"A Cabra precisa de amigos"

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30 de Setembro de 2015 Ano XXV Nº 273 Gratuito Depósito Legal nº183245/02 Registo ICS nº116759 Tiragem 2000 exemplares Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A.;

Diretora Inês Duarte Editora Executiva Cátia Cavaleiro Equipa Editorial Sara Pinto,Vasco Sampaio Colaboradores Filipe Furtado, Paulo Sérgio Santos Paginação Rafaela Carvalho

Morada Rua Padre António Vieira, Nº1 - 2ºPiso 3000 - 315 Coimbra

Propriedade Associação Académica de Coimbra Produção Secção de Jornalismo

Agradecimento Reitoria da Universidade de Coimbra

acabra JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

A Cabra precisa de amigos

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EX-LÍBRIS

OBJETIVA

MYTH BUSTERS

SUCEDÊNCIAS

Desde protetores incendiários a uma árvore de Natal que dura o ano inteiro, existem vários símbolos que aconchegam o dia-a-dia

Mais que palavras, o ambiente estranhamente mágico que envolve a redação, em imagens

Passa-se a vida na redação? Só estudantes de Jornalismo e Comunicação podem participar? Estes e outros mitos desvendados.

São as palavras que as chamam, as ocorrências que sucedem dentro de quatro paredes, a ficção e a realidade PUBLICIDADE


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Psycho Goat Qu’est que c’est?

É quase um quarto de história de trabalho entre quatro paredes de uma secção da Associação Académica de Coimbra. Telefonemas, transcrições, entrevistas insólitas e mais de 270 edições que pedem a continuação necessária e, acima de tudo, devida - POR PAULO SÉRGIO SANTOS -

Q

uem já tiver passado pela Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra (SJ/AAC) e tiver participado numa edição d’A Cabra, o Jornal Universitário de Coimbra, sabe da importância da sua existência. Sabe, porventura, explicar o que é. Mas porquê Psycho? São cinco horas da tarde de uma quarta-feira, meio de semana. No segundo andar do edifício da AAC, há quem martele nervosamente um lápis, uma caneta, ou o que estiver mais à mão, na mesa. Suspira-se ao olhar de forma fixa para a caixa de entrada do email ou para o telefone ou telemóvel de serviço, como se, por artes mágicas, a coisa se processasse. Já passou uma semana desde o início da edição, que deve estar pronta daí a quatro dias e as fontes teimam em não responder aos contactos, saturando a mente de pensamentos dema-

Começa a desenhar-se a primeira página (...). Pára tudo. Falta uma fotografia para ilustrar a manchete. “Ministério da Educação e Ciência acaba com propinas”.

De tempos a tempos, A Cabra tem a sua imagem reinterpretada quer por elementos da redação, quer por colaboradores esporádicos, ilustradores, fotógrafos, etc. Em 2013, por ocasião das celebrações do 22º aniversário fomos presenteados com esta original Psycho Goat.

siado rápidos para serem processados. Se isto falhar, qual é a alternativa? Posso esperar até sexta, ainda dá tempo. E se tentar aquele outro indivíduo, será que ele atende o telefone? Dessa tarde de quarta-feira, a viagem é rápida até domingo, tradicional dia de fecho. Há editorias para fechar. Já mudaram de nome, já foram mais ou menos, em virtude da própria ocupação das duas salas da SJ/AAC. Ensino Superior não pode faltar num jornal universitário. É o espaço, por excelência, da informação que interessa a cada estudante que sobe as monumentais, apanha o 34, tem aulas ao pé do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra ou junto ao rio Mondego. Cultura e Desporto mostram ao leitor aquilo de que vive a AAC e a cidade, uma peça de teatro a uma terça-feira à noite ou um jogo

de râguebi a um domingo de manhã. A investigação e as últimas descobertas, motores da mais antiga universidade do país, cabem em Ciência e Tecnologia. São 21 horas. Houve uma reunião de última hora de dirigentes associativos de todo o país. Falou-se de propinas, de reverter Bolonha, de bolsas para os estudantes carenciados, de RJIES. De quê? Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior. Interessa agora apanhar os dirigentes que, entretanto, foram jantar e deixaram o telemóvel algures sem som. Passam os segundos, os minutos e as horas. São 23. Atende um e, de seguida, outro. Pares de mãos preparam-se para transcrever os sons. Enquanto a árdua tarefa se processa, vai-se fechando o resto do jornal. Num Mac com o Indesign, a paginadora leva a cabo a organização e a estruturação daquilo que vai chegar às mãos dos leitores. Há artigos com caracteres a menos, faça-se um milagre. Mas com caracteres a mais? Discuta-se e chegue-se a bom porto. O ónus cabe ao editor. É uma da manhã. Lá fora chove e assoma-se mais uma semana. Começa a desenhar-se a primeira página, ditada pela importância e relevância dos artigos ordenados no interior do jornal. Pára tudo. Falta uma fotografia para ilustrar a manchete. “Ministério da Educação e Ciência acaba com propinas”. Imagem do número 107 da 5 de Outubro ou de quem o comanda? Na sala maior, há quem, paulatinamente, leia as maquetes do jornal à procura daquelas gralhas motivadas pelo cansaço de uma noite em que a máquina de café deixou de funcionar. Alguém grita na Padre António Vieira que já passa das duas. A primeira página tomou forma, o editorial divide-se entre um ensino que deixou de ser tendencialmente gratuito e um convento que meteu água nas maiores cheias de que há memória em Coimbra. O ‘pdf ’ monta-se e é enviado para a gráfica. Nessa tarde haverá resmas de jornais para carregar. Serão distribuídos na manhã de terça. Alguém acorda num dos cadeirões. São nove horas da noite. O jornal está pronto, há um jantar de domingo a ser partilhado entre quem o escreveu. À volta da mesa branca fala-se de tudo, menos da edição. Pareceu Psycho? Qu’est que c’est? Qualquer semelhança com a música dos Talking Heads é pura coincidência. É um dia entre os demais, de quem faz o que gosta, vindo de qualquer área. Escrever é informar e a constatação ganha mais força quando se fala de imprensa escrita.


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As maquetes voam. Reuniões e Plenários em modo ‘occupy’ redação. Gargalhadas surgem. O ‘stress’ inoportuno também. Entre as paredes desta secção cultural escreve-se, fotografa-se e pagina-se, para além dos acima mencionados. E foi através destas atividades, do tempo passado por aqui e das pessoas que compõem este espaço, que se concebeu um ambiente muito próprio. Já dizia Fernando Pessoa que “primeiro estranha-se, depois entranha-se” e as fotografias falam por si.


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ILUSTRAÇÃO POR RAQUEL VINHAS

Myth Busters A história do Jornal A Cabra faz-se de anos de funcionamento e das decorrentes edições. Com o passar do tempo, como em todas as histórias, criam-se mitos que, não raras vezes, impedem que se experiencie algo diferente. - POR VASCO SAMPAIO -

“O PESSOAL D’A CABRA PASSA A VIDA NA REDAÇÃO”

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trabalho no Jornal Universitário de Coimbra exige que os seus redatores dispensem algum tempo livre que, de outra forma, poderia ser gasto a olhar para os pingos de chuva enquanto estes deslizam pelo vidro da janela. Claro está que o empenho em qualquer atividade extracurricular exige disponibilidade e vontade de levantar o ‘derrière’ do sofá. Contudo, tal não quer dizer que o trabalho n’A Cabra confine os dias e noites do redator ao segundo piso do edifício da Associação Académica de Coimbra (AAC). Muitos dos redatores d’A Cabra também “perdem” o seu tempo na Rádio Universidade de Coimbra e noutras secções da AAC, em actividades de prática desportiva, na praxe, nas aulas, nos cafés da cidade, nos convívios e noites académicas de terça e quintafeira e, claro, a estudar para os exames e frequências. Tudo isto – imaginese – sem recorrer a instrumentos de manipulação do tempo.

“A CABRA É SÓ ESTUDANTES DE JORNALISMO E COMUNICAÇÃO”

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á 24 anos , quando o jornal A Cabra nasceu, não existiam cursos de Comunicação em Coimbra. Nessa altura, a redação concentrava estudantes de diversas faculdades e cursos. Hoje, a maioria dos redactores cursa na área de Comunicação e procura n’A Cabra uma forma de ganhar experiência e compensar a componente prática que os cursos da área não oferecem. Ainda assim, é errado dizer que o jornal só é útil e só cresce graças a estudantes desta área. A Cabra divide-se, neste momento, entre editorias de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, Desporto e Cultura. O que é que alguém que só estuda Comunicação percebe de Desporto? E de Ciência? E de Tecnologia (sim, também aceitamos ‘nerds’)? A participação de diferentes redatores, com variados interesses dentro e fora destes temas, torna o jornal mais rico e informativo. Aqui, qualquer estudante que goste de escrever ou fotografar, independentemente da área de estudo, será capaz de crescer com a experiência, para além de fazer, também, com que o jornal cresça.

“O ONLINE NÃO FUNCIONA AO MESMO TEMPO QUE O JORNAL”

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publicação na internet tem vantagens: artigos com informação mais completa e detalhada, sem limites físicos incontornáveis na edição em papel; evita a espera pelo dia de saída do jornal mensal; permite maior interatividade com o leitor e a utilização de som e vídeo. Assim, o online continua a funcionar, independentemente da edição impressa. Para além disso, a internet é essencial nos dias de hoje, assim como o site d’ A Cabra quer ser, para os estudantes. Só com um site noticioso e com publicações nas redes sociais podemos ter o prazer de nos encontrarmos lado a lado, no ‘feed’ de notícias do Facebook, com o mais recente tema de Justin Bieber, com as hilariantes fotos das bebedeiras dos nossos amigos e com as notificações do Candy Crush. E apenas graças às publicações d’A Cabra na internet podemos ter acesso a informação essencial que o Jornal mensal em formato físico não nos consegue dar - exemplo disso foi a cobertura online de concertos dos D.A.M.A. e de Anselmo Ralph na passada Queima das Fitas.

“SÓ QUEM ESTUDA NA UC PODE ESCREVER PARA A CABRA”

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Cabra é o Jornal Universitário de Coimbra, sediado no edifício da Associação Académica da cidade. É, e quer ser, um jornal feito de e para os estudantes, com grande foco nas temáticas relacionadas com o Ensino Superior e com o que se passa na cidade. Ainda assim, o Jornal A Cabra não deseja ser um periódico feito só por estudantes da Universidade de Coimbra (UC). Acolhemos calorosamente (e de vez em quando há queques e bolachas) qualquer pessoa, quer estude no Instituto Politécnico de Coimbra, no Ensino Secundário, ou na UC, quer não estude de todo, como também é o caso de muitos os que frequentam os estabelecimentos mencionados. Aqui, não escolhemos os redatores pelas suas origens. Aliás, não os escolhemos, de todo. Quase não temos redatores dentre os quais possamos escolher! Queremos, sim, qualquer um que tenha vontade de trabalhar, aprender e ensinar. Que mais podemos pedir?


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ÁRVORE DE NATAL

MENINO DA LÁGRIMA

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st á es c uro. Alguém entra na redação e acende uma luz. De repente, sem quê nem para quê, duas faixas de luz surgem de uma cara no teto. Quando Giovanni Bragolin pintou a obra “Menino da Lágrima” não devia sequer imaginar que este se tornaria um dos protetores da Secção de Jornalismo. Reza a lenda que o destino do local em que se encontre o quadro seja o de enormes labaredas do chão ao teto. Ainda não aconteceu e ele lá se mantém, pendurado, criando pele de galinha a quem se atreve a mirá-lo por algum tempo.

“O

Natal é quando o homem quiser” tornou-se um mote indiscutível com o pinheiro cintilante que se assoma à janela da Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra. Abrilhantado com enfeites típicos da época, bandeiras estrangeiras e um presépio muito peculiar, a pequena árvore de Natal de plástico ainda não saiu do seu sítio. Porque se celebra o Natal quando quisermos. Ou simplesmente porque ainda ninguém teve a paciência e coragem para a desmontar e arrumar.

READYMADE

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s readymades são um dos ex-líbris desta secção. Criados por Marcel Duchamp, trata-se de uma apropriação de objetos já concebidos, com finalidade prática, tornando-os arte. Por aqui, utilizam-se para ilustrar alguma situação ou uma fase épica de alguém. São verdadeiras obras-primas, dum manejamento de programas de edição inigualável como o exemplo acima que deu forma a um erro publicado em que se confundiu o nome da presidente da Assembleia Magna com o da famosa atriz Rita Pereira.

WEB CAM TOY

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IMPRESSORA

uge. Apita. Falha. Um som desponta das profundezas. A esperança. Mãos em modo de reza, um olho fechado e o outro entreaberto, esperando um sinal divino. Nada. Falha novamente. Impropérios urgem das gargantas. Um sinal surge no ecrã. Implora por comida, apesar de ainda há pouco tempo ter sido alimentada. O desespero aumenta. Precisávamos mesmo deste documento, impressora. A sério. Um novo apito. Os olhos brilham. As maquetes da semana passada começam a ser cuspidas, em jeito de desculpa.

P

erdidas nos computadores da redação estão provas de que os alienígenas talvez existam. Fotografias que mostram seres cabeçudos, de olhos a sair das órbitas e manápulas muito ao estilo de Eduardo Mãos-de-Tesoura prometem fazer crer até o maior dos céticos. Tudo isto graças à WebCam Toy, uma aplicação que já faz parte do nosso dia-a-dia e permitiu criar autênticas pérolas foto e videográficas.

Partes de um todo A Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra prima por ter alguns elementos que fazem parte do seu quotidiano. Uns mais antigos, que já vêm de há gerações, outros mais recentes. Cada um vai fazendo a sua parte e também história, dia após dia - POR INÊS DUARTE -


acabra

Nº273 • 30 DE SETEMBRO DE 2015

JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA

EDITORIAL #salvemoscaprinos

S

e estás a considerar colaborar com o Jornal Universitário de Coimbra - A Cabra, venho desde já avisarte que não é fácil. É preciso alguma dedicação, esforço e responsabilidade. Será necessário cumprir prazos e horários. Irás ver artigos a não irem para a frente e entrevistas que demoram a ser conseguidas. Fotografias que pareceram ótimas na câmara e depois no computador já não são aquilo que esperavas. Pensas que acabaste o artigo e afinal ainda te faltam 300 caracteres. Ou já terminaste e tens 583 caracteres a mais, não sabendo onde podes cortar porque tudo parece importante. Se ainda consideras colaborar com o Jornal A Cabra, congratulo-te. O acima descrito acontece inúmeras vezes. Mas também outras situações ocorrem. A entrevista corre bem e o entrevistado responde de forma esplêndida. Acabas o artigo com o número de caracteres exato e nem é preciso cortar ou acrescentar uma vírgula. A fotografia tem um ângulo fenomenal. Alguém abre o frigorífico e ainda sobraram queques e bolachas. Sim, há um frigorífico na

redação. Mas não é um frigorífico qualquer, é o nosso ‘mega’ mini-frigorífico. O jornal sai, vês o artigo assinado com o teu nome. Enches-te de orgulho e pensas: valeu a pena. Estes podem ser os momentos bons ou menos bons num jornal. Um periódico que pretende ser um laboratório experimental tanto para

te apetecer e passar por ela as vezes que quiseres. A Cabra precisa de amigos. Literalmente – de momento, somos só quatro pessoas e a sala parece demasiado grande e simultaneamente claustrofóbica. Se queres experimentar um pouco do mundo do jornalismo, este é o sítio

“Um periódico (…) para alunos de Jornalismo ou Comunicação Social, estudantes de outros cursos ou para quem tenha interesse em escrever, fotografar, ilustrar e paginar” alunos de Jornalismo ou Comunicação Social, como para estudantes de outros cursos ou para quem tenha interesse em escrever, fotografar, ilustrar e paginar. Aqui tens a oportunidade de aprender e errar. Serás sempre acompanhado pelo editor durante todo o processo. Podes experimentar qualquer área que

ideal. Admitimos que o ambiente desta secção é atrativamente estranho, com elementos quotidianos fora do vulgar, desde árvores de Natal fora de época a um tigre de peluche de olhos vermelhos que te olha pela alma dentro. O melhor mesmo é veres pelos teus olhos. Ficamos à espera.

- POR INÊS DUARTE PUBLICIDADE


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