Revista Hánexo 2021

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HISTÓRIA DE JORNALISTA

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A jornalista Daniella Lemos, da EPTV Campinas, contou essa história para a repórter Gabriela Duarte

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Daniella Lemos

u não lembro exatamente o ano, mas era começo dos anos 2000 e estava tendo uma obra de ampliação grande da Dom Pedro, duplicação de pistas etc. Só que pra rolar essa reformulação viária, eles precisavam explodir uma rocha enorme, que estava no meio do caminho, por onde eles iriam construir o novo viaduto. Era uma coisa que chamou muita atenção, porque raramente víamos esse tipo de intervenção em uma área tão movimentada da cidade; e foi tudo programado, iriam bloquear o trânsito, fazer um círculo de segurança, a imprensa só poderia acompanhar de um outro viaduto do outro lado, coisas assim. Nessa época, eu trabalhava numa TV a cabo local que a EPTV tinha e chamamos uma entrada ao vivo da tal rocha. Beleza! Tudo montado, caminhão de link - na época não era toda essa facilidade pra entrar ao vivo. Fomos pra lá para montar todo o circo e começou a transmissão ao vivo próximo do horário que estava prometido mesmo a tal da explosão da rocha. Só que, obviamente, para que o cinegrafista conseguisse mostrar a rocha, eu estava de costas para ela. E aí foi aquela expectativa. Acho que eram três sirenes que tocavam antes da explosão em si, e eu lá enrolando, mostrando a movimentação em volta, a interdição das pistas, as pessoas que ficaram em cima de morros e de viadutos mais distantes para assistir a explosão da tal rocha, aquela expectativa toda. E eu falando, falando, tocou a primeira sirene; eu continuei falando, tocou a segunda sirene e eu falando, esperando pela última sirene e a tal da explosão. Tocou a última sirene e eu continuei falando, porque eu não ouvi a tal da explosão - tava de costas pra rocha - e eu falando, falando, falando, até que o cinegrafista fez um sinal pra mim assim: “Já explodiu!”. Era um negócio...a gente tava esperando um estrondo enorme, porque tinha toda essa área de segurança montada, então a gente imaginou que seria uma coisa que ia fazer um barulhão. No final das contas o negócio fez assim: “Puf…”, e a rocha desmontou; já que era pra abrir ela em várias partes e depois conseguir tirar, remover aquela rocha. Então aquele barulho todo que a gente esperava nunca chegou, e como eu tava de costas, e não ouvi o barulho, eu continuei falando. “A expectativa aqui, para a hora da explosão…” e a explosão já tinha rolado atrás de mim! O cinegrafista não sabia se ria ou se desesperava, porque eu continuava falando como se nada tivesse acontecido, e a explosão já tinha sido. Então, essa é uma história que eu lembro, assim, de uma papagaiada ao vivo, mas enfim, não era nada daquilo que a gente imaginava.


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