Jornal Unesp - Número 345 - julho 2018

Page 1

Unesp e instituições 6 da Alemanha e da

Austrália unem-se pela Bioeconomia

Estudo revela Por que o Brasil vai mal no exame PISA, 5 substâncias no 2 cérebro de abelhas que que avalia alunos do ensino básico

estimulam agressividade

123RF

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA • ANO XXXIV • NÚMERO 345 • JULHO 2018

DIVERSIDADE E IGUALDADE O Seminário Nacional Educar em Direitos Humanos na Universidade propiciou uma ampla troca de experiências sobre projetos voltados para o enfrentamento da violência e de promoção da cultura de paz, realizados em instituições de vários Estados e do exterior. O objetivo é a produção de um projeto consistente na área, que faça parte da ação política da Universidade. páginas 8 e 9.

Pós-Graduação Fungo recémde Presidente descoberto 12 13 Prudente adota política recebe nome em de ações afirmativas

homenagem a professor de Botucatu

“Vitrine de Universidade Inovações” da renova por mais 15 12 AUIN divulga tecnologia cinco anos convênio desenvolvida por docentes

com Instituto Confúcio


2

Julho 2018

Artigo

Brasil, PISA e MMA Para certos especialistas, o fiasco no PISA é devido aos suspeitos de sempre: estudantes, professores e escola básica arcaica. Vamos atrás de outros suspeitos! Juvenal Zanchetta Jr. 123RF

O

s resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) de 2018 serão conhecidos em 2019, mas o país deve permanecer nas últimas posições. Economistas e especialistas diversos (raramente da área de educação), convocados para explicar o fato de os alunos brasileiros estarem entre os que mais demoraram na solução das questões e mais desistiram de enfrentá-las no PISA/2018, usaram argumentos como falta de resiliência, de inteligência emocional, de persistência, de garra e de outras competências muito valorizadas... no meio empresarial! Para tais especialistas, o fiasco é devido aos suspeitos de sempre: estudantes, professores e a escola básica arcaica. Vamos atrás de outros suspeitos! A prova foge de padrões aplicados no país. A informação do INEP é vaga quanto à quantidade de questões: 486 e, entre elas, 245 relacionadas a Português e Literatura (ênfase deste ano). Mas não se sabe, segundo o INEP, a quantas e quais questões cada aluno respondeu. Numa medida rasa, se o número chegou a 50, a prova já seria exaustiva para os estudantes brasileiros, que estão, na seriação regular, entre a sétima série e o primeiro ano do ensino médio. Incluam-se nesse conjunto questões de Matemática e Ciências, menos numerosas, mas operosas, envolvendo gráficos, tabelas, listas, com dados combinados não estáticos: em 2018, havia questão que mostrava a progressão de perda de água por um atleta, a partir de determinadas variáveis (e o estudante tinha que lidar com esse quadro “móvel” para prosseguir). A prova é feita em computador e os comandos que o aluno precisa fazer estão intimamente ligados ao desenvolvimento dos exercícios. Estes, em boa parte, não se resolvem numa só tela, mas numa progressão de ações. Há exercícios que pedem apenas a escolha de uma alternativa, mas essa facilidade é compensada por enunciados longos: textos com 30 linhas são raros nos vestibulares brasileiros, mas recorrentes no PISA. [...] O currículo das escolas públicas (maioria entre as que participam do PISA), ao menos em relação à língua portuguesa,

No Brasil, políticas centrais e regionais para a educação têm a duração do mandato do governante está distante das exigências desse exame. Em primeiro lugar, porque a infantilização é uma marca dos nossos currículos. Textos complexos aparecem com regularidade apenas no ensino médio. Notícias e documentos oficiais, que fazem parte do rol do PISA, surgem nos livros didáticos, de forma muitas vezes simplificada, na oitava série. O exemplo do currículo da escola pública estadual paulista, na última década, é sintomático. Priorizaram-se, no chamado programa São Paulo Faz Escola, pseudotextos (construídos pelos próprios autores do material didático de Língua Portuguesa), em lugar de textos reais. Em segundo lugar, porque a definição de leitura é diferente. Orientações oficiais e livros didáticos brasileiros operam com a leitura como atividade endógena: a verificação de características formais, estruturais, comunicativas e contextuais de gêneros textuais isolados (os livros didáticos são organizados assim). Por outro lado, a definição empregada pelo PISA (Reading literacy) pressupõe a aplicação do que

é lido: a compreensão sobre o que está posto em um texto (tônica do currículo nacional) é apenas uma etapa do trabalho, que inclui ainda uso, avaliação, reflexão e interação com outros textos, para se alcançar objetivos e inserir esse conhecimento na vida em sociedade. [...] A bibliografia sobre leitura que ampara o exame internacional é absolutamente diversa daquela presente nas orientações e nas escolas de formação de professores do país. Mas uma questão de fundo é, a um só tempo, razão para o fracasso e aspecto central para a reversão dos índices brasileiros num horizonte médio: a falta de uma cultura de valorização do conhecimento escolar e científico. Japão, Coreia do Sul, Noruega e Finlândia são lembrados quando o assunto é bom desempenho no PISA. Uso intensivo de tecnologia, respeito à profissão do professor e incentivo à autonomia dos alunos são os pontos sublinhados para o êxito. Pouco se menciona que são países em que a educação faz parte de um projeto social de longo prazo. Japão e Coreia do Sul fizeram esse

pacto há poucas décadas e isso é largamente conhecido. [...] Na Escandinávia, ao menos desde a Reforma Protestante, as famílias recebiam visitas regulares do clero, para assegurar que estavam lendo os livros de catequese (husförhör). Na Finlândia, a educação é bilíngue e, portanto, funcional desde os primeiros anos. [...] No Brasil, os governos se esquivam desse projeto desde sempre. Políticas centrais e regionais têm a duração do mandato do governante e mudam, mesmo dentro de um ciclo político. A única estratégia educacional que, por diferentes motivos, conseguiu sobreviver desde o início do século 20 foi a do livro didático – ainda hoje, o único recurso didático em muitas regiões do país. [...] O Congresso Nacional, por seu turno, historicamente deixou esse debate de lado e insistiu em sugestões pessoais dos parlamentares para a escola. Entre 1970 e 2016, tramitaram na Câmara dos Deputados (incluídos os projetos que vieram do Senado) cerca de 6 mil propostas para a área de Educação. [...] Em completa desconexão com a es-

cola brasileira, as proposições de disciplinas mais recorrentes, em meio século, são Direito (41 propostas, incluindo desde Direito Tributário até Direito Eleitoral), Educação para o Trânsito (39) e Educação Ambiental (38). Os meios de comunicação são outro agente público decisivo, porém esquivo. Em sua maior parte provenientes de concessões públicas e tendo, em seu regulamento (um decreto federal produzido de acordo com os interesses do patronato midiático), a finalidade explícita de promover a educação, esses veículos foram muito pouco cobrados pelo Estado e optaram por ações localizadas e nunca por projetos de maior compromisso. [...] Parece então explicável que muitas escolas tenham se surpreendido, ao serem escolhidas para participar do PISA e tenham tido dificuldades para explicar aos alunos como seria o exame (as próprias instruções disponíveis no INEP são lacônicas). O previsível resultado ruim não servirá de provocação para o debate sobre um projeto nacional para a educação, se tomarmos o exemplo do atual ministro da Educação, que, ao comentar a desistência dos candidatos na prova do ENEM do ano passado (desde 2012, a desistência é superior a 25%), limitou-se a reclamar do dinheiro jogado fora por tais candidatos – deixando de lado o fato de que muitos deles têm plena consciência de que não conseguem compreender a maior parte da prova! No entanto, se os meios de comunicação (para nos restringirmos apenas à ação desse agente público) foram capazes de reabilitar, em pouco tempo, lutas violentíssimas, vendendo-as como produto nobre, os temas educacionais ainda podem ter alguma esperança.

Juvenal Zanchetta Jr. é professor da Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus da Unesp de Assis A íntegra deste artigo está disponível no “Debate Acadêmico” do Portal Unesp.


Entrevista

Julho 2018

3

O ensino vai mal Para João Cardoso Palma Filho, mau resultado do aluno brasileiro no PISA é reflexo da baixa qualidade da educação básica André Louzas 123RF

P

esquisas recentemente publicadas reforçaram o mau desempenho dos estudantes brasileiros na edição de 2015 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o PISA. Os estudos mostram que a maioria dos alunos do país sequer chegou a responder todas as questões da prova, desistindo antes do seu final. Professor titular aposentado do Instituto de Artes, Câmpus da Unesp de São Paulo, João Cardoso Palma Filho analisa os resultados do PISA à luz das condições da educação nacional. Palma é membro titular da Academia Paulista de Educação e, entre outras funções, foi secretário-adjunto de Educação do Estado de São Paulo, entre 2011 e 2013, vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, de 2012 a 2014, e coordenador geral do Fórum Estadual de Educação do Estado de São Paulo, entre 2013 e 2015. Para pesquisador, estudantes não estão preparados para esse tipo de teste e se deparam com questões que não estudaram na escola Jornal Unesp: Na mais recente edição do Pisa, de 2015, entre 70 países, o Brasil ficou na 63.ª posição em matemática, na 58.ª em leitura e na 65.ª em ciências. Como o senhor analisa esse resultado? João Cardoso Palma Filho: Os resultados não têm se alterado ao longo das últimas avaliações e refletem a má qualidade da educação básica oferecida pelo poder público e pelas escolas privadas, com base nas últimas avaliações realizadas pelo SAEB [Sistema de Avaliação da Educação Básica] e, no caso do Estado de São Paulo, pelo Saresp [Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo]. Os resultados apresentados por esses sistemas de avaliação, particularmente em relação aos anos finais do ensino fundamental e ao ensino médio, estão estagnados num patamar muito baixo e não têm apresentado melhora nos últimos dez anos, apesar das propostas de renovação curricular apresentadas em algumas unidades da federação, como é o caso particular do Estado de São Paulo. JU: Uma pesquisa divulgada recentemente mostra que o desempenho dos alunos piora ao longo da prova do Pisa e que 61% não finalizam esse exame.

Reprodução

Entre soluções, Palma sugere rever conteúdos de licenciaturas Qual é sua visão sobre essa performance? Faltaria empenho aos estudantes? Palma: Do meu ponto de vista, entendo que os estudantes não se sentem motivados para participar desse tipo de avaliação, que nada acrescenta ao desempenho escolar deles. Os estudantes têm consciência de que não estão preparados para a realização de tais testes de avaliação e, na maioria das vezes, se deparam com questões para as quais sequer foram apresentados em sala de aula. Muitas vezes não entendem o que está escrito na prova. JU: Como a formação e a valorização dos professores influenciam esse resultado?

Palma: Entre outros fatores, a má formação em nível superior dos professores que atuam na educação básica é a principal responsável pelos resultados apresentados. Sem professor com formação adequada e de qualidade, não há como falar em educação básica de qualidade. Atualmente, a formação docente acontece na sua quase totalidade em instituições de ensino superior privadas, nem todas universidades. Os cursos são de curta duração, no máximo três anos, e o que mais vem crescendo nos últimos anos é a oferta de cursos à distância, boa parte deles em instituições que sequer apresentam bons resultados nos cursos presenciais. Mas não é só a formação que é precária; a infraestrutura e as condições de trabalho, principalmente nas escolas mantidas pelo poder público, deixa muito a desejar. A ausência de planos de carreira e remuneração salarial condigna, que desestimulam os estudantes do ensino médio a ingressar no magistério, também muito contribuem para as deficiências apresentadas no ensino fundamental e no ensino médio. De um modo geral, as IES responsáveis pela

formação inicial e continuada dos docentes não têm interesse em reverter tal situação. Um bom exemplo do que estou afirmando é a pressão que vêm exercendo para não colocar em prática resolução aprovada no ano de 2015 pelo Conselho Nacional de Educação que obriga que os cursos de licenciaturas tenham, no mínimo, a duração de quatro anos. JU: O que as universidades podem fazer para alterar o atual quadro? Palma: É preciso valorizar a carreira do magistério, cumprindo as metas 15, 16, 17 e 18 do Plano Nacional de Educação; rever os conteúdos dos cursos de licenciatura; instituir em todos os cursos de formação docente a Residência Educacional, que aproximará os estudantes, futuros professores, das escolas da educação básica, permitindo vivenciar a realidade das mesmas. Experiência pioneira posta em prática no Estado de São Paulo foi interrompida no ano de 2014, sob alegação de falta de recursos, e no mesmo sentido foi a diminuição das bolsas do Programa Pibid. É preciso aliar o aprendizado dos

conteúdos específicos de cada disciplina a ser ensinada na educação básica com os conteúdos pedagógicos. Essa medida é muito precária na maior parte dos cursos de licenciatura. No Estado de São Paulo, o Conselho Estadual de Educação vem desenvolvendo esforços nessa direção, mas as medidas aprovadas não surtem nenhum efeito nas IES privadas, que estão jurisdicionadas ao Conselho Nacional de Educação. JU: O PISA também constatou disparidades regionais no Brasil. De que modo é preciso combatê-las? Palma: As disparidades regionais refletem as desigualdades econômicas e medidas pedagógicas não têm o condão de reverter as disparidades regionais no campo educacional. É ilusório achar que as oportunidades são iguais para todos os estudantes. Trata-se de uma falácia muito presente no discurso liberal, mas que os estudos realizados por cientistas sociais, entre outros por Pierre Bourdieu, demonstraram não passar de um posicionamento ideológico, muito afastado da realidade do dia a dia de cada estudante.


4

Julho 2018

Ciências Biológicas

Mais árvores em áreas úmidas Estudo de Rio Claro triplica número conhecido de espécies nesses espaços da Amazônia Marcos Jorge Bruno Garcia Luize, Licença Creative Commons

E

studo realizado por pesquisadores de Rio Claro aponta que as espécies de árvores capazes de viver em áreas úmidas da Amazônia é maior que o conhecido anteriormente. Na verdade, três vezes maior. Essas áreas cumprem importantes serviços ecológicos na região e estão ameaçadas principalmente pela ocupação humana e pela construção de barragens hidrelétricas. A pesquisa foi publicada recentemente na revista PLOS One pelo doutorando Bruno Garcia Luize e pelo professor Thiago Sanna Freire Silva, ambos do programa de Pós-graduação em Ecologia e Biodiversidade da Unesp. O estudo também aponta que menos de 75% do total de espécies de árvores ocorrendo em áreas úmidas tenham sido catalogadas. O QUE SÃO ÁREAS ÚMIDAS A grande quantidade de chuvas na Bacia Amazônica, combinada com o relevo baixo e plano, ocasiona inundações anuais em grandes áreas da região. Esses espaços podem permanecer inundados desde poucos dias até mais da metade do ano, e são conhecidos como áreas úmidas (ou wetlands, em inglês). Na Amazônia, as áreas úmidas ocorrem ao longo das planícies fluviais dos grandes rios, ao longo de igarapés (pequenos rios e riachos), em pântanos que margeiam as nascentes desses igarapés, em depressões do terreno, em manchas de solos arenosos nas áreas entre rios e ao longo da planície costeira. A inundação periódica limita o desenvolvimento de muitas espécies de árvores, impedindo a oxigenação das raízes, e dessa maneira a floresta que cresce em áreas úmidas termina por ser diferente das florestas em regiões de terra firme. O ESTUDO Apesar de uma menor quantidade de espécies de árvores ser capaz de colonizar ambientes inundáveis, estudos indicam que as áreas úmidas da Amazônia possuem a maior diversidade do mundo de espécies de árvores adaptadas para viver em condições de inundação. Mesmo assim, até o momento não se sabia exatamente quantas e quais espécies realmente ocorrem nas áreas úmidas da Amazônia. O estudo do doutorando Luize e do professor Freire Silva, feito juntamente com colaboradores

úmidas amazônicas, confirmando e identificando a alta diversidade dessas florestas.

Figura1: Sumaúma (Ceiba pentandra), uma das maiores árvores que ocorrem nas florestas de áreas úmidas da Amazônia, presente também em florestas da América Central

de outras instituições nacionais (INPE, UFRN, IDSM, UFPA), mostra, assim como esperado, que nem todas as espécies de árvores da Amazônia são capazes de sobreviver nas áreas úmidas da região. Contudo, a pesquisa também aponta que a quantidade de espécies que são efetivamente capazes de tolerar esses ambientes

é bem maior do que o esperado, correspondendo a praticamente metade das mais de 6.000 espécies de árvores com ocorrência confirmada por botânicos para a região Amazônica. Os novos resultados triplicam o número de espécies de árvores anteriormente indicado como sendo capazes de ocorrem em florestas de áreas

A METODOLOGIA As informações utilizadas para o estudo foram obtidas a partir de artigos científicos publicados e de registros on-line de coleções biológicas. Foram necessários cerca de dois anos revisando a literatura e compilando as informações contidas em etiquetas de coleções biológicas (através das quais é possível se identificar em que tipo de ambiente a planta foi amostrada) para gerar uma listagem das espécies capazes de ocorrer em áreas úmidas amazônicas. Um forte limitante encontrado foi a alta quantidade de estudos de inventários florestais publicados em revistas científicas e que não divulgam a listagem completa das espécies encontradas - cerca de um quarto (25%) dos estudos - impedindo assim a compilação das informações. Por outro lado, a digitalização das coleções biológicas e a disponibilidade dessas informações em bases de dados on-line possibilitou a realização de buscas por palavras-chaves que definem o ambiente de áreas úmidas na Amazônia (muitas das quais são termos empregados Licença Creative Commons

Figura 2: Mapa mostrando as localizações dos estudos de inventário florestal (em vermelho) e dos pontos obtidos através de dados de herbários (coleções biológicas de plantas) e disponíveis on-line (em azul), em relação aos principais rios e áreas úmidas da bacia amazônica

pelas populações tradicionais que vivem na região). SUBNOTIFICAÇÃO Por meio de uma projeção baseada no número de registros de ocorrência de cada espécie, o estudo estima que menos de 75% do total de espécies de árvores ocorrendo em áreas úmidas tenham sido catalogado até o momento, indicando que muito mais espécies serão conhecidas para as florestas em áreas úmidas à medida que novos inventários florestais e coletas botânicas sejam realizados na região. IMPORTÂNCIA DAS ÁRVORES EM ÁREAS ÚMIDAS São essas espécies de árvores que produzem a maior parte dos frutos que alimentam os principais peixes amazônicos, reduzem o assoreamento dos rios, filtram a água e facilitam a recarga de aquíferos subterrâneos, além de prover valioso recurso madeireiro para as populações locais. Essas árvores também possuem um papel importantíssimo na ciclagem e no balanço de carbono da região amazônica. Contudo as áreas úmidas são particularmente vulneráveis às mudanças climáticas devido à sua estreita relação com as variações hidrológicas anuais. Além disso, essas áreas sofrem as mais intensas pressões antrópicas na Amazônia, uma vez que a maior parte da população humana está concentrada ao longo dos rios, e recentemente têm sido fortemente ameaçadas pela construção de barragens hidroelétricas, as quais desconfiguram o pulso natural de inundação anual e tem impactos severos sobre as florestas inundáveis, tanto na área inundada pelo reservatório como por dezenas de quilômetros abaixo da barragem, ao longo dos rios. As espécies arbóreas que ocupam as áreas úmidas da Amazônia são únicas por terem adaptações para viver em um ambiente inóspito e periodicamente inundado, e uma vez que nem todas as espécies de árvores são capazes de sobreviver nesses ambientes, a extinção dessas espécies ocasionará perdas irrecuperáveis para a biodiversidade amazônica.

O artigo na revista PLOS One está disponível no endereço: <https://bit.ly/2LPb3Mv>


Ciências Biológicas

Julho 2018

5

O princípio da picada Estudo de impacto internacional liga agressividade de abelhas à ação de hormônios no seu cérebro André Louzas Fotos Iago Bueno da Silva

E

studos promovidos no Instituto de Biociências (IB), Câmpus da Unesp de Rio Claro, revelaram uma relação direta entre o mecanismo de defesa da colmeia por abelhas e a presença de determinadas substâncias no cérebro dos insetos. A pesquisa, realizada no Centro de Estudos de Insetos Sociais (CEIS) com abelhas africanizadas, abre caminhos para a investigação da importância da influência de fatores bioquímicos no comportamento não só desses organismos, mas de todos os animais, inclusive os seres humanos. Os trabalhos realizados geraram um artigo na revista Journal of Proteome Research, tendo como autores Marcel Pratavieira, Anally Ribeiro da Silva Menegasso, Franciele Grego Esteves, Kenny Umino Sato, Osmar Malaspina e Mario Sergio Palma. O artigo causou um forte impacto internacional, sendo mencionado em outros órgãos científicos relevantes, como a revista Science. Coordenador dos trabalhos, o professor Palma explica que no cérebro das abelhas existem certas moléculas, as proteínas precursoras – taquicinina e alatostatina –, que amadurecem ao longo dos seus primeiros 15 ou 20 dias de vida. Os estímulos causados por possíveis ameaças à segurança da colônia ativam enzimas que clivam, ou seja, “quebram” essas proteínas em pedaços menores, os neuropeptídeos, também chamados de neuro-hormônios. Os neuropeptídeos atuam no desencadeamento de processos cerebrais que inicialmente vão da produção de energia no inseto à liberação de substâncias que promovem mecanismos de alerta, vigilância e orientação de voo, por exemplo. Se a ameaça persistir, esses processos estimulam um aumento de agressividade: o bater de asas sem sair do lugar, a elevação do abdome e o bombeamento de substâncias de alarme para fora do corpo, “contagiando” outros membros da colmeia, o voo de intimidação em torno do alvo, o pouso sobre sua superfície e a promoção de ferroadas. No entanto, esse comportamento agressivo é comum apenas às abelhas adultas, com aproximadamente 20 dias. As

A ferroada do inseto: experimento envolveu análise individual de cerca de 200 abelhas, que foram marcadas com tinta não tóxica

mais jovens, que ainda não apresentam os neuro-hormônios, permanecem na colmeia, realizando tarefas como a limpeza dos favos. O experimento envolveu a análise individual de cerca de 200 abelhas. Para isso, os insetos foram marcados com tinta não tóxica, assim que eclodiram na colmeia, ou seja, logo após o seu “nascimento”. Num espaço devidamente preparado para a experiência, um alvo foi agitado diante da colmeia: uma bola de couro de cerca de 5 cm recoberta de camurça negra, cor associada pelas abelhas ao focinho e olhos de predadores como ursos e macacos. Os pesquisadores registraram o comportamento de defesa e os espécimes marcados que ferroaram a bola e ficaram presos em seu tecido, foram coletados e congelados em nitrogênio líquido. Paralelamente, também foram coletados e congelados aqueles indivíduos marcados que haviam permanecido na colmeia. Os cérebros desses dois grupos foram então fatiados e analisados pelo método de es-

pectrometria de massas a laser (denominado MALDI). “Isso permitiu identificar as moléculas e definir sua localização no cérebro dos insetos”, explica Palma. De acordo com o pesquisador, no cérebro dos indivíduos que ficaram na colmeia e não participaram do ataque foram encontradas somente as proteínas precursoras intactas, isto é, elas não haviam sido “quebradas” nos peptídeos que desencadeiam o ataque. “Encontramos os peptídeos apenas no cérebro daqueles indivíduos que atacaram o alvo”, comenta. Essa constatação levou a equipe a concluir que a população da colmeia não é homogênea. No entanto, havia uma dúvida sobre os resultados obtidos: o grupo ausente do ataque não teria reconhecido o processo de alerta ou não apresentaria as enzimas necessárias para quebrar as proteínas e produzir os neuro-hormônios envolvidos com a agressividade desses insetos? Para esclarecer as dúvidas surgidas com os primeiros resultados obtidos, a pesquisa entrou em nova etapa. A equipe

sintetizou em laboratório o hormônio responsável pelo mecanismo de ataque e novas abelhas foram marcadas com tinta assim que emergiram. No sétimo dia de vida desses indivíduos, os pesquisadores injetaram o hormônio na hemocele, (equivalente à cavidade abdominal dos insetos), de onde a substância foi levada pela hemolinfa do animal até o seu cérebro. “Como consequência desse processo, a abelha de sete dias se tornou agressiva, saiu da colmeia e participou do ataque ao alvo, algo que não acontece naturalmente”, esclarece Palma. Segundo o professor, esse efeito demonstrou que parte da população da colmeia não demonstra ferocidade por não ter as enzimas responsáveis pela maturação dos neuro-hormônios. O estudo do grupo de Rio Claro foi reconhecido no exterior por conseguir associar hormônios presentes no cérebro das abelhas com a regulação de sua fisiologia, preparando-as para um comportamento agressivo. “Os neuropeptídeos já eram conhecidos, mas não haviam

sido relacionados à regulação do comportamento do inseto”, argumenta Palma. O sucesso da pesquisa, de acordo com o estudioso, abre a perspectiva de novas investigações. Um dos desafios é entender todo o processo fisiofarmacológico envolvido no comportamento das abelhas. “O outro é projetar a capacidade de síntese dos hormônios para estudar a relação entre outros comportamentos e outros hormônios presentes no cérebro das abelhas”, esclarece. Ele ressalta que as conclusões da pesquisa têm implicações até mesmo para o melhor conhecimento do comportamento humano. “O mecanismo de maturação dos hormônios, com a quebra de proteínas precursoras em neuropetptídeos, também está presente em outros animais, inclusive no cérebro humano”, assinala.

O artigo publicado na revista está disponível em: <https://bit.ly/2K8cAbw>.


6

Julho 2018

Universidade

Aliança pela Bioeconomia Unesp e universidades de Alemanha e Austrália colaborarão na área da indústria de base biológica Uli Benz/TUM

A

Unesp assinou um acordo trilateral com a Technical University of Munich (TUM), da Alemanha, e a Universidade de Queensland (UQ), da Austrália, formando a Aliança Global em Bioeconomia, com o objetivo de fortalecer a cooperação em pesquisa e ensino por meio de workshops, projetos comuns e intercâmbio de pessoal para troca de conhecimento e experiências nesse campo. Localizada na Austrália, a UQ figura entre as 50 melhores do mundo em diversos rankings internacionais, assim como a TUM, que tem sua sede na Baviera. O acordo para a constituição da Aliança foi formalizado em junho, na Baviera, pelo chefe de Gabinete da Reitoria da Unesp, professor Carlos Eduardo Vergani, em conjunto com o diretor da delegação da Universidade de Queensland, professor Paul Young; a vice-presidente (SVP) da TUM, professora Juliane Winkelmann; e o professor

Da esq. para a dir.: professor Vergani, professor Sieber, professora Winkelmann e professor Young Volker Sieber, responsável pelo câmpus TUM Straubing, centro de pesquisa da universidade alemã com foco em biotecnologia e sustentabilidade. A formalização da Aliança Global em Bioeconomia ocorreu durante o simpósio “Produtos Naturais: Análises, Biodiversidade e Bioquímica”, realizado na cidade alemã de Straubing. O professor Vergani ressalta que as universidades fundadoras da Aliança Global, como a

Unesp, influenciarão e inspirarão outros parceiros em razão dessa experiência e do desenvolvimento de estratégias conjuntas para desafios globais comuns, bem como de soluções para necessidades locais. O objetivo da Aliança também é obter financiamento para trabalhar na construção de uma rede permanente de especialistas comprometida com a pesquisa e o ensino nas áreas relacionadas à bioeconomia. A bioeconomia é um tópico

global que combina aspectos agrícolas, técnicos e sociais da indústria de base biológica presentes nos diferentes locais do planeta. A ideia da cooperação trilateral surgiu no primeiro semestre, durante a visita ao Brasil do professor Michael Rychlik, titular da cadeira de Química Analítica de Alimentos da TUM. “Outros parceiros em todo o mundo também serão bem-vindos para fortalecer essa aliança, participando da produção de

uma bioeconomia global e de uma indústria de base biológica”, afirmou o professor Vergani. O professor Sieber enfatizou a importância dessa parceria. “As muitas discussões técnicas com os colegas australianos e brasileiros mostraram o quão frutífera e estreita é a cooperação no campo da bioeconomia das três universidades e o quanto ela permitiu que o acordo fosse assinado”, ressaltou. Participaram do simpósio em Straubing os professores da Unesp André Gonzaga, docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas do Câmpus de Araraquara; Pilar Sotomayor, docente do Instituto de Química, também do Câmpus de Araraquara; e Jeferson Gross, pesquisador do Instituto de Pesquisas em Bioenergia (IPBEN), em Rio Claro. A próxima reunião entre Unesp, TUM e UQ será no próximo ano, no Brasil, com apoio da Unesp e do escritório da TUM em São Paulo.

No rastro do desconhecido Experimentos da física de neutrinos podem ser a chave para detecção da matéria escura Victória Flório Reidar Hahn/Fermilab

H

á mais massa no Universo do que se observa. A diferença entre a massa prevista pelos modelos e o que se detecta inspirou a ideia de que existe no cosmo um setor oculto e inerte com uma fração considerável de seu conteúdo (23%) – a matéria escura. Os físicos estão no encalço dos prováveis candidatos a essa estranha forma de matéria – os neutrinos. Vários experimentos rastreiam interações específicas dos neutrinos, entre eles o Super-Kamiokande, no Japão, o SNO (Sudbury Neutrino Observatory), no Canadá, e o MiniBooNe (Mini Booster Neutrino Experiment), do Fermilab, nos EUA. Este ano, o MiniBooNe anunciou a detecção de um tipo ainda menos interagente de neutrino chamado neutrino estéril, forte candidato à matéria escura. Para o brasileiro André Luiz de Gouvêa, pesquisador da Universidade Northwestern, EUA e

Interior do experimento MiniBooNe: resultados geraram polêmica membro do conselho científico do ICTP-SAIFR, o acoplamento entre neutrino estéril e matéria escura é plausível. Ele está no Câmpus da Unesp em São Paulo, entre os dias 23 de julho e 3 de agosto, para a Escola de Detecção de Neutrinos e Matéria Escura. Além dos desafios experimentais da área, a escola também aborda a questão do neutrino estéril e teorias que

vão além do Modelo Padrão. Neutrinos e matéria escura são ambos fracamente interagentes. Se existir, a matéria escura não seria trivialmente detectada por não interagir com fótons. No caso dos neutrinos, partículas subatômicas que viajam na velocidade da luz e bombardeiam a superfície terrestre a uma taxa de 100 milhões por segundo, são

fracamente interagentes por não possuírem carga, como os elétrons. “O Universo tem 1 bilhão de vezes mais fótons e neutrinos do que prótons e elétrons, o que torna plausível a candidatura dos neutrinos à matéria escura”, explica Gouvêa. Segundo ele, vários experimentos têm tentado decifrar os neutrinos – “Eles têm massa?”; “Eles oscilam de sabor?”. O “sabor” é uma propriedade associada à maneira como os neutrinos reagem à força nuclear fraca e que os divide em três tipos – múon, elétron e tau. A oscilação dos neutrinos foi comprovada em 1998 com dados das colaborações entre Super Kamiokande e SNO. “A confirmação da oscilação foi decisiva, porque mostrou que os neutrinos têm massa”, completa. Mas é um quarto tipo de neutrino, o chamado neutrino estéril, o mais cogitado para formar a matéria escura. “Mesmo sendo mais inerte que

os outros neutrinos do Modelo Padrão [múon, tau e elétron], o neutrino estéril ainda conseguiria conversar com eles”, esclarece Gouvêa. “Se a matéria escura não for constituída por neutrinos, eles devem ser seus mensageiros”, especula. Resultados anunciados este ano pelo MiniBooNe, Fermilab, têm gerado controvérsia entre cientistas. Ao longo dos últimos quinze anos, sua equipe observou um excesso de partículas do tipo neutrino-elétron em seus detectores. Para alguns físicos, essa seria uma evidência indireta da existência do neutrino estéril. Mas, para ser confirmado como matéria escura, o suposto neutrino estéril do MiniBooNe precisaria ser muito massivo. Os físicos tentam fechar o quebra-cabeça das partículas no Modelo Padrão. “Mas, se daqui há dez anos não encontrarem nada, é bom procurar outra resposta”, finaliza Gouvêa.


Graduação

Julho 2018

7

Com o apoio da Capes Unesp é a universidade do Estado de São Paulo com mais bolsas dos programas Pibid e Residência Pedagógica da agência Pixabay

A

Capes divulgou, no dia 29 de maio, os resultados do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e do Programa de Residência Pedagógica (RP). Ao todo, a Unesp foi contemplada com 1.291 de bolsas da agência federal. Para o Pibid, a Universidade obteve 619 bolsas para alunos das Licenciaturas, das 1.032 solicitadas (60% do total). Esse resultado coloca a Unesp em 10.º lugar entre as 284 instituições de ensino superior do país que se inscreveram no edital, sendo a universidade com maior número de bolsas aprovadas no Estado de São Paulo. Já para o Residência Pedagógica, a Unesp obteve todas as bolsas solicitadas, no total de 672. O número coloca a Universidade em 8.º lugar entre as 245 instituições de ensino superior que se inscreveram no edital. Novamente, a Unesp foi a universidade com o maior número de bolsas no Estado.

Na Residência Pedagógica, Unesp obteve todas as bolsas solicitadas

MUDANÇA A partir de 1.º de agosto, o Programa Pibid será ofertado aos dois primeiros anos dos cursos de Licenciaturas, ficando os dois anos finais dos cursos para o Programa de Residência Pedagógica. Considerando o total de bolsas obtido pela Unesp para os dois programas (1.291) e comparando com o total de bolsas para alunos da edição anterior do Pibid, o crescimento foi de 36.25%. “Trata-se de um resultado extremamente importante, nesse momento nacional de cortes de verbas para a educação

e a ciência”, aponta a pró-reitora de Graduação, professora Gladis Massini-Cagliari. CRITÉRIOS Para o Pibid, foi necessário que a Universidade definisse critérios para adequar a cota de 619 bolsas. Tal fato representou um corte de 18 núcleos (é uma proposta de trabalho composta por um docente orientador e 24 alunos bolsistas). Para tanto, os seguintes critérios objetivaram a reorganização dos Núcleos-Pibid ao número de bolsas aprovado: 1. Garantir no mínimo um

núcleo por licenciatura inscrita e câmpus e atendimento de todos os componentes curriculares (disciplinas) em todos os níveis da educação básica (educação infantil, ensino fundamental I/II e ensino médio). 2. Assegurar a manutenção dos núcleos de cursos com maior número de alunos de graduação matriculados. 3. Recomposição dos núcleos envolvendo diferentes câmpus, com número de bolsas iguais entre os câmpus partícipes e rodízios de coordenadores. 4. Garantir a participação de todos os proponentes que submeteram propostas ao Programa. No dia 19 de junho, foi realizada uma reunião com 62 coordenadores de núcleos na Faculdade de Ciências da Unesp, em Bauru. O objetivo do encontro foi propiciar discussões entre os coordenadores de núcleos comuns a um mesmo componente curricular, ofertado em mais de um câmpus da Unesp, e agrupar diferentes propostas (para um mesmo componente curricular) em uma única proposta institucional, tanto para

o Pibid quanto para o RP. Outro ponto da reunião tratou do edital de seleção de bolsistas para os dois programas. Por último, somente os docentes coordenadores de núcleos do Pibid se reuniram em consonância com a nova reorganização dos núcleos, porque, em alguns casos, houve necessidade de composição para o mesmo curso ofertado em câmpus diferentes. Isso significou dividir o número de bolsistas entre os cursos desses câmpus e fazer um rodízio da coordenação dos núcleos, no desenvolvimento dos programas. As propostas dessa reunião e a seleção dos bolsistas para os dois programas foram submetidas conforme o cronograma dos Editais do Pibid e da RP no mês de julho, como parte da última etapa do processo. Esses trabalhos foram conduzidos pelas coordenadoras institucionais dos dois programas, as professoras Sueli Guadelupe (Pibid) e Raquel Lazzari Leite Barbosa (RP), e a professora Iraide Marques de Freitas Barreiro, assessora da Prograd, que vem coordenando todo o processo.

Mais bolsas do CNPq Órgão federal concedeu aumento no número de cotas de iniciação científica para a Universidade Marcos Jorge

O

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) concedeu um aumento no número de cotas de bolsas de iniciação científica (IC) para a Unesp, destinadas ao biênio 2018-2020. Atualmente, a Universidade está entre as cinco instituições do Brasil que mais captam recursos de Iniciação Científica do CNPq. O aumento compreende bolsas nas modalidade Pibic (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica), Pibiti (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação) e Pibic-EM (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio). O aumento foi definido após o CNPq analisar os relatórios

Iniciação Científica: Unesp está entre as que mais captam recursos do biênio anterior (2015-2017) enviados pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PROPe) e relativos ao desempenho dos bolsistas de iniciação científica. A Unesp teve a sua cota aumentada em 40 bolsas de um total aproximado mil bolsas extras distribuídas em 2018 pelo CNPq.

Na captação de recursos diretamente destinados a IC, a Unesp encontra-se hoje entre as cinco instituições que captam mais recursos do CNPq, com um total superior a R$ 3 milhões, resultado de um trabalho proativo da PROPe . “Ficamos muito satisfeitos

com a notícia do aumento no número de bolsas de iniciação científica financiadas pelo CNPq, em especial num momento de grave crise no financiamento a pesquisa científica e tecnológica no Brasil”, celebra o pró-reitor de Pesquisa, professor Carlos Graeff. “Esse aumento reflete a boa qualidade da pesquisa realizada na Unesp, a seleção criteriosa dos bolsistas e agilidade na implementação das bolsas realizada pela equipe PROPe. Modalidade 2017 2018 Aumento PIBIC 643 656 13 PIBITI 34 36 2 PIBIC-Ensino 240 265 25 Médio

Um dos critérios que o CNPq utilizou para distribuição dessas cotas extras de bolsas de IC foi a

disponibilização pela Unesp de recursos próprios que permitem o oferecimento de cerca de 485 bolsas de iniciação científica e ter ainda outros 767 alunos voluntários desenvolvendo seus projetos no programa ICSB (Iniciação Científica Sem Bolsa). O alto percentual de professores qualificados e o grande número de grupos de pesquisas cadastrados junto ao CNPq também foram critérios considerados nessa distribuição. Além do CNPq, a Unesp ainda tem projetos de iniciação científica que são desenvolvidos com suporte financeiro de outras agências de fomento, como a Fapesp, que no último biênio financiou cerca de 700 bolsas, além de outras fontes de recursos como empresas e instituições de pesquisa.


8

Julho 2018

Reportagem de capa

PELA IGUALDADE E PELA PAZ Instituições do país e do exterior apresentam ações e trocam experiências no Seminário Nacional Educar em Direitos Humanos na Universidade Jorge Marinho

Fotos de Jorge Marinho

R

ealizado entre os dias 19 e 20 de julho, o Seminário Nacional Educar em Direitos Humanos na Universidade: Compromisso com a Diversidade e Igualdade serviu para instituições de ensino superior dos Estados de São Paulo, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Chile trocarem experiências sobre os projetos realizados. Relatos que servirão para a Comissão Científica do evento redigir um documento final com as recomendações para institucionalização de ações de educação em direitos humanos nas universidades. Para o coordenador do evento, professor Clodoaldo Meneguelo Cardoso, a Unesp passa por um importante momento, que é o da institucionalização do debate sobre direitos humanos. “Uma coisa são os vários projetos dos professores, outra coisa é uma universidade assumir o compromisso formal. Por isso, fiz questão de realizar o Seminário dentro da Unesp, na reitoria da Universidade, porque sinto que é um momento importante de contribuir para essa institucionalização”, ressaltou. Durante a abertura do evento, a pró-reitora de Extensão da Unesp, professora Cleópatra da Silva Planeta, destacou três ações realizadas pela Universidade. A primeira é o projeto Educando para a Diversidade, patrocinado pelo Santander Universidades e coordenado pelo professor Juarez Tadeu de Paula Xavier. A outra é o Gru-

Cardoso frisa institucionalização de debate sobre direitos humanos

po de Prevenção à Violência, coordenado pelo professor Arthur Aragão, e, por último, o Observatório de Educação em Direitos Humanos (OEDH), em Bauru, sob responsabilidade do professor Cardoso, o primeiro centro de estudos a promover pesquisa e extensão nessa área da Unesp. Segundo a pró-reitora, essa discussão tem sido levada com muita seriedade para toda a Universidade, para que se possa construir de fato um ambiente de paz a partir desse trabalho interno, e seja possível realizar a interface com a sociedade. A partir dessa discussão,

haverá ações internas e externas que possam contribuir para mudar a realidade, começando pelo entorno da Unesp, que é todo o Estado de São Paulo. “Não é fácil lidar com essas questões, tem uma intensidade, um conflito muito grande, mas que possamos fazer isso com muita tranquilidade, para de fato construir um ambiente que seja de respeito e que celebre a paz. Esse evento só vem para contribuir e para agregar com essa discussão”, afirmou Planeta. Durante a mesa-redonda “Diversidade, Desigualdade, Violência: desafios à univer-

sidade brasileira”, o professor Juarez Tadeu de Paulo Xavier, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Câmpus de Bauru, coordenador-executivo do Núcleo Negro de Pesquisa e Extensão e do programa Educando para a Diversidade da Unesp, fez um histórico sobre a política de exclusão no país e destacou o processo de institucionalização do debate do tema dos direitos humanos na Universidade. Ele enfatizou que espera que o programa da Unesp possa dialogar com as organizações políticas sociais que estão mais avançadas na reflexão sobre

essas questões, até para que a própria Universidade possa aprender com as experiências externas. “Nós queremos que seja um projeto consistente e que faça parte da ação política da Universidade, por exemplo, do seu plano de envolvimento institucional. Esse é o nosso objetivo”, disse Xavier. O foco é que, ao final de três anos, seja possível desenvolver uma ação política que contribua para a formação de uma política institucional de enfrentamento à violência pela cultura de paz. “A despeito dos avanços, das conquistas obtidas nesses anos todos, ainda não conseguimos superar, lamentavelmente, os traços deixados pela grande instituição brasileira que foi a escravidão. Nós precisamos superar isso, e é no diálogo, na discussão, no debate, na reflexão teórica que nós vamos conseguir avançar. Não é a tecnologia que vai nos levar a isso, mas é a reflexão teórica conceitual. É um desafio epistêmico das pessoas que querem de fato construir um status social que supere a iniquidade que temos no Brasil, a despeito dos avanços sociais”, concluiu. Já o professor Sólon Eduardo Annes Viola, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), especialista em Direitos Humanos, chamou a atenção dos participantes para a existência de um processo planetário de construção do obscurantismo, uma tentativa

Sociedade excludente promove discurso de exclusão, diz Monteiro

Pró-reitora Planeta enfatiza ambiente de respeito que celebre paz

Reflexão teórica garante avanço de conquista social, segundo Xavier

Para Viola, há um processo global de construção do obscurantismo

Evento teve participação de instituições de São Paulo, Pernambuco, Paraíba, Piauí e Chile


Reportagem de capa de reduzir a condição do ser humano a um objeto útil. “Eu entendo que será muito difícil que esse tipo de pensamento triunfe. Ele pode encontrar vitórias momentâneas, ações de controle muito fortes, mas a humanidade não se submete. Alguns institutos norte-americanos financiam ao longo do mundo a ideia do retorno do conflito entre o bem e o mal. Isso é um retrocesso medieval. Mas a humanidade já superou essa fase e lutou muito desde o século XVIII para encontrar o lugar do pensamento livre. Mesmo que às vezes você não possa dizer, pensar você pode”, avaliou Viola O pesquisador assinalou que o tema dos direitos humanos chegou muito tarde ao Brasil. Segundo ele, essa questão chegou ao país quando a sociedade precisou se colocar em defesa da vida contra o terrorismo de Estado. Diante dessa situação, o Estado reagiu acusando os partidários dos direitos humanos de defensores de comunistas; depois, de defensores de bandido. Assim, estabelece-se no campo dos direitos humanos uma polissemia e um embate efetivo entre um pensamento e outro. “Esse embate continua e vai continuar ao longo do tempo. A construção de uma cultura de direitos humanos passa pelo momento em que o ser humano percebe que é um ser vivo, pensante, e, portanto, um ser de direito. Não é algo a ser resolvido no curto tempo, é algo a ser resolvido ao longo da vida. Às vezes, como estou me aproximando do fim da vida, penso que ainda não consegui ter a compreensão da dimensão absoluta dos direitos humanos”, ponderou. Já a professora Aida Monteiro, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Educação em Direitos Humanos, Diversidade e Cidadania do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco e da Rede Latino-americana e Caribenha para a Educação em Direitos Humanos, lembrou de Paulo Freire, que dizia que “educação é um ato político”. Ou seja, o cidadão é educado para um tipo de sociedade. Por isso, segundo Monteiro, a universidade precisa repensar o seu fazer. A dificuldade para ela está no fato de que a instituição universitária, historicamente, é um reflexo da sociedade extremamente excludente. “Uma sociedade que não aceita que as pessoas sejam iguais em relação aos seus direitos precisa manter esse discurso de que

direitos humanos são direitos de bandido, direitos que não são para todos. Eu tenho alguns direitos que preciso assegurar, mas outros não. Portanto, é uma sociedade que é excludente e, por ser excludente, cada vez mais procura justificativas para, de maneira muitas vezes camuflada, manter esse discurso da exclusão”, apontou Monteiro Ela também chama a atenção para o fato de que é necessário se ter uma democracia respaldada na igualdade de direitos, porque sem democracia não há direitos humanos para todos. Nessa perspectiva, acredita que a universidade deveria estar efetivamente presente dentro da sociedade para poder compreendê-la em todas as dimensões. Daí a necessidade da defesa intransigente da democracia, da justiça social e do respeito à sociedade, como mote principal para fundamentar os projetos institucionais das universidades em Direitos Humanos, pautados na inter-relação do ensino, pesquisa e extensão. “Sou professora, a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra licenciosidade, e da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professora, a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação e contra a dominação econômica dos indivíduos e das classes sociais. Sou só professora, a favor da esperança que me anima, apesar de tudo que temos aqui nesse espaço, para quebrar as amarras para a construção de uma outra sociedade”, desabafou. Para a coordenadora da Rede Latinoamericana e Caribe de Educação em Direitos Humanos (RedLaCEDH), Victoria Flores, o seminário também serviu para tratar das providências sobre a organização do VIII Colóquio Latino-americano de Educação em Direitos Humanos, na Universidade de Antofagasta, no Chile. “Quando o encontro é bom, ele não acaba, se desdobra em alguns encaminhamentos. Então, esse encontro foi muito bom justamente porque desencadeou um processo que nós vamos continuar a debater para redigir um documento que vai ser discutido com toda a Unesp e também com outras universidades. Um documento com recomendações sobre direitos humanos, mas não é um documento final. É um documento para desencadear um diálogo”, afirmou o coordenador do seminário, professor Cardoso.

Julho 2018

9

DICAS PARA OS PESQUISADORES

Representantes de entidades apresentaram suas experiências durante Seminário

Os participantes também tiveram a oportunidade de apresentar as práticas realizadas nas várias instituições inscritas no Seminário. Veja abaixo um resumo dessas experiências. Faculdade de Ciências, Câmpus da Unesp de Bauru Foi oferecida a disciplina Ética, Cidadania e Direitos Humanos aos alunos como disciplina optativa no segundo semestre de 2017. Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação, Câmpus da Unesp de Bauru A experiência foi vivenciada no Programa de Pós-graduação em Comunicação, na disciplina Comunicação para Cultura de Paz e Interculturalidade. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Câmpus da Unesp de Franca Existe o estudo de revisão bibliográfica com objetivo de apresentar uma reflexão crítica sobre a relevância da educação pública para o fortalecimento da cidadania juvenil. Na mesma faculdade também tem o projeto de extensão “Fundamentos da cidadania e cultura pré-violatória: Escola João Marciano”, em que são realizadas oficinas sobre os postulados que contribuem para a cidadania, diversidade e igualdade. Faculdade de Filosofia e Ciências, Câmpus da Unesp de Marília O Grupo de Estudo e Pesquisa em Organizações Internacionais (GEO

– Unesp) promove atividades de ensino, pesquisa e extensão, por meio do Fórum de Discussão Estudantil, que propõe soluções para problemas que afetam o continente, vinculados aos problemas de direitos humanos, ambiente e sustentabilidade. Faculdade de Ciências e Letras, Câmpus da Unesp de Araraquara Trabalho de mestrado desenvolvido na unidade realiza revisão bibliográfica com o foco na educação em direitos humanos como princípio basilar da dignidade da pessoa humana, respeitando e promovendo o exercício da democracia. Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos do Piauí (CEEDHPI) O CEEDHPI, o Movimento Nacional de Direitos Humanos – Articulação Piauí (MNDH-PI) e instituições de ensino superior do Piauí desenvolveram, entre julho de 2010 a dezembro de 2016, o projeto Educar para a Cidadania Democrática e os Direitos Humanos, cujo objetivo era avaliar a prática de educação em direitos humanos na formação do defensor de direitos humanos. PUC do Paraná Foi realizado estudo sobre a formação de professores em direitos humanos nos cursos de Licenciatura. Universidade Federal da Paraíba Existe a Comissão de Direitos Humanos e o Núcleo de Cidadania e Direitos Huma-

nos, que promove cursos de formação em educação em Direitos Humanos com a rede pública, estadual e municipal de ensino, ao longo do período de criação e implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Também existe o grupo de trabalho de cultura e educação em direitos humanos junto ao Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas e ao Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB. Universidade Católica Silva Henríquez Nessa instituição de ensino do Chile, existe a experiência de educação em direitos humanos destinada aos estudantes do curso de Serviço Social. Unicamp Foi desenvolvido o projeto A Educação em Direitos Humanos no Ensino Superior, que buscou identificar e analisar o ensino, a produção e disseminação de conhecimentos acerca da Educação em Direitos. Também na Unicamp, existem o Observatório de Direitos Humanos, o Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher/CAISM, o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, o Arquivo Edgar Leuenroth, o Centro de Estudos Rurais/Ceres, o Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena/CPEI e, mais recentemente, a Cátedra Sérgio Vieira de Melo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).


10

Julho 2018

Planejamento e Avaliação

Avanço de um paradigma Nova metodologia de planejamento e avaliação já alcançou 90% dos departamentos Jorge Marinho

Fotos Jorge Marinho

S

ob coordenação da Escola Unesp de Liderança e Gestão (EULG) e organização da Comissão Permanente de Avaliação (CPA), o novo paradigma de planejamento e avaliação departamental foi apresentado a 194 departamentos da Unesp – cerca 90% do total. Desse conjunto, 170 estiveram representados por chefes, vice-chefes, membros de congregações, docentes ou servidores técnico-administrativos em seis seminários de capacitação, realizados nas cidades de São Paulo, Botucatu, Araraquara, Araçatuba, Presidente Prudente e Jaboticabal. Durante os encontros, docentes e técnicos envolvidos na gestão dos departamentos foram apresentados à filosofia e aos princípios da nova metodologia. Os participantes também puderam preencher e alterar dados da matriz departamental disponibilizada pela CPA. A matriz é o conjunto de informações sobre as atividades realizadas pelos departamentos em 2016 e 2017. MOBILIZAÇÃO Os seminários serviram para a discussão de estratégias de mobilização para a participação de professores e pesquisadores no processo de planejamento de cada departamento, em parceria com direções das unidades universitárias, diretores-executivos dos câmpus experimentais, chefias departamentais e coordenadores de curso onde não há departamentos. Cada departamento deverá definir o dia de planejamento, quando as atividades acadêmicas serão suspensas para que todos possam participar do processo, já que as decisões não cabem exclusivamente às chefias, aos coordenadores ou aos respectivos conselhos, mas a todos que compõem o departamento. “Apenas com a adesão de todos é que o planejamento efetuado será representativo da vontade coletiva”, reiterou a presidente da CPA, Maria Encarnação Beltrão Sposito, que também aconselhou a escolha de uma sala que favoreça a posição de diálogo entre todos, deixando disponível o computador e o multimídia para projeção da matriz, de modo a que todos possam visualizá-la e acom-

Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba

Faculdade de Odontologia de Araraquara

panhar as escolhas que forem sendo feitas e nela inseridas. Conforme a sistemática aprovada pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CEPE), esse primeiro processo de planejamento departamental será relativo ao biênio 20182019, com base no que o grupo realizou no biênio anterior.

Estatuto da Unesp, que define, entre outras competências, a organização do plano de atividades e a realização anual da avaliação das atividades desenvolvidas. Complementarmente, o artigo 58, que versa sobre as competências da chefia, recomenda submeter à congregação o plano global de atividades do departamento; encaminhar, para avaliação da congregação, relatórios periódicos referentes ao plano global de atividades do departamento; submeter à aprovação da congregação o regulamento do departamento, bem como suas eventuais alterações; e convocar, anualmente, em assembleia geral, os membros do departamento para avaliação de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária.

MATRIZ NA PRÁTICA O trabalho dos chefes e vice-chefes de departamento, durante o seminário, foi facilitado pela CPA. Eles receberam a matriz parcialmente preenchida, com os dados organizados pela Assessoria de Informática da Universidade em conjunto com todas as pró-reitorias da Unesp. Sposito explicou que a prioridade foi dada para as informações sobre as variáveis comuns, justamente porque serão escolhidas por todas as unidades departamentais da Unesp e coordenadorias de curso. Ela informou ainda que não foram recolhidas informações sobre as variáveis optativas, justamente por não se ter conhecimento prévio de quais poderão ser selecionadas

como relevantes pelos departamentos. Cada grupo definirá essas variáveis, sem qualquer outra influência, em função da importância que elas têm ou deveriam ter para o grupo e, por isso, serão escolhidas para o biênio. Também não é possível, explica a professora, prever variáveis eletivas, que são aquelas que o departamento poderá incluir na matriz, se achar adequado. DIMENSÕES DO TRABALHO A metodologia busca contemplar as cinco dimensões do trabalho na Universidade: graduação, pós-graduação, pesquisa, extensão universitária e gestão, com pesos diferentes. Ela também se baseia em um movimento de mão dupla, segundo o qual a elaboração do planejamento deverá se apoiar em diagnóstico que se fundamente no perfil do departamento, dos docentes e pesquisadores, em função da trajetória de cada um dentro da própria unidade departamental. Dessa maneira, o objetivo é recuperar o papel dos departamentos segundo o artigo 51 do

Faculdade de Medicina de Botucatu

BANCO DE DADOS As informações recolhidas e sistematizadas para as variáveis comuns da matriz departamental são oriundas de vários bancos de dados (SisRH, SisGRAD, SisPG, SisPROEX, Sistema de Iniciação Científica da PROPE, SCDI da Fapesp e

plataforma Lattes do CNPq) que por diversas razões não estão completos, o que tem exigido um trabalho de revisão. O chefe ou coordenador terá acesso à listagem de informações que gera o número contido na matriz, podendo alterá-la, com exceção da variável ensino de graduação e pós-graduação e suas subvariáveis, cujos dados foram extraídos dos Sistemas de Graduação e de Pós-Graduação e se constituem em informações oficiais da Universidade. A chefia departamental ou coordenação de curso recebeu uma matriz provisória relativa a cada departamento, durante os seminários regionais de planejamento, que serviu para a simulação do que será o planejamento. Isso criou familiaridade com o instrumento. A partir das críticas e sugestões recebidas nos encontros, ela foi aperfeiçoada pela CPA, após os pontos destacados nos seminários, disponibilizados a todos no dia 15 de julho, e poderá ser, ainda, completada ou revisada pelos próprios departamentos.

Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal


Planejamento e Avaliação

Julho 2018

11

“Nosso objetivo com essa iniciativa, sem expectativa de oferecer um banco de dados completo, foi oferecer o possível para que cada departamento pudesse ser poupado de uma parte do trabalho de organização das informações”, ressaltou a presidente da CPA. AÇÃO INSTITUCIONAL Sposito lembrou que a nova metodologia não é projeto de uma gestão, mas uma ação institucional, aprovada pelo CEPE, portanto, uma metodologia da Unesp. “Reforçamos a importância do debate e da busca de consensos, sempre provisórios, como deve ser num processo dinâmico. A eleição de variáveis, bem como a atribuição de pesos e indicadores a elas, não deve resultar da decisão da chefia ou da coordenação, nem mesmo de uma parte do

Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente departamento, mas sim ser expressão do diálogo, ainda que ele possa ser permeado por contradições e conflitos, visto que essas ocorrências são parte da própria dinâmica de autoconhecimento e autoavaliação, tão importantes para delinearmos o futuro do grupo

e da Unesp”, declarou. Para o vice-presidente da CPA, professor Gilson Hélio Toniolo, o contato direto com chefes e vice-chefes de departamento foi muito positivo. “Eles gostaram da matriz, gostaram do aspecto geral e acho que teremos sucesso na aplicação des-

Núcleo de Educação a Distância da Unesp (São Paulo) se planejamento e da avaliação departamental”, afirmou. A coordenadora da Escola Unesp de Liderança e Gestão, professora Maria Aparecida Custódio Domingues, também se mostrou otimista com o resultado dos seminários. “Além de fornecer subsídios para que

o planejamento e a avaliação departamental aconteçam, os seminários também ampliaram o diálogo entre os chefes de departamentos e a CPA. Já faz parte do planejamento o escutar e o trocar ideias. Esse foi o primeiro passo para que ele aconteça”, comentou.

OPINIÕES DOS PARTICIPANTES DOS SEMINÁRIOS DE TREINAMENTO que a ideia é interessante de Departamento de Economia, “Eu gostei muito da atividaagrupar e estimular o conSociologia e Tecnologia – de. Na verdade, acho que Seminário: sistemática enfatiza queBotucatu foco do trabalho departamental coletivoem equipe.” juntoéaotrabalhar FCA essa ideianova é uma ótima ideia. Patrícia Petromilli Nordi Com certeza, no momento Sasso Garcia – Vice-chefe do “Talvez devêssemos ter da prática, vai haver mais Departamento de Odontolomais oficinas, mais momendúvidas. Vamos ter que corgia Social – FO Araraquara tos para aprofundar não rigir algumas coisas, mas a só o conhecimento, mas a ideia eu vejo como excelen“Achei um passo à frente própria funcionalidade da te, do departamento ser respoder manusear a planilha ferramenta. Eu acho que é ponsável pelo tripé ensino, com os dados do departauma mudança muito grande pesquisa e extensão.” Lígia mento disponíveis. Precisava dentro de um tempo curto e Souza Silveira da Mota – disso para poder quebrar o que pressupõe uma mudança Chefe do Departamento de ranço que existia com o novo total, é outro planejamento de Genética – IB Botucatu modelo de avaliação.” Marcos universidade.” Maria José da César Vezum de Castro – Silva Fernandes – Chefe do “Eu gostei do treinamento, Chefe do Departamento de Departamento de Educação da metodologia, sempre Geologia Aplicada – IGCE – FC Bauru associando a parte teóriRio Claro ca com a prática. Eu acho “Gostei muito do treinamento. que essa planilha é muito “A nova metodologia valoriza Acho que foi bem direto e interessante porque cono departamento e valoriza o bem objetivo. Acho o paradigseguimos ter uma visão papel do chefe. O que antes ma bem interessante. Só me dos docentes e saber onde era um depósito de professopreocupa o fato de estarmos devemos investir um tempo res, agora vai ter um porquê vivendo numa realidade exum maior e, evidentemente, de existir. Vai ter planejamentremamente individualista e o o quanto é possível alavanto, vai ter execução, vai ter objetivo dessa avaliação é um car e também fortalecer ou meta, então, vai poder acomtrabalho em grupo.” Aristides salientar aquela força do panhar mais o andamento Augusto Palhares Neto – departamento.” José Paes do processo e a qualidade Chefe do Departamento de Oliveira Filho – Vice-chefe do professor.” Carlos Alberto Cirurgia e Ortopedia – FM em exercício do DepartaAnaruna – Chefe do DeparBotucatu mento de Clínica Veterinátamento de Educação Física ria – FMVZ Botucatu – IB Rio Claro “Eu acho que o treinamento foi esclarecedor e agora é tra“Eu acho que é um avanço “Entendo que é um planebalhar nas planilhas para ver em relação à avaliação anjamento para que haja uma se teremos mais alguma dúviterior, que era muito quantiorganização departamental. da, porque é só trabalhando tativa. Eu só não sei se é o Eu acho que é uma forma mesmo para surgir dúvidas momento ideal para imdiferente e tem tudo para pontuais.” Márcia Gramie plantar uma nova avaliação, ser uma maneira correta de - Chefe do Departamento porque tem departamentos se avaliar, devido às grandes de Análises Clínicas – FCF que estão muito diminuídos, diferenças que temos na Araraquara muito sobrecarregados e Unesp”. Marcelo Nalin – essa vai ser mais uma tarefa. Chefe do Departamento de “Eu achei que essa reunião O treinamento foi bom, não Química Geral e Inorgânica foi muito produtiva. Sobre a tenho nenhum óbice.” Mau– IQ Araraquara nova metodologia, eu acho ra Seiko Tsutsui – Chefe do

“Eu achei ótimo, porque vai dar uma nova visão, inclusive, para o público externo, para que tome conhecimento de todo o trabalho decente. Quanto ao evento, sanou várias dúvidas, então, acho que daqui para frente é só nos empenharmos, que vamos conseguir.” Rosângela Bitonti – Assistente Administrativo do Departamento de Letras Modernas – Ibilce São José do Rio Preto “Eu acho que vai tirar muita gente da zona de conforto, mas acho que a universidade tem que acompanhar os tempos, e, realmente, espero que seja para melhor.” Ana Cláudia Okamoto – Chefe do Departamento e Patologia e Propedêutica Clínica – FO Araçatuba “O paradigma pode ser interessante, mas no atual momento da universidade é quase irrealizável. A sobrecarga de trabalho que o chefe já tem na unidade é monumental, então, é mais uma atividade que teremos que realizar para encontrar uma agenda e nos reunirmos com os docentes, que estão todos sobrecarregados.” Rodrigo Pelloso Gelamo – Chefe do Departamento de Didática – FFC Marília “Eu achei a mudança muito positiva. Veio ao encontro de um desejo da comunidade, que era mudar a

sistemática de avaliação. Acho que essa avaliação é mais participativa, democrática e colaborativa. É um aprendizado. Vai ser difícil.” Rodrigo Barbosa Lopes –Chefe do Departamento de Educação – FCT Presidente Prudente “É um passo importante que a universidade deu hoje, mas vai nos custar muito trabalho e muita reflexão para aperfeiçoar a prática de planejamento e a avaliação da nossa universidade.” Paulo Henrique Martinez – Chefe do Departamento de História – FCL Assis “Considero esse novo paradigma de avaliação um marco para a Unesp em termos de planejamento. O treinamento foi esclarecedor e acredito que todos nós saímos preparados para seguir com esse projeto.” Karina Anhezini de Araújo – Chefe do Departamento de História – FCHS Franca “Acho que vai ser todo um processo de mudança, com uma série de desafios. O maior desafio é comportamental. Vai haver conflitos, mas acho que isso é parte do jogo, que é de construção.” Sheila Farias Alves Garcia – Chefe do Departamento de Economia, Administração e Educação – FCAV Jaboticabal


12

Julho 2018

Geral

Unesp renova convênio com Instituto Confúcio Em discurso em Pequim, reitor destaca parceria, que se estenderá por mais cinco anos Divulgação

A

Unesp formalizou em julho a renovação, por mais cinco anos, do convênio com o Instituto Confúcio, instituição ligada ao Ministério da Educação da China, na reunião anual do Conselho da Matriz do Instituto Confúcio (Hanban), em Pequim. A parceria entre a Unesp e o Instituto Confúcio está completando dez anos em 2018. A reunião do Conselho foi realizada nos dias 16 e 17 de julho e contou com a presença do reitor da Unesp, professor Sandro Roberto Valentini, do diretor do Instituto Confúcio na Unesp, professor Luís Antonio Paulino (FFC/Marília), e do vice-ministro da Educação da China, Tian Xuejun, além de outros membros do Conselho da Matriz da ins-

tituição chinesa, que atua para divulgar a cultura e a história do país asiático e fortalecer o intercâmbio cultural e acadêmico. Como membro do Conselho da Matriz do Instituto Confúcio, órgão máximo de deliberação da entidade, o reitor da Unesp valorizou, em seu discurso durante a reunião, as plataformas de intercâmbio entre nações e culturas como forma de contribuir para superar as tensões globais e destacou os resultados positivos da parceria entre a Unesp e o instituto chinês, citando os mais de 11 mil alunos que já passaram pelo Instituto Confúcio na Unesp e as centenas de estudantes da Universidade que puderam participar de programas de intercâmbio na China. “Quando as pessoas esta-

O professor Valentini assina renovação de acordo com Instituto belecem laços de amizade e confiança entre si, quando compartilham valores e crenças, as possibilidades de construir relações pacíficas e colaborativas entre as nações aumentam

significativamente”, discursou o reitor Sandro Valentini, que citou em sua fala as colaborações entre pesquisadores brasileiros e chineses em artigos científicos e também as cooperações entre

o Instituto Confúcio e as empresas chinesas estabelecidas nos diversos países. “Pretendemos fortalecer ainda mais o Instituto Confúcio na Unesp, considerando seu papel estratégico na formação de uma nova geração de pesquisadores e profissionais que atuarão de maneira mais eficiente nas parcerias entre Brasil e China”, afirmou Sandro Valentini. O reitor Sandro Valentini tomou posse em dezembro como membro do Conselho da Matriz do Instituto Confúcio, sendo o primeiro reitor de uma universidade da América Latina a assumir uma cadeira no órgão. As despesas da viagem à China do reitor da Unesp foram pagas pela Matriz do Instituto Confúcio.

Inclusão na pós Editora e Pró-reitoria lançam novos e.books

O

Programa de Pós-Graduação em Geografia, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, Câmpus de Presidente Prudente, instituiu uma política de ações afirmativas para o curso. A instrução normativa, de maio de 2018, prevê a reserva de vagas para candidatos negros, pardos, indígenas, deficientes e pessoas oriundas de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa. As cotas deverão ser aplicadas já no processo seletivo de 2019, com 20% de vagas reservadas a esses candidatos. A previsão é que esse percentual aumente progressivamente nos próximos anos, chegando a 50% de reserva de vagas em 2021. A política de ações afirmativas tem como objetivo promover a inclusão social e dar força à redução da desigualdade e da discriminação na comunidade. De acordo com o professor Everaldo Santos Melazzo, coordenador do programa de pós-graduação em geografia da Unesp em Presidente Prudente, a implementação da política surgiu a partir de reuniões com o corpo discente. As demandas dos estudantes foram posteriormente estudadas, apri-

moradas e aprovadas pelo conselho do programa na unidade. Para Melazzo, o passo fundamental agora é aprimorar ainda mais as normas e ajudar na sua disseminação pela Unesp. Segundo o coordenador, já houve interesse de outras unidades em instituir ações afirmativas na pós-graduação. “Nós queremos muito disseminar isso, porque a gente acredita que é um caminho correto para a pós-graduação. As desigualdades históricas desse país exigem a aplicação de ações afirmativas e a universidade pública não pode se furtar a esse debate”, afirma. Com a adoção das ações afirmativas no programa da pós em Geografia, um dos mais conceituados do país na área, a Unesp passa a integrar um minoritário grupo de instituições de ensino superior do país que oferecem as medidas na pós-graduação. A instrução normativa do Programa de Pós-graduação em Geografia, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp em Presidente Prudente, pode ser vista na íntegra através do seguinte endereço: <https://bit.ly/2mW2q4Q>.

Imagens Reprodução

A

Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PROPG) e a Fundação Editora da Unesp (FEU) trazem ao público nove livros digitais aprovados no Programa de Edição de Textos de Docentes da Unesp em 2017. A coleção Propg-FEU Digital, uma das primeiras de e.Books do país, foi iniciada em 2010, com a disponibilização de 44 obras para download gratuito. O projeto tem como objetivo democratizar a produção acadêmica - todos os títulos são assinados por docentes da Unesp e abordam temas os mais variados dentro das diferentes áreas do conhecimento. Veja mais detalhes sobre os livros e também o link para o download gratuito:

Coleção PROPG-FEU Digital foi iniciada em 2010 informação cadastral nos municípios, de Amilton Amorim, Marcos Aurélio Pelegrina e Rui Pedro Julião (Geografia)

Inside ticks: morphophysiology, toxicology and therapeutic perspectives, de Camargo-Mathias (Ciências Biológicas)

Climatologia escolar: saberes e práticas, de Diego Corrêa Maia (Geografia)

Machado de Assis: antes do livro, o jornal (suporte, mídia e ficção), de Lúcia Granja (Letras e Lingüística)

Entre a literatura e o ensino: a formação do leitor, de Maria do Rosário Longo Mortatti (Educação)

A máscara no teatro moderno: do avesso da tradição à contemporaneidade, de Vinícius Torres Machado (Artes)

Guia ilustrado de cateterização vascular em ratos, de Patrícia Fidelis de Oliveira (Ciências Biológicas)

Cadastro e gestão territorial: uma visão luso-brasileira para a implantação de sistemas de

Ilustres ordinários do Brasil, de Jean Marcel Carvalho França (História do Brasil)

Riscos sobre música: ensaios - repetições - provas, de Flo Menezes (Música)

Os e.books podem ser acessados em: <http://editoraunesp.com.br/ catalogo/ebooks>.


Gente

Docente editará revista de sensoriamento remoto

Julho 2018

13

Unesp reeleita em Conselho de Recursos Hídricos Divulgação

A

Convite reflete prestígio de programa de pós, segundo Alcântara pesquisa. No PPGCC de Presidente Prudente, é orientador de mestrado e doutorado e responsável pela disciplina Comportamento Espectral de Alvos. É revisor ad-hoc do CNPq, da Fapesp e de agências internacionais. Atua principalmente nas linhas de pesquisa relacionadas a sensoriamento remoto do meio ambiente, análise espacial de dados geográficos e modelagem ambiental.

Unesp foi reeleita, em reunião realizada do dia 18 de julho, no Ministério do Meio Ambiente, para o cargo de representante das Organizações Técnicas e de Ensino e Pesquisa (OTEP) do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Jefferson Nascimento de Oliveira, professor da Faculdade de Engenharia, do Câmpus da Unesp de Ilha Solteira (FEIS), foi indicado como representante da Universidade no Conselho. O CNRH é um órgão colegiado que desenvolve regras de mediação entre os diversos usuários da água, sendo, assim, um dos grandes responsáveis pela implementação da gestão dos recursos hídricos no país. Por articular a integração das políticas públicas no Brasil, é orientador para um diálogo transparente no processo de decisões no campo da legislação de recursos hídricos. O Conselho é composto por

representantes dos ministérios e secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos, pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, pelos usuários e por organizações civis da área. O professor Oliveira possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Alagoas (1988), mestrado (1994) e doutorado (2002) em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de engenharia sanitária, com ênfase em recursos hídricos. Atua principalmente nos temas de águas subterrâneas, gerenciamento de recursos hídricos e drenagem urbana. Atualmente é o coordenador geral do Programa de Pós-Graduação - Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos - ProfÁgua. Divulgação

O

professor Enner Alcântara, do Instituto de Ciência e Tecnologia, Câmpus da Unesp de São José dos Campos, será o editor convidado da revista científica Remote Sensing. O docente participará da edição especial que destaca o uso de dados de sensoriamento remoto no estudo de grandes rios, uma de suas áreas de atuação no Programa de Pós-Graduação em Ciências Cartográficas (PPGCC) da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Câmpus de Presidente Prudente. A Remote Sensing é uma revista internacional focada na publicação de artigos que fazem uso de dados de sensoriamento remoto. “Fazer parte dessa edição especial como editor convidado é importante, porque dá mais visibilidade ao trabalho que estamos desenvolvendo na área de sensoriamento remoto no PPGCC”, aponta Alcântara. O PPGCC atua em três linhas de pesquisa principais: posicionamento e sensoriamento remoto geodésico, computação de imagens e cartografia e sensoriamento remoto. Para o docente, os trabalhos produzidos pelo programa têm ganhado cada vez mais destaque, tanto no cenário nacional quanto no internacional. “O convite para ser editor, portanto, não se deve apenas às minhas pesquisas, mas às de vários outros pesquisadores que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento da área de sensoriamento aplicado ao monitoramento do meio ambiente”, destaca. Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, o professor Alcântara é líder do Grupo de Pesquisa em Óptica Hidrológica e participa de diversos grupos de

A revista Remote Sensig pode ser acessada no endereço: <https://bit.ly/2NUIQBh>. Mais informações sobre o grupo de pesquisa podem ser obtidas no site: <http://sertie.fct.unesp.br>

Oliveira foi indicado representante da Universidade no órgão

“Batismo” de novo fungo homenageia pesquisador Divulgação

U

ma espécie recém-descoberta de fungo recebeu o nome de Ceratobasidium niltonsouzanum. Esse “batismo” foi uma homenagem ao professor Nilton Luiz de Souza (1943-2007), que durante cerca de 30 anos atuou como docente da disciplina de Fitopatologia Geral e Aplicada no curso de Agronomia da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), Câmpus da Unesp de Botucatu. No Programa de Pós-graduação em Proteção de Plantas, Souza formou mais de 25 pesquisadores, que atualmente atuam em diver-

Durante 30 anos Souza atuou como docente no curso de Agronomia sos Estados brasileiros, nos Estados Unidos, na Holanda e na Suíça. Publicou mais de 70 estudos em periódicos nacio-

nais e internacionais e apresentou mais de 170 trabalhos em eventos cientificos. O professor também foi homenageado com um texto publicado na SciELO (Scientific Electronic Library Online), banco de dados bibliográfico, biblioteca digital e modelo cooperativo de publicação digital de periódicos científicos brasileiros de acesso aberto. O texto, assinado pela Comissão Editorial da revista Summa Phytopathologica e por alunos de pós-graduação orientados pelo pesquisador, fala da carreira de Souza e enfatiza: “Dessa forma, em nome dos fitopato-

logistas, depositamos nestas poucas linhas as nossas saudosas lembranças do grande mestre e excelente amigo que deixou este plano”. A celebração da memória do estudioso ocorreu após a descoberta de duas novas espécies de fungos fitopatogênicos que atingem importantes culturas tropicais do Brasil: café, chá, pitanga, neem e caqui. A identificação das novas espécies de fungo Ceratobasidium foi resultado das pesquisas conjunta dos professores Paulo Cezar Ceresini, da Faculdade de Engenharia (FEIS) da Unesp, câmpus de Ilha Solteira, e Edson Luiz Furtado, da Facul-

dade de Ciências Agronômicas (FCA), da Unesp, Câmpus de Botucatu, em coautoria com docentes da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), da Universidade Federal de Roraima (UFRR), da Universidade Federal de Lavras (UFLA/MG), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), da Embrapa-Jaguariúna-SP e da Incaper, do Espírito Santo. A outra espécie identificada pelo grupo, em café e em caqui, foi denominada como Ceratobasidium chavesanum, em homenagem a Augusto Chaves Batista, outro importante fitopatologista brasileiro.


14

Julho 2018

Alunos

Novidade contra ferrugem Doutoranda é premiada na Holanda por desenvolver filmes que protegem metais contra a corrosão Divulgação

E

ntre os dias 26 e 29 de junho, a doutoranda do Andressa Trentin participou do European Technical Coatings Congress (ETCC 2018), realizado em Amsterdã (Holanda). Durante o evento, ela recebeu o prêmio Best Young Scientist Contribution, por sua pesquisa relacionada à proteção de superfícies metálicas contra a ferrugem. O trabalho de Andressa obteve filmes muito finos com elevada eficiência anticorrosiva. Segundo a doutoranda do Instituto de Química (IQ), Câmpus da Unesp de Araraquara, esses filmes são capazes de substituir espessas camadas de tintas com a mesma eficiência devido à elevada adesão ao metal e à formação de uma

Da esq. para a dir.: Peter Hammer, Tom Hauffman, Andressa Trentin, Herman Terryn e Philippe Janssens (tesoureiro da Fatipec) barreira densa contra o ataque corrosivo, a ferrugem. O estudo foi realizado dentro do Grupo de Físico Química de Materiais (GFQM), de Araraquara, que há cerca

de 15 anos tem desenvolvido e aperfeiçoado a síntese de revestimentos híbridos com o objetivo de proteger superfícies metálicas. Andressa desenvolve seu projeto de doutorado sob a

Aluno de Ilha Solteira é destaque em Zootecnia

der o tempo de vida de partes metálicas em aviões, carros e pontes, por exemplo, gerando grande economia de recursos, adequação com as legislações ambientais e redução do índice de acidentes causados por corrosão. “O prêmio mostra que estamos no caminho certo e valoriza a pesquisa realizada no Brasil em colaboração com a Bélgica. Além de ser importante para minha carreira, a condecoração deve incentivar a ampliação da rede de colaborações dos pesquisadores brasileiros com universidades estrangeiras”, destaca. O prêmio é oferecido pela Fatipec (Federation of Associations of Technicians for Industry of Paints in European Countries).

Projeto vence concurso Tok&Stok de design Divulgação

O

aluno Matheus Souza de Paula Carlis, do curso de graduação de Zootecnia do Câmpus de Ilha Solteira, foi o vencedor do Prêmio Destaque Estudantil em Zootecnia (Estudante Dez), promovido anualmente pela Associação Brasileira de Zootecnistas (ABZ). Estudante da rede pública no ensino médio, Matheus recebeu apoio de permanência estudantil ao longo de sua trajetória acadêmica na Unesp. “Espero que essa conquista ajude no reconhecimento da qualidade do curso de Zootecnia da Unesp de Ilha Solteira e que sirva como inspiração para que alunos e professores continuem empenhados para a melhoria do mesmo”, destacou o estudante. “Para um aluno que veio de escola pública, da moradia estudantil, e que sempre necessitou dos auxílios de permanência estudantil, ser premiado como melhor estudante de Zootecnia do Brasil mostra que todo esforço e dedicação foram mais do que recompensadores.” Matheus foi indicado pela coordenação do curso por seu desempenho acadêmico e perfil para o futuro desempenho

supervisão do professor Peter Hammer. Atualmente, está realizando um intercâmbio na Vrije Universiteit Brussel, na Bélgica, sob supervisão dos professores Herman Terryn e Tom Hauffman. “Essa tecnologia proporciona grande economia à industria e também constitui uma alternativa aos revestimentos com base em conversão de cromo hexavalente, compostos cancerígenos e atualmente proibidos no mundo inteiro”, explica. O trabalho mostrou que é possível substituir esses filmes híbridos por sais de cério e lítio, também conhecidos como revestimentos inteligentes, causando uma regeneração da corrosão em pequena escala. A tecnologia é capaz de esten-

Julia Tonin e Heloísa Manduca - Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI/FAAC) Reprodução

Matheus recebeu apoio de permanência estudantil na Unesp profissional. Ao longo do curso, integrou três grupos de pesquisa em Ilha Solteira: o Grupo de Estudos em Síntese Orgânica e Produtos Naturais, o Núcleo de Estudos em Forrageiras Tropicais e o Grupo de Estudos de Aves. O estudante premiado também participou da empresa júnior de Zootecnia (Anifrot), foi representante discente, colaborador do Centro Acadêmico, bolsista de iniciação científica da Fapesp e apresentou sete

trabalhos em congressos locais e nacionais. Foi premiado três vezes como melhor aluno em Zootecnia do Câmpus de Ilha Solteira. O nome de Matheus foi escolhido entre diversos inscritos por uma comissão julgadora formada pelas professoras Antônia Ribeiro (Unimontes), Cristina Manno (UFRA) e Verônica Oliveira Vianna (UEPG); e pelos professores Paulo Roberto Rorato (UFSM) e Severino Barbosa Benone (UFRPE).

Os alunos Renan Albano e Daniel Fidelis, ambos do curso de Design, ficaram em primeiro e quarto lugar, respectivamente, no concurso cultural Tok&Stok Universitário. O objetivo da disputa foi desenvolver um móvel e a sua embalagem conforme o tema proposto pela empresa: “Pronta Retirada”. O concurso foi dividido em duas fases, teve início no ano passado e foi concluído em 4 de maio, com uma cerimônia em São Paulo para a divulgação dos vencedores. Para conquistar o primeiro lugar, Renan, aluno do quarto ano, desenvolveu um banco de balanço prático para que o próprio cliente pudesse montar e desmontar. Ele relata que, inicialmente, pensou em fazer um armário ou guarda-roupa. “Mas tinha um trabalho muito grande para o cliente sozinho carregar o produto”, comenta. “Fui diminuindo cada vez mais o móvel e me encontrei no banquinho. Fiz vários sketchs e foi dando forma.” Tanto Renan quanto Daniel foram orientados pelo professor Cláudio Goya, do Departamento de Design da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), Câmpus da Unesp de Bauru. Os esforços renderam premiação de R$ 10 mil para o primeiro

Cliente pode montar e desmontar banco projetado por Renan lugar e a produção do protótipo do móvel. O classificado em quarto lugar, Daniel, levou menção honrosa. Já o orientador recebeu como prêmio um vale móvel da loja no valor de R$ 3 mil. Daniel, que participa de todos os concursos da Tok&Stok desde 2013, considera que concluiu a graduação com bom nível de desenho e projeto. “Atingi o objetivo que me propus na faculdade. Agora redefino os próximos”, afirma. A expectativa futura do estudante é seguir desenvolvendo peças que respondam às necessidades reais dos usuários, como foi feito com a cadeira Goitacá, desmontável, resistente e acessível.


Geral

Julho 2018

15

AGÊNCIA UNESP DE INOVAÇÃO

“Vitrine de Inovações” na nova plataforma da agência

N

o mês de julho, foi lançada na plataforma da AUIN a versão inicial da “Vitrine de Inovações”, que reúne as tecnologias desenvolvidas pelos pesquisadores da Unesp e pesquisadores parceiros. Trata-se de um espaço de informação que torna públicas e acessíveis as produções industriais da Unesp com potencial comercial e que propõem soluções a problemas da sociedade. Elas também são chamadas de invenções e passam por um processo de cadastramento para proteção até serem lançadas na plataforma. A divulgação dessas tecnologias da Unesp é muito importante para atrair empresas ou outros parceiros que desejem explorar a tecnologia. A “Vitrine de Inovações” foi lançada para se alinhar e acelerar a proposta de transferir o conhecimento gerado no âmbito acadêmico para produtos e serviços que beneficiem a sociedade.

A ideia é que não só a comunidade científica tenha conhecimento das tecnologias que são produzidas pela Unesp, mas também que empresas e outras organizações possam se interessar, colocá-las em uso e promover o aproveitamento do conhecimento que pode ou não ter cunho econômico. Isso também permite que estudantes e jovens pesquisadores se conectem com as oportunidades de trabalho e se aproximem do empreendedorismo e da inovação. Para conhecer as tecnologias já cadastradas na plataforma, é necessário acessar a aba <Empresas> e deslizar para conhecê-las. O conteúdo de cada uma delas abrange: o problema que motivou seu desenvolvimento; as possíveis soluções que propõem; os níveis de desenvolvimento (se estão em fase de laboratório ou protótipo, por exemplo); as informações gerais, como data de depósito, código e número de registro e os nomes

GOVERNADOR: Márcio França SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO SECRETÁRIO: Jânio Francisco Benith

dos inventores responsáveis pelo desenvolvimento. Até o fechamento desta edição, havia 21 tecnologias na vitrine. A agência ressalta que elas têm sido cadastradas pouco a pouco por que não há condições de elaborar o material e cadastrar todas as mais de 600 tecnologias do nosso portfólio de imediato. A agência também mantém sua participação em feiras, congressos e eventos em geral para divulgar suas tecnologias às empresas e apresentar o portfólio das invenções. Além disso, um programa de cooperação com os parques tecnológicos do Estado de São Paulo está sendo implementado, incluindo a realização de rodadas de negócios. Nelas, as tecnologias são apresentadas às empresas. Com a nova plataforma, essa tarefa será facilitada, pois o acesso às invenções se tornou mais abrangente e prático.

Estudantes dos EUA realizam estágio no IBTEC/Botucatu Divulgação

Q

uatro estudantes do Santa Fe College, de Gainsville, Flórida, Estados Unidos, realizaram estágio em biotecnologia no Instituto de Biotecnologia (IBTEC) da Unesp, em Botucatu, por três semanas no mês de julho. Clay Abraham, Martha Young, Katherine Robinson, Rorie Oglesby são orientados por Alejandra Maruniak, professora associada de Biotecnologia do Centro Perry de Tecnologias Emergentes. “A presença da delegação internacional no IBTEC mostra o reconhecimento da qualidade dos nossos laboratórios e da investigação científica realizada no Instituto”, declarou o coordenador executivo do IBTEC, professor Celso Luís Marino. “Outro aspecto importante foi a oportunidade que se abriu para a troca de experiências entre os alunos americanos e os brasileiros e deles com os docentes.” Durante o estágio, os alunos de graduação aprendem aplicações das técnicas moleculares

REITOR: Sandro Roberto Valentini VICE-REITOR: Sergio Roberto Nobre PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E GESTÃO: Leonardo

Theodoro Büll PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO: Gladis Massini-Cagliari PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO: João Lima Sant’Anna Neto PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:

Cleopatra da Silva Planeta PRÓ-REITOR DE PESQUISA: Carlos Frederico de Oliveira Graeff SECRETÁRIO-GERAL: Arnaldo Cortina CHEFE DE GABINETE: Carlos Eduardo Vergani ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA : Fabio Mazzitelli de Almeida ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA DE INFORMÁTICA :

Ney Lemke ASSESSOR-CHEFE DA ASSESSORIA JURÍDICA :

Edson César dos Santos Cabral ASSESSOR-CHEFE DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO:

José Roberto Ruggiero ASSESSOR-CHEFE DE RELAÇÕES EXTERNAS:

José Celso Freire Júnior ASSESSOR ESPECIAL DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO:

Rogério Luiz Buccelli DIRETORES/COORDENADORES-EXECUTIVOS DAS UNIDADES UNIVERSITÁRIAS:

Max José de Araújo Faria Júnior (FMV-Araçatuba), Wilson Roberto Poi (FO-Araçatuba), Luis Vitor Silva do Sacramento (FCF-Araraquara), Elaine Maria Sgavioli Massucato (FO-Araraquara), Cláudio César de Paiva (FCL-Araraquara), Eduardo Maffud Cilli (IQ-Araraquara), Andréa Lúcia Dorini de Oliveira (FCL-Assis), Marcelo Carbone Carneiro (FAAC-Bauru), Jair Lopes Junior (FC-Bauru), Luttgardes de Oliveira Neto (FE-Bauru), Carlos Frederico Wilcken (FCA-Botucatu), Pasqual Barretti (FM-Botucatu), Maria Dalva Cesario (IB-Botucatu), José Paes de Almeida Nogueira Pinto (FMVZ-Botucatu), Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo (FCAT-Dracena), Murilo Gaspardo (FCHS-Franca), Mauro Hugo Mathias (FE-Guaratinguetá), Enes Furlani Junior (FE-Ilha Solteira), Antonio Francisco Savi (Itapeva), Pedro Luís da Costa Aguiar Alves (FCAV-Jaboticabal), Marcelo Tavella Navega (FFC-Marília), Edson Luís Piroli (Ourinhos), Rogério Eduardo Garcia (FCT-Presidente Prudente), Patrícia Gleydes Morgante (Registro), Cláudio José Von Zuben (IB-Rio Claro), José Alexandre de Jesus Perinotto (IGCE-Rio Claro), Guilherme Henrique Barris de Souza (Rosana), Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira (Ibilce-São José do Rio Preto), Estevão Tomomitsu Kimpara (ICT-São José dos Campos), Valerie Ann Albright (IA-São Paulo), Marcelo Takeshi Yamashita (IFT-São Paulo), Marcos Antonio de Oliveira (IB/CLP-São Vicente), Eduardo Paciência Godoy (ICT-Sorocaba) e Danilo Fiorentino Pereira (FCE-Tupã).

EDITOR: André Louzas REDAÇÃO: Marcos Jorge e Jorge Marinho COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Amanda Fernandes, Julia Tonin,

Da esq. para a dir.: Clay, Martha, Katherine e Rorie, a professora Alejandra e o coordenador do IBTEC Celso Luis Marino utilizadas nos diversos campos de pesquisa desenvolvidos no Instituto, por meio do acesso aos laboratórios nas áreas de biotecnologia florestal, vírus animal, diagnóstico molecular em veterinária, carcinogênese viral, análises genéticas de doenças infecciosas e banco de germoplasma vegetal. Pró-reitor de Pesquisa da Unesp, o professor Carlos Graeff destaca o fato de alunos dos EUA realizarem estágio em Botucatu. “Este é, portanto, um claro indicador da qualidade da pesquisa e da infraestrutura que o IBTEC

oferece, motivo de orgulho para toda a nossa comunidade acadêmica”, assinalou. Os alunos da faculdade norte-americana ficaram entusiasmados com o estágio na Unesp. “A pesquisa conduzida aqui é verdadeiramente inovadora e pode ajudar a resolver os problemas atuais do mundo. Todos os professores e alunos do IBTEC não são apenas especialistas em protocolos e técnicas, mas também extremamente acolhedores”, comentou Clay Abraham.

Heloísa Manduca e Victória Flório (texto); Bruno Garcia Luize, Iago Bueno da Silva e Uli Benz (foto). EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Phábrica de Produções Alecsander Coelho e Paulo Ciola (direção de arte); Daniela Bissiguini, Érsio Ribeiro, Kauê Rodrigues e Marcelo Macedo (diagramação) APOIO ADMINISTRATIVO: Thiago Henrique Lúcio Este jornal, órgão da Reitoria da Unesp, é elaborado mensalmente pela Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI). A reprodução de artigos, reportagens ou notícias é permitida, desde que citada a fonte. ENDEREÇO: Rua Quirino de Andrade, 215, 4.º andar, Centro, CEP 01049-010, São Paulo, SP. Telefone: (11) 5627-0323. HOME PAGE: http://www.unesp.br/jornal E-MAIL: jornalunesp@reitoria.unesp.br

VEÍCULOS Unesp Agência de Notícias: <http://unan.unesp.br/>. Rádio Unesp: <http://www.radio.unesp.br/>. TV Unesp: <http://www.tv.unesp.br/>.


16

Julho 2018

Artes visuais

RAZÃO E SENSIBILIDADE Grupo trabalha temas artísticos com base em teorias científicas contemporâneas

Amanda Fernandes

A

arte contemporânea apresenta diversas correntes, com obras que vão da exploração do corpo do artista ao uso dos mais variados dispositivos técnico-científicos. Uma dessas tendências é a chamada Arte Interativa, que busca explorar a tecnologia por meio de sua relação com o público, a partir do uso de recursos como projeções e sensores, por exemplo. Outra corrente é a Arte Pós-digital, que visa investigar novos olhares sobre a tecnologia. Atento a essas questões, o artista plástico e professor Milton Terumitsu Sogabe criou o grupo cAt, no Instituto de Artes da Unesp em São Paulo. TRAJETÓRIA E PRODUÇÃO Fundado em 2009, o cAt, acrônimo de ciência Arte e tecnologia, é um grupo de pesquisa credenciado no CNPq que conta com a participação de docentes e alunos do Instituto em São Paulo, pesquisando a Arte Interativa e a Arte Pós-digital. Segundo Sogabe, sua trajetória

artística nessa temática impulsionou a criação do grupo, juntamente com a necessidade de um espaço de formação, experiência e vivência coletiva para construção de conhecimento. Desde seu surgimento, o cAt recebe todos os alunos de graduação e pós-graduação que se interessem por essa modalidade de criação. Além disso, mantém uma parceria com outro grupo do Instituto de Artes, o Giip – Grupo Internacional e Interinstitucional de Pesquisa em Convergências entre Arte, Ciência e Tecnologia, coordenado pela professora Rosangela Leote, e com o grupo Realidades da Escola de Comunicação e Artes da USP, coordenado pela professora Silvia Laurentiz e pelo artista Marcus Bastos. “Pensamos que a relevância do trabalho do grupo para a Universidade está em somar aos outros grupos o desejo de pensar a realidade na qual vivemos e transformá-la para melhor, através do conhecimento, e aqui no caso da poética também”, sinaliza Milton.

As obras são produzidas coletivamente a partir de pesquisas individuais de cada integrante, que são debatidas com o grupo. A partir da idealização da obra, são estudadas as formas de sua construção, com reflexão e pesquisa coletiva. O professor ainda ressalta que todas as obras produzidas são acompanhadas de um material que condensa as informações dos trabalhos ao público. “As pesquisas, que geralmente são teórico-práticas ou prático-teóricas, trabalham algum assunto artístico apoiadas por teorias científicas contemporâneas e tecnologias. No processo criativo, como não há regras, a obra pode começar pela exploração de um dispositivo tecnológico e depois, através da pesquisa, os conceitos de outras áreas do conhecimento são incorporados e discutidos, enriquecendo a obra, ou muitas vezes a obra tem início com um conceito da ciência que vai sendo materializado através da linguagem poética, com ajuda da tecnologia”, explica o professor Milton.

Ainda segundo o coordenador, o principal contexto tratado nas criações aborda questões relativas à interação entre o ser humano e diferentes tipos de energia, utilizando a tecnologia não só como um dispositivo para construção do projeto, mas como parte constituinte da poética das obras. OBRAS E DESTAQUES Com o objetivo de promover cada vez mais o aprimoramento dos alunos, a produção do grupo, seja bibliográfica ou poética, é sempre apresentada em encontros e congressos. Algumas das obras do cAt já foram exibidas em mostras em Portugal, Colômbia, Áustria, Brasília, dentre outras. “A arte não tem o objetivo de buscar verdades como a ciência, embora tenhamos visto na história da humanidade que ambas dizem coisas semelhantes, de formas diferenciadas, cada qual com sua linguagem, mas criando novas percepções da realidade”, afirma Sogabe. “Se fossemos falar em desafio,

diríamos que a arte pós-digital ou a arte em geral busca entender nossa época e o futuro que está por ser construído, fazendo parte dessa construção, seja através de proposições ou de questionamentos.”

Atual estrutura do grupo cAt: Docentes: Milton Terumitsu Sogabe (Unesp – coordenador) Fernando Luiz Fogliano (Unesp – coordenador) Denise Camargo (Universidade de Brasília) Alunos: Adriano Vilela Mafra Bruno Lopes Saisi Carolina Peres Cleber Gazana Daniel Malva Danilo Crispim Fabio Oliveira Nunes Melina Furquim Mirian Steinberg Roberta Carvalho Rodrigo Campos Rodrigo Dorta Soraya Braz Tiago Rubini

Fotos divulgação

DENTRE AS PRINCIPAIS OBRAS DO GRUPO DESTACAM-SE “SOPRO” E “TOQUE”:

SOPRO Desenvolvida em 2015, é uma obra interativa que propõe utilizar a energia do público para “despertar” a tecnologia. O sopro de uma pessoa aciona uma ventoinha conectada a um motor de aparelho de DVD, que gera energia para movimentar esferas de acrílico em suspensão num compartimento com água. A próxima exibição da obra ocorre no Canadá em agosto.

TOQUE Produzida em 2017, utiliza o calor do corpo como estopim e interação na obra. O toque das mãos em uma célula Peltier – uma placa que converte o calor em energia – movimenta um pequeno motor que produz uma vibração sonora na obra.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.