Informativo CN ABEEF Edição 3

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Nesta Edição :  Seminário de

Planejamento  Extensão

Universitária, 2

Seminário de Planejamento da Gestão 2015/2016

 Desastre

Ambiental de Mariana, 4 

Fórum Social Temá co, 5

 Encontros

Regionais de Estudantes de Engenharia Florestal, 6

Em novembro es vemos reunidos, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, com estudantes de todas as regiões do país para realizar o Seminário de Planejamento da gestão 2015/2016 ‐ "Nosso curso, Nossa voz". O seminário tem por obje vo planejar as a vidades da nossa execu va junto aos estudantes.Depois de muito debate apontamos para a necessidade de discu r em conjunto aos estudantes de Engenharia Florestal, a nossa formação profissional, principalmente no que diz respeito a extensão universitária, sendo ela uma das bases do tripé da educação universitária no Brasil, mas que

infelizmente é esquecidae s u c a te a d a , d e i xa n d o muito a desejar. Nesse sen do é que vamos , em conjunto c o m a Fe d e ra ç ã o d e Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), agitar a campanha "Para que(m) serve teu conhecimento", nos desafiando a aprofundar a discussão da formação profissional do Engenheiro e engenheira florestal e a luta pela curricularização da

extensão, devendo esta ocupar 10% dos curriculos de acordo com a resolução do MEC. Apontamos também a importância da nossa par cipação nos fóruns e a vidades da União Nacional dos Estudantes (UNE), buscando colaborar com o debate sobre a Universidade. Por isso orientamos as mulheres da ABEEF a se fazer presente no


Informa vo CN ABEEF 2015/2016

página 2 Encontro de Mulheres Estudantes, que ocorrerá dos dia 25 à 27 de março na Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Além disso, entre outras coisas planejamos algumas a vidades para comemorarmos os 45 anos de história e de luta da ABEEF! Fique ligado e venha construir a Engenharia Florestal com a gente!

Reformar a Universidade para curricularizar a Extensão *Por Pamela Kenne, diretora de extensão da UNE

Temos nos perguntado historicamente: para quem e para que serve a universidade? A história da universidade brasileira é marcada por uma reforma universitária que transformou o ensino por vias de interesses mercan s. E m 1 9 6 8 , a p ó s g ra n d e período de mobilização popular e estudan l pelas reformas de base, incluindo a reforma universitária, em plena ditadura militar, o estado implementa uma reforma estrutural conservadora nas universidades. Esta reforma ampliou a estrutura departamental, que fragmenta e hierarquiza o ensino; as parcerias público‐ p r i va d a s , q u e co l o ca a produção cien fica pública a servir interesses do m e rca d o ; o s i ste m a d e crédito que aumenta o divisionismo do ensino e a sua condição produ vista, além de várias outras polí cas autoritárias, fragmentadas e bancárias em relação ao ensino

Qualquer ins tuição pública expressa as contradições sociais do atual momento histórico. As relações de exploração no mundo do trabalho manifestam‐se de forma explícita dentro da maioria das universidades públicas e privadas: a formação bancária e co nteú d ista , s em a b er t u ra à reflexão, interdisciplinaridade e cria vidade;a hierarquia

ins tuição com potencial transformador. Em outros termos, ao contrário do modelo bancário predominante hoje no Brasil, que trabalha para a manutenção do sta t u s q u o s o c i a l , o m o d e l o democrá co e popular trabalha a par r da superação das contradições sociais e emancipação dos povos a par r da produção de um conhecimento crí co socialmente justo.

manifestada na relação aluno‐ professor; a prestação de serviços a empresas privadas; o conhecimento tratado como mercadoria; a falta de reflexão crí ca do estudante a par r da prá ca e da própria autonomia A Universidade democrá ca e Popular, apesar de também expressar as contradições sociais e históricas apresenta‐se como uma

Diante da necessidade de levantar novamente a bandeira da U n i v e rs i d a d e D e m o c rá c a e Popular, o movimento estudan l se instrumentaliza e se organiza em u m a re d e a m p l a , a g re ga n d o en dades gerais e de base, além de cole vos gerais e setoriais. Um dos principais modos de organização estudan l ocorre em torno da


volume 1, edição 3 aprendizado do material que se pode produzir um conhecimento. Isso se trata de uma perspec va materialista crí ca e dialé ca. Para garan r a função social d a p r o d u ç ã o d e conhecimento é preciso que tal ocorra em encontro com as contradições sociais , de modo a trabalhar pela superação das mesmas e pela resolução dos problemas da sociedade. Isso apenas poderá se dar em uma aliança das ins tuições de ensino com a comunidade externa e os movimentos sociais, pois estes estão diretamente envolvidos com tais contradições. Esta aliança, na prá ca, se dá desde a construção de projetos de extensão em unidade com professores/as, e st u d a nte s , t ra b a l h a d o re s /a s e movimentos sociais; além da garan a

«é apenas na aplicação ‐ou tenta va‐ da teoria na prá ca, no encontro com as contradições sociais e no aprendizado do material que se pode produzir um conhecimento.»

a construção de projetos de extensão. Esta é uma das formais mais legí mas em garan r, na teoria e na prá ca, a transformação social da universidade. Dessa forma, o movimento estudan l organizado entre en dades e grupos extensionistas deixa clara a necessidade de uma Reforma Universitária que curricularize a extensão. A prá ca da extensão universitária incluída no modelo pedagógico é o único modo de fazer com que a produção do conhecimento ocorra de forma crí ca, saindo do modelo da reprodução. Em outras palavras é apenas na aplicação ‐ou tenta va‐ da teoria na prá ca, no encontro com as contradições sociais e no

Sobre a integração da extensão no currículo: Há sempre a questão neste ponto – “agregar no currículo não seria uma forma de também prender em grades, fragmentar e creditar a extensão? ” E ela deve ser respondida levando em consideração os seguintes pontos: . É preciso rever o modelo curricular para agregar a extensão – e é necessário rever o modelo curricular de qualquer forma. A extensão deve

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ser um resultado desta revisão. . Essa revisão deve passar por um profundo processo de elaboração e fundamentação, a par r das formulações que já foram acumuladas. Por exemplo, está claro que o ensino não deve estar preso nas grades, deve seguir a l ó g i ca i nte rd i s c i p l i n a r, q u e relacione os diversos territórios do conhecimento; essa revisão deve romper com a lógica fragmentada do ensino para que este chegue à realidade em sua totalidade e trabalhe em direção da superação

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de todos/as os/as citados na par cipação paritária dos espaços de decisão da universidade e de sua avaliação ins tucional. No entanto, a estrutura das ins tuições de ensino não dá conta dessa necessidade, pois os espaços de decisão e de avaliação são, e m s u a m a i o r i a , an democrá cos, com a presença de maioria absoluta de professores. Portanto, é p re c i s o, j u nto à curricularização da extensão, rever este modelo. É preciso construir esses espaços de modo que sejam paritários e democrá cos em todos os sen dos, com a presença de estudantes, da comunidade externa e representações de movimentos sociais: conselhos superiores e demais espaços de gestão; espaços de avaliação ins tucional e avaliação dos projetos de extensão, e gestão de orçamento par cipa va.

de suas contradições. Por úl mo, essa revisão deve acabar com a lógica produ vista e quan ta va de avaliação do conhecimento. A extensão não pode cair na lógica da “medição” de conhecimento, . Garan r a extensão no modelo de ensino passa por tornar tal método prioritário, e não extra, que garante algumas horas e “uma experiência a mais” no currículo. . É necessário garan r a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão durante toda a formação

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página 4 do sujeito. Para isso, o currículo . E x i s t e m experiências r e c e n t e s e fundamentais postas para a análise. Por exemplo, a Reforma Universitária que a Universidad de la Republica (UDELAR) constrói desde 2007 curricularizou a extensão, bem como garan u paridade nos espaços de decisão e avaliação, e a inserção da comunidade externa. Esta curricularização, neste modelo, apenas foi possível com a mudança cultural da universidade: os cursos passaram trabalhar com métodos de ensino, pesquisa e extensão em uma mesma disciplina curricular e

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a interdisciplinaridade também foi inserida de forma ampla entre as faculdades. financiamento público para a educação e acabar com as parcerias público privadas em que o conhecimento é subjugado a interesses mercan s e imperialistas. Apenas rompendo com a colonização cien fica que se manifesta nas relações público‐ privadas entre a universidade e as grandes mul nacionais que a extensão universitária pode cumprir com a função social da ins tuição, superando contradições e formando profissionais com capacidade c r í c a p a ra a t u a r p o r u m a sociedade justa e igualitária.

Por fim, é fundamental garan r a exclusividade e a ampliação do financiamento público para a educação e acabar com as parcerias público privadas em que o conhecimento é subjugado a interesses mercan s e imperialistas. Apenas rompendo com a colonização cien fica que se manifesta nas relações público‐ privadas entre a universidade e as grandes mul nacionais que a extensão universitária pode cumprir com a função social da ins tuição, superando contradições e formando profissionais com capacidade c r í c a p a ra a t u a r p o r u m a sociedade justa e igualitária.

Não esqueçamos Mariana! Trê s m e s e s m a r c a m o acontecimento do maior crime ambiental ocorrido no Brasil, o rompimento das barragens de Mariana, que deixou pelo menos 17 mortos, e ultrapassa o numero de 20 pessoas feridas. Deixa u m ra st ro d e l a m a ainda incalculavel, de destruição ambiental muito provavelmente irrecuperável. Mas quem será responsável, por tamanha dor e destruição? Segundo a Polícia Federal, que indiciou a mineradora Samarco dona da barragem do Fundão, juntamente com seu presidente, Ricardo Vesvoci eles são os culpados. Porém, a empresa alega que tal decisão foi tomada pautada em uma

visão pessoal do Delegado, e se esquiva de quaisquer re s p o n s a ‐ bilidade. Mauricio E h r l i c h , especialista em geotecnia e professor de e n ge n h a r i a d a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirma que os rejeitos depositados nas cidades junto com a lama, se não re rado poderão deixar o solo infér l, tornando a agricultura impossível nessa região. O chamado mar de lama, se arrasta Minas Gerais à fora, e já ngiu também o espirito santo, matando o ecossistema de Rios, vegetação, àgua imprópria para consumo


volume 1, edição 3

Fórum Social Temá co 15 anos Por Marcos Lazare , membro da Coordenação Regional Araucária Durante os dias 19 a 23 de janeiro de 2016 esteve acontecendo em Porto Alegre ‐ RS o Fórum Social Temá co, com o tema: “balanço, desafios e perspec vas na luta por outro mundo possível”, reunindo movimentos e organizações sociais das mais diversas matrizes, com o obje vo de avaliar a situação das lutas democrá cas e populares no Brasil e na América La na nos úl mos 15 anos, desde a realização do Fórum Social Mundial de 2011 na capital gaúcha. A coordenação regional da ABEEF par cipou ao lado de varios outros movimentos sociais do campo e da cidade das a vidades do FST 2016, onde foram abordados diversos temas, como: economia solidária, e d u c a ç ã o p o p u l a r, l u t a an –manicomial, direito dos trabalhadores e trabalhadoras, da juventude, das mulheres, dos negros e negras, da população LGBT, indígenas, quilombolas, luta do povo pales no, luta pela democra zação dos meios de comunicação, reforma agrária e agroecologia, direito a moradia e mobilidade urbana, luta contra a apropriação das riquezas naturais e luta contra o imperialismo norte americano. Também foi reforçada em quase todos os espaços de discussão, a necessidade de defesa dos mandatos de governantes eleitos democra camente nos vários países da América La na. Uma das frases mais citadas durante o FST foi: “não

vai ter golpe, vai ter luta”, mostrando amovimentos e organizações sociais em defender os direitos democrá cos já conquistados, e lutar contra o retrocesso do projeto conservador e neoliberal que vem tentando por meio de golpes nas Cons tuições, voltar ao comando de vários países da América La na, que nos úl mos anos es veram sendo dirigidos por governos progressistas e populares. . Uma das avaliações feitas durante a programação do FST, em relação aos úl mos 15 anos, foi a de que em 2001 vivíamos em um período onde era possível, para o conjunto das organizações progressistas e populares, fazer uma luta ofensiva contra os avanços do neoliberalismo e do capitalismo, e se apresentar como uma alterna va real ao Fórum de Davos.

como base para a vitória de vários governos democrá cos e populares no con nente la no‐americano. Por toda a América La na estava vivo o debate sobre o Socialismo do século 21, sendo que uma das

vitórias do FSM daquele ano foi sustentar e ar cular os movimentos sociais que serviram. Em 2016 vivemos em um período de lutas defensivas dos direitos já conquistados e contra os retrocessos, no entanto, foi consenso entre todas as organizações presentes no FST, de que apenas ficar na defensiva não nos basta, devemos lutar também pela ampliação dos direitos democrá cos e dos trabalhadores, bem como criar força social que permita a implementação de reformas estruturais, como a reforma agrária, reforma urbana, reforma no sistema polí co, democra zação dos meios de co m u n i ca çã o, taxa çã o d a s grandes fortunas, desmilitarização das PMs, entre outras. Na plenária final do FST 2016, que aconteceu na manhã do dia 23 de janeiro, foi aprovada uma carta de compromissos dos movimentos sociais, que aponta que o atual momento polí co e econômico mundial exige unidade e disposição de luta para evitar retrocessos civilizatórios.


É consenso entre as diversas en dades que assinam a carta, que o capitalismo encontra‐se em uma de suas piores crises e as medidas que vêm tomando para superar o cenário podem agravar ainda mais o quadro de desigualdade do mundo, ampliando também a supressão de direitos, tendo como base para tal afirma va as es ma vas da Oxfam, que apontam que no ritmo atual de desenvolvimento, até o final de 2016, o 1% mais rico do mundo

possuirá mais capital que 99% da população do planeta. A carta ainda aponta que as progressivas ameaças de precarização do trabalho e supressão de direitos devem se intensificar ao longo deste ano, ex i g i n d o m á x i m a u n i d a d e e capacidade de mobilização por p a r t e d a s o r ga n i za ç õ e s d o s trabalhadores. Por fim, entendemos que realização do Fórum Social Mundial 2016 foi muito importante em meio

à atual conjuntura global, sendo que o conjunto de movimentos, en dades, organizações sociais e populares saiu com muito mais força e disposição, tendo a certeza de que os próximos anos não serão nada fáceis, e teremos muitas lutas e desafios. Mas apesar de todas as dificuldades que estão por vir, a construção de um mundo Socialista ainda é possível, e mais do que nunca, necessária.

Encontro Regional de Estudantes de Engenharia Florestal (EREEF) Esse encontro, é o momento para conhecermos de per nho a nossa ABEEF, para refle rmos sobre nossa formação profissional, principalmente tratando de temas regionais, é a hora também de vermos na prá ca outras formas de trabalhar com a engenharia florestal, pensando para além daquilo que vemos em nossas salas de aula. É um espaço para debater a função social da universidade e nosso papel enquanto estudantes como agentes transformadores da realidade. Para além de formações, oficinas técnicas, debates e reflexões, é o lugar onde podemos nos

integrar, conhecendo estudantes de engenharia florestal da nossa região e a realidade das universidades que estão próximas, como funciona a engenharia florestal em outros lugares, possibilitando a troca de experiências, debates enriquecedores, e também aquelas amizades que nos possibilitam ampliar a forma de encarar o mundo e criar laços. Contate seu diretório ou centro academico, divulgue o evento, arrume as malas e venha pro EREEF de sua região Nesse ano, 2016, já temos dois EREEFs confirmados, são eles:

Regional Mata Atlântica- UFLA, Lavras, MG

Regional Araucária - U F S M / Frederico Westphalen, R S


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