26 DE MAIO DE 2015 • ANO XXIV • N.º 272 • GRATUITO DIREÇÃO RAFAELA CARVALHO E PAULO SÉRGIO SANTOS
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ENCONTROS INTERNACIONAIS DE JAZZ 2015 Coimbra com um festival que pretende oferecer “experiências singulares” PÁG. 6
JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA
CATARINA CARVALHO
FEIRA CULTURAL DE COIMBRA De 30 de maio a 7 de junho, no Parque Dr. Manuel Braga, a Feira Cultural vai abarcar várias áreas da cultura, como o artesanato e a gastronomia, para além da habitual Feira do Livro. Música e teatro vão contar com espetáculos de rua
Discussão Pública dos Estatutos da AAC aberta a todos os sócios até setembro Prazo teve início no dia 20 de maio e prolonga-se até 30 de setembro. A Presidente da Assembleia de Revisão dos Estatutos, Rita Andrade, promete que a publicação dos editais - que esclarecem a forma como os estudantes podem enviar as suas sugestões - terá lugar ainda durante “esta semana”. Comissários sublinham a importância da participação de todos PÁG. 5
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ACADÉMICA - SF Primeiro lugar garante subida ao Campeonato Nacional de Séniores. A um jogo de finalizar a época, a Secção de Futebol da AAC já ostenta o título de campeã da Divisão de Honra. PÁG. 9
RABEEES
CNU’S 2015
ENSINO
Regulamento aguarda Três medalhas de decisão do governo ouro para a AAC
Descentralizar a gestão da educação
Comissão cumpriu o prometido e entregou um conjunto de propostas para a revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior (RABEEES). Cabe agora ao governo analisar o relatório que contém as 22 sugestões e seleccionar aquelas que melhor contributo oferecem para que o sistema se torne mais rápido e eficiente nos demais processos. A resposta ao relatório está reservada para o fim do mês.
Os representantes da Associação Académica de Coimbra (AAC) ganharam três medalhas de ouro nos Campeonatos Nacionais Universitários Individuais concentrados. As modalidades galardoadas foram o ténis, badminton e ténis de mesa. A importância do desporto universitário é caracterizada, por João Carocha, Vice-Presidente da Direção-Geral AAC, como “colossal” e afirma existir confiança para as competições futuras.
O Decreto-Lei nº 30/2015 promete ser mais uma medida a causar polémica entre Estado, escolas e agentes educativos. A passagem de determinadas competências para domínio das câmaras municipais não reúne consenso e é vista como um ataque à autonomia autárquica e uma forma de diminuição de despesa. A poucas semanas do início da preparação de mais um ano letivo, são muitas as escolas que ainda desconhecem todos os pormenores deste decreto-lei.
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Mediterrâneo
Entrar na Europa, com a força da maré PÁG. 2 E 3
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DESTAQUE
Quando a balsa se aproxima, ergue-se a Europa As travessias do mar Mediterrâneo levadas a cabo por imigrantes ilegais não são novidade, são cíclicas ao longo da história. A questão prende-se na atualidade com a resposta que a União Europeia oferece ao problema, enquanto milhares de pessoas chegam às suas costas. Por João Neves e Camila Vidal
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DESTAQUE
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mar Mediterrâneo foi palco, em 2014, da travessia de cerca de 220 mil imigrantes. A maioria das pessoas parte em embarcações rudimentares sem quaisquer garantias de segurança. O principal ponto de partida é Tripoli, na Líbia, cidade costeira onde se reúnem populações de vários pontos dos continentes africano e asiático. De acordo com Daniela Nascimento, investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC), os migrantes provêm de países como “Mali, Eritreia, Gâmbia, Tunísia ou Síria”. O problema não é recente mas, segundo a investigadora, acentuou-se desde 2011 com o aumento da instabilidade política nos países de origem das populações migrantes. A “Primavera Árabe” agudizou “muitos conflitos internos dos países africanos”, que resultaram em confrontos armados, como é o caso das guerras civis na Líbia ou Síria. O principal país de embarque, a Líbia, “foi inicialmente país de destino final” para muitos migrantes. Porém, é agora ponto de partida, pelo agravar dos conflitos civis, e “continuará provavelmente a sustentar estes fluxos massivos de migrantes para a Europa”, remata Daniela Nascimento. “A crise no Mediterrâneo é de toda a gente” foi o argumento em discussão ontem, 25 de maio, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV).
Soluções para um problema antigo
São cada vez mais frequentes as notícias de naufrágios no mar Mediterrâneo. Para tentar prevenir estas situações, a União Europeia (UE) canalizou fundos comunitários no sentido de “reforçar a dimensão securitária e controlar os barcos que
procuram chegar a terra”, esclarece Daniela Nascimento. José Manuel Pureza, professor de Relações Internacionais e investigador do CES, acredita que se deve olhar para a solução de um ponto de vista humanitário e “com uma ótica de busca e salvamento, algo que não está a ser feito neste momento”. O professor reforça que se “deve garantir a segurança mínima das pessoas” e sugere uma “medida mais a prazo”, que passa pelo “equacionar do acolhimento destas populações”. Por último, José Manuel Pureza reforça que se deve “passar a encarar estes fluxos migratórios na perspetiva do direito das pessoas à migração e não do ponto de vista do medo da invasão ou destruição de postos de trabalho”. Daniela Nascimento considera que a solução só pode ser concretizada depois do reconhecimento pleno dos problemas que estão na origem do êxodo - “pobreza, subdesenvolvimento, conflitos violentos e instabilidade política”. Isto “não se combate com mais dinheiro, não se faz de um dia para o outro”. As medidas apresentadas pelo quadro comunitário para a prevenção deste fenómeno passam, em primeiro lugar, pela monitorização militar, como é o caso do reforço das verbas para a agência de patrulhamento Frontex, e pelo combate às redes de tráfico, que controlam muitas destas travessias. “Os governos europeus têm uma postura defensiva e têm-se mostrado extraordinariamente fechados e cínicos”, refere José Manuel Pureza, que critica a “pequenez das operações montadas para salvar as pessoas de naufragarem”. O cenário que espera estas pessoas não é o mais favorável. Quando chegam à Europa, “há centros de acolhi-
mento, mas na verdade são centros de detenção”, refere a especialista em populações refugiadas, Lisa Matos. Acrescenta que “há, efetivamente, uma Europa de fortaleza, que privilegia a livre circulação dentro da UE, mas que não facilita a cedência de vistos de trabalho para as outras comunidades”. Na ótica de José Manuel Pureza, os problemas que existem na UE são olhados com “miopia estratégica”. O professor defende que “a vinda de imigrantes” devia ser vista como “parte da solução e não parte do problema”. Uma política de acolhimento é positiva do “ponto de vista laboral, da Segurança Social, recolha de impostos e interculturalidade” para o país que receba estas comunidades, reforça. Em Itália, um dos países mais afetados pelos fluxos migratórios, implementou-se uma operação conhecida por “Mare Nostrum”, que pretendia salvar os imigrantes e deter os traficantes. Contudo, o programa foi suspenso por “pressões dos principais países da UE”, critica José Manuel Pureza. De acordo com o professor, essas pressões vieram, “designadamente, do Reino Unido e da Alemanha”. “A Europa, que foi um território de imigração, tem vindo a negar-se a si própria”, remata.
O desespero “dos soldados da vida”
Há que fazer a distinção entre as populações de migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo ilegalmente. De acordo com Lisa Matos, há dois tipos de migrantes: os forçados e os económicos. Os migrantes forçados abandonam os seus países para fugir a conflitos armados ou a repressões políticas, raciais ou religiosas e, por vezes, é-lhes atribuído
o estatuto de refugiados. Por sua vez, os migrantes económicos deixam as terras natais em busca de melhores condições de vida e veem a Europa como a melhor alternativa. Nas duas esferas de migração, há pessoas a arriscar a vida e, nas palavras de um estudante sírio, que prefere não ser identificado pelo nome, chegam a pagar “cerca de dez mil euros para poderem fazer a travessia do Mediterrâneo”, sem saberem se alguma vez mais verão terra firme. Apesar de não se incluir entre os migrantes que atravessam de barco o Mediterrâneo, o estudante abandonou o país quando os conflitos armados já estavam a assolar a sua cidade natal, porque “já não havia lá futuro”. Antes da guerra, a vida na Síria “era boa” e as populações viviam sem repressão. “Não era um país totalmente democrático mas havia paz”, sustenta o estudante. “Vivia numa cidade controlada pelo governo, não pelos rebeldes, mas as condições não eram as melhores: não havia água nem luz”, remata. Como este estudante, milhões de pessoas abandonaram a Síria em busca de paz e de melhores condições de vida. De acordo com José Manuel Pureza, a Turquia, o Líbano e a Jordânia “acolhem, neste momento, 3,6 milhões de pessoas fugidas da guerra na Síria”. “Soldados da vida”. É assim que o dirigente da SOS Racismo, o senegalês Mamadou Ba, chama a quem faz a travessia. “Eles estão a procurar a Europa para viverem melhor” e “se a Europa acha que as pessoas não podem aspirar a isso, os próprios alicerces do regime estão violentados”. O dirigente considera que a justificação para uma “apatia social e cultural” em relação à crise no Mediterrâneo está no racismo: “as sociedades europeias olham para os outros como
não humanos”. O senegalês aponta a “relação colonial” que a Europa tem com outros países, porque “ainda não fez a sua catarse histórica”. Para Mamadou Ba, “não haverá nenhum arame farpado, nenhum muro, nenhum bombardeamento ou política militar que estanque o desejo que as pessoas têm de viver”.
O caso português
Portugal não faz parte das principais rotas de migração. Ainda assim, o país acolhe, todos os anos, algumas centenas de migrantes com o estatuto de refugiado. O Conselho Português para os Refugiados (CPR) trabalha em colaboração direta com o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, o português António Guterres. Com o novo sistema de redistribuição de refugiados, proposto pela Comissão Europeia, Portugal poderá vir a receber 704 pessoas. Lisa Matos considera que esta quota é apropriada e um número “completável” para Portugal. Esta medida pretende tirar pressão de países como a Alemanha ou a Suécia, que recebem por ano dezenas de milhares de pedidos de asilo. Em Portugal o número de solicitações deste tipo em 2014 foi 440, um valor “ irrisório”, segundo a especialista, quando em Espanha é de 5600. José Manuel Pureza critica a postura do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, que afirmou a 18 de maio, à saída da reunião conjunta de chefes da diplomacia e de ministros da defesa da UE em Bruxelas, ser “um esforço muito grande” para Portugal acolher os 704 refugiados. Para o professor, esta atitude reflete “o espírito com que o governo e a UE equacionam este problema.”
“As sociedades europeias olham para os outros como não humanos” MAMADOU BA, DIRIGENTE DA SOS RACISMO
POLÍTICAS DE IMIGRAÇÃO PELO MUNDO O problema da migração ilegal não é exclusivo do mar Mediterrâneo ou da Europa e há, pelo mundo fora, inúmeros casos de pessoas que põem a vida em risco para tentar encontrar melhores condições de vida. Os Estados Unidos da América (EUA), pelas condições sociais e económicas, atraem, por ano, milhares de emigrantes vindos de todo o mundo. Uma grande parte deles submete-se a situações semelhantes às do Mediterrâneo: viajam em embarcações inseguras desde Cuba e atravessam o Golfo do México em direção aos estados do sudeste dos EUA, como a Flórida. Lisa Matos, especialista em populações refugiadas, explica que os migrantes cubanos “têm uma relação privilegiada com os EUA”. Os cidadãos cubanos que deem à costa norte-americana gozam de “um processo de cidadania muito mais rápido e fácil do que qualquer outro imigrante”, acrescenta a especialista. Há outra rota privilegiada pelos migrantes da América Central: a fronteira sul do país pela facilidade de acesso. De acordo com Lisa Matos, as populações saem “principalmente da Guatemala, El Salvador e Honduras” e atravessam os desertos dos estados do sul como o Texas, Arizona ou Novo México. Este trajeto também é perigoso e o número de mortos está a aumentar, defende a especialista. As medidas de prevenção dos EUA passam por controlar as fronteiras e deportar qualquer cidadão que seja detido a fazer a travessia. Quando os migrantes chegam a solo norte-americano “entregam-se de imediato às autoridades para serem acolhidos e integrados” nos EUA, argumenta Lisa Matos. Nesta travessia, a “ideia geral é que todos os migrantes procuram uma vida melhor”, sustenta a especialista. No entanto, Lisa Matos cita um estudo que fez quando trabalhou nos EUA, para defender que a maioria das populações imigra “para fugir de violência entre gangues nos países da América Central”. Do outro lado do planeta, a Austrália também combate um problema de migração ilegal. Desde 2009, o país intercetou cerca de 50 mil pessoas que procuravam asilo. De acordo com Jared Owens, jornalista do periódico australiano The Australian, o jornal mais vendido no país insular, a maior parte dos imigrantes é originário do Afeganistão, Paquistão, Sri Lanka e Iraque, mas embarca na Indonésia, em direção à Ilha Natal, um território australiano a 350 quilómetros de Java. Em 2013, o governo australiano tentou combater o problema ao deixar de acolher qualquer migrante e enviando de volta qualquer embarcação ilegal. Isto fez com que o número de migrantes “baixasse instantaneamente”, refere Jared Owens. Contudo, o jornalista sustenta que as organizações de proteção de refugiados defendem que “parar e enviar os barcos de volta não fez com que as mortes parassem”. Em vez disso, “só fez com que as rotas se alterassem” e deixassem de incluir a Austrália.
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ENSINO SUPERIOR
volta ao Mundo em
ECTS
Das experiências de quem foi, às oportunidades oferecidas a quem ambiciona ir. Coimbra exerce um papel importante no intercâmbio de estudantes pelo mundo fora, mas o saldo, em termos de quem sai, é negativo. Decorre, durante esta semana, um evento para a consolidação de parcerias internacionais. Por Margarida Mota e Sandro Raimundo
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um contexto de crescente globalização, é cada vez maior a frequência de programas de mobilidade. As questões de enriquecimento do currículo e de valorização pessoal estão no cerne da procura de experiências internacionais. “É algo atraente para as entidades empregadoras, vê-se que o estudante teve iniciativa e espírito de abertura e conseguiu assumir o risco”, explica o vice-reitor da Universidade de Coimbra (UC) para as Relações Internacionais e Mobilidade, Joaquim Ramos de Carvalho. Pontos a favor na experiência profissional são um dos principais motivos que levam os interessados a procurar um programa de mobilidade. “As pessoas entendem cada vez mais que vivem num mundo global e que têm de ter todas as opções em aberto relativamente à sua vida futura”, acrescenta o vice-reitor. Em consonância, Claudino Ferreira, investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da UC, afirma que os participantes retiram “muitas vantagens do ponto de vista profissional, sobretudo no acesso ao emprego e na acumulação de competências”. O cultivo de uma vivência pessoal engrandecedora constitui outro fator impulsionador da inscrição em projetos desta natureza. Para o Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra
(IPC), Rui Antunes, a promoção do contacto com outras “identidades nacionais” vem atenuar “os estereótipos que se criam sobre cidadãos de determinados países”.
UC quer mais alunos em mobilidade
Acolhido pela UC como estratégia de complemento de um ciclo de estudos avançado, está inserido na sua oferta um dos programas mais expressivos no panorama europeu - Erasmus+, resultado da aglomeração das diversas ações que até agora compunham os programas Aprendizagem ao Longo da Vida, Juventude, Tempus, Erasmus Mundus, Alfa e EduLink. Em comparação ao modelo antigo, Joaquim Ramos de Carvalho considera que a mudança, apesar de algumas problemáticas iniciais, “permite uma saída por ciclo de estudos e para efeitos de estágio mesmo após a licenciatura”. Uma das preocupações mostradas pela UC é a atual tendência de um saldo negativo de saídas e um elevado número de entradas, motivado pela forte atratividade que a UC exerce internacionalmente. Para inverter a situação, a UC tem realizado sessões de esclarecimento e motivação regulares e, esclarece o vice-reitor, tem havido uma simplificação de todo o processo burocrático envolvido, com
o objetivo de atrair a oferta. Ao mesmo tempo, existem outros programas que permitem estudar ou trabalhar no estrangeiro e facilitam a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Estão contidos nos que oferecem estágios remunerados o programa InovContacto, Agência de Inovação (ADI), a AIESEC Out e instituições e orgãos da União Europeia. Com estágios gratuitos existem o The International Association for the Exchange of Students for Technical Experience (IAESTE) e ainda o CCUSA.
é importante “conhecer como é que os parceiros internacionais se desenvolvem” nessa área de organização. Chegam a este evento mais de 60 participantes, docentes e membros ‘staff’, oriundos de 16 países diferentes para representar mais de 50 instituições internacionais. As expetativas, para a organizadora, passam por “proporcionar oportunidades de discussão de problemáticas comuns” e acrescenta que espera que se criem “eixos de aproximação entre todas as instituições envolvidas”.
Coimbra respira Erasmus
Estudantes Erasmus não podem ser Turistas 2.0
O IPC acolhe durante esta semana, de 25 a 29 de maio, a edição pioneira do evento 1st ERASMUS+ Global Week, um encontro que tem como objetivo “solidificar relações do IPC com instituições parceiras internacionais”, explica Neide Martinho, membro da comissão organizadora, “bem como atrair potenciais novos parceiros”. A decisão de criar um evento desta natureza prende-se, para além da partilha de experiências dos docentes a nível do Ensino Superior, com um maior envolvimento dos membros do ‘staff’. Para o Presidente do IPC, estes são uma das “principais razões” pelas quais organizaram este evento, pois “são quem dá o apoio e que estão por trás de todo o tipo de mobilidade” e
Há quem tenha ido e nunca mais voltou, há quem tenha voltado e não ficou igual. Félix Ribeiro, antigo estudante do Mestrado de Comunicação e Jornalismo da UC, frequentou o programa de mobilidade Almeida Garrett e, na partilha da sua experiência, confessa que com este projeto se tornou “um profissional melhor”. Apesar de este programa contemplar um intercâmbio a nível nacional, Félix Ribeiro destaca duas dimensões que considera importantes na sua experiência: “a oportunidade de sair do contexto de estudos normal” e o acesso a “uma aprendizagem de diferentes modelos de ensino e organização de faculdades”. O antigo estudante da
UC compartilha as vantagens que este programa espelhou na sua vida, tornando-o “mais eficaz, útil e conhecedor de mais temas”. Guilherme Queiroz, antigo estudante da Faculdade de Medicina da UC, ingressou na aventura para Barcelona. Na sua opinião, quem embarca no programa Erasmus não pode ser considerado “uma espécie de turista 2.0” que “não se mistura com a dimensão já existente, onde só se fala a língua universal inglês, onde se vai aos mesmos sítios de sempre, onde se embarca nos programas pré-projetados das empresas que à custa disso vivem, onde se assume a conquista de um sítio sem o conhecer, à revelia dos que a ele, de facto, pertencem”. Para Guilherme Queiroz, só na realidade internacional é que conseguiu aprender, verdadeiramente, as práticas de qualidade na área de profissionalização. A nível pessoal, aprendeu a “ambicionar e a não ser precário” e que “as pessoas devem trabalhar para viver e não viver para trabalhar”. Para finalizar, o antigo estudante considera “importante” o conceito de mobilidade porque “coloca a pessoa numa outra perspetiva do mundo, a viver outro sistema, cultura e história” e obriga a pessoa mobilizada a criar “capacidades de socialização e de desenrascanço”, conclui.
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ENSINO SUPERIOR ASSEMBLEIA DE REVISÃO DOS ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA
Discussão pública até final de setembro RAFAELA CARVALHO
Após a criação das cinco comissões especializadas, existem já algumas ideias concertadas. A discussão pública arrancou a 20 de maio, mas sócios ainda não podem participar Sandro Raimundo O período de discussão pública definido pela Assembleia de Revisão dos Estatutos da Associação Académica de Coimbra (ARE/AAC) teve início a 20 de maio e estende-se até 30 de setembro de 2015. Até lá, todas as propostas e sugestões enviadas por sócios, efetivos e não efetivos da associação académica, serão apresentadas
a plenário e discutidas. No entanto, apesar de constar em Regimento Interno da ARE que a publicitação do período de discussão deve ser feita “através dos meios de comunicação social, dos Núcleos de Estudantes, da publicação no site oficial da AAC e da afixação de edital na porta do edifício da AAC e nos locais de estilo das faculdades”, até ao momento ainda não é possível aos sócios enviar as suas propostas de alteração. Segundo a Presidente da Mesa do Plenário da ARE, Rita Andrade, ainda faltam agilizar alguns pormenores como a criação de um email para recepção das sugestões. Porém, a presidente garante que a informação será afixada nos locais estipulados “ainda esta semana”. Luís Lobo, relator da comissão de Generalidades, Sócios, ARE e Disposições transitórias, apela a que os sócios “leiam os estatutos e façam chegar
propostas”, pois a participação de todos é “muito importante”. Já Flávio Tribuna, relator da comissão de Eleições, admite que as suas expectativas não são positivas e prevê pouca participação por parte da generalidade dos estudantes. Ainda assim, promete “procurar sempre entrar em contacto com os estudantes e ser porta-voz das suas opiniões”. No segundo plenário da ARE, realizado no dia 18, foi estabelecida a criação de cinco comissões especializadas. Cabe a estas a elaboração de sumários fundamentados, sobre as suas áreas de competência, que serão posteriormente remetidos a plenário para serem submetidos a aprovação. As comissões são constituídas por um mínimo de cinco delegados, sendo um deles o relator - que preside as reuniões e elabora os sumários fundamentados - e outro que tem como função ser o secretário da comissão e
ao qual compete elaborar as atas. As comissões estão divididas por áreas especializadas: Generalidades, Sócios, ARE, Disposições transitórias; Órgãos e Estruturas; Núcleos; Secções e Queima das Fitas; e, por último, Eleições.
Comissões empenhadas
Apesar de ainda não terem reunido, há comissões que já têm ideias prontas a apresentar. João André Oliveira, relator da comissão das Secções e Queima das Fitas, apresenta algumas propostas concretas em matéria de secções. “Tenho intenção de perceber como é que se pode melhorar a nível de funcionamento interno”, explica João André Oliveira, que após ter travado diálogo com as secções culturais soube que muitas “têm dificuldade em garantir o número de sócios efectivos que são necessários para as direcções”. Na sua opinião é, portanto, necessário “estudar se se
poderá reduzir a percentagem” atualmente instituída. Para Luís Lobo, a sua comissão vai ter como ponto mais importante a “discussão dos procedimentos sancionatórios”, em que estão presentes também as sanções do Conselho Fiscal. João André Oliveira, considera neste mesmo ponto, que existe muita coisa que pode ser feita e faz questão de “estar envolvido na discussão”. Flávio Tribuna, também membro do Conselho Fiscal, acredita que a sua experiência possa valer no exercício das suas funções. Quanto ao trabalho a realizar a nível dos núcleos de estudantes, Bernardo Nogueira, relator da comissão responsável,diz que “há vários procedimentos nos núcleos que têm de ser alterados”, remata sem entrar em pormenores. Para João André Oliveira, a estratégia de ir ao encontro dos sócios “é fundamental para a compreensão da realidade dos seus problemas”.
Revisão do regulamento de bolsas espera veredito do governo Propostas dos estudantes foram destacadas pelo governo, mas não é certo que o regulamento seja aprovado até ao fim do mês, como definia o prazo inicialmente avançado Vasco Sampaio O trabalho da comissão de revisão do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior (RABEEES), terminou a 30 de abril, quando as suas propostas foram apresentadas ao governo, do qual se espera agora uma resposta. Como tem vindo a ser noticiado em
edições anteriores do Jornal A Cabra, a proposta de revisão partiu de uma comissão composta por representantes de várias entidades. Entre essas entidades estão o gabinete do Secretário de Estado do Ensino Superior, o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, a Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado, a Direção Geral do Ensino Superior (DGES) e o movimento associativo estudantil. Apesar de ainda não ter apresentado uma decisão oficial sobre as 22 propostas, o governo destacou já algumas delas, entre as quais o aumento do limiar de elegibilidade, que alarga o universo de candidatos abrangidos, e a exigência da realização de 36 ECTS, ao invés de 60 por cento dos créditos em que o estudante está inscrito, para que quem se inscreve a mais do que 60 ECTS –
o valor mínimo por ano – não seja prejudicado. As restantes propostas destacadas passaram, também, pelo aumento do número de prestações de alojamento, pela disponibilização, no site da DGES, dos principais motivos de indeferimento de pedidos de bolsas e pela estabilização de um dia fixo para o pagamento destes apoios aos estudantes. Muitas destas propostas, segundo indica o presidente da Federação Académica do Porto Daniel Freitas, foram apresentadas no Encontro Nacional de Dirigentes Associativos (ENDA) antes de serem expostas na Comissão de Revisão do RABEEES. O estudante considera importante que as propostas destacadas pelo governo tenham ido ao encontro do que o movimento associativo estudantil havia sugerido, também porque “muitas estavam em concordância com as questões apre-
sentadas pelas outras entidades”, assegura. Contudo, o trabalho da Comissão pautou-se também pela negociação de opções que cumprissem o despacho da própria comissão. Isto porque “ela à partida estava condicionada pelo aumento não muito significativo da despesa do Estado”, explica o presidente da Federação Nacional de Associação de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP) Daniel Monteiro, razão pela qual “não se cumpriram todos os objectivos”. “Nós propunhamos substituir a contabilização dos rendimentos brutos do agregado familiar pelos rendimentos líquidos” – continua Daniel Monteiro -, mas tal não foi possível. Ainda assim, com as medidas propostas, “a despesa do Estado irá sofrer um aumento na ordem dos cinco ou seis milhões de euros” ao introduzir aproximadamen-
te 5000 novos estudantes no sistema de ação social. Também o presidente da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) Bruno Matias, indica algumas alterações propostas no ENDA que a AAC apoiou. Uma delas passava pela redução do aproveitamento escolar mínimo para “50 por cento no primeiro ano, que é onde existe maior insucesso”. O presidente da DG/AAC reforça ainda a importância do aumento do financiamento para a ação social, que contribuiu para um balanço “não extraordinário, mas positivo” da alteração do RABEEES. O objetivo da comissão era o de que o novo regulamento fosse apresentado rapidamente, visto que estas alterações serão introduzidas já no próximo ano lectivo. Todavia, ainda não é certo que o novo RABEEES seja apresentado antes do fim do mês de maio.
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CULTURA
Percorrer a memória das repúblicas para perpetuar a sua história RAFAELA CARVALHO
Plataforma digital pretende arquivar espólio disperso acerca das repúblicas de Coimbra. O principal objetivo é preservar a memória, mas também mostrar um pouco mais do seu passado e presente Cátia Cavaleiro Inês Duarte O Projecto R consiste num arquivo digital da história das repúblicas de Coimbra. Nuno Miguel Neves, fundador do projeto, descreve-o como uma “reunião numa mesma plataforma de toda a informação acerca das repúblicas, que se encontra fragmentada”. Esta dispersão de informação foi um dos motores do projeto. Ao ler acerca das repúblicas, entre livros e documentos, Mário André Carvalhal, arquiteto e cofundador do projeto, apercebeu-se que “o grosso da informação estava espalhada ou inacessível” e que “alguns documentos citavam umas fontes, outros citavam outras”. Assim, tornou-se necessário aglomerar toda esta informação numa só plataforma. Para os fundadores, existem vários objetivos com a criação desta plataforma. Dada a antiguidade de alguns arquivos das repúblicas, torna-se necessário “preservá-los para que não se percam”, segundo Nuno Miguel Neves. Até porque, de acordo com Mário André Carvalhal, trata-se de “um património imaterial”. No entanto, o Projecto R não se faz só de história, RAFAELA CARVALHO
A INICIATIVA É UMA FORMA DE “INCENTIVAR AS CASAS A PEGAR EM TODO O ESPÓLIO QUE TÊM” E A “ORGANIZÁ-LO”, AFIRMA CLÁUDIA TIRONE DA REPÚBLICA PRÁ-KYS-TÃO com a atualidade a assumir também um caráter premente. “É uma preservação necessária, dadas algumas ameaças que neste momento existem contra as repúblicas, nomeadamente o novo regime da lei do arrendamento urbano”, declara Nuno Miguel Neves. O facto de existirem repúblicas em vias de extinção, como a República da Praça, confere um cariz de urgência na preservação de “algumas memórias antes que elas desapareçam”, afirma o fundador. O projeto também pretende, segundo Nuno Miguel Neves, ser “uma outra forma de ter as casas abertas ao público, de convidar as pessoas a irem até às repúblicas e a conhecerem a sua história, passado e presente”.
Ao encontro das repúblicas
O arquivo digital das repúblicas insere-se na XVII Semana Cultural da Universidade de Coimbra. Acerca disto, Nuno Miguel Neves afirma que “o projeto é, de facto, o encontro de muitas coisas”, o que o interliga ao tema da presente edição da Semana Cultural: “Tempo de Encontro(s)”. O fundador acrescenta que “é um encontro das repúblicas com a cidade e com o mundo”, através do digital, mas também das repúblicas “com a sua própria história”. O avanço do projeto apresentou algumas dificuldades, como alguns artigos que não se encontravam identificados de maneira correta. No caso
de fotografias sem data, uma situação comum, Mário Carvalhal afirma que nessas situações é necessário “tentar perceber quem está na fotografia” e “em quantas fotografias datadas é que as pessoas aparecem”. O arquiteto explica que tenta estabelecer-se o “intervalo temporal de cada elemento”, para que assim os objetos lançados na plataforma sejam percetíveis. Outra questão prende-se com os “graus de conservação e organização” dos artigos, refere. Apesar de indispensável, Mário Carvalhal admite ser “necessário ter algum tempo para começar a relacionar artigos”. Quanto à organização dos arquivos históricos que se encontram nas
repúblicas, Cláudia Tirone, membro da Real República Prá-Kys-Tão, uma das repúblicas incluída no projeto, acredita que a iniciativa é uma forma de “incentivar as casas a pegar em todo o espólio que têm” e “organizá-lo pela primeira vez”. Outra vantagem é a criação de “uma plataforma em que se pode realmente mostrar a história das repúblicas e dar uma dimensão histórica” aos eventos realizados pelas repúblicas ao longo do tempo, acrescenta. Até ao fecho da presente edição não foi possível entrar em contacto com nenhum membro da Real República Rás Te Parta, também inserida na iniciativa Projecto R.
O jazz ainda é vivo e não tem nada a esconder O festival Encontros Internacionais de Jazz volta a mostrar em Coimbra que o estilo ainda efervesce,quer demarcar-se pela diferença e atrair novos públicos Sofia Lima De 28 a 31 de maio, o jazz sai à rua. O festival Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra, organizado pelo Jazz ao Centro Clube (JACC), realiza a sua 13ª edição. A linha seguida este ano não difere das anteriores mas pretende “mostrar o festival e o JACC a mui-
tas pessoas que o desconhecem na cidade”, defende o diretor do JACC, José Miguel Pereira. Os artistas vão “passear” um pouco por toda a cidade, numa tentativa de aproximar o público ao jazz e ao património histórico. O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha e o Museu Nacional Machado de Castro são dois exemplos de espaços onde vai ser possível ouvir novos sons produzidos através desta matéria-prima. “Proporcionar experiências singulares em locais muito ricos da cidade” é um fator de atração, refere José Miguel Pereira. Hernâni Faustino, contrabaixista e amigo de longa data do JACC, assegura que é visível um “lado festivaleiro, no verdadeiro sentido da palavra”, que não existe noutro sítio. O músico atua sábado com o grupo Elliot Levin’s Lisbon Connection na
Casa das Artes Bissaya Barreto. O talento português está na ribalta, em noites que “prometem ser fortíssimas”, afirma o diretor. Destaca-se o quarteto de Mário Barreiros, no Salão Brazil, e o lançamento do disco da trompetista Susana Santos Silva ,no Teatro Académico Gil Vicente. Nas palavras do diretor, o festival “permitiu que uma série de pessoas se unisse em torno do jazz, com o objetivo de o promover e divulgar”, o que deu origem ao JACC. Ao longo de 12 anos de JACC e 13 edições do evento, esta continua a ser a principal meta. Este ano é esperado um “acréscimo de pelo menos dez por cento” de visitantes, revela. Fruto desta associação, destaca-se a editora JACC Records que vai lançar três discos no decorrer do festival e gravar as noites de sexta e sábado para uma futura edição discográfica.
Nas palavras do diretor, pretende-se apresentar o jazz como uma “música viva, sem grandes artifícios”. Desde a primeira edição do evento que o JACC propõe artistas que se distinguem pela novidade e frescura. “A escolha de não trazer os grandes nomes é consciente”, refere o diretor. Este garante que o festival mantém um “lugar de destaque”, tendo em conta o orçamento de 25 mil euros, inferior a outros eventos nacionais de maior dimensão e com uma “abordagem e estética semelhantes”. O diretor deixa ainda um alerta para a “enorme dificuldade em mostrar trabalhos ao vivo”, advogando que a procura é pouca e que não há espaço para o jazz nos ‘media’. “A música é cada vez melhor e há cada vez mais músicos a compor e tocar muito bem” sem ter “visibilidade”, conclui o diretor.
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CULTURA CATARINA CARVALHO
Associações culturais reagem a apoios da Câmara Inês Duarte Vasco Sampaio
Feira Cultural mistura livros, comida e artesanato A Feira Cultural de 2015 reflete várias áreas culturais e engloba também a Feira do Livro. Críticas apontam falta de espaço adequado e o público do evento ser “desmotivado para o livro” Inês Duarte A segunda edição da Feira Cultural de Coimbra inicia-se no próximo dia 30 de maio e prolonga-se até 7 de junho. Uma iniciativa que aglomera várias valências culturais, como artesanato, música e gastronomia; a estas artes junta-se ainda a Feira do Livro. Para a vereadora da cultura da Câmara Municipal de Coimbra (CMC),
Carina Gomes, a Feira Cultural “é sobretudo uma nova forma de encarar um evento que não estava a ser suficientemente aproveitado em Coimbra”, a Feira do Livro. Carina Gomes afirma que é “uma nova forma de encarar o livro, a leitura, a sua promoção e gosto”, ao mesmo tempo que se adiciona “uma série de outros fatores de atração”. Em contrapartida, Elsa Ligeiro, responsável pela editora Alma Azul, declara que “aglutinar a Feira do Livro a uma feira desta dimensão, de artesanato e de comes e bebes, é o pior que podem fazer para a realização e revitalização do livro em Coimbra”. “A Feira do Livro deve ser fomentada como um espaço agradável, em que as pessoas vão desfrutar de algum tempo de lazer, mas é uma coisa séria”, afirma a responsável pela Alma Azul. Elsa Ligeiro acrescenta ainda que a junção da Feira do Livro com outras valências culturais “pode tra-
zer mais público, mas será um público completamente desmotivado para a leitura e sobretudo sem condições, sem espaço físico para que essa relação com os livros se processe da melhor das maneiras”. No entanto, Carina Gomes considera que é “completamente falso que, por estarem outras valências, o público dos livros deixe de ir aos livros”. A vereadora da cultura refere ainda que “talvez haja mais pessoas que, só havendo o livro, não iriam”, até porque “o número de expositores da área do livro aumentou significativamente”.
Poesia “à lá carte” e músicas religiosas
Para além dos expositores de livros da editora Alma Azul, a Feira Cultural conta ainda, entre outras participações, com a presença da Cooperativa Bonifrates e do Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC). João Maria André, diretor
da Bonifrates, revela que vão “andar no espaço público do Parque Dr. Manuel Braga com duas estantes-carrinho cheias de poemas”, uns para adultos, outros para crianças, uma iniciativa chamada Feira dos Poetas. Quem se cruze com a iniciativa poderá escolher um poema e um ator da Bonifrates recita-o. “Poesia ‘à lá carte’”, como lhe chama João Maria André. O diretor da Bonifrates confessa estar convencido de que vai ser uma maneira “de trazer a poesia para a praça pública de uma forma muito pessoal e muito personalizada”. Já o GEFAC vai apresentar “músicas de cariz religioso identitárias de vários pontos do país”, diz Alexandre Barros, coordenador da Tocata. Acerca do evento em si, João Maria André diz que se deve olhar para a iniciativa “com todo o apreço” e congratular-se por se conseguir realizar o evento em si e “envolver tantos agentes culturais”. Com Vasco Sampaio
Thíasos leva “rãs hilariantes” a palco O grupo da Faculdade de Letras recria “As Rãs” de Aristófanes numa peça que conta a história de dois poetas através de humor e crítica social Mariana Azevedo O Teatro Académico Gil Vicente abre as cortinas para a peça de teatro “As Rãs” de Aristófanes, no dia 16 de junho. Encenada pela Associação Cul-
tural Thíasos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), esta é uma peça em que, segundo Ricardo Acácio, encenador do espetáculo, “rir é quase obrigatório”. Na peça, Dionísio, o deus do vinho, decide ir ao Inferno resgatar o tragediógrafo Eurípedes porque pensa que não há poetas trágicos tão bons quanto ele. Contudo, “acontece uma série de peripécias” quando este decide disfarçar-se de “um Hércules gordo, de boxers e a beber um jarro de vinho“, afirma o encenador, o que desconstrói quase por completo a imagem que as pessoas têm do herói grego. Entretanto, num plano ao lado e quase abafadas
pelos vários personagens em palco, “As Rãs” cantam durante toda a peça. Entre discussões e gargalhadas, a crítica também tem o seu protagonismo. Iolanda Mendes, presidente do Thíasos, conta que há questões quotidianas que se conseguem ver na peça e associar ao “que se está a passar no país”. O encenador confessa que foi “difícil fazer a parte final mais cómica que o início”. Contudo, Ricardo Acácio tentou “manter uma espécie de equilíbrio durante toda a peça”. Daniela Proença, atriz que veste o papel de estalajadeira de serviço, considera que a peça teatral “é divertida não só para o público, mas também para os atores”.
A importância das obras clássicas na sociedade também foi posta em cena e a adaptação das mesmas à atualidade é um dos objetivos. “Se existe uma piada que na altura fazia sentido, vamos arranjar uma piada de hoje em dia que faça sentido para o público”, afirma Iolanda Mendes, que afirma ainda que a peça é feita para todos as audiências. A Associação Cultural Thíasos, enquanto “grupo de teatro que está conectado com uma associação cultural” tenta sempre “fazer pequenas coisas, seja um recital de poesia, ou uma dramatização de um texto”, elucida Iolanda Mendes.
Em 2015, o valor do apoio financeiro atribuído pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) ao associativismo cultural para atividade permanente foi de 502 500 euros. O maior valor foi atribuído à Orquestra Clássica do Centro, 175 000 euros. Outras apoiadas são a Cooperativa Bonifrates, o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), o Jazz Ao Centro Clube e o Ateneu de Coimbra, associações cujos representantes apontam algumas críticas ao processo de financiamento. Carlos Antunes, diretor do CAPC, declara que não considera que os critérios de financiamento fossem pouco transparentes, mas que “os critérios políticos se sobrepuseram aos critérios técnicos”. João Maria André, presidente da Bonifrates, afirma ser “muito estranho que não haja um único critério que avalie a qualidade artística destes projetos”. A vereadora da cultura da CMC, Carina Gomes, declara que “havia critérios de qualidade, mas, acima de tudo, havia critérios de interesse público municipal”. Os critérios podem ser consultados no sítio da CMC, no edital número 8 PR de 2015. Quanto aos apoios em específico, a maioria das associações afirma que estes não vão afetar gravemente a sua programação cultural e que permitem a sua continuidade. Filipa Alves, diretora da Casa da Esquina, afirma que ambicionava “ter mais algum apoio”, mas que agradece o valor atribuído. “É um montante justo e adequado às nossas necessidades”, afirma Andreia Jesus, presidente das Mondeguinas. Ainda assim, Carina Gomes confessa que “o apoio nunca é suficiente” e que a CMC gostaria de “conseguir conceder o dobro ou o triplo, porque as associações têm feito um trabalho meritório”. INÊS DUARTE
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DESPORTO CAMPEONATOS NACIONAIS UNIVERSITÁRIOS INDIVIDUAIS 2015
Três medalhas de ouro para a AAC
FOTO GENTILMENTE CEDIDA POR JOÃO CAROCHA
MARIANA RODRIGUES EM TÉNIS DE MESA, MIGUEL PINTO EM BADMINTON E ANDRÉ CAIADO EM TÉNIS SÃO OS TRÊS ATLETAS DA AAC MEDALHADOS A OURO NOS CNU INDIVIDUAIS 2015
Badminton, ténis e ténis de mesa foram as modalidades individuais em que a Associação Académica de Coimbra arrecadou três medalhas de ouro em Vila Real e em Évora Paulo Sérgio Santos Claudia Carvalho Silva Nos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU) individuais concentrados, que decorreram de 11 a 13 de maio em Vila Real, competiram a nível individual cerca de 150 atletas estudantes. Entre eles, e em representação da Associação Académica
de Coimbra (AAC), Mariana Rodrigues, em ténis de mesa, e Miguel Pinto, em badminton, conquistaram o ouro. Em Évora, também inserida nos CNU Individuais, André Caiado recebeu a medalha de ouro na modalidade de ténis. João Carocha, Vice-Presidente da Direcção-Geral da AAC e responsável pela área do Desporto, faz um “balanço extremamente positivo”. Todavia, o responsável associativo refere que tudo o que fica abaixo do ouro, “para uma associação que foi três vezes a melhor universidade no desporto universitário europeu, é mau”. Nas seis provas realizadas em Vila Real, a Universidade do Porto foi a equipa mais premiada (com nove medalhas), deixando a AAC em terceiro lugar com três medalhas arrecadadas. O número mais baixo pode ser justificado por a AAC não ter levado atletas para todas as
modalidades a concurso. “Podíamos ter participado com xadrez ou kickboxing mas participámos de acordo com a disponibilidade dos atletas”, afirma João Carocha. A terceira medalha foi conquistada por Ana Rita Amaral Dias, que ficou com o bronze na modalidade de badminton. Mariana Gonçalves não estava à espera de ficar em primeiro lugar na modalidade de ténis de mesa. Refere que os campeonatos “foram no dia seguinte ao Cortejo da Queima” e teve de “acordar às seis da manhã”, daí que o resultado obtido tenha sido “muito positivo e o sentimento de gratificação seja grande”. Refere, ainda, que a final foi renhida pois a adversária é sua colega de equipa no Porto e o confronto “não foi fácil”.
Mariana Gonçalves refere que sentiu bastante apoio e que “até foi a própria associação” que a procurou e ajudou em tudo, “o que não acontecera em anos transatos”. Já Miguel Pinto menciona que sempre considerou, “pelo menos a nível universitário, que a Académica conseguia dar o apoio necessário aos seus atletas”, ao elogiar a equipa que os levou, a estrutura da competição e o ambiente em Vila Real. João Carocha sublinha que têm feito “todos os esforços para que não haja falta de equipamentos” e para “garantir inscrição, alojamento e alimentação”, e conclui que em termos de organização “tudo tem corrido lindamente”.
Boas condições dadas pela AAC
João Carocha vê o desporto na academia como tendo “uma importância colossal” e considera que uma pessoa que “seja ao mesmo tempo atleta e
Este ano, a organização das provas e da AAC tem sido bastante elogiada.
Importância do desporto universitário
estudante” terá a segurança de poder exercer a profissão de acordo com o curso que tirou, caso deixe de ser atleta. No entanto, Miguel Pinto diz que o desporto é, para si, “uma motivação durante o período em que estudar”, enquanto Mariana Gonçalves, oriunda do arquipélago da Madeira, vê o desporto como “uma forma de o estudante não se sentir isolado quando entra na faculdade”, já que a vida académica pode ser complicada. João Carocha salienta que “as competições ainda não terminaram” mas que se sentem confiantes para o futuro. A AAC vai ainda competir em futebol de 7 feminino e, pela primeira vez, em voleibol de praia com dois atletas da Académica, naquela que pode ser uma das disputas mais competitivas já que existem equipas de outras universidades “que participam nos europeus e nos mundiais e que integram a seleção nacional”, refere o dirigente.
Secção de Natação organiza prova internacional RAFAELA CARVALHO
Meeting internacional de natação fecha o mês de maio. Prova conta ainda com participação de atletas paraolímpicos e inclui workshops sobre treinos Paulo Sérgio Santos É nos próximos dias 30 e 31 de maio que decorre o VIII Meeting Internacional Cidade de Coimbra/XXVII Torneio Internacional da Queima das Fitas, uma das provas mais conceituadas
do calendário nacional de natação, no Centro Olímpico de Piscinas Municipais. O evento é organizado conjuntamente pela Secção de Natação da Associação Académica de Coimbra (SN/AAC) e pela Câmara Municipal de Coimbra. Para o presidente da SN/AAC, Miguel Abrantes, a sua importância estende-se ao panorama internacional, dado tratar-se de um “dos últimos meetings em que será permitida a obtenção de marcas mínimas para participação nos Jogos Olímpicos e também nos Mundiais de Kazan”, na Rússia, que decorrem em agosto. Com as inscrições já fechadas, o presidente da SN/AAC começa por sublinhar o acréscimo no número de participações, “de 46 em 2014 para
69 este ano”, entre clubes e seleções. Para além da presença da seleção portuguesa, o destaque vai para Ari-Pekka Liukkonen, “um finlandês que acabou de conquistar o terceiro lugar nos 50 metros livres na Taça do Mundo e que é um excelente velocista”, descreve Miguel Abrantes. A Federação Internacional de Natação (FINA) enviou atletas do Irão, Quirguistão, Arménia e Ilhas Maurícias, e há ainda a salientar a comparência de uma equipa holandesa e de duas equipas espanholas. A SN/AAC vai igualmente participar com os seus atletas. Num meeting que tem um programa olímpico, com o sistema de eliminatórias de manhã e finais à tarde, o presidente da SN/ AAC adianta que o objetivo é “conseguir chegar aos pódios, em especial
nas provas curtas, onde a secção tem atletas de topo, e estar presente no máximo de finais possível”. A prova conta ainda com duas novidades. A primeira é a inclusão de “três atletas paraolímpicos surdos, que vão tentar obter mínimos para os Mundiais de Natação para surdos”, que se vão realizar em San Antonio, no Texas, adianta Miguel Abrantes. A segunda novidade prende-se com a nova legislação, que obriga os treinadores a arranjar créditos para manterem a cédula profissional. Nesse sentido, durante o meeting vão decorrer dois ‘workshops’, “um sobre o treino de fundistas e outro onde vai estar um treinador holandês a falar sobre a filosofia holandesa no treino de velocidade”, conclui.
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DESPORTO Bruno Ferreira À beira de completar 30 anos, Bruno Ferreira entra definitivamente para a história da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra ao assegurar o título de campeão da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Coimbra, e a consequente subida ao CNS. Natural de Coja, enquanto treinador conta com passagens pelas camadas jovens do Tourizense e do Arganil, e pelos seniores do Arganil, Pampilhosense, S. Pedro Alva e Desp. Lagares. A ficar, será um dos trunfos para assegurar a manutenção.
T
29 anos 21V 6E 3D 67-28 em golos
Quando ainda resta um jogo, e um troféu, para terminar a época, já se pode dizer que 2015 foi um ano de sucesso para a Académica-SF. A comemorar a subida ao Campeonato Nacional de Seniores, depois do primeiro lugar na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Coimbra, é tempo de começar a preparar a próxima época. O objetivo passa agora por manter os jogadores que se destacaram e reforçar posições deficitárias, bem como definir duas questões essenciais: mantém-se o Estádio Universitário de Coimbra como casa da Secção de Futebol e o treinador campeão continua? Por Paulo Sérgio Santos
Sérgio Garcês
Eduardo Seixas
João Pereira
Reforço proveniente do Mortágua, o ala ambidestro trouxe à Académica-SF experiência da antiga III Divisão. Com 13 golos marcados ao longo de 29 jogos, foi praticamente totalista no onze escalado por Bruno Ferreira, numa tática que favoreceu as suas características e posicionamento em campo. Numa época que foi a mais produtiva da sua carreira, a massa adepta da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra certamente esperará uma repetição das estatísticas de 2014/15 no CNS.
O jovem médio foi o principal destaque da equipa que assegurou uma subida histórica, à custa dos 16 golos marcados. Com formação totalmente feita na cidade de Coimbra, na Académica/OAF e, a partir do segundo ano de iniciado, na Académica-SF, Eduardo Seixas estreou-se na equipa principal na época passada, ainda com idade de júnior. É um dos jogadores a quem se adivinha um futuro promissor, caso consiga manter a regularidade e o nível exibicional noutros patamares competitivos.
Numa época em que evidenciou a sua polivalência em campo, atuando algumas vezes a central, o capitão da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra demonstrou uma vez mais a sua importância e o porquê de envergar a braçadeira. Longe dos oito golos de 2012-13, o médio ficou-se pelos três. Todavia, espera-se que continue a ser um dos esteios da formação coimbrã na época de estreia no Campeonato Nacional de Seniores, passando a mística aos reforços que chegarem.
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20
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27 anos Ala direito/esquerdo 29J/13G 2469 minutos
19 anos Médio (centro) 25J/16G 1973 minutos
SECÇÃO DE FUTEBOL DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA
Depois do título, a Supertaça? “P ara nós ainda não acabou a época”. É assim que João Pereira, médio e capitão da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra (Académica-SF), caracteriza o momento. A presença no próximo jogo, a Supertaça da Associação de Futebol de Coimbra (AFC), foi garantida pelo primeiro lugar na Divisão de Honra, numa época que Bruno Ferreira, treinador da Académica-SF, classifica como “histórica”. O título de campeão assegura, assim, o direito a participar no Campeonato Nacional de Seniores (CNS) em 2015/16. “Quando planificámos a época, pensámos ficar nos quatro, cinco primeiros lugares e acabámos a época em primeiro, foi extremamente positivo”, começa por afirmar Rui Pita, presidente da Académica-SF e antigo avançado da secção, que aproveita para acrescentar que “esse objetivo nunca foi delineado de forma clara”. Apesar da postura sóbria da direção, para Bruno Ferreira a meta era clara desde o arranque da temporada: subir de divisão. “Desde o primeiro dia, a 20 de agosto, sempre foi isso que eu quis incutir nos meus atletas”, explica.
O momento-chave
O treinador e o capitão são unânimes na eleição do primeiro jogo da segunda volta, contra a equipa B da Académica/Organismo Autónomo de Futebol (OAF), treinada à data por José Viterbo, como fundamental. A 1 de fevereiro, no Campo da Pedru-
lha, a Académica-SF perde por 3-1 a 25 minutos do final. Bruno Ferreira é claro ao confidenciar que “atirei a toalha ao chão, internamente”. Contudo, dois golos de Seixas e um de Garcês viram a contenda e colocam o marcador final em 3-4. “Foi quando percebemos, efetivamente, que afinal tínhamos aqui um grupo que podia lutar pela conquista do título”, transmite João Pereira. O principal adversário foi o União F.C., de Penacova. “Duas equipas que não se assumem como candidatas e que lutaram até às últimas três jornadas pelo título”, evidencia Bruno Ferreira. No entender de João Pereira, as dificuldades passaram também pelos confrontos e pela regularidade de mais quatro equipas, “o Penelense e o Carapinheirense, na primeira volta, às quais se juntaram na segunda o Febres e a Académica/OAF.”
Destaques e futuro
Ao longo de uma época de 30 jogos, fora o jogo da primeira eliminatória da Taça da AFC, estiveram em evidência vários jogadores. Eduardo Seixas, sénior de primeiro ano mas a cumprir a sua segunda época na equipa principal da Académica-SF, foi o principal destaque, ao apontar 16 golos no campeonato, segundo estatísticas do sítio foradejogo.net. Bruno Ferreira é da opinião que “um atleta que se evidencia a fazer golos é sempre uma referência e o Eduardo Seixas merece uma oportunidade” noutro patamar
competitivo. O capitão da Académica-SF partilha a mesma ideia e acrescenta outros nomes, como Ricardo Bem-Haja, Garcês, Dani Alves, Bruno Simões, Marco Paiva, Brito, Gerardo e João Alves, como importantes para o feito da subida e prontos para outros palcos. 2015/16 marca, então, a presença da Académica-SF no CNS. Para o presidente, o orçamento, que diz apenas respeito às “despesas relativas aos jogos – organização, deslocações, alimentação e material desportivo”, vai aumentar. “As contas das organizações de jogos vão ser superiores e as deslocações são maiores”, justifica. Também o recinto onde vão jogar ainda é uma incógnita. O desejo de continuar no Estádio Universitário de Coimbra existe mas, segundo Rui Pita, “ainda é muito cedo” para se saber. As alternativas podem passar pelo “Santa Cruz, que é possível utilizar no CNS; há ainda o Estádio Sérgio Conceição, que não sabemos se poderíamos lá jogar mas também seria uma opção”, refere. Quanto a reforços, Rui Pita sublinha que “ainda é uma fase muito embrionária” para decisões. Por seu lado, Bruno Ferreira já sabe que “a nível defensivo, gostava de reforçar com um central; a nível ofensivo, precisava de dois alas, porque a época acabou sem dois atletas que saíram por motivos profissionais. E um ponta de lança”. Contudo, a grande questão é mesmo a permanência do treinador: “dou prioridade, sem dúvida nenhuma, ao clube
que me levou a subir de divisão mas é óbvio que também quero dar as melhores condições aos meus atletas, o que é fundamental para ter sucesso”. João Pereira é lesto ao dizer que tal pode não ser benéfico, dado que “ao vir um novo treinador, normalmente há uma mudança de treino e dentro de campo, um período de habituação dos jogadores a novas regras”. Incógnitas à parte, todos são unânimes em afirmar que o objetivo passa pela rápida manutenção no CNS e tentar ir o mais longe possível.
26 anos Médio (centro) 21J/3G 1539 minutos
10 | a cabra | 26 de maio de 2015 | Terça-feira
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Projeto de Resolução e petição pedem proibição do uso de herbicida Glifosato INÊS DUARTE
Em Portugal são utilizadas mais de mil toneladas de glifosato, por ano. Partidos e organizações mostram preocupação pelos efeitos nocivos que resultam do seu uso
Herbicida potencia problemas de saúde
Cátia Cavaleiro Sara Pinto No passado dia 30 de abril, o Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) entregou à Assembleia da República um Projeto de Resolução que recomenda ao governo a interdição do uso do glifosato. Por sua vez, a Plataforma Transgénicos Fora (PTF) elaborou a petição online “Proibição do Herbicida Glifosato em Portugal”, cujo propósito é “lançar um alerta nacional para os perigos graves e cientificamente demonstrados do herbicida”, explica Margarida Silva, ativista da PTF e professora na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto (ESB-UCP). “Autarquias sem glifosato” é o nome da iniciativa desenvolvida pela Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus) e pela PTF que tem como objetivo travar o uso do herbicida. Classificado como “carcinogénico provável para o ser humano” pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a substância química comercializada pela multinacional Monsanto apresenta vários riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. A iniciativa pretende alertar as autarquias para as consequências negativas do glifosato e apela “a que as câmaras se comprometam a não utilizarem herbicidas na erradicação em espaço urbano” de ervas daninhas, explica Paulo Andrade, membro da
água”, como refere o Grupo Municipal da Coligação Democrática Unitária na moção apresentada à CMC.
O COMPOSTO É UTILIZADO NA ERRADICAÇÃO DE INFESTANTES ANUAIS E VORAZES NOS JARDINS URBANOS direção do Núcleo Regional da Quercus em Coimbra. Braga, Castelo de Paiva, S. Vicente e Vila Real são os municípios que já aderiram à iniciativa. A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) “já foi contactada”, segundo o membro da direção da Quercus Coimbra, mas ainda não emitiu qualquer resposta. No caso de Vila Real, Susana Santos, técnica superior da autarquia, explica que a alternativa adotada passa por “retirar manualmente todas as
[plantas] infestantes”. Paulo Coelho, deputado na Assembleia Municipal de Coimbra e membro do PEV, enumera outras alternativas, ao referir que em espaços públicos “podem ser utilizadas técnicas mecânicas ou a cobertura do solo”. Em culturas agrícolas e jardins, “pode ser utilizada a sacha, a monda mecânica e a monda térmica”, acrescenta. O glifosato é a denominação do princípio ativo presente no herbicida ‘Roundup’. O composto químico tem
como finalidade “combater infestantes anuais e vivazes em diversas culturas”, explica Paulo Coelho, e é absorvido apenas pelas folhas, pelo que “não tem ação residual, inativando-se em contacto com o solo”. Por outro lado, Margarida Silva afirma que contrariamente ao que se pensava, “o glifosato não é inócuo nem biodegradável”. É utilizado em grande escala em Portugal e na União Europeia, principalmente para fins agrícolas e “na limpeza de vias públicas e linhas de
Em relação aos riscos para a saúde pública, o deputado do PEV refere que a OMS, através da Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro, identificou uma relação entre a exposição ao glifosato e um tipo de cancro do sangue, “o Linfoma não Hodgkin” (LNH). Segundo Margarida Silva, Portugal apresenta “uma taxa de mortalidade por LNH superior à média da União Europeia”. A ativista acrescenta que no nosso país são utilizadas “acima de mil toneladas de glifosato por ano”, sendo o herbicida mais utilizado em território nacional. O contacto com o herbicida induz ainda a “resistência a antibióticos nas bactérias com que entram em contacto”, de acordo com um estudo científico publicado pela Sociedade Americana de Microbiologia, referido por Paulo Coelho. Margarida Silva explica que a perda de eficácia dos antibióticos está a representar um “enorme desafio para a saúde pública” e acrescenta que qualquer químico que torne “os microrganismos patogénicos mais fortes” deve ser interdito. Outros problemas de saúde podem estar relacionados com a exposição a curto e a longo prazo ao glifosato, “embora as evidências ainda sejam preliminares”, de acordo com a docente da ESB-UCP. “Autismo, desequilíbrio da flora intestinal, anomalias morfológicas em esperma, cardiopatias e morte celular” são os exemplos referidos por Margarida Silva. Apesar dos riscos para a saúde pública, os agricultores continuam a usar o herbicida por ser “uma substância eficaz” no controlo de ervas silvestres e ter um “baixo custo monetário”, declara Paulo Coelho. Contactado pelo Jornal A Cabra, o Ministério da Agricultura e do Mar recusou-se a prestar declarações sobre o assunto.
NVIDIA premeia trabalho de computação da FCTUC A “GPU Research Center” é uma distinção que tem como objetivo premiar o trabalho liderado por dois investigadores na área da computação paralela Claudia Carvalho Silva A NVIDIA, a maior fabricante mundial de unidades de processamento gráfico (GPU), ofereceu a distinção “GPU Research Center”
ao Laboratório de Multimédia e Processamento de Sinal, do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). O docente da FCTUC e investigador no Instituto de Telecomunicações, Gabriel Falcão, considera que o reconhecimento é “muito importante” e traz vários benefícios. Uma das vantagens passa pelo “acesso a ferramentas, processadores, hardware, software e todo o tipo de tecnologia” que lhes será facultado antes de entrar no
mercado. Isto vai permitir à equipa “tentar encontrar novas soluções e investigar novas abordagens” em primeira mão, acrescenta o docente. Os principais critérios que ditaram a escolha da NVIDIA foram a análise da qualidade e quantidade de publicações feitas pela Faculdade de Ciências e Tecnologia e pelo Instituto de Telecomunicações em revistas, livros e conferências internacionais. O investigador explica ainda que os GPU “são placas que cabem dentro de um computador normal e que têm chips com milhares de processadores” que
permitem “acelerar o tempo de processamento intensivo”, que é exigido por algumas aplicações. Para Gabriel Falcão, o processo tem aplicações práticas, “nomeadamente na área médica”: permite a melhoria de procedimentos de diagnóstico como “endoscopias, identificação automática de patologias do sistema gastrointestinal” ou sistemas de imagiologia, onde se obtém uma “imagem precisa em tempo real”. Para além da vertente médica, os GPU podem ser úteis em campos como a engenharia ou as finanças, ainda que a fase inicial do projeto se tenha focado “numa
classe de algoritmos corretores de erro”, que permitem uma maior eficácia em sistemas de comunicação de dados. O docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia ressalva que o facto de ser a NVIDIA a atribuir a nomeação de “GPU Research Center” “é muito bom e significativo”, já que se trata “de uma empresa de referência”, que é líder “na área”. A concluir, Gabriel Falcão admite que o trabalho da equipa e a distinção permitem “ganhar uma visibilidade no sentido de competir com as melhores universidades a nível mundial”.
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CIDADE DESCENTRALIZAÇÃO DE SERVIÇOS
Câmaras passam a gerir educação RAFAELA CARVALHO
Governo pretende transferir competências da gestão educativa para a alçada camarária. Autarquia e escolas de Coimbra criticam o processo João Neves Todos os anos, por esta altura, as escolas primárias, básicas e secundárias vivem uma azáfama total. Seja pelas avaliações, exames nacionais ou preparação do próximo ano letivo, os estabelecimentos de ensino não têm mãos a medir. O ano letivo de 2015/2016 pode sofrer uma profunda alteração com a entrada em vigor do Decreto-Lei nº 30/2015, aprovado em Conselho de Ministros de 12 de janeiro e promulgado a 6 de fevereiro. O projeto do governo foi polémico e gerou algum desconforto entre professores e diretores de estabelecimentos de ensino. Entre outras coisas, o decreto-lei, que pretende descentralizar serviços como a educação, vem alterar o funcionamento do Ministério da Educação e Ciência (MEC) e transferir algumas competências para os municípios. Assim, as políticas educativas, a organização pedagógica e administrativa e a gestão de recursos humanos e materiais são algumas das novas valências atribuídas às câmaras municipais. De fora fica, por agora, a gestão de recursos humanos do pessoal docente. Os problemas começam a surgir ainda antes da abertura do ano letivo 2015/2016. Uma das vozes mais críticas à proposta do governo é Manuel Machado, quer enquanto Presidente da Câmara Municipal
POLÍTICAS EDUCATIVAS, ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA E ADMINISTRATIVA E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS PASSAM PARA AS CÂMARAS de Coimbra (CMC), quer como Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, cargo que ocupa desde novembro de 2013. O autarca rejeita o decreto-lei e considera que é um ataque à autonomia das câmaras. “O preâmbulo do decreto fala em descentralização dos serviços mas, na verdade, o que se vai fazer é uma delegação de tarefas”, sustenta Manuel Machado. O líder do executivo municipal não é contra a descentralização dos serviços, pelo contrário, já que critica apenas a forma como o governo descarta responsabilidades de problemas que “não foi capaz de resolver”. Manuel Machado vai mais longe e considera que a delegação
de competências vai transformar os municípios em “meras repartições do serviço central”.
Incerteza nas escolas
Os estabelecimentos de ensino de Coimbra ainda não estão certos de todos os pormenores deste decreto-lei. A diretora do agrupamento de escolas Coimbra Centro, Amélia Loureiro, não vê nem “grandes vantagens nem desvantagens” na proposta do governo. O diretor do agrupamento de escolas Eugénio de Castro, António Couceiro, partilha da mesma opinião porque “não há nada de novo” na proposta. António Couceiro afirma ainda que os estabelecimentos de ensino já desem-
penham indiretamente algumas das competências que o governo pretende descentralizar e considera que é indiferente se trata das questões com “a CMC ou com o MEC”. Amélia Loureiro questiona, todavia, se as verbas a transferir para a CMC estarão disponíveis “atempadamente para fazer face aos problemas” e, então, agilizar os processos burocráticos e de gestão.
Fazer mais com menos
Uma das grandes bandeiras que o governo aplicou no desenvolvimento deste decreto-lei foi o aumento de eficácia e eficiência dos serviços do governo central “sem aumentar a despesa pública do Estado”, como
se pode ler no documento publicado em Diário da República. Manuel Machado não crê que se consiga cumprir mais responsabilidades e mais tarefas com o mesmo número de funcionários e, portanto, sem aumentar a despesa. “O governo quer impor que não haja mais contratações” mas quer que as autarquias desempenhem mais competências. O Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA contactou todos os agrupamentos e escolas secundárias da cidade mas, por indisponibilidade ou impossibilidade dos regulamentos internos, a maioria escusou-se a fazer quaisquer comentários sobre o assunto.
Câmara prevê rentabilização “díficil” do Convento S.Francisco Manuel Machado considera, no entanto, que aproveitando o “potencial turístico da cidade, o Centro de Congressos pode atrair investimento e gerar emprego” João Neves O Centro de Congressos e Espaço Cultural (CCEC) do Convento de São Francisco (CSF) é “um dos maiores ativos culturais do País”. Quem o diz
é o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Manuel Machado, que acrescenta ainda que o CCEC é tão grande como se se “juntasse toda a área coberta da Casa de Serralves, a Cadeia da Relação e dois teatros Tivolis”. Ainda por terminar, o espaço recebeu no passado dia 22 a conferência internacional “Conversas no Convento”, na qual João Aidos, coordenador do projeto do CSF, apresentou o plano estratégico para o CCEC. O projeto para o espaço é diversificado e pode acolher áreas como “exposições, congressos, seminários, conferências e todo o tipo de espetáculos artísticos e produções culturais”, adiantou João Aidos. O CCEC vai estar equipado com
um grande auditório, cuja capacidade é de 1125 pessoas, preparado com caixa de palco e um fosso dedicado a orquestra. A Igreja também fará parte do equipamento e conta com capacidade para 600 pessoas e ainda três estúdios. Para além disso, o CCEC dispõe de espaços exteriores como os claustros do convento, a praça frontal e um pátio interior. Tendo em conta a dimensão do espaço cultural – João Aidos apontou 2300 metros quadrados de área expositiva e 35 mil para salas de reuniões e eventos -, Manuel Machado assegurou aos presentes na conferência e aos agentes culturais da cidade que “o Convento não vai retirar público aos outros espaços culturais nem competir com eles porque são salas diferentes
com escalas diferentes”. O autarca acrescentou que, em Coimbra, “todos têm lugar para introduzir mais cultura” e afirmou que é preciso que haja sabedoria para gerir todos os espaços da “melhor forma e aproveitar todos os recursos disponíveis”. De acordo com o coordenador, o CCEC é um equipamento que pode potencializar “novas dinâmicas urbanas entre todas as partes da cidade: a Alta e a Universidade, a Baixa e a Rua da Sofia e o CSF e Santa Clara”. Contudo, nas palavras do presidente da CMC, a rentabilização do espaço vai ser “difícil” mas, aproveitando o “potencial turístico da cidade, o CCEC pode atrair investimento e gerar emprego”. O reitor da Universidade de Coimbra (UC), João Gabriel Silva, também
esteve presente na sessão de abertura da conferência e adiantou que a “UC aceita o desafio que lhe compete em ajudar a dinamizar o espaço”. O reitor revelou, ainda, que o turismo cultural da UC aumentou 40 por cento em 2014 e que poderiam ser criados esforços para direcionar algum deste fluxo turístico para “a outra margem do rio”. A CMC aponta ao último dia do ano para o término das obras no convento mas não adiantou ainda uma data para a inauguração formal do equipamento. Na sessão de abertura estiveram igualmente o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro Almeida, e o secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, que referiram a importância do espaço do Convento de São Francisco.
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Editorial
CARLA SOFIA MAIA
Quanto mais tarde, pior!
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A Assembleia de Revisão dos Estatutos da Associação Académica de Coimbra (ARE/AAC) já está em funções e teve como uma das suas primeiras ações a definição de um período de discussão pública aberto a todos os sócios da AAC, efetivos e não efetivos. Louve-se a iniciativa de, numa associação em que grande parte dos membros de secções e organismos autónomos não são estudantes, permitir que todos os que são abrangidos pelos estatutos possam dar a sua opinião. Todavia, a discussão pública que teve início a 20 de maio e se prolonga até 30 de setembro parece ainda não ter pernas para andar. Segundo a Presidente da ARE, Rita Andrade, os editais de divulgação não foram colocados nos locais de estilo por que falta acertar algumas questões, entre elas, a criação de uma conta de email para a receção das sugestões. Rita Andrade promete que no decorrer desta semana a questão esteja resolvida. Espera-se que sim dado que, como refere Flávio Tribuna, um dos comissários da ARE, se prevê pouca participação dos estudantes, em especial os menos ligados à AAC. E o cenário pode mesmo ser esse dado que a discussão já começou num pós-queima lotado de frequências, ainda não foi publicitada a poucos dias do final do ano letivo e decorre na sua maioria durante o período de férias. Quanto mais tarde for comunicado aos estudantes a forma como podem participar, pior.
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A discussão já começou num pós-queima lotado de frequências, ainda não foi publicitada a poucos dias do final do ano letivo e decorre na sua maioria durante o período de férias. Quanto mais tarde for comunicado aos estudantes, pior”
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O tema da morte de refugiados no Mediterrâneo já parece desatualizado. Ultimamente, as atenções prendem-se mais com a destruição de Património da Humanidade pelo Estado Islâmico. Mas o estar desatualizado não significa, não significa mesmo, que esteja resolvido. E é isso que preocupa. A par de tantas outras questões sociais, esta é somente mais uma em que a inoperância da União Europeia, em geral, e dos países afetados, em particular, fica explícita. Enquanto numa qualquer cidade situada no imenso território europeu se discutem novas medidas para o problema, por pessoas que não o conhecem, alguma embarcação precária acaba de ficar à deriva. Conseguirão os seus tripulantes ser resgatados ou as correntes levá-los-ão até perto da costa? São seres humanos que fogem de conflitos armados, da fome, da pobreza, da inexistência de alternativas à sua realidade. Há quem defenda que a Europa perdeu o seu rumo, o seu caráter, a sua identidade aglutinadora e decai agora sobre si mesma. É um argumento que se torna cada vez mais complicado de contornar. Passando a uma realidade mais local, é igualmente complicado de contornar o que se passa em matéria cultural em Coimbra. Há um Centro Cultural “difícil” de rentabilizar, caracterização feita pelo próprio presidente da Câmara Municipal. Também ainda não há a revelação de uma data marcada para a sua inauguração formal, embora já receba reuniões camarárias e uma conferência internacional. Onde não há dúvidas é na época histórica da Secção de Futebol da AAC (Académica-SF). Sagraram-se campeões da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Coimbra e garantiram, por essa via, a subida ao Campeonato Nacional de Seniores. O feito, que passará despercebido a muitas pessoas, é de importância proporcional à recente vitória na Taça de Portugal da outra Académica. Em suma, uma época que demonstrou o que a casa vale. Por Rafaela Carvalho e Paulo Sérgio Santos
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Fotografia Catarina Carvalho, Carla Sofia Maia Inês Duarte, Rafaela Carvalho
Colaborou nesta edição Ana Paula Santos, Camila Vidal, Claudia Carvalho Silva, Margarida Mota, Mariana Azevedo, Sara Pinto, Sofia Lima, Vasco Sampaio Colaboradores permanentes Diana Craveiro, Camilo Soldado, Filipe Furtado, João Gaspar, Maria Eduarda Eloy, Teresa Borges Paginação Rafaela Carvalho
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