Twitter: ferramenta de produção e aprendizagem para a geração SMS

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Twitter: ferramenta de produção e aprendizagem para a geração SMS Adelina Moura adelina8@gmail.com Ana Amélia Carvalho aac@iep.uminho.pt Resumo O Twitter entrou na família dos microblogues e está a tornar-se numa ferramenta de comunicação, informação e produtividade. Ao possibilitar escrever mensagens até 140 caracteres obriga a uma maior gestão da informação, tornando mais rápido e eficiente a partilha de conhecimento. O Twitter como ferramenta de aprendizagem pode ser usada em diferentes contextos. É possível transformá-lo numa ferramenta de aprendizagem colaborativa ou individual. Partindo destes pressupostos apresentamos uma experiência de microblogging usando o Twitter dentro e fora da sala de aula, como complemento das aulas de Literatura Portuguesa. As actividades desenvolvidas tinham como objectivo ajudar os alunos a treinar a escrita, a desenvolver o raciocínio e o espírito analítico, a capacidade de síntese e a criatividades. Criar microcontos, apresentar microbiografias, criar Haikus, escrever um diário, publicar notícias, poesia, provérbios, pensamentos e aforismos são algumas das actividades publicadas no Twitter. Palavras chave – Twitter, geração SMS, ferramenta de aprendizagem, comunicação 1. Introdução É tempo de parar e reflectir sobre a forma como as tecnologias de comunicação têm progredido nos últimos tempos. Passamos do e-mail para o chat, o blogue, as redes sociais e agora o Twitter. Cada nova tecnologia apresenta melhorias para o utilizador em relação às antecessoras. Jack Dorsey, o criador do Twitter, define-o de uma forma simples: “O Twitter não é uma rede social, mas sim uma nova forma de comunicação“ (apud Frias, 2009). Também para Barrett (2008) o Twitter é: “primarily a communication tool and has often been described as filling the gap between email and instant messaging (IM)”. Para Iskold (2007) o Twitter é “an instant broadcast with feedback” e acrescenta: “that is both a natural step from blogging and a weird experiment normally found in neuroscience Labs”. Apesar da sua simplicidade tem-se popularizado em pouco tempo e esse sucesso devese, conforme o seu co-fundador Biz Stone (Brandon, 2009) “to the fact that people gravitate towards tools that can help them connect and share information. Beyond that, simplicity is probably a big factor in Twitter's increasing appeal”. Trata-se de uma espécie de SMS baseada no Twitter. No entanto, é, essencialmente, uma ferramenta de


comunicação (Barrett, 2008, Iskold, 2007). Segundo Martin (2009) a sua popularidade deve-se também ao entusiasmo que figuras públicas estão a ter em usar esta ferramenta, “Twitter has grown exponentially in the past few months with no small thanks to celebrity exposure”. O Twitter cresceu mais de 1382% num ano, segundo dados da Nielsen Wire (McGiboney, 2009). Apesar deste crescimento, a Nielsen realizou um estudo sobre as redes sociais com maior crescimento nos últimos meses e verificou que 60% dos utilizadores registados no Twitter não voltam a entrar no sistema durante os trinta dias seguintes. Apenas 40% dos utilizadores mantém uma relativa actividade na rede. O Twitter já entrou em diversos sectores da sociedade. É usado comercialmente por empresas como a Dell, a JetBlue e a Whole Foods e está a tornar-se na vibração do que acontece no mundo, como afirma o seu co-fundador Biz Stone numa entrevista ao ComputerWorld Blogs (Brandon, 2009). Enquanto que as mensagens do blogue são longas, o Twitter permite fragmentá-las, podendo rapidamente ser publicadas e tratadas. É esta interacção entre a velocidade e a quantidade que criaram uma experiência qualitativa diferente (Iskold, 2007). Para este autor o “Twitter pushed us all to the edge of real communication. Any more real would probably be telepathy!” As pessoas colaboram no Twitter em tempo real, seja para descobrir novidades, saber o que os outros utilizadores fazem ou mesmo para pedir ou obter conselhos. Em termos educacionais, está a tornar-se numa ferramenta de aprendizagem com múltiplas valências. A redução do texto, converte o Twitter numa ferramenta valiosa para a aprendizagem, ao obrigar a reduzir o pensamento ao essencial e a realizar uma “ginástica” mental, o que o torna numa ferramenta cognitiva, na acepção de Jonassen (2007). Esta economia de palavras ganha mais valor num mundo repleto de acessórios (Querido, 2009). Com a possibilidade de adicionar um número de telemóvel à conta Twitter é possível receber notificações e enviar mensagens em mobilidade. As tecnologias móveis ao permitirem uma conexão anytime, anywhere, estão a configurar a relação do utilizador com a informação, ao poder ser acedida em movimento. Os telemóveis têm-se tornado objectos imprescindíveis, oferecendo uma infindável variedade de novas e poderosas funcionalidades. De entre os dispositivos móveis existentes o telemóvel é o mais generalizado entre a geração SMS que o usa como uma extensão ou parte orgânica do próprio corpo


(Oksman & Rautiainen, 2003). A difusão da escrita de SMS, joga a favor da entrada do Twitter nas tecnologias móveis. Com os Smartphones a permitir navegação na Internet, a escrita de tweets e a sua leitura em ecrãs mais pequenos torna-se mais confortável. O Twitter é uma ferramenta ajustada para publicação de microconteúdos e convergência com as tecnologias móveis. A sua popularidade levou a instituir os Shorty Awards. Trata-se de um prémio que pretende distinguir os melhores twitteiros do planeta1e estão a ter muito interesse por parte da comunidade Twitter. Estamos em crer que este aspecto marcará no futuro um novo paradigma educacional. Decorrente destes dados, neste texto, apresentamos uma experiência pedagógica complementar às aulas de literatura Portuguesa do 10º ano, realizada através do Twitter. As actividades desenvolvidas tinham como objectivo ajudar os alunos a treinar competências de escrita, a desenvolver o raciocínio, o espírito analítico, a capacidade de síntese e a criatividade, através de actividades de pesquisa, análise e partilha de informação. Criar microcontos, apresentar biografias, criar Haikus2, escrever um diário, publicar notícias, versos, provérbios, aforismos e adivinhas foram algumas das actividades desenvolvidas em contexto de sala de aula por intermédio do Twitter.

2. Twitter: uma ferramenta Web 2.0 para a aprendizagem Depois do sucesso e expansão das redes sociais é a vez da entrada das aplicações de microblogging na educação. Para Zago (2008) os microblogues são uma espécie de “blogs simplificados”, por possuírem os recursos inerentes ao formato blogue, mas de forma simplificada. A principal diferença parece estar nas limitações de tamanho, porque cada actualização só pode ter 140 caracteres. O Twitter é o caso mais sério da web social depois do Google, do Youtube e do Facebook, sendo actualmente a ferramenta de microblogging mais popular à escala global (Zago, 2008). York (2007) apresenta dez formas de usar o Twitter: como fonte de notícias e novidades; como rede de conhecimentos; “bebedouro virtual” – a hora da “conversa fiada”; manter-se actualizado com os amigos; diário de viagens; acompanhar eventos;

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The Shorty Awards honor the world’s top Twitterers. You can nominate as many people for as many categories as you’d like until midnight December 31st. http://shortyawards.com/ 2 O haiku deriva duma forma anterior de poesia, em voga no Japão entre os séculos IX e XII, designada por tanka; tinha 5 versos, de 5 e 7 sílabas, que tratavam temas religiosos ou ligados à corte. no século XIX, o mestre Masaoka Shiki lhe atribuiu um nome: haiku (pela junção das palavras haikai e hokku). Bashô Matsuo (1644–1694), considerado o primeiro e maior poeta japonês de haiku, nasceu samurai e adoptou a simplicidade tanto na vida como na criação poética.


ferramenta de marketing/relações públicas; ferramenta de aprendizagem; como diversão; como uma lição diária de humildade e brevidade. O Centre for Learning & Performance Technologies 3 , graças à sua lista das 100 melhores ferramentas de aprendizagem 2009, permite-nos conhecer a opinião e selecção, por parte de profissionais ligados ao ensino e formação, de ferramentas para a educação e entre elas encontra-se o Twitter. Jane Hart (apud Esains, 2009) aponta várias razões para a popularidade das ferramentas Web 2.0 para fins educacionais. Uma delas é o facto das ferramentas estarem disponíveis a qualquer utilizador, professores ou alunos, que as podem usar sem ter de depender das ferramentas das empresas ou dos sistemas educativos, muitas vezes difíceis de manusear, incómodas e nada amigáveis. De entre as dez ferramentas Web 2.0 eleitas por cerca de duas centenas de profissionais da aprendizagem encontramos o Twitter, o Delicious, o Google Reader, Wordpress, YouTube, Google Docs, Slideshare, Skype, Firefox, Ning. Em 2009 o Twitter aparece como a ferramenta mais votada 4 . Analisando os dados disponíveis no Centre for Learning & Performance Technologies que pelo terceiro ano consecutivo publica a sua lista “Top 100 Tools for Learning 2009”, verifica-se que as ferramentas e aplicações open source são as favoritas dos formadores e que nove em cada dez ferramentas que usamos no ensino são open source (Castaño, 2009). O conceito cloud computing continua a merecer também o entusiasmo dos utilizadores. Um relatório publicado pela Morgan Stanley 5 , sobre o consumo dos media pelos adolescentes, refere: “teenagers do not use Twitter”. Uma pesquisa realizada, recentemente, pela Nielsen Wire6 divulgou dados a partir de uma amostra representativa dos utilizadores norte-americanos do Twitter em diferentes grupos etários e vem reforçar esta ideia de que os jovens não usam esta ferramenta. A informação disponibilizada revela que apenas 16% dos jovens com menos de 24 anos utilizavam o Twitter, sendo a faixa etária dos 24-54 anos os que mais usam o serviço (64%), e os com mais de 55 anos somam 20%. Os dados apresentados neste estudo mostram a popularidade da ferramenta entre os utilizadores com mais de 25 anos. Uma explicação pode ser o facto de um jovem que usa outras redes sociais como o Facebook ou o Hi5 com uma enorme capacidade de partilha, o Twitter surge-lhe com grandes limitações. 3

http://www.c4lpt.co.uk/recommended/ Cf. http://www.c4lpt.co.uk/recommended/ 5 http://www.guardian.co.uk/business/morganstanley 6 http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/teens-dont-tweet-twitters-growth-not-fueled-byyouth/ 4


Para os jovens habituados a comunicar com rapidez por SMS, de forma gratuita, através dos seus telemóveis, parecem não dar grande utilidade ao serviço. Quando olhamos para as diferentes gerações, parece que o entusiasmo pelo Twitter se encontra mais na Geração X (30 anos) e até nos Boomers (mais de 40 anos), do que na geração Net. Terão de ser os professores a mostrar o seu potencial através da proposta de actividades curriculares em sala de aula. Porque aprender não é algo que se faça apenas na aula e actualmente as redes sociais apoiam a aprendizagem informal e a colaboração, permitindo que os utilizadores (professores ou alunos) construam um ambiente de aprendizagem pessoal ou em rede. Wheeler (2009) apresenta o top dez dos usos do Twitter para a educação e encoraja a sua utilização como ferramenta de aprendizagem, quer em contexto tradicional, quer através de tecnologias móveis. De entre os usos referidos destacamos os seguintes: notificar os alunos sobre alterações de ordem diversa; pedir ao aluno para ler um artigo ou texto e apresentar um breve sumário ou palavras-chave; partilhar endereços direccionados para as tarefas dos alunos; seguir uma pessoa famosa e documentar o seu trabalho. O Twitter segue o conceito da Web 2.0 e está na moda entre os bloggers de vanguarda. Apesar de toda a euforia à volta do Twitter, Hart (2009), segundo dados da Gartner’s Hype Cycle7, considera que o Twitter está a entrar no “Trough of Disillusionment”, no entanto, muitos educadores ainda procuram entendê-lo para utilizá-lo na sala de aula. Ao permitir que cada utilizador escreva o que está a fazer no momento, leva a que nem todas as mensagens publicadas no Twitter sejam relevantes. Um estudo realizado pela Pear Analytics 8 , revela um predomínio de tweets 9 ou mensagens sem conteúdo relevante. Para alguns, trata-se de uma aplicação para “narcisistas y egolátras” (Serrano, 2009), para outros, é uma ferramenta com potencial educativo (Cole, 2009; McNeil, 2009; Walker, 2009; Barrett, 2008). Porém a melhor característica é o imediatismo e a capacidade de comunicação e interacção que proporciona aos utilizadores. Estes podem encontrar-se on-line, partilhar recursos, experiências e conhecimentos (Esains, 2009),

7

http://www.gartner.com/DisplayDocument?ref=g_search&id=1108412&subref=simplesearch. http://www.pearanalytics.com/wp-content/uploads/2009/08/Twitter-Study-August-2009.pdf. 9 A tweet is a post or status update on Twitter, a microblogging service. Because Twitter only allows messages of 140 characters or less, "tweet" is as much a play on the size of the message as it is on the audible similarity to Twitter (Nations, 2009). 8


contribuindo para a inteligência colectiva, com uma estrutura de comunicação de “todos-para-todos” de que fala Lévy (2002), passando do individual para o colectivo. Segundo Jack Dorsey (apud Frias, 2009), o Twitter segue o modelo de rádio dos taxistas, em comunicação minuto a minuto. Transposta para o mundo dos microblogues a necessidade dos utilizadores contarem a todos o que estão a fazer, ou o que lhes passa pela cabeça em tempo real. O Twitter é complementar, ao entrar pelo meio de outros media e por espaços que ainda estão por preencher, relativamente à velocidade, à instantaneidade e ao imediatismo. Enquanto ferramenta de ensino e aprendizagem (Barrett, 2008) o professor pode utilizála, na sala de aula, para programar actividades, realizar tutorias, criar fóruns de discussão, partilhar endereços, lançar perguntas. Por seu lado, os alunos podem usar o Twitter para interagir uns com os outros, em qualquer parte do mundo, informar-se sobre temas académicos, aprender línguas e trabalhar em grupo sobre temas diversos. Wheeler (2009) sugere ainda o uso do Twitter para fazer um breve resumo de um documento ou de um capítulo em apenas 140 caracteres. Também se podem escrever microrelatos, com apenas 20 palavras ou condensar um conto interessante. Isto obriga o utilizador a ir ao essencial, a ser breve e a destacar de forma esquemática o mais interessante. Do ponto de vista pedagógico, esta ferramenta pode ajudar a desenvolver destrezas importantes no âmbito da produção escrita e capacidade de síntese. Estes são apenas alguns exemplos de como utilizar uma ferramenta modesta e simples que desde 2007 tem vindo a crescer exponencialmente. Para alguns trata-se da “twittermania”. Porém, a importância do Twitter não está centrada apenas nesta aplicação mas também nos vários serviços que têm sido lançados à sua volta 10 . Os milhares de add-ons desenvolvidos por programadores estão a permitir maior funcionalidade ao Twitter. Actualmente há relativamente pouca investigação académica sobre o uso e impacto do Twitter e poucos textos ou comunicações têm sido publicados em conferências

10

Estes são alguns dos muitos serviços de complemento do Twitter à disposição dos utilizadores: partilhar fotos flickr: snaptweet; gestão dos seguidores: tweepler; motor de busca de microblogging: twingly.com/microblogsearch; os últimos seguidores: twitter100; conteúdos mais comentados: tweetmeme; clientes: twhirl ; posty; twittastic; twitterfon (iphone); tweetdeck; programar: twuffer; explorar visualmente: twittervision; criar comunidade própria: twingr; informação dos seguidores: friendorfollow; twitter-friends; gráfico de rede de amigos: tweetwheel; guardar links "twiteados" no delicious: twitchboard; seguir o caminho de conversações: tweetree; extensão firefox: Power Twitter; TwitterFox; TwitterBar; sondagens: twtpoll; geolocalização: twtvite; BD de aplicações: twitdom; enviar tweets longos: twtlong; organizador de viagens: twtTRIP; criador de e-books: tweetbook .


(McNeil, 2009). Segundo este autor muito do trabalho produzido centra-se em cinco categorias: definições do Twitter; dados sobre o crescimento e a distribuição geográfica dos utilizadores do Twitter; categorização dos comportamentos dos utilizadores; reflexões sobre o Twitter para fins educativos e análises sobre o Twitter como backchannel. A blogosfera tem permitido acesa discussão sobre a utilização do Twitter.

2.1 A web 2.0 e as redes sociais Com o advento da Web 2.0 navegar já não se reduz a aceder à maior base de informação do mundo. É possível termos acesso a uma ampla variedade de software directamente on-line. Muitas destas ferramentas web 2.0 podem adaptar-se aos mais variados usos, por apresentarem factores característicos da era 2.0: acede-se a elas online, são gratuitas e são de natureza colaborativa. Porém, são ferramentas que não foram pensadas para serem usadas para aprender, mas dadas as suas características, popularidade, simplicidade e potencial, ganharam reputação como ferramentas de aprendizagem. Há muitas redes sociais, com mais ou menos serviços, mas entre as mais utilizadas, actualmente, encontram-se o Twitter e o Facebook, com mais de 65 milhões de utilizadores (McGiboney, 2009). Poderiam alguns puristas dizer que o Twitter não é bem uma rede social, já que se trata de um simples sistema de nanoblogging ou microblogging e não um sistema multimédia (Parselis, 2008). O Facebook ou o Myspace são espaços que se personalizam ao gosto do utilizador, com a rede de contactos, fotos, vídeos e aplicações de todo o tipo. No entanto, no Twitter não há vídeos, não há fotos, apenas escassos caracteres, onde tudo passa em tempo real. O Twitter é o que McNeil (2009) chama backchannel11, “the growing adoption of Twitter has led to Twitter-enabled backchannels – both “official”, or “quasi-official”, and “unofficial” – becoming an increasingly common feature of many academic conferences all over the world”. Para Parselis (2008) o Twitter é a rede ao extremo e numa rede o interessante é a conexão e a relação: “En definitiva, Facebook es un punto de llegada, mientras Twitter es la conexión pura, cruda, por lo que necesariamente es un punto de salida”. 3. Instituições educativas no Twitter

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“The backchannel is a term used to designate the digital communications space used to sustain primarily textual interactions alongside live spoken presentations delivered in a physical environment” McNeil (2009).


Num estudo elaborado pela Faculty Focus12 sobre o uso do Twitter no ensino superior, “Twitter in Higher Education: Usage Habits and Trends of Today’s College Faculty”, onde foram inquiridos cercas de dois mil profissionais universitários, docentes, reitores, pessoal de departamento, serviços administrativos e corpo científico, as conclusões apresentadas não são animadoras, pois mais de metade dos inquiridos não incorpora esta ferramenta nas práticas de ensino e apenas 1/3 dos entrevistados afirma usá-la de alguma maneira na prática universitária. A maioria dos inquiridos apresenta como razões para a não utilização do serviço a pouca relevância educacional e a preocupação na criação de competências de escrita empobrecidas ao reduzir a escrita tão poucos caracteres. Outras razões são a falta de interesse e de tempo para usar a aplicação, a falta de segurança de dados e a falta de motivação em usar o Twitter, pelo facto de encararem esta ferramenta como mais um modismo da era das redes sociais. Dos que usam o Twitter, os tweets publicados na rede são sobre a actualidade noticiosa e as tendências relacionados com os interesses da área académica. A interacção é feita entre colegas e na experimentação do seu uso na sala de aula. Neste estudo os professores que usam o microblogging como vector de ensino, mostram entusiasmo relativamente ao serviço e assinalam uma melhoria da implicação pessoal e melhor participação dos alunos nas actividades académicas. São várias as instituições de ensino que adoptaram o Twitter como ferramenta de comunicação com a comunidade educativa, um pouco por todo o lado. As universidades norte americanas foram das primeiras a explorar o seu potencial, cabe agora a quem queira pertencer à Web 2.0, explorar também a utilidade deste serviço. Cada instituição encontra formas de potenciar esta ferramenta para chegar mais perto das suas comunidades educativas. A Universidade Aberta da Catalunha actualiza periodicamente o seu Twitter informando sobre os seminários e conferências, a participação em feiras e salões internacionais e a celebração de acordos com outras instituições. A Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED) publica notícias, prémios, feiras e informação considerada relevante para a comunidade universitária. A Universidade Europeia de Madrid actualiza assiduamente o seu canal no Twitter publicando informação sobre cursos de formação, concursos, anúncios de blogues, associações de alunos, entre outras informações.

12

http://www.facultyfocus.com/free-report/twitter-in-higher-education-usage-habits-and-trends-oftodays-college-faculty/.


Em Portugal esta rede social tem ganho cada vez mais adeptos, entre artistas, jornalistas e políticos13. A Universidade do Porto foi uma das primeiras universidades portuguesas a entrar no Twitter, com o objectivo de manter contacto com a comunidade educativa, para que receba em tempo real notícias e informação sobre eventos da instituição. Também a Universidade de Coimbra tem uma conta no Twitter do Gabinete de Comunicação. O repositóriUM (Universidade do Minho) pode também ser seguido no Twitter, acompanhando a divulgação de novos documentos e informações sobre o funcionamento do repositório institucional. Há mais instituições de ensino superior nacionais a ter já presença nesta rede social. Há outros professores que utilizam o Twitter e encontram maneiras de o usar com os alunos como refere Barrett (2008) “In my experience, and in the short time that I have used it, Twitter has grown quickly to play a major part in the way that I interact with fellow colleagues and professionals from around the world. In my classroom and with the children I teach it has been an exciting tool to utilise and support learning”. É importante que as instituições de ensino de todos os níveis compreendam as potencialidades que as redes sociais oferecem ao sistema educativo. Usar o Twitter é uma forma de reinventar a escola 2.0. Contudo, e como afirma Walker (2009), o maior desafio é conseguir ter o Twitter desbloqueado na rede da escola, mas com o Twitter instalado em qualquer dispositivo móvel isso deixa de ser um problema.

3.1 Potencialidades pedagógicas do uso do Twitter Para muita gente o número tão reduzido de caracteres possibilita escrever muito pouco. Porém do ponto de vista educacional, apresenta interesse e potencia várias aplicações. É, pois, essa redução que torna o Twitter uma ferramenta interessante: ao obrigar a reduzir o pensamento ao essencial e a publicar o que mais interessa. Cole (2009) apresenta vinte e cinco formas de como os professores podem usar o Twitter para pedir ajuda, conseguir recomendações de planos de aulas, livros e recursos profissionais, contactar com outros profissionais e mesmo acolher um clube de leitura on-line. Walker (2009) mostra nove razões para os professores usarem esta ferramenta. A seguir apresentamos algumas: 13

Estima-se que em Portugal sejam já mais de 10 mil utilizadores, tendo despertado interesse por personalidades de diferentes áreas. No TwitterPortugal, criado pelo jornalista Paulo Querido, é possível consultar a lista de utilizadores portugueses e brasileiros do serviço por sector de actividades. Cf. http://www.canalup.tv/?menu=noticia&id_noticia=3291.


- A facilidade de aceder ao Twitter permite aceder a um grande fluxo de endereços, ideias, opiniões e recursos seleccionados por profissionais de todo o mundo, acabando por ajudar a superar a solidão profissional. È como ter uma sala de professores virtual. - O Twitter possibilita encontrar profissionais de todo o mundo e saber o que fazem. Do ponto de vista educacional é uma verdadeira revelação. - É excelente para os professores reflectirem sobre o que estão a fazer nas suas escolas e ver o que vai bem e o que é preciso melhorar. Os professores podem partilhar reflexões, apoiar-se e desafiar-se mutuamente. - Pode transformar-se num workshop de ideias e caixa de ressonância. O Twitter é um meio excelente para partilhar ideias e obter feedback instantâneo. A sua velocidade e instantaneidade significa que é possível obter uma gama de opiniões e critica construtiva em questões de minutos. - Ter de se expressar em tão poucos caracteres obriga a uma grande disciplina. As ideias destes dois autores podem inspirar os professores a usar esta ferramenta como mais uma ferramenta educacional.

4. Descrição do Estudo Esta experiencia faz parte de um estudo mais amplo sobre a utilização de ferramentas Web 2.0 em contexto educativo. Seguimos uma metodologia de investigação de cariz qualitativa, com opção pelo Estudo de Caso, no sentido de dar resposta a questões decorrentes de situações educacionais específicas e contextualizadas (Yin, 2005). O estudo de caso, como método qualitativo, visa conhecer os “como” e os “porquê” que caracterizam o objecto de estudo. Embora apresentando limitações, pelo facto de não poder ser generalizável ou pela falta de objectividade, o estudo de caso pode ajudar a compreender o objecto em estudo, quando o fenómeno não está isolado do seu contexto (Hatley, 1994, Yin, 2005). Este estudo pretendeu analisar a integração do Twitter, uma ferramenta Web 2.0, e das tecnologias móveis (telemóvel) no processo de ensino aprendizagem da disciplina de Português e desenvolveu-se no 3º período do ano lectivo 2008/2009. A capacidade de análise e síntese são competências valorizadas socialmente e que a escola deve ajudar a desenvolver. Este facto fez-nos olhar para o Twitter como uma ferramenta potenciadora destas competências, ao limitar a escrita a 140 caracteres. Por outro lado, estando os alunos familiarizados com o envio e recepção de SMS através do


telemóvel, pareceu-nos adequado criar actividades de aprendizagem que conjugassem estas ferramentas (Twitter e telemóvel). Como referido por diversos autores (Cole, 2009; McNeil, 2009; Walker, 2009; Barrett, 2008), o Twitter é uma ferramenta de aprendizagem que pode ser usada em diferentes contextos. É possível transformá-lo numa ferramenta de aprendizagem colaborativa ou individual. Partindo destes pressupostos criamos uma actividade de microblogging, usando o Twitter dentro e fora da sala de aula, para complemento das aulas de literatura Portuguesa que pode ser acedido na página Web da turma14. Desafiamos as alunas a publicarem em 140 caracteres microcontos, haikus, os versos mais cómicos e mais tristes, provérbios, microbiografias, anedotas, pensamentos, aforismos, frases, notícias insólitas, adivinhas, quadras e diários. Cada aluna deveria escolher um destes temas e ao longo do mês ir publicando os tweets, no Twitter (figura A) criado para esta actividade15.

Figura A - Página de Twitter MobileG Ao longo da semana as alunas iam escrevendo e armazenando os tweets no telemóvel e na aula postavam-nos no Twitter através dos computadores da escola. O telemóvel revelou-se uma ferramenta complementar, na medida em que facilitou a escrita dos 14 15

http://sites.google.com/site/aulasdeportuguesonline/modulo-4. http://twitter.com/mobileG


tweets como se de SMS se tratasse e o seu armazenamento, visto que as alunas iam colectando ou criando os pequenos excertos de texto ao longo da semana para publicar no Twitter no dia da aula. Desta forma, foi possível que a aprendizagem se realizasse para além do contexto de sala de aula, podendo acontecer em qualquer lugar e a qualquer hora, mesmo em mobilidade. Algumas alunas enviavam os tweets através de SMS para o telemóvel da docente para correcção e avaliação antes de os publicarem no Twitter. As alunas que possuíam Internet em casa, postavam directamente a partir de casa. Notou-se um envolvimento muito positivo das alunas nesta actividade, tendo algumas delas postado mais entradas do que as inicialmente previstas. Os tweets publicados foram depois alvo de discussão e análise na sala de aula. Esta actividade resultou profícua para as alunas como podemos verificar na análise de dados a seguir apresentadas.

4.1 Amostra Por uma questão de conveniência a amostra foi seleccionada de forma intencional, optando por uma das turmas leccionadas, beneficiando, desta forma, da disponibilidade do grupo para cumprimento de prazos estabelecidos e concretização da investigação. Neste estudo participaram 16 alunas do 10º ano do Ensino Profissional da Escola Profissional de Braga, com idades compreendidas entre os 16 e os 21 anos.

4.2 Recolha de dados: instrumento e procedimento Para recolha de dados para este estudo foi elaborado um questionário, intitulado “O Uso do Twitter como ferramenta de aprendizagem” que foi respondido anonimamente online através da ferramenta SurveyMonkey. Conforme Tuckman (2005), a investigação por inquérito constitui-se como um tipo específico de investigação e é frequente no campo da educação. Para Hill e Hill (2005) ela é relevante em investigação empírica, em particular quando se fazem análises para compreender melhor o objecto em estudo. Optamos por construir um questionário, composto por questões de resposta aberta e por questões de resposta fechada (estas a predominar largamente no questionário). Para indicar o grau de acordo ou desacordo sobre as percepções das alunas sobre o Twitter e o seu valor pedagógico, usámos uma escala do tipo Likert com 5 opções (convertidas em 3 opções: discordância, indecisão e concordância). Para saber o grau de relevância educacional das tarefas realizadas no Twitter e a utilidade do Twitter como complemento às actividades na sala de aula, usámos uma escala com 3 opções: não, em


parte, sim. As restantes questões sobre facilidade, desafio e utilidade eram do tipo dicotómico (negativo/positivo). O questionário era constituído por diferentes blocos e dimensões. Para este texto seleccionamos os itens correspondentes às dimensões: i) percepções sobre o Twitter; ii) valor pedagógico do Twitter; iii) relevância educacional das tarefas; iv) utilidade do Twitter.

4.3 Análise de dados A análise que se segue tem por base os dados obtidos nas respostas ao questionário, relativos ao estudo sobre o uso do Twitter como ferramenta de aprendizagem.

4.3.1 Percepções das alunas sobre o Twitter Questionámos as alunas acerca das suas percepções sobre a ferramenta Twitter (tabela I), a maioria (75%) concordou que as informações no Twitter são apresentadas de forma clara. A quase totalidade das alunas (94%) disse sentir-se confortável a escrever no Twitter e gostar de publicar nesta aplicação. Quando inquiridas sobre se as informações no Twitter são muito limitadas, pelo facto de estarem reduzidas a 140 caracteres, a maioria (69%) evidenciou indecisão, também a maior parte (68%) se mostrou indecisa quando indagada sobre se no futuro pretendia criar uma conta no Twitter. Apenas uma aluna tinha conta e experiência de utilização da ferramenta. Tabela I – Percepção das alunas sobre o Twitter (n=16) Itens

Discordância

Indecisão

Concordância

f

%

f

%

f

%

são

0

0

4

25

12

75

Senti-me confortável a escrever no

0

0

1

6

15

94

Gosto de publicar no Twitter.

0

0

1

6

15

94

As informações no Twitter são muito

1

6

11

69

4

25

3

19

11

68

2

13

No

Twitter

as

informações

apresentadas de forma clara.

Twitter.

limitadas. No futuro pretendo criar uma conta no Twitter.

4.3.2 Valor pedagógico do Twitter


No que respeita ao valor pedagógico do Twitter (tabela II), a maioria das alunas (94%) considerou que o Twitter é bom para comunicar. Quando inquiridas sobre se o Twitter pode ser usado para os trabalhos de casa, apenas 47% concordou e 40% mostrou indecisão, talvez porque várias alunas não têm acesso à Internet a partir de casa e por isso vêem-se limitadas a pesquisar e publicar os tweets apenas na escola. Sobre se a escrita no Twitter ajudou a consolidar conhecimentos, 56% concordou e 44% mostrouse indecisa. Estes resultados revelam que esta ferramenta tem potencialidades e valor pedagógico que é preciso explorar. Tabela II – Valor pedagógico do Twitter (n=16) Itens

Discordância

Indecisão

Concordância

f

%

f

%

f

%

O Twitter é bom para comunicar.

1

6

0

0

15

94

O Twitter pode ser usado para os

2

13

6

40

8

47

0

0

7

44

9

56

trabalhos de casa. Através da escrita no Twitter consigo consolidar conhecimentos.

4.3.3 Relevância educacional das tarefas realizadas no Twitter Embora a maioria das mensagens que se publica no Twitter pareça ser pouco relevante, quando se promove a sua utilização em contexto educativo é preciso saber em que medida as tarefas realizadas são ou não relevantes do ponto de vista pedagógico. Por isso, inquirimos as alunas sobre se as informações publicadas no Twitter promoveram o interesse pela escrita, pela disciplina de Português, pelo trabalho escolar e pelo conhecimento em geral (tabela III). Relativamente ao aumento do interesse pela escrita e pela disciplina, a maioria (53%) respondeu afirmativamente, embora 40% tenha referido que só em parte é que aumentou esse interesse. É natural que as alunas que escolheram apenas publicar provérbios ou pensamentos no Twitter não sentissem a necessidade de analisar e sintetizar ou mesmo produzir informação em poucos caracteres, como por exemplo as que optaram pela escrita do diário, microcontos ou microbiografias. É necessário continuar a experimentar esta ferramenta em contexto educacional com novas e mais desafiantes tarefas no sentido de transformar o Twitter numa ferramenta cognitiva (Jonassen, 2007).


A maior parte das alunas (62%) considerou que a informação publicada potenciou o aumento do conhecimento em geral, na medida em que foram vários os temas partilhados. Tabela III – Relevância educacional da informação publicada no Twitter (n=16) Itens

Não

Em parte

Sim

f

%

f

%

f

%

Escrita

1

6

6

40

8

53

Disciplina

1

6

6

40

8

53

Trabalho escolar

1

6

7

44

8

50

Conhecimento em geral

0

0

6

38

10

62

4.3.4 Utilidade do Twitter como complemento às actividades na sala de aula Quando se questionou sobre se o Twitter ajudou a analisar com cuidado a informação pesquisada, a maioria (75%) respondeu afirmativamente e apenas 25% considerou em parte. Inquiridas sobre se esta ferramenta ajuda a aprender a seleccionar a informação mais relevante a maioria (94%) concordou. Relativamente ao facto do Twitter ajudar a sresumir as ideias principais e a organizar logicamente as ideias, a maioria (87%) respondeu afirmativamente. Perscrutámos as alunas sobre se o Twitter ajuda a sintetizar, a totalidade das alunas respondeu que sim. Estes resultados vão de encontro às considerações feitas na revisão de literatura e ao potencial educativo que esta ferramenta pode ter na sala de aula. Da análise das respostas concluiu-se que o Twitter pode-se transformar numa excelente ferramenta de aprendizagem e servir os objectivos traçados, ajudando a desenvolver competências importantes na componente de expressão escrita, na pesquisa e na produção de informação. Confirma-se o valor do Twitter como ferramenta de aprendizagem. Tabela IV - Utilidade do Twitter como complemento às actividades (n=16) Itens

Analisar com cuidado a informação pesquisada.

Não

Em parte

Sim

f

%

f

%

f

%

0

0

4

25

12

75


Aprender a seleccionar a informação

0

0

1

6

15

94

Sintetizar as ideias principais.

0

0

2

13

14

87

Organizar logicamente as ideias.

0

0

2

13

14

87

Resumir

0

0

0

0

16

100

mais relevante.

4.3.5 Percepções sobre a experiência: categorização das respostas Colocamos algumas perguntas abertas para conhecermos melhor as percepções das alunas sobre esta experiência de utilização do Twitter como complemento às actividades curriculares da disciplina de Português. Os dados são apresentados na tabela V, depois de realizada a categorização das respostas referentes a cada um dos itens, permitindo a análise de conteúdo. Relativamente, ao item “Relevância da escrita em 140 caracteres”, das respostas recolhidas estabelecemos as seguintes categorias: sintetizar, resumir e simplificar, organizar ideias, melhorar a análise e leitura mais fácil. Estas são algumas das respostas das alunas: “ajuda-me a exercitar o cérebro” (03); “assim aprendo a resumir os textos coisa que nunca soube fazer” (09); “ajuda-me a analisar melhor a informação” (10); “posso escrever o necessário com poucas palavras” (02); “é mais fácil para ler” (07); “digo tudo o que quero objectivamente sem escrever muito” (15); “resumo e organizo as ideias” (06); “ajuda a sintetizar a informação e é uma forma rápida de observar as notícias, informações, o que quer que seja muito rapidamente” (12); “aprendo a organizar as minhas ideias de forma clara” (01); “é mais simples e acaba por se tornar mais específico” (04); “com isto temos que resumir a informação mais importante” (11).

No item “Interacção e partilha” categorizamos as respostas da seguinte forma: permite aprender com os outros, estar actualizada, despertar curiosidade e ajudar a aprender. “acho interessante saber as obras delas” (02); “achava interessante saber o que elas escreviam” (10); “despertou-me interesse” (15); “aprendo um pouco também”; “ajudou-me a compreender melhor” (09); “tal como gostava que lessem os meus também leio os delas” (16); “tento estar sempre a par de todos os updates da conta”(08). Quanto ao item “Benefícios para a expressão escrita”, encontramos as seguintes categorias: aprender a resumir, treinar a escrita; aprender a seleccionar a informação; aumentar a capacidade de síntese, motivar para a escrita. “tinha que saber diminuir a minha escrita” (16); “treinei a minha escrita” (12); “tive de seleccionar a informação mais relevante” (06); “aprendo a escolher o mais importante” (04); “ajudou-me a aumentar a minha capacidade de síntese de uma forma elevada” (07); “aprendi a escrever com poucos caracteres e ajudou-me a conseguir resumir os conteúdos” (09); “estava sempre a escrever” (14).


Das respostas dadas ao último item “Potencial educativo do Twitter”, encontramos as seguintes categorias: é ferramenta de aprendizagem, desenvolve o intelecto, promove a descoberta, é uma ferramenta de comunicação. Algumas respostas que poderão suscitar alguma reflexão: “é uma ferramenta de trabalho para aprender” (02); “penso que é um site muito educativo, que ajuda os alunos na escrita e desenvolve a "inteligência"”(07); “ penso que é uma boa ferramenta de aprendizagem principalmente para ajudar a resumir e a fazer frases muito pequenas onde dizemos tudo o que desejamos” (13); “é fantástico. Já utilizava o Twitter antes de ser referido nas aulas de português e adorava. Podia estar a par de todas as notícias na hora exacta da sua saída, podia comunicar com quem fosse possível, inclusive o realizador de uma das minhas séries preferidas. O Twitter é sem dúvida uma das melhores ferramentas da actualidade.” (12); “penso que a utilização do Twitter é uma forma divertida de aprender novas coisas de forma agradável” (01); “acho que é muito bom para nós, quer para comunicar, quer para a nossa cultura” (06).

Tabela V – Percepções das alunas sobre a experiência (n=16) Itens

Categorias

Relevância da escrita em 140

sintetizar

caracteres

resumir

simplificar

analisar melhor

organizar ideias

leitura mais fácil

• aprender com os outros

Interacção e partilha

• estar a par dos updates • despertar curiosidade • ajudar a aprender Benefícios para a expressão

aprender a resumir

escrita

treinar a escrita

aprender a seleccionar a informação

aumentar a capacidade de síntese

motivar para escrita

é uma ferramenta de aprendizagem e de comunicação

desenvolve o intelecto

promove a descoberta

Potencial Twitter

educativo

do

As opiniões das alunas reconhecem potencialidades educativas a esta ferramenta, por sentirem que ao utilizá-la desenvolvem competências de escrita essenciais (análise, síntese e resumo), melhoram capacidades cognitivas e partilham conhecimento, aumentando a sinergia, a interacção e a comunicação entre os elementos da turma. A redução da escrita a pouco mais de uma centena de caracteres obriga a burilar o


conteúdo e a uma plasticidade linguística mental importante, para melhorar as capacidades de articulação entre forma e conteúdo. Colocámos ainda três perguntas dicotómicas (positivo/negativo) sobre se as actividades mediadas pelo Twitter tinham sido fáceis, desafiantes e úteis. A maioria das alunas (75%) considerou que tinham sido fáceis, 94% disse terem sido desafiantes e 87% mencionou terem sido úteis. Também colocamos duas perguntas fechadas sobre a utilidade do telemóvel nesta experiência. A maioria das alunas (87%) considerou que o telemóvel foi uma ferramenta útil e 94% referiu que o telemóvel deve ser usado na escola como ferramenta de aprendizagem.

5. Conclusão Embora tratando-se de uma primeira experiência de utilização do Twitter em contexto educativo, os resultados são favoráveis à sua utilização. As alunas reconhecem-lhe valor pedagógico em diferentes domínios. As suas percepções vão de encontro às características e potencial desta ferramenta, que apresentamos nas considerações teóricas, como sejam: comunicação, rapidez, simplicidade, interacção, partilha e colaboração. Do ponto de vista curricular, possibilitou o desenvolvimento de competências importantes na disciplina de Português: treino da expressão escrita, síntese, resumo, organização de ideias, interacção e colaboração. Sendo o desenvolvimento de competências no domínio da expressão escrita, sobretudo no que respeita a análise e síntese da informação, uma tarefa da escola, esta ferramenta vem permitir ao professor motivar os alunos para estas práticas de uma forma agradável e participativa, contribuindo para que o aluno tenha um papel mais activo e construa o seu próprio conhecimento. Com esta experiência consideramos que o Twitter ajuda a desenvolver competências necessárias no mundo laboral: ser directo e objectivo; usar linguagem adequada; oferecer informação útil; escolher as palavras certas; ouvir/ler os outros, colaborar e interagir. Apesar de todas as opiniões sobre o Twitter, acreditamos que esta ferramenta pode ser muito interessante do ponto de vista educativo se for usada de forma inteligente. Mesmo só tendo 140 caracteres disponíveis, este facto pode ser uma mais-valia ao ajudar a disciplinar e a centrar o pensamento do aluno no essencial. A investigação sobre usos educacionais do Twitter ainda é escassa pelo que é preciso continuar a investir em estudos que permitam avaliar o impacto desta ferramenta na


educação. A rapidez com que se podem partilhar links e arquivos externos à plataforma pode propiciar variadas experiências de colaboração e cooperação. 6. Referências Barrett, T., (2008). Twitter – A Teaching and Learning Tool. http://tbarrett.edublogs.org/2008/03/29/twitter-a-teaching-and-learning-tool/. Bell, J. (1989). Doing your research project: a guide for the first-time researchers in education and social science. 2. reimp. Milton Keynes, England: Open University Press, 145. Brondon, J. (2009). Co-founder Biz Stone talks Twitter. http://blogs.computerworld.com/biz_stone_interview/. Castaño, C. (2009). 9 de cada 10 herramientas que utilizamos en el aprendizaje son libres. http://www.weblearner.info/2009/06/nueve-de-cada-diez-herraminetas-que.html. Cole, S. (2009). 25 ways to teach with Twitter. In Tech & Learning. http://www.techlearning.com/article/20896/. Esains, V. (2009). Herramientas 2.0 al servicio del aprendizaje. http://www.learningreview.com/tecnolog-para-e-learning-mainmenu-425/1733 herramientas-20-al-servicio-del-aprendizaje. Frias, A. (2009). 'Twitter no es una red social, es para que todo el mundo sepa qué haces al momento'. In elmundo.es. http://www.elmundo.es/elmundo/2009/03/25/navegante/1237985543.html/ Hart, J. (2009). Twitter in the classroom: 10 useful resources. http://janeknight.typepad.com/socialmedia/2009/08/twitter-in-the-classroom-10-usefulresources.html/. Hartley, J., F. (1994). Case studies in organizational research. In: Cassell, Catherine & Symon, Gillian (Ed.). Qualitative methods in organizational research: a practical guide. London: Sage, 253, 208-229. Hill, M., Hill, A. (2005). Investigação por questionário. Lisboa: Edições Sílabo. Iskold, A. (2007). Evolution of Communication: From Email to Twitter and Beyond. In Read Write Web. http://www.readwriteweb.com/archives/evolution_of_communication.php/ . Jansen, B. J., Zhang, M, Sobel, K, Chowdury, A. (2009). Twitter Power: Tweets as Electronic Word of Mouth. In Journal of the American Society for Information Sciences and Technology, Vol. 9999, Nº. 9999. (2009), 1-20. Jonassen, D. (2007). Computadores, Ferramentas Cognitivas. Desenvolver o pensamento crítico nas escolas. Porto: Porto Editora Lemos, A. (2004). Cibercultura e Mobilidade: a Era da Conexão. In Razan y palavra, nº 41, http://www.cem.itesm.mx/dacs/publicaciones/logos/anteriores/n41/alemos.html/ Lévy, P. (2002). L’intelligence collective et ses objets. http://biblioweb.samizdat.net/article42.html/. Martin, D. (2009). Twitter Quitters Post Roadblock to Long-Term Growth. In Nielsen Wire. http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/twitter-quitters-post-roadblock-tolong-term-growth/ . McGiboney, M. (2009). Twitter’s Tweet Smell Of Success. In Nielsen Wire. http://blog.nielsen.com/nielsenwire/online_mobile/twitters-tweet-smell-of-success/. McNeil, T. (2009). More than just passing notes in class? The Twitter-enabled backchannel. http://www.scribd.com/doc/16287533/More-than-just-passing-notes-inclass-The-Twitterenabled-backchannel?autodown=pdf/ . Nations, D. (2009). What is a Tweet? In About.com: Web Trends. http://webtrends.about.com/od/glossary/g/what-is-a-tweet.htm/ . Oksman, V., Rautiainen, P. (2003). Perhaps It Is a Body Part. How the Mobile Phone Became an Organic Part of the Everyday Lives of Children and Adolescents. In James Everett Katz, Machines that Become Us: The Social Context of Personal Communication Technology. New Brunswick: Transaction Publishers, 293-310. Parselis, M. (2008). Se trata de la red al extremo.


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