EDIÇÃO
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NOVEMBRO 2017
TEMPO DE
12o SIAC - Seminário Internacional ACREFI
CRESCER
Hilgo Gonçalves
Affonso Pastore
Mauro Leos
Paulo Rabello
David Hensley
Sidnei Marques
Valkíria Garré
UM NOVO BRASIL: Importantes nomes da economia afirmam no 12o SIAC que o País está no caminho certo, mas é preciso estar atento às reformas estruturais
2 FINANCEIRO I novembro 2017
editorial
CRESCER , para valer
e para sempre
E
stamos chegando ao final de 2017 e observamos que o lema “Brasil, Tempo de Crescer”, adotaHilgo Gonçalves do pela ACREFI no Presidente da ACREFI início deste ano, vai se confirmando. Os indicadores mostram que a retomada já é uma realidade e, mais importante, apontam para um 2018 ainda melhor, apesar dos desafios que continuam no horizonte, os quais estão endereçados. Esse quadro foi confirmado durante o 12o SIAC, nosso tradicional seminário internacional, que este ano contou com número recorde de participantes e com palestras de especialistas de primeira linha. O diagnóstico dos renomados palestrantes apontou para um crescimento mais robusto em 2018, baseado, entre outros pontos, no aumento da confiança, na redução do endividamento das famílias e nos dados animadores quanto a inflação, juros e exportações e também no cenário externo favorável. Neste momento, o consumidor está mais confiante em sua situação financeira e mais otimista quanto ao futuro da economia brasileira. Essa postura foi confirmada na pesquisa ACREFI/ Kantar TNS apresentada no 12o SIAC. Em sua nova onda, o levantamento mostra que os brasileiros estão mais otimistas quanto ao futuro. A disposição para juntar forças em favor do crescimento sustentável é mais do que necessária, já que ainda temos muitos desafios pela frente. Os anos de retração do PIB nos deixaram lições importantes, que precisam ser aproveitadas para que evitemos repetir os erros do passado. Precisamos colocar em prática o aprendizado que os anos de recessão nos deixaram e construirmos um novo futuro. O setor de crédito está pronto para fazer sua parte na retomada. Para isso, conta com empresários comprometidos em melhorar a oferta de crédito, levando em conta que
é preciso ouvir sempre o consumidor para oferecer o produto adequado no momento certo. Como exemplo, citamos o apoio nas iniciativas do Programa Cidadania Financeira e também na aprovação das melhorias do Cadastro Positivo, todas incluídas na agenda BC+ do Banco Central do Brasil. Temos também a obrigação de pensar a longo prazo. Precisamos considerar o lema “Brasil, Tempo de Crescer” acrescentando duas palavras: “para sempre”. Necessitamos de um crescimento sustentável e duradouro e, para isso, três grandes prioridades contribuem nesse sentido. Uma dessas prioridades é a responsabilidade fiscal, que precisa valer para o governo federal, mas também para Estados e municípios e, mais ainda, também para todos nós, empresários e cidadãos. É preciso planejar para gastar menos do que ganhamos e assim gerar poupança. Aí entra em cena outra prioridade: a necessidade de formar poupança, tanto interna quanto externa, sem as quais o País não terá como crescer para valer. Entre as prioridades do Brasil, é necessário destacar a educação, que precisa de um foco mais amplo. Deve ser obrigatoriamente uma política de Estado, e não de governo. Precisa também do envolvimento dos empresários, criando políticas internas de incentivo ao autodesenvolvimento dos seus colaboradores. Ao priorizar responsabilidade fiscal, poupança e educação, estaremos dando passos firmes para colocar definitivamente o nosso país na trilha correta que ele merece, digno do seu tamanho e suas potencialidades. É importante sempre lembrar que: • Estamos no Brasil; • Somos o Brasil; • Temos que buscar ser protagonistas para fazer o país que queremos para nós e para deixarmos um Brasil melhor para as futuras gerações. Ótimo 2018 a todos! Brasil, Tempo de Crescer! f novembro 2017 I FINANCEIRO
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B3. INTEGRAMOS PARA POTENCIALIZAR. Empresa de infraestrutura de mercado de classe mundial, a B3 nasce para integrar o mercado e potencializar negรณcios. B3. Somos Brasil. Somos Bolsa. Somos Balcรฃo.
B3: o resultado da combinação entre a BM&FBOVESPA e a CETIP. Saiba mais em B3.COM.BR
sumário Hilgo Gonçalves Presidente da ACREFI
3 Editorial 10 12o SIAC
Palestrantes convidados pela ACREFI afirmam que o Brasil está no rumo certo, mas é preciso fazer mais
27 SIAC na Mídia
Palestrantes Celso Pastore Mauro Leos Rabello de Castro David Hensley Sidnei Marques Valkíria Garré
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Foto de capa: Cauê Diniz
28 Escreva o seu e-mail, faça seu comentário: acrefi@acrefi.org.br
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+ CONHECIMENTO 28 Seminário ACREFI
Avanços da Reforma Trabalhista
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+ CONHECIMENTO 31 Road Show Belo Horizonte
Bons ventos sopram na economia
34 Road Show Vitória
Troca de ideias com empresários capixabas
PONTO DE ENCONTRO 36 Sergio Odilon e Anselmo Araújo:
as regras que cercam o tratamento dos clientes
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Sergio Odilon e Anselmo Araújo
PERFIL DE NEGÓCIOS 41 Manheim Brasil
Remarketing de veículos
42 Painel B3
ESPAÇOS DO BEM
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44 UOPECCAN
Hospital do Câncer de Cascavel
46 Centro Infantil Divina Providência
ARTIGOS 49 Geovane Zanetti
Oportunidades da Geração Z
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50 Nicola Tingas
Recuperação cíclica do Brasil continuará em 2018
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expediente
ISSN 1809-8843
Publicação da acrefi - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 - 28°andar I São Paulo, SP Tel: (11) 3107-7177 - www.acrefi.org.br Diretoria - Biênio 2016 - 2018 Presidente Hilgo Gonçalves
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Conselho consultivo Membros Natos Alkindar de Toledo Ramos, Érico Sodré Quirino Ferreira e Manoel de Oliveira Franco Membros Alarico Assumpção Júnior, Antonio Carlos Botelho Megale, Gilson Finkelsztain, Ilídio Gonçalves dos Santos, Luiz Horácio da Silva Montenegro, Luiz Tavares Pereira Filho e Miguel José Ribeiro de Oliveira
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Sergio Tamer
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ESTAMOS NO CAMINHO CERTO
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ouco a pouco, os empresários restabelecem as forças, a confiança e o entusiasmo diante dos números positivos da economia brasileira. Essa atmosfera de retomada à prosperidade prevaleceu entre os palestrantes e os mais de 600 convidados presentes ao 12o SIAC, tradicional evento anual promovido pela ACREFI. Todos manifestavam maior segurança diante dos índices favoráveis, como o aumento da oferta de empregos, o crescimento das demandas de consumo, a redução da capacidade ociosa das empresas, a queda da taxa de juros e a disposição do governo em realizar as reformas estruturais. Esses avanços permearam os temas das palestras do encontro − realizado dia 21 de novembro, no Teatro Cetip, em São Paulo −, que reuniu: Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central e sócio fundador da A.C. Pastore & Associados; Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES; Mauro Leos, vice-presidente de Créditos Soberanos da Moody’s para a América Latina; David Hensley, diretor de Coordenação Econômica Global do J.P.Morgan; Sidnei Corrêa Marques, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central; e Valkiria Garré, CEO da Kantar TNS Brasil; acolhidos pelo anfitrião Hilgo Gonçalves, presidente ACREFI. Como destacou Hilgo em seu discurso de abertura, a economia nacional está no caminho certo, mas os objetivos só serão alcançados se cada um fizer a sua parte em nome do fortalecimento do País e do povo brasileiro. Todos devem contribuir na construção de um novo Brasil. A seguir, leia uma síntese das palestras apresentadas no 12o SIAC. Foto: Cauê Diniz
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perspectivas2017 SIAC2017
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“Estamos no Brasil, uma nação gigante pela própria natureza”
Foto: Marcos Fiore
Hilgo Gonçalves Presidente da ACREFI
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Precisamos nos unir em torno dos mesmos objetivos. Só assim construiremos um país engajado e próspero”
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Brasil tem sentido os efeitos da retomada da economia. Ao abrir o 12o SIAC, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, afirmou que esse cenário positivo pode se tornar ainda melhor com a participação efetiva da sociedade, das empresas e das entidades setoriais. “Precisamos nos unir em torno dos mesmos objetivos. Só assim construiremos um país engajado e próspero. Para isso, cada brasileiro deve ser protagonista das suas atitudes, cada um precisa fazer a sua parte”, enfatizou o presidente da ACREFI. Antes de iniciar o seu discurso, ele fez questão de agradecer a participação dos patrocinadores do evento, B3, CNseg e Serasa Experian, além dos apoiadores Bradesco Financiamentos e Credilink. Hilgo contou que a escolha do tema do 12o SIAC, “Brasil, Tempo de Crescer”, foi um lema que norteou as ações da ACREFI desde o início deste ano, pois a diretoria da entidade, desde então, já acreditava na retomada da economia. “E os índices recentes confirmam a nossa percepção, com a inflação em queda, a confiança sendo restaurada em todos os segmentos, o emprego voltando a subir, o endividamento em queda e as pessoas consumindo de forma mais consciente”, citou ele. “No entanto, precisamos continuar a olhar o Brasil pela perspecti-
va da metade cheia do copo, afinal a retomada da economia ainda está acontecendo. Por outro lado, é necessário continuar vigilantes, pois ainda temos muitos desafios pela frente.” Segundo Hilgo Gonçalves, o primeiro desafio a ser enfrentado é a Reforma Fiscal. “Não podemos gastar mais do que nós arrecadamos, seja no âmbito do governo federal, estadual ou municipal. Atenção, senhores, precisamos também fazer a nossa parte e realizar a Reforma Fiscal também dentro das nossas empresas e das nossas casas. Só com orçamentos equilibrados conseguiremos gerar poupança e conquistar maior tranquilidade diante de decisões importantes a serem tomadas”, lembrou o presidente da ACREFI. E decisões relevantes não faltam para 2018. Antes de finalizar seu discurso de abertura do 12o SIAC, Hilgo Gonçalves sintetizou: “Com a reforma fiscal, a geração de poupança e a educação financeira criaremos uma base sólida para o crescimento do nosso país. Estamos no Brasil, uma nação gigante pela própria natureza. Vamos estabelecer uma agenda positiva e acreditar no nosso país. Juntos, vamos construir o Brasil que desejamos para nós, como também o Brasil que pretendemos deixar para as futuras gerações”.
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Não vamos explodir de crescer; teremos um crescimento saudável”
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onsiderado um economista de opinião bem ponderada, Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central entre 1983 e 1985, pintou para os convidados do SIAC um quadro prudente sobre o futuro da economia brasileira. Depois de avaliar diversas variáveis, sua projeção de crescimento do País no próximo ano é da ordem 2,5%. Segundo Pastore, essa estimativa é boa para planejamento das empresas. “A expansão só não será maior porque a retomada dos investimentos das empresas ocorrerá de maneira lenta, pressionada principalmente pelos altos índices de inadimplência das pessoas jurídicas”, esclarece Pastore. Ao observarmos a oferta de crédito para as empresas, o ex-presidente do BC avalia que os bancos continuam reticentes. No entanto, as famílias têm recebido melhores condições, além de terem sido favorecidas com o crescimento do emprego formal e com o baixo nível de inflação. “Com a Selic caindo para 7% ao ano e permanecendo nesse nível em 2018, o comprometimento da renda familiar com o endividamento tende a cair, liberando recursos que poderão ser canalizados para o consumo”, enfatiza Pastore. Consequentemente, o aumento do consu-
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mo das famílias deve reduzir a ociosidade das empresas, amenizando o custo fixo e aumentando o fôlego dos empresários para realizar novos investimento. “É uma recuperação lenta, mas consistente”, afirma o sócio fundador da A.C. Pastore & Associados. “O nível de pedidos de recuperação judicial, por exemplo, ainda é alto. Estamos saindo da recessão, mas há limitantes naturais. Não vamos explodir de crescer; teremos um crescimento saudável”, garante ele. Do ponto de vista político, o ex-presidente do BC diz que o foco das preocupações está em quem governará o País a partir de 2019. Ele espera que o bom senso prevaleça e que os eleitores escolham um governo comprometido com as reformas e com os ajustes necessários. Caso as pessoas recaiam em uma proposta populista – risco que não está totalmente descartado −, teremos, provavelmente, uma reversão dos avanços conquistados. “Faço votos de que encontremos um candidato capaz de aglutinar as forças políticas para dar continuidade às reformas”, reforça Pastore. Até que esse quadro se defina, o economista prevê que a incerteza política continuará a influir no entusiasmo de investidores, nacionais ou estrangeiros, no direcionamento de novos recursos para o Brasil.
Foto: Cauê Diniz
Affonso Celso Pastore Economista e ex-presidente do BC
“É uma recuperação lenta, mas consistente”
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Foto: Cauê Diniz
“É consenso que a dívida bruta em proporção ao PIB continuará em alta, mas a questão é saber por quanto tempo” Mauro Leos VP de Créditos Soberanos da Moody’s para a AL
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O Brasil precisa solucionar três desafios: o fiscal, o fiscal e o fiscal”
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om a missão de avaliar o atual momento dos mercados emergentes, Mauro Leos, vice-presidente de Créditos Soberanos da Moody’s para a América Latina, mostrou aos convidados do SIAC que aumentou a percepção da população da região relacionada à corrupção. Ao seu ver, isso é importante, pois exige que os governos atuem de uma forma mais transparente. Por sua vez, a pressão da classe média, por meio de manifestação popular, tem exigido mais investimentos em setores básicos, como saúde e educação. Ao voltar os seus olhos especificamente para o Brasil, Leos identificou alguns pontos positivos da economia, como o controle da inflação, o reaquecimento da atividade econômica, o bom perfil do balanço de pagamentos e o equacionamento da dívida interna. Porém, o calcanhar de Aquiles do País é o ajuste fiscal. E enfatizou: “O Brasil precisa solucionar três desafios, o fiscal, o fiscal e o fiscal. O deficit nominal era de 2% do PIB no passado e agora está próximo de 8%, sem perspectiva de melhora em 2018”, avalia. Outra preocupação apontada por Mauro Leos é com o nível elevado da dívida bruta em relação ao PIB, atualmente de aproximadamente 75%, quando a média de países com rating “Ba2”, mesmo nível do Brasil, é
de 40%. “Esse número é quase duas vezes maior do que o que temos em outros países. Para equilibrar a proporção entre a dívida bruta e o PIB, Leos estima a necessidade de um crescimento de 2% e um superavit primário de 2%. O vice-presidente da Moody’s lembrou ainda que, pelas próprias projeções do governo, o Brasil terá deficit fiscal até 2020. “É, portanto, consenso que a dívida bruta em proporção ao PIB continuará em alta, mas a questão é saber por quanto tempo. “Essa é uma perspectiva ruim sob todos os aspectos”, reforça Leos. Ao direcionar o seu olhar para a política, ele compartilhou com os convidados do SIAC sua percepção de novos riscos na América Latina com as eleições previstas em diversos países da região. Especificamente com o Brasil, as incertezas são motivadas pela indefinição dos candidatos que estarão no segundo turno e pela fragilidade institucional dos partidos com maior representatividade. Além da esperada reforma fiscal, o executivo da Moody’s alertou que o ambiente de confiança no mercado é essencial para atrair novos investimentos. Aliás, as condições do País serão avaliadas por uma comitiva da Moody’s, que estará por aqui em março de 2018, para estabelecer se haverá mudança ou não na nota soberana de crédito do Brasil.
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12 O crescimento da economia brasileira vai surpreender no ano que vem e pode beirar os 4%”
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ntes de analisar a conjuntura econômica do País, o economista Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES, apresentou à plateia do SIAC um dado pouco divulgado sobre o perfil da instituição da qual está à frente. Em um gráfico, revelou que a taxa de inadimplência do BNDES é de apenas de 1,83%. E fez questão de enfatizar também que a sustentabilidade dos ativos do banco pode ser dimensionada com o recente pagamento de R$ 50 bilhões relacionado à dívida da instituição com o Tesouro Nacional. Ao estender o seu discurso a respeito dos planos de BNDES para 2018, Rabello de Castro afirmou que pretende retomar as negociações com as empresas da construção civil e ampliar o canal desenvolvedor que irriga as iniciativas fomentadas pelas micro, pequenas e médias empresas. Para contribuir com a retomada da economia nacional, até o fim do segundo semestre de 2017, segundo o presidente do banco, a meta, por meio do programa BNDES Giro, é que a média mensal de desembolso para capital de giro das empresas cresça de R$ 400 milhões para mais de R$ 1 bilhão. “O nosso objetivo, porém,
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é chegar aos R$ 2 bilhões mensais em liberação por meio dessa linha em 2018, o que ajudará imensamente a ambição do banco em fechar o ano que vem com um desembolso total da ordem de R$ 100 bilhões”, afirma o economista. Outro dado positivo trazido por Rabello de Castro é que 90% daqueles pequenos empresários que demandam por crédito têm cadastro positivo. O presidente do BNDES lamentou que o crédito para pessoa jurídica entre 2015 e 2017 tenha caído de 28,5% para 22,2%. Rabello de Castro manteve o tom positivo da sua palestra ao opinar sobre o perfil do PIB brasileiro para 2018. “O crescimento da economia brasileira vai surpreender no ano que vem e pode beirar os 4%. Se derem oportunidade à administração Temer de fazer o que precisa ser feito, o crescimento será surpreendente. Já abdiquei do chapéu de economista que faz conta e projeta o futuro, mas não assina embaixo. Eu diria que estaremos acima de 3%, beirando 4% de crescimento. Isso não é nada demais para um país que amargou quase 10% de queda de crescimento na maior recessão de todos os tempos”, enfatiza o presidente do BNDES.
Foto: Marcos Fiore
Paulo Rabello de Castro Presidente do BNDES
“A meta do programa BNDES Giro é que a média mensal de desembolso para capital de giro das empresas cresça de R$ 400 milhões para mais de R$ 1 bilhão”
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Foto: Cauê Diniz
David Hensley Diretor de Coordenação Econômica Global do J.P. Morgan
“A Europa mantém velocidade cruzeiro, precisa apenas que alguns pontos sejam equacionados”
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Acreditamos que a retomada do consumo no Brasil pode ser favorecida com a redução das taxas de juros”
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em tudo está tão complicado na economia mundial, como muitos imaginam. Em tom sereno, David Hensley, diretor de Coordenação Econômica Global do J.P. Morgan, apresentou aos convidados do SIAC um cenário de retomada do equilíbrio, com a restauração do PIB real – em alguns países superando 3,5% − e a inflação voltando a números que favorecem o desenvolvimento. São sinais que nos permitem enxergar 2018 com otimismo e previsão de crescimento global de 3%. Segundo Hensley, devemos considerar este índice um bom crescimento, tendo em vista a queda registrada na China, os preços do petróleo em alta e a contenção de gastos das famílias. Em parte, esse ambiente favorável nos Estado Unidos, por exemplo, pode ser explicado com a melhor precificação do mercado de trabalho, que chegou recentemente a 4%. “Não é uma questão de preço, de 3% para 4%, mas trata-se de um crescimento sustentável. Os salários não estão aumentando dramaticamente, mas, de um modo ou de outro, atingem à curva de preços da inflação”, afirma Hensley. No fluxo das empresas, a diminuição dos lucros em 2015 e 2016, seguida de natural redução dos gastos, começou a ser revertida já no fim do ano passado e se manteve positiva em 2017. Na Europa, por sua vez, onde está concentrado 1/3 do PIB Global, o mercado tenta crescer, mas enfrenta dificuldades, com uma inflação ainda baixa, dificuldade no fluxo de crédito e contenção no consumo de bens duráveis. “No entanto, a Europa mantém velocidade cru-
zeiro, precisa apenas que alguns pontos sejam equacionados”, sugere David Hensley. Já na China, dois dos pontos que causam preocupação à economia global são uma diminuição significativa da poupança e a redução dos gastos. O que tende a levar o nível do crescimento do PIB chinês a patamares mais próximos de outras economias emergentes, restaurando o equilíbrio do câmbio perante o dólar. A China está revendo seu apoio à oferta de crédito, principalmente no setor imobiliário, exportando menos, gerando um reequilíbrio entre quantidade e qualidade. “Tudo isso, porém, deve ser reanalisado após a reunião anual da Assembleia Nacional Popular (Legislativo), programada para março de 2018, quando ocorre a votação para a renovação de diversos cargos estatais”, lembra o diretor de Coordenação Econômica Global do J.P.Morgan. Sobre o Brasil, Hensley reconhece que o país começa a viver em melhores condições, com uma economia mais fechada, mas ainda enfrenta riscos políticos compartilhados por outras nações da América Latina, como Equador, Chile, Argentina, Colômbia e México. De acordo com o diretor do JP Morgan, a previsão de crescimento para o Brasil, em 2018, será de 1,9%. “Acreditamos que a retomada do consumo das famílias no Brasil pode ser favorecida com a redução das taxas de juros”, aposta o diretor do J.P. Morgan. No entanto, ele admite que existe ainda uma relativa preocupação com os reflexos provocados pela insegurança política na economia do país.
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Hoje temos uma legislação bancária que está entre as mais modernas do mundo”
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parceria da ACREFI com o Banco Central é bastante antiga e intensa, portanto, nada mais natural do que contarmos sempre, no SIAC, com a participação de um representante do órgão regulador do Sistema Financeiro Nacional. Na 12ª edição do evento, o palestrante indicado foi Sidnei Corrêa Marques, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC. Seu tema foi os benefícios e os avanços gerados pela Agenda BC+, programa debatido com frequência nos seminários da ACREFI. “Lançada há quase um ano, a Agenda BC+ já conseguiu implantar a maioria das ações previstas inicialmente”, informa Marques. São iniciativas que estão divididas em quatro pilares: mais cidadania financeira, estabelecer uma legislação mais moderna, favorecer a eficiência do sistema financeiro e criar condições para que tenhamos um crédito mais barato. “Isso permite intensificar o intercâmbio do BC com os participantes do sistema financeiro e também aumentar a transparência no uso de produtos bancários”, destaca o diretor do BC. “Além de trazer maior segurança jurídica para as instituições, para os usuários e para o próprio Banco Central”. O diretor do BC lembrou que com a aprovação da Lei 13.506 o País ganhou um novo marco disciplinar para combater cri-
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mes no sistema financeiro, iniciativa amplamente discutida pelas entidades que fazem parte do setor. “Hoje temos uma legislação bancária que está entre as mais modernas do mundo, revendo as penalidades, acabando com as assimetrias e estabelecendo um termo de compromisso que permite a reparação de danos causados contra terceiros”, garante ele. Na área do crédito, Marques citou diversas ações do BC, como a letra imobiliária garantida, que já está respaldada em lei, e a regulamentação que acompanha, entre outras coisas, o sistema de amortização dos cartões de crédito. Ele se referiu também ao empenho do BC relacionado à implantação do Cadastro Positivo, como forma de reduzir o custo do crédito das empresas e das pessoas físicas. Antes de finalizar, Marques voltou a enfatizar que a Agenda BC+ é uma forma do regulador prestar contas à sociedade, estimular a inclusão financeira e ainda disseminar inciativas direcionada à Educação Financeira. “Por isso tudo, cidadania financeira é um item de máxima importância para o Banco Central”, afirma o diretor do BC. Além disso, lembrou que a Agenda BC+ tem o objetivo de dar mais transparência às operações do BC, em relação aos novos produtos e serviços financeiros. f
Foto: Marcos Fiore
Sidnei Marques Diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC
“A Agenda BC+ já conseguiu implantar a maioria das ações previstas inicialmente”
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opiniãopública Foto: Cauê Diniz
Pesquisa ACREFI/Kantar TNS mostra que brasileiros estão até mais bem-humorados com o atual momento do País
H O atual resultado demonstra um maior otimismo Valkíria Garré CEO da Kantar TNS Brasil
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á três anos, o SIAC apresenta uma atualização da pesquisa trimestral da ACREFI/ Kantar TNS sobre a percepção do brasileiro relacionada à situação econômica e política do País. Em sua 10ª edição, o estudo divulgado no seminário internacional promovido pela ACREFI revela um aumento do otimismo em relação ao crescimento do País e à oportunidade de trabalho. Segundo o levantamento da Kantar TNS, 38% das pessoas acreditam que o desemprego não aumentará mais nos próximos meses, maior índice desde que o levantamento começou a ser realizado. Outro dado que desperta atenção mostra que até o humor dos brasileiros melhorou, referente a 29% que manifestaram crença no avanço positivo nas condições do País. Pelo lado da economia, o encaminhamento das reformas é bem-vindo por 57% dos consultados e deveria ser a principal prioridade do governo. De acordo com Valkíria Garré, CEO da Kantar TNS Brasil, durante sua apresentação no SIAC, “o atual resultado do estudo demonstra claramente um maior otimismo por parte do consumidor, que, mesmo preocupado com as reformas, dá sinais claros de aumento de confiança. Sem dúvida, a onda mais recente da pesquisa mostra que vivemos o momento do copo meio cheio”. O estudo realizou 1.000
entrevistas on-line, 60% mulheres e 40% homens, entre 18 e 65 anos, em todas as regiões do País. A respeito da sua situação financeira, os respondentes quando questionados sobre ‘oferta de crédito’ e ‘consumo das famílias” manifestaram confiança na melhoria do cenário futuro: 23% responderam que a ‘oferta de crédito’ irá melhorar; e 24% acreditam que o ‘consumo das famílias’ também. Entre os pontos que refletem uma melhora individual da situação financeira, 12% declararam que conseguir um emprego é fundamental, seguido do ajuste do orçamento por meio da redução de despesas (11%) − empatado com obter um ganho extra, rever o orçamento, manter o emprego e/ou ter um posto de trabalho melhor. A pesquisa detectou também que aumentou a propensão à tomada de financiamento − quase na mesma porcentagem do ponto mais elevado da série histórica: 2015 (19%) e agora em 2017 (18%). Um ponto que desperta a atenção é a intenção de financiar carro (59%), superando a vontade de comprar um imóvel, que caiu de 57% para 39%. Por sua vez, no âmbito do consumo, o lazer foi o item mais afetado no dia a dia das famílias, citado por 83% dos 1.000 entrevistados pela Kantar/TNS, seguido de vestuário 73%, alimentação 63%, transporte 45%, saúde 44% e educação 35%.
opniãopública Você acha que o desemprego vai aumentar nos próximos meses? A percepção de que o desemprego NÃO vai aumentar é a melhor da séria histórica Não
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2017 (outubro)
Pensando na situação do Brasil como avalia: Crescimento do país: Patamares similares ao mesmo período do ano anterior Crescimento do país Vai melhorar
12
8
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23
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Igual
24
Taxa de juros 11
13
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Piorar
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2015
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20
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Em função das últimas medidas econômicas, você acha que o Brasil caminha na direção certa ou errada? Em relação à direção que o país caminha, “na direção certa” apresenta uma recuperação de 4pp no curto prazo, similar ao inicio de 2016
Certa
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Errada
Não Sabe
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2015
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opiniãopública
Para ver a pesquisa na íntegra, acesse o site: www.acrefi.com.br
Como imagina sua situação ... Situação financeira pessoal Vai melhorar
Igual
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25
36
39
Padrão de vida 21
37
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2016 (outubro)
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Piorar 39
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2016 (março e junho)
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17 2017 (outubro)
Você sente propenso a fazer um financiamento em 2017?
Não 81
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2017 (abril e junho)
2017 (outubro)
Sim
2016 (março e junho)
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Qual ou quais desses itens você financiaria ou utilizaria? Queda significativa para financiamento de imóvel, provável reflexo das novas regras para financiamento da Caixa no período 70
57
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59 58
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Imóvel 51
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Carro
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18 22 9
2016 (outubro)
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Eletrodomésticos
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2017 (outubro)
Crescimento significativo frente a outubro de 2016
Emprestimo Pessoal
Queda significativa frente a outubro de 2016
12
12O SIAC NA MÍDIA Evento internacional da ACREFI gerou 127 inserções espontâneas na mídia (jornais, revistas, agências de notícias, portais/sites, TVs e rádios), espaço que representa um retorno de mais R$ 2,2 milhões. A cobertura presencial das palestras atraiu 21 jornalistas, de 16 veículos de imprensa. Ou seja, objetivo plenamente alcançado.
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+conhecimento
Seminário da ACREFI discute os avanços da Reforma Trabalhista e o impacto positivo que a modernização da legislação provoca na geração de novos empregos e na formalização das relações profissionais
A
ACREFI está sempre atenta aos temas que movimentam o universo das empresas e do mercado financeiro. Antevendo as mudanças geradas pela Reforma Trabalhista, sancionada pelo Presidente Michel Temer, em 11 de novembro, a entidade realizou dia 26 setembro − 45 dias antes da nova legislação entrar em vigor − o seminário Reforma Trabalhista – Aspectos Relevantes. Com o apoio da Fenacrefi, do Sindicrefi e da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, a ACREFI reuniu, no Hotel Renaissance São Paulo, os palestrantes Bruno Silva Dalcolmo, assessor especial da Casa Civil da Presidência da República; Paulo Sergio João, sócio do escritório PSJ Advogados e professor da FGV Direito SP; e Guilherme Augusto Caputo Bastos, ministro do Tribunal Superior do Trabalho. O evento contou com o patrocínio da B3, da CNseg, da Credilink e da Serasa Experian. Ao saudar os mais de 130 participantes do seminário, Hilgo Gonçalves, presidente da
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ACREFI, ressaltou a preocupação e o senso de responsabilidade da entidade ao debater assuntos que mexem com o dia a dia da sociedade e também a importância de compartilhar informações essenciais na gestão dos negócios. “É a ACREFI fazendo a sua parte em benefício do bem comum e em favor da sociedade”, afirmou Gonçalves. Como presidente da Fenacrefi e do Sindicrefi, Domingos Spina fez um breve histórico sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada por decreto de 1° maio de 1943, que representou a reunião e a sistematização da vasta legislação trabalhista produzida no País após a Revolução de 1930. Spina lembrou também o legado jurídico e a erudição do mestre Goffredo da Silva Telles, professor emérito da USP e titular da cadeira de Introdução à Ciência do Direito, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Em seguida, Bruno Silva Dalcolmo, assessor especial da Casa Civil da Presidência da República, trouxe para o seminário a mensa-
Fotos: Rodrigo Moratto
CONQUISTAS bem-vindas
reformatrabalhista
Domingos Spina Presidente da Fenacrefi e do Sinacrefi
gem oficial do governo. Ele ponderou que a Reforma Trabalhista no Brasil chega com um grande atraso em relação a países como Espanha, Itália e Alemanha. Ele destacou a importância da modernização da legislação para geração de novos empregos, para tirar profissionais da informalidade, para buscar uma simplificação nas homologações trabalhistas e ainda legitimar práticas que já faziam parte do cotidiano do trabalhador. “São ações fundamentais na redução do desemprego, sem a necessidade de novos investimentos, apoiado apenas em uma mudança de processo”, explicou Dalcolmo. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, temos quase 33,3 milhões de trabalhadores com carteira assinada, em um universo de 207,7 milhões de habitantes. No entanto, temos também mais de 32 milhões de brasileiros que não contam com qualquer garantia da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). De acordo com Dalcomo, é nessa grande mostra de desassistidos que a Reforma Trabalhista chega em boa hora. “São pessoas que não têm direito ao FGTS, ao 13º salário, ao auxílio-doença ou invalidez e outros benefícios”, lembrou o assessor especial da Casa Civil. “45% de trabalhadores atuando na informalidade é uma taxa muito alta e que tende a diminuir. A nova legislação traz também menor insegurança jurídica, o que deve reduzir a média anual de quatro milhões de ações trabalhista na Justiça”, estimou Dalcolmo. Como próximo palestrante convidado da
ACREFI, Paulo Sergio João, sócio do escritório PSJ Advogados e professor da FGV Direito SP, exaltou que não devemos olhar a Reforma Trabalhista pelo retrovisor, com saudades do que já ficou no passado. São atualizações necessárias que trarão mais segurança e adequação nas relações trabalhistas. “Saímos de uma relação baseada apenas no bom senso e passamos a ter uma melhor percepção do mundo que está à nossa volta. A Reforma Trabalhista regulamenta o que já se praticava, além de contribuir com a inclusão social. A nova lei permite, entre tantos outros benefícios, que os acordos coletivos prevaleçam perante as convenções coletivas”, destacou Sergio João. No caso dos sindicatos, o professor da FGV Direito lembra que eles serão questionados pelas razões que os levaram a fazer determinada negociação, estabelecendo responsabilidade sobre suas decisões e atos. Chamou a atenção também para a formalização de relações de trabalho que se tornam cada dia mais comuns, como é o caso do home office. E, antes de finalizar a sua apresentação, Sérgio João trouxe um ensinamento atribuído à Buda, que se encaixa bem entre aqueles ainda avessos ao novo: “A mudança não é dolorosa, apenas a resistência à mudança é dolorosa”. Para completar o painel de especialistas em leis trabalhistas organizado pela ACREFI,
Bruno Silva Dalcolmo e Hilgo Gonçalves
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+conhecimento da Justiça do Trabalho. “Toda reforma gera um saudosismo natural, mas devemos seguir em frente e aproveitar os benefícios dessas alterações na legislação”, recomentou Caputo Bastos. Na opinião do ministro do TST, ao contrário do que muitos imaginam, os sindicatos saem fortalecidos dessa reforma trabalhista, diante da responsabilidade dos seus departamentos jurídicos participarem e intermediarem os possíveis acordos extrajudiciais. “Toda reforma, naturalmente, gera manifestações saudosistas, mas precisamos andar para a frente. É preciso mudar”, concluiu o ministro Bastos. f
Paulo Sergio João Sócio do escritório PSJ Advogados e professor da FGV Direito SP
Guilherme Augusto Caputo Bastos, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), destacou, primeiramente, que o papel do Judiciário não é discutir a lei. Sua função é interpretar e aplicar a legislação. Ele acredita que a partir de agora teremos um menor ajuizamento de novas ações trabalhistas por estarem os juízes ainda mais atentos às homologações. Assim como ele, os magistrados terão de acompanhar e confirmar acordos feitos também fora Caputo Bastos Ministro do Tribunal Superior do Trabalho
Dr. SPINA Um dos homenageados pelos 50 anos da sua turma do Largo São Francisco
A
Seção da OAB-SP promoveu, dia 18 de outubro, uma homenagem para marcar os 50 anos da turma de 1967 da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP). Entre os profissionais reverenciados pela entidade estava Domingos Spina, presidente da Fenacrefi e do Sindicrefi, ao lado de colegas, como Miguel Reale Junior, Gabriel Jorge Ferreira e José Gonzaga Franceschini. “A Ordem hoje está em festa com esta homenagem que faz à Turma de 1967, diferenciada, vanguardista, a ponto de ter escolhido como oradora pela, primeira vez, uma mulher (Carolina de Napoli), e composta por nomes reconhecidos como grandes advogadas e advogados, merecendo a homenagem que a instituição faz em suas bodas de ouro”, destacou Marcos da Costa, presidente da OAB-SP. f Foto: José Luis da Conceição/OABSP
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perspectivas2017
Fotos: Divulgação
ROAD SHOW BELO HORIZONTE
Bons ventos sopram na economia Road Show da ACREFI em Belo Horizonte mostra que o Brasil está no caminho certo e pronto para absorver a demanda positiva e gradual por crédito Os recentes indicadores financeiros, cada vez mais, apontam na direção da estabilização e da retomada positiva do cenário econômico interno. O consumo crescente das famílias sinaliza que a recuperação impactará favoravelmente o comércio varejista até o final do ano, com efeito positivo e gradual pela demanda de crédito.
Esse ajuste de velas, que já traz ânimo às instituições, norteou os debates durante o Road Show promovido pela ACREFI, dia 10 outubro, no Quality Hotel Afonso Pena, em Belo Horizonte. O evento foi patrocinado por B3, CNseg, Credilink e teve apoio do Banco Semear.
novembro 2017 I FINANCEIRO 31
+conhecimento
A
o saudar os convidados, Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), diretor superintendente da ACREFI, lembrou que compartilhar conhecimento está no DNA da instituição. “Levar informação sobre a melhoria na concessão de crédito é de extrema relevância. O nosso road show pelo Brasil tem o objetivo de promover esse intercâmbio de ideias”, pontuou Pancho. Em seguida, Elcio Azevedo, Marcelo Pereira presidente do Banco SemeGerente da CIP ar, destacou que essa união de interesses favorece o setor. “Quando nos unimos clientes. “Esse processo reduz tempo na concesem prol de uma causa, den- são de crédito, diminui custos e evita fraudes”, tro de uma entidade como ressaltou Araujo Silva. Fazendo uma comparação entre os dados naa ACREFI, ganhamos força. Esse compartilhamento de cionais sobre o desemprego e os números a respeiconhecimento é indispensá- to do tema em Minas Gerais, Araujo Silva disse: “A Gustavo Girotto vel para a melhoria das insti- taxa de desemprego reduziu-se no final do primeiro Sócio da Tamer semestre de 2017, encerrando em junho 13,0% no tuições”, enfatizou. Comunicação Como é preciso estabele- Brasil. Minas Gerais apresenta, historicamente, núcer rotas corretas para a difusão da informação, mero levemente abaixo da média nacional. Fechou Gustavo Girotto, sócio da Tamer Comunicação, o primeiro semestre em 12,2%. Tomando como discorreu sobre o novo papel da comunicação base 2014, início do ciclo de declínio da economia, empresarial e o novo caminho do jornalismo, o setor varejista mostra-se em recuperação: cresque hoje é multimídia. “A imprensa é cada vez ceu 3,8% este ano em MG, enquanto o Brasil subiu mais analítica e seletiva em relação à escolha das 0,3%. Temos um cenário de grande oportunidade suas fontes de informação. Para ter sucesso nes- em termos de oferta nesta região”, frisou. Marcelo Pereira, gerente da Câmara Interbancáse cenário, é preciso focar nos benefícios que a sua empresa proporciona dentro do ambiente ria de Pagamentos, explicou que a CIP é uma asem que atua. O jornalismo hoje, que denuncia sociação civil, sem fins lucrativos, que congrega 40 os desvios éticos da sociedade, também busca bancos cotistas e disponibiliza serviços compartilhae dá notoriedade às boas práticas empresariais. dos e ferramentas de infraestrutura do mercado fiA ACREFI é um case de sucesso na mídia não só nanceiro. “Em 2017, a CIP já contabilizou 3,4 bilhões por sua permanente exposição nos grandes veí- de operações, que movimentaram R$ 6,7 trilhões. culos de comunicação como também pelo con- O nosso desafio é quebrar a cadeia de fraudes. A teúdo relevante oferecido, ao longo dos anos, à base de clientes beneficiários é compartilhada entre participantes de informações que subsidiam a imprensa”, destacou. análise prévia na abertura de Anderson Araujo Silva, novos convênios de cobrança. economista de Inteligência À medida que reduzimos fraude Mercado – Relações Insdes, melhoramos a concessão titucionais da B3, frisou que de crédito e o ambiente de a B3 opera o SNG (Sistema negócios do País”, enfatizou o Nacional de Gravames), executivo da CIP. com sua base privada coMauro Melo, CEO e diretor nectada em dados gerados comercial da Credilink, falou sonos 27 Estados brasileiros, Anderson Araujo Silva bre atualização cadastral e fraucom 4,7 milhões de incluEconomista de Inteligência de no Brasil. “A Polícia Militar sões ao ano, 17 milhões de Mercado da B3 de Minas Gerais é usuária do de gravames ativos e 4 mil
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roadshowBH nosso sistema, o que demonstra a sua eficiência e capacidade de processamento”, exemplificou. Na questão Mauro Melo CEO e diretor fraude, Melo alerda Credilink tou os convidados da ACREFI para a importância das redes sociais, em especial o Facebook, como canais abertos que possibilitam os golpes. “É preciso cuidado com dados pessoais. Um dos primeiros dados que consultamos é a verificação de óbito. Se a pessoa está morta, nem continuamos”, descontraiu Melo, mencionando que ele mesmo já flagrou uma tentativa de fraude, quando sua mãe faleceu e tentaram usar o nome dela como pensionista da aeronáutica. “Portanto, o dado relativo ao óbito é indispensável”, destacou o CEO da Credilink. Nicola Tingas, consultor Econômico da ACREFI, expôs os detalhes do cenário que circunda o novo ciclo da economia nacional, dentro de uma visão que ele identificou como bullish − termo usado para designar os otimistas com o futuro do merca-
do. “Brasil, tempo de crescer. Precisamos olhar a parte cheia do copo, dentro de uma retomada cíclica, que pode surpreender positivamente. A sustentação está nos policy-makers (Ministério da Fazenda e Banco Central) e novas gestões (exemplo: Petrobras), em vez da política que está contaminada. Temos uma âncora, um norte, que está nos dando uma agenda fundamental e nos descolando da política. O mercado não é idiota”, asseverou o economista. O consultor da ACREFI sustentou sua análise calcada nos novos indicadores da economia. “Temos uma trajetória de queda na taxa de juros, que este ano deve chegar em 7 pontos percentuais e no próximo ano em 6,75 p.p. O PIB este ano, até pela base, pode chegar a 1% e, em 2018, a 3,5%. Estamos construindo uma agenda futura, dentro de um momento histórico, e as próximas eleições são cruciais Nicola Tingas nesse processo. Minha visão é Consultor Econômico otimista em relação ao futuro”, da ACREFI finalizou Tingas.
f
Banco Central recebe prêmio e reconhecimento internacional Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, foi premiado, no dia 14 de outubro, em Washington, Estados Unidos, como Governor of the Year for Latin America pela publicação inglesa Glo-
balMarkets, durante o encontro anual do FMI. "Nós acreditamos que Ilan é um destaque para o prêmio, não apenas por ter conduzido uma acentuada e necessária queda na inflação, mas também por ter colocado o Banco Central do Brasil em condições de reduzir a meta de inflação no futuro. Investidores e economistas sentem que Ilan restaurou a credibilidade da instituição e do sistema de metas para a inflação", afirmou o editor executivo da GlobalMarkets, Toby Fildes. A última vez que o Brasil recebeu a premiação da GlobalMarkets foi em 2008. f
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Fotos: Divulgação
ROAD SHOW VITÓRIA
Conhecimento transformador Em Vitória (ES), palestrantes do Road Show da ACREFI compartilham informações e trocam ideias com empresários capixabas do setor financeiro Sempre fiel ao seu compromisso de compartilhar conhecimento, além de estreitar seu relacionamento com os associados e as lideranças do mercado financeiro, a ACREFI levou seu Road Show para Vitória (ES), dia 17 de outubro, no Hotel Comfort Suites. Participaram do encontro os palestrantes Anderson Araujo Silva, economista de Inteligência de Mercado – Relações Institucionais da B3; Marcelo Pereira, gerente
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da Área de Produtos da CIP (Câmara Interbancária de Pagamento); Mauro Melo, CEO e diretor Comercial da Credilink; e Sergio Vale, sócio e economista-chefe da MB Associados. A apresentação do evento ficou por conta de Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho), diretor-superintendente da ACREFI. Os patrocinadores e apoiadores foram B3, CNseg, Credilink, AGORACRED e Dacasa Financeira.
roadshowvitória
Leonardo Bortolini Diretor Financeiro da Agoracred
Sérgio Vale Economista-chefe da MB Associados
Marcelo Pereira Gerente da CIP
Antonio Augusto Leite (Pancho) Diretor-superintendente da ACREFI
Hotel Comfort, em Vitória: troca de ideias com empresários capixabas
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BOA CONDUTA DAS INSTITUIÇÕES EVITA perdas e fideliza os clientes Patrocinado pela ACREFI, o livro Gestão do Risco de Conduta, dos consultores Sergio Odilon e Anselmo Araújo, explica de forma didática como as instituições financeiras devem tratar de forma eficiente as obrigações com os clientes previstas na Resolução 4.539 do Conselho Monetário Nacional Em que momento vocês perceberam a necessidade de produzir um livro sobre a gestão de risco de conduta nas instituições financeiras?
te. Sempre com a preocupação de explicar tudo de maneira simples e acessível, com uma linguagem bem coloquial.
Sergio Odilon (S.O.) – O livro começou a ganhar corpo em novembro do ano passado, quando o Banco Central publicou a Resolução 4.539. Isso porque nós temos a plena convicção de que a grande maioria das instituições financeiras não tem a dimensão que esse risco representa. Os bancos, que têm mais contato com o consumidor e estão nesse métier há mais tempo, também precisam se aperfeiçoar. Esse é um risco muito presente e que tende a crescer. Tanto é assim que o BC se viu obrigado a publicar uma norma específica sobre o tema. Foi aí que eu procurei o Anselmo para que elaborássemos juntos um livro a respeito de um assunto tão importan-
Anselmo Araújo (A.A.) – A nossa vivência na área normativa das instituições financeiras vem de longa data. Como o Brasil tem diversos problemas relacionados à diversidade de renda de educação, isso se torna uma dificuldade a mais para a elaboração de regras ou mesmo para a formatação de produtos pelas instituições financeiras. Esse livro é resultado da nossa experiência na área de normas, com o objetivo de esclarecer o mercado.
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O tema da gestão dos riscos de conduta é extremamente relevante, mas em que medida o assunto, efetivamente, sensibiliza os dirigentes do setor financeiro?
Foto: Luciano Piva
pontodeencontro
gestãoderisco S.O. – O consumidor é a razão da existência das instituições financeiras. Ele, portanto, deveria merecer um padrão de atendimento à altura da sua importância. Dito isso, o tema do risco de conduta começou a ganhar corpo a partir da crise financeira internacional, de 2008, quando boa parte dos problemas estavam ligados a uma relação inadequada dos bancos com seus clientes. No Brasil, a partir de demandas dos órgãos de defesa dos cidadãos, Ministério Público, Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, Procons, etc., o BC começou a questionar das instituições financeiras se os clientes estavam recebendo o tratamento adequado. E percebeu-se que problemas existiam. Por exemplo, havia dificuldades relacionadas à tabela de tarifas, da qual constavam mais de 400 itens. Hoje, tudo está devidamente regulamentado pela Resolução 3.919. Isso ficou conhecido como Pacote de Correção de Assimetria de Informações, que não foi adotado formalmente, mas permitia comparar as taxas entre fornecedores, favorecendo a concorrência e a transparência. A iniciativa do Banco Central uniu-se a outras ações internacionais. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi criada uma agência para tratar exclusivamente dessa relação entre clientes e instituições financeiras. O objetivo é para que tudo transcorra de maneira ética e transparente. Quais foram os diferenciais adotados pelo Brasil? S.O. – O Brasil adotou um conjunto de regras muito avançado. São regras que tratam inclusive de responsabilidade socioambiental. O grande diferencial dessa Resolução é a previsão de que as instituições financeiras, abstraindo o arcabouço legal e olhando apenas a norma, devem constituir uma política interna, que envolva desde o
presidente até o funcionário da recepção, além dos demais profissionais que fazem parte desse sistema. Se o presidente criou essa política, ele, naturalmente, deve ser o primeiro interessado para que ela efetivamente funcione. Vou dar um exemplo: ‘é proibido praticar venda casada’. É um impedimento que está nas normas do BC e no Código de Defesa do Consumidor. Nesse caso, a partir dessa regulamentação, não será mais possível alegar que a proibição consta das normas internas, se os funcionários desconhecem o impedimento ou até mesmo são estimulados a realizar, em nome do cumprimento de metas. Este livro não é feito para o consumidor, mas, sim, para as instituições financeiras. Elas devem olhar os seus clientes sob a ótica do risco, com possibilidade do impacto, inclusive, econômico-financeiro, além de provável prejuízo à sua imagem institucional. As medidas adotadas pela autoridade monetária brasileira não ficam aquém de qualquer procedimento implantado no mercado internacional. S.O. – Eu diria até que mais. Aqui temos uma norma específica para tratar do assunto, redigida de maneira muito objetiva, com prazos e condições estabelecidas. O Brasil está no topo da cadeia. A.A. – O livro traz alguns exemplos de conduta de instituições financeiras, com prováveis prejuízos e perdas, em caso de desrespeito às normas. É importante que elas estejam cientes de eventuais sanções estabelecidas pela Justiça ou pela autoridade monetária. Enfatizamos no livro que o atendimento dos interesses dos clientes constitui um patrimônio dos bancos. A boa conduta das instituições evita perdas, melhora o relacionamento com os clientes e ainda reduz, em grande medida, os riscos. O livro serve para novembro 2017 I FINANCEIRO 37
pontodeencontro que perdas sejam reduzidas. E para que as instituições cumpram as regras e atuem voltadas à sua principal missão: o atendimento às necessidades do cidadão. Aqui, nós defendemos a economia de mercado, somos favoráveis ao lucro, mas que tenhamos como contrapartida bons serviços prestados. Esse ponto é fundamental para entender o que se pretende com essas regras do Conselho Monetário Nacional. Em que medida o consumidor também está preparado para se relacionar com essas regras? S.O. – Nos dois capítulos iniciais, o livro mostra o porquê de o Banco Central estar preocupado com essa questão, se a missão do regulador é assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e a manutenção de um sistema financeiro sólido e eficiente. Se a partir de um risco individualizado de uma instituição surgirem ações civis, envolvendo o Ministério Público, ela poderá ter perdas e prejuízos efetivos, levando, eventualmente, até a um risco sistêmico. O objetivo do Banco Central é defen“Outro aspecto observado der a estabilidade do sistema. pelo BC é que a má Outro aspecto observado pelo conduta dos bancos pode BC é que a má conduta dos levar o cidadão a um bancos pode levar o cidadão superendividamento” a um superendividamento e a um provável risco de aumento Sergio Odilon da inadimplência, acarretando perdas à instituição. Como se percebe, temos um pacote de procedimentos que estabelece uma relação saudável desde a origem. A nossa sociedade, que ainda sofre com a deficiência educacional e financeira, ainda está vulnerável à má-fé. Ao mesmo tempo, enfatizamos no livro que as pessoas também têm buscado, cada vez mais, empoderamento a respeito desse tema. Elas contam ainda com o amparo e o respaldo do Ministério Público, do Ministério da Justiça, da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, dos Procons, etc. É importante que as instituições financeiras cumpram corretamente o seu papel porque elas podem ser lesadas, em uma proporção ainda maior do que por conta de apenas um erro eventualmente cometido.
38 FINANCEIRO I novembro 2017
Em quanto tempo vocês estimam que o mercado começará a trabalhar com essas normas de maneira mais tranquila? S.O. – É difícil fazer essa previsão. A pergunta que fica é: os bancos estão efetivamente preparados para enfrentar os riscos? Aparentemente, eles parecem mais preocupados com a liquidez, com o risco de crédito, do mercado. Não, meu amigo, existe aqui um risco grande que está interligado aos demais. Eu deixo aqui três perguntas. Bancos, vocês estão cientes do tamanho desse risco, sim ou não? Como estão lidando com esse risco? Como o Banco Central e os agentes de defesa do consumidor vão tratar essa questão? Diante dessas questões, felizmente, as instituições contam com uma norma do BC para se balizar e criar mecanismos eficientes de proteção. Os bancos devem fazer esse trabalho de mitigação do risco apoiados nas diretrizes estabelecidas pelo regulador. Tomara que eles acordem o mais cedo possível para isso. Embora a Norma 4.539 ainda seja recente, vocês acreditam que o BC continua atento a possíveis aperfeiçoamentos? A.A. – Com o aprendizado gerado pela crise internacional de 2008, o Banco Central procurou não só criar condições para melhorar os procedimentos das instituições financeiras, como também organizou um departamento de fiscalização de conduta. É uma área importante para observar e acompanhar o cumprimento dessas regras. Eu acredito que esse processo de melhoria da conduta será estimulado por essa fiscalização. É importante lembrar que a Resolução 4.539 é de grande interesse para os clientes São regras que os bancos devem incorporar na gestão, envolvendo todas as instâncias e o corpo funcional, conforme bem exposto em nosso livro de maneira clara e objetiva. Qual seria o alerta que vocês deixariam ao mercado para que a Norma 4.539 ganhe o impulso esperado?
gestãoderisco A.A. – A Resolução 4.539, ao exigir que os bancos estabeleçam uma política de relacionamento com seus clientes, utiliza alguns termos muito significativos, como ética, respeito e cultura organizacional. Se a cultura organizacional não é boa ou coerente, não adianta declarar que o cliente é importante. Às vezes, a instituição chega a promover incentivos para seus funcionários que implicam necessariamente no descumprimento de normas, deixando de observar as boas práticas. É preciso evitar incoerências dentro da cultura organizacional. Para mudá-la é preciso, em primeiro lugar, conhecê-la e estudá-la. Só então é viável desenvolvimento e implementação de uma nova mentalidade institucional. Reconhecemos que não é uma tarefa fácil e nem trivial. Mas a norma já foi divulgada há quase um ano, e entrará em vigor em novembro de 2017. A tarefa de aprimorar seus processos e adotar políticas próprias de relacionamento com clientes cabe a cada instituição, de acordo com sua estratégia de negócios e o seu apetite para o risco. f EDF
S.O. – Todas as instituições financeiras devem partir agora para a ação. Elas necessitam fazer um exame interno dos seus processos para verificar se estão sendo executados de forma adequada. Precisam fazer um reexame das suas atividades. Estudar exemplos de sucesso e casos que provocaram perdas em outras instituições. Feito isso, eles devem partir para a ação, o primeiro passo é se organizar. Outro movimento que será determinante e que exigirá um bom dinheiro é a atualização dos contratos. Ao refazer, por exemplo, os contratos de crédito, que hoje em dia são mais ruins, com letras pequenas e preenchimentos de lacunas. Ou seja, é fundamental refazer os contratos e tratar o cliente à luz dessas novas legislações ou a instituição terá problemas. Alguém conseguirá resolver as questões de hoje para amanhã? Não. É preciso criar e seguir processos. Portanto, a minha recomendação é para que partam para a ação.
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Dou-lhe uma, dou-lhe duas... Manheim, uma das maiores empresas de leilões de veículos do mundo, investe mais de US$ 10 milhões no Brasil e busca novos negócios fora da região Sudeste do País
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a hora de comprar um carro usado ou ser leiloado em Manaus ou em Belém”, explica seminovo, poucos brasileiros pensam o COO da Manheim. Com um plano de negóna opção oferecida pelos leilões de cios de 20 anos para o Brasil, a empresa atuveículos. Ao contrário do que acontece nos almente trabalha na integração dos pátios de Estados Unidos, onde esse segmento chega a São Paulo e de Guarulhos, unidades que moviatingir 90% das transações – na Euromentam, em méFoto: Divulgação pa, representa 25% da comercialização dia, 700 veículos de usados −, aqui apenas 8% dos carpor mês, em cerros são negociados em leilões. Mas, ao ca 16 leilões. que tudo indica, esse costume tende a No entanto, mudar no Brasil nos próximos três anos. com a expertise Essa é a previsão de Marcelo Valland, internacional da COO e leiloeiro oficial da Manheim Manheim, preBrasil, uma das maiores empresas de sente em mais de remarketing automotivo do mundo, 30 países, e dos que recentemente adquiriu a Pacto São diferenciais de Paulo, com o objetivo de destravar e serviço oferecirepaginar o mercado de leilões no País. dos aos clientes, “Comprar um carro em um leilão pode Valland acredita ser mais seguro do que fazer o negócio que o segmento Marcelo Valland com um amigo ou selecioná-lo no esde remarketing COO e leiloeiro oficial da Manheim curo entre anúncios classificados. Isso no Brasil tem conporque todos os veículos, antes de serem dis- dições de atingir daqui a cinco anos o patamar putados pelos lances dos interessados, passam de 20%, talvez até mais, dos negócios envolpor uma rigorosa revisão, além de serem certi- vendo carros usados e seminovos. Tudo isso, ficados e garantidos” afirma Valland. dependendo, porém, do apetite de investimenPara colocar o Brasil no mapa global do re- to de outros players que também atuam nesse marketing, os planos da Manheim são agres- mercado”, ressalva o executivo da Manheim. sivos e contam um investimento, em 2018, Outro esforço da companhia está direcionado de mais de US$ 10 milhões, valor que parcial- para a comunicação, empenhada em esclarecer mente viabilizará a montagem de cinco novas um erro recorrente entre os brasileiros, mostranunidades de negócios até 2020 fora da região do que não há qualquer ligação dos veículos Sudeste do País. “Não faz sentido trazer para comercializados nos leilões com aqueles pratiSão Paulo um carro que poderia, por exemplo, camente descartados por perda total. f novembro 2017 I FINANCEIRO 41
painelB3 Financiamentos de veículos somam 450,2 mil unidades em outubro
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m outubro, os financiamentos de veículos novos e usados somaram 450.237 unidades, aumento de 20,3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Os dados consideram automóveis leves, motos e pesados. A alta foi o maior crescimento verificado desde 2010, quando a série histórica teve início. O levantamento é da B3, empresa resultante da combinação de atividades da BM&FBOVESPA, uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, e a Cetip, maior depositária de títulos privados da América Latina. A B3 opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base privada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas. “Os resultados continuam mostrando sinais de recuperação do setor”, disse Marcus Lavorato, superintendente de Relações Institucionais da B3.
O volume de financiamentos de automóveis leves avançou 22,5% em outubro, na comparação com o mesmo período de 2016, e atingiu 373.352 unidades negociadas. Desse total, foram financiados 105.774 autos leves novos, alta de 27,5%, em relação a outubro de 2016 – maior crescimento percentual do ano. Seguindo o mesmo desempenho de alta, os autos leves usados cresceram 20,6%, na mesma base de comparação, e totalizaram 267.578 unidades financiadas. No acumulado do ano até outubro, as vendas financiadas de automóveis leves avançaram 12,3%, na comparação com o mesmo período de 2016, somando 3.413.353 unidades. Desse total, 922.360 foram de novos e 2.490.993 de usados. 2. Volume de financiamento de veículos por categoria Novos
1. Volume de financiamento de veículos (Outubro 2017) Novos
Usados
Motos
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Usados
painelB3 Volume supera setembro e registra o maior crescimento percentual desde 2010
4. Modalidades de financiamentos de veículos (Outubro/17)
Pesados
No mês, o maior aumento foi verificado nos financiamentos de autos leves de nove a 12 anos, que cresceram 50,6% em relação a outubro do ano passado. Em seguida, aparecem os autos leves com mais de 12 anos de uso, que avançaram 36%, e aqueles com quatro a oito anos de uso, com aumento de 24,6%, na mesma base de comparação. 3. Financiamento por tempo de uso Autos Leves
Outubro /16
Outubro /17
Em outubro, o prazo médio de financiamento de autos leves novos aumentou de 36,9 para 37,1 meses, em relação ao mesmo período de 2016. Já o prazo para carros com nove a 12 anos de uso caiu de 41,5 para 41,3 meses, na mesma base de comparação. 5. Prazo médio de financiamento por tempo de uso Meses
Outubro /16
Outubro /17
Considerando as modalidades de financiamento, o CDC continua sendo a mais utilizada pelos consumidores, com 383.364 veículos financiados em outubro, alta de 25% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O consórcio reduziu no mês, com 58.045 unidades, queda de 1,0%, na mesma base de comparação.
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espaçodobem
Transformar necessidade em cuidado aos mais carentes
Fotos: Divulgação
Com unidades em Cascavel e em Umuarama, o hospital UOPECCAN é referência em tratamento oncológico na América do Sul, transforma necessidades em cuidados aos mais carentes e atende 1.200 pacientes por dia
UOPECCAN Hospital do Câncer em Cascavel
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á 26 anos, um grupo de rotarianos de Cascavel começou a colocar a capital do Oeste do Paraná entre as referências no tratamento de câncer. Pouco a pouco, o Hospital do Câncer de Cascavel, mais conhecido por UOPECCAN, tornou-se em um centro de excelência em oncologia, considerado modelo na América do Sul. Sua proposta de humanização do atendimento nasceu ainda com a construção da Casa de Apoio, criada para hospedar e dar sustentação a pacientes e acompanhantes de outros municípios. Hoje, os hospitais de Cascavel e Umuarama atendem, em média, 1.200 pacientes por dia, a grande maioria proveniente do SUS (Sistema Único de Saúde). Essa motivação em fazer o bem é impulsionada por um conceito muito simples: o UOPECCAN é uma instituição formada por pessoas que prezam e praticam o atendimento humanizado. É um aprendizado que logo é assimilado
espaçodobem e exercido indistintamente por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, fisioterapeutas, odontólogos e os demais colaboradores ligados direta ou indiretamente às unidades de Cascavel e de Umuarama. O projeto do UOPECCAN nasceu vencedor, pois contou com o desprendimento e a colaboração de todos, livres das vaidades, empenhados apenas em materializar o sonho de criar um centro de excelência no tratamento de câncer na região do oeste paranaense. Um desejo que começou a brotar com a doação de uma bomba de cobalto oferecida pelo Instituto Nacional do Câncer e a concessão de um terreno pela Prefeitura de Cascavel, além da valiosa colaboração de empresas, entidades, clubes e do povo cascavelense. Para quem não conhece, atualmente, o complexo hospitalar de Cascavel ocupa uma área de mais de 10 mil m², que comporta o hospital, a Casa de Apoio e o Núcleo Solidário. São 130 leitos, UTI adulto e infantil e um centro cirúrgico de última geração. Além disso, oferece um disputado Programa de Residência Médica em cancerologia clínica e cirúrgica, transplante de medula óssea e radioterapia. É também a única instituição do interior do Paraná habilitada e credenciada para realizar transplante de fígado. A 170 quilômetros de Cascavel, o hospital UOPECCAN de Umuarama ocupa um terreno de mais de 18 mil m² e presta atendimento em oncologia e outras especialidades relacionadas. São 215 leitos, UTI para 20 pacientes, nove salas cirúrgicas, sem contar a Casa de Apoio. “O Hospital UOPECCAN surgiu com a missão de atender com humanização e competência toda a população que necessite de cuidados. “Nós nascemos com a missão de atender com humanismo e competência toda a população que necessite dos nossos cuidados. Nossa prioridade sempre será o paciente. Nosso compromisso e nossa dedicação sempre serão pela vida,” destaca Ciro Kreuz, diretor-presidente do Hospital UOPECCAN. f
QUER AJUDAR O HOSPITAL UOPECCAN?
Ciro Kreuz Diretor-presidente do Hospital UOPECCAN
“O Hospital UOPECCAN surgiu com a missão de atender com humanização e competência toda a população que necessite de cuidados” Ciro Kreuz
É muito simples. Basta direcionar parte do seu Imposto de Renda devido (até 1%) para os projetos do Hospital UOPECCAN por meio do PRONON (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica). Para formalizar o seu apoio, encaminhe um e-mail para projetos@uopeccan.org.br, solicitando a participação da sua empresa. Se preferir, também pode ligar para os telefones (45) 2101.7025 ou (45) 9.9101.3199. Sua ajuda será muito bem-vinda.
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FÁ B R I C A D E
SORRISOS Foto: Divulgação
Fundado há sete anos na região metropolitana de Belo Horizonte, o Centro Infantil Divina Providência atende crianças de 2 a 11 anos. Com o apoio do Banco Semear, recebem completa formação cultural e manutenção social Por Gustavo Girotto
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ada mais compensador do que o brilho do olhar de uma criança carente atendida por um projeto social. Esse é o resultado do trabalho desenvolvido há sete anos pelo Centro Infantil Divina Providência, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. Instalado dentro da Cidade dos Meninos, a maior unidade do Sistema Divina Providência, o centro atende crianças de 2 a 11 anos. Como o apoio do Banco Semear, as atividades do centro são focadas no desenvolvimento físico, social e cognitivo dos atendidos. O objetivo é favorecer a formação cultural por meio do esporte, das aulas de arte, de canto, coral, dança, violão, violino e flauta. “É uma ação de extrema importância para a comunidade, não só pelos cuidados oferecidos às crianças, mas também pelo incremento da renda, uma vez que as mães podem deixar os filhos no centro para ir trabalhar”, explica Jairo Azevedo, diretor e um dos fundadores da Cidade dos Meninos.
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Segundo o diretor, a iniciativa de construir um projeto social nasceu em 1976, com a construção do Lar dos Meninos São Vicente de Paulo. Desde então, importantes trabalhos sociais foram criados, como o Lar dos Idosos São José, em 1978, e o maior deles, a Cidade dos Meninos São Vicente de Paulo, em 1993. “Depois de cerca de 20 anos, resolvemos fazer essa obra na Zona Norte de Belo Horizonte, onde nasceu a Cidade dos Meninos. O trabalho é motivo de orgulho”, enfatiza Azevedo. Em termos de infraestrutura, a entidade oferece salas de aula, refeitório com capacidade para até 1.000 crianças, biblioteca, auditório/capela, laboratórios de informática, salas de música, sala de vídeo, ginásio coberto, área recreativa, playground, piscinas, quadras e academia de judô. “Nossa meta, a cada ano, é manter parcerias e dar continuidade a esse trabalho importante para a comunidade. Estamos cada vez mais focando no bem-estar das crianças e da população atendida”, finaliza Azevedo. f
SONHAR
Foto: Maurício Nahas
Ponto de Criação
perspectivas2017
Kaike, paciente do GRAACC, com Reynaldo Gianecchini
CERCA DE 70% DE CURA, 90% DE PACIENTES DO SUS E REFERÊNCIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTIL COM A AJUDA DE MUITA GENTE, AMPLIAMOS O NOSSO HOSPITAL E AS CHANCES DE RECUPERAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CÂNCER. NOSSO ORGULHO É PODER MOSTRAR A CADA DOADOR QUE SUA CONTRIBUIÇÃO É INVESTIDA COM MUITA RESPONSABILIDADE PARA OFERECER AOS PACIENTES, COMO O KAIKE, UM TRATAMENTO DIGNO, HUMANO E COMPARADO AOS MELHORES DO MUNDO. JUNTE-SE A NÓS! SEJA UM DOADOR.
WWW.GRAACC.ORG.BR
1991
1998
2013
estante Visões Geopolíticas do Mundo Atual Com o mundo e o Brasil em permanente transformação, o autor aborda questões que vão além da problemática geopolítica e trata de aspectos globais relacionados ao meio ambiente, à economia e à diversidade cultural. Na medida do possível, ele busca transmitir tanto informações essenciais como também detalhes curiosos sobre cada um dos temas.
Autor: Nelson Bacic Olic I Editora: Moderna
A Noite da Espera Nos anos 1960, um jovem paulista muda-se para Brasília com o pai após a separação traumática da sua mãe. Na capital recém-inaugurada, trava amizade com um variado grupo de adolescentes do qual fazem parte filhos de altos funcionários da burocracia estatal, como também com moradores das cidades-satélites. Às descobertas culturais e amorosas do jovem contrapõe-se a dor da separação da mãe. Na figura materna ausente concentra-se a face sombria de sua juventude, cercada pela violência dos anos de chumbo.
Autor: Milton Hatoum I Editora: Cia. das Letras
A Diplomacia na Construção do Brasil 1750 – 2016 Testemunha e protagonista das últimas cinco décadas da diplomacia brasileira, o embaixador e economista Rubens Ricupero desvenda a trama de influências nacionais e internacionais desde 1750 até os dias de hoje. Seu livro revela-se um documento decisivo para a compreensão da nossa história.
Autor: Rubens Ricupero I Editora: Versal
A Moda e a Lei O autor procura entender como a história monetária se traduz nas leis. Para tanto, revisita o percurso das instituições monetárias brasileiras nos últimos 80 anos e analisa grandes acontecimentos da história econômica do Brasil, como os padrões monetários, os congelamentos e a hiperinflação.
Autor: Gustavo Franco I Editora: Zahar
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perspectivas2017 artigo Por Geovane Ferrarini Zanetti*
Foto: Divulgação
Oportunidades e desafios na concessão de crédito para a
GERAÇÃO Z
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geração Z, conhecida por ser aquela que nasceu entre o final dos anos 80 e o ano de 2010 e que, portanto, ainda não completou 30 anos de idade, é composta por uma população considerada nativa digital, muito familiarizada com a internet, os celulares, as redes sociais, as smartTVs, os apps e muitas outras tecnologias que para as gerações anteriores, como a minha, eram apenas sonhos de ficção científica ou visões de gênios como Bill Gates e Steve Jobs. Um dos traços mais marcantes dessa geração é a naturalidade com que ela trafega entre os mundos on-line e off-line, a vida real e a vida virtual, acessando seus dispositivos a todo momento e, por conta disso, deixando rastros por onde navegam, e que se tornaram o combustível da economia digital, aquela dominada pelos gigantes Google, Apple, Facebook e Amazon. Ao mesmo tempo, por conta da crise dos últimos anos no Brasil, muitos dos jovens da geração Z, que já têm idade para estar no mercado de trabalho, mas ainda não conseguiram um emprego formal ou ainda não saíram da casa dos pais, têm pouca informação relevante sobre seu comportamento de crédito nos bancos e nos principais bureaux
de informação de crédito do Brasil, limitando seu acesso a crédito. Dessa forma, ao mesmo tempo em que uma avaliação de crédito desses jovens, utilizando os modelos tradicionais de credit scorings, é limitada, há todo um admirável mundo novo de informações e de fontes de dados diferentes das tradicionais que podem ser úteis e fazer a diferença na estimativa de inadimplência dessa população. Ainda mais quando se trata de uma linha de crédito ou serviço voltada para esse público, como um cartão ou um empréstimo pessoal on-line. A avaliação de crédito tradicional, baseada em informações cadastrais, dívidas em atraso e histórico de inadimplência ainda é essencial e não deve ser substituída. Ainda assim, existe uma oportunidade gigantesca de complementá-la com técnicas e ferramentas de big data & analytics que trabalhem os dados não estruturados que estão espalhados na web, mesmo que de forma não individualizada, respeitando a privacidade e a confidencialidade dos tomadores, trazendo riscos menores e retornos maiores para instituições financeiras. f
(*) Geovane Ferrarini Zanetti é administrador, com MBA em Gestão Empresarial pela FIA. Artigo enviado em 18.9.2017
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palavrafinal Por Nicola Tingas*
Estimulada por emprego e por renda melhor, inflação baixa, com juros menores e mais crédito
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recuperação cíclica da economia deverá ter maior intensidade em 2018. O PIB deverá alcançar 0,9% em 2017 e 3,0% em 2018. Será um ano de volatilidade de expectativas diante do quadro eleitoral, com candidaturas pulverizadas e senso crítico do eleitor com relação aos políticos, trazendo incerteza sobre o desfecho do voto presidencial e maior volatilidade na precificação de risco pelos mercados financeiros doméstico e internacional. Depois das duas denúncias rejeitadas, Temer teve seu poder político e governabilidade ainda mais reduzidos, trazendo mais incerteza sobre o resgate das contas públicas. Mesmo assim, o mercado externo está favorável e as sinalizações de governo e da equipe econômica em prol de reformas fiscais e/ou gestão para cumprimento das metas fiscais têm permitido conter o risco país. Por outro lado, a recuperação cíclica e a expectativa de eleger um presidente medianamente comprometido com uma gestão econômica sustentável beneficiam o risco país. O retorno ao crescimento econômico começou no início de 2017 com safra agrícola excepcional que ampliou emprego e renda regional. Continuou com incremento das exportações, que seguirão fortes em 2018 com crescimento sincronizado da economia mundial. A recompo50 FINANCEIRO I novembro 2017
sição de estoques tem contribuído para a recuperação. Por fim, a partir segundo semestre a recuperação ganhou impulso com a expansão do consumo das famílias. O comércio varejista atesta essa “surpresa” com crescentes vendas nas festas sazonais do comércio. O crescente consumo das famílias impulsiona a dinâmica macroeconômica, na medida em que o consumo gira o fluxo econômico e cria um ciclo ascensional. Contribuem nessa direção a inflação muito baixa, a queda significativa e sustentável em 2018 da taxa de juros, o desemprego em gradual reversão, a massa salarial crescendo. Nesse ambiente o Crédito Pessoa Física cresceu 4,7% em 12 meses (outubro 2017). Sua maior expansão ao longo de 2018 contribuirá para um PIB mais robusto. Será um ano positivo, mesmo com o risco fiscal e a volatilidade política. f
(*) Nicolas Tingas é consultor Econômico da ACREFI Artigo enviado em 27.11.2017
Foto: Divulgação
Recuperação cíclica continuará em 2018, apesar da volatilidade eleitoral
Einstein: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”
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