EDIÇÃO
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MARÇO 2018
DEMOCRATIZAÇÃO DO CRÉDITO Empresário Flavio Rocha diz que as parcerias entre o varejo e as instituições financeiras devolveram poder de compra ao consumidor. Pág. 9 PAULO SERGIO SOUZA (BC)
PROTEÇÃO DE DADOS
Resolução 4.539: maior disciplina e responsabilidade das entidades financeiras Pág. 15
Legislação da União Europeia atinge negócios globais Pág. 18
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editorial
ACREFI 60 ANOS
e seguindo em frente...
O
Brasil recebeu no inídevido ao comprometimento de cio de março a excetodo o quadro de associados, lente notícia de que dos colaboradores, dos parceiros crescemos 1% no ano pase dos líderes, que foram incansásado e, mais do que isso, veis em seguir o propósito para o que a perspectiva para 2018 é qual a ACREFI foi fundada. ainda mais animadora – nós da Vivemos situação semelhante ACREFI projetamos um cresciagora: o Brasil está voltando a mento de 3%. É mesmo muito crescer, mas para que esse cresbom saber que o País voltou cimento seja sustentável preciaos trilhos depois de ter consamos ter atitudes proativas e vivido com as agruras de um aproveitar o aprendizado que a longo período de recessão, recessão nos deixou. Cada um mas ao mesmo tempo não de nós precisa fazer a sua parte, Hilgo Gonçalves podemos deixar de ligar noscom atenção redobrada para Presidente da ACREFI sas antenas e aproveitar o cada detalhe do seu negócio precioso aprendizado que os e respeitando sempre os seus anos de retração da economia nos trouxeram. colaboradores, clientes e as leis do País, sem Todos nós que convivemos, ao longo das perder de vista o comportamento do mercaúltimas décadas, com ciclos de altos e bai- do, buscando atuar focado numa governança xos da atividade econômica sabemos que a que gerencie tudo isso e também atento à recessão deixa, como legado, também lições inovação. E é importante que todos esses importantes que precisam ser assimiladas e pontos estejam claros na missão e no proaproveitadas, para sustentar um novo ciclo pósito da empresa, para que os stakeholders de crescimento. fiquem engajados. Esse foi o caso da ACREFI, que completa Pelo que constatamos nos contatos com os 60 anos no próximo dia 8 de maio. Ao longo associados, essa é a atitude que vai prevalecer desse tempo, nossa entidade viveu inúmeros mais uma vez. Como tem acontecido durante momentos desafiadores da economia brasilei- toda a sua história de 60 anos, a ACREFI se ra e soube se manter sempre como represen- mantém como entidade alinhada com a realitante reconhecidamente importante e como dade e com as necessidades do Brasil. defensora dos interesses legítimos dos seus Seguindo nessa linha, vislumbramos um associados, sem esquecer de compartilhar futuro mais do que promissor para o País, conhecimentos, visando contribuir para um para o setor financeiro e para a nossa entisistema financeiro sólido. dade. Sempre com otimismo, mas com os Foram inúmeras as batalhas enfrentadas pés no chão, reconhecendo os desafios que desde 1958, mas os obstáculos nunca desa- precisamos superar, porém acreditando tamnimaram a ACREFI nem seus associados que, bém que existem inúmeras oportunidades, ao contrário, buscaram nos cenários desafia- as quais precisamos potencializar. A ACREFI dores o aprendizado para seguir em frente e acredita no futuro do Brasil. Por isso já deficontinuar crescendo. nimos o lema do nosso tradicional Seminário Esta superação de mais de 60 anos merece Internacional, que acontecerá em novembro: ser celebrada, pois ela somente foi possível “Brasil, um passo à frente...” f março 2018 I FINANCEIRO
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B3. INTEGRAMOS PARA POTENCIALIZAR. Empresa de infraestrutura de mercado de classe mundial, a B3 nasce para integrar o mercado e potencializar negรณcios. B3. Somos Brasil. Somos Bolsa. Somos Balcรฃo.
B3: o resultado da combinação entre a BM&FBOVESPA e a CETIP. Saiba mais em B3.COM.BR
sumário
EDIÇÃO #108
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EDITORIAL Hilgo Gonçalves
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ENTREVISTA DE CAPA Flávio Rocha
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Presidente da ACREFI
Presidente licenciado do Grupo Guararapes
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SEMINÁRIO Risco de Conduta
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PONTO DE ENCONTRO Paulo Sérgio de Souza
Relacionamento com os clientes
Diretor de Fiscalização do Banco Central
WORKSHOP Regulamentação GDPR Proteção de dados
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PAINEL B3 Financiamento de veículos
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PERFIL Novos associados
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CULTURA Instituto Moreira Salles (SP)
382 mil unidades em fevereiro
Sicredi e Avista
Fotografia, cinema e música
ARTIGOS 25 Marcel Solimeo
Incertezas e perspectivas
6 FINANCEIRO I março 2018
27 Sidney Frattini Gestão financeira
28 Nicola Tingas
Brasil, um passo à frente
nossosassociados
• AGORACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • AVISTA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • BANCO A.J. RENNER S.A. • BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A. • BANCO CBSS S.A. • BANCO CETELEM S.A. • BANCO CNH INDUSTRIAL CAPITAL S.A. • BANCO CSF S.A. • BANCO DAYCOVAL S.A. • BANCO DO BRASIL S.A. • BANCO FIDIS S.A. • BANCO GMAC S.A. • BANCO HONDA S.A. • BANCO INTER S.A. • BANCO ITAUCARD S.A. • BANCO ITAÚ UNIBANCO S.A. • BANCO JP MORGAN BRASIL S.A. • BANCO LOSANGO S.A. • BANCO PAN S.A. • BANCO PAULISTA S.A. • BANCO PINE S.A. • BANCO PSA FINANCE BRASIL S.A. • BANCO RODOBENS S.A. • BANCO SAFRA S.A. • BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. • BANCO SEMEAR S.A. • BANCO TOYOTA DO BRASIL S.A. • BANCO TRIÂNGULO S.A. (TRIBANCO) • BANCO VOLKSWAGEN S.A. • BANCO YAMAHA MOTOR DO BRASIL S.A. • BMW FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • BRB CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • BV FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
• CAIXA ECONÔMICA FEDERAL • CARUANA S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • CCB BRASIL S.A. – CRÉDITO, FINANCIAMENTOS E INVESTIMENTOS • DACASA FINANCEIRA S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • ESTRELA MINEIRA CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • FINAMAX S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • FINANCEIRA ALFA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS
• HS FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • KREDILIG S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • LECCA CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • MERCANTIL DO BRASIL FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • MIDWAY S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • NEGRESCO S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • OMNI S.A. CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • PORTOCRED S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • PORTOSEG S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SANTANA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SANTINVEST S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SAX S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SENFF S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SICREDI VALE DO PIQUIRI ABCD PR/SP • SOCINAL S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SOROCRED CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A • UNICRED DO BRASIL – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS CENTRAIS UNICREDS
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expediente
ISSN 1809-8843
Publicação da acrefi - Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 - 28°andar I São Paulo, SP Tel: (11) 3107-7177 - www. .org.br
Diretoria - Biênio 2016 - 2018 Presidente Hilgo Gonçalves
Vice-presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Celso Luiz Rocha, Leandro Diniz, Luiz Francisco Monteiro de Barros Neto e Rubens Bution
Diretores Tesoureiros João dos Santos Caritá Jr. e José Garcia Netto
Diretores Secretários André de Carvalho Novaes e Rodnei Bernardino
Diretores executivos Álvaro Augusto Vidigal, Elias de Souza, José Tadeu da Silva, Lourenço Gomes, Marcos Renato Coltri, Roberto Willians da Silva Azevedo e Wanderley Vettore
Conselho fiscal Domingos Spina, Geraldo Lima Vandalsen e Cláudio Messias Ferro
Diretor superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Controller Carlos Alberto Marcondes Machado
Consultor Econômico Nicola Tingas
Consultora Jurídica Cintia M. Ramos Falcão
Consultor de Regulação e Compliance Sergio Odilon dos Anjos
Auditoria Megacont Auditoria e Assessoria Contábil
Contabilidade Conaupro Consultoria e Contabilidade Ltda.
Assessoria de imprensa
Diretores regionais Carlos Alberto Samogim, Felicitas Renner, Leonardo Lima Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Teixeira da Rosa e Romeu Zema
Diretores conselheiros Alexandre Teixeira, Giorgio Rodrigo Donini, José Carlos Alves, Marcos Westphalen Etchegoyen e Ricardo Albuquerque
Publisher Sergio Tamer
Editores Theo Carnier e Gilberto de Almeida
Montadoras
Editor assistente
Américo da Costa Martins, Edson Tadashi Ueda, Eduardo Tavares Nobre Varella, Gunnar Alejo Ramos Murillo, Lourenço Gomes, Nelson Dias de Aguiar e Rodrigo de Oliveira Ferroni
Gustavo Girotto
Conselho consultivo Membros Natos Alkindar de Toledo Ramos, Érico Sodré Quirino Ferreira e Manoel de Oliveira Franco
Membros Alarico Assumpção Júnior, Antonio Carlos Botelho Megale, Gilson Finkelsztain, Ilídio Gonçalves dos Santos, Luiz Horácio da Silva Montenegro, Luiz Tavares Pereira Filho e Miguel José Ribeiro de Oliveira
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Arte Mariela Tiradentes
Revisor Vicente dos Anjos
Impressão Mundial Gráfica
* As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.
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A PROFISSIONALIZAÇÃO DO VAREJO CONTRIBUIU COM A RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA FLÁVIO ROCHA
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mpenhado em divulgar o Manifesto Brasil 200, Flávio Rocha – vice-presidente licenciado do Grupo Guararapes, do qual fazem parte a rede Riachuelo e a Midway Financeira – tem difundido entre os empresários e debatido com a sociedade a necessidade de o Brasil adotar uma economia mais livre, com menor regulação e com um Estado menos intervencionista. Os 200 anos do seu manifesto são referência à comemoração do bicentenário da Independência do Brasil, que será festejado em 2022, período que coincide com o fim do mandato do próximo presidente. Rocha diz que uma das missões da sua iniciativa é conscientizar e mobilizar o eleitor, que ainda se encontra órfão de projetos e de candidatos sensíveis às ideias liberais. O empresário considera que o atual perfil intervencionista do Estado resultou na deterioração dos valores, em corrupção e criminalidades. A seguir, leia os principais trechos da sua entrevista, concedida à Financeiro.
Fotos: Divulgação
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fláviorocha
"O povo quer fazer a sua parte, mas sobram na prateleira os projetos políticos baseados em ideias liberais, contra o protagonismo do Estado na economia"
Como o senhor avalia o atual cená- valores fundamentados em conceitos estatizantes. Nós tivemos um período de prorio econômico? O ano de 2017 foi realmente um ano de retomada. Isso mostra a força das ideias boas. Embora com todo o turbilhão político, o termômetro dos principais indicadores econômicos foi positivo. O Ibovespa rompeu a marca dos 80 mil pontos, superando seu recorde histórico, a taxa de juros continua caindo, o índice de confiança do consumidor está em alta e a oferta de empregos vem crescendo nos últimos meses. São os primeiros frutos da reforma trabalhista. Isso mostra que o caminho das reformas é aquele que vai devolver o Brasil ao rumo da competitividade. Há seis meses, parecia que estávamos no ralo, mas fomos favorecidos pelos ventos liberalizantes.
Quais são os objetivos do Manifesto Brasil 200? Se a eleição fosse hoje, teríamos um total retrocesso ideológico, como mostram as pesquisas. O Manifesto Brasil 200 visa conscientizar e mobilizar o eleitor. O eleitorado evoluiu muito, mas ele ainda está órfão de projetos e de candidatos. O povo quer fazer a sua parte, mas sobram na prateleira os projetos políticos baseados em ideias liberais, contra o protagonismo do Estado na economia, que seja um contraponto à erosão de
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tagonismo do Estado, de intervencionismo, de degradação dos valores, que resultou em deterioração, corrupção e criminalidade. Precisamos liberar a economia e conservar os costumes. É esse o espaço político que o Manifesto Brasil 200 pretende ocupar.
Dentro dessa proposta de renovação do Brasil, qual é o papel do varejo como um dos principais impulsionadores econômicos? Em uma economia moderna, o varejo assume o protagonismo na cadeia de suprimentos. Entre 2003 e 2013, o varejo viveu uma importante evolução e deixou de ser coadjuvante e se tornou a locomotiva da cadeia de suprimentos. Foi um período de crescimento e de forte profissionalização e formalização das redes de varejo. Isso levou a um varejo de alta performance, o que aumenta a responsabilidade do setor. A formalização contribuiu com a recuperação da economia, com o aumento das transações eletrônicas de pagamento, com o spread fiscal, com a substituição tributária. A formalização abriu espaço para um varejo mais competitivo, um varejo que assume as rédeas da cadeia de suprimentos.
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As financeiras têm um papel preponderante nesse desenvolvimento sustentável do Brasil?
“As parcerias entre
Sem sombra de dúvidas, inclusive as joint ventures e as parcerias entre as instituições financeiras e o varejo foram grandes responsáveis pela democratização do crédito. Isso teve um papel até mais importante do que o crescimento da renda, pois o crédito traz realmente um poder de compra importante.
as instituições
Como o senhor avalia os benefícios com a aprovação definitiva do Cadastro Positivo? Essa é realmente uma bandeira do varejo que, sem sombra de dúvidas, seria uma injeção na oferta de crédito. E também traria consequências positivas na redução do spread bancário.
financeiras e o varejo foram grandes responsáveis pela democratização do crédito”
De acordo com o planejamento das suas empresas, o que podemos esperar da Midway em 2018? As perspectivas são positivas. Na Midway, estamos agora intensificando a conversão dos cartões private label. Somos responsáveis pela administração da maior carteira de cartões private label do País, com mais de 30 milhões de clientes, e isso é matéria-prima abundante para criarmos um produto ainda mais importante, que são cartões cobranded: o cartão Riachuelo, com as bandeiras Visa e Mastercard. f
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Sintonia com os novos tempos ATENTA ÀS NECESSIDADES DO CONSUMIDOR E AOS AVANÇOS GERADOS PELO SISTEMA FINANCEIRO, ACREFI PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE O RELACIONAMENTO DOS CLIENTES COM OS BANCOS
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Fotos: Marco Fiore
seminárioacrefi
riscodeconduta
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excelência no atendimento aos clientes é um dos temas permanentes nas discussões da ACREFI. Para manter o assunto em alta, a partir dos avanços conquistados, a associação promoveu, dia 23 de fevereiro, no Renaissence São Paulo Hotel, o seminário Risco de Conduta Resolução 4.539/2016 – Impactos e Aspectos Práticos da Regulamentação do Banco Central para tratar da política institucional de relacionamento com clientes e usuários do sistema financeiro. O evento contou com a participação dos palestrantes Sergio Odilon dos Anjos, consultor de Regulação e Compliance da ACREFI; Amaury Martins Oliva, diretor de Autorregulação e Relações com os Clientes da Febraban; e Paulo Sergio Neves de Souza, diretor de Fiscalização do Banco Central. O encontro foi patrocinado por B3, Credilink e Serasa Experian. Antes do início das apresentações, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, lembrou que em 2018 a ACREFI comemora 60 anos de fundação. “Embora seja uma entidade sexagenária, ela se mantém moderna e mais jovem do que nunca. Continuamos em plena sintonia com os novos tempos”, garante Hilgo. Ele sugeriu também que todos permaneçam atentos e reflexivos diante das decisões a serem tomadas em relação à retomada da economia e às eleições programadas para este ano. “Uma das nossas obrigações é difundir o consumo consciente do crédito. Outro comprometimento é com o cuidado dedicado aos clientes”, reforça. “Nessa missão, devemos engajar os colaboradores para que informem bem aos clientes, favorecendo a transparência e seguindo a Resolução 4.539, que deixa isso muito claro. Isso torna os clientes mais fiéis e os acionistas mais satisfeitos”. Ao falar a respeito da macroeconomia, Hilgo prevê que o crédito para o consumidor
pessoa física deverá crescer, em 2018, de 7% a 12%, em termos nominais. Segundo o presidente da ACREFI, esse aumento está apoiado, entre outros motivos, na retomada da confiança do consumidor. Sobre o PIB, a ACREFI espera para este ano um crescimento de 3%. Já a inflação deve fechar o período em 3,7%, índice inferior ao centro da meta fixada de 4,5%. A taxa de juros, por sua vez, deve ficar em 6,5% ao ano. Apresentada a mensagem inicial da ACREFI, o consultor Sergio Odilon lembrou que o BC criou a Resolução 4.539 baseado em tendências internacionais de relacionamento com o consumidor. “Não adianta a instituição financeira ter um relacionamento maravilhoso com os clientes, mas continuar praticando a venda casada”, adverte Odilon. Ele explicou que as principais preocupações do BC relacionadas aos clientes são evitar um risco sistêmico e a preservação da estabilidade do sistema financeiro. “O BC quer mitigar os problemas na origem”. Além disso, segundo o consultor, as instituições financeiras deveriam preocupar-se em melhorar a qualidade dos contratos, nos quais, normalmente, o cliente é levado apenas a preencher lacunas. Outro foco de atenção é validar, cada vez mais, as ações geradas pelas áreas de SAC, Ouvidoria, Compliance,
Hilgo Gonçalves
Paulo Sergio Souza
Amaury Martins
Sergio Odilon
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Controles Internos, Autorregulamentação, etc. “Espera-se que as instituições continuem a valorizar os direitos do consumidor e disseminem o engajamento dos colaboradores em torno das normas da Resolução 4.539/2016 do BC”, reforça Sergio Odilon. De acordo com Amaury Martins Oliva, diretor da Febraban, o atendimento dos clientes nos bancos melhorou muito desde 2007, quando foi criada a Comissão de Ouvidorias e Relações com Clientes. Hoje, 18 bancos são signatários da Diretiva de Atendimento em Agências, o que representa 90% dos consumidores brasileiros. Com a padronização do atendimento nas agências, em 2009, os clientes não têm mais dificuldade, por exemplo, caso desejem encerrar uma conta-corrente”, exemplifica Oliva. “Além disso, reorganizamos o atendimento de idosos e de pessoas com necessidades especiais, reorientamos as filas e passamos a acomodar os clientes em cadeiras”, enumera o executivo da Febraban. Embora o setor bancário seja complexo, a evolução relacionada ao atendimento foi constante e hoje os consumidores se mostram mais satisfeitos com a readequação de 94% das agências bancárias, segundo Oliva. Entre os órgãos de defesa do consumidor, percebe-se uma queda constante das reclamações e também um aumento da resolução dos problemas. No portal Consumidor.com, por exemplo, de cada dez queixas registra-
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das, oito são solucionadas. “O nosso objetivo é aumentar a eficiência e a resolutividade das questões. Isso porque o conflito é caro e não interessa ao consumidor, às autoridades e ao sistema financeiro”, resume o diretor da Febraban. Como diretor de Fiscalização do BC, Paulo Sergio Neves de Souza (leia sua entrevista na página 15) acredita que o avanço conquistado pelo consumidor nos últimos 11 anos é resultado de uma demanda social, em que o regulador e o sistema financeiro souberam entender e viabilizar. A motivação da Resolução 4.539/2016 está apoiada em quatro grandes frentes: estabelecer uma disciplina geral, estimular uma maior conscientização e responsabilidade sobre o tema, aderir às recomendações e às melhores práticas internacionais e ainda aprimorar o relacionamento com clientes e usuários. “A adesão a essas linhas de trabalho espelha uma realidade já detectada pelo BC: os bancos que têm melhor governança são aqueles que sobrevivem”, afirma Souza. De acordo com diretor do BC, a Resolução 4.539/2016 promove a cultura organizacional, incentiva o relacionamento cooperativo e equilibra a convivência do sistema com os clientes e usuários. “Portanto, é fundamental dispensarmos um tratamento justo e equitativo para a sociedade”, sustenta Souza. Ao oferecer um novo produto ou serviço aos clientes, a recomendação é que isso seja feito de forma organizada, porque, ao longo do tempo, o consumidor faz a sua avaliação e as suas escolhas. “O Brasil mudou, as instituições mudaram e os compromissos com o consumidor foram além do que tínhamos no passado. E os bancos estão na vanguarda, pois souberam entender as demandas da sociedade”, conclui Neves de Souza. f
Foto: Marcos Fiore
”Estamos ajudando a construir um país mais simples e com um resultado de justiça e de equanimidade muito melhor”
Paulo Sergio Neves de Souza Diretor de Fiscalização do Banco Central
PELA REPRESENTATIVIDADE DO BANCO CENTRAL NO SEMINÁRIO RISCO E CONDUTA, A REVISTA FINANCEIRO COLHEU IMPRESSÕES DE PAULO SERGIO NEVES DE SOUZA, DIRETOR DE FISCALIZAÇÃO DO REGULADOR, A RESPEITO DO DEBATE ENTRE OS PALESTRANTES A estrutura da Resolução 4.539/2016 é suficiente para atender às necessidades do mercado financeiro? A Resolução 4.539/2016 soma-se a um amplo universo regulatório já editado pelo Conselho Monetário Nacional, o qual contempla questões relacionadas a suitability, ouvidoria, tarifas, transparência em pacotes de serviços, portabilidade de cadastro, de salário e de crédito, entre outros assuntos. Os princípios e a política institucional de que esse normativo trata têm por propósito estabelecer uma disciplina geral que estimule maior conscientização e responsabilidade das
entidades reguladas, aprimorando o relacionamento com clientes e usuários. Vale dizer, o arcabouço regulatório como um todo é sim suficiente para atender às necessidades do mercado financeiro, sem prejuízo do permanente aperfeiçoamento que é próprio de nosso universo de atuação. A recente medida do governo que permite ao BC multar instituições em processos administrativos também se aplica à Resolução 4.539? Sim, também se aplica. O arcabouço sancionador era bastante antigo, com
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pontodeencontro
mais de 50 anos, e foi idealizado quando da criação do BC. A nova disciplina, estabelecida por meio da Lei 13.506, de 13 de novembro de 2017, reúne uma série de instrumentos normativos modernos que conferem ao BC maior efetividade na persecução administrativa. Deve-se ressaltar que o objetivo do regulador não é o de apenar, mas de adotar a medida mais adequada diante de desvios de conduta com os quais se deparar.
Qual o é objetivo do BC ao restringir as compras parceladas pelo cartão de crédito? Importante destacar que o BC não quer restringir as compras parceladas por cartão de crédito. Estamos trabalhando para estimular novas opções de compra e para diferenciar o preço nas diversas modalidades de pagamento. Não temos dúvidas que esse trabalho resultará, ao seu final, em benefícios a lojistas e consumidores, contribuindo para o crescimento sustentável da economia. Estamos ajudando a construir um país mais simples e com um resultado de justiça e de equanimidade muito melhor. O BC vem adotando medidas no sentido da redução das assimetrias estruturais existentes no mercado financeiro brasileiro de cartão de crédito em comparação com a dinâmica existente nas economias mais avançadas. Essas medidas estão contempladas no bojo da Agenda BC+, notadamente no pilar denominado “Crédito Mais Barato”. Convido a todos conhecerem tal Agenda, no link http://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/c/ BCMAIS/.
"O objetivo do
Com a redução do número de agências físicas, como fica o monitoramento do atendimento aos clientes?
regulador não é o
de apenar, mas de adotar a medida mais adequada
A supervisão desenvolvida pelo BC sobre o sistema financeiro é contínua, intrusiva e independe do perfil de atuação das instituições. Ademais, o BC realiza, de longa data, o monitoramento da maior parte das operações do sistema e esse processo independe do número de agências físicas existentes, não havendo que se falar em perda da qualidade do monitoramento do atendimento que é ofertado aos clientes. Entre outros indicadores, as reclamações de clientes, tanto as registradas no Banco Central como as que são realizadas diretamente nos SACs das instituições e nas respectivas ouvidorias, representam um insumo importante para direcionar o trabalho da Fiscalização.
diante de desvios
de conduta com os quais se deparar"
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Como podemos melhorar a suitability dos cartões de crédito? A Resolução nº 3.694, de 26 de março
"O BC não quer restringir as compras parceladas por cartão de crédito.
paulosouza Estamos trabalhando para estimular novas opções de compra e para diferenciar o preço nas diversas modalidades de pagamento"
de 2009, atualizada pela Resolução nº 4.283, de 4 de novembro de 2013, disciplina essa questão e impõe uma série de procedimentos que devem ser observados pelas instituições financeiras e pelas demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central. Essa norma foi editada já há cerca de nove anos e também se aplica às instituições de pagamento, na medida em que passaram a fazer parte do universo regulatório do Banco Central. Esse é um ponto ao qual a fiscalização do Banco Central tem dedicado especial atenção e estamos adotando ações voltadas especificamente ao segmento de cartões de crédito. Quais áreas dos bancos seriam as mais indicadas para cuidar das questões relacionadas ao consumidor? O texto da Resolução 4.539/2016 não define uma área específica para cuidar das questões relacionadas a consumidor, ficando a cargo de cada instituição financeira definir, dentro de sua estrutura organizacional, a governança mais apropriada para lidar com o tema, desde que devidamente formalizada em uma Política Institucional de Relacionamento com os Clientes e Usuários. Em outras palavras, o essencial é que essa questão esteja integrada em uma estrutura de governança adequada ao perfil da instituição financeira, a qual é objeto de supervisão pelo BC. No entanto, lembro que o sucesso na relação com o consumidor passa necessariamente pelo pleno conhecimento dos princípios e da política institucional, notadamente pelos gestores responsáveis pelo desenvolvimento dos produtos, bem como pela área responsável por propaganda e marketing.
Além da própria Resolução 4.539/2016, de que forma o BC pode exigir da alta administração das financeiras um empenho melhor na aplicação da política de relacionamento com o cliente? Inicialmente, gostaria de deixar registrado que o maior interessado na manutenção de um relacionamento de qualidade com seu cliente é a própria instituição financeira, dado que podemos visualizar nítida correlação entre as instituições que adotam políticas adequadas de boa governança corporativa e crescimento sustentável. Portanto, acreditamos firmemente que é de todo interesse da alta administração das instituições a estrita observância aos requisitos estabelecidos na Resolução 4.539/2016. Ademais, o BC implementou mecanismo de supervisão e avaliação das instituições financeiras, com métricas voltadas a identificar o cumprimento de diversas exigências regulatórias, inclusive das relacionadas à política de relacionamento com o cliente. Qual é a posição do BC sobre a responsabilidade de atendimento do correspondente bancário? A Resolução 3.954/2011 estabelece que a responsabilidade pelo atendimento prestado pelo correspondente no País é da própria instituição financeira contratante. Temos consciência de que o correspondente no País é um canal importante no processo de disseminação da inclusão financeira, especialmente na modalidade de crédito, e é objeto de permanente atenção do BC, tanto sob a ótica do aperfeiçoamento regulatório quanto da fiscalização. f
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Fotos: Marco Fiore
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A LEI DA PROTEÇÃO DOS DADOS Ao aplicar multas de até € 20 milhões a partir de maio, a GDPR (General Data Protection Regulation), da União Europeia, chama a atenção do mundo sobre o uso indevido das informações pessoais coletadas na internet
A
o passar alguns dias no Brasil, um turista europeu vai ao caixa eletrônico e faz uma transferência bancária para a França. Só que ao efetivar a transação, o sistema do banco, automaticamente, registra alguns dados bancários e pessoais durante a operação. Até
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aí, aparentemente, nada de mal. Engano, pois, a partir de 25 de maio deste ano, entra em vigor a GDPR (General Data Protection Regulation) − legislação que trata da privacidade das informações pessoais de cidadãos europeus – e obriga qualquer empresa ou instituição a se adaptar
regulamentaçãoeuropeia
às novas regras, incluindo aquelas localizadas fora da União Europeia. A multa para quem não se adequar às normas pode chegar a € 20 milhões ou 4% do lucro global da empresa. Embora a penalidade possa atingir a maioria das empresas, muito poucas, infelizmente, têm se mobilizado em torno da questão. Para tentar sensibilizar o setor financeiro, a ACREFI, o escritório Patricia Peck Pinheiro (PPP) Advogados e a Time.Lex Lawyers promoveram dia 22 de fevereiro um workshop no auditório da ACREFI, em São Paulo. O encontro reuniu os advogados Patricia Peck, especialista em Direito Digital; e Davide Parrilli, belga e sócio do escritório Time.Lex; Leandro Bissoli, também sócio do PPP Advogados; João Paulo Fortes, especialista em GRC (Governance, Risk and Compliance) da SAP; Luciano Albertini, sócio da área de Information Technology Risk & Assurance da EY (Ernst & Young) Brasil; Rodrigo Carril, diretor jurídico e de Compliance da Softline; e Milena Andrade, executiva da Peck Sleiman EDU. Atenta ao quase completo desconhecimento das empresas sobre os efeitos da GPDR, Patricia alertou os convidados do workshop para a necessidade de o mercado brasileiro começar a se adaptar às normas que passam a ser exigidas pela União Europeia. “A adequação de processos não se faz de um momento para outro. Isso leva tempo, envolve várias etapas, áreas e equipes bem treinadas para executar as tarefas. É por isso que as direções das empresas devem estar ligadas aos impactos desse novo paradigma regulatório global”, recomenda Patricia Peck. Ela lembrou que o Brasil, assim como
Patrícia Peck e Davide Parrilli
outros países, precisa mudar a sua cultura em relação ao tratamento de dados na internet. “Não vivemos mais em uma ilha, vivemos em uma rede de negócios mundial. Até o dia 25 de maio, teremos um tempo muito curto para tratar tantos dados, mas poderemos iniciar monitoramento legal que deverá evoluir nos próximos anos”, prevê Patrícia. Davide Parrilli trouxe aos convidados da ACREFI seu olhar sobre o desafio que significa a adequação da GDPR em diferentes países. Isso porque as novas normas valem no contexto das atividades de uma empresa que deve tratar os dados, esteja ela dentro ou fora da União Europeia. “No caso do setor financeiro, especificamente dos bancos, a GDPR é aplicada quando a filial brasileira recebe, por exemplo, dados de clientes europeus (inclusive brasileiros residentes na Europa), enviados por uma filial da UE. Ou quando um banco brasileiro com filial na UE, quando trata os dados dos clientes ou dos funcionários”, explica Parrilli. Tudo isso regido por três palavras essenciais: responsabilidade, informação e transparência.
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Na Bélgica, país de Parrilli, a Justiça condenou recentemente o Facebook por rastrear pessoas, por meio de cookies digitais, sem o devido consentimento prévio dos usuários. Antes mesmo de a GDPR começar a valer, a rede social de Mark Zuckerberg se viu obrigada a apagar todos os dados armazenados, pois foram obtidos de forma ilegal, violando a legislação belga que protege a vida íntima de exposições. Na avaliação de Luciano Albertini, da EY Brasil, a implantação das sanções previstas na GDPR também deve gerar muitas dificuldades para as empresas. Embora as novas normas tenham sido aprovadas em abril de 2016, a mobilização se tornou maior agora, pressionada pelo alto valor das multas previstas. Aqui na América do Sul, Albertini contou que a Argentina desde 2000 possui leis severas para proteção de dados digitais. O Brasil, por sua vez, ainda tem uma legislação frágil, assim como acontece nos Estados Unidos. Segundo o executivo da EY, 70% da GDPR recai na governança das empresas, que devem monitorar permanentemente a coleta, a utilização e o gerenciamento dos dados das pessoas. Tudo sob a autorização prévia do cidadão. Em caso de violação, as empresas têm apenas 72 horas para acionar e notificar as agências reguladoras. “O monitoramento deve ser contínuo e intempestivo”, sugere Albertini. “Acompanhar os dados é o básico que qualquer companhia deveria fazer. Não faça disso um projeto de negócio, mas em um projeto baseado nas leis. O consentimento das pessoas deve ser claro. Elas devem saber exatamente onde as informações serão usadas. Além disso, o GDPR veio para proteger a imagem das empresas. Não dá para ter privacidade sem segurança”, garante Albertini. f
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Leandro Bissoli Sócio do PPP Advogados
João Paulo Fortes Especialista em GRC da SAP
Luciano Albertini Executivo da EY Brasil
Milena de Andrade Executiva da Peck Sleiman EDU
op inião atitude conhecimento Há 60 anos, a ACREFI é movida pelos desafios e pela força dos associados. Você faz parte dessa comemoração.
Financiamentos de veículos somam 382,6 mil unidades em fevereiro Vendas a crédito de autos leves novos crescem 16,4%
O
s financiamentos de veículos novos e usados avançaram 8,9% em fevereiro de 2018 na comparação com o mesmo mês do ano passado, encerrando o período com um total de 382.613 unidades financiadas, entre autos leves, motos e pesados. Desse total, foram vendidos a crédito 134.723 veículos novos, alta de 14,8% em relação ao mesmo período de 2017. Já os usados atingiram 247.890 vendas a crédito em fevereiro deste ano, avanço de 6% na mesma base de comparação.
O levantamento é da B3, empresa resultante da combinação de atividades da BM&FBOVESPA, uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, e a Cetip, maior depositária de títulos privados da Améri ca Latina. A B3 opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base privada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas.
Entre os automóveis leves, as unidades novas avançaram 16,4% no fevereiro de 2018, em relação ao mesmo período de 2017, ao somarem 81.982 carros financiados. Já os autos leves usados cresceram 5,6%, na mesma base de comparação, e totalizaram 227.325 unidades financiadas em fevereiro deste ano. "Assim como observamos em janeiro, há uma leve tendência de retomada no volume de financiamentos. No entanto, ainda é cedo para falar em recuperação. O cenário ainda é de estabilidade", afirma Marcus Lavorato, gerente de Relações Institucionais da B3.
Em fevereiro de 2018, os autos leves com até três anos de uso mostraram queda de 12,8%, enquanto os autos leves com nove a 12 anos de uso avançaram 25,6%, na comparação com o mesmo período de 2017, com 44.381 carros negociados. Seguindo o mesmo desempenho de alta, os carros com mais de 12 anos avançaram 12,6% e somaram 13.600 unidades e os autos leves de quatro a oito anos de uso registraram alta de 5,8% e somaram 130.570 unidades vendidas a prazo.
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O prazo médio de financiamento de autos leves com até três anos de uso aumentou de 42,2 para 43,4 meses em fevereiro deste ano, em relação ao mesmo período de 2017. No período, o prazo para carros com quatro a oito anos de uso ficou praticamente estável, passando de 43,3 para 43,4 meses, na mesma base de comparação.
Considerando as modalidades de financiamento, o CDC foi a única categoria que avançou em fevereiro, e continua sendo a mais utilizada pelos consumidores, com 323.825 unidades negociadas, alta de 10,9% na comparação com o mesmo período de 2017. Já o consórcio manteve-se estável, com crescimento de 0,5% e 52.126 unidades negociadas.
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perfil
SEJAM
BEM-VINDOS! CONHEÇA OS DOIS MAIS NOVOS ASSOCIADOS DA ACREFI
O Sicredi é uma instituição financeira cooperativa, fundada em 1902 no sul do Brasil, considerada até hoje referência internacional dentro do seu modelo de atuação. Com 117 cooperativas de crédito filiadas, possui uma rede de mais de 1.500 agências, distribuídas em 21 Estados brasileiros, interligadas ao Banco 24horas. Pioneiro em seu segmento, o Sicred é feito de pessoas e para pessoas, valorizando o relacionamento cada vez mais próximo e simples com os usuários, além de entender e atender ao associado, que é o dono do empreendimento. Seus 3,8 milhões de associados votam e decidem sobre os rumos do empreendimento de forma transparente e democrática. Com apoio de mais de 20 mil colaboradores, o Sicredi promove o desenvolvimento econômico e social dos associados e das comunidades em que atua, com um portfólio de mais de 300 produtos e serviços financeiros para pessoa física e pessoa jurídica.
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Fundado há mais de 20 anos, no Espírito Santo, pelo empresário Walter José Piana e seus filhos Giovanni e Walter, o Grupo Avista reúne, entre outras empresas, a pag! – uma fintech que nasceu amparada por um grande know-how financeiro − e a Avista Financeira. Ao longo da sua trajetória, construiu um perfil corporativo baseado em três verticais: sustentabilidade dos negócios, foco em projetos diferenciados e em propostas inovadoras de investimento. Sua mais recente inovação foi o lançamento pela pag!, em maio de 2017, de um produto dois em um: conta e cartão digitais, sem custo de anuidade, que já atraiu mais 1,3 milhão de pedidos, dos quais foram selecionados, por enquanto, 180 mil clientes ativos. Sua estratégia de divulgação foi baseada em um “boca a boca” compartilhado nas redes sociais. Além das tradicionais transações de compra, o cartão permite realizar pagamento de contas, como água, luz e telefone, além de boletos bancários e realização de TEDs.
artigo
Foto: Divulgação ACSP
Marcel Solimeo*
INCERTEZA E PERSPECTIVAS
A
pós o início da recuperação da economia brasileira a partir do segundo semestre de 2017, discutem-se agora as perspectivas para o ano em curso, especialmente para o comércio, uma vez que o consumo deve ser o principal elemento para o resultado do PIB de 2018. Para se avaliar o provável desempenho do varejo é preciso analisar os fatores que propiciaram a retomada do setor em 2017 e seu possível comportamento neste ano. Começando pela inflação, cuja queda − especialmente dos preços dos alimentos − foi importante para permitir a recuperação da renda real, o que, associada a um ligeiro crescimento do emprego, a maior parte informal, assegurou aumento da massa salarial da ordem de 3,4%. A redução significativa das taxas SELIC ao longo do ano, embora só muito parcialmente transferida para o crédito das pessoas físicas, propiciou alongamento dos prazos do crediário, facilitando a expansão das vendas de bens de maior valor, inclusive veículos. A diminuição da inadimplência, resultante do comportamento mais cauteloso dos consumidores, do rigor dos bancos e da injeção de recursos adicionais do FGTS no mercado também contribuiu para a retomada das vendas. A confiança do consumidor continuou em patamar muito baixo, mas estável, e houve queda real de preços de alguns produtos eletroeletrônicos. Além disso, a necessidade de as famílias reporem equipamentos domésticos, depois de três anos de retração das compras, ajudou o varejo. Para 2018, as projeções de inflação sinalizam para um comportamento bastante favorável, embora ligeiramente superior ao patamar atual. A
expectativa do emprego é não apenas de maior crescimento, como de maior qualidade das vagas, especialmente por parte da indústria, o que deve propiciar um aumento da massa salarial superior ao observado em 2017. Embora a SELIC deva estabilizar-se no nível atual, é possível que as taxas de juros para o consumidor possam baixar em função de menor inadimplência, do aumento da concorrência e da expansão do crédito, o que deve compensar o menor volume de recursos adicionais a serem injetados no mercado e a expansão mais limitada dos prazos do crediário (para evitar aumento da inadimplência). A confiança do consumidor deverá subir especialmente em função da melhora do emprego, aumentando a segurança do trabalhador para assumir compromissos a prazo. Assim, poder-se-ia projetar para 2018 um cenário de crescimento do PIB da ordem de 3%, com aumento na casa dos 5% para o varejo. A inflação deve manter-se próxima dos 4% e o emprego deve expandir em torno de 5%, mas com melhores salários, permitindo crescimento da massa salarial entre 5% e 6%. Esse é um cenário possível e até provável, com pequenas variações. Mas não podemos ignorar que o Brasil vive um período de incertezas. A situação fiscal, a questão político-eleitoral e o cenário externo podem impactar a taxa de câmbio e levar a aumentos dos juros para conter a inflação, prejudicando o crescimento da economia. Em ambiente de incerteza o empresário precisa estar sempre atento e informado, pronto para se adaptar a mudanças, sendo sempre pessimista na análise e otimista na ação. Ou seja, precisa estar preparado para as dificuldades, mas sem se deixar paralisar pelo pessimismo. f
(*) Marcel Solimeo é superintendente institucional e economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo. Artigo enviado em 16.2.2018
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cultura
IMS: PROGRAMAÇÃO DEDICADA À FOTOGRAFIA, AO CINEMA E À MÚSICA
A NOVO XODÓ PAULISTANO
nova sede paulista do Instituto Moreira Salles deixou a Av. Paulista ainda mais atraente. O premiado projeto do arquiteto Marcelo Morettin foi construído a partir de conceitos modernos de sustentabilidade. São 6 mil m², divididos em sete andares, todos com pé-direito duplo. Para manter a coesão entre os pavimentos, o arquiteto transpôs para o quarto andar a entrada e o espaço de convívio dos visitantes. Além das áreas para exposições, com mais de 1,2 m², o IMS Paulista conta com um cineteatro para 150 pessoas – área para exibição de filmes, shows e seminários −; uma biblioteca de fotografia, com 30 mil itens; salas de aula; loja/livraria e o restaurante Balaio. Não deixe de conhecer. Av. Paulista, 2424 Tel.: (11) 2842.9120
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artigo
Sidney Frattini* Foto: Divulgação
COMPORTAMENTO E GESTÃO FINANCEIRA
O
número 106, de novembro de 2017, da Revista Financeiro, divulgou os resultados da mais recente pesquisa ACREFI | Kantar TNS. Estes revelam um aumento do otimismo em relação ao crescimento do País e à oportunidade de trabalho. Trinta e oito por cento dos consultados acreditam que o desemprego não aumentará, evolução sensível em relação ao índice anteriormente apurado, de 29%. Também é de 29% a proporção de pessoas que acreditam que as condições do Brasil irão melhorar, contra 21% do resultado anterior. O humor melhorou, reporta a matéria. Alvíssaras para quem costuma olhar a metade cheia do copo. Bem, talvez ainda falte um pouco para chegar à metade, mas estamos no caminho. Sem a disposição mais favorável das pessoas e dos agentes econômicos é duvidoso que se caminhe para um cenário mais promissor. Tema muito em voga nos círculos sociais, hoje em dia, é a Economia Comportamental. O ganhador do Prêmio Nobel foi o professor Richard H. Thaler, da Universidade Booth, de Chicago, por suas pesquisas no campo, buscando explicar como as pessoas tomam decisões econômicas, às vezes, rejeitando a racionalidade. “Sua pesquisa, disse o comitê do Nobel, levou o campo comportamental em economia, de um papel secundário para a corrente principal da pesquisa acadêmica e mostrou que o fator tinha importantes implicações para a política econômica”, notícia publicada pela imprensa. O comportamento dos indivíduos está, portanto, definitivamente inserido na agenda das decisões econômicas e financeiras do mundo moderno. De fato, há muitos anos temos pregado que o autoconhecimento é o principal fator de crescimento pessoal e profissional em qualquer tempo, especialmente naque-
les momentos de grande turbulência financeira, como este em que vivemos. Baseados numa metodologia consagrada internacionalmente, o DISC, criada em Harvard, no começo do século XX, constatamos as diferenças pessoais categorizadas em quatro grandes fatores: Dominância, Influência, eStabilidade e Conformidade. As pessoas com alta dominância possuem uma propensão natural ao risco, com visceral agressividade e arrojo, que as impulsiona em direção a resultados rápidos e objetivos. Aquelas que possuem alta influência são as mais relacionais, comunicativas, sociáveis e com foco nas pessoas e no impacto que suas decisões causam a elas. Aqueles indivíduos com alta estabilidade, ao contrário dos primeiros, buscam segurança em suas decisões e não raro as protelam em nome de uma ponderação mais cuidadosa. A característica de alta conformidade marca os indivíduos analíticos, detalhistas, técnicos, orientados por regras e procedimentos estruturados. Não lhe parece, cara leitora e caro leitor, que a gestão financeira e creditícia das pessoas típicas dessas categorias traz comportamentos diversos, às vezes antagônicos, às vezes conflituosos, quem sabe complementares? Nesse sentido, identificar o estilo mais provável do comportamento do gestor e do investidor, assim como dos profissionais que atuam na área, pode fornecer um pano de fundo enriquecedor para a gestão financeira, que, como se sabe, não segue apenas linhas estritamente racionais. As cartas comportamentais estão na mesa. Portanto, meu convite é que você, profissional, se conheça mais e aproveite seu talento para tornar a vida mais produtiva e rentável. f
(*) Sidney Frattini é consultor master em Gestão Comportamental na Etalent e mestre em Administração pela FGV. Artigo enviado em 16.1.2018
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palavrafinal
Nicola Tingas*
BRASIL, Foto: Divulgação
UM PASSO À FRENTE... A convergência monetária – inflação e juros em firme redução
O
Brasil caminha para melhor. No campo da inflação há forte queda, que testa a possibilidade de buscar uma inflação estável em baixo patamar, próximo ao contexto internacional, que se situa em 2% a 3%. Nesse contexto, seria possível reduzir de forma mais sustentável a taxa básica de juros nominal (SELIC); e também a taxa de juros real, portanto acima da inflação corrente, que já foi de mais de 5% e passou ao longo desses últimos meses para algo como 3% a 2,5% (com base em cálculo ex-ante). Na visualização do período passado (ex-post) percebe-se que há forte “gap” para fechar mais à frente, se for mantida a atual tendência favorável da conjuntura econômica e a inflação provar sustentável em baixo patamar. Vide gráfico. A taxa de inflação (IPCA) em 12 meses cedeu de 10,71% em janeiro 2016 para 2,84% em fevereiro 2018, com previsão de ligeira elevação para 4,2% em 2019, segundo o FOCUS Banco Central. Acompanhando a queda da inflação, a taxa de juros básica foi reduzida de 14,25% em setembro 2016 para 6,50% em março de 2018; sendo que o COPOM sinalizou ao menos mais um corte de juros. Se a “surpresa inflacionária” se ampliar, haverá ainda maior queda de juros; uma convergência monetária - inflação e juros em firme redução. A surpreendente queda da inflação foi motivada – além de preços agrícolas e de serviços contidos e baixos – pela não indexação generalizada
ou remarcações acentuadas de preços na economia. Contribuíram: a profunda recessão e seu efeito sobre emprego e renda; a restrição orçamentária das famílias e empresas devido seu alto endividamento; o aumento brutal da competição nos mercados em geral; o efeito substituição ou escassez de demanda em diversos serviços e produtos; as reformas econômicas apontando a busca do incremento de valor via produtividade e tecnologia invés de “mark-up”; e o excelente manejo das expectativas de inflação futura pelos “policy makers” do Banco Central. Nesse contexto, cresce a capacidade do BC em avançar na Agenda Bacen + na ampliação qualitativa das condições de oferta de crédito e na redução de custo para empresas e famílias. Além do que, a revisão do Cadastro Positivo ampliará de 7 milhões para 100 milhões os participantes cadastrados com potencial para a concessão de Crédito em melhores condições, de acordo com o perfil de risco de cada cliente. f
(*) Nicola Tingas é consultor Econômico da ACREFI. Artigo enviado em 23.3.2018
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Foto: Maurício Nahas
Ponto de Criação
SONHAR Kaike, paciente do GRAACC, com Reynaldo Gianecchini
CERCA DE 70% DE CURA, 90% DE PACIENTES DO SUS E REFERÊNCIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER INFANTIL COM A AJUDA DE MUITA GENTE, AMPLIAMOS O NOSSO HOSPITAL E AS CHANCES DE RECUPERAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM CÂNCER. NOSSO ORGULHO É PODER MOSTRAR A CADA DOADOR QUE SUA CONTRIBUIÇÃO É INVESTIDA COM MUITA RESPONSABILIDADE PARA OFERECER AOS PACIENTES, COMO O KAIKE, UM TRATAMENTO DIGNO, HUMANO E COMPARADO AOS MELHORES DO MUNDO. JUNTE-SE A NÓS! SEJA UM DOADOR.
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1991
1998
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Com a Serasa Experian, dados viram rentabilidade e crescimento para sua empresa
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