21 DE ABRIL DE 2015 • ANO XXIV • N.º 271 • GRATUITO DIREÇÃO RAFAELA CARVALHO E PAULO SÉRGIO SANTOS
acabra
JORNADAS PARA O EMPODERAMENTO DAS MULHERES Secção de Defesa dos Direitos Humanos promove debate para abordar temáticas humanitárias
JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA
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Faculdade de Letras prepara reforma curricular profunda
Os estudantes de Letras vão passar a ter liberdade para escolherem o percurso de estudos do primeiro ciclo através de um novo modelo de ensino. A reforma será implementada já no ano letivo de 2015/2016, apesar de alguns cursos ainda esperarem a aprovação por parte da A3ES PÁG. 5 SANDRO RAIMUNDO
RAFAELA CARVALHO
QUEIMA DAS FITAS 2015 Atividades culturais e desportivas pretendem chamar a atenção para as secções da AAC Na Queima das Fitas deste ano, para além dos já habituais eventos como o ‘Peddy Paper’ e ‘Quiz’, existem novidades que envolvem parcerias com algumas secções culturais. O Palco RUC mostra-se como uma alternativa ao Palco Principal através de diferentes opções musicais. O Palco Secundário ainda não conta com patrocínio. A nível desportivo a Comissão Organizadora realiza, entre outras atividades, a Regata Internacional e o V Memorial Tiago Alves. PÁG. 7 e 8
ESTATUTOS AAC
CNU’S 2015
Processo de revisão estatutária tem início
Judo da AAC ganha medalha de ouro
A 13 de abril foram eleitos os elementos das lista A e T para a Revisão dos Estatutos da Associação Académica de Coimbra. Para além destes, a Revisão Estatutária vai estar a cargo de representantes dos Conselhos Fiscal, Cultural, Desportivo e Inter-Núcleos. As principais propostas passam pelo aprofundamento e esclarecimento de algumas competências, responsabilidades e procedimentos destes órgãos. A revisão do artigo que obriga a que haja uma maioria absoluta de sócios efectivos nas direcções de secção irá também ser levada a discussão em Assembleia, já com algumas propostas de solução por parte de uma das listas. Necessidades das secções pretendem ser tidas em causa.
Jorge Fernandes, finalizado o primeiro dia de provas dos Campeonatos Nacionais Universitários, é o primeiro atleta a conquistar uma medalha de ouro, fruto da vitória na categoria de -73kg. A modalidade traz para Coimbra um total de oito medalhas, somando ao primeiro lugar, quatro segundos e três terceiros, entre atletas masculinos e femininas. Numa comitiva que envolve 160 atletas pertencentes à Universidade de Coimbra e à Associação Académica de Coimbra, neste momento já foi duplicado o número de medalhas ganhas em 2014. Está assim concretizado o objetivo de João Carocha, que havia referido que “um bom resultado seria obter mais medalhas que no ano passado”.
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DESTAQUE
Revisão estatutária quer aprofundar competências dos Conselhos da AAC Uma nova Revisão Estatutária aproxima-se. A lista T conseguiu eleger 19 elementos enquanto a lista A conta apenas com dois representantes na Assembleia de Revisão. Em conjunto com membros dos Conselhos da Associação Académica de Coimbra (AAC) - Fiscal, Cultural, Desportivo e Inter-Núcleos - já têm propostas a apresentar na Assembleia de Revisão dos Estatutos, que ainda não está constituída na totalidade. Clarificação, implementação e reforço das competências dos Conselhos e da Direcção-Geral da AAC são os principais pontos a discutir. Por Inês Duarte
A
última Revisão dos Estatutos (RE) da Associação Académica de Coimbra (AAC) foi realizada em 2010, tendo sido implementada em 2011. Cinco anos passados, uma nova revisão aproxima-se. A 13 de abril ocorreram as eleições para a RE, onde se “defrontaram” a lista T e a lista A. A primeira conseguiu eleger 19 elementos, enquanto a Lista A terá dois representantes na Assembleia de Revisão dos Estatutos (ARE). Apesar da ARE ainda não estar constituída, e dos representantes de cada Conselho da AAC - Fiscal, Cultural, Desportivo e Inter-Núcleos - ainda não terem tomado posse, os cabeças-de-lista já têm algumas propostas de revisão dos artigos dos estatutos que pretendem levar a discussão. Luís Lobo, elemento número um da lista T e estudante de Gestão da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), declara que o seu programa eleitoral se firmou, “sobretudo, em quatro pilares, que consistem na competência, organização e procedimento dos órgãos, e no regime sancionatório”. O estudante da FEUC explica que, no entanto, não quiseram “fazer propostas concretas”, pois tudo o que debatem enquanto lista terá de ser
“discutido e proposto também em assembleia e só depois aprovado ou reprovado”. Porém, Luís Lobo pretende cingir-se “às competências da administração” da Direção Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), mais especificamente “do administrador e do tesoureiro”. O número um da lista T explica que, muitas vezes, as competências destas duas funções “se cruzam e atropelam”, recordando a sua própria experiência enquanto tesoureiro. Assim, Luís Lobo identifica esta situação como algo a “rever e clarificar” quanto às suas competências. Relativamente às revisões do regime sancionatório, o estudante de Gestão afirma ser um ponto a discutir em ARE mas ainda não tem propostas. A representar a lista A está João Carvalho, cabeça-de-lista e estudante de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC). “O nosso projeto tem a ver com a manutenção da identidade da associação académica, isto é, o carácter democrático, o carácter de representatividade dos estudantes que a associação tem de ter, uma defesa do ensino superior público gratuito, que não exclua ninguém”, declara João Carvalho. Para além disto, o estudante da FLUC afir-
ma que é necessário “um contacto permanente entre a associação e os estudantes”, o que tem como consequência “uma dinâmica que implica contactos com secções culturais, desportivas, idas às turmas” e também “uma maior mobilização e participação dos estudantes no sentido da sua participação na Assembleia Magna”. No que toca a revisão dos artigos, a lista A declara que têm uma proposta “global, que passa pelo contacto com os estudantes diariamente”. “À medida que formos deliberando sobre os artigos, iremos manter este contacto e nunca decidiremos por nós porque não somos um projeto fechado, somos um projeto aberto à comunidade estudantil”, ressalva João Carvalho. Luís Lobo afirma que já discutiram a revisão de alguns artigos, “nada em concreto”, mas que se irão fixar nas competências dos diferentes conselhos da AAC. Por sua vez, o líder da lista A declara que a sua lista quer “introduzir nos estatutos um maior grau de compromisso que a associação e os seus órgãos dirigentes têm de ter com os estudantes”. “Aquilo que pretendemos com esta RE é que os problemas de fundo do ensino superior possam ser combatidos e que os interesses e os direitos dos
estudantes possam ser defendidos”, conclui o estudante da FLUC.
Revisão de competências dos Conselhos da AAC
“Queríamos dar algum papel extra aos Conselhos da AAC”, que passe por “poderem dar um parecer tanto no plano orçamental como também no Relatório e Contas no final do mandato”, afirma Luís Lobo. É necessário, segundo a lista T, que “os Conselhos tenham mais responsabilidade sobre isso e um papel mais ativo porque têm melhor conhecimento das secções que representam do que o próprio Conselho Fiscal (CF)”. Para João Carvalho, estas são discussões que “têm de ser compartilhadas por todos para que os estatutos possam representar os estudantes”.
Artigo 119º em discussão
Um dos artigos mais criticados dos estatutos implementados em 2011 foi o 119º, de acordo com a edição nº239 do Jornal A CABRA. Este artigo dita, segundo os Estatutos da AAC, que as direções das secções sejam compostas na sua maioria por elementos sócios efetivos. Quando questionado se a lista T prevê a revisão deste artigo, Luís Lobo responde que foi um
ponto já discutido enquanto lista e que gera alguma discórdia. “Há algumas secções que têm sócios seccionistas mais velhos a tomar conta das mesmas e em que não há tantos sócios efetivos interessados em participar”, o que pode ser “problemático” e “levá-las à extinção”, como refere o estudante da FEUC. Luís Lobo afirma que já tem algumas ideias para a revisão desse artigo. Uma delas passa por “abrir exceções para algumas secções que venham a comprovar que é impossível ter 50 por cento dos sócios efetivos”. “Como é óbvio, ia gerar discórdia entre as secções porque abrir exceções para uma secção e para outras não, vai gerar algumas divergências, e por isso é que foram também discutidas várias propostas”, afirma Luís Lobo. Essa outra sugestão será “diminuir a percentagem” da presença de sócios efetivos nas direções, algo a ser discutido com elementos de secções que “também vão estar presentes na ARE”. João Carvalho afirma que aquilo que irá levar a revisão “é a vontade dos estudantes” e que, quanto às secções, é da opinião de que “há uma necessidade de dinamizar cada vez mais a vida do movimento associativo”. “Acreditamos que hoje é muito difícil
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DESTAQUE SANDRO RAIMUNDO
os estudantes participarem nestas discussões, contribuírem para estes espaços de lazer, cultura e desporto porque há cada vez menos tempo e disponibilidade”, fatores esses que advêm, para João Carvalho, do Processo de Bolonha, algo que pretende também combater com a revisão estatutária.
Conselho Cultural atento a necessidades das secções Segundo os Estatutos da Associação Académica de Coimbra de 2011, o Conselho Cultural (CC) é o órgão representativo das Secções Culturais da AAC. João André Oliveira, representante do CC indigitado para a ARE e presidente da Rádio Universidade de Coimbra (RUC), acredita que é essencial “adaptar os estatutos àquilo que tem acontecido nos últimos anos”. João André Oliveira sublinha que é premente “conseguir criar algumas seguranças dentro dos próprios estatutos, para que a AAC consiga viver”. “Nos últimos anos tivemos alguns casos de grandes dívidas que foram descobertas”, o que leva a que haja alguma reserva quanto a esse ponto. Para o presidente da RUC, é também premente relembrar que os sócios da AAC são “amadores” e que, apesar
de existirem “secções desportivas que tenham legítimas aspirações desportivas a um nível mais profissional”, é preciso criar “a distinção e fazer com que não seja possível para uma secção ter remunerações” ou, em alternativa, limitar esses pagamentos. Caso alguma secção deseje ser remunerada, a solução pode passar por “ter alguma autonomia e eventualmente optar pelo estatuto de organismo”. Quanto às especificidades do CC, aquilo que João André Oliveira pensa ser essencial efetuar é “reunir com todas as secções para perceber o que existe de necessidade dentro de cada uma e o que querem ver garantido”. O presidente da RUC deseja ainda que o CC seja visto como “um órgão a consultar em tudo o que são decisões por parte da AAC”, e dá como exemplo a assinatura de contratos.
Clarificação das competências dos núcleos
Nos Estatutos da AAC, o Conselho Inter-Núcleos (CIN) é definido como um órgão consultivo e representativo de todos os núcleos de estudantes da AAC. O representante indigitado do CIN, e presidente do Núcleo de Estudantes de Direito da AAC (NED/AAC), Alexandre
Amado, afirma que, quanto à RE, “há duas questões fundamentais a desenvolver”. A primeira passa pelas competências dos núcleos. “Neste momento, os núcleos têm competências específicas no que diz respeito às saídas profissionais e à pedagogia”, mas algumas “são replicadas pela DG”, explica Alexandre Amado. Assim, uma das propostas do presidente do NED/ AAC é tentar perceber se os núcleos devem ou não ter competências exclusivas nessas áreas. Acerca deste ponto, Luís Lobo concorda ao afirmar que é premente “clarificar as competências exclusivas dos núcleos”. A segunda questão a desenvolver remete para o estabelecimento do “dever de solidariedade da AAC”, uma matéria que se mostra menos clara na sua introdução nos estatutos, de acordo com o presidente do NED/AAC. Os núcleos de estudantes continuam a crescer anualmente e “muitas vezes ultrapassam, no plano atual de atividades, na dimensão de representatividade e de projetos, as associações de estudantes de outras cidades, que são autónomas e têm uma identidade própria”, afirma Alexandre Amado. Com isto, os núcleos vêm-se muitas vezes “confrontados com alguns
impedimentos” no que diz respeito a contratos, patrocínios e apoios externos, muitas vezes por estarem diretamente ligados à AAC. No que toca a alterações na DG e no CF, Alexandre Amado ressalva que não é a sua principal área de atuação e que, visto ainda não ter estudado a fundo esse assunto, não tem nada a acrescentar.
Mais poder e mais elementos no Fiscal
“Órgão de fiscalização e jurisdição da AAC”, é assim que os Estatutos da AAC definem o CF. O presidente deste órgão, Alexandre Henriques, declara, em comunicado oficial, que esta RE é de “uma importância extrema” para “consolidar estruturalmente a AAC como uma associação de estudantes”. “É importantíssimo para a AAC manter os seus Princípios e Fins previstos estatuariamente, consolidando a génese e identidade”, afirma. Para Alexandre Henriques, é também importante que “haja alguns ajustamentos no regime sancionatório, que se clarifique estatutariamente alguns órgãos e cargos e que haja uma maior responsabilidade na prossecução dos princípios da AAC com base na transparência”. João André Oliveira afirma que
o CF deve ter “um pouco mais de poder” e recorda o caso da Secção de Basquetebol, em que o CF “provavelmente não teve acesso a tanta informação quanto devia ter tido, numa fase mais primária do caso”, apesar de o ter “levado até à última das hipóteses”. “Naturalmente que, em qualquer caso, o aumento de poder deve ser acompanhado de um controlo para que não haja um abuso desse mesmo poder”, conclui João André Oliveira. Luís Lobo afirma que um dos problemas apontados ao CF é o reduzido número de elementos. Como tal, a lista T pretende aumentar o número de elementos deste órgão, “de maneira a conseguir dividi-los por grupos e cada um deles ser responsável por secções desportivas, culturais, núcleos e DG”, para que seja possível “ter um papel mais ativo nas contas e na parte financeira das secções”. A lista A, por sua vez, defende que o CF “tem de ser um órgão independente e soberano” mas também “um órgão coletivo e não um órgão composto por responsabilidades ou vontades individuais”. Até ao fecho desta edição ainda não tinha sido indigitado o elemento do Conselho Desportivo para a ARE.
com Sandro Raimundo
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ENSINO SUPERIOR
Plano do pagamento de propinas passa a ser feito por mensalidades ARQUIVO
O novo Regulamento de Propinas e Prémios passa a contemplar um plano de pagamento de propinas diferente. O contributo dos estudantes foi essencial nesta mudança Margarida Mota Sandro Raimundo O próximo ano letivo 2015/2016 fica marcado pela entrada em vigor do novo Regulamento de Propinas e Prémios da Universidade de Coimbra (RPPUC), cuja publicação está prevista para maio deste ano. “Estão só a ser integrados os últimos contributos”, adianta Madalena Alarcão, vice-reitora da Universidade de Coimbra (UC). A mudança mais significativa que o novo RPPUC apresenta é no pagamento das propinas. Passa a ser possível o estudante pagar integralmente numa só prestação ou dividir o pagamento em blocos de mensalidades, até um máximo de dez prestações. A proposta de alteração do RPPUC, que partiu das negociações da Associação Académica de Coimbra (AAC) com a reitoria da UC, esteve aberta a discussão pública de 18 de fevereiro a 18 de março de 2015, onde, segundo a vice-reitora, “a adesão dos alunos foi bastante reduzida”. “No essencial, o regulamento não mudou. A maior mudança foi efetivamente na desmultiplicação das prestações, que já vinha sendo pedida há muito tempo por parte
NOVO REGULAMENTO DE PROPINAS E PRÉMIOS DA UC OFERECE AOS ESTUDANTES MAIOR FLEXIBILIDADE NO PAGAMENTO DE PROPINAS dos estudantes, nomeadamente aqueles com dívida ou com mais dificuldade, no sentido de que, em vez de pagarem 400 euros de cada vez, pudessem pagar em montantes mais reduzidos”, justifica Madalena Alarcão como sendo esta a razão da baixa participação na discussão pública. No entanto, acrescenta que as opiniões recebidas foram “de forma geral tomadas em linha de conta”. Para o presidente da Direcção-Geral da AAC (DG/AAC), Bruno Matias, apesar de satisfeito pela vitória conseguida, este novo regulamento não o satisfaz totalmente, uma vez que “a propina não deve-
ria existir”. No entanto, considera que esta nova modalidade de pagamento constitui um avanço “para ajudar os estudantes que passam por dificuldades”, conclui. Quem também ficou agradado com o novo RPPUC foi Francisco Sarmento, membro do Senado da UC, onde o documento foi discutido durante o processo de revisão, que disse ser “vantajoso para as famílias e para os estudantes”. Ainda assim, o estudante do terceiro ano de Gestão considera que “a nível da propina, era interessante que não fosse tão elevada”, frisa. Perante esta proposta, João
André Sousa, um dos estudantes presentes no Conselho Geral, alertou, após o processo de eleição de dezembro passado, para o facto de a existência de juros de mora na modalidade de pagamento mensal poder representar custos adicionais excessivos para os estudantes sem capacidade para liquidar o montante em dívida numa determinada prestação. A vice-reitora contra-argumenta, afirmando que “os estudantes poderão ter mais facilidade de pagar as propinas mensalmente e, portanto, não há tanta razão para o atraso no pagamento”.
Outras adaptações
Este regulamento, que foi discutido em reunião de Senado da UC e onde os estudantes manifestaram o seu acordo, é reflexo também de uma preocupação de adequar as regras a cursos com formatos diferentes, como os cursos com divisão trimestral. Outro dos pontos visados pelas alterações refere-se aos estudantes de terceiro ciclo que viram as suas condições de pagamentos de propinas alteradas, sendo que, para efeitos de conclusão do pagamento de propinas, considera-se a data da entrega da tese, efetuada aquando do pedido de admissão a prova de doutoramento.
Revisão do regulamento de bolsas de estudo já teve início Proposta de alteração para a contabilização de rendimentos do agregado familiar reúne consenso, ao contrário da referente aos parâmetros de aproveitamento escolar Rafaela Carvalho A duas semanas da apresentação do relatório com a análise e as propostas de alteração ao Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior (RABEEES), a 30 de abril, a comissão de revisão reuniu pela primeira vez na passada quarta-feira. Segundo o presidente da Federação Académica do Porto e um dos representantes
dos estudantes na comissão, Daniel Freitas, o encontro “foi positivo, mas não conclusivo”. O objetivo da revisão é, segundo o despacho 2906-C/2015 publicado em Diário da República a 20 de março, tornar “o sistema mais rápido e eficiente”. Porém, existe a necessidade de que isso não se traduza “num aumento da despesa, em virtude do financiamento para bolsas de estudo estar já consignado para o próximo ano letivo e para o próximo quadro comunitário de apoio Portugal 2020”, refere ainda o documento. Ainda assim, Daniel Freitas tem esperança que “o relatório final seja favorável a esse investimento extra por parte do Estado”. Apesar de o processo ainda se encontrar “a meio”, o estudante refere que existe “uma concordância generalizada entre todos os membros da comissão, apesar de não se saber qual vai ser a decisão políti-
ca”. A necessidade de alteração da contabilização dos rendimentos do agregado familiar para ter em conta os rendimentos líquidos, e não os rendimentos brutos como tem sido feito até agora, é uma das propostas que reúne maior consenso entre os elementos da comissão. O presidente da Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico, Daniel Monteiro, outro dos representantes dos alunos do ensino superior, reforça a vantagem da alteração do limiar de elegibilidade que permitirá a entrada de mais alunos no sistema de ação social escolar. “Apresentamos as propostas que consideramos pertinentes e fundamentais para tornar este sistema de ação social mais justo e mais inclusivo”, reforça Daniel Monteiro. Entre as medidas apresentadas pelos representantes dos estudantes, resultado da discussão no últi-
mo Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), a questão de alterar a percentagem de aproveitamento necessária para atribuição de bolsa de 60 para 50 por cento ainda não reúne o parecer positivo de todos os membros da comissão. Daniel Freitas reforça, no entanto, que a definição de um período de carência de um ano - em que o aluno poderia não cumprir os requisitos de aproveitamento compensando no ano seguinte – é uma medida que reúne maior aceitação entre os restantes membros da comissão. Ainda no decorrer desta semana terá lugar mais uma reunião, na qual a comissão já terá acesso a diferentes simulações que permitirão estudar de que forma estas e outras medidas poderão ter impacto no sistema de atribuição de bolsas, caso venham a ser implementadas. Com Guilherme Monteiro e Sandro Raimundo
ARQUIVO - STEPHANIE SAYURI PAIXÃO
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ENSINO SUPERIOR
Faculdade de Letras implementa nova oferta formativa para 2015/2016 ARQUIVO
Com alguns cursos a aguardarem ainda aprovação da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, a FLUC avança já com um novo modelo de ensino para o próximo ano letivo
Novo modelo levanta problemas
Margarida Mota Sandro Raimundo A Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) vai implementar, já no próximo ano letivo, uma Reforma da Oferta Formativa (ROF). O projeto, que começou a ser elaborado quando o atual diretor da FLUC, José Pedro Paiva, tomou posse em julho de 2013, pretende “potencializar ao máximo as qualidades dos professores e tornar a faculdade mais atrativa para os jovens que procuram o ensino nas áreas das Humanidades, Ciências Sociais e Artes.” A nova reforma assenta na liberdade dos estudantes escolherem o seu percurso formativo e numa formação muito interdisciplinar, que alia essa dimensão do ensino também à investigação. “Mais do que ensinar um conjunto de conhecimentos concretos, que também são importantes nas suas áreas, é dar os instrumentos para que os estudantes um dia possam, com uma maior autonomia, ser capazes de aceder ao conhecimento de que vão necessitar ao longo da vida”, esclarece José Pedro Paiva. Para que os estudantes tomem a decisão mais adequada ao seu percurso académico, será criada a figura do professor tutor, que é mais uma das novidades da ROF. As funções do professor tutor serão auxiliar e aconselhar os alunos perante as diferentes opções existentes, bem como acompanhá-los ao longo do primeiro ciclo de estudos.
sora e membro do CP, diz que “com a nova legislação a importância do CP é mais secundária, infelizmente”, ficando o Conselho Científico com o maior poder de decisão.
REFORMA INOVADORA FOI DISTINGUIDA PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN Por parte dos docentes houve inicialmente uma reação de consenso generalizado de que era necessário fazer mudanças. No entanto, com o avançar do processo o diretor admite que não houve unanimidade e, refere até, que seria mau se houvesse um consenso total. A publicação desta reforma está agendada para o final do mês de abril, mediante a aprovação de todas as propostas pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), que, para cada curso, nomeia uma Comissão de Avaliação Externa, constituída por um presidente e dois vogais. Caso algum dos novos cursos não seja aprovado, o plano B é abrir com o modelo atualmente em vigor. Até à data estão aprovadas as altera-
ções aos cursos do primeiro ciclo de Ciências da Informação Arquivística e Biblioteconómica, Jornalismo, Línguas Modernas, Estudos Clássicos, Filosofia, Português e Geografia.
Atenção no processo de transição
Para o diretor da FLUC, uma das áreas mais sensíveis é o processo de transição, pois “é complexo”. A creditação não vai ser feita, na maior parte dos casos, cadeira a cadeira, mas sim por área científica, através da plataforma NÓNIO e de forma automática. José Pedro Paiva alerta ainda que caso um estudante “não concorde com uma ou outra creditação que lhe foi dada” poderá recorrer ao coordenador do curso para avaliarem a situação e chegarem
a um consenso. O processo de matrículas também preocupa o diretor pois só têm uma semana para concluí-lo depois de anunciados os resultados das colocações. Apesar de tudo, José Pedro Paiva promete “tentar evitar ao máximo” algumas falhas que possam acontecer nesse período. O diretor admite que o facto de não ter discutido formalmente em Conselho Pedagógico (CP) esta ROF pode ser criticável, mas justifica que “envolver os alunos neste processo tê-lo-ia tornado muito demorado e inviável”, dada a urgência da necessidade desta reforma. Ao mesmo tempo acrescenta que “não quer isso dizer que haja desconsideração” da sua parte e reconhece que poderia ter havido contributos bastante úteis. Isabel Vargues, profes-
Com a entrada em vigor da ROF, há cursos cujo concurso para os segundo e terceiro ciclos ainda não aceitam inscrições até aprovação da A3ES. “Tinha de acontecer em qualquer circunstância em que quiséssemos criar um curso novo”, explica José Pedro Paiva. O diretor acrescenta que era um “risco assumido e incontornável”, mas lembra que estarão disponíveis as segunda e terceira fases. Patrícia Vilão, estudante do terceiro ano de Comunicação Organizacional da Escola Superior de Educação de Coimbra, é uma das muitas afetadas por este compasso. Para a estudante, esta situação pode “implicar não prosseguir para mestrado” pois tem de tomar decisões o quanto antes, como a ingressão em estágio profissional ou até mesmo entrar no mercado laboral. No panorama dos programas de mobilidade, o diretor da FLUC admite que pode “haver um conjunto de estudantes que em função da indefinição, aliada a problemas de calendário, no próximo ano não vêm para Coimbra”, uma vez que ainda não conhecem o plano de estudos. Ainda assim, José Pedro Paiva considera esta ROF bastante inovadora, no contexto português, e prova disso foi a distinção atribuída pela Fundação Calouste Gulbenkian na área da inovação em ensino. Também considera gratificante como a universidade reagiu às propostas e o facto de terem sido aprovadas por unanimidade e sem nenhumas limitações em Senado. A 22 de abril, pelas 18 horas, decorre uma sessão de esclarecimento, no Teatro Paulo Quintela na FLUC. A sessão visa esclarecer o novo modelo e respetivos planos de transição.
Reestruturação vai começar pelos espaços comerciais Os acordos a firmar com novos parceiros comerciais marcam o início de uma remodelação interna. Algumas secções já se movimentam para conseguir mais espaço Paulo Sérgio Santos A reestruturação interna do edifício da Associação Académica de Coimbra (AAC) é um tema recor-
rente ao longo dos últimos anos. O último plano existente data do segundo mandato de Ricardo Morgado, presidente da Direcção Geral da AAC (DG/AAC) entre 2012 e 2013. Em janeiro deste ano, Bruno Matias, atual presidente da DG/ AAC, referiu ao diário ‘As Beiras’ que a reestruturação é para avançar “com a compreensão das secções” e “mesmo que não exista compreensão, vai ter que existir”. O administrador da DG/AAC, Jonathan Torres, adota um discurso mais cauteloso. Começa por explicar que “a ideia nunca passa por um total desagrado” das secções que venham a ser visadas, pelo que
o intuito é “trabalhar ao máximo para que o acordo seja feito”, com o apoio dos Conselhos Cultural e Desportivo. O que já foi posto em prática até agora não serve de referência, na sua opinião, porque “não se tem passado de alterações muito pontuais” e a estratégia utilizada “acabou por não surtir efeito”. Para Jonathan Torres, o plano deixado pela direção geral anterior também não tem qualquer utilidade porque “não permite tirar conclusões acerca de nada”. As primeiras reestruturações a avançar vão incidir no rés-do-chão do edifício da Padre António Vieira, em concreto no corredor das dos
espaços comerciais. Os contratos a firmar em breve, com novos parceiros bancários e de telecomunicações, implicam cedência de espaços. O administrador da Direcção-Geral da AAC esclarece que, no caso do parceiro bancário, o local é “o mesmo que é atualmente utilizado”; quanto ao futuro espaço do grupo Portugal Telecom, não põe de parte a hipótese que passe pelas salas da Secção de Escrita e Leitura (SESLA) ou da Secção de Fotografia da AAC, mas indica que também há espaços “como a Loja Ponto Já ou o Gabinete de Apoio ao Estudante”, que podem servir para esse efeito.
Bruno Matias, em janeiro, sublinhou em entrevista ao Diário As Beiras que “os organismos autónomos têm aqui uma palavra a dizer porque ocupam um grande espaço do edifício”, cuja utilização não é feita de forma eficaz. Jonathan Torres reforça a ideia do presidente da DG/AAC, ao indicar que “existem salas nos terceiro e quarto pisos a que se pode dar uma dinâmica diferente”. A reestruturação do edifício já fez movimentar algumas secções, que se posicionaram junto da Administração para aumentarem o seu espaço, como a Secção de Fado, a Secção de Fotografia e o Centro de Estudos Cinematográficos.
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CULTURA ILUSTRAÇÃO POR RAQUEL VINHAS
Maio abre com a extensão do Monstra Festival em Coimbra. A Monstra à Solta vai estar em exibição no Teatro da Cerca de São Bernardo, para os amantes de cinema de animação Mariana Azevedo A Monstra vai andar à solta por Coimbra nos dias 5, 6 e 9 de maio. O Monstra Festival de Animação é um evento realizado anualmente. Desde há 15 anos que mistura a animação com cinema, realização com criatividade e ainda monstros com monstrinhos. Nos dois primeiros dias vão
existir duas sessões de competição onde “o público adulto vai poder ver e votar nos filmes que lhe parecem melhor”, para posteriormente os mais votados serem premiados, refere o produtor da Escola da Noite, Pedro Rodrigues. Serão exibidas também duas longas-metragens escolhidas pela organização do festival nos primeiros dias. A Monstra à Solta é uma iniciativa da organização do Monstra Festival que pretende levar o que de melhor passou em Lisboa a sete cidades do país. “Este ano a organização do festival contactou a Escola da Noite e o Teatro da Cerca de São Bernardo e perguntou se estaríamos interessados em acolher a digressão do festival e nós aceitámos”, afirma Pedro Rodrigues. No entanto, o festival não será ex-
clusivo para o público mais adulto. Monstrinhos, desde os mais miúdos aos mais graúdos, também podem participar e desfrutar desta pequena digressão. João Gil, organizador do festival, esclarece que esta iniciativa é para indivíduos “dos três aos 103 anos”, pelo que haverá uma “sessão dedicada a pais e filhos e outra para o público em geral” no último dia do evento. “É uma amostra pensada realmente para públicos de todas as idades”, conclui o produtor da Escola da Noite. “A programação ainda não está definida na totalidade. Será anunciada nos próximos dias, em conjunto com a programação do mês de maio do Teatro da Cerca de São Bernardo”, afirma Pedro Rodrigues. É um festival que “tem uma importância cada vez maior no contexto
dos festivais de cinema em Coimbra” porque, apesar de não ser o único festival de cinema na cidade, “é uma proposta interessante”, dado que é o “único que se dedica exclusivamente ao cinema de animação e permite ao público ter contacto com um tipo de cinema que não está facilmente acessível”, comenta Pedro Rodrigues. Habitualmente, o Monstra Festival teria um país como tema. Contudo, a 14ª edição do festival de animação traz novidades. Não teve apenas um país, mas sim toda a zona da América Latina como temática. Entre filmes, longas-metragens, curtas e curtíssimas, a participação esteve garantida e o organizador do festival acrescenta que tiveram “nomes muito consagrados e respeitados”. As expetativas são,
por conseguinte e no entender de João Gil, “boas”. Foram exibidos, segundo o organizador, “quatro grandes filmes”, na edição do Festival em Lisboa, algo que nunca antes acontecera. O espetáculo mostrou-se repleto de novidades que demonstram a evolução que o evento tem vindo a ter ao longo dos anos. João Gil adianta ainda que o destaque vai para ‘The Tale of The Princess Kaguya’, que venceu o galardão para melhor longa-metragem na capital e vai ser exibida por duas vezes, na extensão de Coimbra. Os bilhetes para o Monstra à Solta estão disponíveis brevemente no Teatro da Cerca de São Bernardo, mas também podem ser reservados pelos contactos do teatro ou da companhia Escola da Noite.
Direitos Humanos em debate pela diferença Jornadas Universitárias dos Direitos Humanos pretendem alertar estudantes do ensino superior para as várias temáticas humanitárias e promover o ativismo Sara Pinto “Formar e educar para os direitos humanos” é o principal objetivo das I Jornadas Universitárias dos Di-
reitos Humanos (JUDH), segundo a responsável pelo Departamento de Comunicação da Secção de Defesa dos Direitos Humanos da Associação Académica de Coimbra (SDDH/AAC), Sofia Caseiro. O evento decorre de 24 a 26 de abril, em Coimbra. Organizadas pela SDDH/AAC, as JUDH têm como tema principal o “empoderamento das mulheres”. De acordo com Sofia Caseiro, o evento conta com “workshops e atividades relacionadas com outros temas”. Direitos dos refugiados, tráfico de seres humanos, educação para os direitos humanos e igualdade de
género são algumas das temáticas que vão ser abordadas. Na opinião do ativista para os Direitos Humanos e Mestre em Direito Administrativo pela Universidade de Coimbra, Carlos Sérgio Rodrigues, responsável pelo workshop Igualdade de Género, “é importante identificar algumas falhas que a sociedade tem”, tais como “a violência doméstica, a desigualdade salarial e de oportunidades entre homem e mulher”. Neste sentido, o workshop foca-se na “perspetiva jurídica e social” do tema, esclarece. Já o workshop SPEAK – Estórias Partilhadas, da responsabilidade
da coordenadora em Coimbra do SPEAK, um programa de partilha de conhecimentos linguísticos e culturais, Patrícia Mano, conta com “testemunhos de alunos refugiados” que fazem parte do projeto SPEAK. A coordenadora acredita que a integração é muito importante para a questão dos direitos humanos. As jornadas são dirigidas aos estudantes do ensino superior de todo o país e pretendem “sensibilizá-los para a temática”, declara Sofia Caseiro, que acrescenta que é uma falha das escolas não promoverem a formação na área dos direitos humanos. A membro da SDDH/AAC
considera também importante este tipo de eventos para “não deixar que as coisas caiam no esquecimento”. Segundo Patrícia Mano, os estudantes do ensino superior “já têm uma consciência social mais desenvolvida”; contudo, ressalva que “podia ser mais trabalhada a questão da educação intercultural” durante a formação dos jovens. Em relação à adesão ao evento, a organização está com “expectativas elevadas” e espera a inscrição de “cerca de cem participantes”, afirma a responsável, apesar de ter noção de que “as pessoas deixam até à última para se inscreverem”.
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CULTURA
Queima das Fitas 2015 mistura novidades com regressos TIAGO CORTEZ
Parcerias com secções culturais e Conselho de Veteranos trazem novas atividades à Queima das Fitas 2015 Inês Duarte Vasco Sampaio A edição deste ano das Noites do Parque da Queima das Fitas 2015 começa no oitavo dia do mês e termina a 15. No entanto, a Queima não se faz só no Parque da Canção e as atividades culturais começaram há duas semanas. Tal como no ano passado, eventos como o ‘Peddy Paper’, ‘Peddy Tascas’, ‘Dr. Why’ e Trivial mantêm-se, porque, segundo a Comissária pelo pelouro da Cultura da Queima das Fitas 2015, Inês Ferreira, estas são atividades que “têm bastante adesão”. O ‘Peddy Paper’, por exemplo, é realizado há vários anos em parceria com a Liga Portuguesa Contra o Cancro, com o projeto “Desliga o Mito”, e que este ano terá lugar a 29 de abril. Inês Ferreira afirma que é uma atividade com bastantes inscrições, o que levou à realização de duas etapas para
PALCO RUC Em alternativa ao palco principal, há o já habitual Palco RUC, de 8 a 11 de maio, que pretende “mostrar a sonoridade da Rádio” e dar diferentes opções musicais aos estudantes. Quem o diz são os responsáveis, Rui Oliveira e Tânia Cardoso, que reforçam a pluralidade do cartaz, que passará pelo rock, pelo hip hop e pela eletrónica. Confirmados estão artistas como DJ Nigga Fox e os conimbricenses Subway Riders, mas também nomes emergentes do techno, como Eomac e Ansome. “Há quem vá especificamente ao Palco RUC”, referem os organizadores, pelo que “este palco se mantém pertinente” na Queima.
completar o evento, uma de manhã e outra à tarde. Para além destes eventos, ainda se pode contar com os já habituais Concurso de Bandas e Concurso de DJ. Este último ainda não tem data definida, enquanto a final do Concurso de Bandas irá realizar-se a 30 de abril, nos jardins da Associação Académica de Coimbra (AAC).
Pelo contrário, também de atividades novas é feita a Queima deste ano. A primeira das novidades aparece a 23 de abril com a Noite de Fados. Realizada nos jardins da AAC, é uma parceria entre a Comissão Organizadora da Queima das Fitas 2015 e a Secção de Fado da AAC (SF/AAC). Nesse mesmo dia está programado o Encontro Nacional de Etnografia e Folclore e o presidente da SF/AAC, Diogo Gervásio, ressalva que escolheram “juntar as duas coisas” e alargar a iniciativa à Estudantina, à Estudantina Feminina e à Orxestra Pitagórica, com o principal objetivo de usar o fado como sensibilização “para que haja silêncio durante a Serenata Monumental”. Outro destes novos eventos é o Concurso de Curtas-Metragens, com promoção, consultadoria e regulamen-
tação pelo Centro de Estudos Cinematográficos (CEC). O objetivo, diz o presidente do CEC, Tiago Santos, é “estimular a produção de cinema em formatos económicos”, ao mesmo tempo que se promove a realização na cidade de Coimbra e a exibição e discussão de arte deste tipo feita em contexto amador. A organização sugere a utilização de telemóveis para a realização das curtas, mas ressalva que “o céu é o limite no que toca à qualidade de produção”, pelo que nada proíbe gravadores ou microfones externos nem sistemas de iluminação. Os trabalhos, com duração máxima de dois minutos, devem ser entregues até ao dia 27 de abril, sob o tema “Estudar em Coimbra é…”. Pretende-se incitar a discussão e o pensamento crítico sobre a Academia e a forma como esta é vivida pelos estudantes. O objetivo, com estas novas iniciativas, mas também com as antigas, é o de “puxar as pessoas para conhecerem um pouco mais as secções culturais”, ao fomentar o convívio num clima de alegria e boa disposição, segundo Inês Ferreira. Quer-se, no fundo, “mostrar à população académica que Coimbra transborda cultura” e que a cidade tem bastante mais para oferecer do que as Noites do Parque.
NOVIDADES NA TRADIÇÃO
PALCO SECUNDÁRIO
Novos eventos e parcerias
Também no pelouro da Tradição há novidades para a Queima deste ano. O I Ciclo de Palestras “À Conversa”, realizado em parceria com o Conselho de Veteranos e o pelouro da Cultura, vai ter lugar na Casa das Caldeiras. Segundo o comissário da Tradição, Diogo Carvalho, o evento pretende “fomentar o debate e criar a ligação entre o presente e o passado” da academia. Acerca da petição para o fim da Garraiada, outra atividade do pelouro da Tradição, o comissário entende que “há divergências e diferentes opiniões” mas que “a atividade, pelo menos este ano, irá manter-se”, visto que “não faz sentido alterar a meio do percurso as regras do jogo”.
O Palco Secundário continua sem patrocínio, que ainda não foi conseguido, apesar de, segundo a comissária pelo pelouro da Produção, Maria João Fernandes, terem tentado contactar várias entidades. A revista Super Interessante já não irá colaborar com a QF, pois, segundo a comissária, “eles já não estavam interessados e houve problemas o ano passado” com o cumprimento do contrato. Porém, Maria João Fernandes adianta que “o palco já tem programação definida ainda não fechada” e que poderá contar com a banda “Nice Weather for Ducks”. “O conceito vai ser o mesmo, vamos acolher bandas que estejam em crescimento”, conclui a comissária.
NOVAS INICIATIVAS PARA DAR A CONHECER AS SECÇÕES CULTURAIS
Refletir sobre a escrita para teatro em tempos de censura A dramaturgia de resistência censurada durante o período salazarista é o assunto a examinar na sessão de abril dos Encontros com a Dramaturgia Viva Jorge Costa O dramaturgo espanhol Enrique Poncela declarou certa vez que “o teatro é um meio muito eficaz de educar o público; mas quem faz teatro
educativo encontra-se sempre sem público para poder educar”. Nos tempos austeros do Estado Novo, muitos foram os dramaturgos que se atreveram a enfrentar a censura e expor a miséria que pairava sobre o país. Na próxima sessão dos Encontros com a Dramaturgia Viva, a 28 de abril, debate-se com o público textos que foram censurados durante a época da ditadura. Graça dos Santos, docente da Universidade de Nanterre (França) e autora da obra “O Espetáculo Desvirtuado”, é a convidada de honra desta sessão. A docente vai aprofundar a temática da dramaturgia de resistência que afrontou o regime de Salazar.
Graça dos Santos considera que a censura ainda permanece, embora hoje a maior seja financeira, “uma pessoa que não tem meios de criar uma peça de teatro ou manter uma companhia”. Na sua opinião, persiste de igual modo numa espécie de autocensura que “leva a que as pessoas não ousem falar de certas coisas”. Os Encontros com a Dramaturgia Viva são um projeto que reúne, de dois em dois meses, uma série de autores contemporâneos. O diretor do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), Fernando Matos de Oliveira, é um dos responsáveis pela criação do que considera ser um “fórum aberto de reflexão e debate
sobre escrita para teatro”, e afiança que nada nestes encontros é formal. O diretor fala de “uma experiência de grande intimidade”, com os participantes “sentados no chão, em grande proximidade, a dialogar sobre coisas de interesse mútuo, o que torna a sessão muito particular”. As sessões são gratuitas e coordenadas pelo ator e encenador barcelense Ricardo Correia. Docente da licenciatura em Estudos Artísticos e com uma vasta experiência em formação com jovens, Ricardo Correia assinala que é essencial “tornar possível que várias pessoas de diversos grupos e faixas etárias se reúnam para debater o teatro”.
O encenador garante que o ‘feedback’ das sessões anteriores foi bastante positivo, e que se registou “uma mobilização tremenda”, de tal forma que, no futuro, se pondera que os encontros se realizem mais amiúde. Todavia, Fernando Matos de Oliveira atenta nas dificuldades que o TAGV enfrenta na continuidade da programação, dadas as constantes mudanças de direção. No encontro deste mês, que tem início pelas 21h30, serão abordados excertos de textos de autores como Luís de Sttau Monteiro, Miguel Franco, Luís Francisco Rebelo e Bernardo Santareno, vítimas do mecanismo de censura salazarista.
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DESPORTO
Desporto na Queima das Fitas 2015 com programa repleto de eventos RAFAELA CARVALHO
Programa desportivo da Queima das Fitas incentiva a prática de desporto e é uma forma dos estudantes ganharem bilhetes para as Noites do Parque Tiago Cortez Mais um ano, mais uma Queima das Fitas, mais um programa desportivo recheado de actividades. São 24 eventos patrocinados pela Comissão Organizadora da Queima das Fitas 2015 (COQF’15. A COQF’15 organiza diretamente onze competições, com os núcleos de estudantes a tomarem responsabilidade por oito atividades e as secções desportivas da Associação Académica de Coimbra (AAC) a repartirem-se na organização de cinco atividades e outros 14 torneios de grande dimensão. O comissário com o pelouro do Desporto, Luís Maduro, explica que as atividades desportivas são importantes “para estimular o desporto, o entretenimento e o convívio entre os participantes”. No fundo, o programa desportivo é um convite aos estudantes para praticar desporto. Algumas iniciativas já terminaram, como o concurso de relatos, mas para muitas outras actividades as inscrições ainda estão a decorrer. Luís Maduro acredita que “a participação dos estudantes pode aumentar devido ao maior número de atividades desportivas proporcionadas”, com as taxas de inscrição a serem reduzidas com o fim de atraírem mais participantes.
Vencedores ganham bilhetes para o Parque
As actividades do programa desportivo são dirigidas a todos os estudantes do ensino superior. A COQF’15
REGATA INTERNACIONAL DA QUEIMA DAS FITAS É UM DOS EVENTOS COM MAIS PRESTÍGIO DO PROGRAMA DESPORTIVO vai premiar todos os vencedores com convites para os concertos das Noites do Parque. Dependendo do evento, estes convites podem variar entre o bilhete pontual para um dia e o bilhete geral para toda a semana académica. Entre as atividades promovidas pela COQF’15 destacam-se os torneios de ‘Pro Evolution Soccer’, matraquilhos e sueca, que têm tido uma adesão considerável. Mais procurado pelo sexo feminino têm sido as aulas de ‘zumba’ e de ‘fitness’. Mas as maiores atrações do programa desportivo da Queima das Fitas 2015 prometem ser os torneios, com alguns eventos a atingirem patamares competitivos interessantes. A Secção de Natação da AAC participará no 17º Torneio Internacional Queima
das Fitas, que se realiza entre 30 e 31 de maio, no Complexo Olímpico de Piscinas. Nos mesmos dias, a Secção de Andebol da AAC realiza o Torneio de Andebol Queima das Fitas, no Estádio Universitário. A nove, a Secção de Desportos Náuticos acolhe uma das provas com mais prestígio de todo o programa desportivo, a Regata Internacional Queima das Fitas, que promete animar as águas do Mondego. Também a nove de maio, os desportos de combate vão estar em destaque. A Secção de Karaté e a Secção de Judo partilham os pavilhões do Estádio Universitário para o Torneio Karaté da Queima das Fitas e o quinto Torneio de Judo Memorial Tiago Alves. Os torneios da Queima das Fitas
são apoiados financeiramente através do orçamento para o desporto da COQF’15. Gustavo Andrade, responsável pelo torneio de judo, reconhece que “sem esses apoios seria muito difícil organizar competições desta magnitude”. Luís Maduro considera que estes eventos desportivos potenciam o nome da Queima das Fitas de Coimbra e refere que poucas organizações financiam tanto o desporto como a AAC. “Os torneios desportivos assumem importância nacional porque não há no país muitas outras organizações, ou associações académicas, que apoiem programas desportivos e culturais”, diz o comissário do Desporto, que acrescenta que “no fundo, a Queima das Fitas serve para sustentar a casa”.
V MEMORIAL TIAGO ALVES Integrado na Queima das Fitas 2015, decorre no próximo dia nove de maio, o quinto torneio internacional de judo Memorial Tiago Alves. O torneio de equipas vai ser realizado pelas 10h00 no pavilhão número dois do Estádio Universitário de Coimbra. Este torneio conta com uma equipa organizativa de cerca de 30 pessoas que fazem parte da Secção de Judo da Associação Académica de Coimbra (SJ/AAC). O torneio é uma homenagem ao ex-judoca Tiago Alves que faleceu, vítima de cancro do estômago, em 2010. Tiago Alves foi um “notável” atleta, nas palavras do responsável pelo evento, Gustavo Andrade, que se iniciou no judo aos seis anos de idade e alcançou vários títulos a nível nacional, nos escalões de juvenis, juniores e seniores, acabando por deixar a sua marca no judo da associação académica. Segundo Gustavo Andrade, “este é um torneio competitivo e forte” que conta já com a “participação de equipas estrangeiras”. A par do torneio de veteranos vai ocorrer também um torneio infantil para crianças e jovens dos cinco aos 14 anos. O responsável considera que a “AAC é um dos clubes que tem mais resultados importantes a nível nacional e internacional”, tendo obtido no “ano passado a medalha de prata no campeonato do mundo de veteranos”. Também nesse ano a equipa da AAC venceu em todos os escalões no torneio da Queima das Fitas 2014. O judo em Coimbra tem-se destacado pelos resultados obtidos, “devido aos bons atletas que se têm formado na cidade”, refere Gustavo Andrade. “Os atletas de Coimbra conseguem pôr-se lado a lado com os atletas de Lisboa e Porto apesar de estes terem outras condições”, realça. As equipas que confirmaram a sua adesão para este ano “já estiveram presentes em edições anteriores” e Gustavo Andrade acredita que o torneio beneficia com o espírito universitário que existe em Coimbra durante o mês de Maio.
Jornadas da Educação pelo Desporto de regresso a Coimbra Evento, coorganizado pela ESEC e pela Associação IUNA, pretende debater o desporto como forma de promover empregabilidade e associativismo Beatriz Maio Guilherme Monteiro As “II Jornadas da Educação pelo Desporto” realizam-se no fim deste mês, entre os dias 28 e 30,
na Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC). O evento tem como tema principal o “Desporto como Ferramenta de Emprego Juvenil”, que vai ser abordado através de três ‘workshops’, uma palestra dada pelo atleta paraolímpico Jorge Pina e um concurso de ideias “Ações para o Futuro”. Desporto aquático, desporto adaptado e artes marciais, juntamente com o evento ‘Night Runners’, vão completar o programa. As jornadas vão contar também com testemunhos de “empresas do setor que vêm revelar a relevância das atividades que promovem e o envolvimento que as mesmas podem
ter”, afirma o presidente da ESEC, Rui Mendes. Para Rui Mendes, esta é uma oportunidade de “inclusão e desenvolvimento social”. O presidente da ESEC refere que este é um projeto visto como “mecanismo social” que está “associado às questões de educação não formal, da empregabilidade através do desporto e do próprio associativismo”. No mesmo sentido, o coordenador do evento, João Malho, afirma que estas jornadas pretendem “promover o empreendedorismo e a empregabilidade através do desporto”, bem como ”diferenciar a componente teórica da prática”, o
que distingue estas jornadas das do ano passado. A participação de Jorge Pina é um símbolo da “inclusão no desporto” personificada por um atleta que perdeu 90 por cento da visão, “passou por muitos obstáculos na vida e no âmbito do desporto” e ainda assim não desistiu, frisou o coordenador do evento. O atleta paraolímpico vai ainda participar no ‘Night Runners’ e em ‘workshops’ onde vai falar sobre a forma como o desporto alterou a sua vida. Jorge Pina pretende passar o seu testemunho com base nas adversidades que ultrapassou na
vida. “Somos nós quem traçamos os nossos caminhos e que escolhemos o que queremos fazer com a nossa vida”, diz o atleta, que reforça também a ideia de que “o desporto é uma forma de estar, faz sentir bem e aumenta a autoestima”. Esta “atividade fundamentalmente cultural” apesar de mais vocacionada para “alunos do ensino superior, não se restringe apenas aos mesmos”, refere Rui Mendes. Este projeto é uma parceria da associação Implementar Uma Nova Atitude (IUNA) com a ESEC e vem acompanhado de “altas expetativas”, segundo o presidente da ESEC.
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DESPORTO
Campeonatos Nacionais Universitários levam ao Minho 160 atletas da AAC RAFAELA CARVALHO
A Universidade do Minho recebe os Campeonatos Nacionais Universitários de 2015. A comitiva de atletas de Coimbra tem 160 atletas, que vão competir em nove modalidades Tiago Cortez Decorrem, entre 19 e 26 de abril, as fases finais concentradas dos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU). Este ano, a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) escolheu a Universidade do Minho (UM) como parceira da maior competição universitária do país. Braga, Guimarães e Taipas são as cidades que vão acolher os vários eventos desportivos. Da Universidade de Coimbra vão partir 160 atletas para competir. Em 2014, a Universidade de Coimbra/Associação Académica de Coimbra (UC/AAC) obteve quatro medalhas, com duas a serem de ouro. Melhores resultados foram obtidos em 2013 quando, em Castelo Branco, os atletas da UC/AAC obtiveram quatro medalhas de ouro entre as nove conquistadas. Em posição de obter bons resultados, estão as equipas masculina e feminina de futsal. As duas equipas venceram a competição do ano passado na Maia e vão à procura de revalidar o título este ano. João Carocha, vice-presidente da Direcção-Geral da AAC (DG/AAC) e responsável pelo desporto universitário, acredita que um bom resultado seria obter mais medalhas que no ano passado. O dirigente associativo
Judo conquista ouro
JUDO DA AAC DOBRA O NÚMERO DE MEDALHAS EM RELAÇÃO AO ANO PASSADO destacou a importância das secções desportivas da AAC para o desporto universitário. “É uma importância colossal. Nós nunca teríamos os títulos que temos se não tivéssemos aquele ‘background’ de atletas que é treinado todos os dias, que é federado e que joga nos seus campeonatos através das secções”, refere. Quase todas as equipas vão levar ao Minho uma equipa composta por uma maioria de jogadores que já representam a AAC nas respetivas secções
desportivas. A grande exceção é o futsal. João Oliveira, diretor do desporto universitário para o futsal masculino, vai levar 14 jogadores ao CNU e diz “esperar jogar seis jogos, ou seja, estar na final”. A equipa de futsal apurou-se para os CNU após ficar em segundo lugar na ‘Final 6’, que decorreu em Coimbra a 23 e 24 de março. Nesse torneio de apuramento, a UC/AAC apenas perdeu para a Universidade da Beira Interior (UBI). Os quatro primeiros classificados apuravam-se
para a fase final dos CNU, e à UBI e à UC/AAC juntaram-se o Instituto Politécnico de Viseu e uma outra equipa de Coimbra, a equipa da Associação de Estudantes do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra. Uma equipa que parte para o Minho com um menor grau de favoritismo é a equipa de voleibol masculino. “Há equipas bem mais forte do que nós, com mais experiência. As equipas do norte partem sempre
Taça Magna do Interiscas fica em Coimbra ISCAC venceu a 20ª edição do Interiscas, o torneio dos Institutos Superiores de Contabilidade e Administração, que este ano decorreu na cidade dos estudantes Tiago Cortez A taça ficou em casa. O torneio Interiscas foi ganho pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC). A segunda maior competição de desporto universitário do país realizou-se em Coimbra, entre
em vantagem porque aí o nível da modalidade é muito superior ao resto do país”, começa por dizer Rui Pedro Carvalheira, presidente da Secção de Voleibol da AAC (SV/AAC) e responsável pela equipa universitária da modalidade. Apesar do quadro complicado, Rui Pedro Carvalheira revela que a equipa está motivada e que vai “tentar chegar o mais longe possível”. O presidente da Secção de Voleibol deixou ainda algumas críticas. O dirigente considera que existe falta de organização no desporto universitário em Coimbra. “Nós não temos um gabinete de desporto universitário que pense a longo prazo e tente formar equipas desde o princípio para pensar em títulos, como se passa noutros países europeus. É tudo deixado um pouco à auto-recriação de cada um”, conclui Rui Pedro Carvalheira.
15 e 17 de abril. Durante os três dias, os Institutos Superiores de Contabilidade e Administração de Coimbra, Porto (ISCAP), Aveiro (ISCAA) e Lisboa (ISCAL) disputaram mais de 50 jogos em cinco modalidades coletivas. A competição incluiu também quatro provas individuais. No fim, a vitória sorriu ao ISCAC, que conquistou a Taça Magna, troféu que premeia a equipa que mais provas ganhou. A equipa de Coimbra teve o privilégio de jogar em casa e conquistou a vitória que já lhe fugia desde 2010, naquela que foi a segunda vitória conimbricense em 20 edições do Interiscas. A organização da prova esteve a cabo da Associação de Estudantes do ISCAC. O evento decorreu simultaneamente em vários palcos da cidade, como o Campo da Arregaça, onde tive-
ram lugar os jogos de futebol. No Pavilhão Multidesportos Dr. Mário Mexia decorreram igualmente jogos de várias modalidades durante os três dias, bem como no Pavilhão Eng. Jorge Anjinho e no Pavilhão do Sport Clube Conimbricense. O Interiscas proporciona todos os anos uma prova surpresa que, nesta edição, foi a natação. Os pontos máximos foram ganhos pela equipa de Lisboa, que foi a mais rápida na prova que decorreu no Complexo Olímpico de Piscinas de Coimbra. Dentro de campo o ISCAC foi o mais forte, apesar da luta renhida com o ISCAL que, ao fim do segundo dia, levava já uma vantagem pontual importante. Mas, no último dia, o ISCAC recuperou com a ajuda do futsal. Nessa modalidade, o ISCAC não perdeu nenhum jogo e, num dos melhores jogos da
competição, venceu por 2-1 o ISCAP. A equipa do ISCAC vai participar nos Campeonatos Nacionais Universitários na modalidade de futsal e convenceu no que pode ser considerado um teste de fogo antes dessa importante prova do calendário nacional de desporto universitário. O Interiscas fica marcado por uma organização competente que conseguiu coordenar tanto as necessidades dos atletas, como os recintos desportivos da cidade. Mas o Interiscas não foi só desporto. A organização promoveu igualmente um cartaz que permitiu aos estudantes descobrirem a noite de Coimbra. Durante três dias a cidade de Coimbra albergou quase 400 atletas numa prova que promoveu a competição, o convívio e o divertimento entre estudantes de todo o país.
Terminado o primeiro dia de provas dos campeonatos, a Secção de Judo da AAC (SJ/AAC) traz para Coimbra oito medalhas. Em masculinos, Jorge Fernandes destacou-se com a única medalha de ouro, conquistada na categoria de -73kg, numa final disputada contra Eduardo Silva, outro atleta da casa, que garantiu assim a medalha de prata. Filipe Lopes, em -60kg, e Filipe Rosa, em -90kg, asseguraram medalhas de bronze. No setor feminino, a SJ/AAC arrecadou quatro medalhas, três de prata e uma de bronze. Catarina Costa (-52kg), Teresa Silva (-57kg) e Eunice Mendes (-63kg) atingiram o segundo lugar, enquanto Mariana Rodrigues quedou-se por um terceiro lugar na mesma categoria de Teresa Silva, -57kg. Até ao fecho da edição não foi possível apurar mais resultados referentes aos atletas da AAC.
RAFAELA CARVALHO
10 | a cabra | 21 de abril de 2015 | Terça-feira
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Costa portuguesa: a linha que o mar apaga
RAFAELA CARVALHO
Cerca de 67 por cento da costa portuguesa está em risco devido ao efeito erosivo da força do mar sobre a linha de costa. E a culpa, dizem os especialistas, é do homem. Por Rita Fé
É
frequente ouvir falar na erosão da linha costeira como um problema. Todavia, o processo de erosão é algo natural, que apenas resulta da força com que as ondas do mar embatem na costa, e é ele que nos dá grande parte das nossas mais belas paisagens. Pedro Proença, geólogo e docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), explica que “a nossa ondulação desenvolve-se no Atlântico Norte e vem de noroeste. Ao descer, faz com que a areia e os sedimentos, que resultam da erosão, circulem de norte para sul”. Assim, o processo de erosão compensa, de forma inata, as perdas de sedimentos nas zonas a sul com as areias que são arrastadas pela força do mar das áreas mais a norte.
A origem do problema
José Antunes, docente do Departamento de Engenharia Civil (DEC) da FCTUC, afirma que “a construção de barragens e esporões foram dois erros. As barragens impendem que rios, como o Douro e o Mondego, transportem sedimentos até à costa”, e os esporões, por sua vez, “impossibilitam o mar de conduzir as areias para as zonas mais a sul”. As areias são o que alimenta a costa e estas construções retêm-nas. Pedro Proença refere que, “além da questão das barragens, toda a costa a sul começou a entrar em erosão devido a extrações de areia nas zonas costeiras para a construção de infraestruturas”.
Sobre as consequências que podem surgir, o geólogo considera que “dentro de algumas décadas só vamos ter praias em baias e reentrâncias, minadas por esporões artificiais”, porque a linha de costa recua enquanto o mar avança, e isso fará “com que deixemos de ter praias largas e de extenso areal”. Para José Antunes, este aspeto é dramático e pode resultar em perdas económicas avultadas. “A principal fonte de rendimento do país é a zona costeira, e é impensável deixarmos de ter o fluxo turístico que ela nos dá”, elucida o docente. Os impactos sociais também se fazem sentir, dado que as pessoas se “fixaram em zonas costeiras de risco e agora apercebem-se que estão em perigo devido aos processos de erosão”, esclarece ainda José Antunes, que exemplica com Aveiro, “onde as pessoas vão ser retiradas da barra, pois ela vai acabar por desaparecer”. Num balanço ecológico, ambos os docentes concordam no que respeita a consequências. “Vão ocorrer variações ambientais rápidas e há casos em que se vão perder ‘habitats’ que, com o recuo da costa, não se conseguem manter”, demonstra Pedro Proença. Sobre isto, José Antunes explica que “espécies como a solha e o linguado, que habitam em águas frias, com o aumento da temperatura da água acabam por migrar ou desaparecer”. O docente do DEC acrescenta ainda que “também a fauna muda de forma drástica e as águas doces passam, com a subida
do nível da água, a registar graus maiores de salinidade”, o que vai acabar por conduzir à destruição de ecossistemas.
Que soluções?
Na manutenção da zona costeira, José Antunes alega que se deve avaliar cada região, estimar o risco que aí se corre e definir três linhas de orientação. “Nos casos mais graves, os habitantes em risco são mobilizados para uma zona segura. Em casos de menor risco, tentamos manter o costado, as obras que já existem para esse fim e conjugá-las com a alimentação artificial de areia”, explica, algo que pode ser feito a partir do molhe do porto da Figueira da Foz. Porém, em algumas situações, “não temos outro remédio se não deixar inundar algumas zonas, onde propriedades agrícolas e infraestruturas vão acabar por ficar destruídas”, sinaliza o docente do DEC. Pedro Proença crê que “as medidas já impostas, como o impedimento de construções no litoral, vieram tarde demais”, e explica que “desta vertente nascem outras questões por haver bens em risco. O que será melhor? Indemnizar o dono da habitação ou pagar, de forma contínua, a manutenção das obras para tentar preservá-las?” A tendência é a última opção, talvez por ainda não haver noção da dimensão do problema ou, então, por insistirmos na ideia de que o Mundo foi feito para os seres humanos.
DEVIDO AO RECUO DA COSTA SERÁ IMPOSSÍVEL MANTER DETERMINADOS ‘HABITATS’
Ansiedade, um problema frequente nos estudantes A ansiedade, a par da depressão, é o “mal do século XXI” e um desafio para os estudantes do ensino superior. Procurar ajuda é importante Rita Fé Camila Vidal Quem passa pelo ensino superior conhece indubitavelmente as noites mal dormidas da época de exames, a luta para cumprir prazos de trabalhos e o nervosismo numa apresentação oral. Tudo isto faz parte da vida de um estudante. O problema surge quando a ansiedade é persistente. Vasco Nogueira, médico psiquiatra
e docente na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), não deixa de dizer que “a ansiedade é uma manifestação normal e fisiológica do nosso organismo e, tal como o ‘stress’, não é algo de todo negativo” e acrescenta que “é o que nos faz levantar todos os dias de manhã e ter melhores resultados”. Ao entrar na vida adulta, o docente indica que o estudante “tem de adotar uma postura mais responsável”. “Um adulto tem mais preocupações”, mas esse ‘stress’ “leva os jovens a ultrapassar os desafios e obstáculos, ajuda-os a crescer”, explica. Todavia, quando se passa para a universidade, a situação pode agravar-se. Aqui é mais fácil desenvolver-se uma ansiedade patológica, “a transição do jovem para o ensino superior já é mais complicada”, elucida o docente, “quando o suporte social é frágil e as expectativas e pressão que
são colocadas sobre os jovens em termos de rendimento académico e profissional são demasiado grandes, eles tendem a exceder os seus limites”. A conjuntura atual também não ajuda “as famílias, que têm cada vez mais dificuldades em dar apoio emocional, afetivo e económico ao estudante”, ilustra o psiquiatra. “Os jovens de hoje deparam-se com dificuldades em chegar ao fim do mês com dinheiro, cargas letivas mais altas e épocas de exames mais curtas”, o que propicia um tipo de ansiedade que merece atenção médica, para além de configurar “uma prevalência crescente”. Talvez por este motivo, o centro de explicações Educa.plenitus, que lida com uma grande percentagem de estudantes universitários, considerou pertinente a realização de um ‘workshop’ sobre gestão de ansiedade. “Fui-me apercebendo que havia uma urgência cada vez maior em dar
um apoio afetivo aos alunos que por aqui passam, que querem, cada vez mais, ultrapassar os limites da simples explicação”, aponta a psicóloga responsável pelo apoio psicoterapêutico no centro de explicações Dora Santos. A psicóloga destaca ainda o facto de “muitos dos estudantes estarem fora do seu ambiente natural, não terem uma rede de suporte forte e coesa, não conseguirem logo criar laços e, por isso, apresentarem facilidade em desenvolver distúrbios”. As atividades do ‘workshop’ vão, segundo Dora Santos, consistir numa reflexão sobre o que é a ansiedade, o que a motiva e o que distingue a ansiedade normativa da patológica. Numa segunda parte, a atividade vai contemplar “uma avaliação global dos hábitos do estudante, estratégias de relaxamento muscular e de relaxamento induzido por imagens e sons”. O ‘workshop’ realiza-se durante dois
dias, em datas a confirmar, consoante o número de inscrições. Vasco Nogueira alerta para as consequências que uma ansiedade crónica tem no desempenho académico. “Há dificuldade em acompanhar o ritmo quase diabólico das avaliações”, salienta. Os problemas na vida académica também se podem repercutir no futuro, pois “o processo crónico deixa marcas, e jovens que passam por níveis elevados de ansiedade podem desenvolver casos de depressão”, completa o médico psiquiatra. O docente da faculdade de Medicina da UC refere que é essencial a intervenção precoce e o debate aberto do tema: “temos de desmistificar e deixar cair alguns estigmas que dizem respeito à doença mental”. A procura de ajuda é uma importante decisão de quem se vê com problemas. “É este o primeiro passo para recuperar”, conclui Vasco Nogueira.
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CIDADE
Novo percurso liga Alta e Baixa pelo Jardim Botânico de “sol a sol” SOFIA LIMA
A partir de setembro, vai ser possível passar da Rua da Alegria à Rua do Arco da Traição pelo Jardim Botânico. A segurança e preservação são prioridades para os responsáveis Sofia Lima João Neves A abertura de um percurso pedonal, que torna possível a ligação da baixa da cidade à Alta Universitária, está a ser concretizada pelo Jardim Botânico da Universidade de Coimbra (JBUC) em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra (CMC). “Da Alta à Baixa pelo Botânico” é um projeto idealizado há vários anos, tanto pelos elementos municipais como pela direção do Jardim Botânico encabeçada, atualmente, por Paulo Trincão. O diretor do JBUC afirma que se trata de “um projeto que corresponde a uma missão antiga do jardim”. O reitor da UC João Gabriel Silva, em conferência de imprensa de apresentação do ato de consignação da empreitada a 8 de abril, sublinha o “enorme potencial turístico” e destaca a “excelente colaboração” entre a cidade e a universidade. A obra está avaliada em cerca de 350 mil euros e estará a cargo da empresa Álvaro Aires Construções, Lda, que tem 150 dias para completar a empreitada prevista para setembro. O trajeto cobrirá a distância entre a Rua da Alegria, junto à sede das Águas de Coimbra, e a Rua do Arco da Traição, nas imediações do Instituto Universitário Justiça e Paz. O percurso vai estar dividido em duas rotas temáticas. O percurso da água, que marca o início do trajeto nas imediações do Museu da Água, daí
A OBRA ESTÁ AVALIADA EM CERCA DE 350 MIL EUROS E DEVE ESTAR CONCLUÍDA EM SETEMBRO, 150 DIAS APÓS A CONSIGNAÇÃO DA EMPREITADA a sua denominação e o percurso da muralha. Em conjunto com a Direção Regional de Cultura do Centro, ao longo de ambos será encetado um processo de recuperação do património arquitetónico existente. Destaca-se o restauro do troço da muralha e torre, da capela de São Bento, da capela de Santo Elídio, e ainda, o início do processo de consolidação e preservação do reservatório de água.
Preocupação com impacto ambiental e segurança
A direção do JBUC pretende que esta empreitada tenha um impacto bastante positivo a nível turístico e cultural, sem que, no entanto, a prevenção dos espaços seja negligenciada. Essa prevenção vai ser assegurada pelos
próprios jardineiros e funcionários do JBUC e conta com a colaboração da CMC e da Águas de Coimbra. “Há uma enorme preocupação para que este espaço se mantenha preservado e em segurança”, refere Paulo Trincão. Por este mesmo motivo, o jardim vai manter-se aberto ao público apenas de “sol a sol”. O Jardim Botânico é um espaço com fins científicos, classificado Património Mundial da UNESCO desde junho de 2013, e é fundamental “manter algum isolamento, intervenção e cuidado em relação à mata, que é uma estrutura sensível”, remata o diretor. Paulo Andrade, responsável da direção do Núcleo Regional de Coimbra da Quercus, acredita que o impacto ambiental do projeto pode ser “muito
baixo” se a vigilância for prioridade para a direção do JBUC. O ambientalista defende ainda que a manutenção da integridade deste património cultural e científico reside na recolha frequente de resíduos poluentes. O projeto pedonal da mata do Botânico vai permitir também uma redução do trânsito de veículos pesados na zona da alta universitária, já que o fluxo de congestionamento poderá ser redirecionado para o estacionamento do Parque Verde, que já está preparado para receber autocarros.
Miradouro vai ser “porta digna” do Jardim
Os planos de reestruturação do JBUC passam também pela intervenção do miradouro da entrada, que vai servir
para “ligar o fluxo turístico centrado na UC”, refere Paulo Trincão. Dada a proximidade dos percursos clássicos da universidade, o diretor do JBUC acredita que o miradouro pode ser uma “porta digna” do jardim e uma fonte de interesse e curiosidade para os turistas e público local. Para além disso, estão a decorrer outras obras estruturais que vão “mudar significativamente o jardim”, defende Paulo Trincão. As estufas estão a ser remodeladas, com a introdução de novas estruturas e sistemas de aquecimento, regulação de ambiente e a introdução de uma secção de espécie sde carnívoras. Todos estes projetos inserem-se no objetivo de “puxar cada vez mais a investigação científica” para o Jardim Botânico.
Coimbra candidata a Capital Europeia da Juventude Coimbra está na corrida para se tornar um pólo no desenvolvimento de políticas de juventude. A decisão do Fórum Europeu da Juventude vai ser tomada em novembro Sofia Lima João Neves 2018 pode vir a ser um ano em cheio para a cidade de Coimbra. Depois de assegurar a organização
dos EUSA Games, os jogos europeus universitários, a cidade está a candidatar-se para ser a capital europeia da juventude. A 13 de fevereiro, a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) anunciou a sua candidatura na primeira reunião do Conselho Municipal de Juventude (CMJ). Apesar de os “dados ainda serem reservados”, a vereadora da Juventude da CMC, Carina Gomes, acredita que o município oferece um “programa ambicioso e multifacetado”. No entender da vereadora, a candidatura vai funcionar como “fio condutor para criar uma nova geração de políticas juvenis locais”. As entidades por trás desta candi-
datura acreditam que a cidade tem inúmeros pontos fortes a seu favor. Carina Gomes destaca “o ecletismo, cultura, diversidade e património histórico da cidade”, sendo que esta iniciativa tem potencial para elevar “a juventude e a cidade para um outro nível de impacto internacional”. O “principal alicerce do percurso para 2018”, acrescenta a vereadora, passa pela criação de uma “conjuntura favorável de combate ao desemprego jovem”. Neste momento, o processo de escolha está em fase de avaliação das 20 cidades candidatas (um número recorde) até 29 de abril, dia em que se ficam a conhecer as cinco finalis-
tas. A decisão final está agendada para o mês de novembro. O assunto foi levado à discussão, na Assembleia Municipal do passado dia 12 de março, por Dino Alves, deputado municipal eleito pelos círculos do PSD, que questionou a pertinência e a qualidade da candidatura de Coimbra. O deputado critica o executivo camarário por se ter limitado a “informar o CMJ da candidatura em vez de a preparar” com os seus parceiros sociais. Para além disso, o deputado social-democrata considera que a iniciativa é “descontextualizada” porque não houve “envolvência e investimento” nas políticas de ju-
ventude. Dino Alves aponta o profundo “desinvestimento” e o facto de o projeto ter sido apresentado “em cima do joelho” como prejuízo para a candidatura. A Associação Académica de Coimbra (AAC) está a apoiar formalmente a candidatura porque, segundo o presidente da Direcção Geral da AAC, Bruno Matias, este evento, conjugado com os jogos europeus universitários, pode ser “um grande marco para a cidade”. “Não existe uma cidade com tamanha dimensão de juventude como Coimbra”, com mais de “trinta mil jovens a estudar no ensino superior”, sustenta ainda Bruno Matias.
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PAULO SÉRGIO SANTOS
Editorial As revisões do nosso tempo
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A Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) prepara para o próximo ano uma reforma radical a nível de orferta formativa. Se a iniciativa é por si meritória e, acima de tudo, inovadora na área das Humanidades, a verdade é que, como qualquer mudança, acarreta atenção a determinados detalhes, não vá a porca torcer o rabo. Por esta altura, a FLUC já devia ter iniciado o processo de candidaturas a mestrados. No entanto, dado que a reforma curricular ainda se encontra em implementação, tal não aconteceu. E este é apenas um dos problemas. É urgente que tudo se resolva o mais rápido possível para não comprometer, por um lado, os alunos da FLUC que pretendem continuar os seus estudos na instituição e, por outro, a captação de novos alunos que queiram ingressar na faculdade. Além disso, é necessário admitir que avançar com a integração de uma nova oferta formativa, radical em toda a faculdade, quando esta ainda não está aprovada na totalidade pela A3ES - Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior é um passo arriscado. Os alunos terão uma sessão de esclarecimento ainda durante o decorrer desta semana, porém, dado que muitos deles já têm sido afetados pelos revezes desta alteração, fica a pergunta: não deveriam ter sido consultados com maior antecedência?
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De revisão, interna, parece precisar também o edifício da AAC. O tema assemelha-se à Queima das Fitas: chega todos os anos, causa algum rebuliço e, depois, “é memória que passa”
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Cinco anos volvidos, aproxima-se novo debate com vista à Revisão dos Estatutos da Associação Académica de Coimbra (AAC). Para além de representantes de cada Conselho (Fiscal, Cultural, Desportivo e Inter-Núcleos) e da Direcção-Geral da AAC, estão também presentes elementos de listas que representam os estudantes. Aqui reside um grande problema: a quase ausência de ideias concretas, por parte das listas, para alterar artigos específicos que são importantes na vida de todas as secções, como o 119º, que exige que as direções das secções seja constituída em maioria absoluta por elementos sócios efetivos. Far-se-ão exceções? Sabe-se o que é? Se uns parecem caminhar num sentido concreto, outros parecem tão perdidos que o seu discurso é uma repetição de lugares-comuns e absolutamente vazios de significado. Fica outra questão: como podem estes representar os estudantes? De revisão, interna, parece precisar também o edifício da AAC. O tema assemelha-se à Queima das Fitas: chega todos os anos, causa algum rebuliço e, depois, “é memória que passa”. 2015 começou com a existência da obrigação de compreensão por parte dos ocupantes do edifício da Padre António Vieira. Agora, fala-se em acordos, maneira diplomática e política de contornar um anterior discurso bélico. O certo é que os terceiro e quarto pisos continuam praticamente vazios, o edifício vai-se deteriorando e, se uns não precisam de espaço, outros já se vão posicionando para aumentar a sua área. Fica a dúvida se haverá ou não reestruturação este ano. Ou a remodelação completa e prometida da sala de estudo, antes da época de exames que se aproxima. Para o ano, por volta desta altura, certamente voltaremos a falar disto. Por Rafaela Carvalho e Paulo Sérgio Santos
Direção Paulo Sérgio Santos, Rafaela Carvalho
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Equipa Editorial Sandro Raimundo (Ensino Superior), Inês Duarte (Cultura), João Neves (Cidade), Rita Fé (Ciência e Tecnologia), Tiago Cortez (Desporto) Fotografia Rafaela Carvalho, Tiago Cortez, Inês Duarte, Sofia Lima, Sandro Raimundo Ilustração Raquel Vinhas
Colaborou nesta edição Beatriz Maio, Guilherme Monteiro, Margarida Mota, Mariana Azevedo, Sara Pinto, Jorge Costa, Vasco Sampaio, Sofia Lima, Camila Vidal Colaboradores permanentes Diana Craveiro, Camilo Soldado, Filipe Furtado, João Gaspar, Maria Eduarda Eloy, Teresa Borges Paginação Rafaela Carvalho
Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A.; Telf. 239499922, Fax: 239499981, e-mail: fig@fig.pt Produção Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra Agradecimentos Reitoria da Universidade de Coimbra, Rádio Universidade de Coimbra Tiragem 3000 exemplares