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Ministério do Turismo

D iretrizes n acionais para q ualificação em t urismo

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Ministério do Turismo

D iretrizes n acionais para q ualificação em t urismo

Brasília, 2015


Ministério do Turismo do Brasil Presidenta da República Federativa do Brasil Dilma Rousseff Ministro de Estado do Turismo Vinícius Lages Secretário Executivo Alberto Alves Secretário Nacional de Políticas de Turismo Vinícius Lummertz Secretário Nacional de Programas de Desenvolvimento do Turismo Neusvaldo Lima Departamento de Qualificação, Certificação e Produção Associada ao Turismo Neuza Helena Portugal dos Santos Coordenação-geral de Qualificação e Certificação Fernanda Matos Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) Vicente José de Lima Neto Comissão Técnica Fernanda Matos (Coordenadora) Daniel Pires Vieira Diego Filgueira Campos Lena Maria Alexandre Brasil Portaria Gabinete do Ministro nº 271, de 5 de novembro de 2014. Gestor do Projeto Elimar Pinheiro do Nascimento, doutor em Sociologia, Centro de Desenvolvimento Sustentável, CDS/UnB Vice Gestor Luiz Spiller Pena, doutor em Saneamento e Ambiente, Centro de Excelência em Turismo, CET/UnB Coordenadores Ana Maria de Albuquerque Moreira, doutora em Educação, FE/UnB Thomas Ludewigs, PhD em Ciências Ambientais, Centro de Desenvolvimento Sustentável, CDS/UnB Marutschka Moesch, doutora em Ciências da Comunicação e Turismo, Centro de Excelência em Turismo, CET/UnB João Nildo Vianna, doutor em Engenharia Termodinâmica, Centro de Desenvolvimento Sustentável, CDS/UnB Maria Vitoria Duarte Ferrari Tomé, doutora em Engenharia Florestal, Faculdade UnB Gama, FGA/UnB Fernando Paiva Scardua, doutor em Desenvolvimento Sustentável, Faculdade Unb Gama, FGA/UnB Membros da equipe Doutores: Mauricio Amazonas (Economia) Monica Celeida (Antropologia), Carolina de Lopes Araújo (Desenvolvimento Sustentável); e Paula Meyer Soares (Economia) - UnB Doutorandos: Daniela Maria Rocco, João Paulo Tasso e Maria Amélia de Paula Dias (Desenvolvimento Sustentável/UnB); David Bouças (Administração/UnB); Leonor Andreia da Silva Ribeiro (Turismo/Universidade de Aveiro); Bruna Rançao Conti (Políticas Públicas, UFRJ), Emerson Ferreira Rocha (Sociologia/UnB) e Ricado Ken Fujihara (Administração/UnB) Mestres: Paulo Renan de França e Raiza Fraga (CDS/UnB) Mestrandas: Jurema Camargo Monteiro; Nathany Fernanda Queiroz Dias; Andrea Brito Theorga, Mariana Tomazin, Fernanda de Castro Hummel – mestrandas em turismo (CET/UnB) e Tassila Kirsten Fernandes e Francisco Nilson Costa e Silva (CDS/UnB), Maria Luiza Almeida Luz (Economia/UnB) Graduandos em Ciências Ambientais: Ana Clara Rezende Carlos, Ítalo Veras Eduardo, Oliver Chopart e Fernanda Santana Soares. Apoio administrativo: Cleison Martins de Brito e Maria Luiza Rodrigues de Souza

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Agradecimentos

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta) Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) Associação Brasileira de Turismólogos e Profissionais do Turismo (ABBTUR) Associação Nacional de Programa de Pós-graduação em Turismo (Anptur) Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes de Turismo das Capitais e Destinos Indutores (Anseditur) Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Confederação Nacional do Turismo (CNTur) Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh) Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) Federação Nacional de Guias de Turismo (Fenagtur) Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) Fórum Nacional dos Cursos Superiores de Turismo e Hotelaria Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur) Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) Ministério da Educação (MEC) Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Universidade Corporativa (Accor) Cláudio de Moura Castro Fátima Tropia Francisco Glauber Lima Mota Filho Guilherme Augusto Witte Cruz Machado Helena Araújo Costa Ítalo Oliveira Mendes José Augusto A. K. Pinto de Abreu Mariana Aldrigui Mário Carlos Beni Nilvana Ribeiro Soares Paloma Campos Nascimento Salomão Rodrigo Batista Santana Rios

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Sumário Mensagem do Ministro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Resumo das diretrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Experiências e expectativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Entrevista com atores públicos e privados do turismo: expectativas e proposições. . . . . . 14

A experiência das políticas públicas de qualificação em turismo no Brasil (2003-2013): aprendendo com a prática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

As experiências internacionais em qualificação em turismo: lições a considerar . . . . . . . 19

Tendências e demandas de qualificação do turismo: qualificar para o futuro . . . . . . . . . 21

A prática de certificação de pessoas no Brasil e no mundo: um instrumento em favor da qualificação para o turismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Diretrizes Nacionais para Qualificação em Turismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Definições preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Premissas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Pontos de partida para a Política Nacional de Qualificação em Turismo . . . . . . . . . . . . 30

Resultados esperados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Diretrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Estratégias iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Próximos passos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

6


Mensagem do Ministro rientados O

pelo

lema

“Brasil,

Pátria

Todavia, considerar a influência das tecnologias

Educadora”, lançamos as Diretrizes Nacionais

não significa suprimir o valor do contato

para Qualificação em Turismo, a fim de

humano. Em um setor como o do turismo,

orientar estrategicamente as ações voltadas

assentado em sonhos e vivências memoráveis,

para formação e certificação profissional no

sabemos que o indivíduo é indispensável.

setor de turismo brasileiro.

Tomar a qualificação como aspecto crucial na estruturação da área, quer seja em empresas

O

turismo

está

na

ponta

de

lança

da

ou em destinos, significa colocar o cidadão no

economia criativa, bem como do desafio de

centro da questão, tanto como trabalhador,

promover cuidado e encantamento. Em sua

empreendedor e gestor, ou como turista.

essência está a produção de experiências e a constante inovação. A aquisição permanente

Partindo desses entendimentos, apresentamos

de

e

aqui as diretrizes que guiarão esforços em

valores por parte de seus profissionais garante

direção à qualificação do turismo no Brasil.

um turismo que se reinventa e responde aos

Elas oferecem um balizamento claro para

desafios competitivos postos ao setor e ao País.

a atuação dos setores público e privado, em

Por esta razão, a qualificação foi alçada a um

suas diversas esferas e setores, a fim de reunir

eixo prioritário no novo ciclo de desenvolvimento

esforços para a ampliação da qualidade

do setor de turismo e de todo o País.

dos

conhecimento,

habilidades,

atitudes

serviços

turísticos

no

País.

Como

desdobramento, tais diretrizes servirão de base Reconhecer a qualificação como um dos

para a construção da Política Nacional de

maiores desafios contemporâneos liga-se ao

Qualificação em Turismo, a ser detalhada em

fato de vivermos em uma sociedade baseada

um plano e em seus respectivos programas.

no conhecimento, sendo a prestação de serviços o principal motor para a geração de

Não existe possibilidade de pensar o futuro do

riquezas. Em nosso cotidiano também estão

turismo no Brasil sem enfrentarmos, de modo

presentes tendências, como o Big Data, as

corajoso, coeso e estruturado, a questão da

tecnologias intuitivas, os sistemas operacionais

qualificação profissional. Os caminhos aqui

que aprendem, a internet das coisas, entre

expostos nascem de um processo participativo,

outras, com imenso potencial de mudar o

empreendido ao lado do Conselho Nacional

mundo dos produtos, dos serviços e do trabalho.

de Turismo e sua Câmara de Qualificação, de

Simultaneamente, mudaram os turistas e sua

parceiros públicos e privados, da academia,

diversidade de perfis e de demandas.

do Sistema S e de especialistas nos temas, a quem eu agradeço pela colaboração. Neste

A combinação entre qualificação de pessoas,

momento, juntos, damos um passo pioneiro.

tecnologias e processos inovadores tornouàs

Vinícius Lages

transformações que atualmente vivenciamos.

Ministro do Turismo

se,

então,

fundamental

na

resposta

7


Introdução O Ministério do Turismo (MTur) definiu sete

tem a finalidade de indicar possíveis áreas

áreas estratégicas, que vão da focalização e

de atuação, públicos-alvo, ações a serem

economicidade das obras de infraestrutura

apoiadas, as principais demandas do setor

até a criação de um ambiente de negócios

e

favorável, para alavancar as potencialidades

empresários e trabalhadores e, sobretudo,

do turismo no Brasil. Entre elas, está a

o papel deste ministério em relação à

qualificação, reconhecida como um desafio

qualificação.

suas

tendências,

as

expectativas

de

estratégico que deve ser enfrentado para o desenvolvimento do setor, colocando o

A qualificação é entendida como um processo

Brasil em lugar de destaque no cenário

contínuo, multidisciplinar e transversal que se

internacional

realiza por duas vias. A primeira é a formação

e

estimulando

o

turismo

doméstico.

profissional,

que

se

espraia

nos

cursos,

pesquisas, observatórios e eventos diversos. Para tanto, o MTur propôs, em sua Agenda

A segunda é a via da certificação, que, por

Estratégica 2014, a elaboração de diretrizes

meio de comprovação de conhecimentos e

para a formulação da Política Nacional de

habilidades exercidas, explicita ao mercado a

Qualificação em Turismo (PNQT), a partir de

qualidade dos profissionais.

um processo sistemático e colaborativo, com a participação de representantes do trade

Na elaboração dessas diretrizes, o MTur contou

turístico, academia, terceiro setor e gestores

com o apoio da Universidade de Brasília para

públicos.

a coleta e sistematização de informações,

bem como para a realização das entrevistas

A formulação, que aqui se inicia, integra os

estruturadas com representantes dos setores

esforços de planejamento do turismo em nível

público e privado, academia inclusive, além

federal. As escolhas estratégicas definidas

da realização de oficinas participativas para

no Plano Plurianual 2012-2015 (PPA) são

levantar dados e informações.

detalhadas no Plano Nacional de Turismo 2013-2016, que, por sua vez, foi atualizado

A definição das diretrizes foi precedida de

pela reflexão apresentada no Documento

cinco estudos, sintetizados na primeira parte

Referencial – Turismo no Brasil 2011-2014.

deste documento, que foram orientados pelas

Este arcabouço organiza planos e programas

seguintes perguntas:

específicos, dos quais decorrerão a Política Nacional de Qualificação em Turismo e seus desdobramentos.

1. Q uais são as visões que os atores relevantes da área têm sobre a qualificação do turismo hoje, e quais as suas expectativas

A elaboração das diretrizes dessa política 8

para amanhã?


2. C omo foi a atuação do MTur na qualificação

internacionais,

foram

consultados

para

desenhar as prováveis tendências sobre o

em turismo, nos últimos 10 anos?

turismo e as exigências de sua qualificação no 3. O que podemos aprender a partir das

horizonte de 2030. As dimensões tecnológica,

experiências em qualificação em turismo

demográfica, econômica, ambiental, social e

de países com destaque no setor?

cultural foram visitadas na tentativa de definir e descrever a futura qualificação, face às

4. C omo será o futuro do turismo e que qualificações

precisamos

ter

mudanças do turismo no mundo e no Brasil.

para Finalmente,

aproveitar as novas oportunidades?

o

quinto

estudo

dedicou-se

a examinar a experiência da certificação 5. Pode a certificação ser um instrumento

como instrumento de qualificação, também no mundo e no Brasil, chamando atenção,

eficiente na qualificação? Como?

sobretudo, para o fato de que é necessário O primeiro estudo entrevistou expoentes da

criar estímulos para o mercado valorizar a

área, como: empresários, gestores públicos,

certificação de pessoas.

representantes do terceiro setor, incluindo acadêmicos. O objetivo das entrevistas foi

Todos

os

estudos

se

encerraram

com

levantar a percepção desses atores sobre a

recomendações para as diretrizes da Política

atual situação do turismo e sua qualificação,

Nacional de Qualificação em Turismo (PNQT).

assim como as expectativas de como ela Estes resultados foram apresentados em

deverá se portar no futuro.

duas oficinas denominadas, respectivamente, O segundo estudo consistiu na análise de 67

de Qualificação e de Certificação. Após os

documentos, previamente selecionados, em

debates dos participantes, os resultados lhes

que se avaliou a experiência da qualificação,

foram enviados e, após a coleta de sugestões,

entre os anos de 2003 a 2013. Muitas lições

foram resumidos, integrando a primeira parte

foram destacadas com esta análise.

do presente documento. Outras consultas a especialistas foram realizadas com o objetivo

O

terceiro

utilizou

a

metodologia

de

de refinar o documento, retirando dúvidas.

benchmarking, comparando a experiência e o quadro institucional de qualificação na área

A participação foi o destaque do trabalho,

do turismo em oito países, a partir da análise

que gerou estas diretrizes. Iniciada por uma

dos rankings internacionais e sua distribuição

reunião com os gestores do próprio Ministério

regional. Os países escolhidos foram: Canadá,

do Turismo, contemplou a realização de

Estados Unidos, México, Reino Unido, Portugal,

entrevistas com 39 atores do setor; a efetivação

Suíça, Singapura e Nova Zelândia.

de duas oficinas, supracitadas; a consulta a especialistas e, por fim, uma consulta pública

O

quarto

Documentos

foi

um

estudo

diversos,

prospectivo.

via internet.

sobretudo

9


É importante ressaltar que o objeto principal

Marketing, acompanhado do novo modelo

deste trabalho é oferecer subsídios para

de promoção cooperada entre as iniciativas

repensar a qualificação do setor de turismo,

pública e privada para o marketing nacional e

com base em novas concepções, tecnologias

do Calendário Turístico Nacional, entre outras

e modernas ferramentas de gestão dos

ações que lançam as bases de um novo ciclo

serviços turísticos destinadas aos profissionais

de desenvolvimento do turismo.

e gestores públicos e privados. E isso em diálogo estreito com os esforços de modernização

Este documento está dividido em duas partes,

que atualmente o ministério realiza, como: a

ademais da apresentação e introdução.

reestruturação do Fundo Geral de Turismo e

A primeira parte contém o resumo dos

dos mecanismos de atração de investimento

cinco estudos realizados. A segunda parte

e financiamento ao setor; a implementação

apresenta as diretrizes para a PNQT e está

do Sistema de Gestão Inteligente do Turismo

subdividida

e do Banco de Projetos; a formatação da

premissas, princípios, pontos de partida da

Agenda de Inovação; o estímulo à criação da

PNQT, das diretrizes propriamente ditas e,

Rede Nacional de Observatórios de Turismo;

finalmente, das estratégias iniciais e próximos

a

passos.

implementação

do

Plano

Estratégico

de Estatísticas; a construção do Plano de

10

em

definições

preliminares,


Resumo das Diretrizes As

diretrizes

qualificação

formativas e de certificação e, por isso,

em turismo, que irão subsidiar a construção

dividem-se em duas linhas de atuação:

da

formação

Política

nacionais Nacional

de de

Qualificação

em Turismo (PNQT), orientam as ações

profissional

e

certificação

de

pessoas.

Diretrizes para a formação profissional As diretrizes de formação profissional têm

gestores e empreendedores nos segmentos

por finalidade estabelecer orientações para o

do

planejamento, a execução, o monitoramento

profissional à educação básica e superior.

turismo,

articulando

formação

e a avaliação das ações direcionadas ao desenvolvimento de competências de traba-

4. N o planejamento das ações de qualificação,

e

observar a descrição de conhecimentos,

empreendedores que atuam no setor do

habilidades, atitudes e valores requeridos

turismo.

por cada ocupação e pelo mercado de

lhadores,

gestores,

empresários

trabalho e, na medida do possível, definidos 1. B asear-se em um diagnóstico sistemático,

nas normas específicas e reconhecidas.

robusto e atualizado das demandas por formação profissional de trabalhadores,

5. Articular as ações formativas com as

empreendedores e gestores, considerando

políticas de desenvolvimento sustentável

as especificidades dos diversos destinos

das diversas esferas e órgãos do governo.

turísticos e dos distintos setores da cadeia 6. D esenvolver projetos de formação que

produtiva do turismo.

fortaleçam a autonomia e a capacidade 2. Adotar e estimular a oferta de cursos em

crítica

dos

trabalhadores,

gestores

e

diversos formatos: a distância, presencial e

empreendedores em diferentes processos

semipresencial, fora ou no próprio ambiente

de trabalho.

de

trabalho,

em

conformidade

com

a

demanda e as características de cada destino ou atrativo turístico e público-alvo respectivo.

7. Formar instrutores e multiplicadores, com atenção aos trabalhadores que ocupam cargos de gerências intermediárias, que

3. D ar ênfase a programas e ações que visem elevar a escolaridade dos trabalhadores,

repliquem

metodologias

de

ensino

e

aprendizagem em serviço, ampliando na

11


prática o desempenho dos trabalhadores,

12. Fomentar e divulgar a pesquisa científica,

gestores e empreendedores e melhorando

ampliando o conhecimento na área do

permanentemente

turismo, base para a atualização e a

a

qualidade

dos

inovação na formação profissional.

serviços ofertados. 8. I ncentivar a utilização de metodologias de

13. Monitorar e avaliar a implementação

ensino e instrução inovadoras, que atendam

das

ações

de

formação

profissional,

às especificidades de cada público –

com ênfase na avaliação de resultados

trabalhadores, gestores e empreendedores

finalísticos, fornecendo subsídios para sua

– e que propiciem o desenvolvimento

constante melhoria.

de conhecimentos teóricos, práticos e forma

14. Realizar acompanhamento da inserção

competente diante dos desafios e da

profissional de egressos das diferentes

dinâmica do setor do turismo.

ações de qualificação, em parceria com o

operacionais

para

atuação

de

Ministério do Trabalho e Emprego e outras 9. O bservar, nas diversas ofertas de formação,

instituições parceiras.

a articulação da teoria com a prática, sempre mais adequada à obtenção de resultados substantivos.

15. Adotar, do ponto de vista geral, distintas formas de financiamento para ações de qualificação no turismo, ou seja, ações

10. Estimular a qualificação de pessoas com

de

financiamento

puramente

privado,

deficiência, mulheres, idosos e grupos

de

financiamento

puramente

público

étnicos diversos, de modo a incentivar

ou de financiamento misto, segundo as

seu acesso ao mercado de trabalho e/ou

prioridades nacionalmente definidas.

ascensão em suas carreiras. 16. A operacionalização da PNQT deve se 11. D ivulgar, em todo o setor, as boas práticas

efetivar de forma descentralizada, com

de formação e de certificação em turismo

parcerias entre as esferas pública e

realizadas no Brasil e no exterior.

privada.

Diretrizes para a Certificação de Pessoas As diretrizes definidas para a certificação

procedimentos para o reconhecimento das

de pessoas têm como propósito orientar e

competências e habilidades detidas pelos

atualizar os perfis profissionais esperados,

diversos tipos de profissionais do ramo.

bem como definir e atualizar normas e

12


1. D esenvolver

um

processo

gradual

de

4. I ncentivar a certificação de lideranças

construção de normas para certificação,

para

atuarem

como

instrutores

e/ou

de forma integrada, e com a participação

multiplicadores na formação em serviço.

das organizações envolvidas, readequando constantemente as normas da ABNT às demandas atuais do setor de turismo.

5. E stimular a criação de modalidades de premiação ou referência de desempenho, para as organizações do setor de turismo,

2. Estimular

o

certificação organizações

emprego como que

das

normas

de

tomando em consideração o percentual de profissionais certificados contratados.

referência

para

as

desejam

elevar

a

qualificação de seus profissionais. 3. Estabelecer procedimentos para ampliar a adoção da certificação de pessoas do público-alvo da PNQT junto ao mercado.

13


Experiências e Expectativas Entrevista com atores públicos e privados do turismo: expectativas e proposições Existe, por parte dos atores do trade turístico,

exigências do público consumidor, apesar

dos gestores públicos e do terceiro setor

da persistência da crise econômica no

ligado ao turismo e academia, uma forte

plano internacional.

diversidade de expectativas acerca do que deve contemplar a futura Política Nacional

3. A necessidade de priorização do turismo

de Qualificação em Turismo. As informações

por parte dos governos em suas diversas

apresentadas a seguir traduzem as opiniões e

esferas, tendo em vista a sua crescente

os anseios dos 39 atores entrevistados.

participação no PIB.

De antemão, ressalta-se a pluralidade de

4. As

pressões

por

aumento

salarial

no

visões que ora são complementares, ora não.

setor, decorrentes das atuais dinâmicas

Foram ressaltados, inicialmente:

econômicas

e

demográficas,

o

que

demandará uma elevação da produtividade 1. A importância da atuação mais intensa

do trabalho e redução de custos para

e articulada dos órgãos específicos do

que

o

empresariado

turismo, em especial o Ministério do Turismo

plenamente.

possa

responder

e o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), a fim de que haja continuidade nas

5. O s avanços das tecnologias da informação

políticas e projetos para o setor de turismo

e comunicação que ocasionam mudanças

e viagens, sobretudo das experiências que

relevantes em determinados segmentos.

se mostram exitosas. 6. As novas ocupações que gerarão demandas 2. A crença de que o turismo brasileiro vive um

momento

favorável,

com

por qualificações mais específicas1.

superior

visibilidade internacional e incremento nas

Os entrevistados apontaram problemas na 1. Revenue manager, como exemplo.

14


oferta de qualificação, como a ausência

os Ministérios do Turismo, Trabalho e Emprego

de uma dimensão comportamental mais

e da Educação.

flexível e cidadã, que abarque conteúdos como civilidade, sociabilidade e ética, além

A necessidade de adequação dos cursos

da falta de proatividade e a indispensável

oferecidos

às

peculiaridades

postura

segmento

do

turismo

profissional

que,

por

vezes,

foi

de

cada

outro

ponto

compromete, até mesmo, as competências

mencionado. O modelo de ensino presencial,

técnicas do colaborador. Outro enfoque

quando aplicado fora da empresa, apresenta-

dado pela maioria dos entrevistados se

se como ineficiente, porquanto o trabalhador

referiu à oferta dos cursos de qualificação,

não adere ou não frequenta regularmente

que parecem desajustados às demandas do

um curso que exige o deslocamento do seu

mercado. Também foi apontada a falta de

trabalho. E, em geral, não conta com o apoio

articulação entre o setor público e o privado,

de seus empregadores. Persistem múltiplas

corroborada pelos poucos incentivos para

inadequações ao modelo de qualificação,

que empresas invistam na qualificação de

entre elas uma carga horária elevada, com

seus

informações

colaboradores.

Somam-se

a

esses

genéricas

para

profissionais

fatores, desafios na execução de projetos de

experientes. Fator de agravo se relaciona

qualificação por parte da iniciativa privada e

às dificuldades na adesão do empresariado

de entidades da sociedade civil.

ao modelo de qualificação no ambiente de trabalho, o que compromete a assiduidade e

Destacaram-se dificuldades na identificação

a conclusão dos cursos.

de profissionais qualificados, principalmente em nível técnico-operacional e de gestão. Essa

Objetivando

situação torna-se agravada pelas deficiências

propõe-se o fortalecimento da modalidade de

da educação de base, dificultando que as

educação não presencial enquanto ferramenta

empresas realizem seus treinamentos com

que propicia acesso a um maior número

conteúdos mais aprofundados e específicos.

de interessados; reduz os custos envolvidos

Ressaltou-se a importância do Sistema S

na qualificação e oportuniza um superior

para

compartilhamento

suprir

lacunas

da

qualificação

do

a

solução

de

dessas

questões,

informações,

que

setor turístico nacional, assim como o maior

podem gerar ideias inovadoras nos destinos.

empenho dos governos em diversas esferas

Outro destaque são os cursos em unidade

na melhoria da qualidade do ensino.

remota, que viabilizam ações de qualificação em locais precários, e a importância de melhor

A respeito das políticas executadas pelo

aproveitar o acúmulo de experiências das

Estado, citou-se a ausência da mensuração

universidades corporativas.

dos resultados dos cursos, o que prejudica a avaliação e o planejamento dos programas

Há uma inflação de credenciais e uma

de

forte

qualificação.

Destacou-se,

ainda,

o

inadequação

dos

cursos

de

nível

pouco alinhamento nos objetivos e ações da

superior em face da demanda do setor.

qualificação desenvolvidas por órgãos como

Assim,

reclamou-se

de

uma

formação

15


excessivamente generalista do turismólogo,

locais, considerando o subaproveitamento

com deficiências em gestão e pouco espírito

de potenciais atrativos brasileiros.

prático, que, somada à pouca comunicação com o mercado de trabalho, ocasiona a baixa

Quanto às ações de apoio à Política Nacional

absorção desses profissionais pelo mercado,

de Qualificação em Turismo, propõe-se:

frustrando os bacharéis em turismo. 1. Reformatar os cursos superiores de turismo Recomenda-se,

de

maneira

a

não

apenas

enfática,

e hotelaria, buscando o desenvolvimento

os

das competências exigidas para atuar no

trabalhadores no nível técnico-operacional,

setor e o debate junto às universidades

mas também para os empreendedores e

e demais instituições de ensino sobre a

empresários, na medida em que a maior

formação dos profissionais.

qualificação

para

parte apresenta perfil de empreendedor familiar, com micro ou pequenas empresas. Os

entrevistados

importância

de

também

ressaltaram

qualificação

gerenciais

intermediários,

poderiam

tornar-se

a

dos

níveis

que

esses

multiplicadores

da

2. Avançar com a certificação de pessoas, como

um

processo

que

amplie

a

qualificação dos trabalhadores do setor. 3. C ontemplar experiências de sucesso que possam ser replicadas e lancem mão de

qualificação no ambiente de trabalho.

profissionais experientes e comprometidos As principais sugestões colhidas junto aos

com melhorias para o setor turístico.

entrevistados são as de que a Política Nacional 4. P riorizar a formação de multiplicadores, ou

de Qualificação em Turismo deveria:

seja, investir na qualificação de agentes que 1. Abordar a qualificação nos mais variados níveis

operacional,

gerencial

e

do

apresentam habilidades para formar outros profissionais no seu lócus de trabalho.

próprio empreendedor –, contemplando a

diversidade

de

formatos

existentes,

5. Adequar

a

oferta do

de

qualificação

mercado,

às

incluindo in company (no local) e ensino a

demandas

realizando

distância (EAD).

diagnósticos que propiciem a identificação das reais necessidades mercadológicas.

2. Enfatizar a formação dos já empregados, dos

6. Assegurar a articulação do MTur, MEC,

esforços da qualificação, a partir das

MTE e MCTI, além de instituições de ensino,

melhorias

Sistema S e empresas de turismo, incluindo

com

mensuração

dos

qualitativas

resultados gerenciais

e

operacionais no âmbito das empresas e

as

percebidas pelo público consumidor.

municípios).

3. Avançar para as áreas rurais, visando explorar o potencial turístico e empreendedor desses

16

unidades

subnacionais

(estados

e


A experiência das políticas públicas de qualificação em turismo no Brasil (2003-2013): aprendendo com a prática Apesar dos esforços de diversas instituições

que levam a resultados insuficientes na

para a qualificação no setor do turismo,

aprendizagem, distanciando a possibilidade

as

demonstram

de uma apropriação mais criativa e construtiva

pouca sinergia. Mesmo com os avanços

dos conteúdos e do contexto de realização

consideráveis, realizados desde 2003, foram

do próprio trabalho. Nessa perspectiva, os

obtidos resultados pontuais e descontínuos.

trabalhadores, enquanto sujeitos coletivos,

Essa realidade não tem permitido ampliar a

ficam impedidos de se qualificarem no e a

competitividade do produto Brasil como se

partir do trabalho, o que os levaria a construir

desejaria, já que o enfoque esteve apenas

uma carreira mais sólida no setor, pela

em alguns setores da cadeia produtiva.

apropriação reflexiva de um saber-fazer.

Assim, o Programa de Qualificação do MTur

Observou-se, também, a ausência de políticas

apresentou limites em sua contribuição para

afirmativas de gênero, etnia e geracional,

diminuir as assimetrias existentes nas relações

com claro distanciamento de pesquisas que

de trabalho do setor, atuando apenas de

mostram, por exemplo, um alto número de

forma compensatória diante das diferenças

estudantes mulheres e jovens nos cursos da

sociais e educacionais existentes entre os

área de turismo. Esta realidade demonstra

trabalhadores.

a necessidade de um atendimento, tanto no

ações

desenvolvidas

campo pedagógico quanto no metodológico, Contudo,

novas

aprendizagens

foram

estabelecidas por programas bem-sucedidos

mais apropriado às especificidades desses segmentos sociais.

e implantados ao longo desses 10 anos, como: Bem Receber, Aventura Segura, Caminhos

Por essas e outras razões, os currículos de

do Sabor e Trilha Jovem, que favoreceram

qualificação devem ser flexíveis, vivos, sempre

a organização setorial e o fortalecimento

em processo de adequação aos contextos

da governança territorial. Como grandes

do trabalho, o que garantiria o seu caráter

programas estruturantes, que contêm ações

dialógico com uma realidade que está em

de qualificação, atenderam a diversidade

constante

de

com

políticas, programas ou cursos construídos

destaque para a inserção de jovens e adultos,

por um sistema de qualificação e articulados

especialmente na articulação dos programas

com

com instituições de ensino.

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),

públicos

do

sistema

turístico,

o

movimento. Assim

Ministério

da

como

Educação

com

(MEC),

Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, No entanto, no setor ainda persiste uma

empresariado e sociedade civil. Ademais,

predominância de métodos inadequados,

eles devem conter um comprometimento

17


pedagógico na exploração do desconhecido,

5. Articular as ações de qualificação com as

possibilitando novas experiências, indo além

políticas de desenvolvimento sustentável

da pura transmissão de conteúdos.

dos diversos governos.

A partir das conclusões do estudo documental,

6. Adotar

transparência

na

escolha

das

para a construção de uma Política Nacional

entidades que atuarão como executoras

de Qualificação em Turismo, recomenda-se:

dos programas de qualificação, respeitando a representatividade regional.

1. Formular diagnósticos adequados e bem fundamentados sobre as demandas de

7. E stimular programas de qualificação que

qualificação, levando em consideração

elevem a escolaridade dos trabalhadores.

características

e

potencialidades

dos

desenvolvimentos local e regional.

8. Implantar ações educativas que articulem aspectos da vida social e do mundo do

2. C onstruir um sistema de indicadores de qualidade social e pedagógica para a PNQT.

trabalho

com

o

desenvolvimento

dos

aspectos de autonomia e capacidade crítica.

Esse sistema deve servir como instrumento de informações confiáveis para os diversos

9. P rever

um

programa

de

formação

atores sociais e governamentais envolvidos

permanente de educadores e gestores

em sua construção, acompanhamento e

públicos na área de turismo e hospitalidade.

reformulação. 10. Adotar metodologias de qualificação que 3. Fortalecer o Conselho Nacional de Turismo

dialoguem com o mercado de trabalho.

(CNT) e as Câmaras Setoriais, incluindo a de Qualificação, bem como ampliar

11. I mplantar

programas

empreendedorismo,

que

a participação de entidades de ensino

o

tanto

e pesquisa do turismo como espaço de

quanto coletivo e comunitário.

favoreçam individual

participação e controle social das políticas públicas de qualificação, na medida em que

Para concluir, dois aspectos devem ser

esses gestores são capazes de mobilizar

enfatizados na formulação de uma política

meios de suporte.

de qualificação em turismo. O primeiro é o desenvolvimento de pessoas para o

4. Integrar as ações de qualificação com as

mundo do trabalho, o que é obtido por meio

políticas de intermediação de mão de obra,

da educação, o que as torna agentes de

os programas de geração de trabalho e

transformação e desenvolvimento. O segundo

renda, o seguro desemprego e a certificação

é a importância da investigação científica

e orientação profissional para a construção

realizada sistematicamente, pois as pesquisas

de um sistema público de qualificação tendo

aplicadas são essenciais para a efetividade

como parceiros MTur, MTE, MEC, sindicatos,

de qualquer política de qualificação na área

confederações e terceiro setor.

de turismo.

18


As experiências internacionais em qualificação em turismo: lições a considerar internacionais

exceto no Canadá, nos EUA e na Suíça. Em

é essencial para saber quais práticas e

alguns países, a centralização se faz por meio

iniciativas têm obtido sucesso no mundo e

de órgãos que atuam de forma semelhante

quais podem ser aproveitadas ou adaptadas

ao Ministério da Educação (MEC) no Brasil.

ao Brasil. Para identificar práticas, processos

Por sua vez, as políticas de qualificação do

e

desempenho,

turismo, na metade dos países (Canadá,

foi utilizado o instrumento mais comum

EUA, México e Suíça), são centralizadas no

neste campo, o benchmarking. Esta é uma

governo federal.

Conhecer

as

instituições

experiências

de

melhor

ferramenta que, por meio da comparação, identifica o que é recorrente nos casos de

Em quatro países (Canadá, Singapura, México

sucesso ou nos países mais reconhecidos. A

e Portugal), a qualificação possui governança

pesquisa realizada permite a comparação

de

entre os arranjos organizacionais (público e/

turismo. Nos outros, essas iniciativas são

ou privado) com foco nas políticas públicas

desenvolvidas por ministérios e departamentos

de qualificação em turismo.

ligados à educação e ao trabalho. Apenas

órgãos

relacionados

diretamente

ao

na Nova Zelândia, o turismo possui uma Os países podem ser objeto de muitas

pasta com nível de ministério, como no Brasil,

classificações e tipologias segundo organismos

embora,

internacionais e institutos de pesquisa, entre

Ministério de Negócios, Inovação e Emprego.

elas, a participação do setor de turismo

Verificou-se ainda, nos casos analisados, que

no Produto Interno Bruto (PIB) do país e a

os países investigados possuem entidades

empregabilidade do setor; o ranking geral de

nacionais responsáveis pela regulamentação

competitividade turística e o ranking específico

e qualificação em turismo. Sobre a natureza

dos mais bem posicionados em relação

das entidades, em seis países essas são

ao quesito recursos humanos. Com esses

público-privadas e em dois, Portugal e Reino

parâmetros, ademais da representatividade

Unido, são exclusivamente públicas.

naquele

caso,

subordinada

ao

regional, foram selecionados oito países para a análise comparativa: Canadá, Estados Unidos,

Em relação às instituições responsáveis pela

México, Reino Unido, Portugal, Suíça, Singapura

implementação da qualificação em turismo,

e Nova Zelândia.

registram-se três situações diferentes: a) não existe centralização na implementação das

Os resultados encontrados pela pesquisa são

ações de qualificação; b) o governo centraliza

diversos e aqui se apresentam os principais.

a implementação e os recursos; e c) as ações de qualificação são de responsabilidade dos

As políticas nacionais de educação, na maior

conselhos, entidades sem fins lucrativos que

parte dos países analisados, são centralizadas,

envolvem a iniciativa privada.

19


Quanto ao financiamento para os programas

Em todos os países analisados, constatou-se o

de qualificação em turismo, em seis países ele

sistema escola-empresa, articulação da teoria

é público-privado e em dois é apenas público.

e da prática, em parcerias público-privadas.

Nesses casos, há uma entidade única responsável

Evidenciam-se também algumas práticas

pela

de destaque, relativamente recorrentes nos

implementação

e

coordenação

dos

países estudados e referências para a prática

programas de qualificação em turismo.

brasileira, tais como: Com exceção dos EUA e do Canadá, os demais países possuem entidades ou órgãos

1. E ducação a distância, com incorporação

oficiais responsáveis pela acreditação das

de um maior contingente profissional na

instituições de qualificação.

qualificação.

Em sete países foram identificados catálogos nacionais

de

ocupações em

2. Participação

da

iniciativa

privada

no

planejamento e na implementação das

turismo; a

ações de qualificação.

exceção foi a Suíça. No caso dos EUA, as competências definidas são para os profissionais da área de hospitalidade (e não

3. Financiamento operações

para todas as áreas do turismo).

público-privado

da

oferta

de

para

qualificação

privada. Em vários países, há programas especiais de qualificação. Três países possuem programas

4. C ertificação

de

competências

para

para adolescentes ingressarem no mercado

fortalecer a empregabilidade entre as

de

mulheres, os jovens e os afrodescendentes.

trabalho.

No

México,

destaca-se

o

programa de certificação de competências para fortalecer a empregabilidade entre

A

recorrência

as mulheres. No Reino Unido, existe um

identificadas na pesquisa do benchmarking

programa-modelo de formação de guias

internacional permite tecer recomendações

de turismo e um programa com o objetivo

para o processo de elaboração das diretrizes

de estimular os empregadores a financiar a

que

qualificação de seus colaboradores, o que

Qualificação em Turismo no Brasil. Assim,

ocorre de forma semelhante em Singapura.

recomenda-se:

comporão

das

a

melhores

Política

práticas

Nacional

de

Em Portugal, destacam-se as escolas de formação, específicas para o setor de turismo,

1. C onsiderar as políticas públicas alinhadas

acreditadas pelo governo. E nos EUA, os

entre diferentes pastas e setores públicos

programas são de iniciativa das universidades

para a qualificação no turismo.

e colégios comunitários. No caso da Suíça, não existe nenhum programa nacional de

2. Acreditar

agências

responsáveis

pela

qualificação, uma vez que esse processo

regulamentação e qualificação em turismo

compete a unidades territoriais subnacionais

(de natureza público-privada) por parte do

e às organizações de trabalho.

poder público.

20


3. C onstruir mecanismos de financiamento

Catálogo Nacional de Ocupações em

para os programas de qualificação em

Turismo, com a descrição de competências.

turismo, com natureza público-privada. 5. Adotar a divisão por qualificação específica, 4. Ressaltar a importância da adoção do sistema

escola-empresa

na

formação

(ensino e prática) e a elaboração de um

diferenciando ingressantes

a no

formação mercado

de

daqueles trabalho

daqueles que já atuam no setor.

Tendências e demandas de qualificação do turismo: qualificar para o futuro Identificar a trajetória futura da qualificação

países em desenvolvimento serão os grandes

para o turismo no Brasil significa entender

impulsores do crescimento econômico global.

como será o impacto das novas tecnologias,

Grande parte deste impulso virá do consumo

da

sociais,

da classe média 2, que, em 2030, será de 4,9

econômicas, culturais e até demográficas

bilhões de pessoas em todo o mundo. No

no setor nos próximos anos, tomando como

entanto,

referência 2030.

diversas do tradicional formato de pai, mãe

evolução

de

tendências

as

famílias

terão

configurações

e filhos, exigindo que os serviços prestados Em 2030, seremos 8.321 bilhões de pessoas no

sejam flexíveis para atendê-los. A maioria dos

mundo, 223 milhões só no Brasil. A expectativa

fluxos turísticos, em 2030, será formada por

de vida aumentará, juntamente com o número

asiáticos. Os chineses, em especial, irão buscar

de idosos (população com mais de 65 anos).

cada vez mais as viagens internacionais,

Em 2030, haverá mais de um bilhão de idosos

pois se interessam de maneira crescente

no mundo e cerca de 30 milhões no Brasil,

pela cultura ocidental. Com esse fluxo em

representando 13% da população brasileira.

ascensão, a China deverá ultrapassar os

Isso significa mais pessoas, com mais tempo

Estados Unidos no quesito de gastos com

e dinheiro para viagens e lazer.

viagens internacionais, já em 2014, e com viagens domésticas, em 2017.

Os países em desenvolvimento terão a maior parte da população mundial (85%) e também

O crescimento do turismo é impulsionado

verão aumentadas suas participações na

em grande parte pelo aumento da afluência

riqueza mundial, que alcançará 57% do

do consumidor. Conforme as necessidades

PIB mundial, em 2030. A China, que já está

materiais das pessoas vão sendo atendidas,

ultrapassando os EUA, será confirmada como

seu

a maior economia do mundo. No conjunto, os

gratificantes, surgindo o desejo pelas viagens

2. O s padrões internacionais de classificação de classe média: de US$ 25 mil a US$ 100 mil/ano.

enfoque

se

volta

às

experiências

21


e as satisfações não materiais decorrentes

serão necessárias pessoas que tenham amplo

dessa experiência. Até o ano de 2030, o fluxo

conhecimento do viajante, de seus costumes

de turistas internacionais deverá alcançar a

e cultura, de seus desejos e saibam se colocar

marca de 1,8 bilhão de pessoas. Para atender

em seu lugar para prestar o melhor serviço.

a tal demanda, serão incorporadas novas

O elemento básico para o profissional será o

tecnologias.

conhecimento sobre a realidade do local e as suas dinâmicas socioambientais. Além da

A tendência de valorização de práticas que

hospitalidade no acolhimento dos viajantes, algo

resguardem o meio ambiente, juntamente

que poderá fazer diferença no atendimento

com aspectos da cultura local, levará os

dos desejos dos turistas é a interlocução de

países, em particular o Brasil, a resgatar seus

suas diferenças em relação aos autóctones.

ativos ambientais e culturais para aproveitar

De maneira geral, este profissional deverá ter

as oportunidades negociais que advirão desta

formação multidisciplinar, ser versado em

tendência.

diversas áreas do conhecimento, sem deixar de lado conhecimentos elementares, como o

A ampliação da inclusão digital e do acesso

domínio das novas tecnologias que facilitam

à internet em níveis mundiais é inevitável,

as atividades turísticas e o domínio de línguas

juntamente com um cenário de completa

estrangeiras.

integração

entre

dispositivos

eletrônicos.

Isso trará certa autossuficiência por parte

Os turistas consultarão os sites de informação

dos clientes e ampliará o autoatendimento.

e terão expectativas de que todo o serviço

A

crescente

seja prestado de maneira rápida e fácil. Assim,

desintermediação da economia, o que trará

a facilitação das viagens e as soluções como

impactos significativos para os serviços de

o serviço de Seamless Travel, que proporciona

turismo. As tecnologias móveis facilitarão o

viagens reservadas/organizadas por meio de

acesso aos serviços de informação sobre

um único processo de reserva ou compra

destinos, reservas e pagamentos. As funções

de ticket, são uma tendência inevitável. Os

de intermediação se renovarão.

viajantes não notarão a enorme estrutura

digitalização

resultará

na

e organização que sustenta a indústria do Se, por um lado, o setor tende a prover aos

turismo, mas ficarão descontentes se algo

turistas estrutura suficiente para que eles sejam

não funcionar. Assim, o profissional do setor,

autônomos e se desloquem por conta própria

além de conhecedor da estrutura, precisa

– seja por integração de tecnologias, seja por

ser dotado das competências e saberes para

otimização das opções de transporte –, por

a tomada de decisões, de modo que possa,

outro, os trabalhadores da área precisarão

efetivamente, ser um fornecedor de soluções.

atuar como fornecedores de informações e soluções não passíveis de automação. O

No Brasil, ainda há um potencial a ser

foco dos profissionais de turismo passa a ser

explorado, principalmente para o turismo

ofertar experiências únicas que a tecnologia

de lazer. Com um território continental, com

pode facilitar, mas não substituir. Para isso,

diversidade natural, temos a oportunidade,

22


menos

que saiba realizar o gerenciamento de

desenvolvidas, de fazer do turismo uma

rotina de trabalho, de equipes e de conflitos,

alavanca do desenvolvimento econômico. Mas

e que tenha excelente relacionamento

isso não significa que precisamos percorrer

interpessoal, com domínio claro das novas

os caminhos anteriores para colocarmo-nos

tecnologias.

especialmente

nas

regiões

no nível dos países desenvolvidos. Podemos já

3. Trabalhadores de nível operacional que,

disponíveis hoje para melhorar a estrutura

ademais de seus conhecimentos técnicos

negocial do setor. Importante notar que a

específicos, com forte presença tecnológica,

estratégia de desenvolvimento do potencial de

tenham conhecimento do local, do viajante

turismo precisa contar com o setor público no

e de seus idiomas, com formações que

sentido de prover a logística, estrutura física,

contemplem aspectos comportamentais.

regulatória e de fiscalização; mas precisa de

Afinal, o bom atendimento ao turista do

parcerias privadas de pequenos, médios e

futuro precisa estar alinhado às suas

grandes empreendedores para a formação

idiossincrasias, com comportamentos de

de clusters negociais necessários ao setor.

respeito

utilizar

as

ferramentas

tecnológicas

socioambiental,

conhecimento

da cultura local e também da cultura do Assim,

as

prováveis

demandas

de

competências que nos aguardam em um

viajante, além de habilidade no trato das diferenças.

futuro próximo (2030), e que vão requerer 4. Aos gestores públicos, além do que já foi

formações específicas, são:

apontado anteriormente, é imprescindível 1. D irigentes,

e

o conhecimento profundo de políticas

assessores de alto nível, que conheçam

públicas e dos seus mecanismos, e de

profundamente

como

gerentes,

planejadores

o

mercado,

com

as

políticas

podem

impulsionar

compreensão sistêmica do turismo, visão

o setor. Conhecimento das regiões de

estratégica dos negócios e entendimento

maior potencial turístico e capacidade de

das

da

negociação com as administrações locais e

de

a iniciativa privada para criação da sinergia

dimensões

sustentabilidade,

e

articulações

com

capacidade

antecipação das tendências do mercado

necessária ao desenvolvimento do setor.

e da introdução de novas tecnologias, atendo-se,

assim,

às

externalidades

5. E mpreendedores,

maneira

precisam

que proporcionam alterações substanciais

acerca das potencialidades locais e de

nas demandas de mercado.

alavancagem de recursos. Em particular,

2. G erência

médios

e

informações

geral,

econômicas, sociais e políticas existentes,

os

ter

de

pequenos

completas

precisam

ser

conhecimento

preparados para a gestão do negócio de

do mercado (estrutura e logística de

forma global, ou seja, gestão de pessoal,

funcionamento)

(suas

mercadológica, financeira e organizacional,

características, suas demandas e desejos),

além de avaliação de riscos inerentes aos

média

com e

do

viajante

23


negócios e, evidentemente, a estruturação de negócios.

3. S er

multidisciplinar

e

respeitar

as

pluralidades culturais, fazendo a interlocução das diferenças entre turistas e autóctones.

O profissional do turismo do futuro precisa ter uma formação multi e interdisciplinar e,

4. Relacionar-se

bem

com

os

outros

por isso, estimuladora da criatividade. Será o

componentes do trade turístico, lançando

domínio das habilidades específicas de sua

mão da visão sistêmica do setor, que

ocupação, a capacidade de compreensão

envolve trabalhos em rede e cooperativos.

sistêmica e a criatividade que constituirão o conjunto das características do trabalhador do setor de turismo. Para isso, ele precisa:

5. S aber incorporar, em seu trabalho, as rápidas mudanças de um mundo dinâmico.

1. C onhecer profundamente a realidade das

As demandas futuras requerem profissionais

localidades, as dinâmicas socioambientais

que saibam utilizar mais o seu capital

dos destinos turísticos e o perfil e desejos

intelectual do que o operacional. Isso requer

dos turistas.

investimentos, acima de tudo, em educação básica. Dessa forma, será preciso atentar

2. C onhecer as novas tecnologias que facilitam

aos

componentes

da

qualificação,

que

as viagens e dispor de conhecimentos

passam pela aquisição de conhecimento,

atualizados e versados em diversas áreas

desenvolvimento de habilidades e mudança

do conhecimento.

de atitudes.

A prática de certificação de pessoas no Brasil e no mundo: um instrumento em favor da qualificação para o turismo A certificação é entendida como um processo

e por diversas organizações, sua certificação

em que uma organização independente,

contribui para informar publicamente, a todas

após uma auditoria, emite um certificado,

as partes interessadas, que ele foi atestado por

demonstrando que uma organização, pessoa

uma organização independente e reconhecida

ou serviço está em conformidade com um

quanto às suas competências, mediante um

padrão estabelecido.

padrão aceito entre as partes. A certificação de pessoas, portanto, pode contribuir para

Considerando que a qualificação de um

demonstrar publicamente, a todas as partes

profissional pode ocorrer de diversas formas

interessadas, a qualidade do profissional.

24


Certificação de pessoas em turismo no plano internacional

1. Mecanismos de progressão dos candidatos, ou seja, formação, hierarquia e experiência prévia para acesso a cada um dos níveis

A fim de fazer uma análise das certificações

educacionais, e sistema de créditos.

de qualificação existentes em turismo, foi feita uma comparação de países por meio

2. Pluralidade

de

certificações

disponíveis,

da técnica de benchmarking, baseada nos

muito variadas e específicas, como EUA e

rankings da Organização para a Cooperação

Canadá, ou pouco diversas e com formação

e

mais sólida mais solida, como Nova Zelândia.

Desenvolvimento

Econômico

(OCDE),

da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do World Economic Forum (WEF),

3. Ênfase dos cursos, ora mais mercadológicos

além da representatividade dos países por

(Canadá),

ora

com

mais

ênfase

continente, as quais foram somadas à análise

formação do indivíduo (Portugal).

na

da experiência de certificação do Brasil. Considerando as experiências internacionais Para contribuir com a análise da certificação

em certificação de pessoas, pode-se afirmar

no Brasil, é importante identificar países que

que a certificação é uma garantia, para as

tenham experiência e sejam considerados

partes, da qualidade do profissional. Para seu

como referências mundiais. A partir dos

sucesso, é importante seguir as regras de

rankings internacionais de desempenho, fluxo

avaliação de conformidade existentes no país.

e qualificação, e distribuição regional, foram selecionados oito países para o benchmarking:

Pode-se

observar

que

o

modelo

de

Canadá, Estados Unidos, México, Portugal,

certificação internacional guarda semelhança

Reino Unido, Suíça, Singapura e Nova Zelândia.

com o modelo brasileiro, com exceção dos Estados Unidos, dado que a maioria dos países

Os principais pontos em comum entre os

faz parte do mesmo sistema de acreditação

sistemas de certificação analisados foram:

internacional. Assim, o estímulo ao aumento da demanda por esse tipo de instrumento por

1. Há certa homogeneidade na governança da

parte do governo brasileiro é recomendável

certificação individual nos modelos analisados.

para que haja uma melhoria na qualidade dos serviços prestados pelo segmento turístico.

2. Em geral, o acreditador é centralizado, exceto nos EUA. 3. O rganismos certificadores são setorizados,

Certificação de pessoas em turismo no Brasil

de acordo com o ramo do turismo, o caso mais emblemático são os Estados Unidos.

No Brasil, e em especial para o segmento de

turismo,

o

sistema

funciona

com

de

certificação

As principais diferenças encontradas nos

voluntária

uma

estrutura

países analisados foram:

formada tradicionalmente por um organismo

25


acreditador – Inmetro – e organizações certifi-

parte importante da estratégia a ser utilizada

cadoras – ABNT, Senai e Instituto Falcão Bauer.

pelo MTur para qualificar os trabalhadores brasileiros, com o mínimo de ônus para o

A certificação de turismo, de acordo com o

trabalhador e o empresário.

sistema brasileiro de conformidade, é feita pelos organismos certificadores Senai, ABNT

Para a implantação de um amplo sistema

e IFBQ, acreditados pelo Inmetro. De acordo

de certificação, algumas definições prévias e

com os dados e informações disponíveis,

ações coordenadas são essenciais, por isso,

as atividades certificadas são: alimentos e

recomenda-se:

bebidas; meios de hospedagem; agências de viagens; hospitalidade, turismo de aventura e

1. A utilização da certificação como mecanismo complementar à qualificação na medida

meios de transporte.

em que permite reconhecer competências O processo de certificação segue as etapas

adquiridas, por meio da educação formal

de inscrição, avaliação, decisão e entrega

ou da prática de trabalho no turismo.

de resultados. Caso seja necessário, há o reexame. Após a entrega da certificação,

2. S em

exclusão

de

outros

segmentos,

há a supervisão e depois, a recertificação.

concentrar a certificação em atividades

Além

e profissionais-chave que atuarão como

disso,

podem

ocorrer

processos

independentes, que são: a suspensão da

multiplicadores.

certificação, o cancelamento e a redução ou extensão do escopo da certificação.

3. D esenvolver

políticas

de

incentivos

à

certificação, pois a pouca demanda, em As normas do sistema brasileiro de certificação

função de sua não valorização no mercado,

foram analisadas quanto à sua exequibilidade,

é seu principal problema.

verificabilidade e rastreabilidade. Todas as 74 normas existentes foram analisadas, das quais

4. D efinir a estrutura de certificação com

18 não apresentaram nenhum dos critérios

regras claras e comunicadas amplamente

observados e 56 apresentaram pelo menos

ao cliente e continuamente atualizadas em

um dos critérios. As normas foram analisadas

processo participativo.

quanto à sua efetividade, validade e vigência. Todas as 74 normas estão vigentes e válidas,

5. P rover

informações

atualizadas

certificadas

sobre

mas 25 delas não são efetivas, ou seja,

pessoas

disponíveis

e

não estão sendo utilizadas para nenhuma

acessíveis, principalmente aos contratantes

certificação atual. De 2009 a 2014, o Senai

e aos usuários dos serviços.

certificou 17 temas, sendo que foram abertos 927 processos e emitidos 685 certificados.

6. C riar

selo

de

desempenho

para

as

organizações do setor de turismo, de Embora se tenha verificado um número baixo

acordo com o percentual de profissionais

de pessoas certificadas, esse instrumento é

certificados que a organização possui.

26


Diretrizes Nacionais para Qualificação em Turismo Definições preliminares O primeiro passo para a elaboração de uma

sendo superado pelo termo competências.

Política Nacional de Qualificação em Turismo

Entretanto,

(PNQT) consiste no delineamento de termos

distinções: enquanto o primeiro mantém sua

que dão fundamento e sustentação conceitual

amplitude de interpretação, o segundo trata

às

mais diretamente dos atributos individuais

etapas

de

monitoramento

definição, e

implementação,

avaliação

das

ações

permanecem

importantes

para a prática profissional.

traçadas. Nessas diretrizes, entende-se qualificação A discussão conceitual sobre qualificação é

como

bastante complexa. Por um lado, diz respeito

competências, que podem ocorrer dentro

aos papéis atribuídos aos trabalhadores,

ou fora do ambiente de trabalho, dentro

empreendedores e gestores. Por outro, trata

ou

dos requisitos necessários às suas ocupações.

trabalhadores,

Também se têm discutido os parâmetros

públicos e privados absorver e desenvolver o

utilizados para mensurar a qualificação e a sua

domínio de conhecimentos teóricos, práticos,

relação com as prioridades estabelecidas pelo

habilidades, atitudes e valores para o exercício

mercado de trabalho e seus determinantes

de ocupações no setor do turismo. Tais

sócio-históricos. Tal complexidade imprimiu

conhecimentos integram as competências

ao termo qualificação uma compreensão

detidas para o exercício do trabalho.

mais

ampla,

que

abarca

as

fora

o

processo

da

escola,

de

que

aquisição

permitem

empreendedores,

de

aos

gestores

dimensões

técnica, política, ambiental, cultural e social.

Por competências compreende-se o conjunto

Mais recentemente, em especial após as

de conhecimentos, habilidades, atitudes e

reformas

empreendidas

valores articulados, mobilizados e aplicados

nos anos 1990, o termo qualificação vem

pelo trabalhador, empreendedor ou gestor, e

educacionais

27


que foram adquiridos de diferentes maneiras,

não formal são intencionais, enquanto que

por meio de instrução, prática ou experiência,

a informal é espontânea. Aqui se entende

relevantes para o exercício do trabalho e para

a aprendizagem formal como a formação

a convivência social e profissional.

profissional, que pode se realizar de várias formas: no ambiente do trabalho ou da

Observa-se aqui uma importante dimensão,

escola, de forma teórica e prática, a distância

qual seja a da aprendizagem para o trabalho,

ou presencial.

que pode se dar em distintos níveis de formalidade: formal, não formal e informal.

Já a certificação de pessoas diz respeito

A

ao

aprendizagem

formal

é

a

instrução

reconhecimento

da

aprendizagem

realizada em uma instituição de ensino

não formal. Assim, dentro do espectro da

reconhecida por um documento, certificado

qualificação, soma-se a possibilidade de

ou diploma. A aprendizagem não formal é a

aferir competências previamente adquiridas

adquirida na prática profissional, fora de um

por

estabelecimento de ensino, normalmente

que consiste em instrumento de caráter

sem

ou

voluntário, independente, realizado por uma

certificado, mas que pode ser objeto de uma

terceira parte, que reconhece e atesta que as

certificação. Já a aprendizagem informal

pessoas submetidas e aprovadas por elas

se dá na experiência de vida, no trabalho e

atendem a um padrão estabelecido por

no cotidiano. A aprendizagem formal e a

determinada norma.

um

documento

comprobatório

meio

de

certificação

de

pessoas,

Premissas As premissas que justificam a importância

além do lazer, envolve troca de saberes

da Política Nacional de Qualificação em

e de conhecimento, que contribui para

Turismo foram formuladas com base nos

uma melhor compreensão do mundo e da

estudos relatados na primeira parte deste

natureza. Além disso, constitui-se em uma

documento, para a qual estas diretrizes são o

atividade econômica pujante e crescente

primeiro passo. Os resultados desses estudos

no mundo. A sua tendência de crescimento

foram aprimorados em oficinas participativas,

deverá

internas

esperado crescimento econômico mundial e

e

externas,

que

impactaram

permanecer,

acompanhando

o

diretamente na formulação dessas premissas.

nacional nos próximos 15 anos.

Nos cinco estudos previamente desenvolvidos

Por sua vez, mudanças culturais e sociais em

foi possível constatar que o turismo é uma

curso – e outras esperadas – se consolidarão,

atividade

modificando estilos de vidas e relacionamentos.

28

de

vivência

diferenciada,

que,


Assim, conhecimentos, habilidades, atitudes

A competitividade de cada destino turístico

e valores atuais serão reforçados, enquanto

no país, e do Brasil como um destino mundial,

novos serão requisitados. Torna-se necessário

depende, em parte, da qualidade dos serviços

mais conhecimento técnico, inclusive de

prestados aos turistas, propiciando-lhes uma

tecnologia da informação e comunicação;

experiência positivamente memorável.

novas e melhores habilidades no acolhimento dos turistas, além de atitudes mais flexíveis

A expansão do turismo engrandecerá, ainda,

diante das diferenças culturais e dos novos

sua relevância social na medida em que

valores em formação, que se traduzem, por

cresce o reconhecimento dessa atividade

exemplo, em mais informação e respeito

como instrumento para a eliminação da

sobre o meio ambiente e sobre as diferenças

pobreza e a redução da desigualdade social,

geracional, étnica, de gênero e sexual.

devido à sua capacidade de geração de emprego e renda.

Esse crescimento do turismo no mundo, e no Brasil, será impulsionado, entre outros fatores:

Entretanto, um dos maiores desafios ao

pela redução dos custos de deslocamento e

desenvolvimento do turismo no Brasil diz

pelo aumento da renda per capita, sobretudo

respeito à qualificação dos trabalhadores,

nos países em desenvolvimento. Também

gestores, empresários e empreendedores do

pela necessidade de lazer, conhecimento e

setor. Apesar dos grandes avanços já obtidos,

novas experiências próprias à sociedade do

este ainda é um obstáculo a ser vencido na

conhecimento, que, por sua vez, é alimentada

próxima década para que o país aproveite as

pela ampliação da oferta de atrações turísticas

oportunidades do crescimento doméstico e

e do turismo de negócios, entre outros.

mundial do turismo. Afinal, um ambiente de negócios mais favorável ao turismo implicará

Essas tendências deverão levar o turismo

crescimento das atividades empreendedoras,

a ocupar uma posição de maior destaque

assim como elevação das exigências dos

no PIB nacional ao longo dos próximos

turistas, com reflexo sobre as necessidades

anos, dependendo de sua competitividade.

de qualificação de seus agentes.

Princípios necessita

1. Transparência: todos os procedimentos e

seguir princípios norteadores. Alguns dos

resultados relativos à PNQT devem estar

princípios que devem guiar a elaboração da

acessíveis, não apenas aos atores do setor,

Política Nacional de Qualificação em Turismo

mas a toda sociedade brasileira, para

(PNQT) são:

permitir a todos os cidadãos e cidadãs

Uma

política

de

qualificação

29


acompanhar a implantação dos programas

e, sobretudo, da melhoria da qualidade dos

e projetos.

serviços ofertados.

2. Participação: tanto a construção quanto

4. Transversalidade:

o

turismo

perpassa

a execução da PNQT devem se processar

diferentes áreas e dimensões teóricas,

com

atores

práticas e cognitivas que não podem ser

do setor de turismo, dos empresários e

olvidadas nas ações formativas. Assim,

empreendedores, dos representantes de

devem-se privilegiar ações de formação

classe e organizações do terceiro setor, da

que aliem atividades teóricas e práticas,

academia, dos órgãos públicos federais,

voltadas para a solução de problemas.

ampla

participação

dos

estaduais e municipais e, em se tratando de 5. Inovação: o turismo é um campo privilegiado

qualificação, do MEC, MTE e MCTI.

e estimulante para a criatividade, emergência 3. Efetividade: o monitoramento e a avaliação

de novas práticas e adoção de tecnologias

da PNQT devem estar voltados para a

emergentes, por isso, todas as ações formativas

análise

devem estar atentas à incorporação e

de

dos

seus

melhoria

das

resultados

finalísticos

competências

dos

trabalhadores, gestores e empreendedores

valorização da inovação de processos e produtos, inclusive as inovações sociais.

Pontos de partida para a Política Nacional de Qualificação em Turismo De acordo com esses princípios e tomando

no Brasil, contemplando as melhores práticas

como referência as premissas, a PNQT deve

de formação e certificação de pessoas

estar assentada nas seguintes bases: objetivo;

adotadas no mundo e as novas exigências

público-alvo; ações formativas e resultados

prospectadas pela trajetória futura do turismo.

esperados.

Público-alvo Objetivo A PNQT destina-se a diferentes públicos, que, O principal objetivo da PNQT consiste em

em seu conjunto, atuam no setor de turismo,

estabelecer

a saber:

qualificação públicos

e

orientações de

para

trabalhadores,

privados,

elevar

a

gestores

empresários

e

empreendedores, no intuito de fortalecer a qualidade da prestação de serviços turísticos 30

• Trabalhadores de nível técnico-operacional e gerencial. • Técnicos e tecnólogos.


• Estudantes, professores e pesquisadores.

Merecem

• Graduados e pós-graduados em turismo e

possibilidades formativas que estimulem o

disciplinas afins.

atenção,

também,

outras

diálogo com a cadeia produtiva do setor, nas

• Empresários e empreendedores.

dimensões nacional e internacional, e que

• Gestores públicos.

incentivem: 1. O desenvolvimento e a aplicação de estudos

Ações formativas Como

e pesquisas estatísticas e qualitativas.

mencionado

aprendizagem importante

para

anteriormente, o

dimensão

trabalho da

é

a

2. A realização de oficinas, seminários e

uma

eventos em geral que envolvam o ensino

qualificação.

conjugado com a prática.

No escopo da PNQT, as ações formativas 3. A implantação e consolidação de uma rede

envolvem diferentes possibilidades.

nacional de observatórios de turismo. É importante que a aprendizagem formal, materializada instituições seja

nos de

considerada

cursos

ofertados

ensino em

por

reconhecidas, sua

4. A promoção de inovação e renovação tecnológica.

diversidade

metodológica, observando a transversalidade

5. A implementação de ações de certificação.

do turismo, as temáticas que emergem em cada contexto e as demandas específicas de cada atividade, segundo a dinâmica do mercado. Não se pode olvidar que os diversos cursos atentem para o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades técnicas, assim como atitudes e valores adequados, segundo as normas existentes, mas também estimulem percepções sistêmicas e criativas.

Resultados esperados Além de objetivos claramente definidos, uma

os turistas e melhores condições de trabalho

política direcionada para a qualificação deve

para os trabalhadores. A implementação da

alcançar resultados finalísticos e não apenas

futura PNQT deverá resultar na qualificação

intermediários, obter melhores serviços para

dos trabalhadores de nível técnico-operacional

31


e gerencial; técnicos e tecnólogos, estudantes,

serviços em turismo, com o intuito de

professores e pesquisadores, graduados e

aperfeiçoamento contínuo.

pós-graduados em turismo e disciplinas afins, empresários e empreendedores e gestores

3. Por isso, deve demonstrar capacidade de

públicos para a prática profissional, com postura

observar o ambiente e propor continuamente

inovadora e criativa diante das mudanças

melhorias em processos e/ou produtos.

sociais, culturais e tecnológicas em curso e dos desafios do mercado de trabalho, cada vez

4. S aber utilizar, em permanente atualização,

mais competitivo e exigente, proporcionando

modernas

a oferta de serviços de qualidade.

tecnologias da informação e comunicação.

Os

futuros

profissionais

independentemente

de

sua

qualificados, inserção

ferramentas

de

gestão

e

5. Acolher com maestria os visitantes para lhes proporcionar uma experiência turística

no

agradável e segura, além de positivamente

mercado, devem ser capazes de:

memorável. 1. Desenvolver o potencial econômico, com proteção do patrimônio cultural, preservação

6. Manter bom relacionamento com outros

da diversidade ambiental e respeito ao

componentes do trade turístico, com visão

conhecimento local, buscando a equidade

sistêmica e cooperativa do setor.

no acesso às riquezas geradas. 2. Apresentar bom desempenho em suas atividades específicas na prestação de

Diretrizes Diretrizes explicam e direcionam um caminho

Diretrizes de formação profissional

a seguir; apresentam instruções ou indicações para se estabelecer uma política. As diretrizes

As diretrizes de formação profissional têm

da Política Nacional de Qualificação em

por finalidade estabelecer orientações para o

Turismo estão classificadas em duas linhas de

planejamento, a execução, o monitoramento

atuação: formação profissional e certificação

e

de pessoas. Entende-se que tais linhas podem

ao

ser desenvolvidas de maneira independente

de

ou

e empreendedores que atuam no setor

articuladas,

conforme

as

diretrizes

apresentadas a seguir para cada uma delas.

32

a

avaliação

das

desenvolvimento trabalhadores,

do turismo.

ações de

gestores,

direcionadas competências empresários


Para isso, devem, primordialmente, basear

habilidades, atitudes e valores requeridos

o trabalho de formação profissional em um

por cada ocupação e pelo mercado de

diagnóstico de demandas. Entende-se que

trabalho e, na medida do possível, definidos

o setor do turismo guarda uma diversidade

pelas normas específicas e reconhecidas.

intrínseca de ocupações e de profissionais que lhe é característica; por isso, a PNQT

5. Articular as ações formativas com as

necessita contemplar diferentes ações de

políticas de desenvolvimento sustentável

formação profissional, tanto para aqueles

das diversas esferas e órgãos do governo.

que já trabalham quanto para aqueles que desejam ingressar no mercado de trabalho

6. D esenvolver projetos de formação que fortaleçam a autonomia e a capacidade

do turismo.

crítica

dos

trabalhadores,

gestores

e

Com esses imperativos, são destacadas as

empreendedores em diferentes processos

seguintes diretrizes para a PNQT:

de trabalho.

1. B asear-se em um diagnóstico sistemático,

7. Formar instrutores e multiplicadores, com

robusto e atualizado das demandas por

atenção aos trabalhadores que ocupam

formação profissional de trabalhadores,

cargos de gerências intermediárias, que

empreendedores e gestores, considerando

repliquem

as especificidades dos diversos destinos

aprendizagem em serviço, ampliando, na

turísticos e dos distintos setores da cadeia

prática, o desempenho dos trabalhadores,

produtiva do turismo.

gestores e empreendedores e melhorando

metodologias

permanentemente 2. Adotar e estimular a oferta de cursos em

a

de

ensino

qualidade

e

dos

serviços ofertados.

diversos formatos: a distância, presencial e semipresencial, fora ou no próprio ambiente

8. I ncentivar a utilização de metodologias

de trabalho, em conformidade com a

inovadoras de ensino e instrução inovadoras,

demanda e as características de cada

que

destino ou atrativo turístico e público-alvo

cada público – trabalhadores, gestores

respectivo.

e empreendedores – e que propiciem o

3. D ar ênfase a programas e ações que visem

atendam

às

especificidades

desenvolvimento

teóricos,

práticos

e

de

de

conhecimentos

operacionais

para

elevar a escolaridade dos trabalhadores,

atuação de forma competente diante dos

gestores e empreendedores nos diversos

desafios e da dinâmica do setor do turismo.

segmentos formação

do

turismo,

profissional

com

articulando educação

básica e superior.

9. O bservar, nos processos pedagógicos e nas diversas ofertas de formação, a articulação da teoria com a prática, sempre mais

4. No planejamento das ações de qualificação, observar a descrição de conhecimentos,

adequados

à

obtenção

de

resultados

substantivos.

33


10. E stimular a qualificação de pessoas

Diretrizes de certificação de pessoas

com deficiência, mulheres, idosos e grupos étnicos diversos, de modo a

As diretrizes definidas para a certificação

incentivar seu acesso ao mercado de

de pessoas têm como propósito orientar e

trabalho e/ou a ascensão em suas

atualizar os perfis profissionais esperados,

carreiras.

bem como definir e atualizar normas e procedimentos para o reconhecimento das

11. D ivulgar, em todo o setor, as boas práticas

competências

e

habilidades

detidas

por

de formação e de certificação em turismo

aqueles que compõem o público-alvo da

realizadas no Brasil e no exterior.

PNQT. Para isso, será necessário estimular o uso da certificação como instrumento para

12. Fomentar e divulgar a pesquisa científica, ampliando o conhecimento na área do turismo, base para a atualização e a inovação na formação profissional. 13. Monitorar e avaliar a implementação das

ações

de

formação

profissional,

com ênfase na avaliação de resultados finalísticos, fornecendo subsídios para sua constante melhoria. 14. Realizar acompanhamento da inserção profissional de egressos das diferentes ações de qualificação, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego e outras instituições parceiras. 15. A dotar, do ponto de vista geral, distintas formas de financiamento para ações de qualificação no turismo, ou seja, ações de financiamento puramente

reconhecer e elevar sua qualificação. Com essa perspectiva, a PNQT obedecerá às seguintes diretrizes para a certificação de pessoas: 1. Construir

gradualmente

normas

para

certificação, de forma integrada, e com a participação das organizações envolvidas, readequando constantemente as normas da ABNT às demandas atuais do setor de turismo. 2. E stimular

o emprego das

certificação

como

organizações

que

normas

de

referência

para

as

desejam

elevar

a

qualificação de seus profissionais. 3. E stabelecer procedimentos para ampliar a adoção da certificação de pessoas do público-alvo da PNQT junto ao mercado. 4. I ncentivar a certificação de lideranças

privado, de financiamento puramente

para

público ou de financiamento misto,

multiplicadores na formação em serviço.

atuarem

como

instrutores

e/ou

segundo as prioridades nacionalmente definidas.

5. E stimular a criação de modalidades de premiação ou referência de desempenho

16. A operacionalização da PNQT deve se

para as organizações do setor de turismo,

efetivar de forma descentralizada, com

tomando em consideração o percentual de

parceiros públicos e privados.

profissionais certificados contratados.

34


Estratégias iniciais Na sequência, as estratégias apresentadas

4. P roporcionar, em especial, a formação dos

visam definir o modo de formulação e de

gestores públicos ligados ao turismo, nas

operacionalização da Política Nacional de

diversas esferas governamentais (federal,

Qualificação em Turismo. A formulação da

estadual e municipal).

PNQT deve ser empreendida pelo Ministério do Turismo, em diálogo com os atores do

5. Estabelecer

parceria

com

o

MTE

na

setor, em consulta à sociedade e em parceria

atualização do Classificação Brasileira de

com os Ministérios da Educação, do Trabalho

Ocupações (CBO), relacionadas ao turismo,

e Emprego e da Ciência, Tecnologia e

com a descrição das suas competências e

Inovação. Para esse propósito, o Ministério do Turismo deverá realizar algumas ações estratégicas, tais como:

habilidades. 6. Potencializar o diálogo com o MEC, de maneira a ampliar a participação do setor do turismo na definição da oferta de cursos e programas de formação profissional.

1. Elaborar a Política Nacional de Qualificação em Turismo, inspirada nessas diretrizes e em consonância com o Plano Nacional de Turismo, a partir de um diagnóstico das demandas de qualificação em todo o território nacional.

Turismo deve se desdobrar em um plano com programas, projetos e ações de em

com

o

MEC

a

definição

e

instituição de critérios mínimos obrigatórios de verificação da capacidade técnica, pedagógica e operacional das entidades executoras dos programas de formação profissional em turismo.

2. A Política Nacional de Qualificação em

formação,

7. Articular

conformidade

com

as

demandas identificadas.

8. Buscar

parcerias

direcionadas

ao

internacionais

desenvolvimento

de

estudos e bases de dados que ampliem a circulação do conhecimento produzido na área do turismo.

3. Estimular a oferta de formação profissional

Considerando,

ainda,

as

diretrizes

por meio de entidades públicas e privadas,

apresentadas

como Instituições de Educação Superior,

pessoas, cabe ao Ministério do Turismo

Instituições

buscar estimular a adoção da certificação

de

Educação

Profissional,

Sistema S e instituições afins com larga e

para

a

certificação

de

profissional, abrangendo:

comprovada experiência em educação, assim de

como

novas

incentivar

ofertas

com

competência pedagógica.

o

surgimento reconhecida

1. S istema

informatizado

de

informações

atualizadas de pessoas certificadas para o mercado de trabalho.

35


2. Instrumentos de monitoramento contínuo e

3. Mecanismos de comunicação clara sobre

avaliação em processo, com identificação

os

geográfica

empresário, o empregado e o cliente.

dos

certificados,

evolução

benefícios

da

certificação

para

o

numérica e análise de custo-benefício.

Próximos passos Por fim, a implantação de uma Política

4. C onstruir um sistema de indicadores de

Nacional de Qualificação em Turismo de

qualidade, social e pedagógica, para a

maneira eficiente requer o cumprimento de

PNQT que deve servir como fonte confiável

algumas condições básicas:

de informações para os diversos atores públicos e privados envolvidos em suas

1. Atualizar, pelas entidades competentes, e

no

mais

breve

conhecimentos,

tempo

possível,

habilidades,

os

etapas de formulação, implementação, monitoramento e avaliação.

atitudes

e valores esperados para cada tipo de ocupação, conforme as ACTs.

5. D efinir as orientações para os diversos cursos de qualificação na área de turismo, em acordo com o Ministério da Educação.

2. D esdobrar,

prontamente,

as

presentes

diretrizes em uma política e um plano de

6. I ntegrar as ações de qualificação com

qualificação, com programas, projetos,

as políticas de intermediação de mão de

objetivos,

de

obra, programas de geração de trabalho e

monitoramento claros e exequíveis, em

renda e seguro desemprego, em parceria

consonância com o Plano Nacional de

com o MTE, sindicatos, confederações e

Turismo.

terceiro setor.

metas

e

indicadores

3. D ivulgar amplamente essas diretrizes, com

7. C olocar essas diretrizes, imediatamente,

o intuito de mobilizar os atores do trade

à disposição de estados e municípios,

turístico e do terceiro setor, academia

para que possam adotá-las na definição

inclusive, para a participação em seus

de programas em âmbito estadual e

desdobramentos em Política e Plano de

municipal de qualificação.

Qualificação em Turismo.

36


Referências BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. São Paulo: Senac São Paulo, 2003. BRAMWELL, B.; LANE, B. (Eds.). Tourism collaboration and partnerships: policies, practice and sustainability. Clevedon: Channel View, 2000. CATTANI, Antonio David; HOLZMANN, Lorena (Orgs.). Dicionário de trabalho e tecnologia. 2 ed. rev. ampl. Porto Alegre, RS: Zouk, 2011. CLAVER-CORTÉS, E. et al. Competitiveness in Mass Tourism. In Annals of Tourism Research, v. 34, n. 3, p. 727–745, 2007. CONCLA. Comissão Nacional de Classificação. Pesquisa CNAE. Brasília: CONCLA/Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2014. Disponível em: http://www.cnae.ibge.gov.br/. Acesso em: 14 jul. 2014. COSTA, H. A. Mosaico da sustentabilidade em destinos turísticos: cooperação e conflito de micro e pequenas empresas no roteiro integrado Jericoacoara – Delta do Parnaíba – Lençóis Maranhenses. Tese doutoral, Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília, 2009. DYMOND, S. J. Indicators of Sustainable Tourism in New Zealand: a local government perspective. In Journal of Sustainable Tourism, v. 5, n. 4, 1997. FONTELES, J. O. Turismo e impactos socioambientais. São Paulo: Aleph, 2004. IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Sistema de Informações Integrado do Mercado de Trabalho no Setor Turismo (SIMT). Brasília: IPEA/Ministério do Turismo, 2012. KOZAK, Metin; NIELD, Kevin. An overview of benchmarking literature: its strengths and weaknesses. In: PYO, Sungsoo (Org.). Benchmarks in hospitality and tourism. New York/London: The Haworth Hospitality Press, 2001. MANFREDI, Silvia Maria. Educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez Editora, 2002. OCDE – Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico; OIT – Organización Internacional del Trabajo. Programa de actividades sectoriales cambios y desafíos en el sector de la hotelería y el turismo. Documento temático para el debate en el foro de diálogo mundial para el sector de la hotelería, la restauración y el turismo. Genebra, 2010. OXFORD ECONOMICS. Shaping the future of travel. Macro trends driving industry growth over the next decade. Amadeus. 2013. POLÍTICA ECONÔMICA. Turismo e diversificação da produção. Documento de trabalho: CEPII, WP, n. 2013-07. SACHS, Ignacy. Rumo à ecossocioeconomia. São Paulo: Cortez, 2006 (textos organizados por Paulo Freire Vieira). SHARPLEY, R. Tourism and sustainable development: exploring the theoretical divide. In SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: setor público e cenários geográficos. 2 ed., v. 3, São Paulo: Aleph, 2000. The future of tourism in the “New Economy”. Palestra do Secretário Geral da Organização Mundial do Turismo (ONTW), Taleb Rifai. UNWTO. Tourism towards 2030. Global overview, 2011. Disponível em: http://media.unwto.org/sites/all/files/pdf/unwto_2030_ ga_2011_korea.pdf. VALLS, J.-F. Gestão integral de destinos turísticos sustentáveis. Rio de Janeiro: FGV, 2006. WEF. World Economic Forum. The Global Competitiveness Report 2012-2013. Gênova, 2013. Disponível em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_GlobalCompetitivenessReport_2012-13.pdf. Acesso em: 15 jun. 2014. WORLD BANK WORLD DEVELOPMENT. Indicators (2014). International Financial Statistics of the IMF, 2014. Disponível em: http://www.ers.usda.gov/datafiles/International_Macroeconomic_Data/Baseline_Data_Files/ProjectedRealGDPValues.xls. WTTC. Travel and tourism – Economic Impact, 2014.

37


Diretrizes Nacionais para Qualificação em Turismo – DNQT Ministério do Turismo Brasília, 2015




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