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Prepare-se! O maior evento das indústrias de café retorna em 2014 ao Nordeste, mais precisamente a Porto de Galinhas, uma das melhores e mais fantásticas praias do Brasil, no litoral pernambucano.
E mais: será de 19 a 23 de novembro no Enotel, resort que é um verdadeiro paraíso a beira-mar, que trabalho com um sistema ‘all inclusive’ dos mais sofisticados e que conta, a partir deste ano, com um parque aquático com piscinas de ondas, rio lento, toboáguas e parque infantil.
A ABIC já está estruturando a programação, que contará com palestras, casos de sucesso, workshops e debates. O evento também já foi apresentado às empresas que participarão da Feira de Máquinas, Equipamentos, Produtos e Serviços.
Informações: (21) 2206 6161 - www.abic.com.br
EDITORIAL
A PALAVRA DA ABIC
N
este ano, a ABIC comemora os 25 anos do Programa do Selo de Pureza, lançado em 1989. Naquele ano, o cenário do mercado de café torrado & moído era desolador, tendo em vista a fraude desenfreada no setor. No varejo, o mercado de café apontava uma tendência de queda no consumo e os consumidores não podiam distinguir café puro do impuro. Propondo um modelo de autorregulamentação para a pureza do café, que coleta hoje mais de 3 mil amostras anualmente nos supermercados brasileiros, a ABIC liderou a melhoria na qualidade dos produtos oferecidos ao mercado e aos consumidores, tornando-se referência mundial, inclusive, para a OIC - Organização Internacional do Café. Interpretando os anseios do mercado e desejos dos consumidores, em 2004, a ABIC lançou o PQC – Programa de Qualidade do Café, posicionado como uma certificação moderna e avançada que segmentou a qualidade em Tradicional, Superior e Gourmet, destacando as diferenças de sabor, aroma, entre outros atributos do café. O PQC gerou outros programas, como a certificação Cafés Sustentáveis do Brasil, o NMQ – Nível Mínimo de Qualidade, hoje adotado por diversos organismos em seus editais para compra do café, e o CCQ – Círculo do Café de Qualidade, que certifica casas de café, cafeterias e pontos de dose que trabalham com cafés de qualidade. Os programas de qualidade da ABIC foram, portanto, força motriz do aumento do consu-
mo. Lá em 1985, consumíamos 6,4 milhões de sacas, com um consumo per capta de 2,83 Kg/ ano. Hoje, o país ruma a alcançar um consumo superior a 22 milhões de sacas, com 6,09 kg/ano por brasileiro. No âmbito da fraude no produto, o Selo de Pureza foi vitorioso: no fim da década de 1980, a ABIC lutava com um percentual de impurezas no volume total de cafés comercializados no país superior a 30%. Hoje, esse índice é inferior a 2%. Agora, o mercado de café, assemelhando-se mais uma vez com o de vinhos, apresenta uma nova tendência: a ORIGEM do grão como referência de qualidade. No Brasil já existem várias regiões produtoras que conquistaram a certificação do INPI como Indicação Geográfica - ID, ou de Denominação de Origem Controlada - DOC. Existem ainda outras micro-regiões que, pela posição geográfica e altitude, produzem grãos diferenciados, mais aromáticos e suaves. A ABIC, atenta a estas mudanças, entende esta sinalização como uma diretriz a ser perseguida e, buscando oferecer cada vez mais segurança alimentar e diferenciação, com os seus programas de qualidade e certificação, iniciará um amplo e democrático debate, a fim de encontrar um consenso comum rumo a este norte. Com isto, irá inovar mais uma vez, apoiando todo o setor e, sobretudo, os seus associados, agregando mais valor ao café do Brasil para os brasileiros.
Pavel Cardoso
Vice-presidente de Qualidade e Certificação JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 3
CARTA AO LEITOR
Estamos comemorando os 25 anos de existência do Selo de Pureza ABIC, programa ícone do nosso setor, que alavancou o mercado, resgatou a credibilidade dos consumidores no produto e abriu espaço para que no decorrer desse período grandes transformações ocorressem principalmente no quesito qualidade. Celebrando a data, a ABIC dá início neste segundo semestre a uma campanha de marketing focada justamente no tema: “Tudo que é puro, é melhor. Inclusive, seu Café”. A campanha utilizará tradicionais e novas ferramentas, como as mídias digitais e as redes sociais. Leia nesta edição reportagem especial sobre como será a campanha e um balanço desses 25 anos, em que o Selo de Pureza se consolidou e originou novos programas em prol do aumento do consumo no mercado interno. Boa leitura com excelentes cafés!
Manoel Felisberto Cruz de Assis
Vice-presidente de Marketing e Comunicação
ÍNDICE MARKETING 06 Tudo o que é Puro é Melhor MERCADO 10 Cápsulas 12 Safra 2014 QUALIDADE de Preparação de Café 16 Centro é Recertificado pela SCAA
EXPEDIENTE O Jornal do Café é uma publicação da Associação Brasileira da Indústria de Café – ABIC, enviada a: associados, autoridades, entidades e pessoas representativas do setor cafeeiro. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião ou pensamento da entidade. Diretor de Marketing e Comunicação da ABIC: Manoel Assis Editora: Marilia Moreira (MTb 11381) – mariliatempocom@uol.com.br Subeditor: Eduardo Buitron – edutempocom@uol.com.br Redação: Tempo de Comunicação – Rua Piracuama, 280 - cj 44 Perdizes, São Paulo - SP, CEP: 05017-040. Fone: (11) 3868 4037 - tempocom@uol.com.br Diretor de Criação: Gilberto Sato – gilberto@smartpropaganda.com.br Diretor de Arte: Mario Gascó - mario@smartpropaganda.com.br Programação edição digital: Lillyane Rodrigues - lillyane@smartpropaganda.com.br Coordenadora de projeto: Mayara Schmidt - mayara@smartpropaganda.com.br Criação, Diagramação e Projeto Gráfico: Smart Propaganda – Av. Brg. Faria Lima, 1826 – cj. 713 – Jardim Paulistano – São Paulo – SP – Fone: (11) 3815-5566 – jornaldocafe@smartpropaganda.com.br www.smartpropaganda.com.br Impressão: Vox Editora Ltda. – tel (11) 3871-7300 Tiragem: 1.500 exemplares ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café Rua Visconde de Inhaúma, 50 – 8º andar CEP 20091-000 – Rio de Janeiro – RJ Fone: (21) 2206 6161 – Fax: (21) 2206 6155 E-mail: abic@abic.com.br www.abic.com.br - www.twitter.com/abic_cafe
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18 Melhores Cafés de São Paulo 19 Concurso Conilon Especial CULTURA 20 Exposição Sobre Design do Café 22 Show de Bola
CAPA 06 Pág.
Conselho de Administração TRIÊNIO 2013 - 2016 PRESIDENTE
12
SAFRA 2014 Pág.
Américo Takamitsu Sato Ind. e Com. de Café Floresta Ltda. - SP 1º VICE-PRESIDENTE Ricardo de Sousa Silveira Café Cristal Ltda. - MG VICE-PRESIDENTES
PESQUISA CAFEEIRA
Egídio Malanquini - Vice-Presidente de Relações Institucionais - Vista Linda Ind. e Com. de Cafés Especiais Ltda - ES
26 UFLA Inaugura a
Agência de Inovação do Café
Dagmar Oswaldo Cupaiolo - Vice-Presidente Jurídico Café Lourenço Ind. Com. Ltda. - SP
28 IAC Completa 127 Anos ENCAFÉ
Lívio Baraúna Assayag – Vice-Presidente de Planejamento e Exportação - Ind. de Café Manaus Ltda. – AM
34 Cenários para o Brasil 36 COFFEE BREAK OPINIÃO DO TORREFADOR
Pavel Monteiro Cardoso Vice-Presidente de Qualidade e Programa de Certificação - Sobesa Indl. de Alim. Santanense Ltda. - BA Manoel Felisberto Cruz de Assis - Vice-presidente de Marketing e Comunicação - Mitsui Alimentos Ltda. - SP
38 Indústrias de Torrefação de Café
Sílvio Aparecido Alves - Vice-Presidente de Tecnologia e Modernização - Grupo 2 Irmãos - PR
têm Enormes Desafios pela Frente
Marco Antônio Campos - Vice- Presidente de Administração e Finanças - Café Itaú Ltda. - MG Luciano Inácio - Vice-Presidente de Economia e Estatística - Cia. Capital de Produtos Alimentícios - RJ
CENÁRIOS PARA O BRASIL
34
Pág.
Nilton Luciano dos Santos - Vice-Presidente de PMES, Meio Ambiente e Sustentabilidade - Ind. e Com. de Café Meridional Ltda. - MS DIRETOR-EXECUTIVO Nathan Herszkowicz REPRESENTANTES REGIONAIS Nordeste - Francisco Leonel Pereira Freire – São Braz S/A Ind. e Com. de Alim. S.A - PB. Norte - Juliana Vilela Torres - Torres Ind. e Com. Ltda. - AC Norte/Centro-Oeste - José Iovan Teixeira - Cical Ind. e Com. de Prods. Alimentícios Ltda. - RO. Sudeste - Vagner Lorenzetti Millani – Torref. Noivacolinenses Ltda.- SP. Sul - Michele Silva Gelsliter - J.J. Mattos Ind.Com. de Café Ltda. - SC JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 5
MARKETING
TUDO O QUE É
PURO É MELHOR Esse é o mote da campanha de marketing que a ABIC realiza ao longo deste segundo semestre, focada na valorização do café através dos programas de certificação da entidade, com destaque para o pioneiro Selo de Pureza, que completa 25 anos em agosto
A
ssociar o conceito de pureza, e também de qualidade, aroma e sabor, a emoções genuinamente puras, presentes na memória afetiva das pessoas: puro carinho; pura amizade; puro amor, pura alegria. Essa a base da estratégia da campanha de marketing que a ABIC começa a veicular em diversas mídias a partir de agosto e que visa à valorização dos programas de certificação da entidade, com destaque para o Selo de Pureza, lançado há 25 anos e até hoje ativo e consistente. A meta é fortalecer a imagem da marca ABIC como referência no universo do café e credencial de força e confiança para as marcas de café. Desenvolvida pela Havas Worldwide Z+, agência vencedora da licitação feita pela entidade no início deste ano, a campanha exigirá inJORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 7
O consumo anual saltou de 8,5 milhões de sacas para mais de 20 milhões de sacas vestimentos que poderão chegar a R$ 2 milhões. Esse valor será totalmente custeado pela ABIC, através de verba de seu fundo reserva e da contribuição extra dos associados, iniciada mês passado. A campanha inclui spot para emissoras de rádio, anúncios em revistas dirigidas ao varejo (como supermercados e panificadoras), e ao público consumidor e inserções de vinhetas em monitores de elevadores de edifícios comerciais. Também serão utilizadas plataformas digitais e mídias sociais. Entre outros materiais sugeridos estão anúncios em sacos de pão e artes para promoção nos pontos de venda, como adesivos, impressos para colocação em carrinhos de supermercados e woobler. “Todos os materiais poderão ser disponibilizados aos associados, para que possam aplicar suas marcas e utilizar em suas regiões, 8 | JORNAL DO CAFÉ - Nº188
multiplicando localmente a comunicação da ABIC”, diz Manoel Assis, vice-presidente de Marketing e Comunicação da entidade.
Selo de Pureza
Lançado em agosto de 1989, o Programa de Controle de Pureza – Café Torrado e/ou Moído, responsável pela concessão do Selo de Pureza ABIC, chega neste mês de agosto aos 25 anos ativo e consistente. Primeira certificação da área de alimentos e bebidas, sua criação foi uma resposta da entidade aos consumidores que, em meados da década de 1980, vinham abandonando o hábito por acreditar que o produto puro era exportado e que o brasileiro só consumia café de baixa qualidade, impuros ou com misturas, conforme constatado em pesquisa de opinião. Nesses 25 anos, o programa do Selo de Pureza resultou na mora-
de 2.800 para 3.500 o número de amostras, um aumento próximo de 22%, o que significou um investimento de R$ 966 mil.
Nova Geração
A importância do programa do Selo de Pureza, além da moralização do setor, está no fato de ter resgatado os tradicionais consumidores e incorporado uma nova geração de apaixonados por café, avalia Américo Sato, presidente da ABIC. Aqueles que hoje estão na faixa dos 35 anos cresceram em um novo ambiente marcado, sobretudo, pela inovação, pela oferta de inúmeras marcas, novos blends, novos conceitos de consumo, como as monodoses, e as novas formas de preparo. Todo um cenário que leva à experimentação e aguça a curiosidade sobre como e onde aquele café foi produzido até chegar à xícara. O crescimento do mercado, na avaliação de Sato, ocorreu também pelas parcerias estratégicas conquistadas pela ABIC ao longo lização do mercado e resgatou a credibilidade do produto: o consumo anual saltou de 8,5 milhões de sacas para mais de 20 milhões de sacas. Atualmente, participam do programa 459 empresas com 1.148 marcas certificadas. Único no mundo, o programa tem sua credibilidade garantida por sua estrutura técnica, que não permite vícios ou inf luências externas no monitoramento contínuo das marcas no mercado, já que a coleta de amostras é realizada por auditoria independente e a análise feita em laboratórios credenciados. Já são monitoradas pelo programa 75% das marcas produzidas no país, mas a entidade busca sempre que possível ampliar essa cobertura. Isso porque todas as despesas com a administração do programa, as coletas e as análises são totalmente custeadas pelas próprias associadas. Este ano, por exemplo, a ABIC ampliou
Aqueles que hoje estão na faixa dos 35 anos cresceram em um novo ambiente marcado, sobretudo, pela inovação dos anos com os diversos elos da cadeia do agronegócio, a exemplo dos setores de produção e comercialização que, se antes se limitavam aos cafés commodities, passaram a destinar grãos de maior qualidade, e com maior valor agregado, para o consumo interno. Nesse período,
o varejo, principalmente supermercadista, aderiu às ações da ABIC e abriu gôndolas e áreas gourmet exclusivas para exposição de inúmeras marcas de diferentes categorias e diversos utensílios afins. Somam-se ainda as mais de 60 mil panificadoras e centenas de casas de café, delicatessens e redes de cafeterias, hoje espalhadas por todo o País, cuja participação no mercado é de extrema importância na divulgação e promoção da qualidade e da cultura do café. Foram também fundamentais no desenvolvimento do mercado as certificações criadas pela ABIC no lastro positivo do programa do Selo de Pureza, avançando em novos conceitos: o PQC – Programa de Qualidade do Café, criado em 2004 e que passou a trabalhar o mercado em categorias de produtos (Tradicional, Superior e Gourmet); o PCS – Programa Cafés Sustentáveis do Brasil, lançado em 2006 e que certifica que aquele café foi produzido respeitando a sustentabilidade econômica, ambiental e social, desde a lavoura até a indústria; e o CCQ – Círculo do Café de Qualidade, lançado em 2007 e que qualifica e certifica os estabelecimentos que promovem os cafés de qualidade. A ABIC criou também um programa dirigido aos organismos públicos, o NMQ – Nível Mínimo de Qualidade, cujo objetivo é sensibilizar para que, nas licitações, não se use apenas o critério de menor preço. O programa possui um conjunto de sugestões de especificações e procedimentos de análise laboratorial que assegura a aquisição de café de melhor qualidade – ou qualidade mínima – nas licitações. “Quando afirmamos que nossa meta é fortalecer a marca ABIC como referência no universo do café, queremos exatamente mostrar a seriedade da atuação da entidade como agência certificadora e promotora de ações que visam sempre o maior dinamismo do mercado e o crescimento do consumo”, conclui Manoel Assis. JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 9
MERCADO
Segmento de monodose no Brasil continua crescendo e se transforma em uma importante alternativa de negócio para empresas de todos os portes
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A
paulista Baggio Café, com sede em Araras, e a capixaba Café Meridiano, de Colatina, são mais duas torrefações que estão ingressando no segmento de monodose, no qual já atuam empresas como Café Orfeu, Café 3corações, Café Utam, Café Pilão, Café Seleto, Lucca Cafés Especiais e muitas outras, no caminho inovador aberto há muitos anos pela suíça Nespresso e pelas italianas Illy Caffè e Lavazza. Para a ABIC, o interesse despertado por este mercado, de alto valor agregado e grande potencial de crescimento, confirma que ele já representa uma importante alternativa para empresas nacionais de todos os portes, notadamente as menores, para reposicionarem-se no negócio, oferecendo alternativas inovadoras e diferenciadas. São inúmeras empresas que estão atuando ou entrando no ramo, seja pela importação e distribuição in-
terna de cápsulas de café, em caráter temporário, seja pela produção interna de cápsulas e sua distribuição. Além disso, há vários investimentos sendo realizados para a construção e operação de fábricas e máquinas de envasamento de cápsulas de café, que atenderão tanto o mercado interno quanto a exportação do produto, no curtíssimo prazo. A empresa Lucca Cafés Especiais, de Curitiba, por exemplo, já produz há meses as cápsulas DOP, com blends de várias origens brasileiras, e a paulista Café Utam, de Ribeirão Preto, que comercializa a marca Uno, importada da parceira portuguesa Caffa, já estava com as instalações físicas prontas para iniciar a produção das cápsulas brasileiras ainda este ano. A 3corações, por sua vez, que distribui seu sistema exclusivo denominado TRÊS, hoje importado, deve inaugurar ainda no próximo ano uma grande unidade industrial para produzir suas cápsulas. E esses são apenas alguns exemplos. Américo Sato, presidente da ABIC, diz que o setor vive uma grande oportunidade de também transformar o Brasil em plataforma exportadora de café industrializado, reequilibrando a balança do setor, ganhando mercados externos que hoje consomem grande volume de cápsulas e oferecendo blends nacionais e opções com cafés originados em outros países produtores, o que traz à tona uma antiga discussão, que é justamente a importação de grãos crus de alta qualidade. “Neste mercado de monodoses, a composição de blends diferenciados com cafés brasileiros combinados com cafés de outras origens é fundamental para assegurar diferenciação e preferência de um público consumidor altamente sensível e exigente, que aceita pagar mais caro, mas exige cada vez mais qualidade e inovação. Esta importação seguramente seria de quantidades pequenas, que não oferecem qualquer risco para a cafeicultura nacional, mas que trazem ao blend certas características somente possíveis com o uso desses grãos”, explica Sato.
Novidades Baggio e Meridiano
Liana Baggio Ometto, diretora comercial da Baggio Café, diz que o consumo das monodoses é uma tendência de mercado que veio para ficar. “O dia a dia corrido dos brasileiros requer praticidade. Com o café em cápsula isso é possível”, completa o diretor industrial da empresa, Clodoaldo Iglezia. Para atender a esse segmento, a Baggio lançou suas cápsulas em três versões: suave, clássico e intenso. “Vamos oferecer aos clientes, além da praticidade, um produto extremamente nobre, com três opções de torra gourmet. Todas produzidas em nossa torrefação e com controle de qualidade rigoroso. Cada blend é tratado de uma forma especifica, com perfis de torra e moagem diferenciados”, explica Iglezia. As vendas começaram pelo estado de São Paulo, em lojas na capital e nas cidades de Campinas e Araras. Em breve poderão ser encontradas também em Campo Grande e em Porto Alegre. Além disso, os produtos podem ser encontrados no site Lombas.com.br. “Estamos confiantes”, diz Liana Baggio. “Tenho certeza que as pessoas irão se apaixonar por mais esse projeto. São produtos desenvolvidos com todo o comprometimento e carinho já inerentes a tudo o que fazemos. Em breve iremos aumentar o portfólio com novos blends, inclusive com os cafés aromatizados”, antecipa a diretora comercial. Já a linha Caps, da Café Meridiano, ainda está em fase de teste, mas será lançada ainda neste ano. Os modelos
serão também compatíveis com as máquinas mais vendidas em todo o mundo. Os produtos estarão disponíveis em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e no Rio de Janeiro, áreas de atuação da empresa, e também na sua loja on line. “O Meridiano sempre acompanha as tendências do mercado brasileiro e será pioneira no Estado na produção de cápsulas. Para valorizar o produtor rural do país, a matéria-prima será 100% nacional e com grãos de alto padrão”, disse o diretor Cleverson Pancieri. Para atender a nova demanda, a empresa investiu em um novo torrador no valor de R$ 2 milhões que irá garantir a produção que deverá ser de 200 mil cápsulas por mês. A máquina, com tecnologia de ponta, é uma das poucas unidades no Brasil. Comparando o processo de produção ao dos vinhos, que são cuidadosamente elaborados desde o cultivo até o momento que chegam às taças, a empresa informa que as novas cápsulas passarão por todos os procedimentos dos cafés especiais. E para que os consumidores mais apaixonados por café acompanhem esse histórico, um código de barras em 2D (QR code) será colocado nas embalagens da Caps. Ele dará acesso a um site com informações sobre o produto, como, onde e por quem foi produzido o café que será consumido. Tanto as cápsulas da Baggio Café quanto as da Café Meridiano são acondicionadas em embalagens sofisticadas, em formato de latas, que protegem os produtos.
As cápsulas da Café Meridiano serão comercializadas em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e no Rio de Janeiro
“O setor vive uma grande oportunidade de também transformar o Brasil em plataforma exportadora de café industrializado” Américo Sato
As três versões da Baggio Café, com três opções de torra: clássico, intenso e suave JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 11
MERCADO
SAFRA 2014 É o que aponta a segunda estimativa divulgada em maio pela Conab. Os próximos levantamentos serão divulgados em agosto, período de plena colheita, e em dezembro, póscolheita
A
Conab – Companhia Nacional de Abastecimento divulgou no dia 15 de maio a segunda estimativa para a produção da safra cafeeira em 2014, das espécies arábica e robusta. O levantamento indica que o país deverá colher um volume de 44,57 milhões de sacas de 60 quilos de café beneficiado. Esse resultado é 9,33% (ou 4,58 milhões de sacas) inferior à produção de 49,15 milhões de sacas obtida no ciclo anterior. O café arábica representa 72,4% da produção total do país. Para a nova safra estima-se que sejam colhidos 32,23 milhões sacas. Esse resultado representa uma redução de 15,81% (-6.051,3 mil sacas). De acordo com a Conab, tal redução se deve à forte estiagem verificada nos primeiros meses de 2014 e à inversão da bienalidade em algumas re-
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Rondônia -
1,62 milhão
Mato Grosso - 169,8 mil
Outros - 113,6 mil
BRASIL DEVERÁ COLHER 44,57 MILHÕES DE SACAS ESTADOS PRODUTORES
2ª estimativa Conab para a safra 2014 (em sacas) Pará - 121,7 mil Goiás -
Bahia -
1,98 milhão
Minas Gerais -
Espírito Santo Rio de Janeiro -
São Paulo Paraná -
545 mil
261,8 mil
22,99
12,20 milhões
308,4 mil
4,233 milhões
milhões
giões produtoras. Já a produção do café robusta está estimada em 12,33 milhões de sacas, representando um crescimento de 13,49%. Este resultado se deve, sobretudo, à recuperação da produtividade, que na safra anterior sofreu com a forte estiagem, e ao crescimento da área em produção, principalmente no Estado do Espírito Santo, maior produtor da espécie robusta. Com este resultado para 2014, quebra-se a tendência de crescimento da produção que, desde a safra de 2005 vinha se observando nos ciclos de alta bienalidade, inclusive ficando abaixo da última safra que foi de baixa. Veja no quadro abaixo a tabela com a evolução da produção do café no país. Ainda de acordo com o relatório da Conab, a área total plantada com a cultura de café (espécies arábica e robusta) no país totaliza 2.267.577,8 hectares, 1,90% inferior à área colhida na safra passada e corres-
ponde a uma redução de 44.021,2 hectares. Desse total, 341.504,4 hectares (15,06%) estão em formação e 1.926.073,4 hectares (84,94%) estão em produção. Em Minas Gerais está concentrada a maior área com 1.245.710 mil hectares, predominando a espécie arábica com 98,89% no estado. A área total estadual representa 53,89% da área cultivada com café no país. No Espírito Santo está a segunda maior área plantada com a cultura cafeeira, totalizando 488.583 hectares, sendo 310.088 hectares com a espécie robusta e 178.495 hectares com a arábica. O Estado é o maior produtor da espécie conilon, com participação de 75,82%.
Levantamentos
Este segundo levantamento feito pela Conab foi realizado no período de 6 a 17 de abril, quando foram visitados os municípios dos principais Estados produtores (Minas
CAFÉ BENEFICIADO Comparativo de produção A tabela abaixo, elaborada pela Conab, mostra a evolução da produção de café no país. Os anos pares correspondem à produção em safras de alta bienalidade. Com o resultado previsto para esta safra de 2014, quebra-se a tendência de crescimento da produção que, desde a safra de 2005 vinha se observando nos ciclos de alta bienalidade, inclusive ficando abaixo da última safra que foi de baixa. SAFRA 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Arábica 31,71 23,81 33,01 25,10 35,48 28,87 36,82 Conilon 7,56 9,13 9,50 10,97 10,51 10,60 11,27 Total
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39,27 32,94 42,51 36,07 45,99 39,47 48,09
Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Paraná, Rondônia e Goiás), que correspondem a 98,3% da produção nacional. Foram realizadas entrevistas e aplicados questionários aos informantes previamente selecionados. De acordo com o relatório da Conab, apesar deste ano-safra ser de ciclo negativo de bienalidade da produção, o resultado desta estimativa é uma produção recorde dentro deste ciclo, resultado da melhora dos tratos culturais das lavouras, inf luenciada pela recuperação dos preços nos mercados externo e interno. A CONAB realiza quatro levantamentos de campo ao longo do ano safra da cultura, como segue: o 1º levantamento é feito no mês de dezembro, período pós-f lorada; o 2º levantamento ocorre no mês de abril, período de pré-colheita; o 3º levantamento é feito no mês de agosto, período de plena colheita, e o 4º levantamento acontece em dezembro, época da pós-colheita. “Após tratamento estatístico dos dados obtidos em campo, são divulgadas as quatro previsões para as safras em curso, sinalizando a tendência da produção de café em cada Estado, com o objetivo de permitir a elaboração de planejamentos estratégicos por toda a cadeia produtiva do café, bem como, a realização de diversos estudos pelos órgãos de governo envolvidos com a cafeicultura, visando à criação e implantação de políticas públicas para o setor”, informa a Conab em seu relatório.
2011 2012 2013 2014* 32,19 38,34 38,29 32,23 11,29 12,48 10,86 12,33 43,48 50,82 49,15 44,56
A companhia também ressalta que estas previsões iniciais são passíveis de correções e ajustes ao longo do ano-safra, notadamente as duas primeiras, visto que informações mais precisas somente se consolidam com
Com este resultado para 2014, quebra-se a tendência de crescimento da produção que, desde a safra de 2005 vinha se observando nos ciclos de alta bienalidade a finalização da colheita. “Quaisquer fenômenos climáticos que por ventura tenham ocorrido são detectados e estimado o provável efeito, porém, as consequências reais serão efetivamente mensuradas à medida que a colheita avança”. Para realizar estes levantamentos, a Conab conta com a parceria das seguintes instituições estaduais: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SA A/IEA/SP); Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI); Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper/ES); Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S/A (EBDA/BA); Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB); Departamento de Economia Rural (Deral/PR); Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater/RO). Também são consultados escritórios e técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para obter estatísticas dos demais Estados com menores proporções de produção e para compatibilizar os números globais dos Estados de maior produção.
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QUALIDADE
CENTRO DE PREPARAÇÃO DE CAFÉ É RECERTIFICADO PELA SCAA Inspetor norteamericano verificou minuciosamente o laboratório em maio, recomendando a recertificação, que foi concedida em junho e vale até 2018 Por: Inês Figueiró
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O
laboratório do CPC - Centro de Preparação de Café, do Sindicafé – São Paulo, foi recertificado pela Associação Norte-Americana de Cafés Especiais (SCAA, na sigla em inglês). A verificação foi coordenada pelo inspetor Phil Johnson, que visitou o laboratório nos dias 26 e 27 de maio. A recertificação foi concedida no dia 19 de junho, sendo válida até 18 de junho de 2018. A primeira certificação do CPC pela SCAA aconteceu em 2009, colocando-o entre os primeiros a obterem tal reconhecimento no Brasil. O processo de inspeção inclui todos os itens que constam no regulamento para laboratórios filiados à SCAA. “Cabe ao profissional nomeado pela Associação verificar se todos esses itens estão de acordo com os parâmetros estabelecidos pela entidade”, explicou Phil Johnson. Tanta exigência, disse, tem como finalidade garantir a padronização dos laboratórios filiados e os padrões de qualidade dos serviços oferecidos. “Não interessa se o aluno frequentará um curso num laboratório credenciado no Brasil ou no Japão. Todos têm o mesmo padrão de excelência”. Os parâmetros determinados pelo programa da SCAA e avaliados pelo inspetor são divididos em três partes: física, equipamentos e suprimentos. Nesta última, por exemplo, está incluída até a cartolina preta usada para classificar café cru, que deve ser fosca e ter 0,62 metros quadrados. Nem mais, nem menos. “São muitos itens que compõem cada uma
dessas partes. Eles vão desde a qualidade da água, presença de equipamentos apropriados e devidamente calibrados até, por exemplo, detalhes a respeito da iluminação. Tudo isso é cuidadosamente verificado”. Johnson revela que uma das adequações mais frequentes indicadas pelos inspetores diz respeito à iluminação dos laboratórios. No Centro de Preparação de Café, contudo, este quesito estava totalmente em conformidade com as determinações da SCAA. “Aqui no laboratório do Sindicafé há poucas adequações a serem
feitas. São apenas detalhes relacionados a alguns suprimentos”. Ele citou como exemplo a cartolina preta usada na classificação. O tamanho estava menor que o indicado pela SCAA. Desde que foi certificado pela primeira vez, o CPC ingressou no seleto grupo de laboratórios altamente qualificados para realizar os cursos promovidos pela entidade norte-americana e também o exame Q-Grader. Nesse sentido, em parceria com a empresa The Fox Bean, dos especialistas Edgar Koh e Márcia Yoko, o Sindicafé passou a realizar cursos preparatórios para essa prova, que reproduzem exatamente a metodologia usada pelo Q-Grader. A Certificação Q-Grader ocorre em três dias de instruções e três dias de provas que consistem em 22 testes individuais, a fim de se qualificar para a certificação. Os candidatos que não conseguem aprovação podem retomar os testes durante o período do curso ou a qualquer momento dentro do prazo de 18 meses.
Difundindo conhecimento
Para Nathan Herszkowicz, 1º vice-presidente do Sindicafé – São Paulo,
a recertificação da SCAA faz parte do plano global do Sindicato de garantir a excelência do Centro de Preparação de Café. Ele destaca que a manutenção do CPC em consonância com os padrões exigidos internacionalmente o coloca entre os laboratórios mais bem equipados do Brasil. “A recertificação é mais um investimento que fazemos para que o CPC tenha em seu portfólio uma diversidade de cursos, desde os mais básicos até aqueles de mais alta qualificação”. Os cursos do CPC servem para di-
Várias empresas, atualmente, testam seus blends e seus novos produtos através do CPC fundir conhecimentos sobre produção, qualidade e preparação do café torrado, sendo muito úteis para as indústrias, notadamente as de menor porte, ou aquelas que desejam inovar e aper-
Nathan Herszkowicz, do Sindicafé-SP, Márcia Yoko, da Fox Bean, o inspetor Phil Johnson, da SCAA, e Rafael Godoy, instrutor do CPC
feiçoar sua linha de produtos. Várias empresas, atualmente, testam seus blends e seus novos produtos através do CPC, que qualifica sua mão de obra, desde os provadores até os baristas e clientes, completa Herszkowicz. A programação de cursos está sempre atualizada, acompanhando as novas demandas do mercado e de seus profissionais, a exemplo do novíssimo “Educação Sensorial Avançada para Apreciação de Bebidas & Alimentos”, criado e ministrado pelo consultor e especialista em cafés especiais Ensei Neto, que elegeu o CPC como o laboratório mais completo para a realização desta atividade, diz Herszkowicz. Trata-se de um curso de autoconhecimento voltado para o aperfeiçoamento das habilidades sensoriais. Ensei emprega modernos exercícios com forte base científica, para explicar as origens dos sabores e aromas de diversos alimentos e bebidas. Além das aulas expositivas, exercícios práticos e testes sensoriais, uma manhã é reservada para aula externa, quando diferentes experiências sensoriais são vividas pelos alunos. Ministrado durante quatro dias, das 8h30 às 18horas, o curso conta, em cada edição, com um professor convidado, que expõe com detalhes sua especialidade, como vinhos, cervejas, azeites e destilados. Outro curso inovador é realizado em parceria com o administrador de empresas Mário Chierighini Filho, diretor da MCF Consultoria em Café, que tem uma experiência profissional de mais de 30 anos no setor. Trata-se do Curso de Gestão para Indústria de Cafés de Alta Qualidade, destinado a todos que desejam iniciar ou já atuam no mercado de cafés finos, como proprietários e gestores da indústria de café, empresários que desejam investir no segmento, dirigentes de cooperativas, cafeicultores, baristas, fornecedores de embalagens e equipamentos para indústria, de máquinas de café e insumos. O curso é ministrado em um único dia, das 9h às 17h. Confira a agenda completa de cursos do CPC na página do Sindicafé – São Paulo na internet: www.sindicafesp.com.br. JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 17
QUALIDADE
MELHORES CAFÉS DE SÃO PAULO
Câmara Setorial de Café anuncia o 13º Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo
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O
s produtores de café de São Paulo já podem se programar para participarem, por meio de suas cooperativas, associações e sindicatos rurais, do 13º. Concurso Estadual de Qualidade do Cafe de São Paulo. Evento tradicional e um dos mais antigos certames nacionais, que promovem a qualidade dos grãos produzidos no estado, o concurso é uma iniciativa da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, através de seus organismos APTA , CODEAGRO - Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios, em parceria com a Câmara Setorial de Cafe, o Sindicafé – São Paulo, Museu do Café, a Associação Comercial de Santos, ABIC e Instituto Biológico. O 13º. Concurso Estadual de Qualidade do Cafe terá no final de outubro a realização, na ACS, das provas ce-
gas por especialistas para a seleção dos 10 melhores lotes de café, nas categorias Cereja Descascado, Naturais e Microlote. A divulgação desta lista de finalistas está programada para dia 28 de outubro, seguindo-se o leilão para venda previa desses lotes para empresas interessadas e, finalmente, a cerimônia de premiação dos produtores e empresas campeãs, agendada para 12 de novembro. O Concurso tem sido apontado como importante ferramenta para melhoria da qualidade dos grãos de café, estimulando as boas práticas que conduzem à qualidade e premiando produtores, indústrias de torrefação, cafeterias e empresas exportadoras, tudo resultado em melhoria do valor agregado do produto e do conceito de qualidade do Cafe de São Paulo.
CONCURSO CONILON ESPECIAL
O
s produtores capixabas têm até 26 de agosto para inscrever seus lotes no 3º Prêmio Conilon Especial – Concurso Estadual de Conilon de Qualidade. O concurso tem como objetivo fomentar a produção de conilon de qualidade e conta com o apoio do governo do Estado, da Secretaria Estadual de Agricultura, Incaper e da marca Nescafé. O prazo de inscrição vale para a categoria Natural, na etapa municipal e regional, e na categoria Cereja Descascado, na etapa estadual. Este ano, o Prêmio Pio Corteletti (dos cooperados Coopeavi) se uniu ao Concurso Estadual de Conilon de Qualidade e os melhores produtores do Espírito Santo receberão prêmios no valor de R$ 50 mil. O concurso levará em conta a qualidade das amostras e, ainda, a ade-
quação a boas práticas agrícolas, com base no Código Comum da Comunidade Cafeeira (4C). Neste ano, a marca Nescafé - pioneira no desenvolvimento de ações baseadas no conceito de Criação de Valor Compartilhado na cadeia produtiva de café conilon - colocará a sua expertise a serviço do concurso e participará da avaliação dos concorrentes no que diz respeito aos parâmetros de sustentabilidade na produção. Serão avaliados os 50 produtores finalistas na etapa estadual. Além do Governo do Estado, diversas prefeituras são parceiras do 3º Prêmio Conilon Especial - Concurso Estadual Conilon de Qualidade, como as das cidades de Cachoeiro de Itapemirim, Castelo, Colatina, Vila Valério, e outras, que participarão por meio de concursos que serão realizados regionalmente.
Certame levará em conta a qualidade e a adequação às boas práticas agrícolas
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CULTURA
EXPOSIÇÃO O SOBRE DESIGN DO CAFÉ
Museu do Café, em Santos, apresenta até dia 14 de setembro a exposição temporária intitulada “Forma: objetos do café”. A mostra aborda diferentes maneiras de preparo do produto, desde a moagem e torra do grão até sua infusão, ressaltando as traduções estéticas dos diversos objetos utilizados durante esse processo. Durante o século XX, correntes da
Forma: objetos do café” é a nova mostra temporária apresentada no Museu do Café, em Santos, que aborda a estética dos itens ligados ao grão desde a torra até a xícara Fotos: Karina Frey
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Nespresso
arquitetura, do desenho industrial e do design começaram a projetar objetos que, além de obedecer a requisitos tecnológicos para extração da bebida, possuíssem valor estético em seus formatos, estimulando a percepção visual de modo a caracterizar de maneira singular seus produtos. Com foco nos traços, formas e estruturas a mostra traz diferentes objetos do acervo relacionados à torre-
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fação e moagem manual, utilizados no processo de industrialização e em estabelecimentos comerciais que servem a bebida coada. A exposição também aborda o universo do cafezinho servido em lojas especializadas e cada vez mais comum nos lares, graças à praticidade das cafeteiras elétricas e das cápsulas de ‘espresso’. O visitante poderá ver três tipos de cafeteiras desmontadas e compreender o funcionamento de cada máquina: a cafeteira Globinho, Moka e a Napolitana (essa última, por exemplo, foi criada há mais de 300 anos, em Nápoles, na Itália). A exposição conta também com uma instalação cênica, com cerca de 200 xícaras, de vários modelos, penduradas no teto. Os interessados em se aprofundar mais sobre o tema do design e a história da evolução das máquinas de café, encontrarão no Centro de Preservação, Pesquisa e Referência do Museu, livros especializados no assunto para consulta. Instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, o Museu do Café fica à rua XV de Novembro, 95, no Centro Histórico de Santos. Seu horário de funcionamento é de terça a sábado das 9h às 17h, e aos domingos entre 10h e 17h. Os ingressos para visitação custam R$ 5,00; estudantes e pessoas acima de 60 anos pagam meia-entrada. Aos sábados, a entrada é gratuita. Já a Cafeteria do Museu funciona de segunda a sábado das 9h às 18h, e aos domingos entre 10h e 18h. Outras informações estão disponíveis no site www.museudocafe.org.br.
A exposição também aborda o universo do cafezinho servido em lojas especializadas e cada vez mais comum nos lares
Nespresso
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CULTURA
SHOW DE BOLA Esse é o nome do Drinque da Copa, criado pelo barista Rogério Rabbit, que encantou os inúmeros visitantes do Museu do Café, em Santos, durante o período do certame da Fifa no Brasil
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D
epois de mais de 60 anos, a Copa do Mundo voltou ao Brasil. E a ligação do esporte mais famoso com o café vem de longa data. Na década de 60, os craques Pelé e Garrincha foram garotos-propaganda do Instituto Brasileiro do Café (IBC). Na Copa de 82, a seleção brasileira era patrocinada pelo mesmo IBC e jogou a competição com um uma camiseta que trazia um ramo de café ao lado do escudo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Este ano, o Museu do Café, instituição da Secretaria de Estado da Cultura, propôs uma programação para manter essa forte ligação. No dia 24 de maio, data em que se comemorou o Dia Nacional do Café, o Museu realizou a etapa final do concurso cultural “Drinque da Copa”, uma competição para eleger uma nova bebida composta por café e ingredientes brasileiros para ser comercializada na Cafeteria do Museu durante o período do Mundial. As apresentações foram realizadas no espaço da Cafeteria e contaram com grande participação do público. Antes desta disputa final, os competidores tiveram um mês para inscrever suas receitas, e foram avaliados em diversas categorias, como criatividade visual, conhecimento do
café e de seus métodos de preparo, temperatura da bebida, qualidade do grão, equilíbrio e escolha dos ingredientes, entre outros. Após o encerramento do envio das receitas, oito baristas se classificaram para a etapa final: Amanda Gomes Ferreira Ribeiro, Emanuel Nogueira da Silva, João Francisco Sousa, Luany Pelosi Máximo da Silva, Lucca Swan Marchesano, Maria Carolina Lazzarini, Rogério Rabbit e Wagner Augusto Leodoro. Estes finalistas apresentaram seus
Detalhes que deram destaque na apresentação de Rabbit: o drinque servido em latinhas de refrigerante na bandeja transformada em campo de futebol
drinques no dia 24 de maio para um júri integrado por Edgard Bressani, presidente da Associação Brasileira de Café e Baristas (ACBB) entre 2008 e 2012 e autor do Guia do Barista (Café Editora); Hallyson Ramos, assistente do Centro de Preparação de Café do Museu do Café, e Telma Rodrigues, mixóloga da Nespresso. Junto deles, um representante da plateia, Marcelo Teixeira, foi convidado para integrar o corpo de avaliadores a cada apresentação, o que tornou o evento interati-
vo. A avaliação dos aspectos técnicos ficou por conta de Bressani e Hallyson, enquanto a parte sensorial ficou com Telma e Marcelo Teixeira.
Os três finalistas
As disputas foram acirradas. Cada profissional criou uma bebida nova com ingredientes que remetessem ao Brasil. Dentre os componentes usados, estavam o açaí, o maracujá, o caldo de cana e sorvete, tudo isso aliado ao café preparado nos mais
Uma competição para eleger uma nova bebida composta por café JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 23
1- O barista e bartender com sua placa de 1º colocado no concurso 2- Rogério Rabitt prepara o seu drinque 3- Os jurados, da esquerda para a direita: Hallyson Ramos, assistente do Centro de Preparação de Café do Museu do Café; Telma Rodrigues, da Nespresso; Marcelo Teixeira, convidado da plateia, e Edgard Bressani, ex-presidente da Associação Brasileira de Café e Barista
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variados métodos. O barista e bartender Rogério Rabbit optou por um drinque simples, mas que foi suficiente para agradar os jurados, que o elegeram como o grande campeão. Sua mistura levava exatamente as bebidas mais simbólicas do país: o refrigerante de guaraná e o café coado. Nomeada “Show de Bola”, ainda tem um leve toque de laranja, resultando em uma bebida refrescante e perfeita para saborear em um país tropical como o nosso. O barista Emanuel Nogueira, com seu drinque “Pátria Amada”, ficou na segunda colocação. Sua bebida era composta por café, açaí, guaraná, molho de laranja e creme de menta e, por pouco, não levou o título. Já Maria Carolina Lazzarini criou o “Copaccino”, uma bebida à base de geleia de abacaxi, xarope de menta, sorvete de creme, cupuaçu e café expresso, o que rendeu a terceira colocação para a barista. Os três primeiros colocados ganharam prêmios do Museu e dos apoiadores do evento, como cafeteira, utensílios, equipamentos e cafés gourmet, sendo que Rogério Rabbit, o vence24 | JORNAL DO CAFÉ - Nº188
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dor, ainda teve o seu drinque “Show de Bola” comercializado na Cafeteria do Museu como grande destaque do cardápio até 13 de julho, data que se encerrou a Copa do Mundo da Fifa.
Drinque campeão
Para Rabbit, ter participado e vencido o concurso foi uma grande honra, e a oportunidade de ter seu drinque fazendo parte do cardápio da Cafeteria do Museu foi uma grande conquista. “É um privilégio. Ir para um cardápio de um estabelecimento como esse é realmente muito legal. O fato das pessoas terem a oportunidade de experimentar valoriza tudo, não só a minha bebida e o nome do evento, mas também o Museu”. Segundo o barista, a ideia do concurso, aliada à chegada da Copa do Mundo no Brasil, foi algo que chamou sua atenção e o instigou a se inscrever. “Foi uma iniciativa bacana pra divulgar a
instituição. Foi uma coisa bem feita, bem pensada, bem elaborada. Eu tive vontade de participar desde o início. Queria ter uma bebida com café e que fosse inusitada ao mesmo tempo, algo diferente do que todos estão acostumados, e o ‘Show de Bola’ é assim, as pessoas bebem ela gelada, o que causa
Rabbit diz ter criado uma bebida simples e “fácil de ser reproduzida” estranheza, mas depois cai no gosto de quem tomar”, finaliza. Rabbit diz ter criado uma bebida simples e “fácil de ser reproduzida em qualquer lugar e por qualquer pessoa independente da idade, sexo, reli-
gião etc.”. Além do café, preparado no método coado Hariov60, o barista utilizou guaraná “da nossa imensa e rica floresta amazônica criando assim um refrigerante de café, intenso, mas muito refrescante com zest de casca de laranja e muito gelo”. Decorou o drinque com folhas do cafeeiro e serviu em latinhas de guaraná que seriam descartadas, pintadas a mão, uma a uma, pelo amigo Bruno Arena, fazendo referência aos 5 títulos mundiais de futebol da seleção brasileira. O café escolhido por Rabbit foi um microlote especial do Sul de Minas, produzido pelo cafeicultor Paulo Sérgio de Almeida na Fazenda Santa Terezinha, em Paraisópolis. Trata-se de um café orgânico Natural, variedade arábica Mundo Novo, certificado pelo IBD e cultivado a 1.200 metros de altitude. O café foi torrado por Leo Moço, atual barista campeão brasileiro, na sua butique Barista Coffee Bar, em Curitiba.
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PESQUISA CAFEEIRA
Ato inaugural da InovaCafé
UFLA INAUGURA M A AGÊNCIA DE INOVAÇÃO DO CAFÉ Objetivo é integrar em um mesmo espaço físico as iniciativas voltadas ao desenvolvimento de inovações para o setor cafeeiro Por: Cibele Aguiar – UFLA / Fotos: Ascom UFLA
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antendo a tradição e o pioneirismo na área de cafeicultura, a Universidade Federal de Lavras (Ufla) - instituição participante e co-fundadora do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café – inaugurou dia 27 de julho a Agência de Inovação do Café - InovaCafé. Vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e sediada no campus da Universidade, a InovaCafé vai integrar em um mesmo espaço físico as iniciativas voltadas ao desenvolvimento de inovações para o setor cafeeiro, por meio da interação de profissionais e estudantes em projetos de ensino, pesquisa e extensão. A Agência é fruto da articulação do Polo de Excelência do Café, Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais – Sectes, Ufla e Ministério da Educação (MEC), contando com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A viabilização da nova Agência também contou com a participação do Consórcio Pesquisa Café e INCT-Café, que nesse momento financiam outros investimentos necessários ao
seu funcionamento. O novo espaço passa a integrar iniciativas do Setor de Cafeicultura da Ufla, o Polo de Excelência do Café, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT-Café), Polo de Tecnologia em Pós-Colheita do Café, Polo de Tecnologia em Qualidade do Café, Centro Tecnológico de Comercialização Online de Café (e-Café Brasil), e o Centro de Inteligência em Mercados (CIM), que inclui o Centro de Trainee em Mercados e o Bureau de Informação e Desenvolvimento do Café. Também fazem parte da agência a coordenação institucional do Consórcio Pesquisa Café, a Unidade de Torrefação de Café, o Núcleo de Estudos em Cafeicultura (Necaf), a secretaria administrativa da Revista Coffee Science, a Unidade de Difusão Virtual de Tecnologias – Café Web TV, o Centro de Armazenamento e Controle de Defensivos Agrícolas e o Laboratório de Análises Avançadas e Biotecnologia. A Agência de Inovação do Café bus-
ca integrar o governo, as universidades e o setor empresarial, considerando as condições estruturais de uma aliança estratégica para elevar a competitividade da cafeicultura brasileira. A ideia principal da Agência é estabelecer mecanismos de cooperação entre todas as instituições agregadas, visando à utilização compartilhada dos recursos materiais, bem como a formação e capacitação de recursos humanos. A InovaCafé vem ampliar a estrutura dedicada ao ensino, pesquisa e extensão em cafeicultura na UFLA, incluindo laboratórios já existentes, infraestrutura pós-colheita, casas de vegetação e experimentos de campo. O novo prédio possui aproximadamente 1.500 metros quadrados de área construída em três pavimentos, incluindo salas dos projetos e laboratórios multiusuários. A construção teve um investimento de mais de R$ 2 milhões, sendo R$ 1,2 milhão repassado pela Finep, por meio da Sectes e
O Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Nárcio Rodrigues, e o reitor da UFLA, professor José Roberto Scolforo, brindam com professores e profissionais do setor a inauguração da Agência de Inovação do Café
Autoridades, professores, alunos e convidados prestigiaram a cerimônia de inauguração
o restante de contrapartida da Ufla, com recursos do MEC.
Nova etapa
Presente à cerimônia de inauguração da agência, o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Nárcio Rodrigues, reforçou a importância da cafeicultura para Minas Gerais e considerou a criação da InovaCafé como o coroamento do esforço e excelência da Ufla na temática Café. Em sua avaliação, a universidade tem a competência instalada para, juntamente com seus parceiros, transformar pesquisa e tecnologia em soluções para a produção de café de qualidade e o desenvolvimento de produtos competitivos para o mercado. Para o reitor da Ufla, professor José Roberto Scolforo, o café, que sempre foi uma cultura de destaque entre as linhas de pesquisa da Universidade, em razão de sua importância social e econômica, agora passará para uma nova etapa, visando, sobretudo, à inovação para a agregação de valor ao produto. Scolforo enfatizou a importância de fortalecer a visão empreendedora da Universidade, resultado da relação entre ciência e mercado, o que permite levar o conhecimento além das prateleiras das bibliotecas, com impactos positivos na qualidade de vida da sociedade. Para ilustrar a importância do café para a Ufla, o presidente do Conselho de Administração do InovaCafé, professor Rubens José Guimarães, traçou um resgate das iniciativas da Universidade desde a década de 1950, quando foi plantada a primeira semente de cafeeiro e iniciados os primeiros experimentos. Outras marcas: a primeira dissertação de Mestrado da UFLA, com o tema café, em 1966; a criação do Núcleo de Estudos em Cafeicultura – Necaf, em 1994; o lançamento da Expocafé, em 1998; a criação da primeira revista científica especializada em cafeicultura – Coffee Science, em 2006; a criação do Polo de Excelência do Café, em 2008, e a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT-Café), em 2012. JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 27
PESQUISA CAFEEIRA
IAC
COMPLETA
127 ANOS Responsável por 90% das cultivares de café arábica plantadas no país, o Instituto Agronômico é pioneiro e referência secular na pesquisa de café no Brasil Por: Flávia Bessa – Embrapa Café Fotos: Arquivo IAC
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Q
ue o Brasil teve seu processo de desenvolvimento e identidade nacional influenciados pela cultura do café do século XIX até meados do século XX, não é novidade. O que provavelmente poucos sabem é que esse papel histórico-cultural foi possível graças à colaboração de pesquisadores e demais servidores do Instituto Agronômico – IAC – de Campinas, instituição participante do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Tendo como diretor geral o engenheiro agrônomo Sérgio Augusto Morais Carbonell, o Instituto Agronômico tem suas pesquisas de café coordenadas pelo Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Café “Alcides Carvalho”, com
apoio do Centro de Recursos Genéticos Vegetais e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica, ambos do IAC. Pesquisas realizadas pelo IAC na área de café, com foco no desenvolvimento de cultivares, adequação de adubação, espaçamentos, densidade populacional, sistemas de podas e irrigação, dentre outros, foram fundamentais para o estabelecimento da base tecnológica para a modernização da cafeicultura brasileira. De forma direta ou indireta, essas pesquisas contribuíram significativamente para a cafeicultura brasileira ser o que é hoje, altamente produtiva e considerada uma das melhores do mundo. Para ter ideia da importância histórica
evolução e adequação às novas demandas”, diz o diretor do Centro de Café do IAC, Gerson Silva Giomo. Entre as contribuições do IAC, pode-se destacar: cultivares resistentes à ferrugem, trabalhos com adubação do solo que viabilizaram o cultivo do café no Cerrado e em processamento pós-colheita - que incluem o desenvolvimento do processo cereja descascado e de tecnologia para café despolpado - e estudos pioneiros em secagem, colheita mecanizada, fisiologia do cafeeiro,
A fachada do Instituto Agronômico e atual do Instituto, as cultivares Mundo Novo e Catuaí, desenvolvidas pelo IAC, são alicerces e carros-chefe da cafeicultura brasileira e representam cerca de 90% dos cafeeiros arábicas cultivados. As duas se adaptam a diversos sistemas de produção em praticamente todas as regiões produtoras. Além dessas, desde sua criação, o Instituto desenvolveu 65 cultivares de café arábica. “Apesar das dificuldades relacionadas a recursos financeiros, pessoal de apoio e pesquisadores, pelas quais passamos nos últimos anos, nossa pesquisa se mantém ativa e mostra resultados excelentes a cada ano. Temos o mais antigo programa de pesquisa cafeeira do Brasil, ao mesmo tempo moderno, pois estamos em contínuo processo de
CONTRIBUIÇÕES DAS PESQUISAS
Essas pesquisas contribuíram significativamente para a cafeicultura brasileira ser o que é hoje
Cultivares de Café - O extenso programa de genética e melhoramento do cafeeiro do IAC, desde 1932, já desenvolveu, selecionou, lançou e recomendou para plantio, inúmeras cultivares de café para as mais diversas regiões cafeeiras do estado de São Paulo, do Brasil e de outros países produtores de arábica. Entre elas, destacam-se as cultivares Catuaí Vermelho (IAC 99 e IAC 144), Catuaí Amarelo IAC 62, Mundo Novo (IAC 388-17, IAC 379-19 e IAC 376-4), Acaiá IAC 474-1, Icatu Vermelho IAC 4045, Icatu Amarelo IAC 2944, Icatu Precoce IAC 3282, Bourbon Vermelho IAC 662, Bourbon Amarelo (IAC J9, IAC J10 e IAC J20), Ibairi IAC 4761, Laurina IAC 870, Obatã IAC 1669-20, Ouro Verde IAC H5010-5, Caturra Vermelho IAC 477, Caturra Amarelo IAC 476, Tupi IAC 1669-33, IAC 125 RN, IAC Obatã 4739 e Apoatã IAC 2258 (porta enxerto).
preparo do solo, arborização, melhoramento genético, armazenamento de sementes e grãos, agroclimatologia - que trouxe grande contribuição ao zoneamento climático - zoneamento agrícola, orientações para a mitigação dos efeitos do aquecimento global, análises químicas do solo, folhas e sementes, fertilização química, enxertia, taxonomia e evolução das cultivares e espécies de Coffea spp, e melhoria da qualidade do produto com o enfoque da produção de cafés especiais. Segundo Giomo, no início dos anos 1950, o IAC realizou os primeiros estudos sobre a adaptação de cafeeiros às diversas condições climáticas, incluindo a microclimatologia relacionada a conceitos e métodos de defesa de geadas. “Hoje, o IAC conta com um acervo de informações meteorológicas de mais de cem anos. A contribuição do Instituto nessa área contempla o zoneamento climático para a cafeicultura no estado de São Paulo, modelos agrometeorológicos para a previsão de safra, estudos do efeito do clima na fisiologia dos frutos, bem como estudos de ações mitigadoras do efeito do aquecimento global sobre a cafeicultura”, salienta.
Fertilidade e Adubação - Os trabalhos pioneiros de correção e adubação que permitiram a expansão do cultivo do café em solos de Cerrado foram realizados pelo IAC em experimentos na região de Batatais, em ambiente típico de Cerrado no Estado de São Paulo. Pesquisas realizadas nessa região entre 1958 e 1969 com a cultivar Mundo Novo IAC 379-19 indicaram a viabilidade técnica e econômica do cultivo do cafeeiro arábica em solos de baixa fertilidade natural, mediante a aplicação racional de calcário e fertilizante químicos. O experimento foi alvo de incontáveis excursões de interessados, de todas as regiões do País, que, nos anos seguintes, iniciaram o plantio de café nos “solos de Cerrado” da região Mogiana Paulista, e, posteriormente, ocuparam com sucesso outras áreas tidas como improdutivas das regiões de Minas Gerais e outros Estados vizinhos. O desenvolvimento da cultura do café em áreas de Cerrado, com topografia tipicamente plana, incentivou o desenvolvimento de uma cafeicultura 100% mecanizada e altamente tecnificada, com sensível redução do custo de produção. JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 29
mecanização total da lavoura, pois favorece a racionalização dos tratos culturais e redução dos custos de produção. Consiste em colocar uma planta por cova, com distância de 0,50 m a 1 metro na linha de plantio, variando de 2 m a 4 m o espaço entre as linhas, totalizando, por hectare, de 2500 a 10 mil plantas. No sistema tradicional, são usados espaçamentos largos e utilizadas duas plantas por cova, resultando em 2 mil plantas por hectare. Os estudos de número de plantas e disposição de plantas na cova, bem como os tratos culturais, foram fundamentais para o estabelecimento do plantio em renque.
Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor geral do IAC
Colheita Mecânica – Na década de 1970, o IAC foi responsável pelos primeiros estudos com colheita mecânica do café. Na época, o Instituto importou e adaptou para a colheita de café uma colhedeira mecânica de cerejas. Mais tarde, o projeto foi transferido para a iniciativa privada, que o melhorou e validou o equipamento, e acabou lançando a primeira colhedeira de café do mundo. Além de a colheita mecanizada permitir maior rapidez, estima-se que pode reduzir cerca de 40% dos custos de produção. Pioneirismo também na Poda do Café – Para gerar alternativa de baixo custo para revigorar a planta, estudos feitos no IAC contribuíram para o estabelecimento da poda racional do cafeeiro, que recupera a lavoura e viabiliza nova colheita em dois anos. Para renovar o cafezal com novos cafeeiros, o custo gira em torno de R$ 9 mil a R$ 13 mil por hectare e, além disso, nova colheita é feita somente depois de quatro anos. No caso da poda, os custos são menores e variam de acordo com o tipo de poda, idade da planta e estado nutricional e vegetativo da lavoura. Sistema de plantio em renque ou adensado – Essa tecnologia é utilizada em pelo menos 95% das áreas mecanizáveis de café e viabilizou a 30 | JORNAL DO CAFÉ - Nº188
NOVO IMPULSO, NOVAS TECNOLOGIAS A partir de 1997, com a criação do Consórcio Pesquisa Café, as pesquisas com café conduzidas no IAC ganharam novo impulso. Confira algumas pesquisas e tecnologias geradas pelo IAC com o apoio do Consórcio: Genoma Café - Na área de pesquisas biológicas, um fato marcante a partir da constituição do Consórcio foi a participação efetiva de pesquisadores do IAC e de Unidades da Embrapa no Projeto Genoma Café, que, numa primeira fase, desenvolveu o sequenciamento do genoma café, resultando na construção de um banco de dados com mais de 200 mil sequências de DNA. Isso permitiu a identificação de mais de 30 mil genes, responsáveis pelos diversos mecanismos fisiológicos de crescimento e desenvolvimento do cafeeiro. Atualmente as pesquisas são dirigidas à análise das sequências agregando-lhes função por meio de trabalhos de identificação de marcadores moleculares e de promotores gênicos para dar continuidade ao melhoramento genético do cafeeiro. Há expectativas de ocorra reflexos na redução do custo de produção, na
proteção ambiental e no incremento de produtividade das lavouras, com melhoria da qualidade da bebida e da competitividade do produto.
Sistema para expressão dirigida de genes em raízes e em tecidos foliares - O IAC desenvolveu, em par-
ceria com a Embrapa Café e com a Unesp-Botucatu, dois sistemas para transformação de plantas, mediante uso de informações geradas pelo Projeto Genoma, que permitem a introdução de genes em tecidos foliares e em raízes de cafeeiros. O sistema consiste em dois promotores obtidos de plantas de café que permitem direcionar e controlar a expressão de genes a eles associados: o Promotor CalsoR, que atua nas folhas, e o Promotor Caperox, que age nas raízes em resposta a um estímulo externo. A técnica também pode ser usada para o melhoramento de várias espécies vegetais de interesse econômico, além do café. As tecnologias têm pedidos de patentes
Você sabia? O Instituto Agronômico foi criado em 27 de junho de 1887 pelo Imperador do Brasil, Dom Pedro II, com o objetivo primeiro de assistir tecnicamente ao desenvolvimento da cafeicultura nacional, que estava em decadência naquela época. Portanto, pode-se dizer que o IAC tem suas raízes no café, desde a origem.
registrados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial - Inpi.
Novas cultivares de café – O Consórcio apoiou e financiou o processo final de seleção de mais cinco cultivares desenvolvidas pelo IAC: Tupi IAC 1669-33, Obatã IAC 1669-20, IAC 125 RN, IAC Obatã 4739 (Obatã Amarelo) e IAC Ouro Verde. Todas têm boas características agronômicas, como alta produtividade, porte baixo e ótima qualidade. Essas cultivares têm produtividade média de 50 sacas de café beneficiado/ha em áreas irrigadas. Nas regiões não irrigadas suas produtividades variam de 30 a 45 sacas por hectare. A Tupi RN IAC 166913 é a mais precoce de todas, seguida da Ouro Verde IAC H 5010-5, que têm maturação média e, por último, a IAC Obatã 4739 e Obatã IAC 1669-20, que são de média a tardia. Com essa diferença de maturação, o produtor pode colher o café em períodos diferentes, o que permite distribuir melhor a colheita e diminuir a quantidade de
Atualmente o Centro de Café “Alcides Carvalho” é formado por uma equipe multidisciplinar de cientistas envolvidos em inúmeras atividades de pesquisa e desenvolvimento e de transferência de tecnologia. O Centro de Café coordena o Programa Café do IAC com apoio de outros Centros de Pesquisa do IAC e de outras unidades de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
O programa de melhoramento genético do cafeeiro do IAC foi estabelecido em 1932, acumulando até agora 82 anos de ininterruptas pesquisas e atividades de desenvolvimento tecnológico para a cafeicultura brasileira.
Esse esforço de pesquisa já permitiu a produção de trabalhos clássicos da literatura agronômica brasileira sobre o produto, gerando soluções para os mais diversos segmentos da cadeia produtiva do café, não só no País, mas também em países da América Central e Latina.
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mão de obra empregada. Três cultivares são resistentes à principal doença foliar do café: a ferrugem (Obatã IAC 1669-20, IAC Obatã 4739 e Tupi RN IAC 1669-13) e podem dispensar a aplicação de defensivos agrícolas destinados ao controle químico da doença. Essas cultivares são recomendadas para plantio em todas as regiões produtoras de café do Brasil.
Genes responsáveis pela qualidade do café arábica – É outra pesquisa
As tecnologias têm pedidos de patentes registrados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial - Inpi.
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desenvolvida pelo IAC no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, e ainda com financiamento também da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp, que tem fornecido também subsídios para pesquisas de melhoramento genético do cafeeiro. O estudo verificou que boa parte dos genes expressos na espécie de café arábica parece ser proveniente de Coffea eugenioides, uma espécie pouco usada nos programas de melhoramento genético do café e sem qualquer uso comercial. As pesquisas inéditas identificaram genes potenciais responsáveis pela qualidade do café e comprovaram também que a melhor qualidade do Arábica se dá pela maior expressão de genes da produção de açúcares encontrados em seu material genético.
Café naturalmente sem cafeína – O estudo com o cafeeiro descoberto pelo IAC permitirá que amantes do bom cafezinho com sensibilidade à cafeína possam vivenciar a paixão pela bebida, sem que tenha havido nenhum processo químico de extração da cafeína. Os pesquisadores estão realizando testes em plantas cujo teor da substância é de apenas 0,07%, ou seja, 10 vezes menos que o café consumido habitualmente, da espécie Coffea arabica. Mudas clonadas obtidas por estaquia ou cultivo in vitro de matrizes selecionadas em função de sua superioridade agronômica, como produção de frutos e resistência aos principais agentes bióticos da cultura, encontram-se em ensaios de campo desde 2007. A nova cultivar de café
naturalmente sem cafeína, denominada IAC 045125, ainda em pesquisa, foi obtida a partir de genótipos conservados no Banco Ativo de Germoplasma - BAG de Coffea arabica mantido pelo IAC e foi protegida pelo Ministério da Agricultura em 2011. O acesso foi introduzido no Banco do IAC a partir de plantas originárias da Etiópia vindas de um centro de pesquisa da FAO na Costa Rica. Os estudos têm o objetivo de gerar produto com valor agregado, sem os custos da descafeinização química e com a preservação do sabor e aroma natural do café.
Banco de germoplasma do IAC – O Instituto mantém o maior e mais antigo Banco de Germoplasma – BAG de café do país, com 5.451 registros. Com essa diversidade, contribui para significativos resultados na pesquisa cafeeira há 80 anos. Os trabalhos de caracterização morfológica, agronômica, química e molecular feitos com os materiais genéticos mantidos nos Bancos de Germoplasma são contínuos, bem como a introdução de novos acessos por meio de intercâmbio de registros com bancos de instituições nacionais e internacionais. Todo esse esforço garante resultados efetivos, com precisão quanto à cultivar de café desejada. Além da contribuição científica, fundamental para o avanço das pesquisas de melhoramento genético do café, o Banco de Germoplasma do IAC preserva diversas espécies em Campinas e Mococa (SP). A coleção mantida pelo Centro de Café Alcides Carvalho do IAC é formada por cerca de 30 mil cafeeiros pertencentes às espécies Coffea arabica, C. canephora, C. congensis, C. eugenioides, C. liberica, C. racemosa, C. salvatrix, C. kapakata, C. stenophylla, C.millotii, C. sessiliflora, C. heterocalyx, C. humilis, C. anthonii, Psilanthus ebracteolatus e P. travancorensis. Reúne grande diversidade de mutantes, formas botânicas, variedades exóticas e introduções oriundas dos centros de origem e de diversificação de C. arabica e C. canephora, principais espécies cultivadas.
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ENCAFÉ
CENÁRIOS PARA O BRASIL As perspectivas políticas e econômicas para o próximo governo serão apresentadas no Encafé por Pedro Parente
Q
uais os principais desafios que o governo brasileiro deverá enfrentar nos próximos quatro anos? Quais as perspectivas políticas e econômicas? Esses assuntos serão tratados na palestra que o consultor Pedro Parente fará no Encafé, maior evento das indústrias de café, promovido pela ABIC e que em sua 22ª edição será realizado de 19 a 23 de novembro no resort Enotel, em Porto de Galinhas, no litoral sul pernambucano. O Encafé deste ano tem como tema central O Desafio da Modernização e Inovação, quando serão analisadas as grandes mudanças que estão ocorrendo no comportamento dos consumidores, com o lançamento de novos produtos, em um ambiente de saudável disputa entre os cafés filtrados e os cafés porcionados (sachês, cápsulas). Por isso é importante que os industriais tenham uma ampla visão sobre as tendências econômicas e políticas do país, que será apresentada por Pedro Parente na manhã do dia 20, para que assim possam melhor conduzir seus negócios. A programação contará com painéis e palestras, apresentação de casos de sucesso, além de workshops e outras atividades práticas, em um ambiente de troca de informações e reciclagem de conhecimentos e atualização. Haverá espaço e tempo para se analisar temas como marketing, questões pontuais do mercado com relação a abastecimento, qualidade e canais de distribuição. E mais uma vez, o evento contará com a Exposição de Máquinas, Equipamentos, Produtos e Serviços, que permite aos participantes um contato direto com as equipes técnicas das empresas do setor, que estarão apresentando a mais moderna tecnologia para a indústria de café.
GRANDE EXPERIÊNCIA
Natural do Rio de Janeiro e engenheiro formado pela Universidade de Brasília (UnB), Pedro Parente, 61 anos, é um executivo com 43 anos de carrei-
ra, sendo 32 anos no setor público e os últimos 11 anos no setor privado. Uma vasta experiência em áreas tão diversas, que o qualifica para apresentar esta palestra no Encafé, em que traçará as perspectivas para o País. Atualmente, Parente é sócio do grupo de empresas PRADA de gestão financeira e consultoria empresarial; presidente dos Conselhos de Administração da BMF&Bovespa e do Grupo ABC; chairman do Conselhos da empresa SBR-Global e do Arlon Latin America Private Equity Fund, e membro do Conselho de Administração da Continental Grains Corporation, sediada em Nova York (EUA). Até abril deste ano, Parente foi CEO
e presidente da Bunge Brasil, uma das principais empresas do agronegócio e alimentos do País, líder em originação de grãos e processamento de soja e trigo e na fabricação de produtos alimentícios. A empresa também atua também no segmento de açúcar e bioenergia, sendo a terceira maior exportadora brasileira e a primeira do agronegócio. Em seu período à frente da Bunge, iniciado em janeiro de 2010, Parente integrou todas as operações no país e liderou um processo de turnaround que levou os resultados dos negócios no Brasil para a liderança da Bunge em todo o mundo. Também no setor privado, entre 2003 e 2009 Pedro Parente exerceu o cargo de vice-presidente executivo do Grupo RBS, empresa multimídia com operações de mídia de massa nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e de outras mídias em todo o território nacional. Obteve expressivos resultados empresariais durante a sua gestão, especialmente na área financeira e de sistemas de gestão. Como executivo de uma grande empresa familiar, Parente agregou um abrangente conhecimento do processo de profissionalização e institucionalização de empresas com
Uma vasta experiência em áreas tão diversas, que o qualifica para apresentar esta palestra no Encafé esse perfil societário. No setor público, Parente ocupou diversos cargos na área econômica do governo. Foi também consultor do Fundo Monetário Internacional e de instituições públicas no País, entre as quais
a Assembleia Nacional Constituinte de 1988 e diversos estados da Federação. Foi Ministro de Estado entre 1999 e 2002 do governo do presidente FernandoHenrique Cardoso, onde ocupou as pastas do Planejamento (1999) e da Casa Civil (1999 a 2002). Durante esse período destacam-se a sua atuação como coordenador da Câmara de Gestão da Crise de Energia de 2001/02 e como líder da equipe de transição para o Governo do Presidente Lula. Entre 1995 e 2002, Parente foi o Secretário Executivo do Ministério da Fazenda, quando o ministro era Pedro Malan. Nesse período, dentre outras relevantes atuações, liderou o processo de renegociação da dívida dos estados e municípios e o programa de estímulo à privatização das distribuidoras/geradoras e bancos estaduais, que foram fundamentais para o saneamento das contas públicas no Brasil. Em 1993/04, foi consultor do Fundo Monetário Internacional, baseado em Washington/DC. Realizou missões de assistência técnica a mais de uma dezena de países em todo o Mundo, especialmente do Leste Europeu – incluindo países da antiga União Soviética – e América Latina. De 1985 a 1992, Parente ocupou diversas posições nos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Ele iniciou sua carreira no setor público em 1971, quando ingressou no Banco do Brasil e em 1973 transferiu-se para o Banco Central, onde permaneceu até 1984.
INSCRIÇÕES
Não deixe para se inscrever na última hora. Garanta já a participação da sua empresa. A taxa de inscrição inclui: pasta e materiais de trabalho, participação em todas as atividades, e transporte do aeroporto internacional de Recife ao Enotel, no dia 19/11, e retorno do hotel ao aeroporto, no final do evento, dia 23/11. Todas as informações estão no site da ABIC (www.abic.com.br), onde também está a ficha de inscrição. No caso de dúvida, consulte a ABIC pelo telefone ( 21) 2206 – 6161. JORNAL DO CAFÉ - Nº188 | 35
COFFEE BREAK CAFÉS AVIAÇÃO
A tradicional empresa mineira Laticínios Aviação, muito conhecida pela sua manteiga, acaba de entrar no mercado de café. Industrializado pela Café Pacaembu, uma das mais modernas torrefadoras de São Paulo, o Café Aviação, que tem a certificação Superior, da ABIC, está sendo comercializado em embalagens a vácuo de 500 gramas. Segundo Roberto Resende Filho, diretor da Aviação, a disponibilidade de matéria-prima e a qualidade da colheita na região – feita em fazendas da família e de parceiros, no sudoeste de Minas Gerais – facilitaram a decisão de entrar neste segmento. A empresa informa ter investido mais de R$ 600 mil em pesquisas, com o objetivo de industrializar até 150 toneladas por mês. Além da manteiga – e agora do café –, o portfólio da Laticínios Aviação inclui queijos, requeijão, achocolatado e doce de leite. Em 2013, a Aviação faturou R$ 151 milhões e aposta em crescimento de até 15% a partir deste lançamento. Eles também já avaliam lançar o café em grãos para máquina de café ‘espresso’.
ESTÍMULO À HONESTIDADE
Pesquisa publicada no Journal of Applied Psychology e realizada por professores da área de negócios das universidades de Washington, do Arizona e da Carolina do Norte, mostra que uma xícara de café auxilia que os funcionários resistam ao apelo para agir de forma antiética. Para os pesquisadores, dormir pouco parece ser o “gatilho” para comportamentos antiéticos no trabalho. A sonolência deixa as pessoas mais suscetíveis a influências sociais, como acatar o pedido do chefe para fazer alguma tarefa desonesta. E é aqui que entra o café: uma xícara da bebida teria a capacidade de controlar a tentação de 36 | JORNAL DO CAFÉ - Nº188
se aceitar atitudes desonestas. A cafeína estimula o autocontrole e ajuda a fortalecer a força de vontade de quem está cansado e sonolento. Os professores concluíram que manter um código de conduta para funcionários pode não ser suf iciente em um ambiente com cada vez mais pessoas dormindo menos do que a recomendação de médicos e fazendo expedientes de trabalho mais longos. Além de mais máquinas de café nas empresas, salas de soneca, promoção de intervalos e desestímulo a horas extras são algumas das sugestões dos pesquisadores para as empresas.
CAFÉS SUSTENTÁVEIS
Patrocinado pelo Programa Café Sustentável (SCP, na sigla em inglês) e elaborado pela P&A Marketing Internacional, já está à disposição do mercado um Guia Prático de Linhas de Crédito para Promoção da Sustentabilidade dos Produtores. O Guia apresenta de maneira prática e acessível, uma seleção das principais linhas de crédito disponíveis no Brasil, e que são apresentadas de acordo com o foco: Ambiental, Social, Econômico ou Regional. O produtor que deseja ter um equilíbrio em sua produção precisa cuidar dos pilares da sustentabilidade, e adequar a propriedade demanda investimentos e exige crédito disponível para isto. Diversos programas federais e estaduais disponibilizam recursos em con-
dições atrativas ( juros baixos, pagamento facilitado, etc.). Muitas destas linhas de crédito deixam de ser acessadas por falta de conhecimento do produtor e dos agentes de promoção. Existem ótimas oportunidades que são apresentadas neste Guia. O Programa Café Sustentável é uma iniciativa público-privada global que envolve parceiros da indústria e do comércio, governos, ONGs e instituições verificadoras e certificadoras de sustentabilidade. O SCP foi criado pelo IDH, agência holandesa que promove a sustentabilidade das cadeias produtivas e é coordenado no Brasil pela P&A. Interessados em receber a versão impressa ou em PDF do Guia, podem enviar e-mail para: peamarketing@peamarketing.com.br
CERVEJA ARTESANAL COM CAFÉ
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Foto: Rodrigo Ueno
Duas bebidas apreciadas pelos brasileiros estão juntas em uma saborosa parceria firmada entre a cerveja artesanal Dama Bier e o Café Morro Grande. Trata-se da Dama Fellas Imperial Coffee IPA, que acaba de chegar ao mercado. Na composição, 9% de álcool e grãos do Café Gourmet Morro Grande – Perfetto Espresso. A cerveja apresenta 90 IBU (International Bitterness Unit – Unidade Internacional de Amargor), em uma escala que vai de 0 a 120, enquanto as cervejas tradicionalmente encontradas nos bares brasileiros tem IBU entre 9 e 15. De acordo com Rodrigo Ueno, colunista do blog Senhora Mesa e convidado especial do evento de lançamento do novo rótulo da Dama Bier em Piracicaba (SP), na Dama Fellas Imperial Coffee IPA o café passeia de forma equilibrada, levando toques cítricos ao aroma e sabor da cerveja. A cerveja artesanal que leva grãos do Café Morro Grande foi desenvolvida em parceria com as cervejarias Süd Brau (Bento Gonçalves-RS) e Bodebrown (Curitiba-PR) e ainda contou com a participação dos cervejeiros Greg Murer (Bélgica), Chris Kirk e Tyler Joyce (Estados Unidos). A temperatura ideal para se consumir essa cerveja é entre 4 e 8ºC. Para harmonizar, a empresa aposta nos defumados em geral, nas sobremesas à base de chocolate e/ou frutas e nos queijos duros.
OPINIÃO DO TORREFADOR
“INDUSTRIAIS DE TORREFAÇÃO DE CAFÉ TÊM ENORMES DESAFIOS PELA FRENTE” Elcio Alves
Diretor Geral da Buaiz Alimentos. Detentora da Marca Café Número Um - atuando no mercado desde 1927.
A É comum depararmos nos pontos de vendas com mais de 25 tipos nas gôndolas 38 | JORNAL DO CAFÉ - Nº188
pesar de não ser especialista em cafés, tenho percebido cada vez mais que o gosto pela bebida é altamente diversificado e disseminado, talvez até maior que o dos vinhos. Já participei e participo de algumas degustações com consumidores, onde são apresentados vários tipos de cafés não identificados (Teste Cego) e as diferenças de opinião são incríveis. Uns adoram a bebida Tradicional, outros gostam do Extra Forte, outros gostam do Superior e outros gostam do Gourmet. Às vezes um café de excelente bebida e no Padrão Superior ou Gourmet não agrada a grande maioria dos consumidores. Brinco sempre que dentro de minha própria família, quando levo para minha mãe, uma senhora ativa de 90 anos, um Café Prime de alta qualidade, ela diz que prefere o Tradicional do coador que faz diariamente. Como resolver isto? Tenho certeza
e convicção de que temos, cada vez mais, produzir cafés puros com modernas tecnologias de mercado e com matéria-prima de boa qualidade, porém entendo também que precisamos encontrar formas de transmitir coletivamente este conceito para os consumidores. As regiões e as cidades são formadas por pessoas oriundas de várias partes do Brasil – são capixabas, mas têm mineiros, paulistas, cariocas, baianos entre outros tantos. Cada um tem a sua preferência, e temos que agradar a todos os gostos. Às vezes, tem bairros inteiros que preferem determinada marca e/ou bebida. Somos diversas empresas competidoras, cada uma com várias marcas; é comum depararmos nos pontos de vendas com mais de 25 tipos nas gôndolas... O consumidor fica na dúvida do que levar. Precisamos cada vez mais adicionar informações aos rótulos, termos um marketing agressivo, mostrar e demonstrar as diferenças dos Cafés, treinar as Equipes de Vendas e Merchandising para absorver esta cultura de categoria de produtos, trabalhar todos os canais de vendas, cobrindo desde o tradicional varejo, o institucional, as cafeterias, Internet e procurar fidelizar os consumidores.
ANUNCIO LILLA
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SELO DE PUREZA ABIC A segurança que você precisa oferecer ao consumidor.
Qualidade você escolhe e pureza você exige. Cafés com Selo de Pureza agregam valor ao mix da categoria no seu estabelecimento. Nos supermercados, cafés com o Selo de Pureza garantem a oferta de produtos com compromisso de respeito aos consumidores. O Selo de Pureza ABIC é uma certificação da entidade que representa as indústrias de café e que garante pureza, qualidade e segurança alimentar.
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