financeiro
financeiro arevistadocrédito edição
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Reformas necessárias junho/julho 2012 edição 75
EM EVENTO REALIZADO PELA ACREFI, ESPECIALISTAS ABORDAM O CENÁRIO ECONÔMICO BRASILEIRO E OS OBSTÁCULOS DO JUDICIÁRIO
ESPECIAL OS DESAFIOS DOS BANCOS E DO GOVERNO COM A QUEDA DOS JUROS
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Fundos Solidários
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Entrevista Paulo Cidade, diretor do instituto Ipsos,
artesãos e mulheres de zonas rurais
fala sobre o endividamento da nova classe média
Capa Seminário Jurídico Acrefi debate mudanças econômicas
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Instrumento de microfinanças atende agricultores,
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Educação Financeira
no mercado de crédito, reforma do Judiciário
Ações que orientam o consumidor colaboram
e lavagem de dinheiro no Brasil
para a saúde da economia
Especial Juros
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Happy Hour
Especialistas falam sobre o cenário atual da
Em um cenário típico de bistrô, restaurante
economia após reduções das taxas
Chef Rouge traz a São Paulo um pedaço
Crédito Regional
da França
Financeiras do Estado de São Paulo são responsáveis por 23% do volume de crédito do Brasil
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Marketing e Vendas Evento discute a importância de conhecer o cliente
artigos
para o sucesso dos negócios
18 Tiago Souza Negócios
Automóveis
34 Vilma Rangel Garcia e Dayane Fanti Tecnologia 43 Pierpaolo Bottini Questão Jurídica
Inadimplência deve continuar no mercado
48 Alberto Borges Matias Análise e Perspectivas
automotivo, mesmo com novas regras do governo
58 Roberto Azzi Última Palavra junho/julho 2011 FINANCEIRO 3
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expediente financeiro ISSN 1809-8843
Publicação da Acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 – 28o andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107–7177 Fax: (11) 3106–6082 – www.acrefi.org.br Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-Presidentes Aquiles Diniz, Bartholomeu Ribeiro, Carlos Alberto Samogin, Claudio Ferro, Décio Carbonari de Almeida, Élcio Azevedo, Elias de Souza, Felicitas Renner, Luis Félix Cardamoni Neto e Luis Otávio Matias Secretários Sérgio Cipovicci Tesoureiros Alexandre Teixeira Diretores Regionais Ciro Pitangueira de Avelino, José Agnelo Seger, Leonardo Dadauto, Luiz Carlos do Nascimento, Paulo Dalla Nora, Paulo Henrique Pentagna Guimarães, Pedro da Costa Carvalho e Sebastião Cunha Diretores-Executivos João Carlos de Souza Caritá, Mara Lygia Prado e Rubens Bution Montadoras Edson Froes, Edson Ueda, Eduardo Varella, Felipe César Rodrigues Ferreira, Gunnar Murilo, Joelcyr Carmello e Nelson Aguiar Diretores Conselheiros José Carlos Alves, Leonel Andrade e Wanderlei Vettore Conselho Consultivo Alkindar de Toledo Ramos, Manoel de Oliveira Franco, Ricardo Malcon, Décio Carbonari de Almeida, Flávio Antonio Meneghetti, Ilídio Gonçalves dos Santos, Júlio Avelar, Miguel José Ribeiro de Oliveira, Ricardo Loureiro e Rogério Pinto Coelho Amato Conselho Fiscal Domingos Spina, Sérgio Darcy Geraldo Lima Vandalsen e Marcus André de Oliveira Diretor Superintendente Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultor Jurídico Roberto C. Azzi Economista Chefe Nicola Tingas Auditoria Pricewaterhousecoopers Assessoria Contábil Silveira & Lavorini Contabilidade Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial
Rua Novo Horizonte, 311 – Pacaembu – São Paulo – SP Tel.: (11) 3125–2244 – CEP 01244-020 – www.gpadrao.com.br Publisher Roberto Meir REDAÇÃO Editora-executiva Patrícia Lucena Editora-assistente Juliana Jadon Reportagem Flávia Corbó, Mariana Congo, Paulo Gratão e Raquel Sena Fotografia Douglas Luccena Arte Projeto e designer gráfico Artma Design Gráfico designer Érika Bernal Revisora Dora Wild Publicidade Diretora Comercial – Fabiana Zuanon – fzuanon@gpadrao.com.br Gerente Comercial – Marco Góes – mgoes@gpadrao.com.br Gerente de Negócios – Adriana Próspero – aprospero@gpadrao.com.br Impressão IBEP Gráfica Ltda.
ERRATA Na edição 74, não foi indicada a fonte dos gráficos do artigo Análise e Perspectivas. Seguem as fontes corretas: Gráfico 1: Inepad & Anfavea & Fenabrave Gráfico 2: Inepad & Anfavea Gráfico 3: Inepad e Anef Gráfico 4: Inepad & BC Gráfico 5: Inepad & Anef & BC Gráfico 6: Inepad & BC
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Brasil passa por um momento de reflexão, depois de viver um rápido período de euforia que se deveu, sobretudo, à percepção favorável do País junto aos investidores estrangeiros. Essa “parada técnica” pode ser benéfica, à medida que leva em conta o longo prazo e não apenas as oscilações passageiras. Temos assistido a várias iniciativas do governo federal na tentativa de minimizar problemas enfrentados por diversos setores. É uma postura saudável, a medida que mostra que não há passividade e que o governo está atento à situação da economia. No entanto, quando se fala em um projeto para o País, essas ações são insuficientes. Mais do que medidas pontuais, o Brasil precisa de um projeto de longo prazo, que viabilize o sonho de caminharmos para o desenvolvimento e que signifique verdadeira melhoria do bem-estar da nossa população. Sem investir em educação e em saúde, sem mexer de verdade na infraestrutura e sem dar prioridade à melhoria da produtividade, o Brasil não vai crescer para valer. Pode ter espasmos de crescimento, mas não se sustentará ao longo do tempo, já que nesse caso os verdadeiros problemas continuarão a ser “empurrados com a barriga”.
Foto: Flávio Roberto Guarnieri/ Artigo enviado em junho
O País que sonhamos O País com que sonhamos precisa virar realidade a partir de agora. Ajudará muito se reconhecermos que vivemos em um mundo globalizado e que somos diretamente impactados pelo que acontece no planeta, para o bem e para o mal. Uma crise, como a que eclodiu em 2008 nos Estados Unidos, não pode ser negligenciada. Não somos uma ilha. Estamos cada vez mais interligados com outros países, o que significa arcar com os ônus e aproveitar os bônus do panorama mundial. Além disso, é preciso buscar alicerces mais firmes. Vivemos um período de crescimento econômico, que se baseia na conquista da tão sonhada estabilidade, mas que levou em conta um modelo baseado em consumo e em crédito. Claro que é um modelo positivo para o Brasil, como se pode comprovar pela crescente inclusão social. Mas é preciso ampliar essa base de sustentação para não ficarmos exclusivamente ao sabor de altos e baixos da conjuntura. Precisamos ir mais fundo, ousar, inovar. Não se pode mais, por exemplo, conviver com intervenções frequentes e amplas do Estado em setores da economia. Entre outras desvantagens, essa postura do governo traz insegurança aos investidores – e investimento é uma matéria-prima da qual precisamos para ajudar na construção do País que sonhamos. É necessário, em suma, agir sem delongas, mas com bases firmes, dentro de um projeto de longo prazo que conte com o apoio de toda a sociedade e que tenha em vista soluções para os problemas que parecem insolúveis, mas que não o são. Lembram-se da hiperinflação? Dizia-se que o Brasil não teria condições de vencê-la, mas conseguimos. Temos que arregaçar as mangas e começar a trabalhar na direção correta. O Brasil que sonhamos pode e deve se tornar realidade, mas é preciso ser rápido e ter uma linha mestra correta, que comece a propor e implantar soluções com rapidez. Caso contrário, estaremos condenados a ficar deitados eternamente em berço esplêndido. Precisamos aprender a pensar na próxima geração, não na próxima eleição!
Érico Sodré Quirino Ferreira Presidente da Acrefi junho/julho 2012 FINANCEIRO 5
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notasmercado
MOBILIDADE
Pagamentos devem somar US$ 171,5 bilhões em 2012 As transações por dispositivos móveis, como celulares, smartphones e tablets, estão ganhando força em todo mundo. Um estudo da Gartner aponta que neste ano essas operações devem ultrapassar US$ 171,5 bilhões, um aumento de 61,9% em relação a 2011, quando o total registrado foi de US$ 105,9 bilhões. O número de usuários de pagamento móvel deve atingir 212,2 milhões em 2012, 51,7 milhões a mais do que no ano passado. De acordo com o levantamento, o SMS continua sendo a tecnologia de acesso dominante nos mercados desenvolvidos.
FUSÕES E AQUISIÇÕES
R$ 11,2 bilhões
foi o superávit primário do governo federal em abril. No acumulado do ano, a soma foi de R$ 45 bilhões, diante de R$ 41,3 bilhões no mesmo período de 2011
8,5%
é a nova taxa básica de juros (Selic) do Brasil. Esse é o menor patamar da história e foi o sétimo corte feito pelo Banco Central desde agosto do ano passado
Setor de TI mantém a liderança As atividades em fusões e aquisições de empresas vêm seguindo forte em 2012. Segundo uma pesquisa da KPMG, foram realizadas 204 operações no primeiro trimestre deste ano. Esse é o melhor resultado da série iniciada em 1994. Em relação ao mesmo período de 2011, o avanço foi de 22%. O destaque ficou com o setor de Tecnologia da Informação (TI), que registrou 27 operações, contra 22 no primeiro trimestre de 2011. O estudo aponta que o setor de energia também apresentou avanço, passando de cinco operações para 12, no mesmo período analisado – alta de 140%.
0,2%
foi o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre deste ano, em relação aos três últimos meses de 2011
EMPRESAS
Companhias registram lucro de R$ 50,8 bilhões No primeiro trimestre deste ano, as empresas de capital aberto não registraram prejuízo em nenhum setor. No entanto houve uma queda de 12% em relação a 2011. Um levantamento feito pela Economatica aponta que as 333 companhias analisadas somaram um lucro de R$ 50,8 bilhões nos três primeiros meses de 2012, contra R$ 57,7 bilhões do ano passado. O setor mais lucrativo representado na BM&FBovespa é o bancário, com 25 instituições que acumularam R$ 11,4 bilhões. Em segundo lugar, apareceu o segmento petróleo e gás, com um lucro de R$ 9,3 bilhões.
R$ 664 milhões
é o valor total que o BTG Pactual irá pagar à rede varejista Leader pela aquisição de 40% do capital social e votante da empresa
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Articuladas em fundos solidários para geração de renda, milhares de famílias brasileiras conseguem cruzar a linha da pobreza rumo à cidadania Por Mariana Congo
A solidariedade q 8 FINANCEIRO junho/julho 2012
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Fotos: iStockphoto/Divulgação
O velho ditado popular diz que não basta dar o peixe, é preciso ensinar a pescar. Para as 16 milhões de pessoas extremamente pobres no Brasil – 8,5% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – as necessidades são imediatas: o peixe é necessário. São brasileiros com renda familiar per capita mensal de até R$ 70. Por outro lado, um futuro sustentável só é possível quando se aprende a pescar. E se o conhecimento existe e o que falta são recursos para colocar o ofício em prática? Um dos instrumentos de microfinanças que respondem a essa demanda são os fundos rotativos solidários. Eles atendem a um público formado principalmente por agricultores, artesãos e mulheres de zonas rurais e assentamentos da reforma agrária. O objetivo desses fundos é gerar renda e emancipar as comunidades econômica e politicamente, para que consigam se desenvolver e caminhar com as próprias pernas. “São pessoas que estão excluídas tanto do crédito oficial quanto do microcrédito, muitas beneficiárias do Programa Bolsa Família e que estão na linha da pobreza”, explica Alícia Ferreira Gonçalves, professora da pós-graduação em antropologia e do mestrado em desenvolvimento e meio ambiente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ela coordena uma pesquisa etnográfica sobre fundos solidários na Paraíba, um dos Estados com maior tradição no assunto, com mais de 600 fundos. Diferentemente dos instrumentos de crédito, em que predomina a lógica do empréstimo individual, um fundo solidário é necessariamente coletivo, baseado em laços de solidariedade, confiança e reciprocidade entre as famílias de uma comunidade. Funciona como uma poupança coletiva que guarda – e multiplica – dinheiro recebido por doações de empresas, órgãos internacionais, instituições financeiras ou mesmo de pessoa física. Para as entidades, a doação é a fundo perdido (sem exigência de devolução dos valores ao doador), mas para a comunidade o dinheiro torna-se “rotativo”. Isso significa que as famílias com o tempo irão devolver ao fundo – em parcelas de baixo valor e sem encargos financeiros – o montante recebido pra o investimento inicial. O valor arrecadado é depois reinvestido na comunidade. Esse é o papel multiplicador dos fundos rotativos solidários. Se o dinheiro permite a compra de somente dez cabras, os animais depois irão se reproduzir e mais pessoas serão beneficiadas com o patrimônio, por exemplo. Ponte da emancipação
“O microcrédito, mesmo com subsídio e taxas baixas, é um sistema integrado ao bancário, por isso não consegue favorecer os excluídos”, afirma Ademar
Bertucci, assessor nacional da Cáritas Brasileira sobre economia solidária. A entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) trabalha há cerca de 30 anos no apoio a projetos produtivos. Segundo Bertucci, a metodologia dos fundos rotativos solidários em médio prazo funciona como uma ponte emancipatória para as famílias que recebem o benefício do Programa Bolsa Família quebrarem o ciclo da pobreza. A educação para o crédito é um ponto interessante. À medida que essas pessoas se organizam e dei-
O investimento por participante do fundo solidário é em média metade do custo do governo com um beneficiário do Bolsa Família xam de ser excluídos socialmente, podem começar a acessar outras formas de financiamento, como o microcrédito ou linhas de empréstimo para agricultura familiar a juros baixos. Com apoio técnico de entidades da sociedade civil e organizações não governamentais, a comunidade decide como o dinheiro doado ao fundo rotativo solidário será utilizado. Pode ser para a construção de uma cisterna para captação de água no semiárido
e que faz a força junho/julho 2012 FINANCEIRO 9
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fundossolidários
Trocas Alguns fundos solidários não usam dinheiro em espécie. As casas recebem sementes produzidas pela comunidade e que serão usadas por outras famílias
brasileiro, para a compra de animais de criação, para plantar uma horta comunitária ou mesmo para comprar equipamentos que ajudem na produção. A metodologia dos fundos rotativos solidários envolve a formação de grupos de no mínimo três famílias que se juntam e recebem o financiamento para projetos produtivos ou de infraestrutura. Depois de um período de carência – geralmente atrelado ao tempo necessário para o investimento dar retorno – as famílias começam a pagar prestações para devolver o dinheiro ao fundo. A criação de cabras, por exemplo, pode ter 18 meses de carência. Nem só de trocas monetárias vivem os fundos rotativos solidários. Alguns tipos envolvem outros recursos, como fundos de sementes ou de animais. Nesses casos, as famílias envolvidas não devolvem o dinheiro em espécie, mas sementes que serão usadas para outras famílias, ou filhotes de animais. Existe até mesmo a troca de horas de trabalho.
Empreendedoras Artesãs da Associação de Mulheres da Praia de Matias Cardoso, na região de Janaúba, norte de Minas Gerais, recebem financiamento via fundo solidário
Um prato de salada
“Chegamos em lugares que não têm nada organizado”, diz Barbara Schmidt Rahmer, criadora e coordenadora do projeto Vencer Juntos, de fomento aos fundos solidários. Desde 2003, o trabalho é realizado em seis Estados no Nordeste e em Minas Gerais, fruto da parceria entre a Pastoral da Criança e a Fundação Grupo Esquel Brasil. Até 2010, 500 empreendimentos de economia solidária financiados beneficiaram 2.600 famílias. Usando a rede de dioceses da Pastoral da Criança, o projeto consegue capilaridade para chegar até as localidades rurais mais carentes e isoladas, com algumas das piores colocações no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Segundo Barbara, uma das premissas dos fundos solidários é a autogestão feita pela comunidade. “Mas é um processo de-
morado e gradativo para chegar à autogestão. Essas pessoas não estão acostumadas a gerir recursos e, por isso, o apoio da equipe técnica é importante. É uma metodologia bem cuidadosa”, diz. Muitos são analfabetos. Alguns dos benefícios dos fundos solidários nas comunidades são imediatos. Outros observados em médio e longo prazo. “Onde a comunidade constrói uma cisterna para ter água de beber, observamos o aumento da produtividade agrícola e a melhoria imediata na dieta e na saúde das famílias”, observa Alicia, professora da UFPB. Além de produzir, as famílias recebem capacitação técnica sobre princípios da agroecologia, quando aprendem a produzir de forma economicamente viável e sustentável, usando pouco agrotóxico, por exemplo. “Com as hortas comunitárias, as pessoas mudam seus hábitos alimentares e começam a comer salada. A alimentação fica mais saudável”, diz Alicia.
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Desenvolvimento Mulheres participam de mutirão para construir fábrica de polpa de frutas em Monte Santo, na região de Bonfim (BA), financiada em parte por recursos do fundo solidário local
Mais dinheiro no bolso
A experiência do projeto Vencer Juntos mostra que muitas famílias conseguem aumentar a renda. Geralmente, as mulheres da comunidade se dedicam ao projeto fruto do fundo solidário. Por exemplo, uma horta comunitária: em meio período do dia elas cuidam da casa e na outra parte se dedicam à horta. “É possível o participante conseguir somar entre R$ 50 e R$ 100 por mês no orçamento da família”, conta Barbara. Comercializar a produção é uma das limitações. Faltam canais para escoamento dos produtos, agrícolas ou de artesanato. Programas do governo federal de apoio à agricultura familiar, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), garantem a compra de pelo menos parte da produção para realizar atividades de segurança alimentar. Nesse ponto, a
organização da comunidade e a articulação entre diferentes fundos solidários são fundamentais para fortalecer os grupos. Inadimplência é uma palavra que não faz muito sentido na lógica dos fundos rotativos solidários, pois apesar de os grupos ficarem moralmente comprometidos em devolver o dinheiro recebido ao fundo alguns não conseguem. “Parte deles não vai para frente. Se tem seca, praga ou alguma calamidade, eles não conseguem produzir o suficiente e não sobra dinheiro para contribuir com o fundo rotativo solidário”, explica Barbara. No projeto
Vencer Juntos, por exemplo, 19% dos grupos deixaram de funcionar entre 2003 e 2009, pois os participantes não conseguiram devolver o dinheiro. Mesmo assim, o investimento por participante do fundo rotativo solidário, incluindo os serviços e o financiamento, é em média metade do custo que o governo federal tem com cada beneficiário do Programa Bolsa Família. Mais do que complementar a renda das famílias, os fundos rotativos solidários aumentam a autoestima das comunidades, que passam a se organizar para resolver seus próprios problemas. f
Quem investe? Instituições financeiras como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste (BNB) fazem doações para fomento de fundos rotativos solidários. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional) e o Programa de Desenvolvimento e Cidadania da Petrobras são exemplos de instituições que também contribuem para a formação de fundos rotativos solidários. A Cáritas Brasileira, entidade de promoção dos direitos humanos, segurança alimentar e desenvolvimento sustentável ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é uma das organizações que articula os fundos rotativos solidários no País e administra o Fundo Nacional de Solidariedade. Em 2010, uma parceria entre o BNDES e a Cáritas financiou, por exemplo, R$ 10 milhões em projetos produtivos de economia solidária. Metade do valor foi proveniente do fundo social do BNDES, composto por parte do lucro da instituição. A Cáritas contribuiu com o restante, via doações recebidas principalmente durante a Campanha da Fraternidade realizada anualmente pela CNBB. Cada projeto poderia consumir, no máximo, R$ 50 mil. As entidades envolvidas em projetos de fundos solidários defendem a maior participação do poder público no setor, com criação de políticas públicas específicas e complementares a outros projetos de erradicação da pobreza. A proposta de criação de um Programa Nacional de Apoio aos Fundos Solidários ainda não saiu do papel. O governo federal, via Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) do Ministério do Trabalho (MTE), apoia o segmento. Um mapeamento dos fundos solidário no País deve ser concluído até o fim desde ano via Senaes. “Esse projeto responde as nossas demandas. O Comitê Gestor dos Fundos Solidários há oito anos trabalha para ser reconhecido e conseguir recursos”, diz Ademar Bertucci, da Cáritas Brasileira. O Comitê Gestor é formado por bancos públicos, pela própria Senaes e por entidades do campo da economia solidária e de finanças solidárias. O mapeamento inicial mostra mais de 500 fundos solidários no Nordeste, sem contar os 600 da Paraíba.
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semináriojurídico
Panorama Em meio a tantas mudanças econômicas, a queda da taxa básica de juros, as reduções dos juros aos consumidores e as alterações nas cadernetas de poupança, a questão da inadimplência fica mais em pauta. Tais transformações fazem com que o Judiciário tenha um papel relevante na economia e as reformas se tornam mais necessárias. “Estamos vivendo a guerra do spread bancário e o Judiciário tem uma grande influência nisso, apesar de não parecer. Parte da inadimplência é um pedaço importante no custo
do spread e está diretamente ligada ao jurídico, desde a hora em que se inicia o processo até o momento da cobrança e execução”, afirma Érico Sodré, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). “Com essa história de redução dos juros, os balanços trimestrais dos bancos devem vir cada vez piores, com altos níveis de inadimplência. É complicado para as instituições financeiras, que querem e precisam ter lucro, baixar suas taxas”, destaca Sodré. Dar crédito é muito bom e
muito fácil, afirma, e se a preocupação não for a qualidade, melhor ainda. A dificuldade, portanto, não é conceder o crédito, mas, sim, recebê-lo de volta do devedor. Outro problema citado pelo presidente da Acrefi é a concentração de clientes nos cinco maiores bancos: Caixa Econômica, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander. “Antes, tínhamos diversos bancos de médio porte e, com isso, o consumidor tinha mais condição para barganhar. Hoje, ficamos cada vez mais dependentes desses grandes bancos.”
Fotos: Casa da Photo/Fábio Salles
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Por Patrícia Lucena
Durante o 2º Seminário Jurídico realizado pela Acrefi, especialistas falam sobre as novas regras econômicas, a reforma do Judiciário e as leis para o crime organizado E é nesse sentido que o problema da inadimplência fica maior. “Estamos vivendo um momento de pleno emprego em que todos os salários estão mais altos e, mesmo assim, a inadimplência só sobe”, avalia Sodré. Isso porque, segundo ele, os custos de cobrança são muito altos, além da questão das ações contrárias, em que o consumidor entra com um processo para discutir tarifas e não pagar o que foi acordado. “É um abuso você poder ficar de posse de um veículo, por exemplo, porque a tarifa está sendo discutida.” Por isso, na opinião do presidente da Acrefi, é fundamental que o Judiciário entenda que os contratos devem ser respeitados. Uma sugestão dada por ele é um contrato-padrão, aprovado por todas as associadas e com o aval do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal
Federal (STF), que seria absolutamente indiscutível. “Estamos na era da transparência. Hoje o cliente assina um contrato e diversas outras declarações, inclusive a de que ele leu o contrato. Antigamente, a palavra valia muito mais. Mas do que adianta assinar 500 documentos, ir ao Judiciário e afirmar que não sabe o que assinou, que não sabia que tinha juros?”, questionou Roberto Azzi, consultor jurídico da Acrefi. Ou seja, os contratos não transmitem transparência. É nesse sentido que o papel do Judiciário passa a ser fundamental. Não para recompor o passado, mas para fazer valer o princípio da democracia e da segurança jurídica. Para Azzi, o ideal seria o Judiciário fazer uso dos novos recursos digitais encontrados no País. “Soluções simples, com baixo custo e que
Érico Sodré, da Acrefi “Estamos vivendo um momento de pleno emprego e, mesmo assim, a inadimplência só sobe”
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semináriojurídico Mariana Cunha, da Cetip “O registro é útil especialmente para o credor, que tem o seu bem em garantia”
Registros Qual a função de registrar qualquer coisa? Segundo Mariana Pereira Cunha, especialista em direito administrativo da unidade de financiamento de veículos da Cetip, o objetivo é dar publicidade e conhecimento jurídico para terceiros. “Isso significa que o registro não é condição de validade de um negócio jurídico entre as partes. Ele serve apenas para tornar aquilo público.” No financiamento de veículos, o registro funciona para que um terceiro saiba que aquela garantia foi dada, que aquele bem está alienado e, por isso, não pode ser vendido ou repassado. Mariana destaca que, nesse sentido, o registro é útil especialmente para o credor, que tem o seu bem em garantia. Mas quem é o responsável pelo registro? Antigamente, afirma a especialista, o entendimento majoritário era de que isso deveria ser feito nos cartórios de títulos de documentos, que são os delegatórios do poder público para fazer os registros de toda natureza. Por isso, os Detrans não tinham, em sua maioria, exigiam que os contratos fossem registrados nos cartórios. Com o código civil de 1922 ficou determinado que, por se tratar de um veículo, o registro deveria ser feito junto ao órgão de trânsito competente. “Muitos cartórios entraram com liminares no Judiciário alegando a inconstitucionalidade desse artigo, mas a maioria acabou perdendo. Hoje temos ainda em dois Estados – Rio de Janeiro e Ceará – liminares que mantêm o registro em cartórios”, explica Mariana. Atividade administrativa ou poder de polícia? “Na Cetip acreditamos que é uma bola dividida entre os dois. O registro em si não parte de uma atividade de fiscalização e, por isso, seria um ato administrativo simples. Mas também pode ser de polícia, porque uma das atividades de registro é a expedição de documentos, que é a fiscalização do carro para verificar se está licenciado, se pagou o IPVA, se fez a vistoria.”
podem ser mais benéficas ao credor e ao devedor.” É preciso avançar, destaca, e dar às empresas mais responsabilidades. “Não vamos suprimir o Judiciário, porque se houve abuso, o consumidor sempre terá o direito de recorrer ao Judiciário pleiteando uma indenização ou anulação.” Reforma do Judiciário
Muito se fala na consolidação de um sistema de segurança jurídica e na redução do spread bancário do País. Mas nada disso é possível sem uma reforma do sistema judiciário, afirma Pierpaolo Bottini, professor da Universidade de São Paulo (USP) e exsecretário de Reforma do Judiciário. “Por isso, a rapidez, a previsibilidade e a estabilidade do funcionamento do Judiciário são fundamentais, seja para diminuição do grau de risco, seja para segurança no ambiente contratual.” Nesse sentido, os desafios são muitos. Segundo Flávio Crocce Caetano, atual secretário de Reforma do Judiciário, o principal aspecto que deve ser enfrentado é buscar uma Justiça mais rápida e efetiva. “Com relação a isso, temos três dificuldades.
A primeira é que os processos não podem ter tantos recursos. A segunda é cultural. Estamos na sociedade do litígio em que todos vão para a Justiça. A cultura tem de ser de mediação, conciliação, negociação e arbitragem. Por fim, apesar de o País ter uma boa legislação, tem um problema de gestão, o que faz com que os processos sejam morosos e haja uma maior insegurança jurídica.” Segundo ele, é preciso cada vez mais esforços para que os processos se tornem eletrônicos. Os bancos são grandes clientes do Poder Judiciário, tanto como litigados quanto como litigantes. Caetano destaca que as instituições financeiras respondem por 38% das ações na Justiça. Desse total, 55% como litigados e 45% como litigantes. “Ações trabalhistas, ações de natureza cível, ações na Justiça Federal, e ações em que os bancos estão colocados no processo dentro de planos econômicos antigos. Por isso temos de enfrentar esse problema juntos.” Papel das instituições
Hoje há uma percepção de que o crime organizado utiliza do sistema
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Pierpaolo Bottini, da USP “A rapidez e a estabilidade do Judiciário são fundamentais, seja para diminuição de risco, seja para segurança no ambiente contratual” Roberto Azzi, da Acrefi “O ideal seria o Judiciário fazer uso dos novos recursos digitais encontrados no País”
financeiro para colaborar com a prática, ou pelo menos esconder a origem ilícita de uma série de bens e valores produzidos por meio desse esquema. Por conta disso, segundo Bottini, a Justiça percebeu que a melhor forma de reprimir e acabar com o crime organizado é justamente por meio do sistema de coleta de informações e atuação pontual. “Não adianta simplesmente encontrar as pessoas que praticam o crime e prendê-las. Elas são substituíveis. É preciso cortar o fluxo financeiro para destruir a organização criminosa.” Para isso, é fundamental trabalhar em parceria com as instituições financeiras para conseguir seguir esse dinheiro. “O poder público identificou nas instituições financeiras e de crédito importantes parcerias para o combate ao crime organizado. Isso significa um aumento da responsabilidade de cada uma, assim como a legitimidade delas perante a Justiça”, completa Bottini. Embora as atividades de lavagem de dinheiro, em geral, tenham como resultado o grande aporte de recursos para determinado país ou setor, é evidente que um segmento envolvido
com dinheiro oriundo de tais práticas, com o tempo, se torna pouco competitivo, pouco atrativo e pouco transparente. “Ele vai se deteriorando. Assim, até para que possamos construir um ambiente saudável, de concorrência econômica, é fundamental combater essas atividades, por mais que elas tragam recursos”, avalia o ex-secretário de Reforma do Judiciário. Há duas espécies de crime que podem ser praticados nas instituições financeiras, a fraude contábil e a lavagem de dinheiro. Por isso, Bottini destaca que há um plano nacional e internacional para evitar o branqueamento ou a reciclagem de capitais, que é tornar o dinheiro lícito. “O instrumento mais comum utilizado pelas organizações criminosas para lavar dinheiro são as instituições financeiras e de crédito. É frequente a simulação de um empréstimo em que o sujeito posterga e não paga, mas de alguma forma justifica a entrada daquele capital”, explica. “Se eu crio barreiras no sistema financeiro, crio também mecanismos de compensação para enganar o próprio sistema. Como um cliente que
não quer ser atendido pelo gerente, por exemplo”, diz Antônio Gustavo Rodrigues, presidente do Coaf. Nesse sentido, as principais dificuldades são a compreensão por parte das instituições policiais e do Ministério Público sobre a complexidade e a sofisticação dessas operações. Em segundo lugar, afirma Bottini, é o problema de cooperação internacional. Isso porque a lavagem de dinheiro é realizada em diversos países e nem sempre há sistemas de cooperação capazes de rastrear esse dinheiro. Dessa forma, o poder público vem tentando uniformizar as legislações no âmbito internacional.
A Justiça em números 84 milhões de ações ou de processos em andamento, o que equivale a um processo para cada duas pessoas 17 mil juízes no Brasil, o que significa nove juízes para cada 100 mil habitantes 23 mil promotores, representantes do Ministério Público 7 mil defensores, entre estaduais e da União. 5,9 mil advogados públicos da União 800 mil advogados
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Flávio Crocce Caetano, da Secretaria de Reforma do Judiciário “Estamos na sociedade do litígio em que todos vão para a Justiça. A cultura tem de ser de mediação”
Uma das saídas foi a criação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Brasil, uma unidade de inteligência financeira com a função de reunir informações, sistematizá-las e regulamentar a colaboração de alguns
Desafios da Justiça • Mais rapidez e efetividade • Transparência • Justiça de emergência que antecipe os problemas e faça a mediação
• Democratização do acesso à justiça e fortalecimento das defensorias
• Mudança cultural para implementar alternativas penais e medidas cautelares
• Redução da criminalidade violenta • Câmaras de conciliação prévia • Utilizar melhor e mais ferramentas eletrônicas para a solução de processos
Antonio Rodrigues, do Coaf “Se eu crio barreiras no sistema financeiro, crio também mecanismos de compensação para enganar o próprio sistema”
setores privados no combate a lavagem de dinheiro, explica Bottini. Para isso, existe uma parceria público–privada, na qual a lei da lavagem determina uma série de instituições que são obrigadas a manter um cadastro de clientes, principalmente daqueles com uma maior possibilidade de praticar o crime. “Ou seja, elas devem cadastrar o cliente, conhecê-lo e, uma vez identificada qualquer suspeita, comunicar à autoridade responsável por aquele setor”, diz o ex-secretário de Reforma do Judiciário. Por isso, segundo ele, é essencial que as instituições desenvolvam um setor de compliance para implementar políticas contra lavagem de dinheiro e, assim, se eximirem de qualquer responsabilidade. Com o projeto de lei nº 3.443, de 2008, houve alterações no combate à lavagem de dinheiro. A ideia, segundo Bottini, é ampliar os crimes antecedentes para todo e qualquer crime. Isso irá exigir um sistema de compliance muito maior, já que jogo do bicho e sonegação fiscal passam a ser considerados lavagem. “A consequência disso é que o
número de instituições obrigadas a colaborar com o governo também irá aumentar, inclusive pessoas físicas terão de criar esse sistema de cadastro de informações”, completa. Com isso, outro problema irá aparecer: como tratar o princípio da confidencialidade do cliente com a obrigação de comunicação? “Na elaboração da lei, tivemos o cuidado em não falar em advogado, mas, sim, em uma pessoa que presta assessoria para um sujeito montar um esquema envolvendo empresas no exterior, por exemplo, para lavar dinheiro”, ressalta Rodrigues. Dessa forma, não é a confidencialidade entre advogado e cliente que está em jogo e, sim, uma assessoria comercial que o indivíduo está recebendo, independentemente da formação. As mudanças são muitas e, sem dúvida, necessárias. Mas para que elas sejam efetivas é fundamental que haja uma parceria entre o governo e as instituições financeiras, tanto no que diz respeito à economia quanto à reforma do Judiciário e leis de combate ao crime organizado. f
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artigonegócios
Por Tiago Souza
A economia brasileira está conseguindo superar, sem impactos relevantes, a turbulenta crise econômica internacional, e o País vem se tornando uma das nações emergentes que mais atraem investimentos externos. Para que as empresas nacionais sejam capazes de continuar chamando a atenção dos investidores, seus executivos devem priorizar temas relacionados à governança corporativa e à transparência das práticas nos negócios. Por muito tempo a principal preocupação de reguladores e investidores era em relação à fidedignidade das demonstrações financeiras. No entanto a crescente complexidade dos negócios tem gerado dúvidas para os reguladores, investidores e para a própria administração, não somente sobre a qualidade das informações, mas também sobre riscos relacionados, por exemplo, a processos, à capacidade das instalações, ao cumprimento de cláusulas contratuais e a sistemas computacionais. Diante dessa complexidade, padrões para trabalhos de asseguração, como o da norma ISAE 3000 – Non-Audit Assurance Engagements, aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade por meio da NBC TO 3000 – Trabalhos de Asseguração Diferente de Auditoria e Revisão, fornecem diretrizes para os auditores efetuarem trabalhos de asseguração não relacionados à auditoria ou revisão de informações financeiras históricas. Ou seja, eles possibilitam ao auditor executar procedimentos para expressar uma conclusão usando critérios de avaliação adequados e emitir um relatório final. O objetivo é aumentar o grau de confiança dos usuários sobre determinado objeto e, com isso, prover maior segurança para a tomada de decisões, melhorando o nível e a qualidade das informações.
É crescente o número de empresas que têm se beneficiado de relatórios de asseguração. As razões variam. Há bancos que querem demonstrar a seus reguladores que estão em conformidade com circulares e instruções normativas; emissores de cartões que terceirizam o processamento de transações, mas necessitam resguardar sua responsabilidade quanto à adequação dos controles internos e gestores; custodiantes ou controladores de fundos de investimentos que precisam demonstrar a qualidade de seus controles a investidores. Outros exemplos são parceiros de negócios que desejam assegurar o cumprimento de questões contratuais envolvendo regras associadas a custos, faturamento e segurança de informações, bem como empresas prestadoras de serviços de tecnologia que, por suportarem as operações de seus clientes, precisam demonstrar que possuem um ambiente de controle adequado. As referidas normas, ISAE 3000 e NBC TO 3000, são rígidas quanto à qualidade dos procedimentos executados pelos auditores. Tais trabalhos estão sujeitos à estrutura conceitual para trabalhos de auditoria, em que o auditor independente emite um relatório por escrito com as conclusões obtidas. Essa busca contínua pelo aprimoramento da governança e da transparência é um bom sinal de que as empresas brasileiras seguem rumo às melhores práticas de gestão, gerando vantagem competitiva para elas e crescimento econômico para o País. f Tiago Souza É consultor sênior da PwC e especialista em governança, riscos e compliance
Foto: Douglas Luccena/Artigo enviado em maio
Transparência para crescer
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Por Patrícia Lucena/Colaboração Juliana Jadon
Perspectivas para uma nova economia 20 FINANCEIRO junho/julho 2012
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Após as reduções das taxas, País vive momento de turbulência em relação às vantagens do aumento da concessão de crédito Bancos e governo em lados opostos pela economia brasileira. Desde o início de abril, o Brasil vivencia uma verdadeira queda de braço. De um lado, o governo pressiona os bancos a diminuírem suas taxas para forçar a concorrência no setor e induzir que o País reduza seu spread bancário. Do outro, os bancos acatam a obrigação imposta, mas defendem que isso diminuirá a rentabilidade e pode aumentar a inadimplência. Afinal, quem está certo? Segundo dados do Banco Central do Brasil, o estoque total de crédito atingiu R$ 2 bilhões em março, passando a representar 49,3% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 48,9% em fevereiro. No entanto, a situação do Brasil ainda é muito distante da realidade de outros países. No Reino Unido, por exemplo, a relação crédito/ PIB é de 204%, de acordo com o relatório divulgado em abril pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), nos Estados Unidos é de 202,2% e na China é de 130%. Ou seja, um dos desafios do País passa justamente pelo aumento da oferta de crédito. Mas o brasileiro enfrenta alguns obstáculos nesse sentido, como juros altos e spreads bancários abusivos. Atualmente, o spread bancário brasileiro é de 28 pontos percentuais (p.p.) ao ano. Foi com base nesse cenário que, em abril, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil deram início ao movimento de cortes nos juros oferecidos aos consumidores e empresas, em resposta à pressão do governo para incentivar a economia. Desde então, os principais bancos têm anunciado uma diminuição em suas taxas em diferentes linhas de crédito. Mas isso tem causado muita discussão. Durante um debate na 5ª edição do Congresso Consumidor Moderno de Crédito, Cobrança e Meios de Pagamento (CCMCC), promovido pelo Grupo Padrão
nos dias 8 e 9 de maio, o ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria, Maílson Nóbrega, afirmou que é desejo de toda a sociedade que o Brasil tenha taxas de juros cada vez mais baixas, mas para isso é preciso que o País tenha condições estruturais. “Não é por um acaso que a taxa de juros no Brasil é alta. Isso corresponde a uma série de fatores que vão desde a tributação, riscos, inadimplência, custos administrativos e margens dos bancos.” E a melhor forma de reduzir os juros, destaca, é atacando tais questões. “O governo escolheu a maneira mais popular, que é a de ir contra os bancos.”
É desejo de todos que o Brasil tenha taxas de juros mais baixas, mas para isso é preciso condições estruturais favoráveis Segundo Nóbrega, a taxa básica de juros brasileira (Selic) é uma das mais altas do mundo. Isso porque o País atravessou uma transição de instabilidade macroeconômica, o que faz com que uma taxa de juros maior seja uma garantia quanto ao risco de mudança da regra do jogo. Além disso, afirma, o Brasil é o único país do mundo que tributa as transações financeiras. “Dependendo do caso, os impostos representam de 20% a 25% do spread bancário.” Alexandre Chaia, professor de economia e finanças do Insper, afirma que no longo prazo essa medida governamental deve gerar problemas para os bancos. “A rentabilidade dos bancos será muito afetada e, como consequência, eles não terão capacidade de atrair mais capital. Além disso, essa obrigação de reduzir as taxas irá desestimular o crédito privado, porque não tem lógica junho/julho 2012 FINANCEIRO 21
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para o banco conceder crédito se ele não conseguir competir, já que não terá a rentabilidade esperada.” Sem esse lucro, os bancos não terão outra saída, ressalta Chaia, e aumentarão as tarifas. “Reduz o spread bancário e o banco sobe as tarifas. Ou seja, a situação continua a mesma, o usuário final continua pagando igual.” Mas, segundo o professor, no curto prazo essa medida pode ser vista com bons olhos pelos correntistas, que terão mais acesso ao crédito. Espaço Uma das alegações do governo é que a rentabilidade dos bancos é alta e, por isso, há espaço para essa redução dos juros. Mas , segundo Érico Sodré, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), durante o CCMCC, os cincos maiores bancos, e que possuem uma alta lucratividade, não representam o sistema financeiro como um todo. “Essas instituições têm lucros bilionários, porque têm patrimônios bilionários. Fazem parte de uma superelite. Mas há diversos bancos de
Foto: Eduardo de Sousa
O cenário ideal seria o governo fazer um pacto social pelo crescimento econômico através do crédito
Maílson Nobrega, da Tendências Consultoria “A taxa de juros no Brasil é alta devido a fatores como tributação, riscos, inadimplência e margens dos bancos”
crédito que registraram prejuízo no início do ano.” Portanto, quem deveria decidir se há ou não espaço para essa redução são os acionistas dos bancos, os investidores que colocaram dinheiro na instituição, avalia Chaia. “As ações dos bancos estão caindo 10%, porque o acionista está percebendo que não irá ganhar o esperado. Essa decisão se existe ou não margem para baixar as taxas é muito arbitrária.” O professor do Insper não discorda que realmente exista uma margem de redução possível em diversas frentes, mas o espaço que o governo possui é quase igual ao dos bancos em relação ao lucro. “Eles querem que as instituições reduzam suas margens de lucro, mas não querem diminuir a própria margem, que são os impostos?” Nesse sentido, o cenário ideal para essa situação seria o governo fazer um pacto social pelo crescimento econômico através do crédito. “Os dois têm que se ajudar. Só isso pode gerar consistência no longo prazo, se forçar ninguém, mas fazendo um acordo onde se abre mão de uma parte do seu lucro e o banco de outra”, afirma Chaia. Se a taxa básica de juros está caindo, a própria rentabilidade do banco já tende a diminuir. Somado a isso, o professo do Insper afirma que, se as
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instituições conseguirem reduzir a inadimplência por recuperação, o custo também diminui. Em terceiro, o governo poderia ajudar baixando os impostos. “Tudo isso faz com que o movimento de redução do spread seja duradouro e economicamente consistente.” Um mecanismo que permite que os bancos emprestem à taxa de juros mais baixas é a utilização do cadastro positivo, que diminui a assimetria de informação. No entanto, na opinião de Nóbrega, o governo atropelou esse processo e adotou uma política voluntarista, decidindo obrigar os bancos a reduzirem suas taxas. “Essas ações são populistas.” O risco de mudanças como as que estão sendo adotadas pelo governo, segundo Chaia, é de desestimular o setor privado a conceder crédito, porque o governo não está deixando a margem que os bancos esperam. Mais educação A economia está crescendo e as pessoas estão cada vez mais acostumadas com os financiamentos. Mas Chaia destaca que alguns cuidados devem ser tomados nesse momento. “Não é só tomar o crédito e olhar a prestação que você terá. É preciso entender que existe um fluxo de caixa, que é fundamental ter estabilidade.” Por isso, a solução, na avaliação de Nóbrega, é atacar as causas e não os bancos. “Quanto mais você aumenta a possibilidade de o credor saber mais sobre o seu devedor, ele tende a cobrar uma taxa de juros menor. Quanto maior a segurança do crédito, menor a taxa de juros. Um exemplo disso é o crédito pessoal, que reduziu significativamente seu custo após ter se transformado em crédito consignado, onde o salário é a garantia.” Menos impostos O governo pede para os bancos reduzirem as taxas de juros, pois só assim é possível incentivar o consumo e, consequentemente, a economia brasileira. Certo, mas e o governo não deveria também fazer a sua parte em prol do País? “Uma solução seria reduzir os impostos, mas, ao fazer isso, o governo diminui a arrecadação e, por consequência, o superávit. Para que o Brasil continue em uma situação economicamente favorável, atraindo capitais e
Érico Sodré, da Acrefi “Os cincos maiores bancos, e que possuem uma alta lucratividade, não representam o sistema financeiro como um todo, com mais de 200 instituições de diversos portes”
sendo considerado a bola da vez no bom sentido, é preciso manter um bom superávit”, explica Sodré. Segundo ele, para o País ter condições de reduzir os impostos, seria necessário uma reforma tributária, essa que há 20 anos ouvimos falar, mas nada acontece. “Enquanto a reforma não for feita, não iremos sair desse problema de ser campeão mundial de juros.” Na opinião de Chaia, o governo já foi além do que deveria reduzindo as taxas por decreto. “Acho isso um erro completo, porque no longo prazo só traz resultados negativos. O caminho para ele diminuir o spread de forma mais eficiente e efetiva é baixar os impostos, melhorar o processo de recuperação de crédito no Brasil e incentivar a qualidade de informação.” O que falta, segundo o professor do Insper, é planejamento por parte do governo. “As políticas são sempre pensando no curto prazo, para um determinado período. Isso é ruim para a economia.” f junho/julho 2012 FINANCEIRO 23
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Muito além da
metrópole Por Flávia Corbó
Cerca de 23% do volume de crédito operado no País vem do Estado de São Paulo. O número representativo é alcançado em boa parte pela atuação de financeiras instaladas em grandes cidades do interior do Estado Ainda que seja muito inferior aos países europeus e aos Estados Unidos, a proporção do crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil dobrou em oito anos, segundo números do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em 2003, o crédito representava 24,6% do PIB, já no mês de dezembro de 2011 esse número saltou para 49,1%. Quando se fala em crédito é impossível não destacar o impacto que as operações realizadas no Estado de São Paulo tem nos índices registrados. No ano passado, os municípios paulistas movimentaram mais de R$ 990 bilhões em operações de crédito. O montante
representa 23% do PIB acumulado nos 12 meses de 2011. O número representativo é atingido não somente pela economia da megalópole São Paulo, mas também por grandes centros econômicos situados no interior do Estado. Cidades como Sorocaba e Jundiaí, celeiros de financeiras que atuam exclusivamente dentro do território paulista, movimentaram somente no mês de fevereiro deste ano mais de R$ 8 milhões. Uma das representantes da importância econômica do interior paulista surgiu no ano de 1990, quando empreendedores decidiram assumir a carteira de clientes de uma empresa que deixava o mercado e abriram a Sorocred, na cidade de
Sorocaba. Inicialmente, a instituição foi fundada como administradora de cartões, mas dez anos depois evoluiu para uma financeira e passou a operar com outros 30 produtos financeiros. Com um crescimento médio de 21% ao ano nos últimos dois anos, a empresa já emitiu mais de cinco milhões de cartões até hoje. A presença da financeira está concentrada no Estado de São Paulo, que corresponde a 85% de todas as operações de crédito. As regiões mais relevantes em termos quantitativos são: Sorocaba, Grande São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Bauru e Vale do Paraíba. Mas há planos de expansão, segundo Wilson Justo, diretor de marketing da Sorocred. “Como as transações dos cartões de crédito da Sorocred podem ser feitas nos terminais da Redecard em todo o Brasil, a empresa parte para um processo de expansão da operação, começando pelo crescimento em espiral a partir de áreas nas quais já têm operação consolidada”. Além disso, “os cartões da Sorocred também serão aceitos nos terminais da Cielo até o final desse ano,
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Cidades como Sorocaba e Jundiaí, celeiros de financeiras que atuam exclusivamente dentro do território paulista, movimentaram somente no mês de fevereiro deste ano mais de R$ 8 milhões ampliando ainda mais a cobertura do serviço”, complementa Justo. Em todos os municípios a financeira atua por meio da presença de correspondentes bancários. Para produtos financeiros como empréstimo pessoal e financiamento de veículos e de material para construção, a Sorocred foca nas classes A, B e C. Já para seu principal produto, o cartão de crédito, a empresa é referência entre as classes C, D e E. Para atingir o público desejado, a instituição possui uma ampla rede de parceiros varejistas, em que se destacam: Grupo Pão de Açúcar, Casas Bahia, DiCico, Droga Raia, Telhanorte, Drogaria São Paulo, Marabraz, entre outras. “Os clientes que estão emergindo das classes mais baixas aspiraram realizar desejos por meio do crédito. Por isso, a Sorocred vem aumentando sua oferta de produtos, todos desenhados para o público com esse perfil, que é semelhante em várias regiões do País nas quais atuamos”, destaca Justo. Com sua operação de cartões ampliada em função do crescimento da rede de estabelecimentos para mais de um milhão de pontos com a Redecard, a Sorocred mobiliza-se para intensificar junho/julho 2012 FINANCEIRO 25
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Na pista Para acelerar nas corridas da Stock Car, o piloto Átila Abreu conta com patrocínio da Sorocred
a distribuição de cartões em áreas sinérgicas com aquelas em que a empresa já possui operação. “Na sequência da ampliação da operação de cartões, será feito um esforço operacional e de marketing na cobertura dessas áreas com os demais produtos da financeira. Ao final do ano, soma-se a esse plano a operação com a Cielo, que ampliará a rede de
estabelecimentos que aceitam o cartão Sorocred para mais de dois milhões de pontos”, afirma Justo. Na terra da uva Em 1998, empresários de Jundiaí, município do interior de São Paulo, enxergaram no cenário econômico uma oportunidade de negócio. “A Finamax foi inaugurada praticamente junto com Plano Real, em uma nova fase para o Brasil. Vimos que com a inflação controlada os consumidores ganhariam poder de compra e a empresa poderia financiar essa onda de consumo”, explica Carlos Samogim, diretor superintendente da Finamax. Durante esses 18 anos de atuação, a instituição realizou 492 mil operações de crédito por meio de agentes credenciados, que atuam em 38 cidades, todas localizadas no interior do Estado de São Paulo. De acordo com o superintendente, a financeira tem planos de ampliar o Wilson Justo, da Sorocred campo de atuação, mas Com um crescimento não em um período muito médio de 21% ao ano nos últimos dois anos, próximo. “Somos muito hoje a empresa já conservadores, optamos emitiu mais de pelo crescimento conso5 milhões de cartões
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Cultura A Finamax financia apresentações de orquestras do interior paulista
lidado, ordenado e planejado. Em 2006, nossa carteira de crédito era de 130 milhões e no ano passado o valor atingiu R$ 200 milhões. Estamos falando de 54% de crescimento em cinco anos, o que representa cerca 9% ao ano. Para as expectativas da Finamax, consideramos um número bom”, avalia Samogin. O produto que mais impulsiona o ritmo de crescimento da empresa é o crédito pessoal, que sozinho agrega 22 mil clientes, e o financiamento de veículos. “Por isso, nosso principal público é pessoa física assalariada com carteira assinada e bancarizada. Essas condições são importantíssimas”, afirma. Para continuar atraindo novos clientes, a Finamax foi obrigada a se adaptar à onda de redução das taxas de juros que atingiu os grandes bancos brasileiros. “Não podemos ficar parados. Temos produtos que já consideram esse novo ambiente, com taxas e atendimento diferenciados. Não estamos de braços de cruzados, porque não queremos perder mercado. Somos pequenos, mas queremos manter posição”, ressalta Samogin. Outro problema que a empresa enfrenta atualmente é o endividamento da população. Segundo o diretor superintendente, muitas pessoas já estão no limite do comprometimento de renda e sem condições de pedir por mais crédito. “Vejo que desde 2010 há um interesse maior em reduzir as dívidas. Acredito que apenas a partir do segundo semestre de 2012 as pessoas irão retomar a busca por crédito”, afirma.
E essa cautela no momento da contração de novas dívidas vem de uma maior consciência financeira do consumidor brasileiro, na avaliação de Samogin. “Percebemos que, por terem mais segurança no emprego, os clientes conseguem fazer contas e estabelecer o momento de tomar um empréstimo. Quando fazemos uma entrevista, o cliente não se deixa levar e sabe exatamente o que quer e quanto quer”, garante. Para colaborar com a melhoria da educação da população, a Finamax procura fazer sua parte. Anualmente, a financeira faz uma doação ao Conselho Municipal de Direitos da Criança de Jundiaí e patrocina a orquestra da cidade e outra em Sorocaba. “Requer investimento e muito trabalho, mas é um investimento que gera satisfação tanto para a população, que pode entrar com contato com uma boa música, como para os músicos, que estão ali mostrando seu trabalho.” f
Carlos Samogin, da Finamax “Percebemos que, por terem mais segurança no emprego, os clientes conseguem fazer contas e estabelecer o momento de tomar um empréstimo. Quando fazemos uma entrevista, o cliente não se deixa levar e sabe exatamente o que quer”
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Evento realizado pela Acrefi, em parceria com a Serasa Experian, aborda as novidades para trabalhar nesse mercado de crĂŠdito com menor risco
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Por Juliana Jadon
Conheça
o cliente
Seja banco, varejista ou empresa de cobrança, não importa. É preciso conhecer o cliente a fundo para obter sucesso nas negociações. E essa análise deve ultrapassar os dados básicos sobre comportamento de consumo, faixa salarial, contato telefônico, endereço residencial e RG. O cliente deve ser classificado de acordo com o perfil de risco que representa para cada instituição (a possibilidade de não pagar a conta), por meio de sua nota atribuída, conhecida no mercado como score. O tema “Inteligência na aquisição de novos clientes” foi desenvolvido durante o evento Marketing e Vendas em Debate, realizado pela Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) em parceria com a Serasa Experian. Nesse contexto, Alexandre Wyllie, da diretoria de marketing services da Serasa Experian, afirma que mais importante do que utilizar a melhor ferramenta de análise de risco é compartilhar as necessidades para que a Serasa Experian, como empresa parceira, possa ajudar. “Não existe solução de prateleira melhor do que algo feito sob medida”, ressalta o executivo. Wyllie lembra que Albert Einstein passava 90% do temHá dez anos, a cada po definindo qual era exatamente o problema para depois R$ 100 gastos, R$ solucioná-lo. “Por isso, é preciso ter uma conversa franca 25 vinham do bolso sobre como funcionam todos os processos de oferta e concessão e quais são os principais gargalos dessa área”, reforça. da classe média. Para o executivo da Serasa Experian, um mais um é Esse valor subiu igual a dois, mas se a percepção mudar – colocando os para atuais R$ 44 números lado a lado – o resultado para essa soma pode a cada R$ 100 ser 11. Todavia, também é preciso saber qual é exatamente o dado que se busca e de que maneira ele será relevante desembolsados para os negócios. junho/julho 2012 FINANCEIRO 29
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marketingevendas Renato Meirelles, do Data Popular “O Brasil mudou. A classe C hoje é um mercado de R$ 1 trilhão. Para se sair bem com esse consumidor, é preciso ter humildade e se colocar no lugar dele”
Na prática
Data o o und 59,4 % g e S ular, ões de p o P art c s stão e do o it créd mãos da nas sse C cla
As vendas da área de cartões do Santander cresceram 27% no período de 2006 a 2009. Apesar do aumento, os ganhos eram considerados baixos para os gestores do banco, que esperavam maior produtividade no acúmulo desses quatro anos. Foi quando o banco resolveu colocar melhores cartas no jogo e fez uma parceria com a Serasa Experian. Em 2006, os dados analisados pela área de cartões do Santander para ofertar esse produto financeiro eram básicos (nome,
Cenário global “No verão europeu tudo floresce, inclusive a economia”, avalia Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, que aproveitou a ocasião para fazer uma análise sobre o cenário econômico global. Segundo ele, os bancos europeus já estavam fragilizados desde a crise dos subprimes, desencadeada nos Estados Unidos, porém, ao contrário dos americanos, que são mais pragmáticos, os europeus são mais conservadores e possuem maior facilidade em encontrar erros. Mas nem tudo são flores, segundo o especialista. Há uma parcela jovem na Europa, que hoje representa mais de 50% da população – inteligente e capacitada, pois o nível da educação ministrada lá é bom –, mas sem oportunidades. Assim, observa Tingas, há uma geração antiga que nas vésperas da eleição ouve de filhos e sobrinhos que deve deixar de votar nos partidos tradicionais no intuito de mudar a situação. “A Europa vai passar por um processo de estresse. O sistema bancário europeu está à beira de um problema maior, mas que evidentemente será contornado. O que está havendo por lá é uma mudança política”, diz.
telefone e e-mail), assim como a prática na maioria das empresas. Também havia uma nota de corte e score de acordo com o comportamento que o cliente tinha com os produtos e serviços adquiridos na própria instituição, sem dados de outras empresas. A Serasa Experian ajudava dando uma nota para os novos nomes na base. Isso fazia com que a margem de erro e de fraude fosse grande, pois a empresa de análise não tinha acesso aos dados de clientes antigos e já presentes na carteira para poder fazer uma avaliação e criar para eles um score. Com a parceria, a área de cartões do Santander conseguiu ter maior previsibilidade, mais qualidade de informações, fluxos mais intensos de dados, score de crédito on-line, melhoria da análise do risco de fraude, entre outros itens. Além, de claro, resultados financeiros mais vantajosos. “Esse é um caso positivo em diversos indicadores. Com mais nomes pré-aprovados, nossa base de clientes aumentou rapidamente. A nossa carteira de crédito cresceu 54% em um ano. Do momento em que efetuamos a parceria (em 2009) até agora, nossos resultados são cinco vezes maiores”, conta Leandro Alves, superintendente de cartões do Santander. “É preciso compartilhar informações com uma empresa que possui expertise em todo o mercado para se sair melhor, assim como fizemos”, complementa. O principal mercado
Aquele brasileiro que sempre morou na periferia pode ser um dos novos representantes das classes A e B. Com o aumento de renda nos últimos anos, ele colocou uma laje em casa, montou uma distribuidora de água e hoje fatura cerca de R$ 20 mil por mês. A bonita história, contada por
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Nicola Tingas, da Acrefi “No verão europeu tudo floresce, inclusive a economia”
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Leandro Alves, do Santander “Com mais nomes préaprovados, nossa base de clientes aumentou rapidamente”
Alexandre Wyllie, da Serasa Experian “Não existe solução de prateleira melhor do que algo feito sob medida”
Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto de Pesquisas classes A e B se acham classe média e 35% acreditam Data Popular e membro da comissão que estuda a nova fazer parte da baixa renda brasileira. classe média na Secretaria de Assuntos Estratégicos da PreEle lembra que no Brasil muitos empresários e gestores sidência da República, ilustra uma realidade encontrada em tentam comparar a nossa classe média com a americana, 44% das classes A e B. que ganha relativamente bem. Mas a classe média ameriEsse consumidor faz parte da primeira geração de endicana é mais rica que 94% da população mundial, enquanto nheirados da família e uma ampla oportunidade para banque a tupiniquim é mais abonada que 62% das demais clascos e empresas financeiras concederem produtos e serviços. ses médias no mundo. De acordo com Meirelles, são pessoas com bolso de classe Benefícios A e B e cabeça de classe C. A chamada nova classe média se relaciona melhor com Não só essa fatia de mercado, mas também a dominante os vizinhos e 65% faz divulgação boca a boca sobre produclasse C, são o foco das instituições financeiras quando se tos, serviços e marcas. Já nas classes A e B somente 21% cotrata de ganhar mercado. Para desvendar esse universo, o esnhecem os que moram ao lado. pecialista explica que existem duas classes C (a C1 é de uma A situação é fácil de ser explicada. Estudo do Data Pofamília que ganha em média R$ 3.339 e a C2 tem uma renpular, em parceria com a Federação Brasileira de Bancos da familiar de aproximadamente R$ 1,8 mil). “A pirâmide (Febraban), aponta que o consumidor da elite gosta de da sociedade mudou e passou a ser um losango. Ninguém comprar aquilo que ninguém mais possui. Por isso, a parcela mais questiona o tamanho dessa classe”, diz ele. de pessoas que conversa com vizinhos sobre produtos ou O que Meirelles defende está lastreado em números. Há marcas cai para 19%. dez anos, a cada R$ 100 gastos, R$ 25 vinham do bolso da O potencial para o setor financeiro atuar é grande. classe média. Esse valor subiu para atuais R$ 44 a cada R$ Como exemplo, já são 94,9 milhões de cartões de 100 desembolsados. “Não estamos falando de um segmencrédito nas mãos da classe C. Essa fatia de mercato de mercado, mas do próprio mercado consumidor repredo costuma utilizar mais de um plástico, carnês sentado por 104 milhões de brasileiros com e outros meios de pagamentos. “Os bancos prepotencial de R$ 1,03 trilhão em compras. cisam aprender a criar laços afetivos com esses Isso é mais do que a soma do PIB da Arconsumidores. Da maneira como atuam, o gentina, do Uruguai e do Paraguai”. A o bônus de conceder o crédito é do varejista, As empresas possuem dificuldade açã z i r a e o ônus é da instituição financeira, que em conhecer a classe média, afirma Meinc iu 76% a b liga para cobrar o pagamento que não foi relles, pois o “topo do losango” não se o ing já at pulaçã feito”, conclui Meirelles. f julga elite. Exemplo disso é que 55% das
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Por Paulo Gratão O fantasma da inadimplência tem assombrado a nova classe média brasileira nos últimos tempos. No entanto, a expectativa é que com a chegada do segundo semestre o efeito da redução dos juros e as novas posturas das instituições e do consumidor se revertam em quase todos os setores. Quase, pois o ambiente não será nada favorável ao mercado automotivo, que acumula um nível de 5,7% em inadimplência até março, conforme explicou Tereza Fernandez, sócia da MB Associados, durante a palestra “O Setor Automotivo no Cenário Brasileiro”, realizada na sede da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi). Para cada dez veículos produzidos, apenas 2,6 foram emplacados no acumulado até abril, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) e da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) apresentados pela executiva no painel. “O primeiro problema é com o setor de caminhões, em que o emplacamento é de 9,2
para cada 29 produzidos”, afirma Tereza. Isso sem contar a queda de 20% na produção de veículos no primeiro trimestre de 2012 em relação ao mesmo período no ano passado. “A produção de automóveis vem caindo desde 2011. A média de estoque nas concessionárias é de 28 dias, e já há redes com 55 dias”, destaca a sócia da MB Associados. Entre as principais razões para a redução das vendas de automóveis está a perda do valor patrimonial devido à diminuição da diferença entre carros novos e usados e, em certa medida, pela aquisição da casa própria. A executiva afirma que os imóveis já concorrem com os veículos, principalmente pelo fato de se valorizarem com o tempo, ao contrário dos carros. O alto valor da manutenção dos veículos também tem sido um empecilho, assim como a redução da oferta de crédito por parte dos bancos. No crescimento acumulado dos últimos 12 meses, os custos de manutenção de veículos e de imóveis subiram a índices próximos de 6%. Não compram e não pagam
Se a venda de veículos é preocupante, a cobrança de parcelas atrasadas também tem se agravado. Os altos valores para manutenção dos veículos e os juros cobrados em financiamentos, que muitas vezes cobrem o valor de um veículo superior, são os principais motivadores à inadimplência atualmente. “Os bancos travaram a oferta de crédito automotivo justamente porque carro não é mais garantia de nada”, destaca Tereza. Outro fator foi a chamada “farra de 2008”, com a economia aquecida e a venda de carros sem entrada. “Navega-
Sinal amarelo para o mercado
automotivo
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Panorama de inadimplência prevê novo fôlego para maioria dos mercados, mas permanece crítico nos financiamentos de automóveis
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Tereza Fernandez, “Os bancos travaram a oferta de crédito automotivo justamente porque carro não é mais garantia de nada”
produção e consumo”, comenta. Mas ainda existem 31 mil famílias com renda igual ou superior a R$ 1.098 e que não têm carro. f
Inadimplência – pessoa física (%) Inadimplência pessoa física
Inadimplência veículos
5,7 5,5 8,0
7,4 4,5
7,0
6,8 3,5
6,0
2,5
5,0
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mar/11
Acima de 90 dias
set/11
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Fonte: IBGE. Elaboração: MB Associados
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
Imobiliário
Veículos
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jul/10
jan/11
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0
jan/03
As medidas anunciadas em maio pelos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e pelo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Luciano Coutinho, visam à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros até 31 de agosto. No caso de carros 1.0 dentro do novo regime automotivo, o imposto é zerado. Tereza foi enfática ao afirmar que o consumidor não quer mais esse modelo e que é preciso se atentar ao novo perfil de consumo. “Esses carros normalmente são comprados por locadoras, o que justifica a participação de 46% das vendas. Se calcular pela população em geral, fica um pouco acima de 30%. O povo quer carro bom”, avalia. Por isso, Tereza diz que a tendência é aumentar cada vez mais o consumo de carros “seminovos” (denominação exclusiva do Brasil para carros usados). “A dinâmica entre novo e usado vai se equilibrar como no restante do mundo.” Apesar de todo o cenário preocupante, a executiva ressalta que o mercado já passou por períodos piores e superou. “O que acontece agora é um descompasso entre
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Inadimplência – % do total das modalidades
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Soluções
Vencidas 15 a 90 dias
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mos em mares tranquilos durante cinco anos, mas muito aquém do que é um crescimento. A inadimplência vem daí!”, comenta.
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Fonte: Bancen. Elaboração: MB Associados
A queda no setor de automóveis se deve: • à perda do valor patrimonial decorrente da abertura do spread entre o carro novo e o usado • à elevação do custo de manutenção de um veículo • à aquisição da casa própria • ao efeito conjuntural decorrente do aperto das condições de crédito para veículos em função do forte aumento da inadimplência • a alterações nas taxas de juros • à mudança de perfil: maioria dos consumidores não compra mais carro 1.0 Fonte: MB Associados
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artigotecnologia
Por Vilma Rangel Garcia
A bancarização é o movimento de trazer às instituições de crédito um maior contingente de cidadãos que ainda não possuem conta. A proposta é agregar de forma mais simples os serviços oferecidos pelo banco, seja na agência ou pela internet. Em muitos casos, esses cidadãos eram obrigados a se deslocar em barcos, ônibus ou aviões até a agência. Nas capitais, os bancos aproveitaram a popularização de smartphones e tablets para pensar na inclusão bancária móvel como um instrumento para novos negócios e captação de clientes. A TNS apontou que, entre 2010 e 2011, o uso de serviços bancários pelo celular subiu 110% no Brasil. Gustavo Roxo, ex-diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), estima que as transações feitas por celulares e tablets devem ultrapassar, em cinco anos, as operações feitas por computadores. Marcos Ferreira, especialista em segurança digital, entende que o mobile banking é até mais seguro. Se hoje muitos correntistas veem com ressalvas o acesso ao banco pela internet, esse paradigma deve se modificar com o aperfeiçoamento das tecnologias portáteis. Do ponto de vista jurídico, vários requisitos devem ser considerados, especialmente em relação à geração da prova eletrônica, privacidade e segurança da informação. Os principais pontos que devem ser considerados são: identidade; modelo de mobilidade; informação; segurança da informação; disclaimer; termo de uso de serviços; responsabilidade civil
de terceiros; aplicação da legislação pátria: CF/88, Código Civil, além do Código de Defesa do Consumidor, e incidentes e perícias: uso de mobile forensics, além da análise do SIM (Subscriber Identify Module). Já a regulação deve focar em dirimir incertezas legais de não bancos atuarem nos serviços de pagamentos e estabelecer regras de compartilhamento para a maximização das economias de escala. A regulação deve ser proporcional ao risco: prudencial, de lavagem de direito e a defesa dos interesses do consumidor. Para Marcelo Condé, sócio-fundador da Spring Wireless, o mobile payment é um caminho sem volta. Nos Estados Unidos, por exemplo, no último ano 58% dos cidadãos substituíram sua instituição por outra que oferecia mais soluções móveis. Com a operacionalidade e o desenvolvimento dos produtos é preciso ter em mente que uma maior eficiência operacional e inovação da oferta de serviços serão os diferenciais das instituições bancárias e de crédito do futuro, que, voltadas à mobilidade, agregarão inteligência aos processos já existentes, garantindo competitividade e lucratividade. f Vilma Rangel Garcia É advogada e especialista em Direito Civil e Processo Civil pela Escola Paulista de Direito e em Direito Empresarial pela PUC-SP Dayane Fanti É advogada da área de assessoria jurídica em novas tecnologias no escrtiório Martins Rangel Garcia Advogados
Foto: Divulgação/Artigo enviado em maio
A bancarização e suas premissas
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Reflex o O diretor do instituto Ipsos, Paulo Cidade, fala sobre o novo cenário de crédito do Brasil, com a redução dos juros e o endividamento da nova classe média Por Paulo Gratão A experiência e as marcas de expressão que o Brasil enxerga ao se olhar no espelho é motivo de orgulho, mas ao mesmo tempo de atenção. É hora de amadurecer. A imagem refletida não é mais o cenário econômico que prevalecia há uma década. Com as classes D e E predominantes, o País mantinha uma política de desigualdade e buscava incessantemente formas de deixar de ser o coitadinho do panorama mundial. Mas neste ano essa situação está diferente. Economia em alta, 54% da população na classe média e o País admirado por aqueles que não depositavam a mínima confiança no passado. Ainda há grandes tabus a serem quebrados e um desafio enorme aos governantes, aos bancos, às financeiras e às empresas em geral: ensinar a população a usar o crédito de forma consciente. Esse reflexo positivo que o Brasil percebe ao se olhar fica mais evidente na pesquisa Pulso Brasil, que mede o Índice Nacional de Confiança (INC), realizada mensalmente com mil pessoas em 70 cidades do País pelo instituto Ipsos para a Associação Comercial 36 FINANCEIRO junho/julho 2012
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x os positivos de São Paulo (ACSP). Para se ter uma ideia de como a confiança no Brasil está em alta, 54% das respostas foram positivas, contra 22% nos Estados Unidos. As razões para esse otimismo são explicadas por Paulo Cidade, diretor do instituto Ipsos. Revista Financeiro O brasileiro está mais otimista com os rumos da economia e a redução dos juros? Paulo Cidade Os agentes financeiros estão enfrentando essa nova realidade de mudança cultural e econômica pela qual o País está passando. Dados da pesquisa O Observador, do Cetelem/BGN, mostram uma diminuição significativa nas classes D e E e um rápido aumento da classe C. Passamos por um período em que prevaleciam as classes D e E, mas, em cerca de sete anos, tivemos essa reviravolta, com a parcela maior da população na classe C. Empresas, marketing e a comunicação em geral têm auxiliado para uma mudança cultural importante. Temos agora um ambiente mais propício ao consumo, um otimismo que se manifesta de diversas formas. Financeiro A nova classe média está endividada? Cidade É um conjunto de vários indicadores. São questões cíclicas misturadas a um boom de oferta maior nessa camada da sociedade. Muitos consumidores começaram a comprar, mas não realizaram todas as contas e, por isso, vivem agora a inadimplência. No entanto a própria divulgação na mídia para um maior cuidado está fazendo com que as pessoas fiquem mais atentas. Financeiro E qual seria a solução? Cidade Muitos dos que lidam com crédito focam apenas na questão do consumo e não pensam nos aspectos culturais e econômicos. Existem diversos
agentes financeiros que têm feito, dentro dos limites e possibilidades nas vendas do produto, ações de incentivo ao crédito consciente. Eles têm, obviamente, o interesse de que esse produto seja consumido, mas de uma forma responsável. Deveríamos ter alguma discussão sobre isso nas próprias escolas para preparar desde cedo as pessoas para esse novo cenário.
“As classes C, D e E levam as decisões para uma discussão familiar, na maioria das vezes. É preciso entender como a decisão dessas pessoas é formada” Financeiro Os modelos atuais de educação financeira são satisfatórios? Cidade Às vezes os agentes financeiros dizem que estão colocando as informações em seus materiais, mas os dados são de difícil assimilação. A linguagem deveria ser mais clara e objetiva, trazendo a discussão para o dia a dia. Educação financeira e a adaptação dependem de um esforço conjunto de muitos, não só de um. Financeiro Como a educação financeira pode influenciar no consumo das pessoas? Cidade Educação financeira deve influenciar na qualidade de decisão das pessoas. Devem-se avaliar quais os elementos que podem auxiliar melhores tomadas de decisão. O consumidor tem um raciocínio técnico que pensa nos juros e valores financeiros, mas também tem o aspecto emocional, que avalia os benefícios, o aspiracional e o impacto das compras. junho/julho 2012 FINANCEIRO 37
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Financeiro Como as pessoas tomam decisões de crédito? Quais os motivadores? Cidade As classes C, D e E levam as decisões para uma discussão familiar, na maioria das vezes. É preciso entender como a decisão dessa pessoa é formada. Esse consumidor tende a ouvir a opinião de outros, mas no fim busca utilizar os elementos que tem à mão. Uma das pesquisas mostra que o conhecimento que as pessoas têm sobre os juros embutidos nas parcelas ainda é pouco. Cerca de 28% dizem que têm conhecimento mínimo sobre juros embutidos, já 67% afirmam que não têm. O valor das prestações é o fator mais importante para 40% das classes D e E, e os juros são a maior preocupação para 48% das classes A e B. O desconhecimento da questão técnica, por parte das classes mais baixas, é um problema, pois eles acabam se preocupando simplesmente com a questão de caber ou não no bolso. Nós, empresas de pesquisa, fazemos o que podemos para instrumentalizar essas decisões. Financeiro A oferta de crédito reduziu de 2010 para 2011, segundo o comparativo no estudo “O Observador”. Você acredita que 2012 terá um resultado ainda menor? Cidade Essa é uma discussão importante, embora ainda não tenhamos como prever. Uma nova pesquisa “O Observador” vai ser divulgada no segundo semestre. Até um determinado nível de endividamento é normal, pois tende a ocorrer em qualquer mercado. Sempre irão existir índices de inadimplência. É necessário, porém, um amadurecimento da sociedade para que as decisões ocorram de forma racional, com qualidade. Mesmo uma pessoa muito bem informada sabe que está pagando juros altos. A qualidade da decisão dos consumidores é a discussão. Precisa-
Quantos têm ciência dos juros embutidos nos parcelamentos?
O que é mais importante na hora de tomar crédito? 48% 40%
28%
67%
possuem conhecimento mínimo
DeE– Valor das prestações
não possuem conhecimento mínimo
AeB– Taxa de juros Fonte: Ipsos
Fonte: Ipsos
“Às vezes os agentes financeiros dizem que estão colocando as informações em seus materiais, mas são de difícil assimilação” mos contribuir nessa educação financeira, para que o consumidor use o crédito com algum critério. Financeiro Mesmo com esse cenário, a pesquisa “Pulso Brasil” mostra que o País está otimista. Como explicar esse contraponto? Cidade Quando as pessoas pesam o rumo certo e rumo errado do Brasil, prevalece uma percepção de que o País está no caminho correto. Temos um aumento na renda objetiva das pessoas e uma confiança cada vez maior na manutenção do emprego. Não são somente os índices que dizem isso, é o reforço de outros consumidores nessa mesma situação. Tudo isso gera um novo ambiente no qual esse cenário econômico está operando. f
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Bolso consciente Ações desenvolvidas pelo Bradesco colaboram para que a economia cresça de maneira saudável, sem excessos e atitudes irresponsáveis
Grafado com caneta vermelha em letras garrafais, o anúncio na vitrine reluz como ouro: parcelamos em até 12 vezes. Atraído pela tentadora oferta, o consumidor entra na loja e passa batido pelas outras letras, aquelas bem pequeninas, que informam a nada atrativa taxa de juros. E, assim, por descuido e desinformação, ele cai na armadilha da sociedade do consumo, formada pelo acesso ao crédito facilitado e pagamento em prestações. Sem perceber, acaba se comprometendo com contas que não tem condições de pagar. Em 2011, foram devolvidos, em todo o País, 1,95% dos cheques compensados, conforme revela o Indicador Serasa Experian
de Cheques Sem Fundos. O porcentual foi o maior desde 2009, quando houve 2,15% de devoluções. Já dados divulgados pelo Banco Central mostram que 42% da renda acumulada pelas famílias brasileiras no ano de 2011 está comprometida por dívidas. E a previsão futura não é nada promissora. A elevação da inflação, encarecimento do crédito e as perspectivas de um tímido crescimento da economia devem dificultar ainda mais o cumprimento dos compromissos financeiros. O truque para desarmar a bomba relógio do consumo desenfreado está na educação financeira. Somente ao aprender a administrar a renda e a controlar os gastos com responsabilidade é que o consumidor
Fotos: iStockphoto/Divulgação/Douglas Luccena
Por Flávia Corbó
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poderá dormir mais tranquilo, sem se preocupar com as contas acumuladas. Pensando em ajudar o cliente e com isso colaborar para a saúde econômica do país, o Bradesco possui diversos canais de educação financeira. “Fatores econômicos como o aumento de renda e a facilidade de acesso ao crédito em todo país contribuíram para que pudéssemos entrar com um programa de educação financeira ao cliente e também para não clientes”, conta Glaucimar Peticov, diretora do departamento de treinamento de funcionários do Bradesco. A necessidade de orientar os clientes a gerir os gastos foi detectada a partir dos contatos feitos pelo “Alô, Bradesco”, canal em que eles expõem suas necessidades ou tiram dúvidas sobre o banco e a movimentação de contas. “É uma maneira de orientação, que foca no uso responsável dos recursos. Antes era algo mais tímido, mas com essa interação tudo começou a ganhar uma forma maior”, diz a diretora. Ao identificar essa demanda por meio do contato telefônico, o Bradesco criou o portal Net Finanças. O software é integrado à conta do cliente e permite um gerenciamento das finanças pessoais. É possível acessar dados da poupança, cartão de crédito, fazer projeções de despesas anuais, orçamento de um projeto e realocar pagamentos. “É uma ferramenta muito importante, porque organiza compromissos e contas a pagar de maneira eletrônica”, explica Glaucimar.
Há ainda outras iniciativas mantidas pelo Bradesco para promover a educação financeira. Na home page do banco está disponível um link para 11 cursos gratuitos, que podem ser feitos mesmo por quem não possui um vínculo com a instituição bancária. Para usufruir dos serviços não é necessário efetuar nenhum tipo de cadastro, o que evita que dados pessoais sejam utilizados para a instituição financeira angariar novos clientes em potencial. Os cursos de finanças pessoais e matemática financeira são os mais procurados no site, que já obteve mais de um milhão de acessos. Fora da web
A atuação do Bradesco na educação financeira também ultrapassa a esfera virtual. O banco mantém uma equipe de funcionários treinada para oferecer palestras presenciais sobre gestão financeira em empresas, faculdades, hospitais e comunidades carentes. Em 2011, mais de cinco mil pessoas receberam orientações de instrutores capacitados pela instituição. “A palestra é voltada, principalmente, às pessoas que têm um baixo poder aquisitivo. Distribuímos cartilhas, ministramos palestras e oferecemos uma orientação bem didática de como cuidar melhor do orçamento. A procura tem sido grande, porque há muitas pessoas que não tinham remuneração e agora passaram a ter”, afirma Glaucimar. Nas universidades, mais de 1,1 mil estudantes do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Ceará já acompanharam os cursos. E no ambiente corporativo, o interesse só aumenta.
Ação Banco promove palestra sobre educação financeira em encontro com a comunidade Cantagalo, no Rio de Janeiro
Controle Software mantido pelo Bradesco ajuda clientes a gerenciarem as finanças pessoais, além de oferecer cursos on-line
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“Começamos em pequenas empresas e, hoje, já demos palestras em organizações como a Schincariol, que começou com cem pessoas, depois ampliou o curso para mil colaboradores”, destaca a diretora de treinamento. Efeito cascata
Em uma leitura superficial do cenário, o consumidor aparece como o maior beneficiado das ações de gestão de finanças pessoais. Segundo Glaucimar, ao receber informações e dicas de maneira didática, o cliente fica muito mais cuidadoso com uso do cartão de crédito e a taxa de juros do cheque especial. “Não somos contra prestações, até porque é uma maneira de adquirir bens, mas a educação leva a informação de como você deve equacionar a sua vida financeira e gerenciar com maior autonomia suas finanças.” Mas quando avaliado o quadro mais a fundo, é possível enxergar que a educação financeira reflete em todas as facetas da economia. Obviamente, analisa a diretora de treinamento, essas ações têm um impacto direto no cotidiano, mas também acabam fomentando a economia local e o desenvolvimento do país. Principalmente o trabalho voltado às comunidades com menor poder aquisitivo, que faz com que essa verba seja usada de forma mais consistente. E para o banco é importante que o cliente tenha uma saúde financeira, para que os negócios continuem e não sejam pontuais. “Ao final, todos ganham. O banco ganha com uma saúde financeira melhor desse cliente, ganha a pessoa que pode planejar melhor sua vida e ganham as empresas que podem gerenciar seus recursos para garantir a longevidade dos negócios. São muitos os efeitos positivos”, completa. Planos futuros
Para absorver a crescente demanda, educação financeira deixou de ser apenas um projeto e virou um setor dentro da área de treinamento do Bradesco. “A área foi criada para apresentar alternativas e ter uma didática interessante, para que a informação seja colocada em prática pela população”, conta Glaucimar. Além disso, o número de instrutores capacitados para dar palestras subiu de três para 12.
Como a resposta aos cursos tem se mostrado muito positiva, o Bradesco já planeja ampliar a atuação no setor de educação financeira. Os próximos passos incluem a criação de web aulas e cursos semipresenciais, que podem ser transmitidos para vários locais do Brasil ao mesmo tempo. “Essa é uma ferramenta utilizada pelo banco que permite que alunos de Manaus recebam o mesmo conteúdo de clientes de São Paulo, simultaneamente”, explica. O banco pretende aumentar as aulas presenciais para que os cursos ocorram com maior frequência. E o público-alvo também sofrerá mudanças. “Queremos atingir, principalmente, os menores aprendizes, no momento em que eles estão entrando no mercado de trabalho e, consequentemente, no de consumo. Todo novo funcionário do banco também receberá essas orientações, para que entre na organização já com conhecimento de como gerenciar melhor seus recursos”, finaliza. f
Benefícios Glaucimar Peticov, do Bradesco “Educação financeira tem um impacto direto no cotidiano, mas também acaba fomentando a economia local e o desenvolvimento do País”
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artigoquestãojurídica
Novidades
Por Pierpaolo Cruz Bottini
O Congresso Nacional discute inúmeras propostas de alteração da legislação penal. Desde questões polêmicas, como o aborto ou uso de drogas, até debates mais específicos, como medidas para proteção do mercado de valores mobiliários. Uma série de temas penais foi ou será discutida pelos legisladores nos últimos meses. É importante acompanhar esses debates, não apenas pelo engajamento político, mas porque parte deles tem impacto direto nas atividades das instituições financeiras e creditícias. Comecemos pelo projeto de lei sobre lavagem de dinheiro, que deve ser aprovado neste ano no Senado Federal e seguir para sanção presidencial. Há mudanças importantes. Em primeiro lugar, os crimes e infrações penais poderão gerar lavagem de dinheiro. Antes, apenas alguns delitos eram aptos a produzir bens passíveis de lavagem, como o tráfico de drogas e de armas. Se aprovada a proposta, os crimes antecedentes serão ampliados, e delitos de outra natureza, como os fiscais e a apropriação indébita previdenciária, poderão produzir lavagem de dinheiro, incrementando a repressão nesse setor. O projeto ainda amplia o número de entidades obrigadas a colaborar com as autoridades públicas no combate ao delito. Assim, além dos bancos, instituições financeiras e corretoras, outras organizações e pessoas físicas terão obrigações de cadastrar dados sobre clientes e informar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a outros órgãos de movimentações financeiras suspeitas. Discute-se até a incorporação dos advogados nesse rol, obrigando-os a informar atos ilícitos praticados por clientes. Essa imposição pode conflitar com o dever de confidencialidade e com o sigilo profissional.
Discute-se também a modificação da lei de crimes financeiros – antiquada e ultrapassada – com novas redações para os crimes de gestão temerária, fraudulenta, e a pertinência de manter a criminalização da evasão de divisas. Cada ponto alterado nos dispositivos penais tem impacto para o desenvolvimento de sistemas de compliance, estratégias e planos de atuação institucional nas entidades creditícias. Mesmo leis que aparentemente não têm por objetivo o direito penal acabam por refletir nessa seara. A lei do Super Cade, de proteção à concorrência, embora não trate exclusivamente de questões criminais, traz importantes novidades. Descriminaliza inúmeras condutas, como o dumping, amplia os efeitos da delação premiada e confere aos órgãos públicos poderes de busca e apreensão mais amplos do que os atuais. Até mesmo o novo Código Florestal traz inovações criminais, ao determinar, por exemplo, a extinção da punição nos casos do cumprimento de acordos administrativos para regularização de ocupações. Enfim, as alterações propostas impactam diretamente nas instituições financeiras e creditícias, seja porque impõem novas restrições, seja porque determinam obrigações inéditas, seja porque reduzem a aplicação das normas penais em alguns setores. Por isso, é preciso atenção sobre os projetos de lei em andamento – e sobre os aprovados – que tratem de questões criminais. A participação das entidades de crédito nos debates é essencial, uma vez que a experiência e o conhecimento especializado do setor podem contribuir para o sucesso da nova legislação. f Pierpaolo Cruz Bottini É advogado e professor-doutor de direito penal da USP. Foi Secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça
Foto: Casa da Photo Fábio Salles/Artigo enviado em maio
no direito penal econômico
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happyhourrestaurante
Um pedacinho da França nos Jardins Por Raquel Sena
O salão, decorado em estilo clássico, possui mesas de madeira e cadeiras de vime que, combinado com as seringueiras, dão ar de varanda ao ambiente
São Paulo é a cidade brasileira que mais possui influências mundiais. Todas as culturas possuem um pouco de si em nossos bairros, em festas, nas tradições e também na comida. Alguns ambientes permitem que a pessoa faça uma viagem intelectual sem ao menos sair da cidade. É o caso do restaurante Chef Rouge, localizado no bairro Jardins, em São Paulo. Fundado pela chef Renata Braune e a restauratrice Vanessa Fiuza, que se conheceram em Paris, em 1991, durante um curso de culinária, o Chef Rouge se destaca por trazer à cidade um pedacinho da França. Em um cenário típico de bistrô, charmoso e
Fotos: Douglas Luccena / Divulgação
Restaurante francês na capital paulista se destaca por proporcionar momentos de cultura e gastronomia típica aos visitantes
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romântico, a casa propõe gastronomia e ambientação ricas em detalhes e referências à França. A arquitetura do lugar, que possui quatro salões com capacidade para 80 pessoas, foi inspirada na Belle Époque – era de ouro da Europa, marcada por profundas transformações culturais que influenciaram o modo de pensar e viver das pessoas. A decoração acompanha os clássicos bistrôs parisienses, com objetos trazidos pelas sócias da França. Logo na entrada, o cliente se surpreende com o salão, chamado de varanda, pois lembra a parte de fora de uma casa e conta com duas seringueiras centenárias entre as mesas e muitas flores. “Fizemos o possível para dar a
Robalo ao molho de tomate, abobrinha, azeitona e alcaparras ao azeite, acompanhado de batata sauttée
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happyhourrestaurante Torta ao creme pâtissière coberta com frutas da época
A chef Renata Braune degusta uns dos 120 vinhos que compõe a carta, em sua maioria, do Velho Mundo Bacalhau desfiado com ovos mexidos cremosos e mandioquinha palha com tapenade, um dos pratos mais pedidos do menu de ovos
esse ambiente um clima de jardim, pois em uma cidade metropolitana como São Paulo, um local assim agrada muito às pessoas”, afirma Renata. Para quem quer privacidade, a casa dispõe de uma sala privé para até dez pessoas, separada do restaurante. Para utilizá-la é preciso fazer reserva com antecedência. O cardápio é composto por pratos clássicos da culinária francesa, revisados para o clima do Brasil, além de sugestões bistronomiques. “É um menu mais sofisticado no qual utilizo produtos que não posso ter normalmente por conta da sazonalidade ou por questão de custo, pois é algo que as pessoas não têm o hábito de comer. Exemplos são rã, avestruz e ostra. Por isso, disponibilizo apenas por um período para não ter uma perda grande”, conta a chef.
Para elaborar os pratos, Renata dá preferência a produtos de pequenos produtores nacionais, porém não descarta a utilização dos importados, como é o caso das especiarias, temperos, bebidas e queijos. Outro grande diferencial da casa é a produção própria dos pães e tortas salgadas e doces, que inclusive são vendidas aos clientes e entregue na residência. Durante a semana, no horário do almoço, o cliente também tem a opção de escolher o cardápio executivo composto por couvert, entrada, prato principal e sobremesa, por um valor fixo de R$ 69. São quatro menus que se alternam semanalmente. E os pratos mudam duas vezes por ano, acompanhando o ritmo das estações. Além disso, em datas comemorativas, a chef prepara menus exclusivos. Aos interessados em realizar eventos, às segundas-feiras, a casa pode ser fechada para receber até 80 convidados. f
Serviço Chef Rouge Rua Bela Cintra, 2.238 Jardins – São Paulo (SP) 11 3081-7539
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artigoanáliseeperspectivas
Maior blindagem econômica:
O Acordo da Basileia III Considerando a importância sistêmica dos bancos, em 1988 foi criado na Suíça o Comitê de Supervisão Bancária da Basileia com o intuito de estabelecer normas que regessem a prudência bancária e protegessem as instituições e, consequentemente, mercados, governos e famílias de eventuais oscilações na economia global. A primeira medida foi a adoção do índice da Basileia, a relação entre capital próprio e créditos concedidos, de 8%. No Brasil, desde 1998, o índice é fixado pelo Banco Central do Brasil (BCB) em 11%.
Por prof. dr. Alberto Borges Matias
com colaboração de Caio César Guerrera Costa
A recente crise econômica global deixou evidente a interdependência entre os bancos, tanto nacionais quanto internacionais e, com o prejuízo socioeconômico causado pela insolvência dessas organizações, o comitê julgou prudente estabelecer o terceiro acordo, dessa vez muito mais severo e visualizando a prevenção dos bancos para momentos de oscilações econômicas. O capital mínimo de alta qualidade foi filtrado para ser mais líquido, e o Capital Tier I engloba menos receitas também, sendo composto apenas pelo capital de alta qualidade, mais ações preferenciais, instrumentos híbridos de capitais e dívidas sem vencimento. Foram criados dois colchões: o de conservação e o contracíclico (facultativo). No total, os bancos poderão ser obrigados a reter até 13% dos ativos ponderados pelo risco em relação ao crédito concedido. O padrão de liquidez global determina que os bancos devem possuir ativos líquidos realizáveis suficientes para cobrir os passivos de curto prazo (até 30 dias) e o padrão de alavancagem máxima global de 3% complementam a resolução.
Ao lado, na tabela, o cronograma de transição que deverá ocorrer até 2019. Consequências No Brasil, o acordo deve entrar em prática em janeiro de 2013 e deve forçar os bancos a uma adequação estratégica. A situação atual é confortável. Por historicamente operarem com folga em relação ao índice da Basileia, como podemos ver no gráfico 1, os bancos nacionais encontram-se bem capitalizados. Até hoje, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) considera como capital de alta qualidade contas como investimentos em seguradoras e créditos tributários. Essas duas receitas serão retiradas, parcial ou totalmente, da formação do patrimônio de referência. Para os bancos nacionais, a restrição referente aos créditos tributários é sem dúvida a medida menos favorável do acordo. No Brasil, a maior parte dessa modalidade é proveniente de diferenças temporais, na contramão de outros países, onde os prejuízos fiscais são maioria. Os pequenos e médios bancos – que têm mais dificuldades em se capitalizar – já fazem lobby junto ao BC para poderem utilizar os créditos tributários. Segundo o Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e a Febraban, os cinco maiores bancos possuem cerca de R$ 87,7 bilhões nessa categoria. Entre todas as instituições nacionais, a relação de créditos tributários com o patrimônio líquido é de 34,4%. Na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos, o índice não passa de 17,3%. Para complicar um pouco a situação, os bancos terão de se adaptar às medidas do acordo durante um momento de mudança estratégica no cenário
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Finan75 artigo INEPAD.indd 48
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nacional. A redução das taxas de juros e o aumento da demanda por empréstimos exigirão maior capitalização para as instituições continuarem acima do índice da Basileia já vigente. Percebemos então que o comitê buscou por meio de suas medidas protegerem a economia, fazendo os bancos serem mais cautelosos em relação às oscilações bruscas no mercado, aumentado a sua necessidade de capitalização e, consequentemente, sua capacidade de atravessar crises econômicas. Como reflexo, no Brasil inicia-se uma queda de braço entre BC e outros bancos para definir a constituição do Capital Tier I e a validade da inserção de créditos tributários nele, tudo isso num cenário de mudança estratégica na concessão de créditos. Ainda sim, os bancos nacionais começam a planejar sua capitalização, em um longo processo
que será muito menos sentido se comparado a outros países, graças à cautela que pauta a política econômica brasileira desde a implementação do Plano Real. f (Elaborado pelo Centro de Pesquisas do INEPAD -Núcleo CEPEFIN)
Prof. dr. Alberto Borges Matias Diretor Presidente do INEPAD. Professor titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto. Livre docente em Finanças, atuando nos programas de graduação, pós-graduação e MBAs da Universidade Caio César Guerrera Costa Pesquisador do Centro de Pesquisas do INEPAD – Núcleo CEPEFIN. Graduando em Administração de Organizações pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no Campus de Ribeirão Preto TABELA
Cronograma de transição
Mínimo de ações ordinárias
2011
2012
2013
2014
2015
2,00%
2,00%
3,50%
4,00%
4,50%
2016
2017
2018
2019
4,50%
4,50%
4,50%
4,50%
0,625% 1,25% 1,875% 2,50%
Colchão de conservação Mínimo de capital Tier I
4,00%
4,00%
4,50%
5,50%
6,00%
Mínimo de capital Total
8,00%
8,00%
8,00%
8,00%
8,00% 8,625% 9,25%
6,00%
6,00%
6,00%
6,00%
9,88% 10,50%
Fonte: Inepad & Lopes e Filho e Associados, 2010
GRÁFICO Índice da Basileia – por bancos e taxa mínima 35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
jan/02 Itaú
jan/03
Bradesco
jan/04
Santander
jan/05 Banco do Brasil
jan/06
jan/07
Caixa Econômica Federal
jan/08
jan/09
Índice da Basileia Mínimo
jan/10
jan/11
jan/12
Fonte: Inepad & BC
junho/julho 2012 FINANCEIRO 49
Finan75 artigo INEPAD.indd 49
6/20/12 8:58 AM
bancodedadosinepad Taxas médias: geral Data
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p. 2,1
abr/11
39,84
2,4
12,10
0,3
27,74
mai/11
39,98
0,1
12,11
0,0
27,87
0,1
jun/11
39,48
-0,5
12,19
0,1
27,29
-0,6
jul/11
39,65
0,2
12,34
0,2
27,31
0,0
ago/11
39,67
0,0
11,85
-0,5
27,82
0,5
set/11
38,96
-0,7
10,90
-0,9
28,06
0,2
out/11
39,53
0,6
10,64
-0,3
28,89
0,8
nov/11
38,47
-1,1
10,32
-0,3
28,15
-0,7
dez/11
37,05
-1,4
10,18
-0,1
26,87
-1,3
jan/12
38,00
1,0
10,20
0,0
27,80
0,9
fev/12
38,10
0,1
9,70
-0,5
28,40
0,6
mar/12
37,30
-0,8
9,30
-0,4
28,00
-0,4
abr/12
35,3
-2
8,8
-0,5
26,5
-1,5
Variação abr/abr
-4,5
-1,2
-3,3
Fonte: BC/Inepad
Taxas médias: pessoa física Data
Aplicações
Var. p.p.
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
abr/11
31,01
-12,8
11,61
-0,8
19,40
mai/11
31,10
0,1
11,73
0,1
19,37
0,0
jun/11
30,75
-0,4
11,92
0,2
18,83
-0,5
jul/11
31,36
0,6
12,06
0,1
19,30
0,5
ago/11
30,92
-0,4
11,93
-0,1
18,99
-0,3
set/11
29,99
-0,9
11,12
-0,8
18,87
-0,1
out/11
29,76
-0,2
10,80
-0,3
18,96
0,1
nov/11
29,79
0,0
10,57
-0,2
19,22
0,3
dez/11
28,23
-1,6
10,28
-0,3
17,95
-1,3
jan/12
28,70
0,5
10,20
-0,1
18,50
0,5
fev/12
28,60
-0,1
9,80
-0,4
18,80
0,3
mar/12
27,70
-0,9
9,30
-0,5
18,40
-0,4
abr/12
26,30
-1,4
8,80
-0,5
17,50
-0,9
Variação abr/abr
-1,9
-2,8
-4,7
-12,0
Fonte: BC/Inepad
Taxas médias: pessoa jurídica Data
Captações
Var. p.p.
Spread
Var. p.p.
abr/11
46,83
17,6
12,60
1,4
34,23
16,1
mai/11
46,82
0,0
12,49
-0,1
34,33
0,1
jun/11
46,10
-0,7
12,47
0,0
33,63
-0,7
jul/11
45,70
-0,4
12,64
0,2
33,06
-0,6
ago/11
46,18
0,5
11,77
-0,9
34,41
1,3
set/11
45,67
-0,5
10,67
-1,1
35,00
0,6
out/11
47,10
1,4
10,48
-0,2
36,62
1,6
nov/11
44,73
-2,4
10,06
-0,4
34,67
-2,0
dez/11
43,75
-1,0
10,07
0,0
33,68
-1,0
jan/12
45,10
1,4
10,20
0,1
34,90
1,2
fev/12
45,40
0,3
9,60
-0,6
35,80
0,9
mar/12
44,40
-1,0
9,30
-0,3
35,10
-0,7
abr/12
42,10
-2,3
8,90
-0,4
33,20
-1,9
Variação abr/abr
Aplicações
-4,7
Var. p.p.
-3,7
-1,0
Fonte: BC/Inepad
50 FINANCEIRO junho/julho 2012
Finan75 INEPAD tabelas.indd 50
6/20/12 8:59 AM
Spread financeiro
Crédito consignado
Captações
Consignado
abr/12
mar/12
abr/12
fev/12
out/11
Aplicações
fev/12
24,5%
jan/12
130.000
dez/11
25,0%
0
nov/11
135.000
out/11
25,5%
5%
set/11
140.000
jul/11
26,0%
10%
ago/11
145.000
jun/11
26,5%
15%
mai/11
150.000
abr/11
27,0%
20%
mar/12
155.000
jan/12
27,5%
25%
dez/11
160.000
nov/11
28,0%
30%
set/11
165.000
ago/11
28,5%
35%
jul/11
170.000
jun/11
29,0%
40%
mai/11
R$ Milhões 175.000
abr/11
45%
Taxa de juros % a.a.
Fonte: BC/Inepad
VOLUME PREFIXADOS –
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
Cheque Especial
Variação em %
Crédito Pessoal
Variação em %
abr/11
19.606,36
1,6%
216.453,86
1,8%
mai/11
20.260,63
3,3%
220.807,56
2,0%
jun/11
20.499,88
1,2%
225.067,57
jul/11
19.863,83
-3,1%
ago/11
20.795,66
set/11
Mês/Ano
Financiamento Imobiliário
Variação em %
Cartão de Crédito
Variação em %
39,9
5,6%
32.528,95
2,9%
40,0
0,2%
33.178,77
2,0%
1,9%
40,4
1,1%
33.237,24
0,2%
229.084,55
1,8%
39,9
-1,3%
33.408,13
0,5%
4,7%
232.571,36
1,5%
40,4
1,3%
34.304,29
2,7%
20.783,69
-0,1%
235.550,20
1,3%
40,3
-0,2%
35.357,14
3,1%
out/11
21.504,53
3,5%
238.200,69
1,1%
41,7
3,5%
36.279,27
2,6%
nov/11
20.972,07
-2,5%
241.596,96
1,4%
43,1
3,4%
36.433,21
0,4%
dez/11
18.882,41
-10,0%
241.653,11
0,0%
44,8
3,8%
35.637,97
-2,2%
jan/12
21.176,51
12,1%
244.757,84
1,3%
45,0
0,4%
36.583,93
2,7%
fev/12
22.012,75
3,9%
248.146,64
1,4%
46,8
4,1%
37.654,62
2,9%
mar/12
21.830,06
-0,8%
250.979,63
1,1%
45,4
-3,1%
37.374,42
-0,7%
abr/12
22.766,31
4,3%
255.260,22
1,7%
47,1
3,8%
37.674,54
0,8%
Variação em %
Total
Variação em %
Fonte: BC/Inepad
VOLUME
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO: PESSOA FÍSICA
PREFIXADOS/CONTINUAÇÃO –
RECURSOS LIVRES (R$ MILHÕES)
AQUISIÇÃO Mês/Ano
Veículos
Variação em %
Outros
Variação em %
Total
Variação em %
Outros
abr/11
152.198,46
1,9%
9.165,49
-1,8%
161.363,95
1,7%
7.453,08
0,4%
437.446
1,8%
mai/11
155.135,82
1,9%
9.096,10
-0,8%
164.231,92
1,8%
7.527,44
1,0%
446.046
2,0%
jun/11
158.003,89
1,8%
8.939,65
-1,7%
166.943,54
1,7%
7.721,08
2,6%
453.510
1,7%
jul/11
160.931,82
1,9%
9.060,46
1,4%
169.992,28
1,8%
7.610,59
-1,4%
459.999
1,4%
ago/11
163.928,00
1,9%
9.027,16
-0,4%
172.955,16
1,7%
6.986,47
-8,2%
467.653
1,7%
set/11
167.297,40
2,1%
9.203,99
2,0%
176.501,39
2,1%
7.111,17
1,8%
475.344
1,6%
out/11
168.657,89
0,8%
9.012,95
-2,1%
177.670,84
0,7%
7.303,74
2,7%
481.001
1,2%
nov/11
170.554,47
1,1%
9.179,58
1,8%
179.734,04
1,2%
7.386,58
1,1%
486.166
1,1%
dez/11
173.301,89
1,6%
9.348,56
1,8%
182.650,45
1,6%
7.769,86
5,2%
486.639
0,1%
jan/12
174.680,92
0,8%
9.291,31
-0,6%
183.972,22
0,7%
7.800,39
0,4%
494.336
1,6%
fev/12
176.191,48
0,9%
9.442,44
1,6%
185.633,92
0,9%
7.540,76
-3,3%
501.036
1,4%
mar/12
177.546,16
0,8%
9.339,87
-1,1%
186.886,02
0,7%
7.648,83
1,4%
504.764
0,7%
abr/12
178.076,90
0,3%
9.206,31
-1,4%
187.283,21
0,2%
7.823,74
2,3%
510.855
1,2%
Fonte: BC/Inepad
junho/julho 2012 FINANCEIRO 51
Finan75 INEPAD tabelas.indd 51
6/20/12 8:59 AM
bancodedadosinepad VOLUME
DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO
–
CRÉDITO CONSIGNADO (R$
CONSIGNADO
Mês/Ano
Crédito Pessoal*
Públicos
Privados
abr/11
242.665
123.619
20.712
144.332
104.474
mai/11
247.503
125.471
21.104
146.576
106.193
jun/11
252.178
127.591
21.517
149.108
jul/11
256.659
129.564
21.945
ago/11
260.637
131.631
set/11
264.051
out/11
% CONSIGNADO***
MILHÕES)
CONCENTRAÇÃO DO CONSIGNADO
TAXA DE JUROS % A.A.
Estimativa INEPAD
Consignado
Pessoal
Diferença
59,5%
72,4%
28,5%
49,9%
21,4%
59,2%
72,4%
28,0%
49,7%
21,7%
107.826
59,1%
72,3%
27,7%
49,0%
21,3%
151.509
109.140
59,0%
72,0%
28,0%
48,7%
20,7%
22.083
153.713
110.761
59,0%
72,1%
28,3%
49,6%
21,3%
133.542
22.248
155.790
112.031
59,0%
71,9%
28,0%
49,7%
21,7%
267.306
134.635
22.366
157.002
114.143
58,7%
72,7%
27,8%
52,2%
24,4%
nov/11
271.256
135.984
22.595
158.579
115.559
58,5%
72,9%
27,2%
48,6%
21,4%
dez/11
271.810
135.836
22.792
158.628
115.333
58,4%
72,7%
27,0%
48,2%
21,2%
jan/12
275.388
137.849
23.134
160.983
116.174
58,5%
72,2%
27,5%
50,3%
22,8%
fev/12
278.926
139.863
23.920
163.783
118.299
58,7%
72,2%
27,5%
50,6%
23,1%
mar/12
283.059
141.175
24.448
165.624
119.112
58,5%
71,9%
27,1%
48,8%
21,7%
abr/12 Variação abr/abr
287.859
144.085
25.026
169.111
121.064
58,7%
71,6%
25,9%
44,7%
18,8%
18,88%
15,97%
19,29%
16,44%
15,89%
-2,05%
-0,47%
-2,38%
5,42%
16,51%
Total
Amostra**
Fonte: BC/Inepad * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito ** Pesquisa com 13 das maiores instituições que operam com crédito pessoal *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal
INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano
OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre
–
CRÉDITO PESSOAL (R$ Com atraso
Saldo sem atraso
Com atraso de 30 dias
saldo da carteira
de 31 a 90 dias
saldo da carteira
abr/11
196.598.215
4.959.736
2,29%
5.347.066
2,47%
9.548.845
mai/11
200.595.031
4.989.064
2,26%
5.073.405
2,30%
10.150.062
jun/11
204.686.468
4.953.820
2,20%
5.041.159
2,24%
jul/11
208.085.270
5.078.854
2,22%
5.076.052
ago/11
211.003.397
4.962.857
2,13%
set/11
213.106.404
5.205.099
out/11
214.404.363
nov/11
Com atraso
% Sobre
MIL)
% Sobre
Saldo total
Variação em %
4,41%
216.453.862
1,81%
4,60%
220.807.562
2,01%
10.386.124
4,61%
225.067.571
1,93%
2,22%
10.844.369
4,73%
229.084.545
1,78%
5.197.030
2,23%
11.408.071
4,91%
232.571.355
1,52%
2,21%
5.497.843
2,33%
11.740.856
4,98%
235.550.202
1,28%
5.425.153
2,28%
6.085.228
2,55%
12.285.944
5,16%
238.200.688
1,13%
217.550.528
5.050.272
2,09%
5.940.290
2,46%
13.055.873
5,40%
241.596.963
1,43%
dez/11
218.121.588
4.742.796
1,96%
5.621.166
2,33%
13.167.555
5,45%
241.653.105
0,02%
jan/12
219.312.227
5.670.345
2,32%
6.000.380
2,45%
13.774.887
5,63%
244.757.839
1,28%
fev/12
221.943.486
5.848.687
2,36%
6.412.577
2,58%
13.941.885
5,62%
248.146.635
1,38%
mar/12
225.408.614
5.913.960
2,36%
6.393.418
2,55%
13.263.639
5,28%
250.979.631
1,14%
abr/12
228.253.823
6.434.358
2,52%
6.657.244
2,61%
13.914.798
5,45%
255.260.224
1,71%
maior 90 dias
saldo da carteira
carteira-Brasil
Fonte: BC/Inepad
INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano
OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre
–
AQUISIÇÃO DE BENS % Sobre
Com atraso
VEÍCULOS (R$
Variação em %
3,25%
152.198.460
1,95%
3,57%
155.135.818
1,93%
5.928.542
3,75%
158.003.890
1,85%
4,35%
6.425.138
3,99%
160.931.824
1,85%
7.095.823
4,33%
6.865.348
4,19%
163.927.999
1,86%
3,36%
7.577.602
4,53%
7.381.599
4,41%
167.297.400
2,06%
6.185.698
3,67%
8.370.147
4,96%
7.912.314
4,69%
168.657.891
0,81%
147.989.270
5.841.417
3,42%
8.388.009
4,92%
8.335.769
4,89%
170.554.465
1,12%
dez/11
151.409.644
5.470.180
3,16%
7.747.212
4,47%
8.674.858
5,01%
173.301.894
1,61%
jan/12
151.295.533
5.944.994
3,40%
8.258.457
4,73%
9.181.932
5,26%
174.680.916
0,80%
fev/12
151.730.673
5.875.155
3,33%
8.867.484
5,03%
9.718.168
5,52%
176.191.480
0,86%
mar/12
152.189.861
6.349.573
3,58%
8.890.296
5,01%
10.116.427
5,70%
177.546.157
0,77%
abr/12
152.441.130
5.880.893
3,30%
9.321.380
5,23%
10.433.499
5,86%
178.076.901
0,30%
Saldo sem atraso
de 15 a30 dias
saldo da carteira
de 31 a 90 dias
saldo da carteira
maior 90 dias
abr/11
135.031.766
5.555.088
3,65%
6.670.754
4,38%
4.940.852
mai/11
137.491.005
5.643.915
3,64%
6.469.071
4,17%
5.531.827
jun/11
139.762.468
5.610.450
3,55%
6.702.430
4,24%
jul/11
141.588.672
5.920.567
3,68%
6.997.447
ago/11
144.164.834
5.801.994
3,54%
set/11
146.722.258
5.615.941
out/11
146.189.732
nov/11
% Sobre
MIL)
Saldo total
Com atraso
Com atraso
–
saldo da carteira
carteira-Brasil
Fonte: BC/Inepad
52 FINANCEIRO junho/julho 2012
Finan75 INEPAD tabelas.indd 52
6/20/12 9:00 AM
INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano
OPERAÇÕES PREFIXADAS Com atraso
% Sobre
–
AQUISIÇÃO DE BENS
OUTROS (R$
9.165.490
-1,80%
12,72%
9.096.100
-0,76%
1.183.102
13,23%
8.939.645
-1,72%
3,96%
1.224.858
13,52%
9.060.457
1,35%
344.559
3,82%
1.255.188
13,90%
9.027.158
-0,37%
4,07%
334.512
3,63%
1.264.902
13,74%
9.203.988
1,96%
3,99%
389.502
4,32%
1.261.059
13,99%
9.012.947
-2,08%
322.619
3,51%
422.377
4,60%
1.268.141
13,81%
9.179.576
1,85%
293.299
3,14%
353.421
3,78%
1.303.375
13,94%
9.348.556
1,84%
7.281.585
354.078
3,81%
347.253
3,74%
1.308.392
14,08%
9.291.308
-0,61%
fev/12
7.395.159
347.599
3,68%
411.438
4,36%
1.288.245
13,64%
9.442.441
1,63%
mar/12
7.280.027
357.302
3,83%
492.722
5,28%
1.209.814
12,95%
9.339.865
-1,09%
abr/12
7.132.293
348.564
3,79%
486.542
5,28%
1.238.906
13,46%
9.206.306
-1,43%
abr/11
7.288.553
387.991
4,23%
mai/11
7.176.329
375.695
4,13%
jun/11
7.004.312
381.212
jul/11
7.108.014
ago/11
% Sobre
MIL)
11,85%
saldo da carteira
% Sobre
–
Variação em %
de 15 a 30 dias
Com atraso
Com atraso
Saldo total
Saldo sem atraso
saldo da carteira
maior 90 dias
saldo da carteira
402.697
4,39%
1.086.249
387.208
4,26%
1.156.868
4,26%
371.019
4,15%
368.804
4,07%
358.781
7.068.973
358.438
3,97%
set/11
7.229.707
374.867
out/11
7.003.090
359.296
nov/11
7.166.439
dez/11
7.398.461
jan/12
de 31 a 90 dias
carteira-Brasil
Fonte: BC/Inepad
INADIMPLÊNCIA – Mês/Ano
OPERAÇÕES PREFIXADAS % Sobre
–
OUTRAS AQUISIÇÕES (R$
saldo da carteira
carteira-Brasil
Saldo total
Variação em %
651.771
8,74%
1.822.781
24,46%
7.453.080
0,40%
569.717
7,57%
1.803.097
23,95%
7.527.436
1,00%
5,12%
640.392
8,29%
1.736.925
22,50%
7.721.081
2,57%
347.721
4,57%
691.197
9,08%
1.697.924
22,31%
7.610.593
-1,43%
4.638.879
303.945
4,35%
549.756
7,87%
1.493.889
21,38%
6.986.469
-8,20%
4.727.379
310.390
4,36%
544.552
7,66%
1.528.845
21,50%
7.111.166
1,78%
out/11
4.782.825
374.755
5,13%
623.613
8,54%
1.522.548
20,85%
7.303.741
2,71%
nov/11
4.917.007
309.703
4,19%
691.743
9,36%
1.468.126
19,88%
7.386.579
1,13%
dez/11
5.135.116
326.361
4,20%
915.590
11,78%
1.392.790
17,93%
7.769.857
5,19%
jan/12
5.045.000
416.576
5,34%
659.418
8,45%
1.679.400
21,53%
7.800.394
0,39%
fev/12
4.783.320
408.896
5,42%
674.097
8,94%
1.674.445
22,21%
7.540.758
-3,33%
mar/12
4.790.733
398.775
5,21%
723.609
9,46%
1.735.716
22,69%
7.648.833
1,43%
abr/12
4.871.860
410.234
5,24%
735.997
9,41%
1.805.651
23,08%
7.823.743
2,29%
saldo da carteira
abr/11
4.643.895
334.633
4,49%
mai/11
4.782.340
372.282
4,95%
jun/11
4.948.108
395.656
jul/11
4.873.751
ago/11 set/11
de 31 a 90 dias
% Sobre
MIL)
maior 90 dias
de 15 a 30 dias
Com atraso
Com atraso
saldo da carteira
Com atraso
Saldo sem atraso
% Sobre
Fonte: BC/Inepad
INADIMPLÊNCIA –
CRÉDITO PESSOAL
Com atraso de mais de 90 dias 13.914.798 Atraso de até 30 dias 6.434.358
24% 51%
Atraso de 31 a 90 dias 6.657.244
INADIMPLÊNCIA –
25%
AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS
Com atraso maior que 90 dias 10.443.499 Com atraso de 15 a 30 dias 5.880.893 Com atraso de 31 a 90 dias 9.321.380
Finan75 INEPAD tabelas.indd 53
23% 41% 36%
INADIMPLÊNCIA –
AQUISIÇÃO DE BENS
Com atraso maior que 90 dias 1.238.906 Com atraso de 15 a 30 dias 348.564 Com atraso de 31 a 90 dias 486.542
INADIMPLÊNCIA –
17%
60%
OUTRAS
Com atraso maior que 90 dias 1.805.651 Com atraso de 15 a 30 dias 410.234 Com atraso de 31 a 90 dias 735.997
23%
14%
61%
25%
6/20/12 9:00 AM
bancodedadosinepad TAXA
DE DESEMPREGO SP
Var. %
-0,1%
6,6%
0,60
6,4%
0,0%
6,9%
0,30
jun/11
6,2%
-0,2%
7,1%
0,20
jul/11
6,0%
-0,2%
6,7%
-0,40
ago/11
6,0%
0,0%
6,6%
-0,10 -0,10
Data
Brasil
abr/11
6,4%
mai/11
Var. % - Brasil
10%
1,0%
9%
0,8%
8%
0,6%
7%
0,4%
6% 0,2% 5%
set/11
6,0%
0,0%
6,5%
out/11
5,8%
-0,2%
6,3%
-0,20
nov/11
5,2%
-0,6%
6,1%
-0,20
3%
dez/11
4,7%
-0,5%
5,6%
-0,50
2%
jan/12
5,5%
0,8%
5,0%
-0,60
1%
-0,6%
fev/12
5,7%
0,2%
4,7%
-0,30
0
-0,8%
mar/12
6,2%
0,5%
5,1%
0,40
abr/12
6,0%
-0,2%
4,9%
-0,20
0,0% 4% -0,2%
Brasil
SP
abr/12
mar/12
fev/12
jan/12
dez/11
nov/11
out/11
set/11
ago/11
jul/11
jun/11
mai/11
abr/11
-0,4%
Var .p.p mensal Brasil
Fonte: IBGE/Inepad
RENDIMENTO
MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$) Data
Brasil
Var. % - Brasil
SP
Var. %
abr/11
2,10
0,00
3,70
-0,03
mai/11
2,20
0,05
3,80
0,00
jun/11
2,10
-0,05
3,80
0,00
jul/11
2,10
0,00
3,90
0,03
ago/11
2,20
0,05
3,90
0,00
2,5
set/11
2,00
-0,09
3,70
0,03
2
out/11
2,00
0,00
3,70
0,00
1,5
nov/11
1,90
-0,05
3,50
-0,05
dez/11
1,90
0,00
3,30
0,00
4,5 4 3,5 3
-0,05
3,70
-0,03
SP
abr/12
2,00
mar/12
abr/12
fev/12
0,03
jan/12
3,80
dez/11
0,05
nov/11
0
2,10
out/11
-0,06
mar/12
set/11
-0,05
3,30
ago/11
3,40
0,05
jul/11
0,00
2,00
jun/11
1,90
fev/12
mai/11
jan/12
abr/11
1 0,5
Brasil
Fonte: IBGE/Inepad
VOLUME
DE VENDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA Taxa de juros
jan/09
132.283
57%
mar/10
172371,66
43%
abr/11
216453,862
50%
fev/09
134.309
55%
abr/10
176505,445
43%
mai/11
220807,562
50%
mar/09
137.284
51%
mai/10
180849,107
43%
jun/11
225067,571
49%
abr/09
141.065
49%
jun/10
183608,919
42%
jul/11
229084,545
49%
mai/09
145.458
47%
jul/10
186715,246
42%
ago/11
232571,355
50%
jun/09
147.804
46%
ago/10
191025,562
42%
set/11
235550,202
50%
jul/09
150.852
45%
set/10
194474,732
42%
out/11
238200,688
52%
ago/09
154.004
44%
out/10
197645,23
44%
nov/11
241596,963
49%
set/09
156.472
45%
nov/10
201482,207
42%
dez/11
241653,105
48%
out/09
159.967
46%
dez/10
202377,257
44%
jan/12
244757,839
50%
nov/09
161.497
44%
jan/11
206767,085
48%
fev/12
248146,635
51%
dez/09
162.263
44%
fev/11
209078,615
48%
mar/12
250979,631
49%
jan/10
164.926
45%
mar/11
212600,863
47%
abr/12
255260,224
45%
fev/10
167772,826
44%
Data
Volume
Taxa de juros
Volume
Data
Volume
Taxa de juros
Data
Fonte: IBGE/Inepad
54 FINANCEIRO junho/julho 2012
Finan75 INEPAD tabelas.indd 54
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PREVISÕES
ECONÔMICAS
Ano de 2012
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Total % aa
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
Previsão 30/04/2012
3,23
3,55
2,89
3,60
2,20
2 semanas antes 14/05
3,14
3,69
2,86
3,56
1,93
1 semana antes 21/05
3,01
3,69
2,61
3,43
1,83
Previsão 25/05/2012
2,95
3,70
2,49
3,41
1,63
Taxa de Câmbio R$/US$
Saldo Comercial US$ bilhões
Ano de 2012
IPCA % a.a.
IGP–DI % a.a.
Selic Taxa anual
Previsão 30/04/2012
8,76
5,63
5,57
1,81
26,60
2 semanas antes 14/05
8,18
5,45
5,56
1,84
26,38
1 semana antes 21/05
8,08
5,64
5,57
1,88
26,53
Previsão 25/05/2012
7,97
5,64
5,55
1,89
26,45
Fonte: BC-Focus/Inepad
ATIVIDADE
ECONÔMICA Taxa da Utilização da Capacidade Instalada
Data
Data
Var. p.p.
Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral
Var. %
1,09%
mar/11
82,30
0,80
mar/11
130,55
abr/11
82,00
-0,30
abr/11
130,81
0,20%
mai/11
83,20
1,20
mai/11
130,71
-0,08%
jun/11
82,60
-0,60
jun/11
129,63
-0,83%
jul/11
82,40
-0,20
jul/11
129,77
0,11%
ago/11
83,50
1,10
ago/11
129,34
-0,33%
set/11
82,80
-0,70
set/11
128,65
-0,53%
out/11
83,30
0,50
out/11
127,60
-0,82%
nov/11
82,70
-0,60
nov/11
126,65
-0,74%
dez/11
79,40
-3,30
dez/11
126,88
0,18%
jan/12
79,60
0,20
jan/12
125,71
-0,92%
fev/12
80,20
0,60
fev/12
126,31
0,48%
mar/12
81,10
0,90
mar/12
125,96
-0,28%
Variação mar/mar
-2,64%
-1,24%
Variação mar/mar Fonte: CNI/Inepad
Fonte: IBGE/Inepad
PRODUÇÃO X
CAPACIDADE
Capacidade (%)
Produção (índice)
85
133
84 129
83 82
125
81 121 80 117
79 78
113
77 109 76 105
Fonte: Inepad/CNI/IBGE
Taxa da utilização da capacidade instalada
mar/12
fev/12
jan/12
dez/11
nov/11
out/11
set/11
ago/11
jul/11
jun/11
mai/11
abr/11
mar/11
75
Índice de produção física média móvel trimestral
junho/julho 2012 FINANCEIRO 55
Finan75 INEPAD tabelas.indd 55
6/20/12 9:00 AM
bancodedadosinepad IPCA MENSAL
BALANÇA
0,009
COMERCIAL (US$
MILHÕES)
30.000
0,008 25.000 0,007 20.000
0,006 0,005
15.000 0,004 10.000
0,003 0,002
5.000 0,001
IPCA
M.M 12 meses
Exportações
Fonte: Inepad/MDIC
abr/12
mar/12
fev/12
jan/12
dez/11
nov/11
out/11
set/11
ago/11
jul/11
jun/11
abr/11
abr/12
mar/12
fev/12
jan/12
dez/11
nov/11
out/11
set/11
ago/11
jul/11
jun/11
mai/11
abr/11
Fonte: Inepad/IBGE
mai/11
0
0
Importações
PRODUÇÃO – AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS (EM UNIDADES)
Produção
Média Trim.
mar/11
295.100
276.200
500
0,17%
abr/11
282.100
290.600
-13.000
-4,41%
mai/11
304.200
293.800
22.100
7,83%
350.000
jun/11
295.600
293.967
-8.600
-2,83%
300.000
jul/11
307.200
302.333
11.600
3,92%
ago/11
325.300
309.367
18.100
5,89%
set/11
261.200
297.900
-64.100
-19,70%
out/11
265.600
284.033
4.400
1,68%
150.000
nov/11
274.500
267.100
8.900
3,35%
100.000
dez/11
262.000
267.367
-12.500
-4,55%
50.000
jan/12
211.764
249.421
-50.236
-19,17%
fev/12
217.848
230.537
6.084
2,87%
mar/12
308.500
246.037
90.652
41,61%
Var. Mensal (%)
PRODUÇÃO –
AUTOMÓVEIS LEVES E PESADOS
Unidades
250.000 200.000
fev/12
mar/12 mar/12
out/11 out/11
fev/12
set/11 set/11
jan/12
ago/11 ago/11
jan/12
jul/11 jul/11
dez/11
jun/11 jun/11
dez/11
mai/11 mai/11
nov/11
abr/11 abr/11
nov/11
mar/11
0
mar/11
Var. Mensal
Data
24,42%
Variação mar/mar Fonte: Anfavea/Inepad
EXPORTAÇÃO
DE AUTOVEÍCULOS MONTADOS (EM
UNIDADES)
Exportações
Média Trim.
Var. Mensal
Var. Mensal (%)
mar/11
42.724
39.844
-3.352
-7,27%
abr/11
48.674
45.825
5.950
13,93%
mai/11
44.658
45.352
-4.016
-8,25%
jun/11
36.555
43.296
-8.103
-18,14%
jul/11
46.502
42.572
9.947
27,21%
ago/11
44.878
42.645
-1.624
-3,49%
set/11
44.646
45.342
-232
-0,52%
out/11
52.249
47.258
7.603
17,03%
nov/11
54.950
50.615
2.701
5,17%
dez/11
48.403
51.867
-6.547
-11,91%
jan/12
33.075
45.476
-15.328
-31,67%
fev/12
36.461
39.313
3.386
10,24%
mar/12
42.225
37.254
5.764
Data
Variação mar/mar
15,81% -31,73%
Unidades 60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
Exportações
Média Trimestral
Fonte: Anfavea/Inepad
56 FINANCEIRO junho/julho 2012
Finan75 INEPAD tabelas.indd 56
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LICENCIAMENTO
DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (EM
UNIDADES)
Total
1000cc
% no Total
+1000cc a 2000cc
% no total
+2000cc
% no total
mar/11
224.390
101.989
41,3%
119.216
53,1%
3.185
1,4%
abr/11
211.375
97.095
48,3%
110.696
52,4%
3.584
1,7%
mai/11
232.593
107.464
41,7%
120.956
52,0%
4.173
1,8%
jun/11
222.404
106.079
48,3%
112.261
50,5%
4.064
1,8%
jul/11
222.661
102.279
47,6%
116.772
52,4%
3.610
1,6%
ago/11
236.389
105.307
43,3%
127.711
54,0%
3.371
1,4%
set/11
226.158
99.239
46,6%
123.363
54,5%
3.556
1,6%
out/11
203.351
89.590
48,8%
110.731
54,5%
3.030
1,5%
nov/11
233.557
101.597
38,4%
129.034
55,2%
2.926
1,3%
dez/11
251.606
110.860
40,4%
137.344
54,6%
3.402
1,4%
jan/12
196.654
86608
56,4%
107608
54,7%
2438
1,2%
fev/12
185.483
78953
46,7%
104784
56,5%
1746
0,9%
mar/12
220.172
88445
35,9%
129404
58,8%
2323
1,1%
Data
Fonte: Anfavea/Inepad
LICENCIAMENTO
POR CATEGORIA
–
AUTOMÓVEIS
Unidades 160.000
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
1000cc
Fonte: Anfavea/INEPAD
TAXA
DE JUROS PREFIXADOS
Fonte: BC/Inepad
–
PESSOA FÍSICA (R$
CRÉDITO PESSOAL
Variação p.p.
% a.a.
30,90
1,00
9.165
3,71
0,07
54,80
1,20
30,40
-0,50
9.096
3,87
0,16
57,70
2,90
-0,04
29,80
-0,60
8.940
3,89
0,02
58,00
0,30
2,18
-0,02
29,50
-0,30
9.060
3,57
-0,31
52,40
-5,60
163.928
2,17
-0,01
29,40
-0,10
9.027
3,75
0,17
55,50
3,10
167.297
2,11
-0,06
28,50
-0,90
9.204
3,47
-0,28
50,60
-4,90
2,50
168.658
2,11
-0,01
28,40
-0,10
9.013
3,87
0,40
57,80
7,20
-3,60
170.554
2,03
-0,08
27,20
-1,20
9.180
3,75
-0,13
55,50
-2,30
-0,40
173.302
1,96
-0,07
26,20
-1,00
9.349
4,31
0,56
65,90 10,40
2,10
174.681
2,00
0,04
26,80
0,60
9.291
4,11
-0,20
62,10
-3,80
50,60
0,30
176.191
2,01
0,01
27,00
0,20
9.442
3,90
-0,21
58,30
-3,80
-0,10
48,80
-1,80
177.546
1,98
-0,03
26,50
-0,50
9.340
4,10
0,19
61,90
3,60
-0,24
44,70
-4,10
178.077
1,94
-0,03
26,00
-0,50
9.206
4,17
0,07
63,30
1,40
0,07 -0,03
158.004
2,20
-0,30
160.932
49,60
0,90
49,70
0,10
52,20 48,60
-0,02
48,20
0,12
50,30
3,47
0,02
250.980
3,37
255.260
3,13
220.808
jun/11
mar/12
% a.m.
2,24
216.454
mai/11
fev/12
Saldo total R$ milhões
2,27
abr/11
TAXA DE JUROS Variação p.p.
% a.a.
% a.m.
+ 2000cc
AQUISIÇÃO DE BENS – OUTROS
TAXA DE JUROS Variação p.p.
Saldo total R$ milhões
+ 1000cc a 2000cc
MILHÕES)
AQUISIÇÃO DE BENS – VEÍCULOS
TAXA DE JUROS Mês/ ano
jan/12
dez/11
nov/11
out/11
set/11
ago/11
jul/11
jun/11
mai/11
abr/11
mar/11
0
Variação p.p.
Saldo total R$ milhões
% a.m.
49,90
2,60
152.198
49,70
-0,20
155.136
-0,04
49,00
-0,70
3,36
-0,02
48,70
232.571
3,41
0,05
235.550
3,42
0,01
out/11
238.201
3,56
0,14
nov/11
241.597
3,36
-0,21
dez/11
241.653
3,33
jan/12
244.758
3,45
fev/12
248.147
mar/12 abr/12
Variação p.p.
% a.a.
3,43
0,15
3,42
-0,01
225.068
3,38
jul/11
229.085
ago/11 set/11
Variação p.p.
Fonte: BC/Inepad
junho/julho 2012 FINANCEIRO 57
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artigoúltimapalavra
Por Roberto Azzi
O leitor atento desta revista deve achar estranho que esta edição não estampou na capa a clássica foto do presidente de uma de nossas associadas ou do CEO do seu controlador, como ocorreu nos últimos números. Não foi porque não houvesse interesse ou matéria. Há um motivo para isso: a “estrela” do bimestre foi um evento simplesmente fantástico, não tanto pelo sucesso de público e bilheteria, mas por seu conteúdo e conclusões – o 2º Seminário Jurídico da Acrefi. Como os números não mentem, o panorama do Judiciário é preocupante e direciona para um colapso iminente, se não forem tomadas medidas eficazes imediatas. Temos, até o ano de 2010, segundo o Conselho Nacional de Justiça, quase 50 milhões de processos em andamento. Desse total, aproximadamente 40% são atribuídos às questões envolvendo o Estado como parte, 20% ao sistema financeiro, e 40% às questões de qualquer natureza. No que toca ao sistema financeiro, esses números já estão defasados. O crescimento galopante do crédito ao consumidor nos últimos anos e o aumento recente da inadimplência vêm acarretando um surto maior de demandas judiciais no setor para preservar direitos ou ganhar tempo para ver como as coisas ficam – prática infelizmente comum atualmente. E no momento em que escrevo esta nota, temos a notícia de que as ações revisionais tiveram um incremento de 20%, de janeiro a maio de 2012.
Voltando ao nosso seminário, tivemos dois indicativos extremamente importantes. O primeiro, vindo do secretário da Reforma do Judiciário, Flávio Caetano, que abriu um canal de comunicação sem precedentes para acolher sugestões, discutir propostas de melhorias do sistema e encaminhá-las à discussão, o que poderá resultar em novas leis que simplifiquem o “calabouço”, digo arcabouço jurídico brasileiro. O segundo partiu do Gustavo Rodrigues, presidente do Coaf, que salientou a necessidade de uma mudança cultural e de comportamento para a implantação de qualquer alteração estrutural na sociedade. Esses dois pontos andam juntos: para mudarmos, temos de ter um canal de recepção aberto no Judiciário, Executivo e Legislativo e, paralelamente, ações didáticas, que promovam uma “virada cultural” do cidadão brasileiro e que deem suporte às reformas requeridas. Aqui entra a Acrefi e nossas coirmãs do sistema financeiro, para incentivar o debate sobre as novas ideias. Como ponto final, precisamos reconhecer que o Brasil de hoje tem se distanciado do pessimismo que por muitos anos acompanhou as perspectivas de crescimento de cada cidadão e, de fato, está cursando novos caminhos, que temos obrigação de incentivar. f
Por Roberto Azzi consultor jurídico da Acrefi
Foto: Divulgação/Artigo enviado em junho
Coisas do Brasil
58 FINANCEIRO junho/julho 2012
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