Jornal do Café Edição 185

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JORNAL DO CAFร

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EDITORIAL

A PALAVRA DA ABIC

Um estudo divulgado recentemente merece nossa atenção. Esse estudo analisou municípios do Estado de Minas Gerais produtores de minério de ferro e de café e concluiu que a pujança econômica nem sempre pode ser traduzida em qualidade de vida do morador. Os dados foram publicados pelo Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O estudo mostra que nas cidades onde se produz minérios, a remuneração é melhor, mas a concentração de renda também é maior. Já nos municípios produtores de café, apesar da remuneração ser mais baixa, o impacto da atividade é bem maior, pois emprega mais pessoas. Outro indicador interessante mostra que a mineração, na média das cinco maiores cidades produtoras do Estado, emprega menos de 10% da população local. O agronegócio café, por sua vez, gera emprego para quase 40% da população. Ou seja, café e minério de ferro, líderes das riquezas naturais de Minas Gerais, com 60% das exportações do Estado, têm comportamentos diferenciados quanto ao seu impacto na economia das cidades onde são produzidos. Os cinco maiores produtores de café de Minas têm, na média, melhor distribuição de renda do que os seus equivalentes na mineração. O estudo traz outras inúmeras informações, mas o que ele sinaliza claramente é que essa melhoria de qualidade de vida 2 | JORNAL DO CAFÉ - Nº185

proporcionada pela atividade cafeeira não deve ser restrita a Minas Gerais, mas expandida aos demais Estados produtores. Guardando-se as realidades regionais, o impacto social é muito grande. Daí a minha sugestão de o nosso setor reivindicar alíquota zero do ICMS. Isso alavancaria a atividade em todo o país e acabaria com a terrível guerra fiscal. O café já faz parte da cesta básica, o que foi um pleito da ABIC, e a maioria dos produtos que a integram tem imposto zero. Por que não pleitearmos esse mesmo benefício para o café? Isso resultaria não só em preços mais acessíveis como inf luenciaria na melhora da qualidade. O que todos nós queremos é poder atender à imensa gama de consumidores com a oferta de cafés que atendam aos mais variados gostos – e bolsos. E a base disso, com certeza, é o fornecimento de cafés puros e de qualidade. Aqui, acrescento a importância da proposta da ABIC, feita ao demais integrantes do CDPC, de ampliar o programa de autorregulamentação da entidade, que confere o Selo de Pureza, para monitorarmos 100% dos cafés. São ações como essas, combinando menos impostos e permitindo maior controle das marcas, que alavancarão ainda mais o consumo de café no Brasil.

Ricardo Silveira 1º Vice-Presidente

JORNAL DO CAFÉ

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CARTA AO LEITOR

Não é qualquer entidade que chega aos 40 anos tão fortalecida e unida; que pode olhar para trás e sentir orgulho do caminho trilhado, do aprendizado obtido com erros e acertos e, principalmente, que pode olhar para o futuro e focar em estratégias que venham a fomentar ainda mais os negócios, beneficiando todas as suas associadas, em especial as micro, pequenas e médias empresas e, consequentemente, fazendo toda a cadeia produtiva crescer. Tudo isso, em nome do consumidor. Por todo esse mérito, os 40 anos da ABIC são comemorados nesta edição especial, cujas matérias apontam o passado, o presente e o futuro, mostrando as diversas atividades realizadas por nossa entidade ao longo dessas décadas. Trazemos também, entre outras reportagens, a cobertura da Semana Internacional do Café e uma entrevista com Robério Silva, diretor-executivo da OIC – Organização Internacional do Café, que fala sobre os 50 anos deste organismo e sua importância na atualidade. Uma ótima leitura, sempre com excelentes cafés!

Manoel Felisberto Cruz de Assis

Vice-presidente para a área de Marketing e Comunicação

ÍNDICE Conselho de Administração 2011 - 2013

ENTIDADE 06

PRESIDENTE

ABIC 40 anos

Américo Takamitsu Sato Ind. e Com. de Café Floresta Ltda. - SP

MERCADO 14 28

VICE-PRESIDENTES

Selo de Pureza Lojas de Conveniência

QUALIDADE 16 22

Melhores da Qualidade em 2013 Concurso que Elege os Melhores Cafés do Brasil chega à 10º Edição

30

SEMANA INTERNACIONAL DO CAFÉ Pág.

CAFÉ E SAÚDE EXPEDIENTE O Jornal do Café é uma publicação da Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC, enviada a: associados, autoridades, entidades e pessoas representativas do setor cafeeiro. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião ou pensamento da entidade.

18 20

Café, Uma Bebida Saudável De volta ao Café

INDÚSTRIA 24 26

Diretor de Marketing e Comunicação da ABIC: Manoel Assis Editora: Marilia Moreira (MTb 11381) – mariliatempocom@uol.com.br Subeditor: Eduardo Buitron – edutempocom@uol.com.br Fotografia: Cláudio Arouca Redação: Tempo de Comunicação – Rua Piracuama, 280 - cj 44 Perdizes, São Paulo - SP, CEP: 05017-040. Fone: (11) 3868 4037 - tempocom@uol.com.br Diretor de Criação: Gilberto Sato – gilberto@smartpropaganda.com.br Diretor de Arte: Mario Gascó - mario@smartpropaganda.com.br Programação edição digital: Lillyane Rodrigues - lillyane@smartpropaganda.com.br Coordenadora de projeto: Mayara Schmidt - mayara@smartpropaganda.com.br Criação, Diagramação e Projeto Gráfico: Smart Propaganda – Av. Brg. Faria Lima, 1826 – cj. 713 – Jardim Paulistano – São Paulo – SP – Fone: (11) 3815-5566 – jornaldocafe@smartpropaganda.com.br www.smartpropaganda.com.br Impressão: Vox Editora Ltda. – tel (11) 3871-7300 Tiragem: 1.500 exemplares ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café Rua Visconde de Inhaúma, 50 – 8º andar CEP 20091-000 – Rio de Janeiro – RJ Fone: (21) 2206 6161 – Fax: (21) 2206 6155 E-mail: abic@abic.com.br www.abic.com.br - www.twitter.com/abic_cafe

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Novidades Meridiano Melitta Lança Novas Bebidas Prontas

EVENTO 30 34

Semana Internacional do Café OIC - 50 Anos

ESPECIAL 40

Centenário de Nascimento do Maior Pesquisador de Café do Mundo

46 OPINIÃO DO TORREFADOR ABIC: Conquistas e Desafios

44 COFFEE BREAK

CAPA 06 Pág.

Ewaldo Wachelke Mercacel - Vice-Presidente para a área Administrativa e Financeira - Mercantil de Café e Cereais Ltda. - PR Paulo Rufino de Melo e Silva Júnior - vice-presidente para a área de Tecnologia e Modernização - Cia. Cacique de Café Solúvel - SP Dagmar Oswaldo Cupaiolo - vice-presidente e Diretor Regional para o Sul e São Paulo - Café Lourenço Ind. Com. Ltda. - SP José Carlos da Silva Junior - vice-presidente e Diretor Regional para o Nordeste - São Braz S/A Ind. Com. de Alimentos - PB Egídio Malanquini - vice-presidente para a área de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (MPEs) - Ind. e Com. de Cafés Especiais Ltda. - ES Natal Martins - vice-presidente para a área de Planejamento Estratégico e Exportação - Café Canecão Ltda. - SP Márcio Reis Maia - vice-presidente para a área de Pesquisas e Economia - Icatril Ind. de Café do Triângulo Ltda. - MG Manoel Felisberto Cruz de Assis - vice-presidente de Marketing e Comunicação - Mitsui Alimentos Ltda. - SP Antonio Roberto Rodrigues de Almeida - vicepresidente e Diretor Regional Adjunto para o Nordeste - Tangará Ind. e Com. Ltda. - BA DIRETOR-EXECUTIVO Nathan Herszkowicz DIRETORES REGIONAIS Lívio Baraúna Assayag – Diretor Regional para o Norte Ind. de Café Manaus Ltda. – AM Nilton Luciano dos Santos – Diretor Regional para o Centro Oeste (MT, MS e TO) Ind. e Com. de Café Meridional Ltda. – MS Nilton Rodrigues Fortes – Diretor Regional para o Centro Oeste (GO e DF) Café Forte Ind. e Com. Ltda. – DF Ricardo de Souza Silveira – Diretor Regional para o Sudeste Café Cristal Ltda. – MG José Iovan Teixeira - Diretor Regional Adjunto para o Norte CICAL Ind. e Com. de Produtos Alimentícios Ltda. - RO JORNAL DO CAFÉ

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ENTIDADE

UMA ENTIDADE SEMPRE À FRENTE O DA SUA ÉPOCA

Quatro décadas que impulsionaram o mercado e transformaram hábitos, fortalecendo o negócio e despertando o consumidor para a pureza e a qualidade do café. mercado brasileiro de café passou por uma enorme transformação nos últimos 40 anos e a ABIC, com seus programas e iniciativas, é uma das grandes responsáveis por isso. Fundada em 12 de março de 1973, a ABIC surgiu da iniciativa dos sindicatos estaduais

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de café que se uniram para criar uma entidade nacional que os representasse junto ao governo, a fim de negociar políticas de real interesse. O setor havia passado pela ingerência direta do Estado, por meio do “Programa de Aumento do Consumo de Café” do IBC – Instituto Brasileiro do Café. Esta autarquia federal foi criada em 1952 e uma das suas atribuições era dar vazão aos altos estoques públicos, e esta é a razão da estratégia de se aumentar a demanda interna. Esse programa obrigava todas as indústrias a vender o café subsidiado na produção. Como lembra o presidente Américo Sato, o subsídio consistia em fornecer o café do estoque oficial às torrefações por preço simbólico, ou seja, menos do que o valor da saca de aniagem de 60kgs, e pré-estabelecia o preço de venda do café em pó ao consumidor. Este programa entrou em vigor no final dos anos 1950 e terminou no início da década de 1970. Após a suspensão deste programa de subsídio, o governo, através da Sunab – Superintendência Nacional do Abastecimento, passou a tabelar o preço do café torrado e moído, fixando-o desatrelado da oscilação do custo da matéria-prima (grão cru). “Foi assim que o setor industrial de café mergulhou na disputa predatória que descapitalizou e pior, perdeu o consumidor pela péssima qualidade oferecida”, diz Sato. O consumo, que era de 8 milhões de sacas em 1965, despencou para 6 milhões da sacas em 1985. Para ele, essa situação criou

no consumidor uma desconfiança, como comprovou a pesquisa realizada nos anos 1980 que revelou que 67% dos brasileiros acreditavam que o café puro era apenas exportado – o de consumo interno, infelizmente, era sempre fraudado. “Observo também que outras heranças negativas que ficaram na mente do consumidor foram que café consumido no país ‘tem que ser barato, porque é produzido aqui’, e que ‘todos os cafés são de mesma qualidade, uns mais torrados e outros menos’, um entendimento errôneo que remete à procura do mais barato”, diz Sato. A reorganização do setor e a própria recuperação do mercado tiveram início com o lançamento do Selo de Pureza ABIC, em 1989 (veja matéria na pág. 14), que abriu as portas para outras iniciativas voltadas para o varejo e para os consumidores. É um trabalho permanente, baseado também na educação para o consumo, que visa aguçar a curiosidade dos apreciadores de bebida para a experimentação, para o maior conhecimento da história desse produto e dos caminhos que percorre desde a fazenda até a xícara, fazendo-os perceber que existem cafés para todos os gostos e bolsos. Sempre atenta aos movimentos do mercado, a ABIC se mantém à frente, criando ferramentas que auxiliam as indústrias e promovem a oferta de cafés de melhor qualidade. Em 2004, quando pouco se falava em cafés finos, a entidade lançou o Programa de Qualidade do Café (PQC), criando três categorias de produtos: Tradicional, Superior e Gourmet. Em 2006, quan-

do os brasileiros começaram a atentar para a importância do consumo consciente, a entidade lançou o Programa Cafés Sustentáveis do Brasil (PCS), que exige que tanto a fazenda quanto a indústria sejam certificadas no quesito sustentabilidade ambiental, social e econômica. A ABIC também se preocupa com os pontos de consumo de café. E foi para treinar a mão de obra que a entidade lançou, em 1996, quando poucos sabiam o que era a profissão barista, o Centro de Preparação de Café, instalado no Sindicato das Indústrias de Café de São Paulo. E em 2006, diante da verdadeira ‘explosão’ no número de cafeterias e casas de café por todo o País, foi criado o CCQ – Círculo do Café de Qualidade, um programa que auxilia os empreendedores a melhorarem suas práticas tanto administrativas quanto no atendimento aos clientes, com baristas e atendentes treinados e capacitados a oferecer um correto café. Outra iniciativa, destinada aos consumidores do futuro, é o projeto Café na Merenda, Saúde na Escola, lançado em 2007 e que já beneficiou mais de 5 mil alunos de seis Estados, nos seguintes municípios: Uberlândia e Juiz de Fora (MG); Cuiabá (MT), Campinas e Araçariguama (SP); Bom Jesus e Guaiba (RS) e Eusébio (CE). O projeto, cujo objetivo é resgatar o saudável hábito do café com leite, é coordenado pela ABIC, que fornece amplo material didático e informações de caráter médico-científico, além de filme e sugestões de atividades lúdicas e recreativas. Às indústrias, cabe fornecer todo o suporte

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Manuel Pereira da Silva Leite

GALERIA DOS PRESIDENTES

e materiais necessários, como curso de treinamento de cozinheiras, equipamentos para preparo do café e do leite, canecas, açúcar e pó de café. As escolas participantes não têm custos e em alguns municípios contam com o apoio das prefeituras e das secretarias de educação. Importantes também são o Programa Exportador, realizado desde 2002 em parceria com a Apex-Brasil e que tem como objetivo conquistar novos mercados para o café em grão torrado e ou moído, produzidos no Brasil, e o NMQ – Nível Mínimo de Qualidade, lançado em 2003 e que traz recomendações para elaboração de editais de licitação. Todas essas iniciativas, que começaram com o Selo de Pureza, permitiram o grande crescimento do mercado interno, que saltou de 8 milhões de sacas no início dos anos 1990 para mais de 20 milhões de sacas em 2012, sendo o segundo maior país consumidor, atrás dos Estados Unidos. Hoje, o brasileiro tem à sua disposição cafés de todas as qualidades e tipos, desde os comuns para consumo diário, que são a grande maioria consumida, até os gourmet e especiais. Hoje 110 marcas gourmet são certificadas e monitoradas no mercado pela ABIC, fazendo com que os brasileiros tenham à disposição cafés iguais ou melhores que os melhores cafés do mundo. Uma conquista destas não acontece de um dia para o outro. É um trabalho de ‘formiguinha’ e diuturno, que exige o acompanhamento e monitoramento permanente do mercado. A ABIC investe em pesquisas de opinião, para conhecer as tendências de consumo, e também em pesquisas médicas e científicas, visando mostrar os benefícios do café para a saúde humana, quando consumido diariamente e em doses moderadas. Também trabalha intensamente junto ao varejo, principalmente o supermercadista, promovendo seus programas e certificações que são atestados de segurança alimentar.

1973/1975

Vice-Presidentes

Iris Antônio Campos

Iris Antônio Campos Carlos Barcelos Costa Ary Santini Longoni Helio Guedes Pereira

Osmar Dias Rocha Carlos Barcelos Costa Saul Zubaran de Souza Helio Guedes Pereira

Talmo Alves Pimenta Eduardo Alves Vieitos Francisco Bernardino Martins Dagmar Oswaldo Cupaiolo

Talmo Alves Pimenta Eduardo Alves Vieitos Darke Bhering de Mattos Hugo Varella Reis

1977/1979

1975/1977

Vice-Presidentes

Presidente

Manuel Pereira da Silva Leite 1º Vice-Presidente Vice-Presidentes

Diretores

Presidente

Manuel Pereira da Silva Leite 1º Vice-Presidente

Alberto Nahum

Iris Antonio Campos

Walter Santos Pierrot

Diretores

Presidente

Walter Santos Pierrot

1º Vice-Presidente

Manuel Pereira da Silva Leite Iris Antônio Campos Edgard Wanderley Ary Santini Longoni João Baptista Lobo Vianna

Diretores

Talmo Alves Pimenta Osmar Dias Rocha Francisco Bernardino Martins Dagmar Oswaldo Cupaiolo

1979/1981 Presidente

Iris Antonio Campos

1º Vice-Presidente

Talmo Alves Pimenta

1981/1983 Presidente

Talmo Alves Pimenta

1º Vice-Presidente

Ewaldo Wachelke

Vice-Presidentes

Carlos Barcelos Costa Helio Guedes Pereira Antonio de Cerqueira Celestino Breno Job Freire Diretores

Vice-Presidentes

Osmar Dias Rocha Francisco Bernardino Martins Ivo Salvetti João Antonio Rodrigues Gimenez

Diretores

1983/1985

Carlos Barcelos Costa Ary Santini Longoni Antonio de Cerqueira Celestino Nicolau Duailibe Neto Ewaldo Wachelke Osmar Dias Rocha Francisco Bernardino Martins Ivo Salvetti

Presidente

Ewaldo Wachelke

1º Vice-Presidente

Talmo Alves Pimenta

JORNAL DO CAFÉ

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Talmo Alves Pimenta Vice-Presidentes

Carlos Antonio Peixoto Victor Fernando Ollero Ventin Walter Santos Pierrot Breno Job Freire Diretores

Diretores

Américo Takamitsu Sato Carlos Barcelos Costa Ismael Ferreira de Frias José Moreira da Cunha

Osmar Dias Rocha Francisco Bernardino Martins Helio Soares de Campos José Moreira da Cunha

1987/1989

1985/1987

Vice-Presidentes

Presidente

Alberto Nahum

1º Vice-Presidente

Dagmar Oswaldo Cupailo Vice-Presidentes

Ary Santini Longoni Victor Fernando Ollero Ventin Nicolau Duailibe Neto Luiz Carlos Ehlke 10 | JORNAL DO CAFÉ - Nº185

Presidente

Carlos Barcelos Costa

1º Vice-Presidente

Talmo Alves Pimenta

Dagmar Oswaldo Cupaiolo Ewaldo Wachelke José Carlos da Silva Júnior Edgard Wanderley Helio Guedes Pereira Saul Zubaran de Souza Diretores

Américo Takamitsu Sato José Ângelo De Marco

Ewaldo Wachelke Adílio Cesar Neves Valadão Victor Fernando Ollero Ventin

1989/ 1991 Presidente

Ewaldo Wachelke

1º Vice-Presidente

Américo Takamitsu Sato Vice-Presidentes

Dagmar Oswaldo Cupaiolo Carlos Barcelos Costa José Carlos da Silva Júnior Edgard Wanderley Saul Zubaran de Souza Manuel Pereira da Silva Leite Diretores

Talmo Alves Pimenta Victor Fernando Ollero Ventin Francisco Bernardino Martins José Moreira da Cunha

Alberto Nahum

Carlos Barcelos Costa

1991/1993

1993/1996

Américo Takamitsu Sato

Américo Takamitsu Sato

Presidente

1º Vice-Presidente

José Carlos da Silva Júnior Vice-Presidentes

Dagmar Oswaldo Cupaiolo Manuel Pereira da Silva Leite Carlos Barcelos Costa Edgard Wanderley Saul Zubaran de Souza Victor Fernando Ollero Ventin Diretores

Ewaldo Wachelke José Ângelo De Marco Talmo Alves Pimenta Francisco Bernardino Martins Superintendente

José de Paula Motta Filho

Superintendente

Presidente

José de Paula Motta Filho

1º Vice-Presidente

1996/1999

Vice-Presidentes

José Carlos da Silva Júnior

José Carlos da Silva Júnior

Presidente

Dagmar Oswaldo Cupaiolo Manuel Pereira da Silva Leite Carlos Barcelos Costa Edgard Wanderley Saul Zubaran de Souza Ewaldo Wachelke Talmo Alves Pimenta Victor Fernando Ollero Ventin David Nahum Neto Guivan Bueno

1º Vice-Presidente

Diretores

José Guilherme Lima José Ângelo De Marco Oscar Cunha Júnior Francisco Bernardino Martins

Américo Takamitsu Sato Vice-Presidentes

Dagmar Oswaldo Cupaiolo Manuel Pereira da Silva Leite Carlos Barcelos Costa Edgard Wanderley Saul Zubaran de Souza Ewaldo Wachelke Talmo Alves Pimenta Victor Fernando Ollero Ventin Guivan Bueno José Guilherme Lima Diretores

Francisco Bernardino Martins JORNAL DO CAFÉ

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José Carlos da Silva Júnior

Oscar Cunha Júnior

Superintendente

José de Paula Motta Filho

Dagmar Oswaldo Cupaiolo Edgard Wanderley

Diretores

1999/2002

Carlos Barcelos Costa Pedro Alcântara Rego de Lima Ricardo Ribeiro Tavares Antônio Paulino Martins

José Carlos da Silva Júnior

David Nahum Neto

Secretário Geral

David Nahum Neto Presidente

1º Vice-Presidente

Secretário Geral

Guivan Bueno

2002/2005

Manuel Pereira da Silva Leite Ewaldo Wachelke Talmo Alves Pimenta Victor Fernando Ollero Ventin Antônio Irineu da Rocha Sydney Marques de Paiva Luiz Roberto Gonçalves Irving Nadir Vieira

Guivan Bueno

Vice-Presidentes

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Presidente

Conselheiros

Almir José da Silva Filho Antônio Irineu da Rocha Antônio Paulino Martins Dagmar Oswaldo Cupaiolo Ewaldo Wachelke José Carlos da Silva Júnior

Almir José da Silva Filho

Guivan Bueno

Americo Takamitsu Sato

Natal Martins Pedro Alcântara Rego de Lima Sydney Marques de Paiva Talmo Alves Pimenta

Natal Martins Egídio Malanquini

Diretor Executivo

Nathan Herszkowicz

2011/2013

Nathan Herszkowicz

2008/2011

Américo Takamitsu Sato

2005/2008

Almir José da Silva Filho

Bernardo Wolfson

Guivan Bueno

Ewaldo Wachelke Antonio Paulino Martins Dagmar Oswaldo Cupaiolo José Carlos da Silva Junior Egídio Malanquini Natal Martins Márcio Reis Maia Manoel Felisberto Cruz de Assis Antonio Roberto Rodrigues de Almeida

Diretor-Executivo

Presidente

Guivan Bueno

Vice-Presidente

Almir José da Silva Filho Conselheiros

Sydney Marques de Paiva Pedro Alcântara do Rego Lima Ewaldo Wachelke Antonio Irineu da Rocha Antonio Paulino Martins José Carlos da Silva Júnior Dagmar Oswaldo Cupaiolo

Diretor-Executivo

Nathan Herszkowicz Presidente

Presidente

Vice-Presidente

Vice-Presidente

Conselheiros

Conselheiros

Pedro Alcântara Rego de Lima Sydney Marques de Paiva Ewaldo Wachelke Antônio Paulino Martins José Carlos da Silva Júnior Dagmar Oswaldo Cupaiolo Natal Martins Egídio Malanquini Márcio Reis Maia

2013/2016 Presidente

Américo Takamitsu Sato

1º Vice-Presidente

Ricardo de Sousa Silveira Vice-Presidentes

Egídio Malanquini Dagmar Oswaldo Cupaiolo Lívio Baraúna Assayag Pavel Monteiro Cardoso Manoel Felisberto Cruz de Assis José Ângelo Marino José Lúcio Campos Luciano Inácio Nilton Luciano dos Santos Diretor Executivo

Nathan Herszkowicz

Diretor-Executivo

Nathan Herszkowicz

JORNAL DO CAFÉ

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MERCADO

SELO DE PUREZA

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A

ABIC apresentou durante a 66ª Reunião do CDPC – Conselho Deliberativo da Política do Café, realizada em Brasília dia 29 de agosto, a proposta de ampliação do seu Programa de Autorregulamentação da Pureza do Café. Esta apresentação formal ao CDPC teve por objetivo consolidar a determinação da ABIC de, juntamente com os demais setores que apoiam a iniciativa, implementar o completo e total monitoramento da pureza do café em todas as marcas do país, via iniciativa privada e sem imposição de regulamentação oficial, entendendo que o setor privado é maduro e responsável o suficiente para assegurar pureza aos produtos. Numa

VOCÊ SABIA?

ABIC formalizou junto ao CDPC proposta de ampliação do Programa de Autorregulamentação da Pureza do Café

segunda fase, a proposta pode avançar, depois de muitos estudos, consultas e discussões, para outros aspectos relacionados à qualidade e não somente à pureza do café. Para a ABIC, o programa do Selo de Pureza, por toda sua estrutura técnica e seu histórico de mais de 20 anos de sucesso, é a forma mais célere e eficaz de combate a fraudes e impurezas no café torrado e moído, e sua ampliação seria a melhor medida para alcançar os objetivos pretendidos pelo agronegócio e pelo governo. Único no mundo, o programa já monitora e controla 75% de todo o café produzido no país. Sua ampliação permitirá, por exemplo, que o número de análises micros-

Saindo da tutela do IBC Desde a época de sua criação, a ABIC enfrentou - e enfrenta - o desafio de conseguir para o café e para o consumidor brasileiro melhor qualidade, a

garantia da pureza, o aumento de consumo e preço justo para o produto. Em 1987, a entidade ganhou um importante aliado: o embaixador José Dauster, que naquela data passou a presidir o IBC – Instituto Brasileiro do Café, autarquia à qual cabia conduzir as políticas do setor e a fiscalização das indústrias de café. A ABIC apresentou a ele os problemas enfrentados pelo setor, causa-

cópicas anuais possa saltar dos atuais 2,8 mil para 6 mil em 2014. “Com essa ampliação, poderemos monitorar 100% dos cafés produzidos no país, garantindo a pureza, que é o quesito número 1 da qualidade, aos nossos consumidores e com isso aumentar ainda mais a demanda”, diz Américo Sato, presidente da ABIC. Isso significa que a entidade, com o apoio dos demais segmentos e aprovação do CDPC, poderá passar a coletar e a analisar os 25% restantes, a maioria localizada em Estados longínquos e de difícil acesso. “Apesar do volume pequeno, esses 25% representam inúmeras marcas”, diz Sato, lembrando que o aumento do consumo é de interesse de todo o agronegócio, já que as indústrias respondem pela aquisição de 40% da produção brasileira de café. Lançado em 1989, o Programa de Controle de Pureza – Café Torrado e/ ou Moído, responsável pela concessão do Selo de Pureza ABIC, foi uma resposta da entidade aos consumidores que, em meados da década de 1980, vinham abandonando o hábito por acreditar que o produto puro era exportado e que o brasileiro só consumia café de baixa qualidade, impuros ou com misturas, conforme constatado em pesquisa de opinião. Nessas duas décadas, o programa do Selo de Pureza resultou na moralização do mercado e resgatou a credibilidade do produto: o consumo anual saltou de 8,5 milhões de sacas para mais de 20 milhões de sacas. Atualmente, participam do programa 457 empresas com 1.132 marcas certificadas.

dos principalmente pelo tabelamento de preços no varejo, desatrelado da oscilação do custo da matéria-prima (grão verde), vigente desde a década de 1970, que levou a uma concorrência predatória, descapitalizou as indústrias e pior, perdeu o consumidor pela péssima qualidade oferecida. O consumo havia caído de 8 milhões de sacas em 1965 para 6 milhões em 1985. A pesquisa feita junto aos consumidores,

O sucesso do programa está no seu formato, que não permite vícios ou influências externas. Na coleta, sem aviso prévio, auditores independentes compram no varejo (supermercado, padaria, etc.) duas amostras de cada marca, acondicionando-as em embalagens lacradas, invioláveis e identificadas por código de barras. As amostras são então encaminhadas ao laboratório credenciado, que analisa uma das amostras e mantém a outra preservada, para eventual contraprova. Para assegurar a confiança no sistema, de três a quatro vezes por ano uma mesma amostra é analisada por vários laboratórios, resultando em 100% de sincronia. Só as empresas associadas com marcas constatadas puras recebem um certificado de direito do uso do selo, que tem validade de seis meses. Desde 1989, mais de 55 mil análises de microscopia já foram realizadas pelo programa. As marcas de empresas associadas à entidade são coletadas aleatoriamente. Se alguma irregularidade for constatada é instaurado um processo administrativo. E se a impureza permanecer, a ABIC aplica penalidade aos infratores, podendo acarretar desde a suspensão até a exclusão do programa. Também são coletadas marcas de indústrias não-associadas, a fim de identificar empresas que fraudam seus consumidores, seja pela presença de impurezas, ou pelo uso indevido ou imitativo do selo. As marcas constatadas impuras, de associadas ou não à entidade, são denunciadas pela ABIC aos órgãos

em 1987, demonstrou que 67% deles acreditavam que “café puro era apenas o exportado - o de consumo interno, infelizmente, era sempre fraudado”. O consumidor estava certo “e o sistema de fiscalização do IBC, poderoso no papel, não possuía recursos para coibir a adição ao café, sobretudo por parte de pequenas e médias torrefadoras”, conforme disse Jorio Dauster em depoimento ao Jornal do Café, em edição sobre os

competentes para que tomem providências legais cabíveis. Nesses mais de 20 anos, várias marcas foram penalizadas pelos órgãos de defesa do consumidor, principalmente pelo Ministério Público. Para Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da ABIC, o sucesso do Selo de Pureza comprova que a iniciativa privada tem condições de criar um programa e realizá-lo, sem interferência do governo. “O café é um dos produtos que mais têm certificações em todo o mundo, a exemplo UTZ Certified, Rainforest, 4 C, Coffee Quality Institute (CQI) e IDH – The Sustainable Trade Initiative. Aqui no Brasil temos também Imaflora, BSCA, Café do Cerrado, entre outras. E todas elas funcionam como programas privados, com regras próprias e confiáveis, sem regulação oficial. O consumidor confia nesses programas. O que é necessário é que o governo dê suporte financeiro suficiente para que eles se desenvolvam e sejam amplamente divulgados para o público”. Além da adoção do Programa de Autorregulamentação da Pureza do Café, coordenado pela ABIC, e da metodologia para coletas e análises, a entidade propõe o treinamento e a qualificação de outros laboratórios para análises microscópicas, e a ampliação significativa do número de amostras coletadas e analisadas. Outra proposta é a realização de uma ampla campanha publicitária, com recursos do Funcafé, divulgando essa ampliação do programa e valorizando junto aos consumidores a produção de cafés puros.

20 anos do programa Selo de Pureza. A partir desta constatação surgiu a proposta das próprias indústrias se autofiscalizarem, arcando com todos os custos de coletas e análises. Assim, em 10 de novembro de 1988 entrava em vigor a Resolução n.º80, baixada pelo IBC, que passava a fiscalização e o monitoramento do setor para a ABIC. Em agosto de 1989 a entidade lançava o programa Selo de Pureza. JORNAL DO CAFÉ

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QUALIDADE

ABIC premia as marcas que alcançaram as maiores notas de qualidade global em suas categorias

A

ABIC premia anualmente, no rol dos Melhores do PQC – Programa de Qualidade do Café, as marcas que alcançaram as maiores notas de qualidade global em suas categorias, nas avaliações de certificação e de manutenção do programa. A premiação é um reconhecimento aos esforços dessas indústrias em manter e melhorar os seus produtos, atendendo à Norma de Qualidade Recomendável e às Boas Práticas de Fabricação de Cafés Torrado em Grão e Cafés Torrados e Moídos. São empresas que estão investindo em tecnologia, na aquisição de boas matérias-primas e no controle da qualidade final. A premiação será feita no 21º Encafé –

CATEGORIA TRADICIONAL

TORREF. NOIVACOLINENSES LTDA.

6,7

pontos Produto: Café Cassiano Torrado em Grãos Pouch

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CATEGORIA SUPERIOR

COAMO AGROINDL. COOPERATIVA

7,0

pontos Produto: Café Coamo Premium Superior GR

Encontro Nacional das Indústrias de Café, durante jantar comemorativo aos 40 anos da entidade. O objetivo do PQC é incentivar as indústrias a diferenciarem seus produtos da concorrência, em qualidade e preço. Para as empresas, a vantagem está na possibilidade de melhor focar seu negócio, lançando ou reposicionando suas marcas de acordo com o perfil de seu público alvo. Para o varejo, é um diferencial importante que permite ofertar cafés certificados e uma garantia no quesito segurança alimentar. Para os consumidores, as categorias têm um papel também educativo: fazê-los descobrir que café não é tudo igual, mas que existem diferenças inclusive entre as marcas produzidas por uma mesma empresa, e que existem marcas para todos os gostos e bolsos. As marcas Campeãs do prêmio “Melhores da Qualidade do Café – PQC 2013” por categoria são:

CATEGORIA GOURMET MITSUI ALIMENTOS LTDA.

7,7

pontos Produto: Café Brasileiro Tutta Crema Expresso Grão

VOCÊ SABIA?

MELHORES DA QUALIDADE EM 2013

“A melhora da qualidade é o motor do consumo” A frase acima foi cunhada pelo presidente Américo Sato e resume a bandeira da ABIC nesses 40 anos de existência. A entidade busca incessantemente incentivar as indústrias para que invistam na qualidade contínua de seus cafés e na diversificação de produtos visando justamente o aumento do consumo. O pontapé inicial foi dado em 1989, quando a entidade lançou o programa do Selo de Pureza anunciando que pretendia reverter a queda no consumo de café que havia à época, por meio da oferta de produtos de melhor qualidade ao consumidor. Em 2004, a ABIC deu um passo à frente e criou o PQC – Programa de Qualidade do Café, que avalia a qualidade do produto e monitora sua consistência no mercado ao longo do tempo, focado nas propriedades sensoriais. O PQC, inédito em todo o mundo pelas suas características, criou categorias de qualidade para o café torrado e moído, conhecidas por Tradicional, Superior e Gourmet. De acordo com o Regulamento Técnico do PQC, os cafés com Qualidade Recomendável Geral, torrados em grão ou torrados e moídos, são aqueles constituídos de cafés arábica ou blendados (combinados) com robusta/conilon, que atendam aos requisitos de qualidade global e aspecto conforme segmentação do PQC que publicamos a seguir:

CAFÉS TRADICIONAIS

CAFÉS SUPERIORES

CAFÉS GOURMET

Aspecto: São constituídos por café tipo 8 COB ou melhores, com máximo de 20% em peso de grãos com defeitos pretos, verdes e ardidos, admitindo-se a utilização de grãos de safras passadas de cafés verde claros com qualquer bebida. A ABIC recomenda que o industrial evite no produto a presença de grãos pretos-verdes ou fermentados.

Aspecto: São aqueles constituídos por café tipo 6 COB ou melhores, com máximo de 10% em peso de grãos com defeitos pretos, verdes e ardidos, admitindo-se a utilização de grãos de safras passadas de cafés verde claros com qualquer bebida. A ABIC recomenda que o industrial evite no produto a presença de grãos pretos-verdes ou fermentados.

Aspecto: São aqueles constituídos por café tipo 2 a tipo 4 COB, com ausência de grãos com defeitos pretos, verdes e ardidos, preto verdes e fermentados, com bebida estritamente mole, mole ou apenas mole.

Qualidade Global: nota igual ou superior a 6,0 pontos e inferior a 7,3 pontos, em avaliação sensorial.

Características Sensoriais Aroma – característico, marcante e intenso Acidez – baixa a alta Amargor – típico Sabor – característico, equilibrado e limpo Sabor estranho – livre de sabor estranho Adstringência – muito baixa, leve Corpo – encorpado, redondo e suave Qualidade global – muito bom a excelente

Qualidade Global: nota igual ou superior a 4,5 pontos e inferior a 6,0 pontos em uma escala de 0 a 10, em avaliação sensorial. Características Sensoriais: Aroma – fraco a moderado Acidez – Baixa Amargor – fraco a moderadamente intenso Sabor – razoavelmente característico Sabor estranho – moderado Adstringência – moderada Corpo – pouco encorpado a encorpado Qualidade Global – regular a ligeiramente bom

Características Sensoriais: Aroma – característico Acidez – baixa a moderada Amargor – moderado Sabor – característico e equilibrado Sabor estranho – livre de sabor fermentado, mofado e de terra Adstringência – baixa Corpo – razoavelmente encorpado Qualidade global – razoavelmente bom a bom

Qualidade Global: nota igual ou superior a 7,3 pontos, na avaliação sensorial

JORNAL DO CAFÉ

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CAFÉ E SAÚDE

CAFÉ,

Dr. Darcy Lima

SAUDÁVEL

Bebida natural, o café faz bem se consumido regularmente e em doses moderadas

“N

ão, não há nenhuma restrição de doses diárias de café, desde que a pessoa tome em quantidade habitual e que o paciente seja acostumado a tomar a bebida”. A afirmação é do médico e pesquisador Luiz Antonio Machado César, do Instituto do Coração - InCor, do Hospital das Clínicas – HC da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – FMUSP. Para ele, o café não faz mal à saúde se tomado em quantidades moderadas e habituais, ou seja, até quatro xícaras ao dia. Com isso, o Dr. Luiz César se posicionou frente ao estudo publicado em agosto na revista “Mayo Clinic Proceedings”, que apontava em direção contrária. O assunto também foi tema de um artigo do médico Drauzio Varella, publicado no jornal Folha de S.Paulo (veja a íntegra na página 20) Para o Dr. Luiz César, o que ainda falta é uma maior informação

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por parte da comunidade médica e científica sobre as propriedades nutracêuticas do café. “No passado, um grande número de cardiologistas, por exemplo, julgava que o café possuía apenas cafeína, desconhecendo que a bebida contém maiores quantidades de sais minerais (2-4%), ácidos clorogênicos e quinídeos (2-4%), niacina ou vitamina PP (B3 ou ácido nicotínico) (1%) além da cafeína (1-2%) e centenas de óleos voláteis responsáveis pelo aroma e sabor da bebida”. Há cerca de 30 anos, centros de pesquisa brasileiros e internacionais estudam os efeitos do consumo de café para a saúde uma. O próprio InCor, há mais de quatro anos, criou a unidade Café e Coração, por meio de parceria com o Consorcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café e com o apoio da ABIC. De acordo com o Dr. Luiz Machado César, a pesquisa foi feita devido à controvérsia

que existe sobre o café fazer bem ou mal e sobre a cafeína ser uma vilã da saúde, apesar de o café não ser só cafeína e sim ser composto por mais de 400 substâncias diferentes. Nesse período, o comportamento de mais de cem pessoas foi analisado por meio de diferentes baterias de exames feitos periodicamente com pacientes que tomavam café. O objetivo era avaliar os efeitos do café sobre variáveis que envolvem o sistema cardiovascular para saber os efeitos da bebida na pressão arterial e no coração de pacientes que já têm doenças

coronárias. Segundo o médico, considerando os estudos recentes, não há evidências de que o café seja ruim para pessoas com problemas no coração. “Há vários estudos mais recentes no mundo que mostram que o café não tem impacto em doentes cardiovasculares. Há outros estudos mostrando que o café está dentro da qualificação dos antioxidantes, prevenindo doenças ou reduzindo seus efeitos”. Outras pesquisas também comprovam os benefícios do café, como os estudos epidemiológicos realizados pelo Instituto do Câncer americano, que avaliaram mais de 400 mil pessoas, durante o período de 20 anos. Os resultados, publicados no New England Journal of Medicine, uma das revistas de maior impacto na América, mostram que os pacientes com câncer que tinham o hábito de tomar café morreram menos do que aqueles que não ingeriam a bebida. Outros estudos, entretanto, apontam o oposto, como a pesquisa do NIH com mais de 400.000 indivíduos e as pesquisas em diabéticos da Finlândia, este, com menos de 50.000 pessoas seguidas. “E quando isto ocorre, fica a dúvida. O máximo que podemos dizer é que se pode ser conservador e não tomar MAIS do que quatro xícaras grandes ao dia de café, ou por volta de 10 cafezinhos. Mas dizer que o café faz mal, nem o autor parece realmente acreditar”, diz o Dr. Luiz César, comentando o que disse um dos autores do estudo, o pesquisador Carl J. Lavie, ele próprio um consumidor de café. De acordo com este pesquisador, o estudo sugere um consumo seguro de quatro xícaras por dia. Lavie diz que ele próprio poderia tomar uma sexta xícara de café, mas que agora está tentando limitar a três doses ou, ocasionalmente, quatro.

VOCÊ SABIA?

UMA BEBIDA

Descobrindo os benefícios do café O médico neurologista e pesquisador Darcy Roberto Lima, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi um dos pioneiros no Brasil no desenvolvimento de estudos científicos sobre os benefícios do café para a saúde humana. Ph.D em Medicina pela Universidade de Londres, Dr. Darcy Lima começou estudando sobre dependências químicas, área que o levou a se interessar pelo café, ainda no início dos anos 1980. Ele identificou que, além de cafeína, o café possuía substâncias como a lactona, que atuam nas células nervosas com uma ação antagonista opióide. A partir dessa constatação, passou a pesquisar os efeitos do consumo do café para bloquear o desejo de autogratificação, um dos principais motivos, até então conhecidos, que levava ao consumo de drogas legais (tabaco e álcool) e ilegais. Entre os primeiros estudos liderados pelo Dr. Darcy Lima está o ‘Projeto Café e Memória’, realizado entre 1986 e 1994 por ele e um grupo de cientistas da UFRJ. Nesses oito anos, eles analisaram mais de 10 mil pessoas, voluntárias normais e pacientes, sobre a relação entre memória, grau de inteligência, atenção, concentração, performance escolar e profissional, sono, humor, ansiedade e depressão com hábitos diários comuns, como horas de sono, horas de estudo e trabalho, horas de lazer e o consumo de café. A conclusão: o consumo diário e moderado de café era benéfico ao cérebro, pois a bebida estimulava o sistema normal de vigília, aumentando a atenção, a concentração e a memória, melhorando assim a atividade intelectual normal. A partir dessas primeiras evidências científicas, os estudos prosseguiram durante a década de 90, contando com o apoio da ABIC. A constatação de que o café podia combater grandes males da humanidade, como alcoolismo, depressão e consumo de drogas, devido aos seus componentes, como os ácidos clorogênicos e derivados, e que o consumo contribuía também no aprendizado escolar e no estado de alerta, entusiasmou a comunidade científica brasileira e internacional. O resultado foi a criação, em 1999, do Instituto de Estudos sobre Café, em Vanderbilt, em Nashville, nos Estados Unidos, instituição financiada por países produtores e consumidores (www.mc.vanderbilt.edu/coffee). No Brasil, o Dr. Darcy contribuiu em outras frentes, como na produção das Cartas Médicas, dirigidas aos profissionais da saúde, e na criação da unidade Café e Saúde, no InCor e, mais recentemente, na unidade Café e Cérebro no Instituto D’Or Pesquisa e Ensino, do Rio de Janeiro. JORNAL DO CAFÉ

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CAFÉ E SAÚDE

DE VOLTA AO CAFÉ

O risco dessas informações médicas desencontradas é deixar o leitor descrente de todas.

Drauzio Varella

O autor é médico oncologista, cientista e escritor brasileiro, formado pela Universidade de São Paulo, conhecido por popularizar a medicina no Brasil por meio de programas de rádio e TV.

A internet está abarrotada de sites que exaltam os benefícios do alho, do limão, da maçã, da berinjela

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A

cafeína é a única droga psicoativa que podemos usar sem o menor sentimento de culpa. Há um ano, fiz essa afirmação nesta coluna depois de ler um artigo do “The New England Journal of Medicine”, a revista médica de maior circulação mundial. Semanas atrás, a Folha resumiu um estudo publicado na revista “Mayo Clinic Proceedings” que aponta em outra direção. Com base nessa aparente contradição, João Luiz Neves, de Curitiba, enviou para o Painel do Leitor a pergunta a mim dirigida: “E agora, doutor, como proceder?”. Somos bombardeados diariamente com mensagens de saúde conflitantes. A internet está abarrotada de sites e de e-mails que se propagam feito vírus, para exaltar os benefícios do alho, do limão, da maçã, do tomate orgânico, da berinjela e até da urinoterapia. O risco dessas informações médicas desencontradas é deixar o leitor descrente de todas. Por essa razão, e pela importância do café em nossas vidas, vou comparar as duas pesquisas. O estudo do “New England” foi patrocinado pelos Institutos Nacionais de Saúde, dos Estados Unidos. Nele, foram incluídos 229.119 homens e 173.141 mulheres saudáveis, com idades entre 50 e 71 anos.

De acordo com o número de xícaras tomadas diariamente, o grupo foi dividido em dez categorias. Durante os 14 anos de acompanhamento, foram a óbito 33.731 homens e 18.784 mulheres. Depois de eliminar fatores como cigarro (especialmente), sedentarismo e obesidade, ficou claro haver uma relação inversa: quanto mais café, menor o número de mortes. Além de diminuir a mortalidade geral, tomar café reduziu o número de óbitos por diabetes, doenças cardiorrespiratórias, derrames cerebrais, ferimentos, acidentes e infecções. As mortes por câncer não foram afetadas. O efeito protetor foi diretamente proporcional ao número de xícaras ingeridas diariamente. A diminuição mais acentuada da mortalidade aconteceu no subgrupo de seis xícaras ou mais por dia: redução de 10% nos homens e 15% nas mulheres. Essa associação foi independente

da preferência por café descafeinado ou não, sugerindo que a proteção não ocorre por conta da cafeína. Vamos à publicação da revista da “Mayo Clinic”. Durante 17 anos, foram acompanhados 43.727 participantes. Nesse período, ocorreram 2.512 mortes, das quais 32% por doenças cardiovasculares. Comparados com os que não tomavam café, entre os bebedores contumazes do sexo masculino – definidos como aqueles que consumiam diariamente mais de quatro canecas de oito onças (equivalentes a cerca de 240 mililitros) – houve aumento da mortalidade geral. Nas mulheres, não houve diferença estatisticamente significativa. Entre os participantes com menos de 55 anos, no entanto, tomar mais do que as quatro canecas por dia aumentou a mortalidade em 56% entre os homens e 113% entre as mulheres.

Não houve associação entre consumo de café e mortalidade por doenças cardiovasculares. Nesse caso, como relacioná-lo com as mortes por infecções, acidentes automobilísticos ou câncer? Na comparação, o primeiro estudo tem evidências mais confiáveis: incluiu dez vezes mais participantes, acompanhados por período semelhante (14 versus 17 anos), que foram divididos em dez grupos em ordem crescente da quantidade de café ingerido por dia. Todos eles se beneficiaram. No segundo estudo, só tiveram a mortalidade aumentada aqueles que tomavam mais de quatro canecas de 240 mililitros por dia. Ou seja, foi prejudicado apenas quem tomou mais de um litro por dia, durante 17 anos, em média. É inexplicável porque as mulheres, quando analisadas globalmente, não

apresentaram mortalidade mais alta, enquanto no subgrupo com menos de 55 anos o aumento foi de 113%. O problema com ambos os estudos é que são retrospectivos: a decisão de tomar ou não café foi tomada no passado, de acordo com a vontade pessoal. O ideal é que fossem prospectivos, nos quais os participantes seriam acompanhados só depois de sorteados ao acaso para fazer parte do grupo dos abstêmios ou dos tomadores de café. Por razões óbvias, uma pesquisa com essas características jamais será realizada. Por isso, caro João Luiz, pode tomar seu café sem remorsos. Por via das dúvidas, faça como eu e todas as pessoas de bom senso: evite beber mais do que um litro por dia. Esse artigo foi publicado no caderno Ilustrada do jornal Folha de S.Paulo de 24 de agosto de 2013 JORNAL DO CAFÉ

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QUALIDADE

CONCURSO QUE ELEGE OS MELHORES CAFÉS DO BRASIL CHEGA À 10ª EDIÇÃO

Certames estaduais selecionam os melhores lotes para disputar o Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. Os finalistas são adquiridos pelas indústrias, em leilão, e chegam aos consumidores compondo a Edição Especial dos Melhores Cafés do Brasil

U

m ótimo café na xícara depende, além do preparo correto, da forma cuidadosa como os grãos foram torrados e moídos na indústria e dos tratos culturais dedicados na lavoura pelo cafeicultor. Para incentivar esse cuidado desde o grão até a xícara foi criado, há dez anos, o Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café, que une produtores e industriais e brinda os consumidores com excelentes produtos, na exclusiva Edição Especial dos Melhores Cafés do Brasil, uma seleção limitada integrada por marcas de cafés elaboradas com os lotes vencedores do certame nacional, adquiridos pelas torrefadoras em disputados leilões. O grande objetivo do concurso seguido da edição especial é mostrar que os melhores cafés do Brasil estão à disposição dos brasileiros, e isso se traduz na melhoria contínua da qualidade e no preparo dos lotes, já que incentiva os cafeicultores na busca da excelência da sua produção, visto que os preços pagos são bem acima dos de mercado. Para as indústrias e cafeterias, ter um café campeão é um grande apelo de marketing e de diferenciação. Este ano, o regulamento mantém os mesmos critérios da edição passada: a

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premiação do melhor microlote, que agora pode ser o resultado da colheita de uma propriedade com até 15 hectares; a participação no leilão será exclusiva para empresas e pessoas jurídicas e, por último, os lotes finalistas deverão ser de apenas 8 sacas. Participam do Concurso Nacional apenas os cafés finalistas dos concursos oficiais dos Estados produtores, e cada um poderá inscrever três lotes, sendo 1 de café arábica preparado por via seca (Natural), 1 de café arábica preparado por via úmida (Cereja Descascado e/ou Despolpado) e 1 microlote, preparado de qualquer forma, mas que seja proveniente de uma propriedade com no máximo 15 hectares de área total, exigência que visa privilegiar o pequeno produtor. Cada lote de café Natural e de Cereja Descascado/ Despolpado deverá ser de apenas 8 sacas. O microlote deverá ser de 2 sacas.

As amostras inscritas serão avaliadas no laboratório do CPC – Centro de Preparação de Café do Sindicafé – São Paulo, que é credenciado pela ABIC, por uma Comissão Julgadora integrada por especialistas. Os cafés serão avaliados na xícara, em provas cegas, seguindo a metodologia do PQC – Programa de Qualidade do Café, da ABIC, para o café torrado, combinada com a metodologia da SCAA – Specialty Coffee Association of America, para grão verde. O leilão será realizado no período de 29 de novembro a 6 de dezembro e os lances poderão ser dados pela internet. O valor do lance mínimo aceito será 50% acima da cotação BMF/Bovespa do dia anterior ao leilão. O resultado do leilão será divulgado pela ABIC no dia 9 de dezembro, quando serão anunciados os Produtores Campeões do Concurso, com a ordem de classifi-

cação dada pelos lances obtidos pelos lotes, e as Empresas Campeãs da Edição Especial, que serão premiadas em três categorias: Ouro, de maior valor de aquisição por saca; Diamante, pelo maior investimento total em qualidade, e Especial, na qual concorrem os microlotes e que premiará a empresa que oferecer o maior valor. Em meados de maio de 2014, os cafés elaborados com os grãos adquiridos no leilão chegam aos supermercados e lojas gourmet, compondo a 10ª Edição Especial dos Melhores Cafés do Brasil. Os produtos, em embalagens sofisticadas de 250 gramas, também poderão ser adquiridos nos sites das torrefadoras e cafeterias participantes. Confira na página da ABIC na Internet (www.abic.com.br) em Eventos, o regulamento completo e o calendário do 10º Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café.

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JORNAL DO CAFÉ

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INDÚSTRIA

Empresa capixaba lança projeto café de origem ‘lote especial’ e o Dose Certa, destinado ao segmento de hotéis, bares e restaurantes

A

indústria de café Meridiano, de Colatina (ES) acaba de lançar dois novos produtos destinados a públicos distintos. Um deles é o Dose Certa, desenvolvido para facilitar a vida e ajudar aqueles que preparam café diariamente em hotéis, restaurantes, bares, lanchonetes e locais de grande movimento. Trata-se de um café torrado e moído em sachês de 50 gramas, medida exata para o preparo de 1 litro da bebida. “Queremos garantir a esses estabelecimentos o resultado de um café saboroso e de qualidade”, disse o diretor-presidente Cleverson Afonso Pancieri. Para o desenvolvimento do produto, a empresa não precisou adquirir novo equipamento, apenas realizou adaptações no processo produtivo. A embalagem do sachê é uma estrutura de poliéster, polietileno e alumínio. O Dose Certa está sendo comercializado em caixas com 60 sachês (3 kg), com validade de 6 meses. A segunda novidade da indústria é o Café Meridiano Espírito – lote 6, uma edição limitada e exclusiva que homenageia a cafeicultura familiar capixaba. Para este projeto ‘lote especial’, a empresa selecionou cafés de quatro dos melhores cafeicultores do Estado, que receberam um acréscimo de

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NOVIDADES MERIDIANO

25% no valor da saca. São três produtores de café conilon, cereja descascado, e um produtor de café arábica, que combina os métodos cereja descascado e natural. Um tag preso à embalagem apresenta, com fotos dos cafeicultores e características de cada fazenda, esses “Artesãos do Café”. Os produtores selecionados de café conilon são todos do município de Santa Teresa: Laurindo Bridi & Luis Carlos da Silva Gomes, do Sítio São Bento; Marcelo Corteletti, do Sítio Boa Sorte, e Edival Antônio Corteletti, da Fazenda Santo Hilário. O produtor de arábica é Fredolin Grunewaldt, do Sítio Grunewaldt, localizado no município de Itarana. O blend tem 50% de conilon e a outra metade de arábica. A produção é pequena, de cerca de 400 quilos. “O nosso objetivo principal é valorizar os produtores capixabas que investem em um grão de qualidade superior. Queremos incentivar o café de origem e planejamos lançar em breve um novo lote do Espírito com outros produtores”, disse Pancieri. O produtor de café conilon de Santa Teresa, Marcelo Corteletti, ficou motivado com o incentivo. “Faço investimentos em tecnologia para ter um café diferenciado. É motivador saber que o meu produto é reconhecido”, afirmou. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Coopeavi, cooperativa de Santa Maria de Jetibá. Os melhores grãos foram recomendados pela própria cooperativa e avaliados por especialistas do Meridiano. O café de origem Espírito está sendo comercializado em embalagem a vácuo de 250 gramas.

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INDÚSTRIA

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da Melitta. Wake surgiu como um projeto inovador e 100% brasileiro, desenvolvido para ampliar o grupo de consumidores e atingir um público que até então não era foco da marca. Outra grande novidade que a linha Wake passa a trazer são as suas embalagens produzidas com papel certificado com o selo FSC - Forest Stewardship Council - um dos mais reconhecidos do mundo, que atesta o uso sustentável e responsável dos recursos naturais. A linha completa de Wake está disponível agora em 5 versões: Chocoberry (chocolate branco e morango com café), Mocca (chocolate com café) e Toffee (chocolate e caramelo com café) e os lançamentos Wake Xtra Coffee French Vanilla e Wake Xtra Coffee Moccanut, ambos com quantidade extra de café.

ABIC incentiva a inovação

Novidade faz parte da linha Wake, e traz sabores com quantidade extra de café

P

raticamente um ano e meio depois de lançar Wake – bebida pronta com diferentes sabores e café – a Melitta investe mais uma vez na conquista do consumidor jovem-adulto do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Wake Xtra Coffee é a nova sublinha da bebida e traz novos sabores com uma quantidade extra de café. Para criar os sabores desta nova linha, a Melitta buscou inspiração nas bebidas servidas nas mais concorridas cafeterias do Brasil e do

VOCÊ SABIA?

MELITTA LANÇA NOVAS BEBIDAS PRONTAS

mundo. Desta pesquisa e adaptação ao paladar brasileiro surgiram os sabores Xtra Coffee French Vanilla (baunilha com mais café) e Xtra Coffee Mocca Nut (chocolate com avelã e mais café). “O consumidor jovem-adulto gosta de variedade, de descobrir coisas novas e principalmente de produtos e marcas que falem especificamente com eles. Estes são alguns dos fatores que colocaram a marca Wake entre as mais consumidas e preferidas dos jovens em tão pouco tempo”, comenta João Michaliszyn, gerente de marketing de bebidas da Melitta, baseando-se em dados Nielsen e pesquisas da empresa. “Wake é considerado o terceiro grande marco da história da Melitta, depois do lançamento de filtro de papel e café a vácuo”, diz Jonatas Rocha, diretor de marketing

Baseada em pesquisas de tendências de consumo no mercado interno e em novidades apresentadas em feiras internacionais, a ABIC mantém suas associadas a par dos novos rumos, com muita antecedência. Um exemplo foi o estímulo dado às indústrias, no início dos anos 1990, para que elas ampliassem seus portfólios de produtos visto que, até então, a grande maioria possuía uma única marca (efeito dos seguidos anos de congelamento e tabelamento de preços). O ambiente era mais que propício, até porque coincidiu com o programa do Selo de Pureza, que teve grande campanha na mídia, com o controle da inflação e com a melhoria do poder aquisitivo que ocorreu naquela década. Surgiram as embalagens a vácuo e os cafés aromatizados. No novo século, o apelo tem sido a inovação, a modernização e a segmentação do público alvo, sempre com foco na melhoria da qua-

lidade, no melhor atendimento e serviço. Cafés em sachê e em cápsulas ganham o mercado, até pelo custo cada vez mais acessível das máquinas e pela praticidade. Também há um grande mercado a ser explorado: o do café pronto para beber, frio, quente ou misturados com outras bebidas, mas sempre oferecendo seus melhores atributos que são estimulantes, energéticos e saborosos. Novos sistemas também estão inovando o preparo do tradicional café filtrado, como Hario V60, Chemex, Aeropress, Clever e Soft Brew, e já são adotados no Brasil por muitas cafeterias. Mas são mantidos os métodos mais tradicionais, como filtro de papel, coador de pano, prensa francesa, Moka, Ibrik e outras cafeteiras. Enfim, é um mercado em constante mutação que a ABIC estimula as indústrias a acompanharem para encantar cada vez mais os consumidores. JORNAL DO CAFÉ

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MERCADO

P

Instaladas em 6.904 postos de combustível espalhados pelo país, essas lojas são a 6ª opção para refeições fora do lar e representam um importante canal de distribuição para as indústrias de café

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esquisa anual realizada pelo Sindicom – Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes mostra que as lojas de conveniência, inicialmente criadas para ampliar o tráfego nos postos e aumentar a venda de combustíveis, se transformaram em unidades independentes de negócios, e já são a sexta opção de alimentação fora do lar, com 22% de preferência dos brasileiros. Prova disso é que os frequentadores não são apenas motoristas. O levantamento, divulgado durante a feira Expostos & Conveniência, realizada em São Paulo no final de agosto, mostra que 47% do público que opta por comprar nessas lojas são pessoas da vizinhança, que vão a pé para consumir alimentos e adquirir produtos, como jornais e revistas e outros serviços. Esse é um canal de distribuição com imenso potencial de expansão. São 38,9 mil postos de combustíveis espalhados pelo país, mas apenas 6.904 (18%) possuem lojas de conveniência, sendo 32% delas só em São Paulo. Comparando-se com outros mercados,

VOCÊ SABIA?

A I C N Ê I N E V N O C E D S A LOJ

se tem melhor percepção do quanto este segmento pode crescer no Brasil: nos Estados Unidos, quase 90% dos postos possuem lojas de conveniência; no Reino Unido e Espanha, mais de 60%, e na vizinha Argentina, 50% dos postos oferecem essa facilidade. Nos últimos cinco anos, as vendas nestes locais têm crescido em média 15% ao ano. Em 2012, o faturamento do setor foi de R$ 4,9 bilhões, superando em 14,7% o resultado do ano anterior. As lojas vendem produtos de fabricantes diversos, mas muitas estão investindo em marcas próprias. A Raí-

Nesses 40 anos, a ABIC realizou inúmeras pesquisas de tendências de consumo e estudos de mercado. Um exemplo é o Guia Canais para Distribuição de Café lançado em 2010, na gestão do presidente Almir José da Silva Filho, que dirigiu a entidade no período de 2008 a 2011. A publicação foi encomendada ao prof. Eugênio Foganholo, da Mixxer, com o objetivo de auxiliar as indústrias de café a serem bem sucedidas no esforço de diversificar os segmentos de mercado em que atuam ou podem atuar para a distribuição de seus produtos. Extremamente detalhado, a publicação mostra como trabalhar com cada um dos canais, indicando que tipo de café e de máquina deve ser utilizado.

zen, que tem a bandeira dos postos de combustíveis Shell, que abriga a marca Select, por exemplo, está investindo até na oferta de pratos prontos. Em entrevista ao jornal Brasil Econômico, a gerente nacional de conveniência da Raízen, Natália Cid, disse que a empresa quer oferecer uma oportunidade de combinação de refeições para todos os dias da semana. “Além disso, continuaremos a expandir a implementação do conceito de café gourmet em nossas lojas”. A Raízen tem atualmente 800 lojas Select e quer chegar em 2015 a 1.500. Outra empresa que investe em marca própria é a distribuidora Ipiranga, dona da marca am/pm, com 1.377 unidades em mais de 420 municípios. A empresa, considerada a maior rede de lojas de conveniência, é uma das que está incluindo o serviço de padarias, também de marca própria, que reúne 170 itens de alimentação. Ao todo, a distribuidora possui 6.400 postos, e a ideia é expandir a rede de lojas. De acordo com a empresa, os postos com lojas de conveniência têm aumentado a venda de combustível em 18% na comparação dos que não têm. Além da loja de conveniência, muitos postos também estão aderindo a um novo formato, baseado no conceito de ‘strip malls’, muito comum nos EUA. São pequenas lojas ao ar livre com uma faixa (‘strip’) de estacionamento na frente, que oferecem serviços diversos como lavanderia, drogarias e floricultura. Com esse formato, atendem as pessoas que têm preferido consumir itens do dia a dia perto de casa ou do trabalho.

Alimentação fora do lar cresce A ABIA – Associação Brasileira da Indústria de Alimentação divulgou dia 4 de setembro que o segmento de alimentação fora de casa teve alta de 16,2% nos primeiros seis meses deste ano em relação ao mesmo período de 2012. A entidade espera fechar este ano com um crescimento entre 14% e 17%, e faturamento estimado em R$ 120 bilhões. Em 2012, fechou com R$ 100,5 bilhões. Nos últimos dez anos, o negócio, que engloba restaurantes, padarias e delivery, cresceu a uma taxa anual de 14,3%, enquanto o setor supermercadista registrou elevação de 11,9%. A participação de refeições fora de casa no faturamento da indústria de alimentos atingiu 31,5% no primeiro semestre deste ano.

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EVENTO

SEMANA INTERNACIONAL DO CAFÉ Evento, que teve como ponto central as comemorações do cinquentenário da Organização Internacional do Café, contou também com a realização da Conferência Internacional de Cafés Arábicas Naturais e com a oitava edição do Espaço Café Brasil

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O

Brasil, maior país produtor e exportador de café e segundo maior mercado consumidor, foi escolhido para sediar a comemoração dos 50 anos da Organização Interacional do Café - OIC. E Belo Horizonte, a capital do Estado que é maior produtor, foi escolhida para ser a sede da Semana Internacional do Café, evento realizado de 9 a 13 de setembro no Expominas, que incluiu na programação as reuniões ordinárias do Conselho da OIC, a Conferência Internacional de Cafés Arábicas Naturais e a 8ª edição do Espaço Café Brasil, entre outros eventos paralelos. A Semana foi uma realização do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado e Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Sebrae, OIC, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministério das Relações Exteriores e Café Editora. Entre as autoridades presentes na cerimônia de abertura da Semana,

estavam os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Antonio Andrade (Agricultura), e Eduardo Santos (interino das Relações Exteriores). Também compareceram o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, e o diretor-executivo da OIC, Robério Silva. A ABIC esteve representada pelo seu presidente Américo Sato e pelo seu vice-presidente Ricardo Silveira, além de outros diretores e associados. Abrindo a solenidade Robério Silva ressaltou a relevância da entidade para o setor e alertou sobre os riscos da que-

Os desafios que a OIC terá de enfrentar, tanto a curto quanto no longo prazo, estão diretamente ligados à questão da sustentabilidade

da do preço do café. “Os desafios que a OIC terá de enfrentar, tanto a curto quanto no longo prazo, estão diretamente ligados à questão da sustentabilidade, em suas três categorias: econômica, ambiental e política”, afirmou, mostrando preocupação com relação ao cenário atual de preços baixos. “Com custos de produção mais rígidos, como consequência de uma maior sustentabilidade econômica, social e ambiental, e maiores custos para conter enfermidades tais como a ferrugem que atinge vários países produtores, podemos esperar uma maior instabilidade de produção nos próximos anos”,

disse o diretor, que reforçou a ênfase da entidade no planejamento e execução de planos estratégicos adotados pela OIC para evitar crises e promover melhorias, tanto nos preços como nas condições para os produtores (leia entrevista na página 34). O ministro da Agricultura, Antônio Andrade, disse que, para sustentar os preços, o governo pretende retirar do mercado 13 milhões de sacas de café, por meio dos leilões dos contratos de opções de venda e dos financiamentos concedidos para apoiar a comercialização. ”Queremos reter 13 milhões de sacas, para que os preços possam ser JORNAL DO CAFÉ

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a solução de problemas por campos de força, em pequenos grupos. O Conselho da OIC apreciou, ao longo da reunião, relatórios sobre os seguintes projetos concluídos: melhoria da qualidade e comercialização do robusta pela otimização do uso dos terrenos de café; acesso ao crédito para o desenvolvimento de culturas de diversificação em áreas de produção cafeeira; aumento da resiliência da produção de café à ferrugem e outras doenças na Índia e em quatro países africanos, e reabilitação experimental de lavouras de café abandonadas como pequenas unidades de produção familiar em Angola.

remuneradores”, declarou o ministro. Andrade afirmou que o Estado realizará três leilões de contratos de opções de venda para três milhões de sacas de café. O primeiro ocorreu dia 13 de setembro e estavam programados os outros dois para os dias 20 e 27 do mesmo mês. O ministro lembrou ainda que o governo federal, nesta safra, disponibiliza o montante recorde de R$ 5,8 bilhões para financiar o custeio das lavouras, estocagem, compra de café e capital de giro das indústrias e cooperativas.

REUNIÃO DA OIC

A 50ª Reunião Geral da Organização Internacional do Café apresentou significativos avanços, principalmente no que se refere ao apoio aos produtores, visando a melhoria do preço do produto. “Tivemos importantes avanços nestes quatro dias de reunião, principalmente no que se refere ao apoio ao pequeno produtor dos países emergentes. Além disso, a OIC vê com ótimos olhos políticas como a adotada recentemente pelo governo brasileiro de ordenamento do fluxo de safra”, afirmou Robério Silva, diretor-executivo da instituição, citando a medida de retirar 13 milhões de sacas do mercado. Ao final do encontro, por aclamação os participantes aprovaram a Decla-

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ração de Belo Horizonte, com os principais pontos acordados nos quatro dias de discussões. Entre os principais temas, a OIC reiterou o compromisso de disponibilizar informações estatísticas e econômicas objetivas e abrangentes sobre o mercado global de café como meio de possibilitar a tomada de decisões com base em dados precisos e atualizados. Participaram da reunião 157 delegados, 58 observadores e 79 visitantes convidados, de 70 países. Para Robério Silva, um dos principais desafios da OIC para os próximos anos é a obtenção de financiamentos nos órgãos multilaterais. “O Banco Mundial, o Banco Interamericano e a FAO podem desempenhar importante papel nesse contexto, principalmente no que se refere ao apoio ao pequeno produtor e às cooperativas, abrindo as portas para a obtenção destes recursos”, reforçou. Durante a reunião foram também analisados estudos sobre o risco e as principais formas de financiamento do setor cafeeiro. Especialistas convidados abordaram, ainda, a situação da agregação agrícola e uma resenha dos princípios básicos do desenvolvimento cooperativo. Também analisaram a situação da agregação de agricultores e buscaram o entendimento visando

VOCÊ SABIA?

PROMOÇÃO PERMANENTE DO CAFÉ Nestes 40 anos, a ABIC tem trabalhado ininterruptamente na promoção do café junto aos mais diversos públicos em feiras e exposições diversificadas. Um desses eventos, que se tornou histórico e demonstra bem o esforço da entidade, foi a participação na Conferência Mundial do Meio Ambiente – ECO 92, realizada no Riocentro, Rio de Janeiro, em junho de 1992. Iniciativa conjunta com os Ministérios da Economia e Relações Exteriores, o estande Café do Brasil foi projetado como se fosse uma antiga casa de fazenda e tinha a finalidade de mostrar que esta bebida era (e é) o grande cartão de visitas dos brasileiros. Em 12 dias, foram servidos 144 mil cafezinhos, a maioria preparado no coador, mas também em máquina de ‘espresso’. E nada de copinho descartável: o café foi servido em xícaras de porcelana, manualmente lavadas e depois esterilizadas e quentes o suficiente para não esfriar a bebida. Além dos cafés servidos no estande, a ABIC também forneceu 100 garrafas térmicas por dia, como prova de hospitalidade, aos demais expositores, que eram delegações governamentais e não-governamentais.

CAFÉS ARÁBICAS NATURAIS

Em sua quarta edição, e pela primeira vez realizada no Brasil, a Conferência Internacional de Cafés Arábicas Naturais reuniu especialistas e pesquisadores que discutiram sobre o desenvolvimento, a produção e o mercado deste segmento da cafeicultura. Durante o encontro, especialistas internacionais discutiram pesquisas recentes sobre os cafés naturais – tipo de processamento em que o fruto seca com a casca no terreiro e que, entre outras qualidades, confere mais doçura à bebida. Os participantes tiveram a oportunidade de provar os melhores cafés nacionais brasileiros que passam por este método. A Conferência reuniu alguns dos maiores especialistas mundiais da bebida. Entre eles está o mexicano Manuel Diaz, mestre em torra de café reconhecido mundialmente e responsável pela elaboração de diferentes perfis sensoriais para competições internacionais. Segundo ele, o fato de a conferência de cafés arábicas naturais ter sido realizada em Minas Gerais, mostra o crescente interesse desse tipo de café no mercado mundial. “O Brasil é o principal produtor desse tipo de café, concentrando cerca de 80% da produção mundial. E Minas Gerais é, seguramente, um dos seus melhores representantes”. A questão do uso racional da água é, segundo Diaz, um dos aspectos que mais valorizam os cafés arábicas na-

turais. “A água é, hoje, um dos bens mais valorizados em todas as partes do mundo. É impossível usar tal recurso na lavagem dos grãos. Além disso, o sabor dos cafés arábica naturais está sendo descoberto por inúmeros mercados, principalmente por países emergentes, como Coreia, Japão e China”, disse. A IV Conferência Internacional de Cafés Arábicas Naturais foi apoiada por duas das mais importantes entidades do mercado de cafés de qualidade no mundo: o Coffee Quality Institute (CQI) e a Specialty Coffee Association of America (SCAA). Também participaram o diretor-executivo do CQI, David Roche, e o professor-doutor na Universidade Federal de Lavras (Ufla), Flávio Borém, um dos maiores especialistas em cafés naturais no Brasil.

ESPAÇO CAFÉ BRASIL

Realizado pela primeira vez em Minas Gerais, o Espaço Café Brasil superou as expectativas, com mais de 12 mil visitantes em quatro dias de evento, o dobro com relação à edição do ano passado. Reunidos em uma di-

A ABIC também participou do evento, em parceria com o Sindicafé-MG, com a proposta de divulgar seus programas e certificações nâmica plataforma de negócios, produtores, expositores e consumidores transformaram Belo Horizonte na capital mundial do café. Destaque na programação foram as competições organizadas pela ACBB – Associação Brasileira de Café e Barista, que elegeram os profissionais que representarão o país nos certames mundial: Leo Moço, do Café do Moço, de Curitiba, conquistou o 1º lugar no Campeonato Brasileiro de Barista;

Lucas Salomão, da Libermac, de São Paulo, venceu o Campeonato Brasileiro de Brewers (café filtrado) e Edmilson Batista, da mineira Alicerce Com. De Imp. E Exp. De Café, de Varginha, foi o campeão do Campeonato Brasileiro de Cup Taster (provadores). A exemplo da edição anterior, o público do 8º Espaço Café Brasil também degustou e votou no melhor café de 2013. Foram inscritas 164 amostras e 72 foram pré-selecionadas por especialistas da Academia do Café, de Belo Horizonte. Apenas 10 amostras chegaram à final e o resultado do Coffee of the Year foi o empate entre o café produzido na Fazenda Sertãozinho, no Sul de Minas, e o da Fazenda Santa Terezinha, na Mogiana paulista. Duas mil pessoas votaram. A ABIC participou do evento, em parceria com o Sindicafé – MG, com a proposta de divulgar os seus programas e certificações que têm impulsionado a melhoria da qualidade do café e o consequente aumento do consumo. Em seu estande, foi montado um pequeno auditório no qual foram promovidas palestras e sessões de degustação destinadas a baristas e profissionais do agronegócio, e que foram ministradas por Gabriela Pariz, coordenadora e classificadora do GAC – Grupo de Avaliação de Café do Sindicafé – São Paulo, e Cleia Junqueira, coordenadora e instrutora do CPC – Centro de Preparação do Café, do Sindicafé – SP. Ao todo foram seis temas, abordando desde como escolher o café do dia a dia, passando pelo NMQ – Nível Mínimo de Qualidade, que traz recomendações para elaboração de editais de licitação, até sobre preparo de café em casa, quando o público pôde degustar um mesmo café preparado nos diferentes métodos, como filtro de papel, coador de pano, prensa francesa, Moka, Ibrik, Hario V60, Chemex, Aeropress, Clever e Soft Brew. Também foi apresentado o PQC – Programa de Qualidade do Café, da ABIC, e uma palestra, de Cleia Junqueira, sobre como está a batalha entre o café ‘espresso’ e o filtrado, e qual a razão de estar crescendo tanto o uso do filtrado nas cafeterias e restaurantes. JORNAL DO CAFÉ

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EVENTO

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OIC 50 ANOS

O papel da Organização Internacional do Café, que comemorou seu cinquentenário durante evento em Belo Horizonte, é descrito aqui por seu diretor Robério Silva, em entrevista à Embrapa Café

P

rincipal organização intergovernamental a serviço do café que une governos exportadores e importadores para enfrentar os desafios mundiais da cafeicultura, a OIC foi criada em Londres em 1963 como um braço da Organização das Nações Unidas (ONU). A missão da Organização é fortalecer o setor cafeeiro global e promover sua expansão sustentável em um ambiente baseado no mercado para o aperfeiçoamento de todos os participantes do setor cafeeiro. Para falar um pouco da importância e da história da organização, do presente e do futuro, Flávia Bessa e Lucas Tadeu Ferreira, da área de Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café, entrevistaram o diretor-executivo da OIC, o brasileiro Robério Silva. O dirigente é economista, foi diretor da Associação dos Países Produtores de Café – APPC, Secretário de Produtos de Base, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, e diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, entre outras funções importantes que ocupou durante sua carreira profissional. Poderia explicar como surgiu a OIC, como ela evoluiu do sistema de quotas e intervenção no mercado para o sistema de livre mercado? A OIC foi estabelecida em 1963 numa conferência convocada pelas Nações Unidas em resposta às flutuações dos preços e da oferta e

da demanda entre os anos 30 e os anos 60 do século passado. Durante a Grande Depressão dos anos 30 e durante a Segunda Guerra Mundial, a oferta aumentou, a demanda diminuiu e os preços se mantiveram deprimidos. Nos anos do pós-guerra, porém, a demanda aumentou e o abastecimento se tornou insuficiente para satisfazer esse aumento. Entre 1950 e 1953, os estoques se mantiveram aquém das necessidades mínimas para os fins normais do comércio. A eclosão da Guerra da Coréia e más condições meteorológicas no Brasil exacerbaram essa situação e, em 1953, os preços se elevaram a níveis sem precedentes. Isso deu motivo a uma expansão substancial do plantio no mundo todo, seguida de excesso de produção. Os estoques cresceram e, na segunda metade dos anos 1950 e início dos anos 1960, os preços caíram drasticamente. Essa situação levou a uma iniciativa intergovernamental para tentar estabilizar o mercado e sustar a queda de preços, que vinha tendo graves consequências econômicas e políticas em numerosos países produtores de café da América Latina e da África. Após uma série de acordos de curta duração entre os países produtores, um Grupo de Estudos do Café foi constituído para considerar a negociação de um acordo que incluísse países tanto exportadores quanto importadores. Os trabalhos do Grupo culminaram com o Acordo Internacional do Café de 1962. Nos tempos atuais, não há espaço para quotas ou acordos para restringir a produção. Precisamos trabalhar na direção oposta, eliminar barreiras tarifárias e garantir livre acesso a mercados para o café e outros produtos que possibilitem a diversificação. Precisamos trabalhar ainda em nossos países para construir mecanismos de mercado que ordenem o fluxo das safras de forma a garantir abastecimento estável, que interesse a todos os elos da cadeia. Qual a missão hoje da Organização?

A missão da OIC e que o Acordo Internacional do Café - AIC de 2007 enuncia, consiste em servir como fórum para a formulação de políticas e soluções para fortalecer o setor cafeeiro global, investigando e promovendo meios para conseguir o equilíbrio entre a oferta e a demanda, assim como preços justos tanto para os produtores quanto para os consumidores. Além disso, dar maior transparência ao mercado cafeeiro e possibilitar a tomada de decisões econômicas com base em dados precisos e tempestivos; incentivar o desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos sobre a economia cafeeira mundial, tornando a OIC uma Agência de Desenvolvimento e Execução de Projetos de interesse dos membros, e promover um setor cafeeiro sustentável, a fim de contribuir para a consecução das Metas de Desenvolvimento do Milênio (propostas pelas Nações Unidas), em particular com respeito à erradicação da pobreza. Quais são os principais países-membros da OIC e os requisitos para o ingresso na Organização? Todos os membros são extremamente importantes para a OIC. Os mais proeminentes em termos de exportação e importação de café são: Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, Índia, Indonésia, Suíça, Uganda, União Europeia e Vietnã. Para ingressar na OIC, o Governo de qualquer país produtor ou consumidor de café ou organização intergovernamental que tenha competência exclusiva para negociar, concluir e aplicar o Acordo poderá aderir ao AIC de 2007. Poderia citar os dez maiores países produtores e consumidores de café? Os maiores produtores de café são: Brasil, Vietnã, Indonésia, Colômbia, Etiópia, Índia, México, Honduras, Peru e Guatemala. Os maiores consumidores são: EUA, Brasil, Alemanha, Japão, França, Itália, Rússia, Canadá, Etiópia e Indonésia. JORNAL DO CAFÉ

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“De uma perspectiva mais ampla, vemos que os preços do café, representados pelo preço indicativo composto da OIC, caíram consideravelmente no transcurso de 2011/12”

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Quais as principais estratégias de atuação da OIC adotadas diante dos desafios enfrentados principalmente pelos países produtores? A OIC, na qualidade de Organismo Internacional de Produto Básico - OIPB designado para o café, responde pela apresentação formal de projetos ao Fundo Comum para os Produtos Básicos - FCPB. Como tal, ela também responde pela priorização, formulação e supervisão de projetos e pela busca dos participantes e, sobretudo, dos beneficiários visados. A OIC trabalha muito próxima do FCPB na instauração e implementação de projetos de desenvolvimento. Convido os leitores a lerem o documento “Estratégia de desenvolvimento para o café” (http://dev.ico. org/documents/icc-105-16p-strategy.pdf) para mais informações. E quais as principais políticas adotadas para manter equilíbrio entre oferta e consumo e fortalecer o desenvolvimento do setor cafeeiro no mundo? Entre os objetivos do AIC de 2007 cabe à OIC proporcionar um fórum para consultas, buscando entendi-

mento com relação a condições estruturais dos mercados internacionais e das tendências de longo prazo da produção e do consumo que equilibram a oferta e a demanda e resultam em preços equitativos tanto para os consumidores quanto para os produtores. De que maneira a OIC busca resultados econômicos positivos para equalizar interesses de países exportadores e importadores? O objetivo do presente Acordo é fortalecer o setor cafeeiro global num contexto de mercado, promovendo sua expansão sustentável em benefício de todos os participantes do setor. Como se explicam os altos níveis de preços do café alcançados em 2011 e, em contrapartida, em 2013, os preços baixos cobrados muitas vezes até abaixo do custo de produção? De uma perspectiva mais ampla, vemos que os preços do café, representados pelo preço indicativo composto da OIC, caíram consideravelmente no transcurso de 2011/12. Depois de alcançar 231,24 centavos de dólar dos EUA por libra-peso em abril de 2011, seu nível mais alto desde 1977, o indicativo composto caiu constantemente, e então, a partir de abril de 2012, se estabilizou numa faixa de 145 a 160 centavos por libra-peso. Os preços dos vários grupos de café, porém, registraram uma evolução muito distinta em 2011/12. Durante a maior parte do período, as cotações dos arábicas caíram, mas as dos robustas se mantiveram relativamente firmes. Na verdade, os preços dos três grupos dos arábicas (Suaves Colombianos; Outros Suaves; e Naturais Brasileiros e Outros Naturais) atingiram seu pico em abril de 2011 e, a partir daí, baixaram significativamente. De setembro de 2012 em diante, os preços dos arábicas caíram 37% (Suaves Colombianos), 40% (Outros Suaves) e 39% (Naturais Brasileiros e Outros Naturais). Os preços dos robustas também caíram, mas muito menos

violentamente. Depois de alcançar seu nível máximo em maio de 2011, no final do ano cafeeiro de 2011/12 eles haviam caído 14%. Grande parte das quedas de preços de 2011/12 pode ser atribuída a uma normalização do abastecimento de café que, nos últimos anos, foi muito afetado por tempo inclemente em alguns países produtores. Reagindo à escassez de Arábicas Suaves, os torrefadores buscaram outras origens. O uso de robustas em diferentes blends continua a crescer, e eles agora respondem por cerca de 40% da produção mundial. De que forma a OIC promove apoio aos países produtores nesses casos? Na verdade, a preocupação da OIC em relação ao assunto é constante e constitui um dos pilares do Acordo de 2007, cujo objetivo principal inclui promover o desenvolvimento do consumo e de mercados para todos os tipos e formas de café, inclusive nos países produtores de café. A Organização também incentiva os membros a desenvolver e implementar estratégias que ampliem a capacidade das comunidades locais e dos pequenos produtores de se beneficiarem da produção cafeeira, que pode contribuir para aliviar a pobreza; e facilita a disponibilização de informações sobre instrumentos e serviços financeiros capazes de ajudar os produtores de café, inclusive com respeito a acesso a crédito e métodos de gestão de risco. Quais as principais estratégias adotadas pela OIC para estimular o aumento do consumo e a melhoria da qualidade do produto? Além de incentivar o aprimoramento da qualidade, através de seu Programa de Melhoria da Qualidade do Café (PMQC), a OIC criou um Plano de Promoção e Desenvolvimento de Mercado, que foi aprovado pelo Conselho em setembro de 2012 (http://dev.ico. org/documents/icc-109-13p-plan-promotion.pdf ). O ponto focal

das atividades previstas no Plano se deslocará da promoção do consumo de café para a promoção de valor e diferenciação por meio de uma rede de múltiplos participantes com duas metas estratégicas: promover o valor através da qualidade, saúde, sustentabilidade e diferenciação, construindo uma rede de múltiplos parceiros; e apoiar os países produtores na ‘descomoditização’ do café via programas para o aumento dos retornos, centrados particularmente nos pequenos cafeicultores, com a OIC no papel de facilitadora e provedora de conhecimentos.

“OIC criou um Plano de Promoção e Desenvolvimento de Mercado, que foi aprovado pelo Conselho em setembro de 2012” A OIC trabalha em colaboração com outras organizações para ajudar a enfrentar questões como redução da pobreza em países produtores? Como tem sido esse trabalho e quais outros projetos a OIC apoia? Aos 15 de fevereiro de 2013, 38 projetos de desenvolvimento cafeeiro (http://dev.ico.org/documents/ eb3942r1p.pdf ), em valor total de cerca de US$105 milhões, haviam sido aprovados pelo Fundo Comum para os Produtos Básicos - FCPB, que, contribuindo com US$55 milhões para seu financiamento, é seu principal financiador. O restante dos recursos necessários provém de instituições doadoras bilaterais e multilaterais, na forma de cofinanciamento (US$29 milhões), e dos países beneficiários, na forma de contribuições de contrapartida (US$21 milhões).

A OIC tem alguma análise que aponte perspectivas da cafeicultura mundial do ponto de vista da demanda e da oferta, bem como da competitividade dos países produtores? Recomendo a leitura do documento ICC-106-11, chamado “Perspectivas para o mercado cafeeiro 2010-2019” ( h t t p: //d e v. i c o . or g /d o c u m e n t s / icc-106-11p-outlook-2010-1019.pdf), e das conclusões da última Conferência Mundial do Café (http://dev. ico.org/documents/icc-105-4p-wcc-conclusions.pdf). Nesse contexto, quais países teriam potencial para aumentar a produção e em quais há previsão de aumento de consumo? O grande aumento do consumo no futuro deverá vir de países produtores e países emergentes. Principalmente de lugares sem tradição de beber café. Em 1997, no Brasil, foi criado o Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, o qual congrega 45 instituições de pesquisa, ensino e extensão. Quais focos da pesquisa cafeeira que a OIC considera mais relevantes para serem desenvolvidos e/ou incrementados pelo Consórcio? A qualidade do café deve liderar qualquer lista que se faça. Dentro do tema qualidade encontram-se subjacentes o combate a pragas e doenças, o desenvolvimento de cultivares mais resistentes, a questão do teor de Ocratoxina A (OTA) no café e mais. Também é imperativo conhecer e disseminar cada vez mais os aspectos positivos do café em relação à saúde, continuar a desenvolver a tecnologia aplicada à produção e processamento e levar em conta o estresse hídrico e demais aspectos ambientais. Na avaliação da OIC, os resultados das pesquisas cafeeiras desenvolvidas no Brasil pelo Consórcio Pesquisa Café têm refletido de forma positiva no setor produtivo e tamJORNAL DO CAFÉ

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“A Secretaria da OIC deve apoiar os países afetados com o propósito de enfrentar a crise causada pela ferrugem do café”

bém no consumidor? O Consórcio Pesquisa Café vem desempenhando um papel-chave para a coordenação dos esforços de pesquisa do café no Brasil e agora pretendo trazê-lo para um esforço ainda maior, no âmbito internacional, como é a intenção do Mapa. A produção de café de alguns países da América Central está sendo afetada pela ferrugem. Como a Organização tem se posicionado nesse caso para tentar ajudar a minimizar esse tipo de problema? Eu visitei cinco países centro-americanos afetados pelo atual surto de ferrugem do café, em cumprimento da Resolução 451 do Conselho Internacional do Café, que determina que os Membros da OIC mostrarão liderança no enfrentamento desta importante questão e apoio às ações nacionais e regionais que os membros centro-americanos vêm empreendendo para combater a ferrugem do café. Os membros da OIC devem também apelar aos membros da comunidade internacional para que, por meio de mecanismos de cooperação pertinentes, ofereçam assistência aos países afetados. Entre os meios de assistência pode-se citar capacitação técnica, intercâmbio de informações e melhores práticas, assim como disponibilização de variedades de café resistentes à ferrugem. A Secretaria da OIC deve apoiar os países afetados com o propósito de enfrentar a crise causada pela ferrugem do café. Nos últimos anos, observa-se uma verdadeira explosão de redes de ca-

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feterias, o que tem mudado o cenário do consumo de café no Brasil e no mundo. A que a OIC atribui essa expansão e como avalia esse fenômeno particularmente no Brasil? Esse aumento pode ser atribuído à demanda cada vez maior nos mercados emergentes, ao consumo interno crescente nos países exportadores e à resiliência do consumo de café à atual crise econômica. No Brasil, o crescimento econômico, combinado com melhor distribuição de renda e taxas de desemprego relativamente baixas, tem estimulado o crescimento do consumo de café. Em muitos outros países também a proliferação das cafeterias é uma prova do dinamismo do consumo. Pesquisas no Brasil e em outros países apontam benefícios do café para a saúde humana: a bebida atua na prevenção de doenças físicas, mentais e neurodegenerativas. Entre elas, diabetes, osteoporose, asma, alcoolismo, depressão e obesidade, Parkinson e Alzheimer. Também melhora a atenção, a memória e o aprendizado escolar. Sabe-se ainda que a bebida contem, além da cafeína, diversas substâncias importantes para o organismo, como minerais, niacina, antioxidantes, ácidos clorogênicos e quinídeos. De que forma a OIC está aproveitando esses atributos positivos do café para estimular o consumo mundial? Sem sombra de dúvida, um obstáculo ao aumento do consumo são os temores, especialmente em certos países, acerca dos efeitos do café para a saúde. No entanto, há hoje um

volume considerável de informações científicas sobre uma série de efeitos positivos do consumo de café em diversas áreas. A divulgação dessas informações pode contribuir de forma significativa para a expansão mundial do consumo. A OIC e a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia realizaram seminário sobre o café e a saúde em Cartagena, Colômbia, em setembro de 2003. O evento reuniu cientistas dos países produtores e consumidores e contou com a presença de cerca de 250 participantes de 60 países. A OIC disponibiliza no seu site uma página chamada “Café e Saúde” com informações atualizadas sobre as pesquisas mais recentes e sempre que possível enfatiza os efeitos benéficos do café. Por último, numa avaliação geral, quais as perspectivas que a OIC vislumbra para o futuro da cafeicultura no Brasil e no mundo? É importante notar também que o mercado interno dos países produtores tem crescido muito nos últimos 20 anos e, dentro desse segmento, o Brasil é destaque absoluto. Ele caminha a largos passos para ultrapassar os EUA nos próximos cinco anos e se tornar o maior consumidor de café do mundo. No contexto de seu programa de atividades, a Organização mantém um programa contínuo de cooperação técnica com a FAO, em particular para a elaboração de modelo econométrico para o setor cafeeiro mundial. Em resultado desse exercício colaborativo, a FAO preparou projeções revisadas relativas ao café, contidas no documento “Perspectivas para o merca-

do cafeeiro 2010/2019” (http://dev. ico.org/documents/icc-106-11p-outlook-2010-1019.pdf), para emprego como marco referencial pelos formuladores de políticas. Gostaria de acrescentar informações ou comentários não abordados ainda nesta entrevista? Gostaria de aproveitar a oportunidade e convidar os leitores a visitarem o site da OIC. Páginas constantemente atualizadas incluem informações sobre qualidade, saúde, participação no AIC de 2007, documentos correntes e históricos, relatórios mensais sobre o mercado cafeeiro e muito mais. Destacam-se a Seção de Informação (http://ico. heritage4.com/), que tem por meta constituir um provedor essencial de serviços de informação para a comunidade cafeeira global. Só em 2012 ela respondeu a mais de 2 mil consultas, provindas de uma rede global de usuários pertencentes ao

“O mercado interno dos países produtores tem crescido muito nos últimos 20 anos e, dentro desse segmento, o Brasil é destaque absoluto”

setor, ao mundo acadêmico, a organizações não-governamentais e à mídia, recebeu mais de 532 mil visitas virtuais e deu apoio às atividades da própria Organização. A pesquisa continua a ser um importante elemento dos serviços da Seção e tem-se concentrado em uma série de tópicos como, por exemplo, gestão de risco, sustentabilidade, certificação, aplicações da ecologia à cafeicultura, obstáculos ao consumo, reexportações e o mercado do café solúvel. Outro recurso inestimável é a Seção de Estatística (http://dev.ico.org/coffee_prices. asp?section=Estatística). A vasta série de dados estatísticos históricos da OIC sobre café compreende dados anuais, trimestrais, mensais e diários, que remontam a 1964, relativos a exportações, importações, preços de mercado, preços pagos aos produtores, produção e estoques nos países exportadores e importadores. O valor do inigualável banco de dados da OIC é reconhecido por analistas de mercado, pesquisadores e pessoas ligadas ao mundo acadêmico, que o consultam frequentemente para formular seus documentos técnicos, modelos econométricos e estudos sobre o mercado cafeeiro. As autoridades cafeeiras também usam especificamente os preços indicativos dos grupos de café da OIC como base para a determinação de pagamentos aos cafeicultores nos países produtores. Nos órgãos governamentais de comércio de países do mundo todo, por sua vez, as séries de dados da OIC são usadas no preparo de relatórios estatísticos sobre o café. JORNAL DO CAFÉ

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ESPECIAL

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO MAIOR PESQUISADOR DE CAFÉ DO MUNDO

tante acessível, arrumava tempo em seu dia cheio de trabalho para receber em sua sala desde vice-presidente do Brasil até pequenos cafeicultores que vinham buscar informações no Instituto. Doutor Alcides chegava cedo à fazenda Santa Elisa, em Campinas, trocava o sapato pelo calçado de ir a campo, botava o chapéu e partia para os experimentos no cafezal. No período da tarde, o trabalho se dava na sala, analisando as informações levantadas a céu aberto. Quem conviveu com ele, relata que não deixava nada para depois. As dúvidas dos novos pesquisadores eram sanadas na hora em que eram expostas.

O pesquisador do IAC, Oliveiro Guerreiro Filho, conviveu com o mestre de maio de 1982 a outubro de 1990, quando foi fazer doutorado. “Comecei como estagiário no IAC e o doutor Alcides me colocou em uma mesinha na sala dele, devo minha formação profissional a ele”, lembra Guerreiro, que à época tinha a idade da filha mais velha do orientador. Atencioso e dedicado à formação de novos pares, levou Guerreiro até a Unicamp e apresentou-o para alguns professores para que ele pudesse assistir a algumas aulas. Queria que o novo estagiário pudesse complementar sua formação acadêmica na área de biologia. “Ele era uma pessoa

Doutor Alcides Carvalho (1913-1993) dedicou a vida à ciência

Carla Gomes Assessora de imprensa do IAC

A

simplicidade se mistura à sumidade e o resultado é perene. Tem-se o parcial retrato do doutor Alcides Carvalho, o maior melhorista e geneticista de café do mundo, que completou cem anos dia 20 de setembro de 2013. A longevidade ainda se soma ao rigor científico e à sensibilidade, que o habilitava a diferenciar espécies de cafés pelo aroma exalado pelas floradas. O pesquisador de café e formador de cientistas dedicou sua existência à cafeicultura. É responsável por absolutamente todas as 65 cultivares de café desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, onde trabalhou por 58 anos, até falecer em abril de 1993. Esses materiais hoje ocupam cerca de 90% dos cafeeiros do tipo arábica do Brasil. Pelo reconhecimento à sua paixão pela pesquisa cafeeira, foi considerado, por ocasião de sua aposentadoria compulsória, em 1983, servidor emérito do Estado. Esse título é concedido pelo governador do Estado e permitiu que ele continuasse por mais dez anos os estudos e a formação de novos pesquisadores. Piracicabano, de trato simples e bas-

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O desenvolvimento social e econômico do Brasil deve muito ao trabalho do doutor Alcides

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muito simples, dedicado, rigoroso e muito generoso”, lembra. O doutor Alcides era assim. Um líder científico nato. Fez escola. Formou muitos pesquisadores, quatro dos quais continuam até hoje na equipe do IAC. Além de Guerreiro, os outros felizardos são Herculano Penna Medina Filho, Luiz Carlos Fazuoli, já aposentado, e Maria Bernadete Silvarolla. A continuidade de seus trabalhos transformou a Seção de Genética do Instituto Agronômico no mais importante centro de genética e melhoramento do cafeeiro do mundo. O melhorista assinava a revista Science, uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo. Semanalmente, lia a publicação e marcava com asterisco os artigos que julgava mais relevantes e passava-os para os demais pesquisadores lerem. No dia seguinte, conversava com cada um sobre os assuntos. “A gente tinha que ler”, lembra Guerreiro.

Esses relatos demonstram que doutor Alcides não era apenas um pesquisador de excelência, que se antecipava aos problemas da cafeicultura para gerar soluções antes de os desafios alcançarem os cafezais brasileiros. Era um entusiasta da ciência. Em cultura perene, como o café, que exige cerca de 20 anos para chegar a uma nova cultivar, esse perfil confirma mais uma vez a riqueza do ser humano Alcides Carvalho. Ele sabia que a continuidade dos estudos dependia do desenvolvimento de nova equipe. E se dedicou também a isso. Doutor Alcides era reconhecido no Brasil e no mundo. Guerreiro conta que quando esteve na França, fazendo doutorado, uma senhora, documentalista do Instituto de Pesquisa do Café e Cacau, perguntou a ele sobre a revista Bragantia, do IAC. Ele respondeu que estava bem e perguntou se ela conhecia a revista. Ela disse que sim e que devia sua vida profissional à publicação, pois foi contratada para traduzir para o francês os artigos do doutor Alcides, para que os pesquisadores da França pudessem lê-los. Esse fato demonstra toda a credibilidade conquistada pelo pesquisador do IAC. De acordo com Guerreiro, todas as cultivares do Instituto tiveram ação do precursor, mesmo as mais recentes, pois os cruzamentos iniciais foram feitos sob a liderança desse agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, em 1934. “O desenvolvimento social e econômico do Brasil deve muito ao trabalho do doutor Alcides’, diz. As primeiras seleções da cultivar Mundo Novo foram lançadas em 1952 e as de Catuaí, em 1972. Essas duas representam hoje cerca de 90% do café do tipo arábica cultivado no Brasil. “São resultados muito expressivos, o programa de melhoramento teve início em 1932 e em 20 anos ele conseguiu lançar cultivares que são plantadas até hoje”, afirma. A qualidade científica do doutor Alcides se somava à estratégia de antever os desafios e preparar soluções. Foi assim com a ferrugem. Ele iniciou os estudos em 1950,

duas décadas antes de a doença chegar ao Brasil. Os trabalhos envolviam parceria com o Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro, de Portugal. “Ele tinha certeza que a ferrugem chegaria aqui, pois dominava o conhecimento sobre a dispersão do fungo”, diz. A qualidade desses materiais somada à capacitação dos cafeicultores explica a permanência do cultivo dessas cultivares pioneiras, que são suscetíveis às principais pragas e doenças. Nos últimos anos, o IAC desenvolveu cultivares com característica de resistência. Em 1992, lançou a Icatu, de porte alto e resistente à ferrugem. Em 2000, foi a vez da Tupi e Obatã, de porte baixo e igualmente resistentes. Entretanto, novas raças do fungo quebraram a resistência e tornaram suscetíveis as cultivares. A equipe do café do IAC sempre recomenda que os novos materiais sejam inicialmente plantados em pequena escala. O aumento da

área deve ocorrer conforme o comportamento das plantas. Dentre as dezenas de reconhecimentos ao longo da carreira, destacam-se o título de Doutor “Honoris Causa”, da Escola Superior de Agricultura “Luis de Queiroz”/USP, em 1976, o Prêmio Nacional de Ciências e Tecnologia, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1982, o título de Agrônomo do Centenário do Instituto Agronômico, em 1987, o Grau Comendador conferido pela Presidência da República, em 1987, o Fellow, pela American Association for the Advancement of Science, em 1991, e o reconhecimento e homenagem do Governo da Costa Rica e dos cafeicultores brasileiros, em 1993. Doutor Alcides deixa — além de todos os materiais de café — o reconhecimento e a admiração de seus pares, a quem também ser ve de estímulo e inspiração. Os apaixonados pelo café no Brasil e no mundo agradecem.

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COFFEE BREAK Pequenos detalhes são capazes de transformar o dia a dia, como dar uma pausa na correria para tomar uma xícara de café sozinho ou com quem a gente gosta. Essa foi a essência da nova campanha do Café 3 Corações, que convidava os consumidores a se apaixonarem pela própria rotina, veiculada nacionalmente até o início de outubro. Criado pela agência Santa Clara e produzido pela O2 Filmes, o comercial falava sobre a paixão que envolve o dia a dia de quatro personagens: um piloto, uma professora, um músico e uma mãe. Em todos eles, estava presente a missão do Café 3 Corações de fazer com que cada um se apaixonasse pela própria rotina. “A paixão é uma força motivadora que pode transformar o jeito de encararmos até os detalhes mais comuns do nosso dia a dia”, diz a diretora geral de planejamento da Santa Clara, Marília Barrichello. Com versões de 30 e 5 segundos, a campanha estreou no ‘Criança Esperança 2013’, um projeto da Rede Globo e Unesco que vai ao encontro do que a marca se propõe: transformar a vida e a rotina de milhares de crianças em todo o Brasil. “O Criança Esperança é um smart-buy media. Além de associar a marca 3 Corações a uma nobre causa endossada por todo o casting da emissora durante o mês de agosto, a colocação premium das vinhetas e comerciais valorizam ainda mais parceria do anunciante com a emissora”, destaca o diretor geral de mídia da Santa Clara, Márcio Zorzella.

LOJA ON-LINE UTAM

Dando continuidade ao plano de crescimento e investimentos, a Café Utam, de Ribeirão Preto (SP), lançou dia 26 de setembro mais uma novidade: a sua loja on-line, (http://loja.utam.com.br/). Todo o portfólio da Utam como cafés torrados e moídos, café solúvel, cappuccinos e sachês personalizados, além da linha voltada ao food-service estão disponíveis no site de compras. Na loja online também é possível encontrar os diversos modelos de máquinas de café ‘espresso’, representadas pela Utam, e toda a linha de produtos voltado para baristas, incluindo os itens da fabricante francesa Monin – parceira da Utam -, usados na preparação de drinques e cafés especiais. A nova linha Utam Uno, lançada recentemente, de cápsulas de monodoses também podem ser compradas através do site, assim como as máquinas. A loja online faz entrega em todo o País e oferece a opção de parcelamento em seis vezes, com o valor mínimo de R$ 30,00. Segundo a diretora da Café Utam, Ana Carolina Soares de Carvalho, a ação faz parte do planejamento estratégico da companhia e oferece um incremento ao setor de vendas. “Nossa ideia é estar cada vez mais próximo ao consumidor final de forma a oferecer vantagens na compra de nossos produtos”. De acordo com a diretora, a empresa vem cumprindo com o objetivo de aumentar cada vez mais os canais de interatividade e relacionamento com o público consumidor final, oferecendo acesso a seus produtos para consumidores que estão fora da área de atuação de seus representantes comerciais. 44 | JORNAL DO CAFÉ - Nº185

Foto: Divulgação

A Illycaffè lançou no 8º Espaço Café Brasil, durante a Semana Internacional do Café, ocorrida em setembro em Belo Horizonte, o seu Monoarabica, blend exclusivo 100% arábica de uma única região, que na feira mineira foi apresentado em três versões: Brasil, Guatemala e Etiópia. O illycrema, um cremoso café com leite gelado, foi outra novidade que a torrefadora apresentou. O sabor intenso é a principal qualidade do Monoarabica Brasil, que vem do Cerrado Mineiro. Encorpado e com aroma profundo, seu gosto aveludado dá ao paladar uma duradoura sensação agradável. O Monoarabica Etiópia, cultivado em uma região rica em florestas, tem traço suave e seus sabores doces e amargos coexistem com os agudos, em perfeita harmonia. Já o Monoarabica Guatemala, original de um território montanhoso, é imediatamente reconhecível por sua doçura e equilíbrio, enriquecida por uma variedade de aromas, entre os quais se destacam os de chocolate, caramelo, frutas cítricas e mel.

SPOT COFFEE

A Cory, indústria de candies que está há 42 anos e que tem fábricas em Ribeirão Preto (SP) e em Arceburgo (MG), acaba de lançar a bala Spot Coffee, que já está à disposição dos consumidores em todo o território nacional. Para desenvolver o novo produto, a empresa realizou pesquisas para apurar junto ao público-alvo (adultos) as expectativas para o lançamento de uma bala de café no mercado. A partir dos resultados, três protótipos foram desenvolvidos com as características solicitadas. Depois, em parceria com o ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), sediado em Campinas, testes sensoriais com consumidores e especialistas avaliaram o desempenho do produto. “Os resultados indicaram ótima aceitação no mercado, com alta apreciação de aroma, formato e doçura. O café é um produto que tem se sofisticado nos últimos anos, e o consumo de produtos à base do grão cresce ano a ano. Sempre antenada com as demandas de mercado, a Cory detectou esta oportunidade e topou o desafio de lançar não apenas mais uma bala, mas sim a melhor no varejo com café solúvel na fórmula”, comenta Ricardo Fernandes, gerente de marketing da empresa. Para a embalagem, a Cory criou uma imagem sofisticada e que transmite o conceito vintage também na logomarca. A Spot Coffee é comercializada nas versões flowpack, com 100 unidades, e drops, em displays com 10 sticks. A bala ainda será vendida em países como Angola, Uruguai, Argentina e Paraguai.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

CAMPANHA 3 CORAÇÕES

MONOARABICA ILLY

ALTA MOGIANA RECEBE REGISTRO DE INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

O INPI concedeu no dia 17 de setembro o registro de Indicação Geográfica para a região da Alta Mogiana, localizada ao norte do estado de São Paulo e uma das regiões brasileiras mais tradicionais na atividade de produção de café, conhecida pela alta qualidade dos seus grãos. A Indicação Geográfica (IG) atesta a procedência regional e a qualidade de um produto, garantindo proteção e diferenciação no mercado. O certificado garante maior credibilidade do produto junto ao mercado e, ao mesmo tempo, potencializa o seu valor comercial. A região da Alta Mogiana foi contemplada com o registro de Indicação de Procedência, que é uma modalidade de IG que se refere ao nome do local que se tornou conhecido por produzir, extrair ou fabricar determinado produto ou prestar determinado serviço. O registro conferido pelo INPI para a região da Alta Mogiana foi publicado na edição nº 2228 da Revista da Propriedade Industrial (RPI), em 17 de setembro de 2013. JORNAL DO CAFÉ

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OPINIÃO DO TORREFADOR

ABIC: CONQUISTAS E DESAFIOS Jocely Dantas de Andrade Filho Café Serra Grande(Sobral / CE) e Presidente do SindCafé – CE

A É a garantia de sobrevivência de inúmeras empresas que geram renda e emprego na própria região

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ABIC tem um papel importantíssimo e é, sem dúvida, uma das principais entidades do setor produtivo do País. Participamos da vida da ABIC antes mesmo da sua fundação, a qual ajudamos a criar, e realizamos, em junho de 1974, em Fortaleza, o 1º Concafé. Esse evento, promovido pelo Sindicato das Indústrias de Torrefação e Moagem de Café no Estado do Ceará (SindCafé – CE), tendo à frente o saudoso ex-presidente Hélio Guedes, em conjunto com a recém-criada ABIC, é um marco histórico. Dele resultou a Carta de Fortaleza, documento que estabeleceu as metas que a ABIC deveria seguir e sua filosofia como entidade: uma atuação sempre em defesa do consumidor e da liberdade de mercado. Como representante nacional das aspirações e demandas dos sindicatos e associações regionais ou estaduais, a ABIC tem, ao longo desses 40 anos, cumprido as metas iniciais. Prova disso são os diver-

sos programas lançados e mantidos pela entidade, iniciados com o pioneiro Selo de Pureza, que efetivamente contribuíram e contribuem para o crescimento do consumo. Paralelamente ao andamento das questões nacionais, um importante trabalho que a ABIC realiza são as reuniões regionais, quando todos têm a oportunidade de discutir assuntos mais localizados, como o da concorrência, que tem penalizado as pequenas e médias indústrias regionais. São empresas locais, que têm de disputar, com grandes indústrias e até multinacionais, espaço nos supermercados. Acredito que a ABIC possa realizar algum trabalho que ajude as pequenas e médias empresas a terem um tratamento diferenciado por parte do varejo. A valorização das marcas locais pelos supermercados e pelos consumidores é necessária, pois, além de reconhecimento, é a garantia de sobrevivência de inúmeras empresas que geram renda e emprego na própria região. Enfim, demandas nunca faltarão, mas a ABIC, ouvindo seus pares, sempre buscará e encontrará as melhores soluções. Vida longa à nossa entidade e parabéns pelos seus 40 anos.

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