Saul Bass

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GENÉRICOS Revolução visual do Design Gráfico na Cinematografia

Saul Bass


Instituto Politécnico de Leiria Escola Superior de Artes e Design Caldas da Rainha 2018

Adriana Filipa Ferreira Fernandes Docente Luísa Barreto Estudos do Design Gráfico Contemporâneo I



Resumo O designer e Cineasta Saul Bass marcou a memória das pessoas com fundos artísticos, chamando a atenção do espetador, através da sua influência nos movimentos vanguardistas do início do século 60. Injetou vida nos créditos dos filmes, tornando-os parte da experiência cinematográfica como qualquer outra parte do filme. Atingiu um novo patamar artístico e ganhou dimensões enquanto meio independente de expressão artística. Palavras Chave: Cinema, Revolução, Design Gráfico, Construtivismo, Cultura.

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Índice

Resumo Resumo Introdução Introdução EstadoArte Estado Arte Momento de Ruptura Antecedentes Influências Legado/ Herança

Conclusão Conclusão

Pag. 4 Pag. 8

Pag. 10 Pag. 18 Pag. 22 Pag. 30 Pag. 32

Fontesdede Fontes pesquisa pesquisa Sites consultados Referências bibliográficas

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Introdução

Saul Bass (8 de maio de 1920 - 25 de abril de 1996) foi um designer gráfico e cineasta norte-americano, o seu trabalho concentrou-se na junção de dois meios visuais (cinema e design gráfico). Liderou a revolução da cultura visual americana no pós-guerra e ajudou a definir a marca estética de alguns dos mais importantes realizadores da história como, Otto Preminger, Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick e Martin Scorsese. Revolucionou os cartazes de filmes, devido ao seu estilo minimalista, muito distintivo na época, em vez de fazer referência a todas as cenas significantes do filme, como vemos em alguns trailers, Bass demonstrava no cartaz apenas a ideia ou o tema expresso, sus-

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citando a imaginação do público. Mas o seu papel no cinema internacional não parou por aí, além dos posteres, inovou totalmente o papel da abertura e créditos finais dos filmes. O designer entendia que os filmes realmente começavam desde o primeiro frame e que o público deve-se envolver com ele desde o primeiro momento. Antes de Bass, os genéricos apresentavam-se sem interesse e completamente estáticos, mas o cineasta conseguiu elevá-los à categoria de arte, transformando-os num trabalho abstrato, minimalista e dinâmico, acabando com a ideia de mera introdução maçadora onde desfilam os nomes dos atores, produtores e realizadores.


Fig. 1 Saul Bass

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Estado Arte Momento de Ruptura



Estado Arte Momento de Ruptura

Com o aparecimento de Saul Bass, surgiu uma espécie de Renascimento da sequência de créditos. Talvez porque ninguém antes tivera tomado essa iniciativa e interesse para com tal atividade, como explica o artista na revista Graphis: “Eu abordei os créditos com o objetivo de fazê-los suficientemente provocativos e interessantes para induzir os espectadores a sentarem-se e assistirem, pois algo está realmente a acontecer no ecrã”. Foi o primeiro a criar pequenas animações utilizadas no início dos filmes para transmitir informações para o espectador de maneira textual, como o nome de atores, produtores, diretores e o próprio nome da obra. Além da característica informativa essa introdução preparava o espectador para as imagens seguintes, funcionando como uma espécie de prólogo ou “pequeno filme” dentro do próprio filme.

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O seu trabalho gráfico é único e as suas sequências mudaram para o modo como o público observava os minutos antes de qualquer filme. Ele fez reconhecer a importância do trabalho do design no processo de produção cinematográfica. Os seus primeiros trabalhos tinham influência na sua experiência como designer gráfico. Trabalhando a ilustração, a simplicidade na forma e na cor. Criava formas simples e altamente sintetizadas, quase abstratas. Como silhuetas de papel recortado e tipografias manuais, sans serifs e contrastes, combinadas com cores vivas cuidadosamente selecionadas. As figuras são cortadas de forma geométrica e as letras desenhadas, nota-se ausência de um sistema de grelha nos seus trabalhos, no entanto, quando utilizada, cria um olhar muito dramático, formando uma grade e toda a informação é contida no seu interior. Aos poucos, Bass familiarizou-se com a animação. Tornando-se o pioneiro da arte motion graphic.


Estado Arte Momento de Ruptura

“(..) eu comecei a pensar sobre o que fazer no início de um filme. Obviamente, o objetivo de qualquer crédito de abertura é apoiar o filme. (..) Os meus pensamentos iniciais sobre o que um crédito de abertura poderia fazer era definir o humor e preparar o núcleo fundamental da história do

filme; para expressar a história de alguma maneira metafórica. Eu via o crédito de abertura como uma forma de condicionar o público, então quando o filme começasse, os espectadores já teriam uma ressonância emocional com ele.” (Saul Bass, 1996)

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Estado Arte Momento de Ruptura

Talvez um dos seus trabalhos mais conhecidos seja os créditos iniciais em animação de papel recortado de uma personagem viciada em heroína — do filme dirigido por Otto Preminger The Man with the Golden Arm (O Homem com o Braço de Ouro) de 1955. Este filme marca o inicio da revolução estética dos créditos cinematográficos com a ajuda do design gráfico de vanguarda, que até aqui eram tão monótonos que só revelavam a tela depois de passar os títulos. Mas Preminger queria que o público visse os títulos como parte integral da obra, então apresentou o filme com uma nota para os projecionistas “puxar a cortina antes dos títulos”. (Retirado e revisto em cinemashock.org, Abr. 2012)

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Estado Arte Momento de Ruptura

Fig. 4 Abertura do filme The Man with the Golden Arm.

As barras brancas (linhas de heroína) aparecem difusas, numa imensidão negra e deslizam pela tela num jogo cromático de brancos e pretos que, no final, se transformam num braço, imagem poderosa do vício, desenhado através de um traço irregular, simples, mas provocador.

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Em 1958, Saul Bass estreou-se com Hitchcock, o mestre do suspense, com quem realizou alguns os trabalhos reconhecidos na área. Os genéricos como os de “North by Northwest” (1959) e “Psico” (1960) marcaram a história cinematográfica, mas o designer foi mais longe e modernizou também os posters, como o de “Vertigo” (1958) ou “Anatomia de um Crime” (1959), que dizem ser um dos melhores cartazes da história. O traço simples, aliado à facilidade de captação de imagens icónicas capazes de resumir todo o filme, tornou-se num estilo muito apreciado e, imitado ao longo de décadas. (Retirado e revisto do Jornal i online, Nov. 2011)

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Fig. 5 Alfred Hitchcock

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Estado Arte Antecedentes



Estado Arte Antecedentes

Até à intervenção de Saul Bass, os chamados Title Sequence consistiam numa lista bastante curta de créditos compostos por um lettering simples, sobre uma imagem estática onde surgia o género do filme, escreve Pat Kirkham (escritora e professora de história do design), na biografia autorizada de Bass, citada por Jan-Christopher Horak. A revolução de Bass motiva afirmações como a de Ken Coupland (escritor e designer), “não é exagero dizer que Bass inventou a sequência de créditos moderna como a conhecemos”. (Saul Bass, Anatomy of Film Design, 2014).

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Estado Arte Antecedentes

Durante o cinema silencioso, normalmente os créditos eram apresentados em tipografia branca ou colorida sobre um fundo negro, e adornados por um design típico da empresa produtora e seu logo.

filmes. Frequentemente desenhados à mão sobre vidro, os créditos eram refotografados contra um fundo construído artisticamente. Foi então que a invenção da impressora ótica possibilitou a refotografia de partes do filme ou a utilização de múltiplas imagens, permitindo No início dos anos 10, as companhias montagens mais complexas. Em 1923, a começaram a adicionar aos créditos o Universal introduziu a técnica de se tranome do diretor-produtor e o do guio- balhar sobre as imagens em movimento nista. Começaram também por vincar do filme The Merry-Go-Round, de Runos créditos características das empre- pert Julian e Erich von Stroheim. sas produtoras, criando uma espécie de identidade visual. Nos anos 20, as (Retirado e revisto da Revista do Audioinformações básicas nos créditos inclu- visual Sala 206, Vitória-ES, nº 7, dez. íam os nomes do guionista, do produtor 2017). e, às vezes, dos operadores de câmara. Em 1913 foram acrescentados os nomes dos atores e atrizes principais dos

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Estado Arte InfluĂŞncias



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Saul Bass ficou conhecido pelos seus trabalhos inspirados no abstrato, minimalismo e simbolismo. Estas estratégias visuais eram adotadas pelo designer para captar a “essência” do filme e apresentá-la de forma provocativa, com o propósito de motivar o público a vê-lo. Criou uma linguagem cinematográfica encarando o filme, essencialmente, como um projeto gráfico e dinâmico, destinado a transmitir informações e a provocar estímulos sensoriais no espectador, utilizando imagens e texto. Bass costumava dizer que “procurava uma ideia simples”, mas na verdade ele era mestre em criar formas simples que expressavam ideias complexas, que ofereciam ao público um conjunto de pistas, para significados mais profundos sob a superfície do filme. (Saul Bass; Life and Film Desig 2011. P. 107)

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Estado Arte Influências

Segundo Alice Rawsthorn (crítica de design britânica), o surrealismo foi uma influência importante para Bass, mas a principal influência foi o construtivismo russo e as imagens em movimento de György Kepes, que foi seu professor nas aulas noturnas de Brooklyn College. (Retirado e revisto em www.publico.pt, Francisco Valente, Abr. 2012) Foi na década de 60 que começou a refletir temas construtivistas utilizando vermelhos, pretos, brancos e algumas diagonais. A introdução do construtivismo como estilo no seu trabalho é um fator definitivo na simplificação dos seus projetos de cartazes.

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Estado Arte Influências

O artista, criou assim um estilo muito próprio no design de créditos, incorporando a alta cultura como apelo comercial. Tornou-se um modelo para gerações de cineastas, designers e publicitários. Construções geométricas, paletas de cores restrita, fontes capitais para os nomes e funções na produção do filme, e um layout dinâmico, são algumas das características marcantes do seu trabalho, que preparou a chegada das novas tecnologias, do vídeo e dos computadores nos anos 70.

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Fig. 6 Vertigo 1958

Fig. 7 Advise & Consent 1962


Estado Arte InfluĂŞncias

Fig. 8 The Shining 1980

Fig. 9 Grand Prix 1966

Fig. 10 Saint Joan 1957

Fig. 11 Bunny Lake is Missing 1965

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Estado Arte Legado/ Heranรงa



Estado Arte Legado/ Herança

Saul Bass deixou um legado que influenciou ilustres realizadores tais como Spielberg, Spike Lee ou os Irrmãos Coen. Alguns filmes e desenhos animados como A Pantera cor de Rosa e o 007, são uma boa homenagem ao seu estilo. Saul Bass acabou por dirigir os seus próprios filmes, tendo chegado a conquistar um Oscar pelo seu documentário Why man creates (1968), na categoria de curta metragem. Conquistou também, o grande prémio no Festival de Veneza com Searching eye, um Hugo de ouro no festival de Chicago com From here to there e uma nomeação nos Oscáres para o filme The Solar film and notes on popular art.

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Estado Arte Legado/ Heranรงa

Fig. 12 Why man creates 1968, Saul Bass

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ConclusĂŁo


Conclusão

Os trabalhos realizados na área do cinema por Saul Bass, nasceram a partir da evolução da tecnologia digital, mais precisamente pela realização e produção audiovisual. O designer inseriu uma dose de simbolismo e abstração na narrativa cinematográfica, através da fusão da arte com a narrativa e a temática conceptual dos filmes, criou assim um estilo de genéricos, único e com um conceito visual que acabou por ser o ponto de referência para a criação de uma arte modernista que agradava tanto à indústria quanto ao público. 33


Fontes de pesquisa


Sites consultados O homem que sabia demasiado, (24 Mar. 2012) 25 filmes com títulos de Saul Bass. Disponível em: http://ohomemquesabiademasiado.blogspot.com/2012/03/ 25-filmes-com-titulos-de-saul-bass. html.

Público, (11 Nov. 2011) O fabuloso mundo de Saul Bass numa edição definitiva. Disponível em: https://www. publico.pt/2011/11/11/jornal/o-fabuloso-mundo-de-saul-bass-numa-edicao-definitiva-23356572.

Sala 17, (24 Jan. 2013) Saul Bass; A simbologia Minimalista no Design Gráfico. Disponível em: https://sala17.wordpress. com/2013/01/24/saul-bass-simbologia-minimalista-no-design-grafico/.

Público, (12 Abr. 2012) O olho vivo de Saul Bass. Disponível em: https://www. publico.pt/2012/04/12/culturaipsilon/ noticia/o-olho-vivo-de-saul-bass.

Design culture, (06 Mar. 2016) Saul Bass: designer, cineasta e revolucionário. Disponível em: https://designculture.com. br/saul-bass-designer-cineasta-e-revolucionario. Saul Bass poster archive. Disponível em: http://www.saulbassposterarchive.com/ gallery/film-posters/. Art of the title, Saul Bass. Disponível em: http://www.artofthetitle.com/designer/saul-bass/. Tipografos.net, (2014) Saul Bass (19201996). Disponível em: http://tipografos.net/designers/bass-saul.html.

Jornal i, (03 Nov. 2011) Saul Bass. Títulos dignos de poster(idade). Disponível em: https://ionline.sapo.pt/428509saul-bass/. El País, (15 Jun. 2015) Dez créditos cinematográficos que fizeram história. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/25/cultura/1432569063_917441. html. Cinemashock, (26 Abr. 2016) Saul Bass – Master of film credit titles. Disponível em: https://cinemashock.org/2012/04/26/ saul-bass-master-of-film-credit-titles/ html.

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Referências bibliográficas

Revista Novos Olhares (Vol.5 N.1 1º Semestre de 2016) , Design audiovisual: Remixabilidadena obra de Saul Bass. Saul Bass: 20 Iconic Film Posters (2016), Pat Kirkham. Saul Bass; Life and Film Design, (2011). Revista Audiovisual Sala 206, (Dez. 2017), Uma anatomia de design de filmes Vitória-ES, nº 7. Saul Bass, Anatomy of Film Design, (2014). 36


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