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Jornal Valor --- Página 15 da edição "31/10/2014 1a CAD F" ---- Impressa por edazevedo às 30/10/2014@16:09:43 Jornal Valor Econômico - CAD F - ESPECIAIS - 31/10/2014 (16:9) - Página 15- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Enxerto

Sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Especial | Pequenas e médias empresas Nicho Micro e pequenas correm em busca de certificação e treinamento

Salto no crescimento de eventos desafia o setor Rosangela Capozoli Para o Valor, de São Paulo A julgar pelos R$ 209,2 bilhões faturados em 2013, o mercado de eventos no Brasil está em festa. Só no ano passado, o setor realizou 590 mil eventos e recolheu R$ 48,7 milhões em impostos. Esse mercado representa 4,3% do PIB brasileiro e já gerou 7,5 milhões de empregos. Quando se comparam esses números àqueles do último levantamento de 2001 – ano em que a receita foi de R$ 37 bilhões -- , vê-se que o crescimento teve um salto de 768,6%. Os números atuais referem-se a um estudo inédito realizada pelo Observatório do Turismo da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense, contratado pelo Sebrae Nacional em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc Brasil). Nesse segmento em ebulição, as micro e pequenas empresas representam 94% e correm em busca de certificação e treinamento para não perder o bonde. A previsão de entidades do setor é que o crescimento será constante nos próximos anos, mas a clientela será cada vez mais exigente. A atual pesquisa, intitulada “Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos do Brasil 2013/2014”, mostra que o país foi palco, no ano passado, de 590.913 eventos. Destes, 95% foram nacionais e ocorreram no Sudeste. Em número de eventos, o crescimento foi menor, mas igualmente expressivo: doze anos atrás foram regis-

trados 327.520 realizações, o que significa 54,2% de crescimento, ou 2,7% ao ano. As 202, 2 milhões de pessoas que participaram dos eventos gastaram, em média, R$ 161,80 por dia, somando R$ 99,3 milhões. Já as mais de 60 mil empresas que organizam feiras, congressos e exposições lucraram R$ 59 bilhões em 2013, enquanto em 2002, a soma não atingiu R$ 4 bilhões. Os eventos internacionais no Brasil são igualmente expressivos quando se compara com o ranking global. “Desde 2009, o Brasil está entre os 10 países do mundo que mais sediam eventos internacionais, de acordo com o indicador do International Congress and Convention (ICCA)”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. De acordo com o executivo, “dados mais recentes mostram que, em dez anos, o número de congressos e convenções de negócios internacionais realizados no Brasil cresceu 408%”. “Entre 2003 e 2013, o total de eventos internacionais passou de 62 para 315. No mesmo período, o número de cidades que sediaram eventos internacionais subiu 145%, passando de 22 para 54, e ainda há muito espaço para o crescimento do setor”, acrescenta. Barreto chama a atenção para a necessidade de capacitação de mão de obra para atender a essa demanda crescente. “As empresas precisam se capacitar para oferecer serviços de qualidade. Ao adotar boas práticas de gestão, o empresário ganha alternativas de melhoria de processos, o que aumenta a com-

petitividade dos pequenos empreendimentos”, reforça. Na opinião de Eduardo Pugnali, gerente do Sebrae-SP, o evento se tornou uma das principais ferramentas de comunicação e marketing no Brasil, proporcionado às Pequenas e Médias Empresas (PMEs) atingir o seu cliente de forma direta. “O evento se tornou uma grande plataforma de marketing direto para o marketing de relacionamento e com custos às vezes até mais atrativos do que uma publicidade tradicional. Isso se torna muito claro nesses últimos 12 anos”, diz. As feiras, do ponto de vista de Pugnali, chegam como uma grande oportunidade para o pequeno empreendedor.

Pesquisa mostra que o Brasil sediou quase 600 mil eventos no ano passado, 95% deles na região Sudeste “O evento é um grande quebra cabeça e precisa de muitos fornecedores e, nesse mercado, o micro e pequeno têm muita chance de crescer. Como o número de eventos no Brasil está em alta, precisase cada vez de mais micros”, afirma. Os segmentos mais demandados, nesse caso, são o setor de prestação de serviços e alimentação. “A maior parte das micro e pequenas empresas estão concentradas na área de serviço e a tendência é de forte incremento”, prevê. Em 2015, o Sebrae-SP estima que o setor de serviços ultrapassa-

rá o ramo de comércio, em número total de micro e pequenas empresas. “De 2012 a 2015, a projeção é de que haverá um aumento de aproximadamente 133 mil micro e pequenas empresas de serviços. Isso implica um crescimento de 5,1% ao ano no número de PMEs no setor de serviços”, estima o gerente do Sebrae. Para se ter uma ideia, entre 2014 e 2015, é esperado um aumento de cerca de 46 mil micro e pequenas empresas apenas na área serviços. São consideradas PMEs de serviços as empresas com CNPJ, finalidade lucrativa e com até 49 empregados. Anita Pires, presidente da Abeoc, diz que, diante dos resultados levantados pela pesquisa, todas as empresas da área de eventos poderão planejar melhor suas atividades. “Como se trata de um setor bastante jovem e em um mercado onde há muitos aventureiros, percebemos a necessidade de organizar esse setor, auto regulamentar e criar normas técnicas desse processo”, comenta. Segundo a executiva, a Abeoc está amparada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) “que está auxiliando nessa empreitada”. “Também já definimos com o Sebrae Nacional um programa de qualidade, que terá apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Federação Brasileira de Hospitalidade e Alimentação (FBHA) e o Fórum Permanente de Entidades do Setor de Eventos (ForEventos) para busca de evolução do setor”, detalha. A Abeoc tem 37 anos e 500 associados.

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Valor

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Certificação ganha simpatia do consumidor De São Paulo

Os micro e pequenos empresários estão correndo atrás do Selo de Qualidade em Serviços. Descobriram que, com ele, ganham a confiança do mercado e a simpatia do consumidor. Isso vale, sobretudo, para a MPEs que trabalham com o mercado de eventos, uma cadeia de negócios em que os pequenos representam 95%. Mais que um diferencial para a marca, o selo se consolida também como referência no momento da escolha por parte do consumidor. Pensando nisso, a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc Brasil), entidade empenhada em normatizar esse mercado, já há quase dois anos selou parceria com o Sebrae Nacional para a qualificação em gestão e certificação de Micro e Pequenas Empresas (MPEs) da área de eventos. A espinha dorsal do programa trata da avaliação da empresa, uma série estruturada de oficinas e palestras de capacitação, além de consultoria direta para aprimoramento da gestão. Passada essa fase do programa de “Qualificação em Gestão e Certificação de Micro e Pequenas Empresas de Eventos”, elas são auditadas e certificadas com Selo de Qualidade Abeoc Brasil. “Já foram atendidas 220 empresas da cadeia produtiva de eventos no Brasil, e cerca de 80% delas são micro e pequenas sendo que o restante se enquadra no perfil de pequenas médias. Desse total, 120 já se inscreveram para a certificação do selo”, afirma Anita Pires, presidente da Abeoc. Mas essa é apenas

a primeira etapa. “Teremos a continuidade do projeto em 2015. É importante investir em um setor que cresceu 14% nos últimos quatro anos”, diz. A primeira fase do programa foi construída em três módulos: capacitação e gestão da empresa, dimensionamento econômico do setor - ou seja, o impacto do setor na economia e o potencial desse mercado - e o último, que ainda está em fase de construção, são as auditorias. “Esses módulos serão considerados para validar quais empresas atendem as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para receber o selo de qualidade Abeoc”, explica Anita. Até agora nenhuma empresa foi certificada. “O processo de certificação se inicia em princípio de dezembro e a primeira fase do projeto termina no mesmo mês”, diz. Otimista, a presidente da Abeoc já contabiliza os primeiros resultados. “Cerca de 85% das 220 empresas já implantaram novas práticas porque sabem que só poderão se candidatar ao selo se cumprirem à risca todos os trâmites. Mas o impacto foi maior que esperávamos”, diz. Para se ter uma ideia, os números da Abeoc indicam que, uma vez estruturadas seguindo o roteiro para o Selo, essas empresas venham a ter um aumento de 10% na receita, gerando novos empregos. “A grande maioria delas são organizadoras de eventos e prestadoras de serviços – essas últimas mais ligadas à área de tecnologia e de montagem”, afirma. (RC)


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