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FACULDADE ASSIS GURGACZ - FAG FRANCIÉLLE INOCENCIO

CEMITÉRIO E CREMATÓRIO: A DIALÉTICA MATERIALIZADA NUMA PROPOSTA ARQUITETÔNICA E PAISAGÍSTICA

CASCAVEL 2013


FRANCIÉLLE INOCENCIO

CEMITÉRIO E CREMATÓRIO: A DIALÉTICA MATERIALIZADA NUMA PROPOSTA ARQUITETÔNICA E PAISAGÍSTICA

Trabalho de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Assis Gurgacz - FAG, apresentado na modalidade Teórico Conceitual, como requisito parcial para a banca de Qualificação - AQT901 do Trabalho Final de Graduação. Orientador: Prof. Arq.: Marcelo França dos Anjos.

CASCAVEL 2013


FACULDADE ASSIS GURGACZ CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

FRANCIÉLLE INOCENCIO

Cemitério e Crematório: A dialética materializada numa proposta arquitetônica e paisagística.

Trabalho apresentado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAG, como requisito básico para obtenção da Qualificação (disciplina AQT001), sob a orientação do(a) arquiteto(a) professor(a): Prof. Arq. Dr.: Silmara Dias Feiber.

BANCA EXAMINADORA

Arquiteto Orientador Faculdade Assis Gurgacz Marcelo França dos Anjos Arquiteto e Urbanista/Doutor

Arquiteto Avaliador Faculdade Assis Gurgacz Caio Smoralek Dias Arquiteto e Urbanista/Doutor

Cascavel, 6 de novembro de 2013.


AGRADECIMENTOS

Hoje, encontro-me em uma realidade que parece um sonho, mas foi preciso muita paciência, dedicação, esforço e perseverança para chegar até aqui, e nada disso eu conseguiria sozinha. Serei eternamente grata a todos aqueles que de alguma forma colaboraram para que este sonho pudesse ser concretizado. Grata a Deus pelo dom da vida, pois sem Ele nada sou. Agradeço aos meus pais, Wilson e Salete, meus maiores exemplos, verdadeiros heróis. Obrigada por cada incentivo e orientação, pelas orações em meu favor, pela preocupação para que estivesse sempre andando pelo caminho correto. Ao meu irmão Junior, que de diversas formas me ajudou durante esta caminhada. Aos meus tios, tias, avós e primos, que sempre estiveram presentes, ainda que a distância. Dedico este trabalho aos meus avôs Sérgio e Fernando, “in memoriam”, e aproveito para agradecê-los, estejam onde estiverem. À professora Silmara Dias, que, com muita paciência e atenção, dedicou do seu valioso tempo para me orientar em cada passo deste trabalho. E um agradecimento especial aos meus amigos, que me auxiliaram ao longo desta caminhada, dentre eles cito minha amiga Gabriela, que em vários momentos me ajudou e nunca mediu esforços para isto, bem como meu amigo Rafael, que me auxiliou durante estes cinco anos de faculdade. Serei eternamente grata a vocês.


RESUMO Partindo do pressuposto de que é preciso criar locais para a prática do sepultamento, sugerese, a partir desta pesquisa, uma quebra dos dogmas pertinentes à construção cemiterial. O intuito é usar procedimentos de percepção ambiental convergidos a um cemitério parque com o uso do historicismo adaptado ao momento contemporâneo que, de alguma maneira, minimiza os impactos psicológicos causados pela paisagem. O trabalho tem como objetivo desenvolver um projeto para a implantação de um crematório e cemitério parque na cidade de Francisco Beltrão, envolvendo a região Sudoeste do Estado do Paraná, segundo o código de posturas do município. Para elaborar a proposta, buscou-se inspiração no movimento minimalista, por não possuir um estilo definido, mas uma estética que recebeu influência de todos os tipos. Por ser uma obra que infere diretamente nas emoções do usuário, alguns elementos foram inseridos para trabalhar com estas sensações. A luz foi o principal elemento explorado na edificação, já que mais da metade da percepção humana é visual. Os cinco elementos da filosofia chinesa também foram adotados para compor a proposta; cada um compõe um bloco do complexo, de acordo com seu significado. Objetiva-se na proposta projetual uma coerência com a função do local e o sítio onde este será inserido, sugerindo um ambiente de reflexão diferente do que se está habituado a encontrar, levando o leitor para dentro deste espaço arquitetônico e conscientizando-o sobre o valor que o mesmo agrega a quem utilizar desta arquitetura. A intenção é tornar o local agradável e confortável em horas tão difíceis. São apresentados três correlatos com a quantidade de informações sobre cada um de acordo com a influência que os mesmos terão sob a elaboração da proposta do referido crematório e cemitério parque. Palavras-chave: Proposta projetual. Cemitério. Crematório. Elementos.


ABSTRACT Based on the assumption that need to create places for the practice of burial, it is suggested, from this research, a breach of the dogmas pertaining to cemeterial construction. The intention is to use procedures of environmental perception converged to a cemetery park with the use of historicism adapted to the contemporary moment that somehow minimizing the psychological impacts caused by landscape. The work aims to develop a project for the establishment of a crematorium and cemetery park in Francisco BeltrĂŁo, involving the Southwest region of ParanĂĄ State, according to the city code postures. To elaborate the proposal we sought to inspiration from the minimalist movement, for not having a defined style, but an aesthetic that was influenced by all kinds. For being a work that directly infers the user's emotions, some elements were inserted to work with these sensations. The light was the main element explored in the building, since more than half of human perception is visual. The five elements of Chinese philosophy have also been adopted to compose the proposal, each comprises a block of the complex, according to its meaning. Aims in the proposed projective consistency with the function of the place where it will be inserted, suggesting an environment different reflection of what is used to find, leading the reader into this architectural space and making them aware of the value that it adds to those using this architecture. The intention is to make the place nice and comfortable in hours so difficult. Are three correlates with the amount of information about each one according to the influence that they have on the development of the proposed crematorium and cemetery park. Keywords: Projetual proposal. Cemetery. Crematorium. Elements.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Cemitério tradicional ........................................................................................... 18 FIGURA 2: Cemitério parque ................................................................................................. 18 FIGURA 3: Cemitério vertical ................................................................................................ 19 FIGURA 4: Crematório ........................................................................................................... 20 FIGURA 5: SK2 - Forest Crematorium................................................................................. 26 FIGURA 6: Diagrama de composição formal ......................................................................... 27 FIGURA 7: Diagrama de Setorização ..................................................................................... 28 FIGURA 8: Pátio formado pelos caminhos cruzados ............................................................. 28 FIGURA 9: Placas cimentícias revestidas ............................................................................... 29 FIGURA 10: Crematório Baumschulenweg, Berlim, Alemanha. Elevação frontal................ 30 FIGURA 11: Planta baixa ....................................................................................................... 31 FIGURA 12: Estratégia de iluminação natural e colunas ....................................................... 32 FIGURA 13: Implantação do cemitério de Monchique .......................................................... 33 FIGURA 14: Vista panorâmica feita no cemitério de Monchique .......................................... 34 FIGURA 15: Localização e influência das cidades ................................................................. 44 FIGURA 16: Terreno escolhido para a elaboração da proposta.............................................. 46


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BIG - Bjarke Ingels Group; CANGO - Colônia Agrícola Nacional General Osório; CEONC - Centro de Oncologia de Cascavel; CO - Monóxido de carbono; CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente; DML – Depósito de Materiais de Limpeza; IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; IPPUB - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Francisco Beltrão; DEBETRAN - Departamento Beltronense de Trânsito; MP - Material particulado; O2 – Oxigênio; OEI – Organización de Estados Iberoamericanos; PNE – Portadores de Necessidades Especiais; UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10 2 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS ............................................................................................. 11 2.1 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM O PROJETO DE ARQUITETURA........................... 11 2.3 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM A TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA ...... 11 2.2 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM O PLANEJAMENTO URBANO .............................. 12 2.4 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM AS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS .......................... 12

3 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO ....................................................................................... 14 3.1 E DEPOIS DE MORRER?....................................................................................................... 14 3.2 CEMITÉRIOS ......................................................................................................................... 14 3.2.1 Cemitérios e a legislação ...................................................................................................... 16 3.2.2 Tipos de cemitérios ............................................................................................................... 17 3.2.2.1 Cemitérios tradicionais ...................................................................................................... 17 3.2.2.2 Cemitério parque ............................................................................................................... 18 3.2.2.3 Cemitério vertical .............................................................................................................. 19 3.2.2.4 Crematórios ....................................................................................................................... 19 3.3 CREMAÇÃO ........................................................................................................................... 20 3.3.1 Cremação e as diversas culturas e religiões.......................................................................... 21 3.3.2 Cremação e o meio ambiente ............................................................................................... 22 3.3.3 Vantagens e desvantagens .................................................................................................... 23 3.4 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO .......................................................................... 24 3.4.1 Procedimento técnico ........................................................................................................... 24 3.5 CORRELATOS ....................................................................................................................... 25 3.5.1 SK2 - Forest Crematorium ................................................................................................... 25 3.5.1.1 Aspecto formal .................................................................................................................. 26 3.5.1.2 Aspecto funcional .............................................................................................................. 27 3.5.1.3 Aspecto construtivo ........................................................................................................... 28 3.5.2 Crematorium Baumschulenweg ............................................................................................ 29 3.5.2.1 Aspecto formal .................................................................................................................. 29


3.5.2.2 Aspecto funcional .............................................................................................................. 30 3.5.2.3 Aspecto construtivo ........................................................................................................... 32 3.5.3. Cemitério de Monchique ..................................................................................................... 33 3.5.3.1 Aspecto formal .................................................................................................................. 33 3.5.3.2 Aspecto funcional .............................................................................................................. 34 3.5.3.3 Aspecto construtivo ........................................................................................................... 35 3.5.4 Contribuição dos correlatos .................................................................................................. 35 3.6 PARTIDO ARQUITETONICO............................................................................................... 36 3.6.1 Movimento minimalista........................................................................................................ 36 3.6.2 Luz como arquitetura ............................................................................................................ 37 3.6.3 Cinco elementos ................................................................................................................... 38 3.7 DIRETRIZES PROJETUAIS .................................................................................................. 39 3.7.1 Intenções formais e espaciais ............................................................................................... 40 3.7.2 Programa de necessidades .................................................................................................... 41 3.7.3 Problema da pesquisa ........................................................................................................... 43 3.7.3.1 A cidade de Francisco Beltrão ........................................................................................... 43 3.7.2.2 A posição atual da cidade .................................................................................................. 45 3.7.2.3 Aspectos urbanísticos e geográficos. ................................................................................. 45 3.7.2.4 Legislação .......................................................................................................................... 46

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 48 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 49


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1 INTRODUÇÃO

O medo de enfrentar a morte e o desconhecido é inerente ao ser humano. A sociedade associa o ambiente do cemitério como o local aonde elas irão quando não pertencerem mais a este mundo material, causando certo receio. Este temor acabou ultrapassando as barreiras naturais do ser humano e, nos tempos atuais, em que questões ambientais se sobrepõem até mesmo às de cunho cultural, há que se discutir a necessidade de novas metodologias em meio à problemática da morte e seu encaminhamento. Entende-se por cemitério o local ao qual se confia os restos mortais dos ancestrais. Local este onde o passado e o presente se confrontam, que se constituem em ambientes de reflexão, oração e comunicação. Partindo do pressuposto de que há a necessidade de se criar espaços para a prática do sepultamento, pretende-se propor, a partir desta pesquisa, uma quebra dos dogmas relacionados à construção cemiterial. A intenção é utilizar artifícios de percepção ambiental dirigidas a um cemitério parque com o uso do historicismo adaptado ao momento contemporâneo que, de alguma maneira, minimiza os impactos psicológicos causados pela paisagem. O assunto do referido trabalho aborda a implantação de um crematório e cemitério parque para a cidade de Francisco Beltrão envolvendo a região Sudoeste do Estado do Paraná. Em especial, o presente tem por finalidade aprofundar estudos sobre impactos ambientais e psicológicos causados pelo cemitério e apresentar uma proposta projetual a fim de minimizar tais aspectos. Seus objetivos específicos são: Apontar as vantagens e desvantagens da cremação; Apontar os problemas ambientais provenientes do enterro convencional; Analisar correlatos que venham a servir de referências para o trabalho projetual; Desenvolver uma proposta projetual de um cemitério parque e crematório para o município de Francisco Beltrão, Paraná.


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2 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS

Serão elencadas neste capítulo as aproximações teóricas entre o trabalho proposto com os quatro pilares da arquitetura – projeto, história e teorias, planejamento urbano e tecnologia da construção – de forma a introduzir o leitor na relação que estes possuem com o projeto.

2.1 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM O PROJETO DE ARQUITETURA

Conhecer as teorias da arquitetura é essencial para a boa elaboração de um projeto. Dominar as etapas de um projeto, elaborar um paisagismo adequado com funções além das estéticas e encaixá-lo no meio urbano de forma a se inserir e não se sobrepor a uma determinada obra são os principais pontos que um arquiteto urbanista deve dominar. Será elaborado, a partir dos conhecimentos obtidos ao longo do curso, um projeto que siga as normas técnicas para obter sua aprovação junto ao órgão responsável na prefeitura. Ao elaborar a proposta, se fará uso do paisagismo para que o mesmo pertença ao seu entorno; do projeto arquitetônico para a concepção de uma planta que adeque todos os equipamentos necessários para um bom funcionamento da edificação; e do urbanismo para realizar estudos adequando ao entorno de forma a não prejudicar os usuários e os não usuários.

2.2 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM A TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA

De fato, o papel da história na arquitetura é de fundamental importância, é por meio dela que se formam opiniões sobre diversos assuntos, inclusive os primeiros relatos da humanidade e seus costumes. No contexto histórico, a presente pesquisa buscará conhecer rituais e cerimoniais realizados desde a antiguidade até os tempos atuais, propondo um projeto que se adapte independentemente da cultura e do tempo em que se encontra. Ao estudar a história, nota-se que o surgimento de um novo estilo supria as necessidades não atendidas anteriormente, podendo ser componentes estruturais e/ou


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estéticos, que interferissem ou não na psicologia dos usuários. A busca por novas tecnologias, linguagem estética adequada, interação com a paisagem e que ao mesmo tempo solucione os problemas tanto psicológicos quanto ambientais é o foco da proposta projetual do complexo cemiterial.

2.3 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM O PLANEJAMENTO URBANO

Ao se projetar algo que produzirá um grande impacto ambiental e/ou espacial, deve-se elaborar um estudo de impacto de vizinhança, previsto pelo Plano Diretor, que irá estudar possíveis problemas e criar soluções para que não ocorram tais situações previstas. Por não existir nenhum crematório na região, estima-se que haverá uma alta procura pelos serviços que serão prestados e, por consequência disso, certos impactos serão gerados, mas já são previstos pelo Plano Diretor da cidade. Tais consequências deverão ser estudadas para gerar ideias que as solucionem.

2.4 APROXIMAÇÕES TEÓRICAS COM AS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

Com a constante evolução da humanidade, novas tecnologias surgem para suprir os erros das antigas, bem como otimizar as qualidades. Como estudado ao longo destes anos, durante muito tempo as tecnologias evoluíram de acordo com a necessidade da época e dependiam do surgimento de novos materiais que possibilitassem a criação sem restrições às ideias. Sem esta evolução, não seria possível criar edifícios contemporâneos, que acrescentam tecnologia à obra e onde expor a estrutura é o ponto chave para garantir o sucesso do empreendimento. Não seria possível, sem a evolução das tecnologias, trabalhar com a topografia como é feito hoje em dia e não existiram prédios que utilizam a sustentabilidade como o mecanismo chave da edificação. Conhecer estas novas tecnologias também implica na otimização dos custos e na qualidade da obra.


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O projeto proposto busca utilizar a topografia a seu favor, criando desníveis a partir dos recursos que a tecnologia proporciona, além de desenvolver um edifício que utilize estruturas leves e de fácil manuseio.


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3 DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

Será apresentada, nesta etapa do trabalho, uma introdução à cremação, como ela é vista pelas diversas culturas e religiões, as suas vantagens e desvantagens, bem como seu comportamento perante a natureza e o meio ambiente. Além do tema já citado, entra em pauta a questão do cemitério, sua elaboração de acordo com a legislação e suas quatro tipologias. Posteriormente, serão apresentados os correlatos, que são alicerces para elaboração da proposta projetual.

3.1 E DEPOIS DE MORRER?

A vida e a morte são componentes presentes na natureza, um ciclo que todos os seres biologicamente vivos passam e do qual não se pode fugir. VALLE (1997) dizia que os seres humanos só morrem porque estão vivos e não há um sequer que escapou desta condição. Fisiologicamente a morte ocorre quando se perde os sinais vitais e é na religião que a maioria das pessoas busca o conforto e abrigo nas horas difíceis. As diferentes crenças tentam explicar para onde se vai depois da morte, porém nenhuma explicação é concreta. “Enfrentar a morte de uma pessoa é confrontar-se com a realidade da sua própria morte. [...] na medida em que eu negar a morte de uma pessoa, estarei criando a minha própria imortalidade” (D’ASSUMPÇÃO, 1984, p 22). De fato, não é preciso enfrentar a morte como um acontecimento afável que ocorre na vida, porém o consentimento do inevitável é importante no no processo de desenvolvimento pessoal.

3.2. CEMITÉRIOS

Chama-se cemitério um local onde se sepultam ou acumulam produtos, tipicamente resíduos e resquícios (por exemplo, cemitério de resíduos nucleares). Atende também por necrópole ou sepulcrário.


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Cemitério é o sítio onde são enterrados os restos mortais. Na maioria dos casos o local é utilizado para prática religiosa. Foi durante o período Neolítico que surgiram os primeiros cemitérios, onde os corpos eram colocados em cavernas naturais cuja entrada era fechada por uma rocha. Embora seja o primeiro relato de enterramento, não foi a forma predominante desta época. Como as cavernas não supriram a necessidade pela quantia de mortos, foram criadas as sepulturas artificiais, chamadas de Dolmens. Percebe-se que desde as primeiras civilizações já havia certo respeito pelos seus mortos, resguardando-os em um local adequado para eles. Seja pelo estado de putrefação dos restos mortais ou pela enigmática causa do desaparecimento repentino da força motora do corpo, o morto foi ganhando o seu espaço e dedicação no mundo dos vivos. Ao longo dos anos, estas civilizações, mesmo não compreendendo a razão pela qual a atividade motora era submergida, imaginavam que se tratava de algo inusitado, um novo estágio do corpo. Acreditando nisso, alimentavam-se da ideia de que, nesse outro estágio, os mortos continuavam tendo as mesmas necessidades das que tinham quando vivos. Por isso os mortos eram sepultados usando os objetos que mais adoravam, além de colocarem alimentos sobre suas sepulturas. A falta de explicação para este fenômeno foi o que levou muitas sociedades, especialmente os egípcios na antiguidade clássica, a acreditarem na vida após a morte. Daí os cuidados para que o corpo não se desintegrasse, prática esta que acabou se tornando uma peculiaridade dos egípcios com seus processos de mumificação. Os chineses, devido à crescente expansão demográfica e à falta de espaço físico, optaram, também, pela cremação. Antigamente, as sepulturas eram feitas nas igrejas e no seu entorno, porém também ficaram lotadas, obrigando outras soluções, como os cemitérios análogos. Pensando em conservar os túmulos, a igreja fez com que o cemitério fosse construído ao seu redor. Para SCHMITT (1999), o cemitério é formado por um muro onde o bispo realiza visitas constantes para conservá-lo e, assim, separar o espaço sagrado do espaço profano e impedir que os animais invadam o cemitério. No Brasil, até a primeira década do século XIX, os mortos eram sepultados apenas usando um manto que compreendia o corpo. Nota-se que não havia cuidados com a higiene no Brasil Império. Nas necrópoles destinadas aos escravos nas principais cidades brasileiras, os corpos eram lançados em jazigos muito rasos e, depois de certo tempo, os cadáveres


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ficavam expostos ao ar livre. Assim, a população ficava à mercê pacificamente dos odores exalados pelos mortos. Quando a preocupação com a higiene passou a ser tema central no império brasileiro, a partir da segunda metade do século XIX, o que já era fato na Europa passou a ser seguido no Brasil, reorganizando o espaço e a analogia dos mortos com os vivos. Segundo REIS (1991), uma organização civilizada do espaço urbano exigia que a morte fosse higienizada, principalmente que os mortos fossem retirados de entre os vivos e postos a descansar em cemitérios extramuros. Dentro dessa nova visão, os cemitérios prontamente se afastaram das cidades, estabelecendo a divisão dos vivos e mortos.

3.2.1 Cemitérios e a legislação

Desde 1997, há uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que dispõe dados referentes à localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras. O mesmo CONAMA, em 2003, noticiou uma resolução exclusiva sobre o licenciamento ambiental de cemitérios (número 335, alterada em 2006 através da Resolução 368). As documentações necessárias para que as necrópoles se ajustem às questões ambientais estão definidas no Art. 3° da Resolução, na fase de Licença Prévia do licenciamento ambiental. Em seu parágrafo 1°, realça a questão de que é proibida a construção de cemitérios em Áreas de Preservação Permanente ou em outras áreas que exijam desmatamento de Mata Atlântica primária ou secundária, em estágio médio ou avançado de regeneração, que apresentem cavernas, sumidouros ou rios subterrâneos, bem como naquelas que apresentem uso restrito pela legislação vigente, exceto quando a lei expressamente prevê. Cabe ressalvar que,muitos cemitérios brasileiros já existiam no período em que foi publicada a Resolução CONAMA 335/2003. Dessa maneira, trouxe na sua envergadura normas para regulamentar o caso, estabelecendo um prazo de 180 dias para que os cemitérios já existentes se adequassem às exigências junto aos órgãos ambientais reguladores, devendo ser analisados especificamente os problemas de cada um.


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Para construir um cemitério antes desta Resolução, era necessário apenas possuir a licença, e no final da obra se fazia a verificação e análise para verificar se o projeto apresentado tinha sido cumprido. Os cemitérios que vieram a ser construídos após a consolidação da Resolução 335/2003 devem se submeter às etapas do licenciamento, ou seja, devem adquirir a licença prévia, de instalação e de ocupação. A não execução das regras acarretará responsabilidades civis, penais e administrativas, bem como multas diárias e outras obrigações (arts. 14 e 15 da Resolução CONAMA 335/2003).

3.2.2 Tipos de cemitérios

Os cemitérios, muitas vezes, são comparados com um caráter particular de aterro, ou seja, uma gama restringida de matéria orgânica abaixo da terra. Este conceito mudou, atualmente há cemitérios horizontais, constituídos pelos tradicionais e os parques, além dos cemitérios verticais.

3.2.2.1 Cemitérios tradicionais

Formados por vias pavimentadas, túmulos semienterrados, mausoléus, capelas com altar, crucifixos e imagens, monumentos funerários revestidos de mármores e granitos, com pouca ou nenhuma arborização. Geralmente os corpos são enterrados diretamente no solo. A vantagem é a decomposição facilitada em decorrência do contato do corpo com a terra. Tornase vulnerável a uma possível contaminação de águas superficiais e subterrâneas, além do alto custo e do solo e ambiente adequado, pois as chances de proliferação dos insetos transmissores de doenças são consideráveis (PALMA; SILVEIRA, 2010).


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FIGURA 5 - Cemitério tradicional.

FONTE: Central da Cultura.

3.2.2.2. Cemitério parque

Formado por gavetas no solo, acobertados por gramados e árvores, livres de construções tumulares. Os sepultamentos são feitos por tumulação e os jazigos são identificados por uma pequena lápide, rente ao chão. Um dos principais proveitos deste tipo de cemitério é que, independentemente da classe social, a apresentação das sepulturas é uniforme, com aspecto menos ríspido que as necrópoles tradicionais. Muito utilizado atualmente como forma de coerência dos cemitérios no ambiente urbano. É pior com relação à ausência de tratamento do necrochurume e dos gases, a influência nas águas subterrâneas e a utilização de várias gavetas a baixas profundidades. FIGURA 6 – Cemitério parque.

FONTE: Complexo Crematório Max Domini.


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3.2.2.3 Cemitério vertical

Sem tocar a terra, este tipo de cemitério é construído de forma vertical e acima da superfície do terreno. Neste tipo de necrópole, a sepultura é feita separadamente em gavetas, de forma que um fique ao lado do outro e juntos formam um andar. A circulação social é feita pelas escadas, corredores ou até mesmo elevadores. Os principais benefícios deste tipo de cemitério é que utiliza uma menor cavidade, baixa exigência quanto ao tipo de solo, não há interferência do necrochorume nos resíduos, bem como nas águas subterrâneas. Como desvantagens entram em questão a liberação de gás sem tratamento e a necessidade de maiores cuidados na construção, para evitar vazamento de necrochorume e ocasionais emissões de odor. FIGURA 7 - Cemitério vertical.

FONTE: Memorial Santos.

3.2.2.4. Crematórios

Local onde ocorre a incineração de cadáveres. É composto por fornos com filtros para a retenção de material particulado e se cremam corpos em cabines isoladas. Cada óbito permanece durante uma hora no forno, e após esse tempo sobram apenas as cinzas, que são entregues aos familiares em uma urna apropriada.


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Existem muitas conveniências neste método, sendo elas a não interferência do necrochorume nas águas subterrâneas, a destruição de micro-organismoss que poderiam intervir no ambiente e a ocupação de pequena área. FIGURA 8 - Crematório.

FONTE: Haycombe Crematorium Bath.

3.3 CREMAÇÃO

O ato de cremar é milenar, teve início na Idade da Pedra em boa parte da Europa. Foi praticado no início do Cristianismo e perdurou durante anos entre as civilizações. O fogo, tempos antes da Era Cristã, era considerado um deus e a crença na cremação ganhou mais força quando o elemento fogo passou a representar poder. Acreditava-se que ele purificava os corpos ao mesmo tempo em que o fogo exercia proteção contra maus-tratos dos espíritos, bem como as mutilações que ocorriam durante guerras e conflitos. Era proibido para os suicidas, pois era considerado um ritual sagrado, assim como não poderiam ser cremadas crianças que não possuíam a dentição e pessoas atingidas por relâmpagos, pois estas poderiam contaminar o fogo. Em países nórdicos, acreditava-se que a cremação era um ritual exclusivo para líderes e chefes de comando. Segundo a Organización de Estados Iberoamericanos – OEI (2002), até o século XIX as doutrinas cristãs vedaram o ato de cremar, pois se acreditava que, extinguindo o corpo, não seria possível ressuscitar.


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Por antecipar o processo de decomposição humana pela combustão e resultar em restos mortais neutros e livres de micro-organismos, a cremação acaba sendo tida como uma solução verde frente à disposição dos corpos em túmulos e lóculos, já que não há a liberação de efluentes que decorrem da putrefação e também não há a necessidade de construção de jazigo (PACHECO, 2012). É considerado o método mais eficaz para resolver as questões urbanas e territoriais, levando em conta as vastas áreas urbanas ocupadas pelos cemitérios nas cidades, espaço este que poderia ser utilizado de forma diferente. Além de respeitar o indivíduo, a pessoa não fica sujeita ao abandono no cemitério e os familiares não ficam sujeitos à conservação e manutenção de túmulos, faz uso de apenas uma pequena área. Dificilmente a população conhece os impactos ambientais e danos à saúde pública gerada pelos cemitérios. A degeneração da matéria orgânica origina um líquido visguento, de cor cinza-acastanhada e com odor acre e fétido, o necrochorume (MACEDO, 2004; RODRIGUES, 2003). Deste modo, os cemitérios são celeiros de dejetos humanos que carecem de uma destinação correta, pois a deterioração dos mesmos pode instituir inúmeros focos de contaminação.

3.3.1 Cremação e as diversas culturas e religiões

A religião influencia diretamente na formação das pessoas, dando diretrizes e orientando. Muitas das religiões são reconhecidas desde os primórdios das civilizações, mas não se sabe qual delas é correta, então cabe a cada indivíduo decidir qual atende sua necessidade. Até o século XIX, as doutrinas cristãs vedaram o ato de cremar, pois se acreditava que extinguindo o corpo não seria possível ressuscitar (OEI – Organización de Estados Iberoamericanos, 2002). O cuidado com os corpos dos mortos sempre foi uma questão cultural. Desde a antiguidade, há registros de que as sociedades enterravam os defuntos e outras que preferiam queimá-los. Na Grécia Antiga, em épocas de guerra, com a necessidade de trazer o soldado de volta para sepultá-lo em seu país, a cremação era muito comum. Para os escandinavos, por motivos religiosos, acreditava-se que queimando o corpo, a alma era liberta. Os hindus e


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budistas o fazem pela higiene da prática. No Japão, trata-se de uma prática milenar, adotada pela maioria da população (BRUSTOLIN, s/d). As objeções de algumas tradições religiosas derivam do fato de conceberem o corpo na sua sacralidade, e a cremação seria a profanação a esse invólucro do ser. Para os persas, por exemplo, cremar é o maior insulto ao princípio da vida. O judaísmo não aconselha, pois o costume é enterrar os mortos na terra ou em túmulos de pedra, e contemplam essa prática com horror. O Islamismo proíbe a cremação voluntária. Seguindo a tradição judaica, o Cristianismo afeiçoou a prática do sepulcro, porém a proibição ocorreu quando, em várias ocasiões, a fé na ressurreição dos corpos era posta em dúvida (BRUSTOLIN, s/d). O Código do Direito Canônico, Cânon N. 1176 e a Congregação Romana para a Doutrina da Fé, de 8 de maio de 1963, mencionam que a cremação não interfere nas tradições da Igreja Católica e, como se diz popularmente, “do pó viestes e ao pó retornarás” (RODRIGUES, 2002 apud CEMENTERIO PARQUE VALLES DEL TUY, 2002).

3.3.2 Cremação e o meio ambiente

Dentre os diversos motivos que estimulam o aumento do número da incineração de corpos, o cuidado com os impactos ambientais faz-se presente como um deles. A complexidade ambiental que envolve os cemitérios gera alternativas que acenam com menores impactos, como a prática de cremação. O costume de cremar os mortos tem ascendências tanto religiosas quanto higiênicas ou até mesmo carência de espaços físicos. Nesse contexto, entende-se por cremar o ato de reduzir o corpo a cinzas. Este processo inibe a formação do necrochorume, líquido gerado pela degeneração do corpo humano. Os defuntos podem significar perigosos poluentes através do processo de decomposição, que ao todo leva em média dois anos e meio, gerando este viscoso líquido. A cremação não libera fumaça em seu processo. De modo geral, o procedimento ocorre a temperaturas de 900°C, com duração de duas horas e captura de gases liberados pela queima. Dessa forma, a queima de corpos é a solução póstuma de menor impacto ambiental, pois não gera resíduos convencionais com potencialidade de contaminar o ambiente, tanto na terra quanto na atmosfera. (KEMERICH; UCKER; BORBA, 2011).


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A prática de cremação tem vantagens também quanto à eliminação de microorganismos patogênicos que o enterro convencional apresenta. As altas temperaturas da cremação eliminam por inteiro essas fontes naturais de poluição. O processo de cremação puro e simples evita a existência de um corpo para se decompor. Porém, ainda há a poluição provocada pelas urnas de cinzas que, muitas vezes, são lançadas ao mar ou em um determinado local indicado pelo falecido. Para evitar esta situação, já pode ser adquirida em alguns crematórios uma linha específica de urnas de cinzas que não agridem o meio ambiente. Portanto, o material, produto da cremação, fica inerte e estéril. Não provoca nem transmite doenças. No caso da urna biodegradável, que é feita de areia, pode ser tanto sepultada quanto lançada ao mar, sendo que nas duas ocasiões ela se integra ao meio, se dissolvendo na água ou virando parte do solo. Já a urna hidrossolúvel, o objetivo é o mesmo: que ela se dissipe na água. “É feita com papel reciclado que se dissolve em pouco tempo, espalhando as cinzas na água” (COOPER, 2012).

3.3.3 Vantagens e desvantagens

A superlotação de cemitérios e os cuidados com o meio ambiente são as principais vantagens deste método. Atualmente, 8% dos cidadãos brasileiros são cremados, segundo as análises feitas pela Cremation Society e pela PUC (Laboratório de Estudos e Intervenção sobre o Luto). Este número ainda é tímido comparado a países como o Japão, que crema 99% dos seus mortos, e da Inglaterra, com 80% (COOPER, 2012). Segundo Cooper (2012) e ressaltado por LOPES (1882), a cremação é muito econômica. Este benefício é um dos mais importantes. Por exemplo, se a cidade do Rio de Janeiro admitisse a cremação como método geral de sepultura, necessitaria de um crematório que bastaria conter três fornos e algumas salas. Se comparado o espaço que ocupa um crematório com o que ocupam os vastos cemitérios, notar-se-á que o método de cremação necessita de um espaço relativamente exíguo. É indicado para combater o problema da superlotação nos cemitérios, mas isso esbarra em questões culturais e religiosas. Devido à falta de jazigos, houve um acréscimo no uso deste


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método nos últimos anos, porém ainda representa uma parcela mínima do total de pessoas mortas (FELICIONI; ANDRADE e BORTOLOZZO, 2007). A cremação pode servir aos mais variados tipos de religiões e, portanto, servir a todos em um projeto ecumênico. A igualdade absoluta entre os homens na derradeira morada sem distinção econômica, social, de raça, credo religioso ou de qualquer natureza propicia um ambiente próprio para os momentos de evocação, sem causar traumas, já que o cemitério convencional tem impactos ambientais, psicológicos e químicos (GONZAGA e VALQUES, 2003) Contudo, Palma e Silveira (2010) contam que existem desvantagens na instalação de crematórios, como a produção de substratos na queima de corpos e também a pouca aceitação por questões sociais, religiosas e culturais. Quanto às desvantagens deste sistema, entra em pauta a produção de detritos na queima dos corpos e também a escassa anuência por questões, novamente, sociais, religiosas e socioculturais.

3.4 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

Aqui, serão definidos procedimentos que facilitarão na elaboração da proposta projetual do crematório e cemitério parque da cidade de Francisco Beltrão.

3.4.1 Procedimento técnico

Este trabalho utilizará como cabedal metodológico a pesquisa bibliográfica, levantamentos de campo e análise de correlatos que serão alicerces de um projeto arquitetônico. Quanto à pesquisa bibliográfica (livros, revistas e dados de pesquisas científicas), para Lakatos e Marconi (1991, p.183): ...abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais; filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador


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em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas.

Para MANZO, a pesquisa bibliográfica “oferece meios para definir, resolver não somente problemas reconhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente” e tem por objetivo permitir ao cientista “o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações” (TRUJILLO, 1974, p. 230). Sendo assim, a busca de fontes que amparem o desenvolvimento do estudo foi realizada em meio às temáticas da pesquisa. Assim, acredita-se que a busca por informações contribuirão para a elaboração da proposta projetual de forma adequada aos anseios dos cidadãos, bem como ao campo da arquitetura e urbanismo.

3.5 CORRELATOS

Até este momento foram apresentados o tema da presente pesquisa e a relação do projeto com a arquitetura, ou seja, conceituou-se o leitor para dentro deste espaço arquitetônico e o valor que o mesmo agrega a quem utilizar desta arquitetura. Os correlatos são alicerces para elaboração da proposta projetual, sendo apresentadas obras semelhantes com a intervenção, sendo feita ao final uma crítica das características ressaltantes de cada obra que pode colaborar com a concepção do projeto. Neste capítulo serão apresentados três correlatos com a quantidade de informações sobre cada um de acordo com a influência que os mesmos terão sob a elaboração da proposta do crematório e cemitério parque para o município de Francisco Beltrão.

3.5.1 SK2 - Forest Crematorium

O projeto surgiu a partir de um convite feito pela cidade de Estocolmo, na Suécia, para elaborar o novo crematório para o cemitério de Woodland. O concurso foi proposto pelo departamento que cuida da administração cemiterial da


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cidade de Estocolmo, que decidiu mudar as instalações de cremação do antigo edifício para um novo, onde deverá haver conexões funcionais e técnicas necessárias entre ambos os edifícios. O antigo crematório, obra dos arquitetos Gunnar Asplund e Sigurd Lewerentz, com suas três capelas continuará sendo o cenário principal para realizar os serviços de cerimonial e a nova edificação ficará a uma distância respeitável, de modo a não prejudicar a definição do crematório atual e da sua relação com a floresta. Foram escolhidos cinco escritórios de arquitetura para realizar o projeto, sendo eles: Caruso St John Architects LLP, White arkitekter AB, BIG ApS, Johan Celsing arkitektkontor AB e Tadao Ando Architect & Associates. A proposta projetual do escritório Bjarke Ingels Group (BIG) consiste em criar, atrás do crematório já existente, o novo crematório em uma pequena clareira no interior da floresta virgem. O novo edifício tem por objetivo a presença religiosa que faz parte do conjunto de composição do bosque do cemitério. FIGURA 9: SK2 - Forest Crematorium.

Fonte: Bjarke Ingels Group (BIG), 2009.

3.5.1.1 Aspecto formal

A ideia central era organizar a rede que conecta o novo prédio com o crematório já existente e as capelas, bem como o resto do cemitério bosque. Foram propostos três caminhos


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até chegar à clareira: dois deles são designados aos pedestres que se cruzam já na clareira e um é destinado a veículos que fará o caminho de ida e volta da clareira. Nessa interseção foi imaginado o novo crematório: como uma clareira dentro da floresta ao invés de um simples elemento edificado. Os caminhos que se cruzam seriam feitos entre o solo e o subsolo, descendo lentamente enquanto um chão se abre para o caminho da luz e dos ventos. Percebe-se então que a forma surge a partir desta interseção entre os caminhos, e se eleva dentro do bosque o edifício em forma de clareira imaginado pelo arquiteto. FIGURA 10: Diagrama de composição formal.

FONTE: Bjarke Ingels Group (BIG), 2009.

3.5.1.2 Aspecto funcional

A cruz ligeiramente deslocada permite que a paisagem flua em forma de quatro telhados verdes inclinados, circundando uma compensação mínima. Abaixo dos telhados inclinados há quatro ambientes interconectados onde se acomodam os quatro elementos do processo de cremação em um único circuito: do transporte do caixão para a área de armazenamento, de onde este irá para a área de cremação para serem realizados os procedimentos de manuseamento e armazenamento de cinzas na urna, para, por fim, acabar nas instalações para os funcionários.


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FIGURA 11: Diagrama de setorização.

FONTE: Bjarke Ingels Group (BIG), 2009.

Os caminhos que se cruzam são compensados em uma formação mill-like, criando um pequeno pátio nas suas intersecções, enchendo o coração do crematório. FIGURA 12: Pátio formado pelos caminhos cruzados.

FONTE: Bjarke Ingels Group (BIG), 2009.

3.5.1.3 Aspecto construtivo

Com os caminhos traçados, determinantes para a formação da ideia principal, a topografia deverá ser modificada para abrir a clareira e assim executar as lajes e estruturas em


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concreto armado. Para que a luz, símbolo da vida e da morte, seja transmitida para o interior da obra, propõe-se a implantação de painéis em vidro para vedação externa. Já para a vedação interna, a opção é utilizar placas cimentícias revestidas por pedra nobre. FIGURA 13: Placas cimentícias revestidas.

FONTE: Bjarke Ingels Group (BIG), 2009.

3.5.2 Crematorium Baumschulenweg

O projeto foi elaborado pelo escritório Shultes Frank Architeckten para a cidade de Berlim, na Alemanha. Consiste na elaboração projetual de um crematório que eleva o valor simbólico da luz na sua edificação.

3.5.2.1 Aspecto formal

Ao adentrar no cemitério suburbano de Berlim pela guarita e após uma curta caminhada ao longo de um pátio arborizado, os visitantes se confrontam com a silhueta simétrica do crematório. A ausência de portas ou fenestrações convencionais no exterior do edifício cria uma incerteza na interpretação da escala do prédio. Por mais que a composição da fachada seja tida como um único andar, são abrigados três pavimentos na edificação. Elementos em concreto para constituir suas paredes planas,


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piso térreo elevado e uma laje para formar o telhado definem a forma retilínea do projeto (CHARLESON, 2005). FIGURA 14: Crematório Baumschulenweg, Berlim, Alemanha. Elevação frontal.

FONTE: CHARLESON, 2005, p. 14.

Acima dos dois portais que formam a entrada há uma fenda nas laterais do telhado, que revela um vislumbre do céu, onde um comentarista refere tal fenda como “um prenúncio do fim do sofrimento” 1, e estas seguem por todo o edifício. Mesmo de longe, os visitantes conseguem observar a descontinuidade que o rasgo forma na laje do telhado. Embora a materialidade seja comum e a coerência da linguagem arquitetônica una-os visualmente, as fendas que cortam o edifício transformam-no em três estruturas independentes (CHARLESON, 2005).

3.5.2.2 Aspecto funcional

Através de um estudo da planta principal, nota-se que há uma subdivisão tripartida longitudinal – pórticos frontal e traseiro, e entre o espaço formado pela grande capela e as outras duas menores – que configura um grande hall de condolências centralmente locado (CHARLESON, 2005).

1

Russell, J. S. Evoking the infinite. Architectural, 2000. Record, p. 224–231.


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As paredes estruturais estão transpostas com aberturas generosas que separam o chão e escondem as capelas do salão. Dentro de cada zona longitudinal, as paredes estruturais subdividem o espaço transversalmente. Na zona central, as paredes delimitam o hall de condolências do lado onde estão locados os quartos e o forno crematório. Já nas zonas dianteira e traseira, as paredes desempenham papéis similares em que separam a circulação e área de serviço da capela. Observa-se que as paredes estruturais dominam a planta, delineamento várias funções. Somente no hall de condolências que os arquitetos introduziram outra linguagem estrutural (CHARLESON, 2005). FIGURA 15: Planta baixa.

FONTE: CHARLESON, 2005, p. 15.

As colunas compreendem o principal elemento arquitetônico do interior da obra; sua escala monumental combinada com a estratégia de iluminação incomum resulta em um ambiente especial, próprio para tal função. A implantação de pilares “aleatórios” lembra as características espaciais de uma floresta nativa. As largas colunas dispersas uma da outra interrompem a óbvia circulação linear pelo corredor, onde é necessário serpentear por entre elas (CHARLESON, 2005). Um dos maiores espaços dentro do crematório encontra-se em frente à grande capela do crematório. Inibidos por colunas de 11m de altura, os enlutados se reúnem para consolar uns aos outros. As colunas servem para facilitar esta interação em virtude da sua presença envolvente ou provêm oportunidades para o anonimato. Elas relembram a fragilidade humana, mas também podem ser uma fonte de garantia das condições simbólicas e físicas de força e


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proteção. Sua escala sugere um sentimento de temor ao invés de intimidação (CHARLESON, 2005). FIGURA 16: Estratégia de iluminação natural e colunas.

FONTE: CHARLESON, 2005, p. 17.

3.5.2.3 Aspecto construtivo

As paredes dominam o exterior da edificação, funcionando como estrutura e revestimento ao mesmo tempo. As paredes laterais possuem cerca de dois metros de espessura, porém são ocas: os portais de entrada levam às salas por dentro destas paredes. Em outros lugares do edifício, as arestas relativamente finas das paredes e as lajes expostas expressam a linguagem estrutural dominante e se repetem no interior da caixa como módulos que abrangem as três capelas. As lajes do teto, ao longo destes três espaços, também são encaixadas e permitem a entrada de luz através da fenda formada com vidro (CHARLESON, 2005) A introdução magistral da luz natural intensifica a superioridade que a estrutura interior possui. Em cada junção laje-pilar que ocorre no telhado, uma área de conectividade estrutural crítica é anulada pela interrupção de uma viga estreita de concreto para, assim, a luz natural entrar e lavar as superfícies da coluna. A luz do dia ilumina longitudinalmente as paredes de forma similar. As ranhuras adjacentes às paredes desprendem a laje do seu apoio, sendo assim, onde as forças de cisalhamento são geralmente maiores param sobre a laje, transferem-se para as vigas em balanço, onde, por fim, são descarregas sobre as colunas (CHARLESON, 2005).


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3.5.3 Cemitério de Monchique

Construído com caráter inovador, o cemitério de Monchique, localizado no distrito de Braga, em Portugal, traz uma nova abordagem aos locais destinados ao sepultamento, combinando o tradicional com o contemporâneo. A Câmara Municipal de Guimarães, em Portugal, solicitou a elaboração de uma solução arquitetônica para o cemitério municipal, em que este rompesse com a imagem tradicional de um cemitério comum. Tal solução foi elaborada pelos arquitetos Pedro Mendo e Maria Manuel Oliveira, inaugurada em 2004 e obteve auxílio do paisagista Daniel Monteiro. FIGURA 17: Implantação do cemitério de Monchique.

FONTE: Google Maps, 2013.

3.5.3.1 Aspecto formal

Sendo privilegiado por um terreno com forma côncava, houve liberdade de expressão na elaboração da proposta projetual deste cemitério, para o qual se adotou a leitura em forma de anfiteatro, proporcionando uma visão panorâmica para a cidade de Guimarães. Um fato considerado ousado é a vista singular que o terreno possui da cidade, que se interpreta de duas maneiras: o tradicionalismo português que defende a imortalidade da alma


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de um corpo morto ou a relação que existe entre a vida e a morte, e a oscilação de uma cidade que evolui em contrapartida à quietude da morte. Por estar afastado da malha urbana, manipularam-se os acessos para compor a proposta, tornando o trecho que liga a cidade ao cemitério acentuado e sinuoso, que acompanham a costa e enaltece o espaço, bem como a topografia do local é manuseada de forma que demonstre a diversidade que a natureza oferece. FIGURA 18: Vista panorâmica feita no cemitério de Monchique.

2

FONTE: Nicky , 2007.

3.5.3.2 Aspecto funcional Respeitando os socalcos3 da clássica Quinta de Monchique, a escolha projetual não só conserva a composição topográfica como utiliza uma série de linhas de água, que desaguam sob um lago e em vários espelhos intencionalmente posicionados pelo local. O cemitério adota uma hierarquia para compor o espaço, onde se nota a presença da simetria e do equilíbrio geométrico em contrapartida dos percursos orgânicos informais. Ao instituir caminhos que estão ligados a um eixo principal, criaram-se certos espaços, também chamados de talhões, que organizam espacialmente o cemitério. Toda área destinada ao cemitério foi desenvolvida em plataformas e cada uma possui uma tipologia distinta de sepultamento, dentre elas as formas tradicionais de inumação e outras práticas relativas ao cemitério que ganharam espaço na sociedade contemporânea plural e diversificada.

2

Cemitério Municipal de Monchique, Guimarães. Disponível em: <http://www.maquetices.blogspot.com.br/2007/10/1-trabalho-pratico-texto-reflexivo.html> Acesso em 04 de junho de 2013 3

Plataformas cortadas nos morros, de espaço à espaço, para que formem degraus.


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3.5.3.3 Aspecto construtivo

Nota-se que o cemitério está situado em uma área isolada da malha urbana, desta forma não há interferência na rede de abastecimento de água municipal, um dos maiores problemas dos cemitérios localizados nos centros urbanos. As tipologias tumulares seguem o padrão referido no Artigo 1º do Regulamento dos Cemitérios Municipais, Edital nº 60/84, que afirma que os cemitérios destinam-se à inumação dos restos mortais dos indivíduos na área do Conselho de Lisboa. Cada indivíduo tem por direito uma sepultura individual, porém não há restrições contra o tipo de sepultamento. Há três tipos distintos de sepultamento: deterioração causada pelo tempo, em que a inumação é feita no jazigo; deterioração ocasionada pela decomposição na terra; e a cremação, na qual o corpo reduz-se ao pó. A capital de Portugal padronizou as dimensões das covas e, de acordo com o Artigo 1º do Regulamento dos Cemitérios Municipais, Edital nº 60/84 de Lisboa, as covas destinadas aos adultos devem possuir no mínimo 2m de comprimento, 0,65m de largura por um 1,15m de profundidade. Já para as crianças as medidas mínimas são 1m de comprimento, 0,55m de largura por 1m de profundidade. Este padrão é adotado por grande parte dos demais cemitérios, além do cemitério de Monchique.

3.5.4 Contribuição dos correlatos

A partir dos correlatos apresentados, nota-se como cada grupo de arquitetos aborda o tema de acordo com a realidade em que trabalha. Cada correlato tem algo que contribuirá para a elaboração da proposta projetual do crematório e cemitério parque, desenvolvidos a partir desta pesquisa no segundo semestre. O escritório BIG elaborou uma proposta projetual pensando no entorno, em que o elemento a ser edificado pertença à paisagem, que se integre com a natureza e não um simples edifício construído. Usou a função como principal mecanismo ao constituir a forma, através de caminhos pensados para uso exclusivo dos pedestres, idealizou os edifícios ao redor usando a setorização.


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No crematório do escritório Shultes Frank Architeckten, o uso de colunas aliadas à escala monumental, a luz e o concreto são elementos que transmitem aos enlutados, ao mesmo tempo em que eles se sentem frágeis pela perda, uma garantia de proteção. Ao analisar os correlatos, chegou-se à conclusão de que o uso do concreto como principal material de construção se deve ao fato de ele representar peso e força – o peso da morte em contrabalanço à vida representada pela luz, também elemento chave da composição espacial do projeto, adotada por todos para criar uma simbologia que marque o espectador. Na proposta projetual, foram utilizados dois eixos que formam uma cruz como principal ligação do terreno com o crematório e do crematório com o cemitério parque; uso de rasgos na laje para incidência da luz, que de forma singela adentra ao edifício proporcionando sensações únicas; caminhos nas lajes, para que o edifício interaja com o usuário; e utilização da topografia a favor do projeto no cemitério, ao invés do tradicional plano.

3.6. PARTIDO ARQUITETÔNICO

Serão expostas nesta etapa as intenções a serem exploradas no projeto, qual a intenção da luz, o porquê da arquitetura minimalista como inspiração e o uso dos cinco elementos da natureza.

3.6.1 Movimento minimalista

Buscou-se, para compor este projeto, o movimento minimalista. Esta arquitetura não possui um estilo definido, mas uma estética que recebe influência de todos os tipos. Surgiram, em meados do século XX, os primeiros indícios de um desenho mais simples aplicado em espaços residenciais. É o novo realismo, mais tarde conhecido como estilo Bauhaus, que exerceu uma crescente influência na arquitetura, na arte e no desenho (SIRTOLI, 2013). Caracteriza-se por construções formadas por poucas linhas, expressa funcionalidade através de formas geométricas bem desenvolvidas, fascina por sua arquitetura ser limpa, clara,


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com poucos enfeites. É projetada por arquitetos amantes da singeleza das formas primitivas, capaz de combiná-las de maneira neutra e única (SIRTOLI, 2013). Os arquitetos e designers dessa escola eram precisos e dogmáticos, obcecados pela excessiva geometrização da forma e pela ordem promovida pelos grids de controle da composição (CAUDURO, 2000).

3.6.2 Luz como arquitetura

Quem disse que o mundo se divide entre luz e escuridão não conhece o prazer do pôr do sol e da aurora, zonas de passagem, de luz intermediária, belíssimas porque são incertas (PONTES, 1999, p. 23). Outro fator explorado para a elaboração da proposta projetual é a luz e a sua simbologia na arquitetura. De acordo com Nelson Solano Vianna, cerca de 70% da percepção humana é visual. Ela faz parte da vida, do cotidiano e do modo de habitar. Para Serrat (2006), desde que o homem nasce se submete ao ritmo da natureza, da existência do dia e da noite, são estes elementos que geram condições necessárias para que ele se sinta pertencente ao próprio tempo. O homem, como um ser predominantemente visual é mais fortemente afetado pela luz do que por qualquer outra sensação. Forma e cor determinam a percepção do entorno físico através dos olhos, e nos dão uma mais clara e vívida impressão do espaço do que os sensos táctil, auditivo e olfativo (WALTER KHOLER).

A expressividade talvez tenha sido o tema mais discutido pelos arquitetos modernistas que estavam preocupados em recuperar a emoção perdida pelo racionalismo rigoroso que se opõe ao frio pensamento funcionalista, atribuindo à luz aspectos relevantes de expressão (BARNABÉ, 2002). Na poética do racionalismo, é a luz pura que triunfa para dissolver as sombras e os claros-escuros, considerados projeções das obscuridades que dominam o espírito humano. Esse comportamento conduz à eliminação da expressividade material da luz e a substitui por uma mais fria e abstrata. Contrários a esta postura, alguns arquitetos restituem a emoção aos ambientes e utilizam a luz como matéria construtiva, produzindo espaços virtuais.


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Considerada novamente como matéria própria da arquitetura, igual ao tijolo ou ao mármore, é capaz de se transformar em um elemento linguístico no momento inventivo do projetar, retornando não só como um material específico, e sim como a própria arquitetura. Releva a poesia do espaço para o homem. Junto com a sombra, cor e textura, são consideradas condicionantes projetuais que requerem um grande exercício de abstração intelectual, já que exige que se tenha em mente a imprevisibilidade da luz (BARNABÉ, 2002). É a luz que produz a sensação de espaço. O espaço é aniquilado pela obscuridade. A luz e o espaço são inseparáveis. Se a luz é suprimida, o conteúdo emocional do espaço desaparece, tornando-se impossível de perceber... a essência do espaço se faz na interação dos elementos que o limitam (GIERDION, 1986, p. 467).

A luz invade e permeia a realidade externa definindo contornos, tornando visíveis e perceptíveis os espaços e os objetos com os quais as pessoas entram em contato. A arquitetura vive dessa entidade aparentemente imaterial se define com ela não só como realidade, mas também como um jogo carregado de significados, de sensações e de mensagens. Para os mestres, o foco da arquitetura não era apenas o útil, ou soluções práticas aos requisitos de um espaço coberto, mas respondeu a uma necessidade mais profunda do espírito: construir um habitat qualificado, no qual a luz também se manifesta em um sistema de relações que transcende ao mero dado material das construções.

3.6.3 Cinco elementos

Esta teoria considera que a natureza é constituída de cinco elementos básicos: madeira, fogo, terra, metal e água, existindo entre eles uma relação de independência, gerando assim um estado de constante movimento e mutação. A Madeira corresponde à Primavera, sendo associada ao nascimento; o Fogo corresponde ao Verão e está associado ao crescimento; o Metal corresponde ao Outono, associado à colheita; a Água corresponde ao Inverno e está associada ao armazenamento; a Terra corresponde à estação anterior, associada à transformação (Maciocia, 1996; p.25).

Os elementos geram-se mutuamente na seguinte forma: a madeira gera o fogo; o fogo gera a terra (sua combustão produz cinzas); a terra gera o metal (estes nascem na terra); o


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metal gera a água (quando se liquefaz); a água gera a madeira (pois a nutre) e a madeira gera o fogo (ao se queimar), fechando o ciclo. Quanto ao elemento gerador, denomina-se de “elemento mãe” e o elemento gerado é denominado de “elemento filho”. Por exemplo, a madeira é filha da água e mãe do fogo. Este constante movimento de geração levaria o universo a um desiquilíbrio. Para frear esse processo, há a lei da dinâmica agindo simultaneamente, em que a madeira domina a água com suas raízes que a penetram; a terra domina a água, absorvendo-a; a água domina o fogo, apagando-o; o fogo domina o metal, fundindo-o, e o metal domina a madeira como a lâmina do machado que corta a árvore (SILVA, s/d). A utilização dos cincos elementos no projeto remete ao significado do constante ciclo da vida: se nasce, cresce e morre. Os cinco elementos encontram-se nos edifícios. O bloco do crematório remete ao fogo, pois este elemento não representa apenas a destruição, ele é energia, é algo vivo, e a partir dele se obtém a luz. Segundo Santos (1990), o filósofo Heráclito já acreditava que o fogo era o elemento primordial do universo, que tudo viria e acabaria do fogo. A cremação representa isso, o calor, a luz da vida, que passa por todos os indivíduos, até que esse fogo consuma seus restos mortais. Para o bloco da administração do cemitério, a escolha foi o elemento terra: representa estabilidade e força, pois é do trabalho na terra que o homem tira seu sustento. A água é o elemento que compõe a capela, por ser o símbolo da vida. É um elemento versátil, que se adapta para seguir seu curso e, se necessário, torna-se quase etéreo ou extremamente rígido. No cemitério vertical, usou-se o metal, pois oxida e enferruja, é perene como a vida que envelhece e se esvai. Os caminhos são formados pela madeira; a madeira é um elemento dependente, sobrevive dos nutrientes retirados da terra, da luz do sol e da água; sua função é ligar os blocos que representam os demais elementos.

3.7 DIRETRIZES PROJETUAIS

Aqui serão apresentadas as intenções projetuais do complexo cemiterial formado pelo cemitério parque e pelo crematório, fazendo um breve levantamento histórico da cidade de


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Francisco Beltrão, a análise do terreno onde este será inserido, bem como o partido arquitetônico, aspectos urbanísticos e o programa de necessidades.

3.7.1 Intenções formais e espaciais

A morte é a única certeza da existência humana, independentemente da crença ou descrença de qualquer indivíduo, é certo que a morte um dia lhe tocará. Desde as civilizações mais antigas, como os assírios, sumérios e babilônicos, existiam rituais de preparação dos mortos, o que demonstra respeito até mesmo pela morte ou a perda, mas principalmente pela vida. São estes "rituais de passagem" que fazem o homem lembrar de que está vivo e que deve desfrutar dessa vida antes que a morte lhe alcance. Talvez por essa imagem mental do óbito ser tão sombria, escura e lúgubre, a luz tornou-se um elemento que, para qualquer crença ou religião, simboliza a vida, o espírito, o transcender do ser humano a planos mais elevados. Portanto, acaba por aparecer em diversas culturas como um signo de bondade e vida. Entendendo que a morte é o fim de todo ser vivo e assumindo a universalidade do simbolismo da luz, nada mais natural do que esta se tornar a matéria-prima da proposta de projeto de um edifício cuja função é ser o último abrigo do homem e que acima disso deve trazer conforto aos entes deste. Assim, surge o projeto: blocos de concreto – um material tão duro ao toque quanto aos olhos, que transmite uma ideia de peso, o mesmo peso da certeza da morte –, que se elevam do chão e se abrem, permitindo que os "salões" sejam banhados pela luz, que explode para dentro destes espaços, a fim de mostrar o caminho do "além do túmulo" àqueles que fizeram a passagem e que também aqueça os corações e seque as lágrimas de quem fica aqui. A claridade deve trazer o conforto para aqueles que ainda permanecem neste mundo e demonstrará que aquele que se foi continua a brilhar em suas memórias. Os caminhos diversos, quatro direções formados pelo eixo central da praça, representam os diferentes caminhos da alma para cada religião, ao passo que aceitam visitantes de todos os diferentes lugares e crenças, culminando em uma praça que representa a união das crenças em uma certeza universal, a morte.


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Busca-se na proposta projetual uma coerência com a função do local e o sítio onde este será inserido, sugerindo um espaço de reflexão diferente do que se está habituado a encontrar. A intenção é tornar o local agradável e confortável em horas tão difíceis. Apesar de a morte ser uma presença constante em qualquer sociedade e do desejo de querer manter-se perto de quem já se foi, é mais interessante que os espaços destinados a serem sepulcros fiquem afastados dos centros estruturados da malha urbana. O projeto propõe a construção de um complexo cemiterial, que inclui um crematório e um cemitério parque, localizado nos arredores da cidade de Francisco Beltrão. O complexo servirá à região Sul do país, mais especificamente o Sul-Oeste do Paraná.

3.7.2 Programa de necessidades

O programa de necessidades se deu como alicerce das legislações específicas e em pesquisas desempenhadas via Internet, além da visita in loco realizada ao crematório Vaticano, localizado na capital paranaense, Curitiba. Partiu-se, também, na elaboração do programa de necessidade, dos estudos de caso avaliados anteriormente. BLOCO A: Crematório Para este bloco, três setores precisam ser supridos: serviço, administrativo e comum. Para o setor de serviço, deverão ser previstos ambientes que facilitem o trabalho do operário. O setor administrativo necessita ficar próximo do comum e de serviço, pois está intimamente ligado a ambos. O setor comum está afastado do setor de serviço, para que não haja conflito. Setor de serviço: Sala de cremação com antecâmara: cremação e separação dos restos cremados; Sala de preparo/higienização com depósito de materiais: lavagem, tanatopraxia, conservação dos defuntos e embalsamento; Depósito de ataúdes; Instalações sanitárias – masculina, feminina e P.N.E; D.M.L; Estar para funcionários com quarto para plantonista; Casa de gás.


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Setor administrativo: Administração; Arquivos/almoxarifado; Diretoria; Recursos Humanos; Segurança. Setor comum: Área de espera com instalações sanitárias; Sala para exposição de caixões; Recepção. BLOCO B: Capelas Por ser um bloco que prioriza o público, são necessários ambientes amplos, com boa entrada de luz e vento, e que não haja conflito com o setor operacional do crematório. Área de convivência com instalações sanitárias; Grande capela; Capela; Antecâmara; Salas de velório com área íntima: quatro; D.M.L. BLOCO C: Administração Cemitério Serão realizadas vendas de terrenos e compras de utensílios para o cemitério. Deverá ser setorizado corretamente para não haver conflito entre operários do cemitério e visitantes. Setor administrativo: Administração com instalação sanitária; Arquivos; Sala de vendas. Setor comum: Recepção; Área de espera com instalações sanitárias; Floricultura; Estufa.


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Setor de serviço: Estar para funcionários; Instalações sanitárias; D.M.L; Depósito de equipamentos. BLOCO D: Columbário Destinado a abrigar as cinzas, o columbário servirá para que a família utilize os templos para elaboração de cerimônias em memória ao falecido. Área de espera com instalações sanitárias; Recepção; Columbário: depósito de urnas com restos cremados; Templo: quatro.

3.7.3 Problema da pesquisa

O município de Francisco Beltrão foi escolhido para sediar o crematório por ser considerado polo do Sudoeste do Paraná. Não há nenhuma unidade de crematório nesta região do Estado, surgindo então a possibilidade de implantação dessa tipologia de edificação no intuito de evitar futuros problemas de falta de terrenos nos cemitérios. Fomentando agora a cultura da cremação, existe a possibilidade desta via tornar-se hábito, diminuindo a necessidade de terrenos destinados a servirem de sepulcros, ao ponto que, devido ao fato de muitas culturas e religiões proibirem a cremação, encontra-se também um cemitério na proposta arquitetônica de forma a respeitar todas as diferenças socioculturais.

3.7.3.1 A cidade de Francisco Beltrão

No início do século XX, a descrição em que a cidade de Francisco Beltrão se encaixava era de um “imenso vazio demográfico. Sua população atingia apenas 3.000


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habitantes” (WACHOVICZ, 1985, p. 65), sendo formada por peões de fazendas do município de Palmas - PR e por alguns refugiados da justiça dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A área onde se desenvolveu o povoado, chamado de “Vila Marrecas” (que em 1950 tornou-se município e passou a ser chamado de Francisco Beltrão), foi ocupada com grande intensidade desde o início de 1940, quando o presidente da República à época, Getúlio Vargas, criou a CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório), que tinha por objetivo principal colonizar a região Sudoeste do Estado do Paraná. Para que esta vontade sucedesse, foi necessário incentivar os agricultores oriundos do Rio Grande do Sul: “Cada dia entravam de 10 a 20 famílias, em Francisco Beltrão, muitas delas sem o controle da CANGO” (WACHOWICZ, 1985, p. 200). FIGURA 19: Localização e influência das cidades.

FONTE: IBGE, 2008.

Dada sua criação, o município destacou-se na sua microrregião graças ao crescimento notável impulsionado pela extração da madeira e pela agricultura. Em 1954, tornou-se Comarca (PREFEITURA, 2004). Recentemente foram criados órgão públicos importantes para o desenvolvimento da cidade, sendo eles o IPPUB (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Francisco Beltrão) e o DEBETRAN (Departamento Beltronense de Trânsito), que buscam entender e resolver os problemas de forma coerente com sua nova realidade (PREFEITURA, 2004).


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3.7.3.2 A posição atual da cidade

A cidade de Francisco Beltrão, localizada na mesorregião do Sudoeste do Estado do Paraná, segundo o IBGE, conta com aproximadamente 79.000 habitantes em seus 735km2. Nos últimos anos, o município recebeu investimentos respeitáveis que têm impulsionado seu desenvolvimento, tanto demográfico quanto econômico: um Hospital Regional de grande porte e outro especializado em Oncologia de médio porte (CEONC); a instalação de uma Casa de Detenção Estadual; e diversas instituições de ensino superior, sendo uma delas a UTFPR. Dessa maneira, o município está se expandindo, surgindo problemas de infraestrutura, sendo um deles os cemitérios. A cidade conta com três cemitérios municipais (Cemitério Municipal do Aeroporto; Cemitério Municipal Padre Arthur Vengel e Cemitério Municipal do Pinheirinho), que se encontram superlotados e estão se tornando centrais, o que causa problemas ambientais, urbanísticos e visualmente desagradáveis por causa do vandalismo.

3.7.2.3 Aspectos urbanísticos e geográficos

A cidade de Francisco Beltrão está centralmente situada na região Sudoeste do Estado do Paraná, sob solo formado por relevos variáveis – há áreas praticamente planas (leste ao centro) e declives acentuados (oeste e próximo da divisa com Manfrinópolis) –, em que as altitudes variam em mais de cem metros na área urbana do município. A cobertura vegetal original de Francisco Beltrão é classificada como Floresta Ombrófila Mista; as árvores mais comuns são o pinheiro-do-paraná, angico, cedro, ipê-roxo, ipê-amarelo, canafístula, cerejeira, entre outras. Na malha urbana, a cobertura vegetal é considerada razoavelmente boa, com algumas espécies mais disseminadas, estando entre elas o ligustro, a canela, os ipês e a ana-cauíta. A localização do terreno escolhido para o projeto do cemitério parque e crematório facilita o acesso dos visitantes, já que ao lado encontra-se a Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão e a via de acesso acontece pela BR 483, principal eixo estruturante de tráfego interurbano dentro do Sudoeste paranaense.


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Há uma barreira natural de vegetação (FIGURA 16), que pretende ser explorada como elemento de fator divisor entre as duas principais atividades da proposta: cremação x cemitério. A delimitação da área deu-se de forma a prevenir o problema de espaços destinados ao sepulcro, além de sua amplitude, que traz a imagem mental da imensidão da vida para os visitantes que creem em vida após a morte. FIGURA 20: Terreno escolhido para a elaboração da proposta.

FONTE: Google Maps, 2013.

Devido ao terreno estar localizado na zona rural, a lei de uso e parcelamento do solo e a lei de zoneamento não abrangem a área. Embora não caiba ao Município o zoneamento rural, compete-lhe regular o uso e a ocupação das áreas destinadas à urbanização, ainda que localizadas fora do perímetro urbano, porque estes núcleos irão constituir novas cidades ou ampliação das existentes, e, por isso, devem ser ordenadas urbanisticamente desde o seu nascedouro, para que não venham a prejudicar a futura zona urbana (MEIRELLES, 1994).

3.7.3.4 Legislação

O Código de Obras, na Seção VI, disponível no Anexo 02, define os crematórios e cemitérios como locais onde são velados, cremados ou enterrados os mortos. Deverão ser construídos em áreas elevadas, na contravertente das águas que possam alimentar poços e outras fontes de abastecimento, além de serem dotados de um sistema de drenagem de águas superficiais.


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Segundo o Código de Posturas da cidade de Francisco Beltrão, disponível no Anexo 03, os cemitérios poderão ser particulares ou municipais. Os particulares somente poderão ser realizados mediante concessão do Município. Deverão ser conservados limpos e tratados com zelos, suas áreas deverão ser arrumadas, arborizadas e ajardinadas, de acordo com as plantas aprovadas e disposições legais do Código de Obras da cidade. Para implantar novos cemitérios, o terreno não deverá estar próximo de qualquer adução d’água;; os lençóis d’água deverão estar no mínimo 2m (dois metros) do ponto mais fundo utilizado para sepultura. A especificação dada no Código de Posturas em relação ao cemitério parque é que estes se destinam à inumação sem ostentação arquitetônica, devendo as sepulturas ser assinaladas com lápide ou placa de modelo uniforme, aprovada pelo órgão competente da Prefeitura.


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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cidade de Francisco Beltrão - PR está se desenvolvendo e, em consequência, surgem problemas de infraestrutura, entre eles os cemitérios. A cidade conta com três cemitérios municipais que se encontram superlotados e estão se tornando centrais, o que causa problemas ambientais e urbanísticos. Buscando minimizar esses problemas, o trabalho exposto propõe a construção de um complexo cemiterial, que inclui um crematório e um cemitério parque, localizado nos arredores da cidade de Francisco Beltrão. O complexo servirá à região sul do país, mais designadamente o Sul-Oeste do Paraná. Pelos estudos realizados, constatou-se que, sem atingir a terra, o cemitério parque é edificado de forma vertical e acima da superfície do solo. Os principais benefícios deste tipo de cemitério são: a utilização de uma menor cavidade, baixa exigência quanto ao tipo de solo e não há interferência do necrochorume nos resíduos, bem como nas águas subterrâneas. Porém, apresenta como desvantagens: a questão da liberação de gás sem tratamento e a necessidade de maiores cuidados na construção, para impedir vazamento de necrochorume e eventuais emissões de odor. Constatou-se que o crematório é o local onde ocorre a incineração de cadáveres em fornos com filtros para a retenção de material particulado, onde se cremam corpos em cabines isoladas. Entre as suas vantagens estão: a não interferência do necrochorume nas águas subterrâneas, a destruição de micro-organismos que poderiam interferir no ambiente e a ocupação de pequena área. Na proposta projetual, buscou-se uma coesão com o papel do local e o sítio onde este será implantado, sugerindo um espaço agradável, de reflexão díspar do que as pessoas estão acostumadas a encontrar. Assim, acredita-se que a busca por informações contribuiu para a elaboração da proposta projetual de forma apropriada às pretensões dos cidadãos bem como ao campo da arquitetura e urbanismo. Para tanto, valeu-se de correlatos que serviram de base ao projeto. Conclui-se, portanto, que a proposta apresentada busca inserir na arquitetura uma simbologia, esta representada através da luz, dos cincos elementos, da brutalidade em contrapeso com a leveza do concreto e qual a sensação que estes componentes passam quando estão juntos. Demonstrar que um cemitério, quando trabalhado e pensado nos mínimos detalhes, pode trazer uma sensação de paz espiritual.


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