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O Sagrado Masculino

O SAGRADO MASCULINO

Se falamos em Sagrado Feminino, não podemos deixar de falar no Sagrado Masculino. Pode parecer estranho falar do Sagrado Masculino em um artigo dirigido a mulheres, mas que poderia e deveria ser lido também pelos homens.

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Entretanto, é importante trazer esse universo também ao universo feminino, posto que todo ser é as duas essências.

O tema do Sagrado Feminino tem seu espaço há bem mais tempo, inclusive nos remetendo à civilização Celta, em que a mulher exercia o seu poder de forma saudável.

No entanto, diversas literaturas apresentam como este poder foi oprimido, pois os homens, com o sentimento de perderem seu espaço e com seu sagrado em desequilíbrio, condenaram muitas mulheres à morte, considerando-as bruxas.

Já alguns anos, a mulher vem despertando para o seu lado sagrado e está buscando novamente a sua conexão com sua essência de amor. Os homens, ainda em menor número, estão também buscando a reconexão com sua essência, o equilíbrio entre o amor e a firmeza.

Como exemplos, podemos citar a Tenda da Lua e os Cavaleiros do Coração, ambos projetos da UNIPAZ – Universidade Internacional da Paz, que conduz trabalhos belíssimos com ambos

os grupos.

O que chama atenção é a seriedade com que o grupo de homens trabalha o seu sagrado, envolvendo crianças, jovens e adultos, em que são trabalhadas todas as etapas do aspecto Yan/ masculino, celebrando cada rito de passagem.

As mulheres igualmente têm um trabalho belíssimo. Na verdade, ambos os grupos buscam a reconexão com a essência e honram o seu sagrado.

O Sagrado Masculino tem como principais papeis revelar o que é efetivamente Ser Homem e desmistificar a própria trajetória de criação dos homens, trajetória esta que lhe impôs certas condições e crenças, entre elas não poder mostrar fragilidade.

Hoje em dia, ainda é possível os pais (isto inclui as mães também) dizerem aos meninos quando, por exemplo, machucamse e choram: “O que é isso, menino? Vamos tratar de parar de chorar! Você é homem e homem não chora”!

Estas crenças, por incrível que pareça, estão muito enraizadas ainda nos tempos atuais e, com isso, o sagrado

masculino vai perdendo terreno e os homens ou se brutalizando ou buscando apoio no feminino.

O Sagrado Masculino leva a um novo olhar sobre os homens, em que se busca identificar o seu verdadeiro papel no mundo, na sociedade e na família, mas, acima de tudo, como indivíduo.

O Sagrado Masculino é o encontro do homem consigo mesmo.

Os homens, na sua base de criação, têm como princípio serem os provedores de suas famílias, os seres fortes, até mesmo insensíveis aos sentimentos alheios, principalmente com relação às mulheres.

São os machos que protegem as fêmeas. Mas isto, não significa que o homem não pode cuidar da mulher amorosamente.

Qual mulher não gostaria de ser cuidada por um homem que esteja com seu interior equilibrado unido a mulher que está igualmente com seu interior equilibrado.

Essa é a troca energética correta.

Aos poucos, os conceitos estão mudando, apesar de ainda não estar claro como são os novos comportamentos e papeis.

A mulher está conquistando cada vez mais espaço na sociedade, mas talvez não ainda com uma percepção dentro do sagrado feminino.

Muitas mulheres, na busca de seu espaço, brutalizam-se, perdem a sua essência amorosa.

Os homens, com as regras anteriores de não poderem chorar, de não terem comprometimento com as rotinas da casa, de pagarem as contas da casa, de gostarem de cargos de poder, de gostarem de futebol, carros e lutas, estão em uma fase de transição, pois não sabem ainda como se comportar e, muito menos, sabem como tratar a nova mulher que está surgindo.

Por séculos, as mulheres foram vistas pelos homens como seres inferiores, admiradas pelos seus belos corpos, mas não pela sua essência.

As mulheres tinham papéis específicos dentro do âmbito familiar e social. Na família, cabia às mulheres cuidarem da casa e dos filhos e não trabalhavam fora.

Quando começaram a conquistar o seu espaço no mundo profissional, as mulheres acumularam as funções de ajudarem a prover o lar e de cuidar do lar, porque os homens ainda não ajudavam em nada em casa.

Com o passar do tempo, essa realidade está mudando e, cada vez mais, os homens estão dando sua contribuição, de igual para igual, em casa. É algo tudo muito novo, tanto para homens quanto para as mulheres, e há muitas adaptações e melhorias ainda a serem feitas.

Com relação aos filhos, antes eram vistos pelos homens como seres subordinados, que deviam obediência e, caso não fosse assim, os castigos chegavam a ser físicos.

A agressão atingia tanto os meninos quanto as meninas, pois, afinal, as regras foram transgredidas e precisavam ser consertas e “ensinadas” de alguma forma. Esse comportamento com relação às mulheres e filhos sempre só mostrou o quão desconectado o homem esteve de sua essência.

Não é apenas alguns homens que estão desconectados de sua essência. Algumas mulheres também estão desconectadas. Elas ainda buscam essa reconexão, mas tem ainda um longo caminho pela frente.

Há ainda alguns poucos grupos de mulheres feministas, que não trabalham pelo desenvolvimento do sagrado feminino. Estão mais voltadas na reivindicação de seus direitos, não focando no resgate de sua verdadeira essência.

O feminismo as vezes vibra na separação, na medição de forças de quem é melhor e mais forte. Entretanto, talvez para algumas mulheres o feminismo seja um caminho, embora mais longo, para, em algum momento encontrarem o seu equilíbrio.

Quando homens e mulheres pararem de olhar para fora ao invés de olharem para dentro, encontrarão o seu valor, sem precisar da aprovação dos outros ou da medição de forças.

O Sagrado Masculino reconhece o seu Sagrado Feminino e o Sagrado Feminino reconhece o seu Sagrado Masculino.

Somos ambos em essência. Yin e Yang, Yang e Yin numa única trajetória.

A Lua encontrando o Sol.

O Sol encontrando a Lua.

O homem, em seu perfeito equilíbrio, reconhece o seu sagrado masculino e honra o seu sagrado feminino.

O homem que vive no seu equilíbrio é menos competitivo, mais empático e entende melhor os conceitos de fraternidade, respeito, comunhão. Como diz Carolina Zambelo:

“É quando o seu Sagrado Masculino reconhece o seu Sagrado Feminino (sim, somos duais) que a mágica começa a acontecer. Falando na prática, você vai se perceber mais empático, menos competitivo, estendendo melhor os conceitos de irmandade, comunhão e respeito. Vai se relacionar com sua parceira por meio de uma conexão energética e não física; vai conseguir reconhecer seus valores individuais, admirá-los e respeitá-los. Sua relação com o sexo será elevada, muito além do carnal, e isso lhe trará uma satisfação incrível, que só poderá ser vivida quando se despir de pudores e da visão pornográfica inserida desde sua infância. Vai entender o sexo como algo divino que interfere diretamente no seu campo energético. E vai assumir as responsabilidades sobre todos os seus relacionamentos e atitudes diante deles, sejam eles passageiros ou não, pois compreende que a pessoa que está ao seu lado está entregue e é merecedora do seu respeito. Vai reverenciar seus filhos e reconhece-los como únicos. Assumindo junto à sua parceira a criação, trabalhando unidos na construção de um ser humano digno, sem preconceitos, consciente de seu papel no mundo. Dividirá tarefas e se sentirá orgulhoso por isso.

O homem conectado ao seu Sagrado Masculino é capaz de experienciar todos os seus sentimentos de forma intensa e inteira. Chora, sorri, sente raiva, medo, desamparo, força e está integralmente presente em cada um desses momentos. Isso o torna ainda mais homem. Isso o torna único, especial, completo”. ( https://www.eusemfronteiras.com.br/osagrado-masculino/)

Da mesma forma que as mulheres, os homens também têm os seus ciclos naturais e é muito importante conhecer, honrar e respeitar esses ciclos.

Os ciclos dos homens são anuais e os ciclos das mulheres são

mensais. Os ciclos dos homens têm relação com o Sol e os ciclos das mulheres tem relação com a Lua.

Sendo os ciclos dos homens relacionados ao Sol, consequentemente, estes têm relação com as quatro estações do ano: outono, inverno, primavera e verão.

Sendo regido pelo Sol, as estações de maior luz solar e calor, que são a primavera e o verão, são mais favoráveis aos homens, pois estas restauram suas forças.

Carlos Caruso, no artigo O Sagrado Masculino – A Sabedoria do Homem Sagrado:

“No outono, é a estação de se recolher, voltar ao útero da Mãe Terra, de preocupar-se em ajudar a Mãe. Então, sabendo disso, o homem sabe que a estação do mês para ele abrir novos negócios e fazer mudanças em sua vida é sempre a primavera, porque é a estação mais favorável para um homem sagrado adquirir força e poder. O verão é onde atinge seu ponto mais alto de poder. Esta estação é muito favorável para ser eleito pela mulher amada.

Terra, servir de adubo para a vida na Terra, preocupar-se em conscientizar as pessoas as pessoas sobre ecologia e ajudar a Mãe Terra a se fortalecer. Seu ciclo, como todos os ciclos, representam os ciclos da vida: nascimento, crescimento, envelhecimento e morte.

O homem que entende seus ciclos e age de acordo com eles segue o fluxo da natureza. Com isso, obtém maiores resultados em sua vida no geral. Respeitando e agindo dentro dos seus ciclos, ele faz a roda de sua vida girar, de forma fácil, harmoniosa, deixando a força do Sol e das estações anuais o auxiliar em suas conquistas em prol de

si mesmo e em prol do planeta”. (https:// omundodegaya.com/2015/10/19/o-sagrado-masculino-asabedoria-do-homem-sagrado/)

Até há pouco tempo, a grande maioria dos homens não tinha conhecimento sobre suas próprias energias.

Nem sequer sabia da existência do seu Sagrado Masculino.

O sistema patriarcal escondeu essas informações dos homens.

Com isso, não apenas as mulheres foram prejudicadas, mas também os homens, posto que nasceram em um sistema desequilibrado e não tiveram acesso ao conhecimento do seu aspecto sagrado.

Da mesma forma que as mulheres, muito remotamente, os homens viviam os seus ciclos, tinham conhecimento sobre si mesmos, marcavam seus ciclos os viviam de forma integral.

No momento em que se negou o Sagrado Feminino, punindo as mulheres até mesmo com a morte, aos homens que nasceram a partir desse período foi ocultado o conhecimento da sua sacralidade.

Com isso, ambos, homens e mulheres, perderam-se na sua trajetória, vivendo vidas em desequilíbrio, longe da harmonia da sua essência.

Homens e mulheres viveram vidas sem equilíbrio. De um lado, os homens sem viverem sua sacralidade, oprimindo as mulheres, oferecendo-lhes condições indignas nos lares e no trabalho. De outro lado, as mulheres que, sem conhecerem também a sua sacralidade, submetendo-se a viver vidas indignas.

É muito importante que o homem conheça e respeite os ciclos de sua companheira e vice-versa. Ambos respeitando seus ciclos, complementando-se, colocam-se em harmonia com o Sol e com Mãe Terra. Dessa forma, o Yan/masculino vive em harmonia com o Yin/feminino.

Homens e mulheres, reconhecendo sua sacralidade e essência, vivendo em harmonia e construindo um mundo melhor para as próximas gerações.

Vivendo a sacralidade, desfazem-se as competições, as agressões, o medir de forças. Ninguém precisa provar nada a ninguém.

Basta que cada um se conheça e viva a sua sacralidade.

Com o Sagrado Masculino e Sagrado Feminino em harmonia, constroem-se relações saudáveis e, consequentemente, essa harmonia se refletirá sobre os filhos, que aprenderão desde cedo

sobre a sua condição. Assim, fortalecem-se as relações e constróise um mundo mais digno e harmônico.

O homem teve de viver uma vida fora de suas condições naturais. Segundo o que lhe foi imposto, ele teve de viver a sua macheza para ser considerado homem.

Quanto mais rude mais homem era. Mas isso, conforme dito anteriormente, foi causado pela batalha pelo poder, que levou o feminino a uma condição inferior, porque o poder feminino era considerado ameaçador.

Oprimindo o feminino, deveria nascer um homem rude e até mesmo cruel, de modo que a mulher não pudesse mais se manifestar.

Mas isso está começando a mudar. Também como falei anteriormente, embora não considere o feminismo um momento de equilíbrio, talvez fosse necessário para quebrar as correntes impostas às mulheres. Porém, quebradas as correntes, o próximo passo é o olhar para dentro para iniciar o resgate da sua sacralidade.

Os homens não entendem a nova mulher que está surgindo e não sabem lidar com ela.

A nova mulher pode até lhes parecer assustadora, porque agora a mulher já não precisa do homem para sobreviver.

A mulher já tem poder sobre a sua vida e sobre o que fazer com ela. As mulheres até aprenderam a usar furadeira, a trocar lâmpadas queimadas, a abrir vidros de pepinos, tarefas antes apenas dos homens.

Cada vez mais homens estão na cozinha, saindo-se muito bem. Cada vez mais os homens tem ajudado a cuidar dos filhos, a ajudar nas tarefas domésticas, a ser, enfim, um integrante da família, e não mais aquele que deveria unicamente cuidar do sustento da casa.

De qualquer forma é uma trajetória longa que nem mesmo as próprias mulheres já tenham se encontrado.

Por enquanto, as mulheres estão no caminho do seu resgate.

Os homens estão começando agora a colocar um olhar maior sobre si mesmos.

Serão todos os homens vitoriosos na sua busca? Tomara que sim! No próximo capítulo, vamos continuar a falar sobre o tema, porém colocando juntos o Sagrado Masculino e o Sagrado Feminino.

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