17 DE DEZEMBRO DE 2014 • ANO XXIV • N.º 267 • GRATUITO DIREÇÃO RAFAELA CARVALHO E PAULO SÉRGIO SANTOS
acabra
CÍRCULO DE ARTES PLÁSTICAS DE COIMBRA Sete exposições patentes pela cidade e pelo distrito em dois percursos distintos
JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA
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Eleições Conselho Geral 2014 Publicações nas redes sociais de apelo ao voto na lista J, fora do período de campanha eleitoral, levaram as listas A e D a apresentar queixa junto da comissão eleitoral. Reunião para apresentação de deliberações marcada para dia 18 de dezembro. Jorge Alves Correia, da lista visada pelas acusações, mostra-se despreocupado e considera o conteúdo da reclamação “totalmente improcedente”
Pedidos de impugnação adiam resultados no terceiro ciclo PÁG. 2
ARQUIVO - BEATRIZ DIOGO
João André Sousa, Gonçalo Bento, Rúben Ferreira e Susana Santos são os novos conselheiros estudantes eleitos para o primeiro e segundo ciclo. Com a eleição da equipa reitoral para breve, os conselheiros mostram-se disponíveis para uma votação conjunta PÁG. 2 a 4
CONSELHO GERAL
SECÇÕES E ORGANISMOS AUTÓNOMOS
Elementos externos Sócios seccionistas da AAC enfrentam explicam o seu papel problemas que condicionam a sua actividade As entidades externas do órgão máximo deliberativo da Universidade de Coimbra mostram a importância da sua presença e comentam os diversos temas sobre os quais são chamados a intervir nas reuniões. PÁG. 5
As secções e organismos autónomos da Associação Académica de Coimbra (AAC) enfretam diariamente várias dificuldades que limitam o seu normal funcionamento. Entre as principais queixas contam-se
a falta de participação por parte dos estudantes da Universidade de Coimbra nas suas actividades, as más condições das salas e campos de treino onde se reúnem, e a falta de financiamento externo. PÁG. 7
NATAL E PASSAGEM DE ANO
Cidade volta a receber programa de fim de ano para promover a Baixa da Cidade Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e Agência de Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) voltam a unir-se com um programa de um mês. Nas palavras da veradora da Cultura Carina Gomes, o objectivo
é “fomentar o sentido de pertença das pessoas relativamente à cidade”, para que estas “tenham amor e carinho” por ela, acrescenta. O programa de festas prolonga-se até dia 6 de Janeiro de 2015. PÁG. 11
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DESTAQUE
Órgão máximo da universidade renova conselheiros estudantes ARQUIVO - ANA DUARTE
Estudantes da UC elegeram para o Conselho Geral os quatro representantes dos primeiro e segundo ciclos para os próximos dois anos João Neves Sandro Raimundo Os estudantes foram às urnas, no passado dia 4, para elegerem os seus novos representantes para o Conselho Geral (CG) da Universidade de Coimbra (UC). Destas eleições ainda só foi possível apurar quatro dos cinco vencedores, devido a diversas queixas na eleição do representante do terceiro ciclo (consultar artigo abaixo), referentes à legalidade de certas actividades durante o dia eleitoral. Após haver também alguma controvérsia na eleição dos representantes dos primeiro e segundo ciclos, a Comissão Eleitoral (CE) entendeu que as queixas recebidas não tinham fundamentos suficientes para impugnar essas eleições e, em consequência, pedir a repetição dos votos de todos os estudantes. Em virtude da decisão, a intenção de voto dos estudantes foi divulgada com dois dias de atraso. O resultado da eleição dos representantes dos primeiro e segundo ciclos escolhidos foi a seguinte: Lista C (36,1 por cento) – Rúben Ferreira e Susana Santos, Lista R (27,5 por cento) – João Sousa e Lista S (26,0 por cento) – Gonçalo Bento. Destaque também para o número de abstenções, em que de 18563 eleitores (83,1 por cento), apenas 3132 (16,9 por cento) exerceram o
OS ESTUDANTES ADMITEM A POSSIBILIDADE DE CONCERTAREM POSIÇÕES NA ELEIÇÃO DO REITOR seu direito de voto. O elevado valor não foi indiferente aos estudantes eleitos. João André Sousa, candidato pela lista R, comenta que “os estudantes não conhecem o CG” e diz querer “criar um relatório de atividades” para que os estudantes estejam em contacto com o órgão que os rege. Gonçalo Bento da Lista S, em consonância, diz “haver um perfeito desconhecimento” para com o CG, indo mais longe ao afirmar que “as pessoas muitas vezes nem têm noção” dos órgãos da universidade, como “o Conselho
Pedagógico, a Assembleia de Faculdade e até o Senado”. Também Susana Santos, da Lista C, aponta que “a percentagem de pessoas que não faz ideia do que é o CG é muito elevada” e, para inverter esta situação, sugere “uma aproximação aos estudantes através de sessões de esclarecimento e até da possível criação de um gabinete para conselheiros estudantes se reunirem e receberem a comunidade estudantil”. Rúben Ferreira, à semelhança do que os seus colegas disseram, indica que “o estudante
não se sente informado o suficiente sobre o que é o CG”. Uma das responsabilidades deste órgão vai ser posta em prática já no próximo dia 9 de Fevereiro – a eleição do reitor. Este acontecimento, que ocorre de quatro em quatro anos, conta, até à data, apenas com a recandidatura do actual reitor, João Gabriel Silva. No caso de surgir mais do que um candidato ao lugar de reitor, e os estudantes conselheiros já deixaram expressa a vontade de votarem em conjunto no candidato que melhor defender
os interesses dos estudantes. João Sousa diz que irão “ter, certamente, uma estratégia conjunta” na defesa dos interesses. Assim como Gonçalo Bento, que esclarece que a “ideia é mesmo essa”, uma vontade de “concertar ideias” com restantes conselheiros estudantes. Os quatro conselheiros eleitos mostram-se ainda disponíveis para conciliar posições nas diferentes discussões que ocorram no CG. Conselho Geral, crucial mas desconhecido O Conselho Geral é o órgão máximo da Universidade de Coimbra e, entre muitas, tem as tarefas de apreciação e deliberação de tudo o que se passa dentro da Universidade: aprovar a proposta de orçamento; designar o Provedor do Estudante; destituir os Diretores das Faculdades; fixar as propinas a pagar pelos estudantes; e pronunciar-se sobre outros assuntos que o reitor submeta à sua apreciação. Este é um órgão que existe desde 2007 e é composto por 35 membros: 18 representantes dos professores e investigadores, cinco representantes dos estudantes (sendo que quatro são dos primeiro e segundo ciclos, enquanto o quinto representa o terceiro ciclo), dois representantes dos trabalhadores não docentes e dez personalidades externas à Universidade. À exceção dos estudantes, que têm um mandato de dois anos, todos os restantes membros estão em funções durante quatro anos. Os representantes dos professores, trabalhadores e estudantes são eleitos pelos seus pares pelo sistema de representação proporcional e pelo método de Hondt. Por sua vez, os membros externos são escolhidos e votados pelos membros do CG já em funções.
Homolgação dos resultados do terceiro ciclo adiada Duas queixas contra a Lista J geram atrasos na homologação da ata final e da revelação do candidato eleito para representar os estudantes do doutoramento Sandro Raimundo As listas A e D, concorrentes ao Conselho Geral (CG) da Universidade de Coimbra (UC) pelo terceiro ciclo, apresentaram junto da Comissão Eleitoral (CE) dois pedidos de impugnação das eleições que se realizaram no dia 4. Estas queixas tiveram como alvo a Lista J.
Por parte de Manuel Carlos Nogueira, candidato da Lista A, o motivo foi “um apelo ao voto” através de “uma publicação na página do Facebook da Lista J, duas horas e 48 minutos depois de encerrar a campanha eleitoral”. Também Rita Garcia, candidata pela Lista D, apresentou queixa sobre a mesma publicação encontrada na rede social e ainda de “o delegado da mesa da Faculdade de Economia da UC ter presenciado um ato de campanha eleitoral”, na sala dos estudantes de doutoramento, “feito pelo cabeça de lista da Lista J”. Para a estudante, estas são situações que “violam o regulamento eleitoral”. Jorge Alves Correia, candidato da Lista J, defende-se da queixa que o acusa de atos de campanha eleitoral durante o período de votação, ao
afirmar que “o conteúdo da reclamação é totalmente improcedente”. Acrescenta ainda que tem “duas testemunhas que já foram inclusivamente contactadas oficialmente pela CE” e depoimentos que mostram que “o conteúdo da reclamação não corresponde à verdade”. O candidato visado pelas listas A e D esclarece que apenas houve um incentivo à “participação nas votações”, uma vez que “não era muito admissível existirem abstenções na casa dos 90 por cento”. Jorge Alves Correia sente-se tranquilo, pois “só poderia haver alguma coisa” no limite da anulação da urna, se esta “influísse no resultado final das eleições – o que não acontece”. Relativamente à outra queixa apontada à Lista J, o candidato indica que “na reunião que antece-
deu as eleições, a comissão eleitoral disse não se responsabilizaria por quaisquer conteúdos “online”, com qualquer ação a ser “admissível à luz do regulamento”. Jorge Alves Correia vai mais longe e indica que esta reclamação terá sido apresentada porque “talvez os intervenientes não estivessem à espera de uma diferença tão grande no eleitorado que a Lista J conquistou”, cujo “mérito é total”. Ainda sobre estes pedidos de impugnação, o candidato diz saber e ter visto que “as reclamações já estavam nos computadores e transitam de dois em dois anos. Têm reticências nos locais onde se coloca os nomes e as horas, para facilitar depois o preenchimento e terem as reclamações já prontas”. O estudante pretende “denunciar já na próxima reunião” este tipo de estratégias, que
entende serem “pouco éticas”. A candidata queixosa, da Lista D, espera que “haja uma condenação por parte da CE”. Pretende “uma impugnação das eleições” e considera justo que “se repitam as eleições, em condições democráticas como deveria ser feito”. Por outro lado, Manuel Nogueira não tem esperanças na sua queixa, dado que “a CE não tem poderes para decidir, porque não faz parte do regulamento – estranhamente – penalizar situações destas”, mas que, caso isso venha a acontecer, “a Universidade tem bastante a ganhar”. As deliberações serão apresentadas em reunião, marcada para o próximo dia 18, onde todos esperam ser possível homologar a ata final e divulgar o resultado oficial das eleições.
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DESTAQUE “O número dos professores é um número exagerado” RAFAELA CARVALHO
Rafaela Carvalho Sandro Raimundo Natural de Coimbra, João André Sousa é aluno do quarto ano do Mestrado Integrado em Medicina e de momento não tem filiação política. O atual Presidente do Núcleo de Medicina da Associação Académica de Coimbra (AAC) é também Senador na Associação Nacional de Estudantes de Medicina Qual o balanço que fazes destas eleições? As listas estiveram bem a tentar chamar a atenção para este órgão, depois da ressaca das eleições para a Direcção-Geral da AAC (DG/AAC). Ainda assim registaram uma elevada taxa de abstenção… Os estudantes não conhecem o Conselho Geral (CG). Foi feito o possível para conseguir mobilizar os estudantes e informá-los.
JOÃO ANDRÉ SOUSA 21 ANOS
Quais os pontos do teu projeto em que vais focar a tua ação? Tem de ser uma prioridade orçamental contratar mais docentes, fidelizar os investigadores para dar aulas e aproveitar os estudantes de segundo ciclo para serem monitores de algumas unidades curriculares. Tem de ser aprofundada a informação que passa para o estudante sobre as taxas
de desemprego dos cursos. Este é o primeiro passo para que se atue nos cursos onde as taxas de desemprego são maiores. Há também muito para fazer no que toca ao envolvimento dos estudantes dos primeiro e segundo ciclos em unidades de investigação e desenvolvimento. Depois, o funcionamento e a governação da universidade de coimbra. A nível de financiamento é possível arranjar fontes alternativas que evitem que os estudantes sejam sobrecarregados com aumentos de propinas. A criação de uma unidade ‘fundraising’ exclusivamente dedicada ao contacto com as empresas. Além disso, acreditamos que por uma estratégia de ‘crowdfunding’ e ‘network’ junto dos antigos estudantes vamos conseguir fontes interessantes de financiamento. Consideras que, nas diferentes discussões, faz sentido os estudantes votarem em bloco? Claro. Somos tão poucos, será a nossa força para atuar e mudar qualquer coisa. Já tivemos oportunidade de nos reunir e definir algumas linhas estratégicas para o mandato. Vamos ter um desafio logo no início, que será a eleição do reitor. Não temos grandes divisões ideológicas e pragmáticas. Mesmo havendo mais do que um candidato, iremos estar juntos naquele que nos oferecer melhores garantias de colocar em prática as nossas reivindicações.
Que balanço fazes do reitor? O reitor soube afirmar-se e arranjar alternativas para garantir a sustentabilidade da Universidade. E, para além disso, tem uma proximidade grande aos estudantes. Vais integrar o órgão que decide o valor da propina, qual é a tua posição? A propina é um valor que traz à UC uma grande desvantagem comparativamente a outras universidades. O seu sucessivo aumento não tem correspondido a um aumento proporcional da qualidade de ensino. É uma forma de financiamento muito pouco criativa e sustentável. Como vês a possibilidade de pagamento mensal da mesma? É estarmos a tentar remediar um problema quando a solução terá que ser muito mais de fundo. No mínimo congelá-la. O que pensas em relação ao Regulamento Pedagógico da UC? No seu todo é um documento que está bom, forte e para o qual os estudantes tiveram oportunidade de dar o seu contributo. A nível da constituição do CG, concordas com todos os seus elementos e com o seu trabalho? Tenho poucas dúvidas ao afirmar que há muita ineficiência no órgão. Quero
pautar-me por uma postura que vá além das reuniões ordinárias. E duvido que esta seja uma postura que seja adotada por parte dos professores. Considero que o número dos professores é um número exagerado. Quanto às entidades externas, estas dão uma mais-valia muito interessante porque permitem reorientar a UC, que muitas vezes se fecha em si mesma. A minha alternativa é que os estudantes sejam mais representados e que os professores menos. Embora seja uma sugestão que ainda requer reflexão. Na possível revisão do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES), o que consideras mais premente rever? Os estudantes conselheiros gerais, em concertação com os das restantes universidades portuguesas, podem ter um papel muito ativo neste processo. Devemos tentar que os estudantes tenham uma representação efetiva maior e perceber até que ponto as universidades conseguirão ter autonomia para se financiar. Que balanço fazes do mandato dos anteriores conselheiros estudantes? É um trabalho que tem passado na penumbra. Têm-se conseguido algumas vitórias muito interessantes, mas falta o segundo passo que é ligar essas vitórias aos estudantes que podem usufruir delas.
“Uma forma de financiamento passa pelas entidades externas” Rafaela Carvalho Sandro Raimundo Gonçalo Bento frequenta o quarto ano do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Natural da Guarda, a sua experiência associativa advém da presidência do Grupo Ecológico e é filiado na Juventude Social Democrata Que o balanço fazes das eleições? A nível pessoal, mau, porque sou ambicioso e gostava que tivesse sido minha a lista mais votada e ser meu o previlégio de colocar o meu número dois. Não sendo possível, perderam algum encanto mas a possibilidade de eu ter entrado é bastante gratificante. Quais as bandeiras que pensas formalizar de forma prioritária no teu mandato? Dar a conhecer aos estudantes os órgãos da Universidade. Apostar nos cursos de verão para os alunos estrangeiros. Nós sabemos que a UC, em agosto, tem uma diminuição de atividade; e porque não fortalecer a actividade com cursos de verão, direcionados para os estudantes internacionais? A questão da propina e ação social é também algo que tem de estar todos os dias em cima da mesa. Por último, os anteriores conselheiros estudantes conseguiram fazer com que os estudantes pudessem realizar uma cadeira noutra unidade orgânica, mas
essa unidade não pode ser a própria e, na minha opinião, seria uma vantagem muito grande que assim não fosse, pois há alunos de pólos diferentes e têm dificuldades a nível de transportes e horários. Consideras que faz sentido, nas diferentes discussões, os estudantes votarem em bloco? Fala-se muito na questão de os estudantes serem só 15 por cento do CG, mas relembro que o último reitor foi eleito pela diferença de um voto. E podemos fazer mais a diferença se formos cinco votos e não um voto para cada lado. O mais importante são os 23 mil estudantes que representamos. E o grande objetivo é concertar ideias. Que balanço fazes dos últimos quatro anos do reitor? O meu pensamento sobre o reitor é simples. Com todos os entraves e condições que o Estado lhe colocou, conseguiu colmatar e conjungar tudo, não despedindo ninguém. Obviamente que aumentou a propina e custa-nos bastante, mas é aí que, no CG, temos de ver alternativas a essa questão. Vais integrar o órgão que decide o valor da propina, qual é a tua posição? A propina, estando no valor em que está, é insuportável para a maioria dos estudantes. É importante tentar que o estudante, quando há um corte
por parte do estado, não seja o principal alvo. Também tenho a noção que não podemos chegar lá e dizer: não há propinas. No mês seguinte não havia Universidade. Ainda assim a propina representa uma parte substancial do financiamento da UC. Que medidas alternativas propões? Temos de ir às entidades externas para conseguirmos ser mais auto sustentáveis. Uma grande forma de financiamento passa pelas entidades externas, para eles conseguirem ajudar na gestão da Universidade. Consideras que os alunos deviam ter sido mais consultados no novo Regulamento Pedagógico ? Penso que se deveria informar os estudantes da alteração do regulamento - este é o ponto número um, porque as pessoas não têm conhecimento. E depois explicar as alterações e ver qual é o feedback que os estudantes dão. Quanto à constituição do CG, concordas com todos seus elementos? Que balanço que fazes das suas atividades até à data? Quanto à constituição, há um elevado número de conselheiros externos. Não sou a favor de abolir estes conselheiros, mas pelo menos de haver uma diminuição. O seu balanço, a nível dos conselheiros estudantes, foi bom, mas é preciso melhorá-lo – e compete-nos
agora a nós fazê-lo.
RAQUEL MENDONÇA
Quanto às entidades externas, tens alguma ideia de um número de presenças dos mesmos no Conselho Geral? A ideia seria fazer um contra-peso – diminuir as entidades externas e aumentar os conselheiros estudantes. Porque o cerne das Universidades são os estudantes. A revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) está em cima da mesa. Como pensas agir? O importante é concertarmos uma ideia e depois apresentá-la ao reitor, para solicitar o seu apoio e, a partir daí, entrar em contacto com o Governo. O que consideras mais premente rever nos RJIES? A alteração das entidades externas é o que realmente precisa de ser revisto. Pensas ter uma postura de continuidade em relação ao trabalho dos anteriores conselheiros estudantes? Eu penso ter uma postura muito ativa. Não ir para lá só marcar presença. E dois anos serão suficientes? O tempo o dirá. Faz sentido renovar de dois em dois anos para não se criarem vícios e é o indicado para se poder fazer um bom trabalho.
GONÇALO BENTO 22 ANOS
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DESTAQUE “O RJIES é demasiado importante para não ser revisto” Rafaela Carvalho Sandro Raimundo Natural de Ovar, Rúben Ferreira está no último ano do Mestrado em Comunicação e Jornalismo. Filiado na Juventude Social Democrata, a sua experiência associativa passa por ter sido Senador na FLUC e Coordenador Geral de Ação Social na DG/AAC Que balanço fazes das eleições? É de louvar o “fairplay” em que as eleições foram levadas, primou-se pela informação do estudante em vez do ataque pessoal entre as listas. Quais são os pontos do teu projeto a que vais dar mais importância no início do teu mandato? Todos os nossos pontos têm a sua importância. Nós definimos estas bandeiras exatamente com problemas que a universidade tem. Somos a ligação entre o Conselho Geral e a comunidade académica, tentando uma aproximação ao estudante. Fazer o estudante ver que realmente os órgãos da universidade têm a sua importância e o podem ajudar. O nosso segundo ponto são os serviços prestados à comunidade, em que englobamos os Serviços de Ação Social e os Serviços Académicos. São imensos e cada vez mais nos deparamos com
problemas que estes serviços não conseguem reparar. O nosso terceiro ponto é pedagogia, internacionalização e investigação. Achamos que o Regulamento Pedagógico (RPUC) aprovado é claramente limitador e piora a situação dos estudantes. O nosso último subponto é a investigação. Consideramos que não é dado o devido apoio aos investigadores da UC. Os nossos outros pontos são as condições materiais e recursos humanos. Não vemos melhoria, quer nos recursos materiais, quer nos recursos humanos, não há uma renovação nos quadros docentes há muitos anos. O nosso último ponto é estratégia e futuro. É realmente o ponto para onde o CG é focado. Definir a estratégia futura da Universidade nos próximos anos. Tens dois anos de mandato a partir de agora. Achas que é suficiente para se discutir tudo isto e levar o CG a melhorar o interesse dos estudantes? Acho que dois anos nunca são suficientes. Tem de ser um trabalho que tem de ser levado gradualmente. A tua ideia é manter uma política de continuidade face ao que foi feito pelos conselheiros anteriores? Nunca uma política de continuidade, quando alguém chega traz sempre algo novo. Queremos manter aqui-
lo que os anteriores conselheiros fizeram de bom e cortar com o que fizeram de mal. Dentro do CG, nas suas diferentes discussões, faz sentido os estudantes concertarem ideias e votarem em bloco? Acho que é obrigatório essa posição existir. Se os estudantes querem ter a sua opinião vincada, têm de se concertar uns com os outros e chegar a uma posição que valorize o estudante. Qual a tua opinião acerca do mandato do reitor? Conseguimos apontar-lhe pontos muito positivos, achamos que o reitor fez um trabalho muito bom em matéria de gestão económica. Encontramos algumas falhas e é com isso que vamos atacar. O RPUC é claramente uma falha, um regulamento que põe em cheque os estudantes, que achamos que tem de ser alterado. Durante este ano o RPUC ainda está numa fase de teste. Achas que pode mudar para o próximo ano? Acho que tem obrigatoriamente de mudar. Esta fase de teste está a ser tão negativa que, ou mudam ou vamos ter um regulamento que não vai ser respeitado. Tendo em conta que vais inte-
grar o órgão que decide a propina, qual é a tua posição neste assunto? Quando somos estudantes universitários temos sempre a ideia que somos contra a propina, e eu sou de facto contra a propina.
RAQUEL MENDONÇA
Concordas com todos os membros do CG e com o seu número? Não concordo porque os estudantes são uma parte tão fundamental da universidade e têm um poder de decisão quase nulo. As entidades externas devem reduzir. E o número que é reduzido às entidades externas deve ser dado aos estudantes. É fundamental o número de estudantes ser aumentado e o das entidades externas diminuir. A revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) devia ter sido feita há dois anos. Consideras que o facto de não andar para a frente pode significar que não irá acontecer esta revisão? O RJIES é demasiado importante para não ser revisto há tanto tempo. Quais as mudanças mais urgentes? A composição do CG é obrigatoriamente uma das mudanças. Um dos outros pontos que deve ser mudado é a eliminação do regime fundacional que existe.
RÚBEN FERREIRA 24 ANOS
“Queremos apostar na internacionalização da UC” RAQUEL MENDONÇA
Sandro Raimundo Susana Santos é natural da Figueira da Foz. Aluna do Mestrado Integrado em Psicologia na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (UC), é vice-presidente do Núcleo de Psicologia da Associação Académica de Coimbra (AAC). Não tem filiação política Que balanço fazes das eleições? Foram umas eleições equilibradas, em que todos os projetos tinham ideias compatíveis umas com as outras. A taxa de abstenção foi de 83,1 por cento. Os estudantes não dão importância ao órgão? Importância dão, só que a percentagem de pessoas que não sabe o que é o Conselho Geral (CG) é elevada. Por isso, uma das nossas medidas é a aproximação ao estudante através de centros de esclarecimento e da criação de um gabinete onde os representantes dos estudantes possam reunir e receber a comunidade estudantil.
SUSANA SANTOS 20 ANOS
Entrarás em contacto com a Direcção-Geral da AAC e núcleos? Isso é uma das medidas que queremos implementar tanto com eles como com o Provedor do Estudante. Assim estaremos mais próximos das problemáticas que estão a afetar os estudantes.
Quais é que são bandeiras a que vão dar prioridade? Zelar sempre pela não diminuição dos serviços prestados aos estudantes, nomeadamente a nível de ação social. Queremos apostar na internacionalização da UC, criar mais parcerias para que estejamos mais ligados ao mundo empresarial e assim mais preparados para o mundo de trabalho. Gostaríamos de criar um regime tutorial para pessoas que já acabaram o Ensino Superior darem acompanhamento individualizado aos estudantes que estão a iniciar ou a acabar. Além disso, queremos ver medidas de renovação do quadro docente que está muito envelhecido e deve ser mudado para que haja mais circulação de profissionais e transição de saberes. Dentro do CG faz sentido os estudantes votarem em bloco? Estamos todos a representar estudantes e a defender o melhor para a comunidade estudantil. Se isso for possível, e se os nossos ideais individuais forem ao encontro das necessidades pedagógicas dos estudantes, penso que sim, de facto faz sentido. No próximo ano participas na eleição do reitor. Que balanço fazes de João Gabriel Silva? É um balanço positivo. O reitor apostou na aproximação aos estudantes. Porém, também teve falhas como o Regulamento Pedagógico da UC que
devia defender e proteger muito mais o estudante. Vês como uma possibilidade a união dos estudantes no momento da votação da equipa reitoral? Se houver oposição ao atual reitor, nós vamos tentar que o reitor em questão, um deles, adapte mais medidas do nosso programa eleitoral. Estamos a zelar pelo bem da comunidade estudantil em geral. Então, o voto em bloco pode ser uma estratégia? Exatamente, e se obviamente os nossos ideais forem ao encontro do melhor para a comunidade estudantil. Vais integrar o órgão que decide o valor da propina. Qual é a tua posição? Sou contra os aumentos consecutivos que têm existido. Devíamos votar na diminuição da propina, mas também zelar pelo não aumento das taxas de emolumentos. Em relação à constituição do CG, concordas com todos os membros? Considero que a constituição do CG não é proporcional. O número de estudantes devia ser aumentado, devíamos estar muito mais representados no órgão que vai decidir o futuro e o que nós estamos a viver neste momento. Devia haver uma diminuição das entidades
externas, mas nunca uma abolição. A opinião delas sobre o mundo do trabalho é muito mais ampla, o que para o plano estratégico da universidade é realmente necessário. Consideras que o sucessivo adiamento da revisão do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) pode indicar que não será feita? O RJIES devia ser revisto e isso não tem acontecido. Tem que acontecer e vamos lutar por isso. Também pelo ponto anterior de aumentar o número de estudantes no conselho geral. Que balanço fazes dos anteriores conselheiros estudantes? Foi muito positivo. Não obstante, este ano queremos fazer com que o nosso voto seja mesmo a opinião da comunidade estudantil inteira. Já entraste em diálogo com os conselheiros anteriores? Ainda não, mas é algo muito importante. Até deve haver uma continuidade de certas medidas que durante dois anos, se calhar, não tiveram hipótese de ser bem estruturadas e implementadas. Dois anos são suficientes? Acho que é um período equilibrado. Se fosse aumentado havia mais margem para o desenvolvimento de certas atividades.
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DESTAQUE
Conselheiros externos discutem importância da sua presença no órgão Entre os 35 membros constituintes do órgão máximo deliberativo da Universidade de Coimbra, encontram-se dez personalidades, de reconhecido mérito, externas à Universidade. Apesar de muitos estudantes não concordarem com as sua presença, ou até defenderem uma diminuição do número desses membros, eles estão presentes nas responsabilidades da instituição. Por Sandro Raimundo ARQUIVO ANA DUARTE
Desde que surgiu a figura de entidades externas no Conselho Geral (CG) que muito se tem debatido o número dos seus representantes. Por um lado, existe a contestação da baixa representatividade dos estudantes junto deste órgão, por outro a elevada presença de membros externos à Universidade de Coimbra (UC). Os recém-eleitos conselheiros estudantes Susana Santos e Gonçalo Bento defendem a mesma posição: uma “diminuição do seu número”. Rúben Ferreira, também eleito conselheiro estudante, partilha da mesma opinião mas acrescenta que “o número de presenças dos conselheiros estudantes deve ser aumentado” em face da “diminuição dos membros externos”. Quem adota uma postura diferente é João André Sousa, um dos quatro conselheiros estudantes eleitos, ao afirmar que a presença de entidades externas é “muito interessante porque permite reorientar a UC, que muitas vezes se fecha em si mesma”. O estudante sugere antes uma diminuição do número de professores no CG. A importância da presença dos membros externos no CG Vários membros do conselho externo deram o parecer da sua importância no órgão máximo da UC. Maria Teresa Tito de Morais, presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR), explica que a sua presença no CG “é uma mais valia” pela “experiência e actividade” que desenvolve “em prol da defesa humana”. Neste aspeto, também Rui Vilar, jurista e presidente do Conselho Geral, apresenta o seu percurso profissional diversificado, com passagens pelo Governo, Banco de Portugal, Comissão Europeia e 16 anos na Fundação Calouste Gulbenkian. Diz sentir ter “adquirido uma experiência que permite encarar os problemas da universidade de ângulos diversos”. Luís Reis, administrador executivo da SONAECOM, destaca a sua vasta experiência no mundo empresarial como sendo uma grande vantagem e, segundo o próprio, “ter alguém no CG com experiência nas empresas pode ajudar precisamente na aproximação do mundo universitário ao mundo empresarial”. No caso particular de Jorge Vasconcelos, presidente da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde (CRFV), a UC beneficiará da vasta experiência que obteve “em vários países e em vários registos, da academia à indústria” e ainda da sua invenção da “Florence School of Regulation” que se situa no Instituto Universitário Europeu
OS CONSELHIEIROS EXTERNOS CONTACTADOS SÃO UNÂNIMES NO BALANÇO POSITIVO QUE FAZEM DO MANDATO DE JOÃO GABRIEL SILVA ENQUANTO REITOR há mais de dez anos. Por fim, Maria de Belém Roseira, jurista e deputada da Assembleia da República, destaca a sua “experiência obtida ao longo da vida” para favorecer os interesses da UC. Opiniões divididas na aplicação das propinas Maria Teresa Tito de Morais diz não concordar com “serem os estudantes a pagar a crise” e lembra que mostrou a sua posição junto dos estudantes nesta matéria. Porém, para a presidente do CPR, “os vencimentos cortados pelo Estado” e os “elevados gastos” da universidade podem gerar um desequilíbrio, por esta ficar “desprovida de meios para cumprir os seus objetivos”. Mas para o presidente do Conselho Geral, Rui Vilar, “deve existir um sistema de bolsas que apoie todos os estudantes que não têm os meios para poderem estudar”. Ainda assim, para “aqueles que podem, penso que se deveria manter o sistema de propinas”, ar-
gumenta. Também Maria de Belém Roseira entende que “o país não tem capacidade para ter um ensino superior gratuito”, mas “ninguém que queira estudar no ensino superior deve ser impedido o de frequentar”. No entanto, a “gratuitidade ou não gratuitidade deve ser compatível com um processo de atribuição de bolsas que permitam o financiamento àqueles que fiquem arredados da sua frequência por razões económicas”, esclarece a jurista. Por fim, Jorge Vasconcelos, entende que os “defensores” do ensino gratuito “devem provar as suas vantagens” e lembra que “a gestão das universidades tem sido condicionada por restrições financeiras e outras”. Entidades externas comentam constituição do CG Na defesa do papel dos membros externos, Jorge Vasconcelos diz que estes podem ser úteis de “duas formas: por um lado, como acelerador, trazendo ideias, sugestões e estímulos
que ajudem a Universidade a lançar novos projetos e a definir uma estratégia sintonizada com a evolução da sociedade; por outro lado, como travão, evitando que os debates no seio do Conselho Geral possam cair na auto-referencialidade”. Já Emílio Rui Vilar entende que “a eficácia do CG poderia ser maior se diminuísse o número dos seus membros” em todos “os grupos”. Segundo o artigo 185º do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) a aplicação do mesmo supunha a sua revisão cinco anos após a sua aprovação. Dado que a sua implementação do regime teve lugar em 2007, esta revisão deveria ter tido lugar já há dois anos. E a constituição do CG é uma das questões que os estudantes pretendem colocar em discussão (ver página 3 e 4). No entanto, apesar de já ter sido muito discutida pelas diversas entidades ligadas ao ensino superior - entre as quais se contam universidades, académicas, entre ou-
tras - a reavaliação do regime ainda não teve lugar. A posição de Luís Reis é que a esta revisão é necessária: já tem “tempo suficiente de aplicação para que seja possível olhar para ele à luz da experiência acumulada e introduzir algumas melhorias de funcionamento”. Mandato do reitor com balanço positivo Com a aproximação da eleição da nova equipa reitoral, marcada para dia 9 de fevereiro de 2015 e responsabilidade do Conselho Geral, todos os conselheiros externos contactados dão um parecer bastante positivo quanto ao mandato do atual reitor da UC, João Gabriel Silva. E foram uníssonos ao parabenizar o reitor por ter conseguido gerir a instituição num período financeiramente perturbado. Até ao final da edição não foi possível obter declarações das restantes entidades externas do Conselho Geral da Universidade de Coimbra.
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CENTRAIS
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Secções da AAC pedem restruturação do edifício Os seccionistas da Associação Académica de Coimbra criticam a existência de salas inutilizadas e a precisar de melhorias no edifício da Rua Padre António Vieira, mas é o Estádio Universitário, onde a maioria das secções desportivas se reúne e realiza os seus treino, que recolhe mais queixas. Por Pedro Barreiro e Catarina Santos. Fotografias por Catarina Santos e Raquel Mendonça
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e acordo com o testemunho de representantes de diversos secções, é possível constatar uma falha a nível de distribuição e utilização dos espaços que integram a Associação Académica de Coimbra (AAC) . Entre outros problemas apontados pelos sócios seccionistas da AAC, contam-se a manutenção das salas, bem como a degradação de equipamentos nas diversas áreas. Atualmente, as diversas secções culturais e desportivas, bem como os organismos autónomos, enfrentam problemas comuns que se têm mantido e agravado ao longo dos últimos anos. O secretário-geral do Conselho Cultural (CC), Paulo Abrantes, aponta a necessidade de “uma reestruturação dos espaços do edifício”. Com secções que têm salas temporárias, outras com espaços não utilizados e secções a necessitar de intervenções urgentes, Paulo Abrantes refere que há “organismos autónomos que têm três salas completamente desocupadas e no terceiro piso têm mais duas”. Nuno Cardoso, presidente da Secção Filatélica da AAC, refere a ausência de espaço para mais arquivos, já a presidente da Secção de Escrita e Leitura (SESLA), Sara Vitorino, reporta que a sala que utilizam é “temporária”. Como solução para o problema da atribuição de salas, o secretário-geral do CC considera crucial que a Direcção-Geral da AAC (DG/AAC) se imponha e se dirija às secções desportivas propondo que estas se reúnam numa “sala comum” e distribuam as restantes salas “pelas secções que tenham trabalhos e precisem delas”. Outro problema comum à maioria das secções é a manutenção das infraestruturas. Luís Almeida, diretor-geral de informação da Televisão da Associação Académica de Coimbra (tvAAC), afirma que “as condições são um pouco de-
ploráveis”. “Durante o inverno é praticamente impossível fazermos ou gravarmos programas no nosso estúdio”, enfatiza Luís Almeida. O Grupo Ecológico da AAC sofre problemas similares, como afirma o presidente da secção, Gonçalo Bento. “Entrámos em contacto com a administração da AAC, mas não tem havido grande abertura para nos ajudar”, afirma o presidente do Grupo Ecológico, que acrescenta a necessidade “de alterações nas janelas, cabos de internet e nas diversas tomadas”. De acordo com o presidente da Secção de Xadrez da AAC João Oliveira, para além da falta de espaço, a sala apresenta infiltrações. O mesmo ocorre na Secção Experimental de Yoga da AAC, com o espaço que utilizam a ter “muitos pontos de humidade, infiltrações e mau cheiro”.
valor e esse valor, que deveria ser a dividir por atividades das secções culturais e desportivas, vai todo para a natação”, critica Paulo Abrantes. Quando confrontado com esta crítica, Miguel Abrantes, presidente da Secção de Natação da AAC, afirma que “isto é uma informação que é completamente errada”. A distribuição do financiamento é feita de acordo com uma fórmula: “as secções apresentam o seu relatório de atividade e com base nesse relatório de atividade é feita uma atribuição, que nós pensamos não ser perfeita, mas que é a mais justa neste momento”, acrescenta ainda Miguel Abrantes. A CMC atribui apoios à AAC “através do Regulamento Desportivo Municipal e que, em momento algum, esse apoio tem a ver com as secções culturais”, conclui o presidente da Secção de Natação.
Degradação do Estádio Universitário Em relação ao Estádio Universitário (EU), o presidente da Secção de Karaté José Lemos, declara que “as condições não são muito boas: o chão está degradado, chove lá dentro, e os balneários têm pouco espaço”. Do mesmo modo, o presidente da Secção de Ginástica, João Paulo Dias, chama a atenção para o estado “deficitário” do estádio, a falta de dinheiro para a manutenção corrente das instalações e a necessidade de “obras de fundo”. Mário Rui, presidente da Secção de Atletismo, reforça a ideia da necessidade de obras, visto que “o EU está completamente obsoleto em termos da própria pista e das instalações anexas”. O dirigente associativo alerta ainda para importância da “reconversão total da pista”, que neste momento continua a ser “à antiga e antirregulamentar”. “A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) apoia, todos os anos, a associação académica com um
Secções apontam faltas de apoio por parte da DG/AAC Nuno Cardoso, presidente da Secção Filatélica, compartilha da mesma crítica proferida por Paulo Abrantes, sustentando que “o desporto recebe dinheiro e a cultura não”. Há situações de obras realizadas e financiadas pelas próprias secções sem apoio monetário da DG/AAC. Nesse sentido, Luís Alexandre, anterior vice-presidente da Secção de Patinagem, aponta as obras realizadas há dois anos no recinto desportivo da secção com valores próximos dos quatro mil euros. Este critica ainda as condições em que se encontra a secção afirmando que não têm uma sede, nem pavilhão, nem um local de reuniões. “A secção não tem nada, apenas temos deveres e não temos direitos”, reforça. A par desta realidade, algumas intervenções nas salas são financiadas pelos próprios membros das secções, assim como alguns trabalhos de manutenção e pintura executados pelos próprios
seccionistas. “Todos nós sabemos que a associação académica anda muito mal a nível financeiro”, diz o presidente da Secção de Desportos Motorizados, João Filipe, que considera úteis as alterações recentes ao edifício. Secções preocupadas com a falta de participação Em relação à participação dos alunos nas atividades extracurriculares, Miguel Abrantes declara ter “muito menos participação do que aquela que gostaria”. O presidente do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), Tiago Santos, reitera esta ideia visto que têm registado um aumento “nos segundo e terceiro ciclos”, mas que não conseguem “captar alunos do primeiro ciclo.” Neste aspeto, Jorge Graça, responsável pelo Pelouro da Cultura da DG/AAC, justifica que esta realidade se deve ao facto de os “estudantes não conseguirem reconhecer benefícios do associativismo”, apesar de considerar que “Coimbra tem uma grande variedade cultural”. Jorge Graça considera ainda que é “um desperdício uma pessoa vir para Coimbra e tirar só um curso”. Esta realidade, como afirma o presidente do CEC, é também justificada pela implementação do Processo de Bolonha, pois o tempo que os jovens têm “para dedicar a outras atividades que não o foco principal – os estudos” é muito pouco. A mesma justificação é partilhada por Alexandre Mateus, responsável do Pelouro das Infraestruturas da direção-geral, que reforça a ideia que o Processo de Bolonha faz com que as pessoas tenham “menos tempo para estar na associação” e assim “não quererem fazer nada extra”. Contudo, Jorge Graça realça que este problema não se deve à “má divulgação”. De modo a contrariar a tendência
da progressiva descida no número de estudantes inscritos nas seções e órgãos autónomos, Pedro Mendes, responsável do pelouro de Desporto da DG/AAC, afirma que “o pelouro tem um papel na divulgação da existência das modalidades que existem” e que “as próprias secções desportivas, tal como as culturais, devem auto promover-se junto dos estudantes”. Pedro Mendes expõe ainda que “cada uma das secções é uma situação específica, e por isso mesmo têm um problema específico, acrescentando que ainda não foram feitas reuniões com todas as secções”. Miguel Abrantes refere ainda que “a Associação Académica de Coimbra não tem possibilidades de satisfazer todas as necessidades de todas as secções, e de todas as suas modalidades” contudo, “de alguma forma as secções têm-se ajeitado”, “têm sido encontradas soluções através de encontros e estabelecimento de protocolos”. Notamos uma melhoria com esta direção-geral A relação entre secções, organismos autónomos e a direção-geral é, consoante o que aponta a maioria, uma relação de cooperação, entreajuda e disponibilidade. Tal é subscrito pelo presidente da Secção de Basebol, Sandro Saltão: “tivemos sempre apoio da direção-geral, que está a par da nossa situação, ao termos herdado uma dívida enorme da anterior direção, e estamos a saldar essa dívida”. A mesma posição é defendida pelo presidente do CEC que refere: “há obviamente mais a fazer pela cultura, mas notamos uma melhoria com esta DG (2014), uma melhoria bastante significativa no esforço para eles resolverem os problemas que nos afetaram”. Com Carolina Rodrigues, Carolina Saavedra e Susana Tomaz
8 | a cabra | 17 de dezembro de 2014 | Quarta-feira
CULTURA
Prisioneiros do absurdo A Escola da Noite traz ao palco do Teatro da Cerca de São Bernardo opressão, censura, surrealismo e atualidade a partir das palavras de Matéi Visniec Inês Duarte Camila Vidal “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres” é o título da peça que a companhia de teatro Escola da Noite (EN) apresenta, entre 18 e 21 de dezembro, no Teatro da Cerca de São Bernardo. Uma adaptação do texto de Matéi Visniec, o espetáculo é uma estreia mundial que,
apesar de já ter tido leituras cénicas em vários países, é a primeira vez que vê os palcos de teatro. No entanto, “não foi isso que nos levou a escolher o texto”, revela Pedro Rodrigues, produtor da EN, ainda que essa característica “aumente a importância da estreia”. A peça leva o público atéà década de 1950 do século XX. Numa época de censura, um escritor romeno é preso por rejeitar escrever poemas de carácter patriótico e por idolatrar autores e textos proibidos pelo regime. Já na prisão, o poeta partilha a cela com outros artistas e intelectuais encarcerados pelo mesmo motivo, a resistência à censura. Juntos, tendo-se a si próprios como espetadores, representam uma peça de Eugène Ionesco, “A Cantora Careca”. “Eles encontram no teatro e na arte uma forma de resistir à opressão e ao absurdo
do regime que os está a oprimir”, afirma Pedro Rodrigues, para quem a dimensão da peça “serve para lembrar a importância da arte e para preservar a liberdade de pensamento e a liberdade de consciência dos indivíduos”. A opressão e a memória Acerca da opressão, Igor Lebreaud, ator que encarna o protagonista da peça, afirma que “um poeta deve dizer sempre os seus poemas, mesmo que todas as mãos lhe tentem calar a boca”. A importância da memória é ressalvada na peça, partindo para “uma homenagem às vítimas dessa opressão” na Roménia comunista, refere o produtor. Para António Augusto Barros, encenador da peça e diretor artístico da Escola da Noite, é importante que se discuta essa opressão e o contexto
histórico da peça, pois “a viagem pelo estalinismo é uma viagem por uma galeria de horrores e essa discussão não parece ter sido feita no seio da esquerda ou mesmo no seio da sociedade portuguesa em geral”. Crítica social na “mistura entre sonho e realidade” A questão da memória não é o único sentido do espetáculo. Pedro Rodrigues salienta que existe uma “chamada de atenção para os ataques à liberdade e as tentativas de manipulação das pessoas”. A peça pode levar a “refletir sobre o mundo em que vivemos hoje, uma sociedade de consumo em que o dinheiro acaba por ser uma forma de ditadura monetária”, afirma Igor Lebreaud. O ator considera ainda que o espetáculo “é uma bela metáfora de como a arte pode libertar a vários níveis”.
O espetáculo atinge por isso uma dimensão bastante onírica. “A peça é muito inspirada pelos surrealistas”, segundo António Augusto Barros. Para Igor Lebreaud, há um grande interesse “ao nível do surreal, existe uma grande mistura entre o sonho e a realidade”. Apesar da seriedade que o espetáculo carrega em si, Ricardo Kalash, ator participante na peça, afirma que esta tem também um lado “muito cómico”. “Chega-se a momentos que são tão ridículos, situações tão patéticas que se torna cómico”. António Augusto Barros refere ainda que isto acontece porque “o protagonista conta permanentemente piadas políticas, geram-se situações de humor, porque realmente nessas sociedades a paranóia ideológica ganhou tais dimensões que passou a ser absurda”. GENTILMENTE CEDIDA PELA ESCOLA DA NOITE
A PEÇA FOCA, ENTRE OUTROS PONTOS, A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA NA “HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DA OPRESSÃO”
Círculo de Artes Plásticas difunde arte contemporânea Desde o fim de outubro até ao início de 2015, um ciclo de sete exposições de arte contemporânea é promovido em diferentes sítios da cidade Inês Duarte O Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) está a apresentar, em simultâneo, sete exposições em seis locais distintos. O diretor do CAPC, Carlos Antunes, considera que é uma “atividade muitíssimo relevante”, a nível distrital, dentro da arte contemporânea. As obras de arte estão expostas no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, no Museu da Água, no Café Santa Cruz, no Círculo Sede, no Círculo Sereia e na
Casa das Artes de Miranda do Corvo. Estes locais criam dois percursos, o Percurso Cidade e o Percurso Território. “A nós interessa-nos lugares que tenham uma relação forte com a história, que tenham uma dimensão patrimonial muito evidente”, refere Carlos Antunes, que afirma ainda que “o pior que pode acontecer a Coimbra é ficar alegremente adormecida à sombra do seu prestígio reconhecido pela UNESCO”. Quanto ao Ciclo Espelho, no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, o diretor do CAPC explica que “é uma reflexão sobre a circunstância do Mosteiro de Santa Clara ter estado submerso durante quase 300 anos nas águas do Mondego”. “A imagem que tínhamos dele era de metade do edifício refletido nas águas”, refere. As exposições estarão patentes até 31 de dezembro.
RAQUEL MENDONÇA
Moirika Reker, Gilberto Reis e Pedro Vaz são os autores das obras expostas no Museu da Água até 18 de janeiro do próximo ano, que têm como tema “a reflexão sobre a água no seu sentido semântico mais alargado”, revela o diretor. As exposições do Mosteiro e do Museu da Água interligam-se através “da representação que a água convoca pelo espelhamento”, completa. No Círculo Sede encontram-se exposições realizadas por dois artistas, surgidas das suas teses de doutoramento, até 31 de dezembro. Reestabelece-se assim uma ligação com a Universidade de Coimbra depois de ter existido, de acordo com Carlos Antunes, “um período de afastamento dessa relação com a universidade mas que tem interesse recuperar”. A escolha da Casa das Artes de Miranda do Corvo, para local de
uma das exposições, remete para a intenção “de inscrever de uma forma alargada a ação do CAPC em todo o território de Coimbra” ao acompanhar a linha medieval do Mondego, salienta o diretor. Uma exposição que pode ser visitada até 28 de fevereiro de 2015. A exposição no Círculo da Sereia consiste numa parte da coleção de gravuras da Caixa Geral de Depósitos por artistas do movimento neorrealista, desde Julião Sarmento a Paula Rego. Até 3 de janeiro estarão expostas estas gravuras e um catálogo integral das mesmas. Num espaço que já foi uma igreja, o Café Santa Cruz, está exposta até ao segundo dia de fevereiro uma única obra que, conclui o diretor do CAPC, é uma tentativa de “reinscrever o sagrado num espaço que foi, naturalmente, profanado”. Com Carolina Marques
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DESPORTO
Coimbra em mudança para Jogos Universitários Europeus 2018 Com a realização dos JUE em 2018, Coimbra vai beneficiar a nível de infraestruturas e irá dar mais um passo na sua internacionalização Rafael Velho Os Jogos Universitários Europeus (EUG), uma competição multidesportiva que ocorre a cada dois anos, realizam-se em 2018 em Coimbra. Nas palavras de Ricardo Morgado, ex-presidente da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), a cidade é “histórica e reconhecida internacionalmente” e deve “continuar a internacionalizar-se e expandir-se”. O vereador do Desporto da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Carlos Cidade, salienta melhorias a efetuar nos espaços hoteleiros e “a reforma do Estádio Universitário, a reabilitação do Pavilhão 1 e da pista de atletismo”, que fazem parte do programa da Universidade de Coimbra (UC). Para Carlos Cidade, esse programa “deve ser abrangente em termos de requalificação urbana”, envolvendo a área central da cidade e o rio Mondego. A candidatura aos EUG de 2018 foi iniciada no segundo mandato de Ricardo Morgado. Uma “candidatura mais madura e muito mais pensada do que a de 2016”, refere Daniel Reis Nunes, atual vice-presidente da DG/AAC, em relação à candidatura perdida para Zagreb. De acordo com Ricardo Morgado, a segunda candidatura ganhou ao
“incluir um maior nível de modalidades, inclusive para atletas com deficiências motoras, sendo que esta candidatura tem também em comum o facto de unir a cidade através da Câmara Municipal, a UC e a AAC e ainda os municípios de Montemor-o-Velho e da Figueira da Foz”. Em termos de gastos, o orçamento para 2018 prevê um valor de três milhões e meio de euros, 500 mil euros superior em relação a 2016. Helena Freitas, vice-reitora da UC para o Desporto, afirma que esse valor é “sobredimensionado e será ajustado”. Quem terá um papel na organização dos jogos é a UC, com Helena Freitas a referir que esta “terá a função prioritária na organização do evento”, visto que detém o Estádio Universitário, local que receberá a maior parte das atividades desportivas do evento. Já a Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) é o grande “ponto de contacto de Portugal com a Associação Europeia do Desporto Universitário (EUSA)”, acentua a presidente da FADU, Filipa Godinho. Esta salienta ainda que, a nível de financiamento, a FADU vai “reencaminhar na sua totalidade o financiamento dado pelo Estado para os Jogos para a organização do evento”. Os valores desse financiamento ainda não são conhecidos e sendo esses valores anuais, Filipa Godinho sugere que “o financiamento não viesse no próprio ano, mas que viesse já”, por forma a suportar gastos presentes. A UC também irá ajudar financeiramente grande parte do evento, em conjunto com a AAC. Quando
ARQUIVO
O PROCESSO DE ACOLHIMENTO DOS EUG 2018 FOI INICIADO PELO EX-PRESIDENTE DA DG/AAC RICARDO MORGADO questionada acerca dos valores envolvidos na preparação dos jogos por parte da universidade, a vice-reitora afirma não fazer sentido revelá-los, visto que “existem valores que não estão inerentes ao documento de candidatura, como a hotelaria financiada à comissão, custos esses superiores a 5 mil euros”. Ainda de acordo com Helena Freitas, a UC encontrou uma
maneira de reduzir as despesas de hotelaria aquando da realização dos EUG, incluindo as residências no programa, visto que se realizam numa altura em que estas têm uma ocupação reduzida. A CMC, outra das entidades organizadoras do evento, vai apoiar “financeiramente a EUSA, para além do apoio logístico nas visitas técnicas a Coimbra dos membros
do Comité Executivo dos EUSA”, garante Carlos Cidade. Os EUG serão uma oportunidade para que “Coimbra tenha uma oportunidade fantástica para fazer uma reforma a nível desportivo, que, em conjunto com o desporto federado, nos permita ter mais qualidade. São quatro anos de oportunidades para a cidade”, conclui Ricardo Morgado.
Basquetebol: Magna deixa nas mãos da DG recurso a tribunal Do Processo de Basquetebol levado a Assembleia Magna de Recurso é retirada uma decisão deliberativa por número insuficiente de votantes presentes Rita Flores A Assembleia Magna de Recurso (AMR), que decorreu no passado dia 3 de dezembro, teve como ponto único da ordem de trabalhos o Processo de Basquetebol, instaurado pelo Conselho Fiscal (CF) contra três sócios da Secção de Basquetebol da Associação Académica de Coimbra (SB/AAC). Mário Castro (presidente do mandato de 2011/2012), João Chicória (tesoureiro do mandato de
2011/2012) e Carlos Gonçalves (presidente do mandato de 2012/2013) são os elementos da secção visados pelo processo. Os intervenientes foram alvo de um processo com base em “suspeitas de gestão danosa e prejudicial à AAC”, de acordo com o documento “Nota de Culpa”. Neste documento é feita a exposição dos factos provados, não provados e por provar, bem como a enunciação do conjunto de sócios ouvidos no âmbito do processo. Durante a fase de inquérito e instrução foi possível esclarecer o valor total da dívida da SB/AAC, uma vez que havia conhecimento, por parte da Direcção-Geral da AAC (DG/AAC), da existência de dívida, mas nunca do montante exacto, situação apresentada como falta de transparência da situação financeira da SB/AAC. A AMR foi requisitada por Carlos Gonçalves, ao invés do recurso aos tribunais judiciais. Durante a fase de
investigação, o presidente do mandato 2012/2013 alegou “ter-se surpreendido com o montante da dívida” apresentado assim que tomou posse. O valor inicialmente pensado de 107 mil euros, passou para os 226742 euros, alegadamente desconhecido pela DG/AAC. No final da fase de inquérito e instrução ficou ainda por provar/não foram provados a existência de contas paralelas, o desconhecimento alegado pelos dirigentes das regras previstas para a contratação e regime de responsabilidade dos jogadores estrangeiros, tal como a intenção de actuar de forma contrária aos estatutos. A suspensão de um ano aos sócios acusados foi oficializada a 7 de outubro, pena essa a máxima susceptível de aplicação ao caso. Carlos Gonçalves foi o único sócio a recorrer da sanção aplicada, apresentando alegações e conclusões de recurso onde afirma existirem “vários erros, por
violação dos estatutos e por não se terem apurados factos com relevância para a boa decisão da causa”. A primeira intervenção de Flávio Tribuna, membro do CF, procurou responder aos argumentos expostos no recurso apresentado, tais como a usurpação de poderes por parte dos relatores do processo e a acusação de que os mesmos tenham decidido aplicar a sanção. O membro do CF afirmou ainda que “não é o volume de dívida e o valor patrimonial que justificam a sanção de que o sócio é alvo”, mas sim a não verificação de regras e estatutos da AAC. Carlos Gonçalves iniciou a sua intervenção ao dizer que fora impedido de ser representado e era com “profunda mágoa” que se encontrava presente. “Para uma gestão danosa que ainda consegue abater 30 mil euros de dívidas, quem me dera haver muitas secções assim”, argumentou Carlos Gonçalves considerando injus-
ta a acusação. Em declarações finais, o membro da SB/AAC afirmou ainda haver tempo de “pôr aquela época, que trouxe tanto à secção, no patamar justo em que ela deveria estar”. Flávio Tribuna concluiu que ”como é opinião pública, deve caber à DG levar isto para instituições judiciais, até para um conhecimento mais criterioso daquilo que se passou efectivamente nestes três mandatos”. Concluída a votação, referiu-se que o número de votantes presentes não era suficiente para que a decisão fosse deliberativa. Para que tal acontecesse teriam de estar presentes cerca de dez por cento do número de votantes do último ano do ato eleitoral, o que não se verificou. Contudo, foi feito o escrutínio dos resultados devido à importância de ficar registado o sentido de votação desta AMR, expressa pela confirmação, com 83,3 por cento (equivalente a 40 votantes) da sanção aplicada ao sócio pelo CF.
10 | a cabra | 17 de dezembro de 2014 | Quarta-feira
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Outros mundos, outros fundos
D.R.
Enquanto se desvendam os segredos do Universo, os oceanos profundos do planeta azul seguem incógnitos. Os investigadores procuram identificar cerca de 40 mil espécies desconhecidas. Por Jorge Costa e Rita Fé
Q
uem não se recorda de um simpático peixinho que, durante uma curta aparição no filme “À Procura de Nemo”, assustou os protagonistas com uma boca enorme e dentes pontiagudos? O seu nome comum, em português, é peixe-diabo-negro e foi recentemente captado pelo Monterey Bay Aquarium Research Institute no passado mês de Novembro. Até então, o que se sabia sobre este ser adveio de estudos com a espécie em estado “post mortem”. As fêmeas deste peixe possuem uma antena, semelhante a uma cana de pesca, que se ilumina na extremidade graças à ação de bactérias bioluminescentes. Esta lanterna subaquática atrai as presas, que são logo devoradas pelo animal. Os machos são mais pequenos e a sua única função é apenas encontrar uma companheira para procriar. O peixe-diabo negro insere-se no grupo das espécies abissais, ou seja, que habitam as planícies profundas dos oceanos. A planície abissal abrange cerca de 60 por cento da superfície terrestre e ainda é um enigma para o ser humano. Situada a cerca de 4 mil metros de profundidade, esta zona obscura é uma das áreas mais inacessíveis do planeta Terra - já houve mais homens a pisar a Lua do que a aventurar-se nas profundezas oceânicas. Por este motivo, é ainda muito difícil conhecer as espécies abissais em termos de ecologia e etologia.
Armando Almeida, ao acrescentar que “é importante conhecer a biodiversidade que existe e a abundância destas espécies para se fazer uma eventual gestão de “stocks””. Há um potencial económico que ainda não se conhece, podendo existir “espécies com interesse alimentar e produtos que podem ser interessantes para a indústria farmacêutica”, explica. O principal entrave a estas investigações é a ausência de maquinaria apta para mergulhar a grandes profundidades, onde a pressão da água seria capaz de destruir um submarino nuclear em poucos minutos. O professor catedrático do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Universidade de Coimbra (UC), João Carlos Marques, explica que, para funcionarem, “os dispositivos têm de ser concebidos para aguentarem estas pressões”. O docente exemplifica que “a maior parte dos equipamentos utilizados não são tripulados, como “landers” e “rovers””. Ausência de luz solar, temperaturas negativas e uma enorme pressão provocada pela água. São estes os principais motivos que tornam a zona abissal num local de difícil acesso para o homem, dando às criaturas que ali habitam um aspeto bizarro, como presas enormes. São exemplo o peixe-dragão e o peixe-víbora, que estão armados com um conjunto assustador de dentes, usados para morder e prender a presa.
Entraves financeiros e tecnológicos Armando Almeida, docente da Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa (FCUNL), afirma que “são precisos muitos fundos e meios caros para fazer exploração nas zonas profundas, por isso há pouco conhecimento nessa área”. O também biólogo marinho refere que “só têm sido feitos estudos pontuais em determinadas zonas, porque a zona profunda dos oceanos estende-se por uma área muito grande”. “O que conhecemos são só pequenos pontos no oceano”, ilustra. A importância do estudo destas espécies é também salientado por
Um mundo de seres desconhecidos A transparência ou a cor escura são também características fulcrais. É assim que conseguem passar despercebidos na escuridão, atacar e não serem predados quando sobem a águas mais superficiais. Os seres abissais têm uma esperança média de vida duas a três vezes maior que os peixes coloridos da plataforma continental. O metabolismo é mais lento por viverem num ‘habitat’ frio, de escuridão e escassez. É o que acontece com o peixe-rato, com um metro de cumprimento e com uma esperança média de vida até 50 anos. É aqui que habita uma das cria-
“DOC RICKETTS” É O SUBMARINO TELECOMANDADO UTILIZADO PELO MONTEREY BAY AQUARIUM RESEARCH turas mais antigas e resistentes, a lula-vampira-do-inferno, que existe há cerca de 300 milhões de anos. A sua cor é avermelhada, possui oito longos tentáculos cobertos de espinhos e, quando é atacada, fecha-se sobre si própria e aumenta de tamanho. Para se proteger, liberta uma tinta bioluminescente para confundir o inimigo e ter tempo de fugir. Os cientistas identificam pilares importantes que estruturam o ‘habitat’ destas espécies. Um deles é a “neve marinha”, matéria flutuante composta por sobras de plantas, criaturas mortas e fezes que se afundam desde a superfície e que servem de alimento para os organismos situados nestas zonas obscuras. Outro assenta nos cadáveres de criaturas que se vão afundando desde as águas mais altas, e se podem tornar no ‘habitat’ de criaturas das profundezas. É o caso da salpa, uma água-viva que, depois de morta, é usada por um anfípoda como depósito para os seus ovos. É possível identificar um ponto específico do fundo oceânico que é
particularmente profundo, a Fossa das Marianas, nas Filipinas. Esta cavidade com cerca de 11500 metros de profundidade e a sua área é chamada de “Challenger Deep”. Aqui, a pressão da água é 100 mil vezes maior do que na superfície de Marte. Dentro da Fossa das Marianas, o Monte Everest, o sítio mais alto do planeta - com 8848 metros de altura- afundaria por uma diferença de 2652 metros. Os recursos que os oceanos, especialmente as zonas abissais, podem oferecer são ainda bastante ignorados. Contudo, João Carlos Marques esclarece que “neste momento, os oceanos estão, do ponto de vista da nossa utilização, muito abaixo daquilo que é o seu potencial” e acrescenta ainda que vão ser necessárias “dezenas de anos de investigação muito séria sobre como aceder aos recursos”. O professor remata com uma certeza: “já estamos tão esgotados em termos de recursos terrestres e como a população humana está sempre a crescer é necessário explorar os recursos oceânicos”. Todavia,
é imprescindível garantir uma transição sustentável sem devastar os ecossistemas marinhos. A importância da plataforma extra continental portuguesa Em relação ao papel de Portugal na investigação dos fundos oceânicos, o docente do DCV refere que “pesquisar biodiversidade, os recursos vivos e os recursos não vivos, é extremamente importante para Portugal”. A importância da existência de “uma plataforma extra continental enorme” é um laboratório privilegiado para que “talvez daqui a 20 ou 30 anos possamos estar melhor do que estamos agora”, indica. Porém, para que isto aconteça, é preciso ativar meios. “É importante que sejamos nós, portugueses, a levar a cabo a exploração destes fundos”, sublinha o docente da FCTUC. “Temos de ter gente formada nesta área, para sabermos o que tem de ser feito na nossa plataforma”, salienta João Carlos Marques. A sua conclusão é assertiva: “o mar é o nosso desígnio nacional”.
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CIDADE
Instituições da cidade criam novo observatório para violência doméstica
RAQUEL MENDONÇA
Apesar da taxa de criminalidade ter diminuído em Coimbra, os casos de violência doméstica aumentaram, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna de 2013 Rodrigo Farias Raquel Mendonça O grupo Violência: Informação, Investigação, Intervenção lançou, no dia 25 de novembro, o projeto piloto Observatório da Saúde para a Violência entre Parceiros Íntimos, promovido em articulação com o Programa Nacional de Saúde Mental da DGS (Direção Geral da Saúde). A responsável pelo Gabinete de Relações Públicas e Comunicação da Administração Regional de Saúde de Coimbra (ARSC) Filomena Lages, a iniciativa tem como objectivo “preparar os médicos de família para avaliar as vítimas, apoiá-las e encaminhá-las para a Unidade de Violência Familiar do CHUC”. A trabalhar em conjunto com a ARSC, estão outras dez instituições da cidade: a Polícia de Segurança Pública (PSP), a Guarda Nacional Republicana (GNR), a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP), a Fundação Bissaya Barreto (FBB), o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), a Segurança Social, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o Instituto de Medicina Legal (IML) e ainda a Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC (FPCEUC).
A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PODE LEVAR A TRAUMAS PARA A VIDA E A ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO CONTÍNUO Familiares e amigos alertam autoridades e instituições Segundo fonte da PSP são registados, em Coimbra, cerca de dois a três casos de violência doméstica por dia. Apesar disso, não é registada uma elevada percentagem de morte dado que quando os agentes recebem a queixa atuam sempre de forma a privilegiar a vida humana. As queixas são, na sua maioria, apresentadas por familiares, amigos e vizinhos da vítima, ou pela própria. O Relatório Anual de Segurança Interna de 2013 (RASI), apesar da taxa de criminalidade participada em Coimbra ter sofrido uma diminuição de 10,89 por cento, os casos de violência doméstica aumentaram 12,5. Natália Cardoso, gestora da APAV de Coimbra, explica que quando o crime é efetuado por atos de agressão
violenta é, com regularidade, a vítima quem reporta a queixa. No caso dos idosos, no entanto, onde a percentagem de vítimas é maior, a denúncia é muitas vezes feita por familiares ou amigos. Já no caso das crianças, refere Natália Cardoso, “são as escolas ou outras instituições em que a vítima esteja envolvida que têm um grande impacto na deteção desses casos e alertam a Comissão de Proteção a Crianças e Jovens presente nas câmaras municipais”. Com isso, o processo pode chegar mesmo a tribunal, onde em casos extremos a vítima pode ser retirada ao agressor. Violência psicológica maioritária nos homens Segundo dados da APAV, no caso das relações de heterossexualidade em que o agressor é do sexo feminino, a agres-
são é maioritariamente psicológica. Por outro lado, nas relações homossexuais, quando a vítima e o arguido são ambos do sexo masculino, o ato é cometido através de agressões físicas. Segundo a gestora da APAV, no caso da vítima ser do sexo masculino é “o medo, o receio e a vergonha de se assumirem como vítimas do crime de violência doméstica e serem humilhadas por instituições como a polícia ou os tribunais”, e até mesmo por familiares e amigos, uma das principais razões para demorarem a relatar o ato. A tentativa de liderança na relação por um dos parceiros é um dos fatores que gera este tipo de delitos. Porém, existem meios de prevenção que podem ser adquiridos para evitar esse tipo de atos. Por um lado medidas educacionais como o respeito e a compreensão das diferenças um do
Ruas da Baixa vestem-se a rigor para o Natal A equipa organizadora do projeto promete trazer de volta o espírito natalício ao coração da cidade, com cerca de 150 eventos a decorrer durante um mês Raquel Mendonça Inês Sanches “Luzes sobre a Baixa de Coimbra” irá, pelo segundo ano consecutivo, animar a época natalícia e final de ano desta zona da cidade. Este projeto que decorre desde o início do mês, prolonga-se até seis de janeiro e inclui um conjunto de “atividades nos mais diversos moldes, quer utilizando alguns espaços públicos camarários quer utilizando estabelecimentos comerciais”, refere o presidente da APBC Vítor Marques.
O programa resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), tendo como objetivo “promover ações e atividades que fomentem a vivificação da Baixa que é uma zona nobre no centro histórico”, afirma a vereadora da Cultura da CMC Carina Gomes. “Pretendemos fomentar o sentido de pertença das pessoas relativamente à cidade”, para que estas “tenham amor e carinho” por ela, acrescenta. A iniciativa decorre depois do êxito que obteve com a sua primeira edição no ano passado. “Estávamos convencidos que fosse um sucesso mas não esperávamos que fosse tão grande”, lembra a vereadora. O programa conta com atividades variadas, tais como “workshops”, sessões de contos, exposições, mostra e venda de presépios e a já habitual corrida de São Silvestre, que celebra este ano a sua trigésima sétima edição. Apesar de muito semelhante ao do
ano passado, o “Luzes sobre a Baixa de Coimbra” difere em alguns pontos. Para além da zona iluminada que aumentou ligeiramente, chegando ao Mercado D. Pedro V, “são mais os dias de programação, são mais as iniciativas e temos uma novidade que é a sincronização entre um “set” de DJ e o fogo-de-artifício”, conta Carina Gomes. Um dos pontos altos da programação será a festa de final de ano que irá contar com nomes como os Quinta do Bill, Banda Red e com o DJ Tom Enzy, “que vai atuar durante a noite e principalmente irá preparar as últimas 12 badaladas do ano de 2014”, diz Vítor Marques. O programa diversificado foi a forma que a organização encontrou para conseguir atrair todo o tipo de público já que o “panorama musical é capaz de fazer frente aos outros programas de fim de ano da região”, explica a vereadora. “Não vamos esquecer que todas as entradas são gratuitas”, conclui.
outro. Por outro, um plano de segurança e alerta dos amigos e familiares. “A desconfiança e a violência são os principais sintomas e as pessoas amigas e próximas devem estar atentas a esse tipo de comportamentos”, previne Natália Cardoso. Após ser gerado um ato de violência doméstica, as vítimas adquirem um conjunto de traumas psicológicos que ficam marcados para o resto da vida, e que obrigam a um posterior acompanhamento por parte de profissionais de saúde mental. “Pesadelos, stress pós-traumático, depressões e um grande índice de desconfiança para o mundo que os rodeia são fatores que podem surgir nas vítimas”, alerta Natália Cardoso. Em casos extremos esta situação pode levar a que a vítima se demita do emprego ou até pôr termo à vida.
SANDRO RAIMUNDO
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Editorial
RAQUEL MENDONÇA
Reflexão sobre a inércia dos estudantes em relação ao universo universitário
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Depois da fraca participação dos estudantes da Universidade de Coimbra (UC) nas eleições para os órgãos gerentes da Associação Académica de Coimbra (AAC), as eleições para os representantes dos estudantes dos primeiro e segundo ciclo no Conselho Geral da UC apresentaram uma taxa de abstenção de mais de 83 por cento. Apesar de a ata respetiva ao terceiro ciclo ainda não ter sido publicada é de prever um valor de igual escala. Tratando-se do órgão máximo deliberativo da UC, e como tal o local onde todos os aspetos que afetam os estudantes são discutidos, esta situação é inadmissível. Mais ainda, quando está em causa a designação daqueles que representarão os estudantes na eleição da nova equipa reitoral no dia 9 de fevereiro de 2015. Quanto à taxa de abstenção nada se pode fazer agora, ainda assim a esperança não está perdida. Louva-se o esforço dos candidatos na divulgação do órgão e nas medidas que propõe para uma aproximação aos estudantes. Mais do que louvar, espera-se que estas sejam realmente implementadas e não passem de meras promessas eleitorais. No entanto, para que o resultado seja positivo, a responsabilidade não está apenas nas mãos dos conselheiros. É preciso que os estudantes representados se interessem pelos assuntos que mais diretamente lhes dizem respeito e entrem em contacto com quem tem o dever de defender os seus interesses.
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É preciso que os estudantes representados se interessem pelos assuntos que mais diretamente lhes dizem respeito e entrem em contacto com quem tem o dever de os defender.
E têm essa oportunidade já no início do próximo ano. Os conselheiros estudantis ja mostraram a sua disponibilidade para uma votação em bloco na eleição da próxima equipa reitoral. Apesar de até agora ainda só João Gabriel Silva ter apresentado a intenção de se recandidatar ao cargo, esta ideia de união não deixa de ser importante. Está agora nas mãos dos estudantes representados fazerem-se ouvir junto dos seus representantes para que estes possam usar as suas reivindicações como moeda de troca.
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Este final de ano marca o regresso d’”A Cabra” às mãos de quem se habituou a lê-la, após quase um ano de ausência. O interregno explica-se pelo esvaziamento da AAC, por uma participação académica e cívica cada vez menor, com as diversas secções, entre as quais a de Jornalismo, a serem quem mais sofre. O Processo de Bolonha, e a consequente diminuição da duração dos cursos superiores, não explica tudo. Urge olhar-se atentamente para estas novas gerações e tentar procurar e compreender outras razões para o desinteresse progressivo. Sem isso, não se encontrarão soluções e a História não tardará a esquecer a AAC, entidade com 127 anos. Numa cidade com três cursos superiores ligados à área da comunicação social, o atual panorama d’”A Cabra” não se entende. Numa cidade com uma forte tradição escrita, não haver estudantes de outros cursos interessados em perceber como se escreve em jornalismo é estranho. A caminho dos 24 anos de existência, só podemos esperar, quase milagrosamente, que o cenário se altere. A Direção
Ficha Técnica Jornal Universitário de Coimbra - A CABRA Depósito Legal nº183245/02 Registo ICS nº116759 Propriedade Associação Académica de Coimbra
acabra JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA
Direção Paulo Sérgio Santos Rafaela Carvalho Equipa Editorial Sandro Raimundo (Ensino Superior), Inês Duarte (Cultura), Rita Fé (Ciência e Tecnologia), Raquel Mendonça (Cidade e Fotografia) Fotografia Catarina Santos, Rafaela Carvalho, Raquel Mendonça, Sandro Raimundo
Colaborou nesta edição Catarina Santos, Camila Vidal, Carolina Rodrigues, Carolina Saavedra, Inês Sanches, João Neves, Jorge Costa, Rafael Velho, Pedro Barreiro, Susana Tomaz, Rita Flores, Rodrigo Farias Colaboradores permanentes Diana Craveiro, Camilo Soldado, Filipe Furtado, João Gaspar, Maria Eduarda Eloy, Teresa Borges Paginação Rafaela Carvalho, Raquel Mendonça
Impressão FIG - Indústrias Gráficas, S.A.; Telf. 239499922, Fax: 239499981, e-mail: fig@fig.pt Produção Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra Agradecimentos Reitoria da Universidade de Coimbra, Rádio Universidade de Coimbra Tiragem 4000 exemplares