Revista 21 - Edição 14 - Jul/Ago14

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REVISTA DA ACIJ

Economia l Negócios l Tendências Joinville, julho/agosto 2014. No14 R$ 10

Mais cor nos seus negócios Empresas apostam em projetos baseados no conceito da economia criativa, que propõe uma atuação voltada à sociedade e à cultura


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Visão Acij

O espírito do voluntariado Moacir Thomazi , vice-presidente da Acij Tendo alcançado, no dia 13 de julho, a respeitável idade de 122 anos, a Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (SCBVJ) é uma das nossas mais valorizadas instituições. Fruto do espírito comunitário e de solidariedade ao coletivo, os bom­ beiros preservam e consolidam um dos valores mais genuínos de nossa cidade, o espírito do voluntariado. Desde 1892, a socie­ dade preza pela ação espontânea e de respaldo permanente aos desafios da comunidade. Ao longo de doze décadas, é claro que a corporação conheceu diferentes ciclos. Alguns de prosperidade, outros de esquecimento e menor presença. Ainda assim, sempre contou com a reação ime­ diata dos joinvilenses, incansáveis em apoiar a instituição quando necessário. Em decorrência de uma dessas crises, a dos incêndios criminosos, em 1977/78, a Acij se encarregou de oferecer suporte sistemático à instituição, sendo dela guardiã permanente. Com a participação dos poderes públicos municipal e esta­ dual, e de mais de 30 mil pessoas que mensalmente contribuem pela conta de luz, os voluntários continuam sendo modelo de corporação em todo o país. Primeira na América Latina na mo­ dalidade de bombeiros voluntários, nossa corporação há décadas é reconhecida como instituição de primeiro nível técnico e fun­ cional. Equipamentos de ponta, frota motorizada, distribuição es­ tratégica de unidades operacionais nos bairros mais populosos e cerca de 1.700 pessoas diretamente envolvidas nas operações de combate a incêndio, resgate e sinistros em geral: os bombeiros de Joinville representam não apenas uma força pública de enorme importância na defesa civil, mas um símbolo dos valores de vo­ luntariado, eficiência e segurança. Com orgulho, o lema “Todos por um e um por todos”, criado ainda em 1892 pelo primeiro grupo de voluntários, continua unindo os joinvilenses. A SCBVJ é uma das instituições e empresas que já ultrapassa­ ram um século de existência em Joinville. Reportagem nesta edi­ ção, à página 34, discorre sobre a longevidade dessas organizações.

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TAMBÉM NESTA EDIÇÃO

4 Abre aspas

Três olhares sobre as perspectivas da inovação

14 Objetos do desejo Uma cozinha cada vez mais hi-tech

18 Briefing

SAP diversifica portfólio e amplia presença regional

26 Em números

Um retrato do empreendedor brasileiro

28 Conjuntura

Economia criativa ganha espaço no mercado

40 Case

Conheça a estratégia de crescimento da OpenTech

44 Performance

Setor de eventos comemora resultados com Expoville

48 Espaço Acij Como foi a posse da nova diretoria

56 Ponto e contraponto O desafio de equilibrar trabalho e vida pessoal

Publicação bimestral da Associação Empresarial de Joinville (Acij)

Conselho editorial: Ana Carolina Bruske, Carolina Winter, Débora Palermo Melo, Diogo Haron, Simone Gehrke. Jornalista responsável: Júlio Franco (reg.prof. 7352/RS). Produção: Mercado de Comunicação. Editor: Guilherme Diefenthaeler (reg. prof. 6207/RS). Reportagem: Letícia Caroline, Ana Ribas Diefenthaeler, Marcela Güther, Karoline Lopes, Mayara Pabst. Diagramação, ilustrações e infográficos: Fábio Abreu. Imagem da capa desta edição: ilustração de Fábio Abreu. Fotografia: Pe­ ninha Machado, assessorias de imprensa. Impressão: Impressora Mayer. Tiragem: 3,5 mil exemplares. Contato: revista21@ mercadodecomunicacao.com.br. Publicidade: César Bueno, (47) 9967-2587 e 3801-4897. Correspondência: Av. Aluisio Pires Condeixa, 2550 - Joinville/SC. Site: www.acij.com.br. Twitter: twitter.com/acij. Facebook: www.facebook.com/acijjoinville

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ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO

Abre aspas

José Varela

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Rodrigo Kede

Olhares sobre a inovação nos negócios Guilherme Diefenthaeler

João Carlos Brega revista

Com 23 laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e quatro centros de tecnologia, a Whirlpool Latin America é uma das três empresas mais ino­ vadoras do Brasil, conforme a Revista Época Negócios. Aliás, parcela expres­ siva da inteligência da companhia, voltada à reinvenção sistemática de ele­ trodomésticos e compressores, situa-se em Joinville. Também sinônimo de inovação é a múltipla 3M, empresa dona de um histórico de criações que abrange setores tão distintos quanto o farmacêutico, de energia, radiologia e artes gráficas. Outro nome de vanguarda nessa matéria é o da IBM, que em duas décadas, de 1993 a 2012, registrou nada menos de 67 mil patentes só nos Estados Unidos, com investimentos anuais de US$ 6 bilhões em pes­ quisa e desenvolvimento. Os executivos que respondem pelo desafio de manter as três empresas na linha de frente da inovação compartilharam suas visões sobre o tema com o público da Expogestão 2014. José Carlos Brega, administrador de empresas com pós-graduação em Finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV), é o presidente da Whirlpool Latin America. Graduado em Tecnologia da Informação, o salvadorenho José Varela comanda a operação brasileira da 3M. E o engenheiro mecânico Rodrigo Kede, com MBA em Finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercados de Capital, dirige a IBM no país. Os três concederam, juntos, esta entrevista que sintetiza alguns de seus pontos de vista sobre a relevância do investimento em inovação.

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Como os srs. analisam o panorama brasileiro da inovação? Brega O Brasil vem crescendo bas­ tante e ganhando relevância neste campo. Naturalmente que há toda uma ansiedade natural, com a per­ cepção de que poderíamos fazer muito mais, mas não se pode negli­ genciar o fato de que estamos avan­ çando. Para todos nós, empresas glo­ bais, o Brasil representa o segundo ou terceiro mercado global. Varela Inovação e tecnologia é o que garante o crescimento dos paí­ses. E no Brasil há um enorme interesse em torno desses temas. É impres­ sionante a capacidade do brasileiro, um povo muito alegre e com inicia­ tiva – dois componentes necessários para a inovação. Se começar a listar, o Brasil tem tudo: terra, água, sol, petróleo, minerais. É um país com um futuro brilhante. Fazemos in­ vestimentos como sociedade, como empresa, e desenvolvemos o talento inovador do brasileiro, combinado com o empreendedorismo. Diante disso, não tenho dúvidas, o país se­ guirá crescendo com rapidez. Kede A IBM opera no Brasil há qua­ se 98 anos. O Brasil foi o primeiro lugar fora dos Estados Unidos em que a IBM abriu escritório. Inovação está no nosso DNA, acreditamos que é fundamental para o desen­ volvimento da sociedade. Nos úl­ timos 20 anos, o Brasil realmente mudou de patamar e entrou no cenário mundial da inovação. P&D é algo que vai sair, cada vez mais, de países em desenvolvimento. Se o Brasil quer se tornar um país de­ senvolvido, tem que investir pesado em educação e inovação. Uma crítica recorrente diz respeito à demora para o registro de patentes no Brasil... Varela É fato que a inovação está 6

A revolução

Lançada em março, a tecnologia Wisemotion, da Embraco, é um bom exemplo de como a empresa, controlada pela Whirlpool, enxerga a inovação. Primeiro compressor sem óleo para aplicações residenciais no mercado global, o Wisemotion promete revolucionar a refrigeração doméstica, ampliando as possibilidades para o design de geladeiras, do formato às funcionalidades. “Inovação tem que ser simples e perceptível para quem vai usar”, defende José Carlos Brega, presidente da Whirlpool. A novidade permite variações mínimas de temperatura no interior da geladeira e é mais eficiente, reduzindo gastos com energia e riscos de desperdício de alimentos. Traz soluções mais modernas de controle de ruído e é bem menor que os compressores tradicionais, o que representa uma vantagem e tanto, ao permitir, por exemplo, a inclusão de uma gaveta de 20 litros para o adicionamento de produtos. O desenvolvimento do Wisemotion envolveu cerca de 100 engenheiros e pesquisadores, gerando mais de 80 patentes. crescendo mais rápido do que a le­ gislação que a protege. Um ponto necessário é acelerar o registro das patentes. Isso leva tempo, sim, por­ que é preciso capacitar as pessoas que analisam as patentes. No Brasil, um registro pode levar oito ou dez anos, enquanto em outros países você põe uma patente como pen­ dente em um final de semana e o re­ gistro da patente sai em um ano. Tar­ dar seis ou oito anos para isso pode fazer com que seu produto esteja obsoleto quando obtém a patente. Creio que o Brasil está no caminho, mas vai tomar tempo. Um aspec­ to importante é o relacionamento com a sociedade, esses vínculos com

pequenas empresas, empreendedo­ res etc. É preciso acelerar a parte de propriedade intelectual. Até porque as empresas colocam recursos e expertise, mas não está claro quem fica com a propriedade intelectual, que é o ativo mais valioso das nossas companhias. Brega Temos uma parceria com a UFSC há mais de 30 anos. Isso per­ mite que a Embraco seja, depois da Petrobras, a empresa brasileira com o maior número de patentes depositadas nos Estados Unidos. Quando se fala em inovação, você pode até ter a inovação por aci­ dente, quando alguém nasce com


algum dom e tem uma sacada, mas, dentro da troca de experiên­ cias do campo com a universidade, aceleram-se as possibilidades. Para inovar, a fórmula é a simplicidade, não vamos reinventar a roda. Exis­ tem países com uma legislação simples, que dá retorno, e é disso que precisamos. Qual a fatia do faturamento que suas empresas destinam à inovação? Brega De 3% a 4% do nosso fatura­ mento anual é investido em desen­ volvimento de tecnologia e inovação na América Latina. Todos somos muito ansiosos, quando a gente vê uma oportunidade, quer materia­ lizar logo o resultado. Mas não se

pode deixar de reconhecer o pro­ gresso que foi feito. Quero deixar um reconhecimento público ao trabalho do Finep, como agência de fomento; é um pessoal técnico, que pensa; as universidades, ao Ministério da Edu­ cação... É importante contextualizar de maneira correta. Varela A 3M investe 6% da receita em pesquisa e desenvolvimento em suas operações mundiais. Uma tradição de vários anos. No Brasil, há três anos, investia 3%. Apostou e confia muito no país – tanto que, em 2013, duplicamos nosso laborató­ rio, nosso centro de clientes, nossas plantas de pilotos, e duplicamos o número de pesquisadores: já te­ mos 190. Com isso, chegamos a uma

margem de 5%, perto da referência mundial da companhia. E queremos continuar crescendo. Já temos pro­ dutos brasileiros que estão fazendo sucesso e começam a ser exporta­ dos. Algo parecido ocorre nas prin­ cipais empresas brasileiras, fazendo investimentos milionários em pes­ quisa e desenvolvimento. É preciso aproveitar esta onda, que é muito boa para o Brasil. Kede A IBM investe cerca de 6% do seu faturamento em P&D e faz isso pelo menos desde que entrei na companhia, há 21 anos. Temos 120 cientistas no Brasil e contamos com todo o suporte do governo, princi­ palmente do Ministério da Ciência e Tecnologia, para obter incentivos FOTOS DIVULGAÇÃO

Dr. Watson

Sistema concebido por cientistas da IBM, o Watson, que leva o nome do fundador da companhia, responde perguntas em linguagem natural, com velocidade, precisão e segurança. A tecnologia filtra vastas quantidades de dados e pode ser adaptada para resolver problemas e impulsionar avanços nos mais variados campos. Entre outros segmentos, é muito usado na área médica, para análise de casos clínicos e diagnósticos de câncer feitos de forma automática. Uma inovação tão promissora que, neste ano, a IBM a transformou em unidade de negócio, com aporte de US$ 1 bilhão, é destaque entre tantos cases de vanguarda da empresa nos seus 103 anos de existência.

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e fundos de investimento. Há mui­ to trabalho por fazer, mas é preciso reconhecer o suporte do governo para criar o ambiente que pode convencer a corporação a instalar no Brasil, e não na Austrália ou na Europa, por exemplo, um centro de pesquisas. E esses investimentos devem ser sistemáticos. Varela Em anos bons ou ruins, você tem que manter o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Se, em um ano ruim, eliminar os investi­ mentos, mata a empresa no futuro. É preciso imprimir uma cultura de inovação – esta liberdade com que as pessoas que estão em contato com

o cliente, com o mercado, podem de­ senvolver suas ideias, basea­das em uma visão de empreendedorismo que a companhia deve fomentar. Qual o papel das pessoas nos processos de inovação? Kede Nada substitui o talento. São as pessoas que fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso. Os ciclos são cada vez mais curtos, as empre­ sas têm que se reinventar, e muitas das coisas que a gente vendia há dez anos, hoje não vende mais. Im­ portante considerar que vendemos soluções de negócio para tornar as empresas mais eficientes, e não computadores ou softwares. DIVULGAÇÃO

Tecnologia humanitária

O sistema biométrico Cogent, da 3M, adotado para situações como identificação de eleitores e controle de fronteira, ajudou refugiados da Turquia a encontrar suas famílias, na onda de manifestações conhecida como Primavera Árabe. A tecnologia se baseia em características exclusivas do corpo de uma pessoa e foi adaptada para uso nos campos de refugiados. Uma Identificação fotográfica pode ser cruzada com as informações de impressão digital. A identificação é utilizada para acessar serviços do campo, retirar alimentação e lençóis, visitar médicos e até mesmo localizar familiares que possam ter se separado em diferentes campos. 8

Falando em reinvenção, a Embraco fez algo assim com o compressor, quando lançou, neste ano, a tecnologia Wisemotion. Como o sr. avalia o impacto dessa novidade no mercado? Brega O Wisemotion é um compres­ sor que funciona sem óleo. Antiga­ mente, não se podia tombar a ge­ ladeira. Agora pode. Nossos clientes poderão ter uma melhor utilização do contêiner, aproveitando 100% do espaço. O compressor menor vai propiciar 20 litros a mais de capaci­ dade interna, com a mesma capa­ cidade externa. Foi uma tecnologia desenvolvida em parceira com a UFSC, no Brasil. Já foi lançado oficial­ mente nos Estados Unidos com um sucesso muito grande. A gente de­ senvolveu esse compressor em con­ junto com nossos clientes, conforme as necessidades que eles apresen­ taram. Não tem bala de prata, não tem herói: é processo, é interação e geração de conhecimento. Inovação tem que ser simples e perceptível para quem vai usar. Mas a empresa precisa saber comunicar, não adian­ ta você ter uma maravilha e o mer­ cado não ficar sabendo. Outro ponto está na visão e missão da empresa. A Whirlpool preserva alimentos, não faz geladeiras. A gente apoia aquele cientista que está tentando des­ cobrir outra maneira de preservar alimentos que não seja a geladei­ ra. Mas vai matar a geladeira? Não tem problema. Meu objetivo não é fabricar a geladeira, mas preservar alimento. Não é lavar roupa, mas cuidar da roupa. Essa mentalidade, levando a experiência que o consu­ midor tem com a empresa, é o que garante a longevidade. A Embraco apoia investimentos em pesquisa e desenvolvimento para fazer o sis­ tema de refrigeração que não usa o compressor. Quero dominar essa tecnologia, quero oferecer sistemas de refrigeração.


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JONAS PÔRTO

Equipamento do laboratório de plasma da Udesc, que recebeu aporte via Fapesc, com apoio da Ciser

Ponte entre a pesquisa e a inovação Mayara Pabst A busca pelo reconhecimento profis­ sional se sustenta em um conjunto de atributos, mas, para quem quer mesmo se sobressair no mercado de trabalho, aprender a inovar é a ten­ dência da vez. Empresas procuram plataformas que auxiliem na con­ dução de projetos e universidades potencializam parcerias para criar novas tecnologias. Dessa forma, nascem e se ampliam iniciativas que projetam o elo entre o mundo corporativo e o acadêmico. De acor­ do com a Lei de Inovação (10.973/04), a palavra em evidência consiste na “introdução de novidade ou aper­ feiçoamento no ambiente produ­ tivo ou social que resulte em novos produtos, processos e serviços”, e o aprimoramento almejado passa a ser descoberto no âmago do conhe­ 10

cimento, na interface com institui­ ções de ensino e pesquisa. A Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em Joinvil­ le, aposta na parceria com empre­ sas da região para o desenvolvi­ mento de projetos inovadores. Com essa proposta, criou o Núcleo de Inovação Tecnológica e Captação de Recursos Externos (Nitec). O órgão atua na viabilização de alternativas para projetos, gestão e assessoria acadêmica e aproximação para o desenvolvimento e transferência de tecnologias, visando ao forta­ lecimento da universidade junto a empresas públicas e privadas. A partir da atuação do Nitec, será rea­lizado um diagnóstico de toda a estrutura nas á­reas de pesquisa e inovação da Udesc, para apresentar um portfólio de serviços às indús­ trias da região. Recentemente, foi

firmada parceria com a Ciser, via edital de fomento da Fapesc. Para o diretor de pesquisa e pós-gradu­ ação da universidade, Luiz Coelho, o segmento de consultoria está cres­ cendo e a Udesc dispõe de capital humano e um leque considerável de equipamentos para projetar no­ vas parcerias. A Lei da Inovação, criada em 2004, foi o principal marco no Brasil que permitiu a relação entre univer­ sidade e empresa. Andréa Tamanine, coordenadora do Núcleo de Inova­ ção e Propriedade Intelectual (Nipi) da Univille, explica que, se o conhe­ cimento é produzido na academia e o setor produtivo precisa ser forta­ lecido: é evidente a importância de um ambiente propício para que os dois agentes possam atuar em rede. Os núcleos são responsáveis pela gestão das políticas de inovação e,


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consequentemente, da proprieda­ de intelectual das instituições onde atuam. “O Nipi é a porta entre a empresa ou inventor independente que pretenda estabelecer parceria e a universidade, para pesquisa. O núcleo faz a gestão do projeto, des­ de a concepção até a conclusão, com o cuidado na proteção do resultado obtido, assegurando os direitos das partes”, relata Andréa. Ao idealizar um produto inova­ dor, a universidade busca parcerias que possam se interessar pelo tra­ balho em seus diferentes níveis de maturidade. Geralmente, demanda apoio financeiro para dar forma ao produto. Contudo, muitas empresas têm interesse apenas no trabalho final, o que acaba criando um gar­ galo. “Precisamos de parcerias para equipamentos e insumos, mas nos estágios iniciais de cada projeto as investidoras encontram fatores de risco. Quando se fala em inovação, arriscar faz parte do negócio”, rei­ tera a coordenadora do Nipi da Uni­ ville. Conforme Andréa, os núcleos não são apenas uma estrutura bu­ rocrática, mas o espaço de intersec­ ção ideal para que a linguagem da academia e da empresa sejam mu­ tuamente aprendidas.

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Incubação de projetos pode levar quatro anos O Escritório de Desenvolvimento de Projetos (EDP) da Univille auxilia os professores com a prospecção de re­ cursos para projetos, divulgação de editais e assessoria técnica. Já o Pro­ grama Estruturante de Empreen­ dedorismo, da mesma instituição, prevê a capacitação, sensibilização e assessoria técnica a alunos que dão andamento a iniciativas dirigi­ das à inovação. O trabalho culmina no Inovaparq, com a pré-incubação, uma das novidades da plataforma. Ali, durante seis meses, o acadêmi­ co pode especificar mais criterio­ samente seu projeto, aprofundar o conceito de inovação por detrás de sua ideia, avaliar as demandas de mercado e outros fatores essenciais. Depois, se aprovado, o estudante empreendedor inicia o processo de incubação, que dura aproximada­ mente quatro anos. O Inovaparq conta com 11 empresas instaladas no polo, cinco delas consolidadas, três incubadas e outras três em processo de aceleração. Ainda neste ano, será lançada a proposta de incubação

não-residencial, por meio da qual empresas não sediadas no Inova­ parq poderão contar com os serviços oferecidos pela plataforma. Iniciativas que emergem do ambiente universitário geralmen­ te contam com suporte abrangen­ te, tanto em estrutura física quan­ to em recursos humanos, para o desenvolvimento de pesquisas. Alguns núcleos já se destacam no processo de captação de recursos e execução de projetos. O Núcleo de Apoio a Projetos de Inovação Tecnológica (Napit) da Unisociesc, por exemplo, foi premiado com o primeiro lugar no Prêmio Finep de Inovação (2013) e no Prêmio Stem­ mer de Inovação (2012). “O Napit apoia a gestão da inovação entre a universidade e empresas parcei­ ras, possibilitando a ampliação de projetos de pesquisa e cooperação tecnológica. Já nos consolidamos como uma instituição de desta­ que estadual e expandimos nossa atua­ção nacional”, relata o coorde­ nador Júlio Dias do Prado.


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Objetos do desejo

DESIGN PREMIADO

Vencedora de vários prêmios nas categorias de de­ sign e inovação, como o The Spark Internacional De­ sign Awards, a torradeira KitchAid tem dupla função: aquece pães de diversos tamanhos com suas fendas extralargas (inclusive bagel), e ainda prepara sanduí­ ches quentes com o acessório de tostex. O produto faz parte da Pro-Line, nova linha de eletroportáteis da marca. www.kitchenaid.com.br R$ 899

PRODUTO tem sete níveis de tostagem

DUAS ALÇAS robustas permitem transportá-lo até a mesa ou utilizálo em diferentes ambientes, inclusive em áreas externas

RECEITAS VIA SMARTPHONE

O famoso chef de cozinha inglês Jamie Oliver aju­ da a dar um toque profissional às refeições com o aplicativo “Jamie’s 20 Minute Meal”. A ferra­ menta vem com pacote de degustação gratuito e pacotes extras disponíveis para compra. A ideia do aplicativo é que as pessoas consigam preparar uma receita em até 20 minutos. O app é gratuito no Google Play. jamieoliver.com/apps

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COZINHANDO DE UM JEITO DIFERENTE

Com infinitas possibilidades, o Vitro Grill Design permite a experiência de novas técnicas para cozinhar e é ideal tanto no ambiente doméstico quanto no empresarial. Perfeito para preparar alimentos variados, de forma saudável e sem gor­ dura, seu diferencial é a portabilidade. O produto oferece ao usuário a escolha de cozinhar direta­ mente sobre sua superfície ou utilizar panelas adequadas para vitrocerâmica. Feito em aço inox com acabamento Scotch Brite e superfície vitro­ cerâmica, apresenta cinco níveis de aquecimento. Seu comando é mecânico, por meio de manípulo. Está disponível nas versões 127V ou 220V. tramontina.com.br R$ 1.999,90


UM TOQUE em qualquer área do produto permite a abertura do misturador e, com outro, o seu fechamento

A FACILIDADE DE UM TOQUE

A tecnologia DocolPresence se alia ao design do misturador monocoman­ do Mangiare para dar mais praticidade à sua cozinha. Um toque aciona o misturador. É mais liberdade aos amantes da culinária para as tarefas gourmets, pois não é necessário que as mãos estejam livres para utilizá­ -lo. A função monocomando também permite deixar a temperatura da água pré-regulada. Ainda possui ducha manual (a única parte do produ­ to que não desliga com o toque), bica com giro de 180° e possibilidade de escolha do jato (arejado ou ducha). docol.com.br R$ 2.363,36

FOGÃO PORTÁTIL

O Cooktop Brastemp Gourmand traz a possibilidade de levar sua cozi­ nha para onde quer que você vá. Portátil, possui tecnologia de indução, seis níveis de potência, botões touch e timer. Pode ser utilizado para pre­ parar todos os tipos de receita ou para manter as panelas aquecidas na mesa. No sistema por indução, a própria panela promove calor quando em contato com os indutores eletromagnéticos, chegando a economi­ zar 90% da energia utilizada em cozimento a gás. brastemp.com.br R$ 349 DICAS PARA A NOVA SEÇÃO DA REVISTA 21? ESCREVA PARA REVISTA21@MERCADODECOMUNICACAO.COM.BR

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Painel

ACIJ NA MÍDIA

Adorei a nota sobre o Hotel Sabri­ na, na edição de maio/junho. Obri­ gada por nos dar a oportunidade de contar um pouquinho da nossa história. Ficamos lisonjeados. Sabrina Schmitz, gerente do Hotel Sabrina Parabéns! A Revista 21 conseguiu sintetizar, de forma brilhante, o bojo da situação das ferramenta­ rias brasileiras na reportagem “Lu­ zes no fim do túnel”, na edição 13. Christian Dihlmann, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais Parabenizo a equipe pela alta quali­ dade das matérias, que contribuem para enriquecer a visão plural de assuntos relevantes para o desen­ volvimento da região e do Brasil. Raul Cavallari, Meta Gestão Empresarial, de Joinville Parabéns por este grande e espe­ cial Núcleo de Escolas de Educação Profissional. Parabéns ao professor Ronaldo e sucesso à professora Carmem na próxima gestão. Sandra Trapp, gerente de ensino da Sociesc, cumprimentando o núcleo pelo segundo lugar no Prêmio Núcleo de Referência

Faltou dizer Na reportagem sobre certificação de instituições de saúde, na edição de maio/junho, faltou referir o caso do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT), reconhecido, em 2010, no nível 1, como Organização Prestadora de Serviços de Saúde Acreditada, pela ONA. “A acreditação proporciona segurança e credibilidade aos clientes e à sociedade”, disse, na época, o diretor técnico do IOT, Valdir Steglich.

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Blog do Loetz, 17/6 “A utilização das parcerias público­ -privadas como ferramentas para o desenvolvimento da infraestru­ tura será tema de seminário no dia 24, na Acij, em Joinville, pro­ movido pela Fiesc e KPMG. Charles Schramm, sócio da KPMG Structu­ red Finance, Maurício Endo, sócio da KPMG Infraestructure, e Ana Beatriz Monteiro, sócia da Consul­ toria em Logística e Transportes (CALT), vão fazer apresentações.” Portal da Propaganda, 20/6 “O Núcleo de Agências de Propa­ ganda e Marketing da Acij, em Joinville, passa por troca de presi­ dente. Darthanhan de Oliveira, di­ retor da agência Tellus Marketing e Negócios, encerra seu mandato e repassa o cargo a Gabriel Krieger, diretor da agência Voük Comuni­ cação. A cerimônia de posse acon­ tece na terça-feira, 1º de julho, na Sociedade Harmonia-Lyra.” Notícias do Dia, 1/7 “O advogado João Martinelli assu­ mirá a presidência da Acij. A posse ocorre nesta terça (1º), na Harmo­

nia-Lyra. Em entrevista, Martinelli afirmou que vai dar continuidade ao trabalho que vinha sendo exer­ cido por Mario Cezar de Aguiar.” Site da Fiesc, 2/7 “Durante a posse da nova diretoria da Acij, que ocorreu nesta terça­ -feira, o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, e o superintendente do Sesi, Fabrízio Machado Pereira, as­ sinaram termo de compromisso para a implantação de duas novas unidades do Sesi nas Zonas Sul e Leste do município. Cerca de R$ 6,2 milhões foram investidos na com­ pra dos terrenos.” Notícias do Dia, 8/7 “Inflação, taxa de juros e câmbio têm sido sinônimos de proble­ mas para a classe empresarial. Segundo o conselheiro da Marisol e ministro do Planejamento e Or­ çamento no governo FHC, Antônio Kandir, ‘temos uma inflação que nos próximos dois meses vai es­ tourar o teto da meta (de 6,5%)’. O político e economista esteve na Acij para expor sua visão para o ce­ nário pós-eleitoral no Brasil.”

TENHO DITO

“A comunidade tem noção de que o modelo atual de transporte não é mais a solução. As pessoas querem redução do tráfego de veículos, mais ciclovias e um sistema integrado de transporte coletivo” Vladimir Constante

, PRESIDENTE DO IPPUJ, SOBRE O RESULTADO DAS CONSULTAS PÚBLICAS REALIZADAS PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE MOBILIDADE


CURSOS & EVENTOS

18 a 22 de agosto

Euromold Brasil: Feira Mundial de Construtores de Moldes e Ferramentas, Design e Desenvolvimento de Produtos Expoville, Joinville www.messebrasil.com.br Interplast: Feira e Congresso de Integração da Tecnologia do Plástico Expoville, Joinville www.interplast.com.br

16 a 19 de setembro

PORTFÓLIO

O artista convidado para esta edição é Eberson Theodoro. Formado em jornalismo, ele já atuou como repórter fotográfico nos jornais Notícias do Dia e Gazeta de Joinville. Em 2012, iniciou uma nova etapa na carreira, com a abertura de sua própria empresa. Hoje, Eberson atende clientes como Univille, Revista Duo e Wendyl Models. Há cerca de dois anos, dedica-se a dar aulas de fotografia. A imagem escolhida pelo fotógrafo integra um projeto que busca misturar histórias de pessoas com as da cidade. Para saber mais, acesse fotografiajoinville.blogspot.com.br.

“Um grande ganho cultural para a cidade. É um orgulho poder integrar este projeto, que ajuda a fomentar a cultura” Gilson Pohl, SPALLA NA ORQUESTRA CIDADE DE JOINVILLE E PROFESSOR DE VIOLINO SOBRE A ORQUESTRA JOVEM, QUE FEZ SEU CONCERTO INAUGURAL NO DIA 21 DE JULHO

“Na saúde, comemoramos a abertura de 47 novos leitos no Hospital São José. O avanço é o cumprimento do nosso compromisso feito em campanha de ampliar em 30% a capacidade da unidade. Aumentamos a capacidade do hospital antes de completar quatro anos”

Udo Döhler, DURANTE A PLENÁRIA DA ACIJ REALIZADA NO DIA 21 DE JULHO. NA OCASIÃO, O PREFEITO PRESTOU CONTAS DOS PRIMEIROS 18 MESES DE GOVERNO

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Powergrid Brasil: Feira e Congresso de Energia Expoville, Joinville www.powergrid.com.br

Metalurgia 2014: Feira e Congresso Internacional de Tecnologia para Fundição, Forjaria, Alumínio e Serviços Expoville, Joinville www.metalurgia.com.br

22 a 25 de setembro

Simpemad: Simpósio Educação Matemática em Debate Mercure Prinz, Joinville simpemad.blogspot.com.br

25 de setembro

Congresso de Mobilidade Unisociesc, Joinville www.vdibrasil.com.br

25 a 27 de setembro

14o Congresso Catarinense de Pediatria Hotel Bourbon, Joinville www.scp.org.br FONTE: JOINVILLE E REGIÃO CONVENTION & VISITORS BUREAU

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CRISTINA PALMAKA

“Fazemos transformações em negócios”

ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO

Briefing

Santa Catarina ocupa posição relevante na estratégia de expansão da SAP, líder mundial no mercado de aplicações de software empresarial. “E não só pelo volume de negócios, mas pela qualidade das empresas que estão aqui”, sublinha Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil, nesta entrevista, conce­ dida quando esteve em Joinville, para a Expogestão. Cada vez mais concen­ trada na computação em nuvem, a SAP Brasil divulgou, em julho, resultados do segundo trimestre, destacando que a receita decorrente das aplicações de negócios baseadas nesse formato alcançaram “forte crescimento, de três dígitos” no período. Aqui, a síntese da entrevista de Cristina, que comanda a SAP desde 2013 e tem mais de 25 anos de experiência no setor de tecnologia.

Terceiro mercado global

A SAP Brasil fechou 2013 como a terceira subsidiária da companhia do mundo, atrás dos Estados Uni­ dos e da Alemanha. Tem uma visi­ bilidade enorme, o que traz uma grande responsabilidade e permite os investimentos que são feitos no Brasil. No ano passado, crescemos de forma agressiva e continuamos nessa jornada. Primeiro, porque o mercado brasileiro ainda tem mui­ tas empresas que começam a ver o valor da tecnologia dentro de seus negócios. Sempre atuamos forte­ mente nas grandes empresas, sem­ pre foi o nosso caminho natural, mas cada vez mais a gente partici­ pa de pequenas e médias empre­ sas, fazendo transformações em negócios. E aí a nuvem é importan­ te, porque permite que a empresa não precise fazer um desembolso maior, mas consiga fazer isso como um serviço, mensalmente, não de­ pendendo de uma infraestrutura de TI muito expressiva. Para garan­ tir que a nossa solução seja leve,

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permite menos customização, mas a implementação é mais rápida. Nas grandes e médias empresas, a SAP tem uma liderança bastante forte. Onde a gente ainda está cres­ cendo e recuperando esse espaço é nas empresas menores. Agora, com a nossa posição na nuvem, esse crescimento tem atingido três dígi­ tos, mês a mês.

Novas áreas de negócios

Há um paradigma de que a SAP é cara e só funciona nas grandes em­ presas, nunca é “para a minha em­ presa”. A melhor forma que temos para atacar isso é com casos de su­ cesso. Mostrar clientes de referên­ cia de todos os portes falando que nunca haviam considerado a SAP e ficaram surpresos com o custo, com a aderência e o impacto que gerou nos negócios. Na região, te­ mos muitos clientes de referência. O varejo é forte, e segue crescendo. Na área de moda, quase todos são nossos clientes. Alguns começaram com a parte de ERP, contas a pagar,

a receber, contabilidade, mas o principal diferencial que as empre­ sas estão vendo diz respeito a essas nossas aquisições, em áreas como RH e e-commerce, tanto b2c quan­ to b2b. São várias oportunidades de portfólio que muitas empresas nem sabem que a gente tem.

Santa Catarina

O crescimento exponencial que tivemos no ano passado foi por vários segmentos, mas o mais im­ pactante foi o que chamamos de expansão geográfica. Há um ano, a SAP decidiu colocar muito mais energia nessa expansão. Em janei­ ro, criamos uma vice-presidência com diretorias que cuidam de re­ giões específicas. Temos duas pessoas alocadas em Joinville e expandimos muito a nossa pre­ sença física. Nada melhor do que ter alguém da região, que conhece e circula, que tem contato com as oportunidades e está disponível. Foi uma estratégia que começou no ano passado e que está se con­


ESTUDO

Reservas de água mapeadas em Santa Catarina

Cristina, presidente da SAP, destaca importância do Sul como mercado solidando. Estamos atingindo re­ sultados espetaculares, com cres­ cimento de nossa base de clientes e mesmo em clientes antigos, com os quais podemos aumentar a pro­ ximidade. Não tenho o percentual de Santa Catarina, mas ressalto que a região é importante não só pelo volume mas pela qualidade das empresas que estão aqui.

Clientes se expandem

Um dos clientes nossos de seis ou sete anos atrás era uma média empresa, e agora é uma empresa de bilhões. Claro que não foi só a SAP que ajudou nesse crescimen­ to. Foi a estratégia da própria cor­ poração, suas expansões, seus negócios. Mas a gente adora ver essa jornada em que há seis ou sete anos a empresa já se preparou para se estruturar e a gente poder colaborar para esse crescimento. É gratificante. Com vinte anos de Brasil, já contamos uma história de impacto nas organizações. Essa é a maior missão.

revista

Setor de tecnologia

É a indústria do futuro, e a nossa presença nos nossos clientes ajuda a fomentar esse ecossistema. Com relação à nossa presença física, co­ mercial, a gente até discutiu como pode participar mais, colaborando nesse direcionamento de Santa Catarina para ser um polo de tecno­ logia. Vários de nossos parceiros de inovação estão aqui. Não a tecnolo­ gia pela tecnologia, mas impactan­ do nos negócios.

Papel da universidade

É fundamental. Temos um laborató­ rio em São Leopoldo (RS) por meio de uma parceria que mantemos com a Unisinos. Esse processo de prepara­ ção dos profissionais desde a largada é extremamente importante. Muita gente nova vai fazer parte do nos­ so grupo de vendas. Poder educar, associar-se a grandes universidades, para contribuir na formação dessas pessoas, é muito relevante. Fazendo essa troca, oferecemos um auxílio na formação profissional.

Um levantamento da quantida­ de e da qualidade das águas sub­ terrâneas de Santa Catarina. Foi o trabalho desenvolvido no Mapea­ mento Hidrogeológico, conduzido pelo Serviço Geológico do Brasil, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Eco­ nômico Sustentável. Ao longo do estudo, foram mapeados apro­ ximadamente 7.300 poços, para identificar a disponibilidade da reserva hídrica dos aquíferos exis­ tentes em 10 regiões do Estado. É a primeira vez que uma pesqui­ sa tão detalhada sobre o tema ocorre na região. No total, foram investidos quase R$ 4,3 milhões, com verbas federais. O governo do Estado parti­ cipou com R$ 340 mil. O documento vai auxiliar os órgãos públicos e a so­ ciedade na utilização dessas reser­ vas subterrâneas, dando subsídios técnicos para que sejam exploradas de forma sustentável. A maior parte dos poços está concentrada no Oeste e Meio Oes­ te de Santa Catarina. Esses locais podem auxiliar na resolução de problemas como contaminação de mananciais superficiais e estia­ gens frequentes, que têm levado o governo a intensificar a busca por depósitos de água. Segundo Edison Pereira de Lima, diretor da diretoria de Recursos Hídricos do governo, para as comunidades, as águas subterrâneas podem suprir as ne­ cessidades de abastecimento, as­ sim como o consumo dos animais.

O relatório está disponível no site www.aguas.sc.br.

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DIVULGAÇÃO

Jonatas (à dir.), com o professor João Beltrão, que orientou o projeto, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba BOA IDEIA

Sofisticação na produção de queijos em Santa Catarina Uma ideia original pode revigorar o ramo de queijos artesanais em Santa Catarina. O estudante de adminis­ tração Jonatas Dieter Pershun, de São Francisco do Sul, uniu a fabrica­ ção regional com a importação de vinhos para criar um produto único: o queijo fino produzido com vinhos da uva chilena Carménère. O projeto, orientado na Univille pelo professor João Beltrão, foi finalista no 7o Prê­ mio Ozires Silva de Empreendedo­ rismo Sustentável, promovido pelo Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) e entregue no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Segundo o acadêmico, o consu­ mo de produtos premium no Brasil se expande à medida que a classe média busca mais sofisticação, com diferenciais exclusivos. A pro­

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posta é oferecer queijos com qua­ lidade superior e sabores inéditos. “Esse é um segmento pouco explo­ rado pelas fabricantes nacionais, tanto que grande parte dos queijos finos vendidos no Brasil é impor­ tada. A oportunidade explora um novo nicho e não conflita com as grandes empresas de laticínios da região”, relata Pershun. O produto seria fabricado a par­ tir do método artesanal português de produção do queijo Serra da Es­ trela, com a utilização de leite de ovelha e a adição do vinho chileno Carménère como ingrediente sin­ gular. A uva utilizada na produção do vinho está praticamente extinta na França, por conta de uma praga, mas, devido a fatores específicos de clima e geografia, ainda é produzida no Chile, cenário que confiaria ainda

maior exclusividade ao produto fi­ nal, vendido no Brasil. O berço para a produção dos queijos é a cidade de Campo Alegre. Além de o município possuir um dos maiores rebanhos ovinos do país e apresentar localização estra­ tégica, o ambiente acolhedor e de natureza exuberante contribuiria para uma imagem da marca, asso­ ciando o queijo à sua origem, histó­ ria e tradição regional. “A possibili­ dade criaria valor para a localidade, que ampliaria seu potencial como destino turístico gastronômico”, explica o estudante. O reconhecimento no Prêmio de Empreendedorismo Sustentável serviu como incentivo ao trabalho de Jonatas, que concluiu a gradua­ ção em administração na metade deste ano. O planejamento é seguir na área do empreendedorismo. Ele garante que, a partir da captação de investimentos, dará continuidade à proposta que nasceu no ambiente acadêmico e pode render resultados significativos na prática.


DIVULGAÇÃO

Inauguração da nova filial, que gerou 400 empregos diretos VAREJO

Giassi amplia presença em Joinville Há mais de 50 anos no mercado ca­ tarinense, a Rede Giassi inaugurou sua 14ª loja, que, agora, atende a Zona Sul de Joinville. A companhia, segunda maior do Estado, entrou em 2013 para o chamado “Grupo do

revista

Bilhão”, a seleta reunião de varejis­ tas brasileiros que superam a marca de faturamento anual de R$ 1 bilhão. A unidade, no bairro Bucarein, gerou cerca de 400 empregos diretos, e o novo time de funcionários passou

por treinamento especial. O grupo apostou forte no segundo endereço joinvilense, com espaço bem maior para as cervejas artesanais e trata­ mento diferenciado para os produ­ tos orgânicos e sem lactose, que ga­ nharam novas indicações. Com planos de abrir uma nova loja por ano, a Rede Giassi tem mais de 5 mil funcionários, está em nove cidades catarinenses, é a 22ª em faturamento no país e a 5ª do Sul, segundo a Associação Brasileira de Supermercados. A re­ ceita, no ano passado, ultrapassou R$ 1,2 bilhão. A trajetória do grupo teve início em 1960, por iniciativa de Zefiro Giassi, que, naquele ano, em Içara, abriu seu primeiro co­ mércio. O empresário até hoje diri­ ge o negócio.

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BANCO DE IMAGENS

DESBUROCRATIZAÇÃO

Mais agilidade para liberação de licenças ambientais

Índice é muito superior à inflação, alertam entidades ENERGIA

Anúncio do aumento mobiliza empresas O anúncio do índice médio de 22,6% aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o reajuste das tarifas de energia em Santa Catarina, em vigor desde 7 de agosto, mobilizou a classe empresarial. De pronto, a Acij divulgou nota alertando que não é possível o setor absor­ ver o ônus decorrente, pela natural inviabilidade de repassá-lo ao preço dos produtos. “Há empresas em que o efeito do aumento no produto fi­ nal chega próximo de 5%”, diz a nota. “Fatalmente, com esse acréscimo, as vendas cairão e o risco de desemprego é muito grande.” Já no final de julho, quando a Celesc encaminhou à Aneel o primeiro cálculo do aumento pleiteado, na faixa de 20,49%, os empresários reagi­ ram, questionando as razões para um patamar tão significativamente superior à inflação do período. Em audiência com o presidente da Ce­ lesc, Cleverson Siewert, a diretoria da Acij reiterou a preocupação com as consequências do reajuste. A associação bateu na tecla de que o índice é “desproporcional”, e de que há riscos de vir a inviabilizar alguns setores. “A Acij é de opinião de que o governo do Estado, como acionista majoritário da Celesc, deveria suspender temporariamente o aumento da energia, no percentual que excedesse ao da inflação, até que os efeitos deste ajuste sejam mensurados na economia do Estado como um todo, e não apenas nas contas financeiras da estatal”, afirmou a entidade, em nota. No mesmo dia, o presidente da Fiesc, Glauco Côrte, abordou o proble­ ma em palestra, na Acij, sobre os fatores que vêm afetando a competiti­ vidade da indústria. Ao lembrar que o custo da energia elétrica em Santa Catarina está acima da média brasileira, e até do que se pratica em paí­ ses como México, Japão e Estados Unidos, o dirigente alertou: “Já temos a questão do gás, que também é caro e tem reflexos no setor industrial, e agora o custo da energia. Se não houver cuidado, pode haver redução no consumo em decorrência da queda na produção industrial”.

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No meio do caminho tinha uma pe­ dra. Uma área de vegetação preser­ vada, o braço de um manancial ou trechos de relevo irregular. Quando um empresário planeja instalar seu empreendimento em uma região específica, um dos inúmeros fatores a considerar é o ambiental. Preservar e conservar devem ser prioridades, desde o planejamento do projeto até a construção da edificação. Quem não levar em conta esses aspectos, acaba sendo barrado pela legisla­ ção. Mas há um porém. Em Joinville, mesmo empresas com tudo em dia, adequadas à legislação e munidas de estudos ambientais enfrentam um problema: a novela da liberação da licença ambiental. No município, é comum empre­ sas esperarem longos meses ou até anos para colocar a mão na licença, que, diz a lei, deveria ser liberada até 60 dias após a abertura do pro­ cesso. Para diminuir a dor de cabeça de quem planeja instalar ou ampliar seu negócio, a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema) está tomando uma série de providências. Uma nova rotina de trabalho foi cria­ da no órgão, que contratou funcio­ nários para solucionar a demanda reprimida de processos. O reforço foi de 20% do efetivo, com a admissão de analistas especializados. Para Ra­ fael Wolter, da consultoria Ambient, a quantidade de processos acumu­ lados e a falta de técnicos qualifica­ dos são dois dos principais proble­ mas que atravancavam as licenças e que, agora, podem ser minimizados.


DIVULGAÇÃO

Preservar áreas é o propósito da legislação, mas os procedimentos podem ser mais objetivos

Atenção a documentos pode facilitar o trâmite “Considerando que o licenciamen­ to necessita de averiguação multi­ disciplinar, vistorias e diferentes procedimentos, o processo conso­ me muito tempo. E também é grande a rotatividade de técnicos nos órgãos ambientais. Na maio­ ria das vezes, um único processo é analisado por diferentes técnicos até o parecer final”, observa o con­ sultor Rafael Wolter. Além do reforço na equipe téc­ nica, o procedimento de conferir e filtrar documentos antes de abrir os processos promete agilizar as liberações. Quando um empreen­ dimento solicita licenciamento, um engenheiro recebe o caso e verifica se todos os documentos estão incluídos. Caso falte algum,

revista

o processo não é protocolado e o requerente é orientado. Esse proto­ colo, sugestão da Acij, já está sendo colocado em prática. “Um licenciamento ambiental de maior porte carece de um bom estudo ambiental, medidas miti­ gadoras eficientes, levantamento topográfico confiável, projeto de drenagem, terraplanagem, inven­ tário florestal, entre outras inúme­ ras ações. Algumas consultorias não conseguem encaminhar todas essas providências, gerando o con­ flito de informações e dificultando a análise pelo órgão ambiental. A verificação dos documentos antes da abertura do processo é uma me­ dida inicial, que pode agilizar o tra­ balho”, relata Wolter.

Para o diretor da Engeflora, Amilcar Delaez, problemas como a falta de profissionais técnicos ca­ pacitados não se restringem a Join­ ville. Em algumas cidades, contudo, o impacto não é tão severo. Em São Francisco do Sul, por exemplo, de acordo com a prefeitura, geralmen­ te as liberações se resolvem entre 20 e 30 dias, dependendo do empre­ endimento. “O longo tempo para a liberação das licenças acaba inibin­ do a instalação de empreendimen­ tos em Joinville, porque muitos em­ presários desistem. Sem a licença, a empresa tem a atuação inviabili­ zada. Caso esse processo fosse mais rápido, a instalação de empresas e investimentos na região dariam um grande salto”, relata Delaez.

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DIVULGAÇÃO

INFRAESTRUTURA

Mais passageiros usam aeroporto de Joinville

230 mil pessoas voaram pelo Lauro Carneiro de Loyola no semestre

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Mesmo antes de computar os nú­ meros do movimento no aeroporto de Joinville em decorrência da en­ trada em funcionamento do ILS, a cidade já se surpreendeu com um salto significativo no vaivém de gen­ te pelos portões do Lauro Carneiro de Loyola. E não é para menos: nos primeiros seis meses deste ano, exa­ tas 230.429 pessoas passaram por ali – um aumento de 36,9% na com­ paração com o primeiro semestre de 2013. Só a perspectiva de funciona­


mento do novo equipamento – que garante mais segurança a pousos e decolagens – já reforçou a confiança dos joinvilenses, que hoje vão menos a Curitiba e Navegantes para embar­ ques e desembarques. O crescimento assume relevân­ cia ainda maior considerado o de­ sempenho de outras cidades cata­ rinenses: Joinville bateu Criciúma, que cresceu 20,2%, e Navegantes, que não chegou a ter 10% de incre­ mento. Se for incluída nesta lista a capital do Estado, a liderança é ain­ da maior, já que Florianópolis teve um decréscimo de 8%. Embora ainda haja muito o que fazer, as lideranças joinvilenses já se mobilizam para sensibilizar as companhias aéreas a operar maior número de voos no Norte

EM ALTA Passageiros embarcados e desembarcados no primeiro semestre de 2013 e 2014

230.489

167.873

2013

2014 ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO

INDÚSTRIA

ArcelorMittal anuncia investimento recorde

Subsidiária da divisão de aços planos da ArcelorMittal Brasil, especializa­ da na produção de laminados a frio e galvanizados, a ArcelorMittal Vega completou, em julho, 11 anos de ope­ ração em São Francisco do Sul, anun­ ciando investimento que, segundo a companhia, será “um marco” em sua história. O aporte total chega a US$ 32 milhões. Pouco mais de me­

revista

tade será destinado a obras de me­ lhoria e aquisição de equipamentos, o que deve representar um salto im­ portante na capacidade produtiva: dos atuais 1,44 milhão de toneladas/ ano para 1,6 milhão. O outro foco é o início da produção local de um aço de alta resistência voltado à indús­ tria automotiva, o Usibor. O projeto de ampliação, que leva o

catarinense. E para seguir acom­ panhando de perto as outras obras previstas pela Infraero que ainda aguardam solução, como o novo terminal de cargas, o novo prédio de bombeiros e, sobretudo, o novo pátio de manobras, que permitirá significativo aumento no volume de operações simultâneas de ae­ ronaves. Sobre o incremento de opções de destinos e oferta de voos diários, a Acij enviou correspon­ dência às principais companhias aéreas que operam no Estado, procurando sensibilizá-las para que incluam Joinville e região – e, especialmente, o aeroporto local – em suas estratégias de marketing, associando-se à campanha para ampliar o movimento de passagei­ ros no terminal. US$ 420 milhões foram investidos na instalação da unidade, no ano 2000, o maior do setor privado da história de SC. Cerca de 60% da produção da ArcelorMittal Vega é destinada ao mercado automotivo, principalmente para a fabricação de carrocerias

nome de Vega Light, resulta em um avanço significativo na trajetória da fábrica, que praticamente dobra a produção registrada no primeiro ano de atividades, em 2003. Além disso, já viabiliza a estrutura ne­ cessária para expansões futuras. Quanto ao Usibor, de acordo com a empresa, trata-se de uma evolu­ ção que promete estabelecer um novo padrão de produção do aço. O item faz parte de um conjunto de soluções inovadoras que permitirá, às montadoras, reduzir até 20% do peso dos veículos, atendendo ao que preconiza o novo regime automoti­ vo brasileiro, o Inovar Auto.

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Em números

Quem é o empreendedor no Brasil

SEXO % da população

71 de cada 100 brasileiros que começam negócio próprio no Brasil são motivados por oportunidades. As mulheres constituem a maioria entre empreendedores iniciais, mas é o homem quem domina o empreendedorismo estabelecido. Essas e outras informa­ ções estão nos gráficos desta página, produzidos a partir da pesquisa Global Entrepre­ neurship Monitor (GEM) de 2013, que analisa anualmente dados de 69 países, entre eles, o Brasil.

OPORTUNIDADE X NECESSIDADE Entre os empreendedores iniciais, as oportunidades têm ganhado espaço frente à necessidade como motivação para abrir um negócio no Brasil OPORTUNIDADE

50%

Iniciais 17,2 17,4 Estabelecidos 18,6 12,6

% no grupo de empreendedores 50%

Iniciais 47,8 52,2 Estabelecidos 57,8 42,2

NECESSIDADE

50%

2002 42,4 2003 53,3 2004 52,3 2005 52,3 2006 50,9 2007 56,1 2008 66,7 2009 60,0 2010 67,3 2011 67,5 2012 69,2 2013 71,3

57,6 2002 46,7 2003 47,7 2004 47,7 2005 49,1 2006 43,9 2007 33,3 2008 40,0 2009 32,7 2010 32,5 2011 30,8 2012 28,7 2013

EVOLUÇÃO DOS EMPREENDEDORES Distância entre empreendedores iniciais e estabelecidos era muito maior em 2002. Dois grupos aumentaram participação sobre o total da população EMPREENDEDORES INICIAIS EMPREENDEDORES ESTABELECIDOS

17,3%

15,4%

13,5%

Divisão da população brasileira 48,1 51,9 ESCOLARIDADE EMPREENDEDORES INICIAIS EMPREENDEDORES ESTABELECIDOS

18%

17% 1,57%

faixa 1

16,2% 1,25%

1,34%

faixa 2

faixa 3

A FAIXA 1 INCLUI: NENHUMA EDUCAÇÃO FORMAL, PRIMEIRO GRAU COMPLETO E INCOMPLETO E SEGUNDO GRAU INCOMPLETO; A FAIXA 2 INCLUI: SEGUNDO GRAU COMPLETO E SUPERIOR INCOMPLETO; A FAIXA 3 INCLUI: SUPERIOR COMPLETO, ESPECIALIZAÇÕES E MESTRADO INCOMPLETO. A FAIXA 4 (MESTRADO COMPLETO E DOUTORADO COM­ PLETO E INCOMPLETO) NÃO FOI INCLUÍDA PELO REDUZIDO NÚMERO NA AMOSTRA

IDADE Empreendedores iniciais são mais jovens. Maior parte dos empreendedores estabe­ lecidos estão nas faixas etárias mais velhas. Valores em % EMPREENDEDORES INICIAIS EMPREENDEDORES ESTABELECIDOS

7,8%

21,9 16,2

24,3 19,9

18,9

18,7

15,2

11,8

8,8

4,5

2002

26

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

18 a 24

25 a 34

35 a 44

45 a 54

55 a 64


revista

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Conjuntura

Criatividade pode ser protagonista nos negócios Economia criativa traz novos conceitos de desenvolvimento sustentável, prevendo cuidado com o meio ambiente e com a sociedade Letícia Caroline Um banco sustentável, voltado a apoiar empreeendi­ mentos que tenham como foco o desenvolvimento positivo do meio ambiente, da cultura e da sociedade. Parece incomum, mas esse modelo existe e é chama­ do de Triodos Bank, criado em 1980 por Peter Blom. Um país que saiu da crise econômica de 2008 por meio da cultura, onde 80% dos jovens estudam algum instru­ mento ou teoria musical. Esse lugar também existe. É a Islândia, situada na região nórdica da Europa, com 320 mil habitantes. Um espaço virtual para que o ci­ dadão expresse suas vontades e necessidades, suge­ rindo ideias para que a cidade se torne mais inclusiva e instigante. É a proposta do Sampa CriAtiva, atuante em São Paulo. Uma empresa que promove concurso

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de dança, investe na capacitação dos funcionários e premia não só o vencedor, mas todos os participantes da competição, com um fim de semana em Buenos Ai­ res. Não é brincadeira. Exemplos de economia criativa despontam em várias partes do mundo, provocando instituições públicas e privadas a conceber novos jeitos de trabalhar, estimulando a criatividade e a inovação. Engana-se quem pensa que o Brasil ficaria de fora des­ se roteiro. O quadro também se aprimora em Joinville, e, mesmo que os projetos, muitas vezes, não tenham sido inspirados diretamente nos princípios da econo­ mia criativa, demonstram potenciais criativos que fa­ zem os funcionários melhorar bem-estar, convivência e, principalmente, gostar do lugar em que trabalham. A competição que premiou funcionários com uma viagem para a Argentina foi iniciativa do Laboratório


Catarinense que, em 2010, promoveu o “Bailar das es­ trelas” para estimular a criação de um programa de dança dentro da organização. Não é de hoje que eles se preocupam em inspirar sua equipe. Já há 15 anos, foi montado o coral, que permanece ativo até hoje. As­ sim, durante três dias por semana, os trabalhadores têm contato com a cultura, nos ensaios de dança ou de canto. Além disso, podem sair em apresentações que mesclam as duas artes, exibindo seu talento para a co­ munidade. Em pesquisa recente, organizada pelo setor de Recursos Humanos, os participantes atestaram os benefícios que a dança trouxe. Os principais: melhoria do bem-estar, aumento da autoconfiança, autoestima e disposição, alegria e diversão. “Quem não faz parte também expressou que sentiu diferença nos colegas, que se tornaram mais companheiros, melhorando ain­ da mais o ambiente de trabalho”, afirma Adriano Bors­ chein Silva, presidente da corporação. A necessidade de mexer com o clima e a realidade dentro da empresa se reflete lá fora. Com o instituto A Fonte da Alegria, o Laboratório Catarinense mantém projetos sociais, responsáveis por mudanças relevan­ tes na comunidade. É o caso do “Pelotão Mirim”, em que meninos de 13 anos, em situação de vulnerabi­ lidade social, são escolhidos para atuar em parceria com o 62º Batalhão de Infantaria, para onde vão de­ pois da escola e recebem reforço escolar, informática,

revista

entre outras atividades. “Não estamos em uma ilha, não acreditamos que do portão da empresa para fora nada compete a nós. Vivemos em sociedade e temos que corresponder. Não adianta meu espaço ser mara­ vilhoso se eu não olhar pela coletividade que, afinal, é construída por todos”, ressalta Adriano. O interesse em mudar uma realidade, contribuin­ do para a vida das pessoas ao redor, levou a diretora co­ mercial da NSO Borrachas, Karla Rosane de Mello Kalef, a abraçar um projeto nos países que fazem parte da Liga dos Estados Árabes, mais especificamente no Sudão (África). Em viagem de prospecção de negócios, a empre­ sária percebeu a realidade do país que emergia de guerra recente. Circulando pelo interior do país, Karla observou a necessidade de recolhimento e destinação sustentável da grande quantidade de sobras de pneus existentes na localidade. Devido às variações extremas de temperatu­ ra, já que lá é deserto, e ao peso dos veículos, a durabilida­ de do material é muito baixa. Foi detectada, então, uma oportunidade de se aproveitar esses materiais por meio de um processo de transformação, de modo que a viabili­ dade econômica ficaria alinhada com a consciência am­ biental e social. Dessa forma, surgiu uma parceria entre a NSO e uma empresa sudanesa. “Eles farão o recolhimen­ to e processamento dos pneus e nós a entraremos com a tecnologia e materiais necessários para transformá-los em peças de borracha sustentáveis”, afirma Karla. Em Joinville, a empresa mantém um espaço no Vila Nova – bairro em que está sediada –, que recebe crianças de 6 a 14 anos, no período oposto da aula, para atividades diver­ sas. “Fazemos essas ações porque achamos que é nossa responsabilidade. Quanto mais formação essas crian­ ças tiverem, menos serão aliciadas pela criminalidade e mais contribuirão com o país”, atesta. O desafio da economia criativa mobiliza empreen­ dedores de origens distintas. Depois de 36 anos dando expediente no meio corporativo, Helga Tytlik largou tudo para virar artista. Um tempo se passou até que ela tentasse unir os dois conhecimentos e voltasse as atenções para essa nova faceta da economia. “A eco­ nomia criativa é a valorização dos bens intangíveis, com produção, circulação e demanda cultural, por meio da inteligência e da criatividade”, ensina. Foi daí que surgiu a Tucunaré Desenvolvimento Cultural, de­ dicada à assessoria empresarial e capacitação para o trabalho com criatividade. São oito anos de experiên­ cia em disseminação de ideias, tanto junto ao poder público quanto no privado, para que a sociedade abra os olhos para essa nova maneira de atuação. Ao longo desse tempo, Helga percebeu que Joinville passou por uma mudança significativa.“Os empresários preci­

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Clowns da Cia. Cheios de Graça são parceiros de Helga Tytlik na atuação criativa da Tucunaré. No destaque, Ana Carla Fonseca, fundadora da Garimpo Soluções e um dos principais nomes da área no Brasil e no exterior sam se conscientizar dos benefícios que a economia criativa pode trazer para a organização”, reforça. Quem já começou a explorar esse caminho, com o acompanhamento da Tucunaré, foi a Cajadan, fabri­ cante de meias com base em Joinville. Dinorá Nass Alla­ ge, vice-presidente da organização, sensibilizou -se com a novidade e deu vazão a um projeto para aproveitar os resíduos de forma sustentável. O descarte de meias será enviado ao bairro Itinga, em uma parceria com a associação de moradores, para que as mulheres pro­ duzam bonecas artesanais. “Nosso principal objetivo é criar condições de trabalho, bem-estar e desenvolvi­ mento para pessoas que têm acesso restrito à estimu­ lação de suas potencialidades”, ressalta Dinorá. Mais que uma intervenção, o projeto pretende tornar o grupo autossustentável, beneficiando a co­ munidade. “A economia criativa resgata sentimentos como a satisfação do ser humano, ao mesmo tempo em que propicia o desenvolvimento. É um desafio imenso, mas que, compreendido inteiramente, poderá trazer resultados imensuráveis”, prevê a empresária. Para Helga, da Tucunaré, é necessária uma mudança no pensamento, o que leva tempo. “A ideia é que as soluções venham de dentro para fora, que os próprios funcionários façam projetos, por meio de uma mu­ dança de pensamento. O conceito de competição é substituído pelo pensamento coletivo, focado na evo­ lução de todos”, endossa.

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FOTOS DIVULGAÇÃO

Doutora em urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), Ana Carla Fonseca, uma das principais es­ tudiosas da área no Brasil, explica que a globalização e as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) dei­ xaram os produtos e serviços cada vez mais parecidos e com ciclos de vida mais curtos. “Capital e tecnologia con­ tinuam sendo importantes, mas são facilmente transfe­ ríveis pelo mundo. Com isso, o diferencial está na capaci­ dade humana de conceber e viabilizar produtos, serviços, processos e propostas com valor agregado”, teoriza. Depois de morar em Milão e Londres, cidades re­ conhecidas mundialmente por seus potenciais cria­ tivos, Ana Carla resolveu somar experiência ao co­ nhecimento de marketing e inovação para abrir as portas do empreendimento que batizou de Garimpo de Soluções, em 2003. “Vi nessa proposta uma gran­ de oportunidade de impulsionar o desenvolvimento de cidades e países mundo afora”, conta, ressaltando que o empreendimento é referência internacional em geração de conteúdo para economia criativa, cidades criativas e temas afins. Com atuação em 28 países e em todos os Estados brasileiros, o projeto contabiliza atuações em assessoria para governos, consultoria para empresas privadas, palestras (em cinco línguas), entre outras atividades. Ana Carla também faz parte da organização da Expogestão, como diretora de conteúdo, pois compar­ tilha da ideia da equipe de que a transformação das

revista

Grupo de dança e coral são algumas das atividades utilizadas pelo Laboratório Catarinense para estimular funcionários. No canto direito, Helga Tytlik acompanha reunião do projeto do Itinga, em parceria com a Cajadan

cidades só ocorre quando as pessoas têm acesso ao que há de melhor no pensamento e na prática empre­ sarial mundial, ao debate acerca de seu potencial para o contexto no qual atuam e à formação de redes de pessoas e profissionais. Esse só o começo de uma história que promete ser longa. Para Joinville, Guilherme Gassenferth, ge­ rente de difusão cultural da Fundação Cultural, prevê um “futuro brilhante” em relação à economia criati­ va, mas aponta para alguns requisitos que devem ser atendidos a fim de que isso se torne realidade. São eles: ofertar mais cursos no ensino superior das áreas cul­ tural, criativa e de humanas; ultrapassar o paradigma de que a economia criativa depõe contra a indústria e estimular a formação cultural a partir da educação, abrangendo o indivíduo desde a infância. “Mais impor­ tante do que o benefício à indústria e à economia é que a cultura e a criatividade favorecem a cidade”, defende Gassenferth. “Cidade criativa é mais humana, inclusi­ va, inovadora, sustentável e feliz.”

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Destaque para a diversidade cultural Um novo paradigma econômico, que responde aos desafios e às oportunidades do século 21. É como a Se­ cretaria de Economia Criativa do Governo Federal (SEC) define o novo setor. Na visão do secretário Marcos An­ dré Carvalho, como os produtos e serviços passaram a ser facilmente copiáveis, a diferenciação se torna uma ferramenta para aumentar a concorrência, trazendo valor agregado ao que é ofertado. “No Brasil, o tema ainda é recente e está sendo tra­ balhado por diversas perspectivas. A SEC entende que a economia criativa precisa convergir para um desenvolvi­ mento baseado na diversidade cultural, nosso maior ati­ vo”, salienta Carvalho. Entre as ações mantidas pela se­ cretaria, destacam-se a implantação de incubadoras do Brasil Criativo, espaços de convívio e interação multiseto­ rial entre empreendedores, governos, bancos, universida­ des e sociedade civil, promovendo o compartilhamento de experiências e fortalecimento de redes e coletivos. Já está presente em 12 Estados: Acre, Bahia, Ceará, Goiás,

Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. O programa conta com investi­ mento de R$ 40 milhões e tem como princípios nortea­ dores a diversidade cultural e a inclusão social. Outra ação é o Observatório Brasileiro de Economia Criativa (Obec), que será responsável pela produção e difusão de pesquisas, dados e informações sobre a eco­ nomia criativa brasileira. A ideia é que o Obec seja um centro de convergência e fomente novos estudos sobre o tema. Neste ano, o planejamento prevê o incentivo à participação de empreendedores criativos brasileiros no Mercado de Indústrias Culturais do Sul (Micsul) e lançamento de dois editais, um para a promoção de intercâmbios formativos e outro para apoio a arranjos inovadores. Outra aposta da secretaria é a implantação do programa “Cultura sem Fronteiras”, que pretende oportunizar formação acadêmica, técnica, negocial e artística aos agentes culturais e criativos.

Em Santa Catarina, evolução ainda é lenta Ainda fora do mapa de investimentos do governo fe­ deral em economia criativa, Santa Catarina mantém projetos relevantes. O Catarina Criativa envolve diver­ sas áreas, entre elas, a proposta de criação de uma ace­ leradora. De acordo com Carlos Somaggio, coordena­ dor executivo do projeto, o Ministério da Cultura deve liberar a verba prevista por um edital da Secretaria de Economia Criativa. O objetivo é acelerar dez empresas

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das áreas de arquitetura, circo, dança, gastronomia, moda, produção cultural, entre outras. “Santa Catarina tem um enorme potencial para as indústrias criativas. É uma vocação natural. Mas estamos atrás de vários Estados em relação à existência de políticas públicas estaduais para as indústrias criativas. Sem a contra­ partida do investimento local, limitamos a conquista de verbas federais”, alega Somaggio.


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Gestão

Como romper a barreira do século Clube América entra para o rol das instituições e empresas centenárias ainda atuantes em Joinville Marcela Güther O que pode acontecer em um sé­ culo? Guerras, revoluções, avanço tecnológico, mudanças territoriais. Uma geração envelhece, outra nas­ ce. As fotografias vão se desgastan­ do e adquirindo o tom amarelado do passado. O papel, porém, não é o único que desbota com o tempo. O mesmo ocorreu com muitas empre­ sas e instituições da cidade – com o passar dos anos, elas foram perden­ do o colorido até fechar as portas. São raras as centenárias presentes no cotidiano joinvilense. Mas exis­ tem. E carregam, como diferencial, a experiência em renovação que só uma história secular pode propor­ cionar a uma organização. Em uma rua sem saída, lateral da João Colin, no bairro América (que antigamente era tido como Centro), encontra-se o clube que o

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batizou, o América Futebol Clube, que, em 2014, completou 100 anos de história, entrando para um rol que tem nomes como as indústrias Lepper e Döhler e instituições de ensino ainda vigorosas. “A longevi­ dade de nosso clube se deve à sua fanática torcida e aos colaborado­ res fiéis que, ao longo dos anos, vêm contribuindo para o nosso sucesso”, diz o presidente atual, João Barbosa, que comanda a casa desde 2000, quando os gestores enfrentavam problemas e dívidas. “Com trabalho, conseguimos vencer, pagamos os credores e começamos obras e refor­ mas em toda a estrutura do Améri­ ca, que é referência na cidade.” A instituição nasceu em 14 de julho de 1914. A reunião de funda­ ção ocorreu na sala de espera do Cinema Floresta, na época, locali­ zado na Rua do Príncipe, e contou com 14 participantes. Cinco deles,

com mais dois novos sócios, inte­ graram a primeira diretoria. Devido ao desempenho em campo e à crise financeira que assolava os times catarinenses nas décadas de 60 e 70, o América acabou se fundindo ao Caxias Futebol Clube. Juntos, os rivais formaram, em 1976, o JEC. Mesmo com a fusão, o clube não saiu da ativa e continua oferecendo serviços aos frequentadores – atu­ almente, são 4 mil sócios, com o fu­ tebol amador como o ponto forte. Os investimentos nos últimos anos foram determinantes para a manutenção e sobrevivência. Entre as melhorias, estão a cobertura e aquecimento da piscina, a criação de uma sauna, a pavimentação do pátio, além da implantação de res­ taurante e academia. “O América saiu do ostracismo e veio para a rea­ lidade. Hoje é um clube acessível a todas as camadas sociais”, aponta Barbosa. De acordo com o presiden­ te, as principais mudanças foram na democratização administrativa e na aplicação dos recursos vindos


das mensalidades dos associados. “O maior desafio é continuar equi­ librando as contas. As dificuldades aumentam, mas existem pessoas estudando alternativas. O impor­ tante é continuar trabalhando.” Um dos principais problemas enfrentados pelo América é a falta de interesse pelos clubes sociais. O fato também é apontado por Luiz Silvio Perini, que está à frente da ad­ ministração da Sociedade Ginástica, uma das casas de esporte e recrea­ ção mais antigas da cidade. “Antiga­ mente, o clube era necessário. Nas décadas de 80 e 90, Joinville mudou e as recreativas das empresas se tor­ naram fortes. Todas estão passando por dificuldades para se manter pois existem outros atrativos.” Fundada em 1858, a Sociedade Ginástica era palco não só de even­ tos esportivos, mas sociais e políti­ cos como concursos de miss e posse de prefeitos. Tudo começou com a ginástica olímpica. “Não havia outro esporte. Os alemães jovens não po­ deriam mais ser soldados e usavam a escola para manter a forma. Era um meio de se preparar para com­ bate em guerra”, conta o presiden­ te de honra do clube, Benno Paust, que administrou a sociedade por 18 anos. O clube teve como primeiro presidente Heinrich Lepper e, após 10 anos de existência, já registrava 321 associados. Hoje, é composto de oito mil sócios-proprietários. Mas no máximo 300 estão ativos. Entre as atividades oferecidas hoje, a maior parte via parcerias, es­ tão aulas de dança gauchesca, xa­ drez, karatê, circo e futsal. Também tem restaurante, salão, quadra de squash e, recentemente, passou a oferecer piscina térmica. Uma das prioridades agora é resgatar fun­ dos para investir em melhorias na parte esportiva, como a manuten­ ção das quadras, que já somam mais de 150 anos.

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No alto, a piscina coberta e aquecida do América Futebol Clube, um dos mais recentes investimentos da instituição. Na segunda, acima, a equipe campeã de basquete juvenil da Sociedade Ginástica em foto de 1956, quando o clube tinha 98 anos de existência

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Comunidade dá suporte ao Corpo de Bombeiros “Um por todos e todos por um” é um dos lemas do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. Criada em 1892, a instituição é uma das mais veteranas em operação na cidade. Na época de fundação, os 18 mil ha­ bitantes do município começaram a se preocupar com os incêndios que assolavam a região. Quando chamas consumiram a residência e o esta­ belecimento comercial de Henrique Walter, a comunidade se organizou para criar a corporação. Até 1972, os bombeiros foram apenas voluntá­ rios, mas, com o desenvolvimento urbano de Joinville, uma equipe re­ munerada de plantão permanente foi criada. O sistema permanece da mesma forma: são 1.700 bombeiros voluntários e 111 contratados. Para Moacir Thomazi, na corpo­ ração desde 1998 e presidente desde 2008, o respaldo da comunidade foi e continua sendo um dos principais fatores a justificar a preservação dos bombeiros por 122 anos. Não é à toa que a principal fonte de receita da instituição são seus 35 mil con­ tribuintes. “A corporação tem sido considerada, entre as instituições, a mais confiável, a que presta o me­ lhor atendimento. E faz o serviço de forma voluntária, sem custo para a população. O conjunto de tudo isso fez com que sobrevivêssemos por tanto tempo”, enfatiza. Nem a Segunda Guerra Mundial obrigou a organização a fechar. “Apesar de inspirada no modelo alemão e insta­ lada numa cidade em que a maioria das pessoas falava só alemão, ainda assim, continuou funcionando. Em Joinville, pelos registros que se tem, foi a única instituição nesses moldes que seguiu na ativa.”

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Os principais desafios dos últi­ mos anos, segundo Thomazi, foram os impasses com o Corpo de Bombei­ ros Militares de Santa Catarina em relação à atuação dos dois modelos de corporações na cidade. “Do pon­ to de vista institucional, esse deve ter sido o período mais turbulento. Porque, se não houvesse a união da comunidade, poderiam ter criado obstáculos legais ao funcionamen­ to das corporações voluntárias.” Entre as vantagens desse formato, o presidente chama atenção para o custo: “Em 2013, o governo do Estado, gastou menos R$ 2 milhões com os bombeiros voluntários, dinheiro que foi dividido entre as 36 corporações durante o ano. Só com os bombeiros militares, em folha de pagamento, o governo gastou R$ 220 milhões”.

Os investimentos mais recentes foram a compra de uma plataforma elevatória com alcance de 18 anda­ res, a construção do centro de treina­ mento, a substituição de ambulân­ cias, a implantação de software de gestão e a modernização do sistema de vistorias. Recentemente, a décima unidade da corporação, inteiramen­ te formada por voluntários, foi insta­ lada no Aventureiro. “Agora a meta é ampliar a sede. Esse prédio é um dos mais bonitos que existem na cidade, queremos deixá-lo do mesmo modo que foi construído”, informa Thoma­ zi. A construção em frente à corpora­ ção, onde fica a parte administrativa, vai virar museu. “Já temos o dinheiro em caixa, só estamos discutindo as especificações do projeto. Queremos que esteja pronto em 2015”, prevê. PENINHA MACHADO E ARQUIVO

Cenas da corporação, que é uma das mais confiáveis de Joinville: serviço voluntário e respeitabilidade pública garantiram a evolução


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“A necessidade é a mãe da inovação”

Santos Anjos nasceu em 1907: segundo a diretoria, longevidade é resultado dos princípios cristãos e da inovação constante

Tradição em ensino Na Avenida Juscelino Kubitschek, coração de Joinville, no lado opos­ to ao da Catedral Diocesana, exis­ te um colégio centenário. Criado pelo padre José Sundrup em 1907, o Colégio dos Santos Anjos, uma das instituições mais antigas da cidade, nasceu como escola pa­ roquial e foi assumido pela Con­ gregação das Irmãs da Divina Providência em 1909. Até hoje, a sociedade religiosa é que admi­ nistra a escola: são cinco irmãs da Divina Providência que continu­ am atuando na instituição, que, por sua vez, é conduzida por ges­ tão participativa. Uma das fases mais difíceis, ao longo da trajetória 106 anos, foi decorrência da construção da Avenida JK, em 1975, em que uma parte do patrimônio da escola foi desapropriada pelo poder público. Na visão da diretora Adelina Dal­ mônico, o colégio se preservou du­ rante todo esse tempo devido aos

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princípios cristãos, ao carisma das irmãs e à inovação. “Várias adapta­ ções são realizadas todos os anos para melhoria e atualização. Por exemplo, na área pedagógica, o colégio ampliou significativamen­ te o seu currículo, aumentando o número de aulas do ensino médio e fundamental, introduzindo um maior número de aulas de línguas e empreendedorismo e investin­ do na formação na área de artes e produção textual. Também abri­ mos o ensino de turno integral.” De 1907 a 2014, o salto foi além da contagem dos anos: o Santos Anjos foi inaugurado com 32 alu­ nos e atingiu a marca de 1.700 es­ tudantes. “Não temos mais vagas. A procura por matrículas é gran­ de, temos até uma lista de espe­ ra, para a educação, infantil, prin­ cipalmente. Neste ano, estamos estudando um plano diretor para novas ações, visando ao futuro”, diz a diretora.

A trajetória secular das empresas catarinenses se deve, principal­ mente, aos imigrantes da Europa, provenientes em sua maioria da Alemanha e da Itália e que vieram ao Sul do país procurando melhores condições de vida. Havia recursos e demandas no Estado, ao contrário do que ocorria na Europa, que, em meio à segunda onda da Revolução Industrial, iniciada após 1850, perdia profissionais devido à substituição de mão de obra por máquinas. Os rápidos processos de urba­ nização e industrialização do Brasil, diz o historiador Apolinário Ternes, contribuíram para a evolução dos negócios. A socióloga Valdete Dau­ femback ainda destaca a cultura empreendedora – em especial, a germânica, dedicada ao trabalho e ao desenvolvimento da econo­ mia familiar – como fator decisivo para que hoje existam empresas longevas na região. “Os imigrantes eram acostumadíssimos a traba­ lhar muito. Deixavam o dinheiro concentrado na mão de uma pes­ soa, o pai. Quando chegaram aqui, habituaram-se à figura do patrão, também uma pessoa que geren­ ciava”, explica. As centenárias nascidas no sé­ culo 19, segundo Ternes, criaram um molde para negócios do co­ meço do século 20. “Foram líderes empresariais que trouxeram não apenas a visão de ‘mercado nacio­ nal’, como também de organização da produção nos métodos de Fayol e Henry Ford. Já naqueles tempos, tinham preocupação com inovação e qualidade de produto, fatores que distinguiram os negócios e criaram marcas fortes ainda hoje.”

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Imagens da indústria têxtil Lepper, que completou 107 anos em maio: pioneirismo dos fundadores e gestão já na quinta geração

A longevidade é de família? No cenário da imigração alemã é que surgiu a indústria Lepper, que, em maio, completou 107 anos. Ges­ tão e inovação são itens apontados pela presidente da empresa para a consolidação da marca. “No início da sua trajetória, fabricava tecidos. Na década de 70, pródiga para a in­ dústria, foi pioneira na fabricação de toalhas de mesa rendadas. Hoje, é líder na fabricação de roupões e tem um dos melhores portfólios voltados ao público infantil”, infor­ ma Maria Regina de Loyola Alves, que trabalha no grupo há 39 anos. Ela faz parte da quinta geração da família Loyola à frente da empresa, tendo sucedido seu pai, José Henri­ que Carneiro de Loyola, em 2010. “A longevidade é resultado de gestões que sempre estiveram atentas ao seu momento e buscaram uma li­ derança e posicionamento que ga­ rantisse a permanência no merca­ do”, evidencia. De acordo com Maria Regina, o maior desafio da empresa,

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agora, é sobreviver à alta carga tri­ butária e ao “Custo Brasil”. A maioria das empresas antigas era familiar, porém, isso não é regra para ter vida longa. Muitos negó­ cios geridos por familiares podem ser vendidos, incorporados a outras sociedades ou se tornar compa­ nhias abertas. Segundo artigo pu­ blicado na revista norte-americana Family Business Review, a dimensão da gestão de uma empresa familiar envolve diversos estágios de desen­ volvimento: fundação, expansão e maturidade. Na maturidade, estão os maiores desafios e principais preocupações, como estrutura de capital e modelo de gestão. O que determina a permanência do em­ preendimento familiar são fatores que envolvem governança, família e processo de sucessão. Uma pesquisa da PwC, publica­ da em 2013, ouviu 2 mil organiza­ ções e mostrou que, para 63% das entrevistadas, as empresas fami­

liares são mais empreendedoras do que as demais. Entre as brasileiras, 50% acreditam que seus negócios têm a habilidade de se reinventar a cada nova geração. “As empresas devem se adaptar às novas circuns­ tâncias. Às vezes, as familiares são tão centradas, tão concentradas, que não se abrem para a moder­ nidade”, anota a socióloga Valdete Daufemback. “As empresas que estão prevendo o futuro, que inves­ tem não como se fosse um gasto, podem ter vida mais longa.” Segundo o historiador Apoliná­ rio Ternes, a Lepper e a Döhler, ambas do setor têxtil e de gestão e controle familiar, são exemplos que soube­ ram se inovar tecnologicamente e avançar com equilíbrio através das transformações do século 20. “São marcas fortes e reconhecidas e tive­ ram processos de sucessão de muito êxito, fatores que explicam, na outra ponta, o desaparecimento de nomes tradicionais”, ressalta.


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Dez organizações centenárias

Sociedade Ginástica 1858 Sociedade Harmonia-Lyra 1858 Igreja da Paz 1864 Döhler 1881 Grupo H. Carlos Schneider 1881 Bombeiros Voluntários de Joinville 1892 Hospital São José 1906 Lepper 1907 Colégio dos Santos Anjos 1907 Indústrias Colin 1913 América Futebol Clube 1914

Quase lá

Hospital Dona Helena 62° Batalhão de Infantaria

Com 320 anos completados em março, a Casa da Moeda do Brasil é uma das instituições mais antigas em atividade, com 3 mil empregados

Como se preservar no mercado O hotel Nisiyama Onsen Keiunkan, um spa de águas termais localiza­ do em Hayakawa, no Japão, é a mais veterana empresa mundial ainda em atividade. Fundado em 705, já teve mais de 50 proprietários em 13 séculos de existência. Ao que parece, o Japão é exemplo de longevidade também no mundo corporativo. Dentre as 11 empresas mais antigas do planeta com mais de mil anos de operação, sete são japonesas, dos ramos de hotelaria, fabricação de sacos de papel, artigos religiosos e construção. No Brasil, para citar al­ gumas instituições longevas, sobres­ saem-se os Correios (1663), a Casa da Moeda (1694), o Banco do Brasil (1808), a Ypióca, (1846), a Bohemia (1853), a Universidade Mackenzie (1870), a indústria têxtil Cedro e Ca­ choeira (1872), o jornal O Estado de S. Paulo (1875) e as empresas Hering e Karsten (ambas de 1880). Para o consultor Celso Campos, da Apex Executive Search, o segredo

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de uma empresa está diretamen­ te relacionado à administração. “Quando começam, na maioria das vezes, as empresas são familiares, seja administradas por apenas uma família ou mais de uma. O sucesso corporativo se dá quando as famí­ lias estão preparadas para a gestão, fazendo planos para o futuro”, diz. Os negócios se perpetuam quando são bem geridos, o que requer cons­ tante atua­lização de seus líderes. “A preparação das gerações seguintes é um dos fatores-chave. Nesse proces­ so, é importante que a geração ante­ rior observe se a pessoa a que está se delegando o comando dentro da família quer realmente continuar a trabalhar com aquilo.” Um dos fatores de insucesso é que os pais praticamente exigem que os filhos deem sequência ao que eles fazem. “Foi mais ou menos o que aconteceu com a Ford e a Colgate”, exemplifica. Em outros casos, como a Mangels, fornecedora de rodas de

1916 1922

liga leve de alumínio para monta­ doras com fábrica em São Bernar­ do do Campo (SP), por exemplo, as gerações anteriores estabeleceram que qualquer pessoa da família que assumir um cargo precisa ter expe­ riência no mesmo posto em alguma outra empresa. Convém frisar que gestão familiar não necessaria­ mente deixa de ser profissional. “A Weg teve gestão familiar por dé­ cadas. Mesmo com a morte de um dos fundadores, a família foi pre­ parada para assumir o conselho de administração. E depois veio a pro­ fissionalização da gestão”, recorda Campos. Para uma empresa se per­ petuar, é preciso ter parâmetros claros de gestão. “O estatuto deve ser alinhado à modernidade. A di­ reção deve ser dada por profissio­ nais que tenham preparo técnico e vivência prática, o que proporcio­ na uma visão sistêmica moderna e mais holística.” O consultor dá outra dica: “As pessoas têm que se sentir parte da equipe, saber que podem contar com a empresa. Ou seja, além da gestão familiar, pre­ cisa-se fazer a manutenção da cul­ tura, do comprometimento, do en­ gajamento dos profissionais para com a direção e vice-versa.”

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Case

Alfredo Zattar comanda a empresa que começou com cinco funcionários e hoje tem 550: “Somos um prestador de serviços que agrega valor”

Expansão monitorada no caminho certo

Depois de conquistar o mercado regional como referência no ramo de gestão logística, a pioneira OpenTech planeja crescer pelo Brasil afora Para se lançar a longas distâncias, trilhar um percurso concreto e che­ gar ao destino almejado, a OpenTech aposta em inovação, treinamento e olhar visionário. Com 13 anos de atuação no ramo de gestão logís­ tica e gerenciamento de riscos em transportes, a empresa conquistou o mercado catarinense e tem pla­ nos para expandir sua abrangência Brasil afora. Destaca-se pela varie­ dade de serviços que disponibiliza aos clientes e a tecnologia aplicada a cada um deles, reconhecimento e qualidade construídos com anos de investimentos em pesquisa, desen­ volvimento e capacitação.

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A perspectiva de reinventar e otimizar a rotina de trabalho este­ ve presente no âmago da empre­ sa desde sua criação, em 2001. A OpenTech nasceu pequena, com apenas cinco funcionários, e, como uma das pioneiras do setor em Santa Catarina, passou a suprir a demanda dos grandes empreende­ dores da região. O principal serviço era o monitoramento de cargas de alto valor agregado, como metais, alimentos e remédios. Como es­ ses carregamentos começaram a ser mais controlados, ocorrências de roubo e furtos se tornaram fre­ quentes também com produtos de

menor valor. Atualmente, transpor­ tadoras que trabalham com cargas acima de R$ 70 mil já são clientes e exigem o rastreamento. Em outro nicho, um setor de software existe na empresa desde sua fundação. Enquanto o moni­ toramento de veículos era encara­ do como carro-chefe da operação, o desenvolvimento da tecnologia abria as portas para novas opor­ tunidades de negócio. O departa­ mento formulou um sistema que automatizou inúmeras funções, melhorou a resposta do operador e ajudou a diminuir o risco de rou­ bos. O programa integrador reúne diferentes tecnologias em uma só, propiciando maior agilidade no trabalho. Com o passar dos anos, percebeu-se a necessidade de o cliente ir além do rastreamento veicular. Foi então que o sistema, até então utilizado internamen­ te, começou a ser ofertado como serviço à parte. Informações como tempo de carregamento e descar­ regamento do caminhão e controle


de temperatura da carga foram for­ necidas em programas específicos, embasando de forma mais concre­ ta o controle do transporte. “Essas informações viraram receita para o transportador. A princípio, o cliente pagava para não ser roubado, mas não ganhava nada com isso. Com a disponibilização desses outros dados, temos um diferencial em mãos: somos encarados como pres­ tador de serviços que agrega valor”, relata o presidente da OpenTech, Alfredo Zattar. O investimento no setor de softwa­ res segue tendência nacio­ nal em ascensão. De acordo com o relatório da Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes), em 2012, o país avançou sua parti­ cipação na área em 8,7%. O Brasil se posiciona entre os sete principais mercados de tecnologia da informa­ ção no ranking mundial, perspecti­ va alinhada à inovação presente na OpenTech. A atuação está concentra­ da nas regiões de São Paulo e Rio de Janeiro, devido à proximidade com Santa Catarina, ao mesmo tempo em que funcionários em 14 Estados representam e comercializam ser­ viços. Os cinco colaboradores que deram vida ao empreendimento se multiplicaram e hoje mais de 550 atuam nos ramos de gestão logística e monitoramento. Na sede, em Join­ ville, dos cerca de 300 profissionais, 70 trabalham com desenvolvimento de softwares, criando novas tecnolo­ gias para o aprimoramento. Os principais sistemas oferta­ dos são voltados a rastreamento e monitoramento de veículos, gestão de riscos, aumento da produtivida­ de, informatização da manutenção da frota de veículos, gerenciamento da jornada de trabalho e gerencia­ mento de pagamentos. O software para prevenção de acidentes da OpenTech é um dos destaques, por ser pioneiro no país no ramo de

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Equipe do setor de software da companhia: programa que era usado internamente passou a ser oferecido como novo serviço ao mercado contenção de riscos. A partir desse sistema, o motorista é previamente orientado e tem controlado o seu tempo de jornada e a velocidade na qual o caminhão trafega. Quando o motorista infringe alguma das determinações, é contatado para que atenda às orientações exigidas para uma viagem segura. A capacitação da equipe de tra­ balho e o treinamento de motoris­ tas são duas das principais verten­ tes para a contenção e prevenção de riscos. Por essa razão, além dos softwares de gestão, também foi criada a Universidade Opentech. A iniciativa, lançada no início deste ano, oportuniza a qualificação de colaboradores e motoristas, contri­ buindo diretamente para a preven­ ção de acidentes e a melhoria na operacionalização do trabalho. “Os motoristas não têm tempo para ficar em uma sala de aula, por isso desenvolvemos esta plataforma online, que eles podem acessar de qualquer local. Os cursos são via web e têm módulos flexíveis, carac­

terísticas adaptadas às necessida­ des de quem trabalha na estrada”, relata Zattar. As modalidades abrangem di­ ferentes temas, como prevenção de acidentes, direção defensiva e utilização de equipamentos. Ao fim da capacitação, o aluno passa por uma prova e recebe certificado. Segundo Zattar, os clientes que uti­ lizam a Universidade OpenTech já constataram uma diminuição nos índices de acidentes e problemas no percurso do transporte, causados por infrações de motoristas. “Em um mercado no qual faltam profis­ sionais, na prática, os contratantes estão preocupados em conseguir motoristas que saibam dirigir e não comprovam as demais exigências para a profissão. Nesse contexto, quando o motorista é capacitado, passa a entender melhor o cenário no qual trabalha. A função da Open­ Tech é fazer com que eles estejam cientes e cumpram todos os proce­ dimentos para uma viagem segu­ ra”, relata o presidente.

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Inovação e ampliação de mercado A direção da OpenTech está satis­ feita com o desempenho da com­ panhia. Não é por menos. Seu cres­ cimento médio anual se situa na faixa dos 30% e a aquisição de no­ vos negócios do ramo da tecnologia permanece em estudos, para garan­ tir maior abrangência de mercado no país. Hoje, a Opentech atende mais de 800 clientes e, dentre eles, nomes de peso como Alcoa, AmBev, Marisa, Goodyear e Seara. A previ­ são de faturamento para 2014 bate em R$ 50 milhões. A empresa inves­ te em novas tecnologias e se pre­ para, aos poucos, para as novas de­ mandas do mercado. Recentemente, lançou um backup em site externo, ampliando seu sistema de segu­

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rança e armazenamento de dados. Com o investimento de mais de R$ 1 milhão, o backup garante o triplo da capacidade para armazenamento e gerenciamento de informações. Ao sinal de qualquer problema em um dos sites, o backup manterá a conti­ nuidade da prestação do serviço. No ramo da inovação, o desen­ volvimento de iscas eletrônicas é um projeto. As iscas são equipa­ mentos implantados juntos às cargas, para que, no caso do extra­ vio de materiais, o carregamen­ to continue sendo monitorado. “Pensamos tanto em aprimorar os serviços já oferecidos que, às vezes, é difícil ir além. Mas, sim, temos buscado a inovação e a proposta da

isca eletrônica é um dos casos”, re­ lata Alfredo Zattar. Para ampliar o mercado de atua­ção, o investimento na cap­ tação de novos clientes e parcei­ ros também tem se intensifica­ do. No mês de maio, a empresa promoveu o 1º Encontro Nacional de Canais, evento que estreitou o relacionamento entre represen­ tantes comerciais, redirecionou estratégias e preparou o time para um novo modelo de abordagem comercial. No modelo de vendas indiretas, o parceiro atua com a própria influên­cia em sua região e a OpenTech disponibiliza a tecno­ logia que pode ser aproveitada por empreen­dimentos.


Desafios na estrada A expansão da OpenTech como empresa logística está em per­ manente desenvolvimento e, na rotina diá­ria, um esforço natural é voltado também à superação de obstáculos. Um dos principais desafios é equilibrar o ritmo fre­ nético do mercado e as deman­ das operacionais de segurança de cada transporte. A exigência de reduzir, ao máximo, os prazos de entrega é cada vez mais presente, ao passo que o baixo estoque do varejo determina que os cami­ nhões cheguem rápido ao destino. Em contrapartida, motoristas de­ vem respeitar os próprios limites e estar atentos às questões de segu­ rança na rodovia.

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“Em determinados casos, o motorista precisa parar em um ponto da viagem para descan­ sar ou aguardar o dia amanhecer para trafegar em trechos mais pe­ rigosos. Só que, muitas vezes, eles desrespeitam as orientações para entregar a carga no prazo estipu­ lado. Para evitar essa situação, in­ vestimos em treinamento, tenta­ mos conscientizar os motoristas e organizamos a rotina de trabalho de maneira que casos como esses não se tornem frequentes”, relata Alfredo Zattar. A estrada é o caminho para que o trabalho seja concluído da maneira que o cliente exige, mas pode ser o empecilho das ope­

rações. Além das situações de engarrafamento, que por vezes impedem que a carga seja entre­ gue no prazo, as condições de con­ servação das rodovias brasileiras são fatores preocupantes. No país, cerca de 65% da movimentação de cargas corre pelas estradas. É aí que está o problema: de acor­ do com uma pesquisa da Confe­ deração Nacional do Transporte (CNT), realizada em 2013, o estado geral das rodovias brasileiras teve uma piora no último ano. De toda a extensão avaliada, 63,8% apre­ sentou alguma deficiência no pa­ vimento, na sinalização ou na ge­ ometria da via. Em 2012, o índice havia sido de 62,7%.

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Performance

A alavanca da Expoville Dois anos depois da terceirização, número de eventos sediados no complexo dá salto de 65% Reportagem publicada na Revista 21 em 2012 mostrava o otimismo do poder público e do empresariado com a anunciada terceirização da Expo­ville, sob o argumento de que a gestão privada poderia dar o gás que a prefeitura não conseguiria para o maior complexo de eventos de Joinville, que sofria desgaste em sua estrutura por absoluta falta de investimentos. Dois anos depois da concessão ao consórcio Viseu-Caex, a primeira etapa da série de obras programadas para a modernização do empreendimento foi concluída e

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o melhor reflexo dos avanços regis­ trados está nos números: segundo os administradores, o espaço vai re­ ceber um total de 130 eventos até o final do ano, ou 65% a mais que os 79 promovidos em 2013, entre feiras, congressos, festividades, formaturas e encontros corporativos. Entregue em meados do ano passado, a fase um exigiu inves­ timentos de R$ 12 milhões e teve como ponto alto a transformação da antiga Expoville em centro de convenções, com capacidade para 4.540 pessoas em área de 4 mil

metros quadrados, entre auditório e 13 salas contíguas. “Tivemos um ano de muito trabalho para apre­ sentar o novo centro ao mercado, fazendo visitas e ações comerciais, destacando os diferenciais do equi­ pamento, como infraestrutura ver­ sátil, amplos espaços, ambiente cli­ matizado e localização estratégica”, ressalta Luciano Coradi, diretor do Viseu-Caex. Produto desse esforço, o local foi contemplado pelo Prêmio Caio 2013, principal premiação do segmento de eventos corporativos e turismo de negócios do país, com o troféu Jacaré de Bronze, como o terceiro melhor pavilhão de feiras e exposições da Região Sul. Em maio, o lugar passou por um teste importante, ao hospedar a Ex­ pogestão, que nas edições anteriores se dividia entre o Centreventos e o Expocentro Edmundo Doubrawa,


pouco apropriados para um evento dessa natureza. “Realizar a Expoges­ tão na Expoville foi um dos grandes diferenciais desta edição, oferecendo aos congressistas um espaço maior, mais confortável e prático”, avalia nota da organização. “A localização, às margens da BR-101, contribuiu para facilitar os deslocamentos de boa parte dos visitantes. Com estru­ tura completa de comunicação, cli­ matização e amplo estacionamento, o novo endereço da Expogestão fez com que os profissionais se sentis­ sem em casa.” O próximo teste será com uma grande feira de negócios, a Inter­ plast, da indústria plástica, entre 18 e 22 de agosto. A feira vai utilizar uma área total de 15 mil metros quadra­ dos. Como a ampliação do Megacen­ tro Wittich Freitag, pavilhão de feiras, só deve ficar pronta em 2016, a admi­ nistração do complexo providenciou a montagem de uma enorme ten­ da de 4.200 metros quadrados, que se compõe aos 11.400 da área para atender às necessidades do evento. Além disso, vão funcionar ambientes de negócios nas salas de convenções. Richard Spirandelli, diretor da Messe Brasil, que organiza a Interplast, está satisfeito com a qualificação dos serviços prestados no pavilhão e, em particular, com o redimensionamen­ to da rede elétrica do local, “fator chave para o sucesso da exposição de máquinas e equipamentos em feiras técnicas, nas quais o consumo de energia é muito pesado”. Só não gostou da protelação das obras da área de exposições: “O cronograma indicava que, primeiro, seria amplia­ do o Megacentro. Preocupa-nos o fato de não termos, no curto prazo, uma alternativa para abrigar o cres­ cimento das feiras”. No conjunto, a nova estrutura da Expoville é vista pela presidente do Joinville Convention Bureau, Aurea Pirmann, como “um marco”, com re­

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Dança circular, yoga, bicicleta, skate, atividades para a criançada: joinvilenses redescobriram o Parque Expoville; na outra página, imagem de feira de negócios: estrutura qualificada flexos em toda a região. “As mudan­ ças contribuem para fortalecermos a competitividade do município no cenário nacional e até interna­ cional, permitindo captar eventos que, em passado recente, seriam improváveis”, sublinha a executiva, entusiasmada com o despertar da cidade para o potencial do setor de serviços: “Joinville passou a ser sede de eventos científicos, técnicos e de negócios que movimentam toda uma cadeia produtiva, envolvendo mais de 50 segmentos”. Na mesma linha, o presidente da Fundação Tu­ rística, Raulino Esbiteskoski, salienta o impacto econômico decorrente da vinda de público de outras cidades, para participar de feiras e congres­ sos, por exemplo. Para ele, a conces­ são da Expoville é benéfica, também, por desonerar a prefeitura com a manutenção do local, “além de aprimorar a exploração comercial e garantir o investimento em melho­ rias” no complexo, aumentando a visibilidade de Joinville no cenário nacional de eventos.

Enquanto isso, a partir dos recur­ sos aplicados desde a terceirização, a Expoville retoma o status de espa­ ço de lazer. Até o final do ano, deve ser reinaugurado o restaurante do Moinho, operado pela Opa Bier, e já está aberta uma filial do Totens, para almoço e jantar. Ao mesmo tempo, a empresária Francine Olsen refor­ mou a antiga casa enxaimel, onde abriu uma agência que vende pas­ seios pela cidade, e investiu em um pacote de atividades de fim de se­ mana que inclui aluguel de bicicleta, skate, parque infantil e o tradicional pedalinho no lago, além de novida­ des como prática de yoga gratuita, nas tardes de sábado, e dança circu­ lar, uma vez por mês. “A aceitação do projeto foi incrível, parece que o joinvilense estava mesmo precisan­ do de algo assim”, comemora Fran­ cine, empenhada em tirar do papel o projeto de uma “floresta encan­ tada”, que vai trabalhar a educação ambiental, nas trilhas vizinhas ao complexo. “Só falta um parceiro”, anuncia. Quem se habilita?

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Desfiando a malha burocrática Um dos entraves que costumam ser apontados pelos organizadores de eventos, ao lado da questão estru­ tural, a burocracia está no alvo das recentes mudanças na legislação municipal. A nova lei ajusta algumas regras e procedimentos que, na ava­ liação de Aurea Pirmann, do Conven­ tion Bureau, tendiam a inviabilizar a realização de eventos, tamanha a dificuldade em conseguir o aval necessário dos órgãos públicos. Um exemplo: nas leis anteriores, mesmo que o estabelecimento já tivesse li­ beração para eventos, quando outro produtor ou empresa fosse utilizar o espaço, teria que retirar toda a docu­

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mentação de novo. “Isso não incen­ tivava os locais a buscar a liberação definitiva, tendo em vista que esta não poderia ser aproveitada quando houvesse locação para terceiros”, ex­ plica Ari Vieira Junior, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. A nova legislação foca nas com­ petências do município e no apro­ veitamento de liberações já concedi­ das, dando vantagens competitivas aos locais devidamente estabeleci­ dos e que estejam com tudo em dia. “Com a simplificação dos trâmites pertinentes à realização de eventos, Joinville conta com mais um aspec­ to positivo para a captação”, assina­

la Raulino Esbiteskoski, da Fundação Turística. Para Aurea Pirmann, só mudar a lei não basta. “É necessário maior alinhamento entre os órgãos envolvidos com as liberações. Afinal, estão em jogo inúmeros benefícios para o município”, chama atenção a dirigente. “Orientação e apoio aos organizadores de eventos são fundamentais para que possam de­ senvolver seus negócios.” De outra parte, a presidente do Convention Bureau se empenha em conscien­ tizar as empresas da cidade quanto à importância da “room tax”, con­ tribuição facultativa paga pelos hóspedes e que ajuda a bancar as atividades da entidade. Relevante para complementar a arrecadação, a verba vem caindo e hoje anda na casa dos R$ 5 mil/mês.


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Espaço Acij

No discurso, o novo presidente, João Martinelli, destacou reivindicações nas áreas de segurança e saúde POSSE

Demandas da comunidade, pleitos da nova diretoria Uma lista de cobranças com deman­ das de forte impacto social marcou o discurso de posse do novo presiden­ te da Acij, o advogado João Marti­ nelli. Dirigindo-se ao público forma­ do por autoridades e empresários, no palco da Sociedade Harmonia­ -Lyra, ele pontuou as principais prio­ ridades da nova gestão e ressaltou as recentes conquistas que tiveram envolvimento da associação, como o ILS instalado no aeroporto, as obras na Avenida Santos Dumont e na Rua Dona Francisca, entre outras

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ações. “Pediremos mais segurança, pois Joinville é a ‘Manchester Cata­ rinense’, a cidade da indústria, e nós temos apenas 48 câmeras públicas de monitoramento. Continuaremos insistindo para esse número chegar a 400. Na saúde, vamos pedir mais um hospital estadual de referência que ajude o São José. Na educação, cobraremos para que as obras da UFSC ganhem ritmo maior. Vamos pedir também a redução da tarifa do transporte coletivo. E, em todos esses pleitos, nos apoiaremos em nossos

núcleos”, afirmou o novo presidente. A solenidade, no dia 1o de julho, contou com as presenças de associa­ dos e parceiros da Acij, do governa­ dor Raimundo Colombo, do prefeito Udo Döhler e dos senadores Luiz Henrique e Paulo Bauer. Além de Martinelli, que substitui o empre­ sário Mario Cezar de Aguiar, foram eleitos os integrantes do conselho fiscal, com mandato até 2015. Meta­ de dos integrantes dos conselhos de­ liberativos e superior foi renovada, com atuação até 2016. Na mesma noite, foi entregue o Prêmio Núcleo de Referência. Núcleo de Agências de Propaganda e Marketing em primei­ ro lugar, Escolas de Educação Profis­ sional em segundo e Imobiliárias na terceira colocação.


MAX SCHWOELK

Núcleos têm nova gestão Na mesma solenidade, os núcleos da Acij deram posse aos seus no­ vos presidentes. No Conselho dos Nú­ cleos, assumiram o novo pre­ sidente e o novo vice. Foram apre­ sentados, ainda, os coordenadores do Gestão Compartilhada, inicia­ tiva que aproxima empresários atuantes em regiões estratégicas da cidade. Durante o jantar, houve a posse da diretoria da Sociedade Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville e a assinatura do go­ vernador Raimundo Colombo no convênio para instalação de 50 câ­ meras de vigilância e parceria para instalação de seis bases de video­ monitoramento. NOVA DIRETORIA Mandato jun/2014 a jun/2015 Presidente João Joaquim Martinelli Vice-presidentes Moacir Gervázio Thomazi Maria Regina L.R. Alves Mario Cesar de Aguiar Jaime Grasso Carlos Rodolfo Schneider Roberto H. Campos Ovandi Rosenstock Luiz Tarquinio S.Ferro Ingo Dobrawa Marcelo Hack Paulo Nascentes Clayton Salfer Moacir Bogo Evair Oening Cesar Pereira Dohler Diretora administrativa Heleny Meister

Autoridades prestigiaram a solenidade que marcou a troca de comando da entidade e contemplou os núcleos empresariais que se destacaram no último ano com o Prêmio Núcleo de Referência: destaques do período foram para agências de propaganda e marketing, educação profissional e imobiliárias

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Diretora financeira Ana Bruske Diretor de relacionamento com o associado Andre Chedid Daher

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FEITO EM JOINVILLE

Parceria também em Itapoá Localizado no porto de Itapoá, o Clif é um centro logístico integrado de multiserviços de logística de im­ portação e exportação. A empresa optou pela cidade ao observar o po­ tencial de crescimento dos negócios na Região Norte do Estado. “Acredi­ tamos que nossa decisão de investir em Itapoá foi acertada, pois estamos presentes em um dos portos mais modernos da América Latina, que dispõe de estrutura para receber na­ vios de grande porte, já que seu ca­ nal de acesso principal tem mais de 14,5 metros de profundidade”, apon­ ta Carlos Rosa, sócio-diretor do Clif. A empresa tornou-se parceira da Acij em julho de 2013, pela representati­ vidade da entidade no cenário join­ vilense. “A Acij tem como slogan ‘sua empresa mais forte’, e trabalha para isso, por meio de ações e programas que visam à simplificação do siste­

ma tributário, à redução da carga de impostos, à melhoria constante da infraestrutura, à eficiência na gestão pública, à diminuição da burocracia e ao desenvolvimento e assimilação crescentes de conhecimento e novas tecnologias.” O Clif conta com 60 funcionários e ocupa uma área total de 127 mil metros quadrados². É nesse espaço privilegiado que a empresa oferece uma grande variedade de serviços que inclui desde o recebi­ mento e armazenagem de mercado­ rias até o monitoramento de tempe­ ratura de contêineres, etiquetagem, controle de estoque e transporte rodoviário. www.oclif.com.br Estrada José Alves, 721 Bairro Jaguaruna - Itapoá (47) 3130-7200 comercial@oclif.com.br

Clif está presente em um dos mais modernos portos do país

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Restaurante fica na área central de Joinville e aceita o Util Card

Qualidade e sabor Comida saudável, com base em carnes e peixes grelhados, é a pro­ posta central do restaurante Santo Sabor. Os destaques do bufê são o bife à parmegiana, o salmão gre­ lhado e a costela suína com molho barbecue. Diariamente, são servi­ das mais de 20 opções de pratos quentes, entre peixes, carnes, mas­ sas, sopas e risotos. A proprietária, Danielle Sell da Silva, ressalta as sopas especiais do cardápio de in­ verno. Localizado na Travessa Ser­ gipe, entre as ruas Princesa Izabel e 15 de Novembro, o restaurante está aberto de segunda a sábado, das 11h às 14h30. Para facilitar o aten­ dimento ao cliente, o Santo Sabor aceita o Util Card e cartões de cré­ dito e débito. Santo Sabor www.facebook.com/ RestauranteSantoSabor Travessa Sergipe, 46 (47) 3027-2331 jcanci@globo.com


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Equipe da CwCI posa com a camiseta da campanha em favor do São José

Há 30 anos com a Acij A CwCI Construções tem 32 anos de história, 30 deles como associada à Acij. A empresa realiza serviços de

construção, incorporação e gerencia­ mentos de imóveis à venda. Ao todo, construiu mais de 50 edifícios em Joinville, Jaraguá e Piçarras. Fernan­ da Wolf, analista comercial, aponta as vantagens da parceria com a as­ sociação. “Acreditamos no potencial do associativismo para o desenvol­

vimento de uma empresa, indepen­ dente do seu tamanho ou estágio de maturidade. Já ganhamos muito nessa parceria, por meio de network, palestras, cursos e outros benefí­ cios”, revela. A CwCI promove gestão de resí­ duos, para minimizar os impactos na execução de seus empreendimen­ tos. Os projetos preveem a inclusão de rampas e sanitários adaptados para portadores de necessidades es­ peciais. Em todos eles, são implanta­ dos sistemas de aproveitamento da água da chuva. www.cwci.com.br Rua Sete de Setembro, 23 (47) 3433-4711 vendas@cwci.com.br

Furgões Joinville tem duas fábricas, em Joinville e Garuva, e também faz serviços de manutenção

Investimento em qualificação Em 1988, o engenheiro Udo Skowas­ ch fundou a HS Comércio de Veículos e Transportes. Com investimento em tecnologia e qualificação, desen­ volveu, nos anos 90, uma marca de furgões para sobrechassis e semirre­ boques. De lá para cá, novos produ­ tos foram lançados. Hoje, a Furgões Joinville conta com duas fábricas, em

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Joinville e Garuva. A empresa realiza também ser­ viços de manutenção e reforma em implementos de todas as marcas. Dentre os serviços, estão alonga­ mentos e encurtamentos de chassis, adaptações de terceiro eixo, platafor­ mas eletro-hidráulicas e reformas. Quem trabalha com transporte sabe que a durabilidade do produto preci­ sa ser garantida em meio às adver­ sidades da estrada, para que a mer­ cadoria consiga chegar ao destino

em perfeitas condições, sendo fun­ damental ter um equipamento de qualidade. Justamente por investir nesse item, a empresa consegue se manter entre as líderes em emplaca­ mentos de veículos novos no estado de Santa Catarina, uma prova do re­ conhecimento do trabalho. www.furgoesjoinville.com.br BR 101, Km 26 (47) 3464-1133 vendas@furgoesjoinville.com.br

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PENINHA MACHADO

Dona do Restaurante Rebelo, Neuza garante que capricha na cozinha POR QUE ACIJ

Entidade bate a marca dos 1.500 associados Neuza da Silva Rebelo ganhava a vida vendendo salgadinhos e caldo de cana com o marido quando re­ solveu se matricular em um curso

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de confeiteira, já que não dava con­ ta do volume de encomendas dos clientes. No dia em que foi fazer a inscrição, descobriu que as vagas estavam todas preenchidas. A al­ ternativa que encontrou foi o curso para cozinheiras. A partir de então, viu sua vida mudar. Além do que aprendia nas aulas, os funcionários das empresas próximas ao seu esta­ belecimento questionavam sobre as opções que ela poderia oferecer para

o almoço. Assim nasceu o Caldo de Cana e Restaurante Rebelo, há dois anos. Entre os diferenciais do local, Neuza destaca o gostinho caseiro da comida. “Não quero me gabar, mas cozinho muito bem”, conta. Ainda em expansão, o restaurante se tor­ nou, em junho, o associado 1.500 da Acij. Entre os motivos que levaram à parceria, Neuza ressalta a facilidade que os clientes agora têm ao pagar com o Util Card, que, segundo ela, era uma solicitação constante. No primeiro semestre, o número de associados cresceu 13%. Além das áreas já tradicionais, foram desenvolvidos serviços como Util Card (gestão de benefícios), Uti­ plan (gestão de planos de saúde), Boa Vista (gestão de crédito) e XML (gestão de documentos). Até o início de agosto, a entidade computava exatos 1.545 associados, dos setores de serviços (60%), comércio (19%) e indústria (21%), e provenientes de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Espírito Santo. Outra novidade: a partir de setem­ bro, a Acij vai aten­ der associados e não-associados com o serviço de certificação digital. Contatos com Laiza, pelo telefone (47) 3461-3354.


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“Poder participar de um grupo de empresas e profissionais, da mesma área de atuação, é extremamente enriquecedor e gratificante. Além de networking e capacitação, eu me encanto muito em poder compartilhar anseios e demandas, e pela essência do associativismo que é a união de forças. Isso faz toda a diferença” Ana Carolina Brüske, diretora administrativa da Azimute

Novos associados, até julho/2014

COSMOS VIAGEM E TURISMO RESTAURANTE EMPÓRIO DO SABOR RESTAURANTE OPINIÃO APOIO LOGÍSTICA AUTO POSTO AVENTUREIRO BARI VEICULOS – CONCESSIONÁRIA HYUNDAI BATISTA E MEIRA ADVOGADOS TUFI MOUSSE ARQUITETURA CCLEAN SERVIÇOS ESPECIALIZADOS CLÍNICA VITTACOR AMENDOIM CANDY CONEXÃO RH JOINVILLE CVF TRADING RESTAURANTE MEZZA REFRIGERAÇÃO MEIRA CAFÉ CIDADE DO SUL DONA ZENY DOCES E SALGADOS CLINISER CENTRO DE ESTÉTICA E PODOLOGIA ELOAH ACAUAN PHOTO E DESIGN EMPREGADOR RECURSOS HUMANOS DELL ANNO MÓVEIS DROGARIA PREÇO POPULAR FBM FHAIZER FLENIK ADVOGADOS FOREST TOOLS FERRAMENTARIA GALUPPO RESTAURANTE GENITE CENSI HUSSEIN & ANTUNES CONSULTORIA JURÍDICA EMPRESARIAL

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47 34331959 47 30261980 47 34322933 47 32044100 47 34374802 47 30335100 47 30321006 47 34226157 47 34369200 47 30292234 47 34327713 47 30239687 47 30277700 47 34370590 47 34263355 47 32275492 47 34730310 47 34549751 47 30276913 47 30295253 47 34340202 47 34228154 47 30435080 47 34254862 47 30293032 47 99713507 47 38043123 47 34184583 41 30199315

HYOSUNG IMMOBI IMÓVEIS JL CALDEIRARIA D PRETA MODA FEMININA E MASCULINA ITÁLIA VEÍCULOS KAY PACHA TECNOLOGIA KMJ COBRANÇAS DMIRA EVENTOS LINX LXB COMPANY MAC DISTRIBUIDORA DO VESTUÁRIO TOP REPRESENTAÇÕES ELETRON ENGENHARIA ELÉTRICA MECÂNICA MÁRCIO PAULINI VEÍCULOS ANNA LAVANDERIA MASTERPHONE MD MANUTENÇÃO INDUSTRIAL E COMERCIAL MEDITERRÂNEO SHAWARMA MENDONÇA FIGUEIREDO ADVOCACIA SUPERMERCADO FLORIANI MERCADO CONSTANT MERCADO CAMPOS MERCADO PONTO DA VILA MERCADO QUERUBIM EMPÓRIO & FRIOS CLÍNICA GATO REI MN ORGANIZAÇÃO CONTÁBIL SUPERMERCADO ARCO-ÍRIS MULTILOG NAPERON EVENTOS LOCAÇÃO DE MATERIAIS RESTAURANTE VIAPIANA CALDO DE CANA REBELO NILTONS RESTAURANTE SUPERMERCADO REAL MERCADO 5 ESTRELAS PANIFICADORA PRINCESA PAREXGROUP S/A PAULO HARRY SCHMALZ PLASTSERV POLLO FERRAMENTARIA PRIME CENTRO DE BELEZA PROSPECTA CONTACT CENTER QPS CONSULTORIA EMPRESARIAL RD12 INOVACAO MULTIPLATAFORMA REGINALDO MADEIRA ROESLER MARCHESINI SALLES ADVOC CONSULT CONFEITARIA AMOR DE CAFÉ POSTO RUDNICK RESTAURANTE DO ARI SAMMAR FRESAGEM INDUSTRIAL SANDRA FISCHER ADVOGADOS ASSOCIADOS ECOBIG ENERGIA FARMÁCIA COPACABANA SIGOSTA TEXTIL SECOVI NORTE SC SOKIT DELIVERY DE FRUTAS COTTON CANDY SUPERMERCADO ARCO-ÍRIS APOITEC DO BRASIL TRENTINI CONTABILIDADE USINAGEM VIEIRA V-BIO ENGENHARIA AGÊNCIA NEODIN DINÂMICA HYANNIS SOLUÇÕES EMPRESARIAIS SAVANA VEICULOS V12 LOUNGE DE EVENTOS VF ODONTOLOGIA VIKINE PÃES E DOCES VMG AIRES YELO STAGE

47 30259647 47 38012422 47 34352794 47 99094020 47 34637356 47 34317317 47 30287574 47 30431830 47 40090900 47 34338888 47 34228840 47 40095690 47 30273106 47 34377679 47 34369951 47 34351924 47 91290000 47 34324793 47 30257824 47 30284946 47 34730057 47 34392597 47 34736383 47 30343634 47 34391531 47 32278898 47 38040010 47 34330211 47 30274488 47 33415000 47 30257088 47 34522100 47 34356790 47 34371176 47 34390707 47 34230377 47 30257005 47 21013974 47 34220962 47 34190889 47 30263181 47 32271024 47 30255997 47 34656599 47 88446411 47 34294793 47 30280656 47 34675816 47 34316013 47 99565721 47 30271492 47 30292003 47 99096035 47 34654340 47 34720681 47 34221264 47 30233984 47 34325754 47 38042477 47 30264744 47 34265129 47 34355630 47 34650037 47 30295672 47 34370035 47 38014310 47 34635560 47 30291212 47 32277720 47 30432522 47 34897200 47 34331233

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NÚCLEOS

Mulheres e jovens comemoram Com apoio do BRDE, o Núcleo de Mu­ lheres Empresárias da Acij realizou, em 13 de agosto, evento que marcou os 19 anos de atividades do grupo. O ponto alto foi a palestra da dire­ tora de operações da Termotécnica, Regina Zimmermann. A executiva abordou os desafios da sua trajetória profissional, com passagens por Pe­ trobras, Basf e Akros/Amanco. Falou, também, sobre gestão de pessoas e retenção de talentos. Ao final, Re­ gina foi presenteada com um dos quadros da artista Ariane Kreling, expostos durante o evento. Logo de­ pois, as participantes conheceram a campanha dos 20 anos do Núcleo de

Mulheres Empresárias, para 2015. Recentemente, outro grupo co­ memorou aniversário com palestras, jantar na Casa Suíça e campanha publicitária: foi o Núcleo de Jovens Empresários, que completou 15 anos em maio, com mais de 100 partici­ pantes ativos. O presidente Danilo Conti, que assumiu neste ano, afir­ ma que o foco do trabalho é propor­ cionar oportunidades de negócios e ser reco­nhecido como gerador de ideias e lideranças. O grupo é como uma escola que possibilita o desen­ volvimento profissional e pessoal. “O reconhe­cimento da Acij e da co­ munidade, das entidades ligadas ao

setor empresarial e de profissionais de diversas áreas coroa a nossa atu­ ação”, avalia. Conti, que aos 17 anos se tornou sócio de uma empresa de hospe­dagem – com participação de 15% na sociedade – e aos 20 ven­ deu sua parte e montou a Agencia iZi, entende que é preciso preservar e estimular a inovação dos jovens. “Garantir condições para que flores­ çam novas vocações de empresários, com seus negócios de sucesso que propiciam prosperidade. Os empre­ endedores garantem uma sociedade de crescente bem-estar e de melhor qualidade de vida para mi­lhões de pessoas em todo o planeta”, afirma.

PALESTRA

Filósofo fala sobre confiança “Confiança é palavra que circula fácil nos espaços profissionais e no discurso corporativo. Ninguém participa do jogo do mercado sem alguma convicção a respeito do que consegue ou não fazer. Não há liderança possível ao comunicar um hipotético ‘zero de certeza’ so­ bre o próprio comportamento, di­ ante das situações para as quais importará encontrar solução. Con­ fiar não é uma deliberação moral ou jurídica, pois não se pode obrigar uma pessoa a confiar em outra.” É assim que Clóvis de Barros Filho apresenta a palestra “Confiar Para Liderar Novos Desafios”, que traz para Joinville no dia 21 de agosto, às 20h, no Hotel Bourbon. O evento é uma realização do Núcleo Digital e conta com o patrocínio da TeleAlarme, Caixa Econômica Federal e

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Clóvis de Barros Filho é professor da USP Orbenk. Doutor pela Universidade de Paris e pela Escola de Comuni­ cações e Artes da USP, Clóvis atua no mundo corporativo desde 2005, por meio de seu escritório, o Espaço Ética, e tem como clientes algumas das maiores organizações do Brasil.

Suas palestras são dirigidas a em­ presas e instituições, abordando te­ mas contemporâneos que reforçam a compreensão do que acontece no ambien­te profissional e na vida de cada um.

(47) 3461-3344 ou no site da Acij.


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Kandir, ex-ministro do Planejamento; Brega, da Whirlpool; prefeito Udo Döhler e presidente da Fiesc, Glauco Côrte, abriram ciclo de reuniões da nova gestão GESTÃO

Presenças graduadas para trocar ideias com o associado Proporcionar ao associado a opor­ tunidade de ouvir exposições rele­ vantes sobre temas que afetam o mundo dos negócios. É o objetivo da diretoria com a presença de convidados de primeira linha nas tradicionais reuniões de segundafeira. Desde o início de julho, es­ tiveram na entidade, para esses diálogos, o ex-ministro do Plane­ jamento do governo FHC, Antonio Kandir, o presidente da Whirlpool Latin America, João Carlos Brega, o prefeito Udo Döhler e o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte. Em ago­ sto, a Acij abriu uma série de encon­

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tros especiais para debater com os candidatos ao governo do Estado. “Queremos conhecer as propostas que eles têm para Joinville e como pretendem governar o Estado”, an­ tecipa o presidente João Martinelli. A associação aproveitará para en­ tregar aos candidatos as propostas da classe empresarial. Na primeira palestra da nova gestão, Antonio Kandir, que é sócio da GG Investimentos, desenhou um quadro de dificuldades para a economia nacional, antevendo diferentes perspectivas no caso de vitória de cada um dos presiden­

ciáveis. Análise da conjuntura atu­ al também orientou a fala de João Carlos Brega. Entre os fatos posi­ tivos do momento atual, ele lem­ brou a alta taxa de emprego e o ta­ manho do mercado brasileiro, cada vez mais promissor. De outra parte, criticou a falta de planejamento e direcionamento das políticas econômicas do governo federal, salientando que faltam acordos bilaterais que possam fortalecer o país, econômica e tecnologica­ mente. Na semana seguinte, o prefeito Udo Döhler apresentou as obras e realizações dos primeiros 18 meses de gestão, com destaque para as áreas de saúde e educação, e o presidente da Fiesc fechou o mês de julho discorrendo sobre os empecilhos para a competitivi­ dade empresarial.

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Ponto e contraponto

Como lidar com o ritmo acelerado das empresas modernas e manter uma vida equilibrada?

Determine prioridades: você é dono da sua existência Marliane Stapait Garbe Psicóloga na Clínica Curumim, de Joinville

Durante séculos, trabalhamos para criar ferramentas e métodos objetivando melhorar o dia a dia, otimizar nosso tempo e aprimorar nosso desempenho. Tudo para que pudéssemos ter mais tempo livre. Ocorre que, ao contrário do que esperávamos, tais ferramentas facilita­ ram nosso dia a dia, mas nos colocaram diante de outro dilema: qual é, de verdade, a informação e a funcionali­ dade de que necessitamos? Somos seres sociais e dependemos instintivamente das nossas relações. Assim, à medida que nos informa­ mos, temos mais sede de informação. À medida que nos mantemos antenados com o presente, queremos proje­ tar mais, planejar melhor, tornarmo-nos mais eficientes. É nesse momento que deparamos com a necessidade de interação livre, pessoal. Não só a que nos interessa cientificamente, profissionalmente ou para suprir nossa curiosidade, mas aquela da qual dependemos para nos posicionar diante da sociedade, que mostra quem so­ mos. Sem dúvida, é a que nos causa mais distração. A empresa moderna, ambiente dinâmico, exagera­

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do, demasiado focado em números e resultados finan­ ceiros, nos coloca diante de um cenário conflitante. Um cenário onde nossas vidas pessoais, antes apenas nos nossos pensamentos, estão ali, juntamente com nosso dia a dia profissional, diante dos nossos olhos, dos toques dos nossos dedos, na palma das nossas mãos. Relacionar­ -se e interagir de forma saudável nestes dois ambientes, profissional e pessoal, tão instantaneamente e tão dire­ tamente, requer bom-senso e educação. Saber medir a dosagem de informação, a hora certa de vê-la e a importância real que deve ser dada a ela é fundamental para não se sentir sufocado pela imensi­ dão de material disponível nos dias de hoje. Na empre­ sa moderna, é preciso: ouvir muito mais, saber filtrar, compilar e classificar a informação. Deixá-la à mão para o momento certo de utilizá-la. Não existe mais quase nenhuma informação exclusiva, tudo o que temos está ao alcance de todos. Inteligentes são aqueles que qualifi­ cam tudo isso que está posto. Seja forte, organize, determine prioridades, coordene seu dia. Você é dono da sua vida. É preciso sabedoria e au­ toconhecimento para equilibrar a vida. É você quem es­ colhe qual informação quer, quando e como. Lembre-se: é você quem manda no seu celular, no seu tablet, no seu computador, não é ele que o domina. Tempo para você é tempo para as coisas que mais ama, não para aquelas que outros querem que você ame.


ILUSTRAÇÃO: FÁBIO ABREU

Atividade física pode ser antídoto ao estresse Pedro Jorge Cortes Morales Professor do Departamento de Educação Física da Univille

Qualidade de vida tem sido resumida aos benefícios que o dinheiro pode proporcionar, mas não é bem disso que se trata. As grandes demandas resultantes das necessi­ dades nas empresas geram outra necessidade: mais e mais trabalho, proporcionando um ambiente que, mui­ tas vezes, não é nada favorável à qualidade de vida. Pelo contrário, favorece o surgimento de estresse. O estresse tem sido considerado um vilão que produz diferentes re­ sultados. Ainda não é, pelo menos oficialmente, classifi­ cado como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas atinge um percentual substancial (90%) da população mundial. Inúmeras doenças estão, direta e indiretamente, associadas ao termo junto ao ambiente profissional. Falta de atenção, queda de rendimento, alergias e ou irri­ tações, enxaquecas, depressão e obesidade são fatores citados pela comunidade médica e científica como resul­ tantes do estresse. O estresse, se controlado, pode gerar fatores positivos até mesmo no ambiente de trabalho. Compreender os fatores de risco que possibilitam uma

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adequação ao que pode ser estresse positivo ou negati­ vo. As diferentes situações que empresários e funcioná­ rios vivem permitem o entendimento sobre o quanto o estresse poderá vir a ser prejudicial. As crises momen­ tâneas, ou até mesmo de média duração, pelas quais a empresa passa proporcionam diferentes situações que certamente criarão um ambiente propenso ao estresse. Mas tem um meio termo? Um questionamento que poderia levar a inúmeras discussões, principalmente quando se levanta que a qualidade de vida está, sim, as­ sociada à prática de exercícios físicos regulares. A carga expressiva de trabalho requer um período de relaxa­ mento adequado, promovendo equilíbrio na balança emocional e fisiológica. Exercício físico ou esporte é uma ferramenta que pode atender essa necessidade de forma objetiva. Não há uma modalidade específica a produzir melhor de­ sempenho, mas existe uma atividade que melhor se encaixa a cada uma das pessoas. Um dia carregado de preocupações pode facilmente ser deixado para trás em alguns minutos em uma bicicleta, uma corrida, uma dança, exercícios mais vigorosos. A qualidade de vida resultante da prática de exercícios físicos está relacio­ nada à continuidade, à proporcionalidade e à relação de aplicabilidade dentro de conceitos técnicos. Nesse caso, sugere-se que seja, quando possível, acompanhado ou orientado por profissional de educação física.

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Planejamento, escolhas certas e amor à família Raquel Schiavini Schwarz Jornalista

No Dia das Mães, a escola da minha filha convidou, de forma confidencial, os pais a escrever as principais ca­ racterísticas sobre suas esposas. Às vésperas da data, cheguei à escola para deixar Lara e me surpreendi com um grande painel, fotos de todas as mães e cartinhas dependuradas. Fui direto à minha: “Uma excelente mãe, uma grande profissional e uma linda mulher”. Ressalva­ do o exagero, eu me dei conta de que é possível, sim, ter um emprego, ser mãe, zelar pela casa, curtir os amigos e manter uma vida equilibrada. É fato que as empresas estão exigindo cada vez mais de seus colaboradores. Não quer dizer mais tempo no trabalho, mas foco na produção de qualidade, que faça a diferença. E isso se consegue com planejamento, orga­ nização e criatividade. Tenho me exercitado para, cada vez mais, direcionar as energias a grandes apostas que, no meio jornalístico, significam as melhores matérias, aquelas que vão render capa do jornal e fazer com que o leitor dedique seu (cada vez mais curto) tempo para ler e usufruir do conteúdo. Precisa disciplina, é quase que um

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exercício diário de fazer as escolhas certas. Nem sempre acerto, por isso a necessidade de treinar, de maneira a in­ corporar essa cultura. Pensando em extrair o melhor do seu colaborador, as empresas têm investido em formação de gestores, oferecendo acesso a ferramentas e a workshops para lidar com as competências pessoais e profissionais a fim de acelerar nosso desenvolvimento. Isso se reflete na relação de trabalho e nos acertos. Em uma repor­ tagem sobre estresse no trabalho, chamaram-me a atenção as dicas para controlar a ansiedade repas­ sadas pela diretora de comunicação da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), Rita Passos: identifique suas fontes de estresse, estabeleça priori­ dades, conte com o outro, decida, respire profunda e lentamente e mantenha bons hábitos. Acrescentaria: viva intensamente a vida em família, aproveite os momentos juntos para passear, descubra um novo lugar, planeje uma viagem e faça coisas sim­ ples, como plantar uma mudinha atrás de casa, preparar um bolo com a ajuda descoordenada da filha de 2 anos... Não sou modelo da mulher moderna, como Sarah Jes­ sica Parker no filme “Não Sei como Ela Consegue”, mas procuro trabalhar com responsabilidade e bom-senso, tentando me atualizar para acompanhar a transforma­ ção dos negócios da empresa. E, fora dela, aproveito cada minuto ao lado das pessoas que amo.


revista

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Cabeceira

ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO

Gente Márcio Atalla

“Não há passe de mágica”

Mais sobre Márcio Atalla www.marcioatalla.com.br www.bemstar.com.br

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Vamos malhar? A prática rotineira da atividade física – um tanto esquecida nestes tempos de corre-corre em outras áreas – faz um bem enorme para o corpo e, por tabela, melhora a motivação, a disposição e a integração social. No ambiente empresarial, re­ duz o risco de acidentes e as faltas ao trabalho, entre outros benefícios. É o que prega o professor Márcio Atalla em suas palestras sobre saúde, bem-estar e qualidade de vida. A demanda por esse tipo de informação vem crescendo: só no último ano, Atalla falou em mais de 100 eventos corporativos. Na Expogestão, em maio, o tema foi a busca do equilíbrio entre a atenção crescente ao trabalho e a expectativa de uma vida saudável. Especializado em treinamento de atletas, já trabalhou com tenistas e jogado­ res de vôlei, antes de se lançar a um empreendimento próprio que batizou de Bem Star, com a proposta de “levar qualidade de vida ao maior número de pessoas que conseguisse atingir”. Em 2006, a ideia virou seriado de TV, no canal por assinatu­ ra GNT. Três anos depois, comandou um reality-show em 13 episódios, mostrando a experiência de seis sedentários que aceitaram virar o disco para ganhar saúde. O nome e os métodos de 0Atalla se popularizaram a partir de 2010, quando sua ideia de um programa na televisão aberta que desafiasse celebridades a rever seus hábi­ tos alimentares e a se movimentar mais atraiu os produtores do Fantástico, na Rede Globo. Intitulado “Medida Certa”, o programa teve versões com os apresentadores Zeca Camargo e Renata Ceribelli, com o ex-jogador Ronaldo – que perdeu 17 quilos ao longo da série – e, na última, com Fábio Porchat e Preta Gil contra César Menoti e Gaby Amarantos, desta vez em uma disputa entre as duplas. Autor de dois livros em que discorre sobre seu método, Atalla, que protagonizou campanhas publicitárias da Unimed e do Laboratório Catarinense durante sua estada em Joinville, deu entre­ vista para a Revista 21. Confira as principais ideias do professor.


É possível conciliar

Nas palestras ao público corporativo, eu me sinto confortável e prestando um serviço. Sinto que consigo transmitir a informação e mais do que isso, dar alternativas para que eles coloquem o corpo em movimento dentro da realidade de vida deles. Hoje, existe uma preocupação maior dos em­ presários e das empresas. A pergunta mais comum é como conciliar as atividades físicas com a vida corrida. Também ouço muito mito em rela­ ção à alimentação, o que mostra certo desespero em resolver a situação de maneira mágica, o que não é possível.

Diminuir a inatividade

Tenho sido chamado por empresas, na maioria para dar uma palestra inicial num programa de qualidade de vida. É importante a empresa in­ vestir numa boa avaliação diagnóstica e focar em diminuir a inatividade, por meio de atividades físicas não programadas, como acumular passos, subir escadas, diminuir tempo sentado etc. É mais barato e eficiente. Alia­ do a isso, algumas atividades programadas, como corrida, academia etc., desde que afinadas com os desejos e necessidades dos colaboradores.

Você é a prioridade

Como buscar o ponto de equilíbrio entre a rotina pesada do mundo dos negócios e atividades voltadas à saúde? Colocando-se como prioridade e principalmente fazendo a pessoa entender qual é sua rotina e pensar em maneiras práticas de incorporar mais movimento e de maneira viável e com prazer.

Baixa eficiência

Do jeito que estão sendo implementados, os programas empresariais voltados a estimular atividades físicas têm eficiência pequena. Pode ser bem melhor se existir uma avaliação diagnóstica do que querem e precisam os colaboradores. Também ver o que é viável dentro do meio ambiente da empresa. Falta focar no movimento não programado na empresa, é mais barato e eficiente.

Obesidade e sedentarismo

Para alguém que foi atleta, parar e engordar é normal. Existe certa ressa­ ca, mas passa. Com o tempo, a atividade física precisa ser incorporada ao cotidiano e encarada de forma diferente, não mais pelo rendimento, mas pela saúde. Obesidade tem muito mais relação com sedentarismo, e me­ nos do que as pessoas imaginam com fast food. A obesidade é um reflexo de um estilo de vida que não está equilibrado, com pouco movimento e alimentação desequilibrada, é preciso mudar esse padrão, caso contrário a situação só vai piorar. Isso passa por políticas de saúde pública.

Pesquise sobre o autor

Meu livro “Sua Vida em Movimento” vendeu mais de 30 mil exemplares e o “Medida Certa”, mais de 70 mil exemplares. Estou escrevendo o próximo livro, em parceira com a nutricionista da minha equipe. Vamos abordar mais a alimentação. Existem muitos livros, uns com base científica outros sem nenhuma base confiável, o que acaba disseminando vários mitos. O leitor precisa pesquisar mais sobtre o autor para escolher algum.

revista

Conheça os livros de Márcio Atalla Medida Certa Editora Globo Zeca Camargo e Renata Ceribelli narram, em forma de diário, os bas­ tidores do quadro televisivo “Medida Certa”, exibido no Fantástico em 2011. A proposta do reality show foi mostrar ao es­ pectador que é possível emagre­ cer sem dietas e exercícios físicos radicais. Os dois apresentadores foram desafiados a entrar em for­ ma em apenas 90 dias por meio de um programa de reeducação alimentar. Marcio Atalla, que coor­ denou o quadro, também discorre sobre sua metodologia no livro. A obra mostra o que não foi captado pelas câmeras, como, por exemplo, as principais dificuldades e desa­ fios enfrentados durante o perío­ do, as maiores mudanças geradas com a adoção dos novos hábitos e a repercussão nacional do “Medi­ da Certa”. Sua Vida em Movimento Editora Paralela Quem nunca adiou uma dieta com a promessa de come­ çar na segunda-fei­ ra? Ou deixou de se matricular na academia por falta de tempo? Neste pequeno manual de saúde e bem­ -estar, Atalla traz como tema a pre­ guiça – o principal fator que adia os planos de uma vida mais saudável. O educador físico mostra que, com poucas alterações na rotina, é possí­ vel fazer grandes mudanças, frisan­ do que não há desculpas para per­ manecer no sedentarismo. Sempre há tempo para se exercitar e manter a alimentação saudável.

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Quebre as Regras, Reinvente

Sangue Verde

Seth Godin Editora Agir, 2012

David Gonçalves Edição do autor

“Seja quem começa o processo”, prega o autor deste livro, considerado um dos maiores especialistas em empreen­ dedorismo pela Business Week e, para mim, uma das mentes mais brilhantes no mundo dos negócios. Com foco no mundo profissional, Godin começa o livro aler­ tando sobre como construímos nossas carreiras e em­ presas: seguimos caminhos já traçados, receitas prontas, histórias dos bem-sucedidos. Mas o que ele defende é que pouquíssimos começam do zero ou criam sua pró­ pria história, suas próprias regras. Claro que há possibilidade de falhas. Para Godin, é co­ mum aos iniciadores de processos cometerem erros. Mas ele afirma que, “por serem tão raros, aqueles que criam e tentam são supervalorizados”, mesmo com a expectativa de falhas. Acrescenta que não são apenas os chefes que têm responsabilidade de criar: os emprega­ dos devem perguntar menos e fazer mais. A principal mensagem do livro é “arrisque mais”. Pensar em como sair de sua rotina, em como inovar dentro do que você faz, destacar-se dentre os outros profissionais, independente de sua posição. O livro é inspirador, assim como as palestras que ele deu, todas com legendas em português. Recomendo procurar no Google e devorar. Gabriel Ishida, coordenador de Social Intelligence na DP6, criador do blog Midializado e co-criador do projeto Atlas Media Lab

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Uma citação que não cabe neste livro é a tradicional, e meio medrosa, “qualquer semelhança é mera coincidên­ cia”, pois não é de semelhanças ou de coincidências que o livro trata: seus personagens existiam e existem na imensidão da Amazônia vasta e verde, machucada pela ganância, destruída pela insensatez, sangrando pelas ar­ térias que desenham mapas de cobiça e de morte. O autor diz que apelou a todos os santos e demônios para produzir o romance. Parece que atenderam, pois suas páginas retratam a maldade suprema que a falta de escrúpulos pode inocular no coração do homem, e a bondade de entrega feita de amor e determinação. No meio disso, os homens, seus sonhos e desgraças, a selva e as árvores caídas. Ao olharmos um bracelete de ouro, não imaginamos a miséria que o recolheu da terra. “Sangue Verde” a desnuda, assim como denuncia, sem panfleta­ gem, a invasão da selva para pastagens ou campos de cultivo, mesmo que isso signifique morte. Corrupção e burocracia, no dia a dia de um território em que a lei depende dos mais fortes e menos honestos, perpassam as páginas, embora haja esperança de jus­ tiça, personificada no juiz Rodolfo, inimigo do senador Bambico. Não faltam romances, mas mesmo esses carre­ gam um peso, como se o calor, a terra e os acontecimen­ tos que os cercam os tornassem densos e tensos. Donald Malschitzky, escritor


O Livro da Economia Vários autores Editora Globo Lançado no final do ano passado, este livro foi escrito por um grupo de economistas, professores, jornalistas e analistas financeiros para apresentar as bases da ideia principal que serviu para pautar a evolução e as diversas teorias da economia no mundo todo. A publicação é far­ tamente ilustrada e começa com informações históricas sobre a criação e entendimento da humanidade sobre o dinheiro, o comércio, as especulações e as crises financei­ ras sob a ótica dos principais nomes da área. Essa trajetória é oferecida ao leitor em seis partes:

O Futuro. Seis Desafios para Mudar o Mundo Al Gore Editora HSM Continua repercutindo o livro em que o ex-vice-presiden­ te norte-americano aborda os principais problemas am­ bientais com que a humanidade terá de lidar para garan­ tir sua sobrevivência. Em mais de 500 páginas, o autor discorre, em detalhes, sobre os temas que elenca como os principais embates que o planeta terá de enfrentar: as al­ terações climáticas, a diminuição dos recursos naturais, a revolução digital, a globalização da economia, as ciên­ cias da vida e as mudanças no equilíbrio global do poder.

revista

“Iniciem o comércio (400 a.C.-1770)”, “A Era da Razão (1770-1820)”, “Revoluções industrial e econômica (18201929)”, “Guerra e depressões (1929-1945)”, “Economia no pós-guerra (1945-1970)” e “Economia contemporânea (1970-presente)”. Cada uma destaca teorias econômicas dos mais renomados pensadores, de Aristóteles a John Maynard Keynes, passando por Max Weber, John Stuart Mill, Vilfredo Pareto, Joseph Schumpeter e Paul Krugman. O livro deslinda conceitos complexos como o da “mão invisível do mercado”, de Adam Smith, e o “valor­ -trabalho”, de Karl Marx, além de apontar momentos marcantes como o surgimento do primeiro banco, o de Florença, em 1397, das primeiras cédulas impressas (Ban­ co da Escócia, 1696), criação do FMI (1944) e o surgimento do conceito dos Tigres Asiáticos pelo acordo Japão-Coreia do Sul, 1965. Lançada no Brasil pela HSM, a publicação causa furor e inquietação, além de promover reflexões cotidianas: que planeta vou deixar para meus filhos e netos? Que tipo de cidade quero para viver a minha velhice? Quais deveriam ser as prioridades dos governos? Para Al Gore, o mundo está totalmente despreparado para as mudan­ ças que vive – e menos, ainda, para as que estão por vir. Ele analisa as possibilidades tecnológicas e as mu­ danças sociais que provocam novos tipos de relações e comportamentos a partir da internet e das redes sociais, além de refletir sobre os principais avanços tecno­lógicos que exerceram forte impacto, por exemplo, na migração do emprego do campo para a cidade e da indústria para os serviços. Um livro para quem gosta de se comunicar com – e interagir com, e melhorar – o seu entorno.

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EDUARDO HOFFMAN

Integrantes da banda lançaram em julho seu primeiro trabalho, com registro de 14 músicas

Gente Banda Miopia

Som joinvilense mistura psicodelia e personagens excêntricos A cena musical de Joinville continua se expandindo. Há pouco, os joinvilenses foram apresentados aos morado­ res de “Maniacópolis”, cidade criada pela banda Miopia, que dá nome ao primeiro CD do grupo. O som, com to­ ques experimentais, resgata raízes do funk, um pouco da psicodelia dos anos 70 e o suingue do reggae, baião e forró. Lançado em julho, no Teatro do Sesc, o disco traz 14 canções, apresentando personagens excêntricos como um assassino em série, uma freira má, um menino obe­ so suicida, entre outros, que ajudam o ouvinte a refletir sobre assuntos polêmicos e atuais. O projeto teve patro­

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cínio do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) para finalizar 30% das gravações no es­ túdio Toca Records, do produtor Ronaldo Ramos Gomes, além de masterizar e prensar o álbum. Na estrada desde 2005, a Miopia conta com três inte­ grantes: Ferns Henke (vocal e contrabaixo), Navi Almeida (guitarra, escaleta, voz) e Maurício Sedlak (bateria, per­ cussão). A gravação teve parceria de Tom Saboia (maste­ rização das faixas), Marcos Maia (prensagem) e o ilustra­ dor gaúcho Fill Chapeleta, responsável pelo encarte do álbum. “O show foi muito bacana, levamos a cidade ma­ níaca para o palco, com projeções que surpreenderam o público. Agora é tentar mostrar o trabalho para outras regiões, participar de festivais e, com a venda dos CDs, voltar para o estúdio”, conta o guitarrista Navi Almeida. “Maniacópolis” está sendo vendido por R$ 10. Encomendas pelo e-mail bandamiopia@gmail.com ou no Facebook: www.facebook.com/miopiabanda. Também à venda nas lojas Arte Maior, Rock Total e Graves e Agudos.


Top 5 Filmes sobre política A Queda! As Últimas Horas de Hitler

DRAMA, 2004, DIRIGIDO POR OLIVER HIRSCHBIEGEL

Os últimos dias de Adolf Hitler, ditador nazista responsável pela morte de seis milhões de judeus em campos de con­ centração. A história narra suas decisões nos últimos momentos até o suicídio. O Último Rei da Escócia

DRAMA, 2006, DIRIGIDO POR KEVIN MACDONALD

Nicholas Garrigan (James McAvoy) é um médico escocês que vai para Uganda ajudar um país que precisa de seu traba­ lho. Lá conhece o líder recém-empossado do país Idi Amin (Forest Whitaker). Obcecado pela cultu­ ra e a história da Escócia, Amin se afeiçoa a Nicholas e lhe oferece a oportunidade de ser seu médico particular. Ele aceita, o que faz com que passe a frequentar o círculo de um dos mais terríveis ditadores da África. Hunger

DRAMA, 2008, DIRIGITO POR STEVE MCQUEEN

Em 1981, o jovem Davey Gillen, membro do IRA, é preso na Irlanda do Norte. Assim como os demais presos políticos, ele se recusa categoricamente a usar unifor­ mes comuns. Sob os olhares atentos do vigia Raymond Lohan, Davey compartilha o cárcere com outro preso po­

revista

lítico, Gerry Campbell, que lhe ensina a conseguir artigos de contrabando e a se comunicar com o mundo exterior através do líder Bobby Sands. Quando a direção da prisão insiste no uso dos uniformes, os detentos iniciam uma violenta rebelião e decidem fazer greve de fome. O que é Isso, Companheiro?

DRAMA, 1997, DIREÇÃO DE BRUNO BARRETO

Fernando (Pedro Cardoso) e César (Selton Mello) abraçam a luta armada contra a ditadura militar no final da década de 60 e se alistam a um grupo guerrilheiro de esquerda. Em uma ação, César é ferido e capturado. Fer­ nando planeja o sequestro do embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick (Alan Arkin), para negociar a liberdade de César e de outros companheiros. Baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira. Persépolis

ANIMAÇÃO, 2007, DIRIGIDO POR VINCENT PARONNAUD E MARJANE SATRAPI

Marjane Satrapi (Gabrielle Lopes) é uma garota iraniana de 8 anos que sonha se tornar uma profetisa para salvar o mun­ do e acompanha os acontecimentos que levam à queda do xá e seu regime brutal. Tem início a nova República Is­ lâmica, que controla como as pessoas devem se vestir e agir. Isso faz com que Marjane seja obrigada a usar véu, o que a incentiva a se tornar uma revolucionária.

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Rita Santana 1

Educação ambiental pode começar com uma pequena iniciativa, no microcosmo da escola, para colher frutos generosos no futuro. Foi o que disse a consultora Rita Silvana Santana em palestra acompanhada por dezenas de professores joinvilenses interessados na matéria, durante o lançamento do 22º Prêmio Embraco de Ecologia, em julho. Mestre em engenharia ambiental pela UFSC, doutoranda em educação pela Universidade de Brasília (UnB), Rita tem participado de projetos com organismos internacionais como Unesco, com o Ministério da Educação e com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por intermédio do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ).

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Como a sra. avalia o envolvimento das empresas brasileiras com a educação ambiental? Tem empresas que trabalham com o tema, sim, tanto em parceira com ONGs quanto com o governo, buscando estas iniciativas. São diferen­ tes, não tão longas quanto o Prêmio Embraco, muito específico para escolas, o que faz toda a diferença. O Prêmio Embraco vem evoluindo de forma contínua a cada ano. Qual o grande desafio da empresa que se volta para a temática ambiental? Nem sempre a questão surge por uma responsabilidade socioambien­ tal. Muitas vezes, decorre de uma demanda de compensação ambiental ou por uma visibilidade da chamada economia verde. Mas há empresas que assumem o desafio de levar esse trabalho adiante. O grande desafio é manter a coerência entre o que a empresa faz, em seu trabalho de edu­ cação ambiental, e a prática real da organização. Muitas vezes, financia um trabalho de educação ambiental, mas polui, degrada, não dialoga com a comunidade, desenvolve um produto danoso. Essa coerência tem sido tendência. Vejo um processo de transição. A partir do momento em que a empresa percebe que há lacuna e vai tentando mudar, algumas conseguem fazer isso mais rápido e outras estão em passos mais lentos. Não se restringe mais a uma simples campanha ou uma distribuição de materiais, como era antes, quando achavam que isso era suficiente. Tem havido ações mais contínuas e respostas do trabalho desenvolvido. Qual tem sido a grande preocupação de gestores de escolas que se focam na questão ambiental? Dar conta da coerência e do processo burocrático. Ter apoio da comuni­ dade escolar – muitas vezes, ele se sente isolado. Mais efetividade das políticas públicas, o que passa por recursos, equipes e condições de tra­ balho, envolvendo materiais, articulação com a secretaria etc. A questão financeira não é a principal. Às vezes, a escola recebe o recurso, mas não executa porque não tem quem execute, a equipe é reduzida. Outra coisa é o suporte das secretarias de educação. Tem uma cadeia de questões para se resolver que não sé específica da sustentabilidade, mas da condição da escola pública. Dinheiro existe, mas ainda é pouco. Porque a mudança para a sustentabilidade não é pontual. Mas, junto a isso, precisa de quali­ dade para desenvolver. Os dois pontos andam juntos.

MARCELO CAETANO/DIVULGAÇÃO

3 perguntas


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