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Além do agro

Fotos: Divulgação

Nossa região nestas últimas 2 décadas vem se caracterizado pela evolução do AGRONEGÓCIO e sem dúvida ocupa lugar central no desenvolvimento de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e Região; promovendo importante marco no crescimento econômico do oeste baiano.

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Porém, para o bom funcionamento do AGRO, existe a necessidade de termos uma série de recursos humanos, técnicos e infraestrutura que vão muito além dos tratores e plantadeiras, dos agrônomos, pecuaristas e outros ligados diretamente a área. Na verdade, é preciso ir além...

Quando D. PEDRO II começou a desenvolver obras de infraestrutura no Brasil, precisou de engenheiros, advogados, médicos, professores e outros tantos profissionais e que tinham que ser importados. Os europeus mesmo com salários fantásticos pagos pelo governo brasileiro não queriam vir para cá sem sua família e não havia boas escolas no Brasil, nem redes de saúde, e aí por diante. Assim sendo o Imperador teve que criar por exemplo o COLÉGIO VISCONDE DE PORTO SEGURO (que é referência até hoje), além de hospitais e hotéis para viabilizar a vinda desta mão de obra tão necessária a continuidade deste Brasil jovem e ainda republica.

Nossa região hoje carece que um crescimento sistêmico, ou seja, Escolas, Médicos, Advogados, Professores, Hotéis, Restaurantes, Alfaiates, Motoristas, Padeiros entre outros tantos profissionais e atividades que precisam ser provocadas pelo município/sociedade local a se desenvolverem a fim de apoiar nosso foco econômico no AGRO. Se assumirmos esta missão, estaremos garantindo um crescimento equilibrado e seguro para nossa região.

As vezes acreditamos que as coisas vão acontecendo espontaneamente, porém a curva de tempo e o risco de deixar ocorrer desta forma, pode nos levar a gargalos importantes que acabam por restringir o crescimento em algum momento e potencializam o risco de concentração da matriz econômica. Algumas cidades no Brasil são apelidadas de cidades dormitório, já que só servem para algum uso específico (cadeia industrial ou agropecuária) e não reúnem as mínimas condições de desenvolver qualidade de vida... Estas cidades não crescem a longo prazo pois as pessoas não desejam permanecer ali (ficam trabalhando de segunda a sexta e depois vão para sua “residência” de fato).

Joinville (SC) até o ano 2000 era exclusivamente uma cidade industrial. Tupy, Embraco, Consul, Brastemp, Wetzel, Tigre entre outras empresas já eram marcas nacionais e algumas mundiais presentes na cidade. Porém a cidade estava estigmatizada como CIDADE INDUSTRIAL e só possuía eixo turístico dos negócios (as pessoas iam para lá trabalhar apenas).. Não existia lazer, gastronomia, passeios, enfim oportunidades para um turismo de lazer (embora o PIB de Joinville fosse o maior do estado... o dinheiro não resolve isso sozinho). Foi a visão empreendedo-

ra e de longo prazo do governo municipal que mudou este quadro. A sociedade se mobilizou e apoiou uma iniciativa chamada PROJETO COSTA DO ENCANTO que transformou a cidade em 10 anos. Hoje temos em Joinville, a única filial do BALÉ BOLSHOI fora da Rússia, O FESTIVAL DE DANÇA atrai pessoas do mundo inteiro para dançar nos palcos de Joinville por um mês, surgiu a RUA GASTRONÔMICA com 56 restaurantes, o PASSEIO DONA FRANCISCA e outros tantos roteiros de turismo e arte incentivados e apoiados pelo poder público junto com a sociedade local.

Então, é papel dos governos municipais ESTIMULAREM e GARANTIREM o desenvolvimento destes novos grupos econômicos, através de programas sociais e culturais relacionados a INOVAÇÃO e que venham a promover a ECONOMIA CRIATIVA e multiplicar estas iniciativas. De fato a promoção da INOVAÇÃO E DA ECONOMIA CRIATIVA NOS MUNICÍPIOS já passou a estar na pauta central das prefeituras de muitas cidades no Brasil e é comum encontrarmos a criação de uma SECRETARIA MUNICIPAL DE INOVAÇÃO ou ainda a criação de COMITÊS MUNICIPAIS DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO com a participação da ACADEMIA, GOVERNO MUNICIPAL (principalmente secretarias de DESENVOL

VIMENTO, EDUCAÇÃO e CULTURA ), FUNDAÇÕES, SISTEMA “S” ( Sebrae, Senai, Senar... ), SINDICATOS, EMPRESAS entre outros atores e com o propósito de apoiar o Município neste tema ( promover a INOVAÇÃO e ECONOMIA CRIATIVA ).

As cidades que têm focalizado estas oportunidades, veem conseguindo acesso ao apoio financeiro e institucional disponibilizados pelo governo federal através de seus programas de fomento à inovação, são atrativos como destino para empresas e talentos humanos, ampliam sua visibilidade no contexto nacional, caminham em direção ao conceito de SMART CITIES (movimento mundial) que está redesenhando nosso modelo de sociedade do século 21 e transformando as CIDADES num excelente espaço para VIVER, ESTUDAR, TRABALHAR e se DIVERTIR de forma integrada (melhorando a qualidade de vida e bem-estar das pessoas).. Isso reduz problemas de mobilidade e integra espaços urbanísticos de tal forma que morar e viver passam a ser sinônimo de prazer;

Muitas destas iniciativas no futuro terão forte impacto na matriz econômica da cidade, seja na criação de riqueza, seja na geração de empregos e novas oportunidades. Se visitarmos o CASE da cidade de Florianópolis /SC, vamos constatar transformações (entre 2014 e 2018) nos salários médios (de 1.800 reais para 4.300 reais), valor do aluguel comercial por metro quadrado (de 20 reais para 100 reais) além da criação de imensa quantidade de Bares, Restaurantes, Escolas, Academias, clínicas.... Enfim toda a cadeia de consumo que passou a se beneficiar deste crescimento. Empresas como o PEIXE URBANO (grande player da internet) trocou o Rio de Janeiro por

Florianópolis entre tantos outros exemplos de grupos nacionais e internacionais que perceberam naquela geografia um potencial fantástico (após a ativação dos APARELHOS DE INOVAÇÃO, HUBS e ECONOMIA CRIATIVA 2014).

No Brasil cidades como PALHOÇA, FLORIANÓPOLIS, JOINVILLE, CAMPINAS, TAUBATÉ, SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SÃO PAULO E RECIFE já vêm trabalhando nesta direção. Elas construíram ECOSSISTEMAS MUITO ATIVOS que estão alavancando uma ECONOMIA CRIATIVA / INOVADORA e gerando muito valor econômico e social.

Precisamos aproveitar os excelentes resultados do AGRONEGÓCIO na nossa região e iniciar já nosso ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO. Ele é nossa garantia de CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL.

Rua Rondônia, 151, Centro, Luís Eduardo Magalhães-Bahia

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