensiva de si próprios, por não terem gestado o próprio filho. Adoção é uma forma diferente de cons tuir uma família,

mas não é uma forma errada ou pior. A história é dis nta, mas não implica que filho ado vo seja diferente do biológico, porque nasceu de forma diferente. Pais e mães ado vos precisam refazer alguns tabus e mitos sobre adoção, precisam lutar contra uma cultura milenar que deprecia a condição de famílias ado vas. Esse enfrentamento pode ser desafiador, por isso existem os Grupos de Apoio a Adoção, no mundo todo, que promovem diferentes estudos e propostas de discussão sobre o tema, auxiliando pais, mães e filhos de famílias ado vas. A revelação do segredo sobre adoção é um dos pontos importantes para a história de vida do filho adotado ser mais leve e saudável em todo seu desenvolvimento. Não é só informar os fatos: é necessário ir mais além disso, prioritariamente na formação e integração das partes da própria história, podendo trazer consciência, leveza ou dor, como tudo na vida. Olhar a revelação sobre a adoção possibilita o empoderamento e a força, para os pais, mães e filhos. É necessário que se reflita alguns pontos antes da revelação: qual história deve ser dita. Qual o momento certo? Qual obrigação de revelar? Como lidar com as frustrações e perguntas pós revelação? Meu filho vai me abandonar quando crescer, para buscar a família biológica? Vai se revoltar? Esses medos e angús as podem ser dialogados em família ou com profissionais e devem estar bem resolvidos antes da revelação... tudo isso, com muuuuuuuiito amor!

* Ângela Baiocchi é psicóloga clínica de família e criança/CIPPE e Ins tuto Warã - Conviver GEAAGO.


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Verde que te Quero AGRICULTURA ORGÂNICA OU AGROECOLÓGICA | Elza de Jesus Teixeira – Sítio Pequeno Paraíso*

Perguntaram-me uma vez: “— Por que você escolheu o jeito mais di cil de plantar? Plantar orgânico?”. Alguns acreditam que agora os orgânicos estão na moda. Nem uma coisa e nem outra. Escolhi plantar orgânico porque escolhi viver mais e melhor. É inegável a interferência da alimentação na nossa saúde. A alimentação adequada é a base do corpo e da mente sãos. Não me refiro exclusivamente à alimentação dos seres humanos, isso porque, aqui na Terra, estamos todos juntos e deveríamos estar interligados à

natureza conscientemente, assim muitos problemas ambientais graves que enfrentamos hoje seriam evitados. Quando menciono a alimentação não apenas dos humanos, estou afirmando o quanto a agricultura orgânica e agroecológica é importante na alimentação e regeneração do solo, e o solo é vida! Pra car esse po de agricultura é regenerar o solo, é devolver para a terra um pouco do que ela nos dá. E ver brotar ali espécies de plantas que já não exis am, com elas voltam também inúmeros insetos, variedades incríveis de pássaros e abelhas. Dá trabalho? Sim, claro! Plantar convencional também dá trabalho e ainda é muito perigoso. Plantar orgânico é prazeroso e possibilita a liberdade de todos os seres envolvidos no processo, do macro ao micro. Há, assim, a liberdade de viver o fluxo e o refluxo da vida na energia do amor! Pra car a agricultura orgânica e agroecológica é uma questão de mudança de paradigma e, sim, é possível. É mais que possível, é necessário para a nossa sobrevivência e para a sobrevivência do nosso planeta.

*Elza de Jesus Teixeira pra ca e fornece produtos da agricultura orgânica. Contato: (62) 99268-9369.


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SUSTENTABILIDADE

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| Fábio Vieira Martinelli*

@pinterest

Amar a Natureza é Amar o Ser Humano e vice-versa

A primeira pergunta que podemos fazer é: “Qual o organismo mais evoluído que conhecemos?” Acredito que não precisamos pensar muito para responder que é o Ser Humano. O Ser humano é tão bem elaborado que Jesus Cristo já afirmava que somos filhos de Deus, o que não quer dizer que somos Deuses, mas pelo menos temos uma centelha Divina dentro de nós, ou seja, somos a Ferrari da Natureza, pena

que a maioria de nós comprou a carteira de motorista, pois mal sabe dirigir esse carrão... A segunda pergunta é: “Quem produziu o Ser Humano?” Pragma camente podemos afirmar que foi a Natureza. Então se a Natureza produziu o ser mais evoluído que conhecemos, com uma super tecnologia, capaz de se auto curar, curar seu semelhante e até desenvolver outras formas de vida, essa Natureza é soberana sobre qualquer ação que possamos fazer, por pior que seja. Em outras palavras, a natureza não precisa de nós, pelo contrário, nós precisamos dela não só para sobrevivermos, mas para termos saúde, bem estar e felicidade. Temos que entender que podemos poluir o planeta, destruindo tudo até a nossa derrocada, mas a natureza vai se recuperar tranquilamente em alguns milhares de anos.

PROTEÇÃO AMBIENTAL E O CONSUMO CONSCIENTE O consumidor é o principal responsável pela devastação na natureza e poluição do meio ambiente. A indústria é responsável por 50% da poluição do mundo, ela polui para produzir objetos e alimentos para nós comprarmos e consumirmos, então pagamos para eles poluírem. O produtor rural ou industrial não polui por maldade ou porque é mau caráter, ele polui na maioria das vezes, porque é barato e prá co. O restante dos 50% de devastação e poluição ambiental vem do lixo que os consumidores geram ao descartarem as embalagens. CONCLUSÃO: OS CONSUMIDORES SÃO RESPONSÁVEIS POR 100% DA POLUIÇÃO E DEVASTAÇÃO DO PLANETA. A maneira mais rápida e eficiente de revertermos o atual quadro de devastação ambiental é pra carmos o consumo consciente.

*Fábio Vieira Mar nelli é Geógrafo, natural de Goiãnia, um dos fundadores do Grupo Na va.


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PALAVRAS CRUZADAS CRUZANDO OS CÉUS DO BRASIL

| Renato Castelo

RESPOSTA: 11 Rio Grande do Sul; 2 Rio de Janeiro; 3 Goiás; 4 Santa Catarina; 5 Pernambuco; 6 Amapá; 7 Pará; 8 Minas Gerais; 9 Maranhão; 10 Rondônia; 11 Amazonas; 12 São Paulo; 13 Roraima; 14 Sergipe; 15 Mato Grosso; 16 Espirito Santo; 17 Paraíba; 18 Tocantins; 19 Piauí; 20 Alagoas; 21 Ceará; 22 Acre; 23 Paraná; 24 Bahia.

R I O G R A N D E D O S U L

QUAIS ESTADOS BRASILEIROS TEM ESTAS AVES COMO SÍMBOLO? 1 – Quero Quero; 2 – Tucano de Papo Amarelo; 3 – Anhuma; 4 – Araponga; 5 – Tesourão; 6 – Flamingo; 7 – Pavaozinho do Pará; 8 – Seriema; 9 – Sabiá da Praia; 10 – Jacamim de Costas Verdes; 11 – Uirapuru; 12 – Sabiá; Laranjeira; 13 – Galo da Serra; 14 – Corrupião; 15 – Tachã; 16 – Beija Flor; 17 – Pomba do Bando; 18 – Cigana; 19 Surucuá de Barriga Vermelha; 20 – Mutum do Nordeste; 21 – Jandaia; 22 – Arara Vermelha; 23 – Gralha Azul; 24 – Curió.


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Nunca se envergonhe por

AMAR DEMAIS OS ANIMAIS Rodrigo Jr.

Rodrigo Jr. e a cadela Canela

Os cães desde cedo foram domes cados pelo homem. Este carinho entre o cachorro e o homem é o amor mais sincero que existe. Eles sempre estão sorrindo, alegres quando chegamos, adivinham quando estamos tristes, e precisando de carinho.

*Rodrigo Jr. é uma criança de 10 anos.

São amigos de todas as horas, mas não podemos esquecer que são animais, requerem cuidados, porém não precisa ficar usando roupas de humanos, nem dormir em camas. Minha cadela chama Canela, ela pariu nesse final de semana, pariu sete filhotes, já vendi todos, assim que eles pararem de mamar vou entregar os filhotes. No meu bairro todos a conhecem como “Canela do Rodrigo Júnior'', pois aonde eu estou, ela está. A canela é muito educada, companheira e me entende sempre. Eu me sinto muito alegre quando estou com ela. Assim que os filhotes forem embora, sei que ela vai ficar triste, mas já estou arrumando um monte de coisa para fazermos. Tenho certeza que rapidinho ela vai esquecer que vendi os filhotes e ficar alegre de novo. Afinal sou sempre eu e ela.


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SETOR JAÓ Protocolo assinado entre governos goiano e inglês resultou na vinda de 50 oficiais das Forças Armadas alemãs aprisionados no Reino Unido para Goiás. É pouco conhecida a história de uma leva de oficiais da Wehrmacht — forças armadas da Alemanha hitlerista — que desembarcou em Goiânia como prisioneiros de guerra.

Mais desconhecido ainda — e surpreendente — é que eles teriam desenhado a planta e construíram as avenidas e ruas do que é hoje o Setor Jaó, bairro nobre da capital goiana. Contudo é fato que 50 prisioneiros alemães vieram do Reino Unido para Goiás em 1947, durante a a d m i n i st ra çã o d o go ve r n a d o r Jerônimo Coimbra Bueno.

Por falar em imigrantes... Goiás sempre recebeu de braços abertos os seus imigrantes. O Brasil inteiro veio para cá principalmente com a transferência da Capital para Brasília, mas não podemos nos esquecer daqueles que escolheram mudar de país e se estabeleceram no estado. Entre 1884 e 1933, 130.000 sírios e libaneses entraram no Brasil pelo Porto de Santos. Uma das mais prósperas comunidades de descendentes de Sírio-Libaneses se instalaram Anápolis ponto final da an ga Estrada de Ferro Goiás .

Segundo Palacín (2008, p.51), nos primeiros anos da mineração, vieram quase vinte mil pessoas para Goiás, sendo mais de dez mil somente de escravos adultos provenientes da África.

A primeira caravana de imigrantes japoneses chegou ao município de Anápolis por volta de 1929, sendo composta por trinta pessoas de sete diferentes famílias, entre elas, a família Yoshida, Aratake, Nishimura e outras. Em 1930, chegaram outras 24 famílias, entre elas, as famílias Matsuoka, Taia, Namba, Massuda; em 1931, vieram as famílias Kuramoto, Iwamoto e Fukushima. Alguns anos depois, já em 1955, registrou-se a chegada da família I i. (cf. Jornal de Nerópolis, Fev/ 1988, p.6).


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AMOR À NATUREZA

15 | Carlos Alberto*

Caminhando no Bosque

De repente ouço uma can ga forte e estridente! Olho para um lado, olho para o outro e misturado com as cores do bambuzal e acomodado numa goiabeira, eis que vejo o bonitão. Suas cores amarela e preta destacam naquele verde intenso e sua can ga ecoa forte chamando a atenção. Meu amigo Bem-te-vi, que de tão bonito, não ve dúvidas em apelida-lo Bonitão. Conheci e fiz amizade com esse ser maravilhoso, quando das minhas visitas ao Ins tuto Bariani Ortencio, ali na Praça Cívica. Ele já era frequentador assíduo da quirerada que o Bariani distribui todos os dias para suas rolinhas caldo de feijão. Mas o que vem ao caso, é a conversa que ve com ele, que me acompanhou telepa camente, durante toda a minha caminhada pelas trilhas do Bosque. Falou bastante, tecendo crí cas a alguns aspectos daquele magnifico pedaço verde que enfeita o centro da nossa Cidade. Crí cas leves, pois deu pra perceber que o * Carlos Alberto é um ser humano apaixonado pela natureza.

bonitão é um o mista. Lembrou das histórias de seus antepassados que sempre fizeram suas moradas naquele bosque e que sofreram muito durante aqueles anos em que a meninada andava armadas com capangas cheias de pedras e mamonas e do indefec vel es lingue pendurado no pescoço. Era um tempo de terror e medo, pois eram as aves, os alvos prediletos da molecada. Hoje, diz ele, o povo respeita mais os animais, ama-os e trata-os como parceiros da natureza. Reclamou muito da falta que anda fazendo a turma que trabalhava na limpeza e manutenção da área. Eram mais de dez pessoas trabalhando diariamente e hoje são poucos e todos munidos de celulares que os distraem, esquecendo o principal, que seria os cuidados com o lugar. Reclamou, também, de um público que frequenta o bosque à noite, à procura de sa sfazer suas necessidades fisiológicas por entre as moitas, desprezando os banheiros que já existem no Bosque, que são poucos e mal cuidados, mas existem. Ah! Observou que lá não é um moitel e que tais frequentadores espalham camisinhas usadas e seus invólucros por todos os lados, o que é uma grande falta de educação e inclusive perigoso. De maneira geral elogiou muito as pessoas que frequentam o Bosque e que demonstram amar aquele pedaço de natureza, tratando com carinho, respeito e atenção a tudo que ali é vida.


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REGINA LACERDA

HOMENAGEM

Regina nasceu na cidade de Goiás, no dia 25 de julho de 1919. Filha do funcionário do Telégrafo Umbelino Galvão de Moura Lacerda e Zenóbia Santa Cruz Camargo Lacerda. Estudou na Escola Municipal e no Grupo Escolar Modelo de sua cidade e formou-se professora pela Escola Normal Oficial de Goyaz, em 1935, onde mais tarde veio a lecionar. Foi professora no Jardim de Infância de sua cidade, na Escola Primária de Corumbá de Goiás e no Ginásio Estadual de Campinas, em Goiânia. Em sua cidade de Goiás, pra cou pintura ao ar livre com Goiandira do Couto, Octo Marques e José Edilberto da Veiga. Fez o curso de Orientação Educacional e Desenho na Faculdade Santa Úrsula, do Rio de Janeiro e diplomou-se na Escola de Belas Artes, em Goiânia. Desde cedo par cipou de movimentos ligados à cultura e literatura em Goiânia e na cidade de Goiás. Foi Diretora da Imprensa Oficial, e do Museu Estadual da Divisão de Expansão Cultural da Secretaria de Educação e Assessora do Departamento Estadual de Turismo em Goiânia. * Ademir Hamú é médico, poeta, escritor e pesquisador.

| Ademir Hamú*

“Em 1956, participou da criação do grupo literário “Os Quinze”, que foi, segundo Nelly, o primeiro grupo a publicar um manifesto em Goiás, em favor da valorização das causas culturais.” Veio para Goiânia, a convite da ex primeira-dama, Sra. Ambrosina Coimbra Bueno, que a conheceu na cidade de Goiás, organizando sessões lítero-musicais dançantes, no Goiás Clube, quando presidente daquela en dade. Em 1952, filiou-se à Comissão Goiana de Folclore na gestão de Cônego Trindade, sendo responsável pelo processo de coleta, estudo e divulgação do material folclórico de Goiás.

Regina Lacerda e Goiandira do Couto pintando às margens do Rio Vermelho, na cidade de Goiás, 1940


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“Regina Lacerda hoje é um nome forte ligado ao folclore do Estado e sua tradições. Deixou um legado imenso sobre este tema em seus livros, "Can gas e Cantares", "Vila Boa, Folclore", com o qual venceu o concurso Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos , na categoria Sociologia. Regina em 1956, par cipou do grupo literário "Os Quinze", que foi, segundo Nelly, o primeiro grupo a publicar um manifesto em Goiás, a favor da valorização das causas culturais. Querida por todos os intelectuais e pessoas simples que muito conviveu, e um dia conversando com Antônio Poteiro este confessou-me que Regina frequentava sua casa e o incen vou em seu trabalho cria vo. Veja o diálogo que colhi: – Você tem que fazer alguma coisa diferente! – Eu faço uns negócios muito feios. O que Regina respondeu: Quanto mais feio, mais bonito eu acho!" Amiga do escritor Bariani Ortencio, e com sua colaboração, apresentou um projeto junto à Secretaria da Educação e

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Cultura de Goiás, para a criação do Ins tuto Goiano de Folclore. Pelo Departamento Estadual de Cultura, publicou, em 1968, o livro "Papaceia" – no cias do folclore goiano. Foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia de Letras de Goiás. Eleita em 1972, ocupou a Cadeira nº 16, hoje pertencente ao escritor Luiz Augusto Paranhos Sampaio, autor de “Crônicas Maliciosas".

“Não se pode falar em Folclore em Goiás e no Brasil sem mencionar o nome de Regina Lacerda.” BARIANI ORTENCIO


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ESTANTE DE LIVROS BARIANI ORTENCIO Livros: presente inteligente! Obra premiada pela Academia Paulistana da História, A Fronteira descreve a Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932, PREÇO PROMOCIONAL partindo do mando dos coronéis de 1930. Caminha pelos seus antecedentes e mostra os conflitos de uma sangrenta guerra civil. R$ ,00 Com estilo narrativo envolvente, comentando a presença da guerra em sua vida de menino e suas conseqüências na vida da população, o autor mostra a rixa entre São Paulo e Minas, a partir da quebra do acordo Café-com-Leite. A Fronteira mostra a guerra de maneira quase intimista. Seu grande mérito é trazer a História para dentro da vida da gente. [...] É um livro de leitura agradável, que intercala capítulos da guerra e do dia-a-dia da cidade, de tal modo a envolver o leitor a partir do apurado estilo de Bariani Ortencio. E, por certo, dos modos mais agradáveis de se ler História, de se aprender História, de se entender o intrigante período da década de 30 do Século passado.

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A FRONTEIRA: REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE SÃO PAULO – 1932 (Minha vida de menino) KELPS 327p.

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MEMÓRIA

19 | Nasr Chaul*

Minha cidade é rima de saudade

Minha cidade é rima de saudade, é voltar ao tempo na memória que se eterniza nas coisas vividas e boas que carregamos no pra sempre de nós. Os casarões, os quintais da casa de meu avô, dos meus os na 20 de Agosto. É ouvir de dentro pra fora o toque dos tambores dos Congos em cada outubro que chega. Sons que ecoam desde o Morrinho de São João, que é São João Ba sta de ba smo mas também o Morrinho da Saudade de m u i to s co nte r râ n e o s , o n d e fi ca a Igrejinha, tudo assim no diminu vo imenso da saudade. Morei nessa cidade em todas as minhas férias até a adolescência, passageiro infan l do “paço do pedrin”, da rua da grota, do Clube Recrea vo, do 13 de Maio, do Colégio Anchieta, do João Neto de Campos e do Nossa Senhora Mãe de Deus; ora correndo do “Mola Faca”, ora ouvindo o alto falante do Empório Tartuci passando músicas e propagandas, antecedendo os filmes no Cine Real, onde sobravam ma nês nos sábados e gibis trocados oriundos quase todos da Banca do Pinduca.

A memória da violência e da fama da cidade Luis Palacin, Juarez Barbosa e eu traduzimos em Livro em 1988. Mandonismo local, crimes de toda ordem, nomes que vinham das histórias ouvidas em família foram sendo processados pela História Polí ca de Catalão. Foram muitas as vezes que ouvia minha mãe rezando pela alma do Antero. Só muito tempo depois pude traduzir toda essa e outras histórias, sempre ao som de um tambor insistente na memória de outubro de minhas lembranças. Tambores de onde ecoam todos os tons, os batuques da África de cá, tambores centenários, definidos pelo tempo, mantenedores de tradições, mesmo que tudo mude e que a infância já nem mesmo encontre correspondência nos lugares por onde passa. Assim, a infância pode até ser asfaltada, saqueada, reformada, os quintais transformados em ruas e avenidas, em casas outras que não aquelas, as árvores e as bananeiras cortadas junto com os bambus que nos davam arcos e flechas, a cidade tenha ficado quase irreconhecível pelo desenvolvimento em nome do progresso...no fundo, confundindo com a ba da do coração sempre vai soar um tambor de qualquer terno de congo, avisando que o Outubro na cidade de Catalão é tempo de Congadas, de Festa de Nossa Senhora do Rosário, de manutenção das tradições mais caras. Outubro acaba sendo a Primavera de todas as saudades, mesmo as que não possam ser vividas de corpo presente. Tudo isso se a Pandemia deixar, claro.

* Nasr Chaul é professor da UFG. Doutor em História pela USP. Membro da AGL, cadeira nº 03.


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CERRADO

| Nilson Jaime*

Quem é o dono do pequi?

Pintura de Helena Vasconcelos

O ano de 2021 se iniciou com uma disputa inusitada, no ciada nos jornais e nas mídias digitais: a qual estado brasileiro pertence o Pequi? A Minas Gerais ou a Goiás? No imaginário do goiano sempre se pensou que Minas é sinônimo de bons queijos, enquanto que a Goiás caberia quase que a exclusividade pela produção do fruto, originário de um prato amplamente apreciado na culinária cerratense. O Pequi, também chamado coloquialmente de “piqui”, “piquiá” e “pequiá, cujo nome cien fico – Caryocar brasiliense,

fruto do pequizeiro, família das Cariocáceas, ordem Malpighiales –, é na vo do cerrado brasileiro e foi descrito por Cambess, em 1828. Suas possíveis origens e mológicas apontam para o Tupi-Guarani Pyqui (py: pele + qui: espinhos), significando “pele com espinhos” (Ferreira, 1986 – Novo Dicionário da Língua Portuguesa); ou do Tupi (peki'i), segundo Embrapa (2005) – Pequi: Taxonomia e Nomenclatura); ou do Tupi an go (peke'i ou peki), de acordo com o Dicionário de Tupi An go: a língua indígena clássica do Brasil, de Navarro (2013). O pequi sempre foi símbolo da iden dade goiana. A poe sa Lêda Selma, escrevendo no Jornal Opção (11/07/2021) sobre o poeta e crí co Gilberto Mendonça Teles – há anos radicado no Rio de Janeiro –, e sua ligação com a terra natal, anotou que o autor de Saciologia goiana “amarela os dedos para saborear pequi”. Sinônimo maior de goianidade não há. Mostra da importância do pequi para o povo goiano é sua presença na literatura, em prosa e poesia: Couto Magalhães, Pedro Gomes, Bernardo Élis, Eli Brasiliense, Leolídio Caiado, Anatole Ramos, Cora Coralina, Amália Hermano, Modesto Gomes e, mais recentemente, Luiz de Aquino em seu blog Pena e Poesia, o incluíram em seus escritos. Mas ninguém o fez como Carmo Bernardes e Bariani

* Nilson Jaime, escritor, é mestre e doutor em Agronomia, membro do Ins tuto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG) e do Ins tuto Bernardo Élis Para os Povos do Cerrado (Icebe).


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Ortencio, dois expoentes da descrição do cerrado e seus correlatos. Aliás, Bariani u lizou-se de seis colunas, ou três páginas, para descrever o pequi em seu Dicionário do Brasil Central (2009, 2ª edição), citando dezenas de outros autores. Os frutos do pequi possuem casca (exocarpo verde, mesmo quando maduros; e mesocarpo externo branco), que envolvem de um a cinco caroços, cujo mesocarpo interno (ou polpa), a parte comes vel, possui cor amarelo-ouro, tendendo ao laranja, com textura oleosa, macilenta e odorífera. Internamente à polpa, e aderida a ela, encontra-se um endocarpo espinhoso, que cons tui grande perigo para os incautos apreciadores, quando cravam desavisadamente os dentes nos caroços. Pequi não pode ser mordido, apenas roído, aprendem as crianças dos sertões cerrados desde tenra idade. Na parte mais interior do caroço, a semente, composta pelo embrião e o endosperma, em forma de amêndoa. Em Goiás, o pequi é consumido de diversas formas: arroz-com-pequi, pequi ao molho e frango-com-pequi, os pratos mais comuns. Os caroços podem ser congelados, ou man dos em conserva ao óleo ou em caldo de limão; ou ainda conservados em forma de polpa raspada, salgada e envasada em frascos de vidro, para consumo fora de época, cuja colheita

se dá entre setembro e novembro, podendo se estender até março. O óleo ob do da polpa é bastante apreciado em algumas regiões, sendo a casca u lizada para a confecção de sabão. Preservado e melhorado pelos povos originários indígenas, e presente em todo o bioma Cerrado, par cularmente nos ecossistemas “cerrado stricto sensu”, e “cerradão”, o pequi é na vo dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Tocan ns, Bahia, Piauí, Ceará, Maranhão e até Pará e Rondônia. Mas qual estado brasileiro é o “dono” do pequi? Aquele cuja população ver mais consciência preservacionista, doravante, resguardando o “cerradinho” e o “cerradão” da devastação ocasionada pelo avanço da agropecuária. Não há pequi sem esses importantes ecossistemas. O pequi é do Cerrado!

Pintura de Wal Curado

COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DE 100G DE POLPA DE PEQUI

(FONTE: Almeida et al.,1998; Cooperjap)

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| Fabiano Olinto* (In memorian ao meu amigo Manassés Aragão)

A pandemia subitamente rompe com a previsibilidade de nossas vidas e nos deparamos com a angus a do isolamento, eis que a arte e a cultura revelam a sua força como possibilidade de sublimação, uma reorganização dos sen mentos de fragilidade de forma cria va e devolvida a realidade. Neste sen do, a música proporciona um movimento de transformação que permite mostrar nossa sensibilidade numa dimensão esté ca real de nossas vidas e reflete a escuta e a degustação subje va do sujeito. A música tem o poder do encantamento e do deleite, porém, na maioria das vezes, se converte a um valor subje vo especula vo, formatada dominantemente por grupos hegemônicos que controlam as mídias e transformam a cultura em mercadoria com normas padronizadas conferindo um caráter fe chista. A ênfase nos mecanismos de captura do sujeito pela indústria cultural através da música permeia entre a sociedade influenciando intensamente o processo de aprendizagem e formação. As manifestações histórico-culturais e a iden dade de uma região são usadas constantemente como

inspiração de obra e de produto cultural, e revela a precarização de conteúdos, influenciados pela padronização dos es los musicais e condição de pertencimento social dentro do grupo. O arrebanhamento de público tem relevância comercial, criando conteúdos direcionados para aumentar as vendas e a ramificação de produtos. Diante deste cenário indagamos: que mundo estamos construindo? Que direção queremos para nossa música e nossa cultura? A música é uma prá ca, uma presença na vida, que nos ajuda e descobrir quem somos, falar sobre a nossa história, resgatar a memória e explicitar nosso sen mento, comportamento e cultura, portanto, não pode ser construída a par r do preconceito, discriminação ou repertórios que banalizam e fragilizam a condição de humano. Da música clássica à viola caipira ou ao rock, ela necessita perpassar pelo campo que abrange o saber crí co e o esclarecimento. A música nos acolhe e nos transporta para os lugares insólitos ou memoráveis. A música vai além do campo sico e espiritual, somos cons tuídos de sons e sen mentos. A ela devemos nosso respeito.

* Fabiano Olinto é históriador e músico da Banda Casa Bizan na.


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A praça e o Bandeirante

| Valterli Guedes*

Há poucos meses, algumas vozes se ergueram pregando a re rada da estátua de Bartolomeu Bueno da Silva da praça localizada na confluência das avenidas Anhanguera e Goiás, no centro de Goiânia. Argumento central: o “Anhanguera”, diabo velho no idioma dos na vos, cometera muitas atrocidades na região onde seria implantado o Estado de Goiás. Não só ele, mas muitos outros das bandeiras exploratórias, em busca de riquezas e não de implantar a chamada civilização, fizeram o diabo. Aliás, logo após a chegada das três caravelas, ocorreu o início as atrocidades. Começaram com uma primeira missa e veram con nuidade com a “catequização” das nações que iam encontrando. Elas nham suas próprias crenças. Desde então, as violências, que incluíam prêmios pelo extermínio (recompensa de valor crescente a cada orelha de “indígena” aba do), prosseguiram e ainda agora recrudescem. Todas as reservas criadas sofrem ataques, com o beneplácito do atual governo. Há cerca de 40 anos, numa conversa paralela enquanto entrevistava o presidente do MDB, deputado Ulisses Guimarães, o “Senhor Diretas” falou-me de um discurso que pronunciou na praça “A lio Correa Lima”, o urbanista diplomado em Paris que fez o papel mais tarde desempenhado por Lúcio Costa e Oscar Niemayer na construção da nova Capital brasileira. O orador representou o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito de São Paulo. * Valterli Guedes é presidente da AGI.

Mas, por que mo vo os estudantes da tradicional faculdade encomendaram ao ar sta plás co Armando Zago a estátua, inaugurada no dia 9 de novembro de 1942, em plena ditadura do Estado Novo? Dr. Ulysses explicou que foi uma estratégia para salientar a existência do movimento estudan l. Como assim? Bem, apoiando o que o País nha de avançado e modernizador naquela quadra de sua História: a construção da cidade que imortalizaria Pedro Ludovico Teixeira. Então, no meu modo de pensar, só esse detalhe histórico jus fica a preservação da estátua.


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MEDICINA POPULAR

| Bariani Ortencio*

A magia da Medicina Popular “Se a medicina se dedicasse mais a estudar as plantas, teria na própria natureza respostas para muitas de suas perguntas e poderia, inclusive, aperfeiçoar os tratamentos e ate qualificar melhor as dosagens a serem aplicadas.” “A doença e a cura estão na natureza e um bocado de mis cismo não faz mal a ninguém. Apegarse a amuletos, patuás e simpa as cura, no mínimo, o espirito. Esse é um bom começo para combater as doenças." “A maioria das doenças está na cabeça das pessoas. Portanto, essa é uma medicina de fé e crença. As plantas tem o poder cura vo mesmo, mas a confiança que se deposita nesse remédio alterna vo tem uma carga muito importante. “A medicina alopá ca não cura quebranto, espinhela caída, estupor, cobreiro, mas o benzedor ignorante, analfabeto, com rezas ininteligíveis, “cura" como num passo de mágica, bastando um raminho de arruda

ou de Guiné para a ges culação das orações." “Proliferam o uso da flora e fauna, as folhas, as raízes, as cascas e entrecascas, grãos, seivas, sumos, essências, frutos, sementes, resinas, flores, caules e a contribuição animal com os mais exó cos meios: moela de Ema, sebo de Carneiro, sebo de Boi, gado de Urubu, chocoalho de Cascavel e até excrementos, como bosta de Coelho, de cachorro; banhas de Galinhas, de Capivara, de Tartaruga, de Sucuri, de Arraia, de Jibóia”.

Benzedeira e raizeira Como uma pessoa que convive e sente o mundo vegetal, sua força, energia e magnetismo com toda plenitude, gostaria de ver essa geração mais moderna também participando do mesmo sentimento de amor pelas plantas, valorizando este rico conhecimento. Tenho 75 anos e estudo ervas medicinais há 60. Planto, colho e as uso para buscar a saúde física e espiritual com respeito e as trato com

| Lenísia Septímio*

muito carinho. Os chás tradicionalmente aceitos como meio de alívio para as dores humanas, insônia, depressão, dificuldades circulatórias, digestivas e relacionadas as conexões cerebrais têm sido usados há milênios pelos mais diferentes povos e sempre com excelentes resultados. Como benzedeira e raizeira aconselho as mães e avós com todo cuidado utilizem as plantas no tratamento dos seus entes queridos.

* Lenísia Sep mio é etnobotânica, raizeira e benzedeira. E-mail: lenisiasep mio@gmail.com.


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MUSEU AO AR LIVRE

25 | Nilza M. Brito*

Praça Universitária A arte nos espaços públicos é, simultaneamente, meio de reflexão e lugar. (CARTAXO, 2009).

concre zou em 1969. Com o advento da instalação das universidades, a praça se transformou num espaço de manifestações culturais, sociais e polí cas. Em 1983, foi promulgada a lei que alterava o nome da Praça Universitária para Praça Hones no Guimarães. Em 1995, um museu ao ar livre começou a ser idealizado pela Marchand Maria Célia Câmara. Projeto proposto pela Associação dos Escultores de Goiás, com o nome de Projeto Memória em Praça Publica, dos ar stas Homem de Deus e Márcio Mar ns. A instalação foi finalmente possível, mediante a criação da lei de 23 de dezembro de 1996, que criava o Museu de Esculturas de Goiânia implantado em 2000 com o apoio da AEGO - Associação de Escultores de Goiás. O Museu comporta atualmente, 24 esculturas e 2 painéis e é formado com esculturas de produção livre com materiais e técnicas mistas e diversas.

Desenho da Praça Universitária em Goiânia teve inspiração no curso de um rio curvo

Em 1967 toma corpo a proposta da construção de uma praça, no espaço entre o que viria ser as Universidades UCG e UFG n o a n go S e to r B o ta fo go, d e p o i s conhecido como Setor Universitário e oficialmente, hoje, Setor Leste Universitario. O Arquiteto Waldemar Cordeiro e Elder Rocha Lima foram escolhidos para desenvolver o projeto e a construção da praça que, por fim, se * Nilza M. Brito é professora de História.

Foto: Nelson Santos

Fonte: O Popular

Narcisa Cordeiro, Miguel Jorge, Neusa Moraes, Antonio Vieira, Júlio Valente, Lara Luiza de Oliveira e José Neinstein


MUSEU DE ESCULTURA AO AR LIV

Fonte: Catálogo Goiânia para conhecê-la mais, Sesc-GO.


VRE - GUIA PRÁTICO DAS OBRAS Praça Universitária - Goiânia-GO


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LITERATURA – MIGUEL JORGE

Em busca do coração no sábado à noite geografia ín ma dos protagonistas metaforiza o panorama mul fário que cons tui a geografia ín ma e o território que as abriga.” Os capítulos do livro in tulam-se “Paisagem” e têm sub tulos poé cos como “A casa pintada com cores amarelo e branco” e “Paisagem noturna sem retoques”.

Caro Miguel Jorge, Postei uma foto da capa do livro e escrevi o texto abaixo. Abraço grande, Raquel Naveira. Chegou de Goiânia o romance “Em busca do Coração no sábado à noite” (Cajazeiras/PB: Arribaçã, 2020), de Miguel Jorge. No prefácio, escreveu Ronaldo Cagiano: “Nesse romance pungente e visceral, Miguel Jorge faz uma profunda imersão no microcosmo de Goiânia, cidade tomada como paradigma para uma peculiar reflexão sobre buscas, des nos e conflitos, ao mesmo tempo em que o mergulho na

Notícias sobre um livro Enéas Athanázio, julho de 2021. Acabo de retornar de uma viagem pela obra literária de Miguel Jorge. Escritor goiano de nome consagrado, é romancista e con sta de mérito, tendo merecido louvações de Carlos Nejar, Ronaldo Caggiano e outros expoentes de nossas letras. Nejar, o celebrado poeta, membro da Academia Brasileira de Letras, escreveu que o goiano é o romancista dos subterrâneos do ins nto e das escurezas do crime e cas go, avizinhando-se da literatura la no-

Cidade dividida ao meio; confusão contemporânea de drogas, riscos e medos; dramas familiares, "pois toda família é um perigo iminente"; ero smo nas frené cas noites de sábado; a humanidade com seus caminhos de maldades e busca de redenção. Zélia, Raul, Zeno, deputado K, Mara Rosa... personagens da mul facetada Goiânia, estrela do cerrado. Todos com sonhos e angús as. A linguagem é trabalhada, lírica e afiada, como neste trecho: “Melhor não pensar mais. Apenas imaginar a imensidão dos céus, na sua finitude de azul e branco. Bom mesmo é acreditar nos santos, nos anjos, em seu modo de voar dentro dos nevoeiros.” PS: Lembrando que o escritor Miguel Jorge nasceu em Campo Grande/ MS.

americana quanto a certo clima mágico e surreal. Autor de romances e contos, reuniu no volume “A Fuga da Personagem” (UFG – Goiânia – 2016) um punhado de histórias curtas. Destaco dentre eles o conto- tulo por várias razões, a começar pela curiosidade que o próprio tulo desperta. É um conto cria vo e ins gante. O nome da personagem é Maria Paula e, como toda personagem ficcional, foi criada pelo autor. Ele lhe deu nome, face, corpo, personalidade. Mas um dia constatou, perplexo, que a personagem havia fugido das páginas do livro e se revoltado contra o autor.


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MEDICINA

| João Joaquim*

Coração de namorado Encerrado e bem protegido dentro do peito está o coração – centro de vida e seio de todas as emoções. Este órgão-olímpico, infa gável, implacável; é também o símbolo de nossos sen mentos. Deste o mais constru vo, o mais universal, o mais prodigioso é o amor. Vamos refle r um pouco sobre a magnitude, a grandiosidade, a importância do coração para a nossa vida, para a perenidade da espécie, na simbologia do amor. No complexo e harmonioso sistema orgânico animal é o único órgão que trabalha incessantemente, enquanto todos os outros órgãos dormem o coração não pode rar se quer um cochilo. Basta lembrar que o coração contrai em média 80 vezes por minuto, 4800 vezes por hora. Um verdadeiro campeão olímpico, que mantém acesa a tocha da vida, no estrito cumprimento de manter cada órgão são e salvo que dele tanto depende de oxigênio e os mais puros nutrientes através do sangue arterial. Desta intrincada harmonia entre os órgãos regida pelo coração

depende a saúde integral, a vida na sua jornada esplendorosa, bela e fascinante. O coração é, de todos os órgãos, o que mais compromisso tem com a vida e com a eternização da espécie animal e humana. Tomemos como exemplo: re rado de seu invólucro torácico e transplantado a outra pessoa, lá se revigora, se remoça e no mesmo pulsar de antes transforma esta pessoa em sua ameaçada jornada de vida em um novo ser com os mesmos sonhos, emoções e gosto de viver. Além desse compromisso fisiológico com a vida, o coração tornou-se o símbolo do amor, da emoção, da amizade e ligação afe va entre os seres. Nada mais benfazejo e salutar ao coração do que a posi va e afe va emoção entre duas pessoas, seja na amizade, na solidariedade, na fraternidade ou no amor conjugal. O coração, nessa sublime missão de aliança e troca amorosa entre duas pessoas, tem o papel de mover mundos, de mul plicar as pessoas, de entrelaçar o homem e a mulher sem que estes, às vezes, antevejam, prevejam essa fér l e emo va união em favor da con nuidade de uma terceira pessoa (filho) que desta parceria possa vir. Por tudo isso o coração, seja no seu mister de guardião da vida, seja na promoção e fiel depositário do amor, tem suas razões que a própria Razão até hoje não soube desvendar.

* Dr. João Joaquim é médico cardiologista, escritor e cronista do Diário da Manhã.


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Horóscopo Lua Selva*

Áries Barraqueiros do Zodíaco. Têm fama de mal, mas é exagerado, não têm tempo pra isso, o ariano que te machucou provavelmente não lembra mais nem quem você é. A vida é muito curta pra ficar parando pra pensar e arquitetando maldades.

Gêmeos Conversa muito mesmo e vai con nuar conversando, é o que eles mais gostam de fazer. Não, eles não vão te dizer de onde raram aquela informação aleatória que lhe deram porque eles não lembram, foi em algum dos 200 ted talks que viram esse mês. Sempre entende a linguagem dos jovens e os memes do momento.

Leão É di cil pro leonino ver as pessoas por si só e não como projeções das suas expecta vas. Mas a sua capacidade de distribuir amor e atenção para aqueles que fazem parte do seu grupo é um dos maiores mo vos pelo qual as pessoas o seguem. Têm fama de di ceis, mas não são, é só dar amor e atenção que eles ficam sa sfeitos e fazem tudo por você.

Touro Vai fazer tudo no tempo dele, parem de tentar apressá-los ou convencê-los a fazer as coisas do seu jeito. Gosta das coisas bonitas, inclusive as pessoas ao redor. Ó mo amigo, você tem que fazer muita bobagem pra ele te largar.

Câncer O maior erro da sua vida vai ser se aproximar de um canceriano como se ele fosse um ser delicado e impassivo. O maior turrão do Zodíaco, vai bater de frente com você sim se ele achar que você está sendo idiota. Sobrevive a tudo, aguenta tudo, mas tem que parar de se colocar em situações desagradáveis só pra provar um ponto.

Virgem É chato porque vê as coisas que você está querendo ignorar e fingir que não existe. É perfeccionista e provavelmente sofre com a inveja alheia. Tem que aprender que nem todo mundo gosta de encarar e corrigir seus defeitos, muita gente prefere negá-los e fingir que são perfeitos.

* Luana Selva, psicóloga e astróloga, faz atendimento terapêu c e mapa astral. Interessados entrar em contato pelo WhatsApp 62. 98233-9903 ou siga no instagram: @luaselva.


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Libra Elegante, bonito, ar culado, social, agradável. Tantos pontos fortes que na in midade são completamente diferentes. Pare de achar que o libriano gosta de você, ele apenas está sendo simpá co e educado. Os amigos de verdade dele lidam com alguém que adora debater, discu r possibilidades intermináveis e precisar de 7 dias úteis para tomar uma posição (eles precisam pesquisar todas as possibilidades). Mas são bonitos e inteligentes e isso é di cil de resis r.

Sagitário As pessoas amam os sagitarianos porque eles são inteligentes, engraçados, cultos e "leves". Essa leveza toda chama fobia à: co m p ro m i s s o, re s p o n s a b i l i d a d e e in midade. Esse medo todo faz com que eles estejam sempre em aventuras e sejam interessantes, portanto que você não queira nada com eles. Quem inicia qualquer coisa na vida do sagitariano é ele, do contrário ele foge. Mas sim, são muito interessantes

Aquário Original, inteligente, interessante, ar culado... quase nos faz esquecer o tanto que é teimoso. O aquariano é rebelde com as ideias dos outros e bastante conservador com as suas. Não adianta explicar as coisas pra ele, ele gosta de aprender por si só. Em grupo, com o qual se iden fica, é a pessoa mais generosa e presta va que existe.

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Escorpião Outro com má fama por c o n t a d e exa g e ro s . É s ó d e i xa r o escorpiano em paz que ele vai lhe deixar em paz. Por favor, não pergunte nada pra eles se você não es ver preparado para respostas honestas e intensas. Um bom amigo, você pode fazer todo po de besteira (portanto que não com ele) que ele vai te ajudar a sair dela. Quem diz que escorpiano só pensa em sexo nunca viu ele lidando com dinheiro.

Capricórnio O mito do capricorniano sério e entediante tem que parar, eles costumam ser as pessoas mais irreverentes do Zodíaco, quando não são completamente doidos. A seriedade aparece quando o assunto é trabalho e eles são sim, incrivelmente responsáveis. Não fale coisas a um capricorniano sem pensar, eles são daqueles que ainda levam a palavra e as promessas à sério.

Peixes Senhores do caos, os piscianos entendem sobre aquelas coisas entre o céu e a Terra que ninguém mais entende. É melhor gastar seu tempo tentando entender a lógica deles do que ensinar lógica normal. Capazes de sen r todas as dores e prazeres com você e se diver r e diver r os outros com seu senso de humor sem igual.


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ctSoIdAa OP OE JALAPÃO Leonardo Carmo

Se eu pudesse me chamaria João e pregaria sermão em alemão ou seria sem pernas e sem mãos semeando no sertão arroz carne e feijão na sombra do seu doce de algodão seu eu pudesse escreveria sobre cinema de invenção godard na câmara filmando pravda é uma ilusão mas a vida é dor e poesia não uma dissertação se ninguém soubesse onde é eu fugiria para o Jalapão e sobreviveria da oração do vento e amor do seu coração

VIVO EM GOI Itamar Correia e Leonardo do Carmo Editora Oriente, 113 p. À venda no mercado livre.com

IMPRESCINDÍVEL AMOR Ivanor Florêncio


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HISTÓRIA

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| Jales Guedes Coelho Mendonça*

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O resgate de um predio esquecido Foto: Acervo de Marco Antônio Veiga

A narra va histórica sobre a mudança da capital de Goiás, efe vada na década de 1930, geralmente enfa za bastante o sucesso da construção de Goiânia, mas desconsidera, com a mesma intensidade, a situação a que restou subme da a então bicentenária Cidade de Goiás ante a transferência da sede administra va estadual. É nessa perspec va de silenciamento que um belo prédio edificado no Largo do Chafariz – ao lado da Casa de Câmara e Cadeia, o icônico prédio colonial da an ga capital –, acabou ruindo, soterrando consigo páginas relevantes da memória goiana. Construído no início do século XX pelo esforço dos sócios do Gabinete Literário Goiano, o sobrado foi adquirido pelo Estado de Goiás em 1920 e poucos anos depois passou a sediar as Faculdades de Farmácia e Odontologia, experiência quase completamente desconhecida, mesmo entre os profissionais de saúde da região.

Prédio da Faculdade de Farmácia que ficava ao lado do Museu das Bandeiras

Os aludidos estabelecimentos de ensino superior terminaram fechados logo após o triunfo da chamada Revolução de 1930, repe ndo-se assim o ocorrido anteriormente com a Faculdade de Direito de Goiás, liquidada em seguida à vitória da denominada Revolução de 1909 – esta de escala estadual. Do fechamento das Faculdades de Farmácia e Odontologia à ruína do imóvel em es lo suíço foi um sopro. Urge, portanto, o resgate não apenas do prédio esquecido como também dos vários eventos edificantes sucedidos em suas dependências.

* Jales Guedes Coelho Mendonça é promotor de Jus ça, presidente do IHGG e doutor em História/UFG.


Nelson Santos*

Em meus 35 anos como repórter fotográfico da Cultura, reconheço que o patrimônio histórico é importante, mas o patrimônio humano é mais importante ainda: essencial. Antolinda B. Borges - Viva Tia Tó!!!!

Campanha do Reconhecimento da cidade de Goiás como Patrimônio Histórico Mundial da Unesco, 2001

Representantes da cultura goiana na 10ª Bienal Internacional do livro de São Paulo, 2008

Bariani visitando Drummond, Rio de Janeiro-RJ

Incêndio da igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário de Pirenópolis, em 2002

Enchente do Rio Vermelho, a cidade de Goiás, 2011


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´ CARTA DO ARTISTA PLÁSTICO OCTO MARQUES ´ ´ AO MÉDICO E ESCRITOR CESAR BAIOCCHI Ubirajara Galli*

Quando escrevi a biografia do querido amigo e confrade na Academia Goiana de Letras, Cesar Baiocchi (1928/2015), ele me confiou o olhar e a guarda de alguns documentos do seu vasto acervo. Entre os quais, a carta que ele recebeu do seu conterrâneo e amigo, o talentoso Octo Marques (1915/1988), há quase 41 anos. Pela importância histórica da carta, reveladora de atos existenciais, sobretudo, pictóricos de Octo, segue abaixo transcrita: Cidade de Goiás, 10 de agosto de 1980 Querido amigo Cesar. Escrevo-lhe para levar a você, esposa e filhos as minhas úl mas no cias e também solicitar de sua parte alguns “suaves” favores. Aqui, estou, ainda como um pintor solitário, mas sempre fiel aos nossos sen mentos emocionais, ligados à história local, a literatura, imprensa, etc. Recebi prazerosamente falando a visita relâmpago do seu velho e inteligente papai, o bravo Colombo bicicle sta, alfaiate dos idos e vividos, e pessoa que tanto venero. Ele está bem de saúde? Cesar, não sei como você vai poder ler esta minha singela missiva. Reconheço as a vidades múl plas que o prende à vida. Tanto como médico, quanto como român co que somos nesse nosso Goiás prenhe de indiferentes às causas da cultura. Cultura que se fala por aí, resume-se, apenas, em plantar roças, colhê-las, vender os produtos delas ob dos, e afinal, morrer de barriga vazia. Isso, compreenda-se, no que tange ao lavrador legí mo, aquele que cuida do solo, mas os atravessadores deixam-no em situação de penúria, embora resignado e forte para con nuar novamente a preparar uma outra seara. Assim, portanto, estou vivendo os restos dos meus dias. Plantei, semeei, e quase nada colhi, de suficiente economicamente dizendo, enquanto os marchands, sanguessugas de minhas singelas produções ar s cas, tanto aqui, quanto na metrópole goiana, estão vivendo em excelentes posições, faturando milhões, autopromovendo-se, a todo instante, etc. Meu livro, Cesar, esgotou-se na sua primeira edição, penso em reeditá-lo para o ano vindouro, caso *Ubirajara Galli é presidente da AGL.

você, o pessoal da UBE me ajudarem. Mas, vamos devagar com o andor, porque o santo é de ferro... Aqui estou manifestando o desejo de realizar o plano que eu trouxera de São Paulo, em 1938. Lá, frequentei as melhores pinacotecas, convivi com intelectuais de valor, tanto na capital como em Campinas, e eternamente pensando em repe r aqui, no nosso estado, o que um Benedito Calixto, um Hercule Florence, um Almeida Júnior, um Oscar Pereira da Silva, um Wasth Rodrigues, etc. fizeram em prol do ressurgimento histórico da heróica Pira ninga. Aí, em Goiânia, eu, o Neddermeyer, Brasil Grassini, Jorge Félix de Souza, Agnelo Fleury Curado, Jason Santana, Caetano Somma, ..., etc. labutamos por esse ideal, mesmos vencidos na época, pelo mis cismo que ainda persiste em nossa terra. Não sei, Cesar, se sou mito. O autodida smo está desaparecendo no mundo. Hoje, em dia, só vale quem cursa ou cursou as academias. Por acaso Miguel Ângelo, Rafael, Goya, Ticiano, etc. nos seus tempos, aprenderam a pintar e esculpir nas universidades? Eles foram ou não foram simples autodidatas? Quero, Cesar, que você encabeça uma lista de adesões, junto aos nossos amigos, aí em Goiânia e Brasília, proporcionando-me, urgente, o seguinte: uma prancheta de desenho, com banquinho; um cavalete de descanso; uma máquina de fazer esquadrias (pra moldurar quadros, fazer chassis, etc.); inclusive três mil cruzeiros em dinheiro, para terminar as instalações do meu atelier de artes, aqui em casa, no Largo do Moreira, sim? Pretendo inaugurá-lo em outubro, nas festas Rosarinas. O meu rancho paterno está como o segundo ponto turís co de Vila Boa. Aqui em casa, eu vou produzir trabalhos em cerâmicas, expor meus desenhos e quadros e esperar sua visita pessoal nessa ocasião. Abraços do Octo Marques da carta fac-similado Fragmento

– Acervo de

Ubirajara

Galli


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Colaboração: Cida Borges


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CULTURA POPULAR

| Jadir Pessoa*

Encantados... e ambientalistas Nas cinco regiões, o Brasil é pródigo em exemplos e a Car lha do Folclore Brasileiro, de Bariani Ortencio, registra os casos mais emblemá cos dos Encantados ou “entes f a n t á s c o s ”, a s s i m entendidos porque são criados pelo imaginário popular, mas são “entes”, ou seja, na linguagem do povo interiorano ganham forma e v i d a m u i to co n c reta s . Caipora Provocam medo nas pessoas por suas figuras estranhas, em geral, fazendo uma mistura de homens, mulheres e de animais. Mas o que ainda não está devidamente entendido e assumido nos estudos folclóricos é que essa expressão fantasmagórica dos Encantados é concebida justamente para afugentar das matas e dos rios aquelas pessoas que não respeitam a natureza. As intervenções costumeiras desses “entes” visam proteger as matas dos caçadores cruéis e proteger os rios dos pescadores gananciosos, aqueles que sempre querem encher a canoa de peixes. É como diz Bariani Ortencio em sua car lha sobre o caapora ou caipora: “Protege a caça, os animais do mato e persegue os caçadores e malfeitores da Natureza” (p. 157). Assim se comporta

também o Mapinguari nas matas de Rondônia, conforme aprendi com um outro Bariani, Valter de Oliveira Bariani, no livro A morte do Mapinguari. Ele é meio homem, meio macaco peludo gigante, com um olho na testa e uma boca grande na barriga. Seu que fazer predileto é comer caçadores, mormente os que saem para caçar aos domingos e dias santos. Éh! Os bichos também têm seus dias de “descanso”. Entre os ribeirinhos rondonienses os serões de vizinhos são sempre divididos entre quem já viu e quem não viu o Mapinguari. “Bão, acreditá ninguém é obrigado” (p. 46), diz Vô Dito, contador de causos e personagem de Valter Bariani. Pelo sim, pelo não, ainda há tempo para aprendermos esta importante lição da cultura popular: a natureza tem suas regras e elas precisam ser observadas.

Mapinguari

* Jadir Pessoa é membro da Comissão Goiana de Folclore e Sócio Titular do IHGG.


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HISTÓRIA

| Ademir Luiz*

Pio Vargas, 30 anos depois Em 2021 completou 30 anos da morte do poeta Pio Vargas. Seu nome precisa sempre ser lembrado. Pio Vargas costuma ser comparado com o poeta francês Rimbaud. Os dois poetas foram garotosprodígio, produzindo poesia de inegável qualidade, mesmo sendo muito jovens. A obra oficial de Rimbaud foi escrita, aproximadamente, entre seus 15 e 20 anos, a de Pio Vargas entre 15 e 25. Ambos saíram de cidades pequenas para se destacar na vida cultural de suas respec vas capitais. Os dois eram gregários, falastrões, iconoclastas e carismá cos. Compar lhavam o desprezo pelos medalhões da cultura. Foram ao mesmo tempo mestre e discípulo de poetas mais velhos, Verlaine para um e Lourenço para outro. Finalmente, ambos veram mortes precoces em função da vida de excessos. Os dois publicaram a obra-prima em vida e, de figuras incômodas, tornaram-se mitos literários póstumos. Pio Vargas nha dezenove anos quando lançou seu primeiro livro, Janelas do Espontâneo, em 1983. Considerado

uma promessa, sua estréia chamou atenção. Em 1989 publicou o livro que marcaria sua maturidade ar s ca: Anatomia do Gesto. Tinha vinte e cinco anos. A obra foi vencedora da edição de 1988 do Prêmio Bolsa de Publicações José Décio Filho, promovido pela UBE – GO em parceira com o CERNE (Consórcio de Empresas de Radiodifusão e No cias do Estado). Foi sua obraprima. Morreu dia 08 de março de 1991. Obviamente é i m p o s s í ve l s a b e r s e permaneceria sendo sua obra-prima. Ar stas que morrem jovens tornamse eternas incógnitas. Ficamos imaginando o que poderiam ter realizado se vivessem mais. O que escreveria Rimbaud se não vesse abandonado tudo para ir traficar armas na África? Lorca se tornaria um poeta do/no exílio se não vesse se tornado um már r polí co? Se Marlowe não brigasse naquele bar poderia ser um rival à altura de Shakespeare? O que mais poderia ter feito a soberba poe sa Sylvia Plath se a ar sta vesse sobrevivido a si mesma? Perguntas sem resposta. Pio Vargas par u, mas Pio Vargas vive!

* Ademir Luiz é presidente da União Brasileira de Escritores de Goiás.


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HISTÓRIAS DE JARAGUÁ

| Adélia Freitas*

A lenda de Chica Machado

Chica Machado e Padre Silvestre criança

Conta a lenda que a mãe do Padre/ Deputado Silvestre Álvares da Silva era uma escrava muito poderosa, muito rica amada e respeitada por todos. Ela comprou e alforriou mais de 100 escravos, especialmente, os mais doen nhos, os mais judiados. Era amada e respeitada na Mina de ouro chamada Cocal, no norte de Goiás, hoje área próxima a Niquelândia, onde fez história e fortuna. Os negros dela jogavam ouro em pó para ela pisar quando começava a missa. Ela, Francisca Machado, e o português comerciante Manoel Álvares da Silva veram seis filhos. Dentre eles Padre Silvestre Álvares da Silva e Padre Manoel Álvares da Silva. Ambos nasceram na mina de Cocal, mas foram levados para Jaraguá aos sete anos, onde fizeram seus estudos iniciais. Chica Machado, a mãe, ficou na memória do povo cocalense por quase 300 anos e todos se sentem honrados por ter estas personalidades de relevante atuação na história de Goiás.

Dermatologista –


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CRÔNICA

| Hélio Moreira*

Batistão correu da mula sem cabeça no tocantins

Peço, antecipadamente, desculpa aos meus leitores se a história que proponho a contar não merecer credibilidade, porém, para atenuar minha falta de cortesia, devo adiantar que a ouvi do meu amigo Ba stão e apenas passo-a para frente. Ba stão, como muitos dos meus leitores que já o conhecem, sabem, não tem o costume de men r, apenas gosta de aumentar um pouco o enredo dos dramas que a vida o obriga a representar; existe um ditado popular que aplica bem à personalidade do Ba stão – “ O povo aumenta, mas não inventa”. Conto-lhes o sucedido: Dias destes, de repente o Ba stão apareceu na Santa Tereza; como sempre, chegou cheio de “moral” com os demais peões da Fazenda, contando sobre suas andanças e seus feitos; ao vê-lo percebi, de longe, que ele havia tomado alguns goles da

“maldita”, porém, sem torná-lo inconveniente, pois segundo ele, bebe apenas “para espantar algumas tristezas que vão sendo acumuladas durante nossa passagem pelo paraíso que herdamos do pai Adão”. Estava bem-ves do, calça de tecido caqui de cor cinza, bo na rangedeira de cor amarela, camisa listrada e de mangas compridas, chapéu com aba “quebrada” na testa, bem barbeado, dando relevo à “costeleta” que era de base inferior larga, terminando perto do queixo. Por onde você tem andado Ba stão? Dotor, es ve lá prás bandas da sua Fazenda no Tocan ns, aporém, não cheguei lá, meu compadre Marrequinho foi tomar conta de umas terras lá no alto da Serra do Monte do Carmo e me convidou para passar uns dias com ele; foi tanto tempo de recordação do nosso passado de estripulias que acabei ficando quase seis meses; só voltei porque a caninana da minha mulher me descobriu e exigiu que eu voltasse, não ve escolha, voltei! Aporém, bem contrariado! Para dizer a verdade, estava mesmo com vontade de voltar, pois fazia tempo que não passava tanto medo; naquelas bandas, como o senhor deve saber, existe muita assombração e cheguei a ver algumas. Fazendo um parêntese, preciso dizer que o Ba stão é o homem mais medroso que conheço, tem medo até da sombra; algumas vezes, meus netos, sabendo desta sua inquietação a respeito deste assunto, contava-lhe histórias de assombração e nestas oportunidades via-o completamente assombrado; em uma destas noites ele não conseguiu voltar para sua casa, dormiu, só

* Hélio Moreira é membro da Academia Goiana de Letras e do Ins tuto Histórico e Geográfico de Goiás.


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fiquei sabendo no dia seguinte, no alpendre da nossa casa. – Ba stão, você viu assombração? Como foi? – Ver mesmo, não vi, mas o compadre Marrequinho garante que viu uma mula sem cabeça, que era sua vizinha; só de falar nisto me arrepio desde a ponta do espinhaço até o finzinho do dedão; Ba stão olha de soslaio, para o Baiano que está do seu lado e este vira o rosto, evitando ser encarado. Sei lá, deve ter pensado ele, de repente o Ba stão apanhou algum quebranto por lá e... Como vocês devem saber, fala Ba stão, com a segurança dos que sabem o que estão dizendo, as mulheres que abusam da inocência do vigário, que apesar de ser santo é feito de carne e osso e esta, sendo fraca, cede aos prazeres que lhes eram proibidos pelo seu o cio de resis r à tentação. Todas estas mulheres viram mulas sem cabeça nas sextas feiras da quaresma, como cas go de Deus. Compadre Marrequinho me contou, e ele nunca me men u, que viu uma destas assombrações correndo pelas ruas do arraial, batendo as ferraduras no chão, levantando faíscas e soltando fogo pelos olhos e pela boca. Mas, se era sem cabeça, acumo ela solta fogo? Quis saber um dos par cipantes da roda, o até agora incrédulo Pachequinho. – Num sei não, compadre Marrequinho me disse que ela tem uma espécie de desenho de olho e de boca, na frente do peito, entre as duas patas dianteiras. Notei que Pachequinho não ficou muito convencido com a resposta, porém, parece que não quis teimar para não bancar o São Tomé (ver para crer!) A mulher que irá se transformar em mula sem cabeça, levanta-se a meia noite, salta uma janela, corre para o pasto e escolhe o local onde esteve deitada uma mula, ra toda a roupa e rola na cama do animal; há neste momento um barulho infernal, um bode berra e a mulher se levanta na pele de uma mula e sai em disparada, dando coices no ar. Compadre Marrequinho, por conhecer a história da sua vizinha, me convidou para ir,

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com ele, assis r há transformação; embora com medo e um pouco curioso para ver aquele pedaço de mau caminho rar a roupa no pasto fui, para mostrar que amigo não deixa o outro na chapada. Pouco antes da meia noite, estávamos escondidos atrás de um cupim, perto do local aonde vimos uma das mulas da fazenda deitada naquela tarde; compadre Marrequinho deu-me as úl mas instruções: – Não deixe, de maneira alguma, ela ver as suas unhas, cruze os braços e coloque as mãos debaixo do sovaco e, também, não abra a boca para ela não ver seus dentes, se acontecer dela enxergar estes dois objetos, só Deus pode nos salvar. De repente apareceu a desgramada da vizinha, olhou para a lua e começou a rar a roupa sem pressa, peça por peça. Ai meu, Jesus amado, comecei a ficar meio anestesiado ao ver aquela belezura, um ven nho fresco e sem bravura movimentava seus cabelos encaracolados, parece que ouvia o seu sussurro batendo de encontro daquele corpo que o diabo organizou para infernizar a vida do freguês, de repente a diaba, da vizinha deitou-se na cama da mula e começou a rolar de um lado para o outro, em seguida ouvimos um estrondo e a aquela belezura se transformou num monstrengo. Sem olhar para trás principiei a correr no rumo do curral, com a pressa me esqueci das recomendações do compadre Marrequinho e com as duas mãos agarrei na taboa e, de um galeio pulei, sem lembrar de esconder a unha e os dentes. Ainda estava tentando me levantar do chão, quando ouvi um urro, que quase me deixou surdo, ni que eu olho para trás, vi o que restava da vizinha, uma mula sem cabeça, dando coice para tudo quanto é banda, um deles me a ngiu o peito e só me lembro que vi o compadre Marrequinho, com as mãos debaixo do sovaco, tentando me acordar na base do chute, para voltarmos para casa. Acho que foi cas go o que aconteceu comigo, não nha nada que cobiçar a mulher do próximo.


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GASTRONOMIA

| Humberto Marra*

Adoçando a vida É com imensa sa sfação que contribuímos com esta edição do Almanaque Ins tuto Cultural Bariani Ortencio. Parabenizamos este instrumento lúdico e com pitadas de nostalgia que faz sua contribuição rumo à manutenção da Cultura e Tradições Goianas. Para a doçar essas linhas convidei Rosa Alzira Mendonça que compar lha uma democráca receita de festa: O pão de ló. Uma receita para celebrar. Sabemos ao certo que a h i stó r i a d o d o c e g o i a n o contemporâneo em Goiânia e Goiás está diretamente ligada com o trabalho de Dona Rosa. Ela é a idealizadora e fundadora de um sonho: uma confeitaria e casa de chocolates à altura das grandes casas de Pa sserie internacionais: a Sonhomeu Chocolates, em Goiânia. Rosinha é uma “mulher incrível que esbanja amor, dedicação e carinho a todos que estão a sua volta. Amorosamente ela conseguiu t ra n s fo r m a r c o n fe i t a r i a e m a r t e , sensações em sabores únicos, verdadeiras obras de arte que fazem tão bem para os olhos e para a alma”, relatam seus clientes e colaboradores. Professora inquieta, lecionava e criava verdadeiras delicias doces para presentear amigos e familiares. Os adeptos dessas novidades aumentaram e o passatempo virou negócio. Em 1986 Rosa inicia sua confeitaria e casa de chocolates. * Humberto Marra é cozinheiro goiano.

Com o surgimento da Sonhomeu, o segmento de doces, chocolates e festas ganhou mais um brilho. Seus doces finos, chocolates elaborados, bolos e tortas para festa embelezaram e enriqueceram as comemorações da cidade.E foi assim, que seus produtos feitos artesanalmente e com muito carinho, conquistaram o paladar dos goianos. Mas Rosinha nunca se esqueceu de suas raízes goianas e por isso sempre combinou ingredientes locais nas suas criações. Na Sonhomeu Chocolates o barú, as frutas da estação, os licores das fazendas e os preparos clássicos nunca foram esquecidos, mas valorizados na forma de bombons e recheios. Comemorando a segunda edição do Almanaque do Ins tuto Cultural Bariani Ortencio dividimos com os leitores a tradicional receita do pão de ló que Rosa u liza nos seus bolos e tortas. PÃO DE LÓ DA ROSA 32 ovos 1k de farinha de trigo 1 k de açúcar 240 g de manteiga 1 colher de sopa de fermento Bater os ovos com o açúcar, acrescentar os outros ingredientes e assar a 145 graus por aproximadamente 35 min. Para rechear as camadas do bolo sugiro o melhor doce de leite e a melhor geléia de fruta da estação que encontrar. O ideal será servir gelado. Bom ape te.


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Arte Culinária

| Rafael Lino Rosa1

DOCE DE MAMÃO ENROLADINHO DA MINHA MÃE DRA. GRAÇA Ingredientes 1 Mamão verde 1/2 quilo de açúcar 1 litro de água Cravo da Índia Modo de Fazer: Corte o mamão ao meio, sen do comprido, eu uso o ralinho na lâmina de cortar batatas. Tire as sementes, Raspe um pouco a casca verde, corte em fa as bem fininhas. Enrole as fitas como caracol, vá passando a agulha. com linhas e fazendo um po de colar. Faça alguns colares e cozinhe até ficar macios. Faça uma calda com o açúcar, o cravo. Coloque os colares dentro deixa cozinhar mais um pouco. Re re as linhas coloque em potes, e sirva gelado. Foto: Rafael Lino

FRANGO COM MILHO E PEQUI DA KATIA MENDES Uma variação do tradicional Frango com pequi Prepare tudo a seu gosto. Eu fiz assim : Ingredientes Um frango inteiro cortado, lavado e temperado com alho, limão, sal e pimenta do reino a gosto. Refogue o frango até secar toda a água, reserve em outra panela, aqueça o óleo (suficiente p/fritar) frite os pedaços de frango reservados. Depois de fritos, leve novamente ao fogo a panela do refogado, devolva o frango já frito e deixe dourar o fundo da panela. Acrescente alho socado, cebola picadinha até dourar. Se quiser e gostar coloque um pouquinho de açafrão, os pequis lavados, água já quente e deixe cozinhar. Quando amolecer os pequis, junte milho verde fresco, ba do no liquidificador (de duas a três espigas) ao molho fervente e deixe cozinhar. O ponto fica a gosto (mais ralo ou mais encorpado). Salpique cebolinha picadinha e pronto!

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¹ Rafael Lino Rosa é professor de filosofia, escritor, pesquisador da religiosidade popular, da história e da culinária goiana. É Mestre e Doutor em ciências da religião pela PUCGO. É Comendador do Estado de Goiás pela Ordem do Mérito Anhanguera. Residente na cidade de Goiás.


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URBANISMO

A imagem mostra uma visão noturna tomada do espaço de partes da região Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, extraído do Google Earth, que consiste em 15 cidades brasileiras, que estão indicadas na sequência, de zero até nove e de a até e; preste atenção, pois as cidades cujos nomes você irá responder quais são as mais iluminadas e próximas dos números e letras. Envie a resposta para o e-mail: betoselva@gmail.com. Os primeiros 10 e-mails que forem enviados com a resposta certa das quinze

| Sérgio Wiederhecker*

cidades indicadas, receberão o livro A Fronteira, autografado, a ser re rado no Ins tuto Bariani Ortencio. Além deste teste de conhecimentos geográficos, o que desejamos demonstrar com essa imagem é a pujança do eixo econômico Brasília-Goiânia que, a par r de 21 de abril de 1960, com a inauguração de Brasília pelo presidente Juscelino Kubitschek, tomou acelerado impulso que trouxe para toda região adjacente, u m n o vo â n i m o s o c i a l , c u l t u ra l e econômico. As intensas manchas de luz que observamos na imagem não exis am em 1933, ano da fundação de Goiânia – pon nhos de diminutos de luz elétrica surgiram em 1918 na cidade de Goiás, alimentados por um gerador e, em 1920, uma roda hidráulica foi instalada no Ribeirão Cascavel pelos padres redentoristas vindos da Alemanha, para fornecer energia ao seminário e à serraria que administravam, na então Campininha das Flores. Estudar estas luzes do espaço, nos dão idéia do engenho e energia que irradiam, modificando a paisagem dos sertões. Goiânia é promissora e recomenda-se que cuidemos de seu desenvolvimento de modo sustentável, seguro e socialmente mais justo, para o bene cio das atuais e, sobretudo, futuras gerações que ainda virão.

¹ Sérgio Wiederhecher é Arquiteto, professor na Escola de Arquitetura Edgar A. Graeff da PUC-GO.


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COMPORTAMENTO

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| Wladimir Araújo*

Cadê a Pedra Goiana? No entardecer do dia 11 de julho de 1965, duas semanas antes da tradicional mudança do governo para a an ga capital, Vila Boa de Goiás no Dia de seu aniversario, 25-07, aconteceu o estrondo que destruiu a figura mais emblemá ca do nosso Estado: a Pedra Goiana. Nove membros de uma gangue local, filhos de pessoas ilustres, usaram macaco hidráulico e provavelmente dinamite para por abaixo, a mil e cinquenta metros, trinta toneladas de uma rocha esculpida pelo vento a milhares de anos e situada numa área dificultosa de chegar. A Pedra Goiana simbolizava para nós goianos o orgulho de ter em seu território uma formação rochosa única, entalhada pela natureza, desafiando a lei da gravidade, sendo então o monumento mais visitado e fotografado entre todos do estado, que proporcionava à cidade de Goiás um fluxo de turistas mido devido à falta de estrutura, mas constante, com pessoas sendo fotografadas sobre ela desde os idos dos anos 40. Os vândalos que a arremessaram, segundo relato da escritora Ercília Macedo Eckel, ao encontrarem um militar conhecido, disseram: “Olhe soldado Miguel, não vá dizer que não avisamos. Estamos indo destronar a Pedra Goiana de aproximadamente 30 toneladas. Queremos entrar para a história de Goiás, através desse feito ¹ Wladimir Araújo é jornalista.

original e inimaginável. A ex-capital já não a g u e n t a m a i s o s q u e b ra - q u e b ra s promovidos por nós, sob efeito de cachaça ou não. Então, estamos par ndo no jeep do Alaor Barros Curado para esse a co nte c i m e nto h i stó r i co n a S e r ra Dourada. Brevemente seremos manchete em Goiás e no Brasil.” Soldado Miguel não acreditou, papo de arruaceiros. E foi assim que, 56 anos atrás, Aluizio de Alencastro (Luz da Lua), Joel de Alencastro Veiga (Vequinho), José Alves (Zé Sancha), Sebas ão Alves (Tião Sancha), Ailton da Silva Oliveira (Den sta), Sebas ão Bento de Morais (Ben nho), N e l s o n C u ra d o F i l h o ( C u r ê ) , L u i z Nascimento (Lulu) e Eugênio Brito Jardim (Tata) entraram de uma maneira nefasta para a história de Goiás.


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200 anos da viagem de Saint-Hilaire em Goiás

CULTURA

Uma longa e pro cua viagem... O projeto começou a ser gestado em 2018. A ideia era realizar uma expedição para celebrar, 200 anos depois, a viagem cien fica do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, que em 1819 par u do Rio de Janeiro e seguiu até Vila Boa de Goyaz, hoje cidade de Goiás, para estudar o sertão do Brasil. Durante quatro meses ele percorreu cerca de 1.500 km na região, onde registrou os mais diversos aspectos da sociedade e do território, legando-nos informações relevantes nas áreas de botânica, história, arquitetura e geografia, entre outras ciências. O projeto que coordenei reuniu 25 pesquisadores de ins tuições privadas, públicas federais e estaduais, também do exterior, com o propósito de revisitar a região explorada por Saint-Hilaire em seus múl plos olhares. O primeiro passo foi

| Lenora Barbo*

refazer simbolicamente a viagem pioneira, com a realização de Rodas de Conversa & Música em quatro cidades por ele visitadas – Corumbá, Pirenópolis, Jaraguá e Goiás. Os eventos contaram com o apoio e a p a r c i p a çã o d a co m u n i d a d e e d e ins tuições locais. Em seguida foi resgatado o i nerário da Picada de Goyaz, a par r da releitura do livro de viagem e da cartografia histórica da região, o que resultou na confecção de um novo mapa com o percurso da viagem de Saint-Hilaire, em base cartográfica atualizada. A terceira etapa foi a realização, em março de 2020, do seminário Os caminhos de Saint-Hilaire em Goiás: rotas e roteiros de pesquisa, na Universidade Federal de Goiás, com apoio da Embaixada da França. O seminário teve a par cipação dos pesquisadores e do botânico francês Marc Pignal, Curador do Herbário Nacional – Muséum Na onal d´Histoire Naturelle de Paris, onde está depositada a maioria dos 30 mil exemplares botânicos coletados por Saint-Hilaire no Brasil. Após as palestras, os pesquisadores e estudantes realizaram visitas técnicas à cidade de Goiás, ao an go arraial do Ferreiro, ao Parque Estadual da Serra Dourada, ao Parque Estadual da Serra de Jaraguá, ao Parque Estadual da Serra dos Pireneus e à Fazenda Babilônia, em Pirenópolis. Toda essa produção cien fica foi consolidada no livro Uma viagem pelo sertão – 200 anos de Saint-Hilaire em Goiás. Os ar gos abordam áreas variadas:


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Caminho de Saint-Hilaire no Estado de Goiás - Brasil

História, Arquitetura, Cartografia, Botânica, Geografia, Ecologia, Geologia, Música, Povos Indígenas, Economia, Patrimônio Cultural Material e Imaterial. O ar sta goiano Elder Rocha Lima acrescentou ilustrações a bico de pena de Goiás an go, que permitem imaginar os cenários que SaintHilaire conheceu. As análises da sua viagem ressaltam a visão atenta e em muitos aspectos premonitória do explorador francês, confrontando-a à situação atual da região. Esses diferentes olhares se somam em um grande mosaico, que demonstra a pluralidade intelectual de Saint-Hilaire e valoriza as inúmeras riquezas do patrimônio natural e cultural do sertão de Goiás. ¹ Lenora Barbo é doutora e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília. Arquiteta e urbanista pela Universidade Católica de Goiás. Especialista em cartografia histórica. Email lenorabarbo@gmail.com.


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CINEMA

| Cida Borges*

Projeto Ângelo Lima e equipe

Os museus são ferramentas imprescindíveis para a preservação da memória cultural de um povo. Responsável pelo patrimônio material e imaterial, salvaguarda referências culturais importantes e dissemina informações culturais. No entanto, infelizmente algumas pessoas entendem pejora vamente o termo museu, ligando-o somente à ideia de imobilidade e de an guidade. Ao contrário, o museu é uma ins tuição dinâmica, um conjunto ou coleção de objetos e conhecimentos raros que contam a história de um povo. Atualmente, o museu tem se inserido no campo das novas tecnologias, a fim de divulgar a memória e a cultura de forma ágil e permanente, para que a população possa preservá-las. Assim pensando, o diretor e produtor cultural Ângelo Lima idealizou o Projeto Museu Vivo, cons tuído de 34 programas, de aproximadamente 20 min. O documentário apresenta os museus de Goiânia, Pirenópolis, Cidade de Goiás e de Nova Veneza, entre outros, relatando a história desses municípios e do estado de Goiás. * Texto escrito por Cida Borges, escritora e roteirista.

O obje vo do Projeto Museu Vivo é divulgar a história do povo goiano, a fim de preservar a memória cultural goiana, valorizando o patrimônio histórico do estado, fortalecendo a iden dade ar s ca e cultural do estado de Goiás. Pretende-se, por meio do Projeto Museu Vivo, despertar a c o n s c i ê n c i a d a s p e s s o a s a c e rc a d a importância dos museus, pois eles são os guardiões da história. Desta forma, aproximando o patrimônio preservado do dia-a-dia da população temse uma excelente inicia va que possibilita maior visibilidade para a história e o povo goiano. Desta forma, poder-se-á revelar a dinamicidade e atualidade dos museus, ins tuições que dialogam, cria vamente, com seu público, por meio de visitações surpreendentes e atemporais. O diretor e roteirista Ângelo Lima, autor do Projeto Museu Vivo, possui extensa trajetória nas artes e na cultura goiana. Iniciou sua carreira nos anos de 1970, em Recife, produzindo curtas-metragens em Super 8. Posteriormente, atuou no teatro, no circo e na produção audiovisual, marcada pelo gênero documentário, produzindo mais de 40 curtas e cinco longas, geralmente de cunho polí co e ambiental, consolidando-se como um dos grandes cineastas, goianos e brasileiros. Este projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc de Emergencial Cultural, no edital de Premiação de Produtos Culturais. Assista os documentários no canal do youtube: /angelokarlitoslima.


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FUTEBOL

| Paulo Roberto Silva

O DRAGÃO E O PAULISTINHA – Ô Moço, eu sou goleiro! Desse monólogo surgiu uma relação de amor, daqueles que bate no peito, entre um Dragão e um rapazola, que ao longo de uma vida fér l e talentosa, se tornou um Dragão da Cultura na jovem história de Goiânia. Nos tempos do amadorismo do esporte goiano, o Atlé co, Presidente do Clube, Adson Batista, Bariani e Zander Fábio um jovem me fundado em em visita ao Instituto Bariani Ortencio 1937 e ainda em formação, também um faz tudo do me: Buscar estava se preparando para enfrentar o jogadores na garupa da sua bicicleta, Lavar me do Anápolis, no campo de terra da Av. as camisas do me (com sabonete e secadas 24 de Outubro, na Campininha das Flores. na sombra), Consertar as bolas de cobertão Faltando alguns minutos para o início da (muitas vezes durante o jogo), par cipar das contenda, eis que surge um sério reuniões com os dirigentes etc. problema: O goleiro não apareceu. Esse atle cano – Raiz –, aproveitou do O técnico Parateca, que depois veio a apelido de paulis nha e abriu uma loja, ser Prefeito de Goiânia, já estava desespeBazar Paulis nha, onde se vendia de tudo rado quando ouviu um rapazola que nha para costureiras e alfaiates, como aviaido assis r o jogo dizer: mentos, linhas, agulhas, etc. depois, levado – Ô moço! Eu sou goleiro! então ele pela demanda, passou a vender discos virou para o rapaz e perguntou!! fonográficos e se tornou nas décadas 60/70 – De onde você veio menino?? do século passado, um dos maiores – Eu vim do Estado de São Paulo e moro vendedores de disco do interior do Brasil. ali na Rua Jaraguá. Com a força criada por ser um grande Aí o técnico Parateca gritou para o comprador de discos, influenciou na me: trajetória ar s ca de vários cantores, – Ô pessoal! o paulis nha aqui vai jogar cantoras e duplas caipiras de Goiás, ao no gol. conseguir junto às gravadoras da época, Nasceu aí, em 1945, um apelido e esse RCA, Con nental, Chantecler etc. a tão amor entre o Dragão Atlé co Clube sonhada gravação dos bolachões de Goianiense e o paulis nha Waldomiro acetato em 78rpm. Bariani Ortencio. Por quase 10 anos, foi Daí para frente, tem muitas histórias goleiro do Dragão e não só goleiro como pra contar sobre esse relacionamento...


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ALMANAQUE INSTITUTO CULTURAL BARIANI ORTENCIO



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