Acapulco Magazine 7

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exemplar de cortesia

ano 02 número 07

SANTOS ARQUIDECOR SUSTENTABILIDADE NO MODELO VIÁVEL DE BANHEIRO ECOLÓGICO

JOSÉ MACIA, PEPE

ENTREVISTA: MEIO SÉCULO DE HISTÓRIAS DO CANHÃO DA VILA BELMIRO

PANTANAL O PARAÍSO ECOLÓGICO BRASILEIRO É EXCELENTE OPÇÃO DE LAZER DURANTE O ANO INTEIRO. MAS O MEIO AMBIENTE DA REGIÃO NECESSITA DE CUIDADOS






direção e produção Alexandrina Vilar Jeifferson R. Moraes

jornalista

ANO 02 • NÚMERO 07 • 2007

Angélica Ramacciotti MTb 29.987

diagramação Ana Lúcia Vilar

colaborador Roberto Aló Filho

revisão Silvia Repetto

impressão Prol Gráfica A Revista Acapulco Magazine tem periodicidade trimestral e distribuição gratuita Todas as publicidades, textos assinados, informes e fotos fornecidas são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não representando a opinião da Revista Proibida a reprodução total ou parcial de texto e imagem sem a prévia autorização da Almav

para anunciar (13) 2138.3398 ou (13) 3019.8266 anuncios@almav.com

críticas ou sugestões (13) 3113.3777 sac@almav.com

SUMÁRIO

08 10 14 16 18 22 26 32 44

Foto da Capa: Jeifferson Moraes

A ICONOMIA DE GILSON SCHWARTZ toques e dicas CONSUMO elevador a vácuo SANTOS ARQUIDECOR educação conectada A ESCOLA DOS DEUSES entrevista com pepe PANTANAL SELVAGEM

AO LEITOR

na internet www.acapulcomagazine.com.br

Realizar uma reportagem no Pantanal é uma experiência muito gratificante. Estivemos em Cuiabá (MT), Centro-Oeste, no mês de julho. Neste período visitamos regiões entre Poconé e Porto Jofre, nos hospedamos na pousada

A Revista Acapulco Magazine é uma publicação trimestral da Almav Comunicação Ltda ME, Caixa Postal: 73.915 Santos - SP - CEP: 11025-972

Rio Claro no Pantanal. Agradecemos a todos os guias turísticos, que nos conduziram em barcos, pickups e cavalos, possibilitando a realização das magníficas imagens para a revista. Nosso repórter colaborador, Roberto Aló Filho, remete-nos aos tempos

sobre o jardim acapulco Loteamento aprovado em 1974. O lançamento oficial ocorreu em 1976. Hoje com quatro milhões de metros quadrados e duas mil residências. Localizado na região da Praia de Pernambuco em Guarujá - SP

circulação e distribuição Uma publicação dirigida ao público do Jardim Acapulco, distribuída de porta em porta. A revista também é entregue em outros condomínios da região, como: Park Lane, Jardim Pernambuco, Golf Clube, Península, Tortugas, Albamar, Marinas, Tijucopava, Taguaíba, Sorocotuba, Granville e outros.

áureos do futebol brasileiro, na entrevista com José Macia, o Pepe. As histórias do Santos Futebol Clube, na época de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, são contadas nesta curiosa matéria. Angélica Ramacciotti, estréia sua coluna Educação Conectad@, mais uma colaboração da jornalista para a Acapulco Magazine. Ramacciotti também assina mais duas matérias: A Iconomia de Gilson Schwartz e a entrevista com o escritor italiano Stefano D’Anna, que fala do lançamento do seu livro no Brasil, “A Escola dos Deuses” pela editora ProLíbera. Aproveite a programação dos feriados, em toques e dicas, que selecionamos para você e sua família. Um grande abraço e boa leitura!



economiamercado

A ICONOMIA DE GILSON SCHWARTZ texto Angélica Ramacciotti

ilustração Nancy Edmonds | Dreamstime

O Banco Mundial classifica países segundo o incentivo à produção, a educação, a qualidade das redes digitais e a capacidade de inovação Você já ouviu falar em Iconomia? Calma. A grafia está correta e não é preciso correr

não apenas os tradicionais PIB e ju-

para o oftalmologista. Escreve-se Iconomia

ros, mas também o investimento na for-

com i mesmo. A expressão foi cunhada pelo

mação de profissionais preparados para

economista americano Michael Kaplan e vem

ler sinais, inovar e criar valor.

sendo difundida pelo economista brasileiro

Ele lembra que na era industrial, esses

Gilson Schwartz. Surgiu pela primeira vez em

recursos humanos não entravam nos ba-

um documento acadêmico na tentativa de in-

lanços das empresas ou nas contas na-

terpretar o discurso de Alan Greenspan, en-

cionais, mas atualmente o Banco Mundial

tão presidente do banco central americano.

classifica países segundo o “Indicador da

Durante anos, a fala de Greespan era mo-

Economia do Conhecimento”. São consi-

nitorada por analistas e investidores ávidos

derados o incentivo à produção, a educa-

por sinais que indicassem o cenário futuro

ção, a qualidade das redes digitais e a ca-

dos juros.

pacidade de inovação.

No artigo, Kaplan batizou a nova verten-

“Bancos públicos e privados já olham

te da economia com uma maneira inova-

com redobrada atenção os ativos intangíveis

dora de olhar o mercado por meio de seus

de cada empresa, setor ou país antes de in-

ícones. Gilson Schwartz, que ministra a disci-

vestir numa operação”, alerta.

plina Iconomia para alunos da graduação da

Inovação – Defensor de idéias inovado-

Universidade de São Paulo (USP) e tem um

ras, Schwartz procura agir em coerência com

blog com o mesmo nome na Revista Época

suas teorias. Prova disto é o recente lan-

Negócios, explica que Iconomia é a econo-

çamento da Cidade do Conhecimento, da

mia da informação que produz valor por meio

USP, no Second Life, que teve ampla divul-

de imagens, ícones e idéias.

gação da mídia nacional. A Cidade do Co-

“São destacadas dimensões antes mal

nhecimento é um campus virtual criado

consideradas, fatores intangíveis e ima-

há sete anos, pelo próprio professor, com

teriais que pesam cada vez mais na cria-

o objetivo de aproximar o mundo acadê-

ção de riqueza de nações e empresas”,

mico e escolar de empresas, ONGs e go-

afirma Schwartz.

verno, através de cursos de capacitação e

Segundo o professor, a Iconomia tem no8

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vos indicadores que consideram

pesquisas. Mas Schwartz não está sozinho


nesta empreitada. Ele entrou no ambiente virtual tridimensional junto com pesquisadores de instituições como Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Cásper Líbero, Mackenzie, Universidade de Brasília (UNB) e Universidade Federal do Rio de Janeiro. A idéia é desenvolver projetos educacionais, ambientais, culturais e empreendimentos tecnológicos dentro do Second Life. Segundo Schwartz, as ações serão iniciadas em breve. Vamos aguardar. Cerca de 8 milhões de pessoas já ingressaram no Second Life desde seu lançamento em 2003. Seu criador, o americano Philip Rosedale, movimentou US$ 6,8 milhões em junho, com a Linden Lab, empresa que administra o site. A versão em português do Second Life foi lançada no Brasil há cerca de quatro meses e estima-se que já tenha sido utilizada por 300 mil pessoas.

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toquesdicas

Ian Scott | Dreamstime

tubarões

mergulho

No Acqua Mundo, em outubro, será possível mergulhar com os tubarões, meros e cardumes de peixes. O evento é realizado em parceria com a operadora de mergulho Mar Sub. O público-alvo são os portadores de carteira internacional de mergulho autônomo. Já os demais interessados, a partir de 12 anos, passam por um treinamento “Dive Camp”, que habilita o visitante a realizar o mergulho no recinto. Durante todo o mergulho, o visitante tem a assistência de um “dive master”. Os peixes do tanque “Oceânico” têm sido alimentados pelos mergulhadores do aquário por quatro anos. Hoje, totalmente acostumados à presença do homem, proporcionam um espetáculo aos visitantes nadando e se alimentando diretamente das mãos dos mergulhadores. Para participar é necessário agendar o mergulho pelo telefone, mergulhadores habilitados R$ 250 e demais R$ 300. E para quem quiser visitar o aquário, os ingressos custam R$ 20 para adultos, R$ 10 para idosos acima de 60 anos, crianças de 2 a 12 anos, aposentados e estudantes. Em outubro, aberto de terça a quinta das 10h às 18h, sexta e domingo das 10h às 20h e sábado das 10h às 22h. No dia 11/10 das 10h às 20h e no feriado do dia 12/10 das 10h às 22h. O Acqua Mundo fica na Av. Miguel Estéfano, 2001, Praia da Enseada, Guarujá (SP). * www.aquarioguaruja.com.br ) (13) 3351-8793 ou 3351-8867

rotas do

GUARUJÁ

City tour com quatro opções de passeios da cabeça à cauda do dragão, em referência ao mapa do Guarujá que lembra um dragão alado. Os passeios são realizados por micro-ônibus sempre com a orientação de um monitor. Todos os trajetos têm em média 3 horas de duração e são realizados nos fins de semana e feriados, às 9 e às 14 horas. Eles custam entre R$ 6,00 e R$ 10,00 (saídas de barco). O ponto de partida é a Praia de Pitangueiras, em frente ao Shopping La Plage. Nos sábados às 9h, ida as ruínas da Igreja Ermida do Guaibê, às 14h visita à Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande (foto ao lado), datada de 1584 época das invasões de piratas, nos domingos às 9h, visita à casa da artista Wega Nery e às 14 horas, passeio de Catraia ao Forte e Farol do Itapema.

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Jeifferson Moraes

* www.guaruja.sp.gov.br ) (13) 3344.4600



toquesdicas

DIVERSÃO PARA

Dawn Huds

on | Dreams

time

crianças E ADULTOS

No dia da criança e nos feriados, o Guarujá terá

berto Carlos, Xuxa, Kelly Key entre outros astros,

várias opções de lazer que os pais podem aprovei-

será aberto ao público no deck gastronômico,

tar com seus filhos. Cinema, shopping, brinquedo,

primeiro piso, ala norte, que fica na Av. Marjory

shows e aquário são dicas para diversão.

da Silva Prado, 1100, Praia de Pernambuco,

O shopping La Plage possui 3 salas

Guarujá (SP). O Shopping Center Acapulco vai

para 418 pessoas, com lugares para

oferecer um espaço com brinquedos e brinca-

deficientes e obesos, terá diversas

deiras a partir das 15h nos dias 12 e 13/out, o

estréias de filmes para os meses de

show High School Music Cover acontece a partir

outubro e novembro, informações

das 19h no dia 13/out, o shopping fica na Rua

: www.shoppinglaplage.com.br ou no

Nelson Bozzi, 25, dentro do Jardim Acapulco

) (13) 3386-6819, segunda e terça-

em frente ao mercado Lago Azul. A Administra-

feira, quinta-feira a domingo R$ 12 (inteira)

dora Jardim Acapulco, no dia 13/out das 10h às

e R$ 6 (meia), na quarta-feira todos pagam R$ 5

12h, na Av. Kensei Tamayose (antiga av. 1), pró-

(meia). O Cine 3 Ferry Boat’s Plaza também pos-

ximo a portaria, irá realizar distribuição de bolas

sui 3 salas, e suas estréias estão na programação

para as crianças, e ainda terá a participação de

do site : www.cine3.com.br/programacao ou

palhaços com o grupo “Cia da Paçoca”, infor-

no ) (13) 3348-4415, segunda: R$ 7 (inteira) e

mações : www.jardimacapulco.com.br ou pelo

R$ 3 (meia), terça e quinta: R$ 10 (inteira) e

) (13) 3353-1010. No Acqua Mundo haverá

R$ 5 (meia), quarta: todos pagam R$ 5 (meia),

sorteios para alimentar os pinguins, através do

sexta a domingo: R$ 7 (até 17h59) e R$ 12

preenchimento de uma ficha de inscrição para

(após 18h). Na Villa Jequitimar no dia 12/out às

crianças (de 2 a 12 anos acompanhadas por

19h30, um show muito interessante com “Mario-

um responsável), sempre às 10h30 entre os

netes Guarujá”, : www.marionetesguaruja.com.

dias 9 e 14/out, o aquário fica na Av. Miguel Es-

br, os shows de marionetes duram em média 1

téfano, 2001, Praia da Enseada , Guarujá (SP).

hora e o público pode conferir, em uma mesma

: www.aquarioguaruja.com.br ) (13) 3351-8793

apresentação, exibições de Ivete Sangalo, Ro-

ou 3351-8867.

CASA WEGA NERY

ARTE E ARQUITETURA

Wega Nery Gomes Pinto, artista plástica de renome, faleceu em 21 de maio de 2007, aos 95 anos. Nery residia em uma casa na Praia do Pernambuco desde o início dos anos 70, onde hoje se tornou roteiro cultural do Guarujá. Premiada diversas vezes, Nery fez parte de importantes movimentos artísticos do país. Foi casada com o jornalista já falecido, Geraldo Galvão Ferraz. A casa, que contém obras da autora, também faz parte do roteiro turístico “Rotas do Guarujá” (leia na página 10),

para agendar uma visita na residência, o interessado deve ligar para a Secretaria de Turismo,

) (13) 3344-4600, outras informações: : www.guaruja.sp.gov.br

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objetosconsumo

Divulgaç

ão

Divulgação

portáteis

GPS O Sistema de Posicionamento Global (GPS) foi criado e é controlado pelo Departamento de Defesa dos EUA. Pode ser utilizado por qualquer pessoa,

gratuitamente, necessita apenas de um receptor que capte o sinal emitido pelos satélites. No Brasil o aparelho já está se tornando popular, mas os preços ainda estão salgados devido à enorme carga tributária que recai sobre o produto. O navegador GPS portátil da Navisystem sai por R$ 1.850 que pode ser parcelado em 3x no cartão, : www.navisystem.com.br, possui mapas de 1004 cidades que compreendem todos os estados brasileiros. Por R$ 350 é possível instalar mapas dos EUA ou da Europa. A cada seis meses a empresa realiza uma atualização pela internet ou via CD-ROM, que não é cobrada. Já o iPAQ hw6945 da HP é um PDA que alia telefonia GSM, WIFI, Bluetooth e GPS, e tudo isso custa R$ 2.599, : www.hp.com.br, mais o programa de navegação e mapas que o usuário terá que comprar (entre R$ 300 a R$ 500). O GPS portátil realmente é muito útil no trânsito e, durante o percurso, o motorista é orientado através de comandos de voz que indicam a direção a ser seguida, às vezes, sem a necessidade de olhar para o visor. A tela é sensível ao toque, e através do visor digita-se o endereço destino e o aparelho se encarrega de processar qual será o melhor caminho, com opção entre o mais rápido ou o mais curto. É possível ver o mapa no modo 2D (visão do alto) ou em 3D (visão do motorista), além de informações sobre a velocidade do veículo, tempo ou distância restante do percurso e os nomes das vias por onde se passa. O navegador também possui um banco de dados com informações sobre restaurantes, hotéis, estacionamentos e diversos pontos

TRÈS CHIC r$ 40 MIL A empresa WatchMasters traz ao País as marcas de artigos da alta relojoaria européia. Os relógios da marca Andersen Genéve custam acima de R$ 40 mil. O relógio (ao lado) com a caixa em ouro branco 18 K, e a frente é em ouro azul, guilocheada a mão, vidros de safira, pulseira de couro de avestruz. Andersen Genéve pertence ao dinamarquês Svend Andersen, que ficou famoso em 1969 quando mostrou um relógio construído dentro de uma garrafa, ganhando o título de “relojoeiro do impossível”. : www.watchmasters.com.br ) (11) 4192.3611

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Divulgação

de interesses que são apresentados durante o trajeto.


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casaeconstrução

elevador a vácuo

O Elevac 200 foi instalado na Acapulco Casa Show, em agosto passado, e já está à disposição para quem quiser ver o equipamento em funcionamento. A revista apresentou o elevador a vácuo na edição anterior, com a matéria “Elevadores do Futuro”. Diversos leitores despertaram interesse pela matéria e foram conferir de perto o sofisticado elevador. “Antes mesmo do elevador ser instalado pelo menos dez pessoas estiveram aqui para ver o equipamento”, afirma Marcelo Simões, sócio-proprietário da Acapulco Casa Show, destacando a curiosidade dos leitores. O outro sócio-proprietário, Rodrigo Salgado, explica que o elevador apresenta todas as características que foram publicadas na revista, e salienta: “O elevador é utilizado constantemente, todos os dias,

pelos funcionários e por pessoas quem vêm conhecer, e não percebemos nenhuma alteração significante no consumo de energia”, conclui Salgado. A Jeifferson Moraes

equipe da revista Acapulco Magazine foi conferir de perto o funcionamento deste elevador. A primeira vista, chama a atenção pelo seu design futurista. Instalado na sala da recepção da empresa, a sua estrutura tubular e transparente, com acabamento na cor branca, combinou perfeitamente com a decoração do local. A sensação de subir é a mesma que nos elevadores tradicionais, com a diferença de ter uma visão completa (360 graus) do ambiente. “A primeira vez, quando apertei o botão para descer, o elevador subiu alguns centímetros e depois iniciou a descida. Estranhei, mas depois entendi que isso ocorre devido a trava de segurança existente”, explica Alexandrina Vilar, diretora da Acapulco Magazine. O Elevac 200 está disponível para visitação na Av. Pernambuco, 10 (próximo a portaria do Jardim Acapulco), em Guarujá (SP). * vendassp.elevac@uol.com.br, ) (11) 7236.5276 ou no local (13) 3353.2309 : www.elevac.com.br ou : www.acapulcoweb.com/noticia/2007/06/18/id/356

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casaeconstrução

SUSTENTABILIDADE

NA SANTOS ARQUIDECOR texto e fotos Jeifferson Moraes

Sustentabilidade é uma realidade que já vem sendo aplicada por muitas empresas e pessoas no mundo inteiro. Mas o que é sustentabilidade? Uma empresa de arquitetura do Guarujá conseguiu aplicar muito bem esta idéia, numa versão de banheiro ecológico criado para a Santos Arquidecor, uma mostra do setor de arquitetura e decoração da região. Promover ações de recuperação do equilíbrio ambiental, suprir as necessidades de recursos naturais sem inviabilizar a sobrevivência, para respeitar e preservar o meio ambiente, tudo isso é sustentabilidade. Quando Alexandre Ferraz, arquiteto da empresa Raiz Arquitetura, aceitou o desafio de construir um banheiro sustentável para a mostra, tinha em mente alguns requisitos: realizar um projeto que deveria ser ecologicamente correto, economicamente viável e culturalmente aceito. Com esses objetivos Ferraz e sua equipe desenvolveram um banheiro modelo que você pode construir em sua própria casa. “Queriamos abranger um mercado ainda pouco explorado e, por se tratar de uma mostra, provar para os visitantes que com soluções alternativas pode-se realizar projetos com alto requinte estético, funcional, econômico e sustentável”, afirma Ferraz. Segundo o arquiteto, o primeiro passo para Versão ecológica do banheiro público na mostra Santos Arquidecor, Av. cel. Joaquim Montenegro, 117, Ponta da Praia (canal 6), em Santos, que ocorre até 14 de outubro. Informações: www.santosarquidecor.com.br

a execução do projeto, após estudo sobre produtos e materiais a serem utilizados, foi conseguir parcerias com fornecedores que pudessem suprir as necessidades da construção na versão ecológica do banheiro.

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4 Os materiais utilizados foram adequados desde as tubulações de esgoto produzidas com garrafas PET recicladas, pisos com matérias-primas renováveis, pintura com tinta de terra natural, teto com forração de fibra de bananeira, torneiras e válvulas inteligentes que economizam água como também o uso de LED para a economia de consumo de energia, revestimentos de madeiras de demolição, objetos de decorações e vidros com materiais reciclados, orgânicos e não poluentes. Foto 1. A preocupação estética na mostra de decoração é grande, por isso a utilização dos painéis de vidro foi uma solução inteligente. São cacos de vidros provenientes de material de demolição montados entre duas placas através de uma fusão de calor. Foto 2. O sofisticado com o rústico. O vi1

dro do lavabo e a torneira de acionamento por sensor (para economia de água) contrasta com a madeira de demolição (assoalho de peroba) perfazendo uma harmonia estética muito interessante. Foto 3. A válvula de descarga, possui um sistema de acionamento duplo, que despejam diferentes volumes de água, um para limpeza parcial (líquidos) e outro para limpeza total (sólidos), racionalizando o consumo de água. Foto 4. O forro decorativo do teto foi pro-

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duzido de papel feito de fibra da bananeira, extraído a partir de seu caule, que necessariamente tem que ser cortado para dar novos frutos. Pela propriedade translúcida do material, os LEDs utilizados atrás da forração, além de economizar energia, proporcionam uma iluminação atraente para o ambiente.

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Os interessados no projeto e nos materiais utilizados podem obter informações com Alexandre Ferraz, Elias de Souza e Leandro Alejandro, da Raiz Arquitetura, pelo telefone (13) 3382.4588 * raiz@raiz.arq.br : www.raiz.arq.br


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educaçãoconectada

AngélicaRamacciotti É jornalista colaboradora da Acapulco Magazine. Há dez anos trabalha como repórter, roteirista, redatora, colunista e assessora de imprensa. Atua como pesquisadora na área de Educação a Distância. * ramacciotti@acapulco.com.br

INTERNET

Educação a Distância A Educação a Distância (EAD) vem ganhando cada vez mais destaque no cenário nacional e internacional. Recente pesquisa do Inep aponta que, em 7 das 13 áreas avaliadas no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), os alunos provenientes de EAD tiveram melhor desempenho que os de

cursos presenciais. O número de matriculados em cursos superiores de EAD no Brasil aumentou 151% em três anos. Atenta a essas mudanças, a Acapulco Magazine decidiu inovar e a partir desta edição estréia com a coluna Educação Conectad@, espaço para notícias sobre educação, comunicação e tecnologia.

ASSOCIAÇÃO

setembro na cidade de Curitiba (PR). Informações em: http://www.abed.org.br/con gresso2007 Vale a pena conferir a cobertura não-oficial do Congresso mantida por pesquisadores voluntários: http:// abed2007.blogspot.com/

LEITURA

Bejhan Jusufi | Dreamstime

comunidades virtuais Interfaces Digitais na Educação - @lucinações Consentidas é leitura obrigatória para quem considera a possibilidade da construção coletiva do conhecimento por meio de comunidades virtuais de aprendizagem. A obra resulta da tese

COMUNICAÇÃO

Intercom 2007 em Santos

Santos foi palco para o maior evento científico da área de Comunicação do País entre os dias 29 de agosto e 2 de setembro: O 30° Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares (Intercom). O Congresso reuniu personalidades do mundo da

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Revista Científica Paidéi@

Paidéi@ é o nome da revista científica, em formato digital, que a Unimes Virtual lançará em 7 de dezembro. Semestral, a revista terá trabalhos na área de Educação a Distância, de caráter interdisciplinar, com pesquisas realizadas no Brasil e no exterior. Segundo a editora Elisabeth dos Santos Tavares, foi adotado o Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) que atende aos requisitos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os artigos publicados podem ser baixados gratuitamente. Outras informações estão disponíveis no site: www.unimesvirtual.com.br

Gregorius Gp Buir | Dreamstime

CONGRESSO ABED 2007 Com o desafio de discutir e fomentar novas formas de aprendizagem em Educação Aberta e a Distância, a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) promoveu o 13° Congresso Internacional da ABED entre os dias 2 e 5 de

LANÇAMENTO

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Comunicação nas Universidades Católica de Santos, Santa Cecília e Monte Serrat em torno do tema “Mercado e Comunicação na Sociedade Digital”. Cerca de 3 mil congressistas estiveram presentes e os trabalhos digitalizados já estão disponíveis em: http:// www.portcom.intercom.org.br/ index.php

de livre-docência da professora doutora Brasilina Passarelli (USP) e apresenta como tema central a experiência nos projetos: Jornal To Ligado, Conexão Escola, Nexus e Criando Comunidades Virtuais de Aprendizagem e de Prática.

ESCRITOR

Stefano D’Anna no Brasil O escritor Stefano Elio D’Anna permanecerá no Brasil entre os dias 21 e 28 de outubro. O lançamento do livro A Escola dos Deuses será no Circolo Italiano, Capital, a partir das 19 horas do dia 24 de outubro. O evento também marca a estréia da ProLíbera Editora no mercado editorial e uma grande festa é planejada. “O autor ministrará uma palestra e, na oportunidade, serão homenageados empreendedores das mais diversas áreas de atuação”, revela a pu-

blisher/editora Júlia Bárány Yaari. Sócia-fundadora da Editora Mercuryo, onde atuou durante 20 anos, Júlia é educadora, filósofa, artista plástica e tradutora. Segundo ela, a Editora nasceu literalmente do casamento com o Instituto ProLíbera, presidido pelo seu marido, o educador, psicólogo, farmacêutico e bioquímico, Josef David Yaari, sonhador pragmático assumido. Site: www.proliberaeditora.com.br Leia a entrevista com o autor na página 26.


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literaturacultura

aos Sonhadores PRAGMÁTICOS Angélica Ramacciotti

“Um sonhador crê somente em si mesmo, na sua impecabilidade, e projeta o mundo que deseja. A realidade em que vive é a exata representação do seu paraíso portátil”, Stefano D’Anna Um executivo de sucesso investe pesadamen-

governança corporativa da American Cham-

te no campo material e profissional, sem opor re-

ber (Amcham) em São Paulo, Steinberg afir-

sistência aos chamarizes da vida executiva, que

ma, no prefácio, que sentiu grande afinidade

atraem sua atenção para fora de si: crescimen-

com o conteúdo do livro porque ele revela a

to profissional, boa situação financeira, compro-

enorme amplitude de ação que cada ser hu-

missos sociais, festas e adulações.

mano pode ter.

Deixando para terceiro plano a vida espiri-

Bestseller na Turquia desde 2005, onde

tual e a qualidade dos seus relacionamentos,

vendeu mais de 100 mil exemplares, o livro foi

ele acaba se tornando um ser isolado, sem

publicado em italiano, grego e turco, e está

ninguém, amigo ou parente, a quem possa

sendo traduzido para o inglês, alemão, ro-

chamar de “próximo” até que

meno e hebraico. A Escola dos

encontra um Dreamer, um guia

Deuses oferece um itinerário

interior, que estava à sua esprei-

do autoconhecimento e mos-

ta para tirá-lo do torpor. Entre-

tra que o medo de sermos nós

tanto, o Dreamer nada poderá

mesmos é o grande obstáculo

fazer se o executivo não utilizar

a ser vencido. Ao seguir as pis-

o livre-arbítrio para empreender

tas de um manuscrito milenar

com sinceridade a viagem para

perdido, The School for Gods,

dentro de si mesmo.

escrito pelo filósofo Lupelius,

Este é apenas o come-

um lendário monge-guerreiro,

ço do instigante livro A Escola dos Deuses, escrito pelo italiano Stefano Elio D’Anna, que chega ao Brasil pela ProLíbera Editora com tradução de Graça Congro e apresentação de Herbert Steinberg. Presidente-fun-

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o protagonista reencontra a si A Escola dos Deuses oferece um itinerário do autoconhecimento e mostra que o medo de sermos nós mesmos é o grande obstáculo a ser vencido. Sua leitura é um convite a uma viagem interior por meio de novas dimensões que possibilitam transformar a realidade

mesmo e recebe do Dreamer a mais incrível tarefa: criar uma Escola, uma universidade sem fronteiras, que ensina a harmonizar aparentes antagonismos: Economia e Ética, Ação e Con-

dador da MESA Corporate Governance, da

templação, Poder Financeiro e Amor. Com

HPI Brasil - Human Perspectives Internatio-

essa base filosófica nasce, de fato, a Euro-

nal e coordenador do comitê estratégico de

pean School of Economics (ESE).


Stefano Elio D’Anna, autor do livro “A Escola dos Deuses”

Eis a linha tênue que se apresenta entre ficção e realidade. A ESE realmente existe e é uma escola de economia credenciada pela Universidade de Buckingham, com sede em Londres, Nova York, Roma, Milão e Lucca. Vale a pena conferir os sites: www.uniese.it e www.eselondon.ac.uk. O autor da Escola dos Deuses foi diretor da ESE e, desde 1994, exerce a função de reitor, além de apresentar um extenso currículo. D’Anna é economista, sociólogo, pedagogo, empreendedor e, sobretudo, um sonhador pragmático, um filósofo de ação. Atuou como executivo em multinacionais na Europa, nos Estados Unidos e no Oriente Médio. Como palestrante, participou de convenções internacionais e, desde 2006, ministra Seminários de Integridade, eventos sobre liderança e longevidade corporativa. D’Anna também é autor dos livros “Berlusconi in Concert” e “The Individual Revolution”. Acompanhe (quadro ao lado), a entrevista que o autor concedeu à revista.

Como podemos classificar A Escola dos Deuses? A Escola dos Deuses é um romance filosófico que narra o nascimento de uma Escola, a ESE - The European School of Economics, e reúne as idéias e os princípios sobre os quais foi fundada. O livro é também o manifesto de uma revolução individual. É um plano de fuga para escapar da prisão da mediocridade, do comum, de uma vida mecânica e repetitiva, sem originalidade, sem alegria. Tudo se inicia com o encontro do protagonista com um ser extraordinário, o Dreamer. O narrador percorre o seu passado para modificá-lo e curar as feridas ainda abertas, os nós ainda não desfeitos. É uma viagem de retorno em busca da própria unicidade e originalidade. Por que o protagonista decide emancipar-se da visão do mundo? O protagonista encontra o Dreamer quando chega ao estado de desilusão extrema. Neste momento o Dreamer lhe diz: “A vida é como você a sonha! Se não lhe agrada, mude o sonho!” Ou seja, o mundo é o reflexo de nós mesmos. Os papéis que assumimos, inconscientemente, para nos sentirmos inseridos no meio, são prisões. A primeira condição para escapar é dar-se conta de estar vivendo um estado de prisão, de ausência de liberdade. O objetivo da trajetória feita pelo protagonista é o de alcançar uma especial condição como ser humano que o reconduza ao aparente paradoxo de visionário-pragmático. O que significa alcançar essa especial condição? Tudo aquilo que vemos se manifestar no mundo tem origem no sonho. O Dreamer indica o caminho pelo qual podemos ouvir a nós mesmos, chegar às partes mais internas do nosso ser; sair das prisões mentais representadas pelo medo e pela dúvida, libertar-nos das armadilhas representadas pelos papéis, pela idéia de tempo, pelos hábitos. A isto ele chama a arte de sonhar. Quem sonha guia o jogo. Quem não sonha, sofre, imita os outros, assume objetivos de segunda mão, tem uma vida falsa. Por isso precisamos de escolas do Ser. Precisamos de sonhadores pragmáticos. As idéias apresentadas no livro são aplicadas concretamente na European School of Economics (ESE)? Sim. Uma escola de economia como a ESE, que prepara líderes de empresa e homens de negócios de sucesso, só pode ser uma escola que subverte, inverte o sentido, reverte os conceitos comuns, capaz, portanto, de conceber novos modos de sentir e de pensar. Exercitar os nossos estudantes a não recuar, a não desprezar de cara aquilo que parece a reversão de tudo que foi ensinado e transmitido como verdade, dá a eles uma incomparável vantagem competitiva. Quais têm sido os efeitos provocados pelas idéias do livro? Uma ginástica saudável. Conceitos e pensamentos que geram fagulhas de inteligência e potente intuição. Infelizmente, passam-se anos e anos, e às vezes toda a nossa vida, sem que nos encontremos diante de idéias com grandeza e que ofereçam uma nova dimensão, novas possibilidades; sem que as nossas convicções e prejuízos possam ser desafiados por uma visão completamente diferente da visão de mundo que herdamos e adotamos, por idéias corajosas, às vezes insuportavelmente diferentes. A Escola dos Deuses propõe-se exatamente a isto: desafiar a visão comum, os hábitos arraigados, as convicções obsoletas, sem que tenhamos alguma vez ousado colocá-las em discussão. A Escola dos Deuses, Stefano Elio D’Anna (ProLíbera) - 400 páginas - R$ 49 Assunto: Administração - Empreendedorismo : www.proliberaeditora.com.br

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JOSÉ MACIA

O CANHÃO DA VILA texto Roberto Aló Filho fotos Jeifferson Moraes

A palavra Pepe no “dicionário futebolístico” é sinônimo de Santos Futebol Clube. Foi um excepcional jogador de futebol e é idolatrado até hoje pela torcida alvinegra. O “Menino de Ouro” tinha um potente chute de canhota que amedrontava os adversários. Por este motivo era chamado de “O Canhão da Vila”. Disparava verdadeiras bólides com seu canhão instalado na perna esquerda. Em cobranças de falta nocauteava de propósito os sem sorte armados na barreira, para que numa próxima cobrança os componentes tornassem-na transponível. Tinha raça e velocidade. Dedicou-se de corpo e alma à camisa santista. Jogou somente no Santos. Fez 759 jogos e marcou 405 gols. Formou juntamente com outros craques fantásticos o “Time dos Sonhos” do futebol brasileiro das décadas de 50 e 60. Pela seleção brasileira foram 22 gols em 40 jogos, porém teve a frustração de não jogar nenhuma partida de Copa do Mundo. Era o titular absoluto da ponta esquerda, mas machucou-se antes do início das duas copas que participaria, ficou na reserva e não pôde jogar. O Santos montou grandes times e dominou o futebol paulista entre 1955 e 1969. Se não fossem os títulos do São Paulo (1957) e do Palmeiras (1959/63/66) o alvinegro praiano seria 15 anos consecutivos campeão paulista. O time tinha excelentes jogadores de defesa e meio campo, mas foi o ataque que deixou marcas na memória dos torcedores. A formação de ataque: Dorval, Jair, Pagão, Pelé e Pepe, era a preferida do Canhão, pois tinha em Pagão um jogador que facilitava muito seu futebol. “Nós nos comunicávamos só pelo olhar”, afirma Macia. Outro ataque, mais famoso e ganhador de mais títulos, foi: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. “Joguei com excelentes centroavantes todos grandes goleadores como Del Vecchio, Coutinho, Toninho Guerreiro, mas eles eram definidores. Com eles no ataque eu marcava 20 gols por campeonato, com Reprodução de arquivo pessoal

o Pagão marcava 40”, compara Macia e ainda ressalta: “Ele saía muito da área, tinha habilidade e me deixava sempre na cara do gol”.

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Perfil de um craque

Reprodução de arquivo pessoal

José Macia nasceu em 25/02/1935 na cidade de Santos, casado com Lélia desde 1964, tem quatro filhos e cinco netos. É recordista de títulos do futebol mundial. Somando os de jogador e treinador, são 93 conquistas. Jogou somente no Santos Futebol Clube. Foram 759 jogos e 405 gols – nenhum ponta tanto pela direita como pela esquerda marcou essa quantidade de gols no mundo. Tem 22 gols em 40 jogos pela seleção brasileira. A velocidade de seu chute chegava a 122 km/h. Seus principais títulos como jogador: bicampeão mundial pelo Brasil, bicampeão Mundial Interclubes, bicampeão da Taça Libertadores, pentacampeão da Taça Brasil e 11 vezes campeão paulista. Em 1969 iniciou a carreira de técnico de futebol. Seus títulos mais expressivos como treinador: o Campeonato Paulista de 1986 pela Internacional de Limeira e o Campeonato Brasileiro do mesmo ano pelo São Paulo. Teve muitos títulos por outros estados e até em países como Japão e Catar. Hoje, prefere o trabalho de coordenação técnica de equipes de futebol. Na imagem, da esquerda para a direita: Coutinho, Pelé e Pepe, posando para a foto, em uma das partidas do Santos Futebol Clube no início da década de 60.

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Reprodução de arquivo pessoal

Pepe em momento de descontração durante a entrevista em seu apartamento em Santos. Abaixo, a linha mágica do Santos Futebol Clube que causava arrepios nas defesas e torcedores adversários: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Reprodução de arquivo pessoal

História de campeão

Reprodução de arquivo pessoal

José Macia fez história no futebol, e toda a sua carreira foi construída na cidade onde nasceu e ainda reside, que tem o mesmo nome do time do seu coração: Santos. No seu apartamento, uma cobertura no bairro da Ponta da Praia, mantém uma sala com dezenas de fotos nas paredes (reproduzidas nesta matéria), como também, troféus, medalhas, artigos de jornais e suas anotações onde registrava todos os gols marcados como jogador. Na foto acima, Pepe veste com orgulho a faixa de seu primeiro título importante, campeão paulista 1955, e abaixo a foto do jogo em que fez a sua despedida do futebol em 1959, como jogador, contra o Palmeiras. O Canhão não jogou, mas foi chamado para dar a volta olímpica no gramado da Vila Belmiro sob aplausos e muita emoção.

4 Jogando pelo Santos, Pepe conheceu inúmeros países. Em partidas amistosas jogou contra times fortes, como: Barcelona (ESP), Juventus (ITA) e Internazional (ITA). Muitas vezes o time jogava partidas um dia após o outro e dormia em aeroportos esperando conexão para embarcar para outros países. Os hotéis próximos as estações ferroviárias, eram as hospedagens preferidas que eles utilizavam para que o time não perdesse o trem. “Hoje alguns jogadores reclamam de jogar quarta e domingo, imagine se jogassem naquela época”, ironiza Pepe e acrescenta: “Cheguei a jogar com o tornozelo machucado em uma partida, no intervalo falei com o técnico Lula que não tinha condições de jogo. Recebi uma infiltração, meu pé esquerdo ficou anestesiado e ainda fiz um gol de falta no segundo tempo”. Atualmente os jogadores reclamam de qualquer dor. “Hoje os jogadores têm conforto, viajam de ônibus, avião fretado, naquela épo-

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ca o Santos ia jogar, por exemplo, em Bauru e viajávamos dividi36

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Reprodução de arquivo pessoal

dos em cinco táxis”, recorda Pepe. O Santos daquela época foi um time fantástico, dificilmente surgirá algo parecido. Quem viu, viu.

Pelé de outro mundo Viu a chegada do menino Pelé à Vila Belmiro. Já nos primeiros treinos reconheceu no garoto um grande jogador. Não imaginava que seria o melhor do mundo. “Não há adjetivos para defini-lo, quando ele jogava já tínhamos em mente que o jogo estava 1x0 para nós. Enquanto dormia, Pelé sonhava com a partida, mexia-se, fazia ginástica e gritava gol! No dia seguinte arrebentava no jogo”, comenta Pepe. Raras eram as vezes que Pelé jogava mal. Mas Pepe recorda de um episódio quando o Santos vencia o Nacional (SP) por 2x0 na Vila Belmiro. A torcida estava acostumada a ver espetáculos e goleadas, com a vantagem de apenas dois gols, o time começou a tocar a bola e se acomodar com a provável vitória. Motivo que fez a torcida começar a vaiar, querendo que o “peixe” goleasse o adversário, mas a equipe vinha de muitos jogos e estava se poupando fisicamente. Pelé, em um rompante de fúria, pegou a bola e a chutou em

Pepinho Técnico

Alexandre Macia, o “Pepinho” está seguindo os passos de seu pai. Começou a árdua carreira de técnico de futebol. Para Pepe é uma emoção diferente: “Estivemos juntos em Santa Catarina no time do Balneário Camboriú, eu como coordenador e Alexandre como treinador. Em seu primeiro jogo, seu time já perdia por 2x0 com dois minutos de jogo. Me senti na pele dele. Liguei para seu celular e pedi que ficasse calmo. O Camboriú conseguiu empatar o jogo que terminou em 2x2”. Por falta de recursos financeiros o time teve que ser desfeito, mas terminou invicto. Apesar do filho querer ser reconhecido como Alexandre Macia, Pepe afirma que utilizando o apelido Pepinho, poderá ter muitas portas abertas: “Alexandre é muito inteligente e dedicado, tenho certeza que quando lhe aparecer uma grande oportunidade fará muito sucesso”. Reprodução de arquivo pessoal

direção à torcida. Na opinião de Pepe, Pelé era completo. “O atleta do século chutava de direita, de esquerda, batia falta, cabeceava, tinha uma velocidade impressionante, jogou até no gol. Dizia-se que não teríamos outro Friedreich, outro Leônidas da Silva e apareceu o Pelé. Agora outro Pelé... Deus o criou e jogou a fórmula fora”.

Despedida e nova carreira Pepe despediu-se do futebol em 1969 num jogo na Vila Belmiro contra o Palmeiras que o Santos perdeu por 1x0. O Canhão da Vila não jogou, mas foi homenageado pela torcida santista, deu volta

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olímpica junto com sua esposa Lélia em um clima de muita emo-

Homenagens José Macia foi chamado de :“O Menino de Ouro”, “O Canhão da Vila” e o “Jogador Símbolo do Santos Futebol Clube”. Recebeu por meio de Franz Beckenbauer (foto acima: Léia, Beckenbauer e Pepe) uma medalha da FIFA, homenagem a jogadores campeões mundiais de futebol, e desfilou no gramado antes do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2006 entre Alemanha e Costa Rica. Pepe guarda com carinho em sua sala alguns presentes de torcedores como um quadro do jogo Santos 4x2 Milan em que a bola vinda de uma bomba estoura a moldura e encontra o goleiro milanês, um busto, títulos de cidadão em várias cidades, medalhas, placas de honra ao mérito e até um canhão (foto ao lado) com a frase: “Ao velho canhão, um canhão velho”. De Vaney certa vez escreveu: “Pelé é formidável, mas Pepe é indescritível”. Eron Brun publicou no jornal A Cidade de Santos: “Elogiá-lo como jogador de futebol é o mesmo que exaltar a inteligência de Ruy Barbosa. Pelo jogador que foi, vestindo por toda a sua carreira a camisa alvinegra praiana, Pepe mereceria uma estátua na Vila Belmiro. acapulcomagazine

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O livro de Macia

Reprodução

Em 2006 Pepe lançou o livro “Pepe, Bombas de Alegria” (Realejo), onde relata histórias vivenciadas por ele, seus companheiros de Santos, jogadores que dirigiu, outros técnicos, dirigentes, enfim um leque de causos engraçados e enriquecedores da cultura futebolística dos últimos 50 anos. Para amantes do esporte, é um livro imperdível. Várias histórias ficaram de fora desta edição. Provavelmente entrarão em um segundo livro com lançamento previsto para 2008: “Ele trará minha biografia e também mais histórias engraçadas”, salienta Pepe. A seguir, algumas passagens da vida de Pepe, reveladas por ele durante a entrevista:

Carregado em triunfo. “Como técnico do Santos fui campeão do primeiro turno do campeonato paulista de 1980, título que garantia o alvinegro na final daquele ano. Festa em campo. Fui carregado nos ombros, os jogadores e a torcida comemoraram muito. Na conquista do paulista de 1986 pela Inter de Limeira ocorreu o mesmo fato, festa e carregado em triunfo nos ombros de um cidadão. O fato curioso é que este cidadão havia sido o mesmo que me carregou em 1980. Comentei isso com um dirigente da Federação Paulista de Futebol que me confidenciou: Pepe, a federação paga funcionários para carregarem os técnicos vencedores. E eu achando que tinha um fã que me acompanhava em todos os jogos”. Dalmo marcou, Santos 1x0 Milan. “Todos perguntam por que Dalmo e não Pepe bateu o pênalti na final do mundial interclubes de 1963 contra o Milan no Maracanã. Aconteceu o seguinte: Pelé era o batedor oficial, não ia jogar e Pepe não cobrava uma penalidade máxima havia um ano. Na véspera, ele e Dalmo treinaram várias cobranças e o aproveitamento do lateral santista foi melhor do que o do Canhão. Quando o pênalti foi marcado, o técnico Lula pediu que Dalmo cobrasse, ele foi e converteu: Santos bicampeão mundial interclubes!” Um jogaço, três mortes! “Um jogo de 13 gols. Em um clássico. Santos 7x6 Palmeiras. Estádio do Pacaembu dia 06/03/1958, uma quarta-feira à noite. No primeiro tempo o Santos abriu 5x2 no placar. Jogo ganho? Ledo engano. O Palmeiras voltou fulminante no segundo tempo e virou o placar para 6x5. No final do jogo Pepe marcou dois gols, aos 38 e 41 minutos, virando o placar para 7x6. Após a partida veio a notícia que três torcedores ouvindo o jogo pelo rádio

faleceram de emoção. Naquele tempo havia emoção.” Parada para um cafezinho. “O Santos não tinha ônibus naquela época. Os jogadores tinham o “luxo” de irem divididos em cinco táxis para os jogos. Certa vez em um jogo marcado para o estádio do Pacaembu em São Paulo a delegação parou na Vergueiro para tomar um cafezinho, os torcedores passavam e falavam: “Olha o time do Santos! Eles vão jogar no Pacaembu”. O curioso é que já era o grande time peixeiro, com Pelé, Pepe e cia. Não havia confusão, havia sim um respeito muito grande. Se fosse hoje...” Major Valentim. “O presidente do Boavista de Portugal, major Valentim Loureiro, era um homem truculento, bruto que não tinha papas na língua. Aqui no Brasil seria como o presidente do Vasco (RJ), Eurico Miranda, só que pior. Houve um episódio com um funcionário da secretaria do clube que cometeu um erro em um trabalho. No dia seguinte o major o colocou para engraxar chuteiras. Outro dia gritou com o garçom do restaurante do clube porque ele quebrou um copo: “Você não tem vergonha?”, e o garçom: “está tudo bem, major”, o major retrucou: “Tudo bem uma ova! Você acaba de quebrar um copo do Boavista e me diz que tá tudo bem? Isso aqui não é meu nem teu, isso aqui é do Boavista!”, na certa no dia seguinte ele deve ter colocado o garçom para puxar uma carroça.” Lixo lucrativo. “No Japão a tecnologia dos aparelhos eletrônicos é espantosa. Os japoneses têm o costume de jogar no lixo aparelhos com pequenos defeitos, mas que para consertá-los custariam quase o preço de um novo. Havia brasileiro que ficava percorrendo as casas japonesas garimpando esse “lixo lucrativo” bem diferente dos catadores de lixo tupiniquins.”

4ção. No mesmo ano foi convidado pelo então diretor e antigo companheiro Zito, para ser técnico dos juvenis do Santos Futebol Clube, iniciando sua também vitoriosa carreira de treinador.

No Japão os problemas eram o frio e os terremotos e no Catar o calor intenso, mas são países maravilhosos José Macia, Pepe

Obteve vários títulos como técnico, os que mais lhe projetaram foram: o campeonato paulista de 1986 pela Inter de Limeira e o Brasileiro do mesmo ano pelo São Paulo. Trabalhou em outros países como Portugal, Peru, Catar e Japão. Sua família o acompanhava. Em Portugal, trabalhou no Boavista Futebol Clube que tinha como presidente o Major Valentim Loureiro, figura que gerou histórias para escrever um livro. No Peru andava cercado de seguranças por causa do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, mas sempre foi muito respeitado naquele país e nada aconteceu. “No Japão os problemas eram o frio e os terremotos e no Catar o calor intenso, mas são países maravilhosos”. A coleção de títulos ganhos como jogador e somados às conquistas como treinador, conferem à José Macia o recorde mundial individual de 93 títulos no futebol. Atualmente prefere trabalhar como coordenador técnico, mas não lhe faltaria coragem para assumir um grande clube desde que esteja muito bem assessorado.

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PANTANAL PARAÍSO ECOLÓGICO texto e fotos Jeifferson Moraes

O Pantanal é poesia para os olhos. Neste paraíso os rios serpenteiam majestosos, a vida pulsa na sua forma mais natural e selvagem. É quase impossível descrever este lugar apenas com palavras. Tuiuiús, biguás, colhereiros, garças, jacarés e ariranhas se fartam em banquetes preparados pela mãe natureza. Mas a região não vive apenas de belas histórias, o bicho-homem faz questão de reescrever o roteiro e pode colocar esta maravilha em perigo. Já ouviu falar em invasão do MST no Pantanal? Não, primeiro porque a região é selvagem e segundo as mudanças são constantes, numa área que é considerada a maior planície alagada do planeta, o que torna o plantio nesta terra muito difícil. Mas a pecuária por muitos anos foi a principal atividade econômica da região. Hoje o turismo floresce dentro das fazendas, tornaram-se pousadas, e aos poucos essa nova oportunidade vai substituindo a pecuária, que nem sempre viveu em paz com a natureza. Cerca de 90% dos 140 mil km2 do Pantanal são constituídos por propriedades particulares e a maioria ainda mantém atividades pecuárias. O Embrapa possui um projeto de sustentabilidade para a produção animal neste bioma. “Estamos desenvolvendo vários estudos em busca da sustentabilidade do Pantanal. Para tanto, temos que buscar respostas para os principais

desafios problemas

e

que

não são poucos”, explica a pesquisadora do Embrapa Pantanal, Sandra Aparecida Santos. Especialistas e ambientalistas ainda acreditam que a melhor solução seria o investimento no turismo ecológico que oferece menos risco a natureza. A adaptação das fazendas em pousadas parece es44

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tar dando certo, peões pantaneiros receberam cursos para formação de guias turísticos e levam grande vantagem nesta nova profissão, porque conhecem a região como a palma da mão, não precisam de GPS, sabem identificar os animais e explicar com detalhes a qualquer pergunta que lhe são feitas. Visitar o Pantanal sem um guia, é quase um “suicídio”.

Faça as malas Entre os meses de novembro a março ocorre a cheia, e nos meses decorrentes é a época de vazão (seca). Mas qual é o melhor período para visitar o Pantanal? Todos, afinal sempre que você for ao Pantanal será uma aventura. Existem centenas de pousadas no Pantanal, os acessos mais fáceis são pelas capitais: Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT). As diárias variam entre R$ 200 e R$ 1,5 mil (casal) com pensão completa (duas ou três refeições diárias). Pesquise os preços dos pacotes que já venham inclusos: guia, traslado da pousada para o aeroporto e passeios. Reserve pelo menos uma semana (o ideal é 15 dias), menos

TUIUIÚ

Ave símbolo do Pantanal, com as asas abertas ultrapassa 2,5 metros de envergadura e pesa cerca de 8kg. Sua função no Pantanal é muito importante, uma vez que fazem o papel de “limpadores” das áreas porque, em determinadas épocas, o pescado morto é volumoso na região, atingindo milhares de toneladas, e a decomposição é acentuada.

que isso você vai deixar de ver muita coisa. Em média é realizado dois passeios por dia, um de manhã e outro à tarde. Existem também os safáris noturnos, que reservam muita emoção. Não se arrisque em dirigir na

Transp a n t a n e i r a , p r o c u re transporte especializado. Leve roupas e calçados apropriados. Não esqueça o repelente, protetor solar, lanterna e roupas para o frio. Durante o dia o calor é intenso mas à noite, dependendo da estação, a temperatura pode ficar abaixo de 10oC. O Pantanal é uma região que merece ser visitada mais de uma vez, em diferentes épocas do ano. E lembre-se! Respeite a natureza.

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Pousadas e passeios: www.pousadabaguari.com.br www.pousadarioclaro.com.br www.araraslodge.com.br www.interativapantanal.com.br

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ARIRANHA

Vivem em grupos familiares de 5 a 9 indivíduos, são raramente solitárias e são especializadas em pescar e comer peixes grandes (na foto detalhe para o peixe na boca), mas provavelmente também podem comer crustáceos, moluscos ou outros vertebrados como cobras e filhotes de jacarés. Foram rotuladas como animais ferozes, mas só atacam para se defender.

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JACARÉ

O Pantanal Mato-Grossense é a região do País que tem a maior quantidade de jacarés do Brasil, são 35 milhões de jacarés, 40 para cada habitante da região. Chega a medir 2,5 metros de comprimento e se alimenta basicamente de peixes, invertebrados, pequenos e médios vertebrados, como aves e roedores. São ovíparas, botando muitos ovos, podendo chegar a 50 ovos, dos quais eclodirão pequenos jacarezinhos de 18 a 22 cm de comprimento, após 55 a 70 dias de incubação, dependendo da temperatura na região.

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MACACO-PREGO

Esses inteligentes macacos permanecem quase todo o tempo nas árvores, descendo ao chão só para beber água. Seus polegares opostos lhes proporcionam grande destreza ao buscar comida e lhes permitem usar rochas como ferramentas para abrir frutas de casca dura.

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GAVIÃO-BELO

Especialista em caçar peixes, sendo uma das poucas espécies com esse hábito alimentar entre os gaviões do Brasil. Perceba na foto a piranha, peixe abundante no Pantanal, nas garras. Fica pousado em poleiros tradicionais durante longas horas, à espera que movimentos de peixes próximos à superfície os denunciem. Carrega o peixe para o galho preferido e o come.

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VEADO-CAMPEIRO

Alimentam-se principalmente de gramíneas, mas também ingerem ervas, arbustos e até de flores. No Pantanal, as plantas aquáticas e outras que crescem sobre ambientes úmidos são muito importantes na dieta do veado-campeiro. Os machos perdem os chifres no início do inverno, mas até a época de acasalamento (agosto a setembro) eles já estarão crescidos.

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