Aculturarte

Page 1

Aculturarte Magazine de Cultura e Arte

Aculturarte - Revista de Cultura e Arte | ano 1 | nĂşmero 3 | Junho 2008

WWW.ACULTURARTE.BLOG.COM


As propostas de publicidade devem ser enviadas para aculturarte@sapo.pt


Editorial

Mais um mês, mais uma Acultu- demos prioridade às bandas que rarte #Mag. nos enviaram a sua música para a playlist da Aculturarte Rádio. Com a chegada do verão, chegam também novidades nas E já que falamos da Aculturaofertas culturais. rte Rádio, tenho a informar que o processo da sua implementaEste mês a Aculturarte traz ção está a ser problemático, uma novidades ao nível da sua estru- vez que está a ser difícil encontura. Se até aqui a Aculturarte trar colaboradores que queiram divulgava os principais eventos entrar no projecto, inviabilizando culturais do mês, este mês de assim uma programação capaz. Junho vai lançar uma revista com conteúdo próprio. Quanto à Aculturarte #Mag, tenho a propor a todos os artistas Este mês optamos por divulgar das diversas àreas que usem o projectos culturais desconhecidos. fórum que se encontra na páEsta opção faz com que o con- gina inicial da Aculturarte para teúdo da Aculturarte seja total- divulgarem os seus projectos e mente inédito. para que dessa forma a Aculturarte tenha acesso à sua obra A pesquisa dos projectos foi in- para possíveis peças jornalísticas tensa e dolorosa, mas estamos a constar na sua revista. em condições de dizer que esta é uma a revista mais original que Convido-vos a conhecer um novo lançámos. e desconhecido mundo cultural…. Se este formato vingar, estamos dispostos a adoptá-lo definitivamente, no entanto, precisamos da confiança dos jovens artistas. Na secção de música deste mês,

Bem-vindos à Aculturarte #Mag do mês de Junho. Saudações culturais… Ricardo Lemos


Indice Artes Plásticas xetuseer bo88y fore-f antz81 deroodekoning avacreat hakanphotography lora8 pourquoipasmoi krapnek Artes de Palco Broken Hearted Oficina do Faz-de-conta CIRCULAR ÍMAN Le Cirque Invisible Gengis entre os Pigmeus Feminine “Visões sobre cemitério dos pianos” “Para sempre... Annie?” CABARET MOLOTOV Literatura Reviver Lisboa O Mastro das Alminhas Zero Melodias do Passado Antes Tarde do que Sempre Continhos de Alfarrobeira In Cómoda A Cueca Bibelô Luzes A Falecida

Cinema HairLady Haunted Drawers Three Beauties Seville Rock Bottom Riser Glass Crow Boltactionbelief The Murder Manifesto A Double Entendre La Captive The Market Música bubble bath Out With a New Márcia Santos Hiata Atom Size Elephant Merankorii Loyal Ashes THE BOUNDARY Les Baton Rouge


a l o C a r o b es r o d Aculturarte

Aculturarte

Aculturarte pedimos:

Informam-se todos os intressados que a Aculturarte está à procura de colaboradores para a sua revista de edição mensal e para a sua rádio. A estas pessoas cabe a responsabilidade na elaboração/ criação de artigos (no caso da revista) para constarem na edição mensal da Aculturarte Mag# e a elaboração/criação de programas de rádio para a Aculturarte rádio. Estamos à procura preferencialmente de estudantes da área da comunicação, no entanto, e porque sabemos que existem por aí uns quantos entusiastas da escrita, como jornalistas amadores, escritores frustrados, artistas de circo reformados e lutadores de boxe retirados, estamos abertos a todo o tipo e propostas desde que estejam suspensas em pilares de qualidade.

1- Um programa piloto cujo conteudo seja relevante para a grelha da Aculturarte rádio, assim como o respeito dos direitos de autor de terceiros. 2- Uma pequena biografia com cerca de 1000 palavras. 3- A assinatura dos termos de responsabilidade e de cedência dos direitos dos seus textos a Aculturarte Mag#. 4- o programa deve possuir um rigoroso padrão de qualidade sonora.

- Aos pretendentes para a parte escrita pedimos: 1- Textos afim de atestar a sua qualidade de escrita. 2- Uma pequena biografia com cerca de 1000 palavras. 3- A assinatura dos termos de responsabilidade e de cedência dos direitos dos seus textos a Aculturarte Mag#. - Aos intressados para a rádio

1- Os colaboradores comprometem-se a ceder os direitos do seu texto á Aculturarte. 2- A Aculturarte comprometem-se a identificar o autor de cada texto e a garantir tempo de antena a cada colaborador. TODAS AS PROPOSTAS DEVEM SER ENVIADAS PARA aculturarte@sapo.pt SE FOR MAIS CÓMODO PODEM ALOJAR O CONTEÚDO EM QUALQUER SITE DE HOSPEDAGEM, ENVIANDO UNICAMENTE O LINK VIA EMAIL. http://www.aculturarte.blog. com (Agradecíamos que fizessem circular esta mensagem pelos possiveis intressados.)


PLĂ AR STIC TES AS #01

xetuseer bo88y fore-f antz81 deroodekoning avacreat hakanphotography lora8 pourquoipasmoi krapnek


http:/ /xetu seer. devia ntart. com/

Esculturas de ferro, energia e contemporaneidade na obra de XETuseer

que são revelados a cada piscar de olhos. Esta exposição representa um desenvolvimento mais livre, Accidental Rivethead é a ex- cujas formas surgem soltas, posição que XETuseer apre- através de traços que levitam senta na Deviantart. Trata-se e que demonstram os seus de obras que encontram no pensamentos. ferro formas contemporâneas Objectos como máquinas de e imediatas, mas que depois escrever, corpos como o de se anunciam como entradas um bebé ou de um esqueleto para um cosmos repleto de fundem-se numa arte que sentidos e profundidades. revela o claro domínio do Pequenos objectos e seres que metal. nos circundam no dia-a-dia, e


http://bo88y.deviantart. com/


d . f e r o http://f

m o c . t r a eviant


http://antz81.deviantart.com


http://deroodekoning.deviantart.com/


http://avacreat.devantart.com/


http://hakanphotography.deviantart.com/gallery/


http://lora8.deviantart.com Bรกrbara Piuma e Leandro Charles


pourquoipasmoi Quentin Deschamps

http://pourquoipasmoi.deviantart.com

Ver expositor pรกgina 126, 127 e 128.


http://krapnek.deviantart.com


DE

A R PAL TES CO #02

Broken Hearted Oficina do Faz-de-conta CIRCULAR ÍMAN Le Cirque Invisible Gengis entre os Pigmeus Feminine “Visões sobre cemitério dos pianos” “Para sempre... Annie?” CABARET MOLOTOV


Broken Hearted Broken Hearted Autobiographical Notes Written in Neon Lights performance de Miguel Bonneville Notas autobiográficas, seleccionadas de 2006 até hoje. Os sucessivos acontecimentos que me partiram o coração, seleccionados de 2006 até hoje. Aqueles que me dão as mãos e que sobrevivem comigo de 2006 até hoje. E hoje, continuamos. com convidados especiais Álvaro Brito, Cláudia Varejão, Inês Ferreira, Manuel Carmo, Sara Vaz, Sofia Arriscado, Susana Pomba 31 Maio - 22h00 Kabuki - Centro de Artes Rua Newton, nº10-B Anjos, Lisboa


Oficina do Faz-de-conta 10 Maio a 14 junho

Desde a sua criação que o Teatro Passagem de Nível tem apostado na componente formativa. Seja com o objectivo de captar mais elementos para o seu elenco, ou tentando contribuir para “criar” mais e melhores espectadores de teatro, o TPN há já muito que realiza acções de sensibilização e aprendizagem em expressão dramática e artes performativas. Exemplo disso tem sido a Oficina de Teatro, que já contou com 20 edições regulares. Surge agora, tentando abranger uma população mais jovem, a Oficina do Faz-de-conta.

A Oficina do Faz-de-conta destina-se a jovens dos 10 aos 16 anos. A sua 1ª edição irá realizarse de 10 Maio a 14 Junho, todos os Sábados, das 10h às 13h e das 15h às 18h, no Auditório de Alfornelos. No final da Oficina será promovida uma sessão final de apresentação pública, no dia 21 Junho, pelas 16h. Os módulos da Oficina do Faz-de-conta são: - Teatro e Expressão Dramática (18h) - Corpo e Movimento (9h) - Máscaras e Maquilhagem (9h) A Oficina do Faz-de-conta terá um custo de inscrição de € 50,00 por aluno.


Circular - Festival de Artes Performativas A 4ª edição do Circular Festival de Artes Performativas realiza-se entre 20 e 27 de Setembro de 2008, em Vila do Conde. O Festival propõe a apresentação e divulgação de propostas performativas de carácter experimental, privilegiando o envolvimento com os processos criativos e a reflexão em torno das práticas artísticas contemporâneas. Organização: Circular-Associação Cultural Projecto financiado por Ministério da Cultura/ Direcção-Geral das Artes e Câmara Municipal de Vila do Conde | Informações | Circular - Associação Cultural T 92 629 40 53 | E info@circularfestival.com | www.circularfestival.com

Local: Vila do Conde Data de início: 20 de Setembro de 2008 Data do fim: 27 de Setembro de 2008


ALKANTARA FESTIVAL 2008 ÍMAN | FILIPA FRANCISCO, WONDERFULL’S KOVA M & CONVIDADOS

Nu Kre Bai Na Bu Onda. Este é um proDepois de um ano de formação, iniciaram- jecto do Programa Escolhas de capacitação se os ensaios para a nova criação Íman, e desenvolvimento de competências em tendo por base o imaginário individual e o várias áreas artísticas, a realizar ao longo de património cultural das intérpretes. O resul- três anos numa parceria entre a Associação tado cruza as linguagens da dança tradicio- Cultural Moinho da Juventude, a Junta de nal africana, do hip-hop e da dança contem- Freguesia da Buraca, a Associação de Soliporânea, construindo pontes entre mundos dariedade Social do Alto Cova da Moura e que raramente se cruzam ou dialogam. alkantara. Na área da dança, este projecto 30 Mai 2008 - 19:00 ganhou vida no seio do grupo de dança 31 Mai 2008 - 17:00 Wonderfull’s Kova M, composto por jovens 1 Jun 2008 - 19:00 mulheres do bairro que se juntam semanalM/12 ANOS mente pelo gosto comum de dançar hip-hop e danças africanas. A direcção artística foi PEQUENO AUDITÓRIO entregue à coreógrafa Filipa Francisco que há anos desenvolve o seu percurso criativo PREÇO ÚNICO 10€ na confluência da arte e da intervenção soDESCONTOS HABITUAIS (para bilhetes cial. Depois de um ano de formação, Filipa adquiridos no CCB) Francisco, Wonderfull’s Kova M e convidados co-criaram Íman, um espectáculo que Desde o início de 2007, alkantara promove tem por base o imaginário individual e o um projecto artístico para jovens no Bairro património cultural das intérpretes. da Cova da Moura, integrado no projecto


Le Cirque Invisible De Victoria Chaplin e Jean-Baptiste Thiérrée

Victoria Chaplin é a quarta filha de Oona e Charlie Chaplin. Estudou dança e música clássica. Em 1969 encontra-se com JeanBaptiste Thiérrée, filho de operários, aprendiz de tipógrafo, mais tarde actor. Juntos fundam, em 1971, o Cirque Bonjour, o primeiro exemplo do que veio a chamar-se “Novo Circo”. Ao longo de trinta anos produziram apenas três espectáculos: o Cirque Bonjour, o Cirque imaginaire e, desde 1990, o Cirque invisible. Thiérrée teria preferido ter feito só um, e aperfeiçoá-lo constantemente. “O seu circo é invisível porque se limita ao círculo da pista, desenhado no palco. Estão sozinhos. Atrás das cortinas pretas, pessoas encarregues do guarda-roupa, dos acessórios e maquinistas estão numa roda-viva, porque tudo repousa na metamorfose, num movimento perpétuo das formas. A palavra-

chave podia ser a magia, porque Thiérrée é um grande prestidigitador que faz surgir mil objectos, pássaros, ratos, coelhos […]. Mas esta prática da ilusão integra-se num conceito mais largo, um vasto jogo, burlesco e estético, com as regras que regem o mundo. As aparições de Jean-Baptiste movem-se num registo de fantasia cómica, mas nada aí se passa como na vida, as leis da atracção terrestre aí não funcionam. Até a proeza anunciada pode não acontecer, dando lugar a uma graça. As entradas em cena de Victoria, bailarina, equilibrista e escultora do seu corpo até às curvas extremas do contorcionista, criam universos plásticos em que compõe quadros fantásticos, frequentemente com formas de animais, jogando com objectos cujos aspecto e sentido são invertidos.” Gilles Costaz Les Echos


Gengis entre os Pigmeus De Gregory Motton. Encenação de Pedro Marques. INTEGRADO NO FESTIVAL DE ALMADA 2008

Desde que vi Gato e Rato (Carneiros) pelas Visões Úteis em 1997, trabalhei de Gregory Motton Ao Olhar para Ti (Renascido) de Novo nos Artistas Unidos, Recado Aos Corações Despedaçados com as Visões Úteis, A Ilha de Deus no CITAC. E sempre que penso num próximo espectáculo vem-me logo à cabeça este autor. Continuo a acreditar que faz sentido fazer este teatro tão próximo da nossa realidade mas ao mesmo tempo tão longe do realismo. A escrita de Motton é multifacetada e aguda, assume várias formas plenas de arestas. Tanto está próxima da sátira como da poesia, tanto constrói farsas mordazes como monólogos introspectivos. Quando decidimos pegar no texto Gengis Entre os Pigmeus foi porque o tema nos dizia directamente respeito – a desagregação do carácter – mas também porque operava a nível colectivo – a sátira ao consumismo. Este é o segundo texto (o primeiro é Gato e Rato) de uma trilogia, que prossegue em Férias ao Sol. As três peças partilham as mesmas personagens e a mesma temática. É uma espécie de telenovela da neurose. Na primeira peça, o merceeiro e depois imperador Gengis Cão ascende às altas esferas do materialismo selvagem, ditando leis absurdas até ser vítima das suas próprias forças e acabar com a corda ao pescoço depois de uma

lobotomia preparada pelo seu poeta Prepúcio. Gengis Entre os Pigmeus recomeça as aventuras de Gengis, do seu Tio e da Titi, no mesmo momento. Gengis em cima da cadeira – ainda indeciso. Quanto tempo passou desde o fim de Gato e Rato? Seja como for, a Titi traz boas notícias: a pena capital foi abolida – ele já não precisa de morrer. Regressam com força renovada e tentam reconstruir o império. Assistimos à vertigem consumista do Natal, à invenção de novos negócios, a uma declaração de guerra comercial aos EUA, a uma viagem às Filipinas. Gengis procura um sentido para a vertigem, mas essa procura só o atira, inexoravelmente, para mais longe de si mesmo. A esperança transporta-a o Tio. Ele serve-nos uma chávena de café Arco-íris© – a sua nova marca registada. Essa esperança também é a nossa, por isso a partilhamos com o público. Pedro Marques Pedro Marques é tradutor, encenador, dramaturgo, actor e iluminador. Traduziu entre outros Pinter, Sarah Kane, Pasolini, Motton, Bond, Anthony Neilson e Letizia Russo. Encenou Motton, Pinter, Conor McPherson, Neilson, Kane, Davide Enia e Orgia de Pier Paolo Pasolini, que passou pela Culturgest em 2006.


Feminine

De Paulo Ribeiro INTEGRADO NO FESTIVAL DE ALMADA 2008 (apenas o espectáculo de dia 11)

“Porque sou tão infeliz? Porque sou o que não devo ser. Porque metade de mim não está irmanada com a outra metade. A conquista de uma é a derrota da outra” Fernando Pessoa

mento é contido, escorreito e desagua num prazer prolongado. E este espaço de sensações é apenas interrompido pela força maior do coreógrafo, de brincar com as suas criações, de as colocar a rir de si próprias. Feminine explora o imaginário pessoano, desta Cinco mulheres e Fernando Pessoa. Um Pesvez, a partir do olhar de cinco mulheres, quasoa no feminino e de saltos altos. As palavras do tro intérpretes de dança e uma actriz. Depois de poeta desafiam as delas, que se deixam perder Masculine, que estreou no ano passado, Paulo pelas suas próprias narrativas. A poética do movi- Ribeiro descobre um Pessoa no feminino, explomento feminino percorre a peça, misturada com rando mais uma vez as diferentes qualidades das o ardor colocado em cada gesto. Neste universo intérpretes. A bola de futebol deu lugar aos saltos pessoano elas preocupam-se com o cabelo, usam altos e a energia masculina ao belo estético, que saltos altos, desdenham do homem e dançam com emociona, que marca e não passa. os corpos que transpiram sensualidade. O movi-


8 de Maio a 28 de Junho Quinta, Sexta e Sábado | 22h30 KARNART A partir da obra Cemitério de Pianos de José Luís Peixoto Direcção: Luís de Castro Lotação: 30 Lugares Bilhetes: 10 euros

Aquilo que une os homens é a dor, a frustação, o medo e a morte - a peça consegue-o. A arte mais elevada é aquela que comove - a peça consegue-o A maior gratificação e retorno que o artista procura é o seu trabalho ser reconhecido pelo coração do Público - os actores conseguiram. Pisco Sour

COMENTÁRIOS DO PÚBLICO

“Visões sobre cemitério dos pianos”

Intenso, muita informação; cheiro, luz, som, objectos. O pormenor é muito bem conseguido e faz o Lindo e triste. Verdadeiramente soberbo: na inter- “espectáculo”. Os performers têm uma óptima conpretação, na escolha dos objectos, nos cheiros... tenção, parabéns! Os dossiers de informação são Desolador, devastador, nu e marcante. Para quem uma boa ideia, mas gostaria de o levar para casa... leu o livro, arrepiante. Para quem o não leu, arrepi- vender?! Com muita informação mas limpo e conante. Obrigada! Paula Freitas Ferreira seguido! Obrigada. Raquel André Li o livro e acho que este espectáculo é a melhor forma de respeitar a sua estrutura, personagens e Muitos Parabéns! É sempre um formato interesprofundidade literária, que imaginar se possa. sante poder seguir os actores de perto e viver o Anónimo percurso individual de cada um fazendo parte do mesmo espaço. Parabéns pela interpretação inAcreditam que ainda não li o “Cemitério de Piatensamente penetrante e ao mesmo tempo subtil, nos”? Conheci a Marta, o Simão, a Maria, todos demonstrada por cada um dos artistas. Foi muito através desta instalação e fiquei com vontade de as gratificante para mim ter feito parte do vosso especonhecer muito melhor ainda a tempo de vir ver o táculo. espectáculo outra vez. Parabéns. Francisco Tavares Mónica Nascimento Acho, sinceramente, que este espetáculo é fantástiA peça mais estranha que vi até hoje. Os actores co, dando ao público oportunidade de viver o teatro estão completamente à altura do autor do livro. ou a Perfinst, deixando-o escolher qual a personSão a realidade enquanto vemos. É impressionante. alidade a escolher. Mais Perfinst, de textos bons e Mórbido. Mórbido mas impressionante. porque não também de quadros ou esculturas? Tânia Melo Rodrigues Patrícia Duarte Despojos da Alma... Memórias vividas... Vagueamos e fundimo-nos no cheiro, nos gritos... Sem sentido queremos fugir e queremos ficar... Somos nós... São vocês... Não somos... Continuo a digerir... Mas apetece-me ficar no tempo em que os nossos olhos são vocês... Muito bom. Obrigada. Manuela Cortes

Acho engenhosa a forma como se desafia o público a seguir histórias e personagens. Um apetite, o cenário extenso em pormenores e leituras (bordadas ou não). Parabéns pelas ideias e felicitações aos actores! Ana Leonor Tenreiro


” ? e i n n A . . . e r p m e s a r a P “

William Gibson

“Para sempre... Annie?” 30 e 31 de Maio | Sexta-feira e Sábado | 21h30 Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão

na no Perkins Institute for the Blind, uma escola de formação para cegos, onde ela se formou, com distinção em 1886.

Mal acabou o seu curso, foi chamada para educar Helen Keller. Esta, ainda no berço, Entrada 2 euros aos dezanove meses, teve escarlatina, que M/4 a deixou cega, surda e, consequentemente, Duração 60 m muda. Isolada do mundo, durante a sua inCo-produção Casa das Artes/Teatro Experifância, não se conseguia comunicar com mental do INA ninguém a não ser através de alguns gestos básicos e tinha ataques de fúria contra tudo Trata-se de uma adaptação à obra, já cone contra todos, o que afectava o ambiente e sagrada no cinema, “The Miracle Worker” a harmonia familiar da família Keller. Para de William Gibson. A encenação, direcção terem um pouco de paz, os pais, com pena artística e adaptação é de João Regueiras. da menina, descuraram a sua educação, perA direcção técnica de Miguel Carvalho. Os mitindo-lhe todos os excessos, tornando-a, figurinos são assinados por Carmen Reguei- assim, numa tirana, centro das atenções da ras assistida por Emília Silva. O elenco é um casa. À sua chegada a casa dos Keller, este leque jovem de talentos que prometem dar foi o panorama indisciplinado, com que se que falar. A obra fala-nos de Anne Sullivan deparou Anna Sullivan que, deitando mãos à Macy (1866–1936). Uma mulher, cuja inobra, começou a reeducação de Helen imeteligência, paixão e tenacidade lhe permitiu diatamente. Pacientemente, Annie, como lhe ultrapassar o seu traumatizado passado. Filha chamavam, dia a dia, foi revelando a Helen de imigrantes irlandeses, ela e o seu irmão Keller esse mundo do qual ela estava isoaleijado e doente Jimmie, viveram assolados lada, libertando-a, finalmente, da sua prisão pela pobreza e pelos de abusos, infligidos interior. Teve muitas dificuldades, mas a pelo pai, alcoólico. Aos cinco anos de idade, sua missão teve tanto êxito, que nos dias de Anne, é atingida por uma doença infecciosa hoje, Anna Sullivan é apontada como uma nos olhos (tracoma), que a deixa quase cega. das pioneiras no campo da educação. O seu Internada num asilo, com muita persistência trabalho foi tão importante, que é a base do consegue ser operada aos olhos. Depois, ad- ensino para crianças cegas-surdas e mudas no mirados com a sua inteligência, matriculam- mundo actual.


Tea t

ro

CABARET MOLOTOV Teatro de Marionetas do Porto apresenta grande Cabaret Molotov dia 31 de Maio, às 21h45, no Teatro Sá da Bandeira, Santarém

teve grande expressão na Europa nos meados do século passado.

O espectáculo é tanto sobre o circo e o cabaret, e sobre essas memórias, como sobre o romance No palco da sala de espectáculos do Teatro Sá de Vladimir e Matrioska, como sobre o próprio da Bandeira, em Santarém vai ser instalado um acto da manipulação, numa síntese bem feita cabaré que deve visto com toda a atenção, no dia entre arte e entretimento. Manipulando ícones 31 de Maio, às 21h45. Na verdade, trata-se de do nosso imaginário, o Cabaret Molotov repro“Cabaret Molotov”, um espectáculo do Teatro duz e materializa os sonhos pessoais dos autores, Marionetas do Porto. Um cocktail cénico que partilhando-os com o espectador. tem de tudo um pouco: marionetas, dança, teatro, circo, music-hall, juntos numa reunião faBilhetes : 7,5 euros miliar em que os parentes próximos e afastados viessem das mais longínquas pátrias e tradições Encenação e cenografia: João Paulo Seara Cardas artes cénicas, apresentando os seus números doso e falando versões macarrónicas de russo, italMarionetas: Erika Takeda iano, alemão e espanhol, numa profusão de actos Figurinos: Pedro Ribeiro e línguas de palhaço. Há coristas, trapezistas, Coordenação coreográfica: Isabel Barros acrobatas, homens-bala e funâmbulos, ursos e Música: Gotan Project, Eric Satie, Kurt Weil, coelhinhas. Robert Miny, Yann Tirsen Desenho de luz: António Real e Rui Pedro RoCabaret Molotov é um espectáculo que resulta drigues de um trabalho de experimentação e que vai ao Produção: Sofia Carvalho encontro de uma certa poética associada ao circo. Interpretação: Edgard Fernandes, Sara Henriques, Sérgio Rolo, Shirley Resende (instrumenTambém está presente nesta criação uma aproxi- tista) mação ao teatro musical com marionetas, que


LITE

RA

TUR A #03

Reviver Lisboa O Mastro das Alminhas Zero Melodias do Passado Antes Tarde do que Sempre Continhos de Alfarrobeira In C贸moda A Cueca Bibel么 Luzes A Falecida


Reviver Lisboa

Júlio Mira http://poezzart.blogspot.com

REVIVER LISBOA “A camioneta da carreira passava à hora certa, Canhoto o chauffer, apitava estridentemente para avisar os retardatários. Todo aperaltado, saía de casa a correr, ainda a tempo de tomar o meu lugar na camioneta. Vergada ao peso das malas e outros atavios, que se alojavam no tejadilho, a viatura partia rumo a Lisboa, fazendo o trajecto junto ao rio até à Torre da Marinha, enviezando depois para o Fogueteiro e retomando outra vez a rota do rio quando se passava pela Amora, freguesia do Concelho do Seixal e desembocava na estrada nacional, estreita, mal arruada e pejada de carroças carregadas de hortiças, que se destinavam ao Mercado da Ribeira. A viagem até Cacilhas era atribulada e mais atribulada seria se o barco que me levava a Lisboa, atravessando o Tejo, apanhasse uma daquelas marés vivas, de águas esverdeadas e bastante onduladas. Depois no Cais do Sodré apanhava o eléctrico para o Camões, descia a pé até ao Chiado, contornava o Grandella e chegava ao Rossio. Atravessava a praça, ia à Suíça beber um café e tomava um autocarro da Carris, todo verde, sem publicidades, de dois andares e do alto do primeiro contemplava a avenida da Liberdade, olhando o Palladium e o Éden pela esquerda, espreitando o Condes e o Odeón, pela direita, chegando ao Marquês, disfrutando do Parque Eduardo Sétimo, rumando Fontes Pereira de Melo acima até ao Saldanha, ponto final da minha viagem. Ali, imponentes, estavam o cinema e o teatro Monumental. Na frontaria, um enorme cartaz, anunciando os espectáculos. No meu bolso um bilhete de 50 escudos comprado religiosamente semanas antes, dentro da sala uma figura incontornável da canção francesa: Adamo. Agora, sentado em frente do meu computador, ouvindo “Tombe la neige” revivo a Lisboa de então.”


O Mastro das Alminhas João Vasconcelos Costa “A Rua do Saco Novo capítulo, obrigatório, para o meu terceiro percurso “turístico-afectivo”, este sim, absolutamente sagrado. Dos Açores e de S. Miguel, já fiz zoom para Ponta Delgada, agora tenho que afunilar mais ainda, para a Rua do Saco, a minha rua de criança. Rua muito especial, oficialmente Rua Coronel Miranda, qualquer coronel bigodudo das campanhas de África que hoje já ninguém sabe quem foi. Rua do Saco! Parecia rua de subúrbio mas era desejada pela sua centralidade, ali mesmo ao pé do Governo Civil e do Liceu. Era uma mescla em pequena escala de todo o mundo pontadelgadense. Rua estranha, boas casas de famílias distintas, lado a lado com o carpinteiro, o contínuo e o caixeiro. E, pelo meio, um médico, uma professora de liceu, uns tantos empregados superiores. Este era o espaço central do meu mundo e, ao relembrá-lo, espanto-me como lá podia caber tanta história e tanta gente marcante, que vão conhecer como muitas das minhas alminhas. Como tudo hoje é diferente! Vivo num bom bairro, nos arredores de Lisboa. Conheço mais os carros do que as pessoas. Não vejo crianças às coboiadas, não vejo famílias a irem passar o serão a casa umas das outras. A noite, quando vou à minha varanda, é um deserto de in-confraternidade. Também eu me refugio na televisão, quando não me dá o sono de cansaço às nove. Fora as conversas de família estrita, vivemos num isolamento de consumidores passivos do que nos entra em casa. Qualquer meu amigo de origens provincianas compreende isto. Desapareceu a tasca do compadre Jaquim, onde os pai os levavam, onde se aprendia com os velhos, onde se ouvia cantares, onde se apercebiam as regras do complicado mercado dos porcos, onde se contavam histórias do tempo heróico-triste da praça da jorna, da alimentação reduzida à açorda, da recordação em surdina da Catarina Eufémia. Ainda hoje, sempre que consigo aldrabar numa meia hora o horário apressado das minhas idas à terra, vou sempre à Rua do Saco, como ritual que garante o paraíso. Antes não o fizesse, porque é uma desilusão para quem tinha só a visão fantasiosa da infância. É uma rua banal, mesmo feia. Estreita e pejada de carros estacionados, casas de arquitectura pequeno-burguesa sem qualquer nota relevante, mesmo as mais ricas, janelas fechadas e nenhum sinal de convivialidade, uma rua morta. Mas recuso-me a vê-la só assim. Subo a rua e sento-me à soleira do meu 56-A. Vejo as coboiadas da minha malta e leio imaginariamente o último número do Cavaleiro Andante. Da casa ao lado, saem a Belinha e o Quinicho, aflito com a asma, da casa defronte o Carlos Maria e a Flávia e, do fundo da rua, vêm subindo o Acácio, o Deca, os irmãos Raposo, o Luís e o Carlos, e o Manuel João, este especial porque partilhava comigo, ainda muito miúdos, a boa divisão do tempo entre as brincadeiras e as leituras de Bdona Conversas curtas, que o tempo real não permite mais, mas que recordam bem as nossas brincadeiras. Grupo formado, estabelecem-se as regras do jogo, seja de apanha seja de coboiada, todos armados com pistolas, arcos e flechas fornecidos pelo nosso vizinho mestre Aníbal, marceneiro, com desvio do trabalho que lhe dava o provento. Estabelecer as regras de jogo era coisa complicada, porque de todas as vezes algum se lembrava de uma invenção. No fim, “tudo escracedido? Oraites? Começa jogo”. Às vezes, a complicação de novas regras exigiria um árbitro, mas não era preciso, porque o grito “para jogo” era religiosamente respeitado e começava outra sessão de negociações. E lá nos perseguíamos, até aprisionar o adversário com o clássico “ariuane”, que tínhamos aprendido do “up your hands” dos filmes de

cobóis que víamos no Coliseu. Arma a sério, só a espingarda de ar comprimido do Rui, contrastante connosco no buço a adivinhar a adolescência. Que compita entre todos nós pelas boas graças do Rui, a valer-nos um tirinho de zagalote! Tudo acaba como tem que acabar, com o pai do Rui a proibir mais exibições marciais. Foi daquela vez em que o Zezé, caixa de óculos de pelo menos um centímetro, atirou mesmo ao meio da traseira de sotaina do Padre Maia, ainda compungido pelos sacramentos que tinha ido dar à vizinha Joaquina – eterna acamada que nunca vimos – e que se foi mugindo de dor rua abaixo, agitando o livro de orações que nem panfleto em comício. E eu sentado no 56-A! Entretanto, por mais de uma vez, já vislumbrei olhares admirados de vizinhas vindas à janela e olhando reprovativamente para um sessentão, de fato e gravata por dever de ofício, sentado à soleira de uma porta – e, digo com vergonha, fumando uma cigarrilha. Fico intimidado, reparo que a sua gente mudou para gente comum que não tem lugar na Rua do Saco que recordo – ou que fantasio. Desço então a rua, com tristeza e saudade, mas uma tristeza que me reencontra comigo mesmo, vou-me despedindo mentalmente, casa a casa, de cada um dos meus companheiros e, lá na esquina, como fazia em miúdo, troco o Cavaleiro Andante pelo Mundo de Aventuras do Manuel João. E foi o Manuel João que, há tempos, em Lisboa, me recordou uma personagem essencial das nossas brincadeiras da Rua do Saco só nossa, o Grandalhão. Não seria este o nome, que nunca o soubemos, mas, se calhar, alguns dos ruasaquianos, mais lidos, adivinhavam que o seu nome era Injun Joe. Era o que ele era para todos os miúdos, figura assustadora na sua altura que estimávamos em três metros. Dormia, e roncava que se ouvia em toda a rua, entre as pipas da taberna do senhor António do canto. Este senhor António “do Canto” também entra vagamente nas minhas histórias. Quando a Jorgelina boateira da Rua do Saco foi dizer à minha avó Adélia que tinha morrido o senhor António do Canto, a minha avó chorou pesadas lágrimas pela perda de um grande amigo, figura das mais distintas da sua terra e marido de uma terceirense, sua amiga de infância das maiores. António do Canto Carvalhal, grande senhor da minha meninice, híbrido micaelense-terceirense como eu – a melhor mistura – homem que fazia da fortuna generosidade, patrocinando o asilo de velhice, cult vando como se filho fosse o magnífico Pinhal da Paz. Afinal o falecido era o senhor António, é verdade que também do canto, mas porque dono de uma taberna ao canto em cima da Rua do Saco, e minha admiração pela facilidade com que rolava pipas enormes, para as lavar com seixos. Só muito mais tarde é que reconheci na televisão o senhor António como lutador japonês de sumo. O Grandalhão, seu inquilino gratuito, também não ficava atrás. Quando o Grandalhão se aproximava, com um sorriso doce de criança grande, que na altura o nosso medo não nos deixava ver, fugíamos para todos os lados, desfaziase o grupo da brincadeira. Na sua infantilidade, o Grandalhão aprendeu. Deixou de se aproximar tanto, sentava-se na soleira de uma porta bons metros acima e via-nos brincar, horas a fio a passar-lhe pela cabeça o desgosto de não o deixarmos brincar às apanhadas que ele nunca jogara com os amigos que nunca tinha tido. Quando podia chegar-se-nos, oferecia-nos coisas preciosas para ele, labores noc

turnos, carolo de espiga de milho com fósforos espetados, a imitar vacas. Que pesar, hoje, de nunca lhe ter agradecido devidamente com um abraço, a retribuir a meiguice de olhos com que pretendia fazer amizade, com aquelas ofertas. A sua outra amizade era a gata, inseparável. Quem se atrevesse a fazer-lhe mal! Um dia, alarmei-me com um tremendo miado que parecia agonizante. Afinal era a gata a render-se aos prazeres da carne com um gato atrevido, vindo sabe-se lá de onde. Foi a única vez que vi o grandalhão zangado. Agarrou no vadio, mirou-o furiosamente, sacou do bolso uma navalha e capou o gato.”

http://www.sinapses.net/ebooks/o-mastro-das-alminhas.pdf (Download do Livro)


http://www.sin apses.net/eboo ks/zero.pdf (Download do Livro)

Zero Paulo Amaral André “Desculpem-me por começar desde o zero. Não é maneira de começar uma história. Supõem os tempos modernos que a coisa se inicie com meia dúzia de factos ou descrições que abram o apetite. Lamento decepcionar os senhores leitores, mas a coisa só dá para o torto lá mais para a frente. Mas, para que não tenham dúvidas, digo-vos já que o que aqui ouvirem e apesar de esta história não estar aparentemente dentro dos limites da verdade, tudo aconteceu de facto; aconteceu-me justamente a mim, o único de entre os não-eleitos a quem poderia acontecer. Tive apenas o cuidado de ocultar todos os nomes que se atravessaram no meu caminho sob pseudónimos toscos que fui buscar ao inconsciente, e que irão descobrir quando eu já estiver absolutamente perdido. Também localizações geográficas, sítios e afins apenas têm verdadeiro significante na minha cabeça. De qualquer forma, não se vejam obrigados a entender as páginas que vão seguirse. O que é que podemos dizer uns aos outros? Pouco mais do que nada. Não se iludam, caros senhores. É isso que eu tenho para contar: nada de novo. Talvez vos agrade a forma. Ou talvez a achem tosca. Nil novi sub sole. O novo século está aí e esta história servirá melhor se vestida em boas capas de couro em mobílias de cerejeira. Aquilo que aconteceu naquela noite poderia ter dado em nada, significar nada, mas aconteceu-me a mim. Aqui está. Aconteceu-me. A mim. A mim, o ser mais importante do universo desde o ponto em que me encontro. Aconteceu-me enquanto ensaiava uns passos hesitantes por maus caminhos para me tornar numa melhor pessoa. Tudo isto numa noite na minha cidade. E eu até estava bem, não me podia queixar. Nessa altura, preparava uma recensão sobre os ensaios dantescos de Borges. Andava a juntar uns cobres para o meu último capricho. Desistira de escrever porque achava o acto em si mais feminino do

que fazer croché. Revi todas as noites sentado em frente do computador a alinhavar palavras umas atrás das outras e achei o acto tão delicado que transformava um gigante de dois metros a escrever por quem os sinos dobram no mais mariquinhas dos seres humanos. Comecei a lembrar-me do meu avô agricultor atrás de um arado e envergonhava-me sempre que pegava na Parker 21 para rabiscar umas frases. Por mais sofrimento que daí adviesse, não podia deixar de me sentir um fingido a fazer renda com os pensamentos. Virei-me para a crítica e uma editora aceitava-me como mais brilhante do que os autores em que eu descarregava fel mês após mês. Foi ao fim da noite com o ar frio nos pulmões. Quase sol. Tinha sido mais uma daquelas noites. Noites em que as cores da vida resultam num outro tipo de existência. Sedutora, malévola. Com álcool a girar turbinas. Há anos que eu me alimento desses hiatos entre o ser e o nada para viver. Quando a escuridão rasga o dia e os contabilistas nos perdem de vista. Nessas alturas torno-me numa criança com vícios e muito dinheiro. Como todos os que encontro então, sou um morto-vivo por opção. Não agradeço o que me deixaram nem me preocupo com os que vierem depois. Sou um mimado que recusa qualquer encargo que possa tornar-me responsável. Nunca esperei nada da vida. Mas não vamos perder-nos em angústias desnecessárias. É apenas de mim que se trata. Sentem-se. Se tiverem tabaco à mão, fumem à vontade. Eu estou a fazê-lo neste preciso momento. Nem uma página sai daqui sem um cigarro. Gostaria que fossem Luckies, mas acabaram-se ali em baixo na mercearia do senhor Almiro, esse personagem maior, mas que pela minha boca nunca saberão porquê.”


Melodias do Passado

Berta Henriques Brás “Tivemos galinhas, um porco e uma cabra, e a minha avó paterna, que passava longas temporadas connosco, quis também comprar na feira de Oliveira uma vaca para levar para a sua aldeia, Destriz, sede de freguesia e próxima do Carregal, e onde cultivava umas terras. Mal vi a vaca, o meu instinto condutor acordou. Supliquei que ma deixassem guiar, presa pela corda, a Destriz. A minha mãe não se comoveu, mas a minha avó, inspirada certamente em secretos anseios de me fazer lavradeira, cedeume a corda. Não percorremos muitos metros. A vaca deve ter sentido a fragilidade do pulso que a sustinha, além das saudades do filho, de quem a haviam separado na feira. Começou a mugir e a puxar a corda furiosamente. Eu resisti, mas ia sendo arrastada, e ouvia atrás de mim os gritos da minha avó para a largar. Acabei por obedecer, humilhada e compungida. Felizmente apanharam mais tarde a vaca e desistimos– a minha avó e eu – do cargo de vaqueira, nitidamente superior às minhas forças. Também me lembro de um forte nevão que nos isolou largas semanas de inverno, impedindo-nos a comunicação com o exterior. Para irmos à loja e à horta, onde a minha mãe cultivava couves e feijão verde, abrimos fundos carreiros na espessura da neve. No verão, colhíamos ramos carregados de uma cerejeira da nossa horta.

Tínhamos ainda uvas e abrunhos, além de outras frutas – verdes, sobretudo – que eu topava nas minhas explorações pelas generosas árvores da aldeia. Anos depois, revelava igual propensão para as verduras, atirando pedras às mangas das fartas mangueiras do velho liceu Salazar de Lourenço Marques, do parque Silva Pereira e outros recintos privados. Por causa dessas tendências apedrejantes, o senhor Azevedo, contínuo do liceu, mais ácido que as próprias mangas, quis um dia levarme ao reitor, mas umas lágrimas oportunas e as provas de um sincero arrependimento, conseguiram demovê-lo.”

http://www.sinapses.net/ebooks/melodias-do-passado.pdf (Download do livro)


Antes Tarde do que Sempre Bertoldo Gontijo

s e t n a / s k o o b e / t e n . s e s p a n i s . w w http://w f d p . e r p m e s e u q o d e tard o) r v i l o d d a (Downlo

“Como uma cena ruim de filme B europeu, naquele dia estava eu sentado num sofá de couro marrom, usando um jogging velho cinza em cujo peito estava estampada a frase “San Diego, California - Sunny Days”. Ironicamente, embora já fosse o início da manhã, o sol nascia sob nuvens, eu nunca fui pra Califórnia e só durmo tarde da noite. Bem tarde. Já eram mais de quatro horas. A minha insônia não aparece na hora de dormir, eu percebo que ela vai pintar muito antes. Ela vai se instalando ao longo do dia. Furtiva, espreitando e medindo meu humor, anotando minhas preocupações, observando todos os meus movimentos para usar tudo contra mim depois. Dessa vez por exemplo, eu pude senti-la contando todos os cigarros que eu havia queimado e os cafezi hos que eu havia tomado. Lá estava eu, mais uma vez, sentindo a madrugada vazia, perdido. Mesmo me sentindo um trapo, os pensamentos brotavam incontrolavelmente procurando explicações para coisas que nunca se deixarão explicar. Eu era mesmo, de qualquer maneira, como os frenéticos passarinhos neuróticos do jardim, que eu ouvia debruçado na janela do meu pequeno apartamento. Em seus mini-cérebros de amendoim, só tem espaço a rotina: acordar, comer, transar, dormir, acordar… O ócio pelo qual passei virando essa noite, me permitiu dissecar a minha rotina. Eu vi as entranhas da minha vida. Não foi uma visão muito bonita: um cara hipócrita que acha que a corrida por status é ridícula, mas faz parte dela; um jogador medíocre, que sabe que suas chances de vitória são pequenas e que, apesar disso, no seu íntimo, acredita nela como única opção. Tomando as rédeas do meu intelecto, comecei a pensar em sexo para espantar esses pensamentos deprimentes. Uma medida que nunca falhava. Foi

então que começaram a surgir nos meus devaneios umas garotas que eu havia transado há tempo demais pra lembrar seus nomes, mas não o suficiente para esquecer suas bundas. Pessoas que eu não via há mais de quinze anos. Eram pensamentos tão inú-teis quanto agradáveis e que me fizeram lembrar que eu não havia vivido uma história inteiramente banal até então. Aquela vida que só eu sabia por inteiro, uma vida que meus velhos nunca imaginaram nas suas melhores performances de “pais preocupados com o futuro do filho”, tinha sido bacana afinal. Essa maldita falta de sono acabou sendo a minha salvação. Pelo menos, eu estava dando à minha cabeça de amendoim as asas tão desejadas. Claro, eu sabia que logo seria um dia como todos os outros: previsível, monótono e, se eu tivesse bastante sorte, tranquilo. Mas concluí que seria bom aproveitar a viagem enquanto ela durasse. Tentei me concentrar de novo, mas não consegui. R solvi fazer um café forte, apesar da preguiça. Pensei que talvez, assim, meu cérebro pudesse me ajudar. Caminhei até a cozinha, arrastando as meias no chão frio e, como sempre, meti o dedão do pé na quina do degrau. Abri a geladeira xingando a porra do degrau e fiquei olhando lá pra dentro sem ver nada, até esquecer o que estava fazendo ali, parado, segurando o dedo do pé, olhando fixamente um teco de queijo que sobrou de uma sessão de mistoquente. Voltei para a sala e coloquei um CD para rolar. “All Things Must Pass” – “Sunrise don’t last all morning…”, George Harrisson cantava. Um profeta, esse cara! A melodia deprê me deixou triste. E eu nem tinha um motivo bom para isso. Nessa hora senti falta de ter um motivo, alguém por quem chorar.”


O Maior Espectáculo do Mundo

Continhos de Alfarrobeira Alexandra Pereira

“Um feixe de luz no céu para os lados da Avenida Afonso Costa e aqui, debaixo das copas, buracos monumentais; os homens continuam a trabalhar mesmo à uma e meia da manhã, mesmo de noite as camionetas-betoneiras fazendo uma digestão apressada de betões nas suas grandes barrigas ovais. Apetece-me homenageá-los. Como ratos eles escavam nas fossas dum astro vindouro, o grande prodígio das entranhas da terra. Uma enorme cratera ao centro, vertical, a prumo, muito perfeita. Que pensarão estes homens-ratos, minúsculos junto às maquinetas que fazem mover? O operário é meu irmão na pachorra e no empenho. Como explicá-lo a certa gente? Meu Deus, que focinhudo catolicismo a rebentar pelas costuras! O maior espectáculo do mundo brilha quando a lua se adensa e Sagitário (a estrela vermelha dos tahitianos) cintila nas suas duas faces. É então que o contrabaixista desce a rodopiar pelo varão do feixe de luz no céu e apresenta um espectáculo fabuloso. Ele dança, marmoreia contra o azul muito vivo. Nada entre as notas. É como se desenvolvesse uma relação de intimidade com o instrumento: fá-lo com um sorriso esmaltado de felicidade rasgado no rosto. Ao agarrar o contrabaixo, prende o pescoço alto duma mulher, esfregalhe o nariz no ombro, segreda ao seu ouvido, dedilha em massagem a coluna vertebral; então lembra-me por graça uma foto de Man-Ray onde os rins desnudados da senhora são os contornos em S da caixa de ressonância do aparelho de sons. É uma dança solene, majestática a deles, e ao mesmo tempo duma intimidade profundíssima. O contrabaixista veio vestido a rigor para a ocasião – não esqueceu a falta de pente dum músico que se preze, ou então é a intensidade da entrega física que lhe põe a trunfa a adejar deixando-o transtornado: se eu fosse mulher dum contrabaixista tinha ciúmes do instrumento com toda a cer teza – e diverte-me imaginar a senhora contrabaixa aperaltada de pop-chic, à semelhança dos modelitos surpreendentes, de gosto duvidoso, que vemos o povinho desfilar com grande pompa (entrecurtada somente pelos entorses na calçada), por exemplo, Portas de Santo Antão abaixo em noite de Grande Gala dos Globos de Ouro. Aí, as senhoras (“essas meretrizes que se fingem do jetset”, como diria a minha tia Albertina...) deslizam com muito cuidado, sacões vários, os saltos agulha de dois metros na calçada à portuguesa; todos se sentem estrelas de Hollywood por dois minutos (o que não significa que gostem, como parece evidente): é possível ver passar desde um cortinado andante dos tempos de Dona Maria Pia até às combinações daltónicas de azul com verde (assusta sempre imaginar que uma pessoa que passou tanto tempo a cuidar da vestimenta não tenha sequer reparado na mais elementar conjugação de cores) ou às senhoras que se assumem alfacinhas de corpo e alma, quer no tom quer na textura dos tecidos, fluorescentes dos pés à cabeça. Outra matéria interessante são os decotes: maté-

(Download do livro) http://www.sinapses.net/ebooks/continhos-de-alfarrobeira.pdf

ria siliconada, quer-se muito, mesmo MUITO de fora. Há três estratégias que podem ser adoptadas a esse respeito: descer o decote até ao umbigo, aumentar as mamas ou, com bastante maior frequência a avaliar pela amostra, ambas. Outros truques valiosos são conversa de mulheres que não deve ser revelada em local público, muito menos diante dos homens-ratos que se babam, encostados à parede e intimidados, nas costas delas: fica um rasto viscoso na calçada à portuguesa depois da passagem das celebridades. Os homens têm variantes profícuas como os disfarces (?) à gigolô-prostituto e as camisas aos quadradinhos, muito desabotoadas, com gola em bico à moda dos anos setenta. Óculos que tais também fazem boa figura, gravatas berrantes dão concerteza tema de conversa. Tanto homens como mulheres devem exibir um bom bronze de maquineta-solário nos corpos entre o meio-nús e o três-quartos-nús (cinco sextos, na melhor das hipóteses...). O contrabaixista ensaiou boleros e blues, seduziu tímpanos, arrebatou corações. Declarou-se ao instrumento com toda a emoção, mostrouse honesto, humilde no dom, fascinado ou arrebatado como uma criança ante a maravilhosa descoberta da vasta paleta de sonoridades e combinações. O mundo todo era dele: o palco a vida contém. Holofotes iluminando o talento, o contrabaixo, o infinito e ainda mais longe, para lá do horizonte, no sítio onde a promessa reside. A promessa futura é o presente do esforço, o exercício passado o natural no presente; como os homens se alimentam diariamente, assim a aptidão deve ser nutrida todos os dias. E ditoso aquele que pela noite dentro se exercitar, como bem-aventurado o outro que de manhã o fizer, pois na verdade ambos terão cumprido, na sua inquietude insatisfeita, o essencial para alcançarem aquele estado de espírito tranquilo à beira do qual desponta o sentimento de realização. Nas Portas de Santo Antão, no meio de todo aquele aparato, haverá porventura um rapaz com mau-gosto para gravatas e bom-gosto para óculos de sol, olhos da cor dos líquenes de oliveira oxidados – em tons caramelo –, e um sorriso prateado, muitíssimo límpido. Será um pequeno índio, e o seu rosto uma surpresa diferente no meio da multidão. O que diz é sensato, a sua alegria solene (um dever de estado, uma agradável obrigação), a curiosidade uma pulga inquietante na peúga do índio. É um pequeno artista será ele a seu modo, um construtor do futuro no respeito e na coragem, o desprezo divertido pelos bronzes-maquineta, no assobio distraído das suas reflexões privadas. Tropeçará num vestido a imitar o forro dum sofá decadente e darse- á ao trabalho de pedir desculpa pelo sentido estético divergente, o tropeção inadvertido, a mancha invisível da graxa no sapato a macular o guarda-roupa da senhora. Será um cavalheiro antiquíssimo, um bondoso incorrigível, o índio. O pequeno índio pertence a outro mundo que não este, e explora este como quem faz uma expedição à selva: deslumbrado mas à cautela. Nas Portas de Santo

Antão um índio, artista doutro modo de ser, numa variante mais longânime. Scherzo, Allegro, Vivace, Molto Vivace: eis os andamentos nas partituras, que são linhas rectas acneicas, cheias de pontos negros, na cabeça do contabaixista; o homem detém-se entre cada música para trincar um pequeno pedaço do chocolate pousado sobre a cadeira e beber um líquido corado num matiz morango, ofegante e crédulo, como um tenista que recuperasse energias no final de cada jogo do set. Também o contabaixista troca de campo (Andante) sempre que a pauta borbulhenta na mente assim lho exige, ele é o desportista do palco pretendendo enquanto triunfo último o tiebreak das ovações. Não há árbitro no espectáculo senão a disciplina que o músico se impõe, não há juiz mais rigoroso senão um público rendido exigindo mais; o contrabaixista afina o tom e o timbre para deixar passar o altruísmo dum presente intocável, não palpável, mensurável ou estimável em termos quantitativos, inalienável porque corre ele mesmo no ar e no vento e na aragem, no bafo, nos átomos dum sopro que se respira. O feixe de luz índigo estilhaça o céu por dentro, volteia ampliforme no espaço. Mas que faz um índio, nessa mesma noite, na plateia da Grande Gala? Espalha filantropia, que também lá é necessária. Trouxe um potezinho de barro atado com guitas de palha, de maneira que abre a tampa de cortiça, agachado a um canto com manha dissimulada e rente às cortinas, para sacar lá de dentro, na ponta dos dedos, pozinhos de complacência e berlindes piedosos, espalhando-os pelo fundo do cenário. Daimoso nos modos, traz também folhas de loureiro pisadas com perfeição, que se diz hão-de vir a dar sorte àqueles mal-aventurados a quem ela sempre olvida na hora de distribuir honrarias e gratidão; espalha ainda sobre a cabeça dos convivas umas gotas que trazem no miolo ganas de afecto e modos corteses, depois boceja de cansaço, estatela-se no seu assento estofado, cor de carne, e assiste, sorridente, ao desfile das senhoras vestidas de granadina. Ainda nessa mesma noite, o maior espectáculo do mundo decorreu sem problemas: enquanto o índio facilitava bondades no mundo – em parte dele, ao menos –, o nosso contrabaixista dançava, dançava contra o azul muito vivo acompanhado a fliscorne no seu sorriso esmaltado: o trompetista descera por um segundo feixe de luz celeste para fazer o dueto. Debaixo do chão, com escadas em branco metálico subindo, à sua frente, pelo grande buraco, os operários olhavam as nuvens para os lados da Avenida Afonso Costa: nem ameaços de chuva, nem ovnis ou étês: apenas dois homens esforçados relacionando-se honestamente com os respectivos instrumentos, suando o trabalho no corpo e um amplo prazer nos sentidos: ambos surpreenderiam divinamente os homens-ratos, pasmados de morte com aquela obra que diante dos olhos lhes nascia.”


In Cómoda

Manuel Neves Filipe caverna “caminho por este mundo que era suposto ser mundo à minha volta vejo as sombras sem descortinar os corpos as matérias que as enformam sombras de rosas que deviam ser rosas sombras de pássaros que deviam ser pássaros sombras de gente que deviam ser gente de uma criança brinca a sombra até eu fico sem saber que corpo lhe deu a sombra um sorriso que era sombra que os sorrisos são a sombra da alma há-de ser tão bela essa alma nem fingindo o poeta a vê com as palavras que são as sombras as sombras do que ninguém lê.”

http://www.sinapses.net/ebooks/in-comoda.pdf (Download do livro)


A Cueca Bibelô Anabela Natário

“Sou a única a interrogar-se enfrentando a montra. Serei curiosa? Já houve quem abrandasse, quem nem sequer olhasse. Os especialistas chamam stresse a este desapego pelas montras, os especialistas também chamam Ansiedade Erotizada ao prazer de regressar à própria ansiedade. E depois? Encontro-me nesta pequena loja que só vende roupa interior (não resisti ao apelo da cueca) e o empregado brasileiro responde-me que é ótima esta calcinha, tem um elástico tão perfeito que quase não si dá por ele e não envergonha mesmo caindo de suja, além do mais é moda em Itália, e também há estampadas... tudo por apenas algum dinheirinho. Si vendem muito bem, é o que ele diz. Atendendo aos desvarios sugeridos pelo comissionista, será sensacional ter, e ver, pendurada no candeeiro ou exposta no chão do quarto, esta cuecabibelô! Um brasileiro vendedor de moda italiana em Portugal? Talvez não seja mesmo de admirar, aliás, nem entendo o porquê desta minha interrogação. Comprei umas cueca-bibelô. Sou incapaz de abandonar cuecas sujas, de dar pistas para se desvendar mistérios; comprei a peça para oferecer - registe-se. E a quem irei ofertar esta nunca-dantes-usada-linda-cueca com uma porca alada de cores ténues e um amarelo provocador no lugar onde tudo assenta?

Penso: verifica-se um desvio acentuado no típico, mas sem implicações patológicas. Saio da loja - um dado importante dada a firmeza dos passos. Estão quatro pessoas a observar a montra, estão de queixos descaídos e braços sobrecarregados por sacos biodegradáveis cheios de necessidades prioritárias. Olham-se de soslaio e eu observo-as com a satisfação da consumidora entusiástica acabadinha de assaltar um super-hiper. Falo alto. - São giras. Comprei uns pares. Ouço-me a dar gargalhadinhas. As quatro mulheres miram-me incrédulas porque (julgo) anunciei com palmas a minha fala. Digo-vos: às vezes a boca não é minha e as mãos ganham independência, são efémeras as situações, mas sucedem-se. Tentarei evitar a divulgação de outro lapso. Faço este aviso, porque, como sou humana, tentarei evitá-los, descobri-los antes que os dedos me traiam. Continuo a passear por esta augusta rua, ansiando por música. O dito bulício incomoda-me, perturba o intermediário de sensações. Perturbar intermediários? Intolerável!”

http://www.sinapses.net/ebooks/a-cueca-bibelo.pdf (Download do livro)


- Não há espaço para ti, Vociferas lá do fundo. E eu escrevinho violentamente, escrevinho como se fizesse da caneta uma espada e das palavras bravos guerreiros para enfrentar o mundo lá fora. Estás entre mim e o silêncio, escrevo-te todos os dias e todos os dias finjo não saber quem és. Espero-te junto dos parágrafos que nunca ousarei mostrar a ninguém, junto da voz que me chama ridículo quando o coração traz o teu nome e os olhos ameaçam chorar. Para onde vais? Para onde? Fala-me. Peço-te. Dita-me palavras, por mais frágeis e trémulas que sejam as minhas mãos, dita-me palavras para que possa escrever-te, deixa-me contar ao mundo que vives em mim. Posso? És a mulher mais bela do mundo, olho-te quando sorris, vejo-te quando fechas os olhos para voltar no dia seguinte. Dormes em mim. Tens medo, tens frio, apetece-te fugir. Vagabundeamos por aí e chamamos loucos aos que dormem na rua, quando sabemos tão bem que os loucos somos nós. -Fala-me, Digo-te. E, por vezes, ficas apenas calada, como que fazendo-me duvidar que estás aí. Sorris e vais embora, amanhã voltarás e eu nunca saberei se ouço a tua voz, nunca saberei se amanhã conseguirei escrever-te como te escrevo hoje. Quem sou eu? Quem sou eu quando sorrio tolamente ao destino e continuo a ignorar o significado da palavra amor? Eu, que nem a mim me pertenço, que acordo cedo e durmo tarde, para fingir que a vida não passa por mim, para sorrir tristemente julgando-me mais feliz que os infelizes. Eu bem sei: estamos todos tão sós. Há em mim a crueldade de vinte anos que não vivi, as borbulhas que, de repente, se transformaram em rugas, os sonhos que se fizeram em estilhaços de ousadia. Hoje, olho-me ao espelho e não sei se hei-de sorrir ou se hei-de esconder as lágrimas, quando a tristeza do tempo me assolar a alma. Faltam-me as forças, falhame a agilidade, o tempo foge e eu não sei jogar à apanhada. Quando caio já não sei se quero erguer-me, fitar o horizonte e seguir em frente, ou simplesmente parar, esquecer-me do mundo e cair no mais profundo de mim. Dizem-me que não sei o que é amar, dizem-me que adultero sentimentos pelo traço fino da caneta, dizem que não gosto de ti. - Gostas daquilo que escreves, Dizem eles. Como se escrever-te bastasse para fazer de ti a mulher mais bela do mundo. Não tenho quase nada. Não sou quase nada. Eu sei. Mas ficaste em mim, tu e a fotografia que deixaste em minha casa numa noite fria de Inverno em que o vento nos trespassava o corpo e sorria cinicamente dentro de nós. Retrataras o melhor da vida para me entregares num gesto sincero que era o teu, - Amo-te, Que era a palavra proibida que eu nunca saberei ler. Agora, não resta muito de mim. Creio que não resta nada de nós. Guardo-te na gaveta agastada do tempo, guardo-te junto das coisas a que chamo belas, sem saber se tal beleza pode comparar-se a ti. Às vezes acredito que continuas a ser aquele sorriso parado no semáforo, aqueles olhos redondos e brilhantes que ameaçavam saltar para o mundo cá fora e desenhar páginas de sonho no livro das nossas vidas. Mas, quando tudo se perde, encontro-te apenas numa fotografia debotada pelo tempo, numa imagem que és tu e não és tu, que sou eu a querer-te e a sonhar-te, que sou eu a desejar entrar por ela a dentro e beijar-te suavemente as faces. Sorrio. Minto-me. Eu que nem acredito no amor, digo a mim mesmo que um dia voltarás, que um dia daqueles em que tenho muita pressa e o semáforo está encarnado, lá estarás tu, com o mesmo sorriso, com a mesma ânsia de viver, com a mesma força da juventude a saltar-te por todos os poros do corpo. Um dia que nunca chega. Um dia que nunca chegará. Acelero. Pudesse eu acelerar até ti, cruzar-te as avenidas do pensamento, assaltar-te as auto-estradas da alma e dizer-te que, afinal, talvez o amor seja mesmo o sentimento mais belo do mundo. 14 de Maio de um mês sem tempo nem palavras. Escrevo-te. E escrever-te não basta. Gastaria páginas e páginas e tudo ficaria por dizer, todos os sonhos flutuariam nos meus lábios, todas as vozes ficariam a O semáforo está vermelho. Sai tarde de casa e há quase um mês que ando a adiar-me a mim próprio. Serão apenas alguns segundos, depois virá a luz verde, gritar dentro de mim, como se ainda acreditasse que de certa forma poderás ouvir-me. depois virão os sorrisos no lugar das lágrimas, a euforia em substituição das frias noites de tristeza. Ouves-me? Ouves esta voz que te chama? Estas palavras que lutam constantemente contra o papel para saltar-te para dentro do peito? Ouves-me? Doem-me as mãos pousadas suavemente sobre o volante da vida. Para onde vou? Para onde vais? Se calhar também não te apetecia nada parar, se calhar tamFaz silêncio. Estou aqui. bém saíste tarde de casa e te esqueceste de dizer “até logo”, se calhar também choraste, se calhar às vezes também te apetece morrer. Sou um sussurro, sou o medo, sou o frio, sou as noites sem dormir que a tua lembrança guarda junto de todas as partes do meu corpo. Não olho muito para ti. Tenho os olhos cansados, o olhar viciado como um baralho de cartas exausto de noites de copos e miséria. Bem te disse que éramos um instante: tu e eu, apenas um instante. O semáforo fechado e nós dois. Um instante. Paraste a meu lado no semáforo e por mais que queiras fingir, a nossa vida nunca mais será a mesma. Sorrir-te-ia. Era o que faria, se os minutos, de repente, fossem horas, se os rios fossem oceanos, se as sementes fossem árvores, se o meu sorriso fosse o teu Sou ridículo, eu sei. Sou um ser estranho. Há quem me ame e quem me odeie, há quem me abrace e quem me afaste. Que podes fazer tu, que nem me conheces? mais profundo sentir. Que me olhaste breves instantes sem saber porquê, sem saber de onde vimos nem para onde vamos. Sorrir-te-ia como menino inocente, dir-te-ia que foste a minha flor, amar-te-ia até ao último centímetro deste coração que ainda chama por ti. Não entendo nada de amor. Nunca saberei responder às perguntas de uma alma vazia, nem tão pouco preencher os espaços que te separam do mundo lá fora. - É tarde, Sou uma palavra em branco, um verso solto, o cidadão perdido que estagnou em si para não mais envergonhar-se daquilo que um dia sonhara. Dizem eles. E tu, quem és? A música está demasiado alta e sorris, posso não conhecer absolutamente nada, mas conheço-te o sorriso. Isso bastar-me-ia para amar-te até ao É tarde, quando me rodeiam e me chamam, quando vêm vestidos de negro e trazem nas asas a capa da morte, quando me tocam e não sinto, quando me olham fim dos meus dias. e não vejo. É tarde, quando chamam por mim, quando o bombeiro extenuado pousa as mãos sobre o meu peito. É tarde, quando a palavra se torna apenas dor, O sinal continua vermelho. De repente, os minutos são horas e as horas disfarçam-se de minutos. quando as sílabas se desfazem em sofrimento. Desculpa. O semáforo estava vermelho e eu vinha distraído. Não parei. Naquele dia soube exactamente que não E eu, que todas as manhãs ousara rabiscar sonhos no caderno da vida, hoje, apenas perdido, apenas nu perante o teu olhar, apenas um homem parado no semápoderia voltar a encontrar-te, que jamais me cruzaria com a beleza do teu rosto, porque era maior a certeza de que vivias em mim: para sempre. Por isso, não foro. parei. De que serviam os semáforos vermelhos se tu lá não estivesses? De que servem os sorrisos, quando os teus lábios ternos e doces desistem de sonhar? Soubesses tu, que tal como o automóvel, por vezes, também eu me revelo incapaz de avançar, incapaz de trocar as cores do semáforo da vida e seguir em frente. Ainda te escrevo, ainda estou aqui, não te esqueço, nunca te esqueci. Não te direi o meu nome. Sou o silêncio nas manhãs frias em que nos apetece atirar palavras à rua e escrever o amor nas pedras de calçada. Quando cheguei perguntaram-me qual a última coisa que teria feito, Sou cobarde. - Sorrir-te, Tu sabes e eu sei. Apenas os cobardes param no sinal vermelho da vida. E eu parei, fiquei, morri, hei-de morrer todas as vezes. Respondi. Diz-me. Para onde vais? Para onde vais quando a memória de ti me passa pela mente como fotografia falseada da realidade? Para onde vais quando quero agar- Não sei se é verdade, mas creio que naquele instante te sorri. rar-te e esquecer que os dias, às vezes, são apenas uma sucessão de horas sem sentido, um aglomerado de gente ridícula que nos corrompe a alma e os sentidos. Seguro entre as mãos aquilo que somos, o que transportamos para o mundo…quase consigo sentir-te o coração, quase consigo sentir-te as palavras, as músiPara onde? cas, os rabiscos atabalhoados numa folha de papel. Somos arte. Como todos os outros. Arte nas mãos habilidosas e cruéis de um artista. Chamam-lhe destino. Longe ou perto? Não sei o seu nome, tal como nunca poderei saber o teu. As coisas mais belas da vida, são afinal palavras em branco, traços finos em esboços sujos e cansados, Responde-me. olhares sinceros em mundos corrompidos pela ganância e pelo poder. Se calhar não eras nada. O amor é a simplicidade de um momento sem certezas, de um Sabes, eu queria ser escritor. Talvez escrever o mundo, esculpir na folha de papel, dissera tantas vezes… Escrever os rostos sábios e cansados, escrever a vida, rosto sem porquês, de um adeus que quer sorrir, mesmo quando os olhos ameaçam chorar. Vigésimo dia de um tempo perdido. Eu bem te disse que era ridículo, escrever os passos pela rua. eu bem te disse que não sabia sorrir. Vagueio pela casa e escrevo o amor com caneta permanente, para que nada possa apagá-lo, para que nada possa impedirRoubaram-me a caneta, roubaram-me a alma, saquearam-me o sonho. nos de ser aquilo que um dia fomos. - Ninguém nasce para escrever, Palavras em branco. Sorrisos esquecidos. Ou quem sabe, apenas um semáforo vermelho, daqueles que tantas vezes nos obrigam a parar. Disseram eles. A sua voz lá no fundo, a sua voz cada vez mais forte. Não tenho pressa. Toda uma vida seria insuficiente para escrever-te, por isso, deixo-te nas entrelinhas daquilo que sou, para que possas ler-me por dentro, para Eu queria ser escritor. Ninguém nasce para escrever. que possas sorrir-me enquanto te beijo suavemente as faces. Às vezes sou eu e não me pertenço. Um dia perguntarás, - Quem és? , E eu não saberei, eu não sei se algum dia poderei saber. Talvez invente qualquer coisa, no amor vale tudo. Se calhar sou daqueles que não sabe quem é. Já pensaste nisso? Sou daqueles que acordam e sentem que não são nada. Rir-te-ás de mim. Afinal, nem eu nem tu somos nada e somos ambos o nada que somos. Espalho papéis pela casa, gosto do cheiro de folhas misturado com o teu perfume pelo ar. Gosto de sorrir-te quando me dizes que o que escrevo não presta.

Luzes Isa Mestre


Considerada a "primeira tragédia carioca" do dramaturgo Nelson Rodrigues, a peça "A falecida" ganha uma nova versão para os palcos nesta sexta-feira, com direção de João Fonseca e estrelada por Rafaela Amado e Guilherme Piva. A montagem fica em cartaz no teatro que leva o nome do renomado escritor, na Caixa Cultural. A peça narra a vida de Zulmira, mulher de classe média-baixa, figura típica dos papéis femininos do universo rodriguiano.

A Falecida

Tuberculosa, ela acredita estar perto da morte e planeja obsessivamente os detalhes de seu próprio enterro. Em seus delírios, vê-se perseguida pela prima Glorinha, que subitamente deixara de falar com ela. No leito de morte, pede ao marido, Tuninho, um enterro de luxo, para que a prima morra de inveja. Fonte: zymboo

Nelson Rodrigues

“Em cena, quatro rapazes, inclusive Tuninho e Oromar. Numa mesa imaginária, dão tacadas, também imaginárias. O único dado realístico do ambiente é o taco, que cada um dos presentes empunha. Sem prejuízo do bilhar, discutem futebol. Oromar passa giz no taco. Sempre que um parceiro dá uma tacada diz “pimba”) Oromar – Vais ao jogo domingo? (Simultaneamente com o diálogo dos dois, há uma discussão patética entre os outros parceiros). Parceiro no 1 – O Carlyle nunca foi jogador de futebol! Tuninho – E tu achas que eu vou perder um jogão daqueles? Parceiro no 2 – Quem? O Carlyle ensopa o Pavão! Oromar – Pra teu governo – O Fluminense vai dar um banho. Nem se discute! outros parceiros). Parceiro no1 – Jogador profissional, que me perdesse um pênalti, eu multava! Tuninho – Pimba! Sou Vasco e dou dois gols de vantagem! Oromar – Você é besta! Parceiro no 2 – Entendo muito mais de futebol que você! Tuninho – Queres apostar? Parceiro no 1 – São uns palhaços! Oromar – O Ademir joga? Parceiro no 2 – Vocês ganharam no apito! Tuninho – Não sei, nem interessa. Queres ou não queres? Oromar – Quanto? Parceiro no 1 – S. Cristóvão, aonde, seu? Tuninho – Cem mil. Parceiro no 2 – Conversa! Conversa! Oromar – Dois gols de vantagem, eu topo. (Tuninho estende a mão que o outro aperta.) Parceiro no 1 – Uns pernas-de-pau! Tuninho - Casado? Oromar – Casadíssimo!

Parceiro no 2 (gingando) – Porque eu sou é homem! (Consumada a aposta, Tuninho exulta). Tuninho – Vou te dizer mais: estou desempregado e outros bichos. Quer dizer, na última lona. Mas estou tão certo, tão certo, que vai ser uma barbada daquelas, que te juro, sob minha palavra de honra, que se eu tivesse dinheiro, sabes o que eu fazia, no domingo, queres saber? Oromar – Você é bom de bico! (Tuninho está numa verdadeira euforia). Tuninho – Espera, ouve o resto, seu zebu! Eu entrava no Maracanã. Muito bem. Vamos dar, de barato, que umas cem mil pessoas assistam ao jogo. Oromar – Cento e cinqüenta mil! Parceiro no 1 – Menos! Menos! Parceiro no 2 – Mais! Mais! Tuninho - Seja cento e cinqüenta ou duzentas mil pessoas. Não importa. Aí morreu o Neves. Pois eu, se tivesse o dinheiro, dinheiro meu, no bolso, eu sozinho, apostava com duzentas mil pessoas no Vasco. Havia de esfregar a gaita assim, na cara de duzentas mil pessoas, desacatando: Seus cabeças-de- bagre! Dois de vantagem e sou Vasco! Te juro que ia fazer a minha independência, que ia lavar a égua! (Súbito, todos estacam, entreolham-se). Os três (simultâneos) – Que foi, que foi? Tuninho – Aquele pastel que eu comi, parece que me fez mal. Chi! Vou chispando pra casa! Bye, bye! (Oromar apanha um jornal.) Os três (uma voz única) – Olha o jornal! (Foco no centro da cena. Zulmira vai entrando com um banquinho e dirigindo-se para o foco. Todos deixam a cena. Luz sobre Zulmira, que senta-se no banco e pôe a mão no queixo, numa atitude de “O Pensador”, de Rodin. Entra Tuninho com o jornal na cabeça e aflito. Está diante do imaginário banheiro. Torce o trinco invisível.)”


CIN

EM A #04

HairLady Haunted Drawers Three Beauties Seville Rock Bottom Riser Glass Crow Boltactionbelief The Murder Manifesto A Double Entendre La Captive The Market


HairLady

Synopsis Hairlady began as a time-lapse photography experiment. First, the subject’s head and face were shaved. As hair growth proceeded, two identical digital photos were shot per day (approximately 12 hours apart) for four months, the subject ending up extremely hairy. On the final day an HDV video camera was mounted where the still camera had been and the resulting video footage was shot, following the subject to meet the titular Hairlady (Miriam Escovitz).

Net

Cast Miriam Escovitz, Hairlady Oleg Skrashevskiy, Barber Crew David Birdsell, Director David Birdsell, Editor David Birdsell, Writer Amro Hamzawi, Assistant Camera Martin Hynes, Assistant Camera Byron Shah, Cinematographer Artichoke, Composer/Musician Jason Moss, Composer/Musician Richard Strauss, Composer/Musician Festivals SF Shorts DC Shorts LA Shortsfest Raindance Portland Short Short Film Festival Tarfest FilmPop Hawaii International Film Festival Amsterdam Film Xperience AFI Fest Byron Bay Film Festival Victoria International Film & Video Festival AFI Dallas International Film Festival Bermuda International Film Festival Ann Arbor Film Festival Calgary Underground Film Festival Indianapolis Film Festival Hamburg International Short Film Festival Los Angeles Film Festival Mecal International Short Film Festival HDFest Toronto After Dark Film Festival Akbank Short Film Festival Glimmer – Hull International Short Film Festival Awards Byron Bay Film Festival – Best Experimental Film Victoria International Film & Video Festival – Best Short Film Hamburg International Short Film Festival – Special Mention Glimmer – Hull International Short Film Festival – Glimmer International Award

http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=1034536 (Download do filme)


Haunted Drawers Synopsis Weary from a long day on the road, Barry and Liz check into a motel. While Liz freshens up in the bathroom, Barry discovers a forlorn pair of underwear in a chest of drawers, and when circumstances force him to put them on, he becomes a completely different person with less than noble intentions. Unaware that he is possessed by the undies, Liz mistakes Barry’s homicidal advances for romantic playfulness. What’s lurking in your drawers? Cast Christine Anagnostis Dustin Leary Hunter Vo Crew

Brendan Kruse, Director Brendan Kruse, Producer Tommy Maples, Producer Brendan Kruse, Writer Tommy Maples, Assistant Director Dustin Leary, Cinematographer Devon K. Lee, Gaffer

http://www.undergroundfilm.com/ films/detail.tcl?wid=1034438


Three Beauties

http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=1034318 (Download do filme)

Synopsis Student Academy Award Winner! Follows the lives of three girls living in the slums of Dhaka,Bangladesh. The first girl, Labli, is 7 years old and stays home to take care of her younger sisters. The second girl, Julie, is 14 and worked 12-hour days at a garment factory 7 days a week for less than $13 per month. The last girl, Ruba, is 16 and getting married to her 30 year old cousin against her wishes. Three Beauties focuses on how these girls from the slums fall into lives tarnished by poverty, corruption, and unjust social practices. Awards Student Academy Award winner ‘06 Filmmaker Bio Originally from Bangladesh, Student Academy Award winning writer-director, HOSSAIN was born in the small Gulf country of Bahrain. Shortly afterwards his family migrated to the melting pot of Arabia, United Arab Emirates. Growing

up in the capital - Abu Dhabi, he was exposed to the good, the bad and the ugly side of Middle East from an early age. The economic, social and racial disparities between Bangladeshis and Arabs would make an indelible impression on him. HOSSAIN first took on the camera in high school to make an experimental short film about an atheist living in a predominantly fundamentalist Muslim society. Encouraged by the reception of the film he continued to make short films while attending Purdue University (West Lafayette, IN) where he studied Business Management and minored in Film Studies and Marketing. Summer 2005, HOSSAIN traveled to Bangladesh in order to make a short documentary about the lives of three girls living in the slums of the capital, Dhaka. The 25 minute film titled Three Beauties won the Student Academy Award in 2006. Currently HOSSAIN is developing a feature length screenplay about the September 11, 2001 experience told from the perspective of an an Arab student studying at a Midwestern university in the States.


Seville Synopsis This is a snap shot from a trip to Seville, in Spain. It was one of my first of experiments with 2D animation and music. Filmmaker Bio I am an artist from England. I studied animation and illustration at Kingston University. I have always loved making music and so I decided to blend my songs with my animation.

http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=1034502 (Download do filme)


Rock Bottom Riser by Smog http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=1034505 (Download do filme)

Synopsis Music video for the song Rock bottom Riser by Smog. From the album ‘A River ain’t too much to love’. Hundreds of ink paintings form the basis for a dreamy and flowing animation, randomly moving from image to image we travel deep into the murk of a distant memory rising to the surface. Hand drawn artwork animated in after effects.

Filmmaker Bio Brendan Cook: Brendan Cook is an animator, designer and director from Sydney, whose music videos, short films and commercial works have won awards and screened in festivals throughout the world. Brendan graduated with honours in 1997 from The College of Fine Arts UNSW, he then began working as a web designer and animator for new media pioneers GoManGo before Crew moving into Broadcast Design and animation Brendan Cook, Animator at multi award winning industry leaders GMD. Paul Mcneil, Illustrator Whilst building his professional design and animation career Brendan also developed an interFestivals est and talent for film making, completing 2 short LA Film Festival 2007 Melbourne International films which have screened internationally receivfilm Festival 2007 Pictoplasma 2007 Resfest 10 ing awards in numerous film festivals. In 2002 2006 onedotzero 2006 Ottawa International Ani- Brendan created the Sydney based design and mation Festival 2006 Holland Animation Film animation studio pictureDRIFT, providing exFestival 2006 Bradford Animation Festival 2006 cellence in creative services within the film and Edinburgh International Film Festival 2006 Prix television industry. Brendan has also continued Ars Electronica 2006 developing as a film maker through many music video projects for artists including the Cops, Paul Awards Mac, Smog, Gotye and Clare Bowditch, which SoundKilda Film Festival 2006 Winner Best Mu- have both screened in over 15 international film sic Video Animation / Best Music Video Audience festivals throughout 40 countries. Award


Glass Crow Synopsis A poetic mediation on the defenestration of Prague - the spark which ignited the Thirty Years’ War.

CA # 2005 MAR Tiburon International Film Festival, Tiburon, CA # 2005 JAN Standing Rock Film Festival, Kent, OH # 2005 JAN San Francisco Art Institute International Film and Video Festival, S.F., CA # 2004 NOV LA Film direction, animation, editing by Steve SubotForum, Los Angeles, CA # 2004 OCT Ottawa nick; music by Alexander Stolmack-Ness and International Animation Festival, Ottawa, CanJoan LaBarbara ada # 2004 AUG Bearded Child Underground Film Festival, Grand Rapids, MN # 2004 AUG Crew Hiroshima International Animation Festival, Alex Stolmack-Ness, Composer/Musician Hiroshima, Japan # 2004 APR Portland PDX Joan LaBarbara, Composer/Musician Film Festival, Portland, OR # 2004 APR Boston Museum of Fine Arts, Boston, MA “Evening Festivals w/ Steven Subotnick” # 2004 APR Balagan Ex# 2007 JAN First Place Black Maria Internaperimental Film and Video Series, Boston, MA tional Film and Video Festival # 2006 JUN Ani- # 2004 MAR The Tank, New York, NY # 2004 mation Award Flaherty Film Seminar # 2005 MAR Cincinnati Art Museum, Cincinnati, OH MAY Shoestring Award Rochester International “Cartoons from the Culture Lab” # 2004 MAR Film Festival # 2006 JUN SlamDance Online Ann Arbor Film Festival, Ann Arbor, MI Film Festival, Anarchy, Los Angeles, CA # 2005 SEP Antimatter Festival, Victoria, BC, Canada Awards # 2005 AUG London International Animation # 2007 JAN First Place Black Maria InternaFestival, London, UK # 2005 AUG Street Mov- tional Film and Video Festival # 2006 JUN Aniies, Philadelphia, PA # 2005 JUN Melbourne In- mation Award Flaherty Film Seminar # 2005 ternational Film Festival, Melbourne, Australia MAY Shoestring Award Rochester International # 2005 JUN Festival of Nations, Linz, Austria # Film Festival 2005 MAY AniFest, Trebon, Czech Republic # 2005 APR HiLo Film Festival, San Francisco,

http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=10344825 (Download do filme)


Boltactionbelief The Murder Manifesto Synopsis BOLTACTIONBELIEF’s latest video keeps the tradition of high quality production and theme. This time we find the band portraying infamous tyrants past and present. Directed and written by Wayne Lucina who also shot their DREAD video in 2005. Cast BOLTACTIONBELIEF

http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=1033499 (Download do filme)

Filmmaker Comments Filmed with DV cameras and edited on Final Cut Pro. Costuming and Set Design took considerable time during month long shoot. Well worth it for the result.

Filmmaker Bio Got the film sickness early on in life. Started making S8 films in school.Progressed to writing and directing an independent film titled “Lands and Grooves” (1998 Ohio Independent Film Festival). Shot “Low Budget Gangsta” in 2004 and watched it on the Big Screen at The Hollywood DV Fest in Dec 2005. It was quite a trip. Didn’t win, but oh well! Our video DREAD gets Best Music Video at The Delaware Valley Film Festival in Nov 2006! Finally, a festival that rewards real underground filmmakers! Please support this festival! Go to delvalfilmfest.com


A Double Entendre Synopsis An 8 second turn of a phrase. Filmmaker Bio Westland Armitage is a filmmaker stationed in Northern California. Currently, his films are surreal explorations of bedroom theater; the sexual and power struggles between women and men, good and evil, life and death. His films have screened in various film festivals in Europe and North America.

http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=1034455 (Download do filme)


La Captive Synopsis Hidden from one’s eye, in the far end of the crypt, a syncopated fight begins. This strange woman that nothing frightens more than herself, it’s her, the Captive, prisoner of her own body. Tormented soul, prey of unfathomable mutations, monster-woman, woman-monster, your fight reveals intimate fearsome eruptions, your resignation is wise, tomorrow is an other day and everything will start again. Once upon a time a strange manor house overhanging the town... Cast Muriel Siri Crew Véronique Rivera, Director Véronique Rivera, Editor Véronique Rivera, Producer Collectif ABATWAR, Set Designer Véronique Rivera, Still Photographer Festivals Court Devant Paris France 2007 Filmmaker Comments Made from black & white photographic film digitally reworked Filmmaker Bio I start Photography when i was sixteen. While i was studiyng plastic arts, with

audiovisuel option at Montpellier university, i work as a « Pigiste » writing some small editorials, taking photos for a local newspaper office, from 1985 to 1990. 1992/1993, i was in London as an «aupair». I spent my free evenings to write and my firsts short film screenplays were born in those sweet moments of solitude. When i came back i did severals professional training about picture, graphic art, cinema & video to round off my university studies. Since 1997, i alternate work time as an Artist with work time as a video and photo training teacher in artistic expression workshop with many public, children, teenagers at school, high school, sparetime activities center, also with adults people. As i participate to a think tank group about education to the Medias, i feel very much involved in this subject. About photo : I do Photo exhibitions, personal or collective ones for differents private or public cultural events. I did participate to a photo meeting and exibition workshop with 30 européans photographers in France, Greece, Germany and Portugal, i was the french group organizer. About video : since 1993, i write shortfilm’s screenplay, short stories, and i work on short art video films. I often work with still images, it’s difficult but it gives such a poetic and dramatic dimension... it gives also a big part to imagination.

http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=1034297 (Download do filme)


The Market Synopsis The Market is about buying groceries and preparing food for winter. It deals with the tendency of the buyers to buy domestic products, considering them better than those foreign and imported, no matter the method of their cultivation. The Market explores people’s behavior during ordinary, everyday shopping in market places.

Tabor, Croatia * Jury prize, animation, experimental film and music video category, Film festival 600, Celje, Slovenia and more!

Filmmaker Bio Born in Zagreb in 1977. Studied multimedia and art education department graduating in 2002 from the Academy of Fine Arts Zagreb, Croatia. Attended number of Festivals Croatian and International festivals and Over 130 festivals! shows. At the moment working on Academy of fine Arts - Department of animated Awards film and new media. One of organiser of * Best short film, International CompetiFreedom to Creativity!, Free Culture, Scition, International Panorama of Indepenence and Technology Festival, Zagreb. For dent film makers, Patras, Greece * Best her last film she recived several internaexperimental short, Expresion en corto tional awards. Her last two videos are pubinternational film festival, San Miguel de lished under EGOBOO.bits label, Creative Allende, Mexico * Grand Prize, aniMOCommons Attribution-ShareAlike 2.0 liTION festival, Sibiu, Romania * Best doc- cence. umentary film, Tabor film festival, Veliki

http://www.undergroundfilm.com/films/detail.tcl?wid=1034514 (Download do filme)


Mร

SIC A #05

bubble bath Out With a New Mรกrcia Santos Hiata Atom Size Elephant Merankorii Loyal Ashes THE BOUNDARY Les Baton Rouge


bubble bath Pedro Azinheira Seguidor de alguns génios criadores, como Manyfingers, Aphex Twin e Craig Armstrong, bubble bath é o projecto pessoal de Pedro Azinheira, que surge da necessidade da criação de algo individual/pessoal sem qualquer partilha ou cruzamento de ideias. Na linha do minimalismo/progressivo, experimentalismo/ambiente, movimenta-se na introspecção, na incerteza, na divagação, no descomprometido...


Os Out With a New (OWAN) surgem em 2006 na cidade do Porto. Depois de percorrerem alguns palcos do país em formato acústico decidem renovar o seu som e direccioná-lo para ambientes mais eléctricos. Nos finais de 2006 e com a entrada de um novo membro os OWAN redefinem o seu som, criam novos temas e assumem uma nova formação com 3 elementos (Voz e Guitarra, Baixo e Bateria). Ainda em 2006 os OWAN partem

para estúdio para a gravação daquele que viria a ser o primeiro EP da banda. Com produção a cargo de Syul o som dos OWAN viria a ganhar novos contornos e a assumir definitivamente características que os possibilitam distinguir dos demais. Em 2007 o EP é dado como finalizado. Ainda este ano os OWAN fizeram uma 1ª apresentação no programa de televisão do Porto canal – Aquário. Agora na sala de ensaio preparam as actuações ao vivo.


“Fraise avant-garde”

“Fraise avant-garde” Márcia Santos

Márcia Santos, Lisboa 1982. Artista plástica, estudou Pintura na F.B.A.U.L. entre 2001-2007, onde desenvolveu o interesse pelo género documental e cinema de autor. Dedicando-se às artes plásticas e à musica em paralelo, passa em 2003 pelo Hot club de portugal a estudar canto, tendo preferido o ensino particular durante os dois anos seguintes. Em 2006 realiza o seu primeiro filme documentário “MANA” e em 2007, o seu segundo, “Bien Arrivé”. http://www.myspace.com/fraiseavantgarde


Hiata HIATA surge no Outono de 2005, usando as novas tecnologias como forma de criar e comunicar ideias entre os 3 elementos fundadores de HIATA: Tai (voz e produçao), Gito (voz) e Al (composição e instrumentos). A banda era estritamente virtual, sem ensaios nem espaço fisico de encontro, apenas pela internet. As musicas foram ganhando forma, apenas com o intuito de satisfação pessoal e evolução musical.

e da sua performance em palco, interagindo bastante com o publico presente.

Destaca-se em 6 de Julho de 2007, a presença no Festival Musa, onde actuou com Asian Dub Foundation, sendo este o terceiro concerto da banda. Destaca-se também no concurso Superbock/Superrock Preload 2007 no qual se qualificou em 1º lugar escolhido pelo Após ano e meio, o resultado foi a edição indepen- público. dente de um albúm denominado “Poisoned Waters” e gravação de um video-single “i might live again” Hiata vai lançar novo video clip ainda em 2008 em Dezembro de 2006. para a musica “Poisoned Waters”, que servirá Em janeiro de 2007, pela necessidade de matericomo segundo single do albúm “Poisoned Waters”. alizar a banda, juntaram-se ao projecto: Este video clip será realizado, ilustrado e animado Trunfa(baixo), Santos(guitarra) e Ben(bateria). Pelo artista João Rubim. Este estará os proximos meses a trabalhar intensivamente no video, em lonHIATA tem contado com o apoio de vários orgãos dres. de comunicação social, radios,revistas e internet. Para mais informações sobre este artista vejam os Recebendo criticas bastante positivas do som crisites www.ballsforeveryone.blogspot.com; ado e ambiente envolvente devido ao uso de sam- www.aquinocanto.do.sapo.pt ples,


Musica ambiental/experimental/electronica em constante mutação...tudo começou em 2000... um grupo de amigos que procura na música, na palavra, no cozinhado de experiências sonoras fugir do prazer efémero e precário dos ritmos e melodias previsíveis... alcançar o prazer, o humor, a crítica, a arte, ou nada disto... apenas brincar e partilhar. Num mundo de trabalhos e prazeres precários, querem a utopia da diversão eterna... ou, pelo menos, tentar!


Merankorii Merankorii nasceu no início de 2004 como um projecto de Mind Booster Noori, um sketch cultural com um toque melancólico e depressivo. Desenvolveu-se no que poderia ser um filme esquisofrénico, mas tornou-se, em vez disso, em “poesia de uma alma melancólica”, um som escuro que pode ser ouvido no primeiro CD, “O Monólogo do Mudo”, lançado em Abril de 2005. Quatro meses depois, “O Monólogo do Mudo” já se encontrava esgotado, mas as gravações do segundo trabalho de Merankorii, Crash, já estavam a decorrer... e no Solestício de Inverno de 2005, a 21 de Dezembro, foi lançado Crash numa edição limitada a 50 cópias. Merankorii assinou com a recém-criada editora indie Portuguesa “Nekrogoat Heresy Productions” para marcar o lançamento do terceiro album de Merankorii “Melencolia III”, que foi lançado a 15 de Janeiro de 2007. Quatro meses depois, a 15 de Maio do mesmo ano, foi lançado o quarto album de Merankorii, “Sanguine”, num split com a banda Bardic Wisdom numa edição de 50 cassetes e 50 CD’s. No decorrer deste percurso, Merankorii participou em várias compilações, incluindo a compilação Portuguesa de Dark Ambient “Falésia”. Desde Setembro passado, Merankorii também passou a disponibilizar mais um mp3 por mês dos seus albums anteriores. Agora, em Março de 2008, Merankorii vai lançar o seu quinto album, “A Viagem”. Este album vai ser lançado numa edição DIY numerada de 30 cópias e com um packaging requintado.


l a y o L

a sem u r e z s tão fa pessoa n e e o o i d i o aneiro d p J i c e m d e gir a r o r, tend cembe a e t i . D a d t c e e i r ão das s e c ç ú a w u m a S d o a o r l d e p ado p dição na flau tra. A ecto n e x p i o s a e o x a f d i s n a s a m a u p x i u g 5 fa ica, m i um a eram s m o v s f o i a t c l e r c o 8 p ã a 0 lso, s ç c 0 i u o i l 2 d s p e e Sem ú e p m a d i a m d e s segun u pela grand meiro baixo o i a r ç o m d e p u o s s i ente m i a e o i o o m v f p u a C ó i i s e t i r c l n e o a s e p s n e s ai sio que l. D mbiis profis a dedicar-se m em Fevereiro a ta tenor da arte musica , o piano e o a m ost ios nte, a nçou levou p e a l o o m o e e e t t u n a y Pern q libertár a r a e t r l o c e a e r t e t i r D n u s s i g E 1 a ,a m to. ‘1 e o rock ria e o indie, e o projec EP intitulado a ate orar os o l 08 um s p 0 r x 2 u e c ent, a b a. e do-se e o d r n d a s n r t o a t n n n o e e r c ic m s. En tas po e ion ‘, t t o t n n p gunelectron nero que, com e e e i e c s b d o s m a a a r n e gé nte ns r pa Aquele zer voar em ce improvisado, ovos so nto a trabalha n io fa e mome t s poderia s no meu estud e n ovos n e t , e s a r n o , l r o e h m t á albu , junt ginar ela in umas o a a p r d i r m e i . a n s ç a a o i n r g a itos. de am al mi u o u a t a s p a s u r á e o n g i d a s t , n o n s o o co faixa barat ns tod 3 o d s c u m s o e m o c 2 u r e a e cri EPs de ópia de lbum Sweet D m c a m u r ivel e eiro a n m o oferece i p r s p i d u ando mais s o se Compô go de 2007, fic as aos amigos pi on ber ao l , e ofereceu có ro rDezemb Começou a su os. próxim


Ashes Banda originalmente formada no inicio de 1998. Em 2001 com uma formação mais semelhante da actual começa-se a formar um som mais consistente orientado para o postgrunge. Em 2003/2004 ocorreram diversas mudanças na banda, incluindo a troca de vocalista e a entrada de um violonista, e uma direcção do som para um rock/metal alternativo, que se mantém até à data.

regional e nacional. Em Dezembro desse ano integraram uma compilação nacional intitulada Corpos Garagem Vol. I promovida pela Corposeditora. Já em 2007 conquistaram o 1º lugar no Festival Rock do Oeste organizado pela XEventos, e o 1º lugar no 3º Concurso Nacional de Bandas – Música Moderna organizado pela Câmara Municipal do Entroncamento.

A 5 de Outubro de 2007 lançam finalmente o Ao longo de tantos anos de progressão acaba- seu EP de autor, totalmente gravado, misturado ram por reunir diversas influências, o que ree produzido pela banda, sem recurso a matesulta num som muito próprio e variado, onde rial, espaço ou pessoal profissional. Este tem surgem momentos de alguma fúria e frustração sido muito bem aceite, indo já numa segunda em ritmos carregados junto com outros mais edição. melancólicos e envolvidos numa aura ambiental. Para tal são essenciais as melodias das guitarras, uma poderosa secção rítmica, um violino usado de forma excêntrica, e vocalizações muito variadas. Já foram requisitados para diversos tipos de actuações, tanto em espaços fechados como ao ar livre. Destaque para a participação conquistada na Festa do Avante! 2006 através de concurso


THE BOUNDARY

The Boundary são de Almada e pouco mais há a dizer pois é um projecto que só agora começa a dar os primeiros passos, tendo como princípio, tocar…tocar muito. Vivem em função da música e dividem as suas vidas de adolescentes entre as obrigações de completar os estudos e o sonho de fazerem da música modo de vida. O elemento mais velho, Gamito de 19 anos é o mentor dos The Boundary, cujo nome surgiu algures num bar marroquino quando

a imaginação voava alto e os efeitos alucinógenos dos cachimbos mágicos já se fazia sentir…qual alibaba e as mil e uma noites! Para além das referências dos discos de vinil dos pais têm como banda “estandarte” The Strokes. Esperamos que o EP que gravaram recentemente nos estúdios “Mad Dogs” em Corroios seja o princípio do tal movimento de música alternativa que o colectivo anseia começar na cidade Natal. Fonte:OPA


Les Baton Rouge

Suspiria e James cresceram nos subúrbios de Lisboa, com muita de vontade, mas nada para fazer! Daí que a única coisa que os animava eram os antigos televisores que atiravam em pontes.

Crocodilo Café (Seattle), bem como vários programas de TV como o Chic-Go-Go (Chicago), Fearless Music (Nova Iorque), Texas Live TV (Texas) concertos radiofónicos ao vivo por toda a Europa e pelos EUA.

Corria tudo bem, mas não lhes chegava! Assim, Tocaram também em locais fora do habitual cirno final de 1998, iniciaram uma banda Punk / cuito Rock´n´Roll tais como; bibliotecas, stripe New Wave que chamou a atenção de putos punk clubes, nas prisões e instituições psiquiátricas. e da polícia. Já partilharam palco com artistas como Sylvain Após intensa turnê em Portugal, eles deixaram o Sylvain (New York Dolls), Marky Ramone (RAseu minúsculo universo e mudaram-se para Ber- MONES), Jello Biafra (Dead Kennedys), Peachlim de 2002 até 2006. es, Dick Dale, Tim Kerr (Big Boys), The Hives, Joan Jett, Franz Ferdinand, Toy Dolls ... entre Tocaram em várias bandas desde 1994, como muitos outros. Everground ou Kiute Loss, mas foi com os Les Baton Rouge que eles começam a fazer turnês A sua última gravação, My Body-The Pistol, foi mundiais, incluindo duas grandes turnês na Eu- lançado no início de 2004 pela Elevator Music ropa (Portugal, Espanha, Alemanha, Bélgica, Records em Nova York, e conta com a produção Holanda, Inglaterra , Áustria) e 3 nos E.U.A, e colaboração do mítico Tim Kerr e entrou dipassando por festivais como SXSW (Texas) ou rectamente para o CMJ American Charts, receclubes como o CBGB’s (Nova Iorque), Maxbendo imenso feedback por todo o mundo. well’s (Hoboken), Silver Lake Lounge (LA) ou


As propostas de publicidade devem ser enviadas para aculturarte@sapo.pt


A seguir Il resto di niente (“O Resto de Nada”) Antonietta de Lillo, 103’, 2004 – v.o. leg. em pt. 6 Junho, 21h30 Antestreia nacional Mio fratello è figlio unico (“Meu Irmão é Filho Único”) Daniele Lucchetti, 100’, 2007 – v.o. leg. em pt. Com a presencia da actriz Diane Fleri Cinema King - Lisboa Apresentar obras do novo cinema italiano de autor, reconhecidas pelo crítica e pelo público, e que foram exibidas em outros festivais de cinema. Este é o objectivo a que se propõe a primeira edição da mostra de cinema 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que decorrerá no cinema King, em Lisboa, de 5 a 11 de Junho. Organizada pela recentemente criada Associação Cultural Il Sorpasso, esta mostra dará ao público português a oportunidade de ver filmes de jovens realizadores italianos, ainda pouco conhecidos em Portugal, a par de nomes internacionalmente consagrados. Com o objectivo de contribuir para o fortalecimento das relações culturais já existentes entre Portugal e Itália, a Il Sorpasso organiza a primeira Festa do Cinema Italiano em parceria com a Embaixada de Itália, o Instituto Italiano de Cultura e a Filmitalia. A par da exibição de uma dezena de filmes, a 8 ½ Festa do Cinema Italiano contará com a participação de convidados nacionais e italianos e, também, com diversas actividades paralelas. A destacar desde já a exibição de “Una Ballata Bianca”, de Stefano Odoardi e “N (Io e Napoleone)”, de Paolo Virzì, que contará com a presença do realizador. *

SALA 1 – CINEMA KING

5 Junho, 21h00 Com a presencia da actriz Maria de Medeiros e os realizadores Antonietta de Lillo e Marco Simon Puccioni Riparo (“Abrigo”) Marco Simon Puccioni, 98’, 2007 – v.o. leg. em pt.

7 Junho, 22h00 La giusta distanza (“A Distância Certa”) Carlo Mazzacurati, 110’, 2007 – v.o. leg. em pt. 8 Junho, 21h30 La terramadre (“A Terramãe”) Nello la Marca, 120’, 2008 - v.o. leg. em pt. 9 Junho, 22h00 Il nascondiglio (“O Esconderejo”) Pupi Avati, 100’, 2007 – v.o. leg. em pt. 10 Junho, 21h30 N (io e Naopoleone) (“N (Eu e o Napoleão”) Paolo Virzì, 110’, 2006 - v.o. leg. em pt. 11 Junho, 21h30 Una ballata bianca (“Uma Balada Branca”) Stefano Odoardi, 78’, 2007 - v.o. leg. em pt. *

Publicidade A Aculturarte é um projecto ím- Isto conduz-nos a uma nova par, específico e de qualidade. forma de publicidade one-toone (um anúncio para uma pesÍmpar pela sua visão única soa), em contraposição a onequanto á satisfação das expecta- to-all (um anúncio para muitas tivas e necessidades mais diver- pessoas), forma comum aos sas dos seus utilizadores: Visi- meios tradicionais. tantes/Clientes/Anunciantes. A publicidade online possui um Específico pois centra-se na forte poder de comunicação. área de Cultura e da Arte, diEstudos realizados pelo IAB spondo de um vasto conjunto - Internet Advertising Bureau de conteúdos, especializados e - revelam que uma única exque versam os mais variados te- posição pode gerar um aumento mas de interesse , qualquer que de: seja o grupo etário. . Reconhecimento da publiciElevada qualidade , para a dade qual contribui uma conjugação . Reconhecimento da marca pioneira da tecnologia, o rigor . Comunicação dos atributos do na recolha e tratamento da inproduto e formação, a criatividade no . Intenção de Compra. desenvolvimento das diversas utilidades do site e a estética na Os Anunciantes têm vindo a apresentação. aperceber-se destes benefícios. Por esta razão, a publicidade online tem vindo a crescer a Porquê fazer publicidade onum ritmo elevado, com notável line? eficácia.

speita à segmentação, que pode ser mais específica ou mais abrangente, consoante os objectivos da campanha e os públicos-alvo que se pretende atingir. Esta segmentação poderá ser tão rigorosa quanto considerar até os dias da semana, horas do dia, país de origem, etc.

A Internet e as novas tecnologias permitem a identificação de públicos alvo, permitindo direccionar eficazmente a mensagem publicitária. Na Internet a publicidade pode dirigir-se a um visitante com gostos e preferências específicas.

Conquiste novos consumidores divulgando os seus produtos ou serviços.

Como anunciar o seu negócio ou produto na Aculturarte? O site da Aculturarte é uma estrutura muito organizada de canais temáticos. As suas características permitem uma grande versatilidade no que re-

Uma das grandes vantagens da publicidade online é a possibilidade de contacto imediato com o anunciante. O seu banner poderá também ter um link que permita a encomenda imediata do seu produto ou serviço, por exemplo, através de uma Loja presente na nossa plataforma de comércio electrónico ou directamente para a sua empresa. A área comercial da Aculturarte Online dispõe de uma equipa de profissionais, com a qualidade Aculturarte, aptos a rentabilizar com segurança o seu investimento.

Para aumentar as suas vendas escreva-nos aculturarte@sapo.pt


O XXXI FITEI decorre entre 28 de Maio e 8 de Junho e conta com a apresentação de 24 espectáculos por 15 companhias, de Portugal (7), Espanha (5), e Brasil (1), com destaque para 3 espectáculos de rua, a acontecerem junto à Casa da Música, na Avenida dos Aliados e na Fundação de Serralves.

A Fechar...

Em estreia absoluta, o XXXI FITEI apresenta o espectáculo “Terminus” da Assédio. A Circolando com “Casa-Abrigo”, os Artistas Unidos,com dois espectáculos de Juan Mayorga, “Hamelin” e as “Últimas Palavras do Gorila Albino”, o Teatro do Bolhão com “A Ronda Nocturna”, e o Teatro Meridional com “Contos em Viagem - Cabo Verde” completam a presença portuguesa na edição 2008 do Festival. De Espanha, e pela primeira vez em Portugal, destaque para a paricipação de Antonia San Juan com a peça “Las que Faltaban”, actriz e encenadora espanhola que alcançou sucesso com a interpretação da personagem ‘La Agrado’ no filme “Tudo sobre a Minha Mãe” de Pedro Almódovar, com quem colabora regularmente. Outra estreia em Portugal, da Galiza chegam-nos a jovem companhia Nut Teatro, com duas peças “Corpos Disidentes” e “4.48 Psicose”, a primeira encenação galega de um texto da autora inglesa Sarah Kane. De Espanha, destaque ainda para os espectáculos de rua “Alma Candela” dos Alkimia 130, integrado no clubbling de 30 de Maio na Casa da Música, “Kamchàtka” dos Kamchàtka e integrado no Serralves em Festa 2008 e “Dinomaquia 2” dos L’Avalot na Avenida dos Aliados.

edição, o FITEI lança este ano uma secção especial com workshops e masterclass. Com esta iniciativa, o FITEI pretende promover novas experiências formativas à actual geração de jovens estudantes das escolas do Porto e região norte do país. Um dos nomes em destaque no FITEI é o autor espanhol Juan Mayorga (nasceu em 1965, em Madrid), com duas peças a integrar o cartaz do Festival, pelos Artistas Unidos. Juan Mayorga vai ainda orientar uma masterclass no FITEI dirigida a estudantes/profissionais de teatro, cinema e jornalismo. Ainda nas actividades paralelas, a Xunta de Galicia -Consellaría de Cultura e Deporte e o Instituto Galego das Artes Escênicas e Musicais, escolheram o FITEI para a apresentação em Portugal do Plano Galego das Artes Cénicas, um documento que visa promover a difusão social, reforçar a estabilidade das empresas, fomentar a criatividade e promover a protecção exterior do sector cultural na Galiza, cruzando as dimensões social, artística e económica das artes do espectáculo. Trata-se de uma oportunidade única de conhecer os eixos estruturais da cultura na região galega em contraposição com o que se faz em Portugal. As imagens dos espectáculos estão disponíveis para download em www.fitei.com > Imprensa > Imagens. Obrigada pela divulgação.

Para mais informações, imagens ou acreditações por favor contactar: -De regresso ao Porto, o colectivo brasileiro Carolina Medeiros | Assessora de ComunicaFolias D’Arte apresenta “Orestéia – O Canto ção do Bode”, que parte da adaptação da conhe- FITEI | R Paraíso 217,2º-s 5, 4000-377 Porto cida trilogia de Ésquilo para comemorar os Portugal dez anos de actividade da companhia. T. : +351 91 94 39 581 | E.: carolina@fitei. com Em torno deste núcleo central, decorrem www.fitei.com exposições, lançamento de livros, entre outras actividades paralelas. Com alguns dos autores/encenadores convidados para esta


Expositor indiephotographyclub


Aculturarte A todos os músicos... Caro músico, A Aculturarte é um projecto de cultura e arte que tenta romper com a actual comercialização da cultura. Neste âmbito criamos a rádio Aculturarte. Uma rádio on-line que procura incentivar e promover, maioritariamente, mas não só, os novos valores da música portuguesa.

será a inclusão das suas músicas na playlist. Esta inclusão está sujeita a exame prévio. Qualquer decisão tomada neste âmbito será prontamente comunicada num prazo razoável ao artista/banda.

Se estás interessado em fazer parte deste projecto envia até 3 músicas, devidamente identificadas, para o mail aculturarte@sapo.pt, acompanhadas de uma pequena biografia do A playlist será constituída única e artista/banda (até 1000 palavras), exclusivamente por músicas de ar- uma foto (opcional) e um contacto tistas/bandas sem ligação contratual do artista/banda. com editoras, sem excluir, no entanto as editoras independentes. O não cumprimento de qualquer uma destes requisitos poderá dar Dados os escassos recursos finanorigem à exclusão das músicas da ceiros não nos comprometemos a playlist. pagar qualquer montante relativo a direitos de autor ou semelhantes. A Contamos contigo única retribuição dos artistas/bandas


Magazine de Cultura e Arte

Aculturarte - Revista de Cultura e Arte | ano 1 | nĂşmero 3 | Junho 2008

WWW.ACULTURARTE.BLOG.COM

Aculturarte


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.