16 DE NOVEMBRO DE 2017 ANO XXVI Nº286 GRATUITO PERIÓDICO DIRETOR CARLOS ALMEIDA
ELEIÇÕES AAC 2017 CARLOS ALMEIDA
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ENSINO Três listas na corrida às eleições para a DG/AAC e MAM/AAC. Diferentes abordagens para problemas inerentes à comunidade académica - PÁG. 10 -
CULTURA Até 30 de dezembro a cidade de Coimbra acolhe a segunda edição da exposição de arte contemprânea Anozero - Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra - PÁG. 12 -
DESPORTO Depois de um intervalo de 22 anos, AAC/OAF volta a realizar um congresso. As conclusões do primeiro evento repetem-se neste segundo
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CIÊNCIA Parceria entre UC e CNC responsável por investigação que pretende aumentar a sobrevivência de células regeneradoras
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CIDADE OE2018 abrange várias áreas de interesse público, como educação, saúde, administração interna e cultura. É pretendida uma descentralização do poder local
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DIREÇÃO-GERALEMESADAASSEMBLEIAMAGNADAAACEMVOTAÇÃO Chegar aos estudantes é o ponto de concordância das três listas candidatas a órgãos gerentes. Divergência nas estratégias de aproximação à comunidade académica. - POR JOANA CAMPINHO, MIGUEL MESQUITA MONTES E MARIA FRANCISCA ROMÃO -
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os dias 20 e 21 de novembro, a DireçãoGeral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) e a Mesa da Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra (MAM/AAC) vão ser eleitos pelos seus sócios efetivos. A semana de campanha, que começou no passado dia 13, vai durar até à antevéspera do primeiro dia de eleições. O Conselho Fiscal (CF/ AAC) fica de fora desta corrida eleitoral, e, tal como aprovado em Assembleia Magna, só vai ser eleito em fevereiro do próximo ano. Existem três listas na corrida eleitoral para a DG/AAC. Todas apresentam lista homónima para a MAM/AAC. Alexandre Amado, atual presidente, recandidata-se ao órgão gerente pela Lista C – “Académica de Causas”, Diogo Barbosa é o cabeça de lista da Lista E – “Por uma Académica dos Estudantes” e Francisco Sarmento lidera a Lista J – “Juntos pela Académica”. Em relação ao processo de voto, o presidente da Comissão Eleitoral (CE), Eric Jorge, sublinha que “os estudantes só precisam mesmo de ir lá votar”. Os eleitores devem fazer-se acompanhar de um documento de identificação – bilhete de identidade ou cartão de cidadão – e do certificado multiusos, “pois têm que provar que são estudantes e que estão legais no país”. A existência de três listas, ao invés das duas do ano anterior, “torna as circunstâncias diferentes” e obriga a que haja “muito mais logística”. Com isto, Eric Jorge espera “mais afluência às urnas”, mas não esconde “um maior risco de haver qualquer problema dentro da própria CE”. As eleições deste ano contam com mais urnas do que as que estavam previstas num plano inicial. A pedido do presidente da DG/AAC, “também Medicina Dentária vai ter uma urna própria”, adianta Eric Jorge. Vão assim ter lugar 24 locais onde os estudantes podem exercer o seu direito de voto. Do Conselho Fiscal à Comissão Eleitoral Segundo o Regulamento Eleitoral, a chefia da CE fica a cargo do presidente da MAM/AAC. Após a informação dada a Eric Jorge de que “a mesa não ia conseguir assegurar esta função”, coube ao já presidente do CF/AAC acumular os dois cargos. “Foi numa sequência de renúncias por parte da Assembleia Magna que este cargo acabou por recair em mim”, explica Eric Jorge, que acrescenta que não tem “problema nenhum em assumir a continuidade do processo”. No entanto, reconhece que “todo o trabalho da Comissão Eleitoral pode ser condicionado pelo muito trabalho que existe no Conselho Fiscal”. Por considerar que “o ‘plafond’ para a campanha é algo que deve ser proposto e decidido
em Assembleia Magna”, Eric Jorge revela que este ainda não foi estabelecido. Esta decisão “deve ser aberta a todos os associados efetivos, pois tratam-se das eleições para a DG/AAC e para a MAM/AAC”, defende. Reclama a necessidade de pluralismo. Neste sentido, é necessário “ouvir todas as listas para saber se há algo que deva ser feito nesse sentido ou não. Só depois é que é possível partir para a definição de um ‘plafond’”, pondera. MAM/AAC: estratégias diferentes juntam listas num mesmo objetivo As três listas candidatas para a DG/AAC apresentam listas homónimas para um dos principais corpos gerentes da AAC: a Mesa da Assembleia Magna. Pela Lista C, apresenta-se Pedro Matos Filipe, estudante de Bioquímica. Em representação da Lista E, apresenta-se Rita Viola, aluna de Medicina. Por sua vez, a Lista J é liderada por Elisabete Santos, estudante no curso de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Apesar de representarem listas diferentes, os candidatos para a MAM/AAC não divergem na hora de identificar o principal problema das Assembleias Magnas: a falta de afluência da comunidade estudantil. Ainda assim, todos responsabilizam as últimas alterações estatutárias por esta situação. Diferem, contudo, nas estratégias a adotar para solucionar a contrariedade. Pedro Matos Filipe frisa a importância da MAM/AAC enquanto órgão máximo da AAC. Foi na expectativa de “conseguir fazer melhor” que aceitou ser candidato. Salvaguardou, ainda assim, que o balanço a fazer em relação ao ano anterior é positivo. Reconhece que as várias Direções-Gerais são acusadas de “não ouvir os estudantes”, mas defende que os mesmos têm que “querer ser ouvidos” e que “as Magnas são o lugar para o fazerem”. O candidato vê nas redes sociais o lugar ideal para “explicar a utilidade e o propósito da existência das Assembleias Magnas”. Também reconhece a possibilidade de fazer campanhas na rua, mas insiste numa estratégia que priveligia as plataformas ‘online’, um pouco à semelhança “do que acontece nos órgãos de gestão da universidade”. Ao mesmo tempo que se quer aproximar dos moldes de gestão digital da reitoria, a Lista C quer-se afastar desta, no sentido de “manter algum regime de sigilo face àquilo que pensa a universidade”. Rita Viola, que já se tinha candidatado às eleições dos corpos gerentes da AAC, personifica uma mudança de rumo. O ano passado, candidatouse a presidente do CF/AAC, mas este ano é pela MAM/AAC que espera dar voz. A candidata não
quer afirmar “que o Conselho Fiscal não merece preocupação”, garante, enquanto equaciona que “a situação da Magna está a deteriorar-se um bocadinho. E, quando se diz um bocadinho, é um bocadinho grande”. “É preciso começar a cumprir os estatutos e a divulgar as Assembleias Magnas com, pelo menos, dois dias úteis de antecedência”, defende a candidata. Para além de considerar “necessário que se vá às faculdades chamar os estudantes”, aponta o InforEstudante como um potencial meio para chegar aos alunos. Ao tomar como exemplo a divulgação da última Magna, feita através do Facebook, aproveitou para reforçar que este “não é de todo um meio oficial” – visão contrária à defendida pela Lista C. A candidata adianta que o facto de “ninguém garantir que todos os estudantes utilizam a rede social” lhe confere menos impacto. À semelhança dos outros candidatos, Rita Viola revela uma particular preocupação com os alunos que ainda vivem os seus primeiros meses na faculdade. Para todos, mas sobretudo para estes, importa esclarecer as funções dos diferentes órgãos: “estudantes do primeiro ano, é isto que é uma Assembleia Magna. Estejam presentes, porque, se tiverem problemas, é lá que eles vão ser respondidos”, ilustra. Acredita que “os estudantes não participam porque não têm conhecimento da existência das Magnas e que, por vezes, porque não acreditam ter uma voz”. A candidata à MAM/AAC pela Lista J, Elisabete Santos, não é um nome novo na corrida aos corpos gerentes da AAC. No ano anterior, foi vicepresidente da DG/AAC pela lista do recandidato Alexandre Amado. “O objetivo era o correto”, consente, mas “a maneira de trabalhar tem de ser outra, tem de ser mais assertiva”, diz sobre a saída. Assim, é pela lista de Francisco Sarmento que, este ano, se pretende estrear na presidência da MAM/AAC, num projeto que dá um lugar de destaque às diversas secções desportivas. “Não se pode esquecer que os estudantes são o pulmão desportivo da Associação”, realça. A candidata atenta nas diferentes finalidades que o desporto universitário pode ter: seja informal, seja de alto rendimento, “todos têm de participar e ainda estar ao nível, ou até acima, da Universidade do Minho ou da Universidade de Aveiro”. Para Elisabete Santos, a responsabilidade da mobilização para as Assembleias Magnas “não deve estar só na alçada da DG/AAC”. Também a própria MAM/AAC “deve trabalhar em conjunto com os núcleos das faculdades a questão do quórum necessário”. Os núcleos assumem-se, assim, como “o grande motor de mobilização dos alunos” e são engrenados pelas repúblicas e residências, pontos de concentração da comunidade académica.
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Comissão Eleitoral (CE) coordena o processo de eleição dos corpos gerentes da Associação Académica de Coimbra (AAC): Direção-Geral (DG/AAC), Conselho Fiscal (CF/AAC) e Mesa da Assembleia Magna (MAM/AAC).
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LISTA C “ ACADÉMICA DE CAUSAS ” - POR ANA LAGE E ANA SOFIA NETO PEDRO DINIS SILVA
Alexandre Amado é estudante de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (UC) e recandidata-se à Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC). Os seus principais motes são o alargamento da prática desportiva a toda a academia, o reforço dos recursos das secções desportivas e a possibilidade de todos os estudantes participarem na organização dos principais projetos e atividades da Académica através de uma central de voluntariado.
Entrevista disponível na íntegra em www.acabra.pt
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Têm algum apoio partidário? Não. Quais são as bandeiras deste projeto? É um plano que assenta nas ideias base do projeto “A Tua Causa” do ano passado. Avançámos com a recandidatura porque havia um conjunto de transformações na AAC que estávamos a desenvolver e, para se concretizarem plenamente, precisávamos de mais um ano, devido às circunstâncias. Os Jogos Europeus Universitários [EUSA Games 2018] têm lugar em julho do próximo ano e é um evento que estivemos a organizar ao longo deste mandato. Julgo que é importante que isso suceda com a mesma equipa de organização. Quanto às transformações que se fizeram na Queima das Fitas [QF], algumas ocorreram por alteração dos estatutos e, portanto, refletiram-se numa maior transparência de procedimentos. No entanto, só se vão poder verificar na próxima edição, uma vez que foram aprovados depois da QF. Em terceiro lugar, a luta contra o Regime Fundacional. Conseguimos iniciar um processo de mobilização e tivemos a Assembleia Magna [AM] da década, onde se rejeitou, quase por unanimidade, o Regime Fundacional. Sabemos também que o assunto não está terminado. É necessário manter esta versão política e catapultar esta discussão na universidade para o plano nacional, em especial no que toca ao Regimento Jurídico das Instituições de Ensino Superior [RJIES], em que queremos estar com presença assídua. Vão-se iniciar períodos de discussão sobre o RJIES para dar lugar a alterações. Acho que, devido à discussão que temos travado na UC contra a Fundação, temos de ter um papel decisivo. Falaste de transformações que só podem ser completadas em dois anos. Quais foram conseguidas e quais ainda estão por conseguir? Acho que se pode realçar a travagem do Regime Fundacional, a credibilização da estrutura e o avanço que houve na propina zero. Do ponto de vista cultural, saliento a renovação da Festa das Latas, que permitiu um resultado positivo a todos os níveis. A passagem, a título definitivo, do edifício da AAC das mãos da UC para a DG/AAC vai dar às estruturas muito mais espaço para poderem trabalhar daqui para a frente. Do ponto de vista desportivo, reestruturámos o deporto universitário, o que significa que criámos um sistema que vai permitir ter sucesso nos EUSA Games 2018 e, mais do que isso, contribuir para que o legado destes seja sólido. O que fizemos foi trabalhar em equipamentos desportivos necessários para a prática do desporto universitário e que não existiam. Há um regulamento de participação a ser ultimado que vai trazer um pouco mais de corpo e de responsabilidade, tanto a quem participa, enquanto atleta, como a quem organiza. Isto contribui para que depois dos jogos possa haver uma forma de funcionamento normal, condizente com o facto de sermos anfitriões da maior competição de desporto universitário a nível europeu. Sendo esta uma candidatura de continuidade, quais são as medidas que pretendes manter e quais aquelas que pretendes trazer de novo? Acho que o processo de mobilização que começámos no ano passado está num bom caminho, mas precisa de ser intensificado. É preciso que se criem mecanismos de participação efetiva das pessoas na DG/AAC. Isto significa que é preciso termos formas de participação alargadas na AAC, que permitam aceder às secções culturais, às desportivas e à própria Direção-Geral. É, também, necessário participar na vida quotidiana das mesmas de uma forma direta. Isto faz-se através do sistema que queremos criar. No fundo, constitui uma bolsa de voluntariado para todos os estudantes da UC, não no sentido solidário da palavra, mas de voluntariado para a academia. É preciso incentivo
direto à participação, para que qualquer estudante se possa envolver na organização de atividades das secções, núcleos e DG/AAC, sem que seja necessário pertencer a nenhum destes órgãos. Porque é que os mecanismos que mencionaste não foram criados antes? É um processo de mobilização crescente, que atravessa um pouco o contexto nacional. Há mais associativismo hoje do que há uns anos atrás. Apesar disso, existe sempre espaço para ideias novas, caso contrário não fazia sentido uma recandidatura. Uma das coisas que também devo salientar é a reformulação que queremos fazer ao Fórum AAC. Queremos transformálo num evento que seja transversal a toda a casa e que se dedique a debater problemas internos. Ou seja, como vai funcionar a administração e a logística da associação, como deve funcionar a orçamentação e a distribuição das verbas. A discussão do regulamento da gestão de espaços é uma discussão que queremos ter em Fórum AAC, com todas as estruturas. É necessário garantir que haja momentos de reunião ao longo do ano para discutir alguns problemas, com toda a casa presente. Só assim é que se consegue criar solidariedade entre as partes. Que propostas tens para as secções desportivas, culturais e núcleos? Acredito que este sistema de voluntariado possa revolucionar a participação estudantil na estrutura interna da AAC. Está pensado para todas as estruturas da casa e qualquer uma pode beneficiar. É importante a participação das secções desportivas nos EUSA Games 2018 pela possibilidade de atrair atletas e beneficiar de recursos materiais. É também tempo de construir uma agenda cultural única. No fundo, queremos projetar a actividade cultural da AAC para garantir mais atratividade de recursos humanos para as secções, que é um problema que tem de ser resolvido. Quanto aos núcleos, o envolvimento e a projeção dos mesmos passa pelo trabalho em conjunto com a DG/AAC, em especial a nível pedagógico e das saídas profissionais. No teu primeiro mandato deste importância à aproximação da DG/AAC com as secções desportivas. Achas que foi bem conseguida no ano passado? O ‘feedback’ que temos tido de todas as secções e núcleos é que a administração teve um papel próximo, humano e disponível para com todas as estruturas. É isso que queremos manter e temos possibilidade para o fazer. O papel das secções desportivas nos jogos passa muito por garantir que estas oferecem o que de melhor têm a nível técnico e desportivo na organização dos jogos, para que a Académica faça a melhor prestação possível e para que consiga organizar um evento que fique para a história. Falaste que tinhas conseguido, no teu primeiro mandato, autonomia na gestão do edifício. Que outro tipo de mudanças a nível estrutural tens planeadas para a AAC? O edifício é bastante importante para o funcionamento diário da AAC. O facto de termos conseguido a sua cedência definitiva é um primeiro passo gigante para o conseguirmos reestruturar de forma devida e fazer um aproveitamento efetivo de todas as salas. A cedência do edifício foi um passo histórico. Nos últimos anos tem havido tentativas de o alcançar e muitos desentendimentos internos quanto à atribuição do espaço. Este pertence aos estudantes da UC e aquilo que eles sugerem na AM é a forma como o edifício deve funcionar. Qual o estado das dívidas interna e externa e como pretendes solucioná-las? Esse é um dos assuntos que acho fundamental debater com toda a casa. As dívidas da AAC precisam
de um novo rumo em relação à sua gerência, para reunir os recursos financeiros internos com todas as estruturas. As secções culturais, desportivas, os núcleos e a própria DG/AAC têm feito planos ao longo dos anos a contar muitas vezes com a atribuição de verbas que acabam por não se verificar, seja por dívidas mútuas, por resultados menos positivos da QF ou por patrocinadores que não cumprem os objetivos a que se propuseram. Para reestruturarmos a dívida interna, que não é sustentável neste momento, as estruturas não podem continuar a contar com valores que depois não são reais. A DG/ AAC tem a obrigação de conhecer a situação financeira da AAC, mas tendo em conta a quantidade de estruturas que a compõem, por vezes essa previsão torna-se difusa em alguns sentidos. Existe um atraso na atribuição das verbas das QF de 2016 e 2017. O que pensas fazer para combater essas irregularidades? Em primeiro lugar, perceber quais é que são as causas desse atraso. O que acontece é que a AAC, QF incluída, recebe um montante equivalente ao patrocínio de várias entidades ao longo do ano, patrocínios esses que apoiam tanto a DG/AAC como a QF. Depois, traduz-se no financiamento de todas as estruturas da casa na altura da distribuição das verbas, após o relatório estar aprovado. São vários os patrocínios que a AAC recebe nessa ótica e que são repartidos dessa forma. O que aconteceu nos últimos anos foi que a situação financeira da AAC não se encontrou no seu melhor e o lucro da QF tem sido baixo. Ou seja, é uma situação financeira em que a DG/ AAC tem de entregar à organização da QF um valor que é maior do que o lucro total da festa. Quanto ao Movimento Propina Zero, manténs a abordagem do ano passado ou trazes algo novo? O movimento tem de evoluir mediante a resposta que obtivermos da tutela. A verdade é que estamos quase a meio da legislatura e ainda não há nenhuma opção pública da mesma no que diz respeito à política de propinas e à sua diminuição progressiva. Esse repto já foi lançado várias vezes pelas associações de estudantes, ao qual não houve nenhuma resposta. Eu acho que 2018 é o ano em que a obteremos, caso contrário, vamos intensificar o processo reivindicativo e sair à rua pela causa. Quanto à Ação Social, que medidas pensas tomar? Houve mudanças importantes ao longo deste ano com a contratualização das bolsas de estudo, que surgiu no seguimento da alteração da Regularização das Bolsas de Estudo do ES. Estamos a avaliar o seu sucesso, mas ainda não temos dados suficientes. Falo da contabilização dos rendimentos líquidos do grau familiar ao invés dos rendimentos brutos. É necessário repensar a fórmula de cálculo das bolsas de estudo, que me parece não estar a servir a comunidade estudantil. Existe um conjunto de propostas que a AAC tem feito no que toca à Ação Social, nomeadamente a uniformização dos preços e das condições mínimas nas residências universitárias. Vais insistir na revisão do RJIES? O que podemos fazer é, em primeiro lugar, remover a hipótese de Fundação na UC. É uma batalha que é importante vencer, não só para a AAC, mas para toda a academia. Tem de ser reforçado o papel dos estudantes no governo da universidade e na eleição do reitor. Não deve haver tanta concentração de poderes. Tudo isso tem de ser o produto de um processo de revisão do RJIES, que nós esperamos começar logo que seja divulgado o relatório da OCDE em 2018. Tens algum comentário a fazer acerca dos três elementos da atual DG/AAC que estão a concorrer numa lista adversária? Não existiu qualquer manifestação de fazer as coisas de forma diferente. Portanto, é óbvio que me surpreendeu quando houve uma outra candidatura. Com Luís Almeida
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LISTA E “POR UMA ACADÉMICA DOS ESTUDANTES” - POR JÉSSICA GONÇALVES E SAMUEL SANTOS PEDRO DINIS SILVA
“Por uma académica dos estudantes” é o lema da Lista E, encabeçada por Diogo Barbosa, estudante de primeiro ano no mestrado em História na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC). Ensino superior “público, gratuito e de qualidade” é o foco da proposta desta lista. Equilíbrio, investimento numa nova Associação Académica de Coimbra (AAC) e divulgação das atividades da academia são algumas das ideias-chave.
Entrevista disponível na íntegra em www.acabra.pt
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Têm algum apoio partidário? Não.
Isto é desinvestimento e tentativa de obter lucro através dos próprios estudantes.
O que vos diferencia das restantes listas? Em primeiro lugar, somos por um Ensino Superior [ES] público, gratuito e de qualidade. Defendemos o fim das propinas, é um dos nossos focos, mas também a extinção do Programa de Apoio Social a Estudantes através de atividades de tempo parcial [PASEP]. Os alunos trabalham em projetos de investigação com os seus professores, como acontece em Medicina, onde os alunos de 6º ano dão aulas a alunos do 2º ano. É a prova da falta de financiamento no ES pois há alunos que dão aulas enquanto tiram doutoramento e não são remunerados por isso. Os PASEP servem para a universidade suprimir a contratação efetiva de funcionários e são os alunos que estão a cumprir essas funções. Não faz sentido. Todos os alunos que trabalham na sua área dentro da universidade devem ser remunerados. Outro problema são as bolsas de estudo, que chegam muito tarde, em março ou abril. Como é que um aluno sobrevive se for de uma família monoparental, se os pais tiverem apenas o ordenado mínimo? Alunos com necessidades financeiras devem automaticamente, através dos seus rendimentos, ter o estudo da bolsa feito muito mais rápido.
Sobre as dívidas existentes na AAC, tanto internas como externas, o que se pode fazer para melhorar a situação? É importante fazer uma auditoria a todas as secções de modo a compreender quais são os problemas. Também se deve fazer uma auditoria às contas da Queima das Fitas [QF] que, no ano passado, viu o relatório de contas chumbado pelo Conselho Fiscal [CF/AAC]. Algo está errado quando o relatório de contas do maior evento do ano em Coimbra é chumbado pelo CF/AAC. Nós achamos que ao invés de existirem as conceções que existem na QF, tal devia ser feito pelos núcleos e secções para lucro próprio. Se as secções são financiadas pelos lucros da QF, têm direito a participar no evento para ter o seu próprio financiamento.
De que modo vão conseguir fazer equilibrar a atribuição das bolsas? Em primeiro lugar, explicar aos estudantes como são atribuídas as bolsas de estudo. Um aluno com 18 anos que cá chega e se depara com o grande aparelho burocrático, fica confuso. Deve ser função da DG/AAC, no início do ano letivo, explicar aos alunos de primeiro ano. Temos a possibilidade, como DG/AAC, de alcançar um acordo nacional para combater a lei das bolsas e pressionar a política nacional. A atual DG/AAC está envolvida no Movimento Propina Zero. Enquanto candidato, tencionas continuar com este projeto ou iniciar um novo? A propina zero deve ser atingida de forma rápida, podemos é discordar quanto ao processo. O Movimento Propina Zero foi uma exposição nas Monumentais durante um dia. Considero que foi um dia explicativo. Este movimento deve ser nacional. Como é que vamos tomar a atitude e continuar o programa rumo à propina zero? Vamos fazer o que ainda não foi feito. Vamos convocar os estudantes para a AM, para que possam participar e discutir. Acho que é um fator comum e um direito, enquanto estudantes, poder estudar de forma gratuita. É o investimento no futuro do país. Consideras importante a AM dar mais importância à questão da abolição da propina? Considero que existe um conjunto de estudantes que decide a política da DG/AAC e a AM deve ser o centro de ação da Direção-Geral. Todos os estudantes têm problemas e o único sítio onde se pode encontrar uma solução é na AM. As decisões são para ser tomadas em conjunto. Queremos que a AM seja convocada com maior efetividade. A primeira deste ano contou com 60 pessoas presentes e foi feito um evento no Facebook. Deve haver uma convocatória para cada aluno, algo que a reitoria não tem permitido. É importante alcançar um acordo entre a reitoria e a DG/AAC. No vosso panfleto, referem que existe um desinvestimento na UC. Ao que se referem em concreto? O desinvestimento é visto a vários níveis, como a questão das bolsas que já mencionei. Existem 14 residências universitárias e apenas duas estão equipadas para pessoas com mobilidade reduzida. Não é com um arraial social que isto se resolve. As residências do Polo I estão quase todas num grande estado de degradação. Outro exemplo são as secções com as quais reunimos. Percebemos que as secções desportivas não têm grande espaço para treinar, todas têm dificuldade em contactar a DG/AAC e existem secções que inundam. Quanto ao desinvestimento do Estado, reverte-se nas cantinas. Existe uma diferenciação entre o prato social, de dois euros e quarenta cêntimos, e um prato melhor, que são quatro euros.
Defendem que o processo de Bolonha tem denegrido a qualidade do ES. Se vencerem estas eleições, o que vão fazer para lha devolver? O processo de Bolonha causa dois problemas. O primeiro é a redução da duração dos cursos. Os estudantes têm de aprender em três anos o que antes tinham de aprender em cinco. Do ponto de vista mais prático, a aplicação do processo de Bolonha foi feita com o Regimento Jurídico das Instituições de Ensino Superior [RJIES], o qual temos de revogar pois prevê um artigo como a Fundação, em que estamos a abrir espaço à semiprivatização do ES. Um regime que permite que entidades externas à universidade possam vir tomar decisões. O financiamento da universidade tem de ser feito única e exclusivamente por parte do Estado, porque só assim é que temos uma universidade pública. Queremos ouvir toda a gente e é neste sentido que pretendemos organizar uma reunião onde seja abordado o tema e que se pense o RJIES de um ponto de vista nacional. Quando o reitor da Universidade do Porto esteve aqui para falar sobre o Regime Fundacional, não apresentou nenhuma vantagem. Se isso não aconteceu, então não tem necessidade de existir. As supostas vantagens apresentadas nessa sessão foram a contratação de docentes e compra e venda de património mais de uma forma mais livre. Tens algo a comentar? Sim, esta questão leva-nos a um problema: como são contratados docentes? Que perspetiva de carreira é dada? Um contrato público permite progresso na carreira, um contrato privado pode servir para contratar um professor alemão aos 12 mil euros por mês, mas também permite ter um aluno de doutoramento dar aulas de graça. Esta é a vantagem do Regime Fundacional. É uma desvantagem para quem estuda e para quem acaba por desempenhar um trabalho na universidade e não é pago por isso. Não há vantagem nenhuma nesta questão. Referiste que é importante a participação dos estudantes na AM. A teu ver, quais são as dificuldades concretas da participação dos estudantes nas estruturas? Bolonha. Como prossupõe que se reduzam o número de anos de curso, mas não a quantidade de matéria, torna-se praticamente impossível participar noutros organismos. No entanto, neste aspeto nós achamos que a DG/AAC tem de ter no seu ‘website’ a informação centralizada de todas as secções. Tem de existir um separador destinado às secções desportivas e culturais com todos os contactos e com a publicitação de todas as atividades que existem. Consideras que através da divulgação na página poderiam resolver esta questão?
As pessoas só participam se forem chamadas a participar. Por exemplo, na questão da AM, se a convocatória for feita na página do Facebook da AAC e afixado nas faculdades, nem toda a gente consegue ver. Se as pessoas não veem, não sabem e não vão. O mesmo acontece com as secções, porque são o melhor que AAC tem. O que era a AAC sem elas? A dificuldade que têm em chegar à DG/AAC é inadmissível. A Direção-Geral tem de estar sempre à mesa, a discutir quais são os problemas, a ver quais são as soluções e isso tem de ser um trabalho conjunto. Há secções que perdem pessoas devido à falta de capacidade de divulgação. A DG/AAC tem os meios necessários para fazer esse trabalho. Quanto aos núcleos, segues a mesma linha de pensamento? Na questão mais política, um núcleo não deve ser obrigado a concordar com a linha política da DG/AAC. Acho que tem de existir contacto com toda a gente. O mesmo penso para as secções, faz tudo parte da associação. A meu ver, também acho que as atividades dinamizadas nas residências devem ser divulgadas no ‘site’. Defendo o mesmo para as repúblicas. Em relação ao Conselho Geral [CG], achas que os estudantes têm representatividade suficiente no mesmo? Não. Achamos que as entidades externas não deviam estar no CG. Devia ser um órgão paritário entre os alunos, docentes, funcionários e a reitoria. O presidente do CG é uma entidade externa à universidade. Pensas que fazia mais sentido ser presidido pelo reitor? O CG nem sequer devia ter uma pessoa externa. Voltando mais uma vez à questão da propina, caso ganhem as eleições o que vai ser feito quanto a isso? A propina tem de ser um movimento amplo de luta nacional e é nesse sentido que tem de ser feito. Não pode haver a extinção da propina se não houver um movimento estudantil forte e coeso contra a mesma. Quais são as vossas perspetivas para os dias que se seguem? Muito trabalho, porque temos muita gente com quem conversar e muitos programas para explicar. As nossas perspetivas são conseguirmos fazer com que, pelo menos, haja uma maior participação e discussão relativamente à DG/AAC. Apesar de existirem duas listas, que acabam por ser o mesmo e filhas da mesma Direção-Geral, decidimos que deveríamos tomar uma posição em defesa do Ensino Superior público de qualidade. Consideras que se ganhar uma das outras listas não vai mudar nada? Muito pouco. Eu sou estudante da UC desde 2008 e não mudou quase nada desde então, porque as linhas são sempre as mesmas. Sobre a DG/AAC ainda em funções, qual é o balanço que fazes deste ano que passou? Se fizéssemos um balanço positivo, não nos estávamos a candidatar. Um dos pontos negativos está ligado à Fundação e ao RJIES. Nós não podemos ter uma DG/ AAC que diz que é contra, mas não faz nada. A política e a boa intenção existem, não existe é prática. Se esta não existe, esta DG/AAC não serve. Se não serve, achámos por bem tomar a decisão de nos candidatar. Tens mais alguma coisa que queiras acrescentar? Partimos para esta eleição com a consciência de uma coisa muito simples: o nosso programa é a melhoria das condições dos estudantes e isso é essencial. Temos de tomar consciência daquilo que é o meio no qual estamos inseridos e, nesse sentido, achamos que temos a necessidade de nos candidatar.
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LISTA J “JUNTOS PELA ACADÉMICA” - POR MARGARIDA MANETA E MICAELA SANTOS PEDRO DINIS SILVA
Francisco Sarmento, estudante Gestão na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), é o atual tesoureiro da Direção Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC). Foi presidente do Núcleo de Gestão da AAC e Senador da FEUC. Proximidade, frontalidade e debate interno são as palavras de mudança propostas na sua candidatura. Entrevista disponível na íntegra em www.acabra.pt
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Têm algum apoio partidário? Não. Quais são as bandeiras deste projeto? Em primeiro lugar, proximidade. Em segundo lugar, o rigor e transparência com que pretendemos agir. Por fim, o relevo que desejamos conceder à vertente desportiva a nível interno, principalmente através dos Jogos Europeus Universitários [EUSA Games 2018]. Qual a tua posição em relação à hipótese da UC passar a Regime Fundacional? A nossa posição é claramente contra e faremos tudo para que isso não aconteça. Temos noção de que é uma questão que poderá ir a Conselho Geral [CG] e, por isso, temos dois planos de ação. O primeiro, caso essa proposta vá a CG, é fazer de tudo para que isso não aconteça, com a mobilização junto dos estudantes e ativação de todas as formas de luta possíveis. O segundo, caso essa proposta não vá a CG, é promover o debate, a formação e a informação para os aspetos do Regime Fundacional dentro das faculdades, de modo a que todos os estudantes estejam preparados para ir à luta e para estar na rua se, porventura, o panorama se alterar. Qual a tua posição em relação ao Regimento Jurídico das Instituições de Ensino Superior [ES]? Queremos que haja uma reforma. Pretendemos estudálo para forçar o Governo a levar esta temática a discussão. Que propostas tens para as secções desportivas, culturais e núcleos? Em relação às secções desportivas, os EUSA Games 2018 vão ser fulcrais quer para o desporto universitário, quer para o desporto de secção. A nível de desporto universitário, queremos que a Académica tenha um modelo bem definido, alimentado por dois grandes objetivos: os resultados desportivos e a envolvência crescente dos estudantes. O desporto de secção cruza-se com o desporto universitário porque é o que traz atletas a competir com o símbolo da Académica ao peito e, também, porque as equipas do desporto universitário têm o seu principal modo competitivo nas secções e nos treinos que dentro delas realizam ao longo do ano. Acho que esta simbiose tem de ser clara. Queremos que os Jogos Europeus Universitários sejam um sucesso e pretendemos marcar a posição da Académica dentro destes. Em relação às secções culturais, é necessário olhar para elas e perceber qual o projeto que defendem. Queremos que a proximidade seja clara, que se promova a renovação cada vez maior das secções, sendo que a mesma tem de passar pela aproximação aos estudantes. A DG/AAC não é promotora de cultura, mas define a política cultural. Queremos, com o Conselho Cultural e as várias secções, definir uma dinâmica interna e uma política de modo a que consigamos esta renovação. Em relação aos núcleos, acho que estes têm uma renovação bastante periódica, o que é bom, mas perde-se anualmente a formação. Queremos alterar esse cenário, promovendo uma formação mais contínua. Queremos, também, aproximar a DG/AAC e os núcleos através do apoio e visibilidade que a Direção Geral pode dar às suas atividades. Por exemplo, as feiras de emprego são acontecimentos quase inéditos realizados de forma isolada pelos núcleos, pois as direções das faculdades não têm esse intuito. Em relação a isso, a DG/AAC quer dar o seu impulso e magnitude, quer a nível político, quer institucional. Como achas que as secções desportivas vão estar inseridas nos Jogos Europeus Universitários do próximo ano? De forma bastante concreta, uma vez que muitos atletas que treinam e jogam na nossa casa vão competir nos jogos. Os EUSA Games 2018 não se restringem ao período temporal em que se realizam. Existe toda uma preparação
antes e um legado depois. Para mim, se os jogos não tiverem toda a comunidade a confluir neles e a culminar nesse espaço temporal, perde-se um pouco o objetivo. Para além disso, as equipas do desporto universitário ligadas à Académica vão beneficiar, espero eu, do legado deixado por outras equipas e das infraestruturas que vão ficar à sua disposição. A vigente DG/AAC iniciou o Movimento Propina Zero. Tencionas continuar o movimento ou assumes uma posição diferente? Os primeiros passos a dar são verificar as circunstâncias em que a situação política está, quer a nível nacional, quer a nível do movimento. Isto é, perceber se estamos a conseguir que tenha o impacto suficiente para chegar até ao Governo e abrir a discussão. Caso verifiquemos que não existem tantas sinergias a nível nacional para que isto aconteça, vamos, em conjunto com as associações que também defendem esta ideia, fazer por perceber que passos podemos dar e caminhar para que isso aconteça em breve. Pretendo continuar o movimento, lutar para que a propina zero aconteça o mais brevemente possível. Quais os teus planos para solucionar a dívida interna e externa? A nível da dívida interna, é essencial repensar a estrutura da Académica e considerar o que se pode fazer para mudar um pouco os sistemas internos. Vamos começar pela DG/AAC, percebendo como é que a nível administrativo-financeiro consegue, a breve ou a médio prazo, ser mais ou menos equilibrada e sustentável. Vamos também passar pela questão da Queima das Fitas [QF] e pela análise de todas as estruturas. Queremos potenciar a marca Académica e ter parcerias muito mais vantajosas para nós enquanto AAC, para que consigamos equilibrar a nossa estrutura interna a nível financeiro. A nível de edifício, é preciso olhar para a nossa casa e ver se está a ser bem utilizada. Acho que temos de perceber quem tem mais ou menos atividade, quem necessita mais ou menos das estruturas, fazer esse levantamento e tentar otimizar o máximo possível. Isto é, acho que é necessário o repensamento interno, falar pontualmente secção a secção, conselho a conselho. Aponto para a definição de um plano a médio prazo para a Académica num todo, em que a DG/AAC também está inserida. Acho que é importante dizer que a dívida externa está gerível. A solução está no aumento da receita e não tanto na redução dos custos. Há secções que têm uma grande dívida. Além disso, não têm recebido as receitas da QF, não só de 2017 como também de 2016. O que pensas fazer para mudar isso? É essencial perceber que condições é que, atualmente, se pode ter e dar às secções e à QF. O modo como funcionou até agora não está a resultar e aqui falo das estruturas todas. Portanto, é importante o repensamento de qual a estrutura financeira que nós podemos ter na casa, baseado nas parcerias que temos. É necessário chegar aos parceiros para que apoiem a AAC, porque é uma instituição que pode ajudar no plano da empresa. Pretendemos rigor e competência dentro de qualquer estrutura que exista na casa. Vamos começar a autofiscalizar, a ver o que é que existe de errado. Cabe a nós, enquanto Académica, cumprir o que está escrito. Sendo nós a estrutura que tutela a grande parte da AAC, temos de ter a noção que não podemos mudar os critérios mediante a pessoa que está à nossa frente. Temos de ter critérios bem definidos, linhas orientadoras, sempre a médio prazo, porque nos últimos anos andou-se sempre a tapar buracos. Acho que quase toda a gente já chegou à conclusão que isto não pode continuar assim. Fazes parte desta Direção-Geral como tesoureiro. O que, na tua opinião, ainda não foi feito? Acho que a questão da verba da DG/AAC para a QF e da QF para as secções é algo que já acontece há algum tempo. Considero que não existiu frontalidade até agora e acho que é essencial que exista. Mais do que isso, queremos
que não haja uma diferenciação tão grande entre direções, queremos criar um fator estabilizador dentro da casa, principalmente a nível de secções. Por exemplo, na questão das secções desportivas em que se cortam sempre as épocas desportivas a meio, não lhes podemos exigir que tenham um plano desportivo competitivo e estável quando a meio da época podemos mudar o plano financeiro por alguma parceria que se faça. Não estou a dizer com isto que irei conseguir mais verbas para as secções, mas que elas vão ter de contar com o que vão receber. É importante dar estabilidade à casa para que qualquer dirigente que venha para a Académica saiba com o que contar porque a partir daí é só a crescer e dar o seu cunho pessoal. O que consideras necessário ser visto ou remodelado no ES? Em primeiro plano, penso que tem que ser revisto o sistema binário dentro do ES. Há uma confluência muito grande entre o Ensino Universitário e o Ensino Politécnico e acho essencial que haja uma diferenciação maior em relação a esse sistema. Penso que temos de aproximar o conhecimento, ou seja, aproximar as universidades, os politécnicos, o mundo empresarial e a sociedade em geral. Numa das conclusões do relatório da OCDE é dito que tem de existir essa confluência. Também é importante percebermos que tem de haver uma aposta crescente na ação social. Os estudantes não podem deixar de estudar ou desistir a meio por não terem condições financeiras. Esse paradigma tem de mudar. É preciso perceber que não temos uma sociedade justa quando acontecem este tipo de injustiças. Quanto à Ação Social, que medidas pensas tomar? É necessário não só um maior investimento por parte do Governo nas bolsas atribuídas, como também o aumento do limiar que está criado para o estudante ser abrangido por elas. Assim, é possível aumentar o número de alunos que é apoiado a nível nacional. A nível regional, queremos que as residências tenham uma melhoria de condições. Devido aos EUSA Games 2018, houve muitas residências que foram requalificadas para que tenham os mínimos de condições para os atletas. Isto é uma amostra clara das condições que existem nas residências. Na nossa opinião, o investimento nas residências não é um esforço muito acrescido para a reitoria e, por isso, vamos esforçarnos para que isso aconteça. O que te motivou para passares de tesoureiro da DG/ AAC a candidato? O motivo está relacionado com as questões da dívida interna e externa e com o debate que eu acho que deve existir dentro da AAC. Tínhamos uma visão diferente da Académica. O nosso projeto visa dar este cunho diferente que aposta na proximidade e frontalidade, para que consigamos que haja o debate, de forma a criar o caminho, preparando o futuro, mas trabalhando o presente. Os estatutos são essenciais e devemos aproveitá-los para alterar as dinâmicas internas da casa. Que aspetos herdaste do mandato que partilhaste com o Alexandre Amado e o que consideras necessário ser feito de forma diferente? Alguns aspetos que eu herdei, quer a nível político, de tesouraria e de estrutura interna da DG/AAC, podem ser aproveitados, geridos e catapultados para outras questões. A nível de aspetos a mudar, acho que é importantíssima a questão administrativa e alterar um pouco a forma como olhamos para os problemas. Temos de ser mais rigorosos e competentes a nível interno. Tens alguma coisa a acrescentar? A nível regional queremos ter um papel diferente. A região de Coimbra merece que a Académica consiga ser um agente de mudança. Queremos que a cidade se adeque um pouco melhor à vida dos estudantes. A nível de saídas profissionais, não queremos que o estudante seja forçado a sair de Coimbra por não ter a hipótese de se fixar cá.
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ESQUIZOFRENIA DAS MÁSCARAS DE LORCA DESFILA DIANTE Elenco multicultural reinterpreta a obra “Público” do espanhol Federico García Lorca. Diversidade de linguagens e personagens demarca o projeto. - POR INÊS GAMA E FILIPA VIEIRA -
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poeta e dramaturgo espanhol serviu como motor de arranque para o início deste projeto. Rafaela Bidarra, uma das atrizes que vai interpretar a peça de teatro baseada num dos livros do autor, declarou que é com o objetivo de “romper com os cânones habituais do teatro”. Nos dias 16, 17 e 18 de novembro, sobe ao palco “Público X Lorca”, no Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB) pelas 21h30. O encenador e diretor da peça, Matilde Ciria, explica que esta procede, acima de tudo, a “uma introspeção profunda da vida pessoal e profissional”. Escrita durante um período de autoexílio na América, esta obra é, na sua maioria, “uma pergunta de Lorca sobre si próprio”, esclarece ainda o diretor. Com isso, o projeto pretende pegar neste trabalho de autocrítica e autodescoberta de Lorca para apelar às emoções. “Não é um espetáculo feito para o cérebro, mas sim para os sentidos e sentimentos”, acrescenta
Rafaela Bidarra. Através de uma linguagem poética, esta obra alude “a temas tabu”, entre os quais “a liberdade sexual e profissional”, elucida Matilde Ciria. No entanto, apesar de estes serem a superfície da obra “Público”, o encenador revela que “por detrás disto há um conceito de liberdade e expressão do ser”. Considerado, pelo elenco, um dramaturgo moderno e “à frente do seu tempo”, a escrita do mesmo foi aquele que melhor se enquadrou na mistura cénica pretendida, que liga o texto, o corpo físico e a dança. Em palco, para além das 39 personagens criadas por Lorca, também os quatro atores, Matilde Ciria, Rafaela Bidarra, Arturo Campos e Eduardo Retamar vão desempenhar o seu próprio papel. Esta combinação traduz-se numa “esquizofrenia total”, considerou este último. Contudo, a atriz acrescenta que “a beleza é passar de personagem em personagem”.
JOANA MONTEIRO
O objetivo de trabalhar este projeto com um número reduzido de intérpretes “é prestar o corpo como um instrumento para passar por todas estas 39 máscaras”, reitera Arturo Campos. A multiculturalidade do elenco é uma das caraterísticas que torna esta peça próxima da obra de Lorca. A diversidade de linguagens é um elemento comum a ambos. O projeto conta com a colaboração de personalidades oriundas de França, Portugal, Costa Rica e Espanha e é financiado e apoiado por um programa de apoio à criação das artes cénicas iberoamericanas, IBERESCENA. Esta reinterpretação oferece, a quem não está habituado à poesia e aos seus “códigos linguísticos”, uma diversidade de linguagens que torna o texto visível. Espera-se, assim, que o espectador tenha um papel ativo, pois nas palavras de Federico García Lorca, citadas pelo encenador, “o teatro deve imporse ao público, e não o público ao teatro”.
MIMICAT REGRESSA A COIMBRA COM “BACK IN TOWN” TAGV recebe a cantora para a apresentação do mais recente trabalho. Revela que o “consumo rápido” da sociedade atual dificulta o lançamento do álbum.
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Marisa pareceu aborrecido”, refere a artista quando fala do processo de criação do seu nome de palco. A junção dos nomes pela qual é conhecida pelas pessoas mais próximas levou-a ao alter ego “Mimicat”. No álbum de estreia, “For you”, em 2014, o nome “Mimicat” ser viulhe como um “mecanismo de defesa”, mas hoje em dia, com uma maior maturidade artística, afirma já não necessitar desta proteção. “Mimicat e Marisa são a mesma entidade” e sobem ao palco do Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), no próximo dia 18 de novembro, com o trabalho “Back in Town”. A própria artista refere que no novo disco, quase todos os temas estão relacionados com a sua vida pessoal. Afirma que esta “é uma das grandes diferenças em relação ao álbum anterior”. Mimicat optou por compor os seus dois álbuns em inglês, porém refere que “temas em língua portuguesa são uma prioridade no futuro”. Marisa Mena, para além de interpretar, compõe os seus temas. Quando questionada sobre a sua preferência, afirma que, embora a composição seja uma grande paixão, é em palco, como cantora, que se sente mais realizada. A música acompanhou-a durante toda a infância e juventude, contudo foi um caminho
- POR MARINA FERREIRA E EDUARDA MENDES FOTO GENTILMENTE CEDIDA POR SONY MUSIC PORTUGAL
do qual a artista tentou “fugir”. Aos 17 anos ingressou no ensino superior no curso de Engenharia do Ambiente na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, no entanto a música falou mais alto e é em 2004 que concorre ao programa “Ídolos”. É neste ambiente que tem contacto com o mundo da produção e decide licenciar-se em Som e Imagem na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Para Marisa, natural de Coimbra, ficar na sua terra natal nunca foi uma opção. A residir em Lisboa, a artista considera que a proximidade a
agências e estúdios é uma mais-valia. Refere, no entanto, o sucesso de bandas como Os Quatro e Meia, Deolinda e Anaquim que trabalham a partir do centro do país, e que provam que na era digital a distância física não é um entrave. A cantora diz ter como referências internacionais Amy Winehouse, Beyoncé, Jonh Legend, Aretha Franklin e Ray Charles. Foi intitulada por um jornalista brasileiro como “Amy Winehouse do Tejo”. Esta designação deixou a artista surpresa e a mesma refere que é um privilégio ser comparada a alguém em quem se inspira e que tem como modelo. “A sociedade atual caracteriza-se pelo consumo rápido”, considera ao mencionar que é mais fácil vender singles do que álbuns. “Lançar um álbum em Portugal é só mesmo para os fãs”, acrescenta. Porém, “Back in Town” está a ter uma boa aceitação, “as pessoas estão a reconhecer a qualidade, e a diferença”, confidencia. No passado mês de outubro, a artista pisou o palco da Festa das Latas e Imposição de Insígnias numa atuação mais curta e regressa agora a Coimbra, ao palco do TAGV, para apresentar o novo trabalho. Um concerto que vai ser “um misto de intimismo e ‘power’”, onde promete entregar-se a “mil por centro”.
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SEGUNDA EDIÇÃO DA BIENAL DE COIMBRA PROPÕE “CURAR E REPERAR” A FRAGILIDADE DO MUNDO O evento retorna à cidade e valoriza o seu património histórico. Artistas nacionais e internacionais retratam mundo contemporâneo. - POR VITTORIO ALVES, MARIA FERNANDES E ANA SANTOS MARIA FERNANDES
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entenas de pessoas juntaram-se na Sala da Cidade, no Museu Municipal de Coimbra, no dia da inauguração da segunda edição do Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, no passado sábado dia 10. Os pequenos cartazes de Matt Mulican, pretendem intrigar, os recém-chegados. Falaram o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), o curador-geral e o diretor-geral da Bienal e o reitor da Universidade de Coimbra (UC). O evento ergue-se com o tema “curar e reparar”. Num percurso que passa pela UC, pela Alta e Sofia e que se estende até Santa Clara, 35 artistas partilham as suas obras através das artes plásticas, performativas e instalações. O evento, que teve início a 11 de novembro, decorre até 30 de dezembro em múltiplos espaços da cidade. “Parte-se de um pensamento radical por antítese”, explica o diretor-geral da bienal e do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Carlos Antunes. O princípio fundamental ergue-se a partir da ideia de curar, no sentido de cuidar de um mundo doente. O objetivo passa ainda por reparar tanto como tomada de consciência do mundo, como “conserto daquilo que está partido”, explicou. Pensar sobre a fragilidade do mundo e a origem das coisas é o propósito desta edição. Tratase de “poder pensar uma ação transformadora do mundo à distância de um braço estendido”, afirma o diretor-geral. Através das boas práticas e dos bons exemplos pretende-se “detonar uma série de reações em cadeia”, de forma a transformar o mundo, refere Carlos Antunes. “A história permite perceber que as grandes revoluções não foram capazes de o fazer como desejado”, acrescenta. A arte é defendida como uma disciplina privilegiada por permitir o posicionamento perante os fenómenos
e acontecimentos. O curador-geral, Delfim Sardo, considera que serve como “chamada de atenção para os processos de cura e reparação, quer em termos individuais, coletivos, sociais ou políticos”. É enaltecida a ideia de que a arte não cura. Acrescenta que em vez disso, alerta para uma “visão radical do mundo”. “A cidade está a acordar para a bienal” Eventos desta escala trazem consigo grandes dificuldades. Carlos Antunes salienta que a maior delas tem a ver com os constrangimentos financeiros. “É necessário uma ginástica muito precisa e, acima de tudo, um grande rigor na gestão do dinheiro”, refere. Qualquer erro, multiplicado por quinze mil metros quadrados, de acordo com as suas previsões, seria uma “loucura”. Com o apoio do programa Portugal 2020, o orçamento da bienal coloca 350 mil euros disponíveis. Para o diretor-geral e a equipa do evento, estas limitações são vistas não como obstáculos, mas como desafios que exigem seriedade na tomada de decisões. O “recomeço”, que varia a cada bienal, está presente no conceito de “anozero”, que traz a possibilidade de “voltar à cidade para refletir sobre a sua identidade e origem”, ilustra Carlos Antunes. Considera, ainda, que Coimbra se está a envolverse com a bienal e a contribuir de forma mais ativa. Delfim Sardo atesta que “a cidade tem uma grande porosidade histórica”. Afere que esta bienal só poderia ser feita em Coimbra, visto que pretende ligar a comunidade aos lugares e às vivências que outrora estiveram “apagados”. Exemplo disto é o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova. Para o diretorgeral, um “lugar icónico da cidade”, que apesar de visível através de todos os cantos da cidade, “quase
nunca é reparado”, acrescenta. Ao entrar no mosteiro, “toma-se conta de um edifício do qual não se suspeitava a existência”. Carlos Antunes realça a urgência de perceber os espaços e assim reintegrá-los na dinâmica social da cidade. No caso dos locais de exposição, alguns não estavam habitáveis quando foram encontrados. “Foi definido um plano de ação para a reabilitação dos edifícios, torná-los capazes de ocupação e vivência”, em grande parte, devido às obras de arte. O diretor-geral afirma ainda que as pessoas devem ter “consciência social e patrimonial” sobre a cidade. Dispersas pelo património histórico, cada obra dialoga com o espaço arquitetónico em que está inserida. O projeto de Fernanda Fragateiro, por exemplo, foca-se em posicionar dois espelhos pelo refeitório barroco do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, “a fim de refletir as abóbadas e enfatizar uma calha rompida durante a ocupação militar”, explica Carlos Antunes. Julião Sarmento, por sua vez, faz a instalação de uma sequência de luz ao longo de um corredor de 180 metros. Começa-se com uma intensidade mínima que aumenta de potência até “acabar de forma brutal”, justifica o diretor. Delfim Sardo reitera que, juntamente com a sua colega a curadora-adjunta, Luísa Teixeira de Freitas, procuraram artistas cujos trabalhos se relacionassem com o tema. Há um “guardachuva” temático constituído por “problemas de relevo histórico e político”, que estabelece uma “conexão com o entendimento e reparação do mundo”, explica o mesmo. Como os curadores manifestam, esta bienal é feita para as pessoas a sentirem e construírem a sua opinião acerca dela.
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“RESGATAROPASSADO”PARAOLHAROFUTURO:DOPRIMEIROAOSEGUNDO CONGRESSO DA ACADÉMICA Eventos, apesar do grande intervalo temporal, apresentam mais concordâncias do que divergências. O futebol de formação e a sustentabilidade financeira do clube foram os principais pontos discutidos - POR FRANCISCO MADAÍL E DANIEL PASCOAL -
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o primeiro ao segundo Congresso da Académica existiu um intervalo de 22 anos. Este último, realizado a 4 de novembro, teve como tema “O Futuro da Briosa”, assunto esse escolhido pela Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (AAC) e pela Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF). A sustentabilidade e a formação foram os principais pontos debatidos no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. João Vasco Ribeiro, coordenador do segundo congresso, explicou que “discutir temas centrais para a vida da Académica” e “resgatar o passado” foram os principais motivos para a realização do evento. Existiram duas linhas centrais: a sustentabilidade financeira, social e desportiva e a importância da formação. Contou ainda, segundo o coordenador, com “pessoas bastante relevantes em termos nacionais e internacionais”, como por exemplo o responsável pelos escalões de formação do Sport Lisboa e Benfica, Pedro Mil-Homens, a primeira mulher a treinar um clube masculino de um campeonato de alto nivel, Helena Costa, atual treinadora do Einstracht Frankfurt e o ex-diretor técnico nacional da Federação Portuguesa de Futebol, Francisco Silveira Ramos. Depois da descida à segunda liga, “a Briosa enfrenta um momento financeiro difícil”, refere João Vasco Ribeiro. Esta situação exige “encontrar novas formas de financiamento que garantam a sustentabilidade”, como por exemplo, através de uma maior valorização dos jovens da formação, “que podem ser bons neste efeito”, assegura o organizador. Admite ainda que o clube vive um “círculo vicioso”, pois para aumentar o lucro é necessario subir de divisão e para o fazer é preciso investir. “A Académica quer retomar o lugar que é seu por direito”, reforça Francisco Silveira Ramos, que foi também um dos oradores do segundo congresso. “Tem sido feito um trabalho fantástico, não só pela atual, como também pela antiga direção da AAC/OAF no que diz respeito à redução das
despesas”, conclui João Vasco Ribeiro.
HUGO GUÍMARO
um assunto debatido. No entanto, “algumas das conclusões mencionadas acabaram por ainda não Mais semelhanças do que diferenças entre ter sido postas em prática”, refere o sócio. congressos Quando questionados sobre a comparação do Viver o clube “até ao último suspiro” contexto atual com o da realização do primeiro Apesar dos 22 anos que se passaram entre os congresso, em 1995, todos os entrevistados congressos, foram encontradas mais semelhanças do concordaram que, hoje em dia, existe uma menor que diferenças. No primeiro, “havia preocupações participação dos estudantes na vida do clube. “Neste muito parecidas a estas”, em especial no que diz congresso, esteve presente apenas uma pessoa de respeito à mobilização de um maior número de capa e batina”, refere Rui Mário Oliveira, sócio sócios e à ligação da Académica à cidade, afirma João homenageado com o Emblema de Ouro e um dos Vasco Ribeiro. “Quando se iniciaram as reuniões fundadores da Mancha Negra. Maria João Campos, do segundo congresso, leram-se as conclusões que fez parte da organização do segundo congresso, do primeiro”, salienta Maria João Campos. Com acredita que noutros tempos, “os meios de transporte exceção de algumas tarefas que foram feitas, muito não eram tão acessíveis a toda a gente”, pelo que “os decorrentes do Euro 2004, “a nível de infraestruturas”, estudantes de fora acabavam por se envolver mais”. os objetivos continuam os mesmos. A solução para o problema, debatida no segundo Após os temas da formação e da sustentabilidade congresso, passa por chegar aos jovens antes de eles serem abordados, a parte final do segundo congresso se formarem, realça. foi marcada pela entrega dos Emblemas de Ouro, O intervalo de 22 anos entre os dois congressos para sócios com pelo menos 50 anos de ligação ao foi visto com alguns pontos negativos. Rui Mário clube e de Prata, para sócios com 25 anos, de forma Oliveira pensa que as diferentes direções que respetiva. Este foi um dos pontos altos do evento. passaram pela Académica “nunca tiveram vontade “É importante as pessoas sentirem-se reconhecidas de fazer algo”. Maria João Campos acrescenta que pelo contributo que dão ao clube”, declara Francisco “a direção não precisa de ter medo”, deve procurar Silveira Ramos. Rui Mário Oliveira, sobre a novas ideias e soluções para os problemas. Quanto homenagem com o Emblema de Ouro, afirma que à realização de um terceiro congresso, João Vasco a sua vida, em termos desportivos, se confunde com Ribeiro mostrou-se confiante de que é possivel a Académica. Explica que vive “o clube e há de ser agendá-la para 2018 ou 2019. Afirma ainda que assim até ao último suspiro”. Maria João Campos há pontos a melhorar, como o tempo que deve ser refere ainda que foi, é e vai “ser sempre academista dado aos sócios para se pronunciarem a respeito dos com orgulho”. Acrescenta que “não há escolha”, que temas debatidos, razão pela qual deve haver uma não consegue “não estar ligada à Académica”. “mudança no figurino”. No final deste último congresso, ficou visível que De acordo com Rui Mário Oliveira, o primeiro existiram não só muitas semelhanças com o primeiro, congresso contou com a participação dos associados, como também pontos em comum a melhorar. Não tornando-o mais pertinente. Vivia-se ainda um houve conclusões concretas, mas foi dado o “pontapé clima de mudança devido à alteração do nome de saída” para tal, afirma a organizadora. “Foi um “Clube Académico de Coimbra” para AAC/OAF encontro de académicos positivo que excedeu as pelo que “urgia a necessidade de apelar aos sócios expectativas”, conclui. uma maior ligação à Casa-Mãe, isto é, à academia”. A criação do estatuto do atleta-estudante foi também
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DESCOBERTO MEIO PARA AUMENTAR A SOBREVIVÊNCIA DE CÉLULAS REGENERADORAS UC e CNC responsáveis pela liderança do estudo. Cientista internacional realça a qualidade da ciência feita em Portugal. - POR ANA RUA, PEDRO EMAUZ SILVA E ANA RITA TELES -
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uma investigação realizada no início da década de 2010, pelo Instituto Molecular da Universidade de Lisboa e liderada por Dora Pedroso, que incluía a cicatrização de feridas, uma equipa de investigadores verificou que as células estaminais morriam de forma rápida, o que comprometia o processo de regeneração. Foi a partir desta situação que surgiu a ideia de encontrar uma forma de melhorar a regeneração de tecidos afetados pela interrupção do fluxo sanguíneo. Por dentro da solução Quando confrontada com a adversidade, a equipa decidiu inserir uma proteína nas células que permitia aumentar o período de vida das mesmas. Surgiu assim um estudo que visou descobrir um método para resolver a questão. O mesmo foi liderado pelo Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC). No ácido ribonucleico (ARN) existe uma molécula, microARN-17, que se apresenta como prejudicial para
a vida das células estaminais progenitoras vasculares. Estas são responsáveis por regenerar o fluxo sanguíneo dos tecidos afetados por paragens cardíacas ou acidentes vasculares cerebrais (AVC). A introdução de uma proteína chamada “fator de crescimento endotelial vascular” nas células diminui a presença de microARN-17. “Ajuda a aumentar a criação de vasos sanguíneos”, afirma a primeira autora do estudo, Sezin Aday. A aplicação deste estudo pode ser útil em situações em que há oclusão de vasos sanguíneos, como é o caso dos AVC. “Pode-se recuperar a circulação sanguínea e assim é possível que os nutrientes e o oxigénio alcancem os tecidos”, continua a autora. “Desta forma, os tecidos podem regenerar-se a um ritmo mais acelerado”, esclarece. Perspetivas futuras A pertinência deste estudo para o futuro da medicina passa pela melhorar a compreensão da ligação entre proteínas e a sobrevivência de células para além das vasculares, objeto de estudo desta investigação. “O estudo
CAROLINA MARQUES LCS.FMUC
centrou-se neste tipo de células, mas pode ser possível utilizar-se diferentes proteínas para diferentes propósitos”, esclarece Sezin Aday. A investigadora elucida que “assim percebe-se melhor como solucionar outras doenças além das cardiovasculares”. A cientista afirma, em relação à aplicação do estudo em casos clínicos, que não consegue delimitar um horizonte temporal. “Não é possível ainda determinar se em cinco ou dez anos vai ser possível aplicar esta descoberta”, assegura. Sezin Aday clarifica que a proteína já é usada em alguns testes clínicos. “Se alguém pretender desenvolver o método, não deve ser muito difícil”, conclui. Sezin Aday elogia a investigação científica realizada nas universidades portuguesas. A investigação em ciência, na visão da autora, é muito subestimada, mas não compromete a qualidade da mesma. Além disso, a própria salienta que “Portugal está em competição com o resto da Europa”.
HIPERTENSÃO ARTERIAL PULMONAR NA BASE DE ESTUDO DA FMUC Doentes clínicos foram alvo de observação para a pesquisa. Investigadores têm grandes expectativas para o futuro do possível marcador. - POR GABRIELA MOORE E ANA LAURA SIMON -
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atiga, dificuldade crescente em exercitar, desconforto torácico, tonturas e palpitações são alguns dos sintomas da hipertensão arterial pulmonar (HAP), uma doença crónica. O tratamento consiste apenas em amenizar os sintomas e prolongar o tempo de vida. De forma geral, o diagnóstico é feito quando o quadro da doença está avançado, pois que os doentes só procuram os consultórios quando a situação já não é tolerável. Este panorama, no entanto, pode estar a alterar-se. Uma pesquisa recente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) descobriu um possível método para diagnosticar mais cedo os portadores da doença. Financiada em grande parte pela Fundação para Ciência e Tecnologia (FCT), a pesquisa, “ao contrário do que acontece com a maioria dos projetos de investigação, começou no âmbito clínico”, ressalvou o investigador e coordenador do estudo, Henrique Girão. Foi Rui Baptista, cardiologista, quem deu a notar a alta concentração do microARN-424(322) no sangue dos pacientes com a doença. Este procurou os laboratórios da FMUC para aprofundar o conhecimento dos mecanismos celulares e moleculares envolvidos. O microARN é composto por pequenas moléculas que se ligam a ácido ribonucleico (ARN) para ativar ou desativar informações nele contidas. Deste
modo, afeta a produção de proteínas. O microARN em questão interage com as proteínas do coração e diminui ou elimina-as por completo. O estudo foi iniciado com a avaliação clínica de doentes. Entretanto, para conseguirem ter uma visão mais ampla da evolução e do progresso da hipertensão pulmonar, os investigadores fizeram uso de modelos animais. Constataram, através disso, que a concentração do microARN era bifásica. “Ela aumenta no princípio da doença, depois diminui, porque pode ser uma etapa em que o organismo e o coração ainda conseguem responder”, esclareceu Henrique Girão. Torna a aumentar “na etapa em que se encontram as pessoas enfermas analisadas na fase clínica da pesquisa”, ou seja, num período adiantada de doença. A esperança, segundo o investigador, é conseguir provar que o microARN pode ser usado como marcador da doença. Uma outra expectativa é que a descoberta, que trouxe uma melhor compreensão da dinâmica da doença, possa ser aproveitada para a elaboração de um tratamento mais eficaz. De momento, provar que a componente do RNA é um marcador da HAP é o principal objetivo do grupo de investigação, pois iria beneficiar os pacientes e aumentar a sua qualidade de vida.
CAROLINA MARQUES LCS.FMUC
16 DE NOVEMBRO DE 2017 CIDADE - 14 -
A (IN)SEGURANÇA NA BAIXA DE COIMBRA Baixa de Coimbra sob vigilância não autorizada. Segurança pública questionada pelos próprios habitantes da cidade - POR JOSÉ MIGUEL COUCEIRO E RAQUEL MEDEIROS -
JOSÉ MIGUEL COUCEIRO
J
osé Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda , levou à Assembleia da República a questão da existência de câmaras de videovigilância sem autorização, na Baixa de Coimbra, a operar desde 2013 a 2016. A problemática da segurança, ou da falta dela, nessa localização, surge por conseguinte. A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNDP) dá conta, num parecer, que data de 26 de setembro de 2017, da falta de autorização da renovação do uso das câmaras de videovigilância na zona da Baixa, pela parte da Polícia de Segurança Pública (PSP). “A última autorização de que a PSP dispunha apenas autorizava a utilização do sistema até o dia 17 de fevereiro de 2012”, esclarece o documento da CNPD. Apesar da necessidade de renovação da licença em 2012, o sistema continuou a operar, ainda que não a gravar imagens, alegadamente. José Manuel Pureza dirigiu-se ao Governo, através do Ministério da Administração Interna (MAI), para esclarecer o tema em questão. Ao MAI, o deputado PAULO ABRANTES pergunta “quem teve, em concreto, acesso à visualização de imagens captadas pelo sistema em causa no período referido”. “Está o Governo em condições de garantir que, além da visualização de imagens, o funcionamento do sistema não comportou gravação de imagens e de som?”, é outra das questões colocadas. Perante o assunto, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Manuel Machado, refere que “as
câmaras de videovigilância foram instaladas com a aprovação da CMC”. No entanto, salienta que “todo o sistema foi entregue à PSP, entidade mais adequada a ter acesso a essa informação”. Quando questionada sobre a matéria, esta mencionou que “o facto do processo se encontrar em análise por parte da CNPD, entende que não é oportuna qualquer entrevista sobre o assunto”. A situação levanta questões sobre a segurança do espaço e das pessoas que frequentam o local. Grande parte da população, apesar de ter conhecimento da existência de câmaras, não acha que seja uma medida suficiente para o combate à criminalidade. “A Baixa é muito insegura, seja com ou sem câmaras”, enaltece Domingues Gaspar, funcionário da Casa Pedrosa. Para além disso, não existe informação clara sobre a localização das mesmas, sendo que as informações dadas pelos comerciantes locais são contraditórias. Alguns defendem que a única área vigiada é a zona da “baixinha”, outros alegam que áreas com mais concentração pública, como o Largo da Portagem, se encontram sob vigilância. Desde a ausência de forças policiais no local à falta de iluminação a partir de certa hora, são vários os fatores que causam insegurança a quem circula pelas ruas. “Devia estar um polícia para guardar as pessoas, porque não é por haver câmaras que deixam de cometer crimes”, reforça Gracinda Antunes, funcionária da Padaria Mimosa.
AUTOCARROS ELÉTRICOS REFORÇAM A FROTA DOS SMTUC Empresa de transportes públicos de Coimbra investe em veículos menos poluentes. Manuel Machado pretende que a população circule dentro da cidade através de transportes públicos. - POR MARINA LOPES E MÓNICA REGO -
O
s Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) apostam nos autocarros elétricos para assegurar a sustentabilidade da estrutura e uma melhor mobilidade dos passageiros dentro da cidade. A Linha Azul é responsável pelo transporte de passageiros entre o Largo da Portagem e a Sé Velha. Já a deslocação entre o Convento São Francisco e o Pólo I da Universidade de Coimbra está a cargo da Linha do Botânico. “Quem vivia na zona do Parque Verde tinha que se deslocar para a Estação Nova ou para o Jardim da Manga para conseguir apanhar um autocarro, o que não fazia muito sentido”, informa Nelson Tavares, um dos utentes que recorre todos os dias aos autocarros da cidade. “O estacionamento automóvel é pago, por isso o autocarro é uma excelente alternativa”, afirma Nelson Tavares. “A criação de parques de estacionamento periféricos é um dos objetivos deste mandato” declarou o presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), Manuel Machado. O autarca pretende que a população circule dentro da cidade através de transportes públicos e deixe o carro estacionado na periferia. Mário Sousa, outro utente, ao utilizar o miniautocarro elétrico pela primeira vez, reconhece a sua utilidade e importância por ter
menos impacto no meio ambiente e auxiliar na diminuição da poluição sonora. A 24 de julho deste ano foi aprovado pelo executivo camarário a abertura do concurso público para o fornecimento de dez autocarros elétricos. A aquisição destes transportes e respetivos sistemas de carregamento vai ter um orçamento de 2.152.491,75 euros para a autarquia. A aquisição vai ser comparticipada por fundos comunitários. Maria João Pimenta, elemento da Comissão de Utentes dos SMTUC, admite que a prioridade destes serviços deve ser a melhoria dos horários das linhas e do piso das estradas. A diminuição dos preços para quem adquire mais viagens e a acessibilidade para todos é outra reivindicação. A mesma reconhece a importância dos autocarros para o meio ambiente, mas acredita que o quotidiano dos cidadãos em Coimbra é mais relevante. Segundo Maria João Pimenta, a implementação dos autocarros elétricos deve ser feita após solucionar todos os outros problemas, por serem imediatos. O crucial na sua opinião é que as pessoas sejam melhor servidas. “Os SMTUC não têm financiamentos do Estado Central. Apesar de não ter um patrocínio, o conselho de administração deve ter o cuidado de não aumentar os valores dos passes dos autocarros elétricos”, reitera.
O serviço público de transporte rodoviário de Coimbra é assegurado por três géneros de veículos. Os troleicarros, fora de circulação neste momento, são um transporte semelhante aos elétricos, mas que não dependem de carris para se movimentar. Outro tipo de veículo é o autocarro movido a combustíveis fósseis, como o gasóleo e a gasolina. E os autocarros cuja propulsão se faz por meio de uma bateria recarregável. MARINA LOPES
16 DE NOVEMBRO DE 2017 CIDADE - 15 -
DESCENTRALIZAÇÃO PARA O PODER LOCAL: UMA META PARA 2018 Em cima da mesa estão educação, saúde, administração interna, intermunicipalidade, financiamento local e cultura. A votação global tem data marcada para dia 27 de novembro de 2017 - POR JOSÉ GOMES DUARTE, BERNARDO ALMEIDA HENRIQUES E CATARINA MAGALHÃES -
A
proposta de OE2018 foi entregue no passado dia 13 de outubro pelo ministro das finanças, Mário Centeno, para ser discutido pelos partidos com assento na Assembleia da República. O documento foi aprovado na generalidade dia 3 de novembro e até ao dia 17 decorre o respetivo debate na especialidade. Uma das bandeiras do XXI Governo Constitucional liderado pelo primeiro-ministro, António Costa, consiste na descentralização de competências no âmbito municipal. O diploma prevê intervenção em áreas centrais como a educação, a ação social, património, transportes ou o ambiente. O plano tem como objetivo reforçar a proximidade entre os cidadãos e as instituições. Proposta educativa divide partidos O debate parlamentar é plural e diversificado, da esquerda à direita. No que diz respeito à educação, a proposta antevê mais autonomia para as autarquias. Pedro Coimbra, deputado do Partido Socialista (PS), afirma que as autarquias, por terem um maior grau de proximidade, são capazes de identificar “de forma mais rápida os problemas” e de os resolver. O deputado do PS ressalva que, no quadro do recrutamento do pessoal docente e não docente, “as opções que o Governo tem tomado preservam condições de dignidade dos seus profissionais”. Mais à esquerda do PS, José Manuel Pureza, deputado do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), considera que “é importante uma componente municipal de distinção de prioridades”, mas é mais cauteloso que Pedro Coimbra na sua avaliação. O deputado do BE, ao reconhecer que o orçamento implica escolhas, considera que os apoios de ação social escolar aos alunos “ficam aquém daquilo que é necessário” e sublinha que são “insuficientes”. Por sua vez, Margarida Mano, deputada do Partido Social-Democrata (PSD), relembra que a descentralização para os municípios não pode pôr em causa a autonomia das escolas, “como sublinham os diretores”. A deputada do PSD salienta que um maior esforço financeiro por parte das autarquias tem de ser acompanhado por um reforço orçamental. Em consonância com José Manuel Pureza, afirma que “as
verbas propostas para a educação não são suficientes face aos compromissos de reforço de rendimentos assumidos.” O Sindicato dos Professores da Região Centro assume uma posição “muito crítica” em relação ao pacote de descentralização proposto. Na voz do professor sindicalista Luís Lobo, não faz sentido transferir competências de “quem tem o conhecimento, capacidade e experiência” da gestão do sistema educativo, para quem não é qualificado para tal. Luís Lobo defende que “hoje, as escolas fazem uma gestão mais adequada da ação social escolar, porque estão em contacto direto com as famílias”. A descentralização do Sistema Nacional de Saúde (SNS) A proposta de OE2018 também contempla mudanças na área da saúde. José Manuel Pureza desvaloriza o papel da descentralização neste setor. O deputado do BE alerta para a função que o Estado central desempenha na “provisão de meios e reforço do SNS”. Pedro Coimbra reafirma que o problema nem sempre reside na falta de recursos. O deputado da bancada socialista assinala que uma “melhor gestão humana, financeira e patrimonial vai ajudar a criar melhor capacidade de resposta”. Segundo o mesmo, a transferência de competências implica “um pacote financeiro” para responder às novas obrigações. Os sociaisdemocratas não se prenunciaram sobre este tema. Paradigma cultural da cidade dos estudantes O panorama da cultura vai sofrer alterações na esfera da descentralização. Margarida Mano reitera que é importante “salvaguardar o nosso edificado histórico”. No caso específico de Coimbra, com especial atenção para o Património da Humanidade classificado pela Unesco, declara que, “caso se confirme a transferência de competências, começam a ser escassos os argumentos para a não recuperação e valorização deste património”. José Manuel Pureza manifesta que a tarefa de valorização da cultura, em particular na cidade de Coimbra, “justificaria um orçamento diferente daquele que é consagrado”. O
JOSÉ GOMES DUARTE
bloquista realça que o valor previsto no OE2018 é “vergonhoso”. Privilegia um planeamento centralizado, sem prejuízo da articulação com os municípios. Pedro Coimbra começa por defender o modelo de descentralização e refere algumas iniciativas da administração central, em especial o programa “REVIVE”. A iniciativa, cofinanciada por fundos comunitários, pretende requalificar “o conjunto de património do Estado que está degradado”. O deputado do PS admite a possibilidade de algum património da administração central passar para a gestão autárquica, desde que acauteladas as condições de financiamento. Floresta, mobilidade e finanças locais Existem outros temas fulcrais para a cidade de Coimbra. A gestão do território, as finanças locais e a intermunicipalidade são setores escrutinados na proposta do OE2018. Os deputados do BE e do PSD convergem na ideia de que a Lei das Finanças Locais não é cumprida. Segundo a visão de Margarida Mano, “o governo atropela o regime previsto da Lei”. Na opinião de José Manuel Pureza, a respetiva lei do financiamento local, “mais do que ser transformada, precisa de ser cumprida, porque na verdade ficou sempre aquém das expectativas”. No parecer de Pedro Coimbra, a intermunicipalidade deve constituir um mecanismo para resolver os problemas associados à mobilidade. O socialista acredita que o acesso generalizado a meios de transporte é “ essencial por múltiplas razões”, o que se relaciona com o ordenamento do território. Nesta matéria, o deputado é perentório. Num país devastado por incêndios, Pedro Coimbra afirma que é necessário fortalecer as competências das autarquias e inverter a política de ordenamento territorial. Na gestão florestal, alega que “o país anda há várias décadas a fingir que tem uma política para a gestão do território, sobretudo para a gestão da floresta”. Para uma maior eficiência, o deputado relembra a aposta do governo para registar o cadastro dos terrenos rústicos.
23 DE NOVEMBRO DE 2016
SOLTAS - 16 -
A CAMINHO DE 2030 - POR SECÇÃO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA -
FOTOGRAFIA POR PAULO ABRANTES - SECÇÃO DE FOTOGRAFIA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA
A
paz é um conceito quase subjetivo: negativa ou positiva, impossível, utópica; a dificuldade ou diversidade na sua definição prova-se um exercício interessante e parecido com (o de) a definição dos direitos humanos. É certo que comungamos de valores e conceitos comuns (imperativos!), mas na prática, em opinião: cada um com a sua compreensão. Também na prática, procuramos metas comuns. Conhecemos atualmente os objetivos para o desenvolvimento sustentável pela ONU. São 17 e a paz (entenda-se representada numa sociedade pacífica, justa, inclusiva, livre de medo e violência), para além de objetivo é premissa fundamental para a conquista de um mundo mais sustentável. Mas para quando? 2030? O ano de 2017 está perto de acabar, e a presença de violência, abuso, armamento,
corrupção, exploração, tráfico (…) está muito longe de findar. Onde estão as instituições e leis imparciais, a responsabilização, a cooperação sem vista a lucro, o investimento para uma corrida una, em direção a (esta) paz? Carece de uma resposta simples. As notícias estão repletas de eventos trágicos: bombas, atentados, terrorismo, armas nucleares. Uma visão muito negra, e muito longe da paz. Pelo meio escapam algumas menções positivas, de solidariedade, voluntariado, humanitarismo: e é destas que um olhar menos crítico se alimenta. É destas que se crê possível a paz mundial. Entre muitos outros atos silenciosos, por indivíduos (como tu, como eu), por organizações, associações, movimentos nas ruas e em plataformas online. Pelo fim do bullying, pela igualdade de género, pelo meio ambiente, pela erradicação da fome, pelo fim do discurso
de ódio: a paz, realmente, tem muitas faces. E tem de ser trabalhada todos os dias. Como? Pela educação. Formal ou informal, há sempre espaço para ela. Poderá não ser em 2030. Nem em 2035, 40 ou 50 (como novos movimentos ambicionam). Mas é incrível a teimosia do ser humano que não deixa de a procurar. E procura reajustar métodos. E procura novas formas de financiamento. E procura novos objetivos. E procura juntar o velho com o novo. Sempre para o mesmo fim. E se a paz é possível em papel, não será ela possível no mundo? Em 2030 nos encontraremos, para a ver (esperemos) consolidar. E se assim não for, já sabemos, como sempre: arregaçar as mangas e recomeçar.
23 DE NOVEMBRO DE 2016 SOLTAS - 17 -
FACEJAQUIM DA AAC - POR JGS -
OBITUÁRIO - POR CABRA COVEIRA -
REMESSAS QUEIMADAS
R
eza a lenda que numa manhã de nevoeiro, D. Sebastião vai chegar às secções da AAC com as remessas das Queimas das Fitas. A promessa prematura destes dinheiros deixou a sede na boca das secções, sede essa que nem com finos é saciada devido à Lei Seca imposta pela falta de verbas. Quiçá, talvez um dia, os fundos façam uma viagem a partir dos seus paraísos fiscais até à cidade dos estudantes. No país da Web Summit e da Madonna será que as secções vão receber em Bitcoins?
MESTRE DE CULINÁRIA
E
sta é uma história contada na primeira pessoa: “Como assim?! Andei a perder o meu tempo, fui a todas as reuniões, distribuí papelinhos e autocolantes à porta de todos os departamentos e faculdades, e nada? Fiquei fora da lista? Onde está a minha cara no organi-coiso? Sinceramente! Já tinha as refeições snack todas garantidas e afinal vou ter que comer abrótea outra vez? Onde é que está o tacho? De que adianta viver? O que vale é que para o ano ainda há eleições, mas aí já vou ser mestre de culinária!”
16 DE NOVEMBRO DE 2016 ARTES FEITAS - 18 -
CINEMA
Um Crime para um Domingo à Tarde - POR VASCO SAMPAIO –
UmCrimenoExpresso doOriente De
Kenneth Branagh
Com
Kenneth Branagh, Penélope Cruz, Willem Dafoe
2017
S
erá justo admitir que haverá algo de extremamente desafiante na adaptação de obras artísticas a outras plataformas. Conhecidos são os muitos exemplos de textos literários transpostos para o cinema. Crime no Expresso do Oriente, de Agatha Christie, já tinha sido um deles, na versão cinematográfica de Sidney Lumet, em 1974. Já deste título de 2017, será mais certo dizer que é só mais um deles. A trama é conhecida: um grupo de desconhecidos de caraterísticas e histórias distintas viaja num mesmo comboio até que, durante uma das noites de viagem, um homicídio acontece. A chave para tudo isto? Hercule Poirot, o perspicaz detetive de instinto apurado capaz de desvendar qualquer mistério. E é precisamente o tratamento simplista e vulgar dado a esta personagem central o primeiro grande
defeito deste filme. Nos minutos que abrem a película, quando Poirot é apresentado, vê-se um homem obcecado com o tamanho dos ovos que lhe são servidos ao pequeno almoço. Pouco tempo depois, é essa mesma obsessão pela perfeição que lhe permite desvendar um primeiro crime em segundos, sem qualquer hesitação. Todos os diálogos iniciais são usados para denunciar esta capacidade quase sobre-humana da personagem. Nenhuma destas mesmas falas é usada, contudo, para nos mostrar que o herói da história é mais do que um crânio a seguir pistas. Esta caraterização redutora estende-se às restantes personagens e assombra os 114 minutos de película. Interessante será compreender como 55 milhões de dólares de orçamento conseguem pagar belíssimos cenários, guarda-roupa impecável, efeitos visuais
cativantes e até um elenco de luxo – com Penélope Cruz, Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Judi Dench, Willem Dafoe, mas não conseguem dar àqueles que se são vistos no ecrã qualquer toque de humanismo. É este o senão que deita por terra um filme de fundamentos prometedores. E é isto que faz desta uma boa obra para acompanhar desatentamente na televisão, num domingo à tarde, dentro de alguns meses. Mas não mais do que isso.
Fraco
JOGO
Horizon: zero dawn - POR ALEXANDRE SILVA -
E
ste Role playing game de acção e aventura, exclusivo de PS4 desenvolvido pela Guerrilla Games, lançado pela Sony em fevereiro do presente ano, é um dos candidatos a jogo do ano. Fazendo total uso das capacidades da consola, o jogo transporta-nos 1000 anos a um futuro pós-apocaliptico em que a natureza reclamou a civilização, e vive numa frágil harmonia com máquinas bastante semelhantes a animais, e onde a humanidade regrediu ao estágio tribal de caçadores e recolectores. Os gráficos são de cortar a respiração, principalmente quando podemos subir ao cimo de uma montanha e vislumbrar as paisagens digitais com que os enormes mapas deste jogo nos presenteiam. Com vários ambientes, desde a selva ao deserto, o ambiente gráfico vai deixar o jogador pregado ao ecrã com a beleza e diversidade de cor que o jogo proporciona. Embora seja um sandbox, este jogo tem uma narrativa extremamente imersiva na qual seguimos Aloy, uma jovem ruiva que foi exilada da sua tribo e busca incessantemente descobrir mistérios do passado. A história desenrola-se a um bom ritmo, no qual o jogador é por vezes encorajado a fazer
“side quests” para evoluir o seu personagem antes de enfrentar os desafios mais perigosos. No que toca a acção e jogabilidade, o jogo é bastante intuitivo, existindo uma miríade de equipamento e armas possíveis de serem utilizados, e dezenas de skills que são adquirindo com a evolução da personagem. Os inimigos possuem diferentes pontos fortes e fraquezas, o que torna cada confronto único com as tácticas que são necessárias empregar. No passado dia 7 de Novembro foi lançado o primeiro DLC para o Horizon de seu nome, The Frozen Wilds. Contamos agora com o ambiente Ártico e seguimos Aloy nas suas aventuras com as tribos do Norte, contando também com novos skills, novos inimigos e novos equipamentos. Definitivamente um “must buy” para os fãs do género que possuam uma PS4.
A Cabra aconselha
Horizon: zero De: Guerrilla Games Para: Sony PS4 Fevereiro de 2017
16 DE NOVEMBRO DE 2016 ARTES FEITAS - 19 -
MÚSICA
GUERRA DAS CABRAS A evitar Fraco Podia ser melhor
Um Serão à Moda Antiga
Razoável A Cabra aconselha
- POR FILIPE FURTADO -
D
Trova Caminhada De
Rafael Fraga
Editora TRPTK
2017 Género Bossa Nova, Jazz, Fado, World-Music
e “Trova Caminhada” chega-nos a poesia de Rafael Fraga. 14 Temas dão corpo ao seu terceiro disco a solo e ao renovado papel de vocalista. O músico português, radicado na Holanda, faz a retrospectiva da vida adulta e de mais de 15 anos a escrever canções. “Sou poeta equilibrista”, apresenta-se Rafael Fraga na primeira faixa do álbum: as contradições, belezas e tristezas de artista apresentadas em quarteto com o recente selo da holandesa TRPTK. Além de guitarrista, compositor e agora cantor, é pelos trajectos como arranjador que Rafael desenha as nuances desta viagem entre a bossa nova, o fado, a música tradicional, o jazz ou a morna cabo-verdiana. O universo temporal de “Trova Caminhada” data entre 1999 e 2016, pelas ruas de Lisboa, pelos “desígnios do basalto” açoriano ou em terras de Países Baixos. Fossem outros os ritmos, outros os destinos e a poesia de Rafael Fraga valeria por si. Se alguém pudesse ainda duvidar, “Espero”, “Cartas, Lábios e Lágrimas” ou “Sábio entre Sábios” são romances esculpidos em canção. Com “Rola a Bola” dançamos na leveza dos ritmos do Brasil nessa dupla homenagem ao desporto rei e a uma das suas grandes influências musicais. “Sempre Que o Sol Se
A Cabra d’Ouro
Acabe”, devolve ao álbum um batimento folk genuíno, as frases de Aki Spadaro ao piano tornam-a numa contínua celebração, como se sempre a tivéssemos cantado e dançado. O final do disco continua a surpreender: “Já Lá Vão” abandona a sua ginga para abraçar um riff repleto de groove e funk. “Trova Caminhada” não oferece tudo de uma assentada. Quando ouvimos uma segunda ou terceira vez, sentimos melhor os apontamentos da guitarra portuguesa de Rafael, os trejeitos de violino e violoncelo, o andamento do contrabaixo de Marko Bonarius e da percussão de Efraim Schulz-Wackerbarth. Inspirado na espontaneidade da cultura musical portuguesa nos ajuntamentos socias, o novo trabalho de Rafael Fraga é um verdadeiro serão à moda antiga, muita poesia e boa música.
A Cabra aconselha
LIVRO Uma cacimba sobre o pomar - POR PAULO SÉRGIO SANTOS -
À
página 73, o compilador deste livro recorre a mais uma citação para iniciar outra história. Goethe é o escolhido: “E enquanto não compreenderes esse morre e renasce tu não passarás de um hóspede melancólico sobre a terra tenebrosa”. Não chamo a Rodrigo Barros compilador em vez de autor por uma questão de desprestígio, ou de secundarização. Apenas porque ele próprio se coloca nos bastidores, atrás do pano que desce sobre o palco do livro. Não é uma posição menor, e não o é, sobretudo, pela iniciativa de ouvir todas as vozes refletidas ao longo das 145 páginas. Já referida por muitos como um dos flagelos sociais do século XXI, a questão dos sem-abrigo é aqui retratada pelo lado já vivido por cada uma destas pessoas, todas elas homens, à exceção do testemunho inicial de uma funcionária do albergue. A espaços surgem palavras que nos trazem para o momento presente de cada uma destas existências, mas há sobretudo um olhar sobre o percurso que as trouxe ali. “Torres Novas era uma vila pequena. Agora é cidade. Estão lá as sepulturas deles todos. Não sei se consigo lá voltar” (pág. 54). “Passava temporadas em
casa do meu padrinho, com a minha irmã, dos seis aos dez anos. Não quero explicar o porquê disso aqui. É complicado e há coisas que devem ser deixadas lá atrás. É melhor assim. Desculpa lá.” (pág. 77). “Ele, que sou eu, nasceu em Cabo Verde. (...) Quando sorrio é o contrário, sou três ao mesmo tempo” (págs. 104-105). A velocidade de cada discurso deixa antever mentes a fervilhar de ideias, mas também pensamentos desconexos, agravados por vivências difíceis e conturbadas. Rodrigo Barros faz um retrato sociológico exemplar na recolha dos testemunhos, mas falha no pouco cuidado dado à edição do texto, desde a colocação de vírgulas a erros ortográficos. Contudo, deixa antever que, para muitas destas mentes, é a viagem entre o (re)nascimento e a morte a principal interrogação. Como se não entendessem porque há sempre uma cacimba que os impede de ver o pomar.
Pomar De
Rodrigo Barros
Editora
Associação dos Albergues Nocturnos de Lisboa A Cabra aconselha
2015
Mais informação disponível em
EDITORIAL - POR CARLOS ALMEIDA -
Não há duas sem três
D
esde 2015 que a corrida à Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) contava apenas com duas listas candidatas, algo que se temia tornar uma tradição. No entanto, neste ano contamos com a presença de três, sendo que duas vêm do berço da atual DG/AAC. Será que começa a existir mais interesse na política da academia? Cabe aos estudantes responder com uma das ferramentas que a democracia ofereceu, o voto. As bandeiras continuam a estar presas a ideias-chave muito semelhantes, ainda que as abordagens sejam diferentes: maior aproximação aos estudantes, maior aproximação às secções culturais, desportivas e núcleos, mais ação social escolar, menos Regime Fundacional, menos dividas e um Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior revisto. Vira o disco e toca o mesmo? Depois de inúmeras Direções-Gerais, o sistema é o mesmo, algumas das caras são as mesmas e as propostas das listas candidatas têm muitos pontos semelhantes. No fundo, o que muda é a melhor ou pior abordagem à academia e os possíveis níveis de demagogia que se podem encontrar. No entanto, como já referido, cabe aos estudantes, talvez os que se encontram fora dos cerca de 76 por cento de abstenção registada no passado ano, decidir. Esta abstenção não está apenas presente nas urnas, também as Assembleias Magnas continuam com a sua eterna falta de quórum, problema esse também já discutido pelos sucessivos candidatos e até à data, sem solução aparente. Onde andam os estudantes na política e gestão da academia? Resta saber se se vão retirar as teias de aranha ou se estas se vão manter inalcançáveis nos tetos da Associação Académica de Coimbra.
“
Será que começa a existir mais interesse na política da academia? Cabe aos estudantes responder com uma das ferramentas que a democracia ofereceu, o voto.”
Ficha Técnica
Diretor Carlos Almeida
Jornal Universitário de Coimbra – A CABRA Depósito Legal nº183245702 Registo ICS nº116759 Propriedade Associação Académica de Coimbra
Equipa Editorial Luís Almeida e Pedro Dinis Silva (Ensino Superior), Joana Pedro (Cultura), Carlos Almeida (Desporto), Ana Francisca Nunes (Ciência & Tecnologia), Isabel Simões e Daniela Pinto (Cidade), Hugo Guímaro (Fotografia) Colaborou nesta edição Vittorio Alves, Joana Campinho, José Miguel Couceiro, José Gomes Duarte, Maria Fernandes, Marina Ferreira, Inês Gama, Jéssica Gonçalves, Bernardo Almeida Henriques, Ana Lage, Marina Lopes, Francisco Madaíl, Catarina Magalhães, Margarida Maneta, Raquel Medeiros, Eduarda Mendes, Miguel Mesquita Montes, Gabriela Moore, Ana Sofia Neto, Daniel Pascoal, Mónica Rego, Maria Francisca Romão, Ana Rua, Ana Santos, Micaela Santos, Samuel Santos, Alexandre Silva, Pedro Emauz Silva, Ana Laura Simon, Ana Rita Teles, Filipa Vieira
JORNAL UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA
Colaboradores Permanentes Inês Duarte, Rita Flores, Filipe Furtado, Margarida Mota, João Pimentel, João Ruivo, Vasco Sampaio, Paulo Sérgio Santos Fotografia Carlos Almeida, José Miguel Couceiro, José Gomes Duarte, Maria Fernandes, Hugo Guímaro, Marina Lopes, Carolina Marques, Joana Monteiro, Pedro Dinis Silva Paginação Ana Tagami
Impressão FIG – Indústrias Gráficas, S.A. Telf. 239499922, Fax: 239499981, e-mail: fig@fig.pt Produção Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra Agradecimentos Reitoria da Universidade de Coimbra Tiragem 2000 exemplares