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3. “Como tornar visíveis as ideias?”
Nesse trabalho de conclusão de curso tive como intuito buscar modos de compar-
tilhar os meus modos de aprender Arte. Assim como também pesquisar conteúdos de aproximação e ampliação de modos de
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pensar e criar. Com um desejo de que todo o conjunto deste trabalho possa servir como um diálogo com aqueles que querem experimentar modos de criar. Para isso, procurei pesquisar Processos de Criação, tendo como ponto de partida
entrevistas com professores artistas que foram importantes no meu processo de
formação. Nessas conversas, o principal ponto foi a investigação de como se dava o processo de cada um deles, buscando dialogar sobre os seus métodos, singularidades e procedimetos artísticos. Faço essa escolha de ter as entrevistas com um norte para esse trabalho, muito porque, o meu processo de criação, muitas vezes perpassa pela fala. De conversas comigo mesma e também com pessoas que convivo. Há coisas em meu processo que percebo apenas exteriorizando diálogos. Quando converso, me deixo pensar de forma mais livre, começo a fazer associações, o pensamento caminha sem medo, rememora muitas coisas esquecidas e também coloca para fora coisas que eu nem sabia que estavam dentro de mim. Falar para mim, é um modo de estudar e aprender. Mobilizada pelas entrevistas que fiz, tive a ideia de fazer também um caderno de desenhos, em que cada página nasceu da escuta e releitura das entrevistas que fiz. Uma proposta de imersão na palavra do outro, uma investigação do meu próprio processo de criação a partir do que cada entrevistado me trouxe, daquilo que me afeta. Daquilo que me impregna. Durante o meu percurso de construção como artista (inacabado e sempre em expansão) percebi que transitar e visitar cadernos de artistas conhecidos, amigos ou não, foi sempre muito revitalizante para o meu processo continuar. Os rastros, rabiscos, escritas, colagens, desenhos, pinturas, todo um mundo que cabia naqueles cadernos me inspiravam a experimentar o meu processo. O caderno de artista desde o início da graduação teve um papel importante na minha formação. Ele sempre foi um lugar de anotar pensamentos soltos para que não se perdessem, um lugar de desenhar o agora, de rascunho, de teste, de valorizar o erro, a experimentação e a imaginação. Nos meus cadernos, sentia que meu pensamento transcorria de maneira mais solta. Trazer então o caderno como forma de pesquisa para esse trabalho final de curso, foi também uma maneira que escolhi de compartilhar meus modos de aprender. E ainda, como um terceiro material para compor esse trabalho, trago uma caixa de objetos. Nela coloquei objetos que fazem ou fizeram parte dos meus próprios processos e outros que achei que dialogavam com as falas do artistas. Pensei que pudesse ser uma espécie de caixa que contém ativação poética. Os objetos são como propostas de criação, mas não são propostas prontas. São palavras, pensamentos, itens, imagens que as entrevistas me trouxeram e que penso que podem ser como pequenos empurrões para criar. A maneira de utilizar depende da individualidade de cada pessoa que a pegar. Essa proposta de compor, decompor, fazer, desfazer dessa caixa, nasceu a partir de uma memória de infância. Quando criança, eu frequentava mais a casa da minha bisavó do que a casa de minhas amigas e amigos, a gente passava muitos dias juntos. Por muito tempo, ela alugava quartos de seu apartamento para mulheres que iam estudar em Franca. Seu apartamento era uma pensão. Quando essas mulheres iam embora, muitas vezes esqueciam objetos por lá. Minha bisa juntava todos os objetos esquecidos em caixas e me davam elas. A partir daquelas caixas, eu conseguia inventar mundos inteiros.
Desse modo, o meu trabalho de conclusão de curso perpassa por essas três estações, mas isso não quer dizer que ele tenha um ordem certa. Você pode percorrer por eles da maneira que escolher. Com ele procurei descobrir modos de pesquisa e aprendizado em Arte assim como fui em busca de dialogar com pensamentos criadores. Espero que esse material como um todo, seja um dispositivo criador para que quem o acessa e que possa se sentir instigado a imaginar, criar, inventar.