(filhos do privilégio 01) herdeiro secreto (desejo 109)katherine garbera

HERDEIRO SECRETO The Greek Tycoon's Secret Heir

Katherine Garbera (Filhos do Privilégio 01) Desejo 109

Nascidos para o poder e a riqueza, somente o amor é capaz de domar esses poderosos magnatas internacionais. ― Você vai se casar comigo!

Casar-se com Christos Theakis? Ava Monroe sempre ansiou por isso, mas ela não é o único alvo: Christos quer a custódia de seu filho, que ele acredita ser um Theakis.

A tentação faz Ava se juntar ao imponente, arrogante e letalmente atraente magnata da marinha mercante em sua luxuriante ilha grega. Essa é sua chance de provar a Christos que jamais o traiu e recuperar sua confiança... e o coração do homem de sua vida.

Digitalização: Simone R. Revisão: Alice Akeru

Desejo 109 [Filhos do Privilégio 01] Herdeiro Secreto (The Greek Tycoon´s Secret Heir) - Katherine Garbera

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Desejo 109 [Filhos do Privilégio 01] Herdeiro Secreto (The Greek Tycoon´s Secret Heir) - Katherine Garbera

PUBLICADO SOB ACORDO COM HARLEQUIN ENTERPRISES II B.V./S.à.r.l.

Todos os direitos reservados. Proibidos a reprodução, o armazenamento ou a transmissão, no todo ou em parte.

Todos os personagens desta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência.

Título original: THE GREEK TYCOON'S SECRET HEIR Copyright © 2008

by Katherine Garbera Originalmente publicado em 2008 por Silhouette Desire Arte-final de capa: Isabelle Paiva Editoração Eletrônica: ABREU'S SYSTEM Tel.: (55 XX 21) 2220-3654 / 2524-8037 Impressão: RR DONNELLEY Tel.: (55 XX 11) 2148-3500 www.rrdonnelley.com.br Distribuição exclusiva para bancas de jornais e revistas de todo o Brasil: Fernando Chinaglia Distribuidora S/A Rua Teodoro da Silva, 907 Grajaú, Rio de Janeiro, RJ — 20563-900 Para solicitar edições antigas, entre em contato com o DISK BANCAS: (55 XX 11) 2195-3186 / 2195-3185 / 2195-3182 Editora HR Ltda.

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CAPÍTULO UM

— Tem um homem esperando por você na diretoria — disse Laurette Jones, ao entrar na sala de aula de Ava Monroe. — Eu tomo conta da sua turma enquanto você estiver por lá.

— Tudo bem com Theo? — perguntou Ava. Seu filho estava no jardim de infância da exclusiva escola em que ela dava aulas para o segundo grau. Era estranho ser chamada da sala de aula no meio do dia. A calma relativa da agradável tarde de fevereiro fora quebrada.

— Não sei. Karin pediu que eu viesse avisar — disse Laurette, que trabalhava para Karin Andrews, na direção do colégio.

— Obrigada, Laurette — disse Ava, saindo pelos corredores, tentando evitar correr. Sabia que poderia estar imaginando coisas, mas Theo sofria de asma, e ainda não havia remédio capaz de controlá-la eficazmente. Só de pensar que poderia estar tendo um ataque ficou com as palmas das mãos suadas.

Parou na enfermaria, que estava no caminho, e viu que seu filho não estava por lá. Ficou aliviada. Só esperava que não tivesse metido em apuros. Não era mal-educado, mas muito ativo, e sua professora costumava ser paciente com meninos assim.

Girou a esquina que levava às salas da direção e ouviu uma voz grave, com muito sotaque. Ficou gelada. Nunca se esquecera daquela voz, que ainda ouvia em seus sonhos. Christos Theakis. Seu coração acelerou enquanto tentava convencer a si mesma que estava imaginando coisas. Mas sabia que não era verdade. Chegou à porta do escritório de Karin Andrew.

— Entra, Ava, estamos te esperando.

Ela entrou, e ali estava Christos, debruçado na mesa de Karin. Ele levantou o corpo quando Ava apareceu. Era alto e se vestia de maneira causal e sofisticada, como os europeus.

Passou as mãos pelos lados da saia e disse a si mesma que já não era a menina do interior que ele um dia seduzira. Mas na verdade ainda se sentia a mesma.

— Olá, Christos. Sinto muito por sua recente perda.

Ele balançou a cabeça, solenemente. Ava podia ver tristeza e luto em seus olhos, mas ele controlou as emoções.

Ava não conseguia tirar Christos e toda a família Theakis da cabeça desde as notícias do mês anterior. Seu irmão mais velho, Stavros, sua cunhada, Nikki, e suas 4

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duas sobrinhas morreram quando um jato privado explodiu minutos após decolar de Atenas, na Grécia.

Ava, que fora babá das meninas, caiu em prantos quando o repórter revelou seus nomes. As coisas não terminaram bem quando era empregada dos Theakis, mas ela adorava aquelas crianças.

Seu filho não entendia a razão do choro, e consolou-a como um menino de 4 anos poderia fazer, com seu bicho de pelúcia preferido e muitos abraços.

Mas a dor da perda daquelas meninas, de quem cuidara, ainda estava presente.

— Precisamos conversar.

As palavras diretas de Christos a trouxeram de volta ao presente. Que arrogância. E pensar que ela achava isso atraente. Mas com quem estaca brincando?

Os homens que sabem o que querem não mexem um dedo para nada. São muito diferentes dos homens de seu círculo, que discutem até mesmo para decidir onde jantar numa sexta-feira à noite.

— Sim, precisamos — disse Ava, tentando alcançar certo nível de arrogância.

— Podemos usar sua sala, sra. Andrews?

Karin ficou vermelha ao olhar para Christos. Ava nunca vira aquela mulher tão profissional reagir dessa maneira. Sorriu para ele enquanto se encaminhava para a porta.

— Claro. E por favor, ligue para mim, Karin.

A porta se fechou com um ruído surdo após a saída da diretora. Ava tentou pensar em algo para dizer, mas as palavras que vinham à sua boca soavam banais. mesa.

Finalmente, olhou para ele e percebeu que não se movera de sua posição na — Então... o que está fazendo aqui?

— Vim clamar pelo herdeiro dos Theakis.

Ava era exatamente como ele se lembrava. Cabelos loiros, feições delicadas, dona de uns olhos azuis mais misteriosos que o trecho mais profundo dos mares. Fora única em sua vida. Uma anomalia em um mundo repleto de gente que gostaria de estar ao lado dele por dinheiro, por seus conhecimentos ou seu pedigree. Ela queria estar com ele por outra razão. Ou pelo menos era o que ele imaginava. Parecia inocente, e em grande parte por isso sentira tanta atração.

Poderia apostar sua fortuna dizendo que Ava seria incapaz de mentir. E perdera.

Deixou que o silêncio crescesse entre eles, olhando para ela, sabendo que a deixava desconfortável. Ainda a queria. Droga. Mesmo sendo mãe do filho do seu irmão...

Ava merecia aquele desconforto, ele pensou. Dormiu com ele e com o seu irmão, e agora sua família precisava daquela criança. Do filho de seu irmão. Que confusão.

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Christos era o playboy da família, era quem frequentava o Jet set, e por muito tempo esteve mais interessado em seus próprios prazeres que em qualquer outra coisa. Mas por alguns meses, naquele verão quando Ava esteve na Grécia... melhor esquecer.

Ele a afastara de sua vida, mas tudo mudara após a morte de Stavros. Perdera seu irmão mais velho e suas sobrinhas. Não sentia muita falta da cunhada, mas Nikki nunca tentou ser sua amiga, para dizer a verdade. Sempre fora o segundo filho. Não o herdeiro.

Seu temperamento era lendário, assim como o de Stravos, e a luta que travaram por Ava... chegou a proporções míticas. O que o deixava inquieto é que tinham tido anos para resolver aquilo, mas nunca mais pôde viver em paz ao lado do irmão.

Sabia o que o pai queria dele. Queria que controlasse os negócios, casasse e produzisse mais bebês gregos. Assegurar que a linha Theakis seguiria viva. Seu pai mandou que fosse até Ava e pedisse o menino de volta, menino que Stravos pagara para que ela mantivesse a boca fechada.

Ele sabia o que o irmão lhe diria se pudesse ter previsto o futuro... diria a Christos que se casasse com Ava e adotasse o menino. E diria também que deveria levar os dois para a Grécia, onde o menino poderia ser criado e finalmente herdar o império naval, propriedade de sua família a gerações. O conselho de seu pai fora o mesmo, porque Stavros e Ari eram farinha do mesmo saco.

— Fico surpresa que esteja aqui. Imaginei que nunca voltaria a vê-lo — disse Ava, por fim.

Ele não poderia evitar as circunstâncias que o levaram até ali, e não queria comentar nada sobre aquilo. Não naquele momento. Tristan, um de seus melhores amigos, assegurou-o de que o luto passa com o tempo, mas Christos não enxergava um fim para a dor que sentia.

— O que o menino sabe sobre o seu pai?

— O menino? Seu nome é Theo. E eu... eu lhe disse que você é um importante homem de negócios grego, sempre ocupado.

Que ele era um importante homem de negócios grego? Christos não podia acreditar que ela mentia, dizendo que ele era o pai. Sempre fora muito cuidadoso quando estiveram juntos. Só uma vez... pensou. Mas saiu fora logo que percebeu o que estava fazendo. E Stravos... bem, seu irmão sempre fora vago com sexo e camisinhas... nunca as usava.

— Mentira.

— Você é um homem de negócios. E está sempre ocupado, pelo menos de acordo com a revista Hello. Não sei por que a morte de Stavros mudaria tudo. Você fez sua escolha muito tempo antes.

Ele deu de ombros. Não voltaria ao assunto da paternidade. O menino era um Theakis e voltaria à sua família. Tinham os documentos legais, que ela assinou quando 6

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levou o dinheiro oferecido por Stavros.

Ele tentava não pensar naqueles dias na Grécia. Logo que viu Ava com seu irmão, desistiu de tudo, voltando à sua vida de festas e viagens intermináveis, tentando apagar da memória o tempo em que estiveram juntos. Voltou ao seu velho estilo de vida por vingança. Ser o segundo filho significava que sua vida era frívola e social.

Focava nos seus interesses comerciais durante o dia, mas passava as noites em festas.

— E o menino, onde está? — ele perguntou.

Ava prendeu uns cachos de cabelo atrás da orelha. Cruzou os braços sobre o peito e olhou através da janela.

— Quem, o herdeiro? Você me disse... — E a voz de Ava tremeu.

— Eu sei o que lhe disse, mas os tempos são outros. Preciso que seja a mulher que certa vez imaginei que fosse.

Isso não era nada mais que a verdade. Ele precisava de algo que Ava não poderia imaginar. Precisava que fosse uma mãe como a sua. O tipo de mãe que criaria o filho para um mundo de privilégios e expectativas — pois ele não teria tempo para isso.

— Que mulher é essa?

— Uma mulher em quem eu possa confiar. A saúde de meu pai já não é a mesma e ele sente falta das netas.

— Theo não tem nada a ver com as meninas. Não poderá substituí-las — ela avisou.

— O que você quer dizer?

— Ele é americano, Christos. Sabe algumas coisas sobre a vida da sua família e sua herança, mas não é grego.

— Eu vou ensinar tudo o que ele precisa saber.

— Ari me odeia.

— Meu pai ama o seu filho.

— Não sei. E já não sou aquela menina ingênua de antes.

— Ainda é jovem — ele disse.

Era doze anos mais nova que ele, o que em seu tempo poderia ser uma desculpa para as mentiras que lhe contara, mas não perdoaria desta vez.

— Ser mãe me fez amadurecer como nada mais faria.

— Então você deve saber que manter o seu filho longe da família Theakis é algo que não posso permitir que continue acontecendo.

— Quando vi as notícias sobre Stravos e sua família, pensei em ligar para você.

— E por que não ligou?

— Fiquei com medo de lidar com você.

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— Entendo — ele disse.

Quando ela chegou com a notícia da gravidez, a tratou da forma mais cruel. Mas naquele tempo não estava interessado em limpar a barra do irmão. E afastou-se dela.

Após o ataque do coração do pai, contratou um detetive privado para localizá-la.

Quando o velho homem parecia frágil, Christos fez uma promessa que não sabia se poderia cumprir: encontrar o herdeiro Theakis e trazê-lo de volta a casa.

Nunca desculpou Ava, mesmo sabendo como tudo terminara. Fora até ali clamar Theo como herdeiro dos Theakis, mas vendo a luz sobre os cabelos dela, percebeu que gostaria de clamar pela mãe também.

— Quero ver o menino.

— Ah, claro. Quando? — ela perguntou.

Ava estava nervosa, o que ele percebia facilmente pela maneira como respondia a suas perguntas. Disse a si mesmo que deveria permanecer objetivo, mas não podia. O que sentia por ela e pelo menino era tão intenso. Ela mentira para ele, e por isso gostaria de vê-la tremer nas bases um pouco.

— Hoje, Ava. Acho que podemos resolver isso sozinhos.

— Claro. Não impediria que visse o menino. Só estava perguntando quando.

— Ele tem o nome da família?

— Não.

— Isso fazia parte do acordo com Stavros?

Ela voltou a cruzar os braços sobre o peito e arqueou uma das sobrancelhas.

— E interessa? Você disse que não queria saber do meu filho.

— Mas tudo mudou. Theo é um Theakis, e eu preciso dele.

— Como disse, Theo leva o meu sobrenome.

— Esta será a primeira mudança. Vou pedir que comecem a preparar os papéis.

— Que rápido, não? Por que...

— Não é nada rápido. Perdemos muito tempo de sua infância.

Ela ficou vermelha, de raiva, ele imaginou. nome.

— Estou certa de que Theo ficará muito feliz em conhecê-lo. Ele sabe o seu — Ótimo.

Ela não respondeu nada, mas Christos percebeu o nervosismo em seus olhos quando virou as costas.

— Vou pedir a Karin que o chame na sala de aula. Ele tem um pouco de medo desta sala da diretoria. Talvez seja melhor esperar no jardim. Eu levo Theo até lá.

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Theo não parou de falar enquanto caminhavam em direção ao jardim, perguntando coisas sobre Christos. Mas ela não sabia muito bem o que dizer. Por fim, saíram sob o sol da Flórida e Theo agarrou sua mão, silenciando ao olhar para o homem alto que estava em pé, de costas para eles.

Ela se ajoelhou e abraçou o filho.

— Ele está muito feliz em conhecer você.

— De verdade?

— Claro que estou — disse Christos, aproximando-se dele. — Theo, sou Christos Theakis.

Theo pegou a mão de Christos e cumprimentou-o.

— Oi, pai.

Christos deu um passo atrás e olhou para ela.

— A palavra grega para pai é baba, Theo — disse Ava. Christos pegou Theo nos braços e Ava afastou-se. Seria mais fácil acreditar que, para o bem do filho, os dois não deveriam se aproximar. Christos fora muito rude em seu último encontro, quando a acusou de dormir com seu irmão. E ela não pôde se defender contra tanta raiva.

Ele queria fazer o teste de DNA para provar a paternidade, mas Ava se recusou, querendo que confiasse nela. Mentira sobre outras coisas, e ele tinha consciência de tais mentiras, mas naquele assunto Christos precisava confiar nela.

Seguia a vida de Christos pelas páginas dos jornais e revistas de fofoca. Mas naquele jardim sossegado, quando ele abraçou Theo, Ava ficou pensando se não cometera um erro.

Afastou-se dele. Tentou se lembrar de todas as razões que a fizeram não estar mais apaixonada por Christos. Mas, olhando para ele, as razões pareciam tolas. No fundo do seu coração, algo que estava adormecido por cinco anos, voltou a bater.

Ava não chegaria a tal ponto. Christos foi o homem que mudou todo o curso de sua vida, e ela finalmente conseguira pôr tudo em ordem. Não se envolveria com ele outra vez. A menos que... fosse preciso, caso ele agisse como pai do Theo. Não poderia afastá-lo do filho agora. A família Theakis era muito unida, algo que a sua não era, e ela queria uma família assim para Theo.

Karin apareceu para levar Theo de volta à sala de aula, deixando Ava sozinha com Christos. Ele ficou olhando para o filho. Ava sentiu um nó na garganta quando viu a torrente de emoções estampada em seu rosto. Sempre imaginou que Christos seria mais do que a imagem de playboy que mostrava ao mundo. Percebera algumas coisas no tempo em que estiveram juntos. E naquela época tinha sido o suficiente para que ela se envolvesse.

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Mas essa foi a segunda vez que vira Christos demonstrando algo... A primeira vez... bem, melhor não falar sobre isso agora.

— Bom trabalho.

— Obrigado. Eu... nem sempre sei exatamente o que devo fazer. Mas ele é um bom menino.

— Claro que sim — disse Ava. Colocando as mãos nos bolsos, ele se aproximou.

— Por que disse que sou seu pai?

— Você ainda não acredita em mim?

Ele fez que não.

— Dei uma chance para que provasse isso, Ava. Para que provasse que Theo é realmente meu filho, e você não aceitou.

— Porque quero sua confiança.

— Uma vez mentirosa...

— Isso não é justo. Pedi desculpas por aquelas mentiras. Eu era jovem e imaginei que você não gostaria de ter uma mulher com o meu passado.

— Seu passado muito pobre. Que melhor maneira de assegurar que não voltaria à vida naquele trailer estacionado num parque que sendo mãe de um Theakis?

Ela fez que não, tremendo ao ouvir aquelas palavras.

— Não foi assim.

— Você poderá me explicar em outro momento. Agora tem duas escolhas, Ava. Ela ainda gostava do som do seu nome na língua de Christos. O que a incomodava, pois na verdade queria dar um tapa nele por desdenhar tanto do passado. Ela cometera erros, claro, mas do que eram feitos os gregos para que ele fosse incapaz de passar por cima de tudo aquilo?

— Quais?

— Você pode abrir mão de seus direitos sobre Theo e deixar que seja criado entre os Theakis.

— Por que faria isso?

Ele devia estar louco ao imaginar que poderia abrir mão do filho.

— É um direito dele ser criado em nossa família. E você teve Theo ao seu lado nos últimos quatro anos.

— Você jogou esses anos fora — ela disse, vendo um filme do passado em sua cabeça. Ela se lembrava do exato momento em que ficara grávida. Lembrava muito bem do rosto de Christos com uma mistura de raiva e ódio quando ela não aceitou ficar na Grécia e se transformar em sua amante.

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Ele beijou-a rapidamente e logo a raiva se transformou em desejo, e terminaram fazendo amor no escritório de Christos. O encontrou não foi resultado de uma sedução, os dois se desejavam, sabiam que seria a última vez.

Ela agarrou seus ombros e ele a segurou firme. Quando já estavam unidos, ela percebeu que não estavam usando proteção.

Nenhum dos dois disse nada. E, poucos dias mais tarde, tudo ruiria com a acusação de Nikki sobre ela e Stavros. E Christos ficou ao lado da cunhada.

— Talvez. Mas agora não mais. Eu quero Theo. Estou tomando conta dos negócios da família — disse, desviando o olhar, observando o perfeito gramado do colégio. — Eu me transformei no herdeiro que nunca fui, e devo prover novas gerações.

— Agora você precisa de um herdeiro — ela disse. E ficou triste ao perceber que era a única razão que o levava até ali. Não porque de um momento para outro percebeu que tinha um filho, e ficou louco para conhecê-lo.

Mas ela não poderia deixar que Christos machucasse Theo. Não deixaria Theo amar um homem que tinha rios de gelo correndo nas veias. Homem capaz de fazer amor com uma mulher, segurando-a tão forte, para depois, calmamente, acusá-la de infidelidade.

— A família Theakis precisa de Theo — ele disse.

Isso não tem nada a ver com você, Ava lembrou a si mesma. Mas tinha.

— Você disse duas escolhas.

— Sim, eu disse. Se está interessada em permanecer presente na vida de seu filho, estou disposto a me casar com você.

CAPÍTULO DOIS

A casa que alugou com vista para o oceano Atlântico era grande e suntuosa, mas vazia. Mesmo com os cinco empregados que contratara, ainda parecia uma casa vazia.

Christos afundou na poltrona de couro do escritório, agarrando o telefone assim que tocou.

— Que tal? — perguntou Tristan Sabina.

Tristan era um dos dois melhores amigos de Christos. O outro era Guillermo de Ia Cruz. Formaram uma estranha trindade de baderneiros e playboys por metade de 1 1

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suas vidas. Eles se conheceram em um exclusivo colégio interno na Suíça e se reuniam em eventos que sempre causavam problemas.

Os três deram notícias para tablóides por mais tempo do que ele poderia se lembrar, passavam pela vida como se o mundo fosse o quintal deles. Começaram um negócio juntos aos 20 anos, uma cadeira de boates em endereços caros por todo o mundo. Essas boates exclusivas, chamadas Seconds, eram o local certo para ver e ser visto, e todas as noites lotavam com celebridades, loucas pela fama e amigos cuja entrada era permitida.

Tristan, Gui e Christos eram os reis do império que construíram.

Christos apoiou o telefone entre o ombro e o ouvido e tomou um gole de tequila.

— Não sei. Pensei que ela fosse me dar um tapa quando disse que estou disposto a me casar.

— Vocês gregos não tem jeito com as mulheres — disse Tristan. —Você deveria ter agarrado essa mulher nos braços e beijado...

— O que estou fazendo não tem nada a ver com ela— disse Christos, tentando não ficar com raiva do amigo.

— Parece que sim — disse Gui, calmo como sempre, a voz da razão, assim que entrou na conferência telefônica. — Você nunca falou sobre o que aconteceu.

— Nem penso.

— E o menino, que tal? — perguntou Tristan.

— O menino era... ele parecia...

— O quê, Christos? — perguntou Gui. A conferência telefônica era um pouco confusa, mas ainda assim era a melhor maneira de manter-se em contato agora que cada um deles tinha o seu negócio.

— Tem o mesmo nariz de Stavros.

— Você também. É a marca dos Theakis — disse Tristan.

— Voltou a perguntar se Stavros era o pai? — perguntou Guillermo.

— Não. Ela mentiu antes. Por que não mentiria outra vez?

Tristan respirou fundo.

— Quer companhia na Flórida?

— Não. Vou organizar toda a papelada legal para o menino e volto para a Grécia semana que vem.

— E ela? — perguntou Guillermo.

— Está pensando.

— No que exatamente está pensando?

— Se vai se casar comigo. — Christos não queria pensar muito em Ava e na 1 2

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proposta de casamento. Ainda se lembrava da última vez que falaram sobre o assunto, e não fora nada fácil.

— Casamento? É a única solução? — perguntou Tristan.

— Eu...

— Você ainda quer essa mulher e acha que poderá mantê-la sob controle? — perguntou Gui. — Não estou pensando muito.

—- Certo — disse Tristan. — Volto para Paris em três semanas, no dia 30. Posso passar na sua casa em Mykonos no dia 23.

Um som eletrônico entrou na linha.

— Eu também.

— Vocês não precisam...

— Já sabemos — disse Gui. — Mas queremos vê-la pessoalmente.

— Gui, ela não...

— Não estou dizendo nada. Só quero uma chance de ver que tipo de mulher é a mãe do herdeiro dos Theakis.

— Eu também — disse Tristan. — Você e Stavros eram tão diferentes.

— Éramos diferentes... na verdade, acho que ainda somos — disse Christos.

Um silêncio na linha.

— Não precisa mesmo da nossa ajuda?

— Não — respondeu, tomando mais uma dose de tequila, quando ouviu alguém bater na porta da biblioteca.

— Tenho que ir — disse, desligando o telefone. E depois disse: — Entre.

— Senhor, a srta. Ava Monroe está aqui e quer vê-lo. — Era Antônio Montoyo, mordomo de Christos que viajava com ele para todo lugar. Mesmo sendo apenas 15 anos mais velho que o patrão, o relacionamento dos dois era mais próximo ao de um pai e filho que a relação que mantinha com Ari Theakis.

— Ela está sozinha, Antônio?

— Não. Trouxe o menino, Theo.

Aí estava o problema. Não importava qual era a verdade, o mundo veria Theo como seu filho. Nikki, sua cunhada, fizera um bom trabalho escondendo os casos de Stavros.

— Diga que entrem.

— O quê, senhor?

— Qual o problema, Antônio?

— O senhor não está vestido para recebê-los.

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Ele levantou uma sobrancelha. Tinha acabado de voltar de um mergulho no mar e vestia sunga, sem camisa. Era inverno na Flórida, mas durante o dia não fazia frio. E não trocaria de roupa por Ava. Não podia explicar o que sentia por ela, nem gostaria de tentar, mas Ava tinha muitas cartas na manga com aquele menino, e ele não lhe daria mais uma.

— Estou bem. Melhor que me veja como realmente sou agora.

— E o que é agora, senhor?

— Um playboy disfarçado de diretor de uma empresa de navegação grega, um homem do mar, como meu pai e meu irmão.

— Eu o conheço há muito tempo, Christos, e o senhor não tem nada a ver com eles.

— Chega — disse ele.

Antônio saiu da sala fazendo um negativo com a cabeça. Christos lidaria mais tarde com a desaprovação do empregado. Respeitava Antônio. Mas mesmo com a insistência pela manutenção das aparências, Christos sabia que não desrespeitaria uma ordem sua.

As portas se abriram segundo depois, e Ava apareceu na sala. Estava diferente.

Vestia um par de jeans surrados que moldava suas pernas e um suéter de cashemira que combinava perfeitamente com o azul de seus olhos. Seus cabelos longos caíam pelos ombros.

Theo ficou parado ao lado da mãe, vestindo um par de calças cargo azul-marinho e uma camiseta do mesmo tom. Os dois agradeceram a Antônio quando este se retirou.

— Sentem-se — disse Christos.

— Obrigada por nos receber — agradeceu Ava. — Estava esperando por você — disse, o que era verdade, ainda que não tão rápido, mas imaginava que ela viria com uma resposta.

— Eu sei — ela disse, calma.

Ava olhou para o filho e depois para Christos, que percebeu um toque de proteção em sua mirada, junto à outra emoção que não pode identificar.

Ela limpou a garganta.

— Estava discutindo sua proposta com Theo e ele me fez algumas perguntas.

Christos ficou surpreso. Mas de forma positiva. Theo, um dia, comandaria uma empresa de milhões de dólares. Aprender a ponderar e tomar decisões seria importante para a sua vida.

— Quais são as suas perguntas, Theo?

— Quero saber sobre a Grécia, baba.

Baba. Não gostava de ouvir isso na boca do menino. Era tio de Theo, não seu pai.

Precisava conversar com Ava sobre isso. Mas não na frente dele.

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— Perfeito. Venha até aqui e mostro para você algumas fotos da nossa casa.

O menino hesitou, e Ava o colocou no colo.

— Ava, deixe-o no chão.

Ela fez o que foi pedido.

— Você tem medo de mim? — ele perguntou a Theo.

O menino encolheu os ombros, e Christos pode ver uma réplica dos olhos negros que enxergava todas as manhãs, no espelho do banheiro. Não queria que o menino tivesse medo dele. Mas, para ser honesto, não sabia o que fazer.

Olhou para Ava e ela disse a Theo: — Vamos, Theo, estou curiosa para ver como está a casa dos Theakis, quero ver o que mudou depois que saí de lá.

Atravessaram a sala juntos. Mesmo sabendo que controlava a situação, Christos se sentia um peixe fora d'água.

— Isso significa que aceita a minha proposta? — perguntou a Ava. — Estamos conversando, quero ter certeza de que Theo será feliz — disse Ava, tentando manter um tom de voz cordial. Passara toda a manhã andando para frente e para trás no quarto, dando vazão à raiva que tomara conta de seu corpo quando ele disse que estaria disposto a casar-se.

Ava teve vontade de dizer que ele deveria tomar um avião no mesmo momento e voltar à Grécia, mas Theo estava curioso. Passou todo o dia perguntando coisas, e o coração de Ava ficou em frangalhos. Fazia de tudo pelo filho, mas não podia ser seu pai.

Christos fez que sim com a cabeça, mas sem deixar transparecer nada do que pensava. Ava não sabia o que queria desse encontro, mas tinha certeza de que não o queria ver sentado, distante, atrás da enorme mesa.

Ele imaginava estar com todos os trunfos na mão, e ela sabia disso. Podia ver na forma como se sentava, mantendo uma posição de superioridade. Ela fora até ali. O problema é que mergulhava naquela arrogância, naquela ultra confiança que ele exalava.

Christos estava sem camisa, e ela fez de tudo para não ficar olhando para seu peito peludo, onde passeava uma medalha de ouro. Sempre esteve em boa forma, e não perdera nada nos cinco anos que estivera longe.

O que não era nada bom, porque seria muito mais fácil resistir se tivesse criado uma barriguinha, como muitos de seus amigos homens. Algum sinal de emoção vindo de Christos também poderia facilitar, mas parecia ser o mesmo homem de gelo de sempre. A única vez que demonstrou algo foi quando fizeram amor. E, claro, quando viu o lado negro de seu temperamento.

A mão de Theo tremia junto à de Ava. Não tinha medo de Christos exatamente, 1 5

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mas tinha muito pouco contato com homens. Na escola, a maior parte dos empregados eram mulheres. A melhor amiga de Ava, Laurette, estava noiva, mas Paul viajava muito e não aparecia com frequência na casa deles.

— O complexo da família Theakis está em uma ilha, no mar Egeu — disse Ava. Não apenas viviam na ilha. Na verdade, eram praticamente donos dela. Tinham propriedades em toda a Europa e todo o mundo, mas Mykonos era sua base de operações.

Christos se aproximou e pegou Theo no colo. O menino parecia pequeno ao lado dos músculos dos seus braços e peito. Apertou um botão no computador e imagens começaram a surgir na tela.

Aproximou-se do filho e deixou seu nariz bem em cima da cabeça dele, respirando fundo. Depois olhou para Ava e ela viu o desejo estampado em seus olhos.

O que aquilo significava? Ele queria Theo ou queria Theo como seu filho?

Ava se arrependia de não ter feito o teste de paternidade anos antes, mas parte dela ainda mantinha a convicção. O homem a quem se entregara deveria saber que nunca mentiria sobre algo tão importante de sua intimidade. As outras mentiras... eram bobagens.

Engoliu algumas lágrimas. Buscava um sinal real de que ele queria Theo mais do que para apenas continuar sua linhagem.

Imagens do passado que ela tentava apagar surgiam no computador. Mykonos mudara pouco naqueles cinco anos. E por que mudaria? A ilha datava de tempos imemoriais, e aqueles poucos anos...

Percebeu que não estava preparada para uma viagem no tempo, nem mesmo para facilitar a viagem de seu filho à Grécia. E sabia que Christos não estava de brincadeira.

— Tenho de sair um minuto, com licença — disse ela.

Os dois olharam.

— Aonde vai?

— Preciso ir ao banheiro.

Christos fez que sim.

— No final do corredor, à esquerda.

Deixou a sala o mais rápido possível e parou no corredor. Ouvia a voz de Christos explicando tudo a Theo, falando sobre a herança familiar.

Percebeu que a situação estava fora de seu controle, e não tinha idéia de como revertê-la. Sonhou em quando Christos voltaria para resgatar Theo, para pedir que ela voltasse. Era esse o problema, certo?

Esperava há cinco anos que ele finalmente percebesse que estava errado ao acusá-la de infidelidade. E agora estava ali, oferecendo algo que ela sempre quis. Seu 1 6

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sonho no começo do relacionamento. Mas ainda assim sabia que dizer sim não significaria um final feliz.

— A senhora está bem?

Ela olhou para Antônio. Se lembraria dela, ou a lista de mulheres que passavam pela vida de Christos o fizera esquecer?

— Estou bem, Antônio, só preciso de um momento sozinha.

— Claro. Por que não vai aos jardins? Eu digo ao sr. Theakis que estará por ali.

— Obrigada — ela disse, e seguiu o caminho indicado por Antônio.

Saiu na tarde fria de fevereiro, com o cheiro do mar a envolvendo.

Seguiu um caminho em direção ao centro do jardim e encontrou um banco de frente para um chafariz com uma imagem metade homem, metade peixe, com uma longa cauda, estilo cauda de dragão.

— Ava? — Estou aqui — ela disse.

Christos aproximou-se. Tinha vestido um pulôver e sapatos. Seu cabelo estava desgrenhado, como se tivesse passado os dedos por eles.

— E Theo?

— Eu disse a ele que fosse à cozinha, para comer um doce.

Theo adorava doce como ninguém. Para dizer a verdade, era uma característica que compartilhavam, e por isso Ava limitava a quantidade de doce que entrava na casa.

— Por quê?

— Precisamos conversar.

Christos sentou-se ao seu lado. O calor de seu corpo atingiu Ava, que sentiu vontade de aproximar-se dele.

— O que você decidiu?

Ela deu de ombros, ainda não estava preparada para responder. Não sabia se diria sim, oferecendo sua vida àquele homem. Em um momento parecia estar pronta, mas não sabia se queria realmente arriscar seu coração mais uma vez.

Theo era esperto e divertido e preocupava-se sobre como essa mudança poderia afetar a mãe. Em certo momento, disse a Christos que a família de Ava a ignorou completamente quando voltou grávida da Grécia. Claro que o menino não tinha dito com essas palavras, mas Christos pôde ler nas entrelinhas do discurso simples de Theo.... estamos só mamãe e eu.

Naquele momento, ainda não queria estreitar muito sua relação com Ava ou com o filho, mas era tarde demais. O menino, lentamente, tomava o coração frio de 1 7

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Christos, e Ava... sempre foi o seu calcanhar de Aquiles. Ele a amava. Por que certas coisas nunca mudam?

Sob a luz da lua, ela parecia muito frágil, muito vulnerável, para ter feito tudo o que ele sabia que tinha feito. E mesmo que o tenha feito de bobo, nunca desejou que perdesse o contato e o apoio de sua família.

Que confusão louca tudo isso.

— Eu tenho algumas perguntas — disse Ava, olhando para ele.

Seus olhos estavam arregalados, ela parecia franca, honesta. Ele sabia que tal honestidade era uma espécie de engano. Mas naquele momento, com o doce cair da água no chafariz, cercado do cheiro de mar e do perfume de Ava, parecia real.

Muito real. Ele odiava ver o quanto aquela mulher o deixava vulnerável. Com qualquer outra pessoa poderia ter sido mais distante. Mas não com Ava. — O quê? — ele perguntou.

— Quando planeja partir?

— Semana que vem. Estou esperando pelos papéis... e pela sua decisão, claro. Os advogados acham que podem conseguir os papéis, colocando Theo como herdeiro dos Theakis, no prazo que necessito.

— Não poderia viajar semana que vem, não posso deixar a escola de um dia para outro.

— Isso significa que não virá comigo? — ele perguntou.

A brisa levava os cabelos de Ava, que caíam sobre seu rosto. Ela prendeu os cabelos de volta atrás da orelha, para depois serem levados mais uma vez pelo vento.

— Sim. Eu... não quero que Theo seja criado como você foi criado, Christos.

Ele gostava de ouvir o som do seu nome nos lábios de Ava. Sempre gostou. As batidas do seu coração e o sangue correndo em suas veias denunciavam suas tentativas de autocontrole.

Levantou-se, para ganhar uma posição de poder. Era apenas uma garota, pensou, olhando para ela. E dormira com outras muito mais sofisticadas. Por que se sentia tão atraído?

— O que você quer dizer? — ele perguntou.

Viveu uma infância ótima quando conseguiu entender o que era viver longe de casa. E tudo fora um ajuste, após a morte de sua mãe. Mas Tristan e Gui sempre estiveram por perto, desde o início, e ele encontrou uma nova casa junto aos amigos.

— Em colégios internos, longe de casa todo o tempo. Sei o que os Theakis fazem com seus filhos.

Sim, ela sabia como Stavros criara suas filhas, pois fora babá delas em um verão passado.

— Não vou discutir assuntos do meu irmão com você.

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— Não estava falando sobre Stavros, mas sobre suas filhas.

Lembrar-se das meninas fez com que ele fosse obrigado a deixar de olhar para ela, já que lágrimas queimavam-lhe os olhos. A pequena Vennie sempre o abraçava forte, cada vez que o via. E Althea... seus beijos eram tão doces. Como sentia falta delas. Mesmo brigado com o irmão, via as sobrinhas todos os meses e eram muito próximos.

— Claro que vou considerar sua opinião no que diz respeito à educação de Theo, mas a decisão final será minha.

— Não faça isso.

— O quê?

— Não seja um macho grego arrogante.

— É assim que sou, acostume-se.

Ela fez que não com a cabeça.

— Isso pode dificultar sua partida.

— Tente. Tenho certeza de que seus advogados baratos terão idéia de como ajudá-la, mas vão ficar perdidos, pois contratei os melhores dos Estados Unidos. E tenho o acordo que você assinou com Stavros.

— Por que acha que não posso pagar um bom advogado?

— Você é professora, vive de seu salário mensal — disse, deixando escapar os detalhes verificados por seu detetive particular.

— Stavros me enviou mais dinheiro quando Theo nasceu. Foi parte do acordo que assinei.

— Vai usar o dinheiro do meu irmão para lutar contra mim?

Ele se sentia mal reagindo dessa maneira. Por que agia assim quando estava com Ava... como um macho grego arrogante? Passou boa parte de sua vida tentando evitar isso, mas ela trazia à tona seus piores instintos.

— Talvez. Eu e Theo teremos muitas vantagens mudando-nos para a Grécia com você, mas, se continuar agindo como um idiota, vou dificultar as coisas.

— Idiota?

— Sim, idiota. Você sabe o que essa palavra significa, certo?

— Sim, Ava, sei o que significa. Mas não sei por que você me chama de idiota.

— Acaba de me perguntar se usaria o dinheiro do seu irmão para lutar contra você. Esse dinheiro é meu agora, Christos. Meu e de Theo. Aceitei pelo bem dele.

— Touché. Vou parar de dizer que o dinheiro é de Stavros. Agora diga, o que mais me transforma em um idiota?

— Agir como se Theo fosse um bem qualquer... chamando-o de "herdeiro Theakis". Ele é um menino. Eu amo meu filho. Não quero que seja enviado a uma escola 1 9

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interna. — Era possível sentir muito amor na forma como ela falava de Theo.

— Ir a uma dessas escolas vai fazer com que ele forme laços com futuros líderes. É mais do que simplesmente arrancar um filho da casa dos pais.

— Ele pode fazer isso de outras formas. Eu quero...

— Não estamos falando sobre o que você quer, Ava. Ava olhou para ele, e Christos sorriu. Ela tentava esconder toda a raiva que sentia em um rosto sereno. Mas a sensação estava por ali, todo o tempo, esperando para explodir.

— Talvez sim, Christos. Não vai ser uma ditadura sua. Não trabalho para você nem para ninguém de sua família. E, quando se trata de Theo, sou eu a autoridade máxima.

Ele teve vontade de pegar o menino e levá-lo para onde seu jato privado os esperava. Uma vez de volta a Mykonos com Theo, seria difícil para ela reaver seu filho. Seria acusado de sequestrar o menino, mas pagaria muito dinheiro aos advogados para resolver esse problema.

— Você não é autoridade máxima quando o assunto é Theo — ele disse.

— Sim, sou. Ele não tem pai em seu registro de nascimento.

— Sim, mas tenho uma prova de que Theo é um Theakis. — Ele odiava o papel que encontrara no escritório do irmão, quatro dias após sua morte. Era o documento legal prometendo a Ava dinheiro para que ela não pedisse que Stavros o registrasse como pai. Era o dinheiro que ela mencionara. Mas aquele papel comprovava que o bebê era um Theakis.

— Você pode ter o papel que assinei, mas isso não significa que vou me curvar.

— Não preciso de ameaças. Apenas entenda que eu e Theo vamos partir para Mykonos em menos de dez dias.

— Tenho mais uma pergunta — ela disse.

Ele olhou para ela, banhada pela luz da lua, e tentou ser objetivo. Não era tão atraente, nem bonita, sim, mas não sabia como explicar o desejo que sentia por ela.

Era algo mais que atração física.

— Qual?

— Por que me está propondo casamento?

CAPÍTULO TRÊS 2 0

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Era tentador deixar que Christos tomasse todas as decisões e dizer que a forçava a casar-se, mas ela tinha de se manter forte, por Theo. Queria ser o tipo de mãe que nunca teve, e isso significava manter-se atenta.

— O casamento legitimaria Theo — ele disse, em voz baixa, na quase escuridão.

Sempre que ele falava de Theo, ela sentia como se estivesse perdendo algo.

— Acho que isso já não é tão necessário hoje em dia.

—Talvez nos Estados Unidos, mas sob os olhos de meu pai, sim. E com seu herdeiro legitimo desaparecido...

O coração de Ava ficou em frangalhos ao pensar mais uma vez na morte de Vennie e Althea. E no fato de que Theo nunca conheceria as primas. Mas também ficava com raiva ao lembrar-se de que Theo seria uma segunda opção.

— Se Theo só significa isso para você, acho que terminamos a conversa aqui.

— Não é apenas um herdeiro.

Ela cruzou os braços sobre o peito.

— Não?

— O que você quer de mim?

— Quero saber o que realmente sente sobre Theo.

— Eu gosto dele. Vejo Stavros nele e sinto falta de meu irmão.

Ela deixou os braços caírem, a voz de Christos parecia verdadeira.

— Certo, então por isso você quer Theo. Mas por que se casaria comigo?

Imaginei que só poderia casar-se com uma grega.

Um riso alto escapou da garganta dele.

— Os tempos são outros.

Ela caminhou em sua direção, até ficar parada quase à sua frente. Ela queria ouvi-lo dizer que estava propondo casamento pois finalmente percebera que não poderia viver sem ela. Olhando em seus olhos vazios, percebeu que tudo não passava de fantasia.

— Não vou deixar que você mantenha essas barreiras entre nós — ela disse, sabendo que não poderia ser o tipo de mulher que fora Nikki, que se manteve em uma posição na sombra, sendo forçada a ver seu marido com outras. Ava não aceitaria voltar a ser tão submissa quanto fora cinco anos antes, quando ainda não era uma mulher tão segura de si mesma.

Ele respirou fundo, e o seu hálito quente chegou às bochechas de Ava. Pousou suas mãos na cintura dela e aproximou-a de seu corpo.

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— Então aproxime-se, querida.

Ela levantou as mãos até a altura do peito, querendo manter um espaço por ali.

Por que imaginava que poderia controlar a situação?

— Não foi o que eu quis dizer.

Mas, na verdade, queria apoiar sua cabeça no peito de Christos. Queria sentir seus braços em volta dela mais uma vez. Isso cheirava à má idéia, mas não queria se afastar.

— Sempre foi tudo bem entre nós — ele disse, com as palavras entrecortadas por sua respiração.

Sim, ela pensou. E buscou seu olhar. Os lábios de Christos, firmes e grossos, estavam perto dos dela. Ela se lembrou de como ele a beijava, e mordeu o lábio inferior, para impedir que fizesse algo realmente estúpido, como inclinar-se em direção à boca de Christos.

Alguém limpou a garganta e Christos agarrou-a firme, no momento em que ela se preparava para afastar-se.

— Sim, Antônio.

— O sr. Theo está com dificuldade de respirar — disse Antônio.

— Ele tem asma — disse Ava, livrando-se de Christos e correndo de volta para a casa. Tinha deixado a bolsa lá dentro e corria para buscá-la. Pegou a bolsa e encontrou Christos e Antônio no corredor.

— Onde está?

— Na cozinha.

Ela correu em direção à cozinha, após Antônio ter apontado. E ficou parada ao ver seu filho sentado numa cadeira, com o peito subindo e descendo, como se lutasse para respirar.

— Oi — disse, ajoelhando-se ao lado da cadeira.

— Estou bem — ele disse, com as palavras entrecortadas, longe de seu tom normal de voz.

— Não, não está.

Ele balançou a cabeça.

— Mamãe, não quero usar o inalador.

Ela não argumentou. Sempre lutou contra essa asma do filho. Ele odiava essa fraqueza e se recusava a depender dos medicamentos.

— Eu sei, querido.

Ela pegou o inalador, sacudiu-o e, mesmo sabendo da presença de Christos ao lado da porta, não pensou duas vezes.

Theo apontou Christos com a cabeça e disse: 2 2

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— Não quero que o baba veja.

— Tudo bem.

Theo balançou a cabeça.

Ela se virou para pedir a Christos que saísse, mas ele se aproximou, curvando-se na mesa.

— Ouça a sua mãe, Theo, e conversamos quando você tiver tomado seu remédio.

Ela aproximou o inalador de Theo e ele mesmo levou-o à boca.

Christos colocou uma das mãos nos ombros de Theo. Quando tudo estava bem, Ava olhou para ele e viu uma sombra da mesma preocupação que sentia por seu filho.

Foi um momento que os aproximou após a conversa no pátio.

Não fora uma conversa inútil, ela pensou, mas perto de uma criança doente, aquilo não era nada. Queria casar-se com ele. Sempre quis, e mesmo querendo saber o que mudara em sua cabeça para querer ser seu marido, não perguntaria mais nada.

Theo precisava da estabilidade de dois pais ao seu lado. Viu pontas de carinho nos olhos de Christos quando olhava para Theo.

Queria encontrar o caminho de volta ao casal apaixonado que foram naquele verão distante — e sem a influência de Stavros e Nikki talvez tivessem uma chance.

— Qual o problema, paidi mou? — perguntou Christos.

Theo deu de ombros, como fazem os meninos de sua idade. Ava abraçou seu filho, com cuidado para não apertar seu peito quando a respiração voltava ao normal.

— Quero que você goste de mim — disse Theo.

— Por que não gostaria?

— Por que não sou perfeito — disse Theo.

— Claro que é — respondeu Ava. — Sua mãe tem razão. Para nós, você é perfeito. Não tente esconder uma parte de si mesmo, especialmente se pode ser algo doloroso.

Theo fez que sim e Christos pegou o menino nos braços. Ava ficou próxima a eles, sentindo o laço que se formava entre pai e filho. E sentiu mais uma vez o amor que sempre teve por Christos, só que dessa vez mais profundo que antes.

Christos insistiu em levar os dois de volta para casa, no seu carro. Antônio os seguiu no carro de Ava. Chegando lá, Antônio esperou no carro de Christos, que ficou ao lado de Ava enquanto ela colocava o menino para dormir. A casa era pequena, mas confortável e agradável. A sala era dominada por estantes de livros nas paredes e uma grande poltrona forrada com tecido colorido.

As paredes estavam cheias de fotos de Theo, do nascimento até poucas 2 3

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semanas antes. Ali estavam detalhes como um Natal com visita de Papai Noel, por exemplo.

Christos andava lentamente pelo corredor, olhando as fotos do menino. Sentiase traído por ele mesmo. Theo era seu sobrinho, deveria ter se envolvido mais. Deveria ter estado por ali no momento do batizado do menino, que estava documentado por fotos e pelo certificado dependurado na parede.

Claro, o menino estava batizado pela Igreja Católica Romana, não pela Ortodoxa Grega. Seu pai teria uma surpresa.

— Obrigada por nos trazer até aqui — disse Ava, já no corredor, deixando a porta do quarto de Theo entreaberta.

— De nada. É muito perigosa a asma?

— Os médicos não sabem.

— Eu tenho asma.

— O quê?

— Eu sei... é chocante, certo? Uma praga familiar. Pelo lado de minha mãe. — Ele não costumava falar sobre isso, e mantinha a medicação sob controle. Era difícil acreditar, mas fora um menino franzino, frágil.

— Mas você parece tão saudável, eu não poderia imaginar.

— Saudável?

— Você sabe o que quero dizer?

— É estranho, mas sou sim. Nadar é bom para os pulmões. Vou mostrar a Theo algumas coisas que faço para controlar a asma.

Ava mordeu mais uma vez os lábios, aquela era mais uma razão para Christos voltar ali. Ele a queria. O desejo que se estampara em seu rosto nos jardins estava de volta.

— Theo tem medo de água.

— O quê? Nós, Theakis, somos gente do mar.

Ela deu de ombros. De alguma forma, duvidava que pudesse fazer Theo gostar de água.

— Não sei. Tentei na piscina aqui perto, e no mar...

— Vou cuidar disso — disse Christos.

Enquanto caminhavam ao lado das fotos, ele se sentiu mais um peixe fora d'água que antes. Mas isso não era novidade. Sempre se sentira assim, toda a sua vida, no mundo criado por seu pai.

— Posso beber alguma coisa? — ele perguntou.

— Claro, venha até a cozinha — ela disse, entrando na sala iluminada.

Ele deu uma olhada em volta, para ver a vida que Ava criara para ela e seu filho.

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Sempre imaginou que sua vida seria assim. Uma casa pequena, mas aconchegante.

E sabia que não caberia naquela vida. E não queria. Há muito tempo fizera as pazes com a vida que lhe cabia.

Mesmo que sempre se sentisse um estrangeiro, como quando Stavros se foi e ele teve de tomar conta da empresa de navegação. Se sentia um pneu estepe guardado para qualquer problema.

Coçou a nuca, sentindo o peso das expectativas de todos sobre ele.

— Tenho uma garrafa de vinho que talvez esteja velho, ou refrigerante, cerveja.

— Cerveja, por favor.

Ela serviu um copo e sentou-se ao seu lado com uma lata de refrigerante dietético na sua frente.

— Temos muito o que conversar. Vou dizer no trabalho que estou saindo. Mas acho que não poderão encontrar alguém para a semana que vem. Seria possível adiar a partida mais uma semana?

Seria, mas ele não queria. Precisava voltar para seu mundo. Voltar ao local onde tinha tudo sob controle. Mas Ava pedira um pouco de tempo, e ele cederia, faria o necessário para ter Theo como parte integrante de sua vida.

— Sim, claro. Amanhã resolvo tudo para que você e Theo se mudem para a minha casa.

— Não podemos ficar aqui?

— Acho que Theo ficaria mais confortável com você, mas se preferir ficar aqui, tudo bem.

Ela se levantou e ficou parada no meio da cozinha.

— Você não pode agir como um ditador. Eu e Theo podemos ir para sua casa no fim de semana. Durante os dias de aula é mais complicado.

Ele também se levantou, pressionando o corpo de Ava contra o seu e a pia da cozinha.

— Não sou um ditador, Ava. — Mas age como se fosse. Não vou concordar com todas as suas decisões.

— Não estou pedindo nada.

Ela cheirava tão bem. Não pôde resistir abaixar um pouco a cabeça e inalar.

Envolvendo-se no cheiro doce de Ava. — Você está muito acostumado a ter tudo sempre da sua maneira.

— Isso não é verdade — ele respondeu.

O que ela dizia era certo, mas a vida estava diferente, e agora ele deveria viver a expectativa de outros. Era verdade que com Ava gostava de se sentir no controle.

Assim a situação ficava mais palatável.

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— Mentiroso.

— Isso não é legal, Ava. — Você acha que não sou legal — ela disse, em voz suave.

Ele estava entrando no jogo.

— Você se sente legal, moro mou.

Baixou a cabeça e pressionou sua boca contra a dela. Os lábios de Ava se abriram e ele sentiu o sabor do refrigerante que ela bebera. Passou a língua por entre os lábios de Ava, mantendo o contato suave, mostrando que ainda tinha tudo sob controle. Mas, na verdade, não tinha.

Na sua cabeça, sentava Ava na pia e afastava-lhe as pernas para que pudesse ficar de pé entre elas. Na sua cabeça, mergulhava as mãos por dentro do suéter de Ava, para acariciar seus seios. Na sua cabeça, era um homem que não ligava para o passado e estava livre para mergulhar na paixão em que ela o envolvia como uma sereia envolve um marinheiro.

Ava não estava certa de que seria boa idéia, mas estar nos braços de Christos era algo que não poderia resistir. Os últimos anos tinham sido duros, e ela lutava para conseguir um lugar ao sol com Theo. Mas estava feliz com ela mesma e não sabia se partir para a Grécia com um homem que antes deixara seu coração em frangalhos seria boa idéia.

O hálito quente de Christos em sua bochecha a fez imaginar que sim. Era exatamente o que precisava. Depois encostaram as bocas uma na outra e ela parou de pensar. Os lábios de Christos se abriram e a língua rompeu a barreira de seus dentes, provando todos os cantos de sua boca.

Ela pousou as mãos nos ombros de Christos, inclinando-se contra seu corpo.

Lembrava-se disso: do calor de sua pele, das mãos possessivas sob o seu corpo.

As mãos desceram por suas costas, agarrando-lhe pela cintura e trazendo-a para mais perto de si. Um pouco tonta, ela curvou-se para ele enquanto se beijavam.

Ele sentou-a na pia e encaixou seu corpo entre suas pernas, abrindo-as com a cintura.

O movimento a fez lembrar-se de onde estavam e que não confiava exatamente em Christos. Levantou a cabeça, e ficou olhando para ele sob a claridade reveladora das luzes florescentes.

— Eu... não estou pronta para isso — disse, tentando cuidadosamente acalmar o fluxo de desejo que corria por suas veias. Não podia resistir aos dedos de Christos percorrendo seus cabelos.

— Parece pronta — ele disse. E desceu um dos dedos, passeando do seu queixo à nuca, parando um minuto para sentir os batimentos frenéticos do pulso na base do pescoço.

— É uma reação química — ela disse.

— Então?

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— Christos...

— Sentia falta de ouvir meu nome em seus lábios.

Ela deu de ombros e apoiou-se nele, descansando sua cabeça nos ombros de Christos, pois não queria ver seus olhos e revelar a verdade — não queria perceber que tudo aquilo não passava de um truque para levá-la à cama. Sentiu-se atraída por ele desde o momento em que desceu do jato privado em Mykonos e o viu.

Até Nikki percebeu e avisou-lhe que deveria manter-se afastada de seu cunhado, e concentrar-se no cuidado com suas filhas.

— Você realmente vai se casar comigo ou isso é apenas um plano para que eu colabore? — ela perguntou, afastando-se de seus braços.

Christos manteve a mão em sua cintura, agarrando-a.

— Espere e verá...

— Christos...

— Não me questione, Ava. Você precisa confiar no que eu digo. Não há nada que possa fazer para mudar minha cabeça.

— Posso dificultar as coisas — ela disse, após um momento de silêncio. Odiava que a questão da confiança rondasse os dois. Nunca estariam em paz até que ele reconhecesse que esteve errado por cinco anos.

— Pode tentar, mas vou lutar arduamente, e ganhar, sempre.

— Engraçado. Não diria que nosso primeiro round tenha terminado assim, tão fácil. Será que arrancar-me de sua vida e me acusar de infidelidade o faz sentir-se um vencedor?

Ele se curvou, ficando tão próximo que seus narizes se tocaram.

— Não traga o passado de volta ou levo Theo daqui sem olhar para trás.

Ela sentiu medo e lágrimas encheram seus olhos. Pensar em perder seu filho era terrível. Christos pegou-a nos braços.

— Sinto muito.

— Por quê?

— Por ser um idiota. Não quero falar de passado com você. Mas não posso perdoar o que fez nem como as coisas terminaram entre nós.

Seus braços a envolviam gentilmente e ela ficou pensando na contradição que era aquele homem. Tinha medo de confiar, e ao mesmo tempo tinha medo de não confiar. Mesmo sentido um controle gélido de suas emoções, ela podia notar que havia fogo por baixo da pele de Christos.

Piscou os olhos, tentando deter as lágrimas, mas elas caíram mesmo assim, descendo por suas bochechas.

— Não vou levar seu filho embora.

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— Podemos fazer um teste de DNA — ela disse, por fim. Resistira antes, pois Christos fora seu primeiro homem. Deveria entender que nunca ofereceria seu corpo tão facilmente a outro. E queria sua confiança. Que mulher apaixonada não faria o mesmo?

— Não é preciso. Theo tem o sangue Theakis, e isso é suficiente. Vamos começar de novo — ele disse, beijando-a novamente.

Ela fez que sim. Começar de novo soava bem para ela. Christos foi embora pouco tempo depois, e Ava tentou dizer a si mesma que tudo estava resolvido com o passado, mas uma parte dela sabia que não era verdade. Esperava que partir com ele para a Grécia seria suficiente, mas a experiência já tinha lhe ensinado que fantasmas do passado sempre voltam para assombrar.

CAPÍTULO QUATRO

Os sons surdos vindo do quarto de criança chamou a atenção de Christos no seu escritório. A cantoria era fora de tom e não se entendia nada, mas a alegria... ele podia ouvir por todas as partes.

Queria deixar o trabalho que não tinha vontade de fazer, descer as escadas e unir-se a eles — ao menino que clamara como filho e a mulher... a mulher que queria que fosse sua.

Dez dias não deveriam mudar a vida de um homem, pensou, mas foi exatamente o que aconteceu. Tinham se passado dez dias desde que voltara a vê-la. Desde que encontrara Theo pela primeira vez, e naquele momento desejava coisas que antes eram inimagináveis.

Seu celular tocou. A última coisa que queria fazer era falar com alguém. Quando olhou para o visor e viu que era seu pai, pensou em deixar que caísse na caixa de recados, mas o velho senhor poderia simplesmente ligar para Antônio e forçar Christos a responder.

— Olá, patera.

— Por que você não ligou? — perguntou Ari Theakis, indo direto ao assunto. O velho senhor não estava muito por dentro de seus excessos emocionais. Talvez por isso Christos tenha aceitado quando seu pai, em uma cama de hospital, implorou para que tomasse as rédeas dos negócios.

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— Deveria ter ligado?

— Sim. Viu meu neto?

— Claro. Está morando comigo. — Morar com Theo e Ava era diferente do que ele imaginava. Juntos, ele percebeu o quanto suas casas sempre foram vazias. Não tinha nada a ver com os empregados que normalmente moravam em suas casas, Theo e Ava não o deixavam sozinho. Um ou outro sempre aparecia em seu escritório, propondo fazer algo — ver televisão, ler um livro, brincar.

— Meu Deus! E quando vai trazê-lo a casa?

— Breve — respondeu. A data de volta fora adiada pela substituição de Ava, que precisava de mais uma semana até poder deixar o colégio.

Ele teve de respeitar essa necessidade. Por isso ainda estavam na Flórida.

— Precisamos de um herdeiro legal. Não gostaria de imaginar que os Theakis terminariam em você.

— Acredite em mim, patera, sei muito bem disso — disse Christos.

Theo tinha de ser declarado herdeiro de Christos antes da reunião anual, no outono. Caso isso não fosse feito, outro braço da grande família Theakis poderia tomar o controle dos negócios se algo acontecesse a Christos, o que seu pai não queria que acontecesse, e que mesmo Christos via como um desastre. Seu tio Tony não tinha uma cabeça boa para os negócios.

— E a menina? pai.

— Ava? — A última coisa que gostaria de fazer era conversar sobre ela com o — Sim. — O que quer saber?

— Não brinque comigo, rapaz. Ainda sou o chefe desta família.

— Vem para casa comigo. Ela se recusa a deixar de ter contato com o menino. — E ele gostava disso, pois Ava era uma boa mãe, ainda que tenha custado reconciliar-se com a mulher na qual se transformara. Talvez tenha mudado ao ser mãe, pensou.

— Isso é inteligente? Não confiamos nela.

— Patera, você me pediu que levasse o herdeiro para casa antes da reunião emergencial da diretoria. É o que estou fazendo, e vou fazer da minha maneira. Se você não gostar, volto para a casa e para as minhas obrigações.

Na verdade, essa seria a melhor solução. Ava e Theo poderiam voltar às suas vidas, e ele voltaria ao mundo que dominava. Sem horas e horas dedicadas à empresa de navegação e sentindo a presença do irmão sempre que entrava no escritório.

Houve um silêncio na linha e Christos não teve dúvida: seu pai gostaria que Stavros não tivesse morrido no acidente de avião. Mas nem mesmo Ari tinha controle sobre a vida e a morte, e Christos era o único herdeiro Theakis.

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— Tenho que desligar. Antônio vai enviar nosso roteiro de viagem assim que tudo estiver pronto.

— Você vai se casar com essa menina?

— Sim, vou.

— Ótimo. O menino vai precisar de irmãos.

— Patera...

— O casamento vai ter que acontecer aqui em Mykonos. Maria vai organizar tudo — disse Ari, tentando controlar a vida de Christos.

— Diga que ligue para Ava, vou dar os números a Antônio.

E desligou. De repente, a biblioteca parecia pequena. Saiu para o pátio e ficou por lá, sob as sombras, da manhã. Seu pai sempre o fazia sentir como se não fosse suficientemente bom. Mesmo naquele momento, quando estava fazendo a vontade de Ari, havia uma parte dele que sempre parecia fraca. Era o filho que não poderia superar as expectativas do pai.

— Christos.

Ele virou o rosto, e encontrou Ava na porta da sala. Vestia um par de leggings pretas que faziam suas pernas parecerem muito compridas, e uma camiseta larga.

Parecia confortável. Estava relaxada naquela casa, ele não.

— O quê?

— Não quer vir conosco para ler um conto?

Ler um conto? Era nisso que sua vida estava se transformando? Se Gui e Tristan o vissem... Mas seus amigos não estavam por ali. Apenas Ava, Theo e os empregados da casa.

E ele queria juntar-se aos dois. Queria subir as escadas, sentar-se numa almofada que Ava tinha posto em uma das paredes e ouvir aquela voz doce lendo contos nos quais os pais sempre vivem felizes, irmãos não morrem e as princesas são sempre lindas, doces e nunca contam mentiras.

— Você está bem?

— Sim, tenho muito trabalho.

— Ah... claro.

Mas não parecia certo para ele.

— Qual o problema?

— Theo queria ouvir o final da história que você estava contando quando ele caiu no sono ontem. Aquela sobre um monstro marinho.

Ava teve de ir ao colégio e Christos ficara sozinho com Theo.

— Vou terminar umas coisas aqui e já subo.

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Ela fez que sim e virou as costas, mas depois voltou-se.

— Obrigada por tudo o que está fazendo por Theo.

Ele sorriu. Gostava do menino. Theo se parecia com os Theakis, mas tinha a personalidade da mãe. Era muito curioso sobre tudo, mas também medroso em certos momentos.

Christos desejava Ava. Essa era a causa de tanta mudança em seu ritmo de vida.

Não tinha nada a ver com o enorme trabalho com a empresa de navegação ou com o fato de ter conhecido seu herdeiro há poucos dias.

Ele a queria muito, e tê-la em casa, mas não em sua cama, era complicado.

Ava tentou relaxar nas almofadas, mas estava tão próxima de Christos que não podia. Theo estava metido entre os dois, e o braço de Christos envolvia mãe e filho. A colônia de Christos não saía das narinas de Ava. Seu perfil era clássico, parecia esculpido. Bastava olhar para saber que era grego. Seus cabelos negros, sua pele morena...

— Ava? — Sim? — Você está olhando para mim.

Ela ficou vermelha.

— Estou pensando em como se parece com Theo.

Ele levantou uma sobrancelha, deixando claro que não se deixaria levar por uma desculpa barata. Ela deu de ombros.

Ele continuou a contar a história. Ela adorava a cadência de sua voz. Recostou-se nas almofadas, fechou os olhos por um momento e caiu no sono sem perceber, acordando ao ouvir um murmúrio de Theo.

— Ela pode dormir comigo, baba?

— Devo levá-la para a sua cama?

Ava se esforçou para abrir os olhos.

— Perdi o final da história?

— Sim — disse Theo. — Já até escovei os dentes.

Ava olhou para Christos, que deu de ombros.

— Não queríamos despertar você.

— Obrigada por me ajudar com a rotina noturna.

— Foi um prazer — ele disse, passando uma das mãos na cabeça de Theo. — Vamos para a cama.

Ava apoiou uma das mãos no chão para levantar-se. Christos ofereceu sua mão e ajudou-a. A força daquela mão a deixou tonta, e logo sentiu seu corpo contra o peito musculoso de Christos. Antes de deixá-la livre, agarrou-a pela cintura.

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Ela amava muito aquele homem. Queria que a vida fosse mais simples. Queria ser mais segura, ter mais segurança sobre a decisão de mudar-se para a Grécia. Assim poderia não ter medo de dar um passo em direção à paixão que os unia.

— Venha, mamãe, hora de rezar.

Colocaram Theo para dormir e saíram juntos do quarto. O momento foi surreal, pois ela passara anos imaginando como seria ter Christos em casa, e ali estava ele. Mas sabia que estavam apenas zelando pelo bem do filho.

Ela fechou a porta que dava para o corredor, deixando-a entreaberta, como sempre fazia. Era cedo, muito cedo para ir dormir. E tinha acabado de tirar um cochilo, tudo o que queria naquele momento era conhecer melhor Christos.

O amor de verão entre os dois fora repleto de encontros e abraços secretos.

Como babá das filhas de Nikki e Stavros, ela era mais uma empregada, e Christos... bem, ele ficava longe de Mykonos toda a semana, ocupado, voltava nos fins de semana e levava Ava para o seu iate no momento em que terminava seu trabalho com as meninas. Comiam pratos exóticos, ele lhe contava histórias do mar e faziam amor.

Ela o seguiu pelas escadas até a sala de estar. Ele foi até o bar e serviu-se de dois dedos de uísque em um copo.

— Precisamos conversar — disse Christos.

— Sobre o quê?

— Sobre a religião de Theo. Somos todos ortodoxos. Gostaria que vocês dois se convertessem.

— Certo... vou pensar sobre isso — ela disse, pois a religião não era um assunto que lhe preocupava. — Imaginei que pudéssemos passar um tempo juntos hoje à noite, para nos conhecermos melhor.

— Fazendo o quê?

Ela não tinha certeza. Tentou saber algo mais sobre ele naquele verão, mas não tinha idéia do que fazia em seu tempo livre. Em Mykonos, não falava de quase nada além da paixão que havia entre os dois.

— Não sei. Podemos ver um jogo, conversar ou fazer o que você quiser.

— Venha aqui, Ava — ele disse.

Ela se aproximou um pouco, depois percebeu que não estava agindo normalmente.

Continuava presa ao passado quando o assunto era Christos. Não era tão tímida quanto ele a fazia sentir. Deixando de lado todas as dúvidas nascidas da forma como tudo terminara entre eles, sentou-se no sofá de couro branco.

— Vem você para cá — ela disse.

Ele arqueou uma sobrancelha, num gesto completamente arrogante.

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Serviu a si mesmo outro drinque e sentou-se ao seu lado. Espalhado no sofá, com o braço apoiado nas costas, tomou um gole da bebida e ficou olhando para ela.

— Então?

Ava tinha dúvidas. De alguma maneira, sabia que apenas pedindo que tirasse sua camisa não resolveria o problema, não ficaria sabendo quem ele era de verdade. Mas satisfaria sua curiosidade.

— Ava, você está me olhando outra vez.

— Não posso evitar. Uma parte de mim não acredita que você está aqui. — E, pela forma como si moveu no sofá, percebeu que ele ficou surpreso.

— Ficar olhando para mim ajuda?

— Não. Eu olhei porque:.. — Respirou fundo. — Porque você é lindo, muito atraente, e sempre gostei de olhar para você.

Ele se inclinou, deixando o copo na mesa, e disse: — Gosto disso.

— Sério?

— Vamos nos casar — ele disse.

— Será um casamento de verdade? — ela perguntou.

— Não estou interessado em me casar com uma mulher infiel — disse, levantando-se.

— E eu não estou interessada em nenhum homem, só em você, Christos. Nunca estive.

Olhando para ela, disse: — Se alguma vez olhar para outro homem...

Eis aí, o ciúme de que ela se lembrava. E não poderia combatê-lo. Ele precisava confiar nela. E cabia a Ava mostrar que isso era possível.

— Só tenho olhos para você.

— Prove!

— Como?

— Venha até aqui — disse, estendendo sua mão.

Ava era a única mulher no mundo que despertava tais sentimentos nele.

Sentimentos que o deixavam perdido, o que odiava.

— Não sei o que isso pode provar — disse, colocando, com dedos trêmulos, uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ele manteve a mão estendida na direção dela, esperando. Era hora de estabelecer os limites do relacionamento e deixar claro quem estava no comando.

Finalmente, Ava se levantou e deu alguns passos na direção dele, que adorava 3 3

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ver a forma como ela se movia. Havia algo muito feminino na maneira como sua cintura balançava a cada passo.

— Estou aqui, e agora?

Ele balançou a cabeça e esperou que ela se aproximasse um pouco mais. Ava pegou na mão de Christos e deu mais um passo, unindo seus corpos.

— Agora afaste sua cabeça — ele disse.

Queria poder dizer que estava no controle, mas não estava. Desejava aquela mulher com uma paixão impossível, pois não confiava nela. Mas uma parte dele confiava. E naquele momento ainda mais, após a reação que ela estava tendo.

A cabeça de Ava inclinou-se para trás e seus olhos se encontraram. Ele parou de fazer joguinhos e de tentar provar qualquer coisa quando olhou em seus olhos. Baixou a cabeça em direção à dela, com intenção de deixá-la confusa com seu beijo, mas quando os lábios de Ava tocaram os seus, ele se esqueceu de tudo.

— Com licença, senhor.

Christos não tirou os olhos de Ava, e disse: — Agora não, Antônio.

— O sr. Sabina está no telefone e diz que é urgente.

Baixou os braços e afastou-se de Ava. — Vou atender no escritório.

Antônio fez que sim e saiu da sala. Ava tinha um dos braços em volta da cintura.

Os dedos da outra mão se moviam lentamente sobre os seus lábios.

— Posso ir com você?

Ele estava pronto para dizer não, mas apenas deu de ombros.

— São negócios, pode ser chato.

— Tudo bem. Quero saber o que você faz, tentar entender.

Ele não podia entender como Ava poderia se interessar por isso. Durante todo o tempo, notou sua presença atrás dele no caminho até o escritório. Ava sentou-se em uma das grandes poltronas de couro para convidados e ele pôs-se atrás da mesa. Pegou o telefone.

— O que está acontecendo, Tristan?

—- Vincent Perez nos fraudou. Imagino que seja tarde onde você está, mas precisamos resolver isso pela manhã.

— Você precisa que eu volte para Londres? — ele perguntou, pois a sede das discotecas estava lá. E talvez um tempo longe de Ava o faria colocar a cabeça no lugar, longe da tentação.

— Não. Gui está cuidado das acusações. Era quem estava mais próximo. Mas teremos que verificar o resto do pessoal de finanças e encontrar um bom substituto 3 4

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para Vincent. Estará livre às nove, amanhã?

Christos pegou seu BlackBerry do bolso e checou a agenda.

— Sim. — Que tal vão as coisas com essa mulher?

— Tudo bem.

— Bem? — Estamos quase prontos para voltar à Grécia, e depois vou pensar em todos os detalhes.

— Ela está aí com você?

— Sim. — Interrompi algo?

— Au revoir, Tris.

— Interrompi — disse Tristan, rindo enquanto Christos desligava o telefone.

Ava o encarava com seus olhos azuis.

— O que está acontecendo em Londres?

Ele não queria falar de negócios com ela, mas talvez fosse uma alternativa melhor — melhor do que levantá-la da cadeira e pegá-la nos braços.

— Um negócio que tenho com uns amigos.

Quando começaram com o Seconds, tinham 20 e poucos anos, e nenhum deles queria seguir o caminho trilhado pelos pais. A família de Tristan era dona de uma grande editora. E Guillermo — ou melhor, Gui — vinha de uma família real, que não aprovava a cadeia de discotecas.

— Não conheço nenhum de seus amigos — disse, calma.

— Por que deveria conhecer?

— Fomos íntimos, Christos, não deveríamos conhecer ao menos algumas das pessoas que são importantes em nossas vidas?

Ele coçou a nuca, imaginado se por isso ela se interessara por Stavros. Será que fez isso por que ele a afastava de todos? Ele a queria apenas para si mesmo, queria que fosse seu mundo.

— Éramos amantes, Ava, e pouco mais.

— Agora somos pais, e você quer se casar comigo.

— Imagino que você também queira — ele disse, sem saber onde ela queria chegar. Tentou não pensar no que ela dissera sobre Theo. Deixava o menino chamá-lo de baba, pois dizer a ele que não era verdade seria loucura, mas não acreditava que fosse o pai.

— Não posso me casar com um estranho. Nem mesmo pelo bem de Theo.

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— O que você quer de mim?

Ela mordeu os lábios, pensando. Sempre cuidadosa.

— Quero uma chance de ser sua amiga. Não conheci muitos casais felizes, mas os que conheço... bem, são amigos uns dos outros. Acho que Theo merece isso.

Ele fez que sim. Exatamente por isso ofereceu casamento em vez de imediatamente tentar levar Theo para a Grécia.

— Parece interessante.

— Você precisa parar de fazer com que tudo entre nós pareça um negócio.

— Por quê?

— Porque sempre tenho vontade de lhe dar um tapa quando faz isso.

— Não sabia que você tinha tendências violentas.

— Só com você, Christos.

Ele deu a volta na mesa e debruçou-se, de forma que apenas uns centímetros os separavam.

— Só sei levar isso adiante como se fosse um negócio.

— Isso o quê?

A forma como a amava, mas não poderia dizer tal coisa.

— O casamento.

— É um casamento de conveniência?

— Conveniente para nós dois.

— Acho que deveríamos tentar ser amigos.

— E como poderíamos fazer isso?

— Podemos jantar com uns amigos, amanhã à noite.

Ele olhou a agenda.

— Eu poderia um jantar cedo, por volta das sete.

— Ótimo.

— Quem seriam os amigos? — ele perguntou, querendo saber que tipo de gente estava envolvida com Ava, e se deveria se envolver com gente assim.

— Laurette Jones e seu noivo, Paul Briscoe. — E olhou para ele.

— Você está me olhando outra vez.

Ela ficou corada.

— Seremos amantes?

— Seremos marido e mulher.

— Não posso ser íntima de alguém que não confia em mim.

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— Já foi um dia.

— Hoje sou diferente.

Sim, era. Tinha uma força interior que a menina que fora antes não tinha. Antes, era um gatinho que se aproximava quando chamada. Mas se transformara em uma tigresa que poderia aparecer quando chamada ou mostrar as garras para ele.

E ele não poderia imaginar que tais mudanças o fariam amar ainda mais aquela mulher.

CAPÍTULO CINCO

Mykonos era exatamente como ela se lembrava. Radiante, com os prédios brancos que pareciam brilhar das montanhas em direção ao mar Egeu. A pequena mão de Theo agarrada à dela deu-lhe forças para descer do avião quando viu Ari Theakis esperando por eles. O pai de Christos nunca gostara dela e a situação com Stavros e Christos não ajudou em nada.

Para ser honesta, ela sempre se sentiu intimidada por aquele homem, desde o princípio. Ele vivia com uma pose arrogante que demonstrava autoconfiança e grande segurança. Mesmo confinado a uma cadeira de rodas, ainda demonstrava muita arrogância e poder.

Gostaria que Theo herdasse toda aquela confiança, e mesmo que já não se sentisse atraída por Christos teria aceitado a proposta de casamento na esperança de viver próximo a Ari e que o avô passasse algo a seu neto.

— Vem, mãe.

— Cuidado ao descer as escadas.

Ari.

— Não sou um bebê — disse à mãe, descendo as escadas e parando na frente de — Está esperando por quê? — perguntou Christos.

— Seu pai não gosta de mim.

— Ele não gosta de muita gente, não é nada pessoal.

— Você sabe o que quero dizer.

Christos pôs a mão no ombro de Ava. 3 7

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— É impossível mudar o que ele pensa do passado, mas você poderá influir no que pensará do futuro.

— Você acha?

— Claro. E vai ser muito grato por ter dado a ele um neto.

Ela olhou para Ari em sua cadeira de rodas, com um empregado atrás. Theo estava parado na sua frente, balançando os pés, parecendo um pouco nervoso.

Ava correu descendo as escadas, mas antes de chegar próximo ao filho, Ari pegou Theo em seus braços.

Ela parou por um momento, ao ver que Ari abraçava Theo com força, mergulhando o rosto nos cabelos negros do neto, como uma prova do amor que sentia por seu filho desaparecido.

Ava ficou emocionada e virou as costas, querendo oferecer a Ari a privacidade que precisava para lidar com seus sentimentos. Christos passou o braço por seus ombros.

— Você está bem?

— Sim. Tinha esquecido que Ari é humano.

— O que pensava que era?

— Algum tipo de semideus.

— Ele pensa que é.

— Acho que já é o momento de você se aproximar — disse ela, olhando para Ari e Theo.

— Patera, que bom vê-lo outra vez — disse Christos, abrindo os braços na direção do pai.

Theo afastou-se e ficou ao lado da mãe. Ela olhou para os três, percebendo a enorme semelhança entre eles.

— Sr. Theakis, que bom vê-lo novamente.

— Srta. Monroe, vejo que está de volta.

Ela tentou sorrir, mas aquele não era exatamente um "Bem-vinda a Mykonos".

— Sim, estou. Eu e Theo estamos muito felizes de estarmos aqui.

— Ótimo que tenha trazido o menino. Ele precisa aprender a ser um verdadeiro Theakis.

E andou em sua cadeira de rodas antes que ela pudesse responder, seguindo em direção à limousine, com o empregado correndo atrás dele. Não estava interessado em envolver-se com Ava. No passado, era uma empregada, e assim a tratava. Mas ela esperava... bobagem, por que esperar isso de alguém como Ari? — Mãe, meu avô disse que preparou um quarto especial para eu brincar.

— Legal, né? — perguntou ao filho, imaginado se, como Nikki Theakis, terminaria 3 8

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relegada ao status de mera observadora da vida do filho. Balançou a cabeça, jurando que não deixaria que isso acontecesse.

— Muito — disse Theo, agarrando sua mão.

Enquanto Christos conversava com o pai ao lado da limousine, ela se curvou e perguntou a Theo: — E então?

— Ele me abraçou muito forte, mãe.

— Está feliz por ver você.

— Foi o que ele disse. Fico feliz que goste de mim.

— Claro que gosta de você. Todo mundo gosta de você.

— Tudo bem? — perguntou Christos, afastando-se de Ari. — Sim — ela disse, levantando o corpo.

— Por favor, venham aqui. Tenho um encontro no escritório em pouco menos de uma hora. Vocês podem ir para casa com meu pai.

— Você não vem conosco?

— Agora não. Vejo vocês dois mais tarde.

Ava tentou não se sentir abandonada, o que seria um sentimento tolo, de qualquer maneira. Mas não conhecia bem Ari e ele não parecia disposto a conhecê-la melhor.

Christos levantou Theo nos seus braços, disse algo que apenas os dois puderam ouvir e deu-lhe um abraço e um beijo. Quando deixou Theo no chão, o menino saiu correndo para a limousine e entrou no carro.

— Nos vemos no jantar.

Ela fez que sim.

Ele se virou para seguir andando, mas fez uma pausa.

— Você está bem, tem certeza?

— Estarei... É que...

— O quê?

— Não tenho boas lembranças desse aeroporto. É como se... — E balançou a cabeça. Não queria contar tudo o que se passava em sua cabeça. O medo, a raiva. Tinha ficado com tanto medo quando se viu grávida e sozinha.

— Tudo é diferente agora — disse Christos.

— Você tem razão. Estou sendo tola. Acho que estou cansada da viagem.

— Deve estar. Tem meu celular?

— Sim. — Ligue se precisar.

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— Mas sua reunião...

— Hoje tenho tempo para você. Se tivéssemos planejado melhor a chegada, gostaria de estar com vocês dois.

As lembranças do passado foram perdendo força quando ela percebia que as coisas estavam mesmo diferentes dessa vez, e que Christos estaria ao seu lado. Ficara só por tanto tempo que era difícil aceitar que já estaria, especialmente quando tudo o que via eram as costas de Christos se afastando.

O quarto que Ari preparou para o neto era o sonho de qualquer criança. Era na verdade uma suíte de três dependências, o quarto de dormir pintado de forma que parecia estar no meio do mar Egeu, com a cama como um grande barco no centro. O mural na parede era o pôr do sol, com grandes janelas abertas aos jardins, do outro lado, a noite caía e estrelas tomavam conta do céu.

— Esse quarto é...

— Perfeito para um herdeiro Theakis — disse Ari, na porta.

— Sim, claro. Obrigada por fazer tanto por meu filho.

— Não fiz isso pelo seu filho, srta. Monroe. Fiz por meu herdeiro.

— Sr. Theakis...

Mas ele desapareceu no quarto ao lado antes que ela pudesse dizer algo mais.

Droga. Odiava a forma como a ignorava.

E seguiu o filho em direção ao quarto de brinquedos, quase tão grande quanto sua casa na Flórida. Theo parou no meio do quarto, olhando tudo aquilo. Não sabia por onde começar. Finalmente, sentou-se e olhou para a mãe.

— Mãe? Onde estão meus Heróis de Resgate?

— Vou buscá-los.

— Enquanto sua mãe vai buscar essas coisas, vou lhe mostrar esse lado, Theo.

Tenho uma enorme televisão de plasma para você. Todas as manhãs poderá assistir suas lições de história grega e da família Theakis.

Ava parou na porta.

Theo.

— Sr. Theakis, precisamos conversar antes que o senhor planeje os dias de

— Não estou planejando seus dias, srta. Monroe, estou ensinando como ser um verdadeiro Theakis. Infelizmente, ele ainda não teve essas aulas.

Ava ficou olhando para aquele senhor. Queria dizer "e de quem é a culpa?", mas não podia, não na frente de Theo.

— Podemos discutir isso mais tarde.

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— Cheque com minha secretária e coloco nosso encontro na agenda — disse Ari, saindo do quarto.

Ava pegou um travesseiro do sofá na frente da televisão e jogou-o na parede.

Theo fez o mesmo, sorrindo. Ela começou a rir com o filho, sentindo que se livrava de uma tensão.

— Você quer ter aula de grego?

— Quero ser um bom Theakis — disse, dando de ombros.

— Não poderia ser outra coisa, já que é um Theakis.

Theo concordou.

Mas enquanto a tarde passava, ela notou que o filho se comportava diferente.

Sempre que fazia algo, perguntava se era próprio para um Theakis, e isso a estava deixando louca. Deixou-o brincando e foi tentar encontrar Ari, mas sua secretária disse que estava ocupado... pelas próximas semanas.

Ela jurou que não deixaria barato. Como não podia falar com ela? Estava louca para saber como lidar com pai de Christos.

Mas não precisava ficar tão nervosa, ela e Christos tinham a responsabilidade por Theo. Daria uns poucos dias, e se Ari não aparecesse, contaria suas preocupações a Christos.

Christos coçou a nuca e olhou para o relógio. Droga, nove horas. A hora passara correndo e ele tinha uma reunião atrás da outra. A semana fora uma loucura. A empresa não era fácil de ser administrada e o tempo de Christos estava em jogo.

Ligou para Theo para conversar antes de ir para cama, mas não pôde chegar a sua casa a tempo de jantar.

A empresa sofria, pois a ignorava havia um tempo. Todos tinham parecido deixar de emitir opinião quando Stavros morreu e estavam esperando que Christos aparecesse. Queria fazer isso, mas não tudo de uma vez, em apenas uma semana.

— Terminamos de manhã — disse, e a equipe concordou, deixando a sala de reuniões. Ele saiu dali louco para pegar sua Ferrari e voltar até onde estava o iate, depois seguir para Mykonos, deixando a empresa para trás.

A casa estava em silêncio quando chegou. Parou perto da entrada da ala que seu pai dedicara a Theo e Ava. Mas tinha de seguir para o quarto.

A porta da varanda estava aberta, deixando entrar uma brisa fresca. Deixou a maleta em uma das cadeiras.

Quando chegou à varanda percebeu que não estava só.

— Boa noite, Ava. Ela apareceu, usava uma saia longa, solta, que balançava entre as suas pernas, e 4 1

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uma camisa de verão que desenhava a curva de seus seios.

— Estava esperando por você.

— Por quê? — ele perguntou, louco de vontade de tomá-la nos braços e levá-la para a cama.

— Quero falar com você.

— Não podemos esperar até amanhã?

— Se eu soubesse que tomaríamos café da manhã juntos...

Ele saía de casa antes do amanhecer, todos os dias, desde que chegaram ali.

— Minha agenda é apertada.

— Eu sei. Por isso estou aqui.

— O que está acontecendo?

— É sobre Theo e seu pai.

— Ele é muito duro com Theo?

— Não, nada disso.

— O que está acontecendo, então?

—Ele é muito grego. Está tentando fazer de Theo uma miniatura dele. Eu não aprovo, mas ele não me ouve.

Christos poderia imaginar o que o pai ensinava ao neto.

— Ser um Theakis é importante para Theo. Patera deve estar apenas querendo que Theo conheça tudo o que não pôde conhecer até agora.

Ela fez que não.

— É mais que isso. Sempre que faz algo, Theo me pergunta se está se comportando como um Theakis. Ele tem 4 anos, Christos. Deveria estar brincando, aproveitando a vida, não preocupado em manter a imagem da sua família.

— Será sua família também, em poucas semanas.

— Eu entendo, mas ele é uma criança.

— Vou conversar com meu pai e dizer que se afaste.

— Não, não quero que faça isso.

— O que devo fazer então?

— Quero alguns conselhos sobre como lidar com seu pai. Ele vive dizendo que não sou grega e que por isso não entendo. E sua secretária sempre me diz que está ocupado.

— Ele é assim. Não fique chateada com isso.

— Não posso evitar. Ele está todo dia me olhando, vendo o que faço. E quando Theo sai de perto, me diz que o fiz de errado.

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Christos tomou-a nos braços. Ela ficou ali, como se pertencesse a ele. E pela primeira vez naquele dia sentiu um momento de paz. Era exatamente o que ele sentia falta nas longas horas de reuniões na empresa. E sabia que era uma falsa promessa.

Ava não estava ali por ele. Queria conselho. Deveria afastar-se dela... mas estava louco de desejo.

— Ele é assim. Diga que se preocupe com os seus assuntos.

Ela se afastou e olhou para Christos.

— Isso pode funcionar para você, que poderia sair dessa casa.

— Então é esse o problema?

Ela deu de ombros e se afastou mais.

— Não sei como vai ser a minha vida quando for sua esposa.

— Cuidar de Theo e ficar ao meu lado durante a noite.

— Ah, eu...

— O quê, Ava? — Não sei. Eu me sinto tão isolada de tudo. Não quero sufocar Theo, mas ninguém mais aqui gosta de mim.

— Eu gosto.

— De verdade?

— Sim, claro.

Ele imaginava estar chegando perto do que realmente a incomodava.

— Eu... eu não tenho ninguém para convidar para o casamento. Gostaria de chamar a Laurette para dama de honra, mas ela não pode pagar uma passagem para cá.

E mesmo assim ainda teria três vagas em aberto... sei que você tem três padrinhos, certo? Antônio, Tristan e Guillermo.

—Vou organizar tudo isso. Gosto de Laurette, e acho que suas amigas deveriam estar por perto. Gostaria de trazer alguém mais dos Estados Unidos?

Ela fez que não com a cabeça.

— Não se preocupe. Vou pedir que Tristan e Guillermo tragam mulheres para subir ao altar.

— Esse não é problema.

— Qual é o problema?

— Eu... não tenho certeza se poderia viver aqui.

Ele coçou a nuca.

— Vamos nos casar em menos de duas semanas.

— Eu sei. E por isso quero conversar. Na última semana tive uma idéia do que será a minha vida. Preciso de algo mais.

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Ele entendeu, pois tampouco gostava de viver sob as asas dos Theakis, mas algumas concessões tinham de ser feitas. Pensou nas vagas abertas na empresa, mas não encontrou nenhuma que pudesse servir à mãe de um Theakis. Mas logo se lembrou que Nikki trabalhava na fundação da família.

— Tenho algumas idéias, vou procurar saber melhor amanhã.

— Você terá tempo para isso?

— Não, mas vou arranjar um tempo para você. Quero que seja feliz aqui.

Ava sabia que precisava deixar Christos sozinho, para que descansasse. Estava trabalhando duro; ela podia ver o estresse em seus olhos e na forma como caminhava.

— Talvez não seja o melhor momento para que se case comigo.

— Esse é o problema, Ava? Você quer desistir do casamento?

— Não. Não quero isso. Mas não gosto de ver você sempre tão tenso.

Ele levantou uma sobrancelha.

— Por que não vamos para o quarto, e assim você me ajuda a relaxar?

— Sexo com você nunca foi relaxante — disse Ava, tentando driblar o próprio desejo.

— Era relaxante com meu irmão? — perguntou, com algo de veneno nas palavras.

Ela ficou pálida, já tinha se esquecido de que ele acreditava que dormira com o seu irmão. Stavros prometera que faria tudo certo quando assinaram o acordo, mas não cumprira sua promessa.

— Já disse que nunca dormi com Stavros.

— Foi o que você disse — comentou, num tom altamente grego. O fogo e a paixão que ele sentia se transformavam em arrogância.

— Christos, você continua sem acreditar em mim? — Ela poderia passar por cima disso, mas não agora que estavam a ponto de se casar. Como poderiam ter uma vida em comum se ele não confiava nela?

— Não quero falar sobre isso. Não estou interessado em seus outros amantes.

— Não tive outros amantes. Só você. — Na vida de Ava, só houvera Christos.

Ela se aproximou e parou quase sem deixar espaço entre os dois. Colocou a mão em seus ombros e ficou na ponta dos pés, para que pudesse olhá-lo bem nos olhos.

— Não vou me casar até que a gente resolva esse assunto.

Ele balançou a cabeça.

— Então teria que voltar aos Estados Unidos.

— Christos, pare com isso. Como poderei provar que nunca fui íntima de Stavros?

— Não poderia.

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olhos.

Ela se virou, para que Christos não visse as lágrimas que se formavam em seus

— Precisamos confiar um no outro. Se fizermos o teste de DNA... será que assim você acreditaria em mim?

— Ava... imaginei que quisesse minha confiança, que eu confiasse na sua palavra.

— É o que quero. Mas não vejo como poderíamos viver juntos, como marido e mulher, se não provar que estou certa.

— Você não precisa provar nada. Sou um homem ciumento, e você sabe disso.

— Sei. Mas nunca fiz nada para que sentisse ciúme — ela disse.

— Só de ver você andar e chamar a atenção de outros homens me faz sentir ciúme — disse, colocando a mão em seus ombros.

— Só tenho olhos para você — ela admitiu, apoiado a cabeça no ombro dele.

— Moro mou — disse, envolvendo-a com os braços.

Ava parou de pensar no minuto em que seus lábios tocaram os de Christos. A brisa fresca fazia dançar seus cabelos e ela juntou-se a ele, em busca de calor.

Disse a si mesma que só estava assim por conta da relação complicada com Ari, e por nada mais. Mas quando se beijaram, já sabia que era mentira.

Estava ali com Christos porque amava aquele homem e ele... estivera longe desde que chegaram a Mykonos. Além disso, Ava estava com medo de que a vida dos dois fosse assim, sempre distante. Mas entre eles havia fogo.

Era difícil não se apaixonar por Christos.

Ele deu um passo atrás e olhou-a nos olhos.

Ela não precisaria se proteger do passado naquela noite. Estava ali com Christos.

Homem no qual pensava tanto nos últimos tempos. E aproveitaria.

— Venha — ele disse, levando-a ao quarto meio às escuras.

Ele estava confiante, seguro de si mesmo e decidido. Abaixou a cabeça e ela segurou a respiração. Passando os lábios no pescoço de Ava, ele a segurava firme, mas com um carinho que ninguém antes demonstrara.

Os longos dedos de Christos acariciaram a nuca de Ava, subindo e descendo, até que ela tremesse em seus braços. Precisava de mais. Enfiou as unhas nos ombros de Christos e levou sua boca à dele.

Christos murmurou seu nome e beijou-a. Deslizava seus braços nas costas de Ava, provando todos os cantos de sua boca, deixando-a louca de desejo. A pele de Ava ficou arrepiada. Seus seios ficaram pesados, desejando o toque de Christos. Entre as pernas, estava preparada para ele.

Ava revirou-se até estar em seu colo, com as pernas em volta do seu corpo.

Levantou a cabeça, pois queria olhar para ele. A pele de Christos estava vermelha, os lábios molhados de seus beijos. Ela cravou ainda mais os dedos nos ombros dele. Era 4 5

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realmente só músculos.

— Você se lembra do que costumávamos fazer? — ele perguntou.

Ela queria rir daquela pergunta. Nunca se esqueceria dos joguinhos eróticos que normalmente faziam juntos.

— Uhm... não estou segura, não tenho certeza.

— Posso ajudar a se lembrar?

Aproximou-se da mesa de cabeceira e acendeu a luz. Sob a luz suave percebeu que Christos estava excitado.

— Você poderia... tirar a sua camisa? — ela perguntou. Estava louca para tocar o peito de Christos desde a noite em que a subira na bancada da cozinha de sua casa, encaixando-se entre as suas pernas.

— Você acha que poderá ajudar? — ele perguntou, tirando a gravata.

— Sem dúvida — ela respondeu.

Ele se aproximou ainda mais, tocando os seios de Ava com os dedos enquanto tentava desabotoar a camisa. Ela tremeu com o breve contato e mordeu os lábios, para evitar pedir mais.

O tecido se abriu, revelando a pele morena de Christos. A pequena medalha de ouro ainda pendia de seu pescoço. Ela tocou o amuleto dourado.

— Disso eu me lembro.

— Ótimo, fico feliz em saber que sua memória está voltando.

Ela se abaixou e beijou o peito de Christos, provando um pouco daquela essência masculina que só ele tinha. E não percebera o quanto o desejava até aquele momento.

Ignorava o fato de que ainda era uma mulher, não apenas mãe de Theo.

Com Christos, queria voltar a revelar sua feminilidade. Passou os lábios sobre sua pele quente. Ele acariciou seus cabelos, dirigindo a cabeça de Ava para os seus mamilos. Ela sabia o quanto ele gostava de sentir a ponta de seus dentes contra aquela parte sensível do seu corpo.

Mas, para aumentar seu desejo, apenas passou a língua.

— É isso o que você quer?

— Ava...

Ela murmurou outra vez, mergulhando a boca em seu mamilo, que tomou entre seus dentes, sugando-o. Ele grunhiu seu nome, e movia a cintura entre as pernas de Ava. Estava quente e excitado, e ela estava pronta para ele. Talvez porque tenha passado muito tempo sem fazer amor... e claro, a última vez tinha sido com ele.

Gentilmente, ele afastou a cabeça de Ava do seu corpo e levantou-a. Tirou o suéter que ela vestia. Ela não usava sutiã e o calor do momento fez seus mamilos se 4 6

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excitarem imediatamente.

Christos percorreu as mãos pelo centro do corpo de Ava, entre suas costelas, chegando até o seu umbigo e depois parando na linha de sua saia.

Lentamente, fez o mesmo percurso outra vez, contornando os seios de Ava, chegando bem próximo de tocar seus mamilos. Uma torrente de desejo invadiu o corpo de Ava, fazendo-a tremer.

E queria mais. Precisava de mais. Seu coração batia tão acelerado e alto que ela podia jurar ser capaz de ouvi-lo. Acariciou o peito de Christos com os dedos. Ele gemeu, um som saiu de seu peito.

Os músculos dele ficavam tensos com o toque de Ava. Ela circundou seus mamilos depois voltou a acariciar seu peito com os dedos, chegando até o ponto em que a fina camada de pelos desaparecia, na linha onde começava suas calças.

O peito de Christos era duro como uma pedra. Ele trouxe-a mais perto, até que os seios de Ava tocaram seu peito.

— Ava — disse seu nome como uma reza, segurando-a contra seu corpo.

Seu membro ereto tocou o corpo de Ava, tentando encontrar um contato melhor. O que seria impossível com as camadas de roupa que havia entre eles.

Ele beijou-a no pescoço, mordendo um pouco na base. Ela murmurou, cravando seus dedos nos ombros de Christos, juntando seu corpo ao dele.

Ele a puxou pelas nádegas, aproximando-os mais. Baixou a cabeça e sua língua tocou o mamilo de Ava, sugando-o.

Seu corpo parecia a ponto de fundir-se, roçando-se mais e mais rápido contra sua masculinidade rígida, chegando ao clímax do prazer colada ao seu peito. Ele a agarrou firme.

Ava o abraçou e fechou os olhos, lembrando a si mesma que aquilo não passava de sexo. Ele já saíra de uma situação parecida antes, deixando-a com o coração destroçado. Mas naquele momento, com os braços fortes em volta do seu corpo, era como se Ava tivesse encontrado um lar.

CAPÍTULO SEIS

Ava baixou as mãos, agarrando Christos pelas calças. Ele estava tão excitado 4 7

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que ela podia sentir a pulsação entre as suas pernas. Ele perdia o controle. Não tinha exatamente a imagem de playboy que gostava de cultivar, pois com Ava deixava seus trunfos à mostra. Sempre fora assim. Ela era um fogo que ele não podia controlar.

Levantou o queixo e beijou-a. Ava olhou para ele e abraçou-o. Christos pôde ver lágrimas naqueles lindos olhos azuis.

— Qual o problema?

Ela balançou a cabeça.

— Nada. Eu apenas... sonhei com isso por tanto tempo. feliz.

— Em fazer amor comigo? — ele perguntou. — Moro mou, é tão fácil fazê-la

— Acho que sim. Quando o assunto é você e Theo, tenho tudo o que uma mulher poderia querer.

Sentiu uma pitada de raiva quando ela mencionou Theo. Não dirigida ao menino, mas a Ava, pois não aguentava aquela insistência de que o filho era seu. E também sentiu um pouco de raiva do irmão, pois Stavros sabia o quanto ele estava louco por Ava naquele verão, e deveria ter ficado longe dela.

— Por que isso? Por que seu rosto fica dessa forma sempre que falo no Theo?

— Eu odeio o fato de...

— Que não acredita que é seu pai?

Ele a sentou na cama, afastando-se. Buscou sua camisa e vestiu-a enquanto caminhava pelo quarto.

— Christos.

— O quê?

— Você está começando a acreditar em mim, certo? Por que então se casaria comigo?

Ele fez que não com a cabeça, sabia que estava se casando com ela pelo bem do herdeiro Theakis e, claro, pelo ótimo sexo que tinham de vez em quando.

— Quanto tempo vai passar até que você se convença?

Olhou-a de relance, notando que Ava vestia o suéter. Estava com as mãos na cintura e sabia que tinha raiva dele.

Droga.

Ele também tinha raiva dela. E justo quando tudo parecia estar bem entre eles.

— Que diferença isso faz? Theo está aqui, adotei o menino e eu e você vamos nos casar.

— Faz toda a diferença. Até você deveria ser capaz de ver isso. Realmente quer se casar com uma mulher que você acha ser capaz de dormir com outro homem? Com seu próprio irmão?

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— Claro que não. Nosso acordo pré-nupcial vai ser muito explícito sobre o que poderá acontecer caso você volte a fazer isso.

— Volte a fazer? Eu nunca fiz isso.

— É passado, Ava, esqueça.

— Como poderia me esquecer, quando você não se esquece.

— Não vou discutir isso.

— Você não pode se afastar dessa maneira. Não vou deixar. Se quer se casar comigo, se quer que Theo fique em Mykonos, precisamos resolver isso agora.

— Como?

— Acho que confiar em mim já não está na lista — ela disse, mordendo o lábio inferior da maneira sexy como sempre fazia.

— Você mentiu para mim — ele disse.

Ela mentira sobre muitas coisas. Coisas sobre sua família, sobre de onde vinha.

— Aquilo foi diferente. Minha família não tem nada a ver com a sua. Imaginei que fosse preferir uma mulher que viesse de família parecida.

Ele entendia isso. E teria desculpado as histórias sobre sua suposta família nos Estados Unidos se tivesse ido até ele e contado a verdade. Mas quem lhe contou tudo foi Nikki. Sua cunhada ficou preocupada quando soube do caso dos dois e revelou o passado de Ava. Tudo indicava que se tratava de uma menina pobre em busca de um marido rico. Suposição que foi confirmada com suas mentiras.

— Eu era jovem e já contei a verdade.

Tarde demais. Ele nunca acreditara que ela não tivesse escutado sua conversa com Nikki, naquela mesma manhã.

— É inconsequente.

— Não. E por isso você acredita que dormi com Stavros.

Deixou o copo de uísque na mesa antes que o atirasse em uma das paredes.

Detestava ficar pensando naquilo. Era incapaz de apagar as imagens de Ava com seu irmão.

— Chega. Saia daqui.

— Não.

— Não?

— Tenho certeza de que você não escuta muito essa palavra, mas acho que sabe o que significa.

— Ava...

— Christos, estou preparada para ser muito chata com isso. Quero ter um casamento real, uma família real para Theo, e não poderemos se você não acreditar em mim.

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— Ótimo, vou fazer o teste de paternidade.

— Você precisa de um teste para acreditar na minha palavra? — ela perguntou, mas havia algo estranho em sua voz, e ele queria fingir que não o afetava, o que não era verdade.

— Ava...

— Esquece. Não vamos fazer nenhum teste de paternidade. Não quero mais. Vou convencê-lo de que está errado.

— Como? Stavros está morto. Nunca poderei perguntar ao meu irmão sobre o que aconteceu entre vocês dois.

— Vocês nunca falaram sobre isso?

— Não. E ele nunca negou quando lutamos por você.

Christos disse ao irmão que os dois estavam mortos para ele, e deixou Mykonos e a Grécia, passando a maior parte do tempo em viagens entre seus vários negócios, tão ocupado que nunca tivera tempo de sentir o vazio criado por tal reação.

— Oh, Christos!

Ele odiava ver que Ava sentia pena.

— Como poderá me convencer?

— Deixando que veja a mulher que sou, de verdade. Não seria capaz de traí-lo, e nada vai me deter até que consiga provar isso.

Ava não sabia o quanto Christos perdera após sua partida à América. Os dois tiveram suas vidas destroçadas pelas mentiras contadas por Stavros, primeiro para Nikki, e, quando ela contou para Christos, mentiu para o irmão também.

Christos a vira sozinha com Stavros em mais de uma ocasião. Ela servia de cobertura para o irmão e sua amante, mais uma mentira que contribuiu para que ele sentisse o que sentia...

Convencer Christos de que deveria confiar nela seria complicado, Ava sabia muito bem. Não apenas por conta do que acontecera no passado, mas porque nem ela mesma gostava da menina que fora. Passou grande parte da vida fingindo ser uma pessoa que não era, dizendo que vivia em uma grande propriedade rural, não em um trailer pequeno e velho.

Mentia sobre tantas coisas que já não sentia vontade de encarar a verdade. Mas isso era coisa do passado. Theo nunca conheceu seus avós e não conheceria. Seu pai a expulsou do trailer quando voltou para casa grávida e sem trabalho.

— Não gosto de me lembrar de onde vim — disse, quebrando o silêncio. — E não o teria encontrado se não tivesse criado um passado de mentira para a minha vida. Por isso não penso em me desculpar. Talvez tivesse sido melhor ficar em silêncio sobre minha família.

— Não teria julgado você por sua família. Mas mentir sobre o passado... eu não 5 0

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entendo isso. Passo a metade da minha vida esperando que não me julguem pelo meu patera. Ele me deixa louco.

Ela balançou a cabeça, deixando um sorriso aparecer nos seus lábios.

— Por isso todos os homens Theakis têm de seguir seu próprio caminho.

— Certo. Mas você não está fugindo disso.

— Não. Cresci num trailer velho, no meio do nada. Nunca tivemos dinheiro.

— Dinheiro não é importante — ele disse.

—- Quando se tem. Quando não, é o único assunto.

— Não sei o que isso tem a ver com ou confiar ou não em você?

Ela respirou fundo. Claro que ele nunca confiaria. Percebeu, naquele momento, que não teria escolha. Poderia seguir evitando falar sobre seu passado, e nunca teria a confiança dele, ou poderia lentamente quebrar tais barreiras.

E havia realmente uma escolha. Passou um segundo de verdadeira felicidade quando Christos teve a ela e a Theo nos braços. Respirando fundo, disse: — Odeio essa parte do meu passado. É a raiz de cada mentira que contei, não apenas a você, mas a mim mesma.

Ele foi pegar o copo de uísque e se serviu mais uma dose, que tomou imediatamente.

— Você mente para si mesma?

— Você não?

Ele fez que não com a cabeça.

— Não. Encaro meus fracassos, que às vezes não saem de minha cabeça.

— Fracassos?

Ele deu de ombros.

— Vamos manter a conversa focada em você.

— Não podemos ter uma relação se sou eu a única que fala.

— Podemos começar com você. Quando tiver... como foi que você disse? Ah, certo, quando tenha me feito ver a mulher que você é, nesse momento podemos começar a entrar na minha consciência.

— Você pode ser tão arrogante!

— Disso você já sabe.

— Não tenho muitas coisas que realmente signifiquem algo para mim. Apenas meu filho e talvez uma espécie de relacionamento com você...

E não sabia mais o que dizer. Queria ser divertida, charmosa, para assim vencer a arrogância de Christos, mas nunca seria capaz de agir dessa forma.

Ouviu quando ele deixou o copo na mesa, depois seus passos ecoaram no chão 5 1

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enquanto seguia em sua direção. Não podia acreditar que pouco tempo antes tinham vivido uma tensão sexual tão forte, e que estivessem tendo uma conversa tão profunda, sobre um passado que, não importando o quanto ela tentasse se afastar, ainda a mantinha presa.

Parou na frente dela, e Ava pode ver por um momento seu peito, debaixo da camisa que não abotoara. Tudo o que queria era voltar aos seus braços.

— Olhe para mim — ele disse.

Ela olhou para cima, surpresa ao ver um olhar sério em seus olhos.

— O quê?

— Só sou arrogante quando as pessoas me atingem diretamente. Não sei como lidar com emoções genuínas, e você sempre me desestabilizou.

Ela não sabia como responder. Ele agarrou sua bochecha e ela ficou tensa, com medo de dizer algo que o fizesse sair correndo dali.

— Acho que a razão para que eu me sinta traído por você tem a ver com isso. Se tivesse sido qualquer outra mulher, eu teria seguido em frente, mas você... sempre me fez sentir vivo.

Lágrimas brotaram nos olhos de Ava, e ela percebeu que estava agindo corretamente ao tentar levar adiante essa conversa entre os dois.

— Eu também.

Ele baixou as mãos e deu um passo atrás.

— Você acha que isso está funcionando?

Ela piscou os olhos, numa tentativa se secar as lágrimas.

— Deveríamos passar mais tempo juntos, não ficar apenas falando sobre o passado. Temos de voltar a nos conhecer.

— Acho que de alguma forma começamos hoje à noite — ele disse, fazendo um sinal em direção à cama.

Ela mordeu o lábio inferior.

— Acho que deveríamos ficar longe da cama até o casamento. Sabemos que somos sexualmente compatíveis e isso poderia complicar as coisas.

— O sexo nunca complica nada.

— Para você, talvez. Mas eu fico com vontade de estar nos seus braços e mandar tudo o mais para o inferno, e isso não resolveria nossos problemas.

Christos serviu outro drinque para si mesmo.

— Ótimo. Sem sexo até o casamento.

— Você acha que até lá já estará confiando em mim?

— Não tenho idéia, mas estando casado eu teria o privilégio de levá-la para a cama, e não quero negar isso a mim mesmo.

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Duas semanas, ela pensou. Poderia mudar a cabeça de Christos até lá?

Theo acordou Ava correndo para seu quarto e pulando na cama. Falava alto, enchendo o ambiente de alegria. Ela nunca fora uma pessoa alegre pelas manhãs, mas ao ver o rosto feliz de Theo não pôde fazer nada a não ser sorrir para ele.

— Por que está tão feliz? — perguntou.

Theo estava vestido e usava um par de sandálias que Ari lhe dera no momento em que chegaram. Eram sapatos tradicionais gregos, os mesmos que usava Ari. — Baba vai nos levar em um passeio de barco hoje.

— Vai? — ela perguntou. Esperava que Christos soubesse o que estava fazendo.

Prometer que estaria com o filho era uma coisa, mas prometer diretamente ao filho que faria um passeio de barco era outra. Não queria ver Theo desapontado caso Christos precisasse ficar até tarde no escritório.

— Sim. Assim que você se levantar. Eu já estou acordado há um bom tempo.

— Sinto muito, querido. Preciso de um minuto para lavar o rosto e desço para o café, e assim podemos conversar sobre isso.

— Não precisa. Baba vai trazer o café para você.

— Vai? — Ela não queria ver Christos antes de pentear os cabelos e escovar os dentes. Estava a ponto de levantar a coberta e correr para o banheiro.

— Eu disse a ele... — Theo parou, ela podia imaginar o que seu filho dissera a Christos: que sua mãe não era ninguém antes de uma xícara de café.

Ela arrumou o cabelo com as mãos e abraçou o filho.

— Disse a ele que a primeira coisa que preciso é de uma xícara de café?

Theo fez que sim.

— Sim, foi o que ele disse.

Ela olhou para Christos, que apareceu na porta com uma xícara de café em cada mão. Vestia calças brancas casuais e uma camiseta preta. Parecia ter dormido bem, algo que ela invejava.

Foi até a cama e ofereceu uma xícara a Ava, que tentou arrumar o cabelo, provavelmente amassado de um lado e liso do outro. Tomou um gole do café e tentou ficar tranquila.

— Que história é essa de barco?

Christos encostou-se no armário e tomou um gole de café.

— Após nossa conversa, ontem à noite, decidi tirar um dia de folga e convidar vocês dois para uma volta no meu iate.

— Imaginei que seria um passeio de barco — disse Theo.

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— Iate é o nome de um barco grande.

— Ah. Grande mesmo?

— Sim, bem grande. Quer vir conosco, Ava? — Sim, claro.

— Ótimo. Esperamos por você lá embaixo.

Theo sorriu para a mãe, deu-lhe um abraço e correu pela porta. Christos ficou parado na saída do quarto.

— Sabe o que está fazendo? Um dia de folga?

— Ontem à noite, você me disse uma coisa que faz sentido.

— Apenas uma? — ela perguntou. Mas na verdade, estava surpresa ao ver que dissera ao menos uma coisa que fazia sentido. Fora levada pela emoção, e as coisas não pareciam fazer muito sentido.

— Bem... a história de não dormirmos juntos me parece um pouco louca.

Ela corou.

— Depende do seu ponto de vista.

— Vou tentar mudar o seu nesse sentido. Mas estava me referindo ao momento em que você disse que não poderia construir um relacionamento sozinha.

— Fico feliz que estivesse me escutando — ela disse.

Ele deixou a xícara em uma mesa e seguiu em direção à cama. Sentou-se ao seu lado, pressionando o corpo de Ava com sua cintura.

— Sempre escuto.

— Assim espero — ela disse, com esperanças renovadas de um futuro feliz quando pela primeira vez percebeu que ele a escutara dizer que não o traíra e parecia acreditar no que dizia.

Traçou o contorno do corpo de Ava no lençol, e perguntou: — Como está vestida?

— Vou deixar isso para sua imaginação.

— Não sei se deveria. Estou imaginando você nua.

— Claro que não estou.

— Que pena.

— Algumas vezes, Theo fica com medo de noite e vem para minha cama.

Ele deslizou os dedos até a linha do pijama.

— O que o deixa com medo?

Ava lutava para manter-se concentrada na conversa, não nos movimentos dos dedos de Christos.

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— Várias coisas. Nem sempre sabe dizer.

— Você sempre deixa que venha para sua cama?

— Sim. Rezamos e eu canto para ele.

— Isso é uma das coisas que admiro em você.

— O quê?

— Como é uma mãe para Theo. Você é muito boa para ele.

Quando Theo nasceu, ela ficou surpresa com o amor que sentia pelo filho. Tê-lo fez com que percebesse uma dimensão na sua vida que nunca percebeu ter. Tinha alguém para amar e oferecer o carinho que levava escondido dentro de si mesma por anos.

— É fácil amar Theo.

— Sim, claro — disse Christos, que deitou-se ao seu lado. — Você está firme com essa idéia de nada de sexo?

Ela fez que não com a cabeça.

— Baba, vem. Ela vai demorar o dia todo para ficar pronta se você não sair do quarto.

Christos deu um beijo rápido nos lábios de Ava e se levantou, pegando sua xícara de café ao sair do quarto. Quando a porta se fechou, Ava saiu dos cobertores e tentou não se deixar levar pela sensação de que aquele dia seria o começo de uma nova vida com Theo e Christos.

CAPÍTULO SETE

Christos observava o pai enquanto o velho senhor manobrava sua cadeira de rodas em direção à rampa de pedra que levava à garagem. Theo, andando para frente e para trás com toda energia, deu a Christos algo para estar focado, mas ele não era capaz de afastar sua mente do fato de que seu pai se aproximava. Sem dar muita importância, notou a pistola de água na mão de Theo.

A conversa na noite anterior com Ava ainda rondava sua mente. As lembranças eram muito vividas, especialmente a forma como ela se moveu na sua direção. A forma como sua pele suave pressionou a pele de Christos.

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— Baba!

— Sim, Theo.

— O vovô vem com a gente?

— Eu não convidei — disse Christos, tentando manter a respiração sob controle, mas na verdade seu pai não era o tipo de pessoa que esperava um convite. — Por que não convida você? — sugeriu.

Theo correu em direção a Ari, e Christos foi buscar coisas de que precisariam para um dia no barco.

Não dormira na noite anterior. Quando Ava saiu de seu quarto, foi para o escritório e trabalhou toda a noite, para que o dia de folga não fosse um problema.

Ele não odiava sua nova vida, mas não tinha certeza se gostava tanto. E a conversa com Ava na noite anterior o fez pensar no fato de que já tinha passado o momento de ficar pensando no que seria a vida deles dois.

— Uma ligação para você na casa principal — disse Ari, entrando na garagem.

— De quem?

— Tristan. Disse que precisa falar com você ainda esta manhã. Está no celular.

Theo estava de pé nas costas da cadeira de rodas de Ari. Segurava sua pistola de água com uma das mãos, enquanto o dedo da outra estava no gatilho. Christos sabia que estava fingindo ser guarda-costas. Ele mesmo brincara disso com Theo dias antes.

— É seguro para o senhor deixar seu avô e vir a casa comigo?

— Não, senhor. Melhor que eu fique por aqui.

Christos passou a mão nos cabelos de Theo enquanto saía da garagem. Antônio esperava na entrada com o BlackBerry de Christos.

— Seu pai insistiu em ir procurá-lo.

— Tudo bem. Você falou com Tristan?

— Não. Mas ele deixou uma mensagem no correio de voz e um fax está chegando ao escritório. Devo ligar para o capitão Platakis e dizer que vai se atrasar?

— Ainda não — disse Christos. Não queria frustrar seus planos com Theo e Ava. Christos foi até o escritório e viu o fax que chegava. Mais problemas nos negócios. Ligou para Tristan.

— Alô.

— Tristan, sou eu.

— Ah, Christos. Estamos num voo fretado para Mykonos.

— Por quê?

— Precisamos da sua assinatura em alguns documentos.

— Nos que enviou por fax?

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— Sim. São acusações formais contra Vincent. Também enviei os currículos de três candidatos que estamos pensando promover.

Christos pegou as páginas da máquina e começou a ler.

— Você e Gui fazem a escolha.

— Então já começou.

— O quê?

— Não queremos tomar conta sozinhos da Seconds agora que você está à frente da companhia de navegação.

— Não seja ridículo. Tenho planos para hoje, e não posso cancelar. Se puderem esperar até esta tarde...

— Que planos?

— Planos.

— Do tipo que envolvem uma mulher?

Ele não respondeu, mas isso não fez Tris parar.

— Com o seu silêncio, parece sério. Por isso estamos indo para aí.

— Tristan, nunca interferi na sua vida amorosa.

— Não costumo ter vidas amorosas de mais de uma noite.

— Tudo bem, então me deixe.

— Só queremos conhecer essa mulher. Você sabia de nossa visita.

— Não vou estar na ilha hoje.

— A gente encontra você.

— Certo. Antônio vai ficar aqui em casa, e poderá preparar quartos para vocês.

— E Ava, onde dorme?

— Na casa principal, com Theo.

— E o menino? É seu filho?

Christos começava a imaginar que Theo fosse realmente seu filho. Sabia que deveria ignorar os sonhos de Ava e fazer o teste de DNA, mas ele queria... queria uma chance de ter algo mais que o casamento de conveniência no qual se metera grande parte de seus colegas.

Tristan se casara por amor, contra o desejo da família, e por alguns anos foi o homem mais feliz que Christos já vira. Até que sua mulher morreu, vítima de câncer.

— Como foi? — perguntou Christos.

— Como foi o quê?

— Estar casado com Cecile.

Tristan limpou a garganta e ficou um tempo calado.

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—- Meu Deus. É isso o que está querendo?

— Não sei exatamente, mas gostaria de provar.

Tristan limpou mais uma vez a garganta.

— Espero que dê certo. Você merece esse tipo de felicidade.

Christos percebeu tristeza e resignação na voz de Tristan.

— E você pode ter tudo isso de novo.

— Não, não posso. Foi o amor da minha vida. Do tipo que nos deixa radiante.

Tristan desligou e Christos sentou-se na poltrona de couro, pensando nas lágrimas nos olhos de Ava, na noite anterior, lágrimas que o fizeram acreditar que ela também queria o mesmo tipo de acontecimento na sua vida.

Ava não sabia exatamente o que esperar enquanto descia as escadas, mas nunca imaginou que veria Theo brincando com o avô. O filho desceu da cadeira de rodas quando viu que ela estava por perto e correu para abrir a porta do Jaguar conversível, um dos vários carros de Christos. A Ava, ele mais tarde daria as chaves de um RollsRoyce.

Theo pegou uma segunda pistola de água e levou até ela. Ava colocou os óculos de sol no topo da cabeça. Esperava que Theo sugerisse que ela fosse o bandido.

Certamente não se importaria em jogar água no rosto de Ari. — Você cuida da retaguarda.

— Obrigada, querido — disse, beijando a testa de Theo e aceitando a pistola de água. — Onde está seu baba?

— Foi atender o telefone na casa principal — disse Ari, olhando para a roupa de Ava. — Você tem certeza de que deveria vestir essas roupas?

Ela olhou para o short e o top que usava.

— Vamos passear de barco.

— Eu sei, mas Christos poderá se encontrar com alguns sócios para almoçar. Não quero que você pareça uma americana cafona.

Comprara a roupa em uma boa loja, a mais conservadora dos Estados Unidos.

Sabia que não estava cafona, mas Ari queria deixá-la insegura. Decidiu que não se importaria, pois já sabia que vencer Ari em argumentos era impossível.

— Baba não vai trabalhar hoje — disse Theo.

— Os negócios, para os homens Theakis, sempre vêm em primeiro lugar.

Ava sorriu para Ari. — Uma das coisas que sempre me atraiu em Christos é que toma suas próprias decisões.

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— Meu filho pode ser assim, mas também é muito leal.

Isso era verdade. A lealdade de Christos por Stavros fora uma das razões pela qual se afastaram. ' — Quer ser um bom pai para Theo.

— Mãe, acho que você deveria ficar atrás daquela árvore. Os bandidos virão do jardim.

Ela deixou a bolsa no banco da frente do conversível e foi para a sua posição.

Ari a atingia de uma forma que ninguém era capaz de fazê-lo, talvez porque ela às vezes não se sentisse a altura de Christos. Vivendo ali, percebia o quanto suas vidas até então tinham sido diferentes.

— Mãe?

— O quê?

— Escuto alguém vindo.

Ela também. Os passos soavam pesados no caminho de pedra. Esperava que não fosse Antônio. O pobre homem fora encharcado várias vezes na semana anterior.

Ouviu o motor da cadeira de rodas de Ari e depois a pequena mão de Theo em suas costas.

— Quando eu der o sinal, atacamos.

Ela fez que sim. A sombra de um homem era visível através do grosso tronco da árvore e Theo levantou uma das sobrancelhas. Ela pulou de um lado e Theo cobriu a retaguarda por outro. Os dois puxaram o gatilho ao mesmo tempo, molhando Christos, não Antônio.

— Baba, te pegamos!

Christos pôs a mão no peito e inclinou-se para trás. Água escorria de seu peito e rosto. Theo correu, pegando um pedaço de pano do bolso, e amarrou os pulsos de Christos.

— Mãe, me ajuda.

Ava deixou a arma no chão e foi até Christos, pegando seus pulsos, e foi aí que tudo ficou um pouco louco. Christos se inclinou e pegou a arma de Ava, tomando-a como refém, e mantendo a arma na direção de sua cabeça.

— Afaste-se ou o refém poderá morrer.

Theo levantou as mãos, ainda segurando a sua arma, e deu dois passos atrás antes de voltar a atirar água no rosto de Christos. Os dois correram em direção à garagem e Ava ficou parada ali.

— Não sei o que deu nele — disse Ari. — Está se divertindo.

— Nunca teve dificuldade para se divertir.

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Desejo 109 [Filhos do Privilégio 01] Herdeiro Secreto (The Greek Tycoon´s Secret Heir) - Katherine Garbera

— E qual o problema? — perguntou Ava. Ari deu de ombros e pegou um par de óculos de sol do bolso. Virou a cadeira de rodas em direção a casa e ela percebeu que não estava disposto para conversar.

— Para alguém que dá tanta importância às boas maneiras, o senhor é muito rude.

Ele parou a cadeira e olhou para ela.

— Está falando comigo?

— Vê alguém mais?

— Não gosto de sua atitude americana.

Ela poderia enumerar várias coisas que não gostava nele.

— E não ligo para sua arrogância grega machista.

— Meu Deus.

Ele continuou o caminho em direção a casa e Ava balançou a cabeça, desejando que Ari estivesse longe. Foi o que tentou explicar a Christos na noite anterior. O desdém de seu pai fazia os dias parecerem longos para Ava. Mas, ao mesmo tempo, Ari parecia adorar o neto, e dava muita atenção ao menino.

Ela andou em direção à garagem, percebendo que Christos e Theo estavam desaparecidos. Sentia que poderia ser atacada, com se estivesse em uma guerrilha. E estava precisando ser atacada, pois se sentia tão fora de si naquele momento.

Era a mãe do neto de Ari, mas aparentemente isso não era suficiente para que o velho homem a aceitasse completamente. Gostaria de saber a verdade sobre o que acontecera no passado entre Christos e Stavros, ou pelo menos uma versão da verdade. Sendo como era, Ava não acreditava que Ari não tivesse notado a presença de uma amante na vida de Stavros, alguém que não era ela.

Ouviu um ruído e um minuto depois estava encharcada de água gelada. Virou-se para seus agressores, pegando o filho no braço e roubando a arma de suas mãos.

Atingiu Christos no rosto e correu para o carro.

O riso de Theo encheu o ar de alegria, deixando a alma de Ava mais leve. Não importava a desaprovação de Ari, ela pertencia àquele local. Christos agarrou os dois, abraçando o corpo de Ava. Ela sentia a pressão do corpo do amado contra o seu, e deixou cair sua cabeça nos ombros dele.

— O que meu pai falou? — ele perguntou.

— Nada importante. Você ainda poderá nos levar para passear de iate?

— Claro — ele respondeu.

— Vamos! — disse Theo, apertando o cinto de segurança.

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Christos tentou manter a cabeça focada na estrada até a marina, não na camiseta molhada que revelava as curvas de Ava, mas era difícil... e outras partes do seu corpo também estavam atentas.

Seu celular tocou e ele ignorou. Já tinha tido o suficiente com a interferência do pai, dos amigos e sócios. Precisava daquele dia claro e ensolarado para ele e sua família. Ava passou a mão pela própria cintura e tremeu um pouco, enquanto a brisa passeava pelo carro. Mantendo os olhos na estrada, Christos pegou a bolsa que ela deixara no banco de trás e ofereceu a Ava seu suéter.

— Obrigada — ela disse. — Resolveu todos os seus negócios esta manhã?

— Negócios? — perguntou, imaginando como ela sabia de tudo aquilo.

— Ari disse que recebeu um telefonema. E ontem à noite você mencionou que tinha muita coisa para resolver no trabalho.

— Resolver coisas? É isso que você pensa que eu faço? — ele brincou.

Não queria falar de trabalho naquele dia, nem mesmo pensar no duro que seria o dia seguinte. Cada dia era um novo desafio no escritório. Queria sentir-se... livre. Da mesma forma como se sentia quando Stavros ainda estava à frente dos negócios dos Theakis.

— Reuniões, conferências telefônicas... não sei. O que você faz?

— Coisas — ele disse, incapaz de parar de sorrir.

Ela apertou seu braço, de leve.

— Está de bom humor hoje.

— E normalmente não estou? — ele perguntou, não querendo dar muita importância ao fato de que estava contente apenas por passar um dia com Ava e Theo.

Isso não era típico dele. Não gostava que sua felicidade dependesse de outras pessoas. Seria um caminho para o desastre.

— Algumas vezes sim. Mas parece muito tenso quando volta para casa.

Chegaram ao estacionamento da marina, e Christos, viu o capitão Platakis, com o iate pronto para partir.

— Períodos de transição sempre são complicados em assuntos empresariais.

— E em assuntos pessoais também — completou Ava. — Claro. Pena que eu não possa traçar um plano para o nosso relacionamento, da mesma maneira que estou traçando um para a empresa.

— E eu complico a sua vida?

— De formas que não pode supor.

— Acho que posso...

— O que significa supor? — perguntou Theo, sentando no banco de trás, fazendo com que Christos se lembrasse de que o menino estava escutando tudo.

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— Imaginar — disse Ava. — Ah, e o que você não pode imaginar? — perguntou Theo.

Christos passou a mão pelos cabelos do menino. Era muito pequeno para aprender que as mulheres têm segredos que os homens nunca entenderão.

— Coisas de mulheres.

— Coisas de amor?

Ava ficou vermelha.

— Provavelmente, querido. Está pronto para o passeio de barco?

— Um minuto — disse Christos, pondo a mão na coxa de Ava, para que ela não abrisse a porta, e virando-se para Theo: — O que são coisas de amor? outro.

— Você sabe, baba, quando um homem e uma mulher começam a gostar um do

Theo abriu o cinto de segurança e pulou para o banco da frente, sentando-se no colo de Ava. Ela acariciou o cabelo do filho.

— Ele pergunta muitas vezes por que não estamos juntos.

Christos não estava certo sobre o que aquilo significava. Abriu a porta e desceu do carro, precisando manter certa distância. A alegria que sentia diminuiu um pouco. O que exatamente estava acontecendo entre ele e Ava? Luxúria ele podia entender.

Amor... ele não acreditava na existência do amor. Claro que gostava do pai e de Theo, e o que sentia por Stavros nem poderia classificar. Mas amor? Romance? Nunca experimentara nada que o fizesse acreditar ser um sentimento real. Nem mesmo com Ava. — Christos?

— O quê?

— Você está bem?

— Claro. Por que não estaria?

— Está olhando para o carro.

— O sol está direto nos meus olhos. Theo, por favor, desça e diga ao capitão Platakis que estarei pronto em cinco minutos.

O menino hesitou e olhou para Ava. Ela virou-se para Christos e disse: — Ele tem medo de água.

— O quê?

Ela olhou-o de forma a dizer que não repetiria o que tinha dito. Ele tinha se esquecido disso.

— Theo, venha aqui. Ava, você pode avisar ao capitão que estamos aqui?

Ela hesitou. E olhou duro para ele. Seria pai de Theo pelo casamento, se não 6 2

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biológico, e isso significava que também tinha direitos frente ao menino. Significava que em alguns momentos Ava teria de abrir mão.

Ficou pensando um pouco sobre o que dissera a Theo sobre amor. Christos estava feliz por poder resolver um problema real do seu filho. Seria capaz de fazer com que vencesse o medo da água. Mas entender as mulheres... talvez não.

CAPÍTULO OITO

Ava não estava confortável em cima da plataforma montada no meio da sala, com Maria e a estilista do vestido, Dorothea Festa, olhando para ela. Sentia-se uma idiota parada ali, enquanto a mediam e falavam em italiano. Nunca se sentira tão fora de lugar como naquele momento.

Nem mesmo dois dias antes, quando voltaram da viagem de barco e viram que os amigos de Christos estavam por ali. Tristan e Guillermo começaram a brincar com seu filho, com brincadeiras masculinas que a excluíam. Mas ver Theo em companhia masculina fez desaparecer todo o ciúme que sentia. E naquele momento estava sendo medida para um vestido de noiva digno de uma noiva Theakis, enquanto Theo estava na piscina, com Tristan e Gui. Christos estava no escritório, não poderia tirar mais um dia de folga, mesmo com seus amigos por ali. O relacionamento deles estava mais próximo nos últimos dias, desde o passeio de barco, talvez graças aos laços de parentesco. Christos a apoiara contra Ari quando este insistia em contratar uma babá e um tutor privado para Theo.

Ele daria aulas de grego básico ao menino, que já frequentava uma escola no vilarejo, com outras crianças. Ava se apresentara na mesma escola para trabalhos voluntários.

Seu grego rudimentar melhorava a cada dia.

Mas sua relação íntima ainda era instável. Ela sabia que fora a responsável pela decisão de não fazerem sexo até o casamento. Ou talvez Christos tivesse perdido o interesse por ela. Estava ocupado com o trabalho e ficava até tarde com os amigos.

Talvez Ava estivesse dando muita importância a si mesma e ao impacto que deveria ter nele.

— Srta. Monroe, por favor, coloque os braços para cima.

Ava fez o que lhe pediram. A assistente da estilista mediu a cintura com a fita métrica, depois o peito e as pernas. Ava olhou para o seu corpo sem ânimo. Perdera 6 3

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todo o peso que ganhara na gravidez, mas seu corpo nunca mais seria o mesmo.

A estilista também percebeu uma pequena barriguinha de que Ava não conseguia se livrar.

— Podemos cobrir isso com um vestido acinturado — disse Dorothea.

— Não quero um vestido acinturado — disse Ava. — Vou ver o que posso fazer. Você pensa usar algum suporte por baixo da roupa?

— Se for preciso. Viu a foto que trouxe?

— Sim. Mas o vestido é tão... comum. Tenho algumas idéias aprovadas pelo sr.

Theakis.

— Christos não deveria ver o vestido.

— Não, o sr. Ari Theakis — disse Dorothea, virando-se para Maria.

— Dorothea.

— Sim? — Não vou usar nada que tenha sigo sugerido por Ari. Se você acha que o vestido que proponho não é apropriado, estou aberta a sugestões, mas dou a última palavra no que vou usar.

Ela mordeu o lábio inferior.

— Claro, srta. Monroe. Vou pegar meu livro de desenhos. Volto já.

— Não vá falar com Ari — disse Ava. Mas Dorothea a ignorou ao sair. Ava olhou para Maria, que desviou o olhar.

Percebeu que a outra mulher não ficaria ao seu lado, tinha de pensar em seu pagamento. A assistente de Dorothea mergulhou em papéis, talvez anotando as medidas tomadas pela chefe.

Ava vestiu o robe e desceu da plataforma. Não sabia o que fazer. Deixaria que Ari a intimidasse fazendo com que usasse um vestido do qual não gostava?

Alguém limpou a garganta atrás dela. Guillermo. Gui. Era alto e tinha uma cabeleira cheia, estilo leão, de pelos castanhos e grossos. Suas feições não eram classicamente bonitas, mas tinha um rosto difícil de ser esquecido. Estava queimado de sol e era um pouco mais alto que Christos.

— Sim? — Estamos prontos para almoçar e Theo perguntou se não gostaria de vir conosco?

— Claro. Vou me trocar e encontro vocês...

— Certo — disse Gui, mas não saiu dali. — Tudo bem?

Ela deu de ombros, não queria mentir para aquele homem, fizera uma promessa para Christos e para si mesma de que deixaria de mentir sobre coisas que a faziam 6 4

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sentir-se desconfortável.

— Quer conversar? Tenho três irmãs e três cunhadas...

Ela deu um sorrisinho ao ouvir isso. Uma de suas cunhadas era infanta da Espanha — princesa real e herdeira do trono espanhol.

— Então, você está acostumado a ouvir segredos femininos?

— Sim, estou. E minhas irmãs dizem que sou muito bom dando conselhos.

Pensou em aceitar o convite. Estava há muito tempo tendo de resolver tudo sozinha, à sua maneira. Mas não sabia como lidar com Ari. Encará-lo o deixava mais arrogante, ignorá-lo o fazia intragável.

— Obrigada, mas acho que devo resolver isso sozinha.

Gui fez que sim.

— Se mudar de idéia, a oferta está de pé.

— Obrigada. Espero que Christos saiba o bom amigo que tem.

— Sempre faço com que se lembre — disse, em tom de brincadeira, mas Ava sabia que isso não era necessário.

Os laços entre os três amigos eram mais fortes do que os existentes entre muitos irmãos de sangue.

— Há quanto tempo conhece Christos?

— Desde os dez anos.

— Tento tempo?

— Sim, nos conhecemos na escola.

— Colégio interno, certo?

Gui fez que sim. Ela respirou fundo, não queria chateá-lo falando sobre o passado. Sentou-se num sofá de onde se podia ver o azul do mar Egeu.

— Não sei como fazer que Ari me aceite.

Gui sentou-se ao seu lado, com o braço nas costas no sofá.

— Por que deveria fazer isso?

Ela olhou para seus olhos brilhantes e tentou encontrar as palavras com as quais pudesse dizer a ele que se sentia um peixe fora d'água em Mykonos, e com Christos.

Mas aquele homem confiante e forte nunca entenderia isso, e Ava sentiu-se ainda menos digna de ser uma noiva Theakis.

Christos não estava tendo um bom dia. Os dois barcos que usava para importar produtos da Ásia estavam em quarentena, ele não conseguia encontrar um oficial que lhe dissesse o que estava acontecendo. Hector, homem que supostamente cuidava 6 5

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desse tipo de problema, estava no hospital com a esposa, que dava à luz seu primeiro filho.

Uma mensagem de texto de Theo, enviada do celular de Tristan, chegou poucos minutos após saber que o barco estaria parado por mais uma hora. Então, almoçar com Theo e seus amigos era a única coisa que poderia fazer naquele momento.

Entrou na Ferrari estacionada na frente do escritório e ligou o carro. Antônio o esperava com um drinque na entrada da casa, e com um olhar indicando que ali poderia haver problema.

— Será que eu gostaria de saber o que está acontecendo?

— Provavelmente não — disse Antônio. — Seu pai está conversando com a estilista que contratou para fazer o vestido de Ava. Pelo que Maria me disse, Ava quer um vestido muito diferente do proposto pelo seu pai.

— Diga a estilista que faça o que Ava quer.

— Seu pai se recusa a pagar por isso.

— Eu cuido desse problema. Na verdade, o melhor é afastar meu pai do planejamento. Por favor, diga a Ava que caberá a ela organizar o casamento.

— Certo, senhor.

— Onde ela está?

— Lá em cima. E o sr. Theo está aí fora com Tristan.

— Ótimo. Diga a eles que venho em um minuto.

— Certo, senhor.

Antônio afastou-se e Christos subiu as escadas para encontrar-se com Ava. Bateu à porta do seu quarto. Ouviu a voz de Gui. Não queria se precipitar com conclusões. Mas o que Gui estaria fazendo no quarto de Ava? Christos abriu a porta e entrou como se o quarto fosse seu. Ava e Gui se levantaram imediatamente. Olhou para o amigo e agarrou a cintura de Ava, trazendo-a para junto de si.

Beijou-a na boca, com um beijo que não era romântico nem doce. Era um beijo possessivo. Mas tê-la em seus braços sempre o deixava vulnerável.

Como a desejava! Terminou o beijo de forma mais suave, deslizando uma das mãos pelas costas de Ava, até a cintura, e terminando por mais uma vez agarrar sua cintura.

O fino tecido do robe não era uma barreira muito eficaz.

— Desço já.

— Sobre o que estão conversando?

— Sobre seu pai — disse Gui. — As mulheres gostam de contar os problemas 6 6

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para mim.

— Você sempre teve uma queda por mulheres nuas.

— Não estou nua — disse Ava. — E obrigada por me escutar, Gui. — Olhando para Christos, perguntou: — Vai ficar para o almoço?

— Vou, Theo me convidou. Tristan pediu que fizesse isso.

— Nos vemos lá embaixo, não demoro — disse Ava, saindo do quarto.

Os dois olharam enquanto se afastava.

— Nunca o vi tão possessivo antes — disse Gui. Christos coçou a nuca. Não poderia explicar, nem tentaria. O que sabia era que Ava era sua — e Gui e o mundo deveriam entender bem isso.

— O que a preocupa? — perguntou ao amigo.

— Está preocupada que você poderá ficar sem jeito diante da sociedade se o casamento não for perfeito.

— Eu não me importo.

— Foi o que eu disse a ela. Mas ainda assim está preocupada. Seu pai está querendo convencê-la de que deveria seguir o estilo Theakis.

Gui.

— Ari não entende nada de estilo — disse Christos, mais para si mesmo que para — Ele está dificultando as coisas para Ava. — Por quê?

Gui deu de ombros.

— Talvez para ter certeza de que não sairá correndo, como da outra vez.

— Os paparazzi não a deixavam em paz.

— Eu vi as notícias. Deve ter sido duro para uma menina tão nova.

— E foi — disse Christos, sem esclarecer ao amigo que algo mais forte que os tablóides fizeram com que Ava fugisse dali: "Babá dos Theakis dorme com os dois irmãos", gritou uma das manchetes. E a raiva de Christos não ajudou em nada.

Gui caminhou em direção às escadas.

— Você não vem?

— Em um minuto. Quero conversar a sós com Ava. Não viu nada entre Gui e Ava quando entrou. Ava era reservada com seus amigos, e ele estava começando a notar que se comportava assim frente a quase todos os homens.

Ele não estava tão apaixonado como sempre. Não que não estivesse apaixonado, mas estava tranquilo para tomar decisões mais sensíveis. Como marcá-la com um beijo?

Sim, claro, ainda era muito possessivo.

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Gui foi embora e deixou Christos na sala de estar da suíte de Ava, esperando por ela. A sala não era tão sofisticada como a sua. Ela deixara sua marca por ali. Fotos de Theo na parede, junto com dizeres de que gostava. Em um canto, estavam as grandes almofadas reservadas para os momentos de contar histórias.

Ava estava ajustando sua vida naquela casa da melhor maneira que podia.

Quando saiu do quarto, ficou surpresa ao ver que Christos esperava por ela.

Estava sentado na pilha de almofadas usadas para contar histórias a Theo.

— Venha aqui — ele disse.

Ela se aproximou e sentou-se ao seu lado. Ele a abraçou, roçando gentilmente o polegar no lábio inferior de Ava, que tinha a boca um pouco marcada do beijo que lhe dera.

— Sinto muito se a feri.

— Não me feriu. Mas percebi que cometi um erro dizendo que não deveríamos fazer amor até o casamento...

Não queria contar a ele como se sentira mal diante de Dorothea e Maria, fazendo voltar todas as suas memórias dos tempos no trailer, uma menina que nunca teria sua atenção, e muito menos poderia mantê-la. Reviveu também o que lhe fora dito por Stavros: Christos nunca a verá como nada mais que uma menina americana barata. É verdade que ele não a seguiu quando deixou Mykonos e a Grécia, voltando para os Estados Unidos. Mas Ava sempre manteve a esperança de que fora a raiva, não uma falta de carinho, que fizera com que a deixasse ir embora.

— Nada estava acontecendo com Gui, estávamos apenas conversando.

— Sobre o quê?

— Ele estava me dando conselhos sobre como lidar com seu pai.

— Sério? E o que sugeriu?

Ela mordeu o lábio inferior.

— Que eu deveria dizer que cuidasse de sua vida. Mas acho que não seria capaz.

Christos sorriu.

— Não vejo você fazendo isso. Deixei uma ordem a Antônio dizendo que você cuidará da organização do casamento. Não deixe que ninguém a perturbe.

— Isso é mais complicado do que parece. Não tenho certeza se serei capaz de tomar as decisões corretas.

— Claro que sim. Você já não é a menina de anos atrás. Não se esqueça disso.

— Isso significa que você acredita que mudei? Esse beijo que você me deu... — Trazer esse assunto de volta talvez não fosse muito inteligente, mas quem não arrisca, não ganha. — Foi um beijo marca-território.

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— Sim, foi.

— Nada aconteceu com Gui — ela disse, outra vez.

— Eu sei.

— E confia em mim?

— Confio que nada aconteceu entre vocês dois.

Ela engoliu em seco.

— Porque confia no seu amigo.

— E qual o problema?

— Para mim é um problema.

— Por quê? Estamos juntos. Vamos nos casar. Exatamente por isso importava tanto para ela.

E Ava tinha medo de estar construindo Christos como o amor de sua vida.

Quando na realidade... era apenas mais uma mentira que contava a si mesma.

— Exatamente porque vamos nos casar.

— Ava, você é tão complicada.

— Você também — ela disse, sem ter idéia do que ele queria dela. — Por que está em casa? — perguntou, por fim. Sentira falta dele durante o dia, mas buscava uma maneira de estar bem sozinha. Fechou os olhos e mergulhou nos seus braços.

— Theo pediu que viesse — disse, acariciando suas costas.

— Ele sente muito a sua falta.

— Eu também.

Ava podia ver sinceridade nos olhos de Christos.

— Mesmo que não tenha certeza de que é seu filho.

— É um Theakis, e eu o amo.

Ela preferia ouvi-lo dizer que era seu filho, mas não ligou.

— Fico feliz. Não poderia ficar aqui se você não o tratasse bem.

— Mas ainda assim fica por aqui e deixa que meu pai a trate tão mal.

— Isso não é justo. Seu pai é complicado.

— Eu sei. Prefere viver em outro lugar?

— O que você está querendo dizer, fora desta casa?

Ele deu de ombros.

— Tirei você da vida que conhecia. Quero que se sinta em casa.

Mesmo não se sentindo bem ali, não queria voltar a interromper a vida de Theo mais uma vez.

— Não me importo de viver aqui. Seu pai e eu precisamos resolver algumas 6 9

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coisas. Fui à escola de Theo e me ofereci como voluntária. Acho que poderia fazer esse trabalho...

— Não deixe que ele a governe — disse Christos, e ela teve a impressão de que se referia a muito mais do que simplesmente o casamento.

— Não vou deixar. Nem ele nem você.

— Ótimo.

Ele sorriu.

— Melhor descermos para o almoço. Theo provavelmente já comeu, mas deve estar querendo ver você.

Ela tentou se levantar, mas ele não deixou.

— O quê?

— Eu sei que não me trairia com Gui. Ava prendeu a respiração ao ouvir aquilo. Estava dizendo que confiava nela? Ou era apenas uma tentativa de construir uma vida juntos?

Ela se abaixou e beijou-o. Queria dizer com palavra o que sentia por ele, mas Christos não acreditava em suas palavras. Ações, por outro lado, poderiam ser exatamente o que ele precisava para se convencer de que Ava poderia ser uma boa noiva Theakis.

CAPÍTULO NOVE

O dia do casamento começou nublado e chuvoso. Não era um bom presságio, mas Christos nunca deu muito crédito a coisas como destino. Controlava o que acontecia em sua vida com pulso firme e determinação. Além do mais, a cerimônia só aconteceria no final da tarde, e após uma vida inteira observando o mar ele sabia que o tempo poderia abrir muito antes.

Pena que as mulheres não eram tão fáceis de prever. Especialmente Ava. Estava completamente focado nela. Suas emoções estavam confusas e estava entre mergulhar completamente em um trabalho que consumiria sua vida ou fugir das obrigações de ser um Theakis e levar Theo e Ava para uma ilha desconhecida.

Ajustou a gravata, tentando não olhar para o espelho. Ava fizera várias mudanças em sua vida, e ele nenhuma. Pairava sobre ela, superior, ainda pensando que 7 0

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ela o traíra e deveria pagar por isso. Mas, conhecendo-a bem, começava a suspeitar...

— Pronto para o grande dia? — perguntou Tristan, entrando no quarto. Tinha uma garrafa de champanhe uma das mãos e três copos em outra.

Gui estava bem atrás dele, com uma pequena câmera digital.

— Pronto como sempre — respondeu Christos. — Nunca pensei que me casaria.

— Nunca é tarde para mudar de idéia — disse Guillermo, solteiro convicto, que chegou mesmo a tentar convencer Tristan a não se casar com o amor de sua vida, Cecile.

— É tarde sim — disse Tristan, colocando o copo na mesinha do canto da sala e abrindo um champanhe.

— Você deveria pensar bem antes de sugerir isso, Gui. Ava ficaria arrasada e acho que Ari teria um ataque do coração.

— Melhor não se casar se for para acabar com tudo depois — disse Gui. — E você tem que concordar comigo. Teve problemas antes de se casar com Cecile?

Tristan virou as costas, e por sua postura Christos percebeu tristeza pela morte da mulher.

— Não, eu não tinha dúvida. Sabia que era a mulher da minha vida.

Christos pôs a mão no ombro do amigo. Por várias vezes pensou que gostaria de sentir algo tão forte quando ele. Mas desde que Ava voltara à sua vida, tudo o que fazia era tentar controlar as emoções, tentando não deixar que o ciúme tomasse conta.

— E você? — perguntou Gui. Ele não tinha idéia do que sentia por Ava, sabia apenas que ela pertencia a ele e que o mundo deveria saber disso.

— Não volto atrás, já dei a minha palavra.

— E a palavra de um Theakis é sagrada — disse Theo, dançando na sala.

Estava lindo vestindo temo, pensou Christos. Olhando para o menino, percebeu que seria sua chance de consertar tudo o que tinha feito de errado. Com Theo, poderia fazer de si mesmo uma pessoa melhor.

— Certo, Theo.

— Baba, você está muito bonito, como mamãe imagina.

— E como você sabe?

— Ouvi ela dizer a Maria.

Gui sorriu.

— Não deveria escutar conversas, Theo, isso não é educado.

— Eu não queria.

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Christos passou a mão pelo cabelo do menino no momento em que Antônio entrou, com mais taças de champanhe. Antônio estava vestido de gala, e poderia perfeitamente ser mais um dos padrinhos de Christos.

— Acho que dessa vez tudo bem — disse Christos.

— Claro que sim — comentou Tristan. — Vamos brindar pelo baba, Theo.

Tristan serviu champanhe. Ari entrou a tempo de pedir uma taça. Ver seu pai, antes robusto, em uma cadeira de rodas fez com que Christos ficasse parado um momento. Tentava não pensar na cadeira, mas aquele momento, sem Stravros por perto, era mais complicado.

Tristan fez um brinde e Christos levantou a taça, tomando um gole, mas não podia deixar de olhar para o pai. Sentiu a mão de Theo na sua cintura.

— Não gosto disso. Posso brindar com algo?

— Não é bom brindar se você não toma champanhe — disse Tristan. Como francês, sempre imaginou que brindes só valem se feitos com vinhos. — O gosto é acurado, Theo, todos os verdadeiros cavalheiros o apreciam.

— Eu demorei para me acostumar.

— Vou pegar água com gás para Theo — disse Antônio, saindo.

— Quando você se acostumou, baba?

— Sempre pensei que, talvez por não ser francês, como Tristan, demorei mais tempo.

— Touché — disse Tristan, com uma careta.

— Seu pai nasceu em um lugar melhor que a França — disse Ari. — Grécia? — perguntou Theo.

— Não, nasceu entre os Theakis — disse Ari. Christos olhou para Ari, e desse momento em diante ficaram conectados.

Depois olhou para Theo e ficou imaginando se seria mais feliz sabendo que o menino era realmente seu filho. As dúvidas persistiam, mas não alteravam seu amor por Theo. Naquele dia, estava feliz por ser um noivo Theakis a caminho do altar. Feliz por ser filho de Ari. Feliz porque, ao menos uma vez, ele o pai queriam a mesma coisa.

Afastaria os pensamentos sobre a passada infidelidade de Ava de sua cabeça, nem que fosse apenas por um dia.

Ava nunca foi dessas mulheres com super-planos de casamento, especialmente porque sempre soube que seu pai não encorajaria nenhum casamento.

Christos lhe pediu que tomasse controle do casamento, e foi exatamente o que ela fez. Analisou todas as páginas de revistas sobre casamento para ter uma idéia do 7 2

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que os Theakis costumavam fazer, e passou as duas semanas seguintes organizando um evento que não os deixasse envergonhados.

O resultado final foi uma cerimônia e recepção que seriam comentadas por um bom tempo. Mas ainda se sentia uma fraude, como se toda a cerimônia fosse uma grande mentira. Colocou a mão na cabeça.

— Não faça isso, Ava, vai destruir sua maquiagem — disse Laurette.

Como prometido, Christos trouxe Laurette e Paul da Flórida para ajudá-la a se preparar para o casamento, e Laurette era sua dama de honra.

— O que estou fazendo?

— Se casando com o seu lindo príncipe encantado — disse Sheri Donnelly, que trabalhava para Tristan e concordara em estar na festa de casamento como um favor para ele. A irmã mais jovem de Guillermo, Augustina, também seria dama de honra.

Augustina tinha 16 anos e era tão bonita que Ava mal podia olhar para ela. Também era doce e muito tímida.

— Príncipe encantado? Só se for um muito arrogante e mandão — disse Ava. Christos era definitivamente o homem de sua vida, mas algumas vezes se perguntava por que se apaixonara por alguém com opiniões tão fortes.

— Gosto não se discute — disse. Laurette, arrumando seus cabelos loiros.

Laurette era a única mulher no mundo com quem Ava realmente se sentia confortável.

— Muito engraçado — disse Ava, sorrindo.

— Estou no mesmo barco — disse Sheri. — Amo quem não deveria.

— Tristan? — perguntou Ava. Ainda que vestisse o mesmo que as outras damas de honra, Sheri ainda parecia... plena. Num jardim de infância, passaria despercebida.

Sheri ficou vermelha e olhou para outro lado.

— Meu Deus, por favor, diga que não é tão óbvio.

Feliz por poder lidar com problemas de outras pessoas, Ava foi até Sheri, passando o braço pelos seus ombros.

— Só é óbvio para quem está na mesma situação.

— Não estamos na mesma situação. Christos vai se casar com você, e quando ele a olha, deixa claro que a deseja.

— Desejar não é o mesmo que amar. Christos está se casando comigo porque... na verdade, não sei porquê. Acho que estou cometendo um terrível erro.

Augustina desviou o olhar do espelho, que usava para passar batom.

— Paixão nunca é um erro, Ava. É assim que começa o amor.

— Quem disse isso? — perguntou Ava à menina mais nova.

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Ela deu de ombros.

— Sou espanhola. Sabemos muito bem o que é a paixão. — E arruinou seu momento sofisticado dizendo: — Na verdade, Guillermo me disse isso.

— Sei — comentou Ava. Augustina se ofereceu para ajudar Sheri com a maquiagem, e as duas mulheres foram para outro canto do quarto.

— Você tem certeza do que está fazendo? — perguntou Laurette. — Ainda há tempo para desistir.

Não, não havia. Ela queria se casar com Christos, soube disso desde o primeiro momento em que fizeram amor, cinco anos antes. E mesmo que nunca tenha tido sonhos de infância sobre casamento, logo que o teve nos braços sonhou com casamento. Sonhou em ter Christos como marido.

— Não tenho certeza, mas não posso cancelar.

— Ainda está preocupada com Theo?

— Não. Christos é um ótimo pai e acho que se eu dissesse que não posso ficar aqui, ele encontraria uma maneira de resolver o problema. Não estou me casando obrigada.

Laurette a abraçou.

— Gosto dele. Acho que será bom para você.

— Sim, mas é mandão.

— Você também. E tudo o que precisa é de um homem que cuide de você.

Algumas vezes, se perguntava se isso não seria o apelo de Christos. Era tão diferente dos outros homens que conhecera.

— Está quase na hora — disse Maria, entrando no quarto.

Tinha uma pequena caixa embrulhada em uma das mãos. Theo estava atrás dela, lindo no terno.

— Mamãe, brindei com champanhe com papai, e não gostei.

— Tudo bem.

— O fotógrafo virá em um minuto para começar as fotos — disse Maria. — Theo, venha aqui, vou arrumar seu cabelo. — E olhando para Ava, disse: — Isso é para você.

Ela pegou a caixa e se afastou. Ava olhou o cartão, onde se lia simplesmente Christos, em manuscrito.

— Vou deixá-la um minuto sozinha — disse Laurette, seguindo em direção a Augustina e Sheri.

Abriu a caixa lentamente. Era uma caixa de madeira com incrustações em ouro.

Na tampa, o selo dos Theakis, algo que vira várias vezes nas últimas semanas.

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O cheiro refrescante de cedro invadiu o ambiente. Fechou os olhos e respirou fundo. Depois abriu os olhos. Encontrou um bilhete, que pegou e leu, rapidamente.

Todos os Theakis somos gente do mar, envio isto para que saiba que, a partir de agora, você também é uma Theakis.

Deixou o cartão de lado e pegou uma bolsa de jóia que estava ao lado. Tirou o laço e abriu, encontrando um colar. Era um lindo colar de diamantes e safiras, com um adorno em forma de âncora, feito de platina. E também brincos e um bracelete, todos com o mesmo motivo.

Respirou fundo, olhando para tudo aquilo.

— Baba disse que se pareciam com seus olhos — disse Theo, tocando as safiras.

Ela olhou para o filho e para as mulheres da sala, e imediatamente percebeu que estava agindo corretamente. Mais do que pelas jóias, foi convencida pelas palavras de Christos, que a fizeram acreditar que, mesmo não sendo seu estilo de casamento, não estava mentindo para si mesma. Casar-se com Christos era o que deveria fazer.

Com o sol se pondo atrás deles, repetiram seus votos na casa dos Theakis, aberta para o mar Egeu. Christos beijou Ava no final da cerimônia, estampando sua boca o mesmo que dizia a aliança na mão esquerda, que era sua.

Fotos na hora do beijo, eram muitos os fotógrafos, incluído o que faria uma reportagem do casamento para uma das revistas do grupo Sabina. Mas o olhar do público nem sempre era gentil.

Com os flashes, ele se lembrou das manchetes dos tablóides, das histórias sobre o caso de Ava com Stavros.

Levantou a cabeça e passou o braço pela cintura de Ava enquanto percorriam o corredor formado entre amigos e familiares.

— Christos?

— O quê?

— Por que está agindo tão...

Ele olhou para Ava. Não entendia o que sentia, mas sabia que felicidade seria uma palavra muito forte. Afastou todos os maus pensamentos de sua cabeça, queria focar-se em Ava e Theo, no futuro que teriam juntos.

Arqueou uma sobrancelha e perguntou: — Como...?

— De forma tão possessiva. Sou sua agora.

— Já era hora.

— O que você quer dizer?

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— Moro mou, não sou uma pessoa indecisa, ainda mais quando você está envolvida no assunto, ou Theo.

E ela abraçou-o ainda mais forte, ficando na ponta dos pés e beijando-o.

— Este é um dos dias mais felizes de minha vida. Não acredito que estamos casados.

— Acredite. Você é minha esposa.

Ava deixou escapar algumas lágrimas, e disse: — Droga, minha maquiagem!

Christos não sabia como fazer parar as lágrimas. Não entendia por que começara a chorar, então fez a única coisa que pôde. Pegou seu rosto nas mãos e beijou-a. Não com a força masculina que usara na frente de amigos e família poucos minutos antes, mas com todas as emoções que estavam vivas dentro dele.

Ela mergulhou em seus ombros, agarrando-se nele, e Christos sentiu-se muito bem. Como o símbolo no colar, queria ser sua âncora, seu porto seguro, quando as águas da vida se mostrassem revoltas e ela não soubesse onde se agarrar.

A maquiagem estava a salvo, mas o batom saíra completamente. Tinha os lábios suaves e rosados de seus beijos, e Christos não podia esperar até o momento em que chegariam ao quarto.

Ava tocou os lábios com os dedos. Ele olhou profundamente nos olhos dela, depois ficou observando o colar que lhe dera. Perfeito. Passou os dedos no pescoço de Ava, traçando a linha onde sua pele se misturava aos diamantes e safiras. Terminou tocando a âncora de prata.

— Você tem os olhos mais lindos que já vi — ele disse — Fazem eu me lembrar do mar.

A verdade é que se perdia sempre que olhava para eles. Eram grandes e guardavam profundezas que ele não imaginava. Mas dessa vez o relacionamento entre eles era mais profundo que nunca, pensou. E mesmo nunca admitindo completamente, pensou que Ava fora muito inteligente ao insistir que não deveriam fazer amor até o dia do casamento.

Ela ficou um pouco vermelha.

— Eu gosto dos seus olhos.

— Estamos casados agora — disse.

Percebeu que Tristan e Sheri estavam de pé, ao lado. A linguagem corporal de Tristan não era difícil de ser lida, já que inclinava o corpo em direção à interessante secretária. Estava definitivamente atraído por ela. Sheri disse algo e o sorriso de Tristan ecoou no ar. Christos não podia se lembrar da última vez que vira o amigo assim com uma mulher.

— Sim, estamos.

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E Christos abraçou-a quando um fotógrafo se aproximou, dizendo em seu ouvido: — Mal posso esperar por nossa noite de núpcias.

Ela passou a mão na nuca de Christos, e beijou-o demonstrando a mesma possessão.

— Nem eu.

Tristan deu um tapa nas suas costas.

— Parabéns, sr. e sra. Theakis! Você sabe onde está se metendo, Ava? — Claro, Tristan. Christos é o homem que sempre sonhei para minha vida.

Uma mulher retocava a maquiagem de Ava, antes que a sessão de fotos continuasse.

— Os sonhos femininos são frágeis — disse Tristan. O mesmo valia para os homens, bastava ver os fantasmas nos olhos dele.

— Você está bem?

— Sim. Estou feliz por você. Ficou muito tempo sozinho.

— Nunca estive sozinho — disse Christos.

— Gosto de Ava. — Eu também — disse Gui, aproximando-se. — E desse macaquinho endiabrado.

Gui colocou Theo em seus ombros e Christos se sentiu abençoado pela primeira vez, não apenas pelos seus amigos, mas por ser um Theakis. Com Theo ao seu lado, não se sentia um segundo filho, e quando viu seu pai sorrindo com gente da família, percebeu que se sentia em paz.

Mas não acreditava nessa sensação, e pelas experiências passadas sabia que não duraria. Não seria a primeira vez, e ficou pensativo ao lembrar que o futuro lhes reservaria momentos tempestuosos. Sabia que atrás de toda felicidade, sempre se esconde algo ruim.

— Christos? — chamou Gui, ao perceber a expressão do amigo.

— O quê?

— Você está bem?

— Preenchi meu destino como um Theakis, claro que estou bem.

Gui olhou-o, preocupado, mas Christos virou-se e começou a conversar com outras pessoas, com sócios, fingindo um entusiasmo que já não sentia.

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CAPÍTULO DEZ

— Ah, Christos, isso é tão romântico. Nunca imaginei que você faria algo assim.

Christos também não, mas o comentário de Tristan naquela manhã sobre como as mulheres sempre sonhavam com o dia do seu casamento o fez pensar na noite de núpcias e transformá-la em uma fantasia romântica. Só precisou de vinte minutos ao telefone para conseguir tudo o que queria.

— Após todo o trabalho que você teve organizando nosso casamento, é o mínimo que eu poderia fazer.

Sentou Ava nos seus pés na suíte luxuriante que alugou para a noite. Partiriam no dia seguinte de manhã para Paris, para duas semanas de lua de mel. Mas aquela noite passariam em Atenas, em um dos hotéis cinco estrelas pertencentes à sua família. A suíte presidencial era enorme, com o melhor piso de mármore que se pode encontrar na Itália, objetos de arte de valor incalculável nas paredes e móveis ao estilo Luís XIV. Bonito, opulento, mas tudo desaparecia com a mulher que tinha nos braços.

Ela rodopiou pelo quarto, e seus cabelos seguiam os movimentos. Ava tinha uma energia interna que transmitia um recado a Christos: por mais que quisesse tê-la nos braços, nunca a entenderia realmente.

— Você está olhando para mim — ela disse, parando diante da porta da varanda.

— Eu sei. Está radiante hoje. Não posso parar de olhar para você.

A luz do quarto era fraca, e velas estavam espalhadas por todos os lados.

Pétalas de rosa faziam uma trilha no chão, até o quarto.

— Estou? — perguntou, olhando-o de forma sedutora.

Ele fez que sim.

— Estive esperando por este momento desde que voltei para sua vida.

— E eu desde que você saiu dela. Nem parece verdade.

— Venha até aqui e prove.

Ela sorriu, fazendo-o imaginar que estaria um pouco bêbada com o champanhe que tomou na festa. Dançara com Theo e com ele, e com ninguém mais. Era como se estivesse enviando um sinal de que só pertencia a ele.

— Moro mou, venha aqui.

Ela fez que não, dizendo: — Ainda não.

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— Por que não?

— Você vai me beijar e vou acabar me esquecendo que gostaria de ver esta noite durar para sempre.

— Prometo que vai durar para sempre —- ele disse, imaginando se realmente se tratava da verdade. Seu membro estava ereto contra o zíper da calça, agora que estavam sozinhos e ele sabia que a teria. Finalmente. Não planejava dormir muito aquela noite.

Ava não disse nada, mas tirou os saltos altos e andou na direção dele com aquele vestido sexy que colocara antes de sair da festa. A saia dançava entre as suas pernas, e ela acentuou os movimentos das cadeiras.

— Ava...

— Christos...

— Pare de me provocar.

— O que estou fazendo?

— Você sabe...

— Por que não me faz parar?

— Porque você não quer... — disse ele.

— Você tem razão, não quero. Quero provocá-lo até que não possa conter esse desejo que sente por mim, até o momento em que já não possa escondê-lo...

Ele a desejava, mantendo-a firme junto ao seu corpo. Segurava-a pela cintura, enquanto mergulhava a língua profundamente na boca de Ava, deixando-a sem ar, provando o gosto do champanhe que a deixara um pouco tonta.

— Assim?

— Exatamente. Senti muita falta de estar nos seus braços — disse Ava, curvando-se em sua direção.

Ele mais uma vez pegou-a nos braços, levando-a pelo caminho de pétalas de rosas em direção ao quarto. Ava manteve uma das mãos na nuca de Christos, seus dedos longos brincavam com os cabelos dele. Todas as terminações nervosas do corpo de Christos estavam focadas em uma coisa, em um propósito. E a cada vez que ela lhe fazia um carinho, ficava ainda mais excitado.

Sentou-a na cama, entre pétalas de rosa, e deu um passo atrás. Buscou o interruptor na parede, diminuindo a intensidade da luz, criando um ambiente suave.

Tirou os sapatos, as meias e o paletó, que deixou numa cadeira, num dos cantos do quarto.

Queria que fosse uma sedução lenta, seria a primeira vez dos dois juntos em muito tempo, mas não pôde deter seu corpo. Era como se tudo o que pudesse enxergar fosse Ava e as doces curvas de seu corpo.

Tudo o que queria sentir era seu corpo nu contra o dela, e o calor convidativo de 7 9

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Ava o envolvia. Queria mergulhar dentro dela, fazendo parar o tempo, até que não existisse nada além deles dois e daquela paixão que nunca vivera com ninguém mais.

— Christos, você vem para a cama?

— Um minuto.

Mas um minuto não seria suficiente para deixá-lo menos excitado. O perfume de Ava invadia o quarto. Ainda sentia o gosto de sua boca na dele. Via Ava todo o tempo.

Disse a si mesmo que deveria ir devagar, mas com aquela mulher talvez fosse impossível. Era pura tentação feminina, e estava entre seus braços. Deu um passo na direção dela.

— Espera! Esqueci que tenho algo especial para usar hoje à noite.

— A camisola que dei seria ótima escolha, tudo o mais seria perda de tempo.

— Por favor, Christos. Só um minuto.

Ele fez que sim. Não poderia negar nada naquela noite, ela estava tão radiante.

— Pedi que desfizessem nossas malas.

— Vou buscar o que quero vestir. Você pode me esperar ali fora?

Ele fez que sim, depois andou em direção à antessala do quarto, esperando que ela o chamasse de volta.

Ava vestiu uma peça de seda que a deixava muito sensual, fazendo com que ele não conseguisse ver muito bem que tipo de roupa era.

Ele atravessou a sala e passou as mãos no rosto de Ava, olhando para ela, depois baixando sua boca. Tentou aplacar um pouco sua paixão, para não assustá-la. Mas o desejo que o assolava — desde que a vira naquela escola da Flórida — o deixava fora de controle.

A cintura de Christos buscava a dela, e suas mãos deslizavam pelas costas de Ava, buscando o final da camisola, levantando-a para acariciar a pele macia. Suas coxas eram firmes e enquanto as acariciava encontrou a carne suave de suas nádegas.

Deixou escapar um murmúrio profundo de sua garganta, enquanto percorria o corpo de Ava com seus dedos, explorando-a por completo. Ela disse o seu nome num espasmo sem ar, demonstrando que estava pronta. Então, Christos traçou o caminho entre as suas pernas.

— Christos...

Seu nome nos lábios de Ava era tudo o que ele queria ouvir.

— Tire a parte de cima de sua roupa, Ava. Deixe seus seios livres para mim.

Ela tremeu, e quando as duas bocas se encontraram, eles se beijaram tão profundamente quanto se haviam beijado momentos antes. Depois Ava tomou o lábio inferior de Christos entre os seus dentes e deu um pequeno mordisco.

Com as mãos nas costas, buscava o laço que prendia a roupa em seu corpo. O 8 0

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movimento levou seus seios para frente. Os olhos de Christos estavam vidrados enquanto o tecido caía de seu corpo, deixando-a nua.

— Tem certeza? É isso o que você quer? — ela perguntou, em tom de brincadeira.

Ele abaixou a cabeça e fez com que o tecido da roupa deslizasse completamente pelo seu corpo. Depois ficou olhando para os seus seios, fartos e suaves, com os mamilos excitados. Não pôde resistir ao convite de pôr um dos mamilos na boca, sugando-o. As pernas de Ava se moviam, uma delas agarrou a cintura de Christos.

Com uma das mãos, percorreu o corpo de Ava, sua pele excitada. Ela tremeu. Os dedos de Ava percorriam as costas de Christos, depois tentaram abrir os botões da sua camisa. Mas ele estava muito impaciente, não poderia esperar, e abriu sua camisa.

Engoliu em seco quando ela mergulhou o rosto e começou a beijar seu peito.

Dava mordiscos, levando-o ao limite do prazer. Não poderia esperar nem um minuto mais.

Aproximou-a dele, fazendo com que os mamilos de Ava roçassem o seu peito.

Segurando-a cuidadosamente, deixou-a ainda mais próxima. Estava muito excitado, precisava estar dentro dela. A parte de baixo de sua roupa permanecia entre os dois corpos, mas Christos se livrou dela.

Acariciou suas coxas suaves. Era tão macia. Ela murmurou no momento em que ele se aproximava do centro, e soltou um gemido quando finalmente passou seus dedos por lá.

Deixou um dos dedos bem no centro, hesitando um momento, olhando profundamente em seus olhos.

Ela mordeu o lábio inferior e ele sentiu os movimentos de sua cintura. Ava parecia tentar mover o toque de Christos para onde precisava dele.

Ele não poderia brincar, nem prolongar nada. Queria tê-la imediatamente. Levoua para a cama e deitou-se por cima dela.

Olhou profundamente em seus olhos. Os olhos de Ava ficaram fechados por um segundo, enquanto, ela movia a cintura, aproximando-se dele.

— Anda, Christos.

Ela não precisou pedir duas vezes. Ele cobriu-a com seu corpo. Os dois se uniram.

Agora. Ele posicionou sua cintura e penetrou-a com força, profundamente.

Ela murmurou seu nome e sua cabeça caiu para trás, deixando a curva de sua nuca aberta, vulnerável. Ele mordeu suavemente sua nuca e percebeu a reação de Ava, que mergulhou em seus braços e aproximou sua cintura dele.

Sentiu um tremor na base da espinha e notou que o clímax se aproximava. Mas não queria chegar ao êxtase sozinho.

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Ela se movia mais freneticamente entre os seus braços, e ele a penetrava mais e mais profundamente a cada movimento. Tentou segurar o inevitável. Com uma das mãos, alcançou o centro de prazer de Ava. Tocou a pele excitada com as pontas dos dedos, em círculos, depois a roçou com muito cuidado. Por fim, penetrou-a o mais profundo que pôde. Ela gritou seu nome.

— Olhe para mim, Ava. Abra os seus olhos.

Ela abriu, e naquele instante todo o seu corpo tremeu, e ela começou a chegar ao clímax. Ele sentiu vontade de amá-la. Queria encontrar uma maneira de esquecer-se do passado, pois sabia que tinha o futuro em suas mãos.

No meio da noite, Christos rolou na cama e sentiu o calor do corpo de Ava. Fizeram amor mais uma vez antes de dormir. Na segunda vez, pôde tirar a roupa de Ava com calma, com a mesma calma que pensava empregar antes.

Abriu as persianas, deixando que a luz da lua entrasse no quarto, e abriu também as portas da varanda, para que uma suave brisa noturna brincasse entre os seus corpos. Percorreu a pele de Ava com os dedos.

Chegou à pequena barriguinha, resquício de sua gravidez, a pequena marca deixada por Theo em seu corpo. Traços da criança que fora crucial para o seu casamento — e traço da falta de confiança que sentia por ela. Sabia que tinha de fazer algo para combater tal sensação.

Nas duas semanas anteriores, tentou enxergar Ava de outra forma. E para ser honesto, não acreditava que aquela mulher o pudesse trair. Mas considerando a menina que fora no passado... não tinha tanta certeza.

Ela se atirou em seus braços, rolando na cama. Ele se apoiou em um dos cotovelos e continuou a acariciá-la, encontrando as pequenas marcas deixadas pela sua gravidez, e tudo parecia ganhar corpo dentro dele. Queria marcar todas as partes de Ava como suas. Queria plantar uma semente em seu ventre. Queria ver aquela barriga crescer com um filho seu, e estar ao seu lado desde o primeiro fôlego do filho.

Nada mudou no que sentia por Theo... aquele menino era seu, e nada no mundo poderia mudar isso.

— Christos?

— O quê?

Ava tocou o rosto de Christos com dedos suaves, e ele percebeu que sempre fazia isso.

— Qual o problema?

— Nada.

— Eu queria... queria ser a menina que fui um dia.

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— Eu não.

Ela sacudiu a cabeça. Ele continuou a traçar as marcas deixadas por sua gravidez.

— Você gostou de carregar um herdeiro Theakis?

— O seu filho, você quer dizer?

Ele deu de ombros.

— Foi tranquila a gravidez?

Ela parecia a ponto de continuar com o mesmo assunto, mas depois parou.

— Sim. Tive enjôos no início, mas depois... sim, foi muito agradável.

Ele não perguntou mais nada, baixando a cabeça para traçar as mesmas linhas com a língua. Ava passou as mãos na cabeça de Christos, acariciando-a.

— Sabe o que mais gostei disso tudo? — ela perguntou, em tom suave.

— O quê? — perguntou ele, levantando a cabeça, olhando o corpo nu de Ava até chegar aos olhos profundamente azuis.

— Saber que já não estava sozinha — disse, e depois ficou muda, como seja tivesse dito muito. corpo.

Ele se aproximou. As pernas de Ava se abriram, e ele postou-se no vão de seu — Gostaria de ter outro filho, moro mou?

Com seu membro ereto na porta do corpo de Ava sabia que não haveria tempo para discutir sobre família ou futuro. Mas antes de voltar a penetrá-la e possuí-la mais uma vez, precisava saber.

Ela pôs a mão no peito de Quistos, impedindo que entrasse em seu corpo.

— E você?

— Sim — ele disse, baixando para dar um beijo em seu mamilo. Depois sugou-o, roçando seus dentes na pele sensível de Ava. Com a outra mão, acariciou seu outro seio, deixando-a excitada, fazendo-a arquear-se em sua direção, desejosa.

— Devo pegar um preservativo ou quer tentar ter outro filho?

Os olhos de Ava encontraram os seus.

— Gostaria de tentar.

Ela escorregou uma das mãos entre os dois corpos e agarrou seu membro ereto, aproximando-o dela.

— Quero você agora.

Ele afastou a cabeça e ficou olhando para Ava enquanto penetrava seu corpo. Ela começou a fechar os olhos.

— Olhe para mim, Ava. 8 3

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Penetrou-a lentamente, várias vezes, levando os dois em direção ao clímax.

Olhava diretamente em seus olhos querendo ver — precisando saber — o quanto ela estava suscetível a ele. Não havia espaço para mentiras naquela cama. Quando estavam próximos daquela forma, ele imaginava saber tudo sobre Ava. Ela percorreu as costas de Christos com as mãos, cravando as unhas nas nádegas enquanto ele a penetrava mais e mais profundamente. Ao olhar diretamente em seus olhos, Christos sentia como se as almas dos dois se estivessem fundindo. Ela se contorceu, e chegou ao clímax antes. Ele agarrou sua cintura, penetrando-a mais uma vez antes de murmurar seu nome. Depois a abraçou.

Ava voltou a acariciar suas costas. Christos notou que ela estava sem respiração, depois sentiu as lágrimas de Ava molhando o seu rosto. Afastando o rosto, olhando para ela, secou suas lágrimas com o polegar.

— Qual o problema?

Ela engoliu em seco e ficou olhando para o seu peito, para a medalha de ouro que pendia de seu pescoço. Pegou-a, traçando com o dedo as linhas do escudo da família Theakis.

— Ava? O que foi, moro mou.

— Estou muito feliz, só isso. Pensei que nunca me perdoaria e que nunca mais faríamos amor.

Ele baixou a cabeça e beijou-a, não queria que Ava notasse a dúvida que ainda estava presente em seu coração sobre Theo. Queria que a paz que sentia fosse real, e sabia que só havia uma maneira de fazer com que isso acontecesse.

Teria de fazer o teste.

CAPÍTULO ONZE

Ava apoiou a cabeça no peito de Christos, ouvindo as batidas de seu coração.

Envolta em seus braços, era fácil imaginar que os problemas que tiveram eram coisa do passado. Era também fácil imaginar que Christos acreditava nela sobre Theo e que já não teria de provar nada, pois os problemas com Nikki e Stravos tinham ficado para trás.

Tentava nunca pensar mal deles, mas seus problemas matrimoniais eram como uma doença que afetavam a ela e a Christos, não apenas no passado.

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Quando Theo nasceu, conheceu mais uma verdade sobre si mesma. E as últimas semanas em Mykonos foram importantes, pois pôde entender Christos melhor do que nunca. Christos lhe dera algo que ela não sabia se seria capaz de alcançar sozinha.

— Você está dormindo? — ele perguntou.

Ela sentiu a vibração de suas palavras no peito. Levantou um pouco a cabeça, e assim pôde ver a boca de Christos.

— Não. Estou pensando. — Fora o dia mais terrível e incrível de sua vida.

Pensava que, se dormisse, poderia acordar e perceber que tudo não passara de um sonho, ainda era uma mãe solteira, vivendo na Flórida.

— Você falava sério quando mencionou mais filhos? — disse acariciando os pelos do peito de Christos.

— Sim. — Fico feliz. Seria bom para Theo ter um irmão.

— Claro que sim. E além do mais, deixaria a nossa família mais sólida.

— Solidez não é garantia de felicidade... ou segurança Veja o que aconteceu com Stavros e Nikki. Quem cuidaria de Theo se isso acontecesse conosco?

Ele acariciava seu braço, e disse: — Não vai acontecer nada com a gente, mas, caso aconteça, fique tranquila, pois já disse a Tristan que cuide de Theo.

— E não deveria ter conversado comigo antes?

Ela gostava de Tristan, mas não estava muito segura se poderia ser um bom pai.

Fazia mais o tipo tio divertido que pai responsável. Mesmo não gostando de Ari, pensou que seria uma escolha melhor.

— Tomei essa decisão antes de ir à Flórida.

— Ah — ela não sabia exatamente o que pensar. — E o seu pai?

— Meu patera não é forte o suficiente para lidar com um menino. Tristan é a melhor escolha.

— E se você estiver enganado? — ela perguntou. E seu coração acelerou ao pensar que algo poderia acontecer com eles, deixando Theo sozinho no mundo.

— Não estou.

— Odeio quando você age assim.

A confiança de Christos sempre a atraíra, mas algumas vezes gostaria que ele percebesse que não passava de um ser humano, como todos os outros, e que também poderia cometer erros.

— Eu sei. Sinto muito por não ter consultado você antes, mas não havia tempo.

Quer pedir a sua amiga Laurette para ser coguardiã? Acho que Theo precisaria de uma influência feminina.

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— Ela já é sua madrinha de batismo. E gosto de Tristan.

— Ótimo.

— Então, sobre ter outro filho...

— Sim? — Significa que finalmente você acredita em mim sobre Theo?

Ela respirou fundo, incapaz de acreditar que finalmente fora capaz de perguntar isso mais uma vez. Ele fechou os olhos, virou-se na cama, deixando-a debaixo de seu corpo. As pernas de Ava estavam abertas e ele deitou-se ali, com os braços nos dois lados de seu corpo. Beijou-a.

Vários minutos depois, quando finalmente buscou ar, as mãos de Christos percorreram o corpo de Ava com desejo. Ela ficou com vontade de deixar-se levar pela paixão que envolvia os dois. Mas precisava saber, pois de certa forma já acreditava que teriam um casamento real.

Ela se afastou, pondo as mãos no rosto de Christos e afastando-o também.

Olhou profundamente para aqueles olhos, idênticos aos do seu filho. Para Theo e para o resto do mundo, ele era o pai, mas Ava sabia que Christos ainda tinha dúvidas. Será que já demonstrara o suficiente para que ele mudasse de opinião?

— Por favor, responda — pediu mais uma vez.

— Theo é nosso filho.

Ava acreditou nele. Christos não era o tipo de homem que dizia mentiras à toa.

Imaginou se poderia perguntar o que sentia por ela, se pensava que um dia poderia amá-la. Mas não era nada fácil encontrar as palavras apropriadas, e Ava tinha medo de ouvi-lo dizer que, na verdade, talvez nunca pudesse amá-la.

Em vez disso, aproximou sua cintura e deixou que entrasse em seu corpo. Seus olhos se encontraram, e ele a penetrou cuidadosamente, até que os dois chegassem ao clímax simultaneamente. Ela sentiu o suave calor de sua semente dentro do corpo e ficou imaginando se, trazendo ao mundo outro filho seu, um dia a amaria.

Ava sabia que faria o que fosse preciso. Tinha de preencher a casa, e também o relacionamento, de amor. Christos era um homem inteligente e mais intuitivo do que parecia. Instintivamente, ela percebeu que não cometera um erro ao casar-se com ele.

Paris estava romântica e muito animada, e Ava se divertia muito. Na noite anterior, jantaram com a família de Tristan, e naquele dia Christos levava sua noiva pelas butiques mais fashion da cidade, recomendadas pelas irmãs de Tristan.

Seu celular tocou e ele olhou para o visor antes de atender.

— Sim, Antônio.

— Sinto muito incomodar, mas o menino Theo quer falar com o senhor.

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— Tudo bem, passe para ele.

— Baba?

— Sim, Theo? — Sentia falta do menino, que já não via apenas como um herdeiro Theakis. Como isso acontecera? Quando deixou de pensar no menino como sobrinho e passou a vê-lo como filho? Era como se o relacionamento com Ava e sua desconfiança não tivessem nada a ver com o menino. Ele sabia que isso não fazia sentido. — Como foi o teste de alergia de hoje?

— Tudo bem, minhas costas doem um pouco, e coçam.

— Isso vai passar em poucas horas. Antônio vai ajudá-lo, com um remédio.

O menino falou sobre outras coisas, sobre brincadeiras com o avô, e Christos sentiu mais uma vez que o relacionamento familiar ia bem. Pediu ao doutor que fizesse um teste de DNA com o menino, junto ,com o de alergia. Logo teria as respostas de que precisava para avançar em seu relacionamento com Ava. De qualquer forma, precisava saber quem era o pai para assuntos legais, de seguros.

Queria acreditar em Ava, mas uma parte dele, aquela grande parte cínica, exigia uma prova concreta.

— Quando vocês voltam para casa? — perguntou Theo, com uma nota de tristeza na voz.

— Em cinco dias. Está acontecendo alguma coisa?

— Tenho problema para respirar — murmurou Theo, provavelmente para que Antônio não escutasse.

— Peça o inalador ao Antônio.

— Ele está na sala com o tio Gui. Eu não quero...

— Theo, isso não é fraqueza. Gui me viu usando o inalador várias vezes. Você se lembra quando eu tive de usar, no iate?

— Lembro.

— Então vá — disse Christos, com voz firme e autoritária, imaginando que assim obedeceria.

— Eu...

— Ande, Theo. Vá.

— Sim, senhor — disse Theo, depois ouviu a voz do menino chamando por Antônio.

Antes que Theo voltasse, Ava saiu do provador usando um vestido de festa preto que marcava bem os seus seios, com uma fenda em uma das pernas.

— Que tal?

— Maravilhoso.

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— Tudo bem? — ela perguntou, apontando para o telefone em sua mão.

— Theo está com dificuldade de respirar e não quer usar o inalador na frente do Gui. — Eu falo com ele — disse Ava, estendendo a mão.

— Ele já foi. Estou esperando por Antônio. Está tudo sob controle. Vá provar outro vestido.

— Quero falar com o meu filho.

— Não é o nosso filho?

— Sim, claro, sinto muito. Mas foi tão complicado convencer...

— Somos um casal agora — ele disse. Enquanto falava, imaginava o quanto gostaria de acreditar nessas palavras. E isso só aconteceria quando acreditasse em Ava. Quando realmente acreditasse nela. E isso significava não precisar de um teste de paternidade.

Diria ao pessoal da seguradora que resolvesse os papéis de Theo sem necessidade de um teste. O menino era claramente um Theakis.

Olhou profundamente para os lindos olhos azuis de Ava e percebeu que estava fugindo da verdade. Que estaria perdido sem aquela mulher. E que se ela o deixasse outra vez... o traísse outra vez... ele nunca se recuperaria.

— Christos?

— O quê?

— Você está bem?

— Estou.

— Vou vestir minhas roupas e podemos ir.

Ele fez que sim e ficou ouvindo o telefone até Antônio voltar.

—- Theo está bem. Gostaria que eu chamasse o médico de volta, para monitorálo durante a noite?

— Sim, e peça que ligue diretamente para o meu celular, se for preciso.

— Sim! senhor — disse Antônio, com um tom de voz que preocupou Christos.

— Qual o problema, Antônio?

— Seu pai contratou uma babá para Theo, e o menino não entende o que ela está fazendo aqui.

— Obrigado pela informação, Antônio. Vou cuidar disso com o meu pai.

— Certo.

E desligou o telefone no exato momento em que Ava saiu do provador. Não carregava nenhuma das roupas que tinha provado.

— E os vestidos?

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— Não quero nenhum deles.

— Ava? — Quero ir para casa. Adoro a cidade, e adoro estar com você, mas sinto saudade de Theo.

Christos abraçou-a e beijou sua bochecha. Ele também sentia saudade de Theo e tinha muitas coisas para resolver.

— Vou ligar para o piloto e dizer que prepare o avião. Quer ir agora?

— Se você não se importa.

Ele fez que não com a cabeça.

— Só quero ver você feliz.

Ela sorriu para Christos, um sorriso brilhante que fez com que ele perdesse o ar. Não pôde resistir e a beijou, acariciando suas costas e aproximando seu corpo do dela. Era sua. Sua. Nunca tivera nada que lhe fora dado por outra coisa além das circunstâncias de seu nascimento — exceto Ava e Theo.

— Ganhar a sua confiança me encheu de alegria, de uma forma que não posso explicar.

O otimismo de Ava o fez pensar que deveria contar sobre o teste de paternidade. Mas não ousou. Com quem estava brincando? Sabia que ela ficaria com raiva e desapontada, e queria aproveitar por mais tempo aquele remanso de paz que se criara entre os dois, durante a lua de mel.

Christos ainda estava com o carro ligado quando Theo desceu as escadas da entrada da casa. Ava abriu a porta e desceu do carro imediatamente quando Theo se aproximou. Ele pulou no seu colo e Ava o abraçou forte. Lágrimas rolaram de seus olhos. O tempo passado longe do filho parecia longo demais.

Christos se aproximou e Theo imediatamente tentou pular para o colo do pai.

Ava ficou olhando os dois. Sua vida parecia completa, tão perfeita e feliz que tinha medo de pensar que poderia não ser real.

Como alcançara tudo aquilo? Vivia sua vida de solteira, certa de que nunca teria um final feliz com Christos, e ali estava ela. Era o pote de ouro no final do arco-íris que ela imaginou que nunca encontraria.

Christos olhou para ela, e Ava tremeu.

— Gosto de ver meus meninos juntos.

Theo tinha um dos braços sob os ombros de Christos e se aproximou da mãe.

— Nós também gostamos de ver você por aqui, certo Theo?

— Certo.

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— Temos uma surpresa para você — disse Ava. Na verdade, tinham várias surpresas para Theo. Ava comprara um urso de pelúcia em Paris e Christos enlouquecera em outra loja de brinquedos, comprando várias coisas. chão.

— O quê? — perguntou Theo, pulando sem parar quando Christos o deixou no — Não sei se deveríamos dar agora — disse Christos, parecendo muito sério.

Ava sorriu, olhando para o filho e o pai. Adorava o momento.

— Por favor, baba.

— Você foi um bom menino?

Os dois sorriram e Christos levou Theo para dentro de casa. Ava parou na entrada luxuosa e por um minuto pensou no pequeno trailer onde vivera, onde crescera.

Quando conheceu Christos, fingia que seu passado não existira e construiu um mundo baseado em mentiras. Mas naquele momento sabia que certas coisas que inventara para si mesma não eram mentiras. Christos era um bom homem. O tipo de homem para o qual entregaria o seu coração, sem medo.

Ela o amava. Sempre o amou, e sabia que nunca deixaria de amar. Mas naquele momento o amor parecia maior, pois já não queria nutrir um amante secreto.

Olhou para sua mão e viu a grande aliança de ouro e platina. Era sua esposa.

Estava na porta da casa quando Ari apareceu.

— Christos, preciso conversar com você em particular — disse Ari, através da janela aberta do carro.

— O assunto não pode esperar um pouco?

Ava imaginou que Ari queria conversar sobre a demissão da babá que contratara para Theo. Christos contou tudo a Ava no caminho para casa.

— Não.

Christos entregou a Ava a mala com os presentes de Theo.

— Por que não entra com Theo e mostra as surpresas a ele?

— Certo.

Christos deu um beijo suave em seus lábios e indicou-a a direção das escadas com um leve toque em suas costas. Theo segurou a mão da mãe e os dois entraram na casa.

— O que você comprou para mim?

Ela sorriu ao ouvir a felicidade na voz do menino e levou-o adiante, entrando em uma das portas abertas do primeiro andar. Havia três sofás e uma poltrona na sala.

Ela sentou-se em um dos sofás e abriu a mala, lentamente, tirando os presentes.

— Antes, você precisa me contar algo que tenha feito enquanto eu estive fora.

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Ele subiu no sofá ao lado dela e colocou o presente no colo.

— Fui a uma corrida de botes com o tio Gui. — E foi divertido? — perguntou, notando o entusiasmo na voz de Theo.

Ele gostava de ter tantos homens em sua vida, e o amor desses homens por barcos parecia estar resolvendo o problema de Theo com a água.

Os olhos de Theo brilharam.

— Sim, muito. Fomos tão rápido que ninguém pôde nos alcançar. Posso abrir agora?

Ela fez que sim e Theo abriu o papel de presente, encontrando o urso de pelúcia.

— Obrigado, mamãe — disse, apertando o urso contra o seu peito e aproximando-se para beijá-la.

— Que nome vai dar a ele?

— Ah...Fluffy.

— Fluffy. Está pronto para abrir os outros presentes?

Ele fez que sim. Ela pegou outro pacote e ofereceu ao filho.

— Quero que me diga outra coisa que fez quando eu não estava aqui.

Ele agarrou a grande caixa com as duas mãos. Ela sabia que não estava focado na sua pergunta; na verdade, queria saber o que havia dentro da caixa. Adoraria aquele presente. Era um Spy Gear. Tudo o que precisaria para brincar de guarda-costas.

— Theo?

— Sim, mamãe.

— Me conte algo, e poderá abrir a caixa.

Ele acariciou a caixa com as mãos.

— O doutor fez um teste.

— De alergia? Picou suas costas?

— Sim, e colocou algo na minha boca, depois esfregou na minha bochecha.

— O quê? E por que fez isso?

Theo deu de ombros.

— Não sei. Posso abrir o presente?

— Sim — disse Christos, entrando na sala.

— Que outro exame o doutor fez em você?

Christos coçou a nuca e olhou para ela, que já sabia qual era a resposta correta.

— Teste de paternidade.

Ela olhou para Christos, incapaz de entender o que ele queria dizer.

— Imaginei que já tivéssemos resolvido esse problema.

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— E resolvemos.

— Então por que pediu o teste?

— Mamãe, não fique brava. O exame não doeu.

Ela abraçou Theo e deu-lhe um beijo. Christos se escondera atrás dela.

Era a segunda fez que a feria. Quando aprenderia que não poderia confiar nele?

CAPÍTULO DOZE

— Tudo bem, querido. É que... eu imaginei que seu pai e eu tínhamos chegado a um acordo.

— Um acordo? — perguntou Theo.

Os olhos de Ava não saíam de cima do filho. Christos pedira o teste para poder oferecer a ela o que ela sempre quis, confiança verdadeira. E na verdade já tinha decidido não ver os resultados.

Mas naquele momento pensou que tudo fora um erro, não deveria ter pedido o teste. Ava estava machucada e triste. Por um lado ele entendia, mas por outro... bem, não era o tipo de homem no qual se poderia confiar plenamente, e ela precisava saber disso.

— Sim, um acordo, como o nosso, de nunca dizer mentiras um ao outro — disse Ava, finalmente afastando seus olhos.

Theo colocou a caixa no sofá e parou, olhando para Christos com uma expressão séria, que era o reflexo da sua.

— Você mente, baba?

Como responder a essa pergunta?

— Não, Theo, eu não minto.

— Nega que entendi mal quando você disse que confiava em mim? — perguntou Ava. Ele fez que não com a cabeça. A conversa era complicada e delicada, nada indicada aos ouvidos de seu filho de 4 anos. Ele pegou o menino nos braços e abraçou-o tão forte que Theo gemeu. Seu filho.

— Poderia nos deixar sozinhos um momento?

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— Claro — disse Theo.

Christos o deixou no chão e Theo correu para fora da sala, levando o urso de pelúcia.

Ava tinha os braços na cintura e olhava para dele como nunca antes, nem mesmo quando apareceu de surpresa na escola.

— Ava...

— Não tente justificar nada. Deixei claro que precisava de sua confiança nesse assunto, Christos.

— Sei disso. E confio em você.

— Claro, confia.

— Não seja sarcástica. Esse papel não cai bem em você.

Ela deixou os braços caírem.

— Vou agir como eu quiser. Sou eu a parte ferida nessa história.

Ele fez que não com a cabeça.

— Coloque-se no meu lugar, Ava. Vi você e Stavros. Nikki sabia que ele dormia com outra mulher, e você era quem estava mais próxima dele.

Eram imagens que nunca poderia tirar a cabeça.

— Coloque-se você no meu lugar, Christos... ofereci a minha virgindade a um homem que imaginei amar, vem o meu chefe e termino perdendo esse homem, esse amor, meu emprego e minha família.

— Sinto muito que sua família não tenha ficado ao seu lado — ele disse, incapaz de imaginar por que tinham feito isso, coisa que nunca faria. Mesmo nos piores momentos com o pai, uma ligação sempre existia. E sempre teria Guillermo e Tristan, que eram como irmãos.

— Eu esperava a rejeição deles. Nossa relação nunca foi perfeita, e sabia que não me aceitariam. Mas a sua rejeição dói muito.

— Nunca quis machucar você — ele disse, pensando na dor que disfarçou de raiva quando a viu nos braços no irmão. Raiva que usou para mascarar a vulnerabilidade que sentiu ao ver que não deveria ter confiado nela.

— Claro que não... Agora que sabe que Theo é seu filho, tudo está magicamente cristalizado no passado?

— Pedi o teste, mas não olhei o resultado.

— Então por que pediu?

— Precisava de uma prova, para finalmente confiar em você.

— Precisava de uma prova? A confiança não funciona assim. Os relacionamentos são construídos quando se acredita no outro, sem fatos, sem testes, e não posso viver com um homem que não acredita em mim.

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— Está ameaçando ir embora? — perguntou, com vontade de agarrá-la em seus braços, levá-la para o quarto e prendê-la ali. Assegurando-se de que nunca o deixaria Mas resolveu manter a calma.

— Parece que você não se importa — ela disse.

— Claro que me importo. Mas não vou implorar para que me perdoe por algo que era necessário.

Ela fez que não com a cabeça.

— Necessário?

— Sim, você queria minha confiança, e eu queria oferecer isso. Mas para ser capaz de amá-la como você merece...

— A única forma seria fazendo um teste de paternidade sem que eu soubesse?

Christos deu um passo na sua direção, pois naquele momento ela não soara na defensiva, ou raivosa. Parecia confusa.

— Você quer algo que eu não seria capaz de oferecer.

— O que você acha que eu quero?

— Confiança cega.

— Não quero isso. Quero amor. Amor verdadeiro. O tipo de coisa que se lê em romances antigos.

Ele coçou a nuca, tentando aliviar as tensões.

— Isso não é a realidade.

— Sei o que é a realidade, e sei o que sinto. Eu o amo, Christos.

De uma hora para outra, nada mais parecia importar.

— Você me ama?

Ela deu de ombros.

— Sim, amo. Mas não poderia viver com você se não confia em mim, se vai mentir para mim, especialmente em assuntos que envolvem Theo.

Ela caminhou em direção à porta. Ele ficou parado pensando no que Ava dissera.

Ela o amava. O que isso significava? Será que era isso o que ele sentia? De onde viriam tanta possessão e ciúme?

No mesmo momento, percebeu o que Ava queria dizer com necessidade de confiança, pois não haveria outro caminho para provar seu amor que simplesmente acreditando nela.

Ava se sentia como a menina que vivia no trailer quando saiu de perto de Christos. Foi para a varanda, com vista para os enormes e verdejantes jardins da propriedade dos Theakis. A casa era muito grande e ela não tinha idéia de onde estaria Theo, mas queria vê-lo imediatamente. Queria agarrar seu menino, provando seu amor incondicional.

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— Por que está discutindo com meu filho?

Surpresa, Ava olhou para Ari, que entrou na varanda em sua cadeira de rodas.

Era a última pessoa com quem gostaria de conversar naquele momento. Na verdade, imaginava que Ari estaria aplaudindo seus problemas com Christos, e que já tivesse pedido a Maria que arrumasse suas malas e que levasse tudo para o aeroporto.

— Não é problema seu.

— Tudo o que afeta a família Theakis é problema meu.

— Você se metia no casamento de Nikki e Stravos desta maneira? — perguntou, querendo mudar de assunto.

Ele suspirou, e Ava pode ver os 81 anos de Ari estampados em seu rosto.

— Não. Stavros e Nikki... tinham suas formas de resolver os problemas. Eu não os entendia.

— Eu também não — disse Ava. — Você ficou presa no meio de um dos joguinhos deles.

Ava sabia disso, mas ficou surpresa ao ouvir da boca de Ari. — O que você sabe sobre esse assunto?

— Sei de tudo o que acontece no meu reino.

— Isso não é um reino.

— Pare de bancar a difícil. E pare de fazer com que o passado dite o seu futuro.

Você está casada com Christos, é a sua esposa... chegou o momento de agir como se os votos significassem algo para você.

Ela olhou para Ari, pensando em votos quebrados, e sabia que não era a primeira.

Mas aquele não era um joguinho de adolescentes.

— Tomo meus votos muito a sério, Ari, mas algumas coisas... Não posso me comprometer a fazer o casamento funcionar. É uma bobagem, provavelmente uma bobagem muito americana, mas não poderia viver com um homem que não confia em mim.

Ava passou os braços pela cintura e afastou-se do sogro. Será que os seus sonhos de casamento eram tão irreais? Será que sofrerá uma lavagem cerebral com os desenhos animados da Disney quando jovem? Nunca pensara dessa maneira. Ela conhecia casais felizes.

Todas as suas amigas solteiras estavam buscando o mesmo que ela. Queriam marido, filhos e todas as outras loucuras que vem neste pacote. Não queriam uma versão idealizada da vida em família, mas a realidade. E Ava sabia que isso deveria começar com confiança. Pois se ela e Christos queriam ter um amor de verdade, teriam de enfrentar problemas, discussões, e somente o amor verdadeiro poderia vencer tais coisas.

— Você me faz lembrar muito minha mulher.

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— Imaginei que não gostasse de mim.

— E não gosto. Você se recusa a fazer o que digo... exatamente como Leka. Tem o mesmo fogo e a mesma paixão que ela quando o assunto é proteger o filho e me encarar.

— Por que está me dizendo isso?

— Porque parece que está pensando em desistir, e você não é dessas coisas.

— Ari, eu tentei. Não posso fazer com que Christos confie em mim, e sem confiança tudo o mais desapareceria no ar.

— Por que acha que ele não confia em você?

— Pedi que confiasse na minha palavra, quando disse que Theo é seu filho. O teste de paternidade era necessário, precisávamos dele para assuntos legais.

— Os homens Theakis sempre fazem o que querem. Se quisesse, Christos poderia ter dito que o filho é dele.

— Ele não decide sozinho essas coisas — disse Ari. — Você está dizendo que pediu ao doutor que fizesse teste? — perguntou mesmo sabendo que isso não era verdade. Christos admitira ter pedido ele mesmo o teste, mas Ava ficou imaginando até onde Ari estaria disposto a chegar para convencê-la a ficar.

— Eu queria fazer isso, mas pelo tom de sua voz, vejo que você sabe que foi Christos.

— Sim, eu sei — disse, sentindo-se arrasada, sem saber como se recuperar.

— Não é que Christos não confie em você, Ava. Na verdade, ele tem medo de confiar em você.

— Não entendo.

— Quando minha Leka morreu, Christos era jovem, tinha apenas 9 anos. Era muito ligado à mãe e nós dois nunca nos encarávamos frente a frente. E sua perda foi... dura para todos nós, mas especialmente para ele.

Ava ficou imaginando como Theo reagiria caso perdesse a mãe.

— E o que isso tem a ver com o homem que ele é hoje? — ela perguntou.

Ari tirou os óculos escuros e olhou diretamente para ela.

— Ele nunca mais deixou que ninguém entrasse em sua vida. Levantou uma barreira intransponível.

— Mas continuo sem entender o que isso tem a ver comigo.

— Acho que ele está testando, para ver se você fica.

Ela fez que sim, pois não tinha dúvida que de alguma forma a estava testando.

Mas disse: — Não tenho tanta certeza.

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— Eu o conheço de toda a vida, Ava, e nunca o vi sorrir da forma como sorri ao seu lado e ao lado de Theo. Nunca, desde pequeno. Perdi um filho e não vou desistir, quero que meu filho que permanece vivo tenha uma vida feliz.

— Você não pode fazer com que ele me ame.

— Eu não, mas você sim.

— Não. Passei toda a minha vida lutando por coisas que estavam fora do meu alcance, e pelo menos uma vez gostaria que alguém fizesse algo por mim.

— Christos faz isso por você. Passa menos tempo no escritório para ficar mais tempo ao seu lado e ao lado de Theo. Pense nisso — disse Ari, afastando-se em sua cadeira de rodas.

Ava suspirou e voltou ao quarto. Não poderia voltar à cama de Christos, não naquele momento.

Gostaria de poder acreditar que Christos era motivado por amor, mas não podia.

Enganou-se duas vezes imaginando que a amava.

Na tarde seguinte, Ava saiu da casa e encontrou Christos e Theo brincando na piscina. Ela sabia que Christos estava ensinando-o a nadar, mas ver seu filho a mergulhar na piscina a deixou espantada. Depois o menino voltou rápido à borda, e mergulhou mais uma vez.

— Mãe, olha só! — disse Theo.

— O quê?

— Bala de canhão! — gritou, e pulou mais uma vez na piscina, espalhando água para todos os lados.

Christos permaneceu na água, mas nadou em direção a Ava. Pousou seus braços musculosos e bronzeados na borda e olhou para ela.

— Como você está? — perguntou, doce.

Havia real preocupação em seu tom de voz. Ou ela estava apenas imaginando?

Ouvindo o que gostaria de ouvir?

— Estou bem.

— Ava, não imponha distância entre nós.

— Não estou fazendo anda.

— Como posso fazer você acreditar em mim?

— Não pode, Christos. Só havia uma forma de demonstrar que acredita em mim.

— Mãe?

— Sim, Theo.

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— Olha só!

— Estou olhando.

E afastou os olhos de Christos, observando o filho. Percebeu que Theo costumava ter medo de água, mas Christos fora capaz de resolver isso. Estar com Christos alterou a vida dos dois. Ela sempre sentiu medo de quem era, mas Christos dera forças para que fosse ela mesma.

— Theo, por hoje chega. Tenho de voltar ao trabalho.

— Certo, baba.

Theo nadou em direção a Christos e o abraçou. Ava o puxou para fora da piscina.

Theo a abraçou e correu para a mesa mais próxima, onde Maria tinha posto lanche e limonada.

Christos saiu da piscina e ficou ao lado de Ava, o mais próximo que tinham estado desde a briga.

— Posso ensinar nosso filho a não ter medo de água, moro mou, mas não sei como ensiná-la a confiar em mim. Sei que você não enxerga as coisas como eu, mas as razões podem ser mais complexas do que apenas confiança.

— Sei pai me contou. E tentou culpar a si mesmo pelo teste.

Christos fez que não.

— Eu pedi o teste. Eu fiz isso. Mas não olhei o resultado, e não olharei.

Ava pela primeira vez notou que ele poderia estar arrependido de ter pedido o teste. Observou-o enquanto se afastava, percebendo que tinham de confiar um no outro. Ela tinha de acreditar nele quando prometia coisas, e nunca acreditava.

Christos passou os dois dias seguintes no escritório, tentando dizer a si mesmo que não precisava de um relacionamento próximo com Ava para alcançar a felicidade.

Mas sentia falta dela. Queria tê-la de volta em sua cama. Na noite em que levou Theo à cama, o que queria é que o menino lhe contasse algo sobre a mãe.

Christos estava arrasado.

O amor que não estava certo de realmente sentir por ela parecia cada vez mais real. Estava louco para tê-la de volta na cama, não apenas para fazerem amor, mas também para conversarem sobre o dia.

Só conhecia uma pessoa pela qual poderia estar apaixonado. E mesmo que sempre tenha tentado manter suas emoções sob controle, não enxergava outra saída.

A vida com Ava não poderia continuar daquela forma.

Saiu do quarto de Theo e foi em direção ao seu escritório. A sala estava repleta de objetos que colecionara. Aquilo por uma época funcionou como um santuário, mas já não era assim. Parecia muito mais vazia que antes.

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Discou o número de Tristan antes que pudesse mudar de idéia, sem calcular a diferença horária entre Mykonos e Manhattan.

— Theakis, estamos no meio do dia aqui.

— Sinto muito, mas o que tenho a dizer não pode esperar.

— Qual o problema? É com Theo ou Ava? — Ah... bem, Tristan, estraguei tudo com Ava. No dia do meu casamento, você falou algo sobre sonhos de mulheres... nunca entendi o que ela queria de mim.

— Pergunte a ela.

— O quê?

— Pergunte. Assim ela poderá lhe contar quais são os seus sonhos e você poderá correspondê-los.

Ele sabia o que Ava queria e percebeu que estava num beco sem saída.

— Ela quer que eu a ame e confie nela.

— Mas você não confia em ninguém.

— Confio em você e no Gui. — Isso agora. Mas nos primeiros quinze anos não confiava.

— Não acho que Ava me daria tanto tempo.

— Conhecendo-a, tenho de concordar. E qual o problema? A relação com Stavros?

Não, não era. Era ele mesmo, e o vazio que tinha dentro dele, que estragava tudo. Além da distância que mantinha como proteção entre ele e o mundo.

— Não, não é isso.

— O que é, então?

Ele não sabia como dizer.

— Nada.

— Parece que você a ama, mon ami. Não deixe que ela escape. Foi a primeira coisa positiva que apareceu na sua vida desde... desde sempre. É o tipo de mulher que pode oferecer a você o lar e a família que sempre quis.

— Não estava buscando um lar e uma família.

— Será?...

— Até mais — disse, desligando o telefone, como se a sua cabeça tivesse entrado em colapso. Precisava de Ava mais do que precisava de Theo, de Ari ou dos negócios da família. Precisava dela para sentir-se vivo. Antes de Ava, estava preso em uma armadilha, nunca avançava.

Será que a amava?

Sim, ele pensou. Amava. Fora a única mulher que balançara sua vida. A única que 9 9

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o fizera sentir tantas coisas diferentes. A única que nunca fora capaz de esquecer.

Precisava encontrar Ava e dizer a ela que a amava. Dizer que fora um idiota ao não acreditar nela. E que finalmente entendia o que queria dele.

Foi ao quarto que ela ocupava há dois dias e bateu na porta.

A porta se abriu e ela ficou parada, de pés descalços e vestindo roupão de banho. Seu rosto livre de maquiagem e seu cabelo preso num rabo de cavalo. Christos ficou sem voz.

Ela manteve a porta parcialmente fechada, como uma barreira entre os dois, mas percebeu que ele não deixaria que continuasse dessa forma. Não se transformaria em uma espécie de idiota simplesmente porque a amava.

Ele abriu a porta e pegou-a nos braços. Fechou a porta com um pontapé e carregou-a para dentro do quarto. Deixou-a no centro da cama e cobriu seu corpo com o dele.

Ela manteve as mãos entre os dois corpos, empurrando seu peito.

— O que está fazendo?

— Clamando por minha esposa.

— Você já fez isso na noite do nosso casamento.

— Não, não fiz;— ele disse, baixando a cabeça para beijá-la, pois as palavras que vinham à sua boca eram muito reveladoras.

E beijou-a. Tentava demonstrar com o seu corpo todas as coisas que lutava para dizer com palavras. As mãos de Ava subiram de seu peito em direção ao pescoço, envolvendo seus ombros.

— Senti muito a sua falta, moro mou.

— Eu também. Mas o sexo não vai resolver nada entre nós — ela disse. — Quero mais do que isso de você.

— O que você quer, Ava? — Quero que confie em mim. Tenho algo para você.

— O quê?

— Sente-se e vou te mostrar.

— Mostrar?

— Sim. Ela se levantou e afastou-se de Christos, que a observava. Voltou com um envelope, que ofereceu a ele.

— Fiz isso porque não quero testar você nem o seu amor. Também preciso confiar em você.

— O que é isso?

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— Outro teste de paternidade. Abra e acabe com as suas dúvidas. Sei que a situação na qual me encontrou com Stravros e as mentiras que lhe contei sobre meu passado contribuíram para a imagem que tem de mim.

— Ava, eu confio em você. Eu sei...

Ela tapou seus lábios com os dedos.

— Deixe que eu faça isso por nós dois.

Christos a sentou em seu colo e Ava se aproximou enquanto ele abria o envelope, tirando o papel que estava lá dentro. Christos não olhou para o papel, mas sim para ela.

— Nada vai mudar o que sinto por você. Confio em você de todo o meu coração.

— Isso é maravilhoso, Christos, mas eu quero mais.

CAPÍTULO TREZE

— Eu também quero mais — disse Christos. — Quero o seu amor.

Uma lágrima rolou no rosto de Ava. — Nunca deixei de te amar.

— Que bom.

Ela sorriu, pensando no resultado do teste, impresso naquele papel. Não sabia o que ele diria, mas era a única carta que tinha na manga.

— Bom? — ela perguntou.

Ele ainda não olhara o papel.

— Eu quis dizer fantástico.

— O quê?

— Fantástico porque eu também o amo. Acho que sempre amei. Mas tinha medo de deixar que você notasse o quanto era importante para mim.

— Por que, Christos?

— Porque... — E sussurrou em seu ouvido: — Se eu não amasse você, não me importaria que fosse embora.

— Não vou embora.

— Eu sei — disse, sentando-a mais confortavelmente em seu colo.

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— Seu pai acha que você está me testando.

— Acho que estava testando a mim mesmo. Poderia me perdoar por não acreditar em você?

— Claro que sim.

Acariciou sua boca, deixando suas mãos percorrerem o corpo de Ava. Abriu a faixa que prendia o roupão de banho ao seu corpo. Aproximou o corpo de Ava do seu.

Depois beijou cada um dos mamilos, até que se excitassem. Ela cravou as unhas nas suas costas.

— Ah, Christos, tenho medo de que isso não seja real.

— Não parece real? — disse, deitando-a na cama e colocando seu corpo em cima do dela, beijando seu ventre, traçando as marcas da gravidez com a língua, beijando seu umbigo.

E seguiu movendo-se mais para baixo, até atingir o centro do seu prazer.

— Quero que se abra para mim — ele pediu.

As pernas de Ava se moveram, mas ele agarrou as mãos dela nas suas, aproximando-as de seu sexo. Ela hesitou, mas fez o que ele pediu.

— Segure firme — ele disse.

Ele se abaixou, respirando próximo à sua pele antes de mergulhar a boca.

Apertava as coxas de Ava com as mãos, depois levantou a cabeça e olhou para seu corpo.

Os olhos de Ava estavam fechados, sua cabeça caída para trás, os ombros arqueados e o peito arfando.

Voltou a baixar a cabeça, com fome de mais. Mergulhou em seu corpo como um homem faminto, oferecendo o máximo de prazer que pôde para festejar a alegria que sentia.

Queria que aquela noite fosse inesquecível para os dois, a noite em que finalmente confessariam seu amor. Usou os dentes, língua e dedos para levá-la ao limite máximo do prazer, até o momento em que começasse a implorar por ele.

Ava agarrou a cabeça de Christos com as mãos. Mas ele desviou o olhar, não querendo oferecer o contato visual que ela desejava.

— Christos, agora.

Ele mordeu-a levemente enquanto ela chegava ao orgasmo, sentindo-o em todo o seu corpo. Ele manteve a boca colada ao seu corpo até que ela tivesse parado de tremer.

— Agora é a sua vez — ela disse, deitando-o na cama.

Pegou seu membro ereto na mão e depois começou a passar a língua, tentando-o com lambidas rápidas e toques suaves. Mas Christos estava muito próximo do êxtase para deixá-la seguir. Afastou-a, pois queria estar dentro dela.

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Desejo 109 [Filhos do Privilégio 01] Herdeiro Secreto (The Greek Tycoon´s Secret Heir) - Katherine Garbera

Moveu-a até encaixar-se em sua cintura. Depois, cuidadosamente, penetrou-a profundamente. Ela arqueou as costas, abraçando os ombros de Christos. Ele penetrou seu corpo com ainda mais força, sentindo cada nervo de seu corpo ficando mais e mais tenso. Ele tocou-a entre as pernas, até sentir o corpo de Ava aumentando de tensão.

Desta vez chegaram juntos ao clímax, e ela caiu por cima dele, com a cabeça em seu peito.

Enquanto descansavam juntos, ele encontrou a paz e a felicidade. Algo que nunca soube se queria ou precisava.

Mas havia uma coisa mais a ser feita. Ele buscou os papéis com o resultado do teste de paternidade, que deixara ao lado de Ava, na cama. Lentamente, sem olhar para ele, rasgou-o em pedacinhos e deixou que escapassem de seus dedos.

— E agora, acredita que eu a amo?

— Sim.

Fim

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