pobreza que não consigo esquecer
Vi tanta
O
s acenos com panos brancos nas mãos eram o sinal da população ribeirinha para os profissionais que atuavam na lancha Luminar II. Era início da década de 1960 e no barco que percorria as barrentas águas do Rio São Francisco, no norte de Minas Gerais, estavam Silvalino e Terezinha Freitas que haviam se casado naquele ano e a primeira residência deles era o quarto localizado no convés da embarcação. A casa era também o local de trabalho dos dois que, logo após poucos dias de lua de mel, já iniciavam uma vida de missão. Silvalino havia recém-terminado o curso de Enfermagem, no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro, e assumira a função de atendimento à população. Ela, que viveu toda a vida em Juiz de Fora, MG, e completou somente o terceiro ano primário, trabalhava na farmácia, mas era um trabalho não-assalariado. Ela era parceira na missão de Silvalino. A lancha missionária Luminar II havia sido inaugurada em 1959, dispondo de leitos para atender pacientes e equipamentos médicos; era parte de um trabalho maior iniciado por missionários americanos em 1940, que atuavam também na Amazônia e no interior de São Paulo, na época. Ainda hoje a Igreja Adventista presta atendimento na área de saúde navegando pelos grandes rios brasileiros com a lancha Luzeiro. Pouco tempo antes de partir navegando por um dos maiores rios brasileiros, Silvalino e Terezinha haviam se tornado adventistas, ouvindo a mensagem pela primeira vez através de Marli, em momentos distintos. Marli se casou com o irmão de Terezinha e também se encarregou de apresentar Silvalino a ela. Todos frequentavam a igreja adventista central de Juiz de Fora, no mesmo endereço onde o templo ainda hoje está de portas abertas. A cidade tem um grande destaque na história do Brasil, especialmente na época da monarquia e no ciclo do ouro, momento de exploração mineral que deu nome ao estado de Minas Gerais.
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